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POLÍCIA MILITAR DE MINAS GERAIS MANUAL DO INQUÉRITO POLICIAL MILITAR

Manual Do IPM

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Passo a Passo do IPM.

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POLCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

MANUAL DO

INQURITO

POLICIAL MILITARBelo Horizonte

2004

Direitos exclusivos da Polcia Militar de Minas Gerais (PMMG)

Reproduo proibida, salvo parcialmente, no mbito da PMMG, sob as penas da lei.

4. Edio

Tiragem: exemplares

ADMINISTRAO

Centro de Pesquisa e Ps-Graduao da PMMG

Rua Diabase, 320 - Bairro Prado

Belo Horizonte/MG

CEP 30.410-440

Tel.: (0xx31) 2123-9513

Fax: (0xx31) 2123-9512

E-MAIL: [email protected] MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

COMANDO GERAL

RESOLUO N. 3.234, DE 29 DE NOVEMBRO DE 1995

Aprova as modificaes do Manual do Inqurito Policial Militar, para terceira edio.

O Coronel PM Comandante-Geral da Polcia Militar do Estado de Minas Gerais, no uso de suas atribuies previstas no inciso XI do artigo 6. do R-100, aprovado pelo Decreto n. 18.445, de 15Abr77,

RESOLVE:

Art. 1. - Ficam aprovadas as modificaes do Manual de Inqurito Policial Militar a que se refere a Resoluo n. 775, de 22 de maio de 1980, com as modificaes introduzidas pela Resoluo n. 1490 de 23Dez85, Resoluo n. 3508, de 07Out99.

Art. 2. - Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

QCG em Belo Horizonte 29 de novembro de 1995.

(a) NELSON FERNANDO CORDEIRO, CORONEL PM

COMANDANTE-GERAL

POLCIA MILITAR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

COMANDO GERAL

RESOLUO N. 3508, DE 07 DE OUTUBRO DE 1999

Torna sem efeito as modificaes introduzidas no Manual de Inqurito Policial Militar pela Resoluo n.0 3.502, de l9Jun 99, particularmente no item 10, do Captulo VI, relacionado desistncia ao direito de representao, nos termos do art. 88, da Lei Federal n. 9.099, de 26Set95.

O COMANDANTE-GERAL DA POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso da competncia que lhe atribuda pelo art. 6., inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n. 18.445, de 15abr77, vista do contido no art. 1. da Lei Federal n. 9.839, de 27Set99,

RESOLVE:

Art.1. - Ficam sem efeito, a partir do dia 28Set99, data de publicao e vigncia da Lei Federal n. 9.839, de 23Set99, as modificaes introduzidas pelo item 10, do Captulo VI. do Manual do Inqurito Policial Militar (IPM), relativas aplicao do art. 88 da Lei Federal n. 9.099, de 26Set95, relacionada desistncia ao direito de representao.

Art. 2. - Os atos porventura praticados antes da vigncia da Lei n. 9.839/99 so vlidos, em virtude do princpio da irretroatividade da lei penal previsto no art. 5., XL, da Constituio Federal.

Art.3.-Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Art. 4. - Revogam-se as disposies em contrrio.

Belo Horizonte, 07 de outubro de 1999.

(a) MAURO LCIO GONTIJO, CORONEL PM

COMANDANTE-GERAL

RESOLUO N. 3.502, DE 19 DE AGOSTO DE 1999

Aprova modificaes do Manual do Inqurito Policial Militar, para quarta edio.

O COMANDANTE-GERAL DA POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS, no uso da competncia que lhe atribuda pelo art. 6., inciso XI, do R-100, aprovado pelo Decreto n. 18.445, de 15abr77,

RESOLVE:

Art. 1. - Ficam aprovadas as modificaes do Manual do Inqurito Policial Militar a que se refere a Resoluo n. 775, de 22 de maio de 1980, com as modificaes introduzidas pelas Resolues n. 1.490, de 23dez85 e n. 3.234, de 29nov95.

Art. 2.- Esta Resoluo entra em vigor na data de sua publicao.

Art. 3. - Revogam-se as disposies em contrrio.

Belo Horizonte, 19 de agosto de 1999.

(a) MAURO LCIO GONTIJO, CORONEL PM

COMANDANTE-GERAL

NDICE POR CAPTULOS

CAPTULO I - O INQURITO POLICIAL MILITAR

Conceito, Valor, Doutrina13

Investigao Policial14

Composio das Provas16

Dos Atos Probatrios (Comentrios Doutrinrios)17

CAPTULO II - ASPECTOS TPICOS DO CPPM

Apresentao27

Do Inqurito Policial Militar27

Da Ao Penal e de seu Exerccio28

Das Providncias que recaem sobre a Pessoa28

Do Incio do Processo Ordinrio30

Dos Recursos31

Da Execuo da Sentena - Dos seus Incidentes32

CAPTULO III - TERMOS TCNICOS E JURDICOS UTILIZADOS NO IPM/APF33

CAPTULO IV - ROTEIRO DE UM INQURITO POLICIAL MILITAR

Ordem das Peas39

Peas que podem surgir no IPM40

Comentrios41

CAPTULO V - FORMULRIOS DO IPM

A Portaria de Designao43

Exame de Possveis Impedimentos53

Designao e Compromisso do Escrivo55

Portaria de Instaurao58

Primeiro Despacho e seu Cumprimento61

Audio de Pessoas68

Recebimento dos Laudos Requisitados79

Cuidados com o ACD85

Quesitos Oficiais90

Da Busca e Apreenso114

Carta Precatria118

Reconhecimento como Meio de Prova121

Priso para Investigaes, Sequestro ou Arresto de Bens do Indiciado124

Avaliao e Restituio131

Relaxamento da Priso136

Prorrogao de Prazo140

Reconstituio142

Normas para Croquis, Terminologia Tcnica e Organizao dos Papis145

Relatrio do IPM157

CAPTULO VI - PRISO EM FLAGRANTE

Doutrina165

Providncias Preliminares166

Redao do APF170

Nota de Culpa172

Providncias Finais177

Relatrio179

Certido dos Direitos Constitucionais180

APRESENTAO

EXPOSIO DE MOTIVOS

EXMO SR. CORONEL PM COMANDANTE GERAL

1. A comisso in-fine assinada, designada por ato publicado em BGPM, n. 132, de 12 de Junho de 1979, tem a sbita honra de submeter esclarecida apreciao de V. Exa. o anteprojeto de um Manual de Inqurito Policial-Militar.

2. No incio, pretendia-se, a exemplo das obras existentes, elaborar um manual que contivesse to somente o formulrio das peas mais usuais de um inqurito, acompanhadas de legislao e orientaes especficas. Contudo, no decurso das pesquisas, discusses e entrechoques de idias, entendeu-se que, produzindo-se um trabalho para a estante profissional de nosso oficial, no poderamos ser to simplistas. Deveramos ir mais alm, porquanto o oficial que preside uma investigao no dirige uma mera atividade mecnica, ao contrrio, desenvolve um esforo de inteligncia que exige lastro intelectual, entendimento de causas e efeitos em diversos campos do conhecimento humano, tirocnio avanado, capacidade criativa e outros atributos inerentes ao homem de formao superior.

Dentro da linha traada, carreou-se para o bojo do anteprojeto, alm dos formulrios, legislao e explicaes orientativas, uma dose substanciosa de doutrina e jurisprudncia, que, no obstante reconhecendo que o Direito um campo vasto e ilimitado, servir de facho de luz para que o oficial se aprofunde em seus estudos e pesquisas nesse ngulo de nessa complexa profisso.

Por conseguinte, estrutura-se o anteprojeto em cinco partes, que comentaremos sucintamente nos pargrafos subsequentes:

PRIMEIRA PARTE:DOUTRINA

SEGUNDA PARTE:LEGISLAO

TERCEIRA PARTE:TERMOS TCNICO-JURDICOS

QUARTA PARTE:FORMULRIOS

QUINTA PARTE:JURISPRUDNCIA

3. A parte de Doutrina estrutura-se em trs captulos bsicos, complementado por pareceres emitidos por ilustrados juristas militares no Tribunal de Justia Militar Estadual e no Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro.

3.1 O primeiro captulo procura situar, no seu pargrafo inicial, o exato entendimento do que seja Polcia Judiciria Militar no mbito da nossa Corporao.

3.2 Denominamos captulo segundo, a transcrio que fizemos de um estudo doutrinrio editado em 1978 sob o ttulo CRIME MILITAR (Editora Rio, de autoria do Jurista lvaro da Costa Mayrink). Em verdade, a Comisso poderia ter tentado adaptar o estudo ou condens-lo, ou desenvolver um estudo prprio. Entretanto, preferimos ser coerentes e realistas: encontrvamo-nos diante de um trabalho intelectual srio e profundo; a melhor poltica seria aproveit-lo integralmente.

3.3Avanando o enfoque terico-doutrinrio, o captulo terceiro discorre sobre o Inqurito Policial-Militar. Conceitua-o. Posiciona-o na exata medida de seu valor perante o judicirio. Evidencia-o nos seus matizes vivos de instrumento de investigao criminal.

O captulo preocupa-se em oferecer ao oficial a verdadeira dimenso e natureza do encargo que se lhe atribui quando designado para presidir um IPM. O oficial no pode ser encarado como um mero ajuntador de pes ou copiador de formulrios, ou transcrevedor de relatos, papel esse mais compatvel ao escrivo. O oficial a inteligncia que inquire, perquire e indaga, que sabe penetrar e rebuscar os meandros do evento obscuro para encontrar a luz que haver de clare-lo em todas as suas nuances.

Conclundo-o, damos nfase aos atos probatrios, transcrevendo, guisa de comentrios doutrinrios, o trabalho da lavra de eminente jurista publicado na Revista do Superior Tribunal Militar, ano IV, n. 4, 1978.

3.4 Coroando a primeira parte, transcrevemos, face ao seu indiscutvel valor, dois estudos de eminentes juristas do Tribunal da Justia Militar de Minas Gerais e do Tribunal de Justia do Estado do Rio de Janeiro.

3.4.1 O primeiro estudo pertence ao insige Juiz do Tribunal de Justia Militar - Dr. Luiz Marcelo Inacarato - datado de 16Dez75, versando sobre o momentoso problema da aplicabilidade da Lei Penal Militar no que tange s Polcias Militares. No obstante a evoluo constitucional e jurisprudencial de 1975 a esta data, julgamos que a fundamentao desenvolvida pelo estudioso jurista continua atual e deve ser difundida a todos os Oficiais.

3.4.2 O estudo seguinte um parecer da lavra do Dr. Oswaldo Carvalho Monteiro, ilustre Procurador da Justia Militar Estadual, que refora a tese consagrada, a partir da Emenda Constitucional n. 7, de 13Abr77, de competncia do foro militar para os crimes praticados por elementos da Polcia Militar.

3.4.3 A segunda parte cuida da legislao processual. apenas indicativa. Transcreve os principais tpicos do CPPM relativos ao Inqurito Policial Militar e Priso em Flagrante. Da a indicao dos dispositivos de maior interesse ao Encarregado da investigao. Contudo, bom que se frise, no pretende substituir o uso dos Cdigos (CPM e CPPM) que devem continuar sendo as obras mais manuseadas na Biblioteca Profissional de Oficial.

3.4.4 Na terceira parte, a Comisso coletou os termos tcnico-jurdicos mais usuais no desenvolvimento da investigao e elaborao do IPM ou na lavratura do APF. Evidentemente, dentro do escopo de nosso trabalho, no pretendemos esgotar o assunto. O oficial consciente da profisso tem com isso apenas um ponto de referncia. Poder ampliar o seu acervo de conhecimentos recorrendo aos dicionrios de termos tcnicos-jurdicos.

3.4.5 A quarta parte abrange a srie de formulrios que retrata os aspectos formais do IPM e APF. Buscamos estabelecer um roteiro para o Encarregado e o Escrivo. No sua elaborao, no inovamos. Sem embargo de algum aperfeioamento ou ajustamento nossa realidade, servimo-nos dos formulrios j existentes nas Foras Armadas e outras Polcias Militares, bem como de formas consagradas pela praxe policial.

Embora o anteprojeto tenha por objeto o IPM, achamos por bem inserir o formulrio da Priso em Flagrante, que j abordramos nas partes relativas legislao e termos tcnicos.

As peas principais so precedidas de comentrios orientativos sucintos, esclarecendo sobre aspectos essenciais das diligncias a serem desenvolvidas. Outrossim, transcreveu-se na ntegra, o Decreto Estadual n. 5.141, de 25Out56, que aprova o formulrio de Quesitos para Exames Periciais.

3.4.7A quinta e ltima parte do anteprojeto dedica-se jurisprudncia. A Comisso em trabalho de pesquisa, coletou o que existe de mais atual no entendimento do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal Militar e do Tribunal de Justia Militar Estadual.

Reproduzimos, na ntegra, alm das ementas e dos acrdos, os votos dos julgamentos do HHCC n. 55.962 e 56.049, do STF, que foram o ponto de referncia da modificao do contedo da Smula 297. O mesmo fizemos com relao ao Acrdo do Recurso Criminal n. 5.198 do STM, que traz grande luz a respeito da competncia do foro militar estadual.

Atual e relevante tambm a jurisprudncia de nossa corte castrense.

3.4.8 Finalizando, a Comisso agradece a V. Exa. a confiana que lhe foi depositada Certamente, o trabalho possui limitaes. A escassez de tempo, pois nenhum membro foi afastado de suas funes normais, como tambm, a maioria foi cometida de outros encargos paralelos, impediu-nos de realizar uma obra com maior contedo. Contudo, acreditamos que, difundida a obra, o seu uso critico pelos Oficiais, permitir que, num futuro prximo, possa vir a lume um manual mais aperfeioado.

No ensejo, reafirmamos a V. Exa. as expresses de nosso profundo respeito e Considerao.

Belo Horizonte, 12 de maio de 1980

(a)Saint Clair Luiz do Nascimento, Cel PM

Klinger Sobreira de Almeida, Ten-Cel PM

Vilmar Leal Arnaut, Ten-Cel PM

Roldo Raimundo Ferreira, Cap PM

der Dupin Henriques, Prof. APM

CAPTULO I

O INQURITO POLICIAL MILITAR

1. CONCEITO, VALOR, DOUTRINA

Por analogia com o Inqurito Policial, dizemos que o Inqurito Policial-Militar um conjunto de diligncias necessrias verificao da existncia de um crime, com todas as suas circunstncias, para descobrimento de seus autores e cmplices. A conceituao de IPM encontrada na prpria lei processual militar, deve obedecer a uma sequncia disciplinada, lgica e ordenada.

O IPM , na verdade, um instrumento de investigao policial.

O Encarregado do IPM a autoridade que rastreia o delito, procura materializ-lo, penetra no emaranhado dos vestgios, busca provas e as interpreta e clareia, tendo sempre por objetivo final, apontar, de maneira insofismvel e irretorquvel, o autor ou autores na infrao penal militar.

O IPM, ento, como procedimento persecutrio (de carter administrativo) ou instruo provisria, que dar origem ao processo criminal. Se bem elaborado, constituir o instrumento valioso de que se servir o Ministrio Pblico - titular da pretenso punitiva do Estado, na jurisdio militar, para promover a ao penal e sustent-la. Se as provas, mormente as percias, contidas no bojo dos autos, foram produzidas com a observncia das formalidades legais, tero carter instrutrio definitivo, pois no se repetiro em Juzo (Art. 90, pargrafo nico, CPPM). Da mesma forma, os interrogatrios bem conduzidos, os depoimentos claros e eloquentes, os indcios bem retratados, podero servir de elementos de convico ao julgador.

importante, ento, que o Oficial, logo que for designado Encarregado, faa um planejamento de seu trabalho, lendo atentamente os documentos iniciais que lhe forem entregues e esquematizando a apurao, analisando:

a) o fato (como est colocado);

b)envolvidos (indiciados, vtimas, testemunhas);

c)concluso inicial (em tese);

d) providncias a serem tomadas (que comportaro o teor da portaria de abertura) imediata ou mediatamente, conforme decorrerem os trabalhos.

e)percias, exames, autos de corpo de delito a serem requisitados, para que se comprove, materialmente, o fato objeto de apurao.

O inqurito no , como se v, documento de valor absoluto

Conforme ensinamento do Acrdo do TJM, nos autos de Apelao n. 1.395 (BGPM 101, de 01Jun81):

em que pese certa limitao de seu valor probatrio, o IPM pea importante no procedimento processual castrense, sendo dever indeclinvel do Encarregado promover diligentemente, todo esforo e ensejar meios de inteligncia para dar ao Ministrio Pblico e aos Julgadores, os elementos bsicos para fundamentada instaurao do processo e, ao final, o julgamento isento.Assim, desde o inicio cumpre advertir que qualquer condenvel omisso poder ensejar responsabilidade criminal do Encarregado, movvel quando, em homicdios, abuso de autoridade ou violncia arbitrria, praticados por policiais-militares, suspeita-se de parcialidade na investigao.

2.INVESTIGAO POLICIAL

2.1 Polcia Investigatria

o exerccio da investigao policial. Tem lugar antes e durante o inqurito. atravs dela que o Oficial Encarregado do IPM aplicar sua habilidade pessoal, tcnicas e outros conhecimentos adquiridos na vida profissional, objetivando apresentar o trabalho da melhor forma possvel.

A polcia investigatria no possui regras rgidas, porm est presente em todas as aes executadas no inqurito, como na coleta de provas, na determinao de diligncias para a localizao de pessoas, armas, objetos, etc., na escolha de testemunhas, nas inquiries, etc.

O planejamento inicial e a conduo criteriosa da polcia investigatria que determinaro o sucesso ou fracasso na apurao do fato.

Todo oficial Encarregado de IPM deve explorar ao mximo a sua capacidade de investigao, no se descuidando de nenhum detalhe. Alis, um detalhe primeira vista insignificante poder ser chave da questo.

Esta atividade, ento, se reveste de tal importncia que deve ser iniciada mesmo antes da instaurao do inqurito, principalmente nos crimes que deixam vestgio, exatamente quando se planeja o trabalho.

E neste sentido que preceituam os artigos 10, 2., e 12 do CPPM, quando estabelecem as providncias a serem tomadas antes do inqurito.

O Oficial Encarregado, conforme a complexidade do caso, deve montar uma equipe de auxiliares investigadores ou se utilizar de outros artifcios para que os fatos possam vir ao seu conhecimento.

O IPM mal elaborado, mal conduzido e que no chega a definir a autoria com lastro de provas claras e inquestionveis, um mero amontoado de papis sem valor, que, de forma alguma poder servir de subsdio ao Ministrio Pblico.

O Encarregado do IPM exerce a arte da investigao criminal em toda a sua amplitude.

Alguns estudiosos dizem que a feitura de um Inqurito comporta duas fases:

- Investigao policial (em consequncia do planejamento inicial, empregar-se-o tcnicas variadas para definio das primeiras questes surgidas);

- Composio de Provas (em consequncia dos dados levantados, quando a autoridade policial definir seu ponto de vista a respeito do que foi apurado, mostrando O suporte em que se fundamenta).

2.2 Tcnicas de Investigao Policial

A investigao, via de regra, desenvolve-se para a consecuo de um triplo objetivo:

- identificar o autor ou autores do delito;

- trilhar e localizar o delinquente;

- provar a sua culpa.

Perseguindo essa meta, o Encarregado do IPM e equipe usaro os instrumentos abaixo, que contribuiro para levar adiante os objetivos traados.

- Informao;

- Interrogao;

- Instrumentao.

Informao trabalho de campo. o conhecimento que o investigador rene de outras pessoas. Ocorrido o delito, procura rastre-lo, conversa com pessoas ligadas ao fato ou ambiente do cenrio delituoso. Com essas conversas, quase sempre discretas ou mesmo despretensiosas, poder recolher subsdios valiosos que o levaro a um ou mais suspeitos. E de conhecimento em conhecimento formar um quadro amplo que lhe facilitar o esclarecimento do evento investigado.

Supondo, guisa de exemplo, um furto de dinheiro no interior de um alojamento de recrutas. No incio o delito est misterioso. O investigador, em conversas, levanta que os recrutas frequentam determinado bar nos dias de folga; nesse estabelecimento, em dilogos com outros fregueses, fica sabendo que um recruta suspeito est a gastar exageradamente, ou tinha dbito e o saldou. Em suma, as informaes vo se avolumando at formar um mosaico que defina precisamente um suspeito.

No obstante a luz surgida, bom atentar para a observao de um velho policial:

Descobrir o autor do crime a fase mais simples da investigao, obter provas para manter a acusao na Justia muitas vezes uma tarefa complexa e isto se toma mais difcil, em face das exigncias da prpria Justia sobre a espcie, Suficincia e maneira de apresentao das provas. Assim, uma investigao somente ser considerada bem-sucedida se suficientes provas informativas, materiais e complementares forem apresentadas, o que vale dizer, as testemunhas inteligentemente entrevistadas, o acusado eficientemente interrogado, todos os demais vestgios devidamente apurados e elucidados, e o caso acuradamente e claramente relatado.

J o interrogatrio inclui inquirio do indiciado (ou mesmo suspeito) e testemunhas. Exige habilidade, astcia, inteligncia, pacincia e apurada tcnica. No mero transcrever de relato.

Num simples manual informativo como este, pouco se poderia dizer sobre a tcnica de interrogatrio indispensvel ao sucesso das investigaes. O Oficial consciencioso de sua profisso deve ler livros especializados e, principalmente, obras sobre psicologia judiciria.

O interrogatrio bem conduzido poder levar ao esclarecimento total de um fato delituoso.

O interrogador deve conhecer e avaliar a personalidade do interrogado, considerar os aspectos tempo e local do interrogatrio, a presena de outras pessoas, o preparo das perguntas-chaves, etc. O certo que interrogar uma arte; desde que respeitada a dignidade da pessoa humana licito ao interrogador usar estratagemas, como aproveitar o estado emocional do interrogado, motiv-lo com o trato bondoso e afvel, valer-se da lisonja, utilizar perguntas capciosas, mtodo indireto, subterfgios e outros artifcios no ilegais.

Por ltimo a instrumentao consiste no uso, pelo investigador, dos mtodos e meios que a moderna tecnologia nos oferece.

Assim, no exemplo de furto j citado, o investigador poder, atravs de peritos, fazer o levantamento do local do crime, identificando o modus operandi, colhendo impresses digitais e vestgios que podero identificar o autor ou, futuramente, ligar o suspeito ao cenrio do delito.

3. COMPOSIO DAS PROVAS

No enfoque tcnico, a composio das provas constitui a segunda fase do Inqurito Policial Militar.

Nesta fase, o Oficial Encarregado do Inqurito ter toda a ateno, esmero e cuidado para que o seu trabalho venha a constituir-se, efetivamente, no subsdio valioso administrao, ao Ministrio Pblico e Justia.

Consoante o Cdigo de Processo Penal Militar, so os gneros de provas que o Encarregado do IPM deve carrear para os autos:

a) Apreenso dos instrumentos e de todos os objetos que tenham relao com o fato delituoso - Art. 12, letra b, Art. 13, letra h, Art. 170 e 189 do CPPM;

b) Declaraes do ofendido - Art. 13, letra b e Art. 311 do CPPM;

c) Depoimento das testemunhas - Art. 13, letra d, Art. 19 e , Art. 347 e 364 do CPPM;

d) Inquirio do Indiciado - Art. 13, letra c, Art. 19 e , Art. 302 a 310 (no que for aplicvel), do CPPM;

e) Reconhecimento de pessoas, coisas e objetos - Art. 13, letra e, Art. 368 a 370, do CPPM;

f) Acareao - Art. 13, letra e, Art. 365 a 367 do CPPM;

g) Exames de Corpo de Delito, outros exames e percias em geral - Art. 13, letras f e h, Art. 314 a 346, Art. 371 a 381, do CPPM;

h) Indcios - Art. 382 a 383, do CPPM;

i) Reconstituio - Art. 13, pargrafo nico, do CPPM;

j) Identificao do acusado, inclusive individual, datiloscpica -Art. 70 e 391, pargrafo nico do CPPM.

l) Antecedentes criminais do Indiciado - Art. 391, do CPPM;

m) Extrato de f-de-ofcio ou dos assentamentos - Art. 391, do CPPM.

4. DOS ATOS PROBATRIOS (COMENTRIOS DOUTRINRIOS)

4.1 Constituem atos probatrios, segundo regras do processo penal castrense:

a)Declarao do Indiciado (incluindo-se a confisso);

b)Declarao das testemunhas;

c)Depoimento das testemunhas;

d)Acareaes;

e)Percias e exames (nos crimes contra a pessoa, vide Art. 330 do CPPM):

Exame de leses corporais

Exame de sanidade fsica

Exame de sanidade mental

Exame cadavrico (com ou sem exumao)

Exame de identificao de pessoas

Exame de laboratrios

Exame de instrumentos que tenham servido ao crime

Reconhecimento de pessoas e coisas;

Documentos.

O ACD pode ser feito a qualquer hora do dia ou da noite, conforme o Art. 329 do CPPM.

Quanto autpsia, deve se realizar 6 horas depois do bito, salvo se houver evidncias de morte - 334 (CPPM).

Osistema de prova, a servio da justia penal, tem variado atravs dos sculos: primitivamente foi o sistema tnico, em que a apreciao das provas era deixada empiricamente ao sabor das impresses e o flagrante delito era a forma tpica do processo penal; veio, depois, o sistema religioso, em que era misticamente invocado o julgamento divino, e foi a poca das Ordlias, dos duelos judicirios e dos juizes de Deus. Sucedeu-o o sistema legal, em que os meios e seus graus de valor eram fixados e aferidos de antemo pela Lei.

O sistema atual o da ntima, livre convico do juiz, afivelado norma legal, consubstanciada no art. 297 do Cdigo de Processo Penal Militar:

O Juiz formar convico pela livre apreciao do conjunto das provas colhidas em juzo. Na considerao de cada prova, o Juiz dever confront-la com as demais, verificando se entre elas h compatibilidade e concordncia.

O atual Cdigo de Processo Penal Militar enumerou-as e as prefixou a partir do art. 294.

Os meios de prova so admissveis em juzo, todos eles, desde que no atentem contra a moral, a sade, ou a segurana individual ou coletiva ou contra a hierarquia e a disciplina militares, eis o que emana do art. 295 do CPPM.

Compete o nus da prova a quem alegar o fato, na determinao do art. 296 e sua inverso, se a lei presume o fato juris tantum. Exemplo: A lei, no art. 350, presume verdadeira a declarao assinada. Fato contrrio ao que est escrito deve ser objeto de prova de quem o alega:

Art. 296 - O nus da prova compete a quem alegar o fato, mas o Juiz poder, no curso da instruo criminal ou antes de proferir sentena, determinar, de oficio, as diligncias para dirimir dvida sobre ponto relevante. Realizada a diligncia, sobre ela sero ouvidas as partes, para dizerem nos autos, dentro em quarenta e oito horas, contadas da intimao por despacho do Juiz.

1. - Inverte-se o nus de prova se a lei presume o fato at prova em contrrio.

Por ltimo, numa demonstrao de respeito a princpios da prpria dignidade humana, o Cdigo ressalta que nenhuma prova se exigir seja produzida pelo cnjuge contra o outro, por descendente, ascendente ou irmos, uns contra os outros.

4.2. Interrogatrio

O policial-militar indiciado (provavelmente o acusado no processo criminal) ser interrogado, competindo ao Encarregado, nos termos do art. 13 do CPPM. tomar-lhe as declaraes.

Assim, tendo em vista o carter inquisitivo do termo e do prprio inqurito, no h obrigatoriedade de defensor, que estar presente no processo (art. 306. l., do CPPM). A presena do advogado, porm, no proibida. Alguns autores at a defendem quando o inqurito acompanhado pelo Ministrio Pblico. Depende isto, entretanto, da permisso do Encarregado, que poder autorizar que o advogado acompanhe o indiciado, no podendo, entretanto, fazer perguntas, j que nem mesmo no processo o advogado poder faz-lo.

O interrogatrio do acusado (no IPM, o indiciado) est previsto no art. 306 do CPPM.

No absolutamente necessrio que o Encarregado faa todas as perguntas ali previstas, mas no est impedido de fazer outras, ali no previstas.

Deve ser esclarecido, entretanto, que se o indiciado negar a autoria, as perguntas do art. 306 devero lhe ser formuladas.

Quanto confisso, h de se ter em mira que ela no suficiente para comprovar a responsabilidade penal de uma pessoa, uma vez que o direito brasileiro no elege a confisso como prova absoluta. Portanto o Inqurito no tem por finalidade nica a obteno da confisso do indiciado e, ainda que esta seja feita, o encarregado dever continuar a confisso do indiciado ou demonstrar sua invalidade, apontando outro indiciado ou, mesmo no conseguindo identificar o autor do crime.

Justia no interessa encontrar um culpado e sim sancionar o responsvel pelo delito (Cdigo de Processo Penal Militar).

Assim, o interrogatrio em juzo nada tem do ato pr-processual da audio do indiciado pelo encarregado do Inqurito Policial Militar (art. 13), pelo que no se pode ali ver a figura da confisso, que pode ser consequncia ou no, do interrogatrio e est demarcada no art. 307 do CPPM.

Para que tenha o valor de prova, a confisso deve:

a) ser feita perante autoridade competente;

b) ser livre, espontnea e expressa;

c) versar sobre o fato principal;

d) ser verossmel;

e) ter compatibilidade e concordncia com as demais provas do processo.

Sabidamente, a confisso retratvel; divisvel, pode ser tomada fora do interrogatrio (artigos 309 e 310).

Indubitavelmente, a confisso sem arrimo em outras provas uma confisso nua, sem suporte em veementes indcios com as cautelas definidas no art. 382.

4.3 Prova Testemunhal

O Vocbulo testemunha provm do latim TESTIMONIUM que quer dizer, na linguagem jurdica, a pessoa que atesta a veracidade de um ato, que presta esclarecimentos sobre fatos que lhe so perguntados, afirmando-os ou os negando.

Trata-se pois, a prova testemunhal de uma prova pessoal, inspirando-se a sua adoo na presuno de veracidade nas afirmaes que cada qual prestar.

Remarque-se que o valor probante do testemunho se atinge atravs de vrios critrios de avaliao, sendo certo que, em juzo h de ser indagado o depoente, em respeito ao princpio que emana do art. 352 do Cdigo de Processo Penal Militar, que mandamental quando ensina e recomenda, em primeiro lugar, que deve o indagado relatar o que souber e que lhe for perguntado sobre os fatos que lhe foram narrados vale dizer que constarem na denncia no bastando que confirme aquilo que houver respondido quando, ouvido na fase do inqurito perante o encarregado. (art. 13)

Acentua o Cdigo e a legislao em geral, da obrigatoriedade que todos tm em depor quando convocados ou requisitados, tal se v no art. 354, ressalvados os que no podem em relao a parentes em linha direta, condio de matrimoniados e os irmos e os do art. 355, do CPPM.

Importante considerar-se o crdito que deve dar aos depoimentos como prova, que no prevalente, entrando na composio dos elementos necessrios formao da convico, observando-se o disposto no art. 297 do Cdigo.

O Juiz formar convico pela livre apreciao do conjunto das provas colhidas em juzo. Na considerao de cada prova, o Juiz dever confront-la com as demais, verificando se entre elas h compatibilidade e concordncia.

Vale assinalar que o testemunho poder ser o de terceiro, o do ofendido, o do acusado; e o do co-indiciado, ou o do co-acusado, isto co-ru.

Nesta ltima hiptese, teramos o testemunho do acusado sobre fato de outrem.

Devem assim ser apreciados os depoimentos, preliminarmente, quanto ao sujeito, isto , em relao personalidade de quem depe, quanto forma, na verificao de como foi prestado o depoimento, sob o parmetro da lei, e, quanto ao contedo, que o exame de seu prprio texto, do que nele se tenha de valor para permitir uma elucidao verdadeira, dele resultando uma verdade inconteste.

No tocante ao reconhecimento, como prova testemunhal, deve-se esclarecer que o reconhecimento no meio ou elemento de prova, mas um ato instrutrio informativo, destinado a robustecer o pressuposto e a avaliar a credibilidade de um elemento de prova. Na verdade, quer resulte positivo, quer negativo, ele por si nada pode provar com respeito aos fatos alegados. Prova o testemunho; o reconhecimento mero contraste da prova, elemento para a avaliao dela e no elemento probatrio.

Por outro lado, de acordo com o STF o reconhecimento dos rus, em juzo, por testemunhas idneas e insuspeitas, desmoraliza a negativa dos rus, que, a prevalecer, tornariam inexplicveis os reconhecimentos feitos (RTJ 88/371).

Quanto ao reconhecimento por fotografias, comumente utilizado, h certa tendncia em se afirmar a precariedade desse instrumento de prova, que assumiria maior credibilidade, se obedecida a regra geral para o reconhecimento, previsto no art. 368 e sgts do CPPM.

Deve-se alertar, portanto, que estas formalidades so, em certa medida. a prpria garantia da viabilidade do reconhecimento como prova, pois atravs de seu cumprimento se dirime a margem de erro que estes instrumentos em geral apresentam.

4.4 Provas Periciais

Dentre as provas, o CPPM, a partir do artigo 314, disciplina a elaborao das percias e dos exames. Trata-se de captulo importantssimo e que deve ser objeto de bastante reflexo do Encarregado do IPM na realizao de seu trabalho.

Percias so, assim, os exames feitos por quem tenha habilitao tcnica e compromisso legal, preexistentes quando se tratar de peritos j integrados no servio pblico, ou, na ocasio, prestado perante o juzo ou a autoridade que preside o IPM com a finalidade de elucidar a justia, tecnicamente, sobre a existncia ou no de um fato, que pode configurar a prtica de um crime.

A percia pode ser formada como uma prova plena, prevalente sobre as outras. No entanto, deve ela, como as demais, formar o quadro probatrio, ou seja, harmonizar-se com as demais provas.

O Professor ROBERTO LYRA acentua que:

A percia auxilia o Juiz no conhecimento do fato e, como tal, no passvel de avaliao tcnico-processual. Ela no atua, porm, no convencimento. Do contrrio, estaria cindida a funo jurisdicional, por natureza indivisvel.

Quando a infrao for daquelas que deixam vestgios, torna-se obrigatria a percia denominada corpo de delito, direto ou indireto, na observncia do art. 328 do Cdigo, que, nem s no poder ser suprida pela confisso do acusado, como redundar, se no existente, em nulidade insanvel, tal se v no artigo 500 inciso IV, da norma processual em exame.

Geralmente, o Encarregado de IPM recebe, prontos, os laudos periciais, mormente, quando se trata de delitos contra pessoa. Tais laudos so oriundos do Setor Tcnico especializado da Polcia Civil. Isto no significa, entretanto, que deva dar-se por satisfeito. Havendo necessidade de novos exames ou esclarecimentos estes devem ser requisitados.

4.5 Prova Documental

Documento todo objeto que representa, em si, reunida e fixada, a manifestao, por parte de uma pessoa, de um pensamento, de uma vontade, ou a enunciao de um fato prprio, ou a narrao de um acontecimento.

O Cdigo estatui da exibio em juzo do documento e sua juntada, com a audincia das partes, na redao do art. 379, que constitui formalidade essencial do processo, sob pena da nulidade decretada no art. 500, inciso IV, do mesmo diploma, ditando, ainda sobre o momento da apresentao, isto , at que os autos estejam conclusos para julgamento - art. 378, e da sua devoluo, quando findado o feito, como determina o art. 381.

Mas requerendo que bem se diga do documento como prova, que no est evidentemente na sua materialidade, ficamos, mais uma vez, com MALATESTA, que, dando os limites do valor probatrio, na hiptese, assim sintetiza condicionando:

1. - correspondncia entre o que aparece escrito e o que se escreveu;

2. - correspondncia entre a pessoa que aparece a assinar, quer intervindo no ato; quer escrevendo-o e a pessoa que na realidade o assinou somente, ou assinou e escreveu;

3. - correspondncia entre o que acha escrito e o que do escrito resulta como existente, ter sucedido ou ter sido dito.

Especial cuidado dever ter o Encarregado quando se trate de cpias fotostticas que devem ser autenticadas e legveis.

Quanto ao valor dos documentos deve ser esclarecido que, enquanto os documentos pblicos valem por si mesmos, os particulares necessitam ser autenticados quer pela expressa declarao de seu(s) autor(es) quer pelo reconhecimento de letra e firma, pelo escrivo (Espndola Filho - CPP anotado - 1949 - III (171).

4.6 Prova Indiciria

Galdino Siqueira, sobre o indcio, assim se define, citando outros autores:

Indcio o fato, circunstncia acessria que se liga ao crime, e por onde se conclui, que o crime foi consumado, que um determinado indivduo nele tomou parte, ou que h crime e que foi consumado de tal ou qual maneira. Assim, os indcios versam ou sobre o fato, ou sobre o agente ou sobre o modo do fato.

Para no confundir indcios com presunes nos reportamos a CARRARA, segundo o qual indcios so circunstncias que nos revelam, pela conexo que guardam com o "fato probando", a existncia desse mesmo fato, ao passo que as presunes exprimem a prpria persuaso desta existncia.

Da definio se consagra, pois, que o indcio pode conduzir prova plena, atravs da deduo. No Acrdo 40.727 - diz o Ministro Lima Torres, que a prova indiciria justifica apenas o oferecimento de denncias. H preocupao de que, em juzo a prova se robustea. Caso contrrio, impor-se- a absolvio. Para pronncia, no processo penal comum, segundo o STF (RTJ 46-309) os indcios devem ser suficientes, tanto da existncia do crime quanto de que seja o ru o seu autor.

Sob tal condicionamento, para que o indcio seja prova, alm do requisito de casualidade, impe a lei que a circunstncia conhecida coincida com a prova colhida no processo, direta ou indireta, porm necessariamente outra.

CAPTULO II

ASPECTOS TPICOS DO CDIGO DE

PROCESSO PENAL MILITAR

Dr. Jos Raimundo Duarte

Juiz Auditor da 2.AJME

1. APRESENTAO

Sem nenhuma pretenso doutrinria, proponho-me, na medida do possvel e de maneira singela e prtica, trazer ao leitor da primeira revista editada pelo Tribunal de Justia Militar do Estado de Minas Gerais, alguns aspectos tpicos da legislao processual penal militar, a qual, em muitos pontos, difere substancialmente do Cdigo de Processo Penal Brasileiro.

2.DO INQURITO POLICIAL MILITAR

O inqurito policial militar, segundo o art. 9. do CPPM, visa a apurao de fato, que, nos termos legais, configure crime militar, e de sua autoria. Tem o carter de instruo provisria, cuja finalidade precpua a de ministrar elementos necessrios propositura da ao penal. No decorrer das investigaes, se positivada que a infrao penal no tem a natureza militar, o seu encarregado comunicar o fato autoridade policial competente, a quem far apresentar o preso. A novidade no inqurito policial militar, a merecer relevo, est na previso da custdia cautelar. No curso das investigaes o seu encarregado, se pelas circunstncias, julgar necessrio, poder, nos crimes propriamente militares, decretar a priso do indiciado pelo prazo de 30 dias, prorrogvel por mais 20 dias, comunicando o fato ao MM Juiz-Auditor; nas demais circunstncias, solicitar ao mesmo a decretao da priso. A priso provisria prevista no art. 18 do CPPM s se justifica na hiptese de o indiciado, solto, venha a dificultar ou tumultuar as investigaes, sobretudo se tentar destruir provas ou exercer coaao ou constrangimento sobre as testemunhas. O encarregado do Inqurito obrigatoriamente dever comunicar autoridade judiciria competente os fundamentos da priso, podendo o juiz Auditor, se discordar da necessidade invocada, determinar o seu relaxamento, colocando o indiciado em liberdade.

O inqurito ser encerrado com minucioso relatrio do seu encarregado, no qual mencionar todas as diligncias feitas e os resultados obtidos sobre o fato delituoso. Minucioso relatrio no significa permitir ao encarregado adotar posio muitas vezes parciais e extremadas, assumindo, no raro, o papel de autntico defensor, at com citaes doutrinrias e jurisprudenciais para justificar a ao praticada pelo investigado. A posio do encarregado h de ser de iseno, at porque ao Representante do Ministrio Pblico cabe a atribuio de capitular o crime, oferecer ou no a denncia, conforme os elementos informadores contidos nos autos. Ao concluir o Inqurito a autoridade policial pode, se entender necessrio, pedir a decretao da priso preventiva do indiciado. Tal como na legislao comum no pode a autoridade policial mandar arquivar autos de inqurito, ainda que conclusivo pela inexistncia de crime ou inimputabilidade.

3.DA AO PENAL E DE SEU EXERCCIO

Na legislao militar a ao penal pblica incondicionada. S pode ser promovida por denncia do Representante do Ministrio Pblico. Inexiste ao privada. Mas qualquer pessoa, no exerccio do direito de representao, poder provocar a inciativa do Ministrio Pblico, dando-lhes todas as informaes sobre fato que constitua crime militar. A denncia, segundo o mandamento do art. 30 do CPPM, deve ser apresentada sempre que houver prova do fato que, em tese, constitua crime e indcios suficientes de autoria. Mesmo na hiptese de comprovada excludente de criminalidade a denncia tem de ser oferecida pelo Ministrio Pblico.

Questo interessante e que merece destaque a figura do assistente de acusao dentro da legislao militar. O art. 60 do CPPM permite ao ofendido, seu representante legal e seu sucessor habilitar-se a intervir no processo como assistentes do Ministrio Pblico. O seu pargrafo nico diz quem representante legal e sucessor:

para os efeitos deste artigo, considera-se representante legal o ascendente ou descendente, tutor ou curador do ofendido, se menor de dezoito anos ou incapaz; e sucessor, o seu ascendente, descendente, ou irmo, podendo qualquer deles, com excluso dos demais, exercer o encargo, ou constituir advogado para esse fim, em ateno ordem estabelecida neste pargrafo, cabendo ao juiz a designao se entre eles no houver acordo.

O legislador, provavelmente e por omisso, excluiu o cnjuge do rol dos que podem intervir no processo como assistente de acusao. A lacuna, sem dvida alguma, injustificvel porque o cnjuge tem legitimo interesse no deslinde do processo, por isso mesmo considero-a passvel de correo pela analogia ao Cdigo de Processo Penal comum. O assistente, admitida a habilitao, tem atuao bastante limitada. No lhe permitido arrolar testemunhas, nem requerer diligncias OU expedio de cartas precatrias que retardem o curso do processo e nem mesmo interpor recursos. Assim, se o Representante do Ministrio Pblico se conformar com a deciso prolatada pelo Conselho, nenhuma medida poder tomar o assistente de acusao.

4.DAS PROVIDNCIAS QUE RECAEM SOBRE A PESSOA

No captulo terceiro, o Cdigo trata das providncias que recaem sobre a pessoa, inciando-se pela priso provisria. Em relao ao Cdigo de Processo Penal Comum pouca diferena existe. Tanto nesta quanto naquela, a segregao provisria decorre ou da priso em flagrante delito, priso preventiva ou da priso temporria. Esta pode ser decretada pelo Juiz Auditor ou pelo Conselho de Justia, de oficio, a requerimento do Ministrio Pblico ou mediante representao da autoridade encarregada do Inqurito Policial Militar, em qualquer fase do processo, desde que concorram os requisitos seguintes: prova do fato delituoso e indcios suficientes de autoria. Convm salientar que a competncia do Juiz Auditor para a decretao da priso preventiva restringe-se fase de investigaes e at antes do recebimento da denncia. Aps isso a competncia transferida para o Conselho de Justia que dever examinar a necessidade da priso provisria. Evidentemente, nada impede que o Juiz Auditor, conduzido pela necessidade da medida, a decrete para posterior ratificao pelo Conselho.

No captulo da Liberdade Provisria o Cdigo de Processo Penal Militar prev trs hipteses em que ela deve ou no ser concedida. Em primeiro lugar, livrar-se- solto o indiciado ou acusado que houver cometido infrao a que no for cominada pena privativa da liberdade. A legislao no contempla penas pecunirias, mas prev penas de reforma ou suspenso do posto que evidentemente no privam a liberdade.

O pargrafo nico do art. 270 do CPPM estabelece que o indiciado ou acusado poder livrar-se solto se:

a) a infrao for culposa, salvo se compreendida entre as previstas no Livro I, Ttulo I, da parte especial do Cdigo Penal Militar. So os crimes contra a segurana externa do Pas (arts. 136 a 141);

b) se a infrao for punida com pena de deteno no superior a dois anos, salvo as previstas nos arts. 157, 160, 161, 163, 164, 173, 176, 177, 178, 187, 235, 299, 302 do CPM.

Visando tutelar a hierarquia e a disciplina, esteios de qualquer organizao militar, a lei vedou a concesso da liberdade provisria a praticamente todos os delitos propriamente militares. A restrio plenamente justificvel, pois no se compreende que militar, autuado em flagrante delito pela prtica de violncia contra Superior, por desrespeito a superior, por insubordinao, desero, pederastia no interior do quartel, ou qualquer outro crime essencialmente militar, viesse beneficiar-se da liberdade provisria. o convvio com seus pares, sem uma deciso definitiva para a sua falta, no s afetaria a hierarquia como ainda poderia servir de estmulo a outras indisciplinas.

Ainda no campo da liberdade provisria encontra-se a menagem, figura desconhecida na legislao comum. E concedida pelo Juiz nos crimes, cujo mximo da pena Privativa da liberdade no exceda quatro anos, tendo-se, porm, em conta a natureza do crime e os antecedentes do acusado. Somente ser concedida depois de prvia audio do Ministrio Pblico e de informaes da autoridade responsvel pelo comando da rea a respeito de sua convivncia. A menagem poder ser intra ou extra muros, a critrio da autoridade judiciria.

5. DO INCIO DO PROCESSO ORDINRIO

Basicamente, o Cdigo de Processo Penal Militar s prev um rito processual, exceto no caso de desero de Oficial. O processo ordinrio inicia-se com o recebimento da denncia. O Juiz Auditor, ao receber a denncia, convocar o Conselho Permanente de Justia ou providenciar o sorteio do Conselho Especial, em se tratando de Oficial acusado. O Conselho Permanente sorteado e instalado para a durao de trs meses. Renova-se a cada trimestre. A sua competncia somente para os processos em que estejam envolvidas os praas, alcanando do soldado ao aspirante a oficial. J o Conselho Especial, competente para julgar os oficiais do tenente ao tenente-coronel, convocado para cada processo. A sua atuao encerra com o julgamento, s devendo ser reconvocado na hiptese de anulao do processo ou da sentena.

Recebida a denncia o Juiz Auditor marcar dia e hora para interrogatrio aps a citao do acusado. Segue-se a audio das testemunhas numerrias ou indicadas pelo Representante do Ministrio Pblico. A lei processual no admite a defesa prvia, a exemplo da legislao comum. Assim, a defesa poder arrolar testemunhas, no excedente de trs para cada acusado, em qualquer fase do processo, desde que no ultrapasse o prazo de cinco dias da oitiva da ltima testemunha do Ministrio Pblico. Apresentado o rol pela defesa, o Juiz Auditor providenciar a audio das testemunhas e em seguida consigna s partes o prazo comum de cinco dias para requerimento de diligncias. Se nada requererem, passa-se para a fase das alegaes finais, podendo as partes apresent-las por escrito ou reservar o plenrio para produzi-las. Em seguida o Juiz proferir o despacho saneador, podendo ordenar diligncias para sanar qualquer nulidade ou suprir falta prejudicial ao esclarecimento da verdade. Considerando o processo devidamente preparado, designar dia e hora para julgamento, notificando-se as partes, inclusive o assistente, se houver, e requisitando o acusado preso autoridade que o custodie. Aspecto peculiar da legislao militar que todo e qualquer processo, desde uma simples leso corporal - muitas vezes de natureza levssima - a delitos de extrema gravidade, obrigatoriamente levado a julgamento oral perante a unanimidade do Conselho. Ausente qualquer de seus membros o julgamento tem de ser adiado. Como se verifica, no obstante a celeridade da instruo criminal, o desate do processo, por vezes, fica seriamente prejudicado. Perde-se tempo valioso com um ritual quase semelhante ao do Tribunal do Jri. As partes dispem do elstico perodo de trs horas para a exposio de seus fundamentos, com a previso de uma hora a mais, tanto para a acusao quanto para a defesa, no caso de rplica e trplica. Seria desejvel e at necessrio que a lei processual militar, nesse passo, e sobretudo para uma melhor aplicao no mbito estadual, sofresse alterao de modo a permitir ao Juiz Auditor decidir sozinho determinados processos, mxime os de menor importncia, reservando apreciao do Conselho os delitos que mais profundamente agredissem a sociedade. A alterao viria favorecer a prpria justia como um meio eficaz de acelerar o desfecho dos processos.

Mas, voltando ao procedimento a que estamos nos referindo, aps os debates o Conselho de Justia passa a decidir em sala secreta. O Juiz Auditor deve relatar o processo, confrontando as provas produzidas, analisando os fundamentos e os pedidos das partes. Ao final profere o seu voto, colhendo os dos demais Juizes, respeitando o critrio de antiguidade do posto. Em seguida redigido um extrato da deciso do Conselho que lido na reabertura da sesso. O Juiz Auditor dever prolatar a sentena no prazo de sete dias, ainda que tenha sido vencido na deciso. Neste caso, acompanhando a sentena, dever trazer o voto escrito justificando os motivos de seu convencimento.

A respeito do julgamento, o que mais chama ateno, o que mais eloquentemente provoca frequentes vivos e acirrados debates o fato de Conselho Permanente ou Especial poder, unilateralmente, por seu prprio alvedrio, desclassificar o delito capitulado na inicial.

Diz, in verbis, o art. 437 do CPPM:

O Conselho de Justia poder: a) dar ao fato definio diversa da que constar na denncia, ainda que, em consequncia, tenha de aplicar pena mais grave, desde que aquela definio haja sido formulada pelo Ministrio Pblico em alegaes escritas e a outra parte tenha tido a oportunidade de respond-lo.

O Superior Tribunal Militar, em alguns julgados, tem inquinado de nulidade tais desclassificaes operadas pelos Conselhos de Justia sem o prvio pronunciamento da acusao, por escrito, e a outra parte tenha tido a oportunidade de respond-la. A matria sobre ser controvertida no pacfica e constantemente vem merecendo exame mais aprofundado de outros tribunais, particularmente do tribunal de Justia Militar do Estado de Minas Gerais que, em reiterados julgados, tem admitido a desclassificao, mesmo sem a iniciativa escrita do Ministrio Pblico, para beneficiar o acusado. Parece-nos que a exceo prevista possibilidade de desclassificao refere-se to somente aos casos em que a nova definio jurdica venha importar na aplicao de pena mais grave.

6. DOS RECURSOS

O Cdigo de Processo Penal Militar admite os seguintes recursos: em sentido estrito, apelao, embargos, reviso, o recurso extraordinrio, o agravo de instrumento contra o despacho de inadmisso do extraordinrio e ainda o recurso ordinrio para o Supremo Tribunal Federal das decises denegatrias de Habeas Corpus. A peculiaridade est no que respeita aos embargos porque o art. 538 do CPPM prev que tanto o Ministrio Pblico quanto o ru podero opor embargos de nulidade, infringentes do julgado e de declarao s decises finais proferidas pelo Superior Tribunal Militar. Como se verifica, em comparao legislao comum, houve evoluo da legislao militar, ou que aquela no estendeu tal recurso tambm acusao.

7.DA EXECUO DA SENTENA - DOS SEUS INCIDENTES

A execuo da sentena, segundo o determinado pelo art. 588 do CPPM, compete ao Auditor da Auditoria por onde correu o processo, ou nos casos de competncia originria do Superior Tribunal Militar, ao seu presidente. A Lei, como se v, no prev uma auditoria de execues criminais. O Juiz Auditor que julga o que executa a sua sentena.

No que concerne Suspenso Condicional da Pena, o Cdigo de Processo Penal Militar a contempla para a pena privativa da liberdade no excedente de dois anos e pelo prazo no inferior a dois anos e nem superior a seis anos. A particularidade est na restrio concesso do beneficio em determinados casos. Veda-o aos delitos contra a segurana nacional, de aliciao ou aliciamento, de violncia contra superior, oficial de servio, sentinela, vigia ou planto, de desrespeito a superior e desacato, de insubordinao, insubmisso ou de desero e a outros tipicamente militares. Basicamente a mesma restrio para a liberdade provisria como j tivemos oportunidade de demonstrar linhas atrs.

CONCLUSO - Procurei destacar, despido de qualquer preocupao doutrinria, que demandaria estudo mais aprofundado, e atento apenas vivncia do cotidiano, alguns dos vrios aspectos da legislao processual militar, que diferenciam-na da legislao comum.

Trata-se de um Cdigo com praticamente um rito processual.

, entretanto, desejvel e til que venha ser mais simplificado, especialmente no processamento e julgamento de crimes apenados com sanes leves, possibilitando a agilizao da Justia Militar que, por sua natureza, deve primar pela celeridade, com economia de tempo e de recursos financeiros.

Realmente no se compreende, que processos como os relativos a crimes de leso corporal leve, e at levssima (inovao no Direito Penal Militar) tenham o mesmo rito daqueles referentes aos crimes dolosos contra a vida, todos semelhantes aos procedimentos do Tribunal do Jri, no processo comum.

As suas vrias peculiaridades se justificam plenamente porque a inteno do legislador - e nem poderia ser outra - a de tutelar e preservar a hierarquia e a disciplina que regem as instituies militares. E um instrumento moderno e til prtica da Justia Militar. Uma codificao abrangente, completa, e rarssimas vezes o seu aplicador sente necessidade de recorrer legislao comum para suprir faltas ou omisses.

(Publicado na Revista de Estudos e Informaes da Justia Militar do Estado de Minas Gerais).

CAPTULO III

TERMOS TCNICOS E JURDICOS UTILIZADOS NO IPM/APF

ABERTURA - termo que se usa no incio do processo a partir do segundo volume do IPM para indicao do mesmo.

ACAREAO -confronto de duas pessoas em cujas declaraes existem divergncias a serem esclarecidas.

AOS COSTUMES - expresso usada na assentada de inquirio de testemunhas na qual se revela o grau de parentesco, afinidade ou interesse no caso, entre o depoente e o indiciado e vtima.

A ROGO - assinatura de terceiro que substitui a do declarante, quando este no sabe ou no pode assinar seu depoimento.

ARRESTO - apreenso e depsito de quaisquer bens pertencentes ao indiciado, visando garantir a execuo da sentena que futuramente reconhecer sua obrigao como devedor.

ASSENTADA - termo lavrado no incio, interrupo e encerramento dos trabalhos de audio de pessoas no IPM.

AUTPSIA - exame mdico feito no interior do cadver, para descobrimento da causa da morte. O mesmo que NECRPSIA.

AUTO - pea escrita, de natureza judicial, constitutiva do processo que registra a narrao minuciosa, formal e autntica de determinaes ordenadas pela autoridade competente.

AUTOS - conjunto de peas que formam o processado de um inqurito.

AUTUAO - termo lavrado pelo escrivo para reunio da portaria e demais peas que a acompanham que deram origem ao inqurito (capa do IPM).

AVALIAO - ato realizado por peritos com a finalidade de apurar o valor da coisa destruda, deteriorada ou desaparecida que foi objeto da infrao penal.

AVOCAO - chamamento a si da soluo final do IPM, o que ocorre quando o Cmt no concorda com a concluso apresentada.

BUSCA - procura ou pesquisa visando encontrar pessoal ou material que tenham relao de uma forma ou de outra com o fato delituoso.

CARTA PRECATPIA - documento que se remete a uma autoridade solicitando-lhe a audio de pessoa que se encontra em sua jurisdio.

CERTIDO - ato atravs do qual o escrivo d conhecimento ao encarregado do inqurito do cumprimento ou no das determinaes contidas no seu despacho. Serve tambm para assinalar a ocorrncia de algum fato relevante, de interesses futuro dos autos.

CITAO - chamamento do ru a juzo para ver-se processar. Emana de ordem judicial. O ru no pode ser interrogado (no processo) sem antes ser citado. H um caso de citao pela autoridade policial, quando esta desenvolve o processo sumrio. Exemplo: Lei 4.611/65.

COMPROMISSO - juramento prestado pelo escrivo ou peritos de cumprirem fielmente as determinaes do encarregado do inqurito e do CPPM e guardarem sigilo do que tiverem conhecimento. Ainda, juramento prestado pela testemunha de dizer a verdade em seu depoimento.

CONCLUSO - ato do qual o escrivo, aps o trmino dos trabalhos oriundos do despacho, faz a entrega dos autos ao encarregado do inqurito.

CONDUTOR - agente que apresenta o conduzido autoridade competente para ratificar a priso e promover a lavratura do APF.

CORPO DE DELITO - conjunto de elementos sensveis ao fato delituoso, constatados atravs de exames periciais, que visam materializar, tipificar e qualificar a infrao.

CRIME MILITAR - ilcito penal praticado nas condies previstas nos artigos 90 e 10 do CPM.

DELEGAO - atribuio de poderes de polcia judiciria militar para instaurao de IPM, que poder ser retomada, tornando-se insubsistente o ato que a outorgou, por razes legais ou administrativas.

DESPACHO - ato atravs do qual o encarregado do inqurito determina providncias a serem tomadas pelo escrivo.

DETENO - recolhimento em local prprio, por tempo permitido por lei, que o encarregado do IPM pode impor ao indiciado policial-militar. Por se tratar de medida privativa de liberdade instrumento que deve ser utilizado em ltimo caso e com a devida comunicao ao MM Juiz Auditor.

DILIGNCIAS - ao levada a efeito para apurao do fato delituoso que motivou o inqurito; so os atos praticados visando a elucidao das circunstncias, autoria e materializao da infrao cometida.

ENCARREGADO - nome que se atribui ao oficial a quem se destinou a portaria para instaurao do IPM.

ESCREVENTE - militar designado para executar os trabalhos de datilografia quando o escrivo designado para o inqurito no for datilgrafo. Trata-se de situao excepcional.

ESCRIVO -militar (primeiro ou segundo tenentes, subtenente ou sargento) designado para executar os trabalhos de datilografia e demais providncias determinadas pelo encarregado do IPM, previstas no CPPM. o responsvel pela esttica, formalizao e guarda dos autos. Ao escrivo tambm pode ser dada misso de levantar subsdios, realizar diligncias complementares, esclarecedoras, do que lavrar um respectivo termo, relatando os trabalhos.

EXAME -estudo, pesquisa, averiguao de um estado de coisa.

EXUMAO - ato de se proceder ao desenterramento de cadver para nele se processar o exame cadavrico de necrpsia.

HOMOLOGAO - aprovao da soluo (concluso final) apresentada pelo Encarregado do IPM.

HORRIO DIURNO - tempo estabelecido por lei, compreendido entre as sete e dezoito horas para audio de pessoas.

IDONEIDADE - bom conceito social (moral e profissional), que torna uma pessoa digna de credibilidade.

IMPEDIMENTO - situao existente que obsta a participao de determinada pessoa inqurito.

INCOMUNICABILIDADE - proibio a um preso de se comunicar com outrem.

INDICIADO - pessoa sobre a qual pairam as acusaes da prtica ou mesmo indcios cometimento do fato delituoso. Nos IPM destinados JME somente policiais-militares podem ser indiciados, visto que esta no tem competncia para julgar civis.

INFORMANTE-testemunha da qual a lei no exige compromisso de dizer a verdade em seu depoimento.

INQUIRIO - tomada de depoimento de testemunhas.

INTERROGATRIO - audio do indiciado em juzo, tambm usado na fase do inqurito.

INTIMAO - ato de compelir algum a comparecer perante o encarregado do Inqurito.

IPM - Inqurito Policial Militar - pea informativa elaborada por um Oficial com a finalidade de apurar uma infrao de natureza militar, para oferecimento de elementos necessrios propositura da ao penal.

JUNTADA - ato atravs do qual o escrivo faz a anexao ao processo de documentos vindo s mos do encarregado do inqurito e que interessam ao IPM.

MINISTRIO PBLICO - titular da pretenso punitiva do Estado. Hoje no mais existe a terminologia Ministrio Pblico Militar junto JME.

NOMEAO - designao de pessoa para o exerccio de determinada funo no IP M, como escrivo, perito, etc.

NOTA DE CULPA - instrumento pelo qual se d ao preso cincia dos motivos de sua priso, bem como de seu condutor e testemunhas.

NOTIFICAO - cincia dada para prtica de ato devido e futuro. Geralmente para comparecimento em local, data e horrio determinados para a execuo do ato. Em juzo a testemunha notificada.

OFENDIDO - pessoa fsica ou jurdica atingida diretamente pelo ato delituoso.

PERCIA - exame tcnico procedido por perito, retratado atravs de laudo pericial.

PERITO - tcnico designado para examinar e dar parecer sobre assunto de sua especialidade.

PORTARIA - documento atravs do qual autoridade designa e delega competncia a um oficial para instaurar um IPM. Indica, tambm, no caso do IPM, a abertura dos trabalhos, na qual o Encarregado d as primeiras ordens sobre a conduo do trabalho. A primeira a Portaria de designao a segunda a de instaurao do IPM.

PRAZO-perodo de tempo estipulado legalmente para determinado ato ou realizao de um trabalho.

PRISO EM FLAGRANTE DELITO - ato de prender o agente estando ele cometendo a infrao penal, acabando de comet-la, perseguido logo aps em situao que faa presumir ser ele o autor da infrao ou encontrado logo aps com instrumentos, armas, objetos ou papis que autorizem aquela presuno.

PRISO PREVENTIVA - ato processual penal cautelar decretado pelo Juiz tanto na fase investigatria como processual.

PRORROGAO - dilatao do prazo anteriormente fixado, por circunstncias imprevistas no decorrer do inqurito.

PROVAS-conjunto de elementos que promovem o convencimento da certeza da existncia do fato e sua autoria.

QUALIFICAO - dados que individualizam uma pessoa, utilizado no incio de cada tomada de declaraes. Deve conter: nome completo, nacionalidade, naturalidade, idade, filiao, estado civil, profisso, residncia, posto ou graduao e unidade em que serve, se militar.

QUESITOS - perguntas previstas em legislao para cada caso especfico alm de outras julgadas convenientes pelo encarregado do inqurito a serem feitas aos peritos.

RECEBIMENTO - ato praticado pelo escrivo todas as vezes que receber do encarregado os autos para providncias.

RECONHECIMENTO - termo atravs do qual se procede a confirmao ou no da identificao de uma pessoa ou coisa.

RECONSTITUIO - reproduo simulada do fato delituoso na conformidade da lei.

RELATRIO - documento final do IPM, ou do APF no qual seu encarregado descreve minuciosamente o fato apurado e faz sua concluso final, cujo nome soluo, que poder ser ou no homologada pelo Cmt da OPM.

REINQUIRIO - ato de reperguntar a uma pessoa inquirida anteriormente, que deixou alguma coisa a ser esclarecida.

REMESSA - ato de entrega do inqurito, aps o seu trmino, autoridade delegante.

REQUISIO - pedido formulado pelo encarregado do IPM solicitando a uma autoridade o comparecimento de pessoas, fornecimento de documentos, materiais, ou ainda outras providncias necessrias ao inqurito.

RESTITUIO - devoluo do bem ao lesado ou a terceiro de boa f feita pelo encarregado do inqurito, da qual se lavra o respectivo termo.

SEQUESTRO - apreenso de bens em posse do indiciado ou de terceiro por serem produtos da infrao penal ou adquiridos com proventos da mesma.

SOLUO - concluso final a que chega o encarregado do IPM na qual se manifesta sobre a existncia ou no de crime, contraveno penal ou transgresso disciplinar e as providncias a serem adotadas.

SUSPEIO-situao existente que compromete a imparcialidade do encarregado do IPM perante a justia. Deve ser declarada por ele quando ocorrer a situao.

TEMPO DE INQUIRIO - perodo de tempo consecutivo de inquirio permitido por lei.

TERMO - documento que formaliza os atos praticados no curso do inqurito.

TESTEMUNHA - pessoa chamada a depor no inqurito, por ser conhecedora do fato de uma forma qualquer.

CAPTULO IV

ROTEIRO DE UM INQURITO POLICIAL MILITAR

1.Um inqurito dificilmente ser idntico a outro em virtude das peculiaridade de cada caso. Assim, peas que nele aparecem podem no existir em outro e a ordem delas nem sempre a mesma.

Com efeito, um IPM instaurado para apurar crime de homicdio acarretar providncias diferentes daquele instaurado para apurar crime de furto, dever militar, administrao militar.

2.Entretanto, existem peas que so comuns a todos os inquritos policiais militares, consideradas essenciais e que no podem, sob pretexto algum, faltar.

So elas, na ordem em que geralmente aparecem no IPM:

AUTUAO

PORTARIA DE INSTAURAO E ORDENS DE SERVIO INICIAIS

NOMEAO DO ESCRIVO

TERMO DE COMPROMISSO DE ESCRIVO

PORTARIA DE DESIGNAO DO ENCARREGADO

DESPACHO DO ENCARREGADO

CERTIDO DE CUMPRIMENTO DE DILIGNCIAS PRELIMINARES

TERMO DE PERGUNTAS AO OFENDIDO

TERMO DE PERGUNTAS AO INDICIADO

ASSENTADA

TERMOS DE INQUIRIO DE TESTEMUNHAS

PERCIAS OU EXAMES

CROQUIS

RELATRIO

SOLUO

REMESSA

HOMOLOGAO OU AVOCAO

3. PEAS QUE PODEM SURGIR NO IPM

Alm daquelas peas comuns e essenciais a todo IPM, existem outras que se relacionam diretamente com cada tipo de ato delituoso a ser apurado e diligncias a serem empreendidas.

So elas:

AUTO DE AVALIAO

AUTO DE BUSCA E APREENSO

AUTO DE EXAME CADAVRICO

AUTO DE EXAME DE CORPO DE DELITO (Direto e Indireto)

AUTO DE EXAME DATILOSCPICO

AUTO DE EXAME DE EMBRIAGUEZ

AUTO DE EXAME PERICIAL (outras percias)

AUTO DE EXAME DE SANIDADE

AUTO DE EXUMAO E NECROPSIA

AUTO DE PRISO (provisria)

AUTO DE RECONSTITUIO

CARTA PRECATRIA

TERMO DE ABERTURA

TERMO DE ACAREAO

TERMO DE COMPROMISSO DE PERITO

TERMO DE RECONHECIMENTO

TERMO DE RESTITUIO DE COISAS APREENDIDAS

SOLICITAO DE PRISO PREVENTIVA

4. COMENTRIOS

Criticas a IPM, realizados por Oficiais que buscam mais o cumprimento de formalidades que a essncia da investigao, levam a novas orientaes.

As formalidades so relevantes para caracterizar o bom andamento do IPM, mas no se deve preocupar com elas em detrimento da investigao propriamente dita. O esforo de capa injustificvel no IPM ou APF.

Por outro lado, critica-se tambm a elaborao dos termos privativos do escrivo ou termos de movimento (concluso, juntada, recebimento, certido), com ocupao de enormes espaos de papel quando no so, cada qual, em uma folha isolada.

Os termos se propem a caracterizar a marcha das investigaes e o movimento dos autos entre o Encarregado e o Escrivo.

Da nascerem inverdades naqueles casos em que o escrivo s tem em mos os autos para assin-los, fato que deve ser evitado, a partir da escolha desse auxiliar. Este deve ajudar, tambm nos trabalhos de investigao, realizando diligncias redigindo peas informativas das buscas realizadas, enfim, dando dinmica ao inqurito.

Com efeito, inverdades no se ajustam aos princpios jurdicos.

preciso, pois, que a figura do escrivo no exista somente pro forma. Se ele nomeado, nos autos, porque deve compor a equipe de trabalho. E sua participao, alm dos simples trabalhos de datilografia ou digitao, certamente no ser motivo de nulidade, dado o carter de pea informativa, que o IPM.

O que se pretende, ento, que haja o Escrivo e que este seja, alm de datilgrafo, um auxiliar, um investigador.

O outro lado da moeda deve, entretanto, ser evitado. Isto ocorre no caso em que Oficial Encarregado nem se preocupa com a investigao, deixando tudo por conta do graduado, que toma as rdeas da elaborao do trabalho.

Deve-se objetivar, em suma, rapidez, clareza, conciso e inteligncia nos termos.

No h sentido, pois, em se elaborar um termo de juntada, aos autos, para neles anexar as declaraes do ofendido e do indiciado ou do depoimento das testemunhas.

No h sentido, tambm, em se lavrar certido de cumprimento da determinao de juntada, aos autos de documentos de fls x a y, se estes ali j se encontrem.

Devido ao carter episdico do IPM, no h sentido de que os autos sejam baixados ao Escrivo e consequentemente desnecessria se faz a elaborao de termos que ora esto sendo eliminados (concluso, recebimento, data, juntada). Estes se justificam naquelas circunstncias de uma Inspetoria, onde um Oficial fosse, permanentemente, Encarregado de apuraes e possusse, nestas condies, a autoridade competente e um cartrio para se encarregar dos trabalhos de reunio e ordenamento das peas.

Alerta-se outrossim, que o Oficial traga, a todo momento, este Manual, o Cdigo Penal Militar e o Cdigo de Processo Penal Militar.

O roteiro, o planejamento dos trabalhos, como esto sendo preconizados, certamente contribuiro para o sucesso das investigaes e desburocratizao do inqurito.

CAPTULO V

FORMULRIOS DO IPM

1.PORTARIA DE DESIGNAO

o documento que contm a ordem da autoridade de Polcia Judiciria Militar (Cmt da OPM, Chefe, Diretor, etc.), determinando a apurao do delito e delegando ao Oficial o poder para realizar o trabalho.

A Portaria deve ser genrica, devendo ser evitada aquela tipo-relatrio onde j se acha descrito o fato, em suas mincias ou a Podaria tipo-sentena, onde j existe pronunciamento sobre o estrito cumprimento do dever legal, estado de necessidade, etc. Todavia, deve-se indicar, mesmo que em tese, a capitulao do tipo penal previsto na lei penal militar.

H essencial diferena da Portaria do IP, na qual a autoridade policial instaura, ela prpria, o inqurito, e j traa as ordens centrais para a investigao, planejando, ali, o seu trabalho. Se o Oficial estiver destacado, a Portaria poder ser at por via telefnica ou por qualquer meio de comunicao hbil, naturalmente ratificada, depois por escrito.

Conforme preceitua o art. 10 do Cdigo de Processo Penal Militar, o IPM poder ser iniciado por seis modos, dos quais relacionamos 4 (quatro) que mais comumente ocorrem, ou sejam:

a.de ofcio, pela autoridade em cujo mbito de jurisdio ou comando ocorreu a infrao penal, atendida a hierarquia do infrator (art. 10, letra a);

b.por determinao ou delegao da autoridade militar superior, que, em caso de urgncia, poder ser feita por via telegrfica ou radiofnica e confirmada, posteriormente, por oficio (art. 10, letra b);

c.a requerimento da parte ofendida ou de quem legalmente a representa, ou em virtude de representao devidamente autorizada de quem tenha conhecimento de infrao penal, cuja represso caiba Justia Militar (art. 10. letra e);

d. quando, de Sindicncia feita em mbito de jurisdio militar, resulta indcio da existncia de infrao penal militar (art. 10, letra f).

A seguir encontram-se os modelos de Portaria para cada um dos processos de incio de Inqurito Policial Militar acima enumerados.

Outros tipos de Portaria (de restaurao de autos, novas diligncias determinadas pela Justia, requisio do MP e do TJM) podem ocorrer.

Juntamos, a seguir, os modelos.

Em qualquer das situaes acima a Portaria poder trazer, num segundo item, a designao do Escrivo. O normal, entretanto, que o prprio Encarregado o faa.

Quanto ao caso citado na alnea d, retro, pode ocorrer caso em que a Sindicncia, bem realizada, j contenha prova suficiente do delito e da autoria, razo pela qual deve, o sindicante, elaborar relatrio circunstanciado, pelo qual indicar:

a)se o fato constitui crime militar, ou comum, havendo transgresses disciplinares residuais ou subjacentes;

b) se o fato no constitui crime militar ou comum, mas h transgresso disciplinar;

c) se o fato constitui contraveno penal e tambm (ou no) transgresso disciplinar;

d) se o fato no constitui crime militar ou comum, nem transgresso disciplinar.

Em todas as situaes, deve ser o fato, ainda que em tese, capitulado de acordo com sua previso legal, em tese, na lei penal militar, haja vista a possibilidade da Sindicncia substituir o IPM, nos termos do art. 28, letra a, do CPPM.

A autoridade delegante, diante destas circunstncias, deve solucionar a Sindicncia determinando o seu envio 1. Auditoria da Justia Militar, para distribuio.

Na seo de pessoal deve haver um livro de registro de portarias, contendo todos os dados para acompanhamento (n., fato, data de publicao, recibo, homologao da soluo, remessa Justia, indiciados).

A existncia deste volume de informaes, devidamente organizado, facilitar a implantao de futuro programa jusciberntico, envolvendo toda Instituio e/ou Justia Militar, para obteno de dados rpidos sobre arrolamento de processos, ndices de envolvimento de policiais-militares com a Justia, avaliao dos trabalhos de polcia judiciria militar.

Uma observao deve ser feita quanto ao IPM - Reservado. Todo o Inqurito, em princpio, sigiloso, nos termos do art. 16 do CPPM. Assim redundncia dizer IPM-RESERVADO.

H casos, entretanto, que a publicao em BI da Portaria pode acarretar prejuzo para as investigaes, pois os responsveis podero trabalhar no sentido de destruir, extraviar provas ou at desertarem.

Quando isto puder ocorrer, a publicao da Portaria pode se dar no final dos trabalhos, em Boletim Reservado-BR, juntamente com a homologao ou avocao da soluo.Outra orientao importante que deve haver uma Portaria para cada inqurito e um inqurito para cada delito, a menos que se trate de crime continuado (art. 80 - CPM), ou concurso de crimes (art. 79 - CPM), ou crimes da mesma natureza (art. 78, 5., do CPM).

errada, pois, aquela Portaria que manda apurar ...uma srie de irregularidades cometidas pelo... no Dst....

O IPM feito assim acarretar, no plano judicial, seu desdobramento em tantos processos quantos forem os delitos verificados, a menos que o sejam nas situaes retro-descritas.

MODELO N. 1

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Instaurao de IPM (determina)

Anexo: Documentos que motivaram a instaurao do IPM

Tendo chegado ao meu conhecimento, atravs dos documentos juntos, que (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM), determino seja, com a possvel urgncia, instaurado a respeito, o devido Inqurito Policial Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me competem.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

MODELO N. 2

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Instaurao de IPM (determina)

Anexo: Documentos que originaram a instaurao do IPM, remetidos pela autoridade determinadora.

Conforme determinao do Ex.mo. Sr. Cel PM (nome e funo) do documento junto, para apurar (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM), determino seja, com a possvel urgncia, instaurado a respeito, o devido Inqurito Policial Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me competem.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

MODELO N. 3 _____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Instaurao de IPM (determina)

Anexo: Documentos que motivam a instaurao do IPM - Sindicncia

Tendo em vista a concluso da sindicncia determinada por este Comando, em torno do fato (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM), envolvendo a pessoa do (nome do sindicado) onde resultou indcios de existncia da infrao penal militar indicada, determino que seja, com a possvel urgncia, nos termos da alnea f do art. 10, do CPPM instaurado o devido Inqurito Policial Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me competem.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

MODELO N. 4

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Instaurao de IPM (determina)

Anexo: Documentos apresentados pelo solicitante

Tendo em vista a representao firmada por (nome completo da pessoa solicitante), acompanhada dos documentos constantes do anexo, denunciando (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM), determino seja, com a possvel urgncia, nos termos da alnea e do art. 10, do CPPM, instaurado a respeito, o devido Inqurito Policial Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me competem.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

MODELO N. 5

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Restaurao de autos (determina)

Anexo: Documentos que motivam a instaurao

Tendo em vista que se acham extraviados os autos de IPM Portaria ____ / _____, de ___/___/___, instaurado para apurar (sntese do fato), relativo ao n. ______, _____________________________ (citar o indiciado), determino-vos providncias para restaur-los, juntando cpias que porventura forem encontradas, realizando novas diligncias para esclarecimento do fato.

Delego-vos, para tal fim, as atribuies de polcia judiciria militar a que me competem.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

Obs.: No confundir com a Portaria na qual o Cmt mandar investigar a responsabilidade pelo extravio. Esta objetiva a restaurao.

MODELO N. 6

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Determinao de diligncias

Anexo: Processo n. _____, ____ AJME

Tendo em vista o requerimento do MP, (fls. ____) e a requisio judicial (fl. ___), no processo criminal em anexo, relacionado a fato em que se acha envolvido o n. ______, ____________________dessa OPM, determino-vos realizar as diligncias requisitadas, necessrias complementao do processo, para os fins de direito.

Delego-vos, para tal fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me compete.

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

Obs.: Esta Portaria se d geralmente para providncias relacionadas com exames periciais (balstica, grafotcnico, ACD-complementar);

O prazo processual de apenas 20 dias, conforme art. 26, pargrafo nico do CPPM;

Caso necessite maior prazo, solicitar ao MM. Juiz;

Depois das diligncias prontas necessrio relatrio esclarecedor.

MODELO N. 7

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

PORTARIA N.________

Do (Autoridade delegante)

Ao (Autoridade delegada)

Assunto: Instaurao de IPM (determina)

Anexo: Documento que motivaram a instaurao do IPM

1- Tendo chegado ao meu conhecimento, atravs dos documentos juntos, que (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM), determino seja, com a possvel urgncia, instaurado a respeito, o devido Inqurito Policial Militar, delegando-lhe, para esse fim, as atribuies de polcia judiciria militar que me competem.

2- Para funcionar como escrivo, fica designado o (posto ou graduao e nome).

Publique-se, registre-se e cumpra-se.

LOCAL E DATA

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

2. EXAME DE POSSVEIS IMPEDIMENTOS

Ao ser designado como Encarregado de um IPM, o Oficial, recebendo a Portaria e os documentos que a acompanham, verificar, antes do incio do inqurito, trs situaes que podem surgir e que obstaro sua ao:

1) se existem indcios contra Oficial de posto superior ao seu ou mais antigo (esta situao poder ocorrer tambm no curso do inqurito);

2) se existe algum impedimento ou suspeio;

3) se est, por doena ou licena mdica, impossibilitado de cumprir a misso recebida.

Ocorrendo qualquer das situaes acima citadas, o Encarregado do IPM oficiar autoridade delegante, quando, declarando o motivo, solicitar a sua substituio e designao de outro Oficial para assumir suas funes no IPM.

Por outro lado, no ocorrendo nenhuma das situaes acima, estar o Encarregado em condies de iniciar o inqurito, realizando o planejamento para o trabalho, conforme foi orientado no Captulo I e adotando, se for o caso, as providncias preliminares determinadas pelo artigo 12 do Cdigo de Processo Penal Militar.

A seguir o modelo de oficio de pedido de substituio do Encarregado do IPM.

MODELO N. 8

_____________

ESCRIVO

OFCIO N.________ / IPM

LOCAL E DATA

Do (posto e nome), Encarregado do Inqurito

Ao (posto e nome da autoridade delegante)

Assunto: comunicao (faz)

Tendo em vista haver surgido no Inqurito Policial Militar, por vs mandado instaurar atravs da Portaria n. ____, do qual sou Encarregado (declarar a situao ocorrida), solicito-vos a designao de um oficial para, em substituio, assumir as funes a mim atribudas no IPM.

_________________________________________

(nome, posto e funo da autoridade delegante)

3. DESIGNAO E COMPROMISSO DO ESCRIVO

No trazendo a Portaria a designao do escrivo, isto caber ao Encarregado do IPM, observando o que determina o CPPM, ou seja, recaindo em segundo ou primeiro tenente se o indiciado for Oficial e, em subtenente ou sargento, se o indiciado for praa ou civil.

A designao de Escrivo dever ser comunicada autoridade sob cujo comando serve o designado a qual determinar a publicao em Boletim Interno.

Aps a designao, dever o Escrivo prestar compromisso que ser lavrado e juntado aos autos.

Levam-se em conta todas as advertncias e orientaes quanto participao do Escrivo.

Sugere-se que cada unidade tenha uma escala de graduados para distribuio equitativa do servio a todos. Em primeiro lugar seriam designados os que fossem datilgrafos, com advertncia aos demais que no possussem tal habilidade, de que, chegada a sua vez, seria exigido o trabalho, dando-se tempo para treinamento, hoje difundido em qualquer cidade.

A seguir modelos de designao e do termo de compromisso.

MODELO N. 9

_____________

ESCRIVO

DESIGNAO DE ESCRIVO

Designo, nos termos do artigo 11 do Cdigo de Processo Penal Militar, o (posto ou graduao e nome), para servir como Escrivo do Inqurito Policial Militar do qual sou Encarregado, lavrando-se o competente Termo de Compromisso.

LOCAL E DATA

_______________________________________

(nome, posto do Encarregado do IPM)

MODELO N. 10

_____________

ESCRIVO

COMPROMISSO DE ESCRIVO

Aos ____ dias do ms de ________ de ______, nesta cidade de __________ Estado de ______ no quartel do (unidade), o (posto ou graduao e nome), designado para exercer a funo de Escrivo deste Inqurito Policial Militar, prestou, perante este Encarregado o compromisso legal de cumprir fielmente as determinaes do Cdigo de Processo Penal Militar e manter o sigilo do Inqurito no exerccio da funo.

_______________________________________

(nome e posto do Encarregado do IPM)

_________________________________________

(nome, posto ou graduao do Escrivo)

4. PORTARIA DE INSTAURAO

Aps o compromisso do Escrivo, o Encarregado do IPM baixar a Portaria de Instaurao e abertura dos trabalhos.

Essa Portaria constitui o comeo real do inqurito, devendo o prazo para terminao do IPM ser contado a partir do primeiro dia til que se seguir ao recebimento da Portaria de designao, pois, de posse dela dever o encarregado, de imediato, instaurar o inqurito.

O Encarregado do IPM entregar, logo a seguir, ao Escrivo, os documentos e a portaria de designao devendo o mesmo fazer a autuao.

Autuar um IPM reunir, ordenadamente o conjunto de documentos, a partir de sua capa, juntando a ela todas as peas que j existirem.

Visando evitar que haja comprometimento aos direitos constitucionais da liberdade e da imagem, deve ser evitado indicar os nomes dos indiciados nas capas de autuao do Inqurito Policial Militar, o que somente deve ocorrer se houver homologao do relatrio do IPM no sentido de confirmar o indiciamento, porquanto o lanamento inconseqente pode gerar indevida distribuio a uma das Auditorias Militares, culminando em indicar militar, cujo envolvimento criminal restou ser improcedente.

Na Portaria de Instaurao que o encarregado transmitir ao Escrivo e/ou auxiliares na investigao as ordens iniciais. Nele ele esboar, por escrito, o que planejou. Dir as pessoas que ouvir. Marcar dia e hora para tal. Manda preparar documentos para requisio das percias, determinar apreenses de objetos, mandar elaborar croquis, levantamentos, etc.

Enfim, no documento o Encarregado descreve, uma a uma, as ordens iniciais a serem seguidas.

Da a importncia do planejamento, citado no Captulo I deste Manual.

MODELO N. 11

_____________

ESCRIVO

PORTARIA

Tendo-me sido delegadas pelo (posto e funo da autoridade delegante) as atribuies que lhe competem para apurar (sntese do fato com a capitulao do tipo penal previsto, em tese, no Cdigo Penal Militar - CPM) e que se refere a Portaria n. _______ e mais documentos juntos, determino que se procedam aos necessrios exames e diligncias para esclarecimento do mesmo fato, com o que dou incio ao presente inqurito.

Determino ao Sr. Escrivo que autue a presente, com os documentos inclusos e demais peas que forem acrescendo, e intime as pessoas que tiverem conhecimento do aludido fato e suas circunstncias, a comparecerem em dia, hora e local a serem designados, a fim de serem inquiridas na forma da legislao vigente.

Descrever, a seguir, as ordens, conforme orientao no item 4 deste Manual.

Local e data.

___________________________________

(nome e posto do Encarregado do IPM)

Obs.:a) Este documento , necessariamente, a folha n. 02 dos autos, vindo logo depois da capa. No Manual anterior esta orientao era implcita e gerou dvidas, que foram sanadas com orientaes posteriores.

b) Se a Portaria for abrangente no ser necessrio o primeiro despacho conforme modelo n. 13. Caso o Encarregado opte por determinar medidas mais tarde pode deixar a explicao das ordens para aquela futura oportunidade. Refrise-se entretanto, que o fazendo na Portaria de instaurao, estar economizando tempo e sendo mais racional.

MODELO N. 12

_____________

ESCRIVO

POLCIA MILITAR DE MINAS GERAIS

_______________

OPM

ENCARREGADO DO IPM. (Nome e posto)

ESCRIVO DO IPM: (Nome e posto ou graduao)

INDICIADO - (Nome completo - se for de conhecimento)

OFENDIDO - (Nome completo - se for de conhecimento)

AUTUAO

Aos ___ dias do ms de ______ de _____nesta cidade de ____, Estado de _______, no Quartel do ____ autuo a portaria e demais documentos que a este junto e me foram entregues pelo Encarregado do presente inqurito; de que, para constar, lavro este termo.

Eu, (posto ou graduao e nome), servindo de escrivo, o escrevi e assino.

___________________________________

(nome, posto ou graduao do Escrivo)

Obs:a) As capas de sindicncia e IPM j so encontradas prontas e distribudas ordinariamente, s Unidades.

b)Critica-se s vezes o IPM por ter papel em demasia. Por isso s deve ser juntado aos autos aquilo que interessa como prova do fato ou do trabalho realizado. Evite, ainda, gastar papel em excesso. Sejam utilizados os espaos em branco e aqueles que no puderem ser usados, sejam inutilizados com traos diagonais, com observao: em branco.

5. PRIMEIRO DESPACHO E SEU CUMPRIMENTO

O Encarregado do IPM, depois da autuao, verificar as providncias a serem tomadas, proferindo este primeiro despacho, caso no o tenha feito na prpria portaria de instaurao ou de abertura.

Neste documento o Encarregado dever se preocupar com as providncias realmente mais prementes e mais oportunas, bem como aquelas que demandam tempo para o seu cumprimento.

O despacho varivel, dependendo das provas a serem coligidas para a elucidao da infrao penal.

Contm os despachos, determinaes, recomendaes, instrues, ordens, que no foram transmitidas na portaria de instaurao (modelo n. 13).

Tendo em vista ritmo mais racional, que est sendo imprimido neste Manual, no h necessidade daqueles termos de concl