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Política de Assistência Social
1 -Legislação de Referência
LOAS – Lei Orgânica de Assistência Social (Lei Nº 8.742 de 7 de Dezembro de 1993)
Constituição Federal de 1988.
2- Órgãos Gestores
Coordenado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o Sistema é composto pelo poder público e sociedade civil, que participam diretamente do processo de gestão compartilhada.
3- Instâncias Político-administrativas
A Assistência Social se organiza com base na descentralização e na
participação social. A descentralização significa distribuição de
responsabilidades entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios. A participação social ocorre por meio dos Conselhos de Assistência
Social e da parceria com as Entidades Beneficentes de Assistência Social.
Compete à União coordenar a Política Nacional de Assistência Social;
conceder o Benefício de Prestação Continuada aos idosos e portadores de
deficiência carentes e prestar apoio financeiro aos Estados, DF e Municípios.
Compete aos Estados coordenar o Plano Estadual de Assistência Social e
prestar apoio financeiro aos Municípios, inclusive para o pagamento do auxílio-
natalidade e do auxílio-funeral. Compete aos Municípios coordenar o Plano
Municipal da Assistência Social; destinar recursos para a execução dos
programas e projetos de Assistência Social; efetuar o pagamento do auxílio-
natalidade e do auxílio-funeral; e executar as ações de assistência social.
3.1 Conselhos de Assistência Social
Os Conselhos de Assistência Social são órgãos deliberativos, de atuação
permanente, instituídos em cada esfera de Governo. Têm composição paritária,
com metade dos membros representando o Governo e metade representando
a sociedade. 8 O Conselho Nacional de Assistência Social é composto por 18
(dezoito) membros, sendo 9 (nove) representantes do Governo Federal e 9
(nove) representantes de organizações da sociedade civil. São suas
atribuições:
Expedir as normas gerais para a Assistência Social;
Aprovar a Política Nacional de Assistência Social;
Aprovar a proposta orçamentária para a Assistência Social;
Acompanhar e avaliar a gestão dos recursos e a execução dos
programas e projetos pelos Estados e Municípios.
Os Conselhos de Assistência Social dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios devem aprovar os respectivos Planos de Assistência Social e
exercer as funções de fiscalização e controle dos programas e projetos de
assistência social em cada uma dessas esferas de Governo.
3.2 Financiamento da Assistência Social
O financiamento da Assistência Social é feito com recursos orçamentários da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, bem como por meio
de contribuições sociais pagas pelas empresas e pelos trabalhadores, além de
percentual da arrecadação dos concursos de prognósticos ou loterias
administradas pela Caixa Econômica Federal. No âmbito da União, esses
recursos são alocados no Fundo Nacional de Assistência Social. Nos Estados,
Distrito Federal e Municípios, os recursos vão para os respectivos Fundos de
Assistência Social.
3.3 Fundo Nacional de Assistência Social
O Fundo Nacional de Assistência Social é responsável pelo pagamento do
Benefício de Prestação Continuada aos idosos e aos portadores de deficiência
carentes, bem como pelo apoio financeiro aos programas e projetos de
Assistência Social executados pelos Estados, DF e Municípios. Para que
recebam recursos do Fundo Nacional de Assistência Social, os Estados, o
Distrito Federal e os Municípios devem organizar-se, criando o Conselho e o
Fundo de Assistência Social e elaborando o Plano de Assistência Social.
3.4 Fundos Estaduais, do Distrito Federal e Municipais de Assistência
Social
Em cada Estado e Município e no Distrito Federal, deve ser criado o próprio
Fundo de Assistência Social. Para esses Fundos são repassados recursos
orçamentários da União, com vistas ao co-financiamento dos programas e
projetos de Assistência Social. Os 9 Estados também devem repassar recursos
do Fundo Estadual de Assistência Social para os Fundos Municipais de
Assistência Social, cumprindo a sua responsabilidade no co-financiamento de
programas e projetos e do pagamento do auxílilo-natalidade e do auxílio-
funeral.
3.5 Sistema Único de Assistência Social
Constitui nova forma de organização da Assistência Social, inspirada no
Sistema Único de Saúde, visando à criação de uma rede de serviços
socioassistenciais, com foco prioritário nas famílias, pautada na padronização e
qualidade no atendimento, bem como na avaliação de resultados. Para isso,
será implantado o repasse simplificado dos recursos da União, diretamente do
Fundo Nacional de Assistência Social para os Fundos Estaduais, do Distrito
Federal e Municipais de Assistência Social; a remuneração dos serviços
prestados observará uma tabela única; haverá maior autonomia para a
aplicação dos recursos pelos Estados e Municípios, o que se refletirá no
estímulo à participação desses entes no custeio dos serviços, o co-
financiamento.
3.6 Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome – MDS
É responsável pelas políticas nacionais de desenvolvimento social, de
segurança alimentar e nutricional, de assistência social e de renda de
cidadania no Brasil. É também gestor do Fundo Nacional de Assistência Social.
3.7 Estrutura do MDS
Secretaria Nacional de Assistência Social – órgão responsável pela gestão
nacional da Política Nacional de Assistência Social, com o objetivo de
consolidar o direito à Assistência Social em todo o país; Secretaria Nacional de
Renda de Cidadania – órgão responsável pela implementação da Política
Nacional de Renda e de Cidadania no país, por meio do Programa Bolsa
Família e do Cadastramento Único (identificação das famílias em situação de
pobreza de todos os Municípios brasileiros); Secretaria Nacional de Segurança
Alimentar e Nutricional – órgão promotor de ações voltadas ao combate à
fome, para assegurar o direito do cidadão ao acesso diário à comida, em
quantidade, qualidade e regularidade.
4- Instrumentos de Gestão
a) Plano de Assistência Social
b) Orçamento e o Financiamento
c) Gestão da Informação
d) Monitoramento e a Avaliação
e) Relatório Anual de Gestão
a- Plano de Assistência Social
É um instrumento técnico, político e operacional, que organiza, regula e norteia
a execução da Política de Assistência social e define as ações prioritárias a
serem desenvolvidas.
A estrutura do plano comporta, em especial, os objetivos gerais e específicos;
as diretrizes e prioridades deliberadas; as ações e estratégias correspondentes
para sua implementação; as metas estabelecidas; os resultados e impactos
esperados; os recursos materiais humanos e financeiros disponíveis e
necessários; os mecanismos e fontes de financiamento; a cobertura da rede
prestadora de serviços; os indicadores de monitoramento e avaliação e o
espaço temporal de execução. No âmbito dos municípios, do Distrito Federal e
dos estados, quando respondendo pela gestão financeira dos municípios não-
habilitados, esse Plano deverá se desdobrar, anualmente, em um Plano de
Ação.
b- Orçamento e o Financiamento
O financiamento da política de Assistência Social é detalhado no processo de
planejamento, por meio do Orçamento plurianual e anual, que expressa a
projeção das receitas e autoriza os limites de gastos nos projetos e atividades
propostos pelo órgão gestor e aprovados pelos conselhos, com base na
legislação, nos princípios e instrumentos orçamentários e na instituição de
fundos de Assistência Social, na forma preconizada pela LOAS e pela Lei nº
4.320/64. Os instrumentos de planejamento orçamentário, na administração
pública, se desdobram no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias
e na Lei Orçamentária Anual.
PPA – expressa o planejamento das ações governamentais de médio
prazo e envolve quatro exercícios financeiros, tendo vigência do
segundo ano de um mandato até o primeiro ano do mandato seguinte.
LDO – define as prioridades, metas e estabelece estimativas de receita
e limites de despesa a cada ano, orientando a elaboração da Lei
Orçamentária Anual.
LOA – explicita as prioridades e as possibilidades de gasto em rubricas
de receita e despesa para o ano respectivo, identificando os benefícios
tributários, financeiros e creditícios. É composta pelo Orçamento Fiscal,
que compreende os fundos, órgãos e entidades da administração direta
e indireta e as fundações públicas; pelo Orçamento de Investimentos
das Estatais, nas empresas em que o poder público detenha maioria do
capital social com direito a voto; e pelo Orçamento da Seguridade
Social, que congrega as Políticas de Saúde, de Previdência e de
Assistência Social, abrangendo todas as entidades e órgãos a elas
vinculados, seja da administração direta ou indireta, os fundos e
fundações públicas.
Para efetivamente expressarem o conteúdo da PNAS/2004 e do SUAS, tais
instrumentos de planejamento público deverão contemplar a apresentação dos
programas e das ações, em coerência com os Planos de Assistência Social,
considerando os níveis de complexidade dos serviços, programas, projetos e
benefícios, alocando-os como sendo de proteção social básica e proteção
social especial de média e/ou de alta complexidade.
Além disso, o orçamento da Assistência Social deverá ser inserido na proposta
de Lei Orçamentária, na função 08 – Assistência Social, sendo os recursos
destinados às despesas correntes e de capital relacionadas aos serviços,
programas, projetos e benefícios governamentais e não-governamentais
alocados nos Fundos de Assistência Social (constituídos como unidades
orçamentárias) e aqueles voltados às atividades-meio, alocados no orçamento
do órgão gestor dessa política na referida esfera de governo.
c- Gestão da informação, monitoramento e Avaliação
A gestão da informação tem como objetivo produzir condições estruturais para
as operações de gestão, monitoramento e avaliação do SUAS, conforme as
determinações dessa Norma. Opera a gestão dos dados e dos fluxos de
informação do SUAS com a definição de estratégias referentes à produção,
armazenamento, organização, classificação e disseminação de dado, por meio
de componentes de tecnologia de informação, obedecendo padrão nacional e
eletrônico. Fica instituído que a forma de operacionalização da gestão da
informação se efetivará nos termos da REDE-SUAS (módulo 1), sistema de
informação do SUAS, suporte para a gestão, o monitoramento e a avaliação de
programas, serviços, projetos e benefícios de Assistência Social contemplando
gestores, profissionais, conselheiros, entidades, usuários e sociedade civil,
ensejando as seguintes providências:
Desenvolvimento e administração do Cadastro Nacional de entidades
prestadoras de serviços socioassistenciais;
Construção e administração de ambiente informacional georreferenciado
das cidades brasileiras e estabelecimento de política de
geoprocessamento de informações em escala municipal, envolvendo as
ações de Assistência Social e a base de referência sóciodemográfica
para apoiar o princípio da territorialização e a construção de indicadores
próprios do SUAS, em articulação com municípios, Distrito Federal e
estados;
Incremento do Sistema SUAS-WEB, objetivando o atendimento dos
dispositivos dessa NOB no que se refere à nova sistemática de
financiamento e co-financiamento do SUAS;
Automatização dos processos referentes à gestão de convênios de
forma a padronizar, informatizar e agilizar as rotinas afetas ao
financiamento de projetos e programas; aperfeiçoamento e
disseminação dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e
do impacto das ações do SUAS, sobre as condições de vida da
população, realizado permanentemente pelos gestores e apreciados
pelos respectivos Conselhos de Assistência Social, com base em
informações sistematizadas e indicadores próprios e relativos
provenientes de subsistemas e aplicativos da REDE-SUAS;
Desenvolvimento de interface web: portal com acesso diferenciado para
a disponibilização dos produtos da REDE-SUAS.
5- Participação no Orçamento e Financiamento
A Constituição Federal de 1988, marcada pela intensa participação da
sociedade no processo constituinte, optou pela articulação entre a necessidade
de um novo modelo de desenvolvimento econômico e um regime de proteção
social. Como resultado desse processo, a Seguridade Social foi incluída no
texto constitucional, no Capítulo II, do Título “Da Ordem Social”.
O financiamento da Seguridade Social está previsto no art. 195, da
Constituição Federal de 1988, instituindo que, através de orçamento próprio, as
fontes de custeio das políticas que compõem o tripé devem ser financiadas por
toda a sociedade, mediante recursos provenientes dos orçamentos da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e das contribuições sociais.
Tendo sido a assistência social inserida constitucionalmente no tripé da
Seguridade Social, é o financiamento desta a base para o financiamento da
política de assistência social, uma vez que este se dá com:
A participação de toda a sociedade.
De forma direta e indireta.
Nos orçamentos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios.
Mediante contribuições sociais:
o Do empregador, da empresa e da entidade a ela equiparada na
forma da lei, incidentes sobre: a folha de salários e demais
rendimentos do trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vínculo
empregatício; a receita ou o faturamento; o lucro.
o Do trabalhador e dos demais segurados da Previdência Social.
Sobre a receita de concursos de prognósticos.
Do importador de bens ou serviços do exterior ou de quem a lei a ele
equiparar.
No Sistema Descentralizado e Participativo da Assistência Social, que toma
corpo através da proposta de um Sistema Único, a instância de financiamento
é representada pelos Fundos de Assistência Social nas três esferas de
governo. No âmbito federal, o Fundo Nacional, criado pela LOAS e
regulamentado pelo Decreto nº 1605/95, tem o seguinte objetivo: “proporcionar
recursos e meios para financiar o benefício de prestação continuada e apoiar
serviços, programas e projetos de assistência social” (art. 1º, do Decreto nº
1605/95).
Com base nessa definição, o financiamento dos benefícios se dá de forma
direta
aos seus destinatários, e o financiamento da rede socioassistencial se dá
mediante aporte próprio e repasse de recursos fundo a fundo, bem como de
repasses de recursos para projetos e programas que venham a ser
considerados relevantes para o desenvolvimento da política de assistência
social em cada esfera de governo, de acordo com os critérios de partilha e
elegibilidade de municípios, regiões e, ou, estados e o Distrito Federal,
pactuados nas comissões intergestoras e deliberados nos conselhos de
assistência social. Assim, o propósito é o de respeitar as instâncias de gestão
compartilhada e de deliberação da política nas definições afetas ao
financiamento dos serviços, programas, projetos e benefícios componentes do
Sistema Único de Assistência Social.
De acordo com a diretriz da descentralização e, em consonância com o
pressuposto do co-financiamento, essa rede deve contar com a previsão de
recursos das três esferas de governo, em razão da co-responsabilidade que
perpassa a provisão da proteção social brasileira. O financiamento deve ter
como base os diagnósticos socioterritoriais apontados pelo Sistema Nacional
de Informações de Assistência Social14 que considerem as demandas e
prioridades que se apresentam de forma específica, de acordo com as
diversidades e parte de cada região ou território, a capacidade de gestão e de
atendimento e de arrecadação de cada município/região, bem como os
diferentes níveis de complexidade dos serviços, através de pactuações e
deliberações estabelecidas com os entes federados e os respectivos
conselhos.
No entanto, tradicionalmente, o financiamento da política de assistência social
brasileira tem sido marcado por práticas centralizadas, genéricas e
segmentadas, que se configuram numa série histórica engessada e perpetuada
com o passar dos anos. Tal processo se caracteriza pelo formato de
atendimentos pontuais e, em alguns casos, até paralelos, direcionados a
programas que, muitas vezes, não correspondem às necessidades estaduais,
regionais e municipais. Tal desenho não fomenta a capacidade criativa destas
esferas e nem permite que sejam propostas ações complementares para a
aplicação dos recursos públicos repassados.
Ainda deve ser ressaltado no modelo de financiamento em vigor, a fixação de
valores per capita, que atribuem recursos com base no número total de
atendimentos e não pela conformação do serviço às necessidades da
população, com determinada capacidade instalada. Essa orientação, muitas
vezes, leva a práticas equivocadas, em especial no que tange aos serviços de
longa permanência, que acabam por voltar-se para a manutenção irreversível
dos usuários desagregados de vínculos familiares e comunitários.
Outro elemento importante nessa análise da forma tradicional de financiamento
da política de assistência social, são as emendas parlamentares que financiam
ações definidas desarticulada do conjunto das instâncias do sistema
descentralizado e participativo.
Isso em âmbito federal, de forma desarticulada do conjunto das instâncias do
sistema 14 Vide conteúdo do item “Informações, Monitoramento e Avaliação”.
50 descentralizado e participativo. Isso se dá, muitas vezes, pela não
articulação entre os poderes Legislativo e Executivo no debate acerca da
Política Nacional de Assistência Social, o que se pretende alterar com a atual
proposta.
Ao longo dos 10 anos de promulgação da LOAS, algumas bandeiras têm sido
levantadas em prol do financiamento da assistência social, construído sobre
bases mais sólidas e em maior consonância com a realidade brasileira.
Juntamente com a busca de vinculação constitucional de percentual de
recursos para o financiamento desta política nas três esferas de governo,
figuram reivindicações que, no debate da construção do SUAS, têm
protagonizado as decisões do órgão gestor Federal.
São elas: o financiamento com base no território, considerando os portes dos
municípios e a complexidade dos serviços, pensados de maneira hierarquizada
e complementar; a não exigibilidade da Certidão Negativa de Débitos junto ao
INSS como condição para os repasses desta política; a não descontinuidade
do financiamento a cada início de exercício financeiro; o repasse automático de
recursos do Fundo Nacional para os Estaduais, do Distrito Federal e Municipais
para o co-financiamento das ações afetas a esta política; o estabelecimento de
pisos de atenção, entre outros.
Com base nessas reivindicações e, respeitando as deliberações da IV
Conferência Nacional de Assistência Social, realizada em dezembro de 2003,
nova sistemática de financiamento deve ser instituída, ultrapassando o modelo
convenial e estabelecendo o repasse automático fundo a fundo no caso do
financiamento dos serviços, programas e projetos de assistência social. Essa
nova sistemática deverá constar na Norma Operacional Básica que será
elaborada com base nos pressupostos elencados na nova política.
Esse movimento deve extrapolar a tradicional fixação de valores per capita,
passando-se à definição de um modelo de financiamento que atenda ao
desenho ora proposto para a Política Nacional, primando pelo co-financiamento
construído a partir do pacto federativo, baseado em pisos de atenção. Tais
pisos devem assim ser identificados em função dos níveis de complexidade,
atentando para a particularidade dos serviços de média e alta complexidade, os
quais devem ser substituídos progressivamente pela identificação do
atendimento das necessidades das famílias e indivíduos, frente aos direitos
afirmados pela assistência social.
Concomitante a esse processo tem-se operado a revisão dos atuais
instrumentos de planejamento público, em especial o Plano Plurianual, que se
constitui em um guia programático para as ações do poder público, e traduz a
síntese dos esforços de planejamento de toda a administração para contemplar
os princípios e concepções do SUAS. Essa revisão deve dar conta de duas
realidades que atualmente convivem, ou seja, a construção do novo processo e
a preocupação com a não ruptura radical com o que vige atualmente, para que
não se caracterize descontinuidade nos atendimentos prestados aos usuários
da assistência social. Portanto, essa é uma proposta de transição que
vislumbra projeções para a universalização dos serviços de proteção básica,
com revisão também de suas regulações, ampliação da cobertura da rede de
proteção especial, também com base em novas normatizações, bem como a
definição de diretrizes para a gestão dos benefícios preconizados pela LOAS.
Ainda compõe o rol das propostas da Política Nacional de Assistência Social a
negociação e a assinatura de protocolos intersetoriais com as políticas de
saúde e de educação, para que seja viabilizada a transição do financiamento
dos serviços afetos a essas áreas, que ainda são assumidos pela política de
assistência social, bem como a definição das responsabilidades e papéis das
entidades sociais declaradas de utilidade pública federal, estadual e, ou,
municipal e inscritas nos respectivos conselhos de assistência social, no que
tange à prestação de serviços inerentes a esta política, incluindo-se as
organizações que contam com financiamento indireto mediante isenções
oportunizadas pelo Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social
- CEAS.
Os instrumentos de planejamento orçamentário, na administração pública, se
desdobram no Plano Plurianual, na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei
Orçamentária Anual.
PPA – expressa o planejamento das ações governamentais de médio
prazo e envolve quatro exercícios financeiros, tendo vigência do
segundo ano de um mandato até o primeiro ano do mandato seguinte.
LDO – define as prioridades, metas e estabelece estimativas de receita
e limites de despesa a cada ano, orientando a elaboração da Lei
Orçamentária Anual.
LOA – explicita as prioridades e as possibilidades de gasto em rubricas
de receita e despesa para o ano respectivo, identificando os benefícios
tributários, financeiros e creditícios. É composta pelo Orçamento Fiscal,
que compreende os fundos, órgãos e entidades da administração direta
e indireta e as fundações públicas; pelo Orçamento de Investimentos
das Estatais, nas empresas em que o poder público detenha maioria do
capital social com direito a voto; e pelo Orçamento da Seguridade
Social, que congrega as Políticas de Saúde, de Previdência e de
Assistência Social, abrangendo todas as entidades e órgãos a elas
vinculados, seja da administração direta ou indireta, os fundos e
fundações públicas.
Para efetivamente expressarem o conteúdo da PNAS/2004 e do SUAS, tais
instrumentos de planejamento público deverão contemplar a apresentação dos
programas e das ações, em coerência com os Planos de Assistência Social,
considerando os níveis de complexidade dos serviços, programas, projetos e
benefícios, alocando-os como sendo de proteção social básica e proteção
social especial de média e/ou de alta complexidade.
Além disso, o orçamento da Assistência Social deverá ser inserido na proposta
de Lei Orçamentária, na função 08 – Assistência Social, sendo os recursos
destinados às despesas correntes e de capital relacionadas aos serviços,
programas, projetos e benefícios governamentais e não-governamentais
alocados nos Fundos de Assistência Social (constituídos como unidades
orçamentárias) e aqueles voltados às atividades-meio, alocados no orçamento
do órgão gestor dessa política na referida esfera de governo.
6 - Principais Programas
a) Bolsa Família
b) Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)
a - Programa Bolsa Família - PBF
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda que beneficia
famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza em todo o país. O Bolsa
Família integra o Plano Brasil Sem Miséria, que tem como foco de atuação os
milhões de brasileiros com renda familiar per capita inferior a R$ 77 mensais e
está baseado na garantia de renda, inclusão produtiva e no acesso aos
serviços públicos.
O Bolsa Família possui três eixos principais: a transferência de renda promove
o alívio imediato da pobreza; as condicionalidades reforçam o acesso a direitos
sociais básicos nas áreas de educação, saúde e assistência social; e as ações
e programas complementares objetivam o desenvolvimento das famílias, de
modo que os beneficiários consigam superar a situação de vulnerabilidade.
Todos os meses, o governo federal deposita uma quantia para as famílias que
fazem parte do programa. O saque é feito com cartão magnético, emitido
preferencialmente em nome da mulher. O valor repassado depende do
tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda. Há benefícios
específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos, gestantes e mães
que amamentam.
A gestão do programa instituído pela Lei 10.836/2004 e regulamentado
pelo Decreto nº 5.209/2004, é descentralizada e compartilhada entre a União,
estados, Distrito Federal e municípios. Os entes federados trabalham em
conjunto para aperfeiçoar, ampliar e fiscalizar a execução.
A seleção das famílias para o Bolsa Família é feita com base nas informações
registradas pelo município no Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal, instrumento de coleta e gestão de dados que tem como
objetivo identificar todas as famílias de baixa renda existentes no Brasil.
Com base nesses dados, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à
Fome (MDS) seleciona, de forma automatizada, as famílias que serão incluídas
para receber o benefício. No entanto, o cadastramento não implica a entrada
imediata das famílias no programa e o recebimento do benefício.
b - Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)
Este programa articula um conjunto de ações para retirar crianças e
adolescentes com idade inferior a 16 anos da prática do trabalho precoce,
exceto quando na condição de aprendiz, a partir de 14 anos. O programa
compreende transferência de renda – prioritariamente por meio do Programa
Bolsa Família –, acompanhamento familiar e oferta de serviços
socioassistenciais, atuando de forma articulada com estados e municípios e
com a participação da sociedade civil.
O Peti está estruturado estrategicamente em cinco eixos de atuação:
informação e mobilização, com realização de campanhas e audiências
públicas; busca ativa e registro no Cadastro Único para Programas Sociais do
Governo Federal; transferência de renda, inserção das crianças, adolescentes
e suas famílias em serviços socioassistenciais e encaminhamento para
serviços de saúde, educação, cultura, esporte, lazer ou trabalho; reforço das
ações de fiscalização, acompanhamento das famílias com aplicação de
medidas protetivas, articuladas com Poder Judiciário, Ministério Público e
Conselhos Tutelares; e monitoramento.
Polêmicas e Debates atuais
Atualmente está em discursão a implantação do Marco Regulatório das
Organizações da Sociedade Civil, que é um projeto de Lei que tornará mais
clara e transparente as parcerias celebradas entre estas organizações e o
governo federal, será sancionado nesta quinta-feira (31), pela presidenta Dilma
Rousseff. De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), em 2010, mais de 290 mil fundações privadas e
associações sem fins lucrativos atuavam no País.
A principal mudança do projeto de lei aprovado pelo Senado está na criação de
dois tipos de contrato entre governo e organizações da sociedade civil: “termo
de colaboração” e “termo de fomento”. Os gestores públicos serão obrigados a
realizar um “chamamento público”, uma espécie de edital de concorrência entre
ONGs.
Para receber verbas públicas, as organizações precisarão ter, no mínimo, três
anos de existência e comprovar experiência no serviço a ser prestado. Elas
serão ficha limpa e poderão cobrir despesas como remuneração da equipe
dimensionada no plano de trabalho, diárias referentes a deslocamento,
hospedagem e alimentação e a aquisição de equipamentos e materiais
permanentes com recursos da parceria com o governo.
7 - Referências Bibliográficas
http://www.mds.gov.br/ MDS
PNAS/2004
NOB/SUAS
8 - Análise
O Sistema Único de Assistência Social integra uma política pactuada
nacionalmente, que prevê uma organização participativa e descentralizada da
assistência social, com ações voltadas para o fortalecimento da família.
Baseado em critérios e procedimentos transparentes, o Sistema alterou
fundamentalmente operações como o repasse de recursos federais para
Estados, Municípios e Distrito Federal, a prestação de contas e a maneira
como serviços e Municípios estão hoje organizados. Sob a concepção da
Política Pública de Assistência Social, em que a assistência social é dever do
Estado e direito do cidadão, o Brasil experimenta, portanto, mudanças
significativas na oferta de serviços socioassistenciais, para romper com a ideia
de política assistencialista. Cada esfera do governo tem o compromisso de
assegurar o direito da população aos serviços de qualidade. Embora sejam
tradicionais os programas públicos dirigidos aos grupos carentes da população,
no atual Governo Federal pode ser identificada no Brasil uma política nacional
de assistência social dotada de objetivos, recursos e densidade institucional.