9
O NOVO HOSPITAL DE SANT’ANA QUALIDADE E TECNOLOGIA EXEMPLARES MISSÃO COM MAIS DE UM SÉCULO

O NOVO HOSPITAL DE SANT’ANA - imgs.santacasa.viatecla.comimgs.santacasa.viatecla.com/share/2017-10/2017-10-06102737_f7664ca... · torna-se imperioso encontrar novos modelos de gestão

Embed Size (px)

Citation preview

O NOVO HOSPITAL DE SANT’ANA

QUALIDADE E TECNOLOGIA

EXEMPLARES

MISSÃO COM MAIS DE UM SÉCULO

Pedro Santana Lopes

A saúde é um dos bens mais preciosos do ser humano, senão mesmo o mais importante. Enquanto área de intervenção nas sociedades contemporâneas, a saúde assume-se como prioritária nas preocupações das pessoas e nas estratégias definidas pelos governantes. Por isso, fatores tão variados como a adoção de comportamentos mais saudáveis, o aumento da esperança média de vida, o encarecimento dos meios de diagnóstico ou a evolução das tecnologias e das terapêuticas de tratamento fazem parte do quotidiano de quem tem a responsabilidade de gerir uma instituição como a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e, em concreto, os vários hospitais e unidades de saúde que lhe pertencem. Ser hoje um player de referência na área da saúde significa estar-se atento a todas estas dinâmicas e acompanhá-las atentamente, por modo a providenciar-se respostas de excelência a quem precisa delas. É por isso que a SCML está a fazer um investimento muito significativo nesta área, sendo o novo edifício do Hospital de Sant’Ana, na Parede, exemplo disso. Mas para que esse investimento seja realizado de forma sustentável, torna-se imperioso encontrar novos modelos de gestão e de otimização das valências que temos para oferecer. E é isso que eu e a Mesa que lidero temos procurado fazer. Esta estratégia permite-nos fazer investimentos em áreas cruciais, como são os Cuidados Continuados, onde adquirimos o antigo Hospital Militar da Estrela e estamos a construir a maior unidade de Cuidados Continuados integrados de Lisboa. Ou ainda o protocolo, assinado com o Ministério da Saúde, que nos vai permitir disponibilizar camas para aquela valência no Hospital Pulido Valente. Também na vertente dos Cuidados Continuados temos já a funcionar 72 camas na Unidade Maria José Nogueira Pinto, em Cascais. Estes (e outros) projetos representam um investimento muito significativo, não apenas na sua fase inicial, mas também na sua manutenção futura. Por esta razão, a gestão destes equipamentos tem de ser, tanto quanto possível, economicamente equilibrada. A construção do novo edifício do Hospital de Sant’Ana, inaugurado em julho passado, marca um novo ciclo na Saúde Santa Casa. Esta obra representa um investimento arrojado, necessário e desejado. Não esquecemos aqueles que nos ajudam a cumprir as Obras da Misericórdia. Com o novo edifício, conseguimos cumprir o desígnio de honrar, dignificar e dar continuidade à obra originária, nascida da generosidade de caráter e da grandeza humana da família da benemérita Claudina Chamiço. Ao mesmo tempo que lançamos novas obras em áreas até aqui menos exploradas ou completamente novas na Santa Casa, reforçamos a presença junto das pessoas, nomeadamente com as unidades de saúde espalhadas pela cidade de Lisboa e com um programa (Saúde Mais Próxima) que vai aos bairros, às ruas e aos festivais onde estão os nossos jovens com rastreios e ações de sensibilização sobre as patologias que mais afetam os portugueses. Ainda no âmbito das respostas de excelência que a SCML proporciona na área da saúde, devo salientar com destaque o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão, uma referência única na reabilitação de pessoas com lesões físicas severas, e a Obra Social do Pousal, para pessoas portadoras de deficiência, designadamente paralisia cerebral. Lembro também o Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian, que está desde 2011 sob a gestão da Santa Casa. É neste equilíbrio entre o passado que nos honra e nos enche de responsabilidade e o que queremos para o futuro que pensamos as respostas da Saúde Santa Casa. Porque o novo ciclo que estamos a construir só é viável se conseguirmos aproveitar o que de melhor fizemos para melhor projetar o que queremos alcançar.

MENSAGEM DO PROVEDOR

A construção do novo edifício do Hospital de Sant’Ana marca um novo ciclo na Saúde Santa Casa

Dados do Relatório e Contas de 2016

Saúde para todosA Santa Casa da Misericórdia de Lisboa cuida da saúde de toda a população, sobretudo da mais carenciada, disponibilizando cuidados primários e diversas especialidades médicas em várias unidades de saúde

Obra Social do PousalSituada na Malveira, concelho de Mafra, a Obra Social do Pousal acolhe pessoas com de�ciência, designadamente paralisia cerebral, entre outras patologias. Este equipamento passou a ser tutelado pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1983, altura em que adquiriu a atual designação.Em 2012, foi criada uma Quinta Pedagógica para implementar atividades inclusivas, complementar a aquisição de competências pessoais e sociais dos residentes e rentabili-zar o espaço exterior do estabelecimento.

100utentes

Unidade de CuidadosContinuados MariaJosé Nogueira PintoEsta Unidade integra a Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados e presta cuidados de saúde prolongados, nas diferentes fases da evolução da doença, graças ao apoio de uma equipa multidisci-plinar. O protocolo assinado com o Instituto Português de Oncologia de Lisboa Francisco Gentil assegura a prestação de cuidados em regime de internamento a doentes referenciados pelo IPO de Lisboa em articulação com a equipa clínica da Unidade de Cuidados Continuados Maria José Nogueira Pinto.

72camas

19.824dias de internamento

10.513sessões de tratamento de Medicina Físicae de Reabilitação

Escola Superiorde Saúdedo AlcoitãoCom mais de cinco décadas de existência, a Escola Superior de Saúde do Alcoitão é um estabelecimento de ensino superior da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa pioneiro e de referência nas suas áreas de atividade formativa: Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Terapia da Fala.Além destas três licenciaturas, disponibiliza mestrados nos mesmos âmbitos, além de pós-graduações e de ações de educação e de formação contínua, quer nessas áreas de especialidade, quer no âmbito do Departa-mento de Política e Trabalho Social.

3cursos

367estudantes

7ações de formação pós-graduada com 113 alunos

Hospital de Sant’Ana Localizado junto ao mar, na marginal que une Lisboa a Cascais, é uma referência na área da Ortopedia e Traumatologia. Com mais de um século de história, este equipa-mento abriu em 1904 como Sanatório de Sant’Anna, tendo sido legado, sete anos mais tarde, à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, pela benemérita Claudina Chamiço.O Hospital foi-se adaptando, nas décadas seguintes, às necessidades que iam surgin-do, modernizando-se e disponibilizando novas valências, sem esquecer a sua vocação original na área da Ortopedia.Em meados de 2017, foi concluída a obra do novo edifício deste Hospital, que acrescenta novas especialidades, tais como a O�almologia, a Neurocirurgia e a Otorrino-laringologia, além de disponibilizar 60 camas para internamento, bloco operatório com quatro salas, unidade de cuidados intensivos com seis camas, unidade de recobro com 32 lugares, central de esterilização e área de gestão de utentes.

13.084dias de internamento

2255cirurgias

36.093consultas externas

140.084sessões de tratamentode Medicina Física e de Reabilitação

304.621meios complementares de diagnóstico

9milhões de euros de investimento no novo edifício do HOSA

Hospital da EstrelaA Santa Casa da Misericórdia de Lisboa adquiriu, em 2015, o Hospital da Estrela, com o propósito de aumentar as camas de cuidados continuados integrados. Este Hospital vai disponibilizar 79 camas para adultos, 10 camas de internamento e 10 postos de hospital de dia para a Unidade de Cuidados Pediátricos Integrados. Prevê-se que as obras estejam concluídas no segundo semestre de 2018.

11milhões de euros de investimento estimado

H. Pulido Valente

PROJETOS EM CURSO

Reabilitação e adaptação da ala sul do Hospital Pulido Valente, para a criação de uma Unidade de Cuidados de Convales-cença, Unidade de Média Duração e Reabilitação e Unidade de Longa Duração e Manutenção (21 camas). O início de atividade está previsto ocorrer no princípio do segundo semestre de 2018.

44novas camas

Centro de ReabilitaçãoCalouste GulbenkianEste Centro passou para a gestão da Misericórdia de Lisboa em 2011, tendo uma equipa constituída, entre outros, por médicos especialistas, técnicos de diagnóstico e terapêutica, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, educadores e professores, que integram a Unidade de Habilitação e Desenvolvimento e a Unidade de Reabilitação e Integração Sócio-Ocupacional. O Centro de Reabilitação de Paralisia Cerebral Calouste Gulbenkian inclui, também, a vertente de formação e investigação, em parceria com entidades públicas e privadas, nacionais e internacionais.

UCCIMJNP

CRMA/ESSA

HOSA

CRCG

H. PULIDO VALENTE

H. DA ESTRELA

US Bº PADRE CRUZ

Unidades de saúdeSão milhares os lisboetas que usufruem dos serviços de saúde da Santa Casa. Em sete unidades de saúde e três extensões, localizadas em diferentes pontos da cidade, estão disponíveis consultas e rastreios nas mais diversas especialidades, em comple-mentaridade com o Serviço Nacional de Saúde. Existe, também, a Unidade W+, que presta apoio psicológico e psicoterapêutico aos mais vulneráveis e que intervém na promoção da saúde e na prevenção de comportamentos de risco, através de uma equipa multidisciplinar.

8unidades de saúde

3extensões

97.371consultas médicas

127.930consultas de enfermagem

Saúde mais próximaDurante todo o ano, o programa itinerante “Saúde Mais Próxima” percorre a cidade de Lisboa, convidando as pessoas a realizarem rastreios e a participarem em ações de sensibilização e de prevenção relativamente às patologias que mais afetam os portu-gueses. Além dos rastreios gerais (que incluem medição de tensão arterial, glicemia, colesterol, AVC, doenças neurológicas e saúde visual), o “Saúde Mais Próxima” faz rastreios ao cancro da pele, a doenças respiratórias e cardiovasculares, à obesidade e à diabetes. Este programa foi lançado em maio de 2012 com o objetivo de sensibilizar para hábitos saudáveis, avaliando gratuitamente o estado de saúde dos lisboetas. Está igualmente presente noutras ocasiões, tais como festivais de música e eventos desportivos, para chegar a todos os públicos.

17.773pessoas assistidas

12.880consultas de enfermagem

445consultas de nutrição

256sessões de educação para a saúde

US TELHEIRAS

US Bº ARMADOR

US DR, J. DOMINGOS BARREIRO

US NATÁLIA CORREIA

US CASTELO

US TAPADA

US VALE DE ALCÂNTARA

US W MAIS

US Bº LIBERDADE

US Bº BOAVISTA

A5 A5

A2

A8

A9

A16

A36

A33

A38

A37IP7

IP7

ESTORIL

SINTRA

ODIVELAS

AMADORA

CARNAXIDE

ALGÉS

PARQUEDAS NAÇÕES

ALFAMABAIXA

COVA DA PIEDADE

CAPARICA

CORROIOS

RATO

CHELASALVALADE

SETE RIOS

PONTINHA

LISBOA

ALMADA

CASCAIS

CARCAVELOS

OEIRAS

Centro de Medicinade Reabilitaçãode AlcoitãoInaugurado a 2 de julho de 1966, é hoje reconhecido internacionalmente pelos cuidados especializados que disponibiliza no âmbito da Medicina Física e de Reabilitação, em regime de internamento e ambulatório. O Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão reabilita pessoas portadoras de de�ciência de predomínio físico, com multide�ciência congénita e adquirida. Foi o primeiro centro exclusivamente dedicado à reabilitação.

49.224dias de Internamento

8739consultas externas

643.056meios complementares terapêuticos

4.383meios complementares de diagnóstico

Novo Hospital de Sant’Ana, mais moderno e mais funcionalO Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, inaugurou, a 2 de julho de 2017, o novo edifício do Hospital de Sant’Ana

Com o edifício inaugurado no dia 2 de julho de 2017, o novo Hospital Ortopédico de Sant’Ana prepara-se para abrir portas e reforçar a oferta de cuidados de saúde da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

Com uma área bruta de 6688 m² e com um investimento de cerca de nove milhões de euros, as novas instalações dotam o Hospital de Sant’Ana de infraestruturas modernas, respondendo às exigências que se impõem numa prática clínica de excelência. A intervenção começou com as obras de demolição de uma estrutura existente nos terrenos adjacentes ao edifício principal do Hospital, anteriormente destinada ao Centro Ortopédico de Desenvolvimento Infantil – CODI, um projeto suspenso em 1986. Um dos mais significativos projetos de reabilitação do vasto património da instituição, a obra do Hospital de Sant’Ana corresponde à vontade manifesta do Provedor, Pedro Santana Lopes, e da administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em apresentar respostas concretas a problemas identificados na área da saúde, um dos principais eixos de atuação da Santa Casa, a par da ação social. Abre-se assim um novo capítulo nos 100 anos de história do Hospital, que começou por ser um sanatório para doentes com tuberculose.

Com Pedro Santana Lopes, a Santa Casa passou a ter uma projeção nacionalMarcelo Rebelo de SousaPresidente da República, na inauguração do Hospital de Sant’Ana

Relação próxima com a costa marítimaHouve uma preocupação em promover a relação do edificado com a costa marítima – privilegiando a vista sobre o mar – e o diálogo com o restante complexo do Hospital de Sant’Ana. Os materiais utilizados são nobres e igualmente coerentes com a envolvente paisagística onde se insere. Implementaram-se soluções de compromisso entre as características construtivas e os vários sistemas e infraestruturas necessários, como climatização, aquecimento de águas sanitárias ou iluminação. O novo edifício hospitalar está dotado de equipamentos modernos tecnologicamente.

Conforto e privacidade no internamentoNo piso 1 estão os serviços de internamento. Os 40 quartos – quatro de isolamento, 20 duplos e 16 individuais – foram implantados a nascente e poente, possibilitando aos doentes usufruírem da vista para o mar e para os espaços verdes envolventes. No piso térreo a norte ficam os serviços do Bloco Operatório e de Recobro, estando a sul a Central de Esterilização e a Unidade de Cuidados Intensivos. A cave está reservada para áreas técnicas. Tudo foi concebido no sentido de se adotarem as melhores práticas e de se prestarem cuidados de saúde de excelência.

história destas paredes é conhecida e valorizada por cada um dos que opera, cuida, acarinha, administra. O Hospital de Sant’Ana conta com mais de 100 anos de exímia atividade e tal só é possível por estar assente em pilares que cimentou e fortaleceu ao longo do tempo. Valorizou desde sempre a evolução tecnológica e especializou-se em Ortopedia e Traumatologia. Apesar de ser este o seu foco, soube modernizar-se e rodear--se de todas as valências acessórias e necessárias para o tratamento do aparelho locomotor. Aposta numa especialização em áreas específicas do corpo humano, uma compartimentação com técnicos diferenciados: coluna, cirurgia do pé – com técnicas minimamente invasivas, cirurgia do joelho – com as ligamentoplastias, e cirurgia do punho, da mão ou do ombro. Atualmente colabora com o Hospital de São Francisco Xavier, em Lisboa: 50% das traumatologias dessas

fraturas são tratadas no Hospital de Sant’Ana.É Assistente Graduado Sénior e Chefe de Serviço da Carreira Hospitalar, desempenha funções de Diretor Clínico, de Diretor de Serviço e é Administrador--Delegado do Hospital. João Gomes Peres vê a sua vida profissional cruzar-se com a deste edifício de janelas rasgadas para o mar. “Vim para cá em 1978, quando frequentei o internato de Ortopedia, e ainda aqui estou”, relembra. Recorda que, inicialmente, os doentes permaneciam aqui vários meses, até anos, mas agora há uma demora média de cinco dias. Com uma visão abrangente, destaca que uma questão primordial para o eficaz desempenho desta instituição de saúde é a humanização: “Não somos só uma máquina e meros números. Por termos a Congregação das Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena connosco, há aqui uma escola e uma tradição de longa data com elevado grau de humanização. Quando os doentes saem dos seus

tratamentos, não olhamos apenas para o ato cirúrgico em si, cuidamos também do seu bem-estar psíquico.”

A importância da formaçãoO belo edifício centenário foi sendo adaptado, mas contava com constrangimentos incontornáveis na sua funcionalidade, que acabaram por limitar a atuação do corpo clínico. “O novo edifício terá equipamentos e espaços que trarão qualidade a doentes e instituição. Penso que teremos um edifício adequado para as próximas décadas”, adianta. A nova construção veio ainda cimentar a aposta em áreas como a Oftalmologia, a Neurocirurgia e a Otorrinolaringologia.Se a especialização e a humanização são importantes, há um terceiro pilar que não é descurado: ao longo de mais de 100 anos valorizou-se a formação. Destaque para o internato médico com idoneidade total para formação em Ortopedia, até

porque “muitos técnicos saem de cá para outros hospitais, onde singram e mantêm lugares de destaque, o que significa que aqui têm uma formação de qualidade”. Resultado do trabalho exemplar é o reconhecimento internacional: a Unidade de Reumatologia e Osteoporose do Hospital de Sant’Ana foi distinguida com a certificação de bronze pela Osteoporosis Foundation, como Fracture Liaison Service. O Diretor Clínico considera que “esta distinção vem reforçar a excelência do Hospital nesta área”, sublinhando que “é uma enorme honra receber este prémio de uma entidade tão conceituada e reconhecida como a International Osteoporosis Foundation”.

Pediatria e GeriatriaToda a parte funcional que existe no edifício antigo passará para o novo, isto do ponto de vista clínico. É certa e incontornável a aposta na Ortopedia, mas o Hospital de Sant’Ana também se abre para especialidades complementares, como a Fisioterapia, há equipas especializadas em doenças inflamatórias não cirúrgicas e valoriza-se um bom serviço de Reumatologia. Há também uma aposta recente em áreas como a Geriatria: “Geralmente, a cabeça está boa mas o corpo não consegue lá chegar. Devido a uma artrose da anca ou do joelho, não se mexem ou têm mobilidade reduzida. Com certas intervenções conseguimos dar qualidade de vida a essas pessoas.” Já na Pediatria, uma das vocações é com as doenças neuromusculares, nomeadamente as sequelas derivadas de paralisia cerebral e espinhas bífidas. “Neste caso, articulamo-nos com o Centro de Medicina de Reabilitação de Alcoitão. Eles são especialistas na reabilitação desses doentes, e nós no tratamento cirúrgico”, revela o responsável, destacando ainda outras áreas fundamentais em que se trabalha, como a Neurocirurgia e a Cirurgia Plástica. É certo que haverá uma mudança da estrutura orgânica, visto a ação passar a decorrer num novo palco, no entanto não se irão alterar as incontornáveis estratégias clínicas: “No fundo, o novo edifício traz uma continuidade da modernidade. Os novos equipamentos, um espaço notável, outra qualidade trazida pelos quartos individuais, blocos operatórios bem equipados e com as dimensões adequadas, tudo isso permitirá uma melhor evolução técnica e uma terapêutica ainda mais adequada.”

João Gomes Peres

Quando os doentes saem dos seus tratamentos, não olhamos apenas para o ato cirúrgico em si, cuidamos também do seu bem-estar psíquico.

Há aqui uma escola e uma tradição com elevado grau de humanizaçãoUm serviço clínico de excelência desenvolvido num hospital centenário conquista agora um espaço modernizado. Mudam-se os alicerces e potencia-se a aposta forte na Ortopedia, com abertura de novos horizontes

A

A Unidade de Reumatologia e Osteoporose foi distinguida e certificada pela International Osteoporosis Foundation como Fracture Liaison Service

Administrador-Delegado do Hospital de Sant’Ana

Rosário Costa Lopes

Estamos a organizar um polo de Imagiologia PediátricaO Hospital de Sant’Ana tem três grandes pilares de gestão: a complementaridade com o Serviço Nacional de Saúde, a missão de saúde da Santa Casa e, por último, a sustentabilidade. Com eles se trabalha, desafia e inova

Multiplicam-se os desafios de gestão de se promover uma comunicação fluida entre o centenário edifício principal do Hospital de Sant’Ana – classificado como Monumento de Interesse Público – e aquele que, em 2017, o vem complementar. Não se pretende aqui que a modernidade tire o lugar ou o destaque à edificação amarela junto à Marginal da Parede, que desde sempre foi protagonista. Tendo em vista a complementaridade, é lado a lado que os

dois se encontram. Se o primeiro a surgir serviu para tratar milhares de doentes, a ele é reconhecido todo o mérito de uma longa história de sucesso. Em funções, desde junho de 2016, como Vogal Executiva do Conselho Diretivo do Hospital de Sant’Ana, Rosário Costa Lopes conta com um vasto currículo em gestão na área da saúde. Há um ano que contribui para reforçar e dinamizar a atividade do Hospital. Desde então foi criada a Unidade da Dor Osteoarticular, reorganizada a Unidade de Reumatologia e Osteoporose e dado um incremento à atividade da Imagiologia. Passou por si o equipar, reorganizar fluxos e procedimentos e a produção no novo edifício. O novo Hospital de Sant’Ana foi inaugurado em julho passado e abrirá portas no final do ano. “Os equipamentos e o espaço são novos, mas as equipas serão as mesmas. Apesar desta dimensão, esforçamo-nos por ter uma integração de uma mudança serena. Mudam, sim, as condições de atividade e de gestão.”

do Hospital, que foi a primeira a ser feita, agora com sete anos”, revela a representante do Conselho Diretivo. Há uma preocupação com a comunicação da excelência, modernização e evolução das técnicas e subespecializações: “A nossa melhor publicidade é o doente que foi bem tratado nos recomendar. E temos agora a oportunidade de crescer através de parcerias com outros subsistemas de saúde públicos e privados.” Reforça que nos dois últimos anos foi realizado um investimento de mais de um milhão e meio de euros em Imagiologia. “É um objetivo que esta unidade se torne de excelência e estamos no bom caminho. Apostamos agora na Neurorradiologia e Radiologia de Intervenção, que complementam a Unidade da Dor. Estamos ainda a organizar um polo de Imagiologia Pediátrica. Acima de tudo, queremos apostar na prevenção”, avança, confiante.

Qualidade e investimentoBem conservado, o edifício antigo irá continuar com áreas como a Farmácia – que fornece toda a Santa Casa, desde lares a unidades de saúde – e a Imagiologia. Reaproveitaram-se áreas que estavam desprezadas no passado,

como as caves, e o espaço continua ativo, apenas não na sua extensão operacional que durante os 113 anos de existência o caracterizou: o internamento e as salas de operação passam para a nova casa. Aí ir-se-á disponibilizar 60 camas para internamento, bloco operatório com quatro salas, unidade de cuidados intensivos com seis camas, unidade de recobro com 32 lugares, central de esterilização e área de gestão de utentes.Respeitando-se a importância da sua herança, ainda está em discussão o aproveitamento não só do edifício primordial como do restante perímetro do hospital. A ideia será modernizar, respeitar o passado histórico e o cariz religioso da instituição, com a excelência clínica que é conhecida. Rosário Costa Lopes sabe que novos tempos se avizinham, mas fica uma certeza: “É um desafio pessoal integrar uma equipa como esta e num Hospital com uma cultura centenária muito especial.” São diversos os objetivos para este novo edifício em termos de equipamentos, todos em prol da maior qualidade de oferta. A sua modernidade tecnológica ajudará doentes e profissionais, com a garantia de que ambos terão acesso às melhores condições. A par da qualidade está o rigor orçamental e a perspetiva de que se está a equipar um hospital para o futuro.

Apostamos agora na Neurorradiologia e Radiologia de Intervenção, que complementam a Unidade da Dor

Com o novo edifício há capacidade de aumentar o ambulatório e terá também uma Unidade de Cuidados Intensivos, que não existia, além de mais uma sala de bloco, que passarão a ser quatro. “Apesar disso, a cultura não muda, apenas evolui”, explica. E, como se vê, tradição e modernidade podem ter diálogos de cooperação: “Termos como suporte de retaguarda o edifício mais antigo também nos permite produzir mais.”

Aposta na prevençãoO foco principal continuará a ser a Ortopedia, as restantes áreas são

complementares, e isso não muda com a passagem para o novo edifício: “Temos cerca de três quartos de valências que não estão ligadas à Ortopedia mas nas quais apostamos de forma a desenvolver a missão de saúde da Santa Casa da Misericórdia.” Já havia Consulta da Dor neste hospital, mas apenas de conhecimento interno e divulgação informal. Isso foi alterado com a criação da Unidade da Dor Osteoarticular, visto se acreditar que é por aqui o caminho do futuro. “No mesmo sentido, foi reorganizada a Unidade de Reumatologia e Osteoporose. Está ainda em proposta a reorganização da Unidade de Geriatria

Foi reorganizada a Unidade de Reumatologia e Osteoporose. Está ainda em proposta a reorganização da Unidade de Geriatria

Vogal Executiva do Conselho Diretivo do Hospital de Sant’Ana

A primeira pedraÉ uma unidade de saúde com fundações sólidas que ao longo de 113 anos conquistou notável reputação quer no âmbito da Ortopedia, quer na prestação de cuidados de saúde, investigação e formação dos seus profissionais

ombater a doença que abalava a Humanidade no final do século XIX: a tuberculose. Foi esta a missão do casal Amélia Chamiço e Frederico Biester. Aconselhados pelo seu fiel médico, Sousa Martins, propuseram-se avançar com um sanatório para tuberculose óssea. As vidas prematuramente encurtadas por esta doença não permitiram seguir

a sua visão, daí terem envolvido a tia no projeto. Motivada pelo desejo dos sobrinhos, D. Claudina de Freitas Guimarães Chamiço rodeou-se dos melhores cientistas da época, ergueu o sonho e tomou-o também como seu. Os médicos José de Almeida e Sousa Martins aconselharam a construção do Sanatório de Sant’Ana na zona da Parede, virado para o mar, com um microclima especialmente rico em iodo, fundamental para a cura. A escolha do arquiteto Rosendo Carvalheira e dos melhores materiais resultou num edifício construído e equipado com soluções inovadoras, que incluía funcionalidades como um sistema mecânico de abertura de janelas em eixo horizontal, sistema regulável de ventilação natural do ar nas enfermarias ou central para a produção de energia elétrica. A primeira pedra foi lançada em julho de

1901, com inauguração três anos depois, e o objetivo inicial foi proporcionar acolhimento e tratamento de doentes, nomeadamente crianças e jovens das classes mais desfavorecidas da população portuguesa, já havendo na época a preocupação com a prevenção, não só com a cura. A missão de excelência da fundadora foi de tal forma conseguida que, 113 anos depois, estamos perante uma edificação de referência, cuja beleza deslumbra e que continua a sua atividade de ajuda ao próximo. Dada a sua relevância, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa realiza todas as terceiras e quintas-feiras do mês, às 14h30, uma visita guiada ao Hospital. A participação é gratuita, mediante marcação prévia, com um mínimo de 10 e máximo de 30 participantes por sessão (marcação pelos números 21 324 08 69/88/65) e a próxima visita é a 19 de outubro.

Missão cristãA integração dos doentes no mercado de trabalho era uma premissa. Uma vez que os internamentos eram longos, a fundadora determinou no primeiro regulamento, em 1907, que as crianças deviam receber educação escolar e ser-lhes ensinada a doutrina cristã. Rodeou-se de uma congregação religiosa de origem francesa, as Irmãs de São Vicente de Paulo, que seriam as primeiras enfermeiras do Sanatório. Permaneceram até 1910, data em que foram repatriadas. Nessa altura, D. Claudina Chamiço não se resignou; trabalhou, lutou uma vez mais pelo projeto. Em 21 de dezembro de 1910 chegou a congregação de origem portuguesa Irmãs Dominicanas de Santa Catarina de Sena. Representante desta congregação no Conselho Diretivo do Hospital desde 2016, a Irmã

Prioresa Celina Laranjeiro pertence à comunidade residente há cerca de 50 anos. Permaneceu no Hospital ao longo da sua vida profissional, desde 1973, e aqui passou por todos os serviços, desde o bloco operatório à coordenação de enfermagem. Aposentada desde 2010, atualmente é responsável pelo grupo de voluntários e recorda a história desta sua casa com a clareza de quem sente a importância de cada momento dos 113 anos de existência da instituição. D. Claudina Chamiço veio a falecer em 1913, mas antes providenciou a continuidade da instituição. Em 1911 escolheu quem garantisse que a sua obra se manteria católica apostólica romana e encontrou a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, que, segundo a Irmã Celina Laranjeiro, “não poderia ter sido melhor escolha para garantir esse objetivo. A Congregação Santa Catarina de Sena

Cestá aqui há mais de 100 anos, eu estou há mais de 40 e posso atestar que a Misericórdia de Lisboa não só garante a continuidade como tem promovido o desenvolvimento da instituição”.

Foco na OrtopediaAo ser erradicada a tuberculose, o Sanatório deixaria de ter razão de existir. A continuidade foi garantida porque se soube evoluir. A especialidade de Ortopedia era nascente: muitos doentes tinham deformidades a nível do aparelho locomotor e da coluna. Com

O Hospital de Sant’Ana foi inicialmente projetado como sanatório, para combater a tuberculose óssea, na época fatal

1 Rosendo Carvalheira foi o arquiteto responsável por esta construção exemplar, que data de 1904

2 A primeira pedra foi lançada em julho de 1901 e a inauguração ocorreu três anos mais tarde

3 A Irmã Prioresa Celina Laranjeiro pertence à comunidade residente há cerca de 50 anos

4 Sala de cirurgia (década de 50)

5 Enfermaria com vista para o mar, num microclima especialmente rico em iodo

6 Dr. Almeida Ribeiro com as primeiras doentes, em 1904

7 As crianças recebiam educação escolar e era ensinada a doutrina cristã

visão de futuro, montaram-se as salas de raios X e tiveram início as primeiras intervenções cirúrgicas ortopédicas. Em finais dos anos 50 apostou-se numa sala de operações e surgiram os especialistas de Ortopedia, Anestesiologia e Medicina Física de Reabilitação, permitindo uma maior qualidade no tratamento dos doentes. Desde a sua génese, adaptou-se às novas tecnologias, e em 1961 o Sanatório passou a Hospital Central Ortopédico de Sant’Ana, vocacionado para prevenção, tratamento e reabilitação músculo-esquelética. A partir de maio de 1999 o

Hospital passou a assegurar o serviço de urgência de Traumatologia Ortopédica, em conjunto com o Hospital de Egas Moniz, dos concelhos de Oeiras e Lisboa, no Centro Hospitalar Lisboa Ocidental. “Se não fosse a característica de se promover sempre a formação do pessoal e o desenvolvimento das carreiras profissionais, penso que não seria possível termos o hospital que temos hoje, com todo o desenvolvimento e qualidade científica. Mantém-se uma instituição de renome, que forma profissionais das mais diversas áreas, desde a Farmácia à Fisioterapia e Reabilitação”, reforça a Irmã Prioresa. Residem agora no Hospital de Sant’Ana seis Irmãs aposentadas, que mantêm a capela, com culto público diário, acolhem quem chega, reconfortam doentes e pessoal e asseguram uma presença de igreja, mantendo vivo o espírito da sua fundação.

Hospital de Sant’Ana

1

2

3

5

6

7

4

AF_Anúncio_HOSA_UDO_251x338.pdf 1 02-10-2017 10:22:16