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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS ANÁLISE FUNDAMENTALISTA DE INVESTIMENTOS “UMA FERRAMENTA PARA O SUCESSO” ELABORADO POR : LAURO BARILLARI LÜCK DE CASTRO ORIENTADOR : PROF. MARCO ANTÔNIO CHAVES Rio de Janeiro, RJ, dezembro / 2001.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

DE INVESTIMENTOS “UMA FERRAMENTA PARA O SUCESSO”

ELABORADO POR :

LAURO BARILLARI LÜCK DE CASTRO

ORIENTADOR :

PROF. MARCO ANTÔNIO CHAVES

Rio de Janeiro, RJ, dezembro / 2001.

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PRÓ-REITORIA DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO

DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS

ANÁLISE FUNDAMENTALISTA

DE INVESTIMENTOS “UMA FERRAMENTA PARA O SUCESSO”

ELABORADO POR :

LAURO BARILLARI LÜCK DE CASTRO

TRABALHO MONOGRÁFICO APRESENTADO COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE ESPECIALISTA EM FINANÇAS E GESTÃO CORPORATIVA.

Rio de Janeiro, RJ, abril / 2001.

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“Tenho a honra de ter contado

com o apoio de pessoas que me auxiliaram

em diversos momentos, dispensando a

atenção e o apoio que precisei para concluir

com sucesso este trabalho monográfico.

Dentre muitos colaboradores, gostaria de

referenciar os nomes de Lauro Lück de Castro

e Souza, meu pai ; Cézar Barillari, meu avô; e

de Danielle Lisboa Madlum, minha

namorada. A vocês gostaria de deixar

registrado a minha gratidão e a imensa

satisfação em tê-los em minha vida”.

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“Dedico este trabalho a

todos àqueles que contribuíram de

forma direta ou não para a sua

elaboração, assim como aos

empresários que desejam ocupar uma

posição de mercado privilegiada, novos

estudantes e demais interessados pelo

tema abordado”.

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“QUANTO MAIS BUSCAMOS O

APRIMORAMENTO DE NOSSA

MENTE, O HORIZONTE DO

CONHECIMENTO TORNA-SE CADA

VEZ MAIS LONGE”

( HERÁCLITO )

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SUMÁRIO

Páginas

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 01

CAPÍTULO 1 – A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS................................................ 04

CAPÍTULO 2 – ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL....................................... 08

CAPÍTULO 3 – ANÁLISE POR QUOCIENTES....................................................... 10

CAPÍTULO 4 – FLUXO DE CAIXA............................................................................. 20

CAPÍTULO 5 – INDICADORES ECONÔMICOS..................................................... 26

CAPÍTULO 6 – PROJEÇÕES FINANCEIRAS.......................................................... 33

CAPÍTULO 7 – O VALOR DA EMPRESA................................................................. 41

CONCLUSÃO.................................................................................................................. 53

BIBLIOGRAFIA.............................................................................................................. 55

ANEXO I : TABELAS

ANEXO II : ESTUDO DE CASO

ANEXO III : REQUISITOS DA PÓS-GRADUAÇÃO

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INTRODUÇÃO

O panorama econômico brasileiro num passado recente foi marcado

pela alta volatilidade da economia e por uma forte especulação financeira, o que

influenciou de forma negativa a condução dos negócios no país. Ainda hoje, podemos

observar os reflexos deixados, principalmente através das dificuldades de liquidez da

economia.

No atual momento, o governo, de certa forma, tenta controlar uma

situação que tende ao desenvolvimento econômico, mas que também depende de uma série

de medidas e reformas drásticas que serão fundamentais para o processo de crescimento

dos negócios, e para que o Brasil seja uma referência no mercado mundial.

Com a intensificação do processo de globalização da economia, o

mercado passa a exigir dos empreendedores maior grau de eficiência e competitividade,

para que estes ocupem os seus espaços, sendo flexíveis o suficiente para adaptarem-se ao

novo ambiente de mudanças e criarem mecanismos de resposta rápida ao mercado.

A administração financeira passou a ser fundamental, visto que as

margens de retorno são cada vez menores, e o planejamento dos investimentos é estratégico

para o sucesso da empresa. No passado, haviam empresas super-rentáveis e os lucros

cobriam as falhas de falta de controles gerenciais. No presente, uma manobra errada , uma

estratégia mal elaborada ou mesmo a omissão numa decisão pode ser fatal.

Os tempos mudaram e podemos observar que as antigas falhas, a falta

de previsões e a indevida avaliação do risco empresarial constituem características

altamente negativas em uma empresa moderna. O planejamento e o controle, rigorosos e

sistemáticos, como o acompanhamento de mercado e avaliações corretas, em paralelo a

ações eficazes de correção são elementos básicos e imprescindíveis para uma gestão

empresarial de vanguarda.

Este trabalho foi proposto com o objetivo de ressaltar aos estudantes,

empresários e interessados no tema a importância da análise para a decisão de aplicação do

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capital, tendo em vista o novo cenário econômico mundial, onde são caracterizadas

profundas mudanças no ambiente de gestão, devido ao surgimento da visão de

competitividade entre cadeias produtivas e a tendência a formação dos grandes blocos

econômicos. Dentre as grandes tendências mundiais que influenciaram este estudo, pode-se

destacar o processo de fusões, incorporações e associações; que tem sido um elemento de

grande relevância para o estudo de novos investimentos.

Esta monografia não tem, em nenhum momento, o intuito de esgotar o

tema, que em muitos casos é de extrema complexidade, porém ao longo da mesma tenta-se

mostrá-lo da forma mais prática possível, com estudos de casos, índices e alguns dos

conceitos mais utilizados pelos profissionais atuantes na área, assim como mencionados em

grandes obras literárias por estudiosos da administração financeira.

A análise de investimentos é abordada nas páginas a seguir como uma

importante ferramenta na gestão de recursos financeiros, especificamente no processo de

tomada de decisão, através da comparação dos resultados obtidos com a realidade dos

preços e riscos do mercado.

O processo, a ser mostrado, tem como ponto fundamental a idéia de

que a origem do preço justo ( target price ) de uma empresa é a capacidade que esta tem de

gerar caixa e lucros futuros. Umas das principais intenções deste trabalho é situar o leitor

dentro do universo da análise, colocando os principais cuidados a serem tomados e as

dificuldades ao emitir um parecer ou mesmo fazer uma recomendação de compra ou

venda.

Serão mostradas no desenvolvimento do tema as divisões e os

diferentes tipos de análises, como a vertical e a horizontal. Além disto, as páginas a seguir

versarão sobre índices de estrutura e liquidez, indicadores de desempenho econômico, valor

da empresa, análise de risco, projeções financeiras, e por fim, alguns comentários pessoais,

que servem somente para facilitar um posicionamento do leitor sobre o assunto, tentando

também relacionar a ciência com o atual mundo dos negócios.

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No contexto geral, pode-se afirmar que os indicadores e soluções

apresentadas nesta monografia não podem, em grande parte, serem aplicados de forma

isolada, ou seja para atingir-se um resultado satisfatório é necessário que a análise relacione

todos os indicadores e considere as diversas variáveis de mercado.

Esta monografia foi elaborada, em sua grande parte, através de um

estudo bibliográfico, entrevistas com profissionais da divisão de análise da empresa BB

DTVM - Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A. , estudo de casos e os canais

de informações utilizados foram revistas, jornais, relatórios de empresas de consultoria ,

associações, páginas da internet , entre outros.

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CAPÍTULO 1

A ANÁLISE DE INVESTIMENTOS

Este procedimento é de extrema importância para a gestão empresarial,

fornecendo diagnóstico sobre a evolução e performance da empresa, subsídios para a

tomada de decisões, propiciando a reorientação das operações, direcionando os

investimentos, sustentando a elaboração de orçamentos e projeções e utilizada como uma

efetiva ferramenta de controle, que permite comparações entre performance planejada e

atingida.

A análise econômico-financeira tem por finalidade detectar os pontos

fortes e fracos do processo operacional e financeiro da companhia; objetivando propor

alternativas de curso futuro a serem tomadas pelos gestores da empresa. Pode-se também

ressaltar como resultado da análise a avaliação da entidade em pagar suas dívidas ( situação

financeira ), da rentabilidade do capital investido e da capacidade de gerar resultados (

Situação econômica ), a definição da situação patrimonial em casos de fusão, cisão,

incorporação e associação de entidades, a avaliação para a consolidação de dados de

atividades de determinados segmentos ou setores econômicos, assim como a comparação

com concorrentes.

Para introduzir uma linha de trabalho deve-se buscar respostas para

algumas questões, como :

• ONDE ESTAMOS ? ( Diagnóstico situacional )

• ONDE QUEREMOS CHEGAR ? ( Planejamento Estratégico )

• COMO CHEGAREMOS LÁ ? (Objetivos, Estratégias, Planos e Metas)

Conhecidas as respostas acima , uma nova e importante questão se

apresenta:

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• COM QUE RECURSOS ? ORÇAMENTOS

Na sociedade que vivemos é comum comentários leigos sobre a

situação econômica do país e das empresas, porém muitas reivindicações trabalhistas,

reportagens, anúncios de concordatas ou falências de grandes grupos, entre outros fatos do

nosso cotidiano não conseguem levar ao público em geral alguns temas mais específicos,

que podem elucidar melhor esta situação, como por exemplo: O que é uma boa empresa ?

O que é uma empresa sólida ? o que é um empresário sério e bem intencionado ? Que razão

levaria um juiz a deferir uma concordata ou a falência de uma empresa ?

Algumas decisões governamentais, por exemplo, afetam

significativamente a vida das empresas, ao mesmo tempo que muitas concordatas têm suas

causas atribuídas ao governo, que de fato pode ou não ser responsabilizado com a

intensidade que as coisas são divulgadas. Uma concordata, deferida por atender a condições

legais, pode ter explicação diferente segundo um ponto de vista técnico.

Todas estas questões levantadas nesta monografia têm o propósito de

gerar uma reflexão e um posicionamento sobre as verdadeiras causas que afetam a vida das

empresas e que são objetos de estudo da análise.

Conforme as grandes obras de Administração financeira mostram não

existe uma receita única e rígida para se conhecer uma empresa, porém aqui serão

apresentadas algumas mais utilizadas por grandes grupos empresariais.

Para o início de um estudo mais elaborado existem alguns pontos que

poderão nortear o processo, tais como : Qual o ramo da empresa? Quem a controla ? A

empresa é lucrativa? Qual a sua solidez ( risco )? Quem a administra? Qual o seu

endividamento? Qual o perfil do seu cliente ? Principais concorrentes? Poder de Barganha

sobre o mercado? Tendências? Entre muitas outras questões podem e devem ser levantadas

para facilitar o conhecimento da mesma.

Numa economia de mercado e de acordo com as modernas teorias da

administração financeira são as decisões relativas aos investimentos e seus respectivos

financiamentos que determinarão o risco financeiro, o lucro e, o que é mais importante, o

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valor econômico intrínseco à empresa que será refletido em seu preço de mercado, em

última análise, a medida final e definitiva de sua eficiência econômica e social.

O parecer da Análise de Balanços não deve estar fundamentado em um

ou outro índice, mas sim num sistema de indicadores relacionados entre si, a fim de

compreender o fenômeno analisado no seu conjunto. Caso contrário, poderá atingir uma

conclusão não condizente com a real situação da empresa.

Os critérios de valores são extremamente difíceis de serem

estabelecidos, e devemos sempre considerar o cenário econômico geral, como também a

realidade do mercado em que determinada empresa atua, pois estas variáveis serão

fundamentais no processo de julgamento.

Além disto, o profissional de análise deve considerar o aspecto

temporal, ou seja, é fundamental realizar a comparação dos resultados ao longo dos

períodos para se obter uma resposta sobre a performance dos gestores de determinada

empresa. Uma empresa pode num determinado momento não apresentar os melhores

resultados do mercado, porém um estudo da evolução poderá apresentar indícios

favoráveis, devido as melhorias contínuas realizadas e observadas nos seus resultados.

O relatório de análise é um dos grandes subsídios para a decisão sobre

determinado investimento, e este deve considerar alguns pontos básicos, como : análise do

setor, visão geral da empresa, aspectos da atividade operacional, análise econômico-

financeira, entre outras informações como sugestões dos analistas, recomendações e a

identificação clara e objetiva dos principais pontos observados. Abaixo temos um roteiro

padrão para a elaboração de um relatório de A.P.F.E. ( Análise Patrimonial, Financeira e

Econômica ) :

1. Introdução : definindo o objetivo da análise, relatando restrições

encontradas e parâmetros adotados.

2. Descrever em breve resumo histórico, o perfil da Empresa.

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3. Apresentar pela Análise Horizontal, a Estrutura de formação dos

valores patrimoniais e de resultado da Entidade analisada.

4. Demonstrar pela Análise Horizontal, a evolução no período

analisado dos elementos patrimoniais, financeiros e econômicos.

5. Apresentar os principais indicadores referentes a gestão econômico

financeira da Entidade, calculados na Análise por Quocientes.

6. Concluir com diagnósticos objetivos, mostrando tendências e

perspectivas, pontos fortes e pontos frágeis.

7. Finalizar com recomendações para correção ou manutenção de

rumos.

8. Anexar Gráficos e papéis de trabalho para melhor elucidação de

eventuais dúvidas.

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CAPITULO 2

ANÁLISE VERTICAL E HORIZONTAL

Estes métodos são os mais conhecidos e utilizados no processo de

análise das demonstrações financeiras de uma empresa.

A análise horizontal, de evolução ou de crescimento corresponde ao

estudo comparativo, em períodos de tempos consecutivos, da evolução das contas que

compõem as demonstrações financeiras em análise.

Em referência ao Balanço Patrimonial, estuda-se a evolução, em

determinado período, das várias contas que compõem o Ativo e o Passivo. Para isto deve-se

verificar a evolução das contas ao longo de um adequado número de períodos.

Para uma fácil compreensão desta relação, encontra-se, no Anexo I,

uma série de tabelas criadas pelo Profº. José da Rocha Pereira mostrando os métodos de

análise horizontal e vertical da forma bem clara, assim como pode-se também observá-los

através do “estudo de caso” contido no Anexo II desta monografia.

A análise vertical, de estrutura ou de composição das demonstrações

financeiras tem como objetivo verificar a evolução, ao longo do tempo, da composição

percentual das principais contas do Balanço Patrimonial e D.R.E. .

Na análise vertical não precisa-se descontar a inflação, uma vez que o

que se mede são relações percentuais de uma subconta em relação a sua categoria ou conta

base. A inflação neste caso atinge, igualmente a todas as contas.

A análise por quocientes é a modalidade utilizada para calcular os

indicadores econômicos – financeiros referentes ao desempenho da gestão empresarial.

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Nesta podemos obter índices de liquidez, endividamento, imobilização do capital, entre

outros que serão mostrados ao longo dos próximos capítulos.

Pode-se, por exemplo, observar o comportamento do passivo

circulante em relação ao passivo total, nos últimos exercícios sociais. Na Demonstrações de

Resultados do Exercício deve-se comparar cada um dos componentes em relação à receita

líquida do período.

Em suma, podemos dizer que estas três análises fornecem importantes

subsídios para a decisão, permitindo que o administrador ou o investidor possa visualizar a

performance no passado, a situação presente, além de extrair dados para os estudos de

projeções futuras.

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CAPÍTULO 3

ANÁLISE POR QUOCIENTES

Este tipo de análise, conforme mencionado no capítulo anterior é mais

voltada para medir a performance da gestão empresarial e através da comparação dos

índices em períodos diferentes, identificar as principais deficiências da empresa e por sua

vez tomar as devidas ações corretivas, ou mesmo, manter o atual rumo, caso este apresente

um bom nível de resultado.

No campo da análise temos duas metodologias básicas : a estática e a

dinâmica. A primeira encontra várias limitações, quando falamos de projeções e evoluções

futuras, pois restringe-se a análise em determinado instante da empresa, desconsiderando as

movimentações do mercado. A Segunda que deve servir como complemento da anterior,

evidencia os fluxos de recursos originados pelas operações de uma empresa, sejam eles

históricos ou projetados.

Lawrence J. Gitman, em sua obra, diz que podemos comparar índices

de duas formas básicas : Análise Cross Sectional e Análise de séries temporais. A primeira

é a comparação de índices financeiros de uma empresas diferentes no mesmo ponto no

tempo, podem essas ser do mesmo setor ou mesmo a comparação com as médias setoriais.

Esta análise nos permite identificar o Benchmark, ou seja, ao comparar índices com uma

empresa modelo do mesmo tipo de negócio e mesmo porte, pode-se identificar áreas na

qual tem um bom desempenho ou não, podendo assim definir metas e novas melhorias para

um resultado melhor.

Segundo Gitman, antes de discutir índices específicos , nós devemos

considerar as seguintes precauções :

1. Um índice jamais poderá expressar o desempenho de uma empresa.

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2. Ao comparar demonstrações financeiras, elas têm de ser do mesmo

período, caso contrário o efeito da sazonalidade podem produzir

conclusões e decisões errôneas.

3. É preferível usar demonstrações financeiras auditadas para a

análise de índices, caso contrário a confiabilidade dos dados será

colocada em questão;

4. Os dados financeiros que estão sendo comparados devem ter sido

desenvolvidos com os mesmos critérios.

5. Deve-se sempre considerar a inflação no processo da análise, Os

efeitos da inflação geralmente têm um impacto maior quanto

maiores forem as diferenças nas idades dos ativos das empresas

sendo comparadas.

Estes índices são considerados como um ponto de partida para a

análise da situação financeira empresarial e dividem-se em índices de estrutura e liquidez.

Usaremos nesta monografia a divisão acima, porém Lawrence J. Gitman divide os índices

em quatro categorias básicas : liquidez, atividade, endividamento e lucratividade.

O passivo de uma empresa representa a sua estrutura de

financiamentos e a seleção dos fundos que irão financiar os seus investimentos deve ser

realizada levando-se em conta a adequação dos seus custos com a capacidade de geração de

lucros da empresa.

Os índices de estrutura são aqueles relacionados com a composição de

financiamentos ( próprios ou não ), que medem o grau de imobilização de recursos próprios

e permanentes, e que buscam diversos relacionamentos na estrutura da dívida da empresa.

Entre eles, temos :

ET ( Endividamento Total ) = ( PT / AT ) x 100

O ET mede à percentagem de participação de recursos de terceiros (

curto/longo prazo ) no financiamento do ativo da empresa. Quanto maior o nível de

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endividamento, maior o risco. A análise deste indicador exige a observação da participação

da dívida com Bancos no Passivo Circulante, do cronograma de amortização da dívida a

longo prazo e as taxas de juros reais, para cada um dos financiamentos de longo prazo.

PCP ( Participação do Capital Próprio )

PCP = ( Patrimônio Líquido / Ativo Total ) x 100

Mostra a participação das fontes próprias no financiamento do Ativo

Total da empresa, sendo assim o somatório deste com o anterior resultará em 100%.

D / E – (Dívidas / Patrimônio Líquido) ou ( Debt / Equity )

D / E = ( Capital de Terceiros + Patrimônio Líquido ) x 100

O Capital de Terceiros é a parcela do Passivo Exigível gerador de

despesas financeiras, ou seja, que exigirão da empresa uma remuneração ( custo do capital

de terceiros ).

Este indicador nos diz quantos reais de fontes externas a empresa

captou para cada real de fontes próprias. O grau de endividamento varia de acordo com o

tipo de negócio da empresa. Empresas com patrimônios maiores e fluxos de caixa estáveis

tendem a um endividamento de longo prazo mais elevado, enquanto empresas com menos

“ativos fixos tangíveis” e “fluxos de caixa incertos” tem índices menores.

Cada setor da economia possui um índice médio de endividamento,

que deve ser comparado com a empresa avaliada, assim como a verificação das tendências

e o custo de captação

Além das verificações citadas acima, alguns cuidados devem ser

tomados para a confiabilidade da análise, tais como :

• A dívida onerosa da empresa é subsidiada ou não? ( exportações )

• A empresa aplica tais recursos a taxas maiores do que as de captação?

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• retorno sobre o Ativo é maior que o custo do endividamento?(alavancagem financeira

favorável ).

O nível de endividamento nos sugere maior risco, porém dependendo

da geração de recursos da companhia, uma empresa poderá até mesmo ser mais endividada

que uma outra e ao mesmo tempo representar um risco menor, o que nos permite dizer que

o endividamento pode ser favorável ou não.

Em regra geral, empresas de elevado risco econômico e elevados

níveis de endividamento não são recomendadas para investimentos.

ICP – Imobilização do Capital Próprio

ICP = Ativo Permanente / Patrimônio Líquido

Quanto maior o grau de imobilização do capital próprio, maior será a

alavancagem da empresa. O ICP depende de cada setor de atuação e do tamanho do

empreendimento.

O aumento do Ativo Permanente pode ser considerado normal numa

fase de implantação ou expansão da capacidade produtiva do empreendimento, podendo

parte desses investimentos ser financiado por capital de terceiros, amortizáveis a longo

prazo.

Uma relação importante deste indicador é com o custo fixo, que se

eleva de acordo com o ativo permanente através da manutenção, depreciação, seguros, etc,

o que modifica a relação de equilíbrio da empresa entre receita e custo. Com o aumento dos

custos, a empresa tem que aumentar a escala da produção para conseguir atingir o mesmo

resultado anterior ( ponto de equilíbrio ), ou elevar o preço de venda do produto, o que no

atual cenário de mercado é uma hipótese pouco provável.

Nesta análise, faz-se também necessário verificar a variação do

Patrimônio Líquido no período, considerando lucros, prejuízos, aporte de capital, cisões,

fusões, incorporações; se houve adição ou baixa no Ativo Imobilizado no período. Deve-se

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especificar os investimentos em coligadas e controladas, analisando as principais

participações.

IRP – Imobilização de Recursos Permanentes

IRP = Ativo Permanente / ( Patrimônio Líquido + E.L.P.)

Este indicador compara os investimentos no Ativo Permanente com o

total de recursos permanentes. Revela a porcentagem dos recursos permanentes que se

encontram aplicados no Ativo Permanente da empresa.

Quanto mais capital aplicado em ativo permanente, menos capital

sobrará para girar o negócio da empresa, portanto a velocidade no giro dos estoques

permite, ou não, uma maior imobilização de recursos permanentes. As empresas que giram

pouco devem destinar a maior parte dos recursos permanentes ao capital de giro.

I.L.C. – Índice de Liquidez Corrente

I.L.C. = Ativo Circulante / Passivo Circulante

Avalia a capacidade da empresa de pagar os seus fornecedores e saldar

os seus compromissos de curto prazo.

Ao olhar de forma isolada o I.L.C deve se tomar certos cuidados, pois

este não demonstra a articulação entre os prazos de pagamentos das dívidas e os prazos

de renovação dos ativos ( ciclo operacional ). Além disto, este indicador não revela a

qualidade dos ativos, por exemplo, estoques podem estar obsoletos e invendáveis ou

duplicatas com recebimento duvidoso, etc. Com isso, o analista considerando estes

elementos deve se basear num estudo detalhado da necessidade de capital de giro da

companhia.

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Os indicadores de velocidade indicam a rotação dos ativos, e através

do estudo deste ciclo é que poderemos obter de forma segura a capacidade da empresa

pagar as suas dívidas nos prazos previstos, sem buscar outras fontes de financiamento.

I.L.S. – Índice de Liquidez Seca

I.L.S. = (Ativo Circulante – Estoques) / Passivo Circulante

Este índice pressupões que os compromissos de curto prazo serão

atendidos somente pela realização das duplicatas a receber e disponibilidades, considerando

que os estoques são ítens renováveis e não realizáveis.

I.L.I. – Índice de Liquidez Imediata

I.L.I = Disponibilidades / Passivo Circulante

Este indicador mostra quantos reais existem em disponibilidades (

caixas, bancos, papéis de alta liquidez ) para pagar cada real das dívidas de curto prazo.

A questão da liquidez é fundamental na Administração Financeira,

portanto uma gestão de recursos que aplica em ativos de alta liquidez assume menos risco,

por outro lado os que aplicam em ativos de longo prazo de realização correrão um maior

risco pela baixa liquidez dos mesmos, tendo que trabalhar com um ciclo comprimido e

gerador de recursos capazes de pagar as dívidas de curto prazo.

Em geral , os investimentos de longo prazo devem ser mais atrativos,

por isso o gestor deve sempre escolher entre risco e lucratividade, o que caracteriza o perfil

de cada empresário. Sabe-se que esta relação é inversamente proporcional, porém existem

soluções operacionais, principalmente com as novas tecnologias e o desenvolvimento da

logística, que propiciam aos acionistas da empresa conseguirem um equilíbrio em suas

aplicações, pulverizando o risco e controlando com rigor as operações e o nível de caixa (

considerando margens de segurança ).

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O estudo e a projeção do Fluxo de Caixa que será mostrado nos

próximos capítulos desta monografia é essencial no controle dessa liquidez, pois quanto

mais sincronizados forem os recebimentos e pagamentos, menor será a necessidade de se

manter saldos elevados de disponibilidades, e por consequência, a empresa pode

diversificar as suas aplicações com o objetivo de maximizar a sua rentabilidade.

P.M.R.V – Prazo Médio de Recebimento de Vendas

P.M.R.V. = saldo médio de duplicatas a receber / vendas diárias

Este índice corresponde ao números de dias decorridos entre as vendas

e o seu recebimento.

Os investimentos em duplicatas a receber representam para muitas

empresas uma parcela significativa do Ativo Circulante. A política de crédito exerce

influência sobre os custos e receitas da empresa, e por consequência na sua rentabilidade.

Se a empresa apertar o crédito, perderá menos com o cliente, porém corre-se o risco da

perda de vendas e redução da margem obtida no produto / serviço.

A definição dos prazos de crédito depende entre outros fatores, da

política da concorrência, das características e do risco inerentes ao mercado consumidor, da

natureza do produto vendido, da conjuntura econômica, do cumprimento dos objetivos da

organização, do prazo obtido para o pagamento de fornecedores e da capacidade de tal

empresa em financiar o investimento.

O aumento no prazo de recebimento implica numa maior necessidade

de capital de giro, para que a empresa possa sustentar as suas operações.

Deve-se salientar também, que a tomada de empréstimos, se for bem

dimensionada para determinado momento, pode ser benéfica. O financiamento de curto e

longo prazo se encaixam de acordo com a redução ou o aumento dos investimentos em

duplicatas a receber, ou seja, se o recebimento não tiver tempo definido, o financiamento

deve ser negociado também com tempo indeterminado ou vice versa.

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Para a análise deste índice é importante que o analista identifique o

risco de crédito do cliente, ou seja, conheça a qualidade dos clientes em relação a

capacidade de pagamento, e ao mesmo tempo saber se a empresa é dependente de um ou

alguns poucos clientes.

Para obter-se uma análise anual, deve-se aplicar o seguinte cálculo :

P.M.R.V. = 360 / Giro Duplicatas a Receber ( Giro DR )

Onde, o Giro DR = Vendas Brutas / Saldo médio de duplicatas a

receber.

P.M.E. – Prazo médio de Estocagem

P.M.E = Saldo Médio de Estoques / CMV diário

Este indicador nos possibilita saber quantos dias em média a empresa

ou a indústria leva entre as compras e as vendas.

Para obter este dado anualizado, tem-se :

P.M.E = 360 / giro de estoques

O giro de estoques mede o número de vezes que os estoques são

renovados ao longo do ano, ou seja :

Giro de Estoques = C.M.V / Estoque Médio

A avaliação do estoque médio seria muito mais precisa se tivermos

uma média de estoques mensais, no entanto, essa maior precisão só seria acessível ao

analista interno. O analista externo está limitado às demonstrações financeiras publicadas

periodicamente pelas empresas. O analista externo deve concentrar suas atenções nas

tendências e variações dos índices calculados e na comparação dos mesmos com outras

empresas do setor.

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Quanto menor o giro dos estoques, menos eficiência a empresa

apresenta, o que influenciará a Taxa de Retorno sobre o Ativo Econômico.

Quando o prazo de estocagem é maior, implica numa necessidade de

maiores investimentos no capital imobilizado da empresa, alterando a rentabilidade.

Cada setor possui particularidades em relação a faixa de giro de

estoques. Por exemplo, um giro de 42 seria normal para supermercados, assim como o giro

de 1 seria normal para uma fábrica de aviões.

A questão da análise de estoques envolve uma série de variáveis como

por exemplo a época do ano, que devem ser consideradas. O nível ótimo de estoque, ou o

chamado estoque de equilíbrio é um cálculo eficiente para determinar o lote econômico,

porém teríamos que entrar no campo da Logística empresarial, o que desencadearia

diversos outros assuntos que se afastariam do tema proposto.

A sintonia entre as divisões de vendas e produção constitui num

grande problema para as industrias. Estoques excessivos de produtos obsoletos, ou de lenta

rotação, podem elevar substancialmente o fator risco.

Muitas vezes se verifica uma variação do volume de estoques das

empresas que pode ser originado por diversos fatores, como por exemplo :

1. Crescimento dos estoques em períodos de baixa demanda para que

possa ocorrer uma redução da produção ou mesmo paralisação de

máquinas.

2. Vendas sazonais – elevação dos estoques anteriormente ao pico de

vendas

3. Compras sazonais – nos períodos de safras, as compras de MP

cobrem um longo período da produção.

Para empresas que operam em função da sazonalidade, é importante

trabalhar com modelos de análise e projeção trimestrais ou mensais. A ciclometria tem

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como objetivo medir o desempenho da empresa, com base no seu ciclo financeiro,

relacionando os giros de vendas, de recebimentos e pagamentos, a movimentação de

estoques e tabelando os dados para facilitar a comparação de dados de dois períodos

diferentes.

P.M.P. – Prazo Médio de Pagamento

P.M.P. = fornecedores / compras médias diárias

Este índice nos fornece o tempo médio entre o recebimento das

mercadorias e o pagamento. A análise deste índice nos mostra a necessidade de capital de

giro. Quanto maior o prazo, menor é a necessidade de capital de giro, em contrapartida

maior deverá ser o custo da mercadoria, visto que a empresa não gozará de descontos.

Para um analista externo, este índice apresenta a dificuldade de não se

encontrar o valor das compras anuais a prazo, nas demonstrações financeiras publicadas.

No modelo anual, tem-se :

P.M.P. = 360 / Giro de fornecedores

Onde :

Giro de fornecedores = Compras / Saldo Médio de Fornecedores

P.M.R.O.F. – Prazo Médio de Recolhimento das Obrigações Fiscais

P.M.R.O.F. = obrigações fiscais / impostos sobre vendas médias diárias

Quanto maior for esse prazo, maior será o financiamento obtido pela

empresa junto ao governo com relação aos impostos, reduzindo assim a necessidade de

capital de giro. Normalmente um elevado valor calculado do prazo médio de recolhimento

das obrigações fiscais está associado a um atraso no recolhimento de impostos. Neste caso

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é importante destacar qual a parcela das obrigações fiscais que é operacional e a parcela

financeira, ou seja, em atraso.

Para complementar este estudo, pode-se observar, no Anexo I, uma

tabela que possibilita a visualização da fórmula de cada índice, assim como mostra um caso

de análise de desempenho da empresa Alcott, publicada na obra de Lawrence J. Gitman.

CAPÍTULO 4

FLUXO DE CAIXA

A projeção do fluxo de caixa da companhia permite avaliar a

capacidade da mesma gerar recursos para cobrir o incremento da sua necessidade de capital

de giro, dos investimentos em ativo imobilizado, além de satisfazer as necessidades

relativas ao pagamento de dividendos, de imposto de renda, pagamento de juros e das

parcelas do financiamento de longo prazo que estejam vencendo.

O modelo de fluxo de caixa permite avaliar a política de investimentos

e de financiamentos da empresa, e constitui uma poderosa ferramenta para o administrador

a medida que permite a comparação entre o fluxo de caixa projetado e o realizado.

As Demonstrações de Resultados isoladas não fornecem dados

suficientes para um preciso diagnóstico de empresa, é necessário que os investidores

saibam sobre a administração do caixa, pois a sua ineficiência tem sido causa do

desaparecimento de várias empresas do mercado.

A demonstração do fluxo de caixa responde a importantes questões,

tais como :

• A empresa tem um fluxo de caixa operacional positivo ?

• Será que mesmo tendo boa geração de caixa operacional a empresa

desperdiçou recursos em elevados investimentos ?

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• Será que aparentemente a empresa era lucrativa, mas tinha

necessidade de buscar volumes elevados de empréstimos para poder

continuar sobrevivendo ?

• Como é usado o caixa gerado pelas operações ?

• Será que a empresa exige pesados investimentos em ativos fixos,

relacionados a novos equipamentos que incorporam mudanças

tecnológicas ?

• Será que a empresa só consegue pagar as dívidas com bancos porque

obtém recursos com a controladora ?

• Como são financiados os novos investimentos ?

• É mais interessante a empresa comprar a prazo ou obter um desconto

a vista ?

• Será que a empresa somente sobrevive porque está vendendo seus

ativos a fim de financiar a drenagem de dinheiro relacionada a

atividade operacional ?

• Qual é o impacto no fluxo de caixa de uma elevação no prazo

concedido aos clientes ?

• que acontece com o fluxo de caixa da empresa se houver uma

redução pela metade no prazo médio concedido pelos fornecedores ?

A demonstração do fluxo de caixa operacional é uma ferramenta

importante para analisar a capacidade financeira da empresa. Existem dois métodos de

demonstração do fluxo de caixa : o direto e o indireto.

Pelo método indireto, podemos chegar ao fluxo de caixa operacional,

partindo do lucro líquido da atividade, tal como demonstrado abaixo :

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Lucro da Atividade

+ depreciação e amortização

-variação da necessidade de capital de giro

ou ainda, através do seguinte modo :

Lucro Liquido

+- Ajustes para reconciliar o lucro líquido com recursos provenientes das atividades operacionais

- ∆ estoques

- ∆ duplicatas a receber

- ∆ outros ativos

+ ∆ fornecedores

+ ∆ obrigações fiscais

+ ∆ outros passivos

= Fluxo de Caixa Operacional

- Compras de imobilizado

+ Produto da venda de imobilizado

- Compras de valores negociáveis e outros investimentos

- Produto da venda de valores negociáveis e outros investimentos

+ Produto de novos empréstimos

- Pagamento para liquidação de empréstimos

- Dividendos pagos

= Fluxo de Caixa

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Temos dentro do fluxo de caixa os fluxos operacionais, os fluxos de

investimentos e os fluxos de financiamentos. A demonstração de caixa resume as origens e

aplicações de caixa durante um dado período. A utilização de índices com base no fluxo de

caixa é de grande importância para o processo de análise. Um dos melhores índices para a

previsão de falências, é a relação entre Fluxo de Caixa ( Lucro Líquido + depreciação ) e o

total da dívida. A relação entre o Lucro Líquido e o Ativo Total também pode revelar

importantes indícios sobre a situação financeira da entidade.

Segundo, Leite, H.P. e Hopp, J.C., “... as relações entre fluxos de

caixa e estoques de dívidas parecem mais

efetivos na avaliação de solvência. Com efeito,

a previsão de falências ( um evento raro ) e a

previsão de dificuldades financeiras ( um

evento mais comum ) são exercícios de

antecipação de cenários operacionais críticos

para a empresa, os quais somente podem ser

esboçados a partir de um razoável

conhecimento da operação que ela desenvolve

e das condições do setor específico onde ela

está estabelecida. Com relação

especificamente, à contribuição da análise

econômico-financeira tradicional ao exercício

de previsão de falências ou de crises de

liquidez, cremos que ela tem sido super

valorizada. Um detalhado exame da sequência

de demonstrativos de fluxo de caixa irá ilustrar

melhor a iminência de uma deteriorização

financeira...”

O ritmo das entradas de caixa provenientes das operações deve estar

coerente com a disponibilidade de fundos levantados junto aos acionistas, credores de

longo prazo, ou acumulados pelas próprias operações.

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O diagnóstico se resume, portanto, numa análise de tendências desses

fluxos, de forma dinâmica, por um analista não apenas inteirado dos demonstrativos

financeiros básicos da empresa, mas sobretudo, bem informado sobre o negócio da empresa

e situação do seu setor; jamais esse diagnóstico pode se limitar a uma divisão elementar de

saldos devedores por saldos credores.

O produto final do diagnóstico deve constituir-se de projeções dos

fluxos de caixa da empresa em análise e, por isso mesmo, a análise de solvência torna-se

mais complexa e mais arriscada do que a simples conferência se o índice de liquidez

corrente supera ou não o nível de 2. Para realizar esse diagnóstico, é indispensável o

domínio de técnicas de previsão.

No Anexo I, pode-se encontrar um exemplo do livro Princípios da

Administração Financeira, de Lawrence J. Gitmam, que apresenta a demonstração de fluxo

de caixa da Elton Corporation para o ano 2000.

Podemos extrair diversos indicadores a partir da demonstração de

caixa de uma empresa, especialmente aqueles que comparam o fluxo de caixa operacional

com ítens do passivo, com vendas, ativo total e novas imobilizações.

Temos abaixo alguns índices utilizados na análise de fluxo de caixa

por analistas de grandes administradoras de recursos financeiros .

Índices de Solvência

Adequação do Fluxo de Caixa = F.C.O. Dívidas + novos investimentos + dividendos

Pagto. de dívidas de longo prazo = Pagto de dívidas de longo prazo

F.C.O.

Payout de Dividendos = Dividendos F.C.O.

Reinvestimentos = Novos Investimentos

F. C. O.

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Proporção de Dívida = Dívida Total

F. C. O.

Índices de Eficiência

Fluxo de Caixa sobre Vendas = F.C.O. Vendas Índice de Operações = F.C.O. Resultado das operações

Retorno de Fluxo de Caixa Sobre o Ativo = F.C.O.

Ativos Totais

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CAPÍTULO 5

INDICADORES ECONÔMICOS

A maioria dos índices que avaliam a performance econômica das

empresas é extraída da análise vertical das demonstrações dos resultados do exercício, uma

vez que eles tem por base as vendas líquidas.

Existem diversos indicadores que medem a situação econômica da

empresa, entre eles temos :

Margem Bruta

Margem Bruta = (Lucro Bruto / Vendas Líquidas) x 100

Este indicador representa a porcentagem de cada unidade monetária

que restou após a empresa ter deduzido os custos de suas mercadorias. Deve se comparar as

margens brutas somente de empresas do mesmo ramo de atividade.

Uma queda neste índice pode estar sinalizando uma série de causas,

como por exemplo : liquidação de estoques, redução do volume produzido e vendido,

elevação de custos, ineficiência na produção, mudanças de critérios contábeis que alterem o

método de cálculo, controle de preços exercido pelo governo, entre outras.

Margem da Atividade Operacional

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MA = (Resultado da Atividade / Vendas Líquidas) x 100

Representa a porcentagem de cada real de venda que restou após a

empresa Ter deduzido os custos de suas mercadorias, suas despesas administrativas,

tributárias e de vendas.

Na apuração dos resultados da atividade não são deduzidas as despesas

financeiras nem somadas as receitas financeiras, isto é, deve-se separar o lucro da atividade

operacional da empresa. A margem de atividade é denominada como margem pura, ou seja,

o que realmente foi ganho em cada unidade monetária de venda da empresa, em suas

operações, antes do efeito do custo financeiro e do Imposto de Renda.

Margem Operacional

Mo = (Resultado Operacional / Vendas Líquidas) x 100

Este representa a porcentagem de cada unidade monetária de venda

que restou após a empresa ter deduzido os custos de suas mercadorias, suas despesas

operacionais, resultado financeiro e resultado de equivalência patrimonial. É importante

verificar em quanto o resultado de equivalência patrimonial impactou sobre o resultado

operacional.

Margem Líquida

Ml = ( Resultado Líquido / Vendas Líquidas ) x 100

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É importante para verificar quanto as despesas e receitas não

operacionais afetaram o resultado líquido obtido. Este índice também varia conforme o

setor. Desse modo, o analista deve tomar o cuidado em saber a média do setor. Abaixo

encontra-se uma tabela, retirada da Revista EXAME – Melhores e Maiores, que apresenta a

margem líquida dos principais setores de 1994 a 1997 :

Este índice mede a eficiência global da administração quanto a

obtenção de lucros com seus ativos disponíveis, ou seja, indica a lucratividade que a

empresa propicia em relação aos investimentos totais realizados.

Este índice serve para medir não só a rentabilidade dos acionistas,

como também de terceiros.

O retorno sobre o investimento total é igual ao produto da margem

líquida pelo giro do ativo.

RAT = ( L.L. / Vendas líquidas ) x ( Vendas líquidas / Ativo Total )

Rentabilidade sobre o Ativo Econômico ou ROA – Return on Assets

M a rge m Líquida (%) 1 9 9 4 1 9 9 5 1 9 9 6 1 9 9 7 M é diaDe s vio-P a drã o

ALIM ENTO S 2 ,8 2 ,2 1 ,7 0 ,9 1 ,9 0 ,8AUTO M Ó V EIS E AUTO P EÇAS 5 ,4 0 ,5 -1 ,6 3 ,1 1 ,9 3 ,0BEBIDAS E FUM O 7 ,0 9 ,4 4 ,3 7 ,2 7 ,0 2 ,1CO M ÉRCIO ATACADIS TA 2 ,9 0 ,4 1 ,1 1 ,2 1 ,4 1 ,1CO M ÉRCIO V AREJ IS TA 1 ,6 1 ,7 1 ,5 1 ,4 1 ,6 0 ,1CO M P UTAÇÃO 1 0 ,8 0 ,7 0 ,7 3 ,2 3 ,9 4 ,8CO NFECÇÕ ES E TÊX TEIS 6 ,5 5 ,7 1 ,1 0 ,6 3 ,5 3 ,1CO NS TRUÇÃO 4 ,9 3 ,0 2 ,4 1 ,9 3 ,1 1 ,3ENERGIA ELÉTRICAELETRO ELETRÔ NICA 6 ,0 2 ,9 4 ,3 3 ,1 4 ,1 1 ,4FARM ACÊUTICA 1 1 ,7 8 ,2 8 ,7 5 ,2 8 ,5 2 ,7HIGIENE E LIM P EZA 7 ,3 4 ,1 2 ,5 3 ,6 4 ,4 2 ,1M ATERIAL DE CO NS TRUÇÃO 7 ,6 5 ,6 1 ,9 2 ,0 4 ,3 2 ,8M ECÂNICA 1 ,5 -1 ,2 3 ,7 5 ,1 2 ,3 2 ,8M INERAÇÃO 8 ,5 6 ,7 7 ,3 7 ,1 7 ,4 0 ,8P AP EL E CELULO S E 6 ,6 0 ,8 0 ,1 -0 ,7 1 ,7 3 ,3P LÁS TICO S 3 ,6 0 ,7 3 ,8 2 ,7 2 ,7 1 ,4Q UÍM ICA E P ETRO Q UÍM ICA 6 ,0 -0 ,1 3 ,0 3 ,4 3 ,1 2 ,5S ERV IÇO S DE TRANS P O RTES 6 ,3 4 ,2 3 ,7 2 ,1 4 ,1 1 ,7S IDERURGIA E M ETALURGIA 8 ,8 3 ,6 2 ,6 5 ,0 3 ,3TELECO M UNICAÇÕ ES 1 8 ,8 1 8 ,8R E N TAB IL ID AD E D O ATIVO TO TAL

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As margens obtidas não são suficientes para a avaliação do

desempenho de uma organização. Um volume excessivo de capital imobilizado em ativo

pode ser um obstáculo à lucratividade devido aos elevados dispêndios.

Este índice mede o desempenho da companhia, antes de se considerar

o efeito do financiamento.

Os números obtidos são utilizados para comparar a eficiência

operacional de empresas do mesmo ramo de negócio, pois varia bastante de setor para

setor. A variação deste índice está relacionada ao risco diferenciado de cada setor e aos

aspectos relativos a competitividade de mercado.

Caso um determinado setor A que possua uma rentabilidade acima do

que seria a rentabilidade exigida para o seu nível de risco, tenderá a atrair novos

concorrentes, o que forçará um aumento da oferta e queda dos preços e rentabilidade no

futuro.

O desmembramento da rentabilidade em giro e margem ( método Du

Pont ) é um modelo bastante utilizado para se analisar o desempenho econômico de uma

empresa. Este método foi desenvolvido pelo grupo Du Pont para avaliação e controle de

unidades integrantes de uma mesma empresa, podendo, entretanto, ser aplicado para medir

o desempenho global da companhia.

A margem da atividade e o total de transações do Ativo ( giro do Ativo

Econômico ) são dados fundamentais para avaliar o desempenho da companhia. A margem

da atividade é a medida de eficiência operacional ou lucratividade. Por outro lado, o giro

anual do ativo é o meio de se chegar na rentabilidade da empresa.

Se observarmos um supermercado, veremos que ele apresenta uma

margem pequena, mas com um elevadíssimo giro. No entanto, uma griffe de roupas de

luxo trabalhará com um giro pequeno, mas com uma elevada margem.

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O ativo econômico de uma companhia representa o capital investido,

isto é, o resultado da soma do investimento no giro e do Ativo Permanente operacional (

Imobilizado e Diferido ) .

O que todo empresário deseja é minimizar a necessidade de ativos no

seu negócio, para um determinado nível de vendas, isto é, elevar o giro do Ativo

Econômico.

O conceito de Lucro Econômico surge quando uma empresa obtém

uma taxa de retorno sobre o ativo econômico acima do seu custo de capital, caso contrário

cria-se uma situação insustentável para a companhia.

O custo de capital corresponde à média ponderada das taxas exigidas

das diversas fontes de financiamento que integram a estrutura de capital da empresa, o que

será mostrado no capítulo 7 desta monografia.

Os acionistas, devido ao maior risco que assumem nos negócios da

empresa, devem ser remunerados a taxas privilegiadas. Caso uma empresa obtenha

empréstimos à taxa de juros superiores ao retorno gerado pelos seus ativos, terá implicações

prejudiciais na sua rentabilidade. O mais interessante para o administrador seria conseguir

taxas menores que o retorno esperado, porém nunca deve deixar de considerar o risco do

empréstimo.

Rentabilidade do Patrimônio Líquido ou ROE – Return on Equity

O ROE é utilizado para medir o desempenho econômico da empresa

sob o ponto de vista dos acionistas. A rentabilidade deste índice deve ser comparada com o

custo do capital próprio, pois caso a mesma não atinja os anseios dos proprietários haverá

um desestímulo ao investimento em capital de risco.

Para este cálculo temos a seguinte fórmula :

Rpl = Resultado Líquido / ( PL final – Lucro Líquido )

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No entanto, quando ocorrerem alterações do PL próximas do início ou

do final do exercício o mais indicado seria calcular a Taxa Interna de Retorno ( TIR )

correspondente.

O ROE tende a ser maior nos setores mais arriscados, cujo custo do

capital próprio é mais elevado. Com base no levantamento da revista EXAME – Melhores e

Maiores, temos na tabela seguinte a rentabilidade sobre o patrimônio Líquido dos principais

setores de 1994 a 1997 :

A medida que a empresa aumenta o endividamento ( D / E ) , supondo

ROA maior que o custo de capital de terceiros, eleva o ROE, o que gera também uma

elevação de seu risco e, consequentemente, do custo do capital próprio.

Assim pode-se entender que para a alavancagem ser interessante para a

empresa deverá se elevar mais do que o custo do capital próprio.

Alavancagem Financeira

Re torno s/ o P .Líquido (%) 1994 1995 1996 1997 M é diaALIM ENTOS 8 8 5 2,2 5,8AUTOM ÓVEIS E AUTOPEÇAS 17,5 1,6 -2,7 8 6,1BEBIDAS E FUM O 12 16,7 10,2 8,4 11,8COM ÉRCIO ATACADISTA 21,3 2,6 11 7,2 10,5COM ÉRCIO VAREJISTA 16,3 9,9 10,5 8,3 11,3COM PUTAÇÃO 35,8 4,5 3,9 9,9 13,5CONFECÇÕES E TÊXTIL 16,6 10 3,7 0,8 7,8CONSTRUÇÃO 5,2 3 2,2 3 3,4ELETROELETRÔNICA 14,6 11,7 15 6,5 12FARM ACÊUTICA 33,9 27,5 25,2 18,3 26,2HIGIENE E LIM PEZA 23,1 13,2 12,4 12,2 15,2M ATERIAL DE CONSTRUÇÃO 6 5,3 1,9 2,3 3,9M ECÂNICA 4,8 -1,4 2,4 7,8 3,4M INERAÇÃO 6,2 4,6 5,9 5,3 5,5PAPEL E CELULOSE 3,9 4,9 0,1 -0,7 2,1PLÁSTICOS 8,9 1,1 8,8 6,2 6,3QUÍM ICA E PETROQUÍM ICA 11,7 0,7 3,5 5 5,2SERVIÇOS DE TRANSPORTES 5,4 -1,6 11,4 9 6,1SIDERURGIA E M ETALURGIA 3,4 2,2 4,1 3,2TELECOM UNICAÇÕES 9,9 9,9SERVIÇOS PÚBLICOS 3,2 3,7 3,5

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O estudo da alavancagem financeira possibilita uma avaliação se o

endividamento da empresa está melhorando ou prejudicando a rentabilidade de seus

proprietários. Os compromissos de pagamentos de encargos, juros e amortizações sobre os

recursos de terceiros devem estar compatíveis com os prazos e os montantes de cacaixa

gerados pela empresa. É possível medir o grau de alavancagem financeira ( GAF ) através

da seguinte fórmula :

GAF = [ Ret. S/ Ativo + (( Ret. S/ Ativo – CCT ) x D/E )] / ROA

Ou

GAF = ROE / ROA

Onde

CCT = custo efetivo do capital de terceiros

D = Capital de terceiros (gerador de despesas financeiras)

E = Capital Próprio

ROA = Lucro da atividade / Ativo

ROE = Lucro Líquido / PL

No entanto, quanto mais a empresa se endividar a fim de alavancar a

rentabilidade do PL, maior será o risco, pois uma alta nas taxas de juros pode provocar uma

forte alavação nas despesas financeiras e assim prejudicar o retorno sobre o capital próprio.

Quando o GAF for maior que 1, indica que o capital de terceiros está

influenciando positivamente o retorno dos proprietários da empresa. Ao contrário disto,

quando for menor que 1, reflete uma situação desfavorável para a companhia.

Índices de Cobertura

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Os índices de cobertura tem por finalidade avaliar a capacidade da

empresa em cumprir com as suas obrigações perante os financiadores, o governo e os

próprios acionistas.

Índice de Cobertura de Juros

ICJ = Lucro da atividade operacional / Despesas financeiras

Capacidade de Amortização de Dívidas

CAD = Fluxo de Caixa Operacional / ( juros + principal )

Muitas vezes uma empresa com um índice de endividamento elevado

em relação a outras do mesmo setor pode representar um risco menor, se possuir uma

elevada capacidade de geração de recursos em relação ao serviço da dívida.

Como os juros e a amortização do principal devem ser pagos a partir

da geração de caixa da empresa, e não com a liquidação de seus ativos é muito mais lógico

associarmos um risco maior para as empresas que não consigam gerar caixa em termos

operacionais ao longo do tempo.

Custo Financeiro

O custo financeiro significa a taxa média que está sendo incorrida ao

tomador de recursos. Se este for superior ao ROA, quanto maior o endividamento pior será

a rentabilidade do acionista.

Para o cálculo deste custo temos o seguinte :

CF = ( Despesas financeiras / Exigível Oneroso Médio ) x 100

CAPÍTULO 6

PROJEÇÕES FINANCEIRAS

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As projeções são uma das mais importantes ferramentas estratégicas

para um administrador financeiro e através delas pode-se antever o futuro e criar novas

alternativas para a organização. O processo decisório sempre se baseia em algum tipo de

previsão e hoje temos as ferramentas tecnológicas, que nos permitem manipular grande

número de dados e obter um resultado satisfatório.

A formulação do problema a ser estudado determina a natureza do

modelo a ser empregado. Em função dos objetivos do estudo, deve-se definir nesta etapa

quais são os fenômenos de interesse, quais são as variáveis que devem ser simuladas, quais

os dados que deverão estar disponíveis.

Os modelos de Projeções Financeiras podem ser classificados em :

Determinísticos, Estocásticos, Estáticos e Dinâmicos.

Assim através de um sistema de projeções que considere o tempo,

como o Dinâmico, pode ser estimado por exemplo, qual o impacto no resultado futuro da

companhia proveniente de diferentes decisões, como por exemplo :

• Investimentos em Ativo Imobilizado

• Compras de Empresas

• Captações de financiamentos de longo prazo

• Integralização de capital

• Venda de Ativos

• Aumento das exportações ( com redução nas vendas para o

mercado interno ) a fim de se financiar via ACC ( adiantamento de

contrato de câmbio )

• Não recebimento de uma carta de crédito, inviabilizando o

financiamento da matéria prima

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• Alongamento do perfil da dívida, etc...

Modelo Integrado de Projeções

A projeção do futuro somente através da utilização de resultados

passados apresenta uma grande limitação em supor que o que foi válido no passado

continuará a ser válido no futuro. O pressuposto de que o futuro não diferirá muito do

passado são um tanto questionáveis e podem causar surpresas no mundo empresarial.

Para que uma projeção vá além de uma simples extrapolação de

tendência, é fundamental a obtenção de informações mais detalhadas da empresa,

principalmente no que se refere a planos de investimentos, estrutura de custos e planos de

financiamentos. Além disso, caberá ao analista considerar os fatores externos, políticos e

econômicos que podem variar de forma aleatória no tempo, gerando impactos sobre as

atividades e os resultados da companhia.

Cada uma das contas dos demonstrativos financeiros possuem

diferentes metodologias de projeções, todavia nesta monografia não será abordado

nenhuma destas com profundidade, pois apesar de estarem inseridas no processo de análise

são dotados de extrema complexidade. Com base nas principais contas, destacam-se abaixo

algumas importantes indicações sobre como projetá-las:

Contas a Receber

O saldo de contas a receber é função do prazo médio de recebimento

de vendas e do faturamento projetado. O valor do prazo médio é estimado a partir de uma

análise histórica e informações obtidas da empresa.

Contas a Receber Proj = (P.M.R.V. x Vendas Proj) / nº de dias de

vendas

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Investimentos

As participações em controladas e coligadas são projetadas com base

no cálculo da equivalência patrimonial para cada uma das empresas, dos dividendos

recebidos, das novas participações e das rendas. Este cálculo considera as projeções do

lucro líquido e as participações percentuais no patrimônio líquido das controladas e

coligadas.

Os outros investimentos são projetados com base em um fator de

correção extraído de informações obtidas pela empresa.

Imobilizado

O imobilizado é projetado a partir da movimentação detalhada do

custo dos bens, levando em consideração as adições e as baixas (desinvestimentos) e a

depreciação do período.

Financiamentos de Curto Prazo

Esta conta engloba financiamentos oriundos de captação no curto

prazo e de financiamentos de longo prazo que foram transferidos para curto.

A projeção desta conta é realizada através do cronograma e das taxas

de juros referentes aos financiamentos de longo prazo.

A projeção do saldo de financiamentos de curto prazo deve ser

montada com base no cálculo da necessidade de geração de caixa do período.

Assim, se a capacidade de autofinanciamento da empresa (lucro da

atividade + depreciação) do período não for suficiente para financiar o acréscimo da

necessidade de capital de giro e se não houver aumento do capital de giro a empresa terá

que financiar seu fluxo de caixa através do resgate de aplicações financeiras e/ou buscando

novos financiamentos de curto prazo.

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A taxa de juros deve incidir sobre a média dos empréstimos tomados

no período.

Fornecedores

Fornecedores proj = (P.M.P. x compras proj) / n.º de dias referentes à

compras

Obrigações Fiscais

Obrigações fiscais proj = (PMROF x encargos s/ vendas proj) / n.º de

dias

Imposto de Renda

A provisão para IR é projetada levando em consideração a alíquota

sobre o lucro antes do imposto.

A isenção e a dedução do IR é calculada com base nos prazos legais

obtidos pela empresa. O imposto efetivamente pago é a diferença entre o total provisionado

no demonstrativo de resultado e a parcela isenta/ reduzida lançada em reserva de capital.

Financiamentos de Longo Prazo

Esses financiamentos sofrem adições a partir de novos financiamentos

e pela incorporação de juros ao principal e sofre reduções por transferências para curto

prazo em função do cronograma de vencimento fornecido pela companhia e pelo

pagamento do juros. Deve-se especificar também as datas de pagamento de juros e de

amortização do principal, com os respectivos percentuais.

Debêntures

Esses financiamentos concedem juros, fixos ou variáveis, pagos

periodicamente além da atualização monetária.

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Deve-se detalhar a taxa de prêmio, que é o complemento da taxa de

juros. As amortizações do valor nominal das debêntures, assim como os regastes e

recompras, recebem o mesmo tratamento concedido as amortizações do principal dos

empréstimos.

As conversões de debêntures em ações, necessitam de informação

sobre o preço de conversão (valor que será acrescido ao capital) e do ágio (valor

contabilizado com acréscimo a Reserva de Capital).

Patrimônio Líquido

O PL é projetado de acordo com a movimentação de três contas

básicas: Capital Social, Reservas e Lucros Acumulados.

Com relação ao Capital Social deve-se prever novos aportes de capital,

absorção de reservas e alienação de capital.

Para Conta de Reservas, considera-se como adições as parcelas isentas

do IR, ágio na emissão de ações e constituição de Reserva Legal.

Para os Lucros Acumulados, considera-se como adição o Resultado

Líquido do respectivo período, após de transferências para reservas.

Demonstrativo de Resultados

Com o intuito de projetar os lucros de uma entidade, o analista deve

compreender como são geradas as receitas da empresa e de onde provém os custos em que

incorre.

Vendas Brutas Projetadas

A projeção de vendas é feita a parte num estudo de mercado, onde são

projetadas os preços e as quantidades de cada um dos produtos da companhia.

A evolução das vendas é função dos limites da capacidade das

instalações, de suas limitações técnico-operacionais e das perspectivas de mercado.

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Além das quantidades deve-se levar em consideração a evolução dos

preços. Nesse estudo, considera-se o histórico do desempenho das vendas, os planos dos

empresários, tendências do setor, sazonalidade das vendas, componentes cíclicos dos

preços, mudanças no mercado consumidor, a concorrência e suas limitações técnico-

operacionais, tais como disponibilidade de mão-de-obra, matérias-primas, energia, etc.

Custo de Produtos Vendidos Projetados

Após traçar o plano de produção da empresa, deve-se determinar o

custo dos produtos a serem fabricados. Para isso deve-se estimar preços futuros das

matérias-primas, dos componentes, da mão-de-obra direta, outros custos diretos,

depreciação e outros custos indiretos de fabricação.

Os fatores utilizados na produção devem também ser analisados. A

composição dos custos de produtos e a perspectiva de sua produção, além da possibilidade

de problemas de suprimento de algum insumo fundamental são pontos importantes.

Quando o analista não consegue obter informações de dentro da

companhia, ele poderá projetar o C.P.V. a partis de um modelo de regressão linear simples,

onde consideramos o Custo de Produção como sendo a variável dependente e as Vendas

como variável independente.

Esse modelo assume que os custos fixos não variarão no curto prazo e

que as taxas percentuais dos custos variáveis sejam aproximadamente constantes.

Dependendo do setor em que a empresa atue, os componentes do CPV

estarão mais ou menos suscetíveis a problemas tais como: escassez de matérias-primas,

greves, política salarial, gastos com energia, etc. Deve-se também avaliar o comportamento

das despesas administrativas, de vendas e das despesas financeiras líquidas.

Fluxo de Caixa Projetado

A projeção de fluxo de caixa nos permite avaliar a capacidade

financeira da empresa em determinado período.

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Se o saldo de caixa for positivo é sinal de que a companhia vai bem,

caso contrário a empresa terá que dar baixa em aplicações financeiras e, se estas não forem

suficientes terá de recorrer a novos financiamentos de curto prazo.

A projeção de fluxo de caixa constitui uma poderosa ferramenta para o

administrador financeiro, pois mede a suficiência dos recursos suficientes na empresa para

sustentar sua operação e até mesmo, a necessidade de aportes de capital e/ou novos

empréstimos para financiar novos investimentos em ativo permanente e/ou no giro.

O analista não deve somente estimar o lucro e o caixa gerado, é preciso

também que o mesmo verifique a possibilidade de evolução no futuro respondendo a

importantes questões como:

• Houve fatores excepcionais afetando a empresa no corrente ano?

• Algum contrato especial?

• Um aquecimento transitório da demanda?

• Dificuldade no suprimento de matérias-primas?

• A empresa é dependente de um ou poucos clientes?

• A empresa depende de um fornecedor de uma matéria-prima que

seja estratégica?

• Como anda o grau de endividamento da empresa?

• Há perspectiva de algum aumento expressivo no nível das taxas de

juros em futuro próximo?

• Tem a empresa alguma questão judicial cujo desfecho sendo

desfavorável possa afetá-la de forma expressiva?

• Qual foi a performance passada da empresa?

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• Há instabilidade dos resultados?

• Os seus lucros apresentam alguma tendência?

• Qual é a qualidade de sua administração?

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CAPÍTULO 7

O VALOR DA EMPRESA

Determinar o valor de uma empresa é uma tarefa complexa, em que

devem ser consideradas inúmeros fatores. Tem-se duas divisões básicas para os métodos

utilizados na obtenção do valor de uma empresa ou de sua ação, que são : os diretos e os

sofisticados.

O primeiro baseia-se na observação do preço de mercado de Bolsa e

devido a sua influência por alguns fatores, como momentos de euforia, períodos de

depressão, entre outros, é pouco empregado pelos analistas. O segundo, veremos abaixo

com mais profundidade.

Abordagens para Avaliação

Os métodos sofisticados de avaliação podem seguir basicamente dois

critérios distintos : o da abordagem patrimonial e os baseados na rentabilidade projetada.

Este último por se caracterizar como uma avaliação dinâmica da companhia é o mais

empregado.

Segundo Leite, H.P. e Hopp, J.C. a abordagem patrimonial parece estar

inspirada na hipótese pouco plausível de que a companhia em estudo vai ser fechada no

momento imediatamente seguinte ao levantamento do balanço patrimonial, de modo que o

pagamento de suas dívidas dependesse da liquidação de seus ativos.

O que ocorre na realidade é que as dívidas atuais não serão saldadas

pela realização de seus ativos aos seus respectivos custos, mas sim pela capacidade da

empresa gerar um fluxo de recursos a partir de suas operações. Desse modo, numa

avaliação dinâmica da empresa o que interessa é a rentabilidade projetada da companhia.

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Método baseado no fluxo de dividendos projetado

O preço de venda da ação é igual ao preço que o mercado pagará na

data n. Supondo que o mercado seja racional, pode-se dizer que na data n, esse preço será

igual ao valor atual da série infinita de dividendos esperados. Como os dividendos não

podem ser projetados até o infinito, diversos modelos tem sido desenvolvidos com base em

diferentes hipóteses sobre o crescimento.

1. Modelo de Gordon ( com crescimento estável ) : Po* = D1 / ( r – g )

2. Modelo com crescimento nulo : Po* = D1 / r

Onde,

D = Dividendos

Po* = Preço projetado

r = Taxa de desconto

g = Taxa de crescimento dos Dividendos

Caso o crescimento dos dividendos seja variável, tem que se trazer os

valores com as taxas de descontos para o valor presente e então calcular o valor da ação.

Método do Valor Atual do Fluxo de Caixa Descontado

O método anterior apesar de correto teoricamente apresenta a

dificuldade de Ter que se estimar a política futura de distribuição de dividendos da

empresa, que pode ser bastante distinta do que tem sido no passado.

A abordagem do fluxo de caixa descontado vem sendo cada vez mais

usada nas avaliações de investimentos no Brasil, tanto para determinação do preço justo de

uma ação quanto para o cálculo do valor global da empresa.

Tal abordagem se baseia na expectativa futura dos fluxos de caixa e na

taxa de desconto ajustadas ao risco. Tal método é o mais indicado para avaliação de

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empresas cujos fluxos atuais são positivos e possam ser estimados com alguma segurança,

assim como o grau de risco.

Custo de Capital

Este elemento é fundamental para o cálculo do valor da empresa e

constitui o padrão para a tomada de decisão de investimento. O custo de capital deverá

sempre ser inferior ao retorno sobre tais investimentos, caso contrário estará

proporcionando uma redução na rentabilidade dos acionistas.

O cálculo do custo de capital considera a taxa exigida como

remuneração do capital de terceiros, o custo do capital próprio e a participação de cada um

no investimento total da empresa, refletindo a média ponderada das taxas exigidas por cada

parte e que integram a estrutura de capital da empresa. A fórmula básica para este cálculo é

a seguinte :

C.M.P.C. = Cf x ( 1-t ) x ( F / T ) + Cp x ( P / T )

Onde,

Cf = Custo do financiamento do capital de terceiros t = Alíquota marginal do Imposto de Renda + Contribuição Social F / T = Participação de terceiros no investimento total P / T = Participação do capital próprio no investimento total Cp = Custo do capital próprio T = F + P

O custo de capital de terceiros é a taxa efetiva de juros. Esse custo

deve levar em consideração a incidência de imposto de renda e contribuição social, pois os

encargos do capital de terceiros são dedutíveis como despesa, para fins de tributação,

conforme a seguinte fórmula :

Taxa efetiva = taxa nominal x ( 1 – t )

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Naturalmente as empresas com expectativas de prejuízos não pagam

IR e, consequentemente não usufruem desse benefício fiscal.

O custo de capital é um conceito de longo prazo. Desse modo, a

fixação do custo de capital de terceiros deve ser norteada também pelas expectativas de

resultado a longo prazo e não somente baseando-se no momento da análise, para isso

existem as projeções mencionadas anteriormente no conteúdo desta monografia.

O custo de capital próprio é maior do que o custo do capital de

terceiros, tendo em vista o risco do acionista ser maior que o do terceiro. A abordagem mais

adequada para se estimar o custo do capital próprio é aquela baseada nos modelos de risco-

retorno.

O CAPM ( Capital Asset Price Model )

O modelo CAPM, desenvolvido em 1964 por Willian Sharpe (

ganhador do Prêmio Nobel de Economia em 1990 ) relaciona o retorno previsto sobre o

ativo ao seu risco, ao mesmo tempo que dá uma definição para o risco relevante ou beta.

Uma carteira investida em apenas uma ação é normalmente muito mais

volátil do que uma carteira diversificada. Com a diversificação, ações individuais com risco

podem ser combinadas de maneira a fazer com que uma carteira de títulos tenha quase

sempre menos riscos do qualquer uma das ações isoladas.

Os riscos não podem ser diluídos integralmente. A diversificação

apenas elimina os fatores de risco específicos de uma empresa, não é capaz de eliminar o

risco de mercado.

O desvio padrão de uma ação isolada não é uma boa medida de como o

desvio-padrão do retorno de uma carteira se altera quando uma ação lhe é acrescentada. Um

título com elevado desvio-padrão não tem necessariamente forte impacto sobre o desvio-

padrão dos retornos de uma carteira ampla. Por exemplo, uma ação que normalmente anda

no sentido contrário do mercado pode contribuir para a redução do risco da carteira de

investimentos.

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O enfoque principal do modelo CAPM é que os investidores podem

esperar uma recompensa pela contribuição de um investimento para o risco de uma carteira

diversificada. A taxa de retorno exigida deve ser muito mais alta para investimentos que

tenham um elemento maior de risco não-diversificável ou sistemático, ou seja, o prêmio de

risco esperado de uma ação varia diretamente na proporção do risco sistemático.

O retorno esperado de um investimento é o somatório de duas

componentes: a taxa de retorno em renda fixa ( Risk Free ), considerada a liquidez e o

prêmio para o risco superior ao anterior, que motiva o investidor a decidir por determinado

investimento.

Cada ação apresenta variações de preço devido a dois elementos : risco

diversificável ( não sistemático ) e risco não diversificável ( sistemático ).

O primeiro é a parcela do risco total que deriva do fato de que muitos

dos eventos que afetam negativamente uma empresa são específicos da própria empresa.

Tal risco não tem nenhuma relação com os movimentos gerais do mercado. O risco único

pode ser eliminado à medida que se investe num número maior de ações.

O risco de mercado decorre de fatores que afetam à toda economia e

que ameaçam os investimentos de um modo geral, tais como inflação, recessão, elevação

nas taxas de juros, mudanças no câmbio, políticas do governo, etc. Neste caso as carteiras

variam simultaneamente. Tal risco diz respeito à tendência da ação de acompanhar as

oscilações do mercado.

No entanto, é importante destacar que o risco de mercado afeta de

forma diferenciada setores e empresas distintas, em cada caso particular.

O CAPM liga o risco sistemático de um ativo ao retorno de todos os

ativos que compõe a carteira de mercado. Essa medida é dada pelo índice de risco não

diversificável, denominada coeficiente Beta. Esse índice é medido em função da

rentabilidade da ação e da rentabilidade da carteira de mercado.

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Na medida em que o risco de mercado não pode ser eliminado, os

investidores devem considerá-lo nas suas decisões, elevando ou não o grau de exigência em

relação ao retorno sobre os investimentos de acordo com a exposição ao risco de mercado.

Uma ação com beta maior que 1 sobe mais que a alta do mercado,

porém na baixa cairá também mais que a média de mercado, já um papel com o beta

inferior a 1 não acompanhará integralmente a alta do mercado, entretanto em tempos de

baixa não cairá tanto, o que contribui para neutralizar um possível resultado indesejável aos

investidores. Quando o gestor opta por um “papel” com o beta inferior a 1, o mesmo está

praticando uma ação defensiva, no contrário, a ação será agressiva, objetivando um

crescimento maior que o mercado.

As estimativas de Beta são publicadas regularmente por diversas

empresas. A Merril Lynch nos EUA calcula o índice beta com base nas alterações de

preços e do índice de mercado para um período de 5 anos ( 60 observações mensais )

segundo o método dos mínimos quadrados. Contudo, o verdadeiro beta é desconhecido,

podendo somente ser estimado, e o seu erro padrão influencia na margem de erro, quando

se estima o beta de ações individuais.

O método dos mínimos quadrados (MMQ) parte da hipótese que a

variável independente é fixa, ou seja, é medida sem erro. No entanto, isso não se verifica

quando se utiliza a análise de regressão linear simples para se estimar os betas de ações

negociadas em bolsa.

Para ajustar o beta, pode-se utilizar o método de estimação conhecido

como “variáveis instrumentais”, que não será abordado neste trabalho por questões de

conveniência, e pode-se observar em um dos parágrafos anteriores que algumas empresas

executam tais cálculos, divulgando-os, periodicamente, para que os analistas possam ter

acesso a eles e desenvolver os seus estudos.

Beta Setorial

Para se estimar a taxa de retorno exigida de um projeto de

investimento diferente dos projetos normais da empresa ou quando se quer estimar o beta

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de uma empresa que não tenha ações cotadas em bolsa ou cujas ações tenham pouca

liquidez deve-se pesquisar o beta médio de empresas comparáveis em termos de risco de

negócios e alavancagens operacional.

Damodaram, em sua obra, enfatiza que o beta de uma ação está

relacionado ao risco econômico empresarial, que pode ser decomposto em três variáveis :

tipo de negócio, grau de alavancagem operacional e alavancagem financeira. A primeira

variável está relacionada a sensibilidade do negócio em relação às condições de mercado, a

Segunda depende da estrutura dos custos fixos e a última à parcela de capital de terceiros na

estrutura de capital da empresa.

A alavancagem financeira eleva o beta das ações ou o beta do capital

próprio, acima do beta dos ativos. O grau de alavancagem financeira é específico da

empresa, enquanto que o tipo de negócio e a estrutura de custos, por exemplo, são

relacionados ao setor.

Nesse contexto, o beta setorial deve ser calculado com base em betas

desalavancados, conforme a equação a seguir :

Beta desalavancado = Beta alavancado

1+ (1-t) x D/E

Onde,

D ( Debt ) = Dívida E ( Equity ) = Pat. Líquido t = I.R. + contribuição social

O beta final calculado da empresa seria igual ao beta desalavancado

médio do setor multiplicado pelo efeito da alavancagem financeira considerando a estrutura

de capital específica da companhia.

Com o intuito de mensurar adequadamente o custo do acionista da

empresa, deveríamos considerar no cálculo do beta alavancado a sua estrutura de capital

projetada e não a última apresentada no balanço patrimonial.

Taxa Livre de Risco

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Esta taxa é normalmente estimada com base na taxa de juros de um

título de governo de longo prazo.

Prêmio de Risco

O prêmio de risco geralmente se baseia em dados históricos, sendo este

definido como a diferença entre os retornos médios sobre as ações e os retornos médios

sobre os títulos livres de risco. Segundo Damodaran, a utilização da maior série histórica

possível se justifica pela ausência de qualquer tendência de prêmios ao longo do tempo.

Nesse contexto, o prêmio de risco no mercado norte-americano no período de 1926 até hoje

é normalmente utilizado como padrão por ser a série mais longa e confiável.

Para as economias emergentes, como o Brasil, com maior grau de

volatilidade no mercado e maior risco político deve ser associado um prêmio de risco maior

do que o padrão norte-americano. Com o atual processo de estabilização da economia

brasileira, a classificação do Risco-Brasil será melhor, confirmando isso as agências

internacionais de rating, no ano de 2000, divulgaram nota sobre a revisão do ranking de

risco das economias.

Estimativas do Fluxo de Caixa

Fluxo de Caixa Livre da Firma

O Fluxo de Caixa Livre é o fluxo gerado pelas operações da empresa,

ou seja, reflete a entrada relacionada às vendas menos as saídas relativas às operações,

incluindo os impostos, os investimentos adicionais na necessidade de capital de giro, em

ativo imobilizado e diferido, conforme a equação abaixo :

“Vendas Brutas”

- Impostos

=Vendas líquidas

-C.P.V.

= Lucro Bruto

-Despesas operacionais

=Lucro da atividade

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- impostos

+ depreciação / amortização

=Fluxo de Caixa Operacional

-ǻ Necessidade de capital de giro

- Gastos de capital ( novas imobilizações e adições no diferido )

= “Fluxo de Caixa Livre”

Os impostos considerados nos cálculos acima correspondem a provisão

do imposto de renda mais a contribuição social que a empresa pagaria caso não tivesse

dívidas nem excesso de aplicações financeiras.

Os gastos de capital correspondem aos gastos com reinvestimento e

novos ativos necessários para a geração do fluxo de caixa futuro.

O Fluxo de Caixa Livre é aquele gerado pela empresa que está

disponível para se efetuar os pagamentos devidos aos credores e distribuição aos acionistas.

Este fluxo não considera qualquer fluxo referente à saída de juros, amortização do principal

nem pagamento dos dividendos, refere-se apenas à diferença entre as entradas e os

desembolsos relacionados às operações da empresa.

Caso a empresa possua ativos não operacionais e passivos não

onerosos, estes devem ser considerados no cálculo do valor da empresa, conforme a

equação abaixo :

“Valor Presente do Fluxo de Caixa Livre” + Valor Presente do Fluxo de Caixa não operacional -Passivos não onerosos =Valor operacional da empresa

Os ativos não operacionais são os investimentos que não contribuem

para a geração de caixa operacional. Correspondem a ativos de curto e longo prazo, tais

como aplicações financeiras, participações acionárias que podem ser avaliadas com base no

valor de mercado ou através do desconto do fluxo de caixa projetado.

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Os passivos não onerosos correspondem a passivos sobre os quais não

incidem juros e que estejam relacionadas com a atividade operacional da empresa.

O valor da empresa para os acionistas corresponde à diferença entre

o valor de suas operações e o valor de sua dívida.

Segundo Copeland, na prática basta considerar o valor total da dívida

na data base da avaliação, pois os empréstimos que a empresa venha a tomar no futuro

terão um valor presente igual a zero.

Fluxo de Caixa do Acionista

“Fluxo de Caixa Livre da Firma” -juros ( 1-t ) - principal pago + novas dívidas contraídas = “Fluxo de Caixa do Acionista”

Ou ainda,

“Lucro Líquido” +depreciação ( amortização ) - gastos de capital - principal pago + novas dívidas contraídas = “ Fluxo de Caixa do Acionista”

O Fluxo de Caixa do Acionista é a medida daquilo que a empresa pode

pagar como dividendo.

Damodaran ressalta a dificuldade ou mesmo a inviabilidade na

utilização do método acima quando existem fluxos de caixa líquidos negativos do acionista,

especialmente em empresas com alavancagens altas e cíclicas. Comenta também em sua

obra sobre a vantagem da abordagem do fluxo de caixa livre da empresa na avaliação de

empresas que estejam em vias de mudar a sua alavancagem financeira.

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O horizonte mais adequado para projetarmos o fluxo de caixa de um

entidade pode ser obtido através da utilização de um prazo viável de projeção onde é

possível se fazer estimativas confiáveis do fluxo de caixa livre da empresa.

O horizonte de projeção deve ser tal que possibilite a empresa a

recuperar o investimento e atingir um estado de equilíbrio. Quanto maior for o horizonte de

projeção melhor será a avaliação da empresa.

Em relação ao valor residual pode-se afirmar que este representa o

valor atual dfo fluxo de caixa estimado após o período projetado. A utilização do valor

residual facilita o cálculo do valor do investimento, eliminando a necessidade de um

cálculo para um longo período.

O cálculo do valor residual parte da premissa de que o horizonte de

projeção foi suficientemente longo para permitir que no final do período projetado :

- a empresa obtenha margem de lucro constante, assim como o

retorno sobre o ativo econômico;

- a empresa cresça a uma taxa constante;

- a proporção dos investimentos em relação ao fluxo de caixa

operacional permaneça constante;

- o retorno obtido sobre os novos investimentos são

aproximadamente constantes.

O valor residual pode ser obtido a partir do modelo de crescimento de

Gordon, conforme mostrado abaixo :

Valor Residual = FCOm ( r – g )

Onde,

FCOm = Fluxo de Caixa Operacional Médio esperado pós-horizonte r = taxa de desconto

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g = taxa de crescimento estimada do fluxo de caixa

A tendência é que as empresas após o período do horizonte definido

tenham retornos igual ao custo de capital, em virtude do tempo e da oportunidade, que

atrairá novos competidores para o mesmo ramo de atividade.

Com isso devemos considerar g igual a zero, mesmo sabendo que os

fluxos de caixa operacionais pós-horizonte não serão iguais. Os fluxos adicionais

decorrentes de novos investimentos não afetarão o valor da empresa, isto é, seu VPL será

zero.

Se há razão para considerar que a rentabilidade sobre o ativo será

maior do que o custo médio ponderado de capital após o horizonte de projeção, através de

suas vantagens competitivas, deve-se considerar um g maior do que zero.

Os principais fatores que favorecem um g maior do que zero na

perpetuidade são :

- atuação em setores com altas barreiras para a entrada

- ausência de substitutos

- longo ciclo de vida

- baixa elasticidade preço para o produto.

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CONCLUSÃO

Conforme apresentada nesta monografia, a análise fundamentalista de

investimentos tem como finalidade minimizar os riscos dos investimentos e antever através

das projeções o futuro das empresas.

No conteúdo deste trabalho foram mencionados alguns dos principais

métodos utilizados por analistas atuantes no mercado, porém o tema exige um

aprofundamento maior em cima de um estudo sobre a necessidade de capital de giro, assim

como um domínio sobre aspectos importantes da estrutura organizacional, estratégias e

técnicas modernas de Administração de Empresas .

Tentou-se ao longo do trabalho através de algumas citações e

exemplos teóricos mostrar de forma simplificada as diversas variáveis encontradas no

processo de tomada de decisão, que influenciam na metodologia utilizada para obter-se

determinados dados sobre um investimento.

O objetivo esperado foi fixar ao leitor a importância de uma análise

prévia de qualquer investimento que se pretenda realizar, e provar em poucas laudas que o

processo é coerente e tem uma boa fundamentação quantitativa e qualitativa para subsidiar

o processo de tomada de decisão de investimento.

As mega tendências deste novo milênio farão com que possamos

repensar todas as metodologias, e quem sabe criar outros modelos de sucesso para os

negócios virtuais e até mesmo para os tradicionais já existentes, chamados nos EUA por

“velha economia”.

Sabemos além disto, que existe uma forte tendência ao processo de

fusões , aquisições e para a competição entre cadeias produtivas. Todos essas forças

ambientais agem fortemente sobre os resultados das organizações, e devem ser

considerados como elementos estratégicos para a análise de empresas.

Por fim, sabe-se que o tema está longe de ser esgotado, e que o mais

importante é a conscientização do espaço estratégico que ocupa no atual cenário

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competitivo de mercado, onde o Brasil busca o crescimento econômico e torna-se cada vez

mais atrativo diante do cenário internacional.

Os empreendedores, empresários e estudiosos sobre o tema devem

estar alerta as oportunidades crescentes no mercado de investimentos, tendo em vista o

recorde atingido pelo Brasil, nos últimos anos, de aporte de capital estrangeiro.

Com o intuito de complementar os conceitos abordados ao longo dos

capítulos desta monografia, segue em anexo uma análise completa da empresa ACESITA

S.A., conseguida através de uma consultoria de alto conceito na área de investimentos e que

poderá complementar o trabalho com uma abordagem prática, condizente com a realidade

de mercado.

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BIBLIOGRAFIA

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ANEXO I

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ANEXO II