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Resumo de 2013
Análise Conjuntural das Relações de Troca de Bens e Serviços
Intensivos em Tecnologia no Comércio Exterior Brasileiro
Monitor do Déficit Tecnológico
Déficit Tecnológico brasileiro em 2013 foi de US$ 93 bilhões, um crescimento de O 11,5% em comparação a 2012. As exportações de bens de alta e média-alta
intensidade tecnológica somaram US$ 49,6 bilhões e as importações US$ 143 bilhões. Esses
números identificam um claro sinal de que a indústria brasileira de bens manufaturados -
de conteúdo tecnológico pertencentes aos grupos referidos - não consegue mais competir
com as grandes empresas estrangeiras.
Considerando que a parcela da indústria manufatureira é de cerca de 13% à 14% no
Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que fechou em R$ 3,5 bilhões com um crescimento
de apenas 1% em 2013, podemos observar que os componentes importados aumentaram
expressivamente a sua participação na produção industrial. Isso mostra porque as políticas
de fomento de inovações não conseguem resultados significativos.
Como demonstração desse fenômeno, o ano de 2013 marcou o forte crescimento das
importações que avançaram 6,4% nos grupos de alta e média-alta intensidade tecnológica.
Enquanto isso, as exportações, de forma agregada, tiveram uma redução de 2,0% com
relação ao ano anterior.
O déficit do comércio exterior brasileiro foi agravado, sensivelmente, por um rombo de
US$ 25 bilhões na balança comercial do setor de petróleo e derivados. Embora a Petrobras
tenha informado que a produção nacional deva crescer este ano com o início das atividades
de novas plataformas, a previsão do mercado é que o déficit do setor ultrapasse os US$ 30
bilhões.
No grupo de alta intensidade tecnológica, o setor mais representativo é o de aviação e
aeroespacial, responsável por mais de 50% das exportações da área. Já no grupo de média-
alta intensidade a indústria automobilística, máquinas e equipamentos e química
correspondem a 90% do que é exportado. Portanto, o Brasil com toda a sua diversidade
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Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
1. ResumoAlta Tecnologia: exportação e importação
-100.000
-90.000
-80.000
-70.000
-60.000
-50.000
-40.000
-30.000
-20.000
-10.000
0
2008 2009 2010 2011 20132012
Déficit Tecnológico Brasileiro(US$ bilhões)
industrial concentra apenas nestes segmentos todas as exportações de significativo
conteúdo tecnológico e, mesmo assim, não consegue equilibrar sua balança.
O único setor que conseguiu sustentar um superávit comercial, embora menor, foi o de
aviação, em função da Embraer, uma das grandes empresas do setor aeronáutico a nível
mundial. Apesar de a indústria automobilística ter apresentado um saldo superavitário nas
suas relações de troca com o resto do mundo até 2008, perdeu competitividade para fortes
concorrentes da Ásia e hoje não consegue mais competir com os carros importados, em
especial os coreanos.
Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
O indicador Déficit Tecnológico foi criado pela Protec para verificar a competitividade
dos segmentos industriais brasileiros de maior intensidade tecnológica no comércio
exterior de mercadorias. O número indica o saldo comercial dos grupos de produtos de
alta e de média-alta intensidade tecnológica.
A metodologia utilizada pela Protec segue os parâmetros da Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que classifica os produtos pelos
seguintes grupos de intensidade tecnológica:
• Alta – setores aeroespacial e aeronáutico; farmacêutico; material de escritório e
informática; equipamentos de rádio, TV e comunicação; e instrumentos médicos de ótica e
precisão.
• Média-alta – setores de máquinas e equipamentos elétricos; automobilístico; químico;
equipamentos para ferrovia e material de transporte; e máquinas e equipamentos
mecânicos.
Déficit Tecnológico
saldo comercial de produtos de alta intensidade tecnológica
+ saldo comercial de produtos de média-alta intensidade tecnológica
=
2. Conceitos básicos
3
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Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
3. Resultado do comércio internacional por intensidade tecnológica
3.1 – Alta intensidade tecnológica – Em uma comparação entre os anos de 2008 e 2013,
com relação aos setores classificados como de alta intensidade tecnológica, podemos
observar que houve uma queda e/ou estagnação nos valores exportados. Isso quer dizer
que em cinco anos essas indústrias ou exportaram menos ou mantiveram o mesmo nível
exportado.
Com relação à importação o comportamento é exatamente o contrário, mostrando
justamente essa perda de competitividade da indústria nacional.
2008 2013 Var %Grupo Tecnológico
-8%
35%
27%
-70%
11%
-15%
5.592,81
1.997,24
348,17
872,56
948,21
9.758,99
6.063,90
1.482,12
273,28
2.871,47
854,26
11.545,03
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
2008 2013 Var %Grupo Tecnológico
0,4%
58,2%
28,2%
29,7%
21,3%
28,8%
4.971,66
9.688,58
4.371,01
16.422,50
7.721,78
43.175,53
4.950,29
6.124,69
3.410,39
12.657,50
6.367,63
33.510,50
Aviação e aeroespacial
Farmacêutico
Material de escritório e informática
Equipamentos de telecomunicações
Instrumentos médicos de ótica e precisão
ALTA TECNOLOGIA
Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
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3.2 – Média-alta intensidade tecnológica – Este grupo que já foi superavitário não dá
sinais de melhora, fazendo a mesma comparação de 2008 com 2013 em relação aos valores
exportados, observa-se o mesmo comportamento de queda e/ou estagnação.
O mesmo comportamento visto no grupo de alta intensidade tecnológica pode ser visto no
grupo de média-alta intensidade abaixo.
2008 2013 Var %Grupo Tecnológico
-3,8%
-2,2%
16,7%
-16,1%
-9,5%
-0,4%
3.634,21
15.928,61
10.191,51
415,89
9.762,77
39.932,98
3.777,35
16.293,46
8.733,60
495,57
10.785,45
40.085,43
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equipamentos para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
2008 2013 Var %Grupo Tecnológico
66,9%
73,3%
25,2%
6,8%
46,4%
44,1%
10.205,67
24.418,85
36.073,31
1.347,87
27.743,48
99.789,18
6.116,27
14.092,27
28.811,73
1.262,53
18.945,15
69.227,95
Máquinas e equipamentos elétricos n.e
Indústria automobilística
Produtos químicos, excl. farmacêuticos
Equipamentos para ferrovia e material de transporte n.e
Máquinas e equipamentos mecânicos n.e
MÉDIA-ALTA TECNOLOGIA
Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
4. Conclusão
4.1 – A vulnerabilidade tecnológica do País – Uma das mais importantes conclusões a
que se pode chegar em função dos números do comércio exterior brasileiro em 2013 é a
situação de vulnerabilidade da economia brasileira. Não é por outra razão, a inclusão do
Brasil, juntamente com a Índia, África do Sul, Turquia e Indonésia, no grupo dos cinco
países emergentes mais frágeis, ranking criado por um grupo de importantes bancos de
investimento internacional. Figurando como o segundo mais vulnerável, o Brasil deve
esta posição aos elevados déficits em transações correntes, altas taxas de inflação e
desaceleração do crescimento econômico.
A deterioração das contas externas do País teve importante influência na avaliação dos
analistas econômicos, isto a partir de uma trajetória ascendente do déficit em transações
correntes, a partir de 2009. Em 2013, essa situação se intensificou, sobretudo devido a três
resultados negativos:
a) O forte aumento do déficit em transações correntes;
b) A forma de financiamento do déficit;
c) O déficit de US$ 6 bilhões no balanço de pagamentos.
4.2 – Sistemas de Inovação no Brasil: a participação do Estado no percurso histórico do
processo inicial de inovação industrial – A importância da intervenção estatal no
percurso histórico do processo de inovação industrial das últimas décadas é uma
realidade destacada pelos especialistas em desenvolvimento econômico. O Estado, ao
investir nas etapas iniciais do processo de inovação tecnológica, quando existe a incerteza
radical, cumpre um papel fundamental, inclusive o de parceiro-empreendedor.
Desde a década de 60, os sistemas de inovação são definidos como uma rede de
instituições nos setores público e privado, cujas atividades e interações criam,
transformam e difundem novas tecnologias. O papel do Estado nos sistemas nacionais de
inovação não se resume à geração de conhecimentos a partir da pesquisa básica realizada
nos laboratórios, centros de pesquisa e universidades, mas, também compreende a
mobilização de recursos que permitam a ampla difusão de novos conhecimentos e
inovações entre os setores da economia.
4.3 – A insuficiência de recursos do Estado, no Brasil, para apoiar projetos de inovação –
No Brasil, o papel do Estado no apoio à projetos de inovação como parceiro-
empreendedor não tem sido suficiente para fazer o País avançar no seu desenvolvimento
tecnológico. Esse papel empreendedor representa uma situação de mais pré-disposição
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do que o setor privado, em enfrentar o ambiente de incertezas, investindo nos estágios
iniciais do desenvolvimento de novas tecnologias.
A postura, entretanto, não vem sendo adotada pelo governo brasileiro de forma
satisfatória para que o setor privado produza novas tecnologias, necessárias para o País,
de modo a acompanhar o resto do mundo em termos de competitividade, tanto no
mercado interno, como no externo. O principal problema é a insuficiência de recursos
para a subvenção econômica, um dos principais instrumentos de apoio à projetos de
inovação tecnológica.
Hoje, para que este quadro possa ser revertido seria preciso multiplicar por várias vezes
os limitadíssimos recursos oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FNDCT), cuja receita no ano de 2013 alcançou a insignificante marca de
R$ 4,5 bilhões, o que corresponde a 0,1% do Produto Interno Brasileiro (PIB), recursos
muito aquém das necessidades da economia brasileira para ganhar competitividade a
nível mundial.
Monitor do Déficit Tecnológico • Resumo de 2013
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EDITORIAL
Coordenação
Roberto Nicolsky
Supervisão
Fernando Varella
Produção
André Leone Mitidieri
Projeto gráfico e editoração eletrônica
Ricardo Meirelles
Jessica Gama
Revisão:
Jessica Gama