PERCEPÇÃO CLIMÁTICA DE MORADORES LINDEIROS AO RESERVATÓRIO DA USINA HIDRELÉTRICA DE ITAIPU

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    PERCEPO CLIMTICA DE MORADORES LINDEIROS AO RESEDA USINA HIDRELTRICA DE ITAIPU

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    Leila LimbergeriiJosimara CecchinUniversidade Estadual do Oeste do Paran

    Climate perceptions of residents neighboring the reservoir of Itaipu hydroelectric power plant

    Percepcin climtica de habitantes linderos al reservatorio de la usina hidroelctrica de Itaip

    ResumoO presente trabalho tem por objetivo verificar como a populao lindeira ao lago artificial da Usina Hidreltrica deItaipu percebe as caractersticas do clima da regio oeste do Paran, e se a presena deste corpo hdrico, introduzidona paisagem aps vrios conflitos sociais entre a populao e os empreendedores (neste caso, o governo militar),interfere na percepo climtica da regio. Para isso, foram elaborados questionrios, aplicados em entrevistasabertas, com 116 entrevistados residentes na regio em torno de 30 anos, tanto no meio rural quanto urbano, visandocompreenso da percepo climtica da sucesso dos tipos de tempo bem como em relao presena do lago e suasinfluncias no clima local por parte das pessoas que vivenciam tal fato. Na anlise dos dados pode-se afirmar que apopulao entrevistada apresentou um bom entendimento sobre o clima da regio e dos aspectos que o condicionam

    e o alteram (comparando-se o resultado das entrevistas com o de outros estudos e a bibliografia sobre o assunto) e queo lago de Itaipu percebido como um fator importante de alterao climtica ao longo do tempo, ao lado de outros,como o desmatamento.Palavras-chave:percepo climtica; hidreltrica de Itaipu; impactos sociais.

    AbstractThe present work aims to verify how the neighboring population to the artificial lake of Itaipu Hydroelectric PowerPlant perceive the characteristics of the climate of the western region of Paran, and if the presence of this water body,introduced in the landscape after several social conflicts between the population and entrepreneurs (in this case, themilitary government), interferes with the perception of climate in the region. To this end, questionnaires weredeveloped and applied in open interviews, with 116 respondents who have been living in the region for around 30years, both in rural and urban areas, seeking understanding of climate perception of the succession of types ofweather as well as in relation to the presence of the lake and its influence on local climate for people who experiencethis fact. In the data analysis, it's possible to say that the people interviewed had a good understanding of the climateof the region and the issues which affect and change it (by comparing the results of the interviews with other studiesand literature on the subject) and that Itaipu lake is perceived as an important factor in climate change over time,alongside others, such as deforestation.Keywords: c.limate perception; Itaipu Hydroelectric Power Plant; social impacts.

    ResumenEl presente trabajo tiene por objetivo verificar como la poblacin lindera al lago artificial de la Usina Hidroelctrica deItaip percibe las caractersticas del clima de la regin oeste de Paran, y si la presencia de este cuerpo hdrico,introducido en el paisaje despus de varios conflictos sociales entre la poblacin y los emprendedores (en este caso, elgobierno militar), interfiere en la percepcin climtica de la regin. Para eso, fueron elaborados cuestionarios,aplicados en entrevistas abiertas, con 116 entrevistados residentes en la regin alrededor de 30 aos, tanto en mediorural como urbano, visando comprensin de la percepcin climtica de la sucesin de los tipos de tiempo as como enrelacin a la presencia del lago y sus influencias en el clima local por parte de las personas que viven tal hecho. En elanlisis de los datos se puede afirmar que la poblacin entrevistada present un buen entendimiento sobre el clima dela regin y de los aspectos que lo condicionan y lo alteran (comparndose el resultado de las entrevistas con el de otrosestudios y la bibliografa sobre el asunto) y que el lago de Itaip es percibido como un factor importante de alteracinclimtica a lo largo del tiempo, al lado de otros, como la deforestacin.Palabras clave:percepcin climtica; hidroelctrica de Itaip; impactos sociales.

    ISSN 1980-5772eISSN 2177-4307

    Enviado em abril/2011 - Aceito em julho/2012actageo.ufrr.br

    DOI: 10.5654/actageo2012.0002.0001 ACTA Geogrfica, Boa Vista, Ed. Esp. Climatologia Geogrfica, 2012. pp.11-29

    INTRODUO mudanas no balano de radiao, que seAlmeida (2000, p. 22) afirma que as revela nos desvios dos parmetros climticos

    alteraes que o homem efetua na paisagem como fora e direo dos ventos, valores depara a implantao da agropecuria e umidade e temperatura e regime das chuvas.

    edificao das cidades, principalmente a Tem-se, ento, que a ao do homemdestruio das florestas, tm provocado sobre o meio altera suas caractersticas

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    originais de estabilidade, o que, no caso da influncias ou no sobre o clima da regio,alterao das caractersticas climticas, pode vrias opinies conflitantes. Da surge olevar a modificaes no seu padro original, interesse em desenvolver tal abordagem.pois o sistema busca um novo equilbrio. So considerados, como base, os estudosCorroborando com essa afirmativa, segundo realizados por Grimm (1988, p. II-9), Ferreira eSachs (1975, p. 47) e Poltronieri (1996, p. 238), Lombardo (2000, p. 109) e Limberger (2007, p.desde que o homem surgiu, ele causa impactos 96), que indicam que as alteraes climticasao equilbrio biolgico, pois depredador e ocasionadas pelo reservatrio de Itaipu socompetidor. muito localizadas, no extrapolando os limites

    Alteraes nos padres climticos so micro/topoclimticos . Estes resultadosnormalmente sentidas de maneira mais tambm foram encontrados por Guidon (1991,evidente em escala local, isto porque a escala p. 88) na UH de Tucuru.zonal regida predominantemente pela Para desenvolver a presente pesquisa foi

    circulao atmosfrica global, com um escolhido a Percepo Ambiental comofuncionamento mais complexo e de maior instrumento de estudo, linha esta que buscadificuldade de alterao. Grandes obras do analisar a forma como o homem interage com ohomem, como desmatamento, instalao de meio ambiente, dando importncia ascidades, agricultura, construo de rodovias, influncias histricas e socioculturais que eledentre muitas outras, constituem impactos sofre.ambientais e podem, assim, trazer tambm Neste trabalho esto apresentadosalteraes ao clima de um dado local. Essas alguns pressupostos tericos e metodolgicos

    variaes locais foram estudadas por vrios sobre a abordagem da percepo ambiental, eautores, mas fica a dvida de como a em especfico a percepo climtica, seguidospopulao residente neste local entende essas dos procedimentos tcnicos adotados naalteraes climticas. presente pesquisa, e a discusso de seus

    Assim, o presente estudo tem por resultados, como seguem.objetivo demonstrar como a populaolindeira ao lago de Itaipu percebe as A P E R C E P O A M B I E N TA L Ecaractersticas climticas desta regio, bem C L I M T I C A N O S E S T U D O Scomo o modo como (ou se) associa as alteraes GEOGRFICOSsentidas no clima nos ltimos 30 anos Dentre as vrias reas ou linhas depresena deste empreendimento antrpico. pesquisas s quais se dedicam os gegrafos,

    Este objetivo se justifica em virtude de a uma a da Percepo Ambiental. Os primeirosinstalao do lago de Itaipu ter ocasionado o estudos na Geografia desenvolvidos nestadeslocamento (aps indenizao) de 40 mil perspectiva foram realizados, segundopessoas desapropriadas em 16 municpios Oliveira (2005, p. 13), por J. K. Wright em 1947 ebrasileiros, o que gerou um clima de E. Dardel em 1960, que afirmavam ser adescontentamento e revolta da populao. Percepo o elo entre o homem e a Terra, sendoVerifica-se hoje, em conversas informais com a assim de grande importncia para a Geografia,populao sobre se o lago de Itaipu teria no seu intuito de entender essa ligao.

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    Para Poltronieri (1996, p. 237) a pessoas sem deficincias) so a viso, aPercepo procura analisar a forma como o cinestesia e o tato. A viso tem a funo de serhomem interage com o meio ambiente, seletiva: organiza em estruturas fluenteslevando-se em considerao as influncias aquilo que o meio emite ao indivduo; quanto histricas e socioculturais. Assim, pode-se cinestesia (movimento) e o tato, pode-se dizerdizer que a realidade percebida atravs de que so os sentidos que fazem com que oconceitos, smbolos e mitos, etc., com os quais o indivduo tenha contato fsico com o meio oindivduo convive em seu quotidiano. Para qual est inserido, ou seja, como diz TuanOliveira (2002, p. 42), a Percepo se dedica a (1983, p. 13) o espao experenciado quandoestudar os processos pelos quais as pessoas [nel e] h lu ga r p ara s e m ov er , e,atribuem significados a seu meio ambiente, acrescentaramos, para tocar. Assim, pode-seapresentando-se como interface entre o concluir que, para experenciar um espao, e,indivduo e o grupo, as decises polticas e o por conseguinte perceber um espao,

    meio ambiente, ou seja, a percepo necessrio que se conviva e se interaja com odefinida como o significado que atribumos s mesmo.nossas sensaes. Dardel (2011, p. 9) afirma, ainda, que o

    Assim, o processo perceptivo se d, homem agenciado pelo ambiente geogrfico:tambm, a partir da sensao e da experincia: ele sofre a influencia do clima, do relevo, doum espao pode transformar-se num lugar, a meio vegetal.partir do momento que este espao torna-se Para Oliveira (2005, p. 17), assim comouma pausa, ou seja, quando se torna para outros pesquisadores em Percepo

    importante para o indivduo, em termos de Ambiental, o processo de percepo e devivncia. Segundo Tuan (1983, p. 6) o que avaliao do ambiente um fenmeno assazco me a co mo es pa o in di fe re nc ia do complexo. A Percepo de um meio varia, notransforma-se em lugar medida que o s de pessoa para pessoa, mas tambm noconhecemos melhor e o dotamos de valor. prprio indivduo, conforme se alteram as

    Sendo assim, no basta presenciar um situaes. Desta maneira, quando se intentafato, mas experenci-lo. Para tanto, uma pesquisa nesta rea necessrio que senecessrio uma profundidade de viso considerem todas as caractersticas inerentes ma io r do que nor ma lm en te se te m pessoa ou grupo entrevistado, como histria(OKAMOTO, 2002, p. 27). Ou seja, essa de vida, idade, sexo, local de moradia,profundidade de viso significa viver um profisso, classe social, hora do dia, etc. Nestelugar, atribuir-lhe valores, experienciar; e mesmo sentido, pode-se dizer segundoexperienciar aprender; significa atuar sobre o Oliveira e Machado (2004, p. 131) que numdado e criar a partir dele (TUAN, 1983, p. 10). primeiro momento a Percepo individual eTodos os sentidos do corpo humano tm papel seletiva, originando-se de experinciasimportante na percepo: percebe-se atravs prprias; numa etapa seguinte, a Percepode cheiros, gostos, contatos fsicos, sons, passa por filtros culturais e sociais, entrando avises... mas os sentidos que podem ser os valores referentes sociedade/cultura elencados como os mais importante (em qual o indivduo est inserido.

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    Referindo-se aos filtros culturais, Tuan Machado (1996, p. 97) ressalta a idia de(1980, p. 4) afirma que a Percepo tanto a que, para os estudos em Percepo o objetivoresposta dos sentidos aos estmulos externos, maior no a mensurao e sim a compreensocomo a atividade proposital, na qual certos e a explicitao; [nesses estudos] no serofenmenos so claramente registrados, uti liz ado s dados qua nt ita tiv os, masenquanto outros retrocedem para a sombra ou argumentos qualitativos.so bloqueados. Isso porque tais filtros Assim, em estudos nos quais objetiva-seagem no sentido de captar aquilo que constatar mudanas no meio ambiente, aimportante para nossa sobrevivncia enquanto utilizao dos recursos pelos homens, etc., ser biolgico e tambm de acordo com as importante que se utilize a perspectiva dainfluncias culturais s quais o sujeito est Percepo Ambiental. Para isso, necessrioinserido. que se faam duas interrogaes:como o

    Pode-se dizer, portanto, apoiado em homem percebe o mundo que o rodeia eo que

    Machado (1986, p. 144), que a Percepo percebido (OLIVEIRA, 2002, p. 43). Com issoAmbiental um processo cognitivo, pois a pode-se tecer as consideraes com as quais sepessoa processa as informaes do meio compreender o processo perceptivo de umatravs de suas caractersticas tanto biolgicas indivduo por um lugar, o seu. Paraquanto histricas e culturais. exemplificar, cita-se Tuan (1980, p. 111)

    A partir de tais caractersticas que quando coloca que o apego terra do pequenoresultam as dificuldades de definio de uma agri cu ltor ou campons profundo.metodologia de pesquisa que possa trazer Conhecem a natureza porque ganham a vida

    tona a informao que realmente corresponda com ela. Existe um sentimento de fuso do Percepo referente ao meio ambiente de homem com a natureza, tendo como formauma sociedade como um todo. fsica, externalizada, as cicatrizes e os msculos

    Isto porque a Percepo uma das dos trabalhadores. Ento, para Tuan (1980, p.vertentes terico-metodolgicas que trazem 111) a topofilia do agricultor est formadapara a Geografia uma viso holstica dos desta intimidade fsica, da dependnciaaspectos que compem uma paisagem. Da a material e do fato de que a terra umdificuldade de conseguir adequar uma repositrio de lembranas e mantm ametodologia da cincia tradicional que esperana. Ento, sabendo que o processo decompe-se de quantificao, metrificao, Percepo Ambiental se d primeiramentehierarquizao de elementos a uma nova pelos sentidos, que levam s sensaes e, emmaneira de ver os fenmenos, marcada por consequncia, percepo, pode-se afirmar,uma preferncia aos elementos qualitativos. A baseando-se na afirmao de Tuan de que opesquisa tradicional separa a pessoa do agricultor tem uma relao topoflica com om u n d o ; d a a s v i s e s e a n l i s e s meio, e que tem uma percepo ambientalsegregacionistas e que no mostram a desenvolvida.realidade, mas sim fragmentos desta, que Por estarem diariamente em contato commuitas vezes nem podem ser relacionados as manifestaes climticas, e por estas(MACHADO, 1996, p. 98). influenciarem diretamente as suas atividades,

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    c o m o p o c a d e p l a n t i o , c o l h e i t a , etc. J outro idoso pode dizer que hoje oslimpeza/capina das roas, poca de maturao invernos so mais frios, pois seu sistemados produtos, etc., os agricultores passam a imunolgico tem maior dificuldade deentender as mensagens (SARTORI, 2000, p. produzir calor na velhice do que na juventude.280) enviadas tanto pelos animais, pelas Neste sentido, a Percepo Climticamanifestaes atmosfricas e do cu e pelo seu deriva de vrios fatores, tais como modo deprprio corpo meteorot ropismo ou vida, profisso, lugar de residncia, condio

    1climatropismo para regularem suas social, padres e referncias, hbitos e valores,ativid ades. E este conhe cimento ou idade, sexo, etc. E cada uma destasinterpretao das manifestaes climticas car ac ter s t ica s pode re sul tar num abaseado na experincia e observao diria do percepo diferenciada. Por esse fato osmecanismo de sucesso dos tipos de tempo. trabalhos em Percepo Climtica devem estar

    evidente que a populao urbana bem embasados teoricamente e devem

    tambm desenvolve seus mecanismos de explicitar claramente qual a populao que irinterpretao do clima, mas a convivncia na expressar suas opinies, desde sua cultura,sociedade tcnico-cientfico-informacional modo de vida at dados pessoais como idade,torna cada vez mais restrito esse procedimento. sexo, etc.Inclusive, Schmidt (1994, p. 19) coloca que com importante atentar-se para os eventosas previses dirias proferidas pela televiso, extremos quando trabalha-se com Percepoat mesmo os agricultores passaram a confiar Climtica, pois o homem est (teoricamente)menos em suas prprias previses e mais na adaptado ao clima, mas sofre mais quando ele

    televisionada, do que decorre no menor sai de suas situaes habituais.interesse em interpretar os sinais emitidos pela A Percepo Ambiental apresenta-se,natureza. ento, como instrumental metodolgico e

    No entanto, existem diferenas entre o terico que permite a interpretao da2clima percebido e o clima real aquele que interrelao entre o homem e o meio ambiente .

    caracterizado a partir de anlise climatolgica Nesse sentido, os estudos de Percepobaseada em sries histricas de dados assumem importncia significativa no que dizregistrados por estaes meteorolgicas. Isto respeito ao planejamento e gesto ambiental;porque as Percepes so dadas atravs de isso porque identifica realmente os problemassentimentos; tambm a memria humana tem ou anseios da sociedade, direcionando as aesum valor relativo e as informaes so filtradas para resultados mais satisfatrios e de maioresdevido a vrias circunstncias, desde o tempo qualidades.cronolgico ou at situaes pelas quais oindivduo possa estar passando. Por exemplo, PROCEDIMENTOS METODOLGICOSum idoso pode perceber que os invernos E M E S T U D O S D E P E R C E P Oatualmente so menos rigorosos em relao aos AMBIENTAL E CLIMTICAde sua juventude pelo fato de hoje ele ter mais A grande dificuldade da Percepomeios de se proteger contra o frio, no ter Ambiental ou Climtica a sua efetivanecessidade de trabalhar em dias de muito frio, aplicao a estudos na sociedade. Whyte (1985,

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    p. 3) afirma que, para se iniciar uma pesquisa propor ao seu trabalho ir realmente seem Percepo Climtica, as primeiras questes adequar realidade estudada.a serem definidas devem ser quais os Outra particularidade percebida porcomponentes do clima e quais os fenmenos Ferrara (1996, p. 66), quanto metodologia, importantes (decision-makers) e, por fim, que em tais pesquisas o que ocorre umaquais aspectos da percepo que sero foco da percepo de percepo; a pesquisa umainvest igao; depois dessas ques tes operao metalingustica que no somenteesclarecidas que surge a escolha do mtodo, descreve aqueles signos, mas procurafaixa amostral e tcnicas especficas de interpret-los; o pesquisador quase tomedidas/pesquisa a serem utilizadas. importante quanto o pesquisado, porque a sua

    A autora faz ainda uma colocao que prpria percepo pode influenciar na suadeve ser considerada pelo pesquisador, anlise.dizendo que um estudo de Percepo bem Assim, Whyte (1985, p.21) props um

    projetado e conduzido no barato, e os custos quadro que relaciona a experincia doe o tempo da pesquisa so, normalmente, pesquisador, a disponibilidade de pesquisadosubestimados (WHYTE, 1985, p. 29). Estes e as tcnicas a serem utilizadas para as maistalvez sejam alguns dos motivos pelos quais diferentes situaes, como explicitado naexistam poucos trabalhos realizados nesta Figura 1.rea, pois tanto a dificuldade de definio domtodo e metodologia a serem utilizados,quanto o ato de selecionar os indivduos para a

    pesquisa, contact-los, deslocar-se, etc, podemfazer com que o pesquisador busque outrosmeios de obteno de suas respostas.

    Segundo Ferrara (1996, p. 66), para aPercepo Ambiental informacional, cadapesquisa uma e nica testando, nasingularidade, hipteses, metodologia etcnicas. Esta constatao impe tanto avantagem/beleza do trabalho em percepoquanto um de seus maiores problemas. Abeleza seria a expresso de unicidades eparticularidades em cada trabalho, aplicados diversos espaos, cada qual procurandoentender, com a metodologia que melhor se O objetivo do esquema acima mostraradapte compreenso dos fenmenos que que, dependendo da situao em que se estiveraspira-se elucidar. J os problemas estariam pesquisando, para que haja uma menorligados grande variedade de caminhos a interferncia por parte do pesquisador, ouserem seguidos e a dvida, por parte do mesmo para que essa interferncia seja positivapesquisador, de que a metodologia a qual ir na in te rp re tao das in fo rmae s, o

    FIGURA 1 - Quadro metodolgico relacionandopesquisador, respondente e situaes encontradasnuma pesquisa com abordagem perceptiva.Fonte: Whyte (1985, p. 21)

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    pesquisador pode optar por trs linhas ou campo tendo como objetivo a percepocaminhos de abordagem: observando, ambiental.intervindo ou questionando-ouvindo. Assim, No que se refere seleo dospor exemplo, em pesquisas em reas urbanas informantes, Whyte (1985, apud SARTORI,interessante que o pesquisador observe a 2000, p. 157) coloca que praticamente estes serealidade, a partir de sua experincia, para a auto-selecionam, por serem hbeis aoproduo das anlises; j na aplicao de objetivar suas observaes, isto porque suasprojetos, o pesquisador necessita intervir na percepes se formaram ao longo do tempo,realidade para que seu trabalho seja efetuado devido suas experincias dentro do grupo deou ainda, em trabalhos que busquem recompor estudo. Assim, depreende-se desta afirmaoa histria oral, o pesquisador pode se utilizar que, se o objetivo for, por exemplo, avaliar ada tcnica questionando-ouvindo, com a qual relao dos indivduos com o lugar ondevai, principalmente, buscar informaes vivem, quanto maior a experincia do

    particulares do seu entrevistado, etc. informante, maior o nmero de informaesSegundo Sartori (2000, p. 154) para ad qu ir id as pe lo pe sq ui sa do r e, po r

    atender ao tringulo metodolgico proposto conseguinte, melhor a qualidade da pesquisa.por Whyte (1985) interessante seguir as Whyte (1985, p. 2) afirma ainda que ocolocaes de Marconi e Lkatos (2002, p. 87- maior problema em adotar pesquisas em124), pois estas apresentam vrias tcnicas de Percepo no tanto encontrar tcnicasobteno de dados a partir do observando, apropr iadas para medir as variveisouvindo e perguntando. A autora coloca especficas, mas em saber quais variveis

    ainda que, para atender ao observando medir. Ento, a grande chave seria entender omais indicado o uso da Observao Direta e da que realmente importante de se apreender deObservao participante; no perguntando um espao, de uma sociedade, de umdestacam-se as Entrevistas com questes indivduo: elucidando-se estes pontos seriaabertas, fechadas e mistas; na metodologia mais confortvel definir-se a metodologia deouvindo e registrando aparece a Evidncia ao. Mas para que isso acontea, necessrioOral como importante. que se conhea bem o espao a ser investigado,

    Sartori (2000, p. 153) afirma que no abarcando todos os aspectos que podem influirexiste, dentre os mtodos apresentados, um na percepo dos seus habitantes e/ouque seja melhor ou ideal ou nico. Na verdade, frequentadores. Neste sentido, para que hajacada mtodo aplicado de acordo com os uma coerncia nas anlises, necessria adiferentes objetivos do trabalho, da pesquisa caracterizao e contextualizao fsica,de campo realizada e do pesquisador, visando econmica e histrica da rea a ser investigada.sempre obter o maior nmero de informaes Assim, em Percepo Ambiental oudo trabalho realizado. As autoras colocam que Climtica no se fala em mtodo, mas em interessante tambm cruzar os mtodos, estratgia metodolgica que se submete informaes, usar tcnicas complementares, necess idade de cada experi nci a emetc. para se conseguir um resultado mais desenvolvimento (FERRARA, 1996, p. 67).otimizado na busca de dados no trabalho de Para esta pesquisa adotou-se aentrevista

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    como o procedimento metodolgico adequado especfica: organizar roteiro ou formulrio com obteno das informaes desejadas. Dentro as questes importantes.da classificao de Marconi e Lakatos (2002, p.93) para tipos de entrevistas, a utilizada foi a P R O C E D I M E N T O S T C N I C O -padronizada ou estruturada, na qual o METODOLGICOS EMPREGADOSpesquisador segue um roteiro (formulado) pr- Aps a anlise dos trabalhos citados naestabelecido, sendo as perguntas ao indivduo fundamentao terica e metodolgica sobrepredeterminadas. Neste caso, o indivduo Percepo Ambiental e Climtica comeou-se atambm predeterminado, e o pesquisador delinear os procedimentos a serem adotadosno tem a liberdade de adaptar as suas nesta pesquisa. Um trabalho que teve muitaperguntas a determinadas situaes e nem influncia neste processo foi Clima ealterar a ordem dos tpicos ou mesmo fazer Percepo, de Sartori (2000), por realizar umaoutras perguntas. ponte entre as anlises climt icas e

    Este tipo de entrevista tem por objetivos perceptivas.a averiguao de fatos, determinao das A s s im , a pa r t i r d o t r i n g u l oopinies sobre os fatos e os motivos conscientes metodolgico proposto por Whyte (1985, p.para opinies, sentimentos, sistemas ou 21), indicando os pontos observando,condutas (MARCONI e LAKATOS, 2005, p. ouvindo e perguntando, adotou-se o198). O fato de padronizar-se uma entrevista perguntando, apesar de o observando evisa obter dos entrevistados respostas que ouvindo fazerem parte importante,possam ser comparadas para que as diferenas principalmente na anlise dos dados.

    registradas sejam resultadas das diferenas de Quanto escolha dos indivduos,pensamento de vrios indivduos sobre um considerou-se como representativos osmesmo assunto. agricultores ou agricultoras (donas-de-casa)

    A me to do lo gi a ci en t fi ca s obr e que tenham em torno de 20 a 30 anos deentrevistas preconiza que necessrio marcar residncia na regio. Isto porque tais pessoascom antecedncia a entrevista para que no tm um contato direto com o clima da regio hhaja contratempos. Porm, no caso da presente um tempo considerado ideal pela OMM parapesquisa, por visar abordagem de um nmero determinao dos climas (30 anos).maior de indivduos, as entrevistas foram Considerando-se que as entrevistasrealizadas aleatoriamente, com pessoas que se realizadas foram padronizadas e a amostra dispusessem e apresentassem o perfil esperado homognea (agricultores residentes em tornopara respond-la. Foram seguidos os quesitos de 30 anos na regio), estabeleceu-se comode preparao da entrevista citados por ideal a realizao de aproximadamente 100Marconi e Lakatos (2005, p. 201), tais como: (cem) questionrios para a realizao destaplanejamento da entrevista; conhecimento pesquisa. Alm disso, como se trata de umaprvio do entrevistado; oportunidade da pesquisa na abordagem perceptiva, asen tr ev is ta ; co nd i e s fa vo r ve is ao compreenses individuais so de grandeen t rev is tado ; con ta to co m l deres ; importncia para a anlise, o que supre aconhecimento prvio do campo; preparao necessidade quantitativa de questionrios a

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    serem aplicados. se sentia tranqilo em repassar nome, idade,Aps aplicao de um questionrio-teste, profisso, etc.

    as questes foram definidas de forma mais A abordagem dos indivduos para aobjetiva, de acordo com as respostas que foram pesquisa foi feita nas propriedades rurais, ruasobtidas no teste, pois percebeu-se que havia e praas das cidades ou vilas visitadas,uma grande homogeneidade nas respostas. buscando-se, pelo perfil, atingir os indivduosForam inseridas mais trs questes: uma sobre pr-determinados para a pesquisa.o gnero do entrevistado, outra para certificar-se de que o entrevistado havia sido ou no ANLISE DA PERCEPO CLIMTICAatingido, direta ou indiretamente, pelo DOS MORADORES LINDEIROS AO LAGOreservatrio e outra buscando verificar o DE ITAPUentendimento do entrevistado quanto escalade influncia do reservatrio no clima da Caracterizao dos sujeitos

    regio, caso a questo sobre este tema fosse Das 116 entrevistas realizadas, 77 (66,3%)respondida positivamente. foram respondidas por indivduos do sexo

    Aps definido o novo molde do masculino e 39 (33,6%) por indivduos do sexof o r m u l r i o d e e n t r e v i s t a s , f o r a m feminino. O maior nmero de indivduos dodesenvolvidas as 116 entrevistas definitivas sexo masculino pode ser atribudo a umapara a pesquisa, realizadas entre os dias 28, 29 e questo cultural presente nas cidades e30 de abril de 2007, nos municpios de Missal, comunidades do interior, por onde asSanta Helena, Entre Rios do Oeste, Pato entrevistas foram realizadas, uma vez que os

    Bragado, Marechal Cndido Rondon, homens esto mais nas ruas enquanto asMercedes, Guara, Itaipulndia, So Miguel do mulheres costumam permanecer mais tempoIguau e Foz do Iguau, nesta ordem. no interior das casas. Alm do mais, quando da

    importante dizer aqui que antes da visita de algumas casas, estando o homem e aaplicao dos questionrios percebeu-se que mulher presentes, sempre esta passava ano seria interessante seguir a ordem das palavra ao marido, filho, pai, etc., pois osquestes de acordo como o formulrio estava consideravam mais aptos a responder sobremontado, uma vez que tal sequncia estes assuntos, como diziam, apesar de odificultava a abordagem. Sendo assim, a entrevistador procurar dizer o contrrio, masprimeira pergunta realizada era O Sr. costuma no objetivava-se intervir no processoolhar para o tempo? e a partir deste momento, relacional estabelecido.travava-se uma breve conversa sobre o tema, o Este fato importante para a pesquisaque muito comum na regio. Ento partia-se pois sendo os homens, na sua maioria,para o bloco de questes referentes percepo agricultores, estes tm um contato direto com ade mudanas no clima na regio, entrando para manifestao dos eventos meteorolgicos,as causas, e a para o lago de Itaipu, vindo a ter muitas informaes para fornecerespecificamente. Por fim, eram coletados os no momento da entrevista.dados pessoais, quando o entrevistado j tinha Quanto idade percebe-se que a maiorum conhecimento do que tratava a pesquisa e par te (93,1% ou 108 indivduos) dos

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    entrevistados est acima de 35 anos (FIGURA2). Tal dado demonstra que se atendeu oobjetivo de entrevistar pessoas que tenhamidade mais avanada, pelo fato de teremacompanhado por mais tempo as variaes notempo que decorrem durante os anos. Issoqualifica a pesquisa no sentido ded e m o n s t r a r e m , o s e n t r e v i s t a d o s ,conhecimento prtico (ao menos o que seespera para a maioria dos sujeitos) sobre oassunto.

    os dados de provenincia (momento do

    processo de colonizao), ou seja, a maior partedos indivduos entrevistados migrou para ooeste do Paran na frente pioneira das dcadasde 60 e 70. Este dado sobre a populaoentrevistada favorece a pesquisa, tendo emvista que grande parte dos indivduospresenciou a formao do reservatrio deItaipu, bem como todos os eventos climticos

    decorridos na regio em perodo de tempoconsidervel, em se tratando de entendimentoNo que se refere a procedncia e tempo dos tipos de tempo que se sucedem sobre o

    de moradia na regio, observa-se na Figura 3 referido espao. Tambm residem na regioque foi atingido, na realizao das entrevistas, desde o momento da retirada do mato, ouo tpico colonizador do oeste do Paran: seja, presenciaram todo o processo de38,8% so originrios de cidades do prprio (re)configurao espacial da regio em estudo.estado do Paran, sendo na maioria delas, O dado da F igura 4 vem sercidades do oeste e sudoeste, podendo ou no complementado pelo quesito ocupao, poisser de municpios lindeiros ao lago de Itaipu; aqui observa-se que 31,1% (36 indivduos) so33,6% so provenientes do estado do Rio agricultores, e esta profisso tem amplaGrande do Sul, principalmente de cidades do l i g a o / r e l a o c o m o s e v e n t o snoroeste gacho, e 15,6%, do estado de Santa meteorolgicos e climticos, o que faz com queCatarina. estes indivduos muito tenham a contribuir

    Caracterizada a idade e origem dos com a pesquisa. Outras profisses tambm soindivduos, e para corroborar com tais significativas no universo das amostras, comoinformaes, constata-se que 75,8% dos comerciantes (27,6%) e donas de casa (7,7%)entrevistados tm mais de 25 anos de (FIGURA 5). Entende-se que, quanto residncia na regio, tendo ampla relao com profisso, os indivduos envolvidos na

    20FIGURA 2 -Idade dos entrevistados.Elaborado pelos autores.

    FIGURA 3 -Idade dos entrevistados.Elaborado pelos autores.

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    ANLISE DOS RESULTADOS DASpesquisa tm o conhecimento/ entendimentoENTREVISTASnecessrio para contribuir com as questes que

    Na questo que procura averiguar alhes foram propostas, tendo em vista que, derelao dos indivduos com o interesse pelasforma direta ou indireta, todas as esferas damanifestaes climticas da regio, obteve-seeconomia da regio so afetadas pelasum grau de respostas favorvel aos objetivosatividades agrcolas, pois estas configuram ada pesquisa: 83,6% dos entrevistados (97paisagem de praticamente toda a rea deindivduos) responderam que costumam, sim,estudo.acompanhar cotidianamente as manifestaesd o s f e n m e n o s c l i m t i c o s e / o umeteorolgicos. Isto d um respaldosignificativo pesquisa tendo em vista que talfato revela que a relao dos indivduos com o

    ambiente pautada por uma experienciaodireta, constante e frequente. Sendo assim, oconceito de tais sujeitos sobre o clima da regiofoi sendo construdo tendo como base arealidade da sua observao.

    Na questo seguinte questionava-se se,neste exerccio de olhar o tempo, havia sidodetectada alguma alterao nas caractersticas

    climticas na regio a partir do momento emque o indivduo tenha passado a residir nestelocal. Neste sentido, as respostas forambastante representativas: 88,8% dosentrevistados (103 indivduos) responderamque sim, notavam alteraes nascaractersticas climticas; somente 7,8%responderam que no verificaram modificaoalguma no clima da regio e 3,4% alegaram nosaber ou no ter prestado ateno a tal fato. Aconfigurao no conjunto das respostas destaquesto est ligada questo anterior: ou seja,para a maior parte dos entrevistados, quempresta ateno no tempo diz perceberConsidera-se, assim, adequada amodificaes nas caractersticas climticas daamostragem populacional selecionada para asregio, e mesmo indivduos que alegaram noent rev is tas , conforme propos to naacompanhar as caractersticas do tempo diriometodologia, pois esta representa bem o geralresponderam que sentiram, sim, modificaesda populao da rea de estudo, em vriosnos padres climticos da regio.aspectos.

    FIGURA 4 -Tempo de residncia na regio.Elaborado pelos autores.

    FIGURA 5 -Profisso dos entrevistados.Elaborado pelos autores.

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    Tal quadro de respostas importante justificativa para o presente estudo,demonstrando a necessidade de investigaosobre um fato que quase consenso para apopulao, mas que mesmo assim, gera aindamuitas dvidas e questionamentos por parteda mesma.

    Inquiria-se, em seguida, sobre quaistipos de mudanas haviam sido detectadaspelos entrevistados, caso afirmassemposit ivamente na resposta anterior. 99 respostas, importantes at mesmo paraindivduos responderam que sentiram corroborar com a pesquisa. Cinco indivduosaumento das temperaturas; 24 disseram estar disseram ter notado a menor frequncia da

    mais seco (umidade relativa do ar) e 21 formao de geadas durante o ano; trsafirmaram que chove menos na regio (estas notaram maior velocidade e frequncia deduas alternativas podem ser agrupadas, tendo ventos; dois indivduos disseram perceber queem vista a ligao de ambas); 21 respostas as chuvas se do em forma de pancadas e malafirmam o aumento de variabilidade no tempo: distribudas; outros dois disseram que as

    tardes esto mais quentes e um, que as noitesquando d seca muito seco e quando esto mais quentes; outros eventos citadoschove, chove demais, antigamente no era

    3 foram a maior frequncia e intensidade deassim, era tudo mais parelho. (82)

    nvoa; o inverno mais curto; maior intensidadede relmpagos; tempo abafado e oQuinze pessoas disseram ter percebidoentendimento de que o sol queima mais.um aumento de tempestades na regio,

    Na seqncia inquiria-se a respeito dasenquanto 4 disseram notar que est mais frio (3causas das mudanas climticas sentidas pelosdestes dizem estar o inverno mais rigoroso,entrevistados.enquanto 1 pessoa disse estar o ano como um

    Como pode ser verificado na Figura 7, otodo mais frio). Enfim, um indivduo constatouimaginrio da populao acerca dasa maior ocorrncia de chuvas e outro alegouinfluncias sobre o clima da regio , de certaestar mais mido o clima da regio oeste doforma, homogneo. O desmatamento e o LagoParan.surgem como os expoentes neste sentido.Neste caso o que se evidencia uma

    Vale ressaltar que no momento em quetendncia bem pronunciada para a populaoforam realizadas as entrevistas vivia-se umentender o tempo como mais seco e maismomento de alarmismo da mdiaquente, alm de grande oscilao de eventos(MENDONA, 2001) quanto a novos estudos emeteorolgicos.resultados de pesquisas de mudanasAlm das alternativas elencadas noclimticas globais, que traziam informaesformulrio da pesquisa (que no eramdesconcertantes sobre a situao do planeta.mencionadas ao entrevistado, ele as respondiaSendo assim, a populao estava bemde forma livre) surgiram tambm outras

    FIGURA 6 -Questo n 10.Elaborado pelos autores.

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    informada sobre o assunto, e a questo do Depois desta questo comentava-sedesmatamento e poluio estava bastante em sobre a influncia do lago no clima da regio evoga como culpados do aquecimento. perguntava-se se a pessoa concordava com tal

    afirmao. Categorizando a questo, percebe-se que existem 3 grandes grupos de resposta:um do no, o lago no influencia o clima,outro no qual as pessoas referem-se influncia do reflexo do sol pela gua do lagonas caractersticas climticas e outro bloco derespostas no qual os entrevistados afirmamque a capacidade do lago (gua) de reter ocalor do sol influencia no clima. Os doisltimos foram separados tendo em vista os

    motivos levantados pelos entrevistados.Interessante o fato de o lago surgir aqui Analisando estes blocos de respostas,

    em segundo lugar quanto s causas das tem-se que 26 pessoas responderam que o lagomudanas climticas no oeste do Paran, com de Itaipu no tem a menor influncia sobre o29,31% das respostas de forma espontnea. Isto clima da regio oeste do Paran, surgindodemonstra que o lago exerce grande respostas tais comointerferncia no imaginrio da populao no

    no interfere em nada (24)que se refere interferncia no clima; algunsno influencia muito (129)

    entrevistados relacionavam o lago ao desde sempre foi quente assim (87)no, lenda, mas depois do lago no temdesmatamento, isto , com a formao do

    mais geada (83)reservatrio foram inundadas tambmgrandes extenses de florestas. Vale afirmar

    Quanto aos 24 indivduos que afirmaramque at este momento da entrevista, emnotar influncia do reflexo da gua no clima danenhum momento era citado o lago de Itaipu,regio, o principal argumento foi o de que naspara que no fosse influenciada a resposta doproximidades do lago sente-se calor maiorentrevistado.(presente em 13 respostas), o reflexo espanta aVerifica-se que somente uma pessoachuva (circulao de ventos), as plantas sofremrespondeu que a causa das mudanas seria amais (influncias na agricultura); somente 7agricultura. Isso mostra que, sendo apessoas disseram que tal influncia passa osagricultura a base da economia regional elimites do municpio, ou seja, percebem-natendo sido a maior parte dos entrevistadoscomo influncia local e no microclimtica. Oagricultores, esta atividade no vista pelosindivduo que respondeu o formulrio nmeromesmos como degradante do ambiente.15 argumentou que o reflexo influencia pois aoFalta de mata ciliar, ciclo natural doanoitecer os raios do sol j esto maisclima, o homem, poluio, construesinclinados, e, refletindo no lago, aumenta maisurbanas, maior calor do sol, tambm forama temperatura o que faz com que o calor fiquecitadas, mas de forma pouco significativa.

    FIGURA 7 -Questo n 11.Elaborado pelos autores.

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    mais tempo no local, o que contribui para as respostas que referem-se diretamente aonoites quentes vividas na regio. Outro aumento dos ndices da temperatura comoresultado deste reflexo citado foi a resultado da formao do lago de Itaipu.ocorrncia de cncer de pele em pessoas da - um ltimo grupo, com 7 respostas, englobaregio. respostas de pessoas que consideram a

    O terceiro bloco de respostas refere-se ex is tnc ia d e mu dan as , mas nocapacidade do lago de reter o calor, trazendo conseguem afirmaro que nem por que, ouaumento de temperatura e/ou abafamento ento que consideram as mudanas muitoregio. 13 pessoas responderam neste sentido. pequenas.Somando com as 13 pessoas que perceberam o Aps a pergunta acima, direta sobre aaumento do calor associado ao reflexo do lago, opinio do entrevistado sobre a influncia dotemos a um grande nmero de entrevistados clima da regio, perguntava-se se, caso naque associam ao lago o aumento de resposta anterior a resposta fosse positiva, esta

    temperatura vivido na regio. Neste mesmo influncia se daria nas margens do lago (embloco, 4 pessoas disseram ser importante torno de 1 km), no municpio ou extrapolaria ostambm, pela presena de grande quantidade limites do municpio, afetando toda a regiode gua do lago, o aumento das tempestades oeste. As respostas esto sistematizadas nona regio. grfico a seguir (FIGURA 8).

    Ainda tem-se outro grande grupo dei n f o r m a e s g e r a i s , c o m g r a n d epredominncia do aumento do calor,

    tempestade, vento, onde as pessoas noassociavam motivos, explicitamente. Nestebloco, portanto, podem ser agrupadas asseguintes respostas:

    - um associado precipitao e umidade,com 4 respostas, sendo uma associada correntes de ar que dificultam apermanncia de frentes frias na regio; 2referindo-se ao aumento de precipitao na Verifica-se aqui que de um modo geral,regio e 1 referindo-se ao aumento de os indivduos entrevistados entendem que oumidade do ar. lago repercute em modificaes nas- um segundo grupo associado questo de caractersticas climticas em escala local, ouvariabilidade no tempo e/ou aumento da seja, atingem os limites do municpio ou dafrequncia de tempestades, com 9 respostas. regio oeste do Paran, no extrapolando este- um terceiro grupo de respostas refere-se ao limite. 15 indivduos, no entanto, entendemaumento de temperatura na regio, sem que as manifestaes do lago se do em escalarelacionar-se a motivos. So 33 respostas, topoclimtica, bem prximas ao espelhoque, somadas com as 26 respostas referidas d'gua, com fenmenos relacionados ao seuacima que tambm citam o calor, tem-se 59 albedo.

    FIGURA 8 -Questo n 13.Elaborado pelos autores.

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    Visando entender qual a relao do mu ndo, o qu e t raz orgulho ao sentrevistado com o reservatrio de Itaipu, tm- entrevistados, associado ideia dese as duas questes finais: perguntava-se, progresso.inicialmente, se o entrevistado havia sido - 39 indivduos apresentaram umatingido, de alguma forma, quando da posicionamento de negatividade comformao do lago de Itaipu. 8 responderam ter relao presena do lago; as respostassido atingidos indiretamente, 18 foram foram bastante variadas e as pessoasatingidos e 90 no foram atingidos. apresentavam vrios motivos, mas os mais

    Nesta questo interessante considerar recorrentes, sem ordem de importncia,que mesmo que no seja a maioria, alto o foram: o grande deslocamento de pessoas,valor de pessoas atingidas, direta ou o desaparecimento de uma imensido deindiretamente, quando da formao do terras frteis, o aumento do contrabando, asreservatrio de Itaipu, tendo em vista que mudanas climticas, prejuzos para a

    foram pesquisas aleatrias. Isso representa o agricultura, o fim das Sete Quedas emalto grau de desconforto causado por Itaipu na Guara.populao lindeira. - um quarto grupo de respostas formado

    E por fim, perguntava-se qual a por indivduos que aprese ntavamimportncia/significado que o lago imprimia conjuntamente caractersticas positivas ena vida da pessoa, ou seja, quando o negativas da presena do lago de Itaipu.entrevistado olhava para o lago, qual a Nesta, esto mescladas as alternativasprimeira sensao/pensamento lhe ocorria? acima descritas.

    Nesta questo obtiveram-se as mais diversas Dentre todas as entrevistas, algumas serespostas, que foram agrupadas nos seguintes destacaram pela coerncia, pela riqueza degrupos: informaes e/ou por peculiaridade de dados

    - 23 indivduos afirmaram no significar fornecidos.nada a eles a presena do lago A primeira a ser descrita (formulrio- 36 tm viso positiva do lago. Neste grupo 132), foi respondida por um Sr. de 68 anos,tem-se 4 grandes eixos. Um seria o da agricultor, morador de Marechal Cndidoidentificao da melhoria da situao para Rondon h 46 anos, destacando-se pora criao de peixes, com 6 indivduos. representar bem o pensamento da maioria dosOutro eixo, com 11 indivduos, refora a agricultores entrevistados. Acompanha asideia bsica do lago, que a utilidade para a manifestaes do tempo diariamente e acreditagerao de energia, o que veem como uma que houve mudanas nos padres climticosligao com a questo econmica, turismo e da regio nos ltimos 46 anos. Acredita terdesenvolvimento da regio. Um terceiro menor umidade do ar, menos precipitao eeixo, com 10 respostas, refere-se beleza do essa dando-se em forma de pancadas, acreditalago, associando-o ao lazer. E, um ltimo que as frentes frias passam mais rapidamenteeixo vem associado grandiosidade (tanto sobre a regio. Diz tambm que o sol parecedo reservatrio quanto da prpria Usina), arder mais e acredita que o lago influenciaao fato de ser a maior hidreltrica do muito pouco no clima da regio, afetando

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    principalmente nas localidades prximas s respondeu ao questionrio de nmero 96,suas margens, causando frustrao de safras. residente em So Miguel do Iguau. 60 anos,Foi atingido de forma indireta quando da agricultor, reside na regio h 41 anos efor ma o do l ago e acredi ta que o acredita que na regioempreendimento representa uma produo

    esquentou mais por causa da gua do lago,perdida, pelo fato de se ter muita terra porque l em Foz, onde tem mais gua,

    produtiva abaixo d'gua; pensa que poderiam mais calor,ter sido feitas vrias represas menores ao invsde uma de grande porte. O Sr. disse uma frase acreditando tambm que mudou na poca dasmuito significativa, descrita a seguir: chuvas, pois, segundo ele

    Se o homem usasse 1/3 do dinheiro que as chuvas vinham sempre na colheita do gasta para explorar o espao para o bem da feijo (novembro), e agora vem mais tardehumanidade, o mundo seria bem diferente.

    No entanto, no v o lago como nicoO formulrio 81 foi respondido por uma

    agente modificador do clima da regio, pois eleSra. de 52 anos, de Itaipulndia. Ela emigrou de

    acredita queNova Prata RS, residindo no atual municpioh 45 anos, sendo comerciante e professora. Se o tempo muda por si, da prpria

    natureza,diz viciada em olhar o tempo diariamente e dizperceber, sim mudanas nos padres

    vendo uma integrao de vrios fatores eclimticos na regio desde quando passou ali a

    elementos na determinao dos climas.residir. Acredita que o tempo ficou mais secoOs respondentes dos questionrios(ou mais pesado, como diz), alm de ter

    nmeros 81 e 96, portanto, representamdiminudo a precipitao e aumentado asignificativamente as pessoas que sentem otemperatura; outra observao que fez foi quelago como interferindo do clima da regio.observa uma ventania forte o ano todo, tendo

    J para a Sra. que respondeu aoos ventos aumentado, ento, de frequncia equestionrio nmero 53 e residente dovelocidade com o passar dos anos. Atribuidistrito rural de Iguipor, Marechal Cndidoestas mudanas ao lago de Itaipu, que diz

    Rondon h 44 anos, hoje com 61 anos,no ter boa imagem, mas no sei definir o agricultora, o lago no influencia em nada o porqu clima da regio, sendo as mudanas detectadas

    por ela causadas pelo desmatamento ocorridoEla no foi atingida diretamente com a

    na regio desde sua colonizao. Ela verificouformao do lago e diz que

    que as precipitaes reduziram, est maisquente e existe maior variabilidade dos tiposh um mistrio com esse lago, um clima

    pesado... o lago est prejudicando muito ns, de tempo no decorrer dos anos. Para ela, o lago por causa da mudana do clima algo

    Nesta mesma linha est o Sr. que bonito, mas no representa muito.

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    ii Graduanda em Geografia pela GRIMM, Alice M. Verificao de variaesEstadual do Oeste do Paran (UNIOESTE), climticas na rea do lago de Itaipu. Anais do V

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    (Mestrado em Geografia) Instituto de2 Geocincias e Cincias Exatas, UNESP, RioEntende-se por meio ambiente, neste

    Claro, 2007.trabalho, como tudo o que rodeia o homem,como indivduo ou grupo (OLIVEIRA, 2002, MACHADO, Lucy Marion C. P. Reflexes

    sobre a abordagem perceptiva no estudo dap. 40).paisagem. Geografia, 11, 21, Rio Claro, 1986.pp.143-147.

    3 O nmero entre parntesis representa oMACHADO, Lucy Marion C. P. Paisagemnmero do questionrio.Valorizada: a Serra do Mar como Espao ecomo Lugar. In: DEL RIO, Vicente; OLIVEIRA,

    REFERNCIAS Lvia (orgs.).Percepo ambiental: a experinciaALMEIDA, Ivan Rodrigues de.Variabilidade brasileira. So Paulo/So Carlos: StudioPluviomtrica interanual e produo de soja no Nobel/UFSCar, 1996. pp.97-119.estado do Paran. Dissertao (Mestrado emGeografia) Departamento de Geografia da MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS,Unesp, Presidente Prudente, 2000. Eva Maria.Tcnicas de pesquisa. So Paulo:

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