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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSE NA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE Produções Didático-Pedagógicas Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7 Cadernos PDE II

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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE

Produções Didático-Pedagógicas

Versão Online ISBN 978-85-8015-079-7Cadernos PDE

II

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FICHA PARA IDENTIFICAÇÃO PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

Título: TEXTOS DISSERTATIVOS ARGUMENTATIVOS; QUESTÕES DE GÊNERO E DIVERSIDADE SEXUAL

Autor: Lúcia de Fátima Araújo Vaz

Disciplina/Área: Língua Portuguesa

Escola de Implementação do

Projeto e sua localização:

Colégio Estadual Vicente de Carli - Ensino

Fundamental e Médio

Município da escola: Francisco Beltrão

Núcleo Regional de Educação: Francisco Beltrão

Professor Orientador: Alexandre Sebastião Ferrari Soares

Instituição de Ensino Superior: Unioeste – Campus de Cascavel

Relação Interdisciplinar: História, Artes.

Resumo:

Este trabalho apresenta um encaminhamento para o ensino da produção de textos argumentativos. Será desenvolvido com alunos do terceiro ano que encontram dificuldades relativas às estratégias de interação. A análise de alguns problemas encontrados no percurso entre a pretensão de dizer e o dito levou-me a pensar numa prática que diminuísse tais problemas a partir de um enfoque das habilidades de raciocínio. Para o estabelecimento de premissas e habilidades discursivas, para o engajamento dos alunos por meio da proposta desse, nos propomos aqui oportunizar um espaço de cidadania e de respeito aos direitos humanos; o que tem levado o currículo a discutir o tema da inclusão de grupos minoritários. Entre estes grupos estão os grupos de gênero representados por feministas, gays, lésbicas e transexuais. Hoje, no Brasil, há muitos estudos sobre exclusão de mulheres e estudos educacionais acerca do tema diversidade sexuais. A ausência do tema na Educação tem como causa a predominância de preposições essencialistas e excludentes nos conceitos utilizados para pensar identidade sexual e de gênero. Algumas formas de resistências apontadas são: incluir os estudos do gênero nos cursos de formação docente; a análise crítica de representações sexuais e de gênero produzidas pela mídia e a experimentação de novas formas de linguagem que possam desconstruir estruturas

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indenitárias binárias e excludentes, como homem-mulher e heterossexual-homossexual, produzida pelo discurso educacional. Como forma de dar visibilidade, na escola, aos sujeitos como portadores de direitos, abordarei a temática entre os alunos do terceiro ano do ensino médio, do Colégio Estadual Professor Vicente de Carli EFM, tento por suporte teórico a análise de discurso de orientação francesa, pretendo analisar o funcionamento discursivo desse tema no livro didático do terceiro ano "Ser Protagonista", Língua Portuguesa 3º ano Ensino Médio.

Palavras-chave: Leitura; gênero; diversidade sexual; textos

discursivos.

Formato do Material Didático: Unidade Didática.

Público: Alunos do 3º Ano do Ensino Médio.

OBJETIVOS:

Geral:

Propor uma forma de produção de textos argumentativos quebrando

paradigmas com a temática: gênero sexual capaz de trabalhar as diversidades

sociais e culturais.

Específicos:

Oferecer referencial teórico metodológico para trabalhar com as discussões de

gênero.

Proporcionar aos alunos do terceiro ano metodologia de trabalho que fomente

a equidade de gênero dentro a partir do livro didático.

Conhecer a legislação brasileira sobre o tema sexualidade. E a lei municipal

sobre homofobia.

Compreender as questões sexuais e suas implicações educacionais.

Conhecer as diretrizes curriculares para a educação sexual na escola.

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Compreender as complexas abordagens e conflitos quanto às relações de

gênero e sexualidade no âmbito escolar.

Formar ações educativas para a educação e/ou orientação sexual, possibilitar

informações sobre saúde, sexualidade e reprodução.

METODOLOGIA

Trabalhar com o livro didático é um processo de ação-reflexão-ação. Tem de

haver uma nova postura, por parte do educador, que se torna além de uma autoridade

em sala de aula um mediador entre o objeto do conhecimento e o aluno, ou seja, o

professor procura não ensinar, mas trabalhar para que o a mesmo aprenda a

aprender, buscar informações necessárias e compartilhando essas informações,

trocando ideias, debatendo, concluindo,revendo suas conclusões. Não terá somente

o livro didático como fonte, mas outras fontes, fotos, filmes, entrevistas, textos

diversos, literários, jornalísticos, propagandas e sites sobre o tema diversidade sexual

e oficinas de teatro relacionado ao tema homofobia. Para que este processo ocorra

ensino aprendizagem através da leitura crítica e argumentativa, não deve-se basear

somente dentro dos muros da escola e não nos moldes tradicionais:Apropriação do

conhecimento tem que ser flexível; agrupar diferentes ideias que possa desenvolver

o emocional, cognitivo e social. A oficina de teatro será proporcionada pelo diretor de

teatro de Francisco Beltrão/PR., Vilmar Mazzetto nas férias de julho no período

noturno para os alunos do terceiro ano noturno.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Entende-se que as relações humanas se dão por meio da comunicação, é por

meio da linguagem que os indivíduos se constituem sujeitos no mundo. É a linguagem

que caracteriza a humanidade, possibilitando interagir, trocar experiências, compre-

ender a realidade em que estão inseridos e, também, perceber seu papel como sujeito

participante da sociedade.

Para Geraldi (2005, p.41), a linguagem é o "lugar de interação humana. Por

meio dela, o sujeito que fala pratica ações que não conseguiria levar a cabo, a não

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ser falando; com ela o falante age sobre o ouvinte, constituindo compromissos e vín-

culos que não preexistiam na fala". Nesse sentido, a fala precede à escrita e a leitura,

quando o aluno chega à escola tem seus primeiros contatos com a leitura e a escrita.

Quanto as experiências de leitura realizadas em sala de aula, no decorrer das

aulas de língua portuguesa, são tomadas como elemento de análise. Inicialmente,

destacamos alguns pontos relacionados ás aulas de língua portuguesa, segundo as

diretrizes de educação do estado do Paraná (DCEs). De acordo com as DCEs, a dis-

ciplina de língua portuguesa deve se basear numa perspectiva discursiva. Assim, as

práticas da linguagem são entendidas como um fenômeno constituído por uma rela-

ção de interlocução, que perpassa todas as áreas do fazer humano, por isso, na es-

cola, o seu estudo deve potencializar uma relação interdisciplinar.

Essa perspectiva ainda considera a proposta de multiletramento nas práticas a

serem adotadas na disciplina de língua portuguesa e de literatura, tendo em vista o

papel de suporte para o conhecimento. Multiletramento, aqui, significa que:

Compreender e produzir textos não se restringe ao trato do verbal (oral ou escrito), mas na capacidade de colocar-se em relação ás diversas modalidades de linguagem – oral, escrita, gráfica, infográficos – para delas tirar sentido. Esta é uma das principais dificuldades dos alunos [...] apontada nos diversos exames de avaliações (ROJO, 2004, p. 31).

Como a leitura se configura como um grande desfio na aula de língua portu-

guesa, pretende por meio dessas práticas motivar a leitura, corroborando a expansão

do universo discursivo desses leitores do ensino médio. Entretanto, as aulas de leitura,

seguem sempre um modelo mecânico, que se organize a partir de leituras que devem

ser explicadas a partir de uma leitura crítica e não com questionários e respostas. O

aluno deve elaborar pequenos resumos dos textos lidos do livro didático, setes, revis-

tas, jornais, filmes, teatro e outros que informem sobre o tema diversidade sexual de

gênero no analise do discurso. Dando ênfase a oralidade que é raramente contem-

plada nas aulas de língua portuguesa.

Como a professora e pesquisadora, mas ao mesmo tempo colocando-me tam-

bém como sujeito professora, não me eximo das críticas e contradições que existem

nas aulas de leitura, pois me encontro determinada pelo discurso que me autoriza

como professora apropriar-se da voz do conhecimento sem me mostrar a heteroge-

neidade sem resgatar a sua historicidade: “o professor se confunde com o cientista

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sem que explicite sua voz de mediador, tornando-se ele próprio possuidor daquele

conhecimento” (ORLANDI, 2003 p. 21).

Esse trabalho de pesquisa suscita, assumo, enquanto professora uma postura

no trabalho com a leitura em sala de aula, em que a oralidade ganhe papel de desta-

que, já que entendo que, pelo exercício da oralidade, o aluno pode se liberar da obri-

gação de responder ao professor com exatidão, sempre buscando uma “verdade’ por

trás das leituras feitas.

Quando fazer a leitura do material relacionado ao tema Diversidade: Gênero

Sexual diante das atividades, os alunos apresentem nem um desconforto e não con-

segue tecer comentários aprofundados a respeito da leitura feita. Tem que acabar

aquele enunciado, “Fazer o que depois de ler professora?”, evidencia uma dependên-

cia do aluno ao professor, que determinado pelo discurso está acostumado a respon-

der as questões já formuladas, que é produzir qualquer tipo de reflexão sem um dire-

cionamento era inconcebível para o grupo, e sim tornar o aluno um sujeito a partir da

reflexão-ação-reflexão, fazer com que eles falem sobre sua leitura se posicionando a

partir do tema, e assumir uma posição de autoria através da oralidade.

Segundo Orlandi (1999, p. 77), autoria é uma função de todo sujeito. E sendo

a dimensão discursiva do sujeito está mais determinada pela relação com a exteriori-

dade (contexto sócio histórico), ela está mais submetida ás regras das instituições.

Entretanto para a mesma autora, não basta falar para ser autor, o sujeito precisa

“aprender” a assumir o papel de autor e aquilo que ele implica. É o que a autora chama

de assunção de autoria:

A assunção de autoria implica uma inserção do sujeito na cultura, uma posição no contexto-histórico-social. A apreender a se representar como autor é assumir, diante das instâncias institucionais, esse papel social na relação com a linguagem: é mostrar-se como autor. (OR-LANDI, 1999, p.76).

Assim, assunção de autoria do sujeito se dá pela sua inserção em um discurso

legitimado, institucionalizado. Sendo a oralidade um discurso não legitimado nas prá-

ticas discursivas o não pode se assumir como autor. Decorre daí seu silenciamento,

a sua incapacidade de formular sentidos sobre os temas lidos.

Embora direcionada por uma abordagem discursiva, o trabalho com a leitura

em sala de aula responde também a requerimentos disciplinares, tais como as exi-

gências avaliativas que passam por produções textuais. Os materiais exigidos, são

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compostos pelo livro didático, exercícios do próprio livro, textos sobre diversidade se-

xual, setes, artigos de jornais, revistas, setes, filmes, temas teatrais e HQ relacionados

ao tema diversidade sexual de gênero que venha a refletir sobre a orientação sexual

e a identidade de gênero na sala de aula. Embora os materiais exigidos pela disciplina

são compostos de exercícios do próprio livro didático, o que é condizente com a pro-

posta adotada Nas diretrizes educacionais do Paraná e que, mesmo propondo um

trabalho discursivo para o ensino da escrita da leitura, reforça, certa medida, o modelo

de leitura em que as atividades de interpretação não propunha outros caminhos que

fossem a mera decodificação e constituição dos elementos linguísticos ancorados no

texto. O trabalho de leitura funciona, dessa perspectiva funciona como subsídio para

o ensino da gramática.

Desse modo o trabalho proposto é afastar o direcionamento prescrito, a qual a

escrita nas aulas de leitura aconteça de forma livre, em que sem nenhuma orientação

resultante de perguntas do professor, os alunos possam tecer comentários escritos

dos materiais lidos. A análise do discurso parte do pressuposto de que a língua não

pode ser estudada desvinculadamente de suas condições de produção, uma vez que

os processos que constituem são histórico-sociais. Nos encontros das aulas de língua

portuguesa os alunos terão além do livro didático, as pesquisas feitas além da sala de

aula, para contar os textos lidos sem preocupação ora com a avaliação ora com as

normatizações do discurso da escrita.

Assim compreende o processo, ou seja, que não serão avaliados e que pode-

rão participar da leitura proposta pelo simples prazer de ler e de compartilhar com os

colegas a sua leitura, e os colegas atribuírem sentidos para a leitura, de acordo com

a relevância que cada um tem sobre o tema. Cada um associa e atribui diferentes

significações conforme o pré-construídos de suas formas discursivas:

O sentido não existe em si, mas é determinado pelas posições ideológicas co-

locadas em jogo no processo sócio histórico em que as palavras são produzidas. As

palavras mudam de sentido segundo as posições daqueles que as empregam. Elas

“tiram” seu sentido dessas posições, isto é, em relação ás formações ideológicas nas

quais essas posições se inscrevem. (ORLANDI, 1999, p. 42-43).

O gosto pela leitura tem de ser transmitido como um maneira de entender a

própria vida, e o tema relacionado a Diversidade Gênero Sexual é uma leitura refle-

xiva, que vem para formar leitores assíduos na perspectiva desse tema diversidade.

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Encerro afirmando a importância de pesquisa a partir deste tema, pois as mes-

mas podem permitir transformar o rumo da transfobia, homofobia, e o preconceito,

assegura o entendimento da leitura como um processo que tem historicidade. Assim,

concorda-se com Orlandi (1988, p. 46).

Portanto na análise do discurso, o texto não é tido como único, acabado, mas

sim flexível, e se faz interagir com o texto. E a reflexão e entendimento de que a sala

de aula é um espaço de conhecimento e que somente através da fundamentação

teórica metodológica do professor que irá obter condições necessárias para realizar a

abordagem atual Diversidade Sexual de Gênero. Oferecer aos educandos(as) uma

forma constante de aperfeiçoamento por intermédio das discussões, reflexões, e en-

tendimentos para o enfrentamento das dificuldades acerca de questões de gênero e

diversidade sexual, contribuir assim com a preparação dos mesmos para discussões

baseadas em conhecimento científico e não de crenças e valores pessoais.

Indica também a importância da parceria a SEED, escola, direção, professores

ao discutir assuntos atuais e relevantes para contribuir para a construção de uma so-

ciedade reflexiva e autônoma e livre de preconceitos e discriminação.

Diretrizes para leitura, análise e interação de textos

Para leitores amadores, ler não é uma tarefa fácil e a falta de entendimento do

texto pode levar ao desânimo, pois pensam que não vale a pena ler sem saber para

que serve o texto ou que informação se pode obter dele. A esse respeito, Severino

(2002) diz que:

Os maiores obstáculos do estudo e da aprendizagem estão direta-mente relacionados com a correspondente dificuldade que o estudante encontra na exata compreensão dos textos teóricos. [...] logo julgadas insuperáveis e que reforçam uma atitude de desânimo e de desen-canto, geralmente acompanhada de um juízo de valor depreciativo em relação ao pensamento teórico. (SEVERINO, 2002, p.47).

Para ler e interagir com clareza, o leitor deve desenvolver a disciplina intelectual

para que a mensagem do texto possa ser compreendida. Esse desenvolvimento inte-

lectual vem sendo discutido pelos professores, mas até o momento poucos consegui-

ram avançar e fazer os alunos adquirirem o gosto e o prazer pela leitura. O professor

que é dinâmico, criativo e motivador, que dialoga, tem conseguido algum sucesso,

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mesmo porque a interpretação tem a ver com a comunicação entre um emissor e um

receptor.

A teoria da comunicação defendida adotada por Severino (2002) consiste em

fornecer mais elementos para a compreensão da origem e da finalidade do texto. No

entanto, a transmissão da mensagem deve ser mediada, já que a comunicação entre

as consciências não pode ser feita diretamente e que o texto linguagem é o código

que cifra a mensagem.

Brait (2000) enfatiza que o enunciado e discurso pressupondo a dinâmica dia-

lógica da interação entre sujeitos discursivos no processo da comunicação. E o autor

cita ainda que os textos (discursos) são variados e todos tem uma finalidade.

Para Brait (2000, p.20) citado nas Diretrizes Curriculares Estaduais, "não se

pode falar de gênero sem pensar na esfera da atividade em que eles se constituem e

atuam, aí implicadas as condições de produção, de circulação e recepção".

E as DCE's continuam o texto enfatizando que:

Há diferentes esferas de comunicação e cada uma delas produz os gêneros necessários a suas atividades, tendo-se, por exemplo: os gê-neros da esfera jornalística (notícia, reportagem, editorial, classifica-dos...); da esfera televisiva (novela, telejornal, entrevistas...); da esfera cotidiana (listas de supermercado, receitas, recados...); da esfera digi-tal (e-mail, bate-papo virtual, lista de discussão...), e assim por diante. (PARANÁ, 2008, p.52).

E os gêneros são modificados, adaptados renovados conforme as necessida-

des humanas evoluem e adotam outros meios de comunicação como é o caso da era

tecnológica e o advento da Internet. Nesse sentido a escola está em descompasso

com os alunos inseridos nesse mundo tecnológico e exigindo um aproveitamento des-

ses recursos tão bem utilizados por eles.

Conforme apontado Orlandi (2001), é preciso considerar as posições do sujeito,

regionalização, dos sentidos, a projeção histórica, política, sobre a linearidade (textu-

alidade), sendo assim é pertinente inferir a ideia de que o sujeito leitor / escritor se

constitui nas relações entre: texto/ intertexto/leitor/escritor. Observando o sujeito em

sua totalidade, nos seus anseios, enquanto parte integrante do processo en-

sino/aprendizagem, valorizando o aluno e sua gama de conhecimento, trabalhando

atividades discursivas voltadas à realidade local para consequentemente atividades

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discursivas num contexto mais amplo esse aluno se tornará produtor de suas próprias

ideias.

Nas DCE's consta que:

No processo de ensino-aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas soci-ais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e es-crita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situa-ções. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais (PARANÁ, 2008, p.55).

A sequência didática permite trabalhar em sala de aula com “um conjunto de

atividades escolares organizadas de maneira sistemática, em torno de um gênero tex-

tual oral ou escrito” (DOLZ, NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004, p.97). Portanto, é

possível trabalhar com gêneros não dominados ou dominados parcialmente pelo

aluno.

Na sequência didática:

Inicia-se, normalmente, pela apresentação da situação, detalhando a situação de interlocução que será realizada por meio do gênero sele-cionado. Em seguida, parte-se para a que produção de um texto inicial, o qual servirá de referência para o professor identificar os encaminha-mentos que deverá seguir. Tendo em vista o levantamento das princi-pais dificuldades a partir dos textos dos alunos, elaboram-se módulos de atividades diversificadas, os quais contemplarão os diversos ele-mentos constituintes do gênero abordado e que ainda não foram sis-tematizados pelos alunos. A SD é finalizada com outra produção, quando o aluno poderá incorporar os conhecimentos adquiridos nos

módulos. (BROCARDO; COSTA-HÜBES 2008, p.12).

A sequência didática (SD) é a que mais se aproxima do que se pretende neste

projeto de intervenção, utilizando textos dissertativos e argumentativos diversificados

e que enfatizem as questões de gênero e a diversidade sexual.

ESTRATÉGIAS DE AÇÃO

A intenção deste projeto de intervenção é proporcionar a leitura, interpretação

e produção textual por meio de estratégias a partir da análise do discurso proporcio-

nando para os alunos do terceiro ano noturno a leitura dos textos do livro didático.

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Após esse momento, será abordado o tema previsto, e já elaborados na unidade di-

dática para que os alunos façam a leitura, a interação, a análise e a produção de

outros textos contribuindo para o exercício da produção utilizado em concursos, ves-

tibulares e exames.

O aprofundamento do conhecimento do aluno vai ser feito através de pesquisa

em sites, revistas, textos teatrais e jornais, principalmente os veiculados nos meios

informatizados (internet) que são mais apreciados pelos alunos, sendo que um dos

instrumentos mais utilizados por eles são os computadores, tablets, notebooks, celu-

lares e outros, que os mantém conectados ao mundo virtual.

Sendo que seguindo a análise do discurso, não será cobrado inicialmente como

avaliativo a participação e discussão relacionado ao tema diversidade sexual de gê-

nero, assim obtendo a participação total dos alunos.

No final, será feito uma auto avaliação dos textos produzidos, que deve ser

produzido pelos alunos, e confeccionado um jornal da classe com os textos impressos

e distribuídos na escola. Bem como uma peça teatral que deve ser apresentada pelos

alunos do terceiro noturno a escola e comunidade, que deve se estender a sociedade

e as demais escolas que se predispuserem a receber os alunos com a peça teatral.

ROTEIRO PARA AVALIAÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO E MATERIAIS QUANTO ÀS

DESIGUALDADES DE GÊNERO:

1. Título da obra:

2. Assunto tratado ou disciplina:

3. Editora e ano da publicação:

4. Nome de autores/as:

5. Sexo de autores/as: Feminino ( ) Masculino ( )

6. Quantas as atividades/ocupacionais nas quais são mencionadas:

( ) meninas ( ) meninos ( )mulheres ( )homens ( )

7. Quais são os adjetivos usados para descrever: Meni-

nos_____________________ Meninos____________________Mulhe-

res_____________________Homens_______________________

8. Qual o número de ilustrações apresentadas em relação a cada sexo: Me-

nina_____________________Meninos_____________Mulhe-

res____________ Homens___________________

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9. Quantas vezes o texto menciona: Meninas______Meninos_____Mulhe-

res__________Homens____________

10. Descreva a linguagem utilizada no texto para se referir aos homens e aos

meninos e às mulheres e às meninas.

11. As mulheres e os homens que aparecem nos textos apresentam contribui-

ções significativas? Quais?

12. Quais são os modelos apresentados para meninas, meninos, mulheres, e

homens?

13. O texto está escrito em estilo contemporâneo e realista?

14. Existem seções especiais que tratem unicamente das mulheres ou de etnias

e raças particulares? Caso sim, como são abordadas as minorias sociais?

15. Como esse texto pode influenciar as aspirações de meninos no que diz res-

peito à instrução e à profissão?

16. Em uma página, faça um breve resumo do livro e material analisado. Diga

se ele deve ou não ser adotado e por quê.

Nessa atividade deixar claro que não é uma atividade avaliativa para que o

aluno se sinta a vontade ao realizá-la. Conforme é a análise do discurso, deixar o

aluno ser o sujeito da atividade desenvolvida.

Essa atividade atribuo + ou – 12 horas, pois o trabalho com o análise do dis-

curso não é uma atividade realizada a partir do texto ou material, mas sim do texto

com o texto.

A partir do questionário acima ler a CARTILHA DIREITOS HUMANOS e o

Texto-Base da Conferência Nacional de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Tran-

sexuais

Dividir os dois documentos e distribuir para grupos de quatro alunos, após a

leitura cada grupo faz suas colocações em um plenário de maneira a confrontar com

as respostas obtidas a partir do livro didático.

Atribua 8 h/as , quatro para a leitura e discussão com o grupo menor, e as

outras quatro para o grande grupo.

Pesquisar no laboratório de informática sobre o: RELATÓRIO GLTB & CUL-

TURA, BRASIL SEM HOMOFOBIA Presidência da República Federativa do Brasil Se-

cretária Especial de Direitos Humanos e Programa de Combate à Violência e â Dis-

criminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania Homossexual.

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Pesquisa no laboratório quatro aulas, apresentação das pesquisas em sala de

aula + ou – quatro aulas dependendo da fala de cada aluno.

Pesquisar sobre leis paranaenses sobre a não homofobia, quais municípios que

existe essa lei, se ela é comprida, respeitada e quantas pessoas conhecem essa lei,

e se as pessoas no Brasil estão informadas sobre O BRASIL SEM HOMOFOBIA?

Através desta pesquisa elaborar uma cartilha e entregar a todos os professores

informando sobre o tema pesquisado, deste modo colocando ao conhecimento de to-

dos os professores do estabelecimento de ensino e à todos os alunos.

Essa atividade será desenvolvida + ou – com 12 h/as, pois terá de fazer uma

correção da cartilha e imprimir a mesma para estarem distribuindo.

E a oficina de teatro que será realizada pelo diretor de teatro Vilmar Mazzetto

com minha colaboração e participação de 8 h/as, mais a apresentação que entre mon-

tagem do cenário e apresentação da peça que levará em torno de quarenta minutos.

Ao todo será realizada uma carga horária de 40h/as e 40 minutos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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GERALDI, João W. (org.). O texto na sala de aula. São Paulo: Ática, 2005.

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