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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE PLANO COMPLEMENTAR DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE FRENTE À CONSTRUÇÃO DAS HIDRELÉTRICAS DO RIO MADEIRA Porto Velho, janeiro de 2012

PLANO COMPLEMENTAR DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE FRENTE À … · 2019-08-06 · Porto Velho, mais precisamente a partir de 2008, tais como a epidemia de dengue em 2009/2010, epidemia

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PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE PORTO VELHO SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE

PLANO COMPLEMENTAR DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE FRENTE À

CONSTRUÇÃO DAS HIDRELÉTRICAS DO RIO MADEIRA

Porto Velho, janeiro de 2012

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Índice

1 Justificativa 3

2 Cumprimento de metas e alcance de resultados 7

3 Situação de saúde do município de Porto Velho 8

3.1 Mortalidade geral 8

3.2 Mortalidade infantil 9

3.3 Mortalidade materna 11

3.4 Vigilância de Doenças, Agravo, violências e acidentes 12

3.4.1 Dengue 12

3.4.2 Doenças sexualmente transmissíveis 13

3.4.3 Hanseníase 15

3.4.4 Malária 17

3.4.5 Meningites 19

3.4.6 Profilaxia da raiva humana 20

3.4.7 Tuberculose 21

3.4.8 Acidente de transporte 23

3.4.9 Vigilância contínua das violências 25

4 Objetivo geral 28

4.1 Objetivos específicos 28

5 Metas 28

6 Monitoramento 29

7 Orçamento 31

8 Cronograma 32

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1 – Justificativa

A construção das duas Usinas Hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau têm

ocasionado importantes mudanças no cenário da saúde pública do município de Porto

Velho.

O município como um todo vem sofrendo forte pressão demográfica decorrente da

migração ocasionada pela construção das UHE do Rio Madeira. Como esperado, o

crescimento populacional não ocorreu de forma homogênea. Algumas áreas apresentam

maior afluxo populacional, tais como a zona urbana e o distrito de Jaci-Paraná, além do

registro de novas áreas povoadas, seja de forma legal e organizada, como o distrito de Nova

Mutum, ou resultante de ocupação desordenada, estas identificadas tanto na zona urbana

quanto rural.

Pressão demográfica, mudança no comportamento social e alterações

ambientais podem comprometer as condições de saúde do município, podendo ocasionar

mudança no perfil epidemiológico de doenças endêmicas na região e mesmo epidemias por

doenças emergentes ou reemergentes, o que vem sendo identificado. Fortes impactos são

observados nas condições de vida e conseqüentemente de saúde da população urbana e

rural.

No ano de 2010, segundo o censo do IBGE, o município contava com

426.558 habitantes. Chama a atenção o exacerbado processo de urbanização, quando

91,67%, (391.014) são residentes na zona urbana e apenas 8.33% (35.554), residem na zona

rural. A figura 1 mostra a evolução do crescimento urbano no município, no período de

1970 a 2010. O rápido crescimento urbano foi responsável por mudanças importantes na

estrutura municipal.

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Figura 1 - Distribuição percentual da população urbana e rural residente, Porto Velho, 1970

a 2010

56.98

76.63 79.92 81.7991.67

0%

20%

40%

60%

80%

100%

1970 1980 1991 2000 2010

Urbana Rural

Fonte: IBGE, 2010.

O município conta com 290.685 habitantes na faixa etária de 15 a 59 anos,

corresponde a 67,83% do total da população, o segmento etário potencialmente produtivo.

Quanto à distribuição da população por sexo e faixa etária, a tabela 1 mostra que 217.618

pertencem ao sexo masculino, correspondendo a 50,78% e 210.909 ao sexo masculino,

representando 49,22%.

Tabela 1 - População Residente segundo Sexo e Faixa Etária, Porto Velho/RO – 2010

Faixa Etária Total Masculino Feminino

0 a 4 anos 35.360 18.021 17.339

5 a 9 anos 36.791 18.649 18.142

10 a 14 anos 41.538 21.065 20.473

15 a 19 anos 41.989 21.134 20.855

20 a 24 anos 46.655 24.129 22.526

25 a 29 anos 44.191 22.820 21.371

30 a 34 anos 38.915 19.772 19.143

35 a 39 anos 32.173 15.925 16.248

40 a 44 anos 28.970 14.573 14.397

45 a 49 anos 24.829 12.716 12.113

50 a 54 anos 19.422 10.009 9.413

55 a 59 anos 13.541 6.953 6.588

60 a 64 anos 9.039 4.628 4.411

65 a 69 anos 5.855 2.978 2.877

70 a 74 anos 3.980 1.853 2.127

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Faixa Etária Total Masculino Feminino

75 a 79 anos 2.582 1.165 1.417

80 a 89 anos 2.309 1.063 1.246

90 a 99 anos 363 152 211

100 anos ou mais 25 13 12

Total 428.527 217.618 210.909

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE

A vigilância em saúde, com base no monitoramento dos indicadores de saúde,

detectou importantes eventos a partir da expectativa de instalação dos empreendimentos em

Porto Velho, mais precisamente a partir de 2008, tais como a epidemia de dengue em

2009/2010, epidemia de varicela em 2011, incremento de casos de doenças meningocócicas

em 2010, incremento de casos de DST e violências (sexual, física, interpessoal e no

trânsito).

Algumas áreas foram mais fortemente impactadas, a exemplo do distrito de Jaci

Paraná, onde são identificados diversos fatores de risco que interferem diretamente nas

condições de vida e saúde da população, os quais estão relacionados principalmente ao

grande fluxo populacional em um ambiente frágil.

Algumas doenças e agravos atualmente se apresentam com maior intensidade,

merecendo destaque como principais vulnerabilidades naquele distrito, a prostituição com

destaque para a infantil, trafico de drogas, aumento de mortes por causas violentas,

inclusive com chacina de famílias inteiras, fatos estes com ampla repercussão nos meios de

comunicação locais e nacional, tais como a matéria publicada na revista Marie Claire

“Terra sem lei: prostituição, drogas e violência na maior obra do PAC”, em 02 de junho de

2011 e mais recentemente, “Chacina em Jaci-Parfaná”, publicada em 29 de 12.2011 no

jornal eletrônico Folha de Rondônia,.

Atualmente a UHE de Santo Antônio encontra-se na fase de operação. A literatura

refere que em geral, a construção de uma Usina Hidrelétrica compreende quatro fases: fase

de pré-instalação, fase de instalação, fase de construção e fase de operação, havendo em

cada uma destas, repercussões importantes na área de saúde.

Para esta fase, espera-se mudanças ambientais importantes. O represamento das

águas, poderá potencializar o surgimento de novas coleções hídricas com possíveis

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alterações na dinâmica de criadouros e mesmo perenização de criadouros temporários, o

que pode interferir no comportamento das doenças transmitidas por vetores, tais como

malária, leishmaniose, febre amarela dentre outras.

São esperados ainda, o surgimento de novos aglomerados populacionais,

principalmente os resultantes de ocupações desordenadas, com conseqüente aumento

populacional em áreas vulneráveis.

Diante do quadro apresentado e considerando que através da Licença de Operação -

LO nº 1044, de 14 de setembro de 2011, o Ibama estabeleceu a continuidade ao

Subprograma de Vigilância Epidemiológica, o presente plano foi elaborado, com vigência

de 5 anos a partir de 2012.

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2 - Cumprimento de metas e alcance de resultados

A implementação das ações de vigilância em saúde no município de Porto Velho,

teve como objetivo, o enfrentamento dos impactos à saúde da população, esperados em

decorrência da construção das UHE do Madeira, motivou a elaboração no ano de 2009, do

Plano de Vigilância em Saúde Frente à Construção das Hidrelétricas do Rio Madeira, com

vigência de 5 anos

Os recursos do Plano foram utilizados para intensificar as ações de vigilância em

saúde no âmbito municipal, permitindo ampliar a atuação em várias frentes até então de

difícil alcance. Merecem destaque as ações de educação em saúde e mobilização social,

importantes ferramentas na vigilância de doenças transmissíveis, tais como e as doenças

sexualmente transmissíveis, a dengue e a malária. Em relação às não transmissíveis,

merece destaque às ações desenvolvidas para enfrentamento da violência no trânsito, um

dos principais agravos à saúde da população de Porto Velho.

Para a execução das atividades previstas no referido Plano, foram previstos recursos

na ordem de R$ 9.403.728,04 (nove milhões, quatrocentos e três mil, setecentos e vinte e

oito reais e quatro centavos), distribuídos entre os dois empreendimentos. O Consorcio

Santo Antônio Energia destinou R$ 3.011.948,04 distribuídos em 4 atividades estratégicas

conforme tabela 2.

Tabela 2. Distribuição dos recursos da compensação da UHE de Santo Antônio, segundo

rubrica

DETALHAMENTO TOTAL

Capacitações 393.000,00

Material gráfico 2.079.250,00

Reforma e construção 174.658,00

Contrato pessoal 365.040,00

TOTAL 3.011.948,04

Fonte: Plano de VS.

Os recursos acima mencionados, foram utilizados segundo o plano de aplicação, na

confecção de material educativo para os programas de controle da dengue, tuberculose,

hanseníase, meningite, DST/Aids, controle da raiva animal, posse responsável de cães e

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gatos, leptospirose, meningites, malária, animais peçonhentos, esquistossomose, além de

fichas de notificações dos agravos previstos na Portaria MS 104/2011.

Foram desenvolvidas também, campanhas educativas, destacando-se as campanhas

sobre segurança no transito, agente mirim no controle da dengue, Dst/Aids (carnaval,

carnaval fora de época, feira agropecuária-Expovel e festa junina Flor do Maracuja).

3 - Situação de saúde do município de Porto Velho

3.1 - Mortalidade geral

De 2009 para 2010, o município registrou incremento populacional na ordem de 10.52%.

Para o ano de 2011, segundo estimativa do IBGE, o municipio registrou população de

435.735 habitantes, distribuídos em 34.082 km². A densidade populacional do município

foi 12.57 hab/ km². Um importante percentual da população está localizada na zona

urbana (390.733), representando 91,18%> A zona rural registra 37.794 habitantes,

correspondendo a 8,81%.

As principais causas de mortalidade são as doenças não transmissíveis, sendo as

causas externas classificadas em primeiro lugar, seguida das doenças do aparelho

circulatório/DAC e pelas neoplasias. Conforme podemos observar na figura 2.

Figura 2 – Mortalidade proporcional, Porto Velho/RO, 2006 a 2010

Fonte: SIM/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 12.12.2011

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Em 2010, as causas externas (21,94%) foram a principal grande causa de

mortalidade em Porto Velho, seguida das doenças do aparelho circulatório (18,12%) e das

neoplasias (13,94%). Algumas afecções originadas no período perinatal corresponderam a

7,46% dos óbitos e ocuparam o quarto lugar. As doenças infecciosas e parasitárias foram

responsáveis por 6,38% dos óbitos. Dentre as principais causas de óbito, as causas externas

se tornaram um importante problema de saúde pública.

3.2 - Mortalidade infantil

Outro importante indicador de saúde é a mortalidade infantil. De acordo com o MS

há tendência de redução da mortalidade infantil em todas as regiões do país. A redução

deste indicador estar relacionada a melhoria das condições de vida, a queda da fecundidade

e o efeito das intervenções públicas implementadas nas últimas décadas, como

planejamento reprodutivo; redução do analfabetismo; ampliação da cobertura da Estratégia

Saúde da Família; melhoria das coberturas vacinais, saneamento ambiental entre outros

aspectos. Esta tendência também é observada no município de Porto Velho, quando no ano

de 1998, a Taxa de Mortalidade foi de 31,9 conforme descrito no artigo “Estimação da

mortalidade infantil no Brasil: o que dizem as informações sobre óbitos e nascimentos do

Ministério da Saúde?” , 2002. No entanto, apesar da redução registrada a partir de 1998,

os indicadores mostram que Porto Velho ainda registra elevados números de mortalidade

nesta faixa etária, conforme mostra a figura 3.

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Figura 3 – Taxa de mortalidade infantil segundo ano de óbito. Brasil, Região Norte e

Porto Velho/RO, 2006 a 2010

21.93 22.09

16.54

19.50

21.74

13.8714.8115.0315.69

16.41

19.5218.50 17.62 17.98 17.20

-

5.00

10.00

15.00

20.00

25.00

2006 2007 2008 2009 2010

Ano

Tax

a d

e m

ort

alid

ade/

1.0

00

NV

Brasil Norte Porto Velho

Fonte: SIM/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 06.02.2012.

Os dados da figura 7 nos chama a atenção o ano de 2008, o qual apresenta uma

redução importante na TMI. Este comportamento não parece refletir a realidade,

considerando que os dois anos anteriores e posteriores, apresentam taxas mais elevadas,

levando a hipotese, de baixa captação do dado no ano de 2008, o que tem sido revertido,

com investimentos em capacitação, busca ativa de óbitos e nascidos vivos, investigação de

óbito e monitoramento contínuo do banco de dados.

No período de 2006 a 2010, foram registrados 767 óbitos infantis. Destes, 50,58%

ocorreram na faixa etária de até 7 dias, 17,60 na faixa etária de 7 a 27 dias e 37,81% da

faixa etária de 28 dias a 1 ano. No ano de 2010, comportamento semelhante foi observado,

quando 57,30% dos óbitos infantil, ocorreram na faixa etária de até 7 dias, de um total de

171 óbitos infantis, demonstrando com isso a necessidade de atuar-se com atenção durante

a gestação e nos primeiros dias de vida do Recém Nascido.

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3.3 - Mortalidade materna

A Razão de Mortalidade Materna – RMM estima a frequência de morte de mulheres

ocorridas durante a gravidez, aborto, parto ou até 42 dias após o parto, tendo como

denominador o total de nascidos vivos – NV. O número de NV é adotado, como

aproximação do total de mulheres grávidas, segundo a RIPSA 2008.

A figura 4 mostra o comportamento da mortalidade materna no Município de Porto

Velho, no período de 2006 a 2010. No período apresentado, foram registrados 24 óbitos

maternos, dos quais 11 ( 45,8%) estão relacionados com a gravidez e o parto e 15 ( 62,5%)

ocorreram durante o puerpério, dos quais 4 (26,6%) foram classificados como morte

materna tardia, de 43 dias a 1 ano após o parto.

Figura 4 - Nùmero de óbitos e RMM. Porto Velho, 2006 a 2010

39.6 41.1

66.7

94.2

76.26

0

20

40

60

80

100

2006 2007 2008 2009 2010

Ano

RM

M

0

2

4

6

8

Núm

ero

de ó

bitos

RMM Óbito

Fonte: SIM/Sinasc/DVEA/SEMUSA/PV. Dados acessados em 02/02/2012, sujeitos à revisão.

No ano de 2011 foram notificados 7 óbitos maternos, dos quais 4 (57%)

ocorreram no puerpério e 3 (42,85%) na gravidez/parto. Destes, 1 foi classificado como

morte materna tardia. De acordo com o Capítulo XV do CID 10, as causas básicas

registradas no SIM foram: 2 óbitos ( O85 – Infecção puerperal), 1 óbito (O88.2 - Embolia

obstétrica por coagulo de sangue), 1 óbito (O10.1 Doença cardíaca hipertensiva

preexistente complicando a gravidez, o parto e o puérperio), 1 óbito (O44.1 - Placenta

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prévia), 1 óbito (O67.0-Hemorragia intraparto com deficiência de coagulação) e 1 (O008 -

Gravidez ectópica).

3.4 - Vigilância de doenças, agravos, violências e acidentes

3.4.1 - Dengue

Há mais de uma década, esta doença vem se constituindo em um dos mais sérios

problemas de saúde pública para o município de Porto Velho, com registro de surtos

epidêmicos. Os primeiros focos do Aedes aegypti foram identificados em 1992, e os

primeiros casos autóctones, no ano de 1997. A partir dos primeiros casos autóctones,

observa-se que em todos os anos, foram registrados casos da doença, com aumento nos

períodos de chuva durante o inverno amazônico.

A figura 5, ilustra a incidência da dengue no período de 2001 a 2010 no município de Porto

Velho, a qual observamos curtos intervalos de tempo entre os períodos de maior incidência

e mesmo de epidemias, tais como a de 2009/2010. Nos últimos 3 anos da série histórica,

observa-se um aumento crescente da incidência, apesar de todas as medidas de controle

adotadas, o que nos remete a sugerir que isto ocorreu pela grande movimentação

populacional observada no município nos últimos anos.

Figura 5 - Incidência de dengue segundo ano de diagnóstico. Porto Velho, 2001 a 2011

-

40.00

80.00

120.00

160.00

200.00

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Incid

ên

cia

10

mil h

ab

ita

nte

s

Fonte: SINAN/DEVEA/SEMUSA/dados acessados em 02.02.2012

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A figura 6 mostra a letalidade da dengue e número de óbitos em Porto Velho, o qual

observamos que na série histórica de 2000 a 2006, não há registro de óbitos e que de 2008 a

2010, que foram anos epidêmicos, os óbitos registrados ficaram dentro de patamares

considerados aceitáveis pelo MS.

Este indicador reflete a organização das ações de vigilância epidemiológica da

dengue, diante da realidade de cada período, com a priorização da notificação, analise e

posterior planejamento principalmente para as ações de assistência ao paciente com dengue,

promovendo o tratamento adequado e oportuno, reduzindo assim, drasticamente as formas

graves da doença e em conseqüência, os óbitos.

Figura 6 - Letalidade e número de óbitos de dengue segundo ano de notificação. Porto

Velho, 2000 a 2010

Meta PAVS: Manter a Taxa de Letalidade das formas graves da dengue ≤ 2%.

Fonte: SINAN/DEVEA/SEMUSA. Dados acessados em 02.02.2012.

3.4.2 - Doenças sexualmente transmissíveis

Atualmente, o município de Porto Velho enfrenta a construção de duas usinas

hidrelétricas (UHE) sobre o rio Madeira, UHE Santo Antônio e UHE Jirau, o que está

ocasionando intenso fluxo migratório e incremento populacional, já sendo possível, mesmo

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nos primeiros anos de implantação, vislumbrar impactos nas doenças sexualmente

transmissíveis.

Projetos de grande magnitude, a exemplo da construção de hidrelétricas modificam

a estrutura socioambiental local, potencializando fatores de risco, com a possibilidade de

introdução e disseminação de doenças e agravos à saúde da população tal como a aids

(Couto, 1999).

Na impossibilidade de se mensurar a magnitude das DST, optamos por apresentar o

perfil epidemiológico do HIV/aids, por possuir um banco de dados robusto e fidedigno,

capaz de retratar a realidade. Optamos também pela faixa etária de 13 anos e mais

(adulto), por ser a sexual, a principal via de transmissão nesta faixa etária.

A figura 7, mostra a Taxa de detecção de aids em adulto segundo ano de

diagnóstico, demonstrando que a incidência de Porto Velho se mantém acima da região

norte e Brasil. Chama a atenção que a partir do ano de 2009 há um incremento na

incidência, o que coincide com o aumento populacional e intenso fluxo migratório local,

ocasionado pela construção das UHE do Madeira.

Figura 7 - Taxa de detecção de aids em adulto segundo ano de diagnóstico. Porto Velho,

região norte e Brasil, 2001 a 2010

0

5

10

15

20

25

30

35

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Ano de diagnóstico

Incid

ên

cia

10

0 m

il h

ab

.

P.Velho Norte Brasil

Fonte: Sala de situação em saúde do Ministério da Saúde. Dado acessado em 12 de agosto

de 2011.

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O número de casos de aids em adultos vem aumentando na série histórica, assim

como a taxa de detecção dos casos em ambos os sexos apresenta tendência de crescimento,

conforme mostra a figura 8.

Figura 8 - Taxa de detecção de aids em adultos, segundo município de residência e ano de

diagnóstico. Porto Velho, 2006 a 2010

Fonte: SINAN/SEMUSA/DVEA, dados acessados em dezembro de 2011, sujeitos a revisão.

A analise do comportamento da aids segundo faixa etária, mostra que a mais alta taxa de

detecção foi em pessoas de 25 a 34 anos. As outras taxas mais altas foram respectivamente

na faixa etária de 35 a 44 e 45 a 54 anos, atingindo portanto, adultos em idade produtiva e

reprodutiva, assim como pessoas com mais idade. Cabe considerar existe um tempo

decorrido entre a infecção pelo HIV e a ocorrência da aids, portanto é possível que a

infecção tenha ocorrido quando estas pessoas eram mais jovens.

3.4.3 - Hanseníase

Em Porto Velho, na última década foi registrado uma média de 161 casos novos ao ano,

acometendo com maior intensidade a população do sexo masculino, figura 9, com 1.047

casos, representando (63,8%).

0

10

20

30

40

50

60

Ano

me

ro d

e c

as

os

Masculino Feminino

Masculino 50.71 49.57 51.94 39.6 44.59

Feminino 28.85 34.96 28.52 35.49 36.73

2006 2007 2008 2009 2010

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Figura 9 - Hanseníase por sexo e ano de Diagnóstico.Porto Velho/RO, 2001 a 2011

0

50

100

150

200

250

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Núm

ero

de c

asos

Masculino Feminino Total

Fonte: Sinanw/DVEA/SEMUSA/PMPV. Dados acessados em 02/02/2012.

A figura 10 mostra que a maioria dos casos diagnosticados no município de Porto Velho,

foram classificados como multibacilar em todos os anos da série histórica. Considerando

que este se constitui no grupo com maior potencial de contagio, se mantendo como fonte de

infecção, enquanto o tratamento especifico não for iniciado. Este dado ratifica a

importância da doença no cenário municipal e a necessidade da adoção de medidas de

controle.

Figura 10 - Casos de Hanseníase por Classificação Operacional e Ano de Diagnóstico.

Porto Velho. 2001 a 2011

0

20

40

60

80

100

120

140

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Núm

ero

de c

asos

Paucibacilar Multibacilar

Fonte: SINAN NET/ DVEA /SEMUSA /Porto Velho. Dados acessados em 02/02/2012.

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A figura 11 mostra o coeficiente de detecção de Hanseníase segundo forma e ano de

diagnóstico. A analise da figura indica que a detecção de casos novos da doença ocorre

tardiamente. No ano de 2011, o município registrou 87 casos da doença, com

coeficiente de detecção de 19,96/100 mil habitantes, estando o município classificado

como hiperendemico para transmissão da doença.

Figura 11 – Coeficiente de detecção de casos de Hanseníase segundo forma e Ano de

Diagnóstico. Porto Velho. 2001 a 2011

0

5

10

15

20

25

30

35

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Co

ef. d

ete

c. 1

00

mil h

ab

coef.detcPB coef.detcMB

Fonte: SINAN NET/ DVEA /SEMUSA /Porto Velho. Dados acessados em 02/02/2012.

3.4.4 - Malária

A malária é importante problemas de saúde para o município de Porto Velho

(Figura 34), representando no ano de 2010, 54% dos casos registrados no estado de

Rondônia. Em 2011 foram registrados 19.248 casos da doença, sendo 18.261 p. vivax e

988 P. falciparum. O município apresentou redução de 17,20;% em relação ao ano

anterior; e redução de 49,22% % de P. falciparum.

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Figura 34 - Número de casos de malária notificados em Porto Velho – RO, de 1996 a

2011*

0

10000

20000

30000

40000

50000

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011*

Obs.: * 2011: Dados parciais, acessados em 02 de fevereiro de 2012.

Fonte: www.saude.gov.br/sivep_malária.

A Incidência Parasitária Anual – IPA, indicador que mede o risco de transmissão da

doença, variou de 123.81/1000 hab. (alto risco) em 2005, para 44,17/1000 hab. (médio

risco) em 2011, conforme mostra a figura 12. Os resultados de 2011 demonstram

importante redução no risco de transmissão no período de 2005 a 2011, inclusive com a

mudança na classificação do município de alto risco para médio risco e com redução da

Incidência Parasitária Anual de 22,85% em relação ao ano anterior.

Figura 12 – Incidência Parasitária Anual, segundo ano de notificação. Porto Velho- RO,

2005 a 2011

128.6

54.2644.16

93.284.9

62.453.7

0

20

40

60

80

100

120

140

2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Fonte: SIVEP_Malaria Semusa/P.Velho-RO. Dados acessados em 05 de janeiro de 2012.

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3.4.5 - Meningites

A figura 13 mostra a incidência da meningite segundo ano de diagnóstico no município de

Porto Velho. A ocorrência de casos em todos os anos da série histórica demonstra a

endemicidade da doença, com uma linha de tendência decrescente na série histórica de

2000 a 2011, passando de um coeficiente de incidência de 14.64/100.000 habitantes em

2000 para um coeficiente de incidência de 6.66/100.000 habitantes em 2011.

Figura 13 - Incidência de meningite segundo ano de diagnóstico. Porto Velho, 2000 a 2011

14.64

7.60

6.32

9.61

3.21

7.04

4.43

6.66

5.80

6.966.82

2.78

-

4.00

8.00

12.00

16.00

2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Ano

Incid

ência

100 m

il hab.

Linha de base 2006: 6.82/100 mil habitantes

Fonte: SINAN/DEVEA/SEMUSA/dados acessados em 01.02.2012.

Observamos que do total de 303 casos confirmados, 50% são de etiologia não

especificada e ou bacteriana não especificada, demonstrando que o problema da vigilância

epidemiológica das meningites no município de Porto Velho é em parte decorrente de

problemas na coleta, transporte e/ou processamento do líquor, demandando ações de

organização dos serviços de saúde nos 3 níveis de gestão do SUS.

Atenção especial está sendo dada para a DM (doença meningocócica) considerando

que apesar da tendência de queda dos casos de meningite na série histórica em referência, a

DM vem aumentando significativamente o seu registro de casos e óbitos com o incremento

de 700% no número de casos de DM quando comparado o ano de 2008 em relação ao ano

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de 2010. No ano de 2011, considerando a descontinuidade na oferta do suporte laboratorial

da referência estadual, Lacen, só foi possível confirmar 1 caso de DM.

Os dados ora observados em relação a DM no município de Porto Velho, sugerem a

associação com achados relativos ao ambiente construído e relativo ao incremento

populacional que atualmente acomete o nosso município com a construção das UHE do rio

Madeira, demandando ações oportunas e específicas da vigilância local, no sentido de

identificar riscos reais para a produção de novos casos de meningite com destaque para a

prevenção de riscos de surtos e epidemias.

3.4.6 - Profilaxia da raiva humana

Em Porto Velho, conforme mostra a figura 14, no período de 1996 a 2004, houve o

registro de casos de raiva canina, sendo que o último caso de raiva humana foi registrado

no ano de 1999 e o último caso de raiva animal, em 2004. Do total de casos registrados em

animais, 95,9% foram em caninos.

Figura 14 – Número de casos de raiva humana e animal, segundo ano de notificação. Porto

Velho, 1995 a 2011

1

4

1

0

0.5

1

1.5

2

2.5

3

3.5

4

4.5

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008 20

9

2010

2011

Ano

Raiv

a h

um

ana

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

Raiv

a a

nim

al

Humana Animal

Fonte: SINANET/SEMUSA/PV. Dados acessados em julho/2011.

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Este avanço é resultado da melhoria na cobertura vacinal de animais domésticos,

havendo o município de Porto Velho, pactuado duas campanhas anual; as ações de bloqueio

diante de casos de raiva animal e maior acesso a vacinação pós exposição.

O protocolo para profilaxia da raiva humana está implantado em 100% das unidades

de saúde da rede municipal. No ano de 2011, foram notificados 946 acidentes provocados

por animais passíveis de transmissão da raiva, com uma média mensal de 79 atendimentos

nas unidades de saúde da rede municipal. Dentre as espécies agressoras, o cão tem sido o

maior envolvido, contribuindo com 86,25% dos registros, seguido pelo gato 12,26%. As

demais espécies contribuem com 1,47%, conforme mostra a figura 15.

Figura 15 – Distribuição percentual de casos da média de casos notificados, segundo

espécie agressora, Porto Velho, RO 2011

Canina

87%

Felina

12%

Outros

1%

Fonte: SINANET/SEMUSA/PV. Dados acessados em 30.06.2011, sujeitos a alteração.

3.4.7 - Tuberculose

A tuberculose continua a merecer especial atenção dos profissionais de saúde e da

sociedade como um todo. Ainda obedece a todos os critérios de priorização de um agravo

em saúde pública, ou seja, grande magnitude, transcendência e vulnerabilidade.

A figura 16 mostra a incidência da tuberculose segundo a coorte por ano de

diagnóstico no município de Porto Velho, mostrando uma linha de tendência decrescente de

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2000 a 2006, no ano de 2007 a incidência foi de 38,9/100.000 habitantes, em 2008

33,4/100.000 habitantes e 2009 39,6/100.000 habitantes.

Figura 16 - Incidência de Tuberculose pulmonar bacilífera segundo ano de coorte. Porto

Velho, 2000 a 2011

-

10.00

20.00

30.00

40.00

50.00

60.00

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

2010

2011

Ano de diagnóstico

Incid

ên

cia

10

0 m

il h

ab

.

Incidencia Linear (Incidencia )

Fonte: SINAN/DEVEA/SEMUSA/dados acessados em 02/02/2012.

A Figura 17 mostra o percentual de cura e o número de casos de tuberculose

pulmonar bacilífera diagnosticado no município de Porto Velho, no período de 2000 a

2010. Observamos que em todo o período da série histórica, a percentual de cura não

alcança a meta pactuada. Este comportamento está estreitamente relacionado com a

dificuldade encontrada pela vigilância da tuberculose em implantar e/ou implementar o

serviço nas unidades de saúde municipal, o que no entanto, vem gradativamente sendo

alcançado. Outro fator que contribui para o baixo percentual percentual de cura registrado,

é o não preenchimento pelas unidades de saúde, do boletim mensal de acompanhamento de

casos de tuberculose.

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Figura 17 - Percentual de cura de Tuberculose pulmonar bacilífera, segundo ano de coorte.

Porto Velho. 2000 a 2011

Fonte: SINAN/DEVEA/SEMUSA/dados acessados em 02/02/2012.

Meta PAVS

Apesar destes resultados, identifica-se melhora gradativa na oferta de diagnóstico e

tratamento, que atualmente está disponível em todas as unidades de saúde municipais, tanto

da zona urbana quanto da zona rural. Outro fator importante, tem relação com a quantidade

de capacitações ofertadas para profissionais de saúde, inclusive com a implantação no

município do Tratamento Diretamente Observado – TDO, bem como a descentralização

gradativa da prova tuberculinica – PT. Aliada a estas ações, o município investe fortemente

em ações educativas junto à população.

A principal meta da Secretaria Municipal da Saúde está relacionada à busca ativa de

casos, realizada pela estratégia de saúde da família.

3.4.8 - Acidente de transporte

Até o mês de junho de 2011, o município de Porto Velho totalizou uma frota de

173.802 veículos, correspondendo a 29,17% do Estado, tendo crescimento de 8,03% no

primeiro semestre do ano, o que nos dá uma média de 2.154 veículos/mês. Possui um frota

de veículos maior que a de motocicletas, no entanto, com relação a este tipo de veículo,

chama atenção a sua taxa de crescimento de 9,96% no primeiro semestre, o que

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corresponde a uma média de 988 motocicletas/mês, enquanto o veículo do tipo

automóvel/camioneta cresceu 6,51% com uma média de 829 unidades/mês.

O aumento da frota, conforme mostra a figura 18, é considerado um dos principais

fatores de risco para os elevados índices de acidentes. Porém podemos dizer que os altos

índices não deve ser creditado tão somente ao aumento da frota, existem outros fatores que

contribuem para estes resultados, como a imprudência e a imperícia, a inadequada

engenharia de tráfegos, as questões socioeconômicas, dentre outras, como foi citado

anteriormente.

Figura 18 - Evolução da frota veicular e acidentes de trânsito, Porto Velho/RO, 2003 a

2010

Fonte: Detran/RO, agosto/2011

Plano de Segurança Viária para a Década 2011-2020

A Organização Mundial de Saúde definiu a década 2011 a 2010, como a década

para redução da morbimortalidade por acidente de trânsito. Para isso, os municípios com

maiores índices de morbimortalidade foram convocados para elaborarem o Plano Decenal.

Porto Velho sendo uma das capitais com maiores índices deste agravo, iniciou a construção

deste plano, estabelecendo como meta, a redução de 50% das taxas por acidente de trânsito,

até o final da década.

0

40.000

80.000

120.000

160.000

200.000

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Núm

ero

de v

eícu

los

0

2.000

4.000

6.000

8.000

10.000

Núm

ero

de a

cide

ntes

Frota veicular Acidentes de trânsito

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3.4.9 - Vigilância contínua das violências

As notificações dos casos de violências, em Porto Velho, tiveram início em julho de

2006, com a implantação do serviço de referência na Maternidade Municipal Mãe

Esperança. Nos anos seguintes, a notificação foi implantada nas demais US.

Existe uma subnotificação das violências, possivelmente por ser um agravo de

notificação recente e pela insegurança do profissional de saúde em fazer tal procedimento.

Nos anos de 2007, 2009 e 2011, houve um maior número de casos notificados, devido aos

casos captados durante a pesquisa realizada em serviços sentinelas, de violências e

acidentes, nestes anos, conforme mostra a figura 19.

Figura 19 – Casos notificados de violências, Porto Velho/RO, 2006 a 2011

Fonte: SINAN/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 09.01.2012

Na figura 20, observamos que os casos notificados de violência tem como sexo

agredido principalmente o feminino, porém nos anos de realização da pesquisa de

violências e acidentes em serviços sentinelas (2007 e 2009), a proporção aumenta no sexo

masculino, porém o mesmo não aconteceu em 2011. Vale ressaltar que realizamos a

pesquisa também em 2006, mas os casos de violências deste ano não foram inseridos no

Sinan net.

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A violência de gênero ainda perpetua-se na cidade, acompanhando a triste

realidade de todo o país.

Entende-se por violência de gênero aquela contra parceiros que ocorre em todas as

sociedades e camadas sociais. Inclui: atos de agressão física, relações sexuais forçadas e

outras formas de coação sexual, maus-tratos psicológicos e controle de comportamento.

Pode ocorrer em ambos os sexos, em parceiros do mesmo sexo, mas as mulheres são mais

vitimizadas, especialmente nas sociedades em que as desigualdades entre homens e

mulheres são mais marcantes (KRUG et al., 2002).

Figura 20 – Casos notificados de violências, segundo sexo do agredido, Porto Velho/RO,

2006 a 2011

Fonte: SINAN/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 09.01.2012

Dos casos notificados de violências 51,6% ocorreram em pessoas de faixa

etária de 15 a 24 e 25 a 34 anos e 36,1% em crianças e adolescente de 0 a 14 anos (Figura

49).

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Figura 21 – Casos notificados de violências, segundo faixa etária da pessoa agredida. Porto

Velho/RO, 2007 a 2011

Fonte: SINAN/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 09.01.2012

Dos casos de violências notificados, as pessoas do sexo feminino foram as que

estiveram mais expostas a violências dos diversos tipos: física, sexual, psico/social,

negligência/tortura, conforme a figura 21.

Figura 22 – Casos notificados de violências, segundo tipo de violência. Porto Velho/RO,

2007 a 2011

Fonte: SINAN/DVEA/SEMUSA/PV, acessado em 09.01.2012

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4 - Objetivo geral:

Implementar as ações de vigilância em saúde na rede municipal;

4.1 - Objetivos específicos

Intensificar a vigilância em saúde nas unidades de saúde da rede pública e privada

do município de Porto Velho;

Redimensionar a estrutura de informática da vigilância epidemiológica municipal;

Implementar as ações de monitoramento e analise da situação de saúde municipal;

5 – Metas

Implantar 5 núcleos de vigilância em saúde em unidades estratégicas da rede

pública municipal;

Realizar 5 capacitações em vigilância em saúde para profissionais da rede municipal

de saúde e técnicos da vigilância;

Publicar 2 boletins anuais com analise da situação de saúde municipal;

Realizar 2 reuniões anuais para analise da situação de saúde municipal;

Realizar 1 seminário para disseminação das informações em saúde anual;

Construir 1 “sala de situação em saúde virtual”;

Adquirir 10 câmaras para conservação de imunizantes;

Adquirir 25 equipamentos de informática.

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6 - Monitoramento

O monitoramento do presente plano, consistirá na análise sistemática de um elenco

de indicadores clássicos que fazem parte do monitoramento das metas pactuadas na

Programação de Vigilância em Saúde - PAVS e Pacto pela Vida. Foram elencados os

agravos e doenças considerados mais suscetíveis aos impactos socioeconômicos e

ambientais de grandes empreendimentos,.

Optou-se também, pela definição de uma linha de base, que tem o objetivo, servir

como parâmetro para acompanhar o comportamento de saúde da população durante o

período de construção das Usinas Hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio no município de

Porto Velho. Para tanto, ficou estabelecido o ano de 2006, três anos antes do início da

obra.

o Dengue

Indicador: Incidência: ( Número de casos de dengue notificados / população

residente x 10 mil habitantes);

Indicador: Taxa de letalidade – (Número de óbitos por FHD + SCD + DCC /

número de casos notificados de dengue x 10 mil habitantes);

o Doenças exantemáticas

Indicador: Percentual de doenças exantemáticas com investigação

laboratorial realizada por meio de sorologia;

o Doenças sexualmente transmissíveis;

Indicador: Taxa de detecção do HIV/Aids em adultos por ano de diagnóstico

o Hepatite B

Indicador: Incidência de casos de hepatite B

Indicador: Percentual de casos novos de hepatite B com confirmação

laboratorial

o Influenza

Indicador: Percentual de amostras coletadas no Serviço Sentinela Municipal

para Influenza;

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o Malária

Indicador: Incidência parasitária anual, Índice de falciparum;

o Meningites

Indicador: Incidência de meningite

o Tuberculose

Indicador: Percentual de cura de Tuberculose pulmonar bacilífera

Indicador: Incidência de Tuberculose pulmonar bacilífera segundo ano de coorte

o Doenças não transmissíveis

1 – Indicador:

o Acidente de transporte.

1 – Indicador: Taxa de letalidade por acidente de transportes - (Número de

óbitos por acidente de transporte / população residente x 100 mil habitantes).

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7 – Orçamento

Para a execução do presente plano, foi estimado o valor de R$ 2.500.000.00 (dois

milhões e quinhentos mil reais), os quais destina-se a cobrir as despesas previstas na tabela

3. As demais despesas inerentes as ações de vigilância em saúde serão custeadas com

recursos municipais oriundas do Piso de Piso Fixo de Vigilância e Promoção da Saúde –

PFVPS e recursos do Tesouro Municipal.

Tabela 3 – Orçamento para a implementação das atividades e metas previstas no presente

Plano, para o período de 2012 a 2016

Áreas Valor ( R$ )

Capacitação de pessoal 751.000.00

Material gráfico 500.000.00

Contratação de pessoal 300.000.00

Equipamento e material permanente 950.000.00

Total 2.500.000.00

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8 - Cronograma

Atividades Ano execução

1º 2º 3º

Capacitação de recursos humanos

Confecção de material gráfico

Contratação de pessoal

Equipamento e material permanente