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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 34 | Ano IX Publicação Científica da FAPEPI Estudo com melancia agrega valor ao produto Piauí apresenta crescimento em livros publicados Doutores divulgam suas pesquisas na Sapiência OrgânicOs TíTulOs Teses

Publicação Científica da FAPEPI - FAPEPI - FUNDAÇÃO DE … · 2016-12-05 · Por Publicação Sapiência E ntr E v IS t A O ... ções entre mulheres e homens. ... Pesquisadores

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ISSN 1809-0915 Teresina-PI | Edição nº 34 | Ano IX

Publicação Científica da FAPEPI

Estudo com melancia agrega valor ao produto

Piauí apresenta crescimento em livros publicados

Doutores divulgam suas pesquisas na Sapiência

OrgânicOs TíTulOs Teses

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2 sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI

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FAPE

PI AÇÕES DA FAPEPI - PIBIC-jr

Bolsas Ofertadas

422Investidos

R$ 506.400,00

Mais de Contemplados

Instituições Participantes

Municipios Piauienses.Entre eles: Teresina, Cocal Dos Alves,

Bom Jesus, Parnaíba, Picos e Floriano.

20 14

“A missão da FAPEPI é induzir e fomentar a pesquisa e a inovação científica e tecnológica para o

desenvolvimento do estado do Piauí”.

www.fapepi.pi.gov.br

FuNDAção DE AmPAro à PESquISADo ESTADo Do PIAuí

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PI AÇÕES DA FAPEPI - PIBIC-jr

Bolsas Ofertadas

422Investidos

R$ 506.400,00

Mais de Contemplados

Instituições Participantes

Municipios Piauienses.Entre eles: Teresina, Cocal Dos Alves,

Bom Jesus, Parnaíba, Picos e Floriano.

20 14

A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi) beneficiou centenas de alunos do Ensino médio e Profissionalizante da rede Pública do Piauí, por meio do Programa de

Bolsas de Iniciação Científica Júnior – PIBIC-Jr. Em 2012 e 2013, foram:

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4 sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI

EXPEDIENTE

N° 34 Ano IXISSN - 1809-0915

PublIcAção SAPIêNcIAPublicação produzida pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí

Publicação Quadrimestral

coNSelho edItorIAl:Ademir Sérgio Ferreira de Araújo

Ana Regina Barros Rêgo LealAntônia Jesuíta de Lima

Bárbara Olímpia Ramos de Melo Diógenes Buenos Aires de CarvalhoFrancisco Chagas Oliveira Atanásio

João Batista LopesRaimundo Isídio de Sousa

Ricardo de Andrade Lira RabêloRivelilson Mendes de Freitas

edItoreS, redAção e fotoS:Carlos Rocha

Eline ReisMarco Aurélio do Amaral

Vanessa Soromo

revISão de teXtoS: Raimundo Isídio de Sousa

ImPreSSão e AcAbAmeNto:Grafiset

tIrAgem: 6 mil exemplares

ProJeto grÁfIco e dIAgrAmAção: Genilson Santiago

ao leitor

[email protected]

Av. Odilon Araújo, 372, Piçarra Teresina-PI • CEP 64017-280

Fone: (86) 3216-6090Fax: (86) 3216-6092

Para críticas, sugestões e contato:

foto: Divulgação

Melancia livre de agrotóxicos é cultivada

em Parnaíba

Prêmios do CNPq buscam diversos públicos para estimular a produção científica7

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Programas de Pós-Graduação lutam por mais infraestrutura e abordagem interdisciplinar

Pesquisadores do Geratec expõem primeiros resultados do projeto

Estudantes de odontologia realizam atendimento em gestantes e bebês

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e mais...artigos, teses edicas de livros.

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26Publicações de obras acadêmico-científicas crescem no Estado

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O cenário é de dificuldades, assim como de inten-sa transformação. Esta é a descrição possível para descrever como estão posicionados os Programas de Pós-Graduação (PPG) no Estado do Piauí. Com

33 programas instalados em 2012 segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), o Piauí saiu da posição entre os Estados com menor número de pro-gramas, mas é preciso ir além e os problemas apenas começam na instalação de um PPG. Contar com infraestrutura apropria-da, servidores qualificados, corpo docente integrado ao projeto proposto são apenas alguns dos desafios que os Programas de Pós-Graduação enfrentam no Piauí.Há transformações consideráveis desde que o Piauí passou a contar com seus dois primeiros programas em 1999. São pro-gramas de pesquisa que se dedicam a esquadrinhar os diversos territórios piauienses, assim como suas problemáticas e também contribuir para apresentar soluções sobre temas de interesse na-cional. Aproximadamente mil alunos estão em programas de pós-graduação no Piauí pesquisando sobre diversos temas, ana-lisando matérias-primas locais, estudando soluções para pro-blemas cotidianos e observando fenômenos sociais expressivos.Além dos mestrados voltados principalmente para a atuação acadêmica, esta edição de Sapiência volta-se também para os mestrados profissionais que, segundo dados da Capes, conta com 39 estudantes atualmente no Piauí de acordo com dados de 2012. Com um objetivo específico, tal como os mestrados e doutorados interinstitucionais, os mestrados profissionais bus-cam estabelecer-se no cenário da pós-graduação local organiza-dos principalmente para atender a demandas sociais. Estes pro-gramas também ainda lutam contra a desconfiança de que não possam valer o mesmo que o mestrado acadêmico, infundada, já que o mestrado profissional se organiza para garantir opor-tunidades a todos que desejam aprofundar seu conhecimento.Ao mostrar as pós-graduações desenvolvendo-se no Piauí, há uma oportunidade importante de ir além e mostrar que os pro-gramas podem realizar outras transformações relevantes como o estímulo à produção bibliográfica, mesmo sob as dificuldades que mercado editorial enfrenta atualmente. Além disso, a edi-ção 34 conta ainda com uma entrevista especial voltada para mostrar o reconhecimento dos esforços de quem colabora para os avanços científicos no Brasil.

Edito

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Em busca daconsolidação

RedesSOCIAIS

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prêmios do cnpq buscam diversos públicos para estimular a produção científica

Por Publicação Sapiência

Entr

EvIS

tAO Conselho Nacional de Desenvol-

vimento Científico e Tecnológi-co (CNPq) atualmente promove

prêmios em diversas áreas. Rita de Cássia da Silva, coordenadora da área de Prêmios do CNPq, conta um pouco da história dos prêmios, assim como apresenta as ações atualmente realizadas pelo Conselho. Rita de Cássia trabalhou na Fundação Projeto Rondon de 1978 a 1989. Em 1989, foi re-distribuída para o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) na função de Analista em Ciência e Tecnologia, atuando nas áreas de Coope-ração Internacional e de Iniciação Científi-ca (PIBIC). Nesta entrevista por e-mail, ela conta um pouco mais sobre alguns prêmios,

como por exemplo, Construindo a Igualda-de de Gênero, que busca redações, artigos científicos e projetos pedagógicos que se ba-seiam nas questões da igualdade de condi-ções entre mulheres e homens. Entretanto, o destaque é para a iniciação científica e o impulso para que os mais jovens comecem a participar da pesquisa científica, seja por meio do Prêmio Jovem Cientista ou os programas voltados especificamente para a área. Segundo Rita de Cássia, no ano passa-do, por ocasião da décima edição do Prê-mio Destaque do Ano na Iniciação Cientí-fica, 136 instituições, entre universidades e institutos, marcaram presença.

Atualmente há 10 prêmios que o cNPq

promove, envolvendo diversos setores, ba-seados principalmente em uma forte visão social. como foi direcionada a política de criação de prêmios da instituição?

O Conselho Nacional de Desenvolvi-mento Científico e Tecnológico (CNPq) é pioneiro na concessão de prêmios no Brasil. Desde a década de 70, os prêmios do CNPq cumprem o papel de instrumentos de di-vulgação e valorização da política de desen-volvimento científico e tecnológico, contri-buindo para uma articulação efetiva com entidades parceiras dos setores público e privado. Os agraciados são estudantes e pes-quisadores renomados que representam as duas pontas da cadeia de produção de ciên-cia, tecnologia e inovação. Com temáticas,

vencedores da última edição do Prêmio Jovem cientista apresentaram inovação sobre esportes

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categorias e públicos variados, os prêmios incentivam a formação e o aprimoramento do quadro de pesquisadores brasileiros nas diversas áreas do conhecimento.

o Prêmio Jovem cientista pode ser considerado a premiação com maior visi-bilidade entre todos os prêmios do cNPq? Qual a recepção que o Prêmio Jovem cien-tista vem conquistando nos últimos anos junto aos estudantes, principal público do programa?

O Prêmio Jovem Cientista vem atin-gindo os objetivos a que se propôs: revelar jovens talentos, incentivar a carreira acadê-mica e impulsionar a pesquisa no País. A atual situação profissional dos premiados revela trajetórias bem-sucedidas na carreira acadêmica, nas atividades de pesquisa, rea-lizadas em instituições públicas e privadas e, ainda, em consultorias e iniciativas empre-endedoras.

o Prêmio Jovem cientista também conta com apoios na iniciativa privada. esta parceria representa também oportu-nidades de outros diálogos entre academia e mercado? como eles têm avaliado o an-damento das ações do prêmio?

Os resultados alcançados são decorren-tes de um processo consolidado e coerente com os objetivos do prêmio. Ao longo dos 31 anos, os instrumentos foram aperfeiçoa-dos, reforçando o papel que o Prêmio Jovem Cientista desempenha no desenvolvimento da ciência e da tecnologia no Brasil. Cabe ressaltar a credibilidade que o PJC conquis-tou junto à comunidade científica, devido à qualidade e seriedade como é conduzido,

tanto pela equipe do CNPq quanto pelos parceiros envolvidos, Fundação Roberto Marinho, Gerdau e GE. Esse aval tem es-timulado a participação crescente de estu-dantes e jovens pesquisadores, reafirmando sua importância estratégica na política na-cional de Ciência e Tecnologia.

como a Iniciação científica tem sido avaliada pelo cNPq na atualidade?

A Iniciação Científica surgiu conco-mitantemente com a criação do CNPq em 1951. O principal objetivo era, inicialmente, despertar jovens talentos para a ciência. Ao longo do tempo, os objetivos dessa moda-lidade foram ampliados e diversificados. Atualmente, a Iniciação Científica e Tecno-lógica é implementada por meio de progra-mas institucionais via ‘chamadas públicas’ de propostas lançadas periodicamente pelo CNPq.

Qual o balanço possível do Prêmio destaque na Iniciação científica e tecno-lógica? há dados relativos ao acesso dos estudantes vencedores a programas de pós-graduação ou outros projetos de pesquisa?

O “Prêmio Destaque do Ano na Ini-ciação Científica” foi instituído, em 2003, para premiar os trabalhos de destaque dos bolsistas de Iniciação Científica e Tecnoló-gica oriundos dos programas institucionais do CNPq e, ao mesmo tempo, dar visibili-dade aos seus resultados para a comuni-dade acadêmica e principalmente para a sociedade, ressaltando a importância da Ciência, Tecnologia e Inovação para o de-senvolvimento do País. O Prêmio Destaque na Iniciação Científica e Tecnológica na sua

primeira década de existência conseguiu mobilizar mais de 300 instituições de ensino e pesquisa do país. Na décima edição, 2012, participaram 136 instituições, sendo 109 universidades e 27 institutos de pesquisa, número considerado recorde se for compa-rado com edições anteriores. A perspectiva para os próximos anos é ampliar ainda mais a participação, notadamente de bolsistas de Iniciação Tecnológica, bem como incluir a categoria para os bolsistas do ensino médio do CNPq. Estas instituições indicaram ao CNPq cerca de 1.500 bolsistas das mais di-ferentes regiões geográficas, instituições de ensino e pesquisa e áreas do conhecimento para concorrerem da etapa nacional do prê-mio. A concessão de bolsas de Mestrado aos agraciados com o prêmio tem contribuído para a continuidade da carreira por meio do ingresso nos programas de pós-graduação das universidades.

o Prêmio mercosul de ciência e tec-nologia representa uma busca pela inter-nacionalização das ações do cNPq? como o diálogo entre os pesquisadores do cone Sul tem sido favorecido por intermédio do prêmio?

O Prêmio Mercosul objetiva reconhe-cer e premiar os melhores trabalhos de es-tudantes, jovens pesquisadores e equipes de pesquisa que representem potencial contribuição para o desenvolvimento cien-tífico e tecnológico dos países membros e associados ao MERCOSUL, além de in-centivar a realização de pesquisa científica e tecnológica orientada para o MERCOSUL. O Prêmio contribui ainda para o processo de integração regional entre os países mem-

Pesquisadores sulamericanos recebem premiação do Prêmio mercosul de ciência e tecnologia

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bros e associados ao MERCOSUL, median-te incremento na difusão das realizações e dos avanços no campo do desenvolvimento científico e tecnológico no MERCOSUL.

Quais as perspectivas para o Prêmio Almirante Álvaro Alberto que, neste ano, deve contemplar a área de ciências hu-manas e Sociais, letras e Artes?

O prêmio conta com as parcerias da Fundação Conrado Wessel (FCW) e da Ma-rinha do Brasil e constitui reconhecimento e estímulo a pesquisadores e cientistas bra-sileiros que prestam relevante contribuição à ciência e tecnologia do país. O vencedor da edição 2012 do Prêmio Almirante Álva-ro Alberto para Ciência e Tecnologia foi o Engenheiro Edgar Dutra Zanotto, professor titular do departamento de Engenharia de Materiais da Universidade Federal de São Carlos (DEMa/UFSCar), no interior de São Paulo. Em 2013, será contemplado um(a) pesquisador(a) da grande área de “Ciências da Vida”. A edição será implementada a par-tir de agosto.

todos os prêmios contam com uma visão social forte, mas é possível apontar

que o maior destaque acaba recaindo para o Prêmio construindo a Igualdade de gê-nero pelas desigualdades existentes entre homens e mulheres, principalmente no mercado de trabalho?

O Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero foi instituído para estimular e for-talecer a reflexão crítica e a pesquisa acerca das desigualdades existentes entre homens e mulheres em nosso país, contemplando suas interseções com as abordagens de clas-se social, geração, raça, etnia e sexualidade no campo dos estudos das relações de gê-nero, mulheres e feminismos; e sensibilizar a sociedade para tais questões. O Prêmio

encontra-se na nona edição e já foram ins-critos mais de 30 mil redações e artigos cien-tíficos.

o cNPq impulsiona a criação técnica por meio da fotografia. como se tem de-senvolvido o Prêmio de fotografia ciência e Arte?

O Prêmio de Fotografia – Ciência & Arte tem como objetivos fomentar a pro-dução de imagens com a temática de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação, contribuir com a divulgação e a popularização da ciência e tecnologia e ampliar o banco de imagens do CNPq.

fotos vencedoras no Prêmio de fotografia - ciência & Arte

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Melancia livre de agrotóxicos é cultivada em parnaíba

Por Eline Reis

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A produção orgânica de alimen-tos praticada por pequenos e médios produtores agrícolas é

uma atividade verificada com certa fre-quência na Europa e na África do Sul. O Brasil começa timidamente a desenvol-ver a agricultura sustentável, favorecen-do a diminuição dos danos causados ao solo e a substituição do uso de agroquí-micos convencionais.

Em Parnaíba, litoral do estado do Piauí, está localizado o principal dis-trito irrigado com o cultivo de frutas orgânicas do país em área pública, de-nominado DITALPI (Distrito de Irriga-ção dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí). Atividades ligadas à agricultura orgâni-ca começaram a ser desenvolvidas des-de 2002 na região e atualmente há cerca de 300 hectares cultivados sem o uso de agrotóxicos.

Um grupo de pesquisadores e de estudantes participam de um projeto, coordenado pelo doutor em agronomia e professor da Uespi, Valdinar Bezerra dos Santos, que visa à produção orgâ-nica de melancia naquela região. O pro-jeto Produção Orgânica de Melancia: efeitos no solo, estado nutricional das

plantas, produtividade e qualidade dos frutos recebe apoio financeiro da Fun-dação de Amparo à Pesquisa do Estado do Piauí (Fapepi), por meio do edital Programa Primeiros Projetos (PPP-E-dital 004/2011), resultante de uma par-ceria entre a Fapepi e o Conselho Na-cional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

O autor do projeto explica que, por ser um recurso não renovável, é preci-so estar atento ao manejo adequado do solo, para que possamos obter produ-tividade satisfatória sem, no entanto,

afetar drasticamente a qualidade desse recurso natural. Na DILTALPI, exis-te uma área na qual está sendo feita a transição do manejo convencional para o orgânico. Lá, a melancia ainda é cul-tivada com o uso de agroquímicos, e o objetivo dessa pesquisa é “aprimorar e difundir a tecnologia da compostagem e uso de biofertilizantes para conversão de cultivos convencionais de melancia em cultivos orgânicos no Distrito de Irrigação dos Tabuleiros Litorâneos do Piauí”, ressalta.

A metodologia adotada no projeto descreve quatro etapas importantes a serem executadas: a produção do com-posto orgânico que será utilizado para adubação; a produção de biofertilizan-tes; a análise química desses adubos orgânicos e, por fim, a avaliação dos efeitos das doses do composto orgânico e das concentrações de biofertilizantes. Esta última fase compreende a experi-mentação desses bioprodutos que será realizada na área experimental da Em-brapa Meio-Norte, situada a 20 km de Parnaíba. O estudo está sendo desen-volvido há pouco mais de um ano, e os primeiros resultados são positivos. “Es-tamos tendo boa produtividade, já ob-

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tostivemos frutos comerciais de qualidade

sem qualquer uso de agroquímicos”, co-menta o pesquisador Valdinar Bezerra.

O grupo considera que a pesquisa trará contribuições científico-tecnoló-gica e econômica para o Estado, posto que o estudo sobre cultivo orgânico da melancia possibilitará o manejo susten-tável do solo, bem como a produção de alimentos mais saudáveis e de maior valor comercial em relação à melancia cultivada com agrotóxicos. Ademais, contribuirá para a diminuição dos im-pactos ambientais decorrentes da ex-ploração do solo daquela região.

“A produção orgânica é, atualmente, uma das melhores opções para os pe-quenos e médios produtores agrícolas, pois a escassez de alimentos cultivados organicamente agrega valor ao produto final, além do que essa atividade per-mite a implantação de cultivos comple-mentares e proporciona o melhor apro-veitamento dos recursos locais”, revela o coordenador do projeto.

O grupo que desenvolve esse proje-to é composto por Herony Ulisses Mehl (engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Meio-Norte); Carolina Ro-drigues de Araújo (doutora em ecologia e pesquisadora da Embrapa); Mauro Sérgio Teodoro (engenheiro agrônomo e analista da Embrapa Meio-Norte); Pedro Pereira Neves (especialista em gestão ambiental e assistente de pesqui-sa da Embrapa Meio-Norte); Adriano da Silva Almeida (doutor em fitotecnia e professor da Uespi); Mateus Sombra

Araújo (estudante de agronomia da Uespi e bolsista de Iniciação Científica/CNPq); Roberto Santos (colaborador); Jenilson Souza e Fabiano Silva (ambos formandos do curso de agronomia), além do coordenador do projeto Valdi-nar Bezerra.

“A realização deste trabalho é parte integrante do processo de conversão da agricultura convencional para orgânica no perímetro irrigado em estudo, meta estabelecida pelo Ministério da Integra-ção Nacional para contribuição com o desenvolvimento sustentável da região”, pondera Valdinar Bezerra.

Sobre o apoio da Fapepi à pesqui-sa, ele reitera que o financiamento da pesquisa por meio da instituição foi fundamental. O recurso possibilitou a aquisição do sistema de irrigação, de reagentes químicos e de equipamentos para execução dos trabalhos.

O projeto ainda precisa de alguns

ajustes no que tange ao manejo da adu-bação verde, tais como a adubação de plantio e o melhor controle do pulgão (inseto comum nas plantações na re-gião). A execução de todas essas ade-quações está prevista para o segundo ano de plantio, que acontecerá no final de 2013.

Peneirando o biofertilizante

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Zonas de absorção de água das plantas

Doutoranda em Ecologia e Recursos Naturais – UFCContato: [email protected]

Marlete Moreira de sousa Mendest

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A fonte da água absorvida pelas plantas pode mudar com a esta-ção (Moreira et al., 2000) ou de

acordo com a disponibilidade de água e profundidade de enraizamento (Walker & Richardson, 1991). Quando a demanda da planta por água excede o suprimento, as plantas precisam encontrar outras fon-tes de água e fazer uso mais conservativo para minimizar o estresse hídrico e man-ter os requerimentos metabólicos (Horton e Hart, 1998). Assim, elas podem captar água mais superficial no período chuvoso e a mais profunda no período seco (Sekiya & Yano, 2002).

Técnicas isotópicas têm potencial para avaliar indiretamente o acesso aos recursos hídricos pelas raízes das plantas (Burgess et al., 2000), uma vez que a com-posição da fonte não se altera ao ser extra-ída pela planta, de forma que, se a planta obtiver toda sua água de uma única fonte, sua composição isotópica será idêntica à mesma (Walker et al., 2001). Segundo Jackson et al. (1995), tais técnicas são um meio alternativo de avaliação de absorção de água pelas plantas e podem desvendar mecanismos que permitam a coexistência de espécies.

Com o objetivo de determinar as zo-nas de captação de água de plantas nati-vas e cultivadas em sistemas agroflorestal, amostras de raízes de árvores de pau-bran-co (Cordia oncocalyx Allemão) e milho e de solo em três profundidades (0-20, 20-40 e 40-60 cm) foram coletadas e analisa-das quanto à composição de isótopos es-táveis de oxigênio (δ18O). O experimento foi conduzido em sistema agrossilvipasto-ril – um tipo de sistema agroflorestal que alia preservação de árvores nativas com culturas agrícolas e criação de animais

(ovinos, caprinos ou bovinos). O milho foi plantado a quatro distâncias do caule do pau-branco (1,0; 2,0; 3,0 e 4,0 m), a fim de se observar a existência de competição in-terespecífica. A umidade do solo foi acom-panhada por meio de sensores instalados a 30 e 50 cm de profundidade.

A composição isotópica da seiva das raízes de milho nas quatro distâncias ava-liadas apresentou-se semelhante à das ca-madas de solo em profundidade superior

a 20 cm, indicando a absorção preferencial de água em camadas mais profundas. A composição isotópica da água da seiva de raízes do pau-branco assemelhou-se à do solo profundo (40-60 cm), que denota que as plantas captam água preferencialmente nessa profundidade. Se o δ18O da seiva do xilema das plantas é próximo ao da água do solo profundo, então há evidência de que as plantas estão obtendo água, via ra-ízes profundas, do solo profundo. Isso era esperado para as árvores de pau-branco, mas não para o milho.

Uma vez que ambas as espécies obtêm água em profundidades semelhantes, é possível que esteja ocorrendo competi-ção por água entre as plantas de milho e de pau-branco, sobretudo nas regiões do solo onde haja sobreposição de raízes. Os registros de umidade do solo revelaram menor teor de água em camada mais pro-funda (30 a 50 cm) do que nos primeiros 30 cm de solo. O menor teor de água vo-lumétrico em camada mais profunda está possivelmente associado à absorção de água pelo milho e pau-branco nessa re-gião, reforçando os resultados das análises isotópicas.

Estes achados podem auxiliar na esco-lha das espécies arbóreas que serão man-tidas no sistema. Caso haja possibilidade de sobreposição nas zonas de captação de água entre plantas cultivadas e árvores mantidas em sistema agrossilvipastoril, devem ser priorizadas aquelas que pos-suam sistema radicular mais profundo, evitando-se a sobreposição nas zonas de absorção. Nesse sentido, priorizar árvo-res com sistema radicular profundo, além de evitar competição, poderá promover a facilitação no desenvolvimento de outras plantas, por exemplo, por meio de redis-tribuição hidráulica, o que ocorre quando plantas profundamente enraizadas ab-sorvem água em profundidade e, à noite, liberam-na no solo superficial, disponi-bilizando essa água às plantas vizinhas. Assim, faz-se necessária a análise prévia da profundidade de absorção das espécies arbóreas, a fim de evitar competição por água entre as plantas, sobretudo em regi-ões com baixa precipitação pluviométrica onde a água disponível no solo pode ser um forte fator limitante ao desenvolvi-mento das culturas.

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pesquisa & desenvolvimento de compostos contra doenças negligenciadas no piauí

1 Anidro do Brasil Extrações S.A. e Doutorando RENORBIO ponto focal Piauí • Contato: [email protected] | 2 Técnica Área Biologia Biotec/UFPI e Doutoranda RENORBIO ponto focal Piauí • Contato: [email protected] | 3 Professor Adjunto UFPI e Coordenador do Biotec/UFPI ,

Coordenador do Programa de Mestrado em Biotecnologia / PPGBiotec • Contato: [email protected]

David Fernandes lima1 • leiz Maria costa Véras2 • José roberto de souza de almeida leite3

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O Núcleo de Pesquisa em Biodiversidade e Biotecnologia (Biotec/UFPI), localizado na cidade de Parnaíba (Piauí), possui

parceria consolidada com a Indústria Farmo-química Anidro do Brasil Extrações S.A., em-presa pertencente ao Grupo Centroflora. Nesta parceria, professores, pesquisadores, técnicos e alunos de graduação e pós-graduação desenvol-vem projetos relacionados à cadeia produtiva do jaborandi e à busca de compostos de importância biotecnológica.

Foto 1: Jaborandi cultiva-do e a estrutura molecular da epiisopiloturina, um dos focas de pesquisas em doenças ne-gligenciadas, fruto da parceria público-privada (Foto: Arqui-vos da ANIDRO do Brasil S.A.).

A Anidro produz sais de pilocarpina a partir das folhas de jaborandi (Pilocarpus microphyllus), espécie nativa dos estados do Piauí, Pará e Ma-ranhão, para aplicação na indústria farmacêutica na produção de medicamentos para o tratamen-to do glaucoma e xerostomia. O foco principal da parceria público-privada é o aproveitamento de resíduos industriais a partir da cadeia produtiva do jaborandi, visando à obtenção de novas molé-culas com potencial terapêutico, visto que apenas a pilocarpina é comercializada.

Nesse contexto, foi identificado o alcaloide imidazólico epiisopiloturina, que possuiu ati-vidade contra parasitas causadores da esquis-tossomose (Schistosoma mansoni). O estudo desenvolvido pelo grupo é pioneiro em testar os efeitos deste farmoquímico sobre a sobrevivên-cia, esquistossômulos (formas jovens do parasita) e a oviposição de vermes adultos. Este trabalho foi alvo de vários prêmios, com destaque à sua indicação ao prêmio SUS na categoria artigo científico, ficando entre os 20 melhores trabalhos do país. É decorrente da pesquisa de doutorado da aluna Leiz Veras (RENORBIO/UFPI). Estes estudos levaram também ao depósito de duas patentes em co-titularidade, Biotec/UFPI e Ani-dro, além de artigos científicos de alto impacto na comunidade científica. Hoje, um dos técnicos da empresa, o farmacêutico David Fernandes

Lima, realiza doutorado pela Rede Nordeste de Biotecnologia (RENORBIO/UFPI), avaliando a sazonalidade da produção de alcaloides do jabo-randi em campo.

Foto 2: (A) Laboratório de Controle e Garantia da quali-dade da Anidro do Brasil S.A. que desenvolve a pesquisa junto ao Biotec. (B) David F. de Lima (ANIDRO e RENORBIO) pales-trando sobre a Farmácia Viva para políticos locais de Parnaíba. (C) Equipe do Biotec relacionada à cadeia produtiva do Jaboran-di e à descoberta de novos fármacos, alunos do Programa de dou-torado em Biotecnologia RENORBIO, PIBITI/CNPq, estagiários e mestrando do programa de pós-graduação em biotecnologia de Parnaíba. (D) Técnica do Biotec em processo de purificação do alcaloide com ação anti-esquistossomose.

Além disso, inúmeras pesquisas têm sido desenvolvidas em parcerias com instituições de pesquisas do Brasil, como a inserção de pesquisa-dores da Rede Nanobiomed/CAPES, do INCT/CNPq em nanobiotecnologia e de professores da Faculdade de Medicina da UnB, além de parce-rias locais como o Núcleo de Pesquisa em Plantas Medicinais (NPPM/UFPI) e o Núcleo de Ciên-cias Farmacêuticas (NTF/UFPI).

A esquistossomose é uma doença negligen-ciada e representa um dos principais problemas de saúde pública em mais de 70 países tropicais e subtropicais. No Piauí, a esquistossomose apre-senta foco ativo nos municípios de Picos e Gua-dalupe. Há ocorrência dos moluscos envolvidos na transmissão da doença em 44,2% dos municí-pios, sendo o Biomphalaria straminea encontra-do em 99 municípios e o Biomphalaria glabrata, apenas no município de Parnaiba, dados forneci-dos por Mauro F. B. Chagas (Coordenador PCE, PCM, PEF, CVSA-SESAPI).

Foto 3: Da esquerda para diretita, Dr. Josué de Moraes (Vencedor do Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade - edição 2012 - na área de Tecnologias socioambientais, com ênfase ao combate à pobreza, com memorial incluindo a parceria com o grupo do Piauí), Dr. José Roberto Leite (Coordenador do Biotec) e o pesquisador Pedro Luiz Silva Pinto (Seção de enteroparasi-tores do Instituto Adolfo Lutz), em novembro de 2012 fechando parceria para uma plataforma permanente de ensaios de novos fármacos contra parasitas causadores de esquistossomoses.

O reaproveitamento de resíduos da indústria

de processamento do jaborandi pode trazer uma nova ótica de beneficiamento de resíduos, dimi-nuindo impacto ambiental e levando ao avanço na descoberta de quimioterapia antimicrobiana de baixo custo, além de aproveitar, de forma ecológica e racional, os resíduos no tratamento de doenças negligenciadas, como a esquistossomose.

Foto 4: Imagem em mi-croscopia confocal a laser, mos-trando o parasita tendo sua morfologia sendo alterada pela ação do fármaco isolado do Jaborandi. Estes dados foram publicados na revista conceitua-da “Current Medicinal Chemis-try” em 2012.

Este projeto é exemplo de como a pesquisa pode ser conciliada a uma parceria público-privada, e inte-resses podem ser compartilhados com a inovação e a pesquisa de ponta em nosso estado. O grande desafio agora é a sustentabilidade do projeto, pois é necessária a realização de grande parte dos ensaios pré-clínicos e de toxicidade, etapas cruciais para autorização da AN-VISA para ensaios em humanos.

Parcerias recentes do grupo Biotec com a empresa Phytobios (Barueri/SP) de inovação tecnológica podem impulsionar o projeto, pois focarão a transferência de tec-nologia para o setor produtivo ou mesmo firmando con-vênio com o Sistema Único de Saúde (SUS) para a con-tinuação das pesquisas que são promissoras na área de doenças negligenciadas, sobretudo a esquistossomose.

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14 sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI

Os óleos essenciais são utilizados como fármacos, perfumes, cos-méticos, produtos de higiene e

limpeza, alimentos e bebidas (Busatta, 2006). A carvona (p-menta-6,8-dien-2-ona) é um monoterpeno cetônico e principal componente ativo de óleos essenciais de plantas medicinais, como hortelã (Mentha spicata L.), aneto (Ane-thum graveolens L.), cominho (Carum carvi L.) e capim-cidreira (Lippia alba Mill.). Apresenta propriedades farma-cológicas como antimicrobiana (Duar-te, 2006), antifúngica (Sartoratto et al., 2004), anti-inflamatória e antisséptica (Sousa, 2004) e pode ser empregada na indústria farmacêutica, alimentícia e cosmética. A ciano-carvona é derivada da carvona e se apresenta como candi-data a fármaco para o desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos deri-vados da natureza.

Um trabalho anterior avaliou o potencial antioxidante in vitro da cia-no-carvona contra a formação de espé-cies reativas com o ácido tiobarbitúrico (TBARS), radical hidroxila e produção de óxido nítrico (Costa et al., 2012a). Observou-se que a ciano-carvona, nas concentrações testadas, foi capaz de pre-venir a peroxidação lipídica induzida por 2’2-azobis-2-amidinoproprano, ini-bindo a quantidade de TBARS formado. Este resultado sugere que a ciano-carvo-na pode exercer um efeito antioxidante contra a peroxidação lipídica in vivo. A ciano-carvona também produziu uma remoção do radical hidroxila, podendo ser devido a uma atividade antioxidante, sugerindo uma possível capacidade de proteção contra danos celulares in vivo produzidos por este radical.

Na avaliação de produção de óxido nítrico, houve uma diminuição signi-ficativa na produção deste composto

pela ciano-carvona, demonstrando uma propriedade antioxidante in vitro, que pode ser explorada para a proteção in vivo das biomoléculas, como lipídios da membrana celular, contra danos causa-dos pelos radicais livres.

O efeito anticonvulsivante de ciano-carvona também foi investigado em mo-delo de epilepsia induzido por pilocarpi-na. A ciano-carvona mostrou proteção contra crises epilépticas induzidas por pilocarpina e foi eficiente em aumentar a latência para a primeira crise epilép-

tica e a porcentagem de sobrevivência. A ciano-carvona também diminuiu sig-nificativamente a mortalidade induzida pelo processo convulsivo. A atropina, droga de referência, também, produziu uma proteção significativa (100%). Essa substância ainda foi capaz de aumentar a latência para a instalação do estado de mal epiléptico induzido por pilocarpina.

O pré-tratamento com ciano-car-vona aumentou a atividade da acetilco-linesterase no hipocampo de camun-dongos após crises epilépticas induzidas por pilocarpina. Os resultados indica-ram a capacidade da ciano-carvona para modular efeitos anticonvulsivantes e an-tioxidantes. Sugere-se que o mecanismo

de ação consiste na ativação direta da enzima acetilcolinesterase e na redução do estresse oxidativo, possivelmente en-volvendo inibição da produção de radi-cais livres (Costa et al., 2012a).

A segurança da ciano-carvona foi avaliada por meio de estudos de toxi-cidade aguda, bem como foi investiga-do o seu potencial ansiolítico. No teste hipocrático, a substância analisada não provocou nenhuma morte entre os ca-mundongos, e os sinais clínicos que sur-giram foram discretos, reversíveis e ob-servados apenas nas maiores doses. Em análises hematológicas e bioquímicas, não foram verificadas alterações signi-ficativas.

Nos testes comportamentais, foram verificadas redução da atividade loco-motora e um maior número de entra-das e tempo de permanência nos braços abertos, sugerindo um possível efeito ansiolítico. Em relação ao teste do rota rod, não foi verificada alteração no tem-po de permanência na barra giratória, bem como não foram detectadas mu-danças no número de quedas. Este estu-do demonstrou que a ciano-carvona não apresenta toxicidade aguda e sugere um possível efeito ansiolítico que precisa ser melhor investigado para a elucidação do seu mecanismo de ação (Costa et al., 2012b).

Nesse contexto, foi solicitado o pe-dido de registro de patente referente às aplicações farmacêuticas da ciano-car-vona para o tratamento de transtornos psicossociais (PI11062428). Novos es-tudos relacionados à toxicidade subcrô-nica e crônica da ciano-carvona, bem como outras propriedades relacionadas ao Sistema Nervoso Central estão em andamento para esclarecer o seu me-canismo de ação e o uso seguro e eficaz dessa substância.

ciano-carvona e as doenças psicossociais

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1Doutorando do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia (RENORBIO) e Médico do Instituto Federal de Ciência, Educação e Tecnologia do Piauí (IFPI). Contato: [email protected] | 2 Professor Adjunto do Departamento de Farmácia da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Contato: [email protected] | 3Professor Adjunto do Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Piauí (UFPI). Contato: [email protected]

Thiago Henrique costa Marques1 • Damião pergentino de sousa2 • rivelilson Mendes de Freitas3

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sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI 15

O desenvolvimento da pós-graduação stricto sensu no piauí

Por Eline Reis

DO

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A Lei de Reforma Universitária (Nº 5.540/68) preconizava que à pós-graduação em nível

stricto sensu caberia o papel de qualificar professores para o ensino superior, além de capacitar profissionais do setor público e privado, com o intuito de estimular a produção do conhecimento científico e o desenvolvimento do país. A Lei Nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes da educação no Brasil, revoga a lei anterior, mas mantém as diretrizes que regulamentam a implantação dos programas de pós-graduação.

Nessa breve contextualização, evidenciam-se alguns dos principais objetivos desse nível de qualificação profissional, como contribuir para a ampliação do conhecimento científico e, com o fortalecimento das instituições de pesquisa, desencadear o desenvolvimento do Brasil em diversos setores. As Instituições de Ensino Superior (IES) do Piauí têm buscado promover a expansão da pós-graduação visando a todos esses benefícios.

A Universidade Federal do Piauí (UFPI) apresentou, nos últimos sete anos, um significativo aumento do

número de cursos pós-graduação stricto sensu - saltando de 9 para 31 cursos de mestrados e de 01 para 05 programas de doutorados.

De acordo com o Pró-reitor de Ensino de Pós-graduação da UFPI, Helder Cunha, as ações do Governo Federal no sentido de ampliar a oferta de cursos de graduação em todo o país, incluindo a interiorização do ensino superior, contribuíram bastante para esse novo cenário no âmbito da profissionalização dentro da academia, principalmente nas regiões em que ensino superior era precário ou deficiente. “Quando o governo federal lançou o programa de expansão do ensino superior para o interior, a UFPI foi uma das primeiras instituições que abraçou a causa”, ressalta o Pró-reitor Helder Cunha.

Para a Coordenação de Pessoal de Nível Superior (Capes), a quantidade de professores doutores é um dos critérios a ser considerado quando da implementação de um programa de pós-graduação e, nesse sentido, a realização de concursos públicos para contratação de novos professores foi uma medida fundamental para a mudança do perfil

das universidades envolvidas no projeto de expansão do ensino superior, pois boa parte dos novos profissionais contratados já possui o título de doutor.

Na UFPI, a consolidação do campus de Parnaíba como uma unidade de ensino e, posteriormente, do campus de Picos, seguido dos campi de Bom Jesus e de Floriano, abriu as portas para o desenvolvimento da pós-graduação stricto sensu em Teresina e no interior, que atualmente conta com 4 dos 31 programas de pós-graduação ofertados pela Instituição. Parnaíba sedia o programa de mestrado em Biotecnologia e Bom Jesus oferece vagas nas áreas de Solos e Nutrição de Plantas, Zootecnia e Fitotecnia.

“Nós tivemos um crescimento muito grande da pós-graduação na UFPI nos últimos anos. Foi um avanço considerável num tempo muito curto. De certo modo, isso é bom. Por outro lado, isso começa a nos preocupar, porque existe uma exigência por uma melhor infraestrutura, mais contratação de professores. Portanto, temos que buscar dar mais qualidade a esses cursos e essa é a proposta da nova administração da Universidade. Temos que procurar o caminho da excelência e, para tanto, é necessário que nossos programas de pós-graduação sejam fortalecidos”, revela Helder Cunha.

A concretização da nova proposta da UFPI para essa modalidade de ensino depende de muitos fatores, dentre eles, destaca-se o bom relacionamento entre a administração superior, as coordenações dos programas e os discentes. Para alcançar tal objetivo, a pró-reitoria de pesquisa e pós-graduação da UFPI foi dividida em duas: Pró-reitoria de Pesquisa e a Pró-reitoria de Ensino de Pós-graduação. A esta última cabe a função de

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acompanhar mais de perto as atividades desenvolvidas pelos programas, dando todo suporte necessário para que eles se consolidem cada vez mais.

É importante também que as universidades estejam empenhadas nas atividades de elaboração de projetos e na submissão dos mesmos junto às instituições de financiamento de pesquisa e ensino. A captação de recursos voltados aos programas de pós-graduação viabiliza melhorias na infraestrutura e em recursos humanos, e esses benefícios fortalecem os programas e a universidade como um todo.

Para o Pró-reitor de Ensino de Pós-graduação Helder Cunha, o IFPI exerce um papel fundamental nesse processo de expansão do ensino superior. Segundo ele, boa parte dos mestres egressos da UFPI está atuando como docente nos campi do IFPI da capital e do interior do Piauí e também em outros estados da região Nordeste. Ele ressalta que isso é bastante positivo no sentido de que o mercado local se mostra apto a absorver os profissionais que estão sendo qualificados aqui no Estado, embora esta não seja a única opção, visto que outros mestres egressos da UFPI saem do Piauí para realizar o doutorado em outras universidades do Brasil.

A qualificação profissional em nível de pós-graduação bem como em outras modalidades deve sempre levar em conta as necessidades de cada região, afinal é a partir da observação da realidade social circunscrita e posterior proposição

de mudanças que se poderá interferir nos aspectos político-econômicos e socioculturais. Com base nisso, o Pró-reitor de Ensino de Pós-graduação da UFPI informou que a Instituição enviou à Capes projeto para a implantação do primeiro programa de pós-graduação do Centro de Tecnologia na área de Engenharia Elétrica, ressaltando que é preciso investir mais na área tecnológica e assim potencializar a indústria local. “Nosso Estado precisa muito desses cursos nas áreas de tecnologias e engenharias para se desenvolver industrialmente”, enfatiza.

Além da proposta de implantação do mestrado em Engenharia Elétrica, outros 05 projetos foram encaminhados à Capes, propondo a criação de 02 mestrados acadêmicos, 01 mestrado profissional e 03 doutorados.

Helder Cunha ratifica a necessidade de aperfeiçoar os mestrados da UFPI. “Nós criamos os mestrados, mas temos poucos doutorados e, para que esses programas tenham também doutorado e se consolidem como programas de pós-graduação – mestrado e doutorado –, precisamos trabalhar no intuito de elevar o conceito desses cursos junto à Capes e esse trabalho envolve dedicação não só da administração superior, mas de todos os docentes que estão atuando nesses programas.”

A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) implantou recentemente os dois primeiros programas de mestrados da instituição: o Mestrado Acadêmico

em Letras – com foco na Literatura - e o mestrado profissional em Letras (Profletras).

Os discentes da primeira turma do mestrado acadêmico em Letras devem fazer a defesa de suas dissertações nos meses de julho e agosto do corrente ano. Em entrevista ao site da Uespi, o coordenador do programa, professor doutor Feliciano Bezerra, afirma que “este é um marco fundamental para a consolidação da Pós-graduação na Uespi, com a formação de novos mestres, de novos pesquisadores aptos a atuarem no campo da investigação científico-literária, no campo da docência e da capacitação de futuros pesquisadores.” Já existem projetos de implantação de outros programas de pós-graduação stricto sensu na Universidade Estadual.

O Instituto Federal do Piauí (IFPI), desde 2011, oferece vagas para o mestrado acadêmico em Engenharia de Materiais, na área de concentração de Processamento e Caracterização de Materiais. O Pró-reitor de Pesquisa e Inovação do IFPI, Ayrton de Sá Brandim, informou que há projetos para consolidação de novos programas de pós-graduação stricto sensu na Instituição.

Todas essas ações revelam que as instituições de ensino superior públicas do Piauí estão comprometidas com projetos de ampliação e aperfeiçoamento dos programas de pós-graduação stricto sensu. Com isso, o estado só tem a ganhar com a qualificação de nossos professores/profissionais e com o desenvolvimento do ensino e da pesquisa na região.

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programas de pós-graduação lutam por mais infraestrutura e

abordagem interdisciplinar

Por Carlos Rocha

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Vários desafios são apresentados a professores que empreendem a busca pela instalação de um Programa de Pós-Graduação (PPG). Entre falta de infraestrutura e de profissionais qualificados até a necessidade de

mais intercâmbios, o caminho ainda é longo para a consolidação da pós-graduação no Piauí.

A constituição de um Programa de Pós-Graduação é um processo longo e complexo. Entre pro-

gramas mais recentes e outros com mais tempo de fundação, há opiniões seme-lhantes. São vários desafios para professo-res e alunos que desejam dispor com um programa. Entre projetos já consolidados e outros que ainda se estão estabelecendo, há pesquisas, projetos e sobretudo intenso debate com a sociedade.

A coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, Solange Teixeira, explica que a criação de um pro-grama é um processo complexo. “Os prin-cipais problemas da instalação de um pro-grama está que ele tem surgido na maioria das vezes da boa vontade dos professores com a pós-graduação, muito mais do que um apoio institucional”, comenta a pro-fessora que coordena um dos primeiros programas da Universidade Federal do Piauí (UFPI), com mais de 10 anos de fun-dação. O cenário para a fundação de um programa de pós é sempre marcado por fragilidades, seja na infraestrutura seja na ausência de pessoal qualificado para atuar nas atividades diárias de um programa.

As dificuldades não são restritas a programas mais antigos. A criação de um programa de Pós-Graduação é sempre desafiante, principalmente na atualidade como pontua André Soares, do Progra-ma de Pós-Graduação em Ciências da Computação da UFPI. “Em um primeiro momento, a principal dificuldade foi o choque de realidade. Como no Piauí não existia mestrado, é muito difícil um pro-

fessor se manter envolvido com pesquisa apenas com alunos de graduação”, comen-tou André Soares sobre a principal cons-tatação do cenário local para o mestrado em Computação. Ele explica que, por con-ta de não existir mestrado, os professores também não tinham muitas condições de produzir. “Então ficou o círculo em que não se conseguia produzir com certa qua-lidade porque não existia mestrado e não se conseguia o mestrado porque não havia produção. Com a chegada dos professores envolvidos com pesquisa e os professores que voltaram do afastamento, houve a composição de um grupo produtivo que viabilizou o mestrado”, relata.

Apesar de todos os desafios, os pri-meiros resultados demonstram que os programas de Pós-Graduação no Piauí têm apresentado avanços principalmen-te na interdisciplinaridade. “A gente está evoluindo para uma configuração in-terdisciplinar que é o que se preconiza hoje”, destaca Denis Barros, coordenador do Programa de Pós-Graduação em De-senvolvimento e Meio Ambiente. Outro avanço é a interação entre os programas e a sociedade. “Nós investimos sempre no diálogo e tentamos a inserção regional”, analisa a coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição, Regilda Moreira-Araújo.

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Iê primeiros programas representam consolidação de áreas no piauí

Por Carlos Rocha

Em 2002, o Piauí contava apenas com 5 programas de Pós-Gradua-ção. Todos eles em nível de mes-

trado. Era um dos Estados com menor número de programas de acordo com pesquisa realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Su-perior (Capes). Já, em 2011, foram regis-trados 24 programas de Pós-Graduação em nível de mestrado, 3 com mestrado e doutorado e 1 mestrado profissional.

Solange Teixeira, coordenadora de um dos primeiros programas da Univer-sidade Federal do Piauí (UFPI), o Pro-grama de Pós-Graduação em Políticas Públicas, a fundação de um programa de Pós-Graduação é sempre um processo desafiador. “Quando a gente lança um programa de pós-graduação a gente se defronta com problemas de infraestrutu-ra, como salas adequadas para estudos,

salas de aula, funcionários para atender o público e secretariar a pós-graduação e ainda temos a fragilidade do corpo do-cente”, explica a coordenadora lembran-do que no início o corpo docente tem in-teresse de ingressar na pós, porém nem todos têm um currículo para se inserir e permanecer na pós-graduação.

Desde 2002 em funcionamento, o Programa de Pós-Graduação em Polí-ticas Púbicas conta com duas linhas de pesquisas: “Cultura, Identidade e Pro-cessos Sociais” e “Estados, Políticas Pú-blicas e Movimentos Sociais”. “O nosso programa especificamente teve algumas vantagens em relação a alguns que estão surgindo no momento. Essa estrutura física que ocupamos hoje já tinha sido construída para um mestrado interinsti-tucional entre o departamento de Servi-ço Social e a PUC-SP. Por sermos pionei-

ros, já tínhamos este espaço físico, mas não tínhamos sala de aula, laboratórios e salas de estudo específica para os alunos em 2002”, conta Solange Teixeira.

Entre os outros programas que esta-vam surgindo no mesmo momento, des-taca o então mestrado interdisciplinar voltado para a área de Desenvolvimento do Trópico Ecotonal do Nordeste (TRO-PEN). O Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento e Meio Ambiente também data de 2002 e nasceu com uma ideia ainda mais audaciosa, a constitui-ção de um programa em rede. “A ideia de um PPG em rede é associar, dentro de uma região, projetos de pesquisado-res que tenham um objetivo comum de pesquisa. A rede permite a facilidade de ter outros olhares sobre a produção de pesquisa enriquecendo a possibilidade de você avaliar, orientar, produzir conhe-

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sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI 19

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Iêcimento”, destaca Denis Barros, coorde-nador do Programa de Pós-Graduação.

Para Denis Barros, a estruturação de um programa em rede foi a saída e a vantagem em uma região em que não se dispõe de um grupo muito grande de pesquisadores como é a região Nordes-te. “Os nossos seminários de integração permitem que a gente tenha uma ava-liação dos projetos com um olhar exter-no ao nosso programa, mas que com-preende a sua dinâmica, compartilha a mesma temática”, pontua. O programa em rede também se reflete em aspectos operacionais já que a associação com programas do Nordeste trouxe profes-sores de outros Estados para compor as bancas ou trabalhar com orientação de estudantes piauienses. Atualmente o programa em rede voltado para desen-volvimento e meio ambiente consiste em 7 programas, todos eles da região Nordeste, através de seis instituições fe-derais e uma estadual que fica na Bahia.

O Programa de Pesquisa em Polí-ticas Públicas também se destaca pelo caráter interdisciplinar já que agregou doutores dos Departamentos de Serviço Social e de Ciências Sociais. “Criamos duas linhas a partir do que os profes-sores produziam e a fim de atender à linha de Estado, sociedade e políticas públicas. Cresceu bastante a linha de políticas públicas e movimentos sociais com muita procura entre os candidatos enquanto a linha de Cultura e Identida-de foi declinando pela saída de alguns professores para outros programas”, co-menta Solange Teixeira.

Uma marca também dos programas consolidados é a ligação com a socieda-de. “Temos um diálogo com a sociedade tanto com professores que assessoram órgãos públicos ou participam de movi-mentos sociais, ou outros movimentos como conferências, ou como parece-ristas de periódicos nacionais”, explica a coordenadora da Pós-Graduação em Políticas públicas. Ela destaca ainda outros momentos de integração com a sociedade, como os cursos de extensão e

cursos de pós-graduação latu senso que o programa oferece onde há demanda do poder público, o principal financia-dor dos projetos.

Denis Barros destaca que a integra-ção com a sociedade acontece também na capacitação de profissionais para abordar temas relativos ao desenvol-vimento ambiental. “Outro desafio é você capacitar técnico e professores de instituições públicas e privadas para abordar a temática ambiental, o que mostra a importância do programa para o desenvolvimento do Estado”, destaca o coordenador do Programa de Pós-Gra-duação em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Segundo o coordenador, há pesquisas que mostram o Estado desde questões econômicas até questões am-bientais. “A abrangência territorial é um marco já alcançado e uma característica que se consolida no programa”, enfatiza.

Os programas atualmente estão con-solidados e já possuem também proje-tos para cursos de doutorado em desen-volvimento. “Em relação ao número de mestrados, é evidente o aumento quan-titativo dos programas. A outra tendên-cia interessante é a consolidação ainda de modo embrionário, muito aquém do que nós precisamos desses programas com a criação de doutorados”, ressalta

Denis Barros. Para Solange Teixeira, o doutorado

propõe a resolução de novos e antigos desafios. “Um doutorado precisa da evolução do programa seja em termos de nota feita trienalmente pela Capes. É na medida em que se percebe esse cres-cimento que a Capes autoriza o douto-rado. Temos conseguido o aprofunda-mento temático, mas o desafio continua sendo a infraestrutura”, analisa.

Entre os problemas apontados pela coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas, há a falta de um funcionário de carreira, tornando necessária, em determinados momentos, a contratação de pessoas para fazer o relatório enviado para a Ca-pes, pela falta de pessoas qualificadas na instituição. “Apesar da boa vontade de alguns terceirizados, não há qualifica-ção para este tipo de trabalho, que exige um conhecimento da rotina e que exige um trabalho mais qualificado”, relata So-lange Teixeira. Outros problemas são na área de infraestrutura pela necessidade de mais salas de aula, devido ao aumen-to de disciplinas a serem ministradas com os cursos de mestrado e doutorado.

“Esses programas se consolidam, amadurecem efetivamente com a cria-ção dos doutorados. Aqui já temos o

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Muitos mestrados foram cons-tituídos nos últimos anos. Quem faz parte destes mes-

trados mais recentes destaca que, apesar dos avanços, ainda há desafios considerá-veis no momento em que um Programa de Pós-Graduação é instalado. Somente em 2006, segundo a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), eram 9 Programas de Pós-Graduação em funcionamento no Piauí e apenas um deles com os cursos de Mestrado e Doutorado. Nos últimos seis anos, foram constituídos vários progra-mas que tiraram o Piauí do patamar dos Estados com menor número de progra-mas no Brasil.

novos programas buscam aprimorar diálogo com a sociedade

Por Carlos Rocha

doutorado e, para isso, é preciso ter uma avaliação mais expressiva por parte da Capes, com produção mais robusta e com uma massa crítica de alunos com mestrado do ponto de vista quantitativo e qualitativo no sentido de aprofundar a sua pesquisa”, ressalta Denis Barros. Para o coordenador, já existe, no Programa de Desenvolvimento e Meio Ambiente, massa crítica para o doutorado porque várias gerações já foram formadas ao longo de 12 anos e a demanda é aquela que tem condições concretas de produzir

trabalhos com mais aprofundamento.Denis Barros ressalta que o desafio

atual é aprofundar a interdisciplinari-dade que marca o programa. “Nós ain-da não chegamos a esse nível que seria o ideal, mas a produção já expressa esse olhar interdisciplinar, essa formação mais complexa do aluno que é desafiado a ir além da formatura de base e acres-centar outros conhecimentos e saberes na produção de sua pesquisa”, pontua. Solange Teixeira destaca que é preciso equilibrar-se nas exigências da Capes

para o programa. “Há uma exigência de um produtivismo para manter o progra-ma. Temos esse peso da responsabili-zação de ter de fazer pesquisa, orientar alunos e esse é um desafio para manter a produção anual qualificada em perió-dicos nacionais e internacionais. Outro desafio é a necessidade de intercâmbios entre grupos de pesquisa nacionais e in-ternacionais”, analisa acrescentando que ainda há dificuldades para iniciar parce-rias para mobilidade entre os programas de pós-sediados no Piauí.

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IêEntre os Programas de Pós-Gra-duação mais recentes, há exemplos de projetos que nasceram a partir de ou-tros cursos. “Nós começamos com o mestrado em 2006 com um programa de especialização voltada para alimen-tos e nutrição. Nós elaboramos um projeto em conjunto entre Alimentos e Nutrição em 2008, que foi avaliado e autorizado pela Capes e que começou a funcionar em 2009”, conta Regilda Saraiva Moreira-Araújo, coordenado-ra do Programa de Pós-Graduação em Alimentos e Nutrição na Universidade Federal do Piauí (PPGAN-UFPI).

Outros programas se constituí-ram sem uma frase preliminar com especializações, como o Programa de Pós-Graduação em Ciências da Com-putação (PPGCC). “Em 2010, o De-partamento de Informática e Estatísti-ca, na época, teve o retorno de alguns professores que haviam se afastado para concluir o doutoramento. Foram 4 professores afastados para douto-ramento e retornaram assim como a contratação de novos professores e, a partir desse momento, a gente passou a ter massa crítica com professores com doutorado e produção compatível com a solicitação do mestrado”, explica o coordenador do programa, André So-ares. Ele conta que houve um primeiro projeto submetido à Capes em 2010, a partir do grupo de professores que desejava viabilizar a continuidade das pesquisas que estes professores vinham realizando no seu período de forma-ção.

Com a primeira negativa da Ca-pes, coube ao grupo de professores estudar os pontos negativos apontados pela Capes. “Submetemos o projeto no ano seguinte corrigindo e finalmente a gente obteve êxito. A primeira turma iniciou em março de 2012. Atualmente estamos na segunda turma de alunos de mestrado”, destaca o coordenador. Os dois programas contam com 10 alunos em cada turma selecionada. “A maioria dos nossos estudantes já vêm

da iniciação científica para dar con-tinuidade e uma minoria é de outras universidades. Fizemos também edital interno e chegamos a 15 vagas e então fizemos uma reavaliação, observando que precisávamos melhorar nossa pro-dução e reduzimos para 10 vagas”, con-ta Regilda Moreira-Araújo, lembrando que, no começo, o programa também contava com 10 vagas ofertadas.

Entre os programas mais recentes, há vários desafios a serem superados. No PPGCC, há a busca por cada vez mais investimentos em infraestrutura.

“Se a gente considerar que, para traba-lhar com computação em uma primei-ra análise basicamente, você precisa de computadores, um recurso razoavel-mente acessível de forma geral a gente tem potencial para resolver problemas do Piauí, do Brasil e do mundo”, co-menta André Soares, exaltando que o Piauí conta com o ensino médio forte. Ele pontua que há bons alunos ingres-sando no mestrado, o que propicia a execução de excelentes projetos.

“O que ainda falta é uma maior interação do corpo docente com pro-blemas do Piauí e do Brasil como um todo, uma maior interação com as empresas para que a gente possa aplicar esse know-how também em problemas que clamam por soluções mais imediatas nas mais diversas áre-

as. Usando a mão de obra qualificada, nós temos o potencial de produzir so-luções nas mais diversas áreas”, anali-sa André Soares.

Regilda Moreira-Araújo ressalta que, no PPGAN-UFPI, há a busca por desenvolver produtos e as pessoas que produzem podem gerar renda e em-prego. “Por exemplo, em alimentos, estamos sempre trabalhando com ma-térias-primas regionais, como os frutos do cerrado, com o objetivo de determi-nar propriedades antioxidantes, porque ele pode ganhar um valor de mercado bem maior”, comenta a coordenadora.

Entre os produtos regionais uti-lizados, destacam-se o feijão caupi e a cajuína. “A gente trabalha com o feijão caupi, que é um produto regio-nal e, para nós, estamos buscando as linhagens com melhor perfil para de-senvolver produtos, a fim de ampliar o acesso àquele produto. Outro pro-jeto desenvolvido é a caracterização sensorial da cajuína para definir as propriedades locais, porque ela está buscando o selo de identidade local como a cajuína do Piauí”, conta Re-gilda Moreira-Araújo. Outra pesquisa que ilustra o diálogo com a sociedade são intervenções nutricionais visan-do à melhoria da qualidade de saúde e alimentação da população. “Agora, por exemplo, há uma pesquisa sobre obesidade com alunos pré-escolares”, pontua.

A mesma tendência é seguida no PPGCC. “A gente tem duas vertentes em termos de projeto: projetos volta-dos para a computação mesmo e ou-tros projetos voltados para a compu-tação aplicada como projeto voltado a detectar motoqueiros sem capacete”, disse André Soares. O projeto consiste em um fotossensor que detecta moto-queiros sem capacete. “Considerando que os gastos para reparar os pre-juízos são alarmantes, uma solução como essa pode chamar a atenção do motociclista para que use o capacete”, lembra o coordenador do PPGCC.

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Iê Mestrados no piauí possuem algumas particularidades

Por Carlos Rocha

Atualmente o Programa de Pós-Graduação de Alimentos e Nutrição da Universidade

Federal do Piauí (PPGAN-UFPI) é o único na área de Alimentos e Nutrição no Nordeste e também é o primeiro dentro da grande área de Ciência de Alimentos direcionado para a saúde. Além disso, o programa conta com intensa pesquisa voltada para matéri-as-primas regionais e com alunos que já vêm fazendo pesquisa desde o curso de graduação.

Rayssa Gabriela Costa Lima Porto e Nara Vanessa dos Anjos Barros par-ticiparam como equipe treinada no projeto “Caracterização Sensorial da Cajuína, pois, em 2011, eram alunas da graduação em Nutrição e bolsistas de Iniciação Científica (PIBIC) e de Ini-ciação Tecnológica (PIBIT). As duas estudantes, agora mestrandas pelo PPGAN-UFPI, trabalham em pesquisa voltada para estudar o feijão caupi. “É uma forma de valorizar o produto da região. Nós realizamos tanto a análise sensorial de um projeto como outras análises, como a busca pela atividade antioxidante que está associada à re-dução de risco de doenças crônicas”, explica Nara Vanessa.

Entretanto, o trabalho com produ-tos regionais também conta com difi-culdades. Rayssa Gabriela Costa Lima Porto lembra que a seca que afetou o Piauí também causou problemas para o material de pesquisa. “Algumas das matérias-primas regionais têm o perío-do de safra, e uma das principais difi-culdades é a sazonalidade e, em alguns casos, a gente armazena para fazer as análises da composição e otimizando”, relata.

A coordenadora do PPGAN-UFPI,

Regilda Moreira-Araújo, conta ain-da outra particularidade. “Temos 10 alunos e só tem uma pessoa que não tem bolsa. Nós tínhamos 8 bolsistas, uma passou em um concurso do IFPI e desistiu da bolsa. São pessoas que têm dedicação exclusiva e a gente observa que quem trabalha tem uma situação mais difícil, porque requer dedicação”, comenta a coordenadora. Ela explica ainda que entre os alunos do PPGAN, as pessoas que têm algum vínculo, tra-

balham com instituição de ensino e pesquisa. “Temos professores do IFPI recém-concursados e professores de in-stituições privadas de ensino. Estamos mais voltados para ensino e pesquisa do que para mercado. Em nutrição, é possível atuar no mercado através de hospitais, clínicas e laboratórios. A maioria se direciona mais para ensino e pesquisa e vem fazer o mestrado por este direcionamento”, finaliza Regilda Moreira-Araújo.

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Por Vanessa Soromo

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Iêpiauí fomenta capital humano com novas modalidades de pós-graduaçãoos cursos de mestrados Profissionais e de Doutorados Interinstitucionais

estão contribuindo para o desenvolvimento do Estado

O Mestrado Profissional (MP) e o Doutorado Interinstitucio-nal (Dinter) são modalidades

de pós-graduação stricto sensu ainda pouco presentes no mundo acadêmico piauiense, se comparadas aos progra-mas de Mestrado Acadêmico (MA) e Doutorado Institucional. Esses cursos vêm configurando-se como catalisadores para a qualificação do capital humano do Estado, ferramenta fundamental para o crescimento do mesmo, enquanto região.

O MP foi criado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), por meio da Portaria nº 80, baixada em novembro de 1998. A Capes considera as duas modalidades de curso em igualdade de condições e são ri-gorosamente avaliadas pelo órgão do Mi-

nistério da Educação. Mesmo assim, ainda existem certa resistência e preconceito em relação aos MPs, que pode ser explicada pela tradição já bem estabelecida de pós-graduação exclusivamente acadêmica.

Segundo o Coordenador Acadêmico Institucional do Mestrado Profissional em Matemática (Profmat), na Universidade Federal do Piauí (UFPI), professor Gilvan Lima de Oliveira, há quem faça questio-namentos sobre a equivalência do título de mestre profissional e o título de mestre acadêmico. O coordenador enfatiza que o valor da titulação é a mesma, e que a di-ferença primordial do MP é o foco, ligado diretamente ao perfil de seus alunos.

O documento que regulamenta o Mes-trado Profissional salienta as distinções da modalidade, que tem como foco norteador a capacitação de profissionais qualificados, por meio de estudos e técnicas voltados para o exercício da pratica profissional avançada. Os membros do corpo discen-

te dos MPs estão inseridos no mercado de trabalho, atuando nas salas de aula de escolas públicas e privadas de Ensino Fun-damental e Médio, situação que não ofere-ce condições de dedicação em tempo in-tegral, característica típica do público dos Mestrados Acadêmicos.

“Fica difícil para quem já está empre-gado nas cidades do interior vir para capi-tal, largar tudo de repente e começar um mestrado acadêmico”, comenta o profes-sor Nilmar Fonseca, que ministra a disci-plina de matemática em duas instituições de Ensino Básico na cidade de Floriano.

Mestrando da turma 2013 do Profmat na UFPI, o professor Nilmar Fonseca re-vela que encontrou, no mestrado profis-sionalizante, a oportunidade de melhorar a qualidade das atividades docentes que desempenha. Para ele, o formato de aula semipresencial foi decisivo na hora da es-

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Por Vanessa Soromo

colha do curso, “por ser encontros uma vez por semana, ser en-contros onde se tornam mais fácil frequentar e fazer um curso de modo a não ter que abandonar os engajamentos empregatícios que já possui”, destaca.

Deve-se enfatizar que a metodologia de ensino do MP não se caracteriza como uma forma facilitada de obtenção do título de mestre. De acordo com o professor Gilvan Lima, as aulas semipre-senciais concedem acesso a muitas pessoas que tiveram um bom desempenho na graduação, mas que não puderam ingressar em um mestrado acadêmico, por estarem inseridos no mercado de trabalho.

“O mestrado profissional é um mestrado que dá mais acesso. Então, é um mestrado muito bom, acho uma ideia maravilhosa, porque atinge mesmo o ensino básico e qualifica de forma bem seletiva essa mão de obra qualificada que nós temos nesses colé-gios, tanto colégio particular quanto colégio de rede pública, mas o objetivo maior é o pessoal da rede pública, qualificar esse pessoal para galgar um pouco mais na sua carreira”, discorre o coordena-dor do Profmat na UFPI.

A professora Vilmaria Rocha da Silva Ferraz, que ministra a disciplina Matemática Discreta no Profmat na UFPI, explica que a maioria dos seus alunos são professores no Ensino Médio da rede pública de ensino e que as disciplinas do curso estão voltadas para esse nível de ensino. “Quem faz Mestrado Profissional é quem quer continuar dando aula, quem faz mestrado acadêmico é quem

quer ser um pesquisador, descobrir novos teoremas, descobrir no-vos lemas, descobrir novas fórmulas e, geralmente, quem faz esse tipo de mestrado galga trabalhar na Universidade”, ressalta.

Dentre os objetivos do MP segundo a Capes, está a transferên-cia de conhecimento para a sociedade, por meio do atendimento a demandas específicas visando ao desenvolvimento nacional, re-gional ou local. “A Capes e as Instituições de Ensino Superior en-tenderam o momento atual de desenvolvimento econômico que o país vive e a necessidade que está atrelada a isso; maior número de profissionais com alta qualificação para atuarem e exercerem suas profissões com maior habilidade, trazendo um retorno muito maior para a sociedade brasileira. Então, esse é o ponto crucial”, enfatiza o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Universi-dade Estadual do Piauí (Uespi), Geraldo Eduardo da Luz Júnior.

Em abril deste ano, a Uespi, através da Coordenação de Letras/Português, lançou o Edital do Exame Nacional de Acesso ao Mes-trado Profissional em Letras (Profletras). As provas foram realiza-das no mês de junho e contou com candidatos de estados vizinhos, como o Maranhão e a Bahia. De acordo com o site da Uespi, 730 pessoas se candidataram para as 30 vagas ofertadas. Dentre as 38 Instituições de Ensino Superior (IES) que participaram em todo o país, a Uespi ficou em segundo lugar em número de procura.

Para o Pró-Reitor Geraldo Eduardo, o MP tem importância fundamental para determinadas áreas – engenharias, direito e me-dicina – que, por natureza, têm perfis muito profissionalizantes. “São áreas que o mestrado profissional é muito mais aconselhá-vel, vamos dizer assim, do que o mestrado acadêmico, porque boa parte dos profissionais vai atuar no serviço e não na academia”, explica.

A Capes não exige que o corpo docente dos cursos de MP seja composto exclusivamente por doutores, o que acontece no caso dos Mestrados Acadêmicos, mas é necessário que seus profissio-nais tenham notória experiência na área em que atuam. Mesmo assim, na Uespi, ainda não foi possível implantar um MP na área do Direito, porque “é uma daquelas áreas em que é difícil encon-trar profissionais qualificados em nível de mestrado e doutorado”, explica Geraldo Eduardo.

A demanda pelos Mestrados Profissionais vem crescendo no Estado. Atualmente a Faculdade UNINOVAFAPI oferece um mestrado profissional com área de concentração em “Saúde da Fa-mília”, e tanto a Uespi quanto a Ufpi planejam ofertar futuramente novas pós-graduação nessa modalidade, nas áreas de Biologia, Física e Química. Atualmente o Mestrado Profissional em Epide-miologia das Doenças Transmissíveis é resultado da parceria entre UESPI, a UFPI, a Secretária de Saúde do Estado do Piauí (Sesapi) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

“Ele é voltado a servidores da área de saúde que estejam vincu-lados a alguma secretária de saúde, seja ela estadual ou municipal. E o principal objetivo é qualificar esse pessoal do serviço. Então, o produto final tem que trazer uma contribuição prática para o sis-tema de saúde”, finaliza Geraldo Eduardo, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uespi.

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IêDoutorado interinstitucional – Dinter

Os Programas de Doutorados Interinstitu-cionais (Dinters) visam formar um grupo ou turma de alunos de doutorado, sob con-

dições especiais, que se referem ao fato de parte das atividades do curso ser desenvolvida em outra insti-tuição, ou seja, na Instituição Promotora. No entanto, a maior parte das atividades relativas ao curso é de-senvolvida na Instituição Receptora.

As Instituições de Públicas de Ensino Superior do Estado do Piauí ainda não contam com Programas Promotores, configurando-se como Instituições Re-ceptoras, ou Associadas, que podem juntar-se à Insti-tuição Receptora como beneficiária do projeto.

A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) conta atualmente com três Doutorados Interinstitucio-nais: em Geografia e em Letras, com convênio com a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE); e em Engenharia de Sistemas, conveniado com a Universi-dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A Universi-dade Federal do Piauí (UFPI) tem, na sua relação de Dinters, onze cursos nas áreas de Agronomia, Ciên-cia da Computação, Ciências Médicas, Enfermagem, Filosofia, Geografia, História, Odontologia, Políticas Públicas, Ecologia e Educação. São, ao todo, nove ins-tituições promotoras diferentes.

Os cursos de Dinters, assim como os cursos de Mestrado Profissional (MP), não exigem dedicação exclusiva, característica que facilita o acesso de do-centes, que não necessitam se afastar de suas ativida-des por um longo período, cerca de quatro anos, no caso dos doutorados convencionais. “Sem falar que fica muito mais barato, ao invés de você deslocar uma turma inteira para fazer um curso fora, você desloca o professor de lá que vem ministrar essa disciplina aqui, na própria universidade”, comenta o Professor Paulo Ramalho, Coordenador de Pós-Graduação – PRPG da UFPI.

Contudo, para o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uespi, Geraldo Eduardo da Luz Júnior, essa peculiaridade dos Dinters muitas vezes acarreta uma diminuição na qualidade da formação do dou-tor, provocada pelo menor tempo de dedicação para

o desenvolvimento de trabalho de tese, tendo em vis-ta que o professor não precisa se afastar integralmente das atividades docentes da IES.

“Um curso de doutorado exige muito, só quem fez um doutorado ou está fazendo um doutorado, sabe o quanto que se é exigido durante o curso, porque o objetivo do doutorado é formar um pesquisador, no Brasil esse é o objetivo”, explica o pró-reitor.

Diante dessa necessidade, o Pró-Reitor Geraldo Eduardo da Luz Júnior revela que a Uespi, por meio do seu Conselho Superior, tem concedido o afasta-mento aos docentes que o solicitam com a finalidade de se dedicar ao desenvolvimento da sua pesquisa de tese.

Para a primeira Doutoranda do Dinter Uespi/UFPE/Ifpi, Margareth Torres de Alencar Costa, pro-fessora do quadro efetivo da Uespi, uma das razões que a levaram a cursar um doutorado no formato de Dinter foi o fato de poder seguir contribuindo com a Universidade enquanto se qualificava.

“A experiência de cursar um doutorado é ímpar, é um período que exige do aluno doutorando muita disciplina, dedicação e força de vontade, e o fato de nossa Instituição não ter medido esforços em cum-prir rigorosamente a liberação dos alunos todas as vezes que se fez necessária foi muito importante”, co-menta a Doutora.

A professora Margareth Torres de Alencar Costa cursou o Doutorado em Letras: Área de Concentra-ção - Teoria da Literatura, com a tese: Sóror Juana Inês de La Cruz: Autobiografia e Recepção. A pesqui-sadora explica que ficou seis meses trabalhando nas atividades acadêmicas normalmente e seis meses na UFPE cursando créditos do Doutorado e realizando pesquisas.

Segundo o Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Gradua-ção da Uespi, em contrapartida, os Dinters têm um ponto extremamente importante no que se refere ao intercâmbio de conhecimento entre os pesquisadores das instituições participantes do Dinter e ao aumento no número de doutores da instituição receptora.

“Por meio de um Dinter, com uma instituição grande, como, por exemplo, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a gente consegue qualificar de 6 a 12 professores de uma mesma área e, ao mes-mo tempo, com isso, nós conseguimos formar um grupo de pesquisa que já nasce forte, já nasce coeso”, explica Pró-Reitor.

Com mais docentes qualificados em nível de dou-torado, as Instituições de Ensino Superiores piauien-ses tornam-se mais competitivas e autossuficientes, como explica o Professor Paulo Ramalho, Coor-denador de Pós-Graduação da UFPI. “Esse doutor termina tendo mais autonomia para captar recursos, participando de editais das agências de fomento, e

eles também terminam reforçando o potencial de pesquisa do setor em que ele está engajado. Não só ele tem mais autonomia, como também a própria insti-tuição”, acredita.

Hoje, por conta dos Dinters, a Uespi tem doutores em quase todas as áreas do conhecimento, releva Ge-raldo Eduardo. Assim, as possibilidades de formação de grupos de pesquisa com a finalidade de conseguir submeter projetos de pesquisa a órgãos de fomento estaduais ou federais são bem maiores.

“Quando nós conseguimos aumentar o número de doutores da instituição, nós nos credenciamos a participar de editais, que antes nós não poderíamos, porque eram limitados pelo número de doutores”, afirma o Pró-Reitor da Uespi.

Os Dinters implantados no Estado abrangem várias áreas do conhecimento e têm a finalidade de potencializar os recursos humanos do Piauí em li-nhas de pesquisas que respondam às necessidades regionais. “Os nossos Dinters são em áreas que ha-viam uma demanda reprimida muito grande e em algumas ainda há”, afirma Geraldo Eduardo. As duas instituições preveem, para os próximos semestres, a renovação de Dinters e a abertura de novos progra-mas em áreas que ainda não foram contempladas com essa modalidade de doutorado, mas que existe uma carência por capacitação e desenvolvimento científico.

Com crescimento no número de doutores e con-sequentemente com a melhoria dos níveis dos cursos ofertados pela IES do Estado, já começa a ser vislum-brada a possibilidade de as Instituições tornarem-se Promotoras. O primeiro passo é ter programas con-solidados, reconhecidos pelo MEC/CNE com con-ceitos maior ou igual 5 na última avaliação trienal, realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

“Está sendo feita a avaliação desse último triênio, o resultado dessa avaliação sai até o final do ano. Vamos ver se a gente vai ter algum curso com nível 5, para que a gente comece”, espera o coordenador Paulo Ramalho.

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EDu

FPI publicações de obras acadêmico-

científicas crescem no estadoApesar dos avanços do setor, o Piauí ainda sofre

com o mercado consumidor limitado

Por Vanessa Soromo

A Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Piauí (IFPI) ainda não con-tam com editoras próprias, mas há projetos de criação.De acordo com a professora Edina Luz, Membro do Comitê Interno de Pesquisa, “há na Uespi proposta para a criação de uma Editora Universitária, mas carece de aprovação do novo organograma da Ins-tituição que ainda não foi aprovado pelo governo do Estado”, explica.Atualmente o processo de publicação de livros na Universidade Estadual do Piauí acontece de forma independente, embora a Universidade possua um prefixo editorial, mais utilizado para publicação dos livros dos cursos de Educação a Distância (EaD) e dos livros de resumo dos eventos científicos.No IFPI, está sendo elaborada a proposta de criação da editora do Instituto, segundo o Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação, Ayr-ton de Sá Brandim, que revela que, “em novembro de 2012, foi instituído no IFPI o Conselho Editorial para auxiliar os pesqui-sadores na publicação de livros, pois até en-tão os pesquisadores não tinham nenhum apoio”.

A Editora da Universidade Fe-deral do Piauí (Edufpi), há 22 anos, vem difundindo a produ-

ção cientifico-acadêmica da Universi-dade. Dados apontam que a editora tem crescido de forma vertiginosa, tanto em termos qualitativos como em termos quantitativos. No ano passado, a Edi-tora e o autor João Kennedy Eugênio receberam o Prêmio Jabuti, a principal premiação literária brasileira, pela pu-blicação do livro “Ritmo Espontâneo”.

Nos últimos quatro anos, foram so-licitados e fornecidos 400 registros de

ISBN, sistema internacional que iden-tifica numericamente os livros segun-do o título, o autor, o país e a editora. “No ano passado, nós fornecemos 110 registros em ISBN, que é muita, muita coisa. Nesses anos que eu estou à frente da editora, já foram mais de 400 regis-tros de ISBN junto à biblioteca nacio-nal, que é um dado formidável”, conta o professor Ricardo Alaggio Ribeiro, presidente da Edufpi e do Conselho Editorial.

Nem todos esses registros de ISBN foram oriundos de recursos próprios da Edufpi. De acordo com o presiden-te Ricardo Alaggio, o maior obstáculo enfrentado pela Editora atualmente é a falta de orçamento anual, o que im-possibilita um planejamento editorial. “Nós não temos uma dotação anual de recursos, todo recurso e toda publica-ção tem que ser negociada com a admi-nistração superior, quando é necessário fazer uma licitação. Esse para mim é o principal problema juntamente com os gargalhos de distribuição que nós te-mos”, revela.

Para distribuir os livros, a Edufpi conta com o Programa Interuniversitá-rio para Distribuição de Livro (PIDL), que consiste em divulgar e comerciali-zar os livros produzidos pelas editoras associadas à Associação Brasileira de Editoras Universitárias (ABEU). No entanto, devido a problemas com a de-manda, o índice de distribuição é baixo. De acordo com o presidente da Edufpi, o mercado é limitado, pois se volta para o setor acadêmico piauiense. “Só muito excepcionalmente um livro nosso al-cança um público piauiense mais vas-to”, conta.

Estratégias têm sido criadas com a

finalidade de ampliar o mercado con-sumidor da Edufpi. A editora planeja utilizar a rede de distribuição da Uni-versidade Estadual Paulista (Unesp) e o site da Instituição, para alavancar os índices de distribuição. A participação no Programa Coleção Nordestina, no qual todas as universidades da região Nordeste se propõem a produzir um li-vro por ano, com tema ligado ao estado de origem, vem configurando-se como um vetor de propagação do trabalho da Edufpi, assim como o apoio dos profes-

Foto: Vanessa Soromo

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sores da Ufpi e de outras instituições do Estado que têm obras publicadas pela Editora.

O Salão do Livro do Piauí (Salipi) também se tornou um aliado para di-fusão das obras da Edufpi. “É a grande vitrine do livro do Piauí, é uma grande vitrine também para os livros da edito-ra da Universidade Federal do Piauí. É um momento em que fazemos uma boa divulgação, vendemos bastante”, revela o presidente.

O crescimento das vendas é um fator determinante para o desenvol-vimento e autossuficiência da Edufpi, que visa investir mais em segmentos fundamentais para sua popularização, que se referem aos trabalhos de edito-riais, tradução, diagramação e revisão. “Nós temos que apostar mais nesse tipo de serviço que são próprios de uma editora, nós fazemos isso, mas de uma forma ainda muito pontual”, explica o professor Ricardo Alaggio, que acredi-ta que essas limitações serão sanadas à medida que a Editora avançar institu-cionalmente, o que deve acontecer em curto prazo, já que os índices de produ-ção são positivos.

Fato que contribuiu de forma signi-ficativa para o quadro de produção foi o lançamento de cerca de 90 títulos de

autoria de professores da Universidade Federal do Piauí, todos em formato de livros didáticos para a Universidade Aberta da UFPI – Centro de Educação Aberta e à Distância (Cead). Essas pu-blicações refletem uma mudança nas linhas editoriais que Edufpi vem pro-vocando.

O trabalho da Editora respondia basicamente a demanda dos professo-res, que começa a voltar seu olhar para o estudante, que vem aumentando em número a cada dia, comprovado pelo crescimento de cursos de pós-gradu-ação em diversas modalidades no Es-

tado. “Nesse ponto de vista do aluno, duas coisas são importantes, primeiro: a gente publicar obras de referências estaduais. Obras que estão fora de ca-tálogo. Nós sabemos que são obras que professores nossos, de diversos cursos usam na sala de aula”, explica Ricardo Alaggio.

A área que mais oferece títulos para publicação na Edufpi, atualmente, é a de Humanas, quadro também obser-vado nas demais editoras universitárias do país. Muitas delas acabam-se espe-cializando em uma determinada área, Letras, Filosofia, Teologia. “Nós não temos isso. Nossa produção é um mix dessas áreas de Ciências Humanas, e penso que é bastante representativo da produção da Universidade Federal do Piauí, que é grande, cada vez maior”, ressalta o presidente da Edufpi.

Ricardo Alaggio explica que o ob-jetivo da editora é a divulgação do sa-ber acadêmico, mas não é por isso que o mercado deve ser desprezado, já que este se caracteriza com um canal de di-vulgação do livro, responsável por levá-lo a lugares mais distantes. “Livro não é para ficar dentro de livraria, ficar pa-rado dentro do estoque. O meu maior medo hoje é criar estoque de livros que nunca vão ser lidos. Nós só produzimos livros hoje, se achamos que existe um público de referência universitária ou um público de referência local, que tem vontade de ler aquele livro. Esse é um ponto fundamental para nós”, finaliza.

A livraria universitária da ufPI ganhou o nome do professor de filosofia e latim, monsenhor melo

Presidente da edufpi destaca as conquistas da editora e pontua os obstáculos a serem enfrentados

Foto: Eline Reis

Foto: Vanessa Soromo

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DIcAS DE lIvrOS

autor: Viriato Campelo Número de páginas: 290

ano: [email protected]

A obra é resultado de uma ex-tensa pesquisa a respeito do setor de saúde do estado do Piauí de 1941 a 1991, período que compre-ende o governo de Petrônio Portela e que tem como marco a criação da Secretária de Saúde do Estado e a posterior consolidação do órgão, durante a gestão de Antônio de Al-mendra Freitas Neto.

O livro é de grande relevância por se configurar como um supor-te para os estudos realizados na academia e também pode ser bas-tante útil para os gestores conhece-rem o panorama do setor de saúde do Piauí da época. Os graduandos da área de saúde das instituições de ensino do Estado poderão ter acesso aos temas ligados à área de saúde pública respaldados em da-dos que retratam a realidade local.

Viriato Campelo é médico do Tribunal de Justiça do Estado do Piauí e professor associado da Uni-versidade Federal do Piauí.

saúDe pública nO piauí

1941-1991

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DIcAS DE lIvrOS

“10 anOs DO FesTiVal De inVernO De

peDrO ii e OuTras HisTórias”

autor: Ernâni GetiranaNúmero de páginas: 158

ano: [email protected]

A obra apresenta a história do Festival de Inverno de Pedro II desde a criação até os dias de hoje. Além disso, o autor retrata fatos do cotidiano da cidade, revelando os costumes, os sonhos, as triste-zas e as alegrias do povo da Terra da Opala.

autor: Maria Auxiliadora Ferreira Lima, Francisco Alves Filho e

Catarina de Sena S. Mendes da CostaNúmero de páginas: 200

ano: [email protected]

[email protected]

A publicação reúne trabalhos apresentados na XXII Jornada Nacional de Estudos Linguísticos, realizada em Teresina, na Univer-sidade Federal do Piauí em 2010. A obra contém 12 artigos de pes-quisadores de Universidades das regiões Norte, Nordeste e Sudeste do Brasil.

Os temas aqui trabalhados são frutos de pesquisas realizadas em diversas áreas e trazem uma signi-ficativa contribuição para os estu-dos linguísticos e literários.

linguísTica e liTeraTura:

percOrrenDO caMinHOs

c.H.O.Q.u.e. - TraTaMenTO para O surTO

eMpreenDeDOrautor: Marcus LinharesNúmero de páginas: 152

ano: [email protected]

C.H.O.Q.U.E.-Tratamento para o Surto Empreendedor é um e-book que pode ser acessado gratuitamente no endereço ele-trônico: www.choqueonline.com.br. A proposta do autor é apontar caminhos que levem acadêmi-cos, professores, pesquisadores, empresários e, sobretudo, empre-endedores a transformarem suas ideias e/projetos em negócios.

Marcos Linhares é Bicampeão do Prêmio Educação Empreen-dedora Brasil (ENDEAVOR/SE-BRAE).

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GErAtEc pesquisadores do geratec expõem

primeiros resultados do projeto As pesquisas realizadas nos núcleos estruturam o setor de C&T do Estado.

Jhonatan Roney cursa o 5º período do Curso de Biologia na Universi-dade Estadual do Piauí (Uespi) e, há

alguns meses, se tornou estagiário vo-luntário do Laboratório de Pesquisa de Microbiologia (Labmic), um dos cinco subprojetos que formam o Núcleo Inte-rinstitucional de Estudos e Geração de Novas Tecnologias para o Fortalecimen-to do Arranjo Produtivo Local do Baba-çu (Geratec). O projeto é resultado do convênio firmado entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), órgão do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), e a Fundação de Amparo à Pes-quisa do Estado do Piauí (Fapepi).

O estudante enxergou no projeto a oportunidade de iniciar uma sólida for-mação científica e tecnológica. “A cada prática que a gente realiza é uma des-coberta fascinante, além de enriquecer cada vez mais o nosso currículo do cur-so de Biologia e contribuir muito para a nossa formação científica”, acredita Jho-natan Roney.

O entusiasmo do estudante de Bio-logia não é algo isolado. Segundo o co-ordenador do Geratec, professor Nouga Cardoso Batista, o corpo docente e o discente das graduações estão motiva-dos, o que vem contribuindo para a me-lhoria dos cursos da Uespi que come-çam a colher resultados positivos, como a aprovação em número cada vez maior de egressos da Universidade em progra-mas de pós-graduações.

O objetivo do Geratec é desenvolver pesquisas na área da cadeia produtiva local do babaçu, contudo, as possibilida-des e os trabalhos desenvolvidos pelos

professores, pesquisadores e alunos que participam do projeto vão além. “Foi um projeto que nos deu a possibilidade de trabalhar no futuro, por causa da infra-estrutura que ele tem. Não é só com o babaçu, a gente pode também expandir para outras áreas importantes que tem o Piauí. Essa infraestrutura é muito im-portante para a Universidade, para que a gente possa desenvolver junto com os alunos novos projetos de pesquisa”, ex-plica a professora Doutora Silvia Maria Colturato Barbeiro, do Laboratório de Biologia Vegetal (Labioveg).

Os laboratórios foram estruturados com equipamentos de última geração, divididos estrategicamente nas três Ins-tituições de Ensino Superior do Estado do Piauí. Na Uespi, foram criados o Nú-cleo de P&DI em Oleoquímica de Deri-vados Químicos do Babaçu, o Núcleo de Pesquisa em Substâncias Antimicrobia-nas Extraídas do Babaçu – Labmicro e o Núcleo de Pesquisa em Biologia Vegetal

do Babaçu - Labioveg; na UFPI, estão incluídos também o Núcleo de Desen-volvimento de Novos Materiais e de Nanotecnologia e, no IFPI, o Núcleo de Desenvolvimento de Tecnologias Apro-priadas à Cadeia Produtiva do Babaçu.

A Uespi, como instituição executora do projeto, recebeu o prédio do Gera-tec que foi instalado no campus Poeta Torquato Neto, sendo a UFPI e o IFPI os co-executores. “É um projeto muito amplo, em que várias universidades se juntaram e cada uma ficou com uma parte da pesquisa. Aqui, como o corpo da física é forte, da botânica também, a nossa influência maior foi nesse lado. Os outros ficaram com outras áreas”, expli-ca a professora Silvia Maria Colturato Barbeiro.

O intercâmbio de conhecimento oriundo da parceria de pesquisadores que atuam em diversas áreas dentro do Geratec é um dos pontos positivos do projeto destacado pelo professor Nouga Cardoso Batista. “O Geratec tem per-mitido uma aproximação muito grande entre pesquisadores dessas três institui-ções. Parcerias em pesquisas têm sido possíveis e muito já se conseguiu pro-duzir, e várias são as contribuições de produção de conhecimento acadêmico, intercâmbios, resultando em um grande número de publicações científicas”, co-menta.

Com o apoio do Geratec, foi possível implantar bolsas de iniciação científica, de apoio técnico e para pesquisadores recém-egressos de programa de douto-rado. “Estas bolsas, além de contribuir para a manutenção de pesquisadores no

Professor Nouga cardoso batista, coordenador do Projeto geratec

Fotos: Marco Aurélio

Por Vanessa Soromo

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O objetivo do geratec é desenvolver pesquisas na área da cadeia produtiva local do babaçu, contudo, as possibilidades e os trabalhos desenvolvidos pelos professores, pesquisadores e alunos que participam do projeto vão além.

projeto, foi também importante para a fixação destes no Estado do Piauí. Vá-rios foram os pesquisadores aprovados em concursos públicos na Uespi, UFPI e IFPI após passarem pelo Geratec”, ex-plica Nouga Cardoso Batista, ressaltan-do que, por meio do Geratec, tem sido possível deslocar pesquisadores para outros centros de pesquisa e congressos científicos no país.

A expectativa é que, a partir das pes-quisas inovadoras desenvolvidas pelo projeto Geratec, o Piauí cresça na área da Ciência e Tecnologia, como explica a professora Maria Helena, analista de projetos da Finep. “Essa é uma ação para desenvolver, estruturar o setor de C&T do Estado. Quer dizer, ela não se restrin-ge à parte acadêmica. A gente espera que estejam sendo pensadas outras ações inclusive com o setor produtivo para deslanchar a estruturação do sistema de C&T do Piauí”.

Segundo o professor Cláudio Ruy Fonseca, consultor da FINEP, o orgão vem realizando um grande esforço para levar financiamentos aos Estados brasi-leiros que ainda têm uma infraestrutura pequena em C&T, para isso, está aglu-tinando diversos grupos de pesquisas que estão trabalhando soltos, sem uma integração propriamente dita. “A expec-tativa da FINEP é que esse financiamen-to tenha feito essa integração, que essa infraestrutura traga possibilidade de fazer pesquisas um pouco mais profun-das e que isso possa efetivamente gerar oportunidades novas para a economia do estado”, revela o consultor Claúdio Ruy Fonseca.

Para o coordenador do Geratec, a in-fraestrutura dos núcleos das três univer-sidades contempladas está em igualdade de condições se comparadas a grupos de pesquisa importantes de outras regiões do país. “Essas condições deverão in-fluenciar brevemente na aprovação de programa de mestrado e, em um futuro bem próximo, em programas de douto-rado em ciências da natureza no Estado do Piauí”, finaliza o coordenador Nouga Cardoso Batista.

Foto

s: M

arco

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Prédio do geratec na uespi, onde funcionam três dos cinco núcleos de pesquisa do projeto

A infraestrutura do geratec expandiu as pesquisas no estado

representantes da finep conversam com professora durante visita aos núcleos Pesquisadores têm acesso à tecnologia de ponta

coordenador do Projeto mostra equipamentos a representante da finep

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tES

ES Professor da UFPI/Campus Parnaíba/ DCCJ/Contábeisdefesa: Universidad Autónoma de Asunción, Fev.2013, 202 [email protected]

Professor Adjunto do Departamento de Computação da UFPIdefesa: Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, 2011 [email protected]

rogério Ferreira dos santos andré Macêdo santana

A tese investigou os fatores operacionais de desen-volvimento regional no arranjo produtivo de turismo Rota das Emoções – Jeri, Delta, Lençóis

(Brasil), com o objetivo geral de identificá-los. A pesquisa foi exploratória e descritiva, com análise das informações do tipo qualitativa e teve como instrumentos de coleta de dados os questionários de entrevistas, aplicados nos anos de 2010 e 2011aos gestores de cada APLs do trade turís-tico nos municípios de Jijoca de Jericoacoara-CE, Parna-íba-PI e Barreirinhas-MA. Verificou-se também a fre-quência do grau de ocorrência nos 03 (três) municípios de 34 indicadores de desenvolvimento com dimensões cultural, social, econômica e turística. E, como resultado secundário, identificou-se a existência de um Arranjo Produtivo Regional (APR) de turismo integrado às ações e atividades como produto turístico no uso dos recursos naturais do Parque Nacional de Jericoacoara, a APA do Delta do Parnaíba e o Parque Nacional dos Lençóis Ma-ranhenses. Concluiu-se que os princípios de territoriali-dade (integração regional) e habitus (habitualidades so-ciais) constroem as teorias de desenvolvimento regional e que um aglomerado do tipo clusters constitui a teoria de arranjos produtivos, que foi utilizada como fundamen-tação teórica à identificação do APR Rota das Emoções, compondo-se de 20 entidades governamentais (agências reguladoras, infraestrutura de transportes, energia, sane-amento, saúde, financiamento e educação); 16 entidades sociais (associações, cooperativas e sindicatos) e 347 enti-dades empresariais (hotéis, restaurantes, agências de via-gens, transportes, lojas e serviços de entretenimento). A região turística de Jericoacoara apresenta forte interven-ção no uso dos recursos naturais e regula a visitação dos turistas; a região turística do Delta se destaca pela vocação ao desenvolvimento econômico com empreendimentos de notável força empresarial e imobiliário, favorecendo uma expansão demográfica, com crescente educação su-perior regional que capacita o mercado; e a região turísti-ca dos Lençóis Maranhenses pouco absorve os benefícios do turismo, problema a ser discutido em planejamento estratégico dos agentes e atores do APR e principalmente pela Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável (ADRS) – gestora desse roteiro turístico.

Um atributo essencial para autonomia de ro-bôs inteligentes é uma percepção confiável do mundo. Um robô capaz de perceber o am-

biente usando seus sensores estará apto a realizar ações inteligentes para executar tarefas úteis e importantes, como a manipulação de objetos, transporte automati-zado, monitoramento, resgate, dentre outros. Porém, além da confiabilidade da percepção, para a aceitação generalizada de aplicações, é necessário que as tec-nologias utilizadas para este fim gerem soluções com preços acessíveis. Nesse sentido, algoritmos de SLAM (Simultaneous Localization and Mapping) usando como sensor principal do robô uma única câmera (SLAM visual) mostram-se como soluções baratas e atraentes para aplicações robóticas. Assim, o objetivo desta tese é apresentar uma técnica de SLAM visual, adequada para ambientes planos com linhas presen-tes no chão, de modo a permitir que o robô navegue no ambiente, fundindo informações de odometria e de visão monocular. Nota-se que muitos ambientes, como casas, escritórios, aeroportos, supermercados e hospitais, por exemplo, possuem esta característica no piso. No sistema desenvolvido, inicialmente é fei-ta uma etapa de segmentação para classificar as par-tes da imagem em “chão” e “não-chão”. Em seguida, o processador de imagem identifica linhas na parte “chão”, e os parâmetros dessas linhas são mapeados para o mundo, usando uma matriz de homografia. Finalmente, as linhas identificadas são usadas como marcos no SLAM, para construir um mapa de ca-racterísticas. Em paralelo, a pose corrigida do robô, a incerteza em relação à pose e a parte “não-chão” da imagem são usadas para construir uma grade de ocupação, gerando um mapa métrico com descrição dos obstáculos. Ressalta-se que a utilização simultâ-nea dos dois tipos de mapa obtidos (grade de ocupa-ção e mapa de características) dá maior autonomia ao robô, permitindo acrescentar tarefas de planejamen-to em simultâneo com a localização e mapeamento. Resultados práticos com robô real são apresentados.

Fatores operacionais de desenvolvimento regional no arranjo

produtivo de turismo rota dasEmoções – Jeri, Delta, Lençóis (Brasil)

Localização e mapeamento Simultâneos de Ambientes Planos

usando Visão monocular erepresentação Híbrida do Ambiente

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tES

ESProfessora de Ginecologia da Universidade Estadual do Piauídefesa: Doutorado em Ciências na Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP – [email protected]

Professora Adjunta da UFPI – Campus Cinobelina Elvasdefesa: Universidade Estadual de Campinas, [email protected]

andréa cronemberger rufino Maraisa lopes

Com o objetivo de conhecer como as escolas mé-dicas brasileiras ofertam o ensino da sexualidade, um estudo exploratório, transversal e descritivo foi

conduzido. Um questionário semiestruturado foi respon-dido por 207 docentes de 110 escolas médicas brasileiras, sobre as características da oferta de temas de sexualidade nas disciplinas que eles ministram. O perfil dos docentes e os seus objetivos para ensinar sexualidade foram descri-tos. A taxa de resposta dos docentes ao questionário foi de 77,2%, sendo a sexualidade ofertada por 96,3% deles. Os professores envolvidos com o ensino da sexualidade têm vínculo efetivo com suas escolas médicas (93,5%) e a me-tade deles é ginecologista. A oferta da sexualidade ocor-reu principalmente durante o terceiro e o quarto ano dos cursos (100%) com carga de até seis horas por disciplina. A Ginecologia foi a disciplina que mais ofertou temas de sexualidade em aulas (52%), seguida pela Urologia (18%) e pela Psiquiatria (15%). Uma disciplina específica em sexu-alidade foi citada por 3% dos docentes. A temática sexual foi inserida principalmente em aulas sobre DSTs e AIDS (62,4%), anatomia e fisiologia dos aparelhos reprodutores (55,4%) e anticoncepção (53,2%). Aquelas com títulos se-xuais foram identificadas por 25,3% dos docentes. Nas au-las, eles enfatizaram o impacto de doenças e hábitos sobre a sexualidade (87,9%) e problemas sexuais (82,3%). Houve menor destaque para os aspectos sociais (76,4%) relacio-nados à sexualidade e à diversidade sexual (63,9%). Os objetivos dos docentes ao ofertar educação sexual expres-saram majoritariamente os aspectos orgânicos e biológicos relativos à sexualidade (96,7%) e o estímulo à mudança de atitudes dos alunos quanto a questões sexuais (96,2%). Es-tes dados indicam que o ensino da sexualidade é ofertado por quase todos os docentes das escolas médicas brasileiras que participaram do estudo. No entanto, este ensino ocorre de forma não padronizada e fragmentada em várias dis-ciplinas, especialmente na Ginecologia. A sexualidade foi inserida no ensino médico com um viés orgânico e pato-lógico. Houve menor destaque para a construção social da sexualidade e a orientação sexual. A mudança de atitudes dos alunos diante de questões sexuais foi o objetivo mais pretendido pelos docentes ao ensinar sobre sexualidade.

Esta pesquisa inscreve-se na perspectiva materia-lista da HIL e mobiliza o dispositivo teórico-ana-lítico da AD, a partir do qual me coloquei frente

ao empreendimento de compreender o modo pelo qual os manuais de redação de uma empresa jornalís-tica, em meu caso, a Folha, se configurariam enquanto um instrumento tecnológico do espaço discursivo do jornalismo (hipótese com a qual passei a trabalhar), que pauta a escrita jornalística que, por sua vez, inscre-ve-se na produção de conhecimento sobre a história da língua e a história do conhecimento sobre a língua, funcionando como um instrumento linguístico. Além disso, trabalho com a compreensão de que a constitui-ção da instituição ‘jornal’ se dá em uma relação com um ‘poder dizer’ (MARIANI, 1999), instaurando uma memória discursiva no funcionamento da instituição jornalística. Meu dispositivo teórico repousa nas no-ções correntes da AD, mais propriamente, naquelas postuladas por Pêcheux, Henry, Guilhaumou, Maldi-dier, Orlandi e recorro a Mariani, Silva, Pfeiffer e Silva para tangenciar as questões relativas ao discurso jor-nalístico. Compreendo em minha pesquisa as condi-ções de produção das versões dos manuais de redação da Folha, bem como o processo de institucionalização do Grupo. Além de ter buscado apresentar algumas considerações acerca desse instrumento tecnológico, o manual. Pensar o discurso jornalístico impõe que se pense também uma questão de memória, um já dito que constitui todo o dizer; nos manuais, noto um tra-balho de atualização de enunciados, num movimento que o constitui enquanto pertinente aos meandros do jornalismo e enquanto um recorte da língua, que pos-sibilita a produção de textos que se coloquem no lugar do bem-dizer. Considerando os efeitos de sentido ob-servados em minha pesquisa, compreendo que o ma-nual sustenta um imaginário de referência de língua tanto para o jornalismo, quanto para a escola que, cada vez mais, se apropria dos textos midiáticos.

Estudo transversal e descritivo sobre o ensino da sexualidade nas escolas

médicas brasileiras

Folha: Do manual ao Jornal ou do Jornalístico ao Pedagógico

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34 sapiência 34 Publicação Científica da FAPEPI

FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI

CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

PARCEIROS:

uFPI estudantes de odontologia realizam

atendimento em gestantes e bebês

Nayene Monteles / Coordcom UFPIuniversidade Federal do piauí-uFpi

Um dos atendimentos odontológicos mais delicados é, sem dúvida, a ges-tantes e bebês. São inúmeras as dúvi-

das das mães quanto à saúde bucal dos filhos recém-nascidos e em relação ao seu próprio tratamento odontológico durante a gestação. A partir destas particularidades, estudantes e professores do curso de odontologia da Uni-versidade Federal do Piauí (UFPI) vêm, há mais de 15 anos, desenvolvendo o Programa Preventivo para Gestantes e Bebês (PPGB), via-bilizado pela Pró-Reitoria de Extensão (PREX/UFPI) por meio da Coordenadoria de Progra-mas e Projetos.

O PPGB é um programa de extensão uni-versitária desenvolvido no Instituto de Perina-tologia Social do Piauí, anexo da maternidade Evangelina Rosa. Atualmente, 15 alunos do curso de Odontologia da UFPI, além de estu-dantes de mestrado, participam do projeto. Se-gundo a coordenadora do projeto e professora de Odontopediatria da UFPI, Lúcia de Deus, a

ideia é trabalhar de forma educativa e preventi-va, tendo como público alvo gestantes e bebês de até três meses de idade.

O projeto foi escolhido também como o melhor projeto de extensão da região Norte e Nordeste. A premiação aconteceu durante o Congresso OndontoPet, realizado em Fortale-za em 2012.

O atendimento do programa acontece em três etapas, passando pela orientação das mães durante a gravidez, com palestras educativas, aos primeiros cuidados bucais do recém-nas-cido. Depois disso, as mães são convidadas a voltar no período de nascimento do primeiro dente do bebê.

“A odontologia é preventiva, portanto, uma mãe bem educada tem filhos bem educados. Chamamos isso de pré-natal odontológico. Às vezes, uma mãe não sabe que, se ela não tiver com a saúde bucal em bom estado, pode preju-dicar o bebê, pois elas ainda têm muitos mitos populares sobre o atendimento odontológico

durante a gestação e de recém-nascidos”, expli-ca a professora.

Desde a implantação do projeto, em 27 de abril de 1997, mais de 230 alunos do curso de odontologia da UFPI já estagiaram no PPGB. O projeto conta ainda com seis publicações em revistas especializadas, uma tese de doutorado defendida na Universidade de Brasília (UNB) e uma tese de conclusão de curso apresentada na Unicamp.

Rafael José, estudante do 7º período de odontologia da UFPI, participou do projeto de extensão no primeiro semestre do ano passado e avalia a experiência de forma positiva, tanto para os graduandos quanto para as gestantes: “Foi ótimo, serviu demais para o meu apren-dizado. Eu achei mais interessante porque trabalhar com bebê e gestante é mais delicado e raro. Além disso, você tem que aprimorar a odontologia preventiva, que hoje é tão forte”, acrescenta o estudante.

O atendimento do PPGB funciona de se-gunda a sexta, das 7h 30min as 11h 30min no anexo da Evangelina Rosa. Todos os dias, 3 es-tudantes realizam o atendimento com o acom-panhamento de um professor da UFPI. Ao todo, dez mil bebês estão cadastrados no projeto.

“Não deixamos de atender nenhum pa-ciente. Primeiro fazemos a triagem dos que estão cadastrados para saber qual tipo de atendimento requer para o bebê e gestante. Fazemos desde a prevenção de cáries até trata-mentos mais complexos. O retorno acontece a cada três meses e assim estamos contribuindo para que as crianças se desenvolvam com uma boa saúde bucal”, finaliza Lúcia de Deus.

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FUNDAÇÃO DE AMPARO A PESQUISA DO ESTADO DO PIAUÍ | FAPEPIAv. Odilon Araújo, 372, Piçarra • CEP: 64017-280 • Teresina-PI

CNPJ: 00.422.744.0001-02 • Contato:(86) 3216-6090 / Fax: (86) 3216-6092Horário das 7:30h às 13:30h, de segunda à sexta

PARCEIROS:

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