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OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
Versão Online ISBN 978-85-8015-080-3Cadernos PDE
I
Ficha para identificação do Artigo Final – Turma 2014
Título: Uma Sequência Didática do Gênero Fábula com Foco na Leitura.
Autor: Ester Praisler Pereira Aranega.
Disciplina/Área: Língua Portuguesa
Escola de Implementação do Projeto e sua localização:
Colégio Estadual Arthur de Azevedo- EFMPN
Município da escola: São João do Ivaí – Pr
Núcleo Regional de Educação: Ivaiporã.
Professor Orientador: Maria Ilza Zirondi
Instituição de Ensino Superior: UEL
Relação Interdisciplinar:
Resumo:
Este artigo corresponde à finalização da formação continuada realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED. Devido às dificuldades detectadas no cotidiano da escola pública em relação à leitura é que surgiu a iniciativa de se trabalhar o Gênero Fábula com foco na Leitura. De acordo com avaliações nacionais e internacionais – como SAEB, Prova Brasil, PISA e outras – a leitura apresenta-se como aspecto critico no cenário nacional e, por isso, a necessidade de uma atenção especial nos contextos escolares. Para que a leitura seja usada e compreendida em diferentes contextos é necessária a compreensão das esferas discursivas em que os gêneros são produzidos e circulam, assim como, o reconhecimento das intenções e dos interlocutores em cada discurso. Tendo em vista o desenvolvimento de capacidades leitoras, todo trabalho foi realizado com base na proposta de Sequência Didática (DOLZ, NOVERRAZ e.SCHNEUWLY, 2004) com intuito de trabalhar estratégias de leitura para alunos dos 6º Anos do Ensino Fundamental, por meio do gênero textual Fábula. Para realizar essa Sequência Didática, partimos da noção de gêneros do discurso (BAKHTIN, 1979), dos aspectos concernentes à aprendizagem e ao desenvolvimento da linguagem (VIGOTSKI, 1993) e da análise das características inerentes ao gênero, como a análise dos contextos históricos, de produção e circulação do texto, o plano textual global e arquitetura interna dos
textos. Os resultados a partir desse trabalho demonstraram satisfatório, pois pode-se constatar que a leitura, sob diferentes estratégias e textos, promoveu avanços significativos da primeira produção (formativa) para a produção final do gênero.
Palavras-chave: (3 a 5 palavras) Gênero Textual Fábula; Sequência Didática; Leitura.
Formato do Material Didático: Unidade Didática.
Público: Alunos do 6º ano do Ensino Fundamental
`
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEED
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL – PDE
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
ESTER PRAISLER PEREIRA ARANEGA
UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO FÁBULA
COM FOCO NA LEITURA
São João do Ivaí
2014
ESTER PRAISLER PEREIRA ARANEGA
UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO FÁBULA
COM FOCO NA LEITURA
Artigo produzido como trabalho final do Programa de Desenvolvimento Educacional-PDE/ SEED – 2014 – na área de Língua Portuguesa, acompanhado pela Universidade Estadual de Londrina - UEL.
Orientadora: Maria Ilza Zirondi.
São João do Ivaí
2014
UMA SEQUÊNCIA DIDÁTICA DO GÊNERO FÁBULA
COM FOCO NA LEITURA
ARANEGA, Ester Praisler Pereira1 ZIRONDI, Maria Ilza2
RESUMO: Este artigo corresponde à finalização da formação continuada realizada no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/SEED. Devido às dificuldades detectadas no cotidiano da escola pública em relação à leitura é que surgiu a iniciativa de se trabalhar o Gênero Fábula com foco na Leitura. De acordo com avaliações nacionais e internacionais – como SAEB, Prova Brasil, PISA e outras – a leitura apresenta-se como aspecto critico no cenário nacional e, por isso, a necessidade de uma atenção especial nos contextos escolares. Para que a leitura seja usada e compreendida em diferentes contextos é necessária a compreensão das esferas discursivas em que os gêneros são produzidos e circulam, assim como, o reconhecimento das intenções e dos interlocutores em cada discurso. Tendo em vista o desenvolvimento de capacidades leitoras, todo trabalho foi realizado com base na proposta de Sequência Didática (DOLZ, NOVERRAZ e.SCHNEUWLY, 2004) com intuito de trabalhar estratégias de leitura para alunos dos 6º Anos do Ensino Fundamental, por meio do gênero textual Fábula. Para realizar essa Sequência Didática, partimos da noção de gêneros do discurso (BAKHTIN, 1979), dos aspectos concernentes à aprendizagem e ao desenvolvimento da linguagem (VIGOTSKI, 1993) e da análise das características inerentes ao gênero, como a análise dos contextos históricos, de produção e circulação do texto, o plano textual global e arquitetura interna dos textos (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004). Os resultados a partir desse trabalho demonstraram satisfatório, pois pode-se constatar que a leitura, sob diferentes estratégias e textos, promoveu avanços significativos da primeira produção (formativa) para a produção final do gênero.
Palavras-chave: Gênero Textual Fábula; Sequência Didática; Leitura.
INTRODUÇÃO
O presente artigo faz parte dos estudos de formação continuada realizado
no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE/2014 – do Governo do Estado
do Paraná. O Programa é realizado a partir de estudos e orientações, cujo objetivo
é o de proporcionar aperfeiçoamento e melhorias para a Educação Pública do
Paraná, por meio da participação ativa de professores na realização de leituras,
análises e reflexões teóricas e no desenvolvimento de atividades voltadas para seus
contextos de atuação.
Devido a nossa atuação em salas de aula da Rede Pública de ensino e
diante da realidade e dos problemas de ensino e aprendizagem existentes nos
contextos escolares fomos motivados a pensar em um trabalho a respeito da leitura,
1 Professora da Rede Pública do Estado do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento da Educação –
2010, na área de Língua Portuguesa, na Universidade Estadual de Londrina.
2 Professora orientadora – Departamento de Letras Vernáculas e Clássicas - Universidade Estadual de Londrina.
um dos aspectos de maior dificuldade, principalmente, nas séries iniciais do Ensino
Fundamental II. Para realizar esse trabalho, elaboramos um projeto de intervenção
pedagógica com base nos procedimentos de Sequências Didáticas (SD) proposto
pelo grupo de Genebra com Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), cuja
implementação ocorreu durante o segundo semestre de 2015, tendo por princípio o
desenvolvimento de capacidades leitoras por meio da SD com o gênero de texto
Fábula.
A escolha do gênero textual Fábula se deve ao fato de que são pequenas
histórias que transmitem uma lição de moral, sendo uma das mais antigas formas de
narrativa, em que suas personagens, geralmente animais, representam tipos,
características e comportamentos humanos. Constitui-se, assim, em uma narrativa
curta, em prosa ou em verso, usada para ilustrar um vício ou uma virtude. Além
disso, proporciona uma leitura crítica, sendo uma ferramenta para o
desenvolvimento da criatividade e do senso crítico, do mesmo modo que possibilita a
observação dos fatos e acontecimentos de situações de conflito, dando
oportunidade para a reflexão e análise de soluções. A leitura desse tipo de texto
torna instigante o processo de construção de estratégias necessárias para que o
aluno possa ir além da mera decodificação, alcançando as estruturas mais
profundas do texto que é a construção do próprio discurso.
Sendo, assim, a leitura, a forma mais eficiente de comunicação, pois
estabelece uma relação entre o sujeito e o mundo, entre o discurso e suas
ideologias. O sujeito leitor começa a observar e a compreender o mundo a sua
volta, aprendendo os significados e decifrando-os de acordo com suas necessidades
e no desejo de sempre aprender mais. Para que a leitura seja eficiente e torne
significativos os textos a nossa volta é necessário que se entenda as esferas
discursivas em que os gêneros são produzidos e circulam e também reconhecer as
intenções e os interlocutores de cada discurso.
Para investigar as possibilidades do gênero Fábula como uma ferramenta de
ensino e aprendizagem da leitura, propomos uma intervenção pedagógica em salas
de ensino para alunos do 6º ano do Ensino Fundamental II. Para realizar essa
Sequência Didática, partimos da noção de gêneros do discurso (BAKHTIN, 1979),
dos aspectos concernentes à aprendizagem e desenvolvimento da linguagem
(VIGOTSKI, 1993) e da análise das características inerentes ao gênero, como
análise dos contextos históricos, de produção e circulação, plano textual global e
arquitetura interna dos textos (DOLZ & SCHNEUWLY, 2004).
Para apresentarmos esse trabalho de intervenção, organizamos este artigo
da seguinte maneira: primeiro, vamos apresentar aspectos concernentes à
importância da leitura; as principais características do gênero Fábula; os aspectos
metodológicos de organização da pesquisa; análise e discussão dos dados e, por
fim, as considerações finais e a conclusão.
2 A IMPORTÂNCIA DA LEITURA
De acordo com as Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa,
“compreende-se a leitura como um ato dialógico, interlocutivo, que envolve
demandas sociais, históricas, políticas econômicas, pedagógicas e ideológicas de
determinado momento” (DCEs, 2008,p.56).
Sendo assim, a DCE, de Língua Portuguesa, está pautada em uma
concepção sociointeracionista de linguagem, seguindo a base teórica das reflexões
do Círculo de Bakhtin, o qual considera a linguagem como um fenômeno social e
compreende que “a língua não é constituída nem pela enunciação monológica e
isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social
da interação verbal” (BAKTHIN/VOLOCHINOW, 1999, p.123 apud PARANÁ, 2008,
p.49).
A leitura sempre esteve presente na história da humanidade, desde os
primórdios já se via a necessidade de comunicar-se, e esta necessidade mostrou-se
como fonte inspiradora para a construção e o enriquecimento do conhecimento. A
leitura não é uma simples decodificação de símbolos, mas significa, de fato,
interpretar e compreender o que se lê. Solé (1998, p. 18), explica que
Poder ler, isto é, compreender e interpretar textos escritos de diversos tipos com diferentes intenções e objetivos contribui de forma decisiva para a autonomia das pessoas, na medida em que a leitura é um instrumento necessário para que nos manejemos com certas garantias em uma sociedade letrada.
A aprendizagem da leitura requer estratégias as quais faça o aluno a ser
bom leitor, que faça sentir prazer em praticar o ato de ler, que promova o letramento
do aluno, para que ele se envolva nas práticas de uso da língua, sejam da leitura,
oralidade e escrita. Kleiman, afirma que “os estudos do letramento têm como objeto
de conhecimento os aspectos e os impactos sociais do uso da língua escrita”
(KLEIMAN, 1995). É por meio do processo contínuo da leitura que se consegue
obter a interação entre o texto e o leitor. Segundo Solé, ”uma atividade de leitura
será motivadora para alguém se o conteúdo estiver ligado aos interesses da pessoa
que tem que ler e, naturalmente, se a tarefa em si corresponde a um objetivo”.
A leitura de um texto poderá evocar diferentes leituras e, consequentemente,
diferentes sentidos no sujeito leitor, considerando, evidentemente, os conhecimentos
prévios (cognitivos, culturais e sócio-históricos) e as informações contidas no
decorrer do texto.
Para Silva (2005, p. 24)
[...] a prática de leitura é um princípio de cidadania, ou seja, o leitor cidadão, pelas diferentes práticas de leitura, pode ficar sabendo quais são suas obrigações e também pode defender os seus direitos, além de ficar aberto às conquistas de outros direitos necessários para uma sociedade justa, democrata e feliz.
Sendo a prática da leitura um princípio de cidadania e como ensinar a ler e
adquirir hábito de leitura não é uma questão fácil, é fundamental que se proponha
ações inovadoras, interessantes e que faça realmente crescer no aluno a vontade de
ler e conhecer as vantagens que uma boa leitura pode oferecer.
As Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa requerem, neste
momento histórico, novas metodologias, em relação às práticas de ensino, a qual
atenda aos sujeitos seja qual for sua condição social e econômica, seu
pertencimento étnico e cultural e às possíveis necessidades especiais para a
aprendizagem. Essas características devem ser tomadas como potencialidades para
promover a aprendizagem dos conhecimentos que cabe à escola ensinar para todos
(DCEs, 2008, p.15). Ler, portanto, é familiarizar-se com diferentes textos produzidos
em diferentes práticas sociais, é compreender a intenção de cada sujeito e seu
significado.
De acordo com a Diretriz Curricular de Língua Portuguesa
No processo de ensino/aprendizagem, é importante ter claro que quanto maior o contato com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais possibilidades se tem de entender o texto, seus sentidos, suas intenções e visões de mundo. A ação pedagógica referente à linguagem, portanto, precisa pautar-se na interlocução, em atividades planejadas que
possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita, bem como a reflexão e o uso da linguagem em diferentes situações. Desse modo, sugere-se um trabalho pedagógico que priorize as práticas sociais. (DCE, 2008, p. 55).
Ao fazer esta interação com o texto, surgem os significados que cada leitor
atribui ao texto, é o resultado de um diálogo entre texto e leitor, mediado por
conhecimentos prévios e visão de mundo de quem lê.
Nesse sentido, a leitura requer situações prazerosas e organizadas para que
a aprendizagem seja significativa e real. A escola é lugar de compartilhar
conhecimentos, com isso, é importante que realmente faça este papel, o de formar
leitores críticos e reflexivos é um dos grandes desafios que perpassa pelo contexto
escolar.
No que se refere às atividades de ensino da leitura, Antunes critica
Uma atividade de leitura centrada nas habilidades mecânicas de decodificação da escrita (...) uma atividade sem interesse, sem função (...) puramente escolar (...) se limita a recuperar os elementos literais e explícitos (...) uma atividade incapaz de suscitar no aluno a compreensão das múltiplas funções sociais da leitura (...) (ANTUNES, 2003, p.27)
Evidentemente, que pensar no trabalho com a leitura requer inúmeras
reflexões e questionamentos, pois o processo de desenvolvimento e compreensão
de mundo de cada sujeito baseia-se em suas experiências individuais, com isso,
muitas vezes, a escola não consegue atingir a todos com igualdade, sendo
necessário repensar a prática pedagógica, como também, buscar estratégias de
ensino e aprendizagem que envolva a todos no processo de ensino. Portanto
A leitura é uma prática social, ou ainda, uma atividade interativa altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza evidentemente com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes no interior do evento comunicativo. (KOCH; ELIAS, 2006, p. 11).
Dessa forma, o trabalho com leitura através do gênero Fábula, foi efetivado
tendo como apoio teorias de vários autores, como também o processo de Sequência
Didática, proposta por Schneuwly, Dolz e Noverraz (2004, p.97) que definem ”uma
sequencia didática é um conjunto de atividades escolares organizadas, de maneira
sistêmica, em torno de um gênero textual oral ou escrito” e tem a finalidade de
auxiliar os alunos a dominar melhor um gênero textual. Embora a ênfase dos autores
nesse trabalho recaia sobre a produção escrita, nosso investimento será na leitura e
em atividades a ela relacionada, mas cujo produto final de verificação recairá sobre a
produção escrita dos alunos, como veremos na análise dos dados.
3 O GÊNERO FÁBULA
Um dos grandes problemas encontrados no dia a dia na sala de aula é a
dificuldade que os alunos têm em ler, interpretar e de o professor fazer com que
leiam e usem a leitura a seu favor. O que fazer para que os alunos despertem o
gosto pela leitura? Se os alunos reagem à leitura, como podem aprender? De que
modo relações de conflitos e os ensinamentos vivenciados nas fábulas podem
sensibilizar e despertar os alunos a gostarem da leitura e refletir sobre sua
realidade?
Cabe ao professor, tendo em vista seu contexto, escolher o gênero textual
que mais contribua com o crescimento intelectual do aluno, trabalhando de maneira
adequada a cada situação de interação comunicativa.
Schneuwly e Dolz, (2004, p.78), explicam que “ a escola é um autentico
lugar de comunicação e as situações escolares são ocasiões de produção e
recepção de textos.” Cada gênero estudado, depende de um ensino especial, pois é
o momento de descoberta das inúmeras informações contidas implícitas e explícitas
em cada texto lido. Para o nosso contexto de atuação, tendo em vista que o gênero
pode contribuir para a formação leitora e do senso critico dos alunos, escolhemos o
gênero Fábulas, pois se constituem em pequenas historias que transmitem uma
moral, isto é, para a reflexão e ampliação dos conhecimentos concernentes ao
comportamento humano, pois, mesmo sendo uma das mais antigas formas de
narrativa, as personagens animais, que reproduzem tipos humanos, ainda
representam os comportamentos e atitudes do homem moderno.
Muitos escritores dedicaram-se às fábulas, mas três ficaram mundialmente
famosos: o grego Esopo (século VI a. C.), o latino Fedro (15 a.C – 50 d. C) e o
Francês Jean de La Fontaine (1621 – 1695). No Brasil, Monteiro Lobato (século XX)
foi quem as recriou. Mais tarde, Millôr Fernandes que é um escritor carioca recriou
as antigas fábulas de Esopo e La Fontaine, de forma satírica e engraçada.
A Fábula se divide em duas partes: A primeira parte, a história, o que
aconteceu. A segunda parte, a moral, o significado da história. A Fábula, segundo
Bagno (2006, p. 51-53) é um gênero literário muito antigo que se encontra em
praticamente todas as culturas humanas e em todos os períodos.
Schneuwly e Dolz, 2004, p.78, explicam que “ a escola é um autentico lugar de
comunicação e as situações escolares são ocasiões de produção e recepção de
textos.” Cada gênero estudado, depende de um ensino especial, pois, é o momento
de descoberta das inúmeras informações contidas implícitas e explícitas em cada
texto lido.
Nascida no Oriente, reinventada no Ocidente pelo grego Esopo (séc. VI a.C.)
e aperfeiçoada, mais tarde, por Fedro (séc. I a.C.), recebeu de Jean La Fontaine
(1621/1692) a forma final que resistiu ao desgaste do tempo.
Segundo La Fontaine, (1989, p. 39):
Somos a síntese do que há de bom e mal nas criaturas irracionais. As fábulas, portanto, é um quadro onde cada um de nós se acha descrito. O que elas nos apresentam confirma os conhecimentos hauridos em virtude da experiência pelas pessoas idosas e ensina às crianças o que convém que elas saibam. E como estas são recém-chegadas neste mundo, não devemos deixá-las nessa ignorância senão durante o menor tempo possível. Elas têm que saber o que é um leão, o que é uma raposa, e assim por diante, portanto às vezes se compara o homem a um destes animais. Para isto servem as fábulas, pois é delas que provêm as primeiras noções desses fatos.
As fábulas vêm sendo reescritas ao longo dos tempos, o que mostra que sua
moral varia de acordo com a sociedade em que ela é produzida e/ou reproduzida.
Portanto, esta proposta de trabalho se apresenta como motivadora para o
desenvolvimento de estratégias de leitura, por meio do gênero Fábula, como objeto de
ensino e aprendizagem da leitura.
A Leitura da fábula não é somente para estimulo ou incentivo, mas como uma forma
motivadora para o desenvolvimento de capacidades leitoras como a decodificação,
ampliação dos conhecimentos de mundo, compreensão, interpretação, assim como, o
desenvolvimento das habilidades e estratégias de leitura necessárias à compreensão
dos textos (como a antecipação sentidos, ativação de conhecimentos prévios,
localização de informações explicitas, elaboração de inferências, apreensões do
sentido global do texto, reconhecimento do tema, estabelecimento de relações
intertextuais dentre outras).
Solé ( 1998) explica que a leitura é um dos meios de o indivíduo manter-se
informado e aprender em todas as esferas do interesse humano. A palavra escrita tem
características que a distinguem de outros meios de informação audiovisual, por sua
flexibilidade e capacidade de transmissão de grande quantidade de informações, de
estimular a imaginação e, especialmente, de ser controlada pelo leitor, sujeito ativo
que processa o texto por meio de suas habilidades de raciocínio, conhecimentos,
experiências e esquemas prévios.
Assim ao ler um texto, além de toda informação obtida, o leitor também
reconhece uma série de expressões linguísticas gramaticalmente dispostas na
superfície textual, promovendo a descoberta de diferentes efeitos de sentido devido ao
uso variado de recursos linguísticos. Além disso, propicia a ampliação do vocabulário,
a partir do contato com textos e obras de referência, assim como, possibilita a
ampliação e reconhecimento de planos enunciativos e da polifonia, identificando as
diferentes vozes no texto, como propõe a Base Nacional Comum Curricular (BNCC,
2015, p.37).
4 METODOLOGIA
O projeto foi implementado no Colégio Estadual Arthur de Azevedo, situado
a Rua Pepino João Batista nº 107, no município de São João do Ivaí, Pr. O trabalho
foi realizado em uma turma do 6º ano do Ensino Fundamental, sendo ministradas
cinco aulas semanais, uma turma com vinte e três alunos, sendo estes pertencentes
à zona rural e à zona urbana. O trabalho foi desenvolvido com base no modelo de
Sequência Didática do gênero Fábula com o intuito de desenvolver as capacidades
de leitura. Foram selecionados um conjunto de textos do gênero Fábula, leituras e
atividades relacionadas às metodologias de elaboração de uma Sequência Didática.
Também foram coletados dados evidenciados pelo uso da Sequência Didática.
Assim, organizamos as aulas de acordo com a sequência de atividades
propostas para cada oficina como demonstra o quadro a seguir:
Quadro 1: Oficinas de leitura desenvolvidas
OFICINAS O QUE FOI TRABALHADO
ESTRATÉGIAS DE LEITURA
CONTEÚDO EM FOCO
Oficina 1: Apresentação do projeto e diagnóstico
Diagnóstico do conhecimento que os alunos têm sobre o gênero Fábula.
Roda de leitura: ativar conhecimentos prévios e
Leitura de diferentes Fábulas
apreender sentidos globais do texto.
Oficina 2: Leitura e produção textual.
Leitura e produção de texto. Apresentação de duas gravuras de animais para leitura e produção de uma situação interessante.
Antecipar sentidos e inferências.
Leitura de textos imagéticos e transposição para texto verbal.
Oficina 3: Leitura e pesquisa a respeito do contextos (histórico e de produção do gênero).
Pesquisa em diferentes sites sobre a vida e obra de alguns fabulistas (contexto histórico e produção do gênero).
Localizar informações explicitas
Apreender os sentidos globais dos textos biográficos e históricos em seu funcionamento em diferentes sites.
Oficina 4: Leitura de texto informativo sobre Fábula.
Leitura e compreensão do texto informativo “ “Você sabe de onde vêm as fábulas”?
Apreender os sentidos globais do texto e localizar informações explicitas.
Elaborar a partir das informações cartazes e organizar apresentação oral.
.Oficina-5: Estrutura do gênero Fábula.
A estrutura do gênero fábula e os elementos que compõem uma
narrativa.
Leitura individual e leitura direcionada para compreensão global do texto e sua organização interna.
Estrutura textual.
Oficina 6: Leitura de diferentes Fábulas.
Leitura de diferentes Fábulas. Leitura e compreensão do gênero. Em grupos, apresentação oral.
Leitura individual e Coletiva: compreensão global do texto.
Leitura e oralidade. Compreensão global do texto.
Oficina 7: A Moral
Leitura da fábula “A tartaruga e a lebre” de Esopo. Reconhecendo o tema.
Ativar conhecimentos prévios e elaborar inferências
Como interpretar a moral da Fábula.
Oficina 8: Comparação de Fábulas.
Ler e analisar a fábula de Esopo. “A raposa e as uvas”. Fazer a comparação com a fábula anterior “A tartaruga e a lebre” produzindo uma moral para as fábulas.
Ativar conhecimentos prévios e estabelecer relações de intertextualidade.
Estabelecer relações intertextuais para reflexões relativas às temáticas tratadas no texto.
Oficina 9: Elementos que compõem a narrativa.
Elementos da narrativa na fábula “O leão e o rato” de La FontaineCom atividades de compreensão e interpretação.
Localizar informações implícitas e explicitas
Interpretação e compreensão dos elementos da narrativa.
Oficina 10: A fábula e suas Compreensão
Reconto de Fábulas.
reescritas em diferentes contextos históricos – Leitura e comparação da fábula “A cigarra e a formiga” de Esopo, a versão de La Fontaine e a versão de Monteiro Lobato – “A formiga boa” e “A formiga e a cigarra” de autor desconhecido.
global dos textos; estabelecer relações de intertextualidade; elaborar inferências; ampliação do repertório textual.
As Fábulas em diferentes versões textuais.
Oficina 11: A Fábula versão poema.
Fábulas em forma de poema.
Apreender os sentidos globais dos textos em diferentes planos enunciativos; apreender o sentido global do texto; inferências.
Diferenças entre prosa e verso.
Oficina 12: Lendo e descobrindo.
Fábulas em História em Quadrinhos. Ler a fábula de La Fontaine. “A raposa e a Cegonha” e reescrever em forma de história em quadrinhos.
Apreender os sentidos globais dos textos em diferentes planos enunciativos; apreender o sentido global do texto; inferências.
Comparação entre conteúdo e forma.
Oficina 13: Leitura e interpretação.
Leitura e interpretação da fábula “A galinha dos ovos de ouro” de Monteiro Lobato. Ilustrar a fábula expor no mural.
Antecipar sentidos; ativar conhecimentos prévios; elaborar inferências; apreender sentido global para o texto; reconhecer o tema e estabelecer relações intertextuais.
Leitura e interpretação textual transposta para texto imagético.
Oficina 14: Leitura e análise.
Leitura e análise da fábula de Monteiro Lobato “A coruja e a águia” e a fábula “O gato e a barata” de Millôr Fernandes.
Compreensão de textos considerando-se os efeitos de sentido provocados pelo uso de recurso linguístico; reflexões sobre as temáticas tratadas nos textos.
Leitura e análise textual.
Oficina 15: Características de diferentes Fábulas.
As características das diferentes fábulas “A rã e o boi” de Millôr Fernandes e “A rã e o boi” de Fredo..
Apreender os sentidos globais do texto; estabelecer relações intertextuais; reconhecer diferentes planos enunciativos;
Atribuir as características a diferentes Fábulas.
elaborar inferências; estabelecer relações intertextuais.
Oficina 16: Leitura, compreensão e interpretação de diferentes textos de um mesmo gênero.
Ler, compreender e analisar as fábulas “O lobo e o cordeiro”de Millôr Fernandes e “Assembleia dos ratos” de Monteiro Lobato. Estudo do vocabulário e análise das expressões.
Leitura coletiva e individual. Reconhecer temas; apreender os sentidos globais dos textos; refletir sobre as temáticas; estabelecer relações intertextuais; reconhecimento de diferentes planos enunciativos.
Leitura e compreensão textual.
Oficina 17: Produção de texto
Produzir uma fábula a partir dos aspectos estudados ao longo das oficinas, proposta por ilustrações de animais. ( máscaras diversas)
Interpretar a proposta para a produção textual, inferindo sobre os aspectos solicitados e os já estudados; estabelecendo relações intergenéricas, temáticas, discursivas.
Leitura - Produção de uma Fábula.
Fonte: Projeto de Implementação PDE
No processo de ensino e de aprendizagem e para o trabalho com o gênero
Fábula em sala de aula, a opção pela sequência didática foi feita, pois é um
procedimento encadeado de passos, ou etapas ligadas entre si para tornar mais
eficiente o processo de aprendizado. O trabalho foi desenvolvido em dezessete
oficinas, somando um total de trinta e duas horas.
Quadro 2: Encaminhamento metodológico
ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO DAS OFICINAS
Oficina 1
As atividades iniciaram com apresentação inicial, expondo aos alunos de maneira detalhada as atividades que seriam realizadas, o gênero textual a ser trabalhado, como também, a ordem da sequência didática proposta e a carga horária estabelecida. Diagnóstico do conhecimento dos alunos sobre o gênero fábula e veículos onde os textos circulam. Passeio ao lago, roda de leitura, leituras de diferentes fábulas, contando e recontando as fábulas, discutindo e interagindo. Os alunos leram/ contaram e recontaram as fábulas, interagindo uns com os outros e com as atividades propostas.
Oficina 2
Apresentação de imagens (máscaras) de animais para escreverem uma situação interessante. Análise dos textos pelo professor, observando o nível dos alunos, dificuldades e deficiências para o desenvolvimento do trabalho. Neste
momento a leitura foi encaminhada apresentando as imagens e os alunos mostraram-se bem eufóricos, querendo falar sobre as gravuras e ler as Fábulas referentes às máscaras, foi difícil para escolher apenas dois animais. Produziram os textos os quais estão aqui expostos, como produção inicial.
Oficina 3
Pesquisa e leitura em diferentes sites para compreensão do contexto histórico das fábulas. Vida e obra de alguns fabulistas. Respondendo as atividades orais e escritas. Elaboração de uma apresentação no Power point com os alunos, apresentação à turma e exposição no mural. Os alunos foram conduzidos ao laboratório de informática, realizando a leitura e a pesquisa nos sites, sendo orientados pela professora.
Oficina 4
Leitura e compreensão do texto informativo sobre as fábulas “ Você sabe de onde vêm as fábulas”? Dialogando com os colegas sobre o texto estudado e em grupo, elaborando alguns cartazes com informações tiradas do texto sobre o gênero fábula e apresentando a outra turma do sexto ano. Os cartazes foram expostos no pátio da escola. Realização das atividades.
Oficina 5
Compreendendo a estrutura do gênero fábula e os elementos que compõem uma narrativa para maior interesse a leitura. Lendo e interagindo com uma coletânea de Fábulas selecionadas, sendo a leitura individual e em grupo.
Oficina 6
Leitura de diferentes fábulas, divididas em grupos. Apresentação dos grupos (contar, dramatizar, desenhar). A turma foi dividida em grupos, e para cada grupo foi dado uma Fábula para leitura, compreensão e discussão. Após este trabalho, os alunos se organizaram e cada grupo apresentou para a sala sua Fábula, podendo ser contada, dramatizada ou desenhada.
Oficina 7
Leitura da fábula “A tartaruga e a lebre” de Esopo. Atividade: reconhecendo o gênero fábula. Leitura individual conduzida pela professora com questionamentos: Qual o título, o que você observa de interessante em relação ao título da fábula? Autor, como a fábula é contada? Quem são as personagens? Quais as características dos animais? Podemos associá-las a algum comportamento humano?
Oficina 8
Leitura e análise da fábula de Esopo. “A raposa e as uvas”. Fazendo a comparação com a fábula anterior “A tartaruga e a lebre” produzindo uma moral para as fábulas. A leitura foi conduzida fazendo comparações entre as duas Fábulas sobre o questionamento da professora.
Oficina 9
Elementos da narrativa – Fixando o conhecimento lendo a fábula “O leão e o rato” de La Fontaine, e resolvendo as atividades referentes ao tema. A leitura foi encaminhada, organizando os alunos em círculo e lendo parágrafos por parágrafos, comentando e respondendo questões feitas pela professora.
Oficina 10
A fábula e suas reescritas em diferentes contextos históricos – Leitura e comparação da fábula “A cigarra e a formiga” de Esopo, a versão de La Fontaine e a versão de Monteiro Lobato – “A formiga boa” e “A formiga e a cigarra” de autor desconhecido.Reescrita de uma fábula. Os alunos receberam os textos impressos para executar a leitura e a pesquisa. A leitura foi realizada em voz alta pelos alunos e a professora foi comparando e apresentando as
diferenças. .
Oficina 11
Fábulas em forma de poema – Lendo, observando a diferença entre as fábulas e elaborando uma música (paródia, hap, funk...). Apresentação para a turma. Os alunos foram organizados em dupla e reescreveram uma versão da Fábula e depois leram para a turma. A turma elegeu a melhor reescrita e depois ilustraram e fixaram no painel da sala.
Oficina 12
Lendo e descobrindo – Fábulas em História em Quadrinhos. Ler a fábula de La Fontaine. “A raposa e a Cegonha” e reescrever em forma de história em quadrinhos. Os alunos foram organizados em grupos e distribuido os textos para leitura, em seguida cada grupo escolheu uma Fábula, leu e comentou sobre ela para a turma, na sequência o grupo reescreveu-a em forma de história em quadrinhos.
Oficina 13
Leitura e interpretação da fábula “A galinha dos ovos de ouro” de Monteiro Lobato. Ilustraram a fábula e expuseram no mural. Após a leitura feita por um aluno, a professora questiona: Quem são as personagens do texto? Como agem? O que representa esses “ovos de ouro” na história? Por que os donos da galinha resolveram matá-la? Qual o sentimento que levou João a sacrificar a galinha? Como você agiria no lugar de João? Por quê? Explique com suas
palavras a moral da Fábula.
Oficina 14
Leitura e análise da fábula de Monteiro Lobato “A coruja e a águia” e a fábula “O gato e a barata” de Millôr Fernandes. A leitura foi realizada pelos alunos, tendo como foco a atitude das personagens das Fábulas lidas. Analisando a atitude e o comportamento delas diante das diversas situações.
Oficina 15
Lendo e compreendendo as Fábulas, analisando as características referentes às fábulas “A rã e o boi” de Millôr Fernandes e “A rã e o boi” de Fredo. As Fábulas foram apresentas no data show. A professora foi lendo e discutindo com os alunos sobre as personagens, tempo, espaço, moral da história e as características específicas de cada uma. Relacionando e interagindo as histórias com a realidade dos alunos.
Oficina 16
Lendo, compreendendo e analisando as diferenças entre as fábulas “O lobo e o cordeiro” de Millôr Fernandes e “Assembleia dos ratos” de Monteiro Lobato. Comparando a moral das duas fábulas e comentando o que compreendeu.
Oficina 17
Produção final – Produção de uma fábula seguindo as características do gênero, a partir da seguinte proposta. Foi organizada uma lista de animais, caracterizando-os de acordo com a natureza própria de cada um. Depois os alunos escolheram os bichos e as características que fariam parte de sua história, usaram a criatividade para produzi-las. A moral foi acrescentada ao final.
Fonte: Projeto de intervenção pedagógica
O professor PDE conduziu a aplicação do projeto, contextualizando e
dialogando com as disciplinas afins, contando com o suporte da Produção Didático-
Pedagógica, a qual norteou todo o trabalho do professor no decorrer da
implementação do projeto.
As atividades foram direcionadas com o objetivo de desenvolver as
capacidades de leitura e provocar mudanças significativas, despertar o espírito
criativo, reflexivo e desenvolver o conhecimento, tanto na leitura/literatura quanto na
escrita, de forma reflexiva, crítica e autônoma.
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Como já dissemos, este projeto foi pensado e elaborado tendo em vista o
desenvolvimento de capacidades leitoras. Todo trabalho foi realizado baseando-se
na proposta de Sequência Didática (DOLZ, NOVERRAZ e.SCHNEUWLY, 2004) com
intuito de trabalhar estratégias de leitura para alunos dos 6º Anos do Ensino
Fundamental, por meio do gênero textual Fábula, e pela a oportunidade apresentada
pelo Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), em desenvolver o projeto.
O quadro a seguir apresenta de modo genérico, uma síntese dos
conhecimentos relacionados ao gênero apresentados pela turma, detectados
durante o diagnóstico e no decorrer das oficinas.
Quadro 3: Síntese das atividades e resultados
CONHECIMENTO DOS ASPECTOS E CARACTERÍSTICAS
REFERENTES AO GÊNERO TEXTUAL FÁBULA
CONHECIMENTO DOS ALUNOS
Nenhum Poucos Vários Todos
Conheciam o gênero fábula?
x
Conhecem aspectos relacionados aos contextos histórico, de produção e circulação do gênero?
x
Sabem os aspectos relacionados ao contexto de produção (quem produz, para quem, qual objetivo, etc.)
x
Dominam os elementos da narrativa?
x
(Re)conhecem a estrutura do gênero?
x
Conseguem estabelecer relação intertextual?
x
Conseguem estabelecer relação intergenérica?
x
Compreendem o enredo?
x
Interpretam com facilidade a moral?
x
Leem com fluência
x
Compreendem a intencionalidade do texto?
x
Posicionam-se argumentativamente?
x
Reconhecem palavras e expressões?
x
Utilizam os recursos do texto?
x
Analisam as características do texto ?
x
Compreendem as diferenças das Fábulas?
x
Entendem o estilo do texto ?
x
Compreende o texto para reescrevê-lo ?
x
Fonte: Arquivo pessoal da professora
Para mensurar os efeitos da leitura em relação ao conhecimento do gênero
Fábula e os efeitos provocados nos alunos, propomos a produção do gênero ao final da
implementação do projeto pedagógico.
Imagem 1: 1ª Produção da aluna nº 19 do 6º ano.
Fonte: Arquivo de sala de aula Transcrição da imagem 1
Imagem 2: 2ª Produção
O cão e a gata
Um dia a gata estava dormindo na varanda de sua
casa, encima de uma aumofada.
Derrepente ouviu o barullio de um cão latindo muito
bravo ela foi ver e viu que ele estava correndo atráz
de uma galinha a galinha ficou furiosa e pulou encima
da gata, a gata ficou dezesperada e subiu numa
arvore. O cachorro ficou enbaixo latindo porque
queria pegar a gata. A gata ficou encima da arvore até
escurecer, o cão foi embora e a gata deceu da arvore
tranquila.
Moral da história: Nunca fique latindo para os
outros.
A borboleta e a abelha
Num jardim cheio de flores havia margaridas, cravos, rosas e muitas outras flores, de um
lado do jardim havia uma borboleta e do outro uma abelha. Um dia a borboleta saiu de casa e
foi dar uma volta e quando ela se cansou decidiu parar em umas das rosas que tinha no jardim,
quando ela estava quase pousando a abelha perguntou:
_ O que você esta fazendo aqui?
_ Eu estava passando por aqui e decidi parar para descansar.
_ Nas minha rosas?
_ Essas rosas não são suas!
_ São sim, eu venho cuidar delas todos os dias.
_ Mas, se não fosse eu nem teríamos um jardim tão lindo!
_ Como assim, sou a abelha que polonizo cada uma delas e é por isso que temos tantas
flores linda no jardim! Ah! Mas sou eu que deixo o jardim bonito com minha beleza.
Então a abelha disse:
_ Juntas podemos transformar esse jardim cada vez mais bonito e cheio de rosas e assim
podemos viver juntas neste jardim tão grande!
Assim a borboleta aceitou a condição da abelha e viveram felizes na quele imenso jardim!
Moral da história
Podemos ser diferentes um do outro, mas temos que lembrar que vivemos em comunidade e
devemos pensar que se nos ajudarmos viveremos sempre em paz uns com os outros.
Transcrição imagem 2
As imagens são apenas uma mostra de como os alunos evoluíram mediante
as leituras realizadas e as atividades propostas. No quadro 4, apresentamos como
os alunos em geral desenvolveram as atividades iniciais e finais do gênero:
Quadro 4: Produção inicial e final dos alunos
PRODUÇÃO DO GÊNERO FÁBULA
1ª Produção
23 alunos
2ª Produção
23 alunos
ELEMENTOS DO GÊNERO PRESENTES NA PRODUÇÃO
Número de alunos
Número de alunos
Soube posicionar-se adequadamente em relação à produção? 06 19
O título condiz com o enredo e personagens? 08 19
Os elementos referentes aos tempos e modos verbais são coerentes? 09 20
Usou poucos personagens? 15 16
Os personagens são animais? 23 23
Há uma moral? 12 21
Tratou de valores morais e sociais? 10 18
Há uma sequência lógica de acontecimentos? 12 21
O texto está bem estruturado? 08 20
Há intertextualidade no texto? 08 20
O texto apresenta coerência? 09 21
Usa recursos textuais como coesão? 09 18
Apresenta dificuldades linguísticas? 10 19
Usa adequadamente as palavras e expressões? 10 20
Fonte: Textos produzidos pelos alunos
Conforme se pode observar houve grande progresso em relação à primeira e
à última produção em todos os aspectos analisados. Na produção inicial, os alunos
apresentaram muitas dificuldades em produzir o texto, mesmo sendo orientados
pelo professor, percebeu-se certa inibição para produzir, não sabendo posicionar-se
adequadamente em relação à produção, tendo dificuldades de encontrar um título
condizente com o enredo e personagens como também desenvolver o próprio
enredo. Mesmo os mais criativos, ficavam inseguros em apresentar suas ideias,
demonstrando insegurança em escrever. Com isso, para obterem os resultados da
primeira produção, houve grande incentivo do professor, para que o trabalho fosse
concluído.
Para a produção final, a atitude dos alunos foi bem diferente, estavam mais
soltos, mais confiantes e seguros, agiam espontaneamente com a atividade
proposta, querendo fazer, produzir, e interagir com os colegas. Mesmo os alunos
com maior dificuldade não tiveram inibição para escrever, produziram seus textos de
forma autônoma e seguros de seu conhecimento. O gênero escolhido, as fábulas
selecionadas, as sugestões de leituras, a estratégia de ação, o modo de avaliação,
foi uma maneira eficiente para aguçar a leitura, pois o trabalho foi tomando forma e
os alunos diante das atividades diversificadas, tanto orais como escritas, foram
desenvolvendo suas capacidades. Houve muita participação, relato e discussão no
decorrer das leituras. Os ensinamentos apresentados pelas fábulas propiciaram isto.
As experiências, os resultados obtidos no decorrer da implementação, as ações
realizadas e as várias sugestões discutidas contribuíram muito para o
enriquecimento do trabalho.
Durante a compreensão da moral presente em cada fábula, era feito um
paralelo com a realidade, fazendo os alunos a refletirem sobre os problemas das
personagens com as dificuldades do cotidiano e os problemas sociais existentes.
As Atividades foram realizadas de forma muito interativa. Os alunos
mostraram-se muito receptivos a envolvidos na realização das atividades propostas,
as aulas sempre muito produtivas e realizadas com êxito. Os alunos discutiam
expondo que era preciso tentar melhorar a leitura, buscando cada um fazer a sua
parte, pois compreenderam a importância da leitura.
É preciso pensar que para muitos alunos, a escola é o único local que
oferece a leitura, um local privilegiado, em que a leitura de textos literários tem lugar
privilegiado. Dessa forma, a escola deve propiciar meios para a formação de um
aluno leitor, produtor e conhecedor dos mecanismos implicados na comunicação.
Durante as duas produções, tanto a inicial como a final, os alunos
expressaram interesse em aprender. As contribuições foram muitas, participaram
acompanhando as atividades propostas interagindo o tempo todo.
O gênero abordado veio ao encontro das necessidades tanto individuais
quanto da turma, pois conheceram um pouco mais sobre as fábulas, principalmente
no que tange a história em si e a moral presente em cada uma. Além disso, como
podemos observar nas imagens 1 e 2, houve um desenvolvimento considerável em
relação à escrita, assim como, a adequação das características pertinentes ao
gênero, como ficou explicito na imagem 2, no texto produzido por uma mesma aluna
no início e ao final da Sequência Didática.
Pode-se perceber o quanto é interessante trabalhar com um gênero que
chama a atenção, pois as fábulas selecionadas, mesmo apresentando histórias às
vezes tristes, retratam também o que acontece a nossa volta, mostrando a realidade
que realmente faz a diferença, não ensinando apenas conteúdo, mas também
valores.
As fábulas selecionadas foram planejadas de forma a cursarem um caminho
de aprendizado diferenciado com estudos, análises, dramatizações, debates e
produção e isso, contribuiu muito para o desempenho do trabalho. As atividades e
ações propostas foram extremamente relevantes para o enriquecimento da prática,
visto que as fábulas são acessíveis e aproximaram os alunos da leitura. Falar sobre
os autores, suas características, fazer debate, leitura, dar abertura para os alunos
exporem suas experiências foi sem dúvidas momentos especiais para o ensino e a
aprendizagem da turma, Com isso, o próprio aluno foi sentindo a necessidade de
buscar mais através de pesquisas e leituras. As atividades propostas, além de
pertinentes ao tema, foram práticas e dinâmicas.
Nessa construção, os alunos também foram orientados sobre valores,
direitos e deveres, pois leram e pesquisaram sobre diversas situações, tendo noção
de justiça e injustiça. Os alunos deixaram claro que as atividades e a escolha do
gênero desenvolvido no projeto proporcionaram a oportunidade de refletir sobre as
experiências vividas e mudanças de atitudes quanto à importância de ler.
Toda a interação referente à implementação do projeto foi de muita
importância, porém, o fato do projeto ser aplicado no final do ano foi um fator
negativo, mesmo demonstrando preocupação com a aprendizagem, poderiam ter
produzido mais se não fosse o tribulado período pós-greve. A produção final da
fábula concluiu o trabalho de modo expressivo, pois propiciou ao aluno expor tudo o
que aprendeu, oportunizando a ele descobrir o mundo da leitura que sensibiliza,
emociona e que envolve o leitor a buscar sempre mais.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse artigo sintetiza o trabalho realizado a partir dos estudos e orientações
ofertadas pelo Programa de Desenvolvimento Educacional - PDE, que busca
proporcionar ensino de qualidade para a Educação Pública do Paraná. Ao
elaborarmos uma Sequência Didática do gênero Fábula objetivamos desenvolver as
capacidades leitoras dos alunos de um 6º ano, por meio de diferentes estratégias de
leitura e diferentes recursos e materiais.
A implementação de diferentes estratégias de leitura contribuiu para o
posicionamento reflexivo e critico sobre o gênero e sobre os textos propiciando a
capacidade de avaliar os problemas, os conflitos, apresentar soluções, o que permite
uma transposição para os contextos atuais, de acordo com a sociedade e o tempo
que vivemos.
O trabalho didático-pedagógico a partir do gênero Fábula promoveu a
inserção do aluno no processo de ensino e aprendizagem, não permitindo que as
atividades desenvolvidas sejam meras obrigações a serem cumpridas. A motivação
dos alunos para realizar as tarefas propostas, evidenciam o envolvimento e a prática
da leitura, participação oral e escrita.
O trabalho realizado foi sem duvidas produtivo, pois possibilitou maior
incentivo à leitura, o enriquecimento do saber, bem como o aprimoramento do
conhecimento por meio do uso das tecnologias, mudanças de atitudes significativas
em relação às atividades a serem desenvolvidas e atitudes mais conscientes
voltadas à leitura e à pesquisa.
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