Panorama Legal Direito Educscional-Vol5

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    3Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    O Instituto de Pesquisa Gianelli Martinsnasceu da necessidade de estudosocados nas atividades temticas da equipeGianelli Martins Advogados, bem como donteresse dos prossionais em disseminaros conhecimentos adquiridos e incentivar edivulgar a produo intelectual.Por meio de seus membros e apoiadores, onstituto de Pesquisa Gianelli Martins buscadilogo, questionamento e amplo debate,com fundamento nas questes mais atuaise relevantes ligados s Cincias Jurdicas eSociais.

    Apresentao

    NossosObjetivos Promover, coordenar

    e participar de aesinstitucionais, incluindoexecuo de eventos,

    cursos, seminrios, palestras,congressos, encontroscientcos, organizaes deestudo de trabalho;Fomentar a produointelectual, a publicaode livros, artigos, trabalhosacadmicos e prossionais,

    bem como a constituio de projetosculturais ligados s Cincias Jurdicase Sociais;Conceber, administrar e realizar

    procedimentos de seleo deprossionais na rea pblica e privada,desde a elaborao de editais, bancas,provas, scalizao, assim como asdemais atividades inerentes a essesprocedimentos;Realizar, promover, elaborar ouadministrar, aps o reconhecimento

    do MEC, ou, antes desse, emconjunto com entidades reconhecidaspelo MEC, cursos de graduao, eextenso, especializao e outras

    atividades acadmicas relevantes;Promover atividades de consultoriaacadmica e cientca, bem comoexecuo de servios tcnicosprossionais especializados, comprossionais de notria especializaoreconhecidos no meio prossional eacadmico.

    Diretoria ExecutivaPresidente: Dr. Dcio Gianelli Martins1 Vice-presidente: Dra Luciana Farias

    2 Vice-presidente: Dr. Daniel Radici JungCoordenador Acadmico: Prof. Dr. Pedro Henrique Poli de Figueiredo

    Expediente

    Se a Educao sozinha no transforma a sociedade, sem ela

    tampouco a sociedade muda

    Paulo Freire

    A mudana social to almejada em tempos de acirradosquestionamentos de valores polticos e humanos somente servivel se construda com base na educao.Educar capacitar para pensar, criar novas oportunidades. combustvel para o desenvolvimento de qualquer nao.Nesta edio, a Panorama Legal traz a temtica do DireitoEducacional e dos temas que orbitam em seu entorno, todosrelacionados educao e seus desdobramentos sociais.O dever fundamental de educar, a urgncia da educao, arelao professor-aluno, bullying e responsabilidade das escolas,educao distncia, qualidade da educao: temas presentesnos artigos e anlises de nossos autores, de grande relevncia realidade enfrentada no sistema educacional brasileiro.A incluso social e as diculdades de quem, mesmo no tendoas mesmas condies da maioria, supera obstculos estopresentes em matria especial, entrevista e depoimento.

    O contedo desta edio, em especial, vem associado ao II IEncontro Nacional de Controle e Gesto Pblica nfase emEducao.Acreditamos em aes que incentivem o pensar reexivo e atomada de atitudes capazes de mudar a sociedade para melhor e a educao passa sempre isso.Esperamos que o leitor aproveite esta edio para reetir opresente e o futuro da educao no Brasil, comeando por suaprpria realidade.

    Excelente leitura!

    Luciana Farias1 Vice-Presidente do IPGM

    Coordenadora da Panorama Legal

    Editorial

    A revista Panorama Legal uma publicao semestral do Institutode Pesquisa Gianelli Martins, IPGM - Rua Lopo Gonalves, 555.Cep 90050-350 - Porto Alegre - RS - el: (51) 3519.5355

    Composio da Diretoria

    PresidenteDcio Gianelli Martins

    1aVice-presidenteLuciana Farias

    2oVice-presidenteDaniel Radici Jung

    Coordenador AcadmicoProf. Dr. Pedro Henrique Poli deFigueiredo

    Coordenadora GeralMaria Beatriz de Figueiredo Freiberg

    Conselho Editorial

    Luciana Farias - CoordenadoraDaniel Radici JungDcio Gianelli MartinsDenise Pires FincatoLuiz Paulo Rosek GermanoMaria Beatriz de Figueiredo FreibergPedro henrique Poli de Figueiredo

    Revista Panorama Legal

    Volume 4 - nmero 2

    Produo

    I LOVE POA SOLUES EMCOMUNICAOAv Iguau, 463/304Tel - (51) 3381.0319Porto Alegre - [email protected]

    Jornalista responsvel

    Julia Gus Brofman (Mtb 16709)

    Projeto grco e diagramao

    Diogo de Figueiredo Ucha

    Reviso

    Gabriela Seger de Camargo

    Tiragem e impresso

    1 mil exemplaresGrca ANS

    ISSN 2318-0471

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    5Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Palavra do

    Presidente

    A Constituio Federal assegura a todo cidadoo Direito Fundamental Educao (art. 205 e seguintes).Cabe a cada um (Estado, sociedade e famlia) colaborarpara que este Direito seja efetivado.

    O Direito Educacional visa disciplinar ocomportamento humano educao, s relaes sociaisenvolvidas, compreendendo o conjunto de normas queida com a legislao educacional. A partir da realidadesocial so editadas leis que os operadores do Direito,polticos, professores, alunos, gestores educacionais edemais envolvidos se orientam. Alm da lei tem, tambm,como fonte a jurisprudncia, os costumes, a doutrina e osprincpios.

    Vrios ramos do Direito ilidem sobre a educao,porm possvel identicar o Direito Educacionalorganizando as relaes e balizando as regras dasescolas, faculdades, institutos, centros universitrios euniversidades.

    Os professores e demais prossionais relacionados educao necessitam de habilitao, de constantecapacitao e qualicao. Recentemente foi divulgado pelo Programadas Naes Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ondice do Desenvolvimento Humano Municipal do Brasil(IDHM), alertando para a situao da educao que o pasatravessa, sendo esta, a educao, o principal desao paratodos envolvidos. Muito embora a Carta Magna determinemnimos constitucionais que deveriam ser aplicados naeducao, sabido que estamos aqum do que est aliestabelecido. Trazemos artigos, depoimentos e entrevistaspara fomentar uma reexo sobre o tema, esperandoproporcionar com esta edio da Revista Panorama Legal

    uma pequena contribuio efetivao deste Direito.Somente com uma educao de qualidade que teremosum pas desenvolvido.

    DCIO GIANELLI MARTINSPresidente IPGM

    O dever fundamental de educarDenise Souza Costa

    Clube Social Pertence

    O princpio da precauo como norteador da gestode recursos humanos na educao a distnciaDenise Fincato

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    A urgncia da educaoLucia Ritzel

    A relao professor-alunoLuiz Paulo Rosek Germano

    Justia pela qualidade de educao18Panorama GeralArtigo

    Bullying e a responsabilidade civil das escolasMarcelo Oronoz

    Autonomia Edu

    SUMRIO

    Matria

    Artigo

    Jurisprudncia

    Artigo

    Artigo

    Matria

    32MatriaInstituto de PesquisaGianelli Martins

    25 Educao e inclusoDepoimento34

    AgendaCursos e eventos de2013

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    Dever fundamental deDenise Souza Costa

    Advogada, especialista em Direito Pblico e

    Mestre em Polticas Pblicas pela PUC-RS.Coordenadora do programa de incluso produtivana reciclagem de Porto Alegre. Presidente da

    Comisso de Educao da OAB/RS.

    Na perspectiva do EstadoSocial Democrtico, aconstitucionalizao do direitonos remete necessidade dese construir uma sociedadesolidria capaz de, unida, reduzir

    as desigualdades sociais egarantir a concretizao, namaior medida possvel, dosdireitos fundamentais. Sobesta perspectiva, os deveresfundamentais surgem comoconsequncia lgica desta novaordem jurdica, e a sua concepo apresentada em conexo coma dimenso objetiva dos direitosfundamentais. Esta vinculao

    ntima dos deveres fundamentaiscom a dimenso objetiva dosdireitos fundamentais se verica no

    sentido em que estes representamvalores da comunidade emseu conjunto, os quais devem

    ser respeitados, promovidos eprotegidos pelo Estado e pelasociedade, em uma viso desociedade com responsabilidadecomunitria, que faz dosindivduos seres simultaneamentelivres e responsveis. Estadimenso objetiva, integradaem um Estado Democrtico, daos deveres fundamentais oreconhecimento da participao

    ativa dos cidados na vida pblica,com um contedo de deverjurdico. Este reconhecimentode deveres fundamentais com aparticipao ativa dos cidadosna vida pblica resulta em um

    empenho solidrio de todos natransformao das estruturassociais e, assim, na identicao

    da responsabilidade social noexerccio da liberdade individualque implicar o reconhecimentode deveres jurdicos de respeitopelos valores constitucionais edireitos fundamentais.

    Resumo

    educar

    Palavras-chaves: Dever fundamental, educao, famlia, estado democrtico, direito fundamental

    Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    o desenvolvimento de sua autonomia e a promooda igualdade de oportunidades, as quais representamcondies da preservao da sociedade democrticacontempornea. Logo, o direito fundamental educao,em relao famlia, atua simultaneamente como direitoe dever fundamental. Na dimenso objetiva, reconhece-se, ainda, o deverde solidariedade que se projeta a partir do direito fundamental educao, gerando uma obrigao de tutela por parte doEstado e da famlia (ou responsvel pelo menor), visto queso explicitaes de valores comunitrios e no se limitamao direito interveno prestadora do Estado, nem sequer exigncia do respeito por um bem prprio (individual),

    i m p l i c a n d od i r e t a m e n t ecom o tipo decompor tamentode todos osindivduos esendo exercidoem um quadro de

    reciprocidade e solidariedade.O dever fundamental de garantir o acesso ao

    direito educao um dever social e estaria classicadocomo status positivus, tendo em vista, em parte, quesua efetividade exige da famlia, neste caso, dos pais ouresponsveis, prestaes de coisas e servios, traduzidoscomo a obrigatoriedade de efetivao da matrcula escolare de garantir a frequncia s aulas. Isso ocorre ao referir-se apenas ao mbito escolar, sem adentrar nos deveresmorais e ticos dos pais de educar os lhos.

    Assim como os direitos fundamentais, os deveresfundamentais so posies jurdicas complexas, no sentido

    de conterem deveres da mais diversa natureza. Portanto, odever fundamental em relao educao impe aos paisou responsveis os deveres de manuteno e educaodos lhos, bem como o dever de escolaridade bsica,impondo a este a obrigao de garantir a matrcula do lhomenor8no sistema educacional; de garantir a frequncia na

    Os deveres fundamentais so posies jurdicas dapessoa (em sentido amplo) face ao Estado quegeram obrigaes jurdicas, assim como os direitos

    fundamentais1. Com a instaurao do Estado social,surgem os direitos sociais, direitos de segunda dimensoque passam a exigir uma atuao positiva do Estado paraa sua concretizao e que, por sua vez, geraro os deveressociais a eles conexos e associados2.

    Na Constituio ptria, h vrias refernciasdiretas a deveres fundamentais ao longo de seu texto. Emrelao ao direito fundamental educao, surge o deverfundamental dos pais na educao dos lhos3. Para Nabais,Vieira de Andrade e Sarlet, este o tpico dever fundamentalassociado4, conexoou correlato, poistoma forma a partir dodireito fundamental educao,consagrado no textoc o n s t i t u c i o n a l5 .Assim, quando odever est associado a direitos prestao (como o direito educao), no est em causa a atuao dos indivduos,mas fundamentalmente a atuao dos poderes pblicos.

    O contedo normativo do artigo 205 da CF dispe,de forma expressa, sobre o dever da famlia educao,assim enunciando: a educao, direito de todos e deverdo Estado e da famlia, [...], visando ao pleno exerccio dapessoa, ao seu preparo para o exerccio da cidadania e sua qualicao para o trabalho. O direito universalizao da educao bsica,que tem alta densidade normativa e expressamentereconhecido no texto constitucional como um direito

    subjetivo pblico, constitui tpico direito-dever6, em queos pais ou os responsveis, juntamente com o Estado,tornam-se tambm destinatrios7 das normas do direito educao em face do menor. Note-se que este direito-dever tem dupla natureza, ou seja, a preservao dadignidade do menor, uma vez que a educao promove

    1 NABAIS, Jos Cassalta. O dever de pagar impostos.Coimbra: Almedina, 2004. p. 17.2 Ibidem, p. 52. Os deveres respeitantes ao Estado Social na Alemanha, referidos por Nabais so os deveres de escolaridade obrigatria, de educao dosfilhos por parte dos pais, de cultivo e explorao do solo, entre outros.3 ANDRADE, Jos Carlos Vieira de. Os direitos fundamentais na Constituio Portuguesa de 1976. 3. ed. Coimbra: Almedina. 2004. p. 169.4 Ibidem, p. 162.5 O direito fundamental educao est contido no artigo 6, 205 a 214 da CF.6 ANDRADE, op. cit., p. 1697 CANARIS, Claus Wilhelm. Direitos fundamentais e direito privado. Coimbra: Almedina, 2003. p. 133: Destinatrio das normas sobre direitos fun-damentais so, em princpio, apenas o Estado e os seus rgos, mas no, os sujeitos privados. certo que so possveis excees, como o artigo 6, n 2, dodever dos pais na manuteno e a educao dos filhos (Ibidem, p. 133).

    7

    No se pode negar o aspecto positivo de otexto constitucional estabelecer que toda aeducao bsica obrigatria, o que signifcadizer que materializ-la um dever inarredveldo poder pblico.

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    ART IGO

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    escola; de acompanhar o desempenho do lho na escola; ede muitos outros deveres que viabilizam a fruio e o gozodo direito educao pelo seu titular em seu contedo ealcance9.

    No caso especco de omisso por parte dos paisdo j citado dever de matricular os lhos10, que obrigatrio11conforme norma constitucional, poder mesmo restarcongurado o crime de abandono intelectual12, previsto noartigo 246, do Captulo III, do Cdigo Penal, que trata doscrimes contra a assistncia familiar e dispe que: Deixar,sem justa causa, de prover instruo primria de lhoem idade escolar: Pena deteno, 15 dias a um ms, oumulta. Constatamos, assim, que o descumprimento dosdeveres, acima referidos, pode resultar em sanes penaise administrativas.

    Os dispositivos legais mencionados completam econrmam os ditames, previstospelo texto constitucional, e sejusticam na medida em que ostitulares do direto educao,ainda que gurados comosujeitos ativos na relao jurdico-subjetiva, dependero da atuaode seus pais ou responsveis,para poderem gozar destedireito. Ocorre, porm, que nose pode confundir a titularidadede um direito fundamental com acapacidade jurdica de exercciodeste direito13.

    No contexto dos deveresfundamentais dos pais em educarseus lhos, o verbo dever tem

    que ser compreendido como umato de responsabilidade. Dessa

    Panorama Legal - Volume V - Direito Educacional | Agosto 2013

    forma, o sistema constitucional contempla direitos edeveres que uem do direito fundamental educao.Em relao aos pais ou responsveis, estes, por umlado, possuem o direito de educar os lhos e a liberdadede determinar o gnero de educao a ser dado a eles(fundado nos princpios da dignidade da pessoa humanae da paternidade responsvel); por outro, tm o deverjurdico de promoverem a matrcula do menor no sistemaeducacional, bem como mant-lo frequentando a escola.Este dever fundamental decorre da obrigatoriedade educao, imposta por norma constitucional s crianasde quatro a 17 anos e por dispositivos infraconstitucionaisj referidos. Nesse sentido, quanto ao gnero, os paispossuem a faculdade de optar; quanto educao, nopossuem margem de discricionariedade14.

    8 A obrigatoriedade do ensino bsico, contemplado no inciso I do art. 208, foi ampliada para 14 anos com a edio da EC n 59/09. Consequentemente, caber aospais ou responsveis do menor de 17 anos, garantir-lhe o acesso ao sistema educacional, efetuando a sua matrcula, sob pena de sano.9 SARLE, Ingo Wolfgang. A eficcia dos direitos fundamentais: uma teoria geral dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional.10. ed. rev. atual eampl. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2009. p. 152.10 Quanto ao dever dos pais ou responsveis de matricular s eus filhos na rede escolar, o ECA, no art. 55, impe que: os pais ou responsveis tm a obrigao dematricular seus filhos ou pupilos na rede de ensino.11 Conforme inc. I do art. 208 da CF.12 DIGICOMO, Murillo Jos. Instrumentos jurdicos para garantia do direito educao.In: LIBERAI, Wilson Donizeti (Org.). Direito educao: umaquesto de justia. So Paulo: Malheiros, 2004. p. 327.13 PONES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado do direito privado.Rio de Janeiro: Borsoi, 1954. p. 160. (Parte Geral, v. 1). Como leciona Pontes deMiranda, sujeito de direito o ente que figura ativamente na relao jurdica fundamental ou nas relaes de direito que s o efeitos ulteriores. [...] O ser sujeito titularidade. No se confunde ela com o exerccio do direito, da pretenso, da ao ou da exceo, que pode tocar a outrem, por lei ou por ato jurdico do prpriotitular. s vezes, o sistema jurdico estabelece outro direito e outro exerccio (= por outra pessoa) quando o titular no pode exercer os direitos e o que t eria de osexercer por ele no o pode por algum tempo.14 MALISKA, Marcos Augusto. O direito educao e a Constituio. Porto Alegre: Srgio Antnio Fabris, 2001. p. 159.15 INSIUO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESASICA IBGE. Disponvel em: . Acesso em: 24 out. 2010.

    No mbito da educao bsica, a partir da EC 59de 2009, h obrigatoriedade do Estado de garantir acessoa vagas no sistema educacional para todo o cidadobrasileiro de 4 a 17 anos. Sendo competncia do Municpioa educao infantil e ensino fundamental e do Estado oensino fundamental e mdio. Com a referida alteraoconstitucional, o direito subjetivo pblico educao,contido no art. 208, supe a garantia de acesso educaoinfantil, aos ensinos fundamental e mdio. A questo que secoloca a seguinte: na falta de estabelecimentos ociais,esta alterao constitucional garantir a tutela dessedireito frente ao Estado, ao exigir garantia de vaga emestabelecimentos privados? A obrigatoriedade do ensinodever ser implementada progressivamente at 2016 nostermos do Plano Nacional de Educao, com apoio tcnicoe nanceiro da Unio (dever da famlia em matricularcondicionada ao dever do Estado/administrao de garantirvagas sucientes). No se pode negar o aspecto positivode o texto constitucional estabelecer que toda a educaobsica obrigatria, o que signica dizer que materializ-la um dever inarredvel do poder pblico.

    Consideraes nais

    Esta nova garantia formal ao direito fundamental educao dever aumentar a presso social para que,segundo dados do IBGE15, aproximadamente 1,5 milhode crianas de quatro e cinco anos e 1 milho de jovensde 15 a 17 anos sejam includos na escola. Isso signicaque precisam ser criadas em torno de 2,1 milhes de vagaspara que toda a populao desta faixa etria seja atendidae, a lei, cumprida.

    Diante da realidade das desigualdades sociais queh no pas, apenas punir a famlia por no cumprir estaobrigao no suciente para resolvermos um problemato grave, que a diculdade em se concretizar, comecincia e eccia, o direito fundamental educao,conforme previsto nas normas jurdicas em vigor. Aprpria Constituio enfrenta este problema no artigo 226,concedendo famlia especial proteo do Estado. Poreste motivo, s o modelo de Estado Solidrio, promovendoa unio de esforos de toda a sociedade, ser capazde tornar realidade os direitos fundamentais sociais,priorizando o direito educao. Sendo assim, por meioda educao, podemos desenvolver uma cidadania ativa,na qual o cidado tenha capacidade de usufruir os seusdireitos e assumir as suas responsabilidades. S assimpoderemos ter uma democracia participativa e um pasmais justo e sustentvel.

    Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

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    11Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    MATRIA

    Clube SocialPertence

    Atividades de lazer para jovens com deficincia

    intelectual uma forma diferente de educar.Passeio no shopping, jogos de boliche, sadas arestaurantes e boates so apenas algumas dasatividades promovidas pelo Clube Social Pertence.

    O trabalho realizado por Sarita Zinger e Victor DanielFreiberg reunir jovens e adultos com decincia intelectuale oferecer a eles um convvio social e experimentodaquelas atividades tpicas da faixa etria. Possibilitandoe estimulando a criao de um crculo de amizades e aoportunidade de frequentarem lugares diferentes, fora doconvvio familiar e da rotina.No apenas de lazer que composto o Pertence. Todasas atividades so imbudas de conceitos de educao noformal, trazendo aspectos que fazem a diferena na vidados jovens e trabalhando problemticas que so comuns amuitos integrantes.Conversamos com eles para conhecer mais esse trabalho,indito em Porto Alegre, e extremante feliz e necessrio.

    Como surgiu o Clube Social Pertence?

    Sarita H 13 anos trabalho com jovens com decinciadando aulas particulares para acompanhamento escolar epercebi que sempre que perguntava sobre os seus naisde semana eles respondiam com desnimo. Entendi comopara eles fazia falta a convivncia social com pessoas defora da famlia e que eles identicassem como seus amigos.Ento, comecei a reunir alguns dos meus alunos e levava ogrupo em passeios no shopping ou para fazer um lanche.Nesta poca, eu estava trabalhando junto com o Victorem outro projeto e ele passava, atravs da Faculdadede Educao Fsica, por um estgio com adolescentesdecientes, assim nos juntamos e iniciamos este projeto.

    Qual a estrutura oferecida?

    Victor Nossa principal atividade soos grupos de sadas que acontecemem sbados alternados com at 30participantes. Os jovens so buscados em casa de van neste momento j comea a diverso - e no m do dia, oslevamos de volta para casa. A programao dos encontros bastante diversa, j zemos passeios pela cidade com onibus de turismo e de barco no Guaba, jogamos boliche,fomos ao zoolgico e ao Museu da PUCRS, cinema,

    churrascos, festas no Ocidente e Bar Opinio, entre outros.Buscamos inovar na programao trazendo situaesonde os membros trabalham o seu comportamento, tendoque adequar-se ao ambiente. Mas, o principal fator queas atividades do Pertence representam um dos poucosmomentos em que esto longe da tutela dos pais e tmcerta autonomia, estimulando a autoestima e sensode responsabilidade de cada jovem. impressionanteacompanhar o desenvolvimento provocado pela interaodo grupo e de novas situaes.Sarita Alm dos grupos de sada, tambm fazemosacompanhamento teraputico para suprir demandasindividuais e especcas e encontros do grupo de pais ondeeles falam sobre seus anseios e compartilham experincias.

    Quando minha lha tornou-se uma adolescente, comecei a perceber que seus nais desemana se resumiam ao computador, televiso e cama. Seus passeios eram sempre comadultos (os pais), no tinha amigas para um convvio social. Ento, sentimos a necessidadede buscar algo que ela pudesse se sentir feliz, amada e com muit as amizades e resolvemosincluir ela neste grupo maravilhoso. Achei que a adaptao dela seria mais lenta, mas desdeo primeiro passeio e encontro do grupo fez vrias ami zades. Fica contando os dias para onovo encontro, mantm contato durante todos os dias com seus amigos pelo telefone e viainternet. Hoje seus nais de semana so completos de alegria e felicidade, nos nais desemana que no ocorrem encontros ela acaba combinando algo para preencher o seu dia.Alm de estar muito mais feliz, ela amadureceu, cresceu diante das responsabilidades edesaos que a vida lhe apresenta.

    Rosana Jepsen - me de participante do Pertence

    Com o passar dos anos vamospercebendo que as necessidades denossos lhos vo se modicando eque eles vo crescendo (algo que atassusta...), pois agora comeamos ater algum que argumenta, que pede,

    anal, so adolescentes: me quero irno cinema; onde esto meus amigos?;A prima vai ao show do artista taleu posso ir tambm? P tu no medeixa ir a lugar nenhum...eu quero sairsozinha.Confesso que no meu caso foi muitoassustador e triste ao mesmo tempo,pois onde teria um grupo que eupudesse conar a segurana de minhalha para lev-la aos lugares que elaqueria ir? Ter os amigos que ela tantoqueria?

    Depois de muito procurar e noencontrar nada que me agradasse eque achasse que fosse o ideal paraatender s necessidades da minhalha, recebi por acaso um telefonemada me de uma colega de escola de

    minha lha, me falando sobre o ClubeSocial Pertence. Nossa, pensei, exatamente o que ela est precisando.Marquei ento uma reunio com osresponsveis pelo grupo, falei de todasas minhas ansiedades e inseguranase combinamos que ela iria comeara frequentar o grupo para ver a suaadaptao, e assim aconteceu.Desde o primeiro passeio foi visvela alegria da minha lha. A alegriadela era tanta que s queria saber

    quando seria o prximo passeio e seela iria continuar no grupo. Claro quetudo um processo de adaptao ecom ela no foi diferente, mas com oconhecimento dos prossionais quetrabalham no grupo ela se adaptou

    logo s regras sociais criadas parao grupo. O crescimento dela foi algosurpreendente na famlia, na escola eno dia-a-dia. Considero o Clube SocialPertence a melhor coisa que pode teracontecido a ela. Pois agora possodizer que ela uma adolescente/adulta como qualquer outra, ou seja,que tem as suas necessidades deconvivncia social atendidas.

    Miriam Piber Campos - me departicipante do Pertence

    Depoimentos

    Para saber mais sobre o projeto acessewww.clubesocialpertence.com.br

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    13Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    O princpio da precauo como norteador da

    Aprecauo, no sentido popular, indica sentimentoou medida que o ser humano mdio deve tomarcom o to de evitar a ocorrncia de um risco

    imaginvel, porm no certo. O trabalho humano tempassado por grandes transformaes e, em que pese ostericos ainda apontem que o ambiente escolar, dentreos ambientes de trabalho, o que menos transformaessofreu nos ltimos sculos, de se registrar a revoluoque a educao a distncia tem ocasionado, tantonos aspectos pedaggicos como, principalmente, nosaspectos de gesto de recursos humanos. A partir disso jse pode observar tmidos reexos no Direito do Trabalho.

    O principio da precauo, no sentido jurdico,consolida-se na Declarao do Rio de Janeiro (ECO92), juntamente com os princpios da informao,

    da participao, da preveno e da reparao. Suacompreenso e uso, no entanto, cam normalmenteatrelados necessidade e imperiosidade de controle daambincia laboral para o bem de todos, inclusive parabem prprio.

    O emprego do princpio, conforme aqui proposto,se d no sentido de dupla proteo: ao empregado e aoempregador (eis que ambos, por ora, desconhecem osimpactos trabalhistas da nova forma de ensinar e aprender,desvinculada do ambiente educacional tradicional - opresencial).

    A nova ambincia escolar (virtual) exige acompreenso do ciberespao como ambiente de trabalho.Exige tambm a compreenso dos tempos de trabalho,

    Denise FincatoDiretora de Direito Social da Gianelli Martins Advogados.

    Doutora em Direito pela Universidad de Burgos Espaa(2001). Professora de Novas Tecnologias e Relaesde Trabalho do Programa de Ps-Graduao em Direito

    (Mestrado e Doutorado) da PUCRS. Coordenadora doGrupo de Pesquisas (CNPq, FAPERGS) Novas Tecnologias

    e Relaes de Trabalho.

    ART IGO

    gesto de recursos humanos

    que no se imiscuem nos tempos de descanso e cio,entre outros detalhamentos ainda no enfrentados pelodireito do trabalho e que podem, quando efetivamentenormatizados, causar surpresa e at transtornos sdinmicas j deagradas. Assim, parece apropriada a utilizao do princpioda precauo para nortear as decises na gesto escolarde EAD. Pela lgica dos princpios, ao gestor incumbiriainformar-se sobre o uso e desdobramentos do EAD,especialmente no que tange matria das relaes detrabalho: durao do trabalho, controle do trabalho, padrode remunerao, uso da imagem do empregado, direitosautorais, entre outros.

    Alm de informar-se, incumbe ao gestoracadmico tambm informar o corpo funcional, visando prxima etapa: a participao. Se todos so detentoresde informaes basilares, como as de que os stiosinstitucionais ou e-mails corporativos so meras extenses

    do ambiente fsico escolar e das ferramentas de trabalhotradicionalmente fornecidas pelo empregador, no sepode da falar, por exemplo, em surpresa diante domonitoramento do contedo de tais espaos.

    Da informao e da participao, naturalmente

    viro debates e sero implementadas normatizaesdemocrticas e conjuntas, nas quais os espaos virtuaistero seu uso denido e regras de rotina, visando osdesvios e abusos (indicao de funcionrios moderadores,ltros de contedo, cesso ou pagamento de direitosautorais, negociao de jornadas exveis e/ou extras paraa manuteno de blogs e stios de contedos etc.). Nesteponto, pode-se falar em atingir a preveno como prticade gesto. Para o implemento da prtica prevencionista, osriscos devem ser conhecidos, uma vez que pautados pelaprpria comunidade (Estado, gestores e geridos). O que se prope neste texto, face ao estado emque se encontra o amadurecimento do tema no Brasile em especial na interseco Direito Educacional e

    na educao a distncia

    A velocidade e a liquidez que os canaismiditicos impem como padrode relacionamento humano para osprximos tempos no pode ser tomadacomo modelo para a gesto escolar.

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    15Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Direito do Trabalho, a aplicao daPRECAUO, que encontra lugarnas situaes em que os riscos aindano se encontram perfeitamentemapeados e sequer se tem certezase podem se constituir em efetivosriscos em futuro de mdio e longoprazo (concretizando-se em danos eem dever de reparar).

    A cada dia consolida-se a certeza de que a gestosem observncia das questesprecaucionais e preventivas aventureira e, no raro, leva aonaufrgio do empreendimento.Sucessivas condenaes judiciaise multas por infraes, a qualquer

    ttulo e mesmo que trabalhistas,levam ao excesso na ultima etapa(a da reparao), inviabilizandonanceiramente bem intencionadosprojetos pedaggicos.

    Destarte, o que se recomenda

    neste momento que as instituiesde ensino que partirem para o novomundo da Educao a Distncia, ofaam de forma pautada na precauo,ou seja, buscando reduzir os impactosnegativos das decises empresariaisatravs de posturas negociadas deforma coletiva e, sobretudo, muito bemavaliadas por competente assessoriajurdica.

    A inteno da gestoprecaucional impedir ou, ao menos,reduzir a ocorrncia de futuros danos,quer ao gerido, quer ao prprioestabelecimento gestor. E precauo,via de regra, no combina comaodamento.

    A velocidade e a liquidez queos canais miditicos impem comopadro de relacionamento humanopara os prximos tempos no podeser tomada como modelo para agesto escolar. Decises importantes

    como a disponibilizao de dadossensveis da comunidade escolarna rede mundial de computadoresdevem passar por anlises diversase preparaes das mais variadas,que vo desde a certeza de que osdados no podero ser capturadospor hackers at as mais singelasautorizaes, como por exemplo, deuso de imagem para a divulgao defotograas em blogs escolares. Na gesto precaucional,elimina-se o dano por inocncia ouingenuidade. Todos os atos da gestoso previamente pensados, calculadose os hipotticos e eventuais riscos,eliminados ou reduzidos ao extremo.

    Isto prossionalizao e,sem esta, no h futuro na gestoescolar.

    Referncias BibliogrficasBAUMAN, Zygmunt. Modernidade Lquida.Rio de Janeiro: Zahar, 2001.DE MASI, Domenico. O Futuro do Trabalho. Rio de Janeiro: Jos Olympio, 2001.FRIEDMANN, Tomas L. O Mundo Plano. 3 ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.FINCAO, Denise P. Cartilha do Empregador: Manual Prtico para Pequenos e Grandes Empreendedores da Iniciativa Privada. Porto Alegre:HS, 2012.FINCAO, Denise P. Meio Ambiente Laboral: ferramentas legais brasileiras para a concretizao de um direito humano fundamental. In: GORCZE-VSKI, Clovis. Direitos Humanos e Participao Poltica. Vol. 1. Porto Alegre: Imprensa Livre, 2010. p. 193-217

    H muito debatesobre a extensoda responsabilidade

    dos educandrios em casode bullying. Embora sejadever da instituio de ensinopromover aes no sentidode esclarecer a comunidadeescolar sobre o tema, bemcomo controlar e scalizar aocorrncia de agresses noambiente de ensino, o bom-senso e a razoabilidade devempreponderar na anlise jurdica

    de cada caso.

    Bullyinge aresponsabilidadecivil das escolas.

    JURI SPRUDNCIA

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    17Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Lamentavelmente, no raras vezes as famliasquerem repassar escola o dever da educao de seuslhos, esquecendo-se de que no seio familiar que seformam os alicerces educacionais de qualquer indivduo.O dever de educao, j dizem a Constituio e o ECA, da famlia, da escola, do Estado e de toda a sociedade.Apenas o agir conjunto e em harmonia, com a assuno de

    menta: APELAO CVEL.ESPONSABILIDADE CIVIL. AO DE

    NDENIZAO POR DANOS MORAIS.LEGAO DE BULLYING SOFRIDOOR ALUNO DA REDE DE ENSINOUNICIPAL. RESPONSABILIDADE DONTE PBLICO PELA INCOLUMIDADEOS ALUNOS. CARTER OBJETIVO.

    onsoante entendimento doutrinrio erisprudencial, a responsabilidade civila administrao pblica em razo deanos sofridos por alunos de instituioe ensino independe de culpa, emrtude do dever de incolumidadeo educando que recai sobre o ente

    pblico. Aplicao da teoria daguarda. FATOS CONSTITUTIVOSDO DIREITO DO AUTOR NOCOMPROVADOS. DEVER DEINDENIZAR INEXISTENTE. Notendo a prova dos autos evidenciadosufcientemente a alegao de que

    o autor teria sido vtima de reiterada

    violncia fsica e psicolgica noambiente escolar, denotando a prticade bullying, tampouco a supostaomisso dos professores, diretores

    e demais prossionais ligados

    ao estabelecimento de ensino na

    conduo da situao do aluno,

    descabe responsabilizar-se o ente

    pblico. Relevncia ao princpio daidentidade fsica do juiz, que por estarem contato direto com as partes etestemunhas, encontra-se em melhorescondies de alcanar a verdade real.Sentena de improcedncia confrmada.

    APELAO DESPROVIDA. (Apelao

    Cvel N 70052041993, Dcima CmaraCvel, Tribunal de Justia do RS, Relator:Paulo Roberto Lessa Franz, Julgado em23/05/2013) .

    responsabilidades por cada ente, propiciar a soluo delitgios e um ensino qualicado.

    Felizmente, o Judicirio no tem se deixado levarpor modismos e tem feito uma anlise tcnica sobre oscasos de bullying que batem s suas portas. Observe-se(grifos pelo autor):

    menta: APELAO CVEL. ENSINOARTICULAR. AO INDENIZATRIA.EDIDO DE INDENIZAO POR DANOORAL E MATERIAL. FATO OCORRIDOM ESTABELECIMENTO DE ENSINO.

    BULLYNG. Da anlise das provasarreadas nos autos, constata-se queo restaram preenchidos os requisitosara a confgurao da responsabilidade

    vil. Pelo contrrio, verica-se que

    o educandrio recorrido fez o

    que estava ao seu alcance para

    minimizar o sofrimento do autor e

    para entender de forma contrria,

    deveria a autora ter trazido baila

    elementos que comprovassem a sua

    tese, o que no restou demonstrado

    no feito. DANOS MATERIAISINOCORRENTES. No assisterazo o apelante quanto o pedido de

    indenizao por danos materiais,para no acarretar enriquecimentoilcito, uma vez que no se incumbiude comprovar os danos materiais quesofreu. DESPROVIDO O RECURSODE APELAO. (Apelao Cvel N70051848745, Sexta Cmara Cvel,Tribunal de Justia do RS, Relator:Artur Arnildo Ludwig, Julgado em20/06/2013)

    Em outras palavras, no sepode olvidar que muitos problemas deadaptao do menor na comunidadeescolar muitas vezes tm origem emsuas condies pessoais. Isto nosignica que a escola deva lavaras mos e furtar-se de intervir.Mas isto tambm demonstra que oenvolvimento da famlia fundamental

    Ambos os casosso muito recentes e tratamde ensino particular epblico.

    Como se sabe,para congurao daresponsabilidade civil, necessrio: ao ouomisso humana, dano enexo de causalidade. Sema comprovao desteselementos, carece desuporte a responsabilizaocivil.

    Neste sentido,se o educandrio

    demonstrar no ter sidoomisso na conduo doproblema, desenvolvendo atividadesentre alunos, pais, professores eorientadores educacionais, no sentidode promover a pacicao dasrelaes, no haver motivos para sercondenado.

    isto o que demonstra afundamentao da primeira ementaacima citada, pela qual:

    Advogado, especialista em DireitoCivil e Processo Civil pelo IDC.Ps-graduando no MBA em

    Gesto Estratgica de Negciospela USP. Mestrando em Direito

    Desportivo pela Universidade deLleida, Espanha. Atuante no DireitoEducacional.

    Marcelo Oronoz

    No caso, possvel asseverar que a demandadademonstrou, de maneira satisfatria, que disps detodos os meios necessrios para promover a adequaodo aluno no mbito escolar, a qual simplesmente noocorreu em virtude das condies pessoais do menor.No possvel considerar defeituosa a prestao deum servio educacional, quando a instituio de ensinose cientifca de determinada situao vivenciada por um

    aluno no mbito escolar e busca, de todas as formaspossveis, promover a recuperao do relacionamento

    com os demais colegas e corpo docente, dando toda aorientao profssional e suporte necessrios para que

    venha a apresentar um rendimento satisfatrio, mas oaluno, em razo de suas caractersticas pessoais, noapresenta resposta condizente.

    para a superao das diculdadesdesta criana ou adolescente,muitas vezes tendo de se recorrer aprossionais especializados. Ignorar oproblema sempre a pior opo. Portanto, no h de se falarem falha na prestao do servio se aescola envidar todos seus esforos e,apesar disto, no alcanar a soluodo problema. Infelizmente, a condio

    humana no permitesolues por um teorema ouuma equao matemticae, pensar de maneiradiversa pode resultar emdecises judiciais simplistase injustas, colocando-sesobre os educandrios umacarga de responsabilidadeincompatvel e impossvel de

    ser assumida.Por outro lado,tambm no se pode ignorarque a comprovao daprtica de bullying, muitasvezes velada, no tarefafcil ao agredido. Por isso,

    em se tratando de relaode consumo, em que de umlado est o prestador doservio (escola) e, de outro,o consumidor (aluno), podeocorrer a inverso do nusda prova. Neste caso, aindamais importante torna-se que

    a instituio de ensino demonstre servigilante e precavida das situaesque envolvem violncia escolar (e obullying apenas uma das formas deviolncia).

    Assim, a criao decomisses de combate violnciaescolar, formada por representantesde alunos, pais e docentes, alm deprevenir e combater tais problemasdemonstrar, em eventual casojudicial, que a escola se preocupae pratica medidas educacionaissobre o tema. A promoo depalestras, debates e confernciaspara a comunidade escolar comprossionais especializados, tantona rea mdica, como psicolgica,jurdica e educacional, tambm serevela como prtica muito efetiva

    no esclarecimento de alunos, pais,educadores e, enm, da sociedade, jque esta tambm interessada, poisos agressores e agredidos de hojepodem ser delinquentes de amanh,como estudos tm revelado ocorrerna prtica.

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    19Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Justia pela qualidadeDE EDUCAO

    PANORAMAGERAL

    Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 19

    Em qualquer sociedade do sculo XXI,so inmeras as demandas sociais,econmicas e culturais. Aqui no Brasil no

    diferente. Apesar de muitos progressos, aindatemos enormes desaos pela frente.

    De fato, muito difcil falar em prioridade.Entretanto, no h estratgia mais vigorosa esustentvel para melhorar a vida dos brasileirose elevar o patamar do pas em diversas reasdo que garantir o direito da populao a umaEducao pblica de qualidade. Se h rea capaz

    de ir muito alm de seus resultados diretos, aEducao. Seu impacto na sade, na segurana,no crescimento econmico, na reduo dapobreza e das desigualdades e at na felicidadedas pessoas est consagrado nas mais recentese robustas pesquisas nacionais e internacionais.

    Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

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    21Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Esse entendimento, alis,existe h muito tempo em nosso Pas.H mais de oitenta anos, os Pioneirosda Educao Nova assim abriram seuManifesto de 1932: Na hierarquia dosproblemas nacionais, nenhumsobreleva em importncia egravidade ao da educao.

    Alm de entendermostodos os bons impactos daEducao de qualidade na nossavida, preciso reconhecer quea Educao Bsica um direitoconstitucional e que, portanto,deve-se assumir claramente odever e a responsabilidade defazer com que esse direito sejacumprido.

    Pois bem, ento dequem a responsabilidade pelaEducao? A nossa ConstituioFederal diz que um deverdo Estado e da famlia, com acolaborao da sociedade. AoEstado cabe garantir o direito dosalunos ao acesso, permannciae concluso dos estudos, em sistemapblico gratuito, com equidade equalidade.

    Os trs poderes fazem partedo Estado. Mas o que vem primeiro mente do cidado o Poder Executivo(principalmente o federal). Depois o

    Legislativo e, com sorte, o Judicirio.Mas todos os trs poderes tm odever constitucionalde garantir o direito Educao.

    O Sistemade Justia espao essencialpara garantirmoscondies maisjustas de vida e ded e s e n v o l v i m e n t odos brasileiros e do Brasil. Seusoperadores juzes, promotores,

    defensores pblicos so a chavepara a garantia do direito Educaode qualidade para todos, tanto porse tratar de um direito humanofundamental quanto por ser essencialao exerccio dos demais direitos. Ao lado do Executivo e do

    Legislativo, o Sistema de Justia tem,portanto, a misso contempornea

    de combater o maior erro histricodo nosso pas: o descaso para com

    a Educao. Por sculos, milhesde pessoas tiveram sua realizaopessoal e sua capacidade decontribuir para uma sociedade melhorsacricadas.

    Em recente lanamentodo livro Justia pela qualidade na

    Educao, publicao organizadapelo movimento Todos Pela Educaoe pela Associao Brasileira deMagistrados, Promotores de Justiae Defensores Pblicos da Infncia eJuventude (ABMP), o relator especialdas Naes Unidas para o direito Educao, dr. Kishore Singh, diz,de forma iluminada, que o direito Educao no um ideal ou umaaspirao, mas um direito legalmenteexecutvel. O trabalho da Justia, portanto,deve ser o de garantir que o direito

    Ao lado do Executivo e doLegislativo, o Sistema deJustia tem, portanto, a missocontempornea de combater omaior erro histrico do nossopas: o descaso para com aEducao.

    Panorama Geral

    Educao seja efetivado em suas diversas dimenses,com foco em solues estruturantes, ainda que os pleitosespeccos ou individuais tambm meream ateno. preciso que o mundo jurdico e o educacional se encontreme se articulem com o propsito de elevar a qualidade parao aluno, pois ainda muit o comum que o desconhecimentomtuo leve a decises judiciais que prejudicam a Educaoe aes educacionais fora dos limites legais.Em 2001, o Sistema de Justia se mobilizou em torno daJustia pela Educao, um apoio sem o qual o Brasil noteria dado o grande salto rumo universalizao do EnsinoFundamental, a etapa obrigatria na poca. E isso signicou

    um avano importante: em 2012, chegamos a 98,2% decrianas e jovens de 6 a 14 anos na escola. Porm, sem

    dvida, a mobilizao pela qualidade da Educao a maior necessidade contempornea brasileira, umavez que, mesmo tendo avanado nesse sentido nosltimos anos, esse avano ainda lento. Portanto, a ideia de aproximar mais as duasreas, a da Educao e a do Direito, para buscarajudar o Brasil a dar esse imprescindvel novosalto educacional no signica a judicializaoda Educao. Pelo contrrio, a ideia fazer comque, juntas, essas reas possam se ajudar noentendimento sobre a questo da qualidade, maisespecicamente da garantia da aprendizagem dosalunos, e assim fazer com que a rea educacionalavance de maneira mais acelerada e persistentenos prximos anos. O Executivo, o Legislativo e o Sistema de Justia

    podem juntos estabelecer uma estrutura de aese articulaes necessrias para a obteno deresultados, com responsabilidades bem denidasde cada um dos entes envolvidos, buscando aefetivao do direito Educao de qualidadepara todos. A questo no simples. Existem muitosconsensos na rea educacional, mas tambmmuitas divergncias. No entanto, a aprendizagemdos alunos desde os primeiros anos na escola um consenso e um direito deles que deve serassegurado. Devemos ter em mente que noser qualquer Educao que efetivar os direitosdas crianas e dos jovens, nem garantir asustentabilidade social e econmica do Brasil.

    Priscila CruzDiretora Executiva do movimento

    Todos Pela Educao

    exto publicado no jornal O Estado de So Paulo em 29 de maio de 2013.

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    23Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Lucia RitzelGerente Executiva da FundaoMaurcio Sirotsky Sobrinho

    As bandeiras institucionais so uma tradio parao Grupo RBS, resultado da crena de que, comoempresa de comunicao, tem responsabilidade

    diferenciada com as comunidades onde est presente ecom o desenvolvimento do Brasil. Desse compromissonasceu tambm a Fundao Maurcio Sirotsky Sobrinho,inicialmente Fundao RBS, como um primeiro passo paraaperfeioar o que a RBS j fazia no campo social. Vemdo fundador do grupo, o empresrio Maurcio SirotskySobrinho, a preocupao com a educao de crianas e

    jovens, colocada em prtica por meio de projetos pioneiroscomo Colibri, Gerao 21 e Paternidade Consciente (parasaber mais sobre estes projetos, acesse o site www.fmss.org.br).

    Todas essas iniciativas so implementadaspela RBS, em parceria com a FMSS, como parte deseu Investimento Social Privado (ISP) que, segundodenio do Grupo de Institutos e Fundaes (Gife) aalocao de recursos nanceiros, humanos e materiaisem causas de interesse da sociedade feita de maneira

    Aurgncia da educao

    ART IGO

    voluntria e sistemtica por umainstituio privada. Em resumo, trata-

    se de recurso privado investido emcausa social. O ISP uma frente daResponsabilidade Social Empresarial(RSE) que dene os recursosinvestidos por uma empresa em aessocialmente responsveis ligadasdiretamente ao seu negcio, entreelas tratamento adequado de resduose escolha de fornecedores idneos,para citar dois exemplos. ISP e RSEesto sob um guarda-chuva maior, oda Sustentabilidade, que, por sua vez,prev a atuao integrada dos pilaressocial, nanceiro e ambiental de uma

    organizao. A meno a esses conceitostem o objetivo de diferenciar a bandeiraA Educao Precisa de Respostasde uma campanha publicitria, demarketing ou mesmo institucionaldo Grupo RBS ou seus veculos. Asbandeiras no tm ns comerciaisou mercadolgicos. Elas nascem daobservao atenta de prossionais daempresa sobre as demandas sociaisrecolhidas pelo Comit Editorial e queganham forma em vrias rodadasde discusso com especialistasda academia, de organizaes dasociedade civil edo poder pblico.Na bandeiraCrack, NemPensar, de 2009e 2010, um dosprimeiros alertasnacionais contraa epidemia do crack, a proposta inicialera abordar a violncia nos centrosurbanos. Chegou-se constataode que essa droga, de baixo custoe grande poder de destruio doorganismo, estava por trs docrescimento dos indicadores decriminalidade. Nas ltimas dcadas,alm do crack, foram tratados violnciano trnsito, maus-tratos infantis e

    educao para a cidadania. A campanha A EducaoPrecisa de Respostas comeoua ser gestada em 2011, quando aRBS iniciou um amplo projeto derevitalizao de seu modelo de atuaono campo social. O ponto de partidafoi o olhar sobre a agenda social dopas, particularmente sobre o declniodos indicadores de aprendizado dapopulao em idade escolar e, da, adecorrente urgncia de se promoveruma educao de qualidade. No hcomo conciliar a onda de otimismo em

    A proposta era mostrar que amelhoria da educao exigeolhares plurais e engajamento detoda a sociedade.

    relao ao momento histrico do Brasil,de crescimento e oportunidades, comm gesto dos recursos destinados educao, escolas decadentes,prossionais desiludidos e disputascorporativas cujos resultados apontamnuma s direo: alunos que noaprendem o mnimo necessrio paraque desenvolvam o seu potencial epossam ter uma participao produtivano desenvolvimento do pas. Lanados simultaneamente bandeira, em agosto de 2012, osseis compromissos da RBS coma educao preveem: 1) Divulgar

    temas relacionados ao ensino comfoco prioritrio no interesse dosestudantes; 2) Valorizar a escolacomo centro de saber e espao para odesenvolvimento individual e coletivodos alunos; 3) Dar visibilidade aosindicadores de qualidade da educao,especialmente s avaliaes dasescolas; 4) Defender a valorizaodos prossionais do ensino; 5)

    Mobilizar a sociedade para participarativamente no processo educacional,estimulando os pais a se tornaremagentes scalizadores da qualidade daaprendizagem; 6) Destacar e premiariniciativas inovadoras e positivasde ensino, para que sirvam comoreferncia de qualicao. Tambmem 2012, a FMSS passou a concentrarseu foco de atuao Educaoe Desenvolvimento Comunitrio,implementando e apoiando projetosnestas reas. Em sua primeira fase, em

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    25Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    Para saber mais sobre o projeto:

    www.monstrinhosrbs.com.br

    www.premiorbsdeeducao.com.br

    www.facebook.com/MonstrinhosRBS

    Twitter: @MonstrinhosRBS

    e poder pblico, buscando estimular a implementao depolticas pblicas voltadas para a melhoria da educao.Alm da bandeira, as iniciativas no mbito do ISP daRBS e da FMSS em 2013 incluem a primeira edio doPrmio RBS de Educao Para Entender o Mundo, quereconhecer iniciativas de apoio leitura de professores,

    educadores sociais e pessoas da comunidade. Realizadocom a parceria tcnica do Centro de Estudos e Pesquisasem Educao, Cultura e Ao Comunitria (Cenpec),a premiao tambm uma das formas de colocar emprtica a proposta bsica da mobilizao, ou seja, cada umde ns tem a responsabilidade de contribuir efetivamentena busca de respostas para que nossas crianas e jovenstenham boas escolas e educao de qualidade.

    2012, a bandeira adotou um tom questionador, com oobjetivo de colocar a educao como pauta, conscientizaros pblicos e buscar respostas, estimulando a aoindividual e coletiva. As peas publicitrias (anncios emjornais, televiso, rdio e internet) t raziam seis perguntas,elaboradas com base nas metas da organizao Todospela Educao, respondidaspor professores, educadoressociais, especialistas eempresrios. A propostaera mostrar que a melhoriada educao exige olharesplurais e engajamento detoda a sociedade. Essasperguntas eram trabalhadaseditorialmente por todosos veculos da RBS. Emtrs meses, foram 1,1 milreportagens publicadas,alm de um cadernoespecial distribudo em todas as escolas das redes pblicae privada no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina.A ideia bsica desta bandeira que ela da comunidade,no da RBS ou da FMSS, que atuam como facilitadoras.Todos os materiais e contedos esto disponveisgratuitamente nos endereos da campanha na internet.Parceiros podem se unir no guarda-chuva da mobilizao,desde que respeitados os limites ticos e de ns nocomerciais das iniciativas. Aes de divulgao foramrealizadas nas redes sociais e em eventos nas escolas, comocinas ministradas voluntariamente por colaboradores daRBS, da FMSS e parceiros.

    Para o lanamento do segundo ano da

    mobilizao, com o propsito de engajar as crianas eadolescentes, foram trazidos de volta os Monstrinhos,da campanha O Amor Melhor Herana. Cuide dasCrianas, de 2003. Os cinco personagens (Diabo, MulaSem Cabea, Bicho-Papo, Bruxa Malvada e Boi daCara Preta) so at hoje queridos do pblico e, agora,sero porta-vozes de temas relacionados com o contedobsico da campanha, baseado nas metas do Todos PelaEducao: Toda a Criana na Escola, o Papel dos Paisna Educao, a Valorizao do Professor e do AmbienteEscolar e a Educao Como um Compromisso de Todos.Sero desenvolvidas aes nas trs frentes publicitria,editorial e institucional com recursos prprios e por meiode parcerias. A campanha tambm atua junto a autoridades

    Lanada em agosto

    de 2012, a campanha

    institucional A Educao

    Precisa de Respostas

    uma mobilizao

    liderada pelo Grupo RBS

    e pela Fundao Maurcio

    Sirotsky Sobrinho que tem

    o objetivo de incentivar

    cada cidado do pas

    a buscar formas de

    contribuir efetivamentepara a melhoria da

    qualidade da Educao

    Bsica no Brasil.Lanamento da segunda fase da campanha A Educao Precisa de Respostasdurante o Jornal do Almoo. Foto: Felix Zucco

    Educao eincluso

    Eu ainda me lembro do dia em que escolhi o cursoem que tentaria ingressar na Universidade Federal do RioGrande do Sul. Eu tinha 17 anos e estava no recreio daescola. Peguei a relao dos aproximadamente 60 cursosoferecidos pela UFRGS e fui riscando meus preteridos.Em momento algum considerei o fator de minha decinciacomo requisito para determinar meu curso de preferncia.Se dependesse de minha me, eu teria escolhido Direito:

    ela sempre me dizia que neste curso haveria todos osrecursos necessrios, inclusive me levou a uma bibliotecaonde havia uma seo exclusiva de textos jurdicos emudio.

    Naquela poca eu j tinha baixa viso emdecorrncia de minha degenerao na retina. Baixa viso o termo utilizado para caracterizar as pessoas quepossuem uma viso signicativamente inferior media(acuidade de 30% ou menos), e que no pode ser corrigidacom o uso de lentes. O curso de graduao que escolhi naquele diafoi Engenharia de Materiais. Eu sempre tive facilidadecom cincias exatas, em especial fsica e qumica e,alm disso, a descrio do curso em um caderno sobre

    No sistema normativo brasileiro, o direito educao altamente regulamentado, no entanto, a previso

    formal, por si s, no garantia de sua concretizao. Constatamos diariamente a violao a este direito por ao e

    por omisso do Estado, mesmo 30 anos depois de ter sido consagrado como direito fundamental pela Constituio

    Federal de 1988. Seu reconhecimento expresso est contido na norma do art. 6 e inserido no ttulo da ordem

    social, Captulo III. As normas dos arts. 205 a 208 confirmam a fundamentalidade material e formal do direito

    educao e o seu cunho de direito social. Portanto, possui uma dimenso prestacional, e sua concretizao

    depende da atuao positiva da Administrao Pblica.

    O desafio est exatamente neste ponto: como transformar um direito fundamental de eficcia direta e

    imediata, como o direito fundamental educao, em um direito efetivado?

    O depoimento a seguir revela a dificuldade de se concretizar um direito que tem cunho prestacional como

    o direito educao, e revela a incapacidade da administrao pblica de torn-lo efetivo.

    Denise Souza Costa

    Presidente da Comisso Especial de Educao da OAB/RS

    Rafael no dia da sua Formatura em Engenharia deMateriais na UFRGS - julho de 2009.

    Foto: Arquivo pessoal

    DEPOIMENTO

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    estas disciplinas sem poder compreender as explicaes escritas no distantequadro-negro tornou as aulas pouco producentes.

    Passei a adaptar o material com recursos prprios e auxilio decolegas. No percebia obrigao da universidade em me proporcionaradaptaes, pois eu acreditava na falcia de que a decincia era minha,ento a obrigao era igualmente minha de me adaptar ao ambiente.Demorei muito para descobrir que a decincia no est na minha viso de

    menos de 10%, mas sim na sociedade que no respeita minha diversidade,no proporcionando a mim o que eu deveria ter por direito. Ao contrrio, asociedade exige de mim a normalizao, como se a culpa e responsabilidadeda decincia fossem minhas. Embora no tivesse completa percepo de meus direitos, j tinhaalguma noo do que no poderia ser feito. Foi nas aulas de QumicaExperimental, quando perguntei ao professor que cor a soluo tinha cadoaps eu pingar um indicador cido. Eu sabia todos os pressupostos tericos,havia estudado os fenmenos e sabia explicar o que teria ocorrido se asoluo tivesse cado azul ou rosa, sabia que deciso tomar em cada caso,mas no sabia como reagir ante a resposta do professor: Eu no posso tedizer, pois do contrrio estarei te favorecendo em relao a teus colegas. Eu no sabia a diferena entre igualdade material e igualdadeformal, tampouco conhecia o princpio da isonomia ou a clebre frase de Rui

    cursos universitrios indicava 100%de absoro pelo mercado de trabalhodos engenheiros de materiais recm-formados. Minha decincia visualno era preocupao para mim, poisat ento no lembrava de algo queeu tenha deixado de fazer por contadela.

    Os dias de vestibular foramtimos. Eu havia solicitado em minhainscrio um scal ledor e umaprova com letras ampliadas paraacompanhar, no que conseguisse,a leitura do scal. A universidadeproporcionou tudo o que eu haviasolicitado, realizei a prova em salareservada, acompanhado de doisscais, sendo um deles meu ledor.Alis, minha ledora, que mesesdepois se tornou minha amiga, minhanamorada e hoje minha amadaesposa.

    Passei no vestibular eingressei na universidade maisconcorrida do estado. Porm,diferentemente do concurso vestibular,me deparei com um ambiente

    acadmico que ignorava minhadecincia e minhas necessidades.

    Meu pai havia me alertadoque o sistema na universidade erao MVP ou mtodo de viraoprpria. Porm, no meu caso,isso se mostrava agravado. Sem aconscientizao dos professores e ummaterial adaptado (fontes ampliadasou material digitalizado), eu passeipor grandes diculdades para superaras disciplinas iniciais. Clculo e Fsicaso desaadores para qualquerestudante de engenharia, e cursar

    Rafael com suas colegas do grupoIncluir da UFRGS.

    Foto: Arquivo pessoalApenas no penltimo ano degraduao a universidade telefonou

    para mim oferecendo assistncia

    e passei a conhecer o Programa

    Incluir da UFRGS. Esse programa

    idealizado pelo professor Hugo

    Otto Beyer, a partir de um edital de

    fomento do MEC, passou a equipar

    a universidade com materiais

    destinados a garantir que alunos

    com defcincia tivessem o mesmo

    direito educao que os demais

    alunos.

    Barbosa, mas sabia que algo estava errado. Tive acerteza quando o professor e o regente da disciplinadisseram que eu deveria desistir da graduao emEngenharia de Materiais. Certamente foi um dos dias maistraumticos de minha vida acadmica. Aps umconcurso vestibular totalmente adaptado minhadiversidade, aps ter buscado por meios prpriosme adaptar s disciplinas nada acessveis, apster obtido as maiores notas da turma nas provastericas de Qumica Experimental, dois professoresme dizem que para ser um engenheiro maisimportante contar gotas e diferenciar azul de rosado que dominar os procedimentos de uma marchaanaltica. Contrariando meus mestres, segui nocurso de Engenharia de Materiais. Superei adisciplina com o triplo do estudo necessrio a outroaluno para compensar minhas baixas notas nasprovas prticas com maiores notas nas tericas.Apenas no penltimo ano de graduao auniversidade telefonou para mim oferecendoassistncia e passei a conhecer o ProgramaIncluir da UFRGS. Esse programa idealizado peloprofessor Hugo Otto Beyer, a partir de um edital defomento do MEC, passou a equipar a universidadecom materiais destinados a garantir que alunos comdecincia tivessem o mesmo direito educaoque os demais alunos. Lamentavelmente, ovaloroso professor faleceu em um trgico acidentede coliso area em 2006. Os materiais caramencaixotados por anos, enquanto alunos comoeu buscavam meios prprios para continuar na

    universidade.Passados anos, novos professores

    assumiram o projeto e o colocaram em prtica.O Programa Incluir da UFRGS passou a contarcom diversos alunos bolsistas e equipamentosespalhados pelos campi, com a funo de garantirmateriais adaptados tais como impressesem Braille, materiais digitalizados para uso desintetizadores de voz, auxlio em deslocamentode alunos, intrpretes de Libras, materiais emfontes ampliadas e capacitao de professores eservidores.

    Para mim, foi maravilhoso conhecer oPrograma e ter assim mais segurana de cursar

    minha graduao sem o risco de outro professor decidirsumariamente que eu deveria desistir de buscar meudiploma. Porm, quei desconfortvel com o oferecimentode materiais adaptados, pois j havia internalizado a falsaideia de que a decincia era problema meu e, portanto,era minha obrigao exclusiva buscar maneiras de superaras barreiras impostas pela sociedade. Ainda durante minha graduao, prestei concursopblico para servidor administrativo da UFRGS e fuisurpreendido com minha aprovao e mais ainda comminha lotao junto ao Programa Incluir da UFRGS. Passei,ento, a fazer parte do outro lado do processo: passei dealuno desatendido para aluno atendido e nalmente paraservidor responsvel por garantir que os demais alunos

    com decincia da universidade tivessem o direito que mefoi negado.

    Aps trabalhar no Programa Incluir, passei a vercom maior clareza que o direito educao de todosos alunos, independentemente de decincia, sendoa adequao de materiais um direito do aluno comnecessidades especiais e no seu dever.

    Aprendi, por m, a resposta que quis dar aosprofessores que sugeriram que no poderiam adaptar aprova para mim, alegando favorecimento: basta buscar emum texto de Rui Barbosa, j em 1921, quando escreveu:tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais comigualdade, seria desigualdade agrante, e no igualdadereal.

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    29Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    As instituies de ensino, pblicas e particulares,tm se preocupado no apenas com a qualicaotcnica de seu corpo docente, mas tambm com

    a relao professor-aluno, esse binmio to repetido nosambientes estudantis, porm nem sempre adequadamentecompreendido. inaceitvel, nos dias atuais, que sedespreze o conhecimento e o respeito recproco entre ascomunidades docente e discente, um importantssimo fator satisfao do ensino, atividade primordial na formaoeducacional do cidado.

    O professor, seja ele vinculado a instituies deensino bsico, mdio ou superior, deve estar atento

    premissa de que o ensino no uma via de mo nica,mas uma pista devidamente asfaltada, sem pedgios,onde devem transitar o conhecimento e o respeitoentre os mestres e seus discpulos, sendo ambos osprincipais atores da atividade educacional. Alm de suapermanente qualicao tcnica, o que exige do docenteaperfeioamento, estudo e atualizao cientca, que incluio contedo, a metodologia, os processos de avaliao e oatendimento ao aluno, preciso por parte dos professorespreparo pedaggico e psicolgico, para que bem possamtrabalhar com uma clientela heterognea e diversicadaculturalmente.

    Em todos os ambientes, inclusive no acadmico,especialmente na sala de aula, o professor deve respeitar

    A relao

    a pluralidadecultural, asideologias diversase a identidadede seus alunos,alm das questesrelativas raa,

    ao nvel de conhecimento dos estudantes e a linguagemutilizada por cada qual. Se ignorar tais situaes de fato,o modelo educacional imposto pelo docente estar fadadoao fracasso, tornando-se objeto de severa crtica, alm derevelador de um padro impositivo, autoritrio e prejudicialao processo de ensino e aprendizagem. O professor que for incapaz de dialogar com osalunos deve abandonar a docncia ou, no mnimo, passarpor um processo de reciclagem pessoal e prossional. Oaluno identica no professor um modelo comportamentala ser seguido (ou a ser rechaado), dependendojustamente da maneira como se constri a relao entre

    eles, o que transpe a sala de aula, para alcanaros demais ambientes acadmicos e de ensino,tais como as ferramentas da web, os espaospblicos de conversao, seminrios e palestras,alm de outras orientaes educacionais e deaprendizagem. O aluno seguidamente no reclamado conhecimento de seu professor, mas sim desua inacessibilidade, do quanto distante est dasinquietaes dos estudantes, o que resulta nainsatisfao acadmica e no comprometimento daindispensvel compreenso. O professor que encontra no tablado,felizmente hoje retirado por muitas escolas euniversidades, o palco para sobrepor autoridade

    ART IGO

    em relao aos seus alunos,provavelmente esqueceu-se que,como ser humano e educador,tambm possui defeitos e limites.O docente no deve estar acimaou abaixo de seus aprendizes, masao lado, compartilhando angstiase assistindo queles que acreditamque o ensino possa efetivamente seruma das solues conquista deum mundo melhor, para si e para ahumanidade. Em virtude da diversicaohoje existente, no encontramosapenas jovens no ensino mdio ousuperior. So muitas as oportunidadesoferecidas s pessoas que compema chamada melhor idade, cidadose aposentados que vislumbram achance de estudarem,

    professor-aluno

    concluindo o ensino bsico ou mdio,projetando a realizao de umcurso superior. O professor precisaestar atento a tais situaes, pois,

    normalmente, um aluno no igual aooutro. Quando geraes diferentesse encontram em uma mesma salade aula, o cuidado deve ser aindamaior. Nesse particular, a mxima

    de Rui Barbosa se faz presente:tratar desigualmente os desiguais, namedida de suas desigualdades. Porevidente, no se trata da desigualdadeeconmica, mas da desigualdadetemporal e educacional, resultadode tempos e pocas distintas devivncia e aprendizagem de cadaqual dos estudantes. Nesse sentido,imprescindvel que o professor possacompreender as dificuldades

    dos mais velhos, assistindo-lhes compacincia e ateno. O papel do educador dosculo XXI no o de apenas ensinaros alunos a ler e a escrever o seuprprio nome. tambm o de lhesoferecer uma escolarizao ampla, deincluso social e com mais qualidade.E isso exige dos professores projetoscontnuos e duradouros, e noatividades isoladas, seguidamenteabandonadas em virtude da noobteno de resultados imediatos.Nesse sentido, para alm do ensino,o objetivo do professor deve tambmser o de preparao do aluno para omercado de trabalho, seja naqueleonde ele eventualmente j se encontrainserido, ou de outro, futuro, no qualpretenda o discente engajar-se.

    O professor dos temposatuais no pode ignorar a sua

    importante misso, que suplantaas questes de ensino,

    alcanando a de preparaoe de incluso de seus

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    31Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    alunos no mercado de trabalho e dasociedade organizada. A preocupaocom os alunos no pode car restritaa classes e cadeiras confortveis,instrumentos de audiovisual etc.,no obstante todos saibam o quantotais instrumentos so importantesao ensino de qualidade. Entretanto,

    preciso algo que na verdade at anterior a tais acrscimos deinfraestrutura. indispensvel queo professor assuma perante o alunoresponsabilidades que tambm agoraso suas, e algumas delas repartidascom a famlia.

    Nesse sentido, buscando

    propor uma relao professor-aluno mais saudvel e prximados objetivos educacionais e deensino, reconhecendo-se o mtuocomprometimento que deve existir,conclui-se:

    O professor deve tratar o seu aluno como se este fosse at porque assim o deve ser - a pessoa

    mais importante do mundo. Se no puder faz-lo, que no lecione;

    Assim como uma pessoa no igual a outra, os alunos tambm assim no o so. Compete ao

    docente compreender as virtudes e as decincias de seus discentes, buscando valorizar os aspectos

    positivos e corrigir as falhas.

    A relao professor-aluno uma via de duas mos, onde ambos os que a compe ensinam e aprendem

    mutuamente. O docente que no for capaz de compreender essa nova mecnica educacional, de

    colaborao e cooperao, distante estar do bom ensino e de suas responsabilidades enquanto

    educador;

    A facilidade de acesso ao ensino bsico e mdio, atravs das redes pblicas ou privadas, esta no

    raras vezes subsidiada pelo prprio errio, deve ser comemorada como oportunidade de incluso

    social e de formao educacional . O professor, atento a tal situao, deve preparar-se tecnicamente,

    nclusive sob ponto de vista do aperfeioamento metodolgico de ensino, buscando satisfazer a

    pretenso de seus alunos, que esperam de seu condutor no apenas as lies e o aprendizado, mas

    ambm que lhes seja transmitido o exemplo do prossional e cidado;

    Os cursos de especializao, com nfase nos mestrados e doutorados, devem ser saudados como

    ferramentas de qualicao do docente, mas indispensvel que se reconhea, frente ao aluno,

    que preciso mais do que o conhecimento; preciso saber transmitir todas essas informaes,

    compreendendo as diculdades dos estudantes, socorrendo-os em suas decincias e ajudando-os

    a tornarem-se pessoas melhores em relao a si mesmos;

    A relao professor-aluno no se encontra mais restrita sala de aula. A convivncia entre amboshoje pulverizada em todos os ambientes acadmicos, onde, diante das exigncias e necessidades,

    um servir de suporte tcnico ao outro, para que juntos possam colaborar no processo de ensino e

    de disseminao da informao e do conhecimento.

    Luiz Paulo Rosek GermanoProfessor Universitrio, mestre e doutor em Direito Pblico.Ps-doutor em Democracia e Direitos Humanos na Faculdadede Direito da Universidade de Coimbra. Advogado, scio-

    diretor do Departamento de Direito Pblico da Gianelli MartinsAdvogados.

    Autonomia EduSolues em EducaoAtravs de uma metodologia prpria, o objetivo da Autonomia

    ensinar a aprender.

    Aprender a aprender. Este o foco da AutonomiaEdu Solues em

    Educao, consultoria que ensinaos alunos de Ensino Fundamentale Mdio a aprender a estudarde um maneira mais efetiva pormeio de palestras, ocinas e, atmesmo, msicas. Coordenada pelodoutor em Filosoa pela UFRGS epesquisador Fbio Mendes e peloengenheiro, msico e professorde matemtica Rafael Korman,a Autonomia Edu j atua h doisanos no Rio Grande do Sul etrouxe o seu mtodo para mais de100 escolas pblicas e privadas,alm de publicar cinco livros sobre oassunto. Para vencer a desmotivaodos estudantes, Rafael e Fbioapresentam ferramentas para umaprendizado eciente, que se baseiam

    em dois pilares: mtodo e boaorganizao de horrios. Assim, osjovens formam um hbito de estudo,tem autonomia no aprendizado e um

    resgate em sua autoestima. Alm detornar o estudo produtivo, para queele no tome conta dos horrios delazer. Tambm, o mtodo no abrangesomente os alunos, mas ainda pais,professores e escola.

    Um dos destaques do

    mtodo so as palestras musicadas,em que os especialistas usam umalinguagem prxima dos jovens paraxar o contedo das palestras:

    MATRIA

    porque estudar, como, quando ecom quais mtodos. Trocaram ofunk pela msica sobre mtodos deestudo, destaca Rafael Korman, quej comps mais de 300 msicas queajudam a desenvolver a autonomiados estudantes.

    Para mais informaes, acesse o site:www.autonomiaedu.com.br.

    Dicas para um bom estudo

    MTODO1) Leitura Panormica;2) Marcao e sublinha;3) Fazer a anotao;4) Exerccios de reviso.

    HORRIOEstudo em equilbrio com olazer e o descanso.Comece com poucos horriosna semana (duas vezes, deuma hora e meia cada um).

    LOCALSilencioso, calmo e bem iluminado.Cadeira confortvel.Mesa virada pra parede ou l ivros.Nada de estudar no sof ou nacama.

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    33Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    OInstituto de Pesquisa Gianelli Martins (IPGM) tem comonalidade a qualicao de prossionais nas mais diversasreas, em especial na rea jurdica e de gesto de pessoas.

    Para tanto, busca fomentar a produo intelectual atravs de gruposde estudo e pesquisa, publicaes, eventos, encontros cientcos econsultoria acadmica. Desde o incio deste ano, passou a oferecerum curso de especializao, que vai ao encontro com o objetivo doIPGM de ampliar a atuao na rea de ps-graduao, por meio deparcerias nacionais e internacionais.

    Conhea um pouco do trabalho desenvolvido pelo Instituto.

    nstituto de PesquisaGianelli Martins

    Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    A ideia de dar nfase ao

    controle, gesto e regulaosurgiu da experincia e da observaodas necessidades de aprofundamentoacadmico nesses que so os eixosdo desenvolvimento das atividadesadministrativas e da prestao dosservios pblicos. O controle indispensvelao estado democrtico de direito. Nocurso, diversos aspectos do controle,interno e externo, frente ao Tribunal deContas ou ao Judicirio, so tratados,bem como o papel de instituies,como da advocacia pblica e do

    Atualmente na sua terceira edio, que tem comonfase a educao, o Encontro Nacional sobre Controlee Gesto Pblica rene operadores do Direito, polticos,secretrios, professores, diretores, gestores, assessores,estudantes e demais prossionais para discutirem temasrelevantes no cenrio da Gesto Pblica. Na primeira edio, realizada em 2011, o tema foiControle das Verbas Pblicas, com foco na transparnciadas administraes, dos gastos eleitorais e os desaosque sero enfrentados com a Copa do Mundo. J no anopassado tratou tambm do Controle das Verbas Pblicasabordando a Lei de Acesso s informaes pblicas,controle da gesto pblica, controle do Tribunal de Contasda Unio sobre os programas sociais e de fomento entreoutros. Esses debates estimulam a busca por soluespara a problemtica apresentada e procuram capacitaros participantes para exercerem uma gesto pblica maiseciente.

    O grupo de estudos da rea do Direito Socialanalisa a realidade das relaes de trabalho em face aosavanos tecnolgicos. O grupo aberto comunidade eadmite participantes em diversos estgios de formao(graduao, ps-graduao etc.), assim como vinculadosa diversas reas do conhecimento. O trabalho deve ser entendido como um fenmenomultidimensional e, tendo isso em perspectiva, deveassim ser estudado. O grupo, portanto, tem propostatransdisciplinar, contando com a coordenao da ProfDr Denise Fincato (conhecida advogada, professorauniversitria e pesquisadora da rea) e subcoordenaoda Prof Me. Cntia Guimares (advogada e mestre emCincias Sociais). Como atento s novas tecnologias, ogrupo mescla contatos presenciais e recursos de educao distncia (EAD) como, por exemplo, a Plataforma Moodle. A rea de estudos e pesquisa em Direito Pblicoser coordenada pelo Prof. Dr. Luiz Paulo Rosek Germano.

    Encontro Nacional sobre Controlee Gesto Pblica

    Grupos de Estudo e Pesquisa

    Curso de Ps-Graduao

    Ministrio Pblico, no sentido do seu

    desempenho, ao lado do controle comparticipao, exercido com o auxliodo cidado. A gesto adequadae responsvel das atividadesadministrativas uma exigncia dacidadania e passou a fazer parte dascondutas indispensveis dos gestorespblicos. Quanto Regulao, trata-sede papel denido constitucionalmenteao Estado no mbito da atuaoeconmica. Os recentes movimentospopulares, de certa forma pediram

    Em parceria com a Faculdade de Desenvolvimento do Rio Grande do Sul (FADERGS) o Instituto

    lana o curso de ps-graduao em Direito Administrativo, com nfase em Controle, Gesto e

    Regulao. A iniciativa se destaca por ser a primeira especializao nesta rea, realizada no Estado.

    O cronograma do curso composto por disciplinas que auxiliam o aluno na tomada de decises,

    por meio de uma aprendizagem baseada em problemas e enfoques prticos.

    O objetivo oferecer aos participantes uma concepo concreta da realidade da Administrao

    Pblica, fazendo com que o servidor se perceba como um agente ativo no processo de

    desenvolvimento do Estado.

    controle da atividade administrativa,

    regulao e gesto eciente. Na formulao do curso,procurou-se trazer os principais nomesdo Direito Administrativo gacho.Alm da estrutura adequada para arealizao do curso de especializao,a qualidade do corpo docente pontoessencial do curso de ps-graduao.Todos os professores so destacados,desde a aula inaugural, que contoucom o eminente Professor Dr. Almirodo Couto e Silva.

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    35Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013 Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

    LEI DA TRANSPARNC IA ADMINISTR ATIVA -

    ASPECTOS TERICOS E PRTICOS.

    O DIREITO AMBIENTAL NOS MUNICPIOS - POLTICAS

    PBLICAS E SUSTENTABILIDADE.

    O VEREADOR E A FUNO LEGISLATIVA: ASPECTOS

    TERICOS, PRTICOS E DE RESPONSABILIDADE

    ELEITORAL.

    O PROCESSO DE EXECUO FISCAL NOS

    MUNICPIOS.

    A SINDICNCIA E O PROCESSO ADMINISTRATIVO

    DISCIPLINAR.

    AGENTES PBLICOS E REGIME CONSTITUCIONAL.

    TOMADA DE CONTAS E A LEI DE RESPONSABILIDADE

    FISCAL.

    LICITAES.

    DESAPROPRIAO.

    GESTO DE RISCOS TRABALHISTAS.

    IMPOSTO NA NOTA FISCAL LEI N 12.741/2012.

    DESONERAO DAS FOLHAS DE SALRIO E

    CONTRIBUIES SOCIAIS.

    RECUPERAO DE EMPRESAS E FALNCIAS.

    Cursos e Eventosde 2013

    SOCIEDADES LIMITADAS ASPECTOS JURDICOS E

    TRIBUTRIOS NA ESCOLHA DO TIPO SOCIETRIO.

    IMUNIDADES DAS ENTIDADES BENEFICENTES.

    GESTO DA MARCA PESSOAL.

    IMPORTNCIA DA IMPLEMENTAO DO PLANO DE

    CARGOS E SALRIOS NAS EMPRESAS.

    PLANEJAMENTO PATRIMONIAL SUCESSRIO/

    FAMILIAR.

    RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS:

    INCENTIVOS FISCAIS COM FINS SOCIAIS, CULTURAIS

    E ESPORTIVOS.

    DIREITO DAS NOVAS TECNOLOGIAS.

    ORGANIZA O DA EMPRESA PARA IMPLEMENTA O

    DO TELETRABALHO.

    BENEFCIOS PREVIDENCIRIOS POR INCAPACIDADE.

    DESAPOSENTAO E DESPENSIONAMENTO -

    TEORIA E PRTICA.

    Fones: 3519.5355 e 3083.1771

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    Entrada francaAcompanhe mensalmentenosos encontros.Realizao: IPGM e CmaraComrcio Brasil-Portugal

    Torne

    -separceiro

    do IPGMConvidamos voc a se tornar parceiro do Institutode Pesquisa Gianelli Martins (IPGM) com o objetivode promover, coordenar e participar de aesinstitucionais. Estas aes incluem a execuode eventos, cursos, seminrios, palestras,congressos, encontros cientcos, organizao degrupos de estudos e de trabalhos, entre outros.Neste sistema de parceria disponibilizado pelo

    Na prxima edio

    Caros amigos,

    Com grande satisfao convidamos a todos paracontriburem com o prximo volume da PanoramaLegal - Revista do Instituto de Pesquisa GianelliMartins (IPGM).A publicao, com tiragem de 1 mil exemplares, semestral, nas verses impressa e eletrnica, edistribuio em instituies jurdicas, empresariaise educacionais.Cada edio tem um foco temtico especco,trazendo artigos, entrevistas, anlises de decisesjudiciais, matrias de parceiros, agenda de eventose outros atrativos.

    Contamos com a sua colaborao para o quintovolume, enviando o seu artigo para o [email protected] 07/01/2014.A publicao est prevista para abril de 2014.A temtica do quinto volume ser Direito do Trabalhoe Tecnologias. Para maiores informaes sobreenvio de matrias e artigos, contate a secretaria doIPGM ([email protected]).

    Atenciosamente,Luciana FariasCoordenadora Panorama Legal

    1aVice-Presidente IPGM

    da Panorama LegalA Revista Panorama Legal uma publicao doInstituto de Pesquisa Gianelli Martins (IPGM) quetem como linha editorial as reas de atuao doInstituto.Cada edio apresenta uma temtica diferentee nela so publicadas produes acadmicas etcnicas de comprovada relevncia prossionalna rea jurdica, alm de entrevistas, anais deeventos e atualizaes jurisprudenciais pertinentes temtica da edio. A revista publicada

    semestralmente, nos meios impresso e eletrnico,com distribuio realizada junto s instituiesjurdicas e empresariais.Buscamos parceiros do meio empresarial quedesejam divulgar aes e experincias bemsucedidas, atravs da seo informe publicitrio.Estamos disposio para servir como veculo decomunicao de aes e projetos de sua empresa.Contate-nos no telefone (51) 3519.5355 ou www.ipgm.org.br.

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    35Panorama Legal - Volume IV, N 2 - Direito Educacional | Agosto 2013

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