MRE. Diplomacia Científica (2009)

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    MINISTÉRIO DAS R ELAÇÕES EXTERIORES

     Ministro de Estado Embaixador Celso AmorimSecretário-Geral  Embaixador Antonio de Aguiar Patriota

    FUNDAÇÃO ALEXANDRE DE GUSMÃO

     Presidente Embaixador Jeronimo Moscardo

    A Fundação Alexandre de Gusmão, instituída em 1971, é uma fundação pública vinculada aoMinistério das Relações Exteriores e tem a finalidade de levar à sociedade civil informaçõessobre a realidade internacional e sobre aspectos da pauta diplomática brasileira. Sua missão é promover a sensibilização da opinião pública nacional para os temas de relações internacionaise para a política externa brasileira.

    Ministério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco HAnexo II, Térreo, Sala 170170-900 Brasília, DFTelefones: (61) 3411-6033/6034/6847Fax: (61) 3411-9125Site: www.funag.gov.br 

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    Brasília, 2010

    Diplomacia Científica:

    II Curso de CooperaçãoInternacional em Ciência,Tecnologia e Inovação

    Coletânea de artigos

    18 de agosto a 12 de setembro de 2008Brasília - DF

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    Fundação Alexandre de GusmãoMinistério das Relações ExterioresEsplanada dos Ministérios, Bloco H

    Anexo II, Térreo70170-900 Brasília – DFTelefones: (61) 3411-6033/6034Fax: (61) 3411-9125Site: www.funag.gov.br E-mail: [email protected] 

    Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional conformeLei n° 10.994, de 14/12/2004.

    Equipe Técnica:Eliane Miranda Paiva

    Maria Marta Cezar LopesCíntia Rejane Sousa Araújo GonçalvesErika Silva NascimentoJúlia Lima Thomaz de GodoyJuliana Corrêa de FreitasTalita Castanheira Tatico

    Programação Visual e Diagramação:Juliana Orem e Maria Loureiro

    Impresso no Brasil 2010

    Diplomacia científica: II curso de cooperaçãointernacional em ciência, tecnologia e inovação:coletânea de artigos. - Brasília : FundaçãoAlexandre de Gusmão, 2009.

    520p.

    ISBN: 978.85.7631.194-2

    Curso realizado em Brasília em18 de agosto a 12 desetembro de 2008

    1. Ciência e tecnologia - Brasil. 2. Política externa -

    Brasil. I. Título: II curso de cooperaçãointernacional em ciência e tecnologia.

    CDU 327(81)CDU 5/6(81)

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    EUA – WASHINGTON – Ciência, Tecnologia e Inovação nos Estados Unidosda América: Oportunidades de Cooperação com o Brasil, 223

    EUA – CALIFÓRNIA - CT&I da Califórnia: Oportunidades e Desafios àParceria Com o Brasil, 245

    ÍNDIA – Ciência e Tecnologia na Índia, 277

    JAPÃO – Principais Características das Políticas Públicas Voltadas para aCiência, Tecnologia e Inovação, 299

    MOÇAMBIQUE – Panorama da Área de Ciência, Tecnologia e Inovaçãoem Moçambique, 327

    PARAGUAI – Ciência, Tecnologia e Inovação no Paraguai: Diagnóstico doSetor e Perspectivas de Cooperação com o Brasil, 345

    PERU – A Política Peruana em Matéria de Ciência, Tecnologia e Inovação:Situação Atual e Perspectivas da Cooperação com o Brasil, 363

    PORTUGAL – Política Portuguesa de Ciência, Tecnologia e Inovação e oPotencial de Cooperação entre Portugal e o Brasil, 393

    REINO UNIDO – Aspectos da Política de Ciência, Tecnologia e Inovação,Estado da Cooperação com o Brasil e Perspectivas no Setor, 423

    RUSSIA – Política da Federação Russa sobre Ciência, Tecnologia e Inovaçãoe o Potencial de Cooperação com o Brasil, 443

    UNIÃO EUROPEIA – A Política da União Européia em Matéria de Ciência,

    Tecnologia e Inovação e o Potencial de Cooperação com o Brasil, 473

    VENEZUELA – Ciência, Tecnologia e Inovação na Venezuela, 495

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    Prólogo

    O mundo vive hoje uma fase de aceleração do progresso científico etecnológico sem precedentes, com implicações diretas sobre o espaçoeconômico e político-militar. A existência de um verdadeiro “condomínio” doconhecimento leva a que, na prática, poucos países detenham o maior número

    de patentes em escala global. O aumento dos investimentos e da capacidadede pesquisa no mundo industrializado aumenta a distância entre os paísesdesenvolvidos e os em desenvolvimento no que diz respeito ao conhecimentocientífico-tecnológico e, em última análise, ao controle dos processos deinovação produtiva. A ciência, a tecnologia e a inovação (CT&I) constituem,

     portanto, instrumentos fundamentais para o desenvolvimento, o crescimentoeconômico, a geração de emprego e renda e a democratização deoportunidades.

    Países emergentes como o Brasil enfrentam o duplo desafio de, por umlado, desenvolver capacidades científicas e tecnológicas autônomas – especialmente no setor industrial – que permitam ao País tornar-se um

     participante de relevo no sistema mundial do conhecimento e da produçãode alto valor agregado e, por outro lado, fazer com que a ciência e a tecnologiarespondam a demandas da sociedade, tornando-se efetivos instrumentos deinclusão social e de redução das desigualdades internas. O trabalho detécnicos, cientistas, pesquisadores e acadêmicos e o engajamento dasempresas são fatores determinantes para a consolidação de um modelo de

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    desenvolvimento sustentável, capaz de atender às justas demandas sociaisdos cidadãos e ao permanente fortalecimento da soberania nacional.

     Nas três últimas décadas, a economia mundial tem experimentado intensadinâmica tecnológica e de forte aumento da concorrência. O progressotécnico e a competição internacional implicam que, sem investimentos emCT&I, um país dificilmente alcançará o desenvolvimento virtuoso, no qual acompetitividade não dependa da exploração predatória de recursos naturaisou humanos. É preciso continuar a investir na formação de recursos humanosde alto nível e na acumulação de capital intangível – a incorporação deconhecimento na sociedade. É necessário, porém, integrar a política de CT&Ià política industrial, para que as empresas sejam estimuladas a incorporar a

    inovação em seu processo produtivo, única forma de aumentar suacompetitividade global. No caso brasileiro, construiu-se, nos últimos sessenta anos, uma estrutura

    industrial complexa e diversificada, o que representa importante base paranosso futuro desenvolvimento. Estruturou-se, da mesma forma, de modonotavelmente rápido em termos históricos, um complexo sistema de ciência etecnologia, que conta, atualmente, com cerca de 85 mil cientistas e engenheirosde alto nível, que vêm realizando atividades de pesquisa científica e tecnológicacom projeção internacional. Contudo, há de se reconhecer que, enquanto oconhecimento avançou nos centros de ensino e pesquisa, a capacidade de

     produzir inovações tecnológicas por parte das empresas não progrediu namesma proporção. Existe ainda um descompasso entre a capacidade brasileirade produzir conhecimento – respondemos hoje por mais de 1% dos artigoscientíficos indexados internacionalmente – e de gerar aplicações produtivas a

     partir dele – detemos apenas cerca de 0,2% das patentes mundiais. Para promover o desenvolvimento científico-tecnológico nacional e

    auxiliar na superação de dificuldades estruturais como a mencionada acima,o Governo Federal lançou, em 2007, o Plano de Ação de Ciência, Tecnologiae Inovação para o Desenvolvimento Nacional (PACTI). Além de uma ampla

    gama de ações destinadas a ampliar e modernizar a infra-estrutura dos centrosde pesquisa nacionais, fomentar o investimento em ciência e tecnologia,reforçar a interação entre a academia e a indústria, expandir a formação derecursos humanos capacitados e estimular sua permanência no País, o PACTItem por objetivo aumentar o investimento brasileiro em CT&I, até 2010,

     para 1,5% do PIB. A ciência, a tecnologia e a inovação devem estar aserviço da redução das desigualdades regionais, do fortalecimento de nossa

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    PRÓLOGO

    inserção internacional e da elevação da competitividade sistêmica da economia brasileira e o PACTI foi concebido em total sintonia com esses conceitos.

     Se a implementação da Política Nacional de Ciência, Tecnologia eInovação deve integrar-se às dimensões internas das demais políticas degoverno, como a política industrial e as políticas setoriais em áreas comoeducação, saúde, agropecuária e energia, também é preciso que se articule àdimensão externa da cooperação internacional. A utilização plena do potencialoferecido pelas oportunidades de cooperação internacional em CT&I requer sua adequação a critérios e diretrizes que as alinhem com as prioridadesidentificadas pelo governo para a promoção do desenvolvimento científico etecnológico. O exercício de identificar prioridades de cooperação deve levar 

    em conta, por um lado, as áreas temáticas relacionadas aos objetivosestratégicos nacionais e, por outro lado, as políticas públicas orientadas parao desenvolvimento industrial, tecnológico e de comércio exterior.

     Nos últimos anos, o Brasil tem direcionado a sua atuação internacionalde forma a assegurar, no caso das relações com países desenvolvidos, que arelação entre os parceiros reflita o nível de desenvolvimento do País, por meio da promoção de programas em temas de interesse complementares àsmetas de desenvolvimento social, econômico e ambiental, de forma a assegurar a compatibilidade entre os programas de cooperação e as políticas nacionaisde desenvolvimento. O governo brasileiro privilegia também a aproximaçãoe o estabelecimento de parcerias com países em desenvolvimento,notadamente com os países latino-americanos e africanos. A cooperaçãointernacional, do ponto de vista da política brasileira, é um instrumento dereforço dos laços Sul-Sul, com importante papel na redução das assimetriassociais e econômicas, e na valorização das posições dos países emdesenvolvimento e da promoção do comércio na região. No caso do processode integração sul-americana, a política de disseminação do conhecimentocientífico-tecnológico brasileiro, por meio do estabelecimento de parceriasequilibradas e mutuamente benéficas, tem contribuído para a elevação do

     patamar de desenvolvimento dos países vizinhos e para a ampliação dascapacidades locais em termos de inovação produtiva.

    O desempenho dessas funções requer especialização e aperfeiçoamentodos quadros do Itamaraty. Tem sido diretriz da gestão do Ministro CelsoAmorim promover o treinamento constante dos funcionários diplomáticosem temas científico-tecnológicos e ampliar a interlocução do Ministério dasRelações Exteriores com os principais atores de CT&I no País. A criação do

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    Curso de Cooperação em Ciência, Tecnologia e Inovação responde a essesobjetivos fundamentais. Sua segunda edição, cujo resultado são os ensaios

    contidos nesta publicação, foi estruturada com base nos eixos centrais e linhasde ação estabelecidos no PACTI, reforçando assim a interação entre políticaexterior e prioridades nacionais em ciência, tecnologia e inovação.

    Samuel Pinheiro GuimarãesSecretário-Geral das Relações Exteriores

    Brasília, maio de 2009.

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    Apresentação

    É com grande satisfação que o Departamento de Temas Científicos eTecnológicos (DCT) dá a conhecer esta coletânea de artigos preparados para o IICurso sobre Cooperação Internacional em Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I)do Ministério das Relações Exteriores, realizado no segundo semestre de 2008. O

    curso teve por objetivo a capacitação dos Chefes dos Setores de Ciência e Tecnologiade 23 Postos no exterior e significou também oportunidade para o estreitamento dodiálogo do Itamaraty com os principais atores de CT&I no Brasil. Sua programaçãofoi estruturada com base nas prioridades da política externa brasileira e nos eixoscentrais, e respectivas linhas de ação, estabelecidos no Plano de Ação de Ciência,Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Nacional 2007-2010 (PACTI),lançado em 20 de novembro de 2007.

    Os artigos constantes desta publicação, elaborados pelos Chefes dosSetores de Ciência e Tecnologia de Embaixadas, Consulados e Delegações

     brasileiras que integram o Sistema de Informação sobre Ciência e Tecnologiano Exterior (SICTEX) buscam oferecer um painel resumido das principaiscaracterísticas dos sistemas de promoção da ciência, da tecnologia e da inovaçãoem diferentes países ou regiões ao redor do mundo. Procuram, igualmente,contribuir para o melhor aproveitamento pelo Brasil das promissorasoportunidades oferecidas pela cooperação internacional na área de CT&I, eassim colaborar para a consecução do objetivo maior do desenvolvimentonacional, vetor prioritário de nossa política externa.

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    Ao constituir tema de caráter transversal e positivo na pauta internacional,a cooperação em CT&I traz como benefício inseparável, a capacidade de

    estabelecer vínculos que favorecem os demais campos da política externa. Aárea vem ganhando dimensão crescente em debates de grande complexidadee alto grau de interdependência como mudanças climáticas, preservação da

     biodiversidade ou busca de eficiência energética e de fontes de energia renovávele limpa, nas quais o Brasil tem atuação destacada. Num contexto de globalizaçãoeconômica em que a distribuição internacional do trabalho se reorganizacontinuamente em busca de competências e vantagens competitivas, a liderançano setor científico-tecnológico e a capacidade de produzir e incorporar inovaçõesao setor produtivo nacional são fatores fundamentais para uma inserção

    autônoma e de qualidade na economia internacional. O crescimento, em ritmoacelerado, do acervo de informações acumulado pela humanidade nos maisdiversos campos do conhecimento, assim como sua incorporação, por meioda técnica, a nossa maneira de viver e nos relacionarmos, fazem da ciência, datecnologia e da inovação campos estratégicos para a construção da políticaexterna brasileira.

     Nessas circunstâncias, a cooperação internacional em CT&I está orientadaà busca de parcerias equilibradas e mutuamente benéficas, tendo em contatanto as competências internas – que, em algumas áreas como a das energiasrenováveis e da agricultura tropical, nos posicionam na fronteira do conhecimento

     – quanto as deficiências e limitações do sistema de ciência, tecnologia e inovação brasileiro. A propósito, convém ter em mente que a demanda externa por cooperação com o Brasil no setor supera em muito nossa capacidade deresposta, sendo necessário, portanto, que a escolha das ofertas a seremcontempladas seja feita de forma criteriosa, levando em conta o interesse e as

     potencialidades nacionais. Assim sendo, no relacionamento com o mundodesenvolvido, a cooperação pode oferecer oportunidades para a superaçãodas deficiências do País em áreas estratégicas, bem como para a atualizaçãode nossos pesquisadores nos diversos campos do conhecimento. Deve-se

    ressaltar, no entanto, que o Brasil conta com conhecimento, capacidade de pesquisa e recursos naturais suficientes para que projetos de cooperação como País possam beneficiar qualquer possível parceiro. Em decorrência, devemser priorizados, na cooperação com parceiros desenvolvidos, projetos queofereçam como contrapartida reais benefícios para o Brasil.

     Na relação com o mundo em desenvolvimento, por outro lado, devem pesar também outros aspectos como as externalidades positivas da

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    APRESENTAÇÃO

    cooperação em ciência e tecnologia para a identificação de oportunidades para investimentos brasileiros no exterior e na abertura de mercados para

    nossos produtos de maior valor agregado. Essas iniciativas representamtambém um valioso instrumento político no reforço das relações Sul-Sul. Nocaso específico da América do Sul, soma-se a esses vetores o potencial daciência, da tecnologia e da inovação na redução das assimetrias entre os

     países sul-americanos e na integração do espaço econômico regional, de queé exemplo notável o esforço de divulgação regional do padrão de TV digitaladotado no País.

    Os Chefes dos Setores de Ciência e Tecnologia têm papel fundamentalna conversão desse potencial em realidade. Para desempenharem essa tarefa,

    os Chefes de Setor devem ter – além da capacidade de indicar as possibilidades de cooperação existentes nos postos em que atuam – umaampla compreensão das necessidades e potencialidades brasileiras, de modoa identificarem, num ambiente em constante evolução, as complementaridadesmais promissoras. Essa habilidade só pode ser desenvolvida e mantida por meio de estudo e atualização contínuos, objetivo principal da realização do IICurso sobre Cooperação Internacional em Ciência, Tecnologia e Inovação.

     Nesta opotunidade, cumpre registrar os mais sinceros agradecimentosao chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia (DCTEC) do Itamaraty,Conselheiro Felipe Costi Santarosa, bem como aos demais funcionários daDCTEC e do Projeto Gestão do Conhecimento em Ciência e Tecnologia(CGCON) e em particular ao Secretário Álvaro Augusto Guedes Galvani,aos Oficiais de Chancelaria Marcos Maia Tavares de Araújo, WilsonAlavarenga dos Santos e Deborah Elisa Poyanco Morales, às Senhoras MariaMargarida Soares de Albuqerque e Bruna Rodrigues Pires e aos SenhoresAntonio Divino Junqueira e André Gelbcke Gubert pela total dedicação àorganização do Curso e pelo compromisso com o êxito de sua realização.

    Ainda, cumpre registrar que, por meio desta obra, todos os participantesdo Curso prestam homenagem à memória do Secretário Gilberto Gonçalves

    de Siqueira, representante do Setor de Ciência e Tecnologia da Embaixadado Brasil em Lisboa, colega exemplar que deixa as mais profundas saudades.

    Hadil da Rocha Vianna,Diretor do Departamento de Temas Científicos e Tecnológicos

    Brasília, maio de 2009.

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    África do Sul

    Ciência, Tecnologia e Inovação na África do Sul

    Secretário Fernando Sena1

     Embaixada do Brasil em Pretória

    Dimensão Estratégica:

    I - Áreas em que a África do Sul apresenta reconhecido destaqueou que tenha grande potencial para a cooperação bilateral:

    Agropecuária

    Após visita de delegação sul-africana ao Brasil, em abril de 2008, foramidentificadas as seguintes áreas de interesse para cooperação entre aEMBRAPA e a contraparte sul-africana “Agricultural Research Council”(ARC):

    a. produção animal (bovinos e aves);

     b. manejo eficiente de água na agricultura;c. produção de grãos: soja, milho e sorgo;d. agroenergia: produção de cana-de-açúcar e de oleaginosas e

    aplicação industrial dos biocombustíveis.

    1 Diplomata, Chefe do Setor de Ciência e Tecnologia da Embaixada do Brasil na África do Sul.

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    Missão brasileira deve visitar a África do Sul para dar seguimento ao processo de cooperação.

    Água

    Por tratar-se de país que sofre com escassez de água, a África do Sulinveste em pesquisa com vistas a evitar desperdícios e encontrar meiosinovadores para seu manejo eficiente. No âmbito da “Water ResearchCommission” (WRC), as pesquisas são direcionadas para os seguintes temas:água e sociedade; água e economia; água e meio ambiente; e água e saúde. AWRC e a Embrapa estão iniciando cooperação para pesquisas sobre “manejo

    eficiente de água na agricultura”.

    Astronomia

    Por meio do “Programa Avançado de Astronomia Geográfica”, a Áfricado Sul tem investido de forma maciça em alta tecnologia espacial como formade garantir que estudantes e pesquisadores possam competir no meiointernacional. Exemplo constitui o projeto de construção do “Southern AfricanLarge Telescope” (SALT), maior telescópio ótico no hemisfério sul. O paísconcorre com a Austrália para abrigar o maior telescópio do mundo (SKA).

    O satélite Sumbandila Sat foi construído em 2006 para observação terrestrede baixa altitude. Deve ser lançado em 2009 no âmbito de programa decooperação com a Federação Russa. A construção conjunta de satélites Brasil-África do Sul poderia ser considerada. Joanesburgo foi escolhida para abrigar centro capaz de receber imagens gratuitas do satélite sino-brasileiro CBERS.

    Biotecnologia

    Em 2001, foi lançada a Estratégia Nacional de Biotecnologia (NBS). Desde

    então, o setor tem atraído cada vez mais recursos, sobretudo na área de engenhariagenética (360% de aumento de 2002 a 2004). Também tiveram aumentoconsiderável em termos de investimentos, áreas como bioquímica, genética e

     biologia molecular. Existe ênfase, ainda, na área farmacêutica e de processamentode alimentos. No Ministério de Ciência e Tecnologia (DST), estão sendo estudadas,de forma preliminar, formas de uso sustentável de biocombustíveis no setor detransporte comercial com vistas a promover o desenvolvimento rural.

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    ÁFRICA DO SUL

    Ciência Espacial

    Em 2006, o governo aprovou a criação da “Agencia Espacial Sul-Africana” (Sasa) para servir de veículo institucional para o estabelecimentode efetivo sistema de C&T&I no setor. A África do Sul está cada vez maisdependente de serviços nessa área, sobretudo os relativos a observaçãoterrestre, comunicações e navegação. Por se tratar de país com regiões áridas,as ciências espaciais permitem acompanhar o manejo adequado de água,inclusive em lençóis subterrâneos. A meta governamental é que o país setorne “hub” regional de ciência e tecnologia espacial.

    Ciências Sociais

     Na África do Sul, diversas agências, sobretudo o Conselho de Pesquisaem Ciências Humanas (“Human Sciences Research Council” ou HSRC),

     buscam fomentar pesquisas voltadas para a geração de conhecimento e deinovações capazes de ajudar no combate à fome e à pobreza. O HSRCinveste nos seguintes programas: desenvolvimento social, criança, família e

     juventude; democracia; educação; aspectos sociais do HIV/AIDS e da saúde;e desenvolvimento urbano, rural e econômico.

    Conhecimento Nativo ou Tradicional

    Em 2004, iniciou-se o processo de abertura de cátedras e bolsas de pesquisa em instituições de ensino superior nas áreas de medicamentostradicionais e segurança alimentar de comunidades nativas. Existe plano dese criar banco de dados de conhecimentos tradicionais. O programa insere-se em estratégia de criar marco jurídico próprio para a valorização dosconhecimentos tradicionais, com regras especificas de propriedade intelectual,e para a capacitação de comunidades e fomento de negócios.

    Defesa

    A construção de míssil A-Darter envolve tecnologia de ponta que podeter várias aplicações civis (tecnologia espacial, de veículos aéreos não-tripulados, de sensores, de sistema de comunicação por radio). Nas instalaçõesda “Denel Dynamics”, nas cercanias de Pretoria, trabalham oficiais da Força

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    área de nanotecnologia. Os progressos devem permitir avanços concomitantesnos setores espacial, farmacêutico, energia, armazenamento e biotecnologia.

    Deve ser dada prioridade a contatos entre universidades e centros de pesquisado Brasil e da África do Sul.

     Na última reunião do GT do IBAS ficou acordado que a Africa do Sulsediará escola de nanotecnologia em junho de 2009 na área de ‘saúde eágua’.

    Oceanografia/Antártica

    A África do Sul dispõe de um avançado programa Antártico. No âmbito

    do IBAS, ofereceu uso de sua base na Antártica. Às margens da 31ª. ReuniãoConsultiva do Tratado da Antártida, realizada em Kiev, entre os dias 2 e 13de junho de 2008, as delegações do IBAS concordaram que a cooperaçãoantártica passa necessariamente pelo conhecimento dos respectivos

     programas, sendo de fundamental importância visitas mútuas às estaçõesantárticas de cada país. Dois cientistas brasileiros devem integrar a BaseAntártica da África do Sul.

    Saúde

     Na área da saúde, existe potencial significativo de cooperação, sobretudono desenvolvimento de vacinas contra HIV/AIDS, malária e tuberculose. Nocampo de doenças tropicais, existe potencial para cooperação com aFIOCRUZ. No contexto do IBAS, ressalta-se a perspectiva de instalar fábrica-piloto para a produção experimental de vacina contra o HIV, a partir dos resultados que se obtiverem nas pesquisas conjuntas; o interesse emtreinar pesquisadores para o desenvolvimento de novas drogas para o combateà malaria; e o trabalho de mapear a capacidade de mobilização social na lutacontra a tuberculose.

    Tecnologias da Informação e da Comunicação

    A Universidade de Brasília (UnB) e a “Gauteng Shared ServicesCentre” (GSSC) assinaram convênio para cooperação na área detecnologias da informação e comunicação (TICs). A UnB pretendecompartilhar, por meio de intercâmbio de pesquisadores e especialistas,

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    c. Empresas privadas. Mais de 50% das empresas sul-africanasengajaram-se no desenvolvimento de novos produtos e processos entre 2002

    e 2004. A taxa de inovação é superior ao índice na União Européia (42% em2004). A iniciativa privada gastou Rand $ 27 bilhoes (US$ 3,6 bilhões) eminovação, em 2004. Ressalta-se que 10% das inovações na indústriareceberam recursos públicos. Pode-se mencionar: Anglo AmericanCorporation of South Africa (metalurgia); Agricura (herbicidas, inseticidas e

     produtos veterinários); De Beers Industrial Diamond Division; JohannesburgConsolidated Investment Company (metalurgia e mineralogia); RembrantGroup (tabaco e bebidas alcoólicas); South African Pulp and Paper Industries.

    d. Academia. As universidades sul-africanas formam cerca de mil doutores

     por ano. A maioria delas abriga centros de pesquisa e incubadoras de empresas.O “Innovation Hub”, em Pretória, é o único parque tecnológico da África doSul. Os principais desafios das universidades têm sido os de promover a“comercialização”das invenções tecnológicas e de incluir setores sociaisexcluidos durante o regime do Apartheid.

     Note-se que o Sistema Nacional de Inovação não foi criado para ser uma política estática ou imutável. Deveria, ao contrário, fomentar novasestratégias por parte dos principais atores, sobretudo o governo sul-africano,com vistas a atender às crescentes demandas sociais e econômicas. A partir de 1997, varias medidas governamentais foram tomadas para aperfeiçoar osistema de ciência e tecnologia.

    Em 1997, o Conselho Consultivo Nacional sobre Inovação (NACI – “National Advisory Council on Innovation”) foi instituído para orientar aPresidência da Republica sobre o papel da ciência, tecnologia e inovação na

     promoção dos objetivos nacionais. O NACI representa ampla variedade deinteresses e setores da África do Sul. Deve buscar identificar prioridades de

     pesquisa, por meio de processo consultativo com instâncias departamentais(estaduais) e grupos de pressão, para a incorporação dessas prioridades no

     processo de financiamento estatal.Em 1997, aprovou-se o Programa para Transformação da Educação

    Superior (“The Higher Education White Paper), que inclui o marco legislativo para reforma do sistema e das instituições de ensino superior da África doSul. A iniciativa recomenda foco em ciência, engenharia e tecnologia, comvistas a corrigir a falta de pessoal treinado naqueles campos. O ensino superior deveria ser voltado para as necessidades nacionais.

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    ÁFRICA DO SUL

    Em 1999, foi criado o Fundo de Inovação (IF – “Innovation Fund”) para financiar projetos que se encontram nas fases finais de pesquisa, próximas

    à introdução no mercado de bem ou serviço, os quais devem resultar emnova propriedade intelectual, empresas comerciais ou a expansão de setoresindustriais existentes. Note-se que, até 2008, o Fundo outorgou Rand $ 900milhões (US$ 122 milhões) para 173 projetos em diferentes setores comosaúde, agricultura, mineração, educação, segurança, biotecnologia, turismo eenergia.

    Em 1999, foi criada a Fundação Nacional de Pesquisa (NRF - “NationalResearch Foundation”), a qual resultou da fusão das antigas “Foundation for Research Development” (pesquisas nas áreas de ciência, tecnologia e

    engenharia) e “Centre for Science Development” (pesquisas em ciências sociaise humanas). A NRF constitui entidade pública que deve apoiar pesquisas, por meio de recursos financeiros, desenvolvimento de recursos humanos e ofornecimento de locais e estruturas apropriados para estimular a criação deconhecimento e o aprimoramento de todos os campos de ciência e tecnologia,inclusive conhecimento tradicional (“indigenous knowledge”).

    A NRF encerra importante elo entre o setor acadêmico e o industrial porque administra, dentre vários programas, o “Innovation Fund” e o“Technology for Human Resources in Industry Programme” (THRIP). Esteúltimo visa a subsidiar pesquisas industriais por parte de estudantes (“matchingfunding”). Note-se que o THRIP apresenta como foco preferencial uma maior 

     participação de micro, pequenas e médias empresas; entidades de “Black Economic Empowerment”; e pesquisadores negros e do sexo feminino.

    A NRF maneja, ainda, importantes institutos de pesquisa em toda a Áfricado Sul, como por exemplo: a) Agência de Apoio à Pesquisa e Inovação(RISA); b) observatório astronômico (SAAO); c) Instituto Sul-africano paraBiodiversidade Aquática (Saiab); e d) Laboratório Nacional de Acelerador de Partículas (iThemba).

    Em 2001, o programa “Tshumisano” foi criado para apoiar o setor de

    micro, pequenas e médias empresas (SMME). Um de seus objetivos é o defortalecer atividades de inovação tecnológica e o respectivo “capital humano”com vistas a aumentar a competitividade das SMMEs, em setores estratégicos,como automotivo, “agrifood”, eletrônica e químico. O Tshumisano refere-seao estabelecimento de “estações tecnológicas” em diversas universidadesde tecnologia em todo o país. De um lado, as SMMEs aperfeiçoam suasoperações; de outro, as universidades melhoram o treinamento ao

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    apresentarem a seus alunos visão do “mundo real”, das dificuldadesencontradas pelas empresas.

    Em 2002, o governo da África do Sul realizou duas intervenções cruciaisna área de ciência, tecnologia e inovação: (1) o lançamento da “Estratégia

     Nacional para Pesquisa e Desenvolvimento” (NRDS) e (2) a criação doMinistério de Ciência e Tecnologia (DST), o qual nasceu da divisão do antigoMinistério de Artes, Cultura, Ciência e Tecnologia (houve ainda a criação doMinistério da Cultura).

    A NRDS foi criada para lidar com os entraves que o governo enfrentava para executar um efetivo sistema nacional de inovação (SNI), em particular:a) existência de uma lacuna (“gap”) entre os geradores de conhecimento e o

    mercado (“innovation chasm”); b) a “governança” da área de ciência etecnologia era tida como muito complexa e resistente a intervençõesestratégicas; e c) a agenda do desenvolvimento tinha como foco a soluçãode problemas imediatos. O SNI continuou a ser o marco político e diretivo(“policy”) do setor. Contudo, a NRDS serviria como meio para se atingir umsistema eficaz de inovação.

    A NRDS levou a uma priorização de setores econômicos com potencialde crescimento, como biotecnologia, nanotecnologia, tecnologias dainformação e comunicação e tecnologia espacial. Foram estabelecidos, ainda,“centros de excelência” (COE) para estimular a pesquisa aplicada e, aomesmo, gerar recursos humanos capacitados. Os sete COE’s existentesdevem fornecer financiamento estável para pesquisadores e seus grupos de

     pesquisa, nas seguintes áreas: tuberculose; invasão biológica; materiaisresistentes; papel dos pássaros na conservação da biodiversidade; catálise;

     biotecnologia de saúde arbórea; modelo e análise epidemológica.O novo Ministério de Ciência e Tecnologia (DST) assumiu papel

    articulador e “integracionista”, com o desenvolvimento de modelosuniformizados de relatório de desempenho para todas as instituições envolvidasem C&T&I. Ademais, deveria ter responsabilidade central para produzir um

    orçamento consolidado para todas as iniciativas governamentais no setor. No Ministério de Ciência e Tecnologia (DST), a maior parte do orçamento

    destina-se a investimentos em recursos humanos, notadamente o “Programade Desenvolvimento do Capital Humano” (Rand$ 323 milhões ou US$ 43milhões).

    Em 2008, o Departamento de Ciência e Tecnologia (DST) lançou o “Planode 10 anos para a Inovação” (“Ten-Year Innovation Plan”), como forma de se

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    contato de alta velocidade (“high-speed broadband network”). Além disso,advoga o uso estratégico das vantagens comparativas (sobretudo geográficas)

    da sub-região para atrair, em bloco, altas taxas de investimento externo,especialmente na área de ciências espaciais. São dados como exemplosconcretos a construção de telescópios na Namíbia e na África do Sul.

    NEPAD

     No tocante à NEPAD, o governo sul-africano tem buscado oferecer conhecimento cientifico e soluções tecnológicas para os problemas doContinente Africano. Tem atuado de acordo com os quatro objetivos da NEPAD

    na área de ciência e tecnologia, quais sejam: a) promover cooperação entre os países e “conectividade” pelo uso dos conhecimentos existentes em centros deexcelência na África; b) desenvolver e adaptar a coleta de informações e acapacidade de análise para apoiar atividades produtivas e de exportação; c)

     produzir massa crítica de conhecimento tecnológico em áreas que oferecem potencial de alto crescimento, sobretudo em biotecnologia; e d) assimilar eadaptar tecnologias existentes para diversificar a produção industrial. Note-seque a África do Sul abriga a sede de iniciativas da NEPAD, como o CentroAfricano de Laser (ALC – “African Laser Centre”) e o Instituto Africano paraCiências Matemáticas (AIMS – “African Institute for Mathematical Sciences”).

    União Africana

    Quanto à União Africana (UA), a África do Sul participou intensamente,em 2007, da oitava sessão ordinária da Assembléia da UA, cujo foco foi“ciência e tecnologia, mudança do clima e desenvolvimento sustentável naÁfrica”. Na ocasião, cada país indicou a meta de 1% do PNB para apoio a

     pesquisas (R&D) até 2010. Foi endossado, ainda, o “Plano de 20 anos paraBiotecnologia”. Ademais, a UA reconheceu a necessidade de se criar orgão

     provedor de Internet para proteger inovações locais. O ano de 2007 foidesignado “Ano para Inovações Tecnológicas”.

    IBAS

    O IBAS tem recebido grande prioridade do governo sul-africano. O GTde Ciência e Tecnologia é um dos mais ativos e frutíferos. Em maio de 2008,

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    em Somerset West, na África do Sul, decidiu-se impulsionar parcerias em biotecnologia e oceanografia, iniciar cooperação antártica e unir esforços

     para lançar chamada pública de apoio a projetos em C&T, com recursos deUS$ 1 milhão por país. O GT destacou o êxito da cooperação emnanotecnologia, em que houve a experiência bem-sucedida de missões técnicasrecíprocas e de seminários.

     No âmbito do IBAS, cabe assinalar que a Declaração do Rio de Janeirosobre Ciência e Tecnologia de 2005 ratificou as principais áreas temáticas

     para cooperação, quais sejam: a) Biotecnologia (inclusive biotecnologiaagrícola e bioinformática); b) Energias alternativas e renováveis; c) Astronomiae Astrofísica; d) Meteorologia e Mudanças Climáticas; e) Oceanografia,

    Ciências da Pesca e Pesquisa Antártica; f) Conhecimentos tradicionais; e g)Tecnologias da Informação. Note-se que, nessas áreas, a cooperação teve início com questões

    relativas ao HIV/AIDS, tuberculose e malária; biotecnologia na saúde e naagricultura; nanociências e nanotecnologia; e ciências oceanográficas.

    Ainda no que concerne ao IBAS, deve-se ressaltar o Programa de Apoioà Cooperação Cientifica e Tecnológica Trilateral, o qual entrou em vigor noBrasil com a Portaria 481, de 15/7/2005. Os resultados esperados doPrograma são: a) identificar demandas e oportunidades de cooperação emC&T entre os três países; b) promover a integração para beneficiar númeromaior de instituições nos três países; c) promover melhor capacitação derecursos humanos para a C&T; e d) propiciar oportunidades para a geraçãoe apropriação de conhecimento cientifico e tecnológico demandado pelassociedades de Índia, Brasil e África do Sul.

    Países Desenvolvidos (União Européia e EUA)

     No tocante à União Européia (UE), aos Estados Unidos da América e países desenvolvidos em geral, existe a convicção no governo sul-africano

    de que o estabelecimento de redes de conexão (seja por Internet, seja emseminários e conferências) entre cientistas e pesquisadores constitui elementocrucial para a retenção de “cérebros” na África do Sul e no aperfeiçoamentodo seu modelo de C&T&I. O financiamento internacional para R&D passoude zero, em 1994, para cerca de 10% do valor total investido no setor, em2004. A África do Sul tem um acordo de pesquisa com UE e status deobservador no Comitê de Políticas para Ciência e Tecnologia da OCDE.

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     potencial de oportunidades e complementaridades entre os dois países. Brasile África do Sul podem pesquisar conjuntamente soluções para problemas

    que afligem suas populações. Ademais, os dois países convivem com anecessidade de continuar a promover a inclusão social e digital de diversosgrupos menos favorecidos. O “Acordo sobre Cooperação Científica eTecnológica” entre os dois países está em sintonia com o “Plano de 10 Anosda Inovação”, lançado pelo governo sul-africano, em 2008. No meio científico,espera-se, contudo, que haja maior contato e troca de informações entre

     pesquisadores e cientistas dos dois países.Em CT&I, o IBAS tem servido, dentre vários elementos, para estabelecer 

    rede importante de contato entre instituições públicas entre os três países.

    Reconhece-se a ativa participação do Brasil no GT de Ciência e Tecnologiae Inovação do IBAS.

    VII – Lista não-exaustiva de instituições, órgãos e centros depesquisa na África do Sul

    1) Ministério de Ciência e Tecnologia da África do Sul(“Department of Science and Technology”) – www.dst.gov.za

    2) Centros de Excelência:

    a. Centros de Excelência em Pesquisa Biomédica da Tuberculose – a pesquisa abrange todos os aspectos da diagnose, teste e tratamento datuberculose (TB). A África do Sul é o segundo país do mundo em termos demortalidade causada por TB, a qual foi declarada caso de emergência dasaúde nacional. Os centros estão localizados na Universidade de Stellenbosche na Universidade de Witwatersrand. Os contatos principais são osProfessores Paul Von Helden (tel. +2712-938-9401) e Val Mizrahi (+2711-489-9370).

     b. Centro de Excelência em Invasão Biológica – a pesquisa dedica-seao impacto que espécies invasoras exercem na biodiversidade, agricultura eecoturismo da África Austral. O centro localiza-se na Universidade deStellenbosch. O contato é o Professor Steven Chown (tel. +2721 808 2385)

    c. Centro de Excelência em Materiais Resistentes – a pesquisa englobao estudo de materiais como ligas metálicas, cerâmicas, óxidos metálicos,diamantes e compósitos. Os resultados têm tido ampla aplicação na atividade

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    mineradora da África do Sul. O Centro fica na Universidade de Witwatersrande o contato é o Professor Darrel Comins (tel. + 2711 717-6812)

    d. Centro de Excelência em Pássaros como elementos centrais àConservação da Biodiversidade – O programa de pesquisa baseia-se emdois eixos interligados: a compreensão e a manutenção da biodiversidade.As pesquisas são dirigidas pelo Instituto Percy FitzPatrick e coordenadas

     pelo Professor Morne’ Du Plessis, na Universidade da Cidade do Cabo (tel.+2721 650 3290).

    e. Centro de Excelência em Catálise – a pesquisa está voltada paracatálises químicas principalmente para a conversão de gás em combustíveislíquidos e para o processamento final que visa a agregar valor a grande parte

    dos químicos. O setor de processamento representa a maior parcela do PIBda África do Sul – tendo a indústria química a maior participação no setor industrial sul-africano. O centro localiza-se na Universidade da Cidade doCabo e o contato é o Professor Jack Fletcher (tel. +2721- 650-4433).

    f. Centro de Excelência em Biotecnologia de Saúde Arbórea (“Tree HealthTechnology”) – a pesquisa tem como foco a área de biotecnologia aplicada aárvores. Leva-se em consideração os possíveis impactos da saúde das árvoresna agricultura, agronomia, genética e microbiologia. O centro fica no “Forestryand Agriculture Biotechnology Institute” (FABI) e é coordenado peloProfessor Mike Wingfield, da Universidade de Pretoria (tel. +2712 420-3938/3939).

    g. Centro de Excelência em Modelos e Análise Epidemológicos – a pesquisa é voltada para a elaboração de modelos sobre transmissões e progressões de doenças, em particular HIV/AIDS. O centro tem como sedea Universidade de Stellenbosch e é coordenado pelo Professor John Hargrove(te. +2721 808-2893).

    3) Conselhos Científicos:

    a. “Council for Scientific and Industrial Research” (CSIR), setor industrial– www.csir.co.za

     b. “Agricultural Research Council” (ARC), setor agrícola – www.arc.agric.za

    c. MINTEK, setor mineral – www.mintek.gov.zad. “Human Sciences Research Council” (HSRC), setor de ciências sociais

     – www.hsrc.ac.za

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    e. “Medical Research Council” (MRC), setor de saúde – www.mrc.ac.zaf. “Council for Geoscience” (CG), setor de geologia e paleontologia – 

    www.geoscience.org.za

    4) “National Research Foudation” (NRF) – www.nrf.ac.za.Agências e entidades administradas pela NRF:

    a. South African Astronomical Observatory (SAAO) – www.saao.ac.za;e o “Southern African Large Telescope” (SALT) – www.salt.ac.za

     b. Hartebeesthoek Radio Astronomy Observatory (HartRAO) – www.hartrao.ac.za

    c. Hermanus Magnetic Observatory (HMO), magnetismo da Terra – www.hmo.ac.zad. South African Institute for Aquatic Biodiversity (Saiab) – 

    www.saiab.ru.ac.zae. South African Environmental Observation Network (Saeon) – 

    www.nrf.ac.za/saeonf. National Zoological Gardens (NZG) – www.zoo.ac.zag. iThemba Laboratory for Accelerator-Based Sciences – 

    www.tlabs.ac.zah. “Research and Innovation Support Agency” (RISA), ciências naturais,

    ciências sociais e humanas, direito, engenharia e tecnologia - www.nrf.ac.za

    5) Universidades:

    a. Universidade de Pretoria – www.up.ac.za b. Universidade de Stellenbosch – www.sun.ac.zac. Universidade de Witwatersrand (Joanesburgo) – www.wits.ac.zad.Universidade de Free State – www.uovs.ac.zae. Universidade da África do Sul (UNISA) – www.unisa.ac.za

    f. Universidade de Limpopo – www.unorth.ac.zag. Universidade de Cidade do Cabo – www.uct.ac.za

    6) Outras instituições de pesquisa:

    a. “Biotechnology Partnership for Africa’s Development” (Biopad) – www.biopad.org.za

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     b. National Health Laboratory Service (NHLS) – www.nhls.ac.zac. Bureau for Economic Research (BER), localizado na Universidade de

    Stellenbosch, para consultoria em assuntos econômicos para empresas egoverno – www.ber.ac.za

    d. National Institute for Tropical Diseases (localizada em Limpopo)sobretudo para o controle da malária - www.unorth.ac.za

    e. Water Research Commission (WRC), localizada em Pretória, paramanejo e controle da água (quantidade e qualidade) – www.wrc.org.za

    f. South African Network for Coastal and Oceanic Research – www.scienceinafrica.co.za

    g. Wines of South Africa, ONG, www.wosa.co.za

    h. South African Bureau of Standards (SABS) – manutenção edisseminação de padrões e “standards” nacionais – www.sabs.co.za

    VIII - Principais feiras em C&T&I

    - INSITE (“International Science, Innovation and Technology Exhibition”)constitui a principal feira sobre ciência, tecnologia e inovação da África do Sul.A feira foi criada em 2004 e ocorre a cada dois anos. INSITE teve 5.889 e6.298 visitantes e expositores em 2004 e 2006 respectivamente, de mais de 50

     países. Em 2008, o tema da feira sera “o papel da C&T&I na promoção docrescimento econômico e do desenvolvimento, bem como na melhoria dascondições de vida”. Sítios na Internet: http://www.dst.gov.za/other/insite e http://www.insitex.co.za.

    - Africa Aerospace and Defence (AAD) constitui maior evento do gênerona África. Em 2008, abrigará mais de 400 expositores de 25 países quedevem exibir produtos, serviços, componentes e sistemas com as maisrecentes inovações nas áreas aeroespacial, de defesa e de segurança, parauso militar e civil. A última edição em 2006 atraiu 22 mil visitantes. http://www.aadexpo.co.za

    IX – Fontes de consulta:

    Entrevistas com representantes do governo e da academia sul-africanos.Sítios na Internet:

    http://www.gcis.gov.za/docs/publications/yearbook/2008/chapter17.pdf 

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    Ciência, Tecnologia e Inovação na Alemanha

     Igor Sant’Anna Resende2

     Embaixada do Brasil em Berlim

    A cooperação científica e tecnológica entre Brasil e Alemanha tem, comomarco jurídico inicial, a celebração de Acordo-Quadro entre os dois países,nesse campo, em 1969. A assinatura do Acordo-Quadro – que completarásua quarta década de vigência no próximo ano – permitiu que a cooperação

    adquirisse formato institucional, sob a coordenação da Comissão Mista deCooperação Científica e Tecnológica, por ele criada. A Comissão Mistacontinua sendo, ainda hoje, o principal foro de discussão da agenda decooperação bilateral, tendo-se realizado seu encontro mais recente (XXVIComista) em novembro de 2007, em Brasília.

     No entanto, a cooperação entre os dois países remonta a períodosanteriores. A formalização, em 1963, de Acordo Básíco de CooperaçãoTécnica já apresenta, em si mesma, significado para a cooperação científicae tecnológica – na medida em que os temas tradicionalmente priorizados naagenda de cooperação técnica entre os dois países possuem importantes

     pontos de intersecção com a agenda tecnológica e científica. Cabe ressaltar,nesse sentido, a relevância crescente adquirida pela temática ambiental, emambas as agendas – em especial, desde o início da década de 90.

    Ainda muito anteriores aos contatos formais dos anos 60 - e em nenhumamedida menos importantes – foram as históricas iniciativas de aproximação

    2Diplomata Chefe do Setor de Ciência e Tecnologia da Embaixada do Brasil em Berlim.

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    realizadas entre pesquisadores dos dois países. Já no século XVII, pesquisadores alemães, sob a orientação de Maurício de Nassau, fizeram

    uma descrição da natureza e um levantamento cartográfico do Nordeste doBrasil. Missionários jesuítas (Samuel Fritz, Sepp von Rechegg, entre outros)desenvolveram estudos sobre temas variados nas regiões Amazônica e noSul do Brasil, com ampla repercussão no período. Os contatos científicos

     perduraram ao longo do século XIX, com grande importância para acartografia e diversas áreas das ciências naturais.

    Após a Segunda Guerra, pesquisadores como Leo Waibel – cujacontribuição foi fundamental para o desenvolvimento da geografia brasileirae para a própria constituição do atual Instituto Brasileiro de Geografia e

    Estatística (IBGE) e Harald Sioli - cientista que publicou 155 trabalhos (entrelivros e artigos) sobre a Amazônia, além de fundar a revista “Amazoniana, Limnologia e Oecologia Regionalis Systemae Fluminis Amazonas”, umdos mais importantes periódicos internacionais sobre a região – ilustram comfacilidade a importância da interação espontânea entre cientistas para acooperação bilateral. Não surpreende, nesse contexto, que a antiga, ampla e

     bem consolidada agenda científica e tecnológica entre os dois países, emboratenha em seus mecanismos institucionais uma fonte importantíssima de impulso,apresente igualmente características de intenso dinamismo próprio -amplificadas pelo caráter fortemente descentralizado da gestão, pela partealemã, de suas iniciativas de cooperação.3

    O principal órgão responsável pela política alemã de cooperação científicae tecnológica é o Bundesministerium für Bildung und Forschung – BMBF (Ministério Federal da Educação e Pesquisa). Existem, no entanto, diversasinstituições que atuam de forma determinante sobre a agenda de cooperação

     bilateral, com graus variados de independência em relação ao BMBF. Dentreelas, podem-se destacar algumas como a Deutsche Forschungsgemeinschaft 

     – DFG (Associação Alemã de Pesquisa), o  Deutscher Akademischer  Austausch Dienst – DAAD (Serviço de Intercâmbio Acadêmico Alemão), a

     Alexander von Humboldt Stiftung - AvH (Fundação Alexander vonHumboldt), dedicadas ao fomento da pesquisa e cooperação. O caráter descentralizado das instituições de pesquisa alemã também influencia, de formadireta, o formato em que ocorre o diálogo direto entre elas e suas contrapartes

    3A esse respeito, vide Kohlheppp, G.: As Relações Científicas entre a Alemanha e o Brasil InLuiz Alberto Moniz Bandeira e Samuel Pinheiro Guimarães (eds.): Brasil e Alemanha: AConstrução do Futuro. Brasília. IPRI. 1995

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     brasileiras. As Sociedades Max Plank, Fraunhofer, Helmholtz e WilhelmLeibniz, a Agência Espacial Alemã (DLR) atuam de maneira importante, sob

    a coordenação do BMBF e dos principais órgãos de fomento, noestabelecimento e execução de projetos em suas respectivas áreas deespecialização.

    Outros ministérios também possuem programas, cujo escopo abrangeáreas tangentes à cooperação científica e tecnológica, com destaque para o

     Bundesministerium für Zusammenarbeit und wirtschaftlische Entwicklung – BMZ  (Ministério Federal da Cooperação Econômica eDesenvolvimento) - cujas principais ações de cooperação são executadas

     por meio da Agência de Cooperação Alemã (GTZ) e do KfW, o banco de

    fomento alemão. As atividades de cooperação técnica conduzidas por esseMinistério enfatizam fortemente as questões ambientais, o que tem permitidoo desenvolvimento de projetos de claro significado para a cooperaçãocientífica e tecnológica brasileira, tais como o SHIFT  (Studies on Human

     Impact on Forest and Floodplains in Tropics), o WAVES (Water  Availability, Vulnerability of Ecosystems and Society in the Northeast of  Brazil) e o MADAM  (Mangrove Dynamics and Management). Espera-se,ademais, que o Ministério do Meio Ambiente intensifique sua atuação diretasobre a cooperação internacional nos próximos anos, devido à receita quedeverá advir da cobrança progressiva de taxas sobre a emissão de carbonodas empresas alemãs.

    Além do caráter descentralizado, chamam igualmente atenção as peculiaridades jurídicas da forma como se estrutura a rede de cooperaçãoalemã. Das diversas entidades envolvidas, muitas apresentam personalidade

     jurídica de direito privado, ou formato semelhante ao deautarquias.A grandemaioria é financiada a partir de contribuições dos governos federal e estaduais.Sua independência jurídica permite, no entanto, certa autonomia de decisãosobre os critérios técnicos a serem aplicados na definição de projetos. Emalguns casos as principais fontes de financiamento podem não ser os órgãos

    mais tradicionalmente envolvidos com a cooperação científica – como nocaso do DAAD, cuja principal fonte de financiamento é o Auswärtiges Amt 

     – o Ministério do Exterior alemão.O próprio Ministério da Educação e Pesquisa (BMBF) tem um órgão

    executor de projetos, de personalidade jurídica privada (o Internationales Büro – Escritório Internacional) , que se encarrega da implementação damaior parte de suas ações executivas. Curiosamente, o Internationales Büro

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    encontra-se fisicamente sediado dentro de outra autarquia alemã, o InstitutoAeroespacial Alemão (DLR), mesmo não tendo quaisquer relações

    institucionais diretas com esse órgão. Tal fato serve como exemplo do graude complexidade organizacional e descentralização que possui o sistema, emtodas as suas nuances administrativas, políticas e jurídicas. As universidadestambém apresentam significativo grau de autonomia para o estabelecimentode relações com instituições de outros países, além de estarem

     predominantemente vinculadas, do ponto de vista orçamentário, aos governosestaduais – e não ao governo federal.

    Cenário tão complexo torna imprescindível, para o acompanhamento daagenda de cooperação bilateral pela Embaixada, estreita coordenação com

    os órgãos financiadores da cooperação no Brasil por intermédio da unidaderesponsável, no Itamaraty, em Brasília. Embora a freqüência e a importânciados contatos diretos entre esses órgãos e suas contrapartes alemãs sejamnaturais e desejáveis, essa mesma espontaneidade de ação oferece - naausência de coordenação eficiente – o risco de compartimentalização dasnegociações, com conseqüente diminuição do espaço disponível para apoioativo do Posto à cooperação bilateral. Cabe ressaltar que o cumprimentodas exigências legais para a celebração de atos internacionais depende, emgrande medida, da atuação do Itamaraty – conforme previsto no ordenamento

     jurídico brasileiro – o que pode causar dificuldades adicionais à negociaçãodireta entre outros órgãos sem a devida coordenação com o Ministério dasRelações Exteriores. Exemplos relevantes de questões dessa natureza existem,

     por exemplo, no referente à aplicação de isenções fiscais a projetos previstasno Acordo-Quadro de 1996, e outras situações afins.

    Embora construída sobre sólidas bases industriais, a economia alemãtem enfrentado importantes desafios nas últimas décadas. O impactoeconômico da reunificação, bem como os desafios inerentes ao comércioglobalizado têm motivado amplo debate sobre as relações entre sociedade eestrutura produtiva no país. Uma das principais contribuições apresentadas

     pelo governo a esse debate consiste na chamada “Estratégia de Alta Tecnologia para a Alemanha” – um conjunto de diretrizes adotadas pelo governo federalem 2006 com vistas a fomentar o desenvolvimento de setores estratégicosda economia, com ênfase naqueles intensivos em tecnologia e inovação (http://www.hightech-strategie.de/de/350.php). A Estratégia de Alta Tecnologiarepresenta o investimento direcionado de recursos da ordem de 15 bilhõesde euros em 17 áreas selecionadas. Entre seus objetivos, encontra-se a

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    aproximação do nível de investimento alemão em pesquisa e desenvolvimento,até 2010, dos 3% estabelecidos como meta para 2010 pelo Conselho

    Europeu, na chamada “Estratégia de Lisboa” (2000). O nível de investimentoalemão em P & D, nos últimos anos, flutua em torno de 2,5% do ProdutoInterno Bruto – um dos percentuais mais altos da Europa, porém inferior aode países como Finlândia, Suécia e Japão4.

    Outro pilar da cooperação científica e tecnológica alemã é a chamada“Estratégia do Governo Federal para a internacionalização da Ciência ePesquisa”5 – documento adotado pelo BMBF em 2008. De caráter maisespecífico que a Estratégia de Alta Tecnologia, esse documento propõe-se adelinear linhas gerais de orientação para os investimentos realizados pelo

     próprio ministério – com destaque para os temas de formação de pesquisadores, mobilidade internacional e fomento da criação de centros de“pesquisa de ponta” (Spitzenforschung) na Alemanha, sempre tendo comoreferências comparativas padrões internacionalmente estabelecidos. Nocontexto dessa estratégia insere-se, por exemplo, a polêmica“Excellenzinitiative” (Iniciativa de Excelência)6, financiada pela DFG comverbas do BMBF para a criação de “clusters” de excelência em universidadesselecionadas da Alemanha. Também se inserem no mesmo marco estratégicoos diversos projetos de “ano da cooperação” que a Alemanha têm realizadocom países como Rússia, Índia e Polônia. Proposta semelhante foi feita aoBrasil para realização, em 2009, de “Ano da Cooperação” comemorativoaos 40 anos da assinatura do Acordo-Quadro de 1969.

    A relação entre Brasil e Alemanha, no campo da ciência e tecnologia,recebeu grande impulso no período imediatamente posterior àredemocratização brasileira e à reunificação alemã. Nos anos 70, a relaçãotinha como principal fonte do seu dinamismo a cooperação nuclear, formalizadaem 1975 pela assinatura do Acordo Brasil-Alemanha sobre Cooperação noCampo dos Usos Pacíficos da Energia Nuclear. Com a desaceleração do

     programa nuclear brasileiro e a crise econômica nos anos 80, diminuíram

    também as atividades de cooperação. As relações bilaterais na área científica

    4Vide European Economic Statistics – Eutostat, disponível para download  no endereço eletrônico:(http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal/page?_pageid=1073,46587259&_dad=portal&_schema=PORTAL&p_product_code=KS-30-08-410).5O documento encontra-se disponível para download   no endereço http://www.bmbf.de/de/703.php .6http://www.dfg.de/forschungsfoerderung/koordinierte_programme/exzellenzinitiative/index.html

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    e tecnológica somente foram retomadas, de forma institucional, nos anos 90 – em grande medida sob a influência das discussões, no âmbito da Rio 92,

    sobre política ambiental.Ao longo dos anos seguintes, o vigor renovado do relacionamento se

    manifestou pela multiplicação dos contatos de alto nível entre os dois paísese pela assinatura do Acordo-Quadro sobre Cooperação em PesquisaCientífica e Desenvolvimento Tecnológico de 1996, que substituiu o acordode 1969. O novo acordo facilitou a expansão dos temas incluídos na agendade cooperação bilateral, sem prejuízo da temática ambiental e das estruturasde cooperação técnica com ela relacionadas. O reconhecimento mútuo darelevância da parceria levou à elevação do status da relação a “parceria

    estratégica” no documento “Parceria Brasil-Alemanha – Plano de Ação”,assinado por ocasião da visita do Chanceler Gerhard Schröder ao Brasil, em2002. O conceito de “parceria estratégica” e suas relações com a cooperação

     bilateral foram, ainda, reafirmados no “Plano de Ação da Parceria EstratégicaBrasil-Alemanha”, adotado durante a visita da Chanceler Ângela Merkel aoBrasil, em maio de 2008.

     No contexto dessa revitalização, diversos setores da cooperação bilateraltêm ganhado em intensidade, com destaque para a mobilidade internacionalde pesquisadores. A importância desse aspecto da relação fundamenta-senão apenas na existência de sólidas instituições, cuja principal função é ofomento da mobilidade, como também pela própria ênfase do BMBF noconhecimento e confiabilidade entre os parceiros como condições essenciaisà realização de um projeto. Esse entendimento do BMBF relaciona-se deforma complementar, no caso da cooperação com o Brasil, tanto com alonga tradição de contatos pessoais que sempre caracterizou a relação, quantocom o universo particularmente amplo das possibilidades do relacionamentocom a Alemanha - e a conseqüente necessidade de atenção seletiva a projetoscom maior probabilidade de obterem resultados a longo prazo.

    Um dos principais mecanismos utilizados para a promoção de contatos

    acadêmicos dessa natureza é a realização de “workshops” internacionaiscom finalidade direcionada. Desde o lançamento, em 1999, do “WorkshopBrasil-Alemanha sobre Temas de Mútuo Interesse na Área vocacional e daVocação Profissional” e a realização de seus três encontros subseqüentes(em 1999, 2000 e 2001), encontros em formato de “workshop”  já seencontram claramente incorporados nos próprios mecanismos institucionaisda cooperação bilateral. A realização de workshops também se presta, em

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    grande medida, a apoiar a aproximação entre grupos de pesquisa com particular afinidade para trabalho conjunto, em áreas pré-selecionadas.

    Cabe ressaltar, nesse contexto, as diferenças existentes entre osarcabouços legais alemão e brasileiro e o papel dos workshops em cada umdeles. Enquanto os workshops são, muitas vezes, para os alemães, umaforma de garantir a participação de grupos de pesquisa com afinidade jácomprovada em um determinado projeto, a legislação brasileira apresentarequisitos que freqüentemente envolvem a necessidade de que se realizelicitação aberta para a execução de um projeto. A participação em workshop,nesses casos, pode ser utilizada como critério necessário para a seleção.Mas nem sempre é possível garantir, como freqüentemente deseja o lado

    alemão, que grupos previamente selecionados sejam os únicos candidatoselegíveis para a participação no projeto licitado.Esse fato ilustra uma peculiaridade da relação entre os dois países – o

    lado alemão tende a preocupar-se com a necessidade de simplificar os procedimentos envolvidos, dadas a excessiva complexidade de sua rede deatores e a baixa percepção de corrupção no seu sistema administrativo. Já olado brasileiro busca privilegiar o estabelecimento de regras transparentes eobjetivas, muitas vezes regidas por leis mais complexas e detalhadas que asalemãs. Tal fato é objeto, muitas vezes, de incompreensão e até mesmo dedesconfiança – não apenas na cooperação científica e tecnológica, mastambém na cooperação técnica (em especial na cooperação trilateral) e,sobretudo, em projetos relacionados com a temática ambiental.

     Não é raro que a política de cooperação do governo brasileiro sejacriticada, por exemplo, pela complexidade dos procedimentos necessários

     para a exportação, a partir do Brasil, de material de pesquisa de caráter  biológico. Nem sempre a explicação do contexto político e das razões jurídicasque fundamentam os procedimentos existentes é suficiente para diluir eventuais

     polêmicas sobre o assunto. A Embaixada busca, nessas ocasiões, ressaltar anecessidade da existência de um regime justo e equilibrado de acesso a recursos

    genéticos e repartição dos benefícios que deles advenham, bem como dosganhos que tal regime traria para as condições em que ocorre a cooperaçãocientífica internacional.

    Ainda sobre o tema da mobilidade internacional, é importante ressaltar os progressos que vêm sido obtidos por meio do trabalho conjunto com osórgãos que tratam especificamente do tema na Alemanha. O número de

     bolsistas de doutorado em programas bilaterais mais que duplicou desde a

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    assinatura do Acordo-Quadro de 1996. Como conseqüência do aumento dedoutores com conhecimento da língua alemã, tem-se observado aumento

    correspondente no número de participantes em programas de pós-doutorado.O número de bolsistas brasileiros selecionados pela Fundação Alexander von Humboldt  ( AvH ), por exemplo – a mais tradicional agência financiadorade pesquisa em nível de pós-graduação da Alemanha – aumentou de menosde 20, em 2002, para mais de 50 em 2007. Tal fato ilustra a vitalidade atualda relação entre os dois países, assim como o caráter de longo prazo damaturação dos investimentos políticos realizados em cooperação ao longodos anos 90. Existe ainda, contudo, enorme potencial para ampliação dotrabalho já realizado nessa área.

    A principal perspectiva de futuro no trabalho com órgãos como o DAAD,  DFG  e a  AvH   consiste, provavelmente, na ampliação dos programas já existentes e criação de novos mecanismos de cooperaçãoentre pós-doutores. O tema da ampliação tem sido objeto de intensadiscussão entre os atores bilaterais relevantes nos últimos anos. Noencontro ocorrido em abril de 2008, em Bonn, entre os Presidentes doCNPq e da DFG, mencionaram-se diversas propostas com o objetivode incentivar a formação de novos pesquisadores, em especial dentro doPrograma “Research Training Groups”. A principal concepção dessaespécie de programa é a troca de alunos de doutorado e jovens

     pesquisadores, por períodos limitados, entre laboratórios dos dois países, para o desenvolvimento de um programa comum e coordenado de pesquisa pautado por metas a longo prazo. Idéias semelhantes têm sidodesnvolvidas com o DAAD, no âmbito de programas como o PROBRALe o UNIBRAL.

     No caso da Fundação Alexander von Humboldt, no entanto, talvez hajanecessidades específicas. Trata-se de fundação notadamente tradicional nofinanciamento de pesquisa de alto nível na Alemanha. Sua criação remontaao Século XIX, poucos anos após a morte do próprio célebre naturalista

    cujo nome herdou. Recriada no Século XX, após a Segunda Guerra Mundial,foi presidida por mais de vinte anos pelo físico alemão Werner Heisenberg.Trata-se de organização não apenas renomada pelo trabalho de financiamentode pesquisa e premiação de pesquisadores “sênior” que realiza (com prêmiosque variam de 50 mil a 5 milhões de euros), mas também pela relevanteoportunidade para a formação de redes de contato de alto nível que constitui

     para os chamados “ Humboldtianos”.

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    Embora o número de bolsistas brasileiros da Fundação tenha aumentadonos últimos anos, a porcentagem total de latino-americanos diminuiu

    significativamente nas últimas 5 décadas (de 17% nos anos 50 para 2% nosanos 90, estando, hoje, aproximadamente em 5%). Conforme relatado emdiscussões com funcionários da AvH, uma das principais explicações paratais índices seria o número total de candidaturas apresentadas pela região,que é excessivamente baixo em comparação com diversas outras – 

     possivelmente devido à escassa divulgação dos programas em países comoo Brasil (a AvH não possui, por exemplo, escritório no país).

    Seria de grande interesse para a cooperação bilateral a produção, pelo Itamaraty, em coordenação com o MCT, de uma lista informal de

    interlocutores que auxiliassem os Postos a realizar divulgação mais intensadas excelentes oportunidades de intercâmbio e pesquisa apresentadas, por exemplo, por uma fundação como a AvH. Para nortear a elaboraçãodessa lista, poder-se-ia imaginar, como primeiro objetivo prático, ainclusão nas páginas web dos atores de maior relevância na cooperaçãocientífica nacional, de link  para a página da AvH - conforme realizado

     pelo CNPq após a visita de seu Presidente a Bonn, em abril último. Aidentificação e nomeação de interlocutores em cada órgão tambémfacilitaria o contato direto entre as Embaixadas e eles, quando necessário- em particular com vistas ao recebimento de informações sobre atividades,viagens e negociações a serem realizadas no país em que se localiza oPosto.

    Outra possibilidade interessante, ainda na esfera da cooperação comórgãos para a mobilidade de cientistas, seria a criação de um mecanismo

     pelo qual o SECTEC pudesse ter acesso direto à rede de pesquisadores brasileiros na Alemanha, para fins de discussão sobre aspectos técnicos,operacionais e humanos dessa cooperação. A existência de tal mecanismo

     poderia ser de grande benefício para o SECTEC, na medida em que permitiriaao Posto utilizar-se da expertise dos próprios pesquisadores para a avaliação,

    tanto das possibilidades latentes de cooperação, quanto das iniciativas já emandamento – facilitando, em grande medida, a compreensão do cenáriocientífico local. A existência de semelhante mecanismo facilitaria a prestaçãode apoio (até mesmo consular) aos cientistas brasileiros em atividade naAlemanha, além de fomentar a criação de novas redes no interior dacomunidade de pesquisadores aqui residentes. Sua implementação poderiaocorrer, por exemplo, pelo estabelecimento de inscrição na rede como requisito

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    Além disso, os poucos brasileiros que efetivamente se estabelecem nomercado local (muitos dos quais em empresas privadas) contribuem, em grande

    medida, para o estabelecimento de vínculos acadêmicos de longo prazo – cuja contribuição para a cooperação bilateral é inegável, na medida em quefavorece o estabelecimento de redes e o fluxo de informações entre os dois

     países. A Alemanha é, ademais, um dos poucos países desenvolvidos quefinanciam, com seus próprios recursos orçamentários, um programa de apoio

     para o retorno aos seus países de origem dos pesquisadores estrangeirosque participaram de programas de intercâmbio em território alemão(“Programa para o Retorno de Especialistas” - http://www.zav-reintegration.de).

    Em terceiro lugar, é importante distinguir o risco de “brain drain”, em si,das dificuldades encontradas pelos cientistas de inserção no mercado detrabalho acadêmico brasileiro. As dificuldades, embora reais, não sãonecessariamente causadas ou agravadas pela intensidade da cooperaçãoexistente. Pelo contrário, a qualificação e experiência oferecidas pelointercâmbio internacional facilita aos cientistas, muitas vezes, a obtenção de

     posição mais sólida no mercado de trabalho nacional. Caberia talvez, nocaso específico da Alemanha, divulgar com maior intensidade o apoiooferecido pelo governo alemão a especialistas que queiram retornar aos seus

     países (no âmbito do CIM – Centro para a Migração Internacional eDesenvolvimento vinculado ao BMZ). Por não terem relação direta com oBMBF, principal promotor e financiador da cooperação científica naAlemanha, as atividades do CIM podem não ser, muitas vezes, objeto damerecida divulgação. Além de na página web do próprio CIM, informaçõesa respeito podem ser obtidas junto à contraparte do programa no Brasil – aAgência Brasil-Alemanha de Reintegração de Mão-de-Obra Especializada(vinculada ao Goethe Institut de Curitiba) – cujo endereço web  éwww.agenciabrasilalemanha.com.br.

    O panorama científico e tecnológico da Alemanha é fortemente marcado

     pela amplitude e diversificação. A pesquisa científica e a inovação industrialsão financiados por mecanismos de formatos distintos, que podem envolver verbas do governo federal, dos governos estaduais, e também da iniciativa

     privada. Existem centros de pesquisa de excelência na maior parte das áreasdo conhecimento humano. Os maiores desafios para a cooperação bilateralconcentram-se, por essa razão, não tanto na descoberta de áreas nas quais oBrasil tenha potencial interesse em estabelecer projetos – e sim em selecionar,

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    diante do universo de possibilidades disponíveis, aquelas que deverão receber tratamento prioritário pelos órgãos brasileiros de financiamento da

    cooperação. Na maior parte dos casos, a opção caberá, em última análise,aos próprios órgãos financiadores – na medida em que a aprovação dos

     projetos selecionados e a própria negociação dos termos de financiamentotende a estabelecer-se por meio de contato direto entre as instituiçõesresponsáveis no Brasil e na Alemanha.

    A atuação do SECTEC condiciona-se, nesse processo, pelos desafiosinerentes à coordenação e informação sobre as prioridades dos órgãosfinanciadores e os detalhes dos projetos em discussão direta entre os órgãosdos dois países. Com a exceção dos processos negociatórios nos quais tem

     participação direta (como a Comista), o Posto depende essencialmente dainformação coordenadamente fornecida pelos demais órgãos para nortear suas ações - fato intensificado pela localização ainda em Bonn das sedes dos

     principais órgãos ligados à cooperação na Alemanha (inclusive o BMBF e oBMZ) - com conseqüente limitação na freqüência dos contatos pessoais e noacompanhamento de missões de autoridades brasileiras à Alemanha. Nessecontexto, torna-se particularmente importante a coordenação em Brasíliacom os órgãos brasileiros financiadores de cooperação, dando conhecimentodas negociações e missões em curso – a exemplo do que foi feito, em abril de2008, em relação à visita do Presidente do CNPq a Bonn. A disponibilidadede informação atualizada possibilita ao SECTEC a adoção de posturas menosdefensivas em temas novos suscitados por seus interlocutores, facilitando areação a situações concretas.

    A definição de áreas prioritárias para a cooperação é um tema que temsido debatido, institucionalmente, com relativa sistematicidade a partir dosanos 90. A eleição de prioridades é um dos principais temas de debate naComista, e tem sido, igualmente, objeto de tratamento em outros documentos,como o Memorando de Entendimento sobre áreas Prioritárias em Ciênciae Tecnologia, assinado por Brasil e Alemanha em 2000, em Brasília – que

    estabelece como áreas prioritárias de cooperação as seguintes: 1)estratégiasde política, envolvimento da pesquisa e indústria; 2) cooperação em

     biotecnologia e pesquisa de genoma; 3) tecnologias da informação; 4)nanotecnologias, tecnologias para micro-sistemas e pesquisas de matériais;5) pesquisa ambiental, tecnologias para a produção limpa, pesquisa marinhae biodiversidade e 6) pesquisa espacial. Essa agenda tem sido, de fato,cumprida de maneira mais ou menos formal, muitas vezes a partir dos contatos

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    espontâneos entre órgãos dos dois países, não necessariamente estruturadosdentro de mecanismos formais da Comista.

    Como se pode notar, as áreas abrangidas pelo Memorando são amplase ramificadas, e lançam portanto necessariamente o desafio da seletividadeem relação aos projetos eleitos para financiamento. Em períodos mais recentes,assuntos de caráter pontual têm surgido no debate bilateral sobre cooperação,como biocombustíveis e energia nuclear. O tema “inovação” também temganhado destaque crescente e sido objeto de formulação de políticasespecíficas. O caráter estratégico de alguns desses temas obriga, no entanto,a tratamento enfaticamente político – que escapa, muitas vezes, ao tratamentohabitual dado aos temas da agenda de cooperação científica e tecnológica.

    Serão listados, a seguir, alguns centros de pesquisa que têm atuado comdestaque, na Alemanha, em áreas afetas a essas temáticas. A lista tambéminclui referências a alguns centros de pesquisa na área de humanidades – queembora não se vinculem diretamente a nenhum tema relacionado com odesenvolvimento tecnológico, podem apresentar interesse para a pesquisaem áreas afetas às atividades financiadas por órgãos que fazem parte daestrutura do ME e do MCT, como a Capes e o CNPq.

    Devido à grande quantidade de centros de pesquisa com relevância parao panorama científico alemão, muitos seriam os critérios possíveis para aelaboração de uma lista de grupos de maior interesse para a cooperação

     bilateral. O critério utilizado para a listagem a seguir foi, essencialmente, baseado nos resultados da própria  Excellenzinitiative (Iniciativa de Excelência) – programa pelo qual selecionou-se um número limitado decentros de pesquisa locais para a injeção, entre 2006 e 2011, deaproximadamente 2 bilhões adicionais de Euros no financiamento de suasatividades. O caráter técnico e independente da lista foi reforçado pela escolhada DFG – associação de entidades de pesquisa com considerável grau deindependência em suas decisões – para a seleção e administração do

     programa. A iniciativa desempenha papel significativo no contexto da

    “Estratégia de Alta Tecnologia” – o que sugere não apenas a importância decada um dos grupos selecionados para a pesquisa alemã, mas também agrande probabilidade de que esses centros de pesquisa tenham prestígiocrescente no médio prazo e continuem tendo acesso privilegiado às diversasfontes de recurso existentes no mercado local. Os nomes dos grupos de

     pesquisa serão citados em inglês, com o intuito de facilitar a consulta ereferência a potenciais interessados. Os nomes foram mantidos da forma

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    como apresentados ao DFG durante o processo de seleção. São, portanto,em última análise, nomes de projetos - e não indicam necessariamente a

    totalidade das áreas de pesquisa com que se ocupa o grupo em questão.Têm sido, no entanto, crescentemente conhecidos a partir dessas designaçõesno ambiente científico local. É recomendável a consulta às suas páginas webindividuais, para a obtenção de maiores informações sobre o escopo dostrabalhos de cada grupo e projeto. Informações adicionais em inglês sobre aIniciativa de Excelência, e mesmo sobre os grupos individuais, podem ser obtidas no endereço web:

    http://www.dfg.de/en/research_funding/coordinated_programmes/excellence_initiative/index.html .

    Nanosystems Initiative Munich (NIM)Coordenador:Professor Dr. Jochen FeldmannLudwig-Maximilians-Universität MünchenDepartment für Physik und CeNSLehrstuhl für Photonik und Optoelektronik Amalienstraße 5480539 MünchenEmail: [email protected]

    Functional NanostructuresCoordenador:Professor Dr. Martin Wegener Universität Karlsruhe (TH)Institut für Angewandte Physik Wolfgang-Gaede-Straße 176131 KarlsruheEmail: [email protected]

    Microscopy at the Nanometer RangeCoordenador:Professor Dr. Diethelm Wolfgang Richter Georg-August-Universität GöttingenZentrum Physiologie und PathophysiologieAbteilung Neuro- und Sinnesphysiologie

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    Humboldtallee 2337073 Göttingen

    Email: [email protected]

    Tailor-Made Fuels from BiomassCoordenador:Professor Dr.-Ing. Stefan Pischinger Rheinisch-Westfälische Technische Hochschule AachenLehrstuhl für VerbrennungskraftmaschinenSchinkelstraße 852062 Aachen

    Email: [email protected]

    Integrated Climate-System Analysis and ForecastCoordenador:Professor Dr. Martin ClaußenMax-Planck-Institut für MeteorologieBundesstraße 5520146 HamburgEmail: [email protected]

    Ocean for the FutureCoordenador:Professor Dr.-Ing. Klaus WallmannLeibniz-Institut für Meereswissenschaften IFM-GEOMAR Wischhofstraße 1-324148 KielEmail: [email protected]

    The Ocean in the Earth System

    Professor Dr. Gerold Wefer Universität BremenZentrum für Marine Umweltwissenschaften (Marum)Leobener Straße28359 BremenEmail: [email protected]

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    Engineering of Advanced Materials - Hierarchical StructureFormation for Functional Devices

    Professor Dr.-Ing. Wolfgang PeukertFriedrich-Alexander-Universität Erlangen-NürnbergLehrstuhl für Feststoff- und Grenzflächenverfahrenstechnik Cauerstraße 491058 ErlangenEmail: [email protected]

    Ultra High Speed Mobile Information and CommunicationCoordenador:

    Professor Dr.-Ing. Gerd AscheidRheinisch-Westfälische Technische Hochschule Aachen Lehrstuhl für Integrierte Systeme der Signalverarbeitung (ISS)Sommerfeldstraße 2452074 AachenEmail: [email protected]

    Simulation TechnologyProfessor Dr.-Ing. Wolfgang EhlersUniversität StuttgartInstitut für Mechanik (Bauwesen)Pfaffenwaldring 770569 StuttgartEmail: [email protected]

    Multimodal Computing and Interaction. Robust, Efficient andIntelligent Processing of Text, Speech, Visual Data and HighDimensional RepresentationsProfessor Dr. Hans-Peter Seidel

    Max-Planck-Institut für Informatik Stuhlsatzenhausweg 8566123 SaarbrückenEmail: [email protected]

    Cognition for Technical Systems - CoTeSysCoordenador:

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    Professor Dr.-Ing. Martin BussTechnische Universität München

    Fakultät Elektrotechnik und Informationstechnik Lehrstuhl für Steuerungs- und Regelungstechnik Theresienstraße 9080333 MünchenEmail: [email protected]

    Cognitive Interaction TechnologyCoordenadora:Professor Dr. Helge Ritter 

    Universität BielefeldTechnische FakultätArbeitsgruppe Neuroinformatik Universitätsstraße 2533615 BielefeldEmail: [email protected]

    Smart Interfaces - Understanding and Designing Fluid BoundariesCoordenador:Professor Dr.-Ing. Cameron TropeaTechnische Universität DarmstadtFachbereich - MaschinenbauFachgebiet Strömungslehre und Aerodynamik Petersenstraße 3064287 DarmstadtEmail: [email protected]

    Interdisciplinary Centre for Integrative Neuroscience (CIN)at the University of Tübingen

    Coordenador:Professor Dr. Hans-Peter Thier Universitätsklinikum TübingenZentrum für NeurologieHertie-Institut für klinische HirnforschungAbteilung für Kognitive NeurologieHoppe-Seyler-Straße 3

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    72076 TübingenEmail: [email protected]

    Regenerative Therapies: From Cells to Tissues to Therapies:Engineering the Cellular Basis of RegenerationCoordenador:Professor Dr. Michael BrandTechnische Universität DresdenBiotechnologisches Zentrum (Biotec)Tatzberg 47/5101307 Dresden

    Email: [email protected]

    Inflammation at InterfacesCoordenador Professor Dr. Stefan Schreiber I. Medizinische Klinik Allgemeine Innere MedizinUnversitäts-Klinikum Schleswig-HolsteinCampus KielSchittenhelmstraße 1224105 KielEmail: [email protected]

    Cellular Networks: From Analysis of Molecular Mechanisms to aQuantitative Understanding of Complex FunctionsCoordenador:Professor Dr. Hans-Georg KräusslichUniversitätsklinikum HeidelbergHygiene-Institut

    Abteilung Virologie Neuenheimer Feld 32469120 HeidelbergEmail: [email protected]

    Cardio-Pulmonary SystemCoordenador:

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    Professor Dr. Werner Seeger Justus-Liebig-Universität Gießen

    Universitätsklinikum Giessen und MarburgStandort GießenMedizinische Klinik II und Poliklinik, Innere Med. / PneumologieKlinikstraße 3635392 GießenEmail: [email protected]

    From Regenerative Biology to Reconstructive Therapy“REBIRTH”

    Coordenador:Professor Dr. Axel HaverichMedizinische Hochschule Hannover Klinik für Thorax-, Herz- und GefäßchirurgieCarl-Neuberg Straße 130625 Hannover Email: [email protected]

    Munich Center for Integrated Protein ResearchCoordenador:Professor Dr. Thomas CarellLudwig-Maximilians-Universität MünchenDepartment Chemie und BiochemieButenandtstraße 5 - 1381377 MünchenEmail: [email protected]

    Cellular Stress Responses in Aging-Associated DiseasesCoordenador:

    Prof