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    ndiceIntroduo pg. 2

    1- Materiais utilizados pg. 5

    2- Exigncias funcionais pg. 7

    3- Paredes de alvenaria de tijolo pg. 63.1- Tijolo cermico3.2- Tipos de tijolo cermico3.3- Matrias-primas e processo de fabrico3.4- Caractersticas do tijolo e do material cermico3.5- Classificao das paredes de alvenaria de tijolo3.6- Tipos correntes de paredes de alvenaria de tijolo3.7- Execuo das paredes de alvenaria

    4- Argamassa de assentamento pg.22

    5- Assentamento do tijolo pg.23

    6- Paredes duplas pg.25

    7- Pontos singulares pg.30

    8- Isolamento trmico pg.34

    9- Alvenarias especiais pg.36

    Conclusopg.37

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    Bibliografiapg.38

    TIPOS DE PAREDES

    INTRODUO

    As paredes de alvenaria tm um papel decisivo no comportamento dasconstrues. Se falarmos das alvenarias que realizam a envolvente exterior dos edifcios estamos a falar de elementos que representam a fronteira entre ointerior e o exterior das habitaes, por outro lado se falarmos de paredesdivisrias estamos tambm a falar de elementos importantes pois so elas quefazem a gesto do espao interior. Infelizmente, ainda hoje em dia normalmente descorada a sua importncia, e pura e simplesmente as paredesso ignoradas em fase de projecto. Normalmente, nesta fase, apenas referidaa sua geometria e o material a utilizar. Este facto leva, muitas vezes, a um maudesempenho das paredes de alvenaria.

    Alvenaria associao de elementos naturais ou artificiais, constituindouma construo. Correntemente a ligao entre os elementos asseguradapor argamassa. Os elementos aglutinados naturais so pedras irregulares ouregulares, os artificiais podem ser cermicos, de beto ou outros. A alvenariapode ser reforada com armaduras. [2]

    Tradicionalmente as alvenarias em Portugal apresentavam um certocarcter regional. Predominava a utilizao de pedra em paredes espessas emuito pesadas. Na maior parte das situaes estas paredes de pedra eramrevestidas por rebocos espessos, porosos, de baixa rigidez e executados emvrias camadas. Nas zonas mais expostas (costa martima) era usual reforar-se o revestimento para melhorar o comportamento face chuva, com umacamada impermevel ( base de argamassa asfltica ou, mais recentemente,uma argamassa rica em cimento). Noutras zonas melhorava-se estecomportamento com a introduo de revestimentos impermeveis, como os

    revestimentos decorativos cermicos e os revestimentos descontnuos deestanquidade (ardsia ou chapas de fibrocimento).

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    As paredes de alvenaria de tijolo, em Portugal, sucederam-se sparedes de alvenaria de pedra. Embora no se conhea nenhum estudo muitorigoroso sobre esta evoluo pensa-se que ter sido a seguinte sequncia(figura 1):

    Paredes simples de tijolo macio ou perfurado, espessas;

    Paredes de pedra com pano interior de tijolo furado e eventual caixa-

    de-ar;

    Paredes duplas de tijolo com um pano espesso;

    Paredes duplas de tijolo com panos de espessura mdia ou reduzida;

    Paredes duplas de tijolo furado com isolamento trmico, preenchendo

    total ou parcialmente a caixa-de-ar.

    Figura 1 Sntese aproximada da evoluo das paredes em Portugal [3]

    As paredes simples caram em desuso, embora actualmente estejam aressurgir ligadas a novas tcnicas de execuo de paredes como o caso dassolues de paredes simples espessas com isolamento trmico pelo exterior acabadas com revestimento delgado ou com placagens de proteco [4].

    Existem ainda outras solues mais recentes e ainda pouco utilizadas no

    nosso pas como por exemplo alvenarias resistentes de tijolo de furaovertical, alvenarias de tijolo armadas, alvenarias de tijolo com montagem

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    simplificada (com encaixes optimizados, rectificaes dos blocos e reduo das juntas de argamassa), etc.

    1 MATERIAIS UTILIZADOS

    Como j foi referido anteriormente, podemos dizer que alvenaria umaassociao de elementos naturais ou artificiais constituindo uma construo.Estes elementos podem ser de origem natural ou artificial e tm constitudo, aolongo do tempo, um dos principais materiais de construo.

    Os primeiros materiais a serem utilizados como elementos deenchimento das alvenarias foram elementos naturais, que existemabundantemente na crosta terrestre: as pedras naturais. Estes elementos eramretirados da prpria natureza e devidamente preparados de forma a adequar asua forma e as suas dimenses ao fim a que se destinavam. Ainda hoje em diapodem ser utilizados. Para garantirmos a qualidade de uma alvenaria de pedranatural devemos garantir certos requisitos mnimos aos elementos de pedra:

    Resistncia mecnica adequada aos esforos a que ir ser submetida(as construes antigas no possuam estrutura de beto armado, o papelresistente das construes cabia s paredes exteriores e algumas dasinteriores);

    Resistncia s condies atmosfricas a que ir estar sujeita (no caso

    das paredes exteriores tinham de proteger o interior da construo dascondies atmosfricas adversas);

    Trabalhabilidade compatvel com as tcnicas de laborao disponveis(as tcnicas disponveis eram, principalmente, manuais);

    Porosidade adequada para que garanta uma boa aderncia argamassa de assentamento mas que no permita a absoro exagerada degua.

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    A pedra utilizada nas alvenarias podia apresentar-se:

    Em fragmentos de vrias formas com dimenses dependentes da

    espessura da parede e da importncia da construo;

    Em blocos desbastados grosseiramente, com formas mais ou menosregulares;

    Totalmente aparelhada, formada por slidos geomtricos com todas asfaces desempanadas.

    Procurando novas solues alternativas para os elementos de pedranatural surgem, os blocos artificiais numa primeira tentativa de imitao dapedra. Os blocos tinham a sua composio um pouco dependente dalocalizao geogrfica e dos materiais localmente disponveis. Apareceram osblocos de argila cozidos ao sol, vulgarmente designados de adobe,caractersticos particularmente de zonas ricas em barros. Destinavam-seessencialmente a construes de pequeno porte pois a resistncia mecnica

    destes blocos incomparavelmente inferior aos blocos de pedra natural.

    Aps o terramoto de 1755 apareceu uma construo muito tpica que sedesignou de construo pombalina caracterizada pela existncia de paredesresistentes espessas reforadas por um esqueleto de madeira constitudo por um conjunto de peas verticais, horizontais e inclinadas, devidamenteinterligadas, formando as designadas cruzes de Sto Andr. Entre estas peasde madeira era colocada alvenaria de pedra ou de tijolo macio argamassada.

    Para a execuo das paredes interiores, sem funes resistente existiam ostabiques de madeira.

    Com a revoluo industrial o desenvolvimento do processo foivertiginoso conseguindo-se formas, dimenses, leveza e resistncia doselementos espectaculares. Com o aparecimento do beto, surgiram os blocosde beto fabricados com inertes correntes. Inicialmente o seu fabrico no erade qualidade garantida, mas mais recentemente com a introduo de

    maquinaria de fabrico mais sofisticada a qualidade j controlada e garantida.Os blocos de cimento tm a desvantagem de, por serem fabricados com a

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    adio de gua, possurem um longo tempo de espera at estabilizarem assuas dimenses. Por esta razo, em caso algum, estes blocos devem ser utilizados imediatamente aps o seu fabrico. Tm a grande vantagem de seremexecutados com relativamente grandes dimenses, consumirem menosargamassa e ficarem economicamente mais acessveis.

    Para colmatar uma grande desvantagem dos blocos de beto que afraca resistncia trmica e tambm para os tornar mais leves, surgiram osblocos de inertes leves. Estes inertes podem ser naturais (resultantes derochas vulcnicas leves) ou artificiais (argila expandida ou cortiamineralizada), sendo os segundos os mais utilizados.

    Temos tambm os blocos de grs que possuem uma elevada resistnciamecnica e a produtos qumicos e so menos porosos, mas por outro lado somais quebradios e economicamente desvantajosos. So muito pouco usados.

    Outro tipo de blocos que foi utilizado para a execuo de alvenarias foi odesignado ytong. Eram blocos em beto autoclavado (material de construo,inteiramente natural e no poluente, composto por areia, cal, cimento e gua.

    Na fase final do fabrico adicionado p de alumnio que actua como gerador de bolhas de hidrognio no seio da mistura dos restantes constituintes, e queso responsveis pela formao da estrutura celular deste material). A curadeste beto feita em autoclave sob a aco de vapor de gua em condiesde presso e temperatura controladas. Os blocos possuem muito boascaractersticas, nomeadamente: isolamento trmico excelente, elevadaresistncia compresso, incombustibilidade e resistncia ao fogo, bomisolamento acstico e facilidade de manuseamento. A experincia de utilizaodeste material no nosso pas foi desastrosa, nomeadamente por ter sidoaplicado pouco curado e com argamassas normais que retraam e provocavama quebra dos blocos de ytong. Est praticamente em desuso.

    Temos, finalmente, o tijolo que , hoje em dia, o material de eleio paraas paredes de alvenaria executadas em Portugal. A este material que iremosdedicar um subcaptulo.

    2 EXIGNCIAS FUNCIONAIS

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    O desempenho global de uma parede pode no depender apenas de umdos seus componentes, mas sim da globalidade do conjunto tosco -revestimento. As exigncias funcionais dependem de agentes mecnicos,electromagnticos, trmicos, qumicos ou biolgicos. Alguns destes agentesactuam mais sobre o revestimento, outros mais sobre o tosco e outros aindasobre o conjunto todo.

    As principais exigncias funcionais que devem ser satisfeitas pelasparedes so:

    Estabilidade: a parede dever ser capaz de assegurar um perfeito

    comportamento durante a construo e durante todo o seu perodo de vida. Osesforos a que as paredes vo estar sujeitas durante a construo seroidnticos quer estejamos a falar de paredes de enchimento (sem funoestrutural) quer estejamos a falar de paredes resistentes (com funoresistente vertical e horizontal). J no que toca aos esforos a que iro estar sujeitas durante toda a sua vida til, eles podero ser bem diferentes.

    Durante a construo a parede deve ter capacidade para resistir a

    aces devidas ao equipamento de construo e ser estvel em situaestransitrias de execuo. Durante a sua vida til as alvenarias de enchimentodevero ser auto-portantes tanto para cargas verticais como para cargasnormais ao seu plano, em particular as foras do vento. Quanto s aces deacidente como choques violentos ou exploses dever haver uma ponderaoprvia para analisar se ser economicamente vivel dimensionar uma paredede enchimento para este tipo de esforos. Quanto s paredes resistentes asexigncias de estabilidade durante a sua vida til devero ser maiores. Asparedes devero ser estveis sob as aces verticais e horizontais a que iroestar submetidas e contribuir para o contraventamento da construo. Quantos aces de acidente estas tambm devero ser consideradas sob o risco deum desmoronamento progressivo.

    Segurana contra riscos de incndio: as paredes devem ser concebidas, dimensionadas e construdas de forma a limitar os riscos deincndio e do seu desenvolvimento. Os materiais e elementos de construodevem apresentar respectivamente uma reaco (contributo dos materiaisconstituintes para a origem e desenvolvimento do incndio) e uma resistncia

    ao fogo (impedimento da propagao do incndio de um local para outro) deacordo com as disposies regulamentares. Para as paredes estruturais

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    interessa a estabilidade ao fogo (tempo entre o incio do fogo e o momento quese esgota a capacidade resistente), Para as de compartimentao interessa omomento que se atingem determinados limiares de temperatura na face no-exposta. Para elementos que desempenham as duas funes temos queanalisar os dois critrios.

    Segurana na utilizao: traduz-se pela segurana no contacto(segurana dos utilizadores em evitar leses por contacto) e pela segurana sintruses humanas ou de animais.

    Estanquidade gua: as paredes devem ser estanques gua quer

    ela seja proveniente do exterior quer do interior. A satisfao dos requisitos deestanquidade consegue-se por interposies de barreiras estanques edisposies drenantes. De acordo com a D.T.U. 20.1. a resistncia penetrao da chuva depende de: materiais constituintes da parede, existnciade corte hdrico, existncia de parede dupla correctamente executada eexistncia de revestimento exterior estanque.

    Estanquidade ao ar: na estanquidade ao ar e aos gases deve-se ter

    em ateno a ventilao mnima imprescindvel e os limites mximos de formaa evitar desconforto.

    Conforto trmico: no interior do edifcio devemos ter condiesambientais satisfatrias em termos de temperatura, humidade, velocidade equalidade do ar. O conforto higrotrmico traduz-se pelo isolamento trmico(resistncia da parede passagem de calor), pela secura dos paramentosinteriores (inexistncias de condensaes superficiais) e pela secura interna(inexistncia de condensaes internas).

    Conforto acstico: a concepo das paredes em termos acsticosdever assegurar: isolamento sonoro aos sons areos (abaixamento de nveldos rudos areos), tempos de reverberao adequados utilizao dosespaos, minimizao dos rudos de percusso e dos rudos emitidos pelasparedes.

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    Conforto visual: o aspecto das paredes deve caracterizar-se pelarectilinearidade das arestas, planeza das superfcies, e homogeneidade de cor e brilho.

    Conforto tctil: limitao das superfcies rugosas, pegajosas ouviscosas.

    Higiene: traduz-se pela emisso ou desenvolvimento de substnciasnocivas ou insalubres.

    Durabilidade: resistncia aos agentes climticos, aos movimentos dafachada, eroso das partculas em suspenso mo ar, corrosoelectroqumica e aos agentes biolgicos.

    3 PAREDES DE ALVENARIA DE TIJOLO

    Como foi referido anteriormente a grande maioria das paredes dealvenaria executadas hoje em dia em Portugal tem como elemento depreenchimento o tijolo cermico. Justifica-se ento dedicar grande parte donosso estudo ao tijolo cermico em si e depois execuo de paredes dealvenaria de tijolo cermico. Como iremos ver algumas das indicaes de boasregras de execuo/pormenores de execuo que iro ser mencionadas sotambm extensivas a outros tipos de alvenaria e outros sero exclusivos sparedes de alvenaria de tijolo.

    3.1 O tijolo cermico

    O tijolo cermico de furao horizontal surgiu no sc. XIX, com arevoluo industrial. As grandes vantagens que foram sendo descobertas naaplicao deste material fizeram com que tivesse uma expanso notvel. Estegrande desenvolvimento e grande utilizao inicial do tijolo cermico podem ter estado na origem de uma actual estagnao (em Portugal) na evoluo edesenvolvimento de novas formas e novos sistemas construtivos que severificam actualmente noutros pases.

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    3.2 Tipos de tijolo cermico

    Os tijolos cermicos podem ser classificados consoante as suascaractersticas e quanto ao fim em vista [4]:

    A NP 80 apresenta a seguinte classificao:

    Macio: tijolo cujo volume de argila cozida no inferior a 85% do seuvolume total aparente;

    Furado: tijolo com furos ou canais de qualquer forma e dimenses,paralelos s suas maiores arestas e tais que a sua rea no inferior a 30% da

    rea da face correspondente nem superior a 75% da mesma rea;

    Perfurado: tijolo com furos perpendiculares ao seu leito e tais que a suarea no inferior a 15% da rea da face correspondente nem superior a 50%da mesma rea. Quanto aplicao os tijolos cermicos podem ser classificados em [4]:

    Face vista: tijolos cujo destino ficarem aparentes, no interior ou noexterior da construo;

    Enchimento: tijolos sem funo resistente, para alm do seu prpriopesam;

    Resistentes: tijolos com funo estrutural na construo.

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    Figura 2 Tipos de tijolos cermicos [4]

    3.3 Matrias primas e processo de fabrico

    Para se obter um tijolo de qualidade temos que partir de matrias-primasde boa qualidade, com caractersticas adequadas e que se mantenhamconstantes ao longo de todo o fabrico. No fabrico dos tijolos so, normalmente,utilizados dois tipos de argilas, com caractersticas diferentes, uma maisplstica e outra menos plstica, que so doseadas de forma a conseguir-sesempre uma mistura com caractersticas idnticas e constantes ao longo dotempo. A argila um material natural e portanto se fosse usado directamenteconforme extrado as suas caractersticas seriam diferentes ao longo dotempo. Esta argila extrada da natureza vai passar por dois cilindros metlicosem rotao, formando pequenas lminas de pasta. Esta pasta armazenadano interior, protegida das condies atmosfricas. Segue-se outra laminagem euma amassadura com gua, aps o que a pasta vai entrar na fase deconformao em fieiras que so mquinas que foram a passagem da pastaatravs de moldes com a forma negativa do tijolo [4]. Aps a extruso o

    material cortado de acordo com as dimenses pretendidas. Seguidamente otijolo seco em estufas a temperaturas entre os 30 e os 70C. Finalmente otijolo cozido em fornos contnuos a temperaturas entre os 800 e os 1000C.

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    Figura 3 Fluxograma do processo de fabrico [4]

    3.4 Caractersticas do tijolo e do material cermico

    Seguidamente apresentam-se as principais propriedades do tijolo e domaterial cermico e ainda os formatos mais correntes do tijolo

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    Figura 4 Caractersticas do material cermico e do tijolo [4]

    Figura 5 Formatos correntes do tijolo furado [4]

    3.5 Classificao das paredes de alvenaria de tijolo

    A classificao das paredes de alvenaria de tijolo frequentemente feita

    apenas em funo do tipo de elemento utilizado na sua constituio, o que serevela pouco correcto pois o comportamento da alvenaria tambminfluenciado por outros factores como [1]:

    Tipo de argamassa de assentamento;

    Aparelho de assentamento da parede (geometria e desfasamento das

    juntas, posio de assentamento dos blocos);

    N de panos de parede e suas ligaes entre si e eventual estruturade apoio;

    Tipo de revestimento da parede;

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    Existncia de elementos complementares de isolamento trmico,estanquidade e controlo da difuso de vapor;

    Localizao da parede;

    Posio da parede em relao ao solo;

    Funo estrutural a que se destina.

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    Figura 6 Tipos de paredes de alvenaria previstos no EC6 [5]

    O EC6 [5] dedicado s paredes de alvenaria com funo estrutural

    classifica-as em funo dos materiais constituintes, e tambm de acordo com otipo de panos e suas ligaes:

    Paredes simples com ou sem junta longitudinal;

    Paredes duplas;

    Paredes com dois panos (parede dupla sem caixa de ar);

    Paredes de face aparente;

    Paredes de juntas descontinuas;

    Paredes-cortina.

    O mesmo EC6 possui outra classificao em funo das aces a quepodem estar sujeitas:

    Paredes resistentes (sujeitas a grandes cargas verticais alm do pesoprprio);

    Paredes de travamento ou contraventamento;

    Paredes sujeitas a aces de corte;

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    Paredes divisrias;

    Paredes sujeitas a cargas laterais.

    3.6 Tipos correntes de paredes de alvenaria de tijolo

    A maioria das paredes interiores, em Portugal, executada em paredessimples de tijolo furado, normalmente com uma espessura, no tosco, inferior a15cm. Para as fachadas a maior parte as situaes so executadas comparede dupla de tijolo furado, com espessuras dos panos que vo desde

    11+7cm (pouco recomendvel) at ao 22+15cm. Hoje em dia nas paredesduplas verifica-se sempre a utilizao de isolamento trmico na caixa-de-ar enormalmente podemos observar que executada a correco das pontestrmicas. Quanto aos pontos singulares como cunhais, padieiras, roos,remates, ombreiras, etc. continuamos a ter um grande problema com a suaexecuo, pois infelizmente, as cermicas portuguesas no produzem peasespeciais para estas situaes (ao contrrio do que j acontece noutrospases). A soluo cada um resolver da melhor forma possvel, recorrendo,por vezes a outros materiais.

    Na figura 6 apresentam-se o peso mdio e os consumos de tijolo eargamassa para panos correntes no rebocados de tijolo furado comdimenses normalizadas.

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    Figura 7 Peso mdio e consumos correntes de paredes de tijolo furado

    3.7 Execuo das paredes de alvenaria

    Infelizmente, em Portugal, como j foi referido, nunca existe um projecto

    de alvenarias, em particular se elas forem no estruturais. Como este projectono existe, muitas vezes, tambm muito descorada a preparao eplaneamento da execuo das alvenarias propriamente dita. Todas as obrasso diferentes, quer devido ao facto do projecto de arquitectura, em si, ser diferente, quer devido ao fao de poderem ser diferentes as condicionantes doestaleiro, a composio das equipas de trabalho, as condies climticas, ascondies de acesso, etc. Torna-se portanto imprescindvel uma anlise prviae detalhada de todas as condies existentes para a execuo das alvenarias.Embora cada obra seja uma obra existem alguns princpios comuns a todaselas, como sejam os aspectos a ter em conta no planeamento da execuo dasalvenarias [4]:

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    Quantificao global dos trabalhos;

    Programao da sequncia e durao das diversas tarefas;

    Avaliao dos meios necessrios;

    Avaliao das exigncias logsticas;

    Definio das equipas de trabalhos e sua qualificao;

    Definio dos instrumentos de previso e controlo da produtividade ecustos;

    Definio de procedimentos de controlo de qualidade.

    Normalmente a tarefa execuo das alvenarias est no caminhocrtico do programa de trabalhos de execuo de uma obra. Para esta tarefase iniciar necessrio estar concluda a estrutura e por outro lado existemvrias tarefas dependentes de execuo das alvenarias, como sejam aexecuo dos revestimentos, a colocao das caixilharias, a execuo dasredes de guas e electricidade, etc. Devido a este facto muitas vezes, para seencurtar o prazo de execuo da obra ou simplesmente para recuperar de

    atrasos j existentes, iniciam-se algumas tarefas sem as precedentes estaremconcludas. O que observamos que frequentemente se inicia a execuo dasalvenarias sem estar concluda a estrutura e se iniciam as actividadessequentes em estarem concludas as alvenarias. Existem motivos tcnicospara que esta atropelo no deva ser feito:

    As estruturas de beto armado sofrem dois tipos de deformaes, umaimediata sob a aco do seu prprio peso e dos elementos construtivos que

    suportam e outra a mdio/longo prazo devido s sobrecargas e ao fenmenode fluncia. Assim ao iniciar-se a execuo das alvenarias, que esto

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    intercaladas entre a estrutura, sem estar completamente executada a estrutura,vai acontecer que estas podero ser excessivamente comprimidas peladeformao dos prticos que ainda possa no ter ocorrido. Esta compressopode levar ao aparecimento de fissurao na parede. O ideal seria ento ques se iniciasse a execuo das alvenarias aps a concluso de toda a estruturae por ordem inversa, ou seja de cima para baixo, para que quando seexecutassem as alvenarias dos primeiros pisos j toda a estrutura estivessecarregada e portanto j grande parte da deformao tivesse ocorrido. Comoesta prtica , muitas vezes incompatvel com os prazos de execuo,recomenda-se, em alternativa, a construo das alvenarias em pisosalternados, ou ainda comeando do 3 para o 1, depois do 6 para o 4 eassim sucessivamente (figura 7). Em qualquer das situaes recomenda-setambm que a colocao da ltima fiada de tijolo seja sempre executadadepois de toda a estrutura e paredes de alvenaria estarem executadas.

    Figura 8 Exemplos de alternativas execuo das alvenarias a partir do ltimo para o 1 piso [4]

    A execuo dos revestimentos apenas se deve iniciar depois detotalmente terminada a execuo das alvenarias, pois o fecho superior desta(remate viga ou pavimento superior) apenas deve ser executado quandotodas as alvenarias estiverem executadas (ou pelo menos 50%) e deve ser executado de cima para baixo. H quem recomende que o fecho dasalvenarias s deve ser executado 14 dias aps a execuo da ltima fiada.

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    4-Argamassa de assentamento

    As principais funes das argamassas de assentamento so adistribuio uniforme das cargas verticais, a absoro de deformaes, aresistncia a esforos laterais e a selagem das juntas contra a entrada degua. Contribuem tambm para um melhor comportamento trmico e acsticoda parede. So portanto de importncia fundamental e devem ser sempreexecutadas (quer as juntas horizontais quer as juntas verticais). Para que sepossam garantir as funes descritas temos que estudar/avaliar algumas dascaractersticas das argamassas:

    Resistncia flexo e compresso;

    Mdulo de elasticidade;

    Retraco;

    Aderncia;

    Reteno de gua;

    Trabalhabilidade.

    Os principais componentes das argamassas so: areia, ligante e gua.Podem tambm conter adjuvantes e adies. A areia o constituinte maisimportante e que mais influencia o seu comportamento. Na escolha da areia autilizar devemos confirmar a existncia em propores no prejudiciais de

    matria orgnica ou argilosa e conhecer a sua massa volmica absoluta eaparente e a sua granulometria. A funo do ligante , como o prprio nomeindica ligar os gros de areia entre si e com os tijolos. Podemos utilizar comoligantes produtos como o cimento, cimento branco, cimento refractrio, calarea hidratada, cal hidrulica, tendo todos eles em comum o facto deproduzirem, com a gua, uma pasta que endurece progressivamente. Adiesso produtos que se podero adicionar argamassa (em percentagenssuperiores a 5% da dosagem do ligante) com o fim de melhorar o seudesempenho. Adjuvantes so tambm produtos que se podem adicionar sargamassas (em percentagens inferiores a 5% da dosagem do ligante), queservem tambm para melhorar o seu desempenho, corrigindo algumas

    caractersticas.

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    5-Assentamento do tijolo

    A execuo de uma boa parede de alvenaria de tijolo est muitodependente das tarefas que lhe antecederam. No conseguiremos bonsresultados se, por exemplo, a estrutura onde a nossa parede vai assentarno estiver devidamente executada/nivelada ou no estiver totalmenteterminada. Assim sendo antes do incio propriamente dito da execuo dasalvenarias devemos ter a preocupao de fazer alguma verificaes, como

    por exemplo [4]: Estado da estrutura (geometria, desempeno e alinhamentos);

    Se h necessidade de alguma reparao pontual;

    Limpeza e nivelamento dos pavimentos;

    Se as peas de beto foram chapiscadas;

    Se existem ferros de espera na estrutura para melhorar a ligaodas paredes estrutura;

    Se esto implementadas medidas de segurana;

    Se esto executadas todas as tarefas antecedentes.

    Depois das verificaes prvias h que proceder marcao para aexecuo da 1 fiada. A marcao feita com uma camada de argamassafina e com a largura aproximada do tijolo a aplicar. Devemos iniciar otrabalho pela marcao dos ngulos, seguidamente os alinhamentos efinalmente as aberturas. usual marcarem-se os ngulos com a colocao dedois tijolos, a partir dos quais se marcam os alinhamentos com a ajuda de um

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    fio pigmentado. Para as fiadas seguintes necessrio garantir ahorizontalidade das fiadas e verticalidade dos paramentos. Para tal usam-seas fasquias nas quais se marcam as fiadas a realizar. O cordel esticadoentre fasquias vai permitir uma verificao constante da horizontalidade

    das juntas. Para a verificao da verticalidade da parede socorremo-nos dofio-de-prumo. Estes procedimentos juntamente com o constante uso donvel vo permitir a execuo de uma parede vertical com juntas horizontaisbem executadas e vo facilitar a correcta interligao das fiadas nainterligao das paredes.

    Figura 9 Marcao e 1 fiada de paredes simples Figura 10 Verificao de aprumo euma parede [4] alinhamento de uma parede [4]

    Num dia de trabalho no devero ser executadas mais do que 8 fiadasde tijolo (4 em cada perodo de trabalho), pois devido ao peso do tijolo e aoritmo de presa da argamassa corremos o risco de as juntas inferioresficarem danificadas antes de ganharem presa suficiente.

    Os tijolos so elementos com grande capacidade de absoro de guae quando colocados lado a lado com a argamassa fresca tero grandetendncia para absorver a gua de amassadura da prpria argamassa. Paraevitar este fenmeno, que iria fazer com que a argamassa em vez deadquirir a dureza necessria se tornasse desagregvel, devemos molhar otijolo antes da aplicao.

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    Como j foi referido anteriormente as juntas verticais e horizontaisdevem ser preenchidas. Embora haja alguns autores que defendam o nopreenchimento das juntas verticais alegando questes de economia e de

    dificuldade de execuo, somos de opinio que estas devem semprepreenchidas. Em particular em paredes sujeitas a cargas horizontais e emparedes no confinadas no h qualquer discusso sobre o preenchimentodas juntas, tero que ser sempre e obrigatoriamente preenchidas. Estasdevero ter uma espessura constante de cerca de 1 cm e as verticais devemficar desalinhadas em pelo menos 1/3 do comprimento do tijolo.

    A colocao de cada tijolo deve ser feita sobre uma camada deargamassa aplicada sobre a fiada inferior e cada tijolo deve ser colocadocom argamassa no seu topo vertical para ajudar a execuo da juntavertical. O tijolo deve ser poisado sobre a argamassa, depois deve serligeiramente pressionado e percutido com o mao para que a argamassaexcedente reflua e se consiga uma junta uniforme com cerca de espessura.(se se verificar que o tijolo no ficou correctamente colocado e que acorreco do posicionamento no pode ser executada com uma ligeirapercusso o tijolo deve ser retirado bem como a argamassa das respectivas juntas. um erro pensar-se que podemos corrigir essa posio basculando otijolo, pois o que vamos conseguir um abaulamento da junta). A argamassa excedente deve serimediatamente retirada (de ambas as faces do paramento) de forma agarantir o desempeno do paramento e pode ser reutilizada. Em tempo muitoseco a espalhamento da argamassa na junta horizontal deve ser feito tijoloa tijolo para evitar a dissecao precoce e a diminuio da trabalhabilidade(fig. 11 e 12).

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    Figura 11 Aspectos diversos do assentamento de tijolo em obra

    6-Paredes duplas

    Como j foi referido anteriormente uma parede dupla uma paredeconstituda por dois panos de parede intercalados por uma caixa-de-ar. Aespessura das paredes varivel. As principais vantagens das paredesduplas so as seguintes:

    Em alvenaria vista permitem utilizar no pano exterior elementosde qualidade melhorada enquanto no pano interior podemos recorrer a

    elementos mais econmicos; As duas paredes colaboram para a resistncia a aces horizontais

    (desde que devidamente agrafadas);

    Em alvenaria resistente, se o pano resistente for o interior estefica protegido termicamente;

    Minimizam-se as pontes trmicas;

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    Colocando isolamento na caixa-de-ar este fica protegido dahumidade;

    Melhor resistncia penetrao da gua das chuvas (desde que

    bem executadas, pois a parede dupla s por si no evita a penetrao dagua das chuvas).

    Na execuo de paredes duplas, alm dos cuidados de execuoreferidos anteriormente existem alguns outros cuidados adicionais quedevem ser tidos em conta. Uma parede dupla, quer possua isolamentotrmico na caixa-de-ar quer no, deve ter sempre uma lmina de artotalmente livre de obstculos e impurezas. Se no existir uma caixa-de-ar,a parede, em termos de comportamento face entrada da gua da chuva,funciona como uma parede simples, por outro lado se houver uma caixa-dear totalmente preenchida com isolamento trmico, quando existeminfiltraes de gua quer provenientes do exterior quer provenientes decondensaes o seu comportamento fica comprometido. Essa caixa-de-ardeve localizar-se imediatamente a seguir ao pano exterior para permitir quealguma humidade vinda do exterior e que atravesse o pano exterior possaescorrer ao longo do paramento interior do pano exterior e ser recolhida nacaleira que deve existir sempre na base da caixa-de-ar. Esta caleira deveter a configurao de uma meia cana com escoamento para o pano exterior,pode ser executada com a ajuda de uma garrafa, e deve ser devidamenteimpermeabilizada. Esta caleira que ir recolher todas as guas que atinjam acaixa-de-ar deve possuir sadas para o exterior que permitam a evacuaoda referida gua. Estas sadas devem ser materializadas com pequenostubos de drenagem em plstico (material no corrosvel), colocados comligeira inclinao para o exterior (para facilitar o escoamento da gua),salientes para o exterior em cerca de 15mm e afastados entre si cerca da 2m. Um ponto fundamental na execuo das paredes duplas garantir que acaixa-de-ar fique totalmente desobstruda e a caleira inferior totalmentelimpa. Para termos essa garantia vrios processos podem ser utilizados:

    Proteger a caleira com papel e no final retira-lo por aberturasprovisrias que devero ser deixadas nas primeiras fiadas;

    Colocao de uma rgua com a largura da caixa-de-ar, que ficarsuspensa durante a execuo dos panos e que ir impedir que os detritosatinjam a caleira;

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    Execuo do pano interior apenas aps a execuo do pano exteriore da colocao do isolamento trmico (tem que ser colocado comespaadores para garantir a caixa de ar entre o isolamento trmico e o panoexterior), de encontro ao isolamento trmico que ir assim proteger a

    caleira e a caixa-de-ar.

    Figura 12 Consequncias de uma parede dupla mal executada

    Caixas-de-ar com isolamentosobstrudos e com isolamento mal

    posicionado

    Parede dupla com o isolamento encostado Caleira do fundo daao pano interior caixa-de-ar

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    Tubos de drenagem da caixa-de-ar

    Figura 13 Aspectos diversos da construo de paredes duplas [4]

    Correcto Incorrecto

    Figura 14 Drenagem da caixa-de-ar [4]

    Com a introduo do Regulamento de Trmica, em 1990, maior partedas construes passaram a ter uma obrigatoriedade de utilizao deisolamento trmico e da correco das pontes trmicas. Muitas das vezesesta correco das pontes trmicas conseguida custa do pano exteriorda parede dupla passando total ou parcialmente por fora do topo da laje.Ou seja as nossas alvenarias que at a eram, na maior parte das vezesalvenarias confinadas deixaram de o ser. Para garantir a estabilidade deuma alvenaria no confinada temos obrigatoriamente que promover a ligados dois panos de parede atravs de elementos metlicos ou de plstico, osgrampos ou ligadores.

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    Figura 15 Correco das pontes trmicas.

    Com esta ligao entre os dois panos de parede pretende-se que aresistncia do conjunto venha melhorada. Estes grampos ou ligadores devemlocalizar-se nas juntas, com uma pequena inclinao para o exterior paraevitar escorrncias para o pano interior (se foram instalados na horizontaldevem dispor de pingadeira que evite qualquer escorrimento para o panointerior), o que complica a sua colocao pois os dois panos de parede sonormalmente, executados, temporalmente desfasados, o que torna difcilacertar altimetricamente as juntas. Outra questo que complica a sua

    colocao a introduo de isolamento trmico na caixa-de-ar. No entanto,em certas condies, indispensvel a sua colocao, como so os casos determos o pano exterior com pouca espessura, o apoio na laje de pequenasdimenses ou grande desenvolvimento das paredes quer em altura oucomprimento. O n de ligadores a colocar deve andar entre os 2 e os 4 porm2. Como j foi referido os grampos podem ser metlicos ou de plstico. Osprimeiros tm o problema de poderem sofrer corroso. Os segundos nogarantem a transmisso dos esforos de compresso e so susceptveis aofogo. Os grampos metlicos, quando executados com metais ferrosos devem

    ento ser galvanizados ou protegidos com revestimento epoxi que resista aoataque das argamassas e da humidade.

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    Figura 16 Exemplo de ligao entre dois panos de alvenaria [4]

    Figura 17 Exemplo de grampos metlicos de ligao entre paredes.

    7-Pontos singulares

    Vamos analisar, de seguida, um conjunto de pontos singularesexistentes nas paredes de alvenaria, que so muitas vezes esquecidos porserem apenas pontuais, mas cujo comportamento decisivo para um bomdesempenho global da parede.

    a)Cunhais

    Os cunhais esto muito expostos a aces exteriores actuantes, comoo vento, a radiao solar, o choque, etc., por outro lado o comportamento daalvenaria em conjunto com o suporte potencia concentrao de esforos edeformaes nestas zonas. Assim de todo conveniente tomar algunscuidados especiais que permitam minimizar estes problemas, quer actuandosobre as causas tentando minimiz-las, quer conferindo uma maiorcapacidade resistente a essas zonas.

    Deve haver um cuidado especial de modo a que os tijolos fiquem bemtravados entre si, usando-se meio tijolo ou um quarto de tijolo para que as juntas verticais fiquem desencontradas e tambm bastante aconselhvelque as juntas horizontais fiquem niveladas. Quando se pretende maiorrigidez podemos aplicar grampos metlicos na junta horizontal, ligando os

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    dois paramentos ou mesmo a executar montantes em alvenaria ou beto(figura 17). Em cunhais exteriores fundamental, para prevenir a entradade gua, que o tijolo no fique com os furos voltados para o exterior. Comono possumos tijolos especiais que nos possam garantir esta situao o que

    se deve fazer colocar, no cunhal, um tijolo furado ao alto devidamentecortado com as dimenses necessrias. (figura 18).

    Figura 18 Exemplo de reforo com cunhais de beto Figura 19- Exemplo de um cunhal

    armado [4] bem executado [4]

    Figura 19 Exemplo de cunhal mal executado.

    b)Vos

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    Para a execuo dos vos, e para evitar demolies por falta decorreco das medidas, o ideal utilizar um molde com as dimensesexactas dos mesmos. Os vos so pontos singulares das alvenarias e tmexigncias especiais. Como correspondem a uma interrupo da parede so

    uma zona de concentrao de tenses com grandes probabilidades deocorrncia de fissurao, vo ainda estar sujeitas a aces induzidas pelaposterior fixao da caixilharia. Em paredes exteriores acresce a incidnciadirecta da chuva. Devemos ento exigir s ombreiras, peitoris e padieirasque sejam mecanicamente robustas e pouco deformveis, que tenhamcapacidade para suportar a fixao da caixilharia e o seu manuseamento, eno caso das paredes exteriores, que sejam estanques gua. Tambm naenvolvente dos vos os furos dos tijolos no devem ficar voltados para oexterior (figura 20). As padieiras, em particular, tm exigncias acrescidasque devem ser acauteladas. A padieira como se fosse uma viga que, emfuno da dimenso do vo, pode ter grande importncia, desta forma deveser um elemento pouco deformvel e que tenha entregas suficientes paraque no se desenvolvam tenses muito elevadas na parede. Quando temoscaixas de estore alm das exigncias de resistncia e suficiente entrega jmencionadas, temos que ter em ateno a minimizao das pontes trmicase acsticas, a garantia da estanquidade ao ar e gua e no esquecer deprever um fcil acesso para manuteno. Para compatibilizar estes aspectos necessrio um estudo cuidadoso caso a caos.

    c) Ligao da alvenaria estrutura de betoarmado

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    A ligao estrutura normalmente usada em Portugal consiste nacolocao de ligadores metlicos (embebidos nas juntas de argamassa daparede) entre a estrutura e a alvenaria.

    Figura 22 Exemplo de ligaes estrutura/alvenaria [4]

    d)Correco das pontes trmicas

    Ponte trmica qualquer zona da envolvente dum edifcio em que aresistncia trmica significativamente mais reduzida em relao zonacorrente. Uma vez que h uma reduo da resistncia trmica, haver,nessa zona, um abaixamento da temperatura superficial o que poder fazercom que se verifique o aparecimento de manchas resultantes decondensao do vapor de gua, entre outras anomalias. Hoje em dia, com asexigncias regulamentares em vigor, praticamente obrigatrio proceder correco das pontes trmicas. Esta correco consiste, normalmente, naproteco da estrutura de beto armado (zona com resistncia trmicamuito inferior zona corrente) e de outros eventuais elementos daenvolvente que tenham igualmente baixa resistncia trmica, com uma forrade tijolo furado com um ou dois furos ou com material com caractersticas

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    de isolamento trmico. Esta forra pode ser colocada interior ouexteriormente.

    No tratamento das pontes trmicas devem ser observadas algumasregras, nomeadamente:

    a correco deve estar prevista e detalhada no projecto com soluestecnologicamente exequveis;

    a resistncia da parede no deve ser afectada;

    devem ser bem estudados os processos de fixao das forras;

    nas zonas das pontes trmicas os revestimentos devem serreforados.

    Quanto execuo da correco propriamente dita podemos dizerque a correco interior mais fcil, mas tem a desvantagem de limitar alargura das vigas e pilares e de, por vezes, imporem caixas-de-ar de grandesdimenses. No caso de correces pelo exterior a laje de piso pode ter umasalincia em relao ao alinhamento dos pilares e vigas para permitir o apoioda forra. Um ponto muito importante a salientar o facto da parede dealvenaria ter que estar apoiada pelo menos em 2/3 da sua largura. (figura23)

    A regulamentao francesa, por exemplo, obriga a que esta forra sejainserida na cofragem de execuo da laje ou da viga, mas esta tcnicalevanta vrias questes: dificuldade de garantir que o tijolo no saia dolugar durante a betonagem e vibrao das vigas, exigncia de molhagemprvia do tijolo, segregao do beto no contacto com o tijolo.

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    Figura 23 Abertura de roos

    8-Isolamento trmico

    O isolamento trmico de uma parede de alvenaria de tijolo pode serfeito na caixa-de-ar, pelo exterior da parede ou pelo interior. Comeandopelo isolamento na caixa-de-ar das paredes duplas, que o que ainda hojeem dia mais se utiliza, ele pode ser feito com materiais rgidos, materiais

    flexveis, materiais projectados, materiais a granel e ainda materiaisinjectados.

    a) Materiais rgidos : podem ter espessuras entre os 3 e os 5 cm,devem ser material imputrescvel e indeformvel e com reduzida capacidadede absoro de gua. Devem ser colocadas encostadas ao paramentoexterior da parede interior (que deve estar totalmente desempenado parapermitir uma boa fixao), no preencher totalmente a caixa-de-ar e devem

    ser contnuas sem juntas abertas e cobrindo totalmente a parede. Paragarantir as caractersticas apontadas devemos fazer a devida correcodas pontes trmicas, j apontada, e em continuidade com o isolamento dazona corrente, devemos fixar as placas ao pano interior para garantir a suaposio e o afastamento do paramento exterior, o que se consegueatravessando o isolamento com grampos de ligao das duas paredes, comespaadores metlicos ou de plstico ou ainda com calos fabricados nolocal. (figura 24).

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    Figura 24 Diferentes mtodos de fixao das placas rgidas de isolamento trmico [4]

    b) Materiais flexveis : so normalmente em forma de manta comcerca de 60cm de largura. Adaptam-se melhor aos pontos singulares eirregularidades da construo mas tem muitos inconvenientes. Para seconseguir uma boa e continua fixao devem ser colocados depois daexecuo da parede interior, o que pode no ser vivel. A alternativa seriaexecutar o paramento exterior e fixar-lhe o isolamento, mas no uma boasoluo pois, alm da fragilizarem muito o paramento exterior nos pontos defixao, os isolamentos flexveis tm, normalmente grande capacidade deabsoro de gua.

    c) Materiais projectados : so compostos sintticos com grandecapacidade de aderncia, poros fechados e insensveis gua. Tm comogrande vantagem o facto de mais facilmente se garantir a continuidade doisolamento, mesmo quando existem irregularidades, mas tem duas grandesdesvantagens. A primeira e provavelmente a mais importante a dificuldadede se garantir constncia na espessura e a segunda a necessidade, jreferida para ao materiais flexveis, da execuo do paramento interiorprimeiro que o exterior. Esta segunda dificuldade pode ser ultrapassadaprojectando o isolamento no paramento interior da parede exterior.

    d) Materiais a granel : sistema pouco corrente com oinconveniente de preencher totalmente a caixa-de-ar. Tem tambm algumascondicionantes: necessrio garantir o total preenchimento da caixa-de-ar,garantir que o material no sofra uma posterior compactao, o materialdeve ser imputrescvel, a face exterior do pano exterior deve serimpermevel gua mas permevel ao vapor, deve ser garantida a drenagemda caixa-de-ar.

    e) Materiais injectados : so espumas industriais misturadas nolocal. Usa-se mais em reabilitaes, mas ateno em situaes em que no

    havia correco das pontes trmicas, elas sairo agravadas com estasoluo.

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    Quanto ao isolamento pelo exterior, podemos dizer, que do ponto devista do comportamento trmico do edifcio esta a soluo ideal, pois

    aumentamos a inrcia trmica da construo, diminumos as pontes trmicase o risco de aparecimento de condensaes. As tcnicas existentes paraeste tipo de isolamento so geralmente duas: revestimento delgado armadosobre isolamento trmico e isolamento trmico pelo exterior sob placasrgidas de revestimento independente, com caixa-de-ar, como se ver emdetalhe no capitulo dos revestimentos.

    9-Alvenarias especiais

    Temos estado a falar do tijolo corrente furado, fabricado emPortugal, e que representa apenas uma das vertentes possveis para ofabrico e aplicao do tijolo, e que em Portugal representa quase atotalidade da produo. Mas, outros pases ho, em que o fabrico de outrotipo de sistemas est muito desenvolvido, nomeadamente as paredes comfuno estrutural e a alvenaria armada.

    a) Paredes com funo especial : embora esteja demonstradoque esta soluo para edifcios de pequeno porte vantajosaeconomicamente, no muito utilizada. J possvel projectar este tipo dealvenaria, com a ajuda dos Eurocdigos 6 e 8. A resistncia e o controlo dequalidade do tijolo possam a ter um papel fundamental. As juntas assumemtambm um papel importante no que toca resistncia ao corte e flexo.Normalmente usam-se tijolos de furao vertical e recorre-se a armadurasde ao colocadas nas juntas horizontais e montantes verticais deconfinamento.

    b) Alvenaria armada : uma alvenaria em que foram introduzidasarmaduras de ao nas juntas horizontais de assentamento e, no caso dotijolo de furao vertical, nalguns alinhamentos verticais. Deste modoconseguimos um aumento significativo da resistncia mecnica das paredesA utilizao pontual deste sistema em alvenarias no-estruturais temtambm a vantagem aumentar localizadamente a resistncia e poder evitaro aparecimento de fissurao. Com esta alvenaria no estrutural poucoarmada podemos seleccionar pontos mais esforados e refora-los.

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    Concluso

    Antigamente as construes e a sua concepo estrutural erampuramente intuitivas, contrastando com as tcnicas actuais de construocaracterizadas e reguladas por normas. Esta situao encontra-se agoraprofundamente alterada com a entrada de normas que regulamentam oprojecto e a execuo de edifcios em alvenaria resistente. Duas das normascriadas e com maior relevncia para o dimensionamento das estruturas dealvenaria so a EC6 e a EC8.

    Assim, as exigncias dos utilizadores para as construes so variveiscom enumeras caractersticas, no entanto, as realizaes construtivashumanas so a sntese de trs critrios (engenharia, economia e esttica), comimportncia relativa varivel em diferentes obras, sendo no entanto a esttica oelemento distintivo dos abrigos humanos do dos animais.

    Desta forma, a filosofia preconizada no Euro cdigo 6 (EC6) e 8 (EC8)estabelecem um quadro avanado e completo para o projecto das estruturasde alvenaria dos diversos tipos. Estas visam o dimensionamento de estruturasde alvenaria e de acessrios de ligao consiste na garantia de condies dedurabilidade e na verificao de condies de resistncia dos estados limitesdurante a sua execuo e utilizao pelo perodo de vida til do edifcio.

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    Bibliografia

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    Mestrado em Construo de Edifcios.Porto, FEUP, 1988

    [3] Sousa, Hiplito, Melhoria do comportamento trmico e mecnico dasalvenarias por actuao na geometria dos elementos. Aplicao a blocos debeto de argila expandida, Tese de Doutoramento. Porto, FEUP, 1996

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