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Menu principal Índice de Biblio 3W Biblio 3W REVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS SOCIALES Universidad de Barcelona ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98 Vol. VII, nº 407, 30 de octubre de 2002 FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS EM BARRAGENS. O CASO DA LOMBA DO SABÃO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL Maíra Suertegaray Rossato 1 Luis Alberto Basso (2) Dirce Maria Antunes Suertegaray (3) Formação de Depósitos Tecnogênicos em Barragens. O caso da Lomba do Sabão, Rio Grande do Sul, Brasil. (Resumo) Este trabalho analisa a formação de depósitos tecnogênicos na Barragem Lomba do Sabão, associados a processos de assoreamento. Para isto, foi feito o mapeamento da cobertura vegetal, do uso do solo e das áreas assoreadas próximas ao reservatório. Para este mapeamento foram utilizadas técnicas de fotointerpretação, geoprocessamento e sensoriamento remoto, tomando como base a interpretação de fotografias aéreas de duas épocas (1972 e 1991) e uma imagem de satélite (1999). Posteriormente, os depósitos foram caracterizados em termos de estrutura e gênese. Para isto fez-se a amostragem superficial em 15 pontos em áreas de assoreamento, testemunhagem em cinco pontos e análise sedimentológica deste material. Os resultados obtidos foram: a quantificação da área assoreada, a caracterização dos depósitos e a explicação da morfodinâmica que lhes dá origem. Palavras chave: barragens, depósitos tecnogênicos, assoreamento Formación de depósitos tecnogénicos en embalses: El caso de la Lomba do Sabão, Rio Grande do Sul, Brasil. (Resumen) Este trabajo analiza la formación de depósitos tecnogénicos en el "Embalse Lomba do Sabão", asociados a los procesos de atarquinamiento. Para ello, se ha realizado la cartografía de la cubierta vegetal, del uso de la tierra y de las áreas de atarquinamiento en el embalse. En la cartografía han sido utilizadas técnicas de foto-interpretación, geoprocesamiento y teledetección, basándose en la interpretación de fotografías aéreas de dos épocas (1972 e 1991) y en una imagen de satélite (1999). Posteriormente, los depósitos han sido caracterizados de acuerdo com su estructura y génesis. Para ello, se hizo un muestreo superficial en 15 puntos de las áreas de atarquinamiento, sondeos en 5 puntos y análisis sedimentológica de este material. Los resultados obtenidos fueron: la cuantificación del área de atarquinamiento, la caracterización de los depósitos y la explicación Formação de Depósitos Tecnogênicos em Barragens. O caso ... http://www.ub.edu/geocrit/b3w-407.htm 1 de 17 19/03/12 14:10

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Biblio 3WREVISTA BIBLIOGRÁFICA DE GEOGRAFÍA Y CIENCIAS

SOCIALESUniversidad de Barcelona

ISSN: 1138-9796. Depósito Legal: B. 21.742-98Vol. VII, nº 407, 30 de octubre de 2002

FORMAÇÃO DE DEPÓSITOS TECNOGÊNICOS EM BARRAGENS.O CASO DA LOMBA DO SABÃO, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Maíra Suertegaray Rossato1

Luis Alberto Basso (2)

Dirce Maria Antunes Suertegaray(3)

Formação de Depósitos Tecnogênicos em Barragens. O caso da Lomba do Sabão, RioGrande do Sul, Brasil.(Resumo)

Este trabalho analisa a formação de depósitos tecnogênicos na Barragem Lomba do Sabão,associados a processos de assoreamento. Para isto, foi feito o mapeamento da cobertura vegetal,do uso do solo e das áreas assoreadas próximas ao reservatório. Para este mapeamento foramutilizadas técnicas de fotointerpretação, geoprocessamento e sensoriamento remoto, tomandocomo base a interpretação de fotografias aéreas de duas épocas (1972 e 1991) e uma imagem desatélite (1999). Posteriormente, os depósitos foram caracterizados em termos de estrutura egênese. Para isto fez-se a amostragem superficial em 15 pontos em áreas de assoreamento,testemunhagem em cinco pontos e análise sedimentológica deste material. Os resultados obtidosforam: a quantificação da área assoreada, a caracterização dos depósitos e a explicação damorfodinâmica que lhes dá origem.

Palavras chave: barragens, depósitos tecnogênicos, assoreamento

Formación de depósitos tecnogénicos en embalses: El caso de la Lomba do Sabão, RioGrande do Sul, Brasil. (Resumen)

Este trabajo analiza la formación de depósitos tecnogénicos en el "Embalse Lomba do Sabão",asociados a los procesos de atarquinamiento. Para ello, se ha realizado la cartografía de la cubiertavegetal, del uso de la tierra y de las áreas de atarquinamiento en el embalse. En la cartografía hansido utilizadas técnicas de foto-interpretación, geoprocesamiento y teledetección, basándose en lainterpretación de fotografías aéreas de dos épocas (1972 e 1991) y en una imagen de satélite(1999). Posteriormente, los depósitos han sido caracterizados de acuerdo com su estructura ygénesis. Para ello, se hizo un muestreo superficial en 15 puntos de las áreas de atarquinamiento,sondeos en 5 puntos y análisis sedimentológica de este material. Los resultados obtenidos fueron:la cuantificación del área de atarquinamiento, la caracterización de los depósitos y la explicación

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de la morfodinámica que les origina.

Palabras clave: embalse, depósitos tecnogénicos, atarquinamiento

Este estudo derivou do trabalho de um grupo interdisciplinar que desenvolve uma pesquisabastante ampla em sub-bacias hidrográficas denominada Mapeamento, Caracterização e Gênesedos Depósitos Tecnogênicos na Cidade de Porto Alegre, RS. Esta trata da identificação espacial dedepósitos tecnogênicos, em particular, aquelas resultantes do processo de urbanização em áreasconsideradas de risco ambiental (nascentes de cursos fluviais e margens de pequenos arroios).Osdepósitos tecnogênicos constituem, segundo Oliveira apud Peloggia (1998), depósitos resultantesda atividade humana, abrangendo depósitos construídos (aterros, corpos de rejeitos, etc.),depósitos induzidos, como os sedimentos que se depositam em razão da erosão decorrente do usodo solo e depósitos modificados (depósitos naturais alterados tecnogenicamente por efluentes,adubos, etc.). Outra classificação desenvolvida diz respeito à caracterização do materialconstituinte do depósito. Foi criada por Flanning & Flanning (1989) e abrange os materiaisúrbicos, gárbicos, espólicos e dragados. De acordo com Flanning & Flanning apud Peloggia(1998), os materiais úrbicos constituem "(...) detritos urbanos, materiais terrosos que contêmartefatos manufaturados pelo homem moderno, freqüentemente em fragmentos, como tijolos,vidro, plástico, metais diversos, etc". Os materiais gárbicos abrangem todo "(...) material detríticocom lixo orgânico de origem humana e que, apesar de conter artefatos em quantidades muitomenores que a dos materiais úrbicos, são suficientemente ricos em matéria orgânica para gerarmetano em condições anaeróbicas". Materiais espólicos são "materiais terrosos escavados eredepositados por operações de terraplanagem e depósitos de assoreamento induzidos pela erosãoacelerada. São materiais que contém muito pouca quantidade de artefatos". Materiais dragados sãocompostos por "(...) materiais terrosos provenientes da dragagem de cursos d'água e comumentedepositados em diques, em cotas topográficas superiores às da planície aluvial".

Neste trabalho, com o intuito de fazer uma análise mais completa dos depósitos tecnogênicos,serão utilizadas as duas classificações abordadas anteriormente.

Os depósitos tecnogênicos, segundo Ter-Stepanian (1988), "(...) são marcados por sua grandevariedade, feições diferenciadas, diversidade de composição e grande variação de espessura.Caracterizam uma 'classe genética independente', embora possam ser traçadas analogias comdepósitos naturais". Estas feições são representativas da intervenção antropogênica, que seconfigura como elemento diferencial introduzido na compreensão do tempo geológico,caracterizando, para alguns, um novo período: o Quinário.

Este novo conceito objetiva romper com o Quaternário clássico, no sentido de valorizar "(...) oadvento da atividade humana como processo de transformação do planeta em sua totalidade"(Suertegaray, 1997). Esta ruptura se faz, porque, conforme Rohde (1996), "(...) o Quaternário seriao período do aparecimento do homem e o Quinário, o homem sobrepondo-se ativamente emrelação à natureza". Esta sobreposição se explica pelo fato de que "(...) atividade humana passa aser qualitativamente diferenciada da atividade biológica na modelagem da Biosfera,desencadeando processos (tecnogênicos) cujas intensidades superam em muito os processosnaturais" (Oliveira, 1990).

Segundo Rohde (1996), este período teve origem há 10.000 anos no início do Holoceno etestemunhou relevantes situações indicadoras do advento da atividade técnica do homem como

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força relevante na intervenção, apropriação e construção da natureza: a Revolução Neolítica, aRevolução Agrícola e a Revolução Industrial. A partir de então, o homem passou a contribuirdiretamente na evolução geológica do planeta.

Objetivos e Área de Estudo

Resgatando esta temática, o objetivo principal deste trabalho é analisar a formação e a construçãode depósitos tecnogênicos na Barragem Lomba do Sabão RS/BR, em decorrência do processo deassoreamento. Para atingi-lo foram definidos quatro objetivos específicos:

1. Delimitar e mapear a cobertura vegetal e os diferentes usos do solo no entorno da BarragemLomba do Sabão. A intenção com este mapeamento é caracterizar as transformações do entorno dabarragem no que se refere ao uso do solo e cobertura vegetal, objetivando indicar possíveis causasdo processo de assoreamento.

2. Delimitar as áreas assoreadas no interior e nas áreas próximas ao reservatório, com o objetivode quantificar a área ocupada pelo processo de assoreamento no interior do lago da barragem.

3. Caracterizar os depósitos em estudo, segundo sua estrutura e gênese, aproximar uma dataçãorelativa desses depósitos a partir de uma análise temporal e discutir conceitualmente a aceleraçãodo tempo geomorfológico pela atividade humana com vistas a contribuir com os estudos sobre aconstituição de depósitos tecnogênicos do interior de barragens, em particular na Barragem Lombado Sabão.

4. Propor alternativas mitigadoras dos impactos sobre a Barragem Lomba do Sabão, uma vez queesta constitui reservatório de água estratégico para a população do município de Porto Alegre.

A barragem Lomba do Sabão foi construída na década de 40 para o tratamento de água com finsde abastecimento público. Hoje, a Estação de Tratamento de Água (ETA) Lomba do Sabãoabastece, majoritariamente, os bairros Lomba do Pinheiro e Agronomia, sendo responsável pelotratamento e distribuição de 4% da água consumida no município de Porto Alegre, abastecendo48.300 habitantes (Bendati et al., 1998). Esta barragem é alimentada por seis sub-bacias de arroiosde pequeno porte que compõem a bacia do Arroio Dilúvio e, de acordo com Tavares (1997), estálocalizada na região limítrofe entre os municípios de Porto Alegre (E-SE) e Viamão (W), dentrodo Parque Saint Hilaire, que constitui, em sua maior parte, área de preservação permanente.

A área de contribuição da represa é de 1.428 ha, na qual atualmente residem cerca de 23.000habitantes (Bendati et al., 1998). Este reservatório tem caráter estratégico para a cidade e para oDepartamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE), considerando que constitui a única captaçãode água que não provém do Lago Guaíba e, portanto, representa uma área livre de poluidorespotenciais como o Pólo Petroquímico, o Pólo Carboquímico, indústrias de papel e celulose, decouros, além da navegação. Visto isso, "(...) a manutenção desta Estação de Tratamento de Águagarante a continuidade do abastecimento, caso ocorram eventuais problemas de contaminação nabacia do Guaíba" (Bendati et al., 1998). Entretanto, a qualidade da água dos mananciais quedeságuam na barragem tem sido comprometida no decorrer dos anos, devido à ocupação urbanaprogressiva em área no entorno do reservatório.

A espacialidade em estudo, situada aproximadamente a 30º05'S e 51º06'W, corresponde, então, auma área com conflito de uso na periferia do município de Porto Alegre, caracterizando-se como

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uma área de preservação e de expansão urbana, com ocupação, em grande parte, irregular doterreno. Esta situação acaba ocasionando, além de problemas sócio-econômicos característicos,problemas ambientais em decorrência do uso inadequado do solo para habitação, instalação depequenas atividades econômicas, despejo de águas servidas, esgotos domésticos e lixo nos arroiostributários (Teixeira, 1992) e problemas legais devido à posse irregular da terra.

Procedimentos Metodológicos

Os procedimentos metodológicos adotados consistiram na delimitação e no mapeamento dacobertura vegetal e do uso do solo do entorno da barragem, além das áreas assoreadas no interiordo reservatório. Para este mapeamento foram utilizadas técnicas de fotointerpretação,geoprocessamento e sensoriamento remoto, tomando como base a interpretação de fotografiasaéreas em escala 1:8000 de duas épocas (1972 e 1991) e imagem do satélite LANDSAT TM5 de09 de março de 1999.

Com as fotografias aéreas realizou-se a fotointerpretação da área nos dois anos especificados,procurando identificar as seguintes classes: áreas urbanas, áreas de mata, áreas de campo, áreasagrícolas, além das áreas assoreadas da barragem, lâmina d'água e locais de solo exposto com ousem a presença de ravinamento. A partir da análise espacial destas classes foi possível constatar aevolução de processos como assoreamento, desmatamento e urbanização do local.

Com a imagem foi feita a classificação digital para diferenciar, dentro da área de mata, áreas dereflorestamento de eucalipto, as quais podem vir a influenciar a dinâmica da área de estudo. Aindafoi possível delimitar a expansão urbana, área de solo exposto e a retração da lâmina d'água paraum período de oito anos, tomando como referência a fotografia aérea de 1991. Com a finalidadede contemplar esta etapa, utilizou-se o software Idrisi para o georrefenciamento da imagem eclassificação desta. A classificação digital foi feita pelo método MAXVER utilizando as bandas 3,4 e 5 do satélite LANDSAT TM5.

A coleta do material sedimentar na barragem foi dividida em dois procedimentos: a amostragemsuperficial e a testemunhagem, realizadas a partir de apontamentos em caderneta de campocontendo os pontos previamente estabelecidos. A amostragem superficial foi feita a partir daretirada, em 15 pontos ao longo do lago da barragem, de uma fatia de 12-15 cm de topo à base.Este material, após a retirada, foi devidamente armazenado em sacos plásticos, fechados eidentificados. A testemunhagem foi feita em 5 pontos, através de um processo de introdução dotestemunhador por percussão, com a penetração de no máximo 70 cm, o que indica o limite desedimentação do local. Este testemunhador de tubo de alumínio, com diâmetro de 75 mm, foidesenvolvido pelo Laboratório de Sedimentologia do Centro de Estudos de Geologia Costeira eOceânica (CECO) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Inicialmente, antes de entrar nos processos laboratoriais, as amostras sofreram uma seleção emrelação a componentes extras (elementos de origem antrópica) que acompanharam a amostragemem campo.

Feitas as amostragens, partiu-se para a descrição e interpretação do material coletado. Ostestemunhos passaram por um processo de abertura longitudinal de topo à base, separando otestemunho em duas parcelas. Este procedimento faz parte de uma metodologia desenvolvida peloLaboratório de Sedimentologia do CECO/UFRGS. A serra utilizada na abertura do tubo atingesomente o alumínio; o sedimento é separado com um fio de nylon passado de topo à base.

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Depois de abertos e preparados para análise em laboratório, retirou-se dos testemunhos amostrasde cinco cm, mais representativas de uma mudança de nível e características dos sedimentos, istoé, dos limites litológicos do perfil coletado. Estas amostras foram retiradas e identificadas da baseem direção ao topo.

Nesta análise, assim como na análise das amostras superficiais, enfatizou-se a composiçãotextural, procurando identificar a presença ou não de artefatos humanos, característicos dedepósitos tecnogênicos. Num segundo plano, analisou-se a coloração e o formato dos grãos paracomplementar a descrição. Antes, no entanto, de iniciar o processo de análise propriamente dita,foi necessário preparar o material, através de um processo de secagem a 65º C em estufa. Estatemperatura é definida pela presença de material fino que requer mais cuidado e, portanto nãopode ser elevado a temperaturas muito altas para poder preservar o argilo-mineral. No caso dematerial grosseiro esta temperatura pode ser elevada a 80º C. Seco, este material sofreu umadesagregação preliminar para separar as partículas grossas e finas, com o auxílio de almofariz epistilo com proteção, para que não haja ruptura dos grãos. Após serem desagregadas, as amostrasforam quarteadas, reduzindo-as em uma porção menor que mantém as mesmas qualidades daamostra maior. Esta porção é, então, pesada em uma balança eletrônica com precisão de quatrocasas decimais.

Dentro do processo de análise granulométrica das amostras, utilizou-se o Método da Lei deStokes, através do qual chegou-se ao percentual de silte e argila de cada amostra após umapipetagem única. Para isto, fez-se, após pesagem das amostras, uma desagregação final a úmido,passando o material embebido em água destilada, em uma peneira com abertura de 0,062 mm,separando os finos. Estes finos ficaram em provetas, nas quais, depois do assentamento dossedimentos, fez-se a aplicação de um anti-floculante (pirofosfato de sódio), com a finalidade deseparar argila e silte. Após o tempo de assentamento do silte, uma amostra retirada foipreviamente pesada e levada à estufa para secagem a 60º C. Quando seco, este material énovamente pesado, e a diferença entre o peso do copo vazio e cheio é a quantidade de argila daamostra.

O material grosseiro, após ter sofrido a desagregação final, é levado à estufa e seco a 80º C. Épesado e passado por um jogo de peneiras com abertura de malha, em mm, em intervalos inteiros(8.00 - seixo; 4.00 - >seixo; 2.00- >grânulos; 1.00 - >areia muito grossa; 0.50 - >areia grossa;0.250 - >areia média; 0.125 - >areia fina e 0.062 - >areia muito fina). Este material, já separado deacordo com o tamanho dos grãos, é, então, pesado.

Buscando caracterizar de forma mais completa as amostras, fez-se, ainda, uma investigação com oauxílio de lupa binocular para a observação de resíduos antrópicos. A cor da amostra foiidentificada de acordo com Goddard (1975), onde os códigos para as cores identificam a alteraçãodos materiais.

Nas amostras T4/1 e T5/1, em que foi observada macroscopicamente a possibilidade de apresentarlama fecal, levando em consideração o forte odor fecal humano, a coloração amarelada férricofraca e a grande quantidade de sedimento tamanho argila, foi feita a determinação do teor dematéria orgânica em sedimentos finos, usando o método de combustão.

A conflituosa dinâmica da área

O crescimento populacional experimentado pelas sub-bacias dos arroios formadores da Represa

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Lomba do Sabão vem modificando as características originais de seu entorno e,consequentemente, das suas águas. Em razão da precariedade do planejamento com relação àocupação do solo, pela inexistência de um sistema de esgotamento sanitário e falta de programasde educação sanitária e ambiental da população, além da multiplicidade de atividades na região,em um misto de urbana e rural, a qualidade das águas da represa vem apresentando um crescentecomprometimento, chegando até a dificultar o processo de tratamento da ETA Lomba do Sabão.

O processo de urbanização de Porto Alegre que sofreu um significativo incremento na década de70, teve um papel muito importante na evolução da área em estudo. Este crescimento das áreasurbanas (1972=5,41 ha, 1991=16,22 ha e 1999=26,52 ha), que pode ser perfeitamente visualizadoao compararem-se os mapas das duas épocas em questão (Figuras 1 e 2) e a imagem classificada(Figura 3), veio acompanhado de ocupações irregulares, desmatamento e assoreamento das áreaspróximas à Barragem Lomba do Sabão.

No entanto, o mapeamento da área suscitou questões bastante interessantes que a princípioparecem contraditórias, como o aumento da área de mata que se expandiu sobre áreas de campo,simultaneamente ao aumento das áreas urbanas, das áreas agrícolas e das áreas de assoreamento nabarragem, como fica claro na comparação dos mapas de uso do solo e cobertura vegetal noentorno da Barragem Lomba do Sabão de 1972 e1991 (Figuras 1 e 2).

Figura 1Uso do Solo e cobertura vegetal no entorno da Barragem Lomba do Sabão - 1972

Figura 2Uso do Solo e cobertura vegetal no entorno da Barragem Lomba do Sabão - 1991

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A necessidade de expansão das áreas urbanas, em virtude do inchaço das cidades, levou apopulação mais pobre a deslocar-se para as zonas periféricas, onde as terras custavam menos eonde havia a possibilidade de ocupar áreas desabitadas. Mas esta ocupação incorria, muitas vezes,em ações irregulares, já que nesta área localizam-se muitas nascentes que, pelo artigo 2º doCódigo Florestal, devem ser preservadas, assim como áreas de mata ciliar, áreas que circundam abarragem e áreas de preservação permanente, como o Parque Saint Hilaire.

O aumento da área de mata no entorno da barragem (1972=124,45 ha, 1991=146,59 ha e1999=210,4 ha), deveria então, de acordo com a interpretação mais usual, aumentar a proteção dosolo, diminuindo os impactos das chuvas e reduzindo sua erosividade, resultando num decréscimode processos erosivos pelo escoamento superficial que evitaria os assoreamentos na barragem.Não obstante, é importante salientar que, com base na análise das fotografias, este aumento daárea de mata se deu com inserção de espécies exóticas (diferença clara quando se analisam astexturas das matas), como o eucalipto, mesmo sendo considerado, de acordo com SecretariaMunicipal do Meio Ambiente - SMAM (1978), uma espécie inadequada para área de parque . Istoporque a monocultura de espécies exóticas e a deposição de folhas secas sobre o terreno nãopermitem a regeneração natural da mata nativa, além de aumentar os perigos de incêndio quejuntamente com a invasão humana, constituem os maiores fatores de destruição e degradação dasáreas de mata (SMAM, 1978). Estas espécies começaram a ser inseridas na área do parque, entre1944 e 1946, "(...) quando a Diretoria do Departamento de Águas e Esgotos promoveu, no local, oplantio de 450.000 mudas de eucalipto para uso como combustível da casa de máquinaresponsável pelo recalque da água da barragem até a Hidráulica Moinhos de Vento" (Arioli eRizzotto, 1998). Esse plantio desfigurou a paisagem da região, mas em vários pontos do parque jáse verifica a regeneração da vegetação nativa. O florestamento com eucalipto é perfeitamentevisualizado na imagem classificada (Figura 3), compreendendo uma área de 80,535 ha. Já as áreasde mata nativa somam 129,87 ha. O decreto 6223 de 13/12/77 que regularizou a área do parque

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Saint Hilaire como área de preservação permanente é outro ponto a ser considerado para oaumento da área de mata, já que qualquer atividade de exploração dos recursos naturais passou aser expressamente proibida, o que possibilitou a regeneração da vegetação e recuperação de algunslocais.

Os campos tiveram, em geral, uma retração de sua área (1972=118,59 ha, 1991=70,39 ha e1999=45,34 ha), principalmente na porção S/SE, onde houve o avanço das matas. Mas em pontosespecíficos do espaço em estudo, nota-se a expansão das áreas cobertas por gramíneas,especialmente, próximas às áreas urbanizadas, o que pode ser justificado por algumas atividadesde criação de gado e outros animais desenvolvidas pelos moradores do local (SMAM, 1978).

As áreas urbanas expandiram-se, degradando algumas áreas e deixando o solo exposto (1972=4,05ha, 1991=6,4 ha e 1999=11,02 ha), em virtude, principalmente, da retirada de vegetação paraconstrução de moradias e pelo desenvolvimento de pequenas atividades agropastoris.

Quanto às áreas de ravinamento presentes em algumas porções de solo exposto (1972=4,05 ha e1991=4,75 ha), observa-se a recuperação parcial de uma delas, situada a NW da barragem, a qualnão oferece tanto perigo pelo fato de estar localizada mais distante das margens, associada àexistência de gramíneas que oferecem maior proteção ao solo. Porém, houve a ampliação de umaoutra área, situada a NE da barragem. Esta porção mais significativa de ocorrência de ravinamentoe desnudação do solo com a exposição da rocha fonte é intensificada com a ausência de coberturaoriginal em virtude da ação antrópica, uma vez que este espaço localiza-se bem próximo às zonasurbanas (Figura 3). A exposição da rocha em vertente com considerável declividade resulta noaumento da contribuição de sedimentos transportados pelo escoamento superficial de águaspluviais para a barragem, acelerando o processo de assoreamento e, consequentemente,diminuindo o período de vida útil desta. Essa situação é agravada pelo aporte de sedimentoscarreados pelos arroios que desembocam na Barragem Lomba do Sabão.

Figura 3Uso do Solo e cobertura vegetal no entorno da Barragem Lomba do Sabão - 1999

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O processo de assoreamento, crescente neste período (1972=1,2 ha e 1991=14,63 ha), verifica-se,principalmente, nas desembocaduras dos seis principais arroios que deságuam na BarragemLomba do Sabão (arroios Sem Nome e Casa Velha a NE, Pequeno a E, Dilúvio e Taquara a S, eVitorino a W) o que leva a conclusão de serem, estes sedimentos, trazidos pelos cursos fluviais,em virtude de processos que alteram a dinâmica destas sub-bacias, como a remoção das matasciliares. A lâmina d'água da Barragem Lomba do Sabão diminuiu de 77,5 haem 1972, para 64,4 haem 1991 e 53,04 ha em 1999. A área agrícola, localizada a SW que compreende o viveiro daSMAM, a qual expandiu-se no período de 1972 a 1991 (1972=4,49 hae 1991=6,36 ha) pode serindicada, provavelmente, como um dos elementos responsáveis pelo assoreamento deste setor dabarragem, já que o solo apresenta um tipo de cobertura que poderá favorecer os processosdegradacionais, mais do que em áreas de mata. Os campos, em situações de escoamentoconcentrado, também favorecem os processos de erosão superficial e remoção de sedimentos, masa explicação para os assoreamentos de setores da barragem, como a S/SE, em áreas de mata,podem ser dadas, em parte, pela existência significativa de mata de eucalipto que não evita oescoamento concentrado em períodos de intensa precipitação.

Ainda sobre questões de depósitos de assoreamento, é conveniente salientar que, pelomapeamento elaborado, foi possível perceber dois tipos de depósitos: um linear, disposto ao longodas margens da barragem e, outro, em forma de polígonos, localizado nos pontos terminais aofluxo fluvial (foz dos arroios). Os lineares, sendo arenosos, constituem depósitos mais recentesque ficam visíveis em períodos de precipitação "normal" ou com a redução da lâmina d'água emum período de estiagem, sendo totalmente submersos em épocas de cheia. Já os depósitos emforma poligonal representam o assoreamento efetivo e já bastante consolidado da barragem, umavez que sua textura e cor são expressões de depósitos no nível da lâmina d'água ou superior a ela,com presença nítida de cobertura vegetal.

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É conveniente lembrar que os depósitos de assoreamento que se formaram na Barragem Lomba doSabão trazem conseqüências à qualidade da água, uma vez que a carga de sedimentos aumenta,juntamente com o aumento da carga orgânica e de coliformes fecais advindos dos esgotossanitários, vindo a reduzir sua qualidade para uso doméstico.

A Interpretação das amostras

As amostras superficiais foram retiradas ao longo do lago da barragem, nas áreas de assoreamentomais recentes que caracterizavam um depósito de barra (linear) rente às margens (Figura 4).

Figura 4Localização dos pontos amostrados na Barragem Lomba do Sabão

Nas análises em laboratório, considerando a granulometria, foi possível encontrar dois grandesgrupos: as amostras com areia e lama e as amostras com areia e cascalho. O primeiro grupo, quecorresponde às amostras A02, A03, A04, A06, A07, A10, A12 e A13, caracterizadas pela presençade areia com lama encontra-se próximo às desembocaduras dos arroios, nas reentrâncias("braços") da barragem, onde o movimento da água é mais calmo, propiciando a sedimentação deareia juntamente com sedimentos mais finos. No entanto cabe evidenciar que nestas amostrasdomina a areia grossa (0,5 mm), indicando um transporte curto do material sedimentar, pois o grãoencontra-se irregular e com um tamanho grande.

Entretanto é importante mostrar que o aporte de sedimentos não tem origem somente nosprocessos de vertente que ocorrem no local, mas também dos movimentos de aumento e retraçãoda lâmina d'água em virtude de épocas de cheias e secas que constróem terraços nas margens da

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represa, os quais também podem constituir fonte de sedimentos.

O segundo grupo em questão, o das areias com cascalho, caracterizado pelas amostras A01, A05,A08, A09, A11, A14, A15, foi retirado ao longo das margens mais retilíneas, em áreas onde acobertura vegetal é feita basicamente por gramíneas ou onde esta é inexistente, como é o caso daA01 que, em sua granulometria, apresenta predomínio de areia com cascalho, destacando-se apartícula areia grossa. Isto é evidência de um curto período de transporte, acentuado pelainexistência de vegetação na vertente à montante.

No entanto, foi através da análise realizada com uma lupa binocular que se encontraramevidências mais significativas da influência antrópica. Isto porque, enquanto na análisemacroscópica não havia a presença de artefatos humanos em 26,66 % das amostras, a investigaçãocom lupa apontou a força antropogênica como de grande atuação, uma vez que em 93,33% (14 das15 amostras) das amostras superficiais foi possível encontrar resquícios de artefatos humanos, taiscomo fios de nylon, plástico, vidros e carvão e ainda, mas em menor quantidade, material deconstrução e restos de metais. Em meio a estes materiais foi possível encontrar restos de vegetais ecarapaças de moluscos, abundantes em amostras retiradas de áreas com cobertura vegetal oupróximas a elas, e raras em áreas descobertas.

Cabe salientar que, apesar de serem detectados resquícios de artefatos humanos na grande maioriadas amostras, estes foram quantitativamente inexpressivos. Desta forma, a caracterização dasamostras superficiais permite classificar os depósitos de barra, de acordo com a classificação deFlanning & Flanning apud Peloggia (1998), em materiais espólicos, oriundos de depósitos deassoreamento devido à erosão acelerada, onde os artefatos humanos existem, mas em poucaquantidade. Segundo classificação de Oliveira apud Peloggia (1998) que considera a gênese dosdepósitos, estes são induzidos, já que são decorrentes do uso do solo da região.

Os cinco testemunhos foram coletados nas desembocaduras dos arroios, que abrangem as áreasassoreadas mais antigas da represa, sob forma de polígonos, onde, inclusive, já se nota a presençade cobertura vegetal (Figura 4).

Quanto à granulometria, o Testemunho Um (T1) apresenta-se de forma homogênea nos quatroestratos caracterizando-se, segundo a classificação textural de Shepard, como areia com lama,predominando nas amostras as frações areia grossa e silte. Na amostra T1/3 a granulometria daareia predominante diminui para média, fina e muito fina, o que pode indicar um período de águasmais calmas, sem episódios de intensas precipitações que proporcionou a sedimentação dessesgrãos menores.

O Testemunho Dois (T2) apresenta também areia com lama, nos dois primeiros estratos, compredomínio de areia grossa e silte. Mas no T2/3 apresenta areia com maior quantidade de areiagrossa, mostrando que os processos erosivos naquele setor da barragem se intensificaram,propiciando a deposição dos sedimentos de maior granulometria.

O Testemunho Três (T3) é o que mais caracteriza um comportamento natural, seja pelo aporte desedimento recebido, seja em relação à dinâmica hídrica, visto que ele apresenta no seu estratoinferior lama com areia, predominando silte e argila, mudando para areia com lama, com domíniode silte e areia grossa. Este fato comprova a importância da cobertura vegetal na proteção do solo,especialmente a relevância da manutenção da mata nativa e, conseqüentemente, o seu papel comoobstáculo para processos de assoreamento. A espessura do pacote de sedimentação também é umindicativo do papel da vegetação na questão da seleção do material que chega à barragem, uma

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vez que o T3 é o testemunho menos espesso com 47 cm indicando pouco aporte de sedimentosque, pela análise granulométrica são em grande parte finos. Isto porque este testemunho constituio único retirado de local com significativa presença de mata nativa, no setor nordeste da represa,na desembocadura do Arroio Casa Velha, o mais protegido da atividade humana.

O Testemunho Quatro (T4) apresenta em toda sua estrutura areia com lama, dominando silte eareia grossa nas amostras T4/2 e T4/3. Na base do testemunho (T4/1), domina o silte e a areia fina.Nela foram encontradas evidências da presença de lama fecal. Estas evidências foram a coloraçãoamarelado férrico da amostra, o forte odor fecal humano e a grande massa de tamanho argila.Constitui lama fecal mais antiga, com alguma influência de matéria orgânica natural do local quedeu à amostra uma coloração um pouco mais escura que a da amostra T5/1 que tambémapresentou estas características. Nesta amostra realizou-se, então, a quantificação da matériaorgânica (m.o.), tomando como parâmetro o T1, que na sua base apresentava alta quantidade dem.o. O T1 apresentou 5,2 % de m.o, enquanto o T4 mostrou 11,8 %, evidenciando uma diferençade 6,6 %. Uma concentração alta de material orgânico, possivelmente justificada pela deposiçãode matéria fecal trazida pelos arroios que drenam vertentes hoje, já bastante ocupadas.

O Testemunho Cinco (T5) apresenta um comportamento bem diferente dos demais mostrando umadinâmica diferenciada. Nesta amostra também se encontraram evidências de lama fecal, mas umalama mais característica, com coloração amarelada férrica fraca, além dos demais indicativos.Nesta, igualmente, foi feita a quantificação da matéria orgânica (m.o.), tendo como resultado 12,8% de m.o., representando uma diferença de 7,6 % do T1, tomado como parâmetro. Um teorsignificativo de carga orgânica, possivelmente explicado pela quantidade de material fecaldepositado pelo Arroio Taquara, curso fluvial com maior aporte de carga orgânica oriunda dedespejos domésticos. No estrato acima, a amostra (T5/2) apresentou lama com areia,predominando o silte e a areia fina. O T5/3 mostrou areia com cascalho, predominando ostamanhos areia muito grossa, areia grossa e grânulos, evidenciando um período de alta descarga dematerial grosso, oriundo de processos de escoamento significativos em episódios de intensaprecipitação. Estes processos podem ter sido facilitados pela presença de uma área agrícola àmontante que apresenta um tipo de cobertura que poderá favorecer os processos degradacionais.Os demais estratos apresentaram areia com lama, dominando silte, areias fina, média e grossa noT5/4 e, silte a areia grossa no T5/5, mostrando um crescimento no aporte de material mais grosso,indicativos de processos de erosão acelerada.

A lama fecal presente na base destes dois últimos testemunhos indica um período contínuo dedespejos de esgotos provenientes das habitações à montante diretamente nos cursos d'água e,através destes, na barragem. Os episódios posteriores, que mostram uma erosão mais intensa emaior transporte de material grosso, favoreceram ao rápido soterramento desta lama e, ao mesmotempo, constituíram obstáculos às novas deposições, levando a possíveis desvios nos fluxos deágua de fundo e continuidade destas deposições mais à jusante. Esta provável interpretação poderáser corroborada em trabalhos futuros, através de testemunhagem nas desembocaduras mais atuaisdos arroios.

O T4 é um indicativo da existência desta lama em pontos, não necessariamente, próximos à foz,evidenciando uma contribuição da dinâmica hídrica do corpo lacustre, favorável ao processo deassoreamento na forma de pontais.

Ao fazer uma comparação dos testemunhos, analisando estratos de mesma altura, foi possívelestabelecer relações e chegar a um entendimento dos processos que interferem na dinâmica da

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Barragem. Estes são evidenciados em três fases na represa. A primeira fase, corresponde a umperíodo onde o aporte de material recebido era mas fino e o ambiente, tipicamente lacustre, eramais calmo propiciando a decantação imediata destes sedimentos. A 30 cm de altura,aproximadamente, nota-se uma ruptura, mostrando a deposição de material de granulometriamédia, indicando esta, uma intensificação dos episódios chuvosos e aumento dos processostorrenciais de vertente. Na terceira fase, mais recente, a expressiva quantidade de material grossodepositada indica uma aceleração no processo de erosão, também comprovado se associarmos àsamostras do topo dos testemunhos, as amostras superficiais que representam os últimos processosocorridos na represa.

Esta seqüência identificada nos testemunhos mostra a forte relação entre cobertura vegetal e usodo solo e processos de escoamento em vertente. As primeiras fases, com aporte de material fino,indicam uma presença mais estável de cobertura vegetal. As fases posteriores, com aporte dematerial mais grosseiro indicam uma transformação da cobertura vegetal e do uso do solo quefavorece os processos de erosão acelerada.

As áreas de assoreamento mais antigo, localizadas nas desembocaduras dos arroios, de onde foramtirados os testemunhos, mostram a presença de artefatos humanos em 100% das amostras, mesmonos estratos mais profundos, indicando que a atuação humana se faz há muito tempo,possivelmente desde o início das ocupações no local. Além dos elementos naturais à amostra,como restos de vegetais e resquícios de carapaças de moluscos, encontraram-se fios de nylon,plástico, carvão, metais, arame, restos de tecidos, vidros e materiais de construção. Analisando aqualidade dos materiais encontrados percebe-se que, em grande parte da área, estes depósitos sãoformados por influência de pescadores que atuam na área e ainda população das redondezas queutiliza a represa para atividades de lazer.

A freqüência destes materiais possibilita classificar estas áreas de assoreamento como áreas dedepósitos tecnogênicos induzidos e com presença de materiais espólicos, em virtude da erosãoacelerada. No entanto, a presença de lama fecal no estrato mais inferior dos Testemunhos Quatro eCinco, indica que, no passado, estes depósitos eram gárbicos, uma vez que apresentavamquantidades de matéria orgânica de origem humana muito superiores às quantidades de artefatos.

Para concluir: a aceleração do tempo geomorfológico no entorno do reservatório

Com o intuito de compreender a magnitude da interferência humana no planeta, surgiram, dentroda geologia e da geomorfologia, concepções mais atuais que consideram o homem como agenteindependente de transformação geológica-geomorfológica, propondo, na estruturação da escalageológica, o Quinário ou Tecnógeno, como já referido anteriormente. No entanto, estadenominação ainda se apresenta de forma conflituosa, especialmente para a Geologia queinterpreta o tempo profundo, não se permitindo, em quase toda a sua totalidade, aceitar que sepossa individualizar na evolução da superfície terrestre um período tão curto que compreende oQuinário.

No momento em que se reconhece a interferência antrópica sobre a superfície do planeta,admitindo a atuação do homem na produção e intensificação de processos naturais exógenos e atéendógenos, introduz-se a questão da aceleração do tempo geomorfológico.

A aceleração do tempo geomorfológico pela atividade humana constitui "(...) as mudançasprovocadas pela ação do homem na superfície terrestre e são comparáveis, em magnitude, às

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mudanças de origem natural" (Sergeev apud Oliveira, 1994) "(...) desde que ele iniciou suaevolução cultural há 10.000 anos"(Bronowski apud Oliveira, 1994). Isto evidencia a relevânciaantropogênica na construção, em muito pouco tempo, considerando idades geológicas, dedepósitos sedimentares. Evidencia a aceleração de processos que "naturalmente" levam milhões deanos para consolidarem-se.

Nesta perspectiva, estudaram-se as transformações ocorridas na Barragem Lomba do Sabão. Estasofreu significativas alterações ao longo dos vinte e oito anos estudados (1972-2000). Alteraçõespositivas, como o aumento da área de mata, através, em parte, da regularização da condição doParque Saint Hilaire como área de preservação permanente, e alterações negativas como oconsiderável incremento das áreas assoreadas na barragem. Certamente, estas alterações sãoconseqüências da maciça urbanização que ocorreu neste local, a partir da década de 70, além detodas as modificações inseridas neste ecossistema, como a remoção de vegetação para aconstrução de moradias (muitas delas, irregulares, sem qualquer sistema de saneamento outratamento de esgotos domésticos) ou para o desenvolvimento de pequenas atividades agrícolas ede criação de animais. Este conflito de uso acabou propiciando a aceleração de processos naturaiscomo o assoreamento, visto que favoreceu a intensificação de processos de vertente como oescoamento superficial e a erosão, principalmente em episódios de precipitações torrenciais.

Relacionando os dados construídos neste trabalho, a dados do DMAE (1990) que datavam osdepósitos sedimentares do fundo do reservatório em 41 anos, pode-se extrapolar, deduzindo que osdepósitos de assoreamento e os depósitos tecnogênicos de aproximadamente 70 cm de espessuraencontrados nos pontos extremos dos "braços" da represa foram formados desde o início dasocupações no local, concluindo-se, portanto, que têm uma idade aproximada de 49 anos. Este dadopôde ser extrapolado para as margens, pois o comportamento do fundo reflete toda a dinâmica doentorno, ficando evidente que a idade dos depósitos de fundo são as mesmas das áreas assoreadasnas desembocaduras dos arroios.

Mas foi a partir da análise dos mapas, feita no capítulo dois, que se pôde perceber a questão daaceleração do tempo geomorfológico na barragem Lomba do Sabão, já que, vinte e oito anos,tem-se uma indicação provável de quase 1/3 (24,46 ha ou 31,6 % da lâmina d'água) da barragemcomprometidos por um processo de assoreamento, ou depósitos tecnogênicos decorrentes daerosão acelerada. Estes, além de constituírem a materialização das transformações antrópicasimpressas no ambiente, sem dúvida, refletem uma aceleração pela dinâmica social de processosque, naturalmente, levariam muitos anos. Pelo fato de trazerem em sua estrutura resíduos sólidosdecorrentes do mau uso do solo no entorno, causam impactos significativos ao meio, uma vez quealteram a dinâmica natural do lago, além de modificar a qualidade sanitária da água, dificultandoseu tratamento.

As proposições para minimizar os crescentes processos que alteram a dinâmica do reservatório daLomba do Sabão, principalmente os de assoreamento que originam os depósitos tecnogênicos,responsáveis pela alteração na qualidade sanitária das águas da barragem, recurso destinado aoabastecimento da população, centram-se num controle mais efetivo da retirada de vegetação nasáreas de preservação, como áreas ribeirinhas e áreas de parque, além de uma fiscalização dasocupações irregulares. Quanto às áreas ocupadas, cabe remover a população, se localizadas emáreas de risco ou de preservação, ou implantar um sistema de tratamento de esgotos nestashabitações, e coleta de lixo, o que já minimizaria a questão dos dejetos lançados nos arroios. Éclaro que de nada adiantam estas atitudes, se não houver um trabalho de conscientização junto àpopulação local, que vise diminuir o lançamento de lixo nos corpos d'água e a remoção de mata

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ciliar, bem como disseminar uma preocupação ambiental junto às atividades agrícolas e decriação. É necessário também fornecer informações relevantes de cuidado com o meio ambiente ede como estes cuidados podem trazer benefícios e melhorias à qualidade de vida destas pessoas. Apreocupação com a educação sanitária da população também é um ponto a ser destacado. Soluçõespráticas só são viáveis e dão bons resultados se acompanhadas de um esclarecimento dapopulação, que será a maior responsável pela manutenção dos resultados obtidos.

Já se tem conhecimento das ações que o governo local, através do DMAE e outras Secretarias,vêm desenvolvendo para buscar a manutenção desse manancial, com fins de abastecimento epreservação da vida aquática e da paisagem natural. Essas ações centram-se na "implantação darede coletora, ligação predial, construção de coletor tronco ao longo do Arroio Dilúvio (relevantecontribuinte da barragem) e transferência de moradias" (Bendati et al., 1998).

O homem, em um curto período de tempo, imprimiu marcas significativas na superfície terrestre.Através de suas ações no ambiente, criou formas e modificou outras; intensificou processosnaturalmente lentos. Alterou o curso natural das coisas. Os efeitos do assoreamento na BarragemLomba do Sabão e as tentativas de minimizar este processo, tentando reverter a crescente poluiçãohídrica das águas da represa, expressas pelo aparecimento desenfreado de macrófitas aquáticas,são exemplos disto.

A ocupação intensa das vertentes à montante da barragem alterou a dinâmica hidrogeomorfológicado local, deixando o solo mais suscetível a processos torrenciais de escoamento e erosão, levandoa um grande assoreamento em pouco tempo. Assoreamento que, tendo iniciado há cerca decinqüenta anos, foi evidenciado com a diminuição da lâmina d'água há menos de trinta anos.

Agora, com um processo adiantado de degradação da área, pensa-se nas medidas para mitigar osimpactos e desacelerar este tempo geomorfológico. Medidas, na sua maioria, tecnológicas,desenvolvidas para atenuar conseqüências que não se havia pensado no início das ocupaçõeshumanas na área da barragem, ou que não se tinha idéia das dimensões que tomariam. A naturezase recupera, mas ainda ficarão registradas as marcas do homem nos depósitos tecnogênicos que alisurgiram.

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Notas

1 Geógrafa, mestranda em Geociências - Instituto de Geociências/Universidade Federal do Rio Grande do Sul. RuaGeneral Lima e Silva 152/910, Cidade Baixa, CEP 90050-100, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

2 Professor Doutor Departamento de Geografia - Instituto de Geociências/Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Rua Dona Eugênia 1206/304, Petrópolis, CEP 90630-150, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

3 Professora Doutora Departamento de Geografia - Instituto de Geociências/Universidade Federal do Rio Grande do Sul.Rua Santo Antônio 733/103 Bom Fim, CEP 90220-011, Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. E-mail:[email protected]

© Copyright: Maíra Suertegaray Rossato, Luis Alberto Basso, Dirce Maria Antunes Suertegaray,2002.© Copyright: Biblio 3W, 2002.

Ficha bibliográfica

ROSSATO, M.S.; BASSO, L.A. SUERTEGARAY, D. M.A. Formação de Depósitos Tecnogênicos em Barragens. Ocaso da Lomba do Sabão, Rio Grande do Sul, Brasil Biblio 3W, Revista Bibliográfica de Geografía y Ciencias Sociales,Universidad de Barcelona, Vol. VII, nº 407, 30 de octubre de 2002. http://www.ub.es/geocrit/b3w-407.htm [ISSN1138-9796]

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