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1 Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social Trabalho de Conclusão de Curso O YOUTUBE COMO CANAL DE ACESSIBILIDADE: O CASO DO CANAL EM LIBRAS GESTO NADA OBSCENO Autor: Gustavo Andrade Pimenta Orientadora: Prof. Dra. Cosette Castro Brasília - DF 2014

Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social ... · de Curso (TCC) a ser apresentado ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília

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Pró-Reitoria de Graduação Curso de Comunicação Social

Trabalho de Conclusão de Curso

O YOUTUBE COMO CANAL DE ACESSIBILIDADE: O CASO DO CANAL EM LIBRAS GESTO NADA OBSCENO

Autor: Gustavo Andrade Pimenta Orientadora:

Prof. Dra. Cosette Castro

Brasília - DF 2014

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GUSTAVO ANDRADE PIMENTA

A Youtube como Canal de Acessibilidade: O Caso do Canal em Libras Gesto Nada Obsceno

Projeto de pesquisa para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) a ser apresentado ao curso de graduação em Comunicação Social da Universidade Católica de Brasília Autor: Gustavo Andrade Pimenta Orientadora: Prof. Dra. Cosette Castro

Brasília - DF 2014

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por me ajudar a concluir mais esta etapa;

A minha mamãe Eneusa, que sempre esteve ao meu lado;

Aos professores Edson, Lunde, Newton, Bernadete, Sheila, Falk e Layane,

pelo aprendizado marcante que me proporcionaram;

Às professoras e intérpretes de Libras Cleomasina e Valícia, que de boa

vontade me ajudaram neste Projeto;

Aos professores Alberto e Kalume, que me orientaram na primeira etapa

deste trabalho;

À professora Cosette, que tão atenciosamente me atendeu quando mais

precisei;

E a todos que de alguma forma fizeram parte da minha formação, o meu

muito obrigado.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 5

OBJETIVOS ................................................................................................................ 8

Objetivos Gerais

Objetivos Específicos

JUSTIFICATIVA .......................................................................................................... 9

REDES SOCIAIS DIGITAIS ...................................................................................... 10

YOUTUBE ................................................................................................................. 12

CANAIS DO YOUTUBE ............................................................................................ 14

A COMUNIDADE SURDA DO BRASIL .................................................................... 15

Conquistas e Preconceitos .................................................................................................................17

A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS ....................................................................... 19

CANAIS EM LIBRAS NO YOUTUBE ....................................................................... 21

VÍDEO PARA A INAUGURAÇÃO DO CANAL ........................................................ 23

Roteiro Original ...................................................................................................................................23

Roteiro Adaptado em Libras ...............................................................................................................26

CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ........................................................................... 24

CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 26

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 27

ANEXO I.................................................................................................................... 30

QUADROS

QUADRO 01 .......................................................................................................................................21

QUADRO 02 .......................................................................................................................................22

QUADRO 03 .......................................................................................................................................23

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1. INTRODUÇÃO

Na atual conjuntura que vivemos, as redes sociais digitais ¹ estão intricadas na

vida cotidiana das pessoas. Nelas estão presentes numerosas formas de interação

social (Santaella e Lemos, 2010). Cristina et al. (2014) tentaram esgotar o conceito

de rede social digital, o grupo considera que o termo “rede social” tornou-se

sinônimo de tecnologia da informação e comunicação; que seu uso transcorreu

áreas e destruiu fronteiras, sendo apropriado, hoje, por muitos atores sociais 2. Uma

das apropriações mais intensas deu-se no campo da comunicação – mas não

exclusivamente – com o uso de termos como rede social digital, mídia social, mídia

digital, entre outros, para expressar o fenômeno em questão. Para Cristina et al.

(2014) rede social digital é:

Como a macroestrutura tecnológica que dá suporte a um conjunto de atores sociais (sujeitos e instituições) conectados por laços sociais (BATISTA, 2012; RAHME, 2010; FREUD, 1976, 1997), os quais são formados, mantidos e reforçados (ou não) por meio de interações sociais (VYGOTSKY, 1989, 1987; BAKHTIN, 1988; LURIA, 1987). As interações são concretizadas, realizadas dentro de uma relação de troca de conteúdos. Estes podem ser criados pelas mais diferentes linguagens disponíveis no formato digital: textual, sonora, audiovisual e imagética. Estas ferramentas potencializam a manutenção e a expansão dos laços sociais, além de ajudarem a visualizar as redes de relacionamento das quais cada sujeito faz parte. (CRISTINA, Sônia; MACHADO, Paula; BONKOVOSKI, Amanda; e PIROLA,

Alisson; Refletindo sobre as Redes Sociais Digitais, 2014)

Facebook, Youtube, Twitter, Blogger, Foursquare, Formspring, Google+,

Badoo, Waze, Sonico, Ask.fm, Par Perfeito; a lista parece não ter fim. Elas estão

acessíveis em plataformas digitais cada vez mais segmentadas para os mais

diversos nichos do mercado. De promessas de relacionamentos estáveis a dicas no

trânsito, basta ter um pouco de paciência para encontrar na Internet formas de

interação específicas para cada tema de interesse. Cada Rede Social Digital possui

um estilo para os variados grupos de internautas.

¹ Neste trabalho o conceito de Redes Sociais Digitais é o sistematizado por CRISTINA, Sônia; MACHADO, Paula; BONKOVOSKI, Amanda; e PIROLA, Alisson; no artigo científico Refletindo sobre as Redes Sociais Digitais, de 2014. ² De acordo com o Dicionário de Ciências Sociais (1987) os movimentos sociais em geral designam um tipo de ação coletiva orientada para a mudança, em que uma coletividade de pessoas é dirigida, de modo não hierárquico, por um ator social. Os movimentos logram maior duração e integração e são eles em geral que originam as organizações, os partidos, as associações, a partir de uma consciência de grupo e das afinidades percebidas por indivíduos submetidos às mesmas pressões sociais ou que enfrentam idênticas dificuldades e obstáculos.

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Apesar da variedade de formas de entrosamento virtual e da diversidade

temática, é percebível que alguns nichos são específicos, como o público formado

pelas pessoas com deficiência, que carecem de maiores opções no mundo virtual,

particularmente as pessoas com problemas auditivos. Uma rápida busca pela

Internet mostra que as opções voltadas para as chamadas “pessoas normais” são

bem maiores do que as oferecidas especificamente ao público com necessidades

especiais.

É reduzido o número de páginas virtuais voltadas para os internautas da rede

mundial de computadores que tenham alguma deficiência; ou feitas exclusivamente

para pessoas surdas; ou ainda com acessibilidade dedicada a elas. Para

exemplificar a reduzida disponibilidade de conteúdo, foi realizada uma busca no dia

17 de novembro de 2014 a partir das palavras-chave “vídeo” e “aula” no Google,

foram encontradas 60.400.000 páginas; ao se incluir as palavras “libras” ou

“acessibilidade”, o número diminui para 426.000 e 345.000, respectivamente, e

ainda mais quando utilizadas as duas juntas, 143.000. Mesmo considerando que os

últimos universos de palavras estão inclusos no primeiro, a diferença é vultosa.

Diante da dificuldade de encontrarem na Internet sites e páginas

governamentais brasileiras que seguissem os critérios de acessibilidade elencados

na legislação vigente – Decreto nº 5.296 de 2004 e Decreto nº 6.949 de 2009 –

Spelta e Soares em 2010 realizaram uma análise de acessibilidade nos sites dos

então três principais candidatos à presidência do Brasil naquele ano; Dilma

Rousseff, José Serra e Marina Silva. No resumo dos resultados da análise, os

pesquisadores foram enfáticos ao afirmar que nenhum dos três candidatos se

preocuparam em considerar a acessibilidade à pessoa com deficiência na

concepção e criação de seus sites. Algo preocupante, pois vê-se que o exemplo

para tratar desse assunto tão importante não partiu sequer dos candidatos ao

principal cargo do Poder Executivo de nosso país. Segundo os autores Spelta e

Soares:

Acessibilidade na web é garantir que um site esteja disponível e possa ser utilizado a qualquer momento, de qualquer local, em qualquer ambiente físico ou computacional, a partir de qualquer dispositivo de acesso e por qualquer tipo de visitante/usuário, independentemente de sua capacidade motora, visual, auditiva, mental, computacional, cultural ou social. (SPELTA, Lêda; e SOARES, Horácio; 2010)

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A partir da realidade supra apresentada, este trabalho se propõe a criar um

canal de vídeos na Rede Social Digital Youtube, voltado às necessidades da

Comunidade Surda e da pessoa com deficiência, com vídeos próprios,

desenvolvidos na Língua Brasileira de Sinais (Libras) ou partir de conteúdos

variados e interativos disponíveis na rede. Além da produção de um vídeo em Libras

para a inauguração do Canal.

A escolha do Youtube não aconteceu por acaso. Trata-se de uma das maiores

redes sociais digitais do mundo, com mais de 1 bilhão de usuários únicos e seis

bilhões de horas assistidas por mês (estatísticas de 2014, disponibilizadas pelo

Google) que no Brasil é o maior número de internautas fora dos EUA (De acordo

com pesquisa de 2013, realizada pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil – CGI.br).

O estudo apresenta uma proposta inovadora que busca agregar o conteúdo já

existente disponibilizado na web aos portadores de necessidades especiais.

O nome do canal será Gesto Nada Obsceno, uma crítica à falta de

conhecimento das pessoas ouvintes quem agem com preconceito quando veem

pessoas se comunicando em Libras (alguns sinais em Libras podem ser obscenos

para os ouvintes, como a palavra “estudar” e “futebol”). Ele será alimentado com

publicações de vídeos que promovam a igualdade racial, a importância da

acessibilidade às pessoas com deficiência, a tolerância, a igualdade, o respeito em

diferentes gêneros audiovisuais como conteúdos informativos, vídeos educativos e

de humor; filmados primordialmente em Libras e legendados. O canal contará ainda

com publicações semanais e será inaugurado dia 28 de novembro de 2014 com a

disponibilização de uma releitura de um vídeo cômico de sucesso do Canal Porta

dos Fundos, Moda, adaptado em Libras.

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2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo geral:

Criar um Canal em LIBRAS no Youtube com a finalidade de atender

pessoas digitalmente incluídas que tenham interesse na Língua

Brasileira de Sinais.

2.2. Objetivo específico:

Levantar dados de canais no Youtube que tenham como proposta a

utilização da Língua Brasileira de Sinais;

Desenvolver um vídeo de até dez minutos em Libras para a

inauguração do Canal;

Divulgar o Canal, quando estiver pronto, em outras redes sociais

digitais como Facebook, Twitter, Instagram e Google+;

Estimular a inclusão social digital.

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3. JUSTIFICATIVA

Os meios de comunicação social – sejam eles analógicos ou digitais – devem

buscar atender o maior número possível de grupos sociais, mas nem sempre isso

ocorre. As pessoas com deficiência, em especial as pertencentes à Comunidade

Surda do Brasil 3, necessitam de canais de vídeos adaptadas à sua realidade, com

conteúdos audiovisuais específicos adaptados, especialmente voltado para atender

suas necessidades.

Um canal no Youtube pode ser uma ferramenta interativa com esse grupo

social, disponibilizando vídeos que possam interagir diretamente com esses

indivíduos em sua língua materna 4, a Língua Brasileira de Sinais. Este é o caso do

canal Gesto Nada Obsceno, que também pode servir como material de consulta e

informação por estudantes, professores, pesquisadores, familiares e adeptos a

causa da pessoa com deficiência.

Esse tipo de projeto, inédito, pretende promover o respeito, a autoestima e a

interação social; além de ofertar novos conteúdos e formatos audiovisuais para a

Comunidade Surda do Brasil, frequentemente esquecida pelos meios de

comunicação habituais da sociedade.

3 De acordo com um censo do IBGE, divulgado em 2010, o número de brasileiros com deficiência auditiva é 9,7 milhões, mas a Comunidade Surda do Brasil é maior, pois também engloba familiares, professores e intérpretes da Língua de Sinais (PERLIN, 2004). 4 A língua materna de uma criança surda dá-se de acordo com o meio em que esta convive. Se a criança surda nasce numa família de pais surdos, a língua materna desta criança constitui-se em LIBRAS e ela terá maior facilidade para se tornar um ser bilíngue3. Já para a criança surda e filha de pais ouvintes, a língua materna dela passa a ser a língua oral auditiva, dificultando, assim, o processo de ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa e da LIBRAS, impedindo que esta se torne um ser bilíngue com mais facilidade. (PEREIRA, Denilson; 2011)

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4. REDES SOCIAIS DIGITAIS

As Redes Sociais são grupos de indivíduos que juntos representam uma forma

de interação social; São estruturas de comunicação social formada por pessoas ou

organizações que compartilham interesses em comum (OLIVEIRA, 2009).

Segundo Natanael de Oliveira, especialista em Marketing Digital, no artigo

Conheça a História das Redes Sociais (2011) 5, as redes sociais não surgiram com a

Internet, elas são bem mais antigas. Existem desde o início da civilização. Ele afirma

que essa forma de interação e troca social nasceu da necessidade das pessoas em

compartilhar suas experiências, interagir com seus semelhantes.

De acordo com Oliveira, as Redes Sociais podem ter várias outras estruturas

além do virtual. Podem ser consideradas Redes Sociais: uma igreja, uma sala de

aula, uma empresa, clubes de desporto. Todas representam um interesse em

comum de um grupo de indivíduos. Cristina et al. (2014) preferem utilizar o conceito

de redes sociais digitais para tratar das interações que acontecem no mundo virtual

através da Internet – disponíveis nas mais diferentes linguagens disponíveis no

formato digital: textual, sonora, audiovisual e imagética. Estas ferramentas

potencializam a manutenção e a expansão dos laços sociais, além de ajudarem a

visualizar as redes de relacionamento das quais cada sujeito faz parte.

Com o surgimento da Internet, foram os e-mails e as salas de bate papo as

primeiras formas de interação virtual. Com o passar dos anos e o aumento do

número de internautas, novas possibilidades de interação social foram surgindo na

Internet: AOL Messenger (1997) – pioneira no serviço de bate-papo, teve um papel

importante na popularização das mensagens instantâneas; Sixdegress (1997) –

primeira rede social a permitir a criação de perfis sociais e visualização do perfil de

terceiros; Frienster (2002) – impulsionou o conceito de círculos de amizade; My

Space (2003) – colocava em destaque a interatividade dos usuários, reunia músicas,

fotos, vídeos, textos; LinkedIn (2003) – uma das primeiras redes digitais específicas

para profissionais - business; Orkut (2004) – surgimento do conceito de web 2.0;

Facebook (2004) – que em 2014 viria a ser a maior Rede Social do mundo, segundo

o site BI Intelligence; Twitter (2006) – popularização dos microbloggings; Instagram

(2010) – a rede social alcançou 10 milhões de perfis pessoais criados tendo apenas

seis funcionários em 2013.

5 Disponível em: <https://www.natanaeloliveira.com.br/a-historia-das-redes-sociais/>. Acesso em 17 de novembro, de 2014 às 20:28.

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A Internet introduziu no cotidiano dos grupos sociais incluídos digitalmente uma

forma simples e fácil de compartilhar pensamentos, objetivos, opiniões com outros

atores sociais de qualquer lugar do planeta. Ela rompeu os padrões clássicos de

interação – presencialidade (para haver interação os indivíduos precisam estar no

mesmo espaço físico), coercibilidade (os indivíduos só se relacionam com a cultura

do local onde estão), exterioridade (o indivíduo nasce com a obrigação de só

aprender as formas de interação local), generalidade (os fatos sociais não podem

ocorrer apenas para um indivíduo) – e trouxe uma nova forma de intercâmbio social

entre uma coletividade virtual: basta alguém (um moderador, por exemplo) publicar

conteúdos e haver indivíduos conectados e interessadas no tema para existir troca

de informações, independentemente da localidade que estejam.

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5. YOUTUBE

A rede social digital alcançou mais de um bilhão de usuários únicos que visitam

o site todos os meses, segundo as estatísticas de 2014 do Google. A plataforma de

vídeos criada em fevereiro de 2005 por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim.

Foi adquirida pela própria empresa Google por US$ 1,65 bilhões de dólares em

2006. As estatísticas mais recentes 6 mostram que 100 horas de vídeo são enviados

por minuto aos servidores do Youtube. A rede social tem mais de seis bilhões de

horas de vídeos assistidos por mês, quase uma hora para cada habitante do

planeta. De acordo com os autores Burgess e Green:

Esse site disponibiliza uma interface bastante simples e integrada, dentro da qual o usuário podia fazer o upload, publicar e assistir vídeos em streaming sem necessidade de altos níveis de conhecimento técnico e dentro das restrições tecnológicas dos programas de navegação padrão e da relativamente modesta largura de banda. (BURGESS e GREEN, 2009, pp. 17).

O Youtube permite o upload de vídeos para sua plataforma, sendo que o

usuário pode divulgar o conteúdo abertamente pela Internet ou manter os vídeos

particulares. Os internautas podem criar Canais, que são páginas de perfil com

conteúdo determinado pelos colaboradores. Outros usuários podem se inscrever

nessas páginas e acompanhar as publicações do proprietário do Canal, que pode

ser uma pessoa ou um grupo, ou ainda uma organização. No Brasil é a segunda

rede social mais acessada pelos internautas, só perde para o Facebook. Nosso país

é o maior mercado do Youtube fora dos Estados Unidos.

Existem várias configurações para se personalizar os vídeos dentro do Youtube,

ferramentas que ajudam, por exemplo, na definição da qualidade da imagem do

vídeo; 3D; no bloqueio de reprodução ou incorporação a outras redes sociais

digitais; possibilidade de inserção de legenda em vários idiomas. Ou ainda links de

anotação dentro dos vídeos; definição de título, descrição e miniaturas7;

monetização8, para arrecadação de valores através de anúncios no vídeo; dentre

outros recursos.

6 Disponível em: <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html>. Acesso em 17 de novembro, de 2014 às 21:23. 7 As miniaturas personalizáveis são espécies de capas aos vídeos, é uma imagem que apresenta o vídeo na tela de busca de conteúdo do Youtube. Costuma ser o primeiro contato visual que o internauta tem com o vídeo. 8 Monetização é a atribuição de valor comercial aos vídeos disponibilizados dentro do Youtube, através da exibição de anúncios publicitários antes, durante, ou depois da reprodução dos vídeos.

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Para Burguess e Grenn (2009),

hoje o Youtube desfruta de uma posição como mídia de massa [...] O Youtube não é somente mais uma empresa de mídia e não é somente uma plataforma de conteúdo criado por usuários. É mais proveitoso entender o Youtube como ocupante de uma função institucional – atuando como um mecanismo de coordenação entre criatividade institucional e coletiva e a produção de significados; e como um mediador entre vários discursos e ideologias divergentes voltados para o mercado e os vários discursos voltados para a audiência ou o usuário. (BURGESS e GREEN, 2009, pp. 60).

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6. CANAIS DO YOUTUBE

Quando uma pessoa cria uma conta no Youtube, o site permite que o

interessado desenvolva um canal pessoal. Esse canal é completamente

personalizáveis, com fotos, descrições, miniatura dos vídeos carregados; mostra os

membros aos quais a pessoa está conectada, vídeos de outros membros colocados

como favoritos. Também mostra a lista de assinantes e os comentários sobre o

canal e os vídeos disponibilizados.

É possível visitar o canal pessoal de outros membros do Youtube, visualizar os

vídeos carregados no site, compartilhar o conteúdo e ainda divulgar os vídeos em

outros sites, blogs ou redes sociais digitais para discussão com outros internautas.

Os Canais do Youtube são uma forma de divulgar conteúdos e informações e

interagir com outros cidadãos, não especificamente dentro da plataforma do

Youtube, pois o conteúdo pode ser aberto na Internet através de diferentes

plataformas tecnológicas, como os computadores, celulares, tablets, videojogos e

TV digital (Castro, 2009). Eles podem ser personalizados e existem canais com todo

o tipo de conteúdo e formato. De bebês engraçados e bichinhos bonitinhos a

assassinatos e catástrofes naturais, os vídeos dentro dos canais pessoais do

Youtube são vistos diariamente por milhões de pessoas, em especial os brasileiros.

O site é a segunda rede social digital mais popular no país. Aqui estão as pessoas

que mais consomem vídeos do YouTube, segundo a gerente de parcerias

estratégicas do site, Amy Singer, que esteve no Brasil em 2014 durante o 9º

Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo.

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7. A COMUNIDADE SURDA NO BRASIL

De acordo com a Organização Mundial da Saúde – OMS (2011), o Brasil

possui 28 milhões de habitantes com algum problema auditivo, e de acordo com um

censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010), 9,7 milhões

de brasileiros possuem comprovadamente deficiência auditiva; ou seja, mais de 5%

da população.

Segundo o Decreto 5.626 de 2005, é considerado deficiente auditivo o

indivíduo que tem diminuída a capacidade de percepção normal dos sons, sendo

considerado surdo quem possui audição disfuncional à vida comum e parcialmente

surdo aquele que a audição, ainda que parcialmente, é funcional, com ou sem a

utilização de próteses auditivas.

O mesmo Decreto traz um conceito de deficiência auditiva, em seu Parágrafo

Único, Art. 2º, e diz o seguinte: Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral,

parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas

frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz.

A surdez possui diversos graus – leve, média, severa e profunda – e pode ter

diferentes causas, dentre elas: a genética, transmitida dos pais ao bebê; ou pode

ocorrer durante o parto, quando o feto é demasiado prematuro ou por excesso de

circulação de sangue durante o nascimento. A surdez também pode ser adquirida

por meio de doenças como rubéola, sarampo, diabetes; ou por acidentes

envolvendo o sistema auditivo.

Esses acontecimentos criam um grupo de pessoas que compartilham uma algo

em comum, a surdez. Pessoas unidas por características semelhantes, como a

utilização de uma língua própria e a existência de uma identidade em comum (uma

deficiência, por exemplo), podem formar uma comunidade, com uma cultura

compartilhada por todos os que se enquadrem no perfil. Embora não exista

consenso sobre o conceito de cultura, neste trabalho usaremos o proposto por

Strobel:

Cultura é um conjunto de comportamentos apreendidos de um grupo de pessoas que possuem sua própria língua, valores, regras de comportamento e tradições; uma comunidade é um sistema social geral, no qual um grupo de pessoas vivem juntas 9, compartilham metas comuns e partilham certas responsabilidades umas com as outras. (STROBEL, 2008, pp. 30-31)

9 Neste estudo, viver juntas é um pouco mais amplo, pois considera também pessoas que convivem virtualmente e possuem interesses comuns.

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Esse é o caso da Comunidade Surda, que é composta predominantemente por

indivíduos com deficiência auditiva e utilizadores da Língua Brasileira de Sinais.

Compartilham a necessidade de inclusão social e digital, mesmo que seja grupo

minoritário entre os 200 milhões* que representam a população brasileira. Nesse

sentido, comenta Perlin (2004),

[...] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência oposicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social. (PERLIN, 2004, pp. 77-78)

Além dos indivíduos surdos, a Comunidade Surda é composta por professores,

intérpretes da Língua de Sinais, médicos e profissionais da saúde, além de

familiares e amigos dos deficientes auditivos e pessoas que utilizam Língua

Brasileira de Sinais.

* Censo de 2013 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

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7.1. CONQUISTAS E PRECONCEITOS

As conquistas sociais alcançadas pela comunidade surda são recentes no

Brasil. Elas aparecem pela primeira vez apenas em 2002, por exemplo, quando a

Libras, língua habitual dos surdos, foi oficializada pelo Estado brasileiro. Além disso,

existe muito preconceito da população ouvinte aos indivíduos surdos, às vezes

causado por um desconhecimento da deficiência ou falta de contato com pessoas

nessa situação. E também vários mitos e estereótipos.

As pessoas com deficiência auditiva são tidas como incapazes de aprender,

compreender, se comunicar e se relacionar com o mundo dominado pelos que

escutam. Muitos jovens e crianças surdas, por exemplo, não conseguem receber

uma educação personalizada, com uma linguagem adequada e adaptada às suas

necessidades especiais.

Apesar de todas as garantias legais – como a inclusão social de pessoas

surdas no mercado de trabalho, por meio da Lei Federal n° 8.213/91; ratificação da

diferença linguística desta comunidade, por meio da Lei Federal n° 10.436/2002 e de

sua regulamentação (Decreto n° 5.626/2005), e em razão disto, direitos específicos,

como o atendimento nos estabelecimentos públicos e particulares por meio de

profissionais que dominem a Libras; a proposta de inclusão de pessoas surdas na

rede regular de ensino com o apoio de profissionais tradutores-intérpretes de Libras

– e das incessantes batalhas por mais direitos e igualdade social – como apoiar o

fortalecimento da categoria profissional dos tradutores-intérpretes de Libras;

envolver os surdos com a agenda política de inclusão das pessoas com deficiência;

lutar por uma política educacional que garanta escolas e/ou classes especiais para

pessoas surdas na educação básica, com caráter não complementar, fortalecer as

associações de surdos como entidades representativas para a garantia de direitos –

ainda é muito difícil ser surdo no Brasil.

Alguns integrantes da comunidade surda dedicam seu tempo para manter sites

e blogs na Internet informando sobre as dificuldades diárias enfrentadas por esse

grupo de pessoas. Em especial, a falta de adaptação e personalização dos produtos

de comunicação em um mundo que parece não se preocupar com as

particularidades de grupos de indivíduos, que precisam de necessidades especiais e

meios apropriados de comunicação. Uma desses integrantes é Paula Pfeifer, que

criou o blog Crônicas da Surdez, um espaço que ela fala sobre o universo da surdez

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e ajuda outros surdos a enfrentarem problemas básicos do dia-a-dia. O blog virou

até um livro de mesmo título.

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8. A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS

A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS, como o próprio nome diz, é uma

língua, que diferente da maioria das outras línguas orais-auditivas, é pronunciada

pelo corpo, através de gestos visuais-gestuais. É tradicionalmente utilizada pelos

deficientes auditivos, em comunicações entre surdos, ou entre surdos e ouvintes.

A Língua Brasileira de Sinais não teve sua origem no Português, mas sim na

Língua Francesa de Sinais. Começou a ser desenvolvida em 1855, com a vinda ao

Brasil de um professor francês surdo, chamado Hurt, e, em 1887, foi fundado o

primeiro Instituto Nacional de Surdos Mudos no Rio de Janeiro. A Libras uma língua

natural como qualquer outra conhecida, apesar de predominantemente gestual,

possui estruturas morfológicas, semânticas e sintáticas.

A língua portuguesa tem grande influência sobre a LIBRAS, principalmente em

suas estruturas lexicais, mas são línguas independentes entre si. A Língua de Sinais

não segue obrigatoriamente nenhum padrão linguístico da Língua Portuguesa e em

cada Estado do país ela sofre variações, como se fossem sotaques, mas gestuais.

Pensar que a Língua Brasileira de Sinais é um tipo de português gestualizado é

reduzi-la em sua grandeza e complexidade .

Em 24 de abril de 2002, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso,

promulgou a Lei Federal número 10.436/2002. Lei que reconheceu a Língua

Brasileira de Sinais e os recursos de expressão a ela associados como meio legal

de comunicação. Foi uma vitória para a comunidade surda brasileira, que apenas

em 2002 teve oficializada sua forma habitual de comunicação, que era utilizada

desde meados de 1855. Naquele ano, a Administração Pública firmou o

compromisso de difundir e institucionalizar a Língua de Sinais no Brasil.

Um dos artigos mais importantes da referida lei, por exemplo, tornou obrigatório

ao sistema educacional federal, juntamente com os sistemas educacionais

estaduais, municipais e do Distrito Federal, a garantia da inclusão do ensino da

Língua Brasileira de Sinais nos cursos de formação de Educação Especial, de

Fonoaudiologia, de Magistério, em seus níveis médio e superior, o ensino da Língua

Brasileira de Sinais, que obrigatoriamente, deveria constar no currículo de formação

desses profissionais. Ou seja, os professores e demais educadores devem estar

preparados para atenderem às necessidades da pessoa com deficiência auditiva,

principalmente dos jovens e crianças em ensino regular de educação.

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O Decreto nº 5.626/2005 trouxe importantes regulamentações para a

comunidade surda. Ele tornou obrigatório o ensino da Língua Brasileira de Sinais

nos cursos de licenciatura em diferentes áreas do conhecimento e tornou-a

disciplina optativa para as demais formações superiores. O Decreto ainda formalizou

a atuação dos profissionais instrutores e professores de LIBRAS, além dos

intérpretes e tradutores da Língua de Sinais.

Ele também trouxe garantias às pessoas surdas ou deficientes auditivas, como:

ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva; tratamento

clínico e atendimento especializado às especificidades da pessoa com deficiência;

além de acompanhamento médico e fonoaudiólogo, financiados pelo poder público.

Apesar de todas as garantias elencadas no âmbito jurídico, as dificuldades da

pessoa com deficiência auditiva ainda são grandes. A maior dificuldade que

enfrentam, sem dúvidas, é a ausência de acessibilidade em vários setores da

sociedade: desde uma simples chamada de emergência para serviços hospitalares

ou órgãos policiais, até legendas em programas de TV.

A falta de acessibilidade em setores comuns da vida cotidiana aparece no

mercado de trabalho, no atendimento em órgãos públicos ou estabelecimentos

comerciais, na compra de veículos (visto que os deficientes auditivos não têm direito

a desconto de impostos como Imposto Sobre Produtos Industrializados – IPI,

Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços – ICMS, Imposto Sobre a

Propriedade de Veículos Automotores – IPVA). Mas a comunidade surda enfrenta

outras dificuldades diárias na área da Comunicação Social, tais como: falta de

intérprete em apresentações de teatro, reduzido número de veículos de

comunicação adaptados à Língua de Sinais, ausência de legenda nos filmes

nacionais em exibição nos cinemas, mínima adaptação das Redes Sociais à Língua

Brasileira de Sinais e poucas páginas na Internet destinadas a informações sobre e

para a comunidade surda relacionadas à cultura dos cidadãos que utilizam a Libras.

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9. CANAIS EM LIBRAS NO YOUTUBE

Tabela** com relação de Canais que utilizam a Língua Brasileira de Sinais dentro do Youtube:

QUADRO 01

Nome Imagem Criação Características Inscritos Visualizações Nº de Vídeos

Observações

insightrh Não Possui

27/05/2010 Canal com acessibilidade em Libras e videoaulas para aprender a Língua de Sinais.

2.105 1.079.046 42 Está desatualizado, sua última postagem foi há 3 anos. É o canal com mais visualizações.

Libras Pernambuco

21/08/2011 Canal com cursos em Libras, músicas, videoaulas e palestras.

4.245 601.718 79 É o canal com maior número de inscritos.

Éden Veloso

06/04/2006 Canal com dicas na utilização da Língua Brasileira de Sinais.

1.696 458.895 9 Está desatualizado, sua última postagem foi há 2 anos. É o canal mais antigo dentre os analisados.

Educolibras

14/06/2006 Canal com aulas de como utilizar a Língua Brasileira de Sinais.

3.308 255.154 5 O Canal tem poucos vídeos e não possui periodicidade nas postagens.

Saqmila Mendes

02/03/2012 Canal com conteúdos variados, possui desde vídeos institucionais de educação sexual para jovens surdos a vídeos particulares do criador utilizando a Língua de Sinais.

87 52.623 18 A construção do canal é bem informal.

Renato Nunes

24/03/2008 Canal com conteúdos variados. Possui vínculo com dois perfis no Bloger, um no Facebook e um no Google+.

531 172.588 155 É o mais atualizado e com mais vídeos de todos os outros analisados.

** Fonte: Próprio autor. Dados colhidos no dia 20/11/2014 entre 18hrs e 21hrs.

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Fazendo uma breve análise dos canais supramencionados é possível afirmar

que, excluindo o Renato Nunes, nenhum foi idealizado dentro de uma perspectiva

formal para divulgação, utilizando conceitos de Publicidade e Propaganda. A maioria

dos Canais não possuem um viés publicitário bem definido, diferente de alguns

grandes canais dedicados ao público ouvinte no Youtube (Porta dos Fundos,

Parafernalha, Programa Galo Frito). Renato Nunes se destaca dos demais por ser

melhor estruturado e ter um visual mais comercial.

Exceto Renato Nunes, nenhum dos outros canais possui uma periodicidade de

postagens (alguns não são atualizados há mais de 2 anos). A maioria parece não ter

uma preocupação definida do impacto da imagem do canal dentro da perspectiva

dos atores sociais que o frequentam, possuem dados incompletos, não têm

descrição, ou até mesmo utilizam fotos pessoais de seus criadores como imagem

institucional.

Apenas dois dos canais explora uma divulgação ou interação com os

internautas fora do próprio Youtube, o Educolibras, que também está presente no

Facebook e possui uma conta no Educoteca, um servidor de aulas off-line; e o

Renato Nunes, que se estende a dois perfis no Bloger, um servidor de blogs, e ao

Facebook e o Google+. Além desses, o canal está relacionado a um site chamado

TV INES, que possui uma grande variedade de vídeos em Libras.

Ao considerarmos canais com acessibilidade em Libras, podemos citar o TV

NBR (mesmo assim, não é o exemplo ideal), canal criado com o objetivo de divulgar

as ações do Governo Federal e da Presidência da República. Muitos dos vídeos do

canal possuem legenda em Libras.

QUADRO 02 ***

Nome TVNBR

Características Observações

Canal governamental,

com um grande número

de vídeos, muitos com

acessibilidade.

Tem atualização constante,

mas os vídeos com

acessibilidade são minoria.

Imagem

Criação 17/12/2008

Inscritos 20.294

Visualizações 11.772.902

Nº de Vídeos 24.040

*** Fonte: Próprio autor. Dados relativos ao dia 20/11/2014 às 18:49.

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10. VÍDEO PARA A INAUGURAÇÃO DO CANAL

O vídeo escolhido para ser regravado em Libras foi o vídeo Moda, do Canal

Porta dos Fundos. O vídeo tem cerca de 4,5 milhões de views e foi escolhido por ser

um bom exemplo de como o conteúdo de um vídeo pode se restringir apenas ao

público ouvinte quando não existe uma preocupação com acessibilidade. Nele, os

atores têm o corpo todo coberto, inclusive o rosto, a possibilidade de interpretação

da mensagem só ocorre em sua totalidade com a compreensão sonora da fala dos

personagens.

O roteiro original foi adaptado para a Língua Brasileira de Sinais, conforme

mostra o quadro abaixo (íntegra do roteiro em anexo). O principal ângulo de câmera

na gravação dos personagens será o frontal, valorizando o uso da gestualidade

necessária à comunicação em Libras. A roupa islâmica que os personagens

originais utilizam, a burca, será adaptada, permitindo enquadramento das

expressões do rosto e os braços. As roupas das personagens do vídeo não serão

fiéis as tradicionais utilizadas na cultura islã (que mostram muito pouco do corpo das

mulheres).

QUADRO 03

PERSONAGEM FALA ORIGINAL FALA EM LIBRAS

MULHER DE BURCA Olha esse! Ver esse!

ABDALA Amiga, eu gostei. Heim! Amiga, eu gostei.

VENDEDORA MULALA Olá! Boa tarde! No que posso ajudar?

Oi! Boa tarde! Quer ajuda?

ABDALA Oi, querida! Obrigado! Só dando uma olhadinha mesmo.

Oi! Obrigado! Só vendo.

VENDEDORA MULALA Claro! Fica à vontade. Seu nome é?

Ok. Seu nome é?

ABDALA Abdala. Abdala.

VENDEDORA MULALA Abdala, meu nome é Mulala, tá? Qualquer coisa é só você me chamar. Fica à vontade.

Oi, Abdala! Meu nome Mulala. Precisar ajuda me chama. Pode ver.

ABDALA Obrigada mesmo. Amiga, eu gostei muito dessa coleção.

Obrigada. Amiga, eu gostar muito essa roupa.

MULHER DE BURCA Olha esse aqui, ó! Sua cara. Olhar essa aqui! Combinar com você.

ABDALA Amei mesmo. Gostei.

Adaptação: Professora Cleomasina Stuart Sanção Silva Mendonça – Professora e Intérprete de Libras.

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11. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

Data

Atividade

03/02/2014 a 31/03/2014 Pesquisas bibliográficas sobre o tema em questão. Buscar autores e referências sobre a comunidade surda, a forma como percebem a música e como podem interagir com recursos audiovisuais sobre a Língua Brasileira de Sinais; as redes sociais digitais, e a integração de um Canal no Youtube, com possível divulgação em outras plataformas sociais, como Facebook e Twitter; o YouTube. Avaliar como funciona a rede social, quais possibilidades ela oferece aos seus usuários, monetização de vídeos, formas de arrecadação para a auto sustentabilidade de um Canal; abordagens publicitárias dentro de canais de comunicação na Internet, com vistas a propagação de um novo conteúdo na rede mundial de computadores.

01/04/2014 a 15/05/2014 Elaborar um relatório com as informações pesquisadas inicialmente, com vistas a desenvolver um planejamento estratégico para a criação do Canal no Youtube, dedicado aos utilizadores da Língua Brasileira de Sinais; planejar como será feita sua divulgação, por meio de plataformas digitais e off-line; buscar informações sobre as possibilidades existentes para sua personalização, considerando as bases do atendimento aos cidadãos, que deve considerar uma comunicação adaptada e padronizada ao público alvo, percebendo-o de forma empática, adaptando a linguagem do produto às suas necessidades e anseios; Resumir o conteúdo teórico pesquisado, buscando fundamentar a criação de um canal do Youtube com as características elencadas.

16/05/2014 a 31/05/2014 Verificar as informações presentes no relatório realizado, os escritos teóricos e efetivar as devidas adaptações; preparar o projeto para a apresentação na primeira banca de avaliação da disciplina; Definir um nome inicial para o Canal.

02/06/2014 a 06/06/2014 Apresentação do projeto de criação do produto: Canal no Youtube, dedicado aos utilizadores da Língua Brasileira de Sinais.

21/07/2014 a 28/07/2014 Criação uma conta de e-mail no Google, para em seguida criar o Canal no Youtube, verificando e utilizando os recursos disponibilizados pela plataforma (verificar a possibilidade de adquirir um domínio específico, para criar um e-mail personalizado do Canal); Desenvolver um padrão de texto, vídeo e grafia das palavras, com a finalidade de personalizar e uniformizar as informações que serão disponibilizadas aos atores sociais; inclui-se nessas atividades a criação de um padrão de resposta automática ao recebimento de e-mails; definição da periodicidade

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de postagens dos vídeos e possibilidade de interações com outros cidadãos; elaborar um plano de pesquisa para receber um feedback dos internautas.

29/07/2014 a 15/08/2014 Definir critérios para escolher os videoclipes que serão refilmados em LIBRAS (pesquisa de opinião, número de acessos no Youtube, repercussão na Internet); eleger o ou os vídeos que serão regravados e postados no Canal. Verificar como serão realizadas as alterações nos graves das músicas, para melhor adaptação ao público surdo; verificar como tais alterações repercutem nos direitos autorais dos autores das músicas, se tal alteração infringe algum dispositivo legal, como está regulamentada tal situação, se é possível o ganho financeiro com a utilização de conteúdo autora alheio no Youtube.

16/08/2014 a 31/08/2014 Definir como serão filmados os clipes audiovisuais – roteiro, storyline, storyboard, seleção de atores, possíveis cenários, figurinos, locações.

01/07/2014 a 31/10/2014 Definir uma estratégia de divulgação para o primeiro vídeo e inauguração do Canal. Finalização do Relatório. Edição.

01/11/2014 a 23/11/2014 Definir o nome definitivo do Canal, com seu respectivo slogan, logo, marca; Início das divulgações do Canal nas Redes Sociais e mídias off-line.

24/11/2014 a 28/11/2014 Lançamento do Canal.

29/11/2014 em diante Banca de trabalho de conclusão de curso - apresentação final do produto.

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12. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho de conclusão de curso (TCC) em Comunicação Social tem como

princípio a inclusão social e digital de pessoas com necessidades especiais, como é

o caso da comunidade surda no Brasil, que só de pessoas com alguma deficiência

auditiva corresponde a 5% da população brasileira, sem contar a comunidade

indireta, formada por parentes, amigos, especialistas e professores. Mesmo com um

número tão representativo de brasileiros, até o momento não existe um canal

voltado para este público específico. A LIBRAS é uma língua que foi reconhecida

recentemente e ainda é pouco divulgada em meios como a TV e a Internet. Os

intérpretes em Libras ainda encontram muitas dificuldades, visto que a língua ainda

é pouco conhecida e não existe um pensamento coletivo em valorizar e respeitar a

acessibilidade. Exatamente por isso, a proposta deste TCC é, além do relatório de

trabalho, criar o canal Gesto Nada Obsceno no Youtube ajudando a divulgar a

comunidade surda no país e a Língua Brasileira de Sinais.

Considera-se importante que as pessoas surdas ou com diferentes graus de

surdez tenham espaços de comunicação onde possam desfrutar de conteúdos

digitais e informações relacionadas a sua individualidade, à sua realidade e também

ao seu grupo social. Uma possível forma de terem voz e serem representadas nos

diferentes âmbitos sociais é através de um canal no Youtube, rede social digital que

possui 1 bilhão de internautas únicos e é a segunda mais acessada no Brasil.

Dentro das atuais preocupações mundiais em fazer valer os direitos de terceira

geração, os direitos difusos ou coletivos idealizados na Revolução Francesa de 1789

10; a preocupação com um planeta mais harmônico e equilibrado mostra-se latente.

Um mundo com menos desigualdades sociais, preconceito, racismo. Promover o

bem de todos e a igualdade entre os indivíduos são princípios vislumbrados pela

nossa Constituição Federal, lei maior de nosso país.

É necessário que os meios de comunicação passem a se atentar mais ao

pensamento de acessibilidade da informação. Comunicar-se com os indivíduos

respeitando seu olhar de mundo e sua compreensão de realidade são aspectos

importantes da Comunicação Social.

10 Os ideais da Revolução Francesa de 1789 comumente são definidos pelos títulos de liberdade, igualdade e fraternidade; foram respectivamente denominados Direitos de Primeira Geração (liberdade – imposições de não agir ao Estado); Direitos de Segunda Geração (igualdade – imposições de agir ao Estado); e Direitos de Terceira Geração (fraternidade – Direitos humanitários, difusos e coletivos.

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13. REFERÊNCIAS

ALTERMANN, Dennis. Utilização de vídeos para Youtube tem suas próprias características. 2013. Disponível em: <http://www.midiatismo.com.br/o-marketing-digital/utilizacao-de-videos-para-youtube-tem-suas-proprias-caracteristicas> Acessado em: 02/05/2014 às 20:27. BARBOZA, Heloisa Helena e MELLO, Ana Cláudia P.Teixeira. O Surdo: Este Desconhecido – Incapacidade absoluta do surdo-mudo. Oficina Folha Carioca Editora Ltda: Rio de Janeiro, 1995. BARONE, Victor. Fontes e redes sociais na Internet: uma revisão bibliográfica. Anais do 4º Simpósio de Ciberjornalismo. Grupo de Pesquisa em Ciberjornalismo – CIBERJOR-UFMS. Campo Grande – MS. Brasil Escola [Internet]. Língua Brasileira de Sinais. Autor: Andresa Vaniele Barbosa Pereira Disponível em: <http://meuartigo.brasilescola.com/educacao/lingua-brasileira-sinais.htm> Acessado em: 17/11/2014 às 19:30. BURGESS, Jean; GREEN, Joshua. Youtube e a Revolução Digital. Como o maior fenômeno da cultura participativa transformou a mídia e a sociedade. 2009. São Paulo – SP. Ed: Câmara Brasileira do Livro. CASTRO, Cosette; BARBOSA, André. Educação, Tecnologia e Novos Comportamentos. 2009. Brasília – DF. Ed: Paulinas. Crônicas da Surdez [Internet]. Disponível em: <http://cronicasdasurdez.com/> Acessado em: 17/11/2014 às 19:10. CRISTINA, Sônia; MACHADO, Paula; BONKOVOSKI, Amanda; e PIROLA, Alisson. Refletindo Sobre as Redes Sociais Digitais. Artigo. Educ. Soc. vol.35 no.126. Campinas Jan./Mar. 2014 Globo.com [Internet]. Conheça a História do Site de Vídeos Youtube. 2006. Disponível em: <http://g1.globo.com/Noticias/Tecnologia/0,,AA1306288-6174,00-CONHECA+A+HISTORIA+DO+SITE+DE+VIDEOS+YOUTUBE.html> Acessado em: 02/05/2014 às 21:48. Olhar Digital [Internet]. Relembre a História de Sucesso do Youtube. 2013. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/relembre-a-historia-de-sucesso-do-youtube/33396> Acessado em: 28/04/2014 às 15:32. Olhar Digital [Internet]. Brasileiros são os que mais assistem a vídeos no YouTube. Autor: Redação Olhar Digital. 2014. Disponível em: <http://olhardigital.uol.com.br/noticia/43285/43285> Acessado em: 17/11/2014 às 21:40.

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OLIVEIRA, Natanael. Conheça a História das Redes Sociais. 2011. Disponível em: <http://www.natanaeloliveira.com.br/a-historia-das-redes-sociais/> Acessado em: 28/04/2014 às 16:51. Nuvem [Internet]. Internet Brasil. Dados e Estatísticas 2013. Disponível em: <http://www.nuvemlab.com.br/blog/internet-brasil-dados-estatisticas-2013/> Autor: Diogo Souza. Acessado em: 17/11/2014 às 18:25. NOVAES, Edmarcius Carvalho. Garantias legais das pessoas surdas: Conquistas e desafios. Revista da FENEIS, n°43, p. 22-23, 2011. Pead UFRGS [Internet]. Comunidade Surda do Brasil, Unidade 1. Disponível em: <http://www.pead.faced.ufrgs.br/sites/publico/eixo7/libras/unidade1/comunidade_culturasurda.htm> Acessado em: 30/04/2014 às 18:07. PEREIRA, Denilson; MARIA, Conceição; MELO, Delma; e MEDEIROS, Hercílio. Algumas Reflexões Linguísticas Sobre o Oralismo e o Aprendizado da Libras para a Criança Surda. Artigo Digital – Centro Científico Conhecer – Vol. 7 Nº 12/2011. PERLIN, G. T. (2004). O lugar da cultura surda. Em A. S. Thoma & M. C. Lopes (Orgs.), A invenção da surdez: cultura, alteridade, identidade e diferença no campo da educação (pp. 73-82). Santa Cruz do Sul: Edunisc. Planalto [Internet]. LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL DE 2002. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm> Acessado em: 03/12/2014 às 17:35. Planalto [Internet]. DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm> Acessado em: 03/12/2014 às 17:36. SOARES, Maria Aparecida leite. A Educação do Surdo no Brasil. Campinas, SP: Autores Associados, EDUSF, 1999. STROBEL, Karin Lilian. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora UFSC, 2008. ___________________. História da Educação de Surdos. Florianópolis: Editora UFSC, 2009. SILVA, B. (Coord.). Dicionário de Ciências Sociais da Fundação Getúlio Vargas. Instituto de Documentação. 2. Ed. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1987. SPELTA, Lêda; SOARES, Horário. Análise de Acessibilidade dos Sites Oficiais dos Três Principais Candidatos à Presidência do Brasil.. 2010. Disponível em: <http://acessodigital.net/art_analises-sites-candidatos.html> Acessado em: 17/11/2014 às 20:45.

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WIDELL, Joanna. As fases históricas da cultura surda. Revista GELES – Grupo de Estudos Sobre Linguagem, Educação e Surdez nº 6 – Ano 5 UFSC- Rio de Janeiro: Editora Babel, 1992. Youtube [Internet]. Estatísticas. Disponível em:_________________________ <https://www.youtube.com/yt/press/pt-BR/statistics.html> Acessado em: 17/11/2014 às 21:23.

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ANEXO I

ROTEIRO

LOJA DE ROUPAS – INT – DIA

Personagens entram em uma loja de roupas, procurando burcas. Uma

vendedora as aborda.

PERSONAGEM FALA ORIGINAL FALA EM LIBRAS

MULHER DE BURCA Olha esse! Ver esse!

ABDALA Amiga, eu gostei. Heim! Amiga, eu gostei.

VENDEDORA MULALA Olá! Boa tarde! No que posso ajudar?

Oi! Boa tarde! Quer ajuda?

ABDALA Oi, querida! Obrigado! Só dando uma olhadinha mesmo.

Oi! Obrigado! Só vendo.

VENDEDORA MULALA Claro! Fica à vontade. Seu nome é?

Ok. Seu nome é?

ABDALA Abdala. Abdala.

VENDEDORA MULALA Abdala, meu nome é Mulala, tá? Qualquer coisa é só você me chamar. Fica à vontade.

Oi, Abdala! Meu nome Mulala. Precisar ajuda me chama. Pode ver.

ABDALA Obrigada mesmo. Amiga, eu gostei muito dessa coleção.

Obrigada. Amiga, eu gostar muito essa roupa.

MULHER DE BURCA Olha esse aqui, ó! Sua cara. Olhar essa aqui! Combinar com você.

ABDALA Amei mesmo. Gostei.

VENDEDORA MULALA Olha Abdala, esse que você escolheu é da coleção nova.

Oi Abdala, essa roupa nova, chegar agora.

ABDALA Mentira! Verdade!

VENDEDORA MULALA

Inclusive toda essa arara aqui participou de um desfile no Irã.

Todas essas roupas mulher desfilou no Irã.

ABDALA Olha que bacana. Que legal.

VENDEDORA MULALA Badalado. Famoso.

ABDALA Gostei heim. E que tecido é esse aí?

Gostar. E que tipo tecido é?

VENDEDORA MULALA É tecido de burca mesmo, no caso, original.

Próprio tecido burca, verdadeiro.

ABDALA Menina, mas parece uma coisa de uma leveza né?

Parecer leve roupa.

VENDEDORA MULALA É, super leve. Inclusive essa que você escolheu tem petróleo,

Muito leve. Tem cor petróleo, chumbo e grafite. Cores

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chumbo e grafite. Pra dar uma variada.

diferentes, bom.

ABDALA Ah, não! Vou no pretinho mesmo.

Cores diferentes não! Eu gostar preto.

VENDEDORA MULALA No básico. Que vai com tudo, né gente? Fica bom com tudo mesmo, já dá uma afinada. Vai ficar ótimo em você. Você é qual tamanho?

Preto normal. Roupa preta que combina com tudo. Se roupa preta parece magra. Ficar bom você. Qual tamanho?

ABDALA É G né, porque eu acabei de parir.

É G, bebê nasceu agora. Eu um pouco gorda.

VENDEDORA MULALA Mas vai ficar ótimo em você. Oh Râmila, desce duas burcas G, por favor!

Mas ficar ótimo você. Oh Râmila, pegar duas burcas G, por favor!

ABDALA Oh Râmila, desce GG também. Só pra garantir.

Por favor, Râmila, GG também. Só eu experimentar.

VENDEDORA MULALA Ai, imagina! G vai ficar ótimo em você.

Ai, bobagem! G ficar ótimo você.

ABDALA Ai, amor! Brigada, brigada! Obrigada, Mulala!

VENDEDORA MULALA E pra você? Hoje você vai escolher alguma coisa?

Você escolher alguma roupa?

MULHER DE BURCA Não, não achei nada que combinasse comigo.

Eu escolher nada. Porque nada combinar.

ABDALA Vai garota, ele ta pagando. Marido pagar, compra!

VENDEDORA MULALA Imagina, olha esse aqui. Super gracinha essa, olha!

Olha esse. Muito bonito!

MULHER DE BURCA É porque eu sou chata pra burca.

Porque eu chata pra escolher roupa burca.

ABDALA Ela é chatíssima. Ela muito chata.

VENDEDORA MULALA Jura? Então olha só, vou te mostrar outra que já é coleção nova. E essa aqui é alto verão 2014.

Verdade? Mostrar para você outra roupa nova. Roupa para usar verão 2014.

ABDALA Experimenta, menina! Experimentar!

MULHER DE BURCA Assim, você não tem nada mais decotado?

Você ter algo mostrar olho?

ABDALA Para garota, para! Eu ter vergonha!

VENDEDORA MULALA Ahh, entendi tudo! O que que essa safadinha quer. Olha, temos uma na loja, só uma. Essa daqui mostra o olho.

Eu entender! Você safada. Ter uma roupa burca que mostra olho.

ABDALA e MULHER DE

BURCA

Ohhhh! Ohhhh!

ABDALA Não vai fazer isso! Você fazer isso!

VENDEDORA MULALA O olho. Mostrar olho.

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ABDALA Eu vou experimentar. Eu experimentar.

VENDEDORA MULALA Pronto, prova! Vai ficar maravilhosa.

Ok, experimentar! Ficar linda.

ABDALA Ai é foda, que ferra pra mim, né?

Ficar chato pra mim.

VENDEDORA MULALA Ah, por que? Só vai ficar mais bonita.

Por que? Ela ficar mais bonita.

ABDALA Mas o marido vai preferir ela. Marido preferir ela.

Personagem MULHER DE BURCA experimenta burca que mostra os olhos e é

apedrejada por dois homens de burca.

VENDEDORA MULALA E aí, como é que ficou querida? Vamos ver? Olha ela, gente! Que danada.

Você gostar? Ficar bonito? Você safada!

MULHER DE BURCA Eu estou me sentindo meio vagabunda, ta não?

Eu parecer prostituta?

VENDEDORA MULALA Ah eu acho moderno. Parecer diferente.

ABDALA Ta muito ousado. Eita!

Parecer safado. Eita!

VENDEDORA MULALA Ihh, gente. Ihh.

ABDALA Opa garota. Pena cair.

VENDEDORA MULALA Mas aqui de novo gente? Segunda vez hoje.

Acontecer de novo? Duas vezes hoje.

ABDALA Querida, querida, vamos levar só aqueles dois tá?

Levar só dois eu já escolher.

Personagem MULHER DE BURCA experimenta outras burcas, porém

cenicamente todas são iguais.

MULHER DE BURCA E essa? Essa?

ABDALA Ai, não gostei dessa não. Vai outra.

Não gostar. Outra?

MULHER DE BURCA E essa? Essa?

ABDALA Não, essa te deu uma envelhecida. Vai uma jovial. Não, que isso!

Não, parecer você velha. Procurar roupa parecer nova.

MULHER DE BURCA E essa? Essa?

ABDALA Não, essa aí não. Você não tem mais idade pra isso não garota.

Não, essa não. Você já velha para usar essa roupa.

MULHER DE BURCA E essa? Essa?

ABDALA Eu tô achando que essa ficou meio pesada, sabe? Acho que pro verão não vai funcionar não.

Eu achar essa roupa pesada? Não combinar com verão. Animar!

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Vai, otimismo!

MULHER DE BURCA E essa? Essa?

ABDALA Eu acho que valorizou o colo, mas da cintura pra baixo ta meio que te engordando por que você tem a coisa do culote.

Ficar bonito da cintura pra cima, mas você gorda na cintura. Muito gorda.

MULHER DE BURCA Porra. E essa?

Porra. Essa?

ABDALA Essa está ótima, garota! Vamos, leva essa! Valorizou.

Linda, linda! Levar essa! Bonita.

MULHER DE BURCA Arrazei. Linda.

Adaptação em Libras: Professora Cleomasina Stuart Sanção Silva Mendonça – Professora e

Intérprete de Libras.

NARRADORA INICIAL (LIBRAS): Esse vídeo falar da cultura árabe. Fazer

piada com roupa. Porque mulher árabe usa roupa comprida, nome burca. Mulher

árabe não mostrar rosto, braço, corpo, nada; porque proibido cultura árabe. Isso

próprio cultura e religião deles, árabe. Para evitar mulher mostrar rosto bonito,

porque se mostrar rosto, homem pode apaixonar. Evitar isso, mulher usar burca.

É importante uma apresentação inicial ao vídeo para o público surdo, para

situá-los em qual contexto se dará a história a ser contada e do que ela se trata. A

Comunidade Surda não ouvinte possui referenciais culturais muito diferentes do

público convencional. Eles não entenderiam o porquê de todas as personagens de

burca, por exemplo. Uma pré-legenda facilita a compreensão da informação que o

vídeo almeja transmitir. As adaptações no vídeo serão pura licença poética (burcas

que mostram mais do corpo; Libras sendo utilizada com naturalidade no Irã), não é

possível afirmar que correspondem a uma realidade provável.

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