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REALIDADE E FANTASIA ATRAVÉS DOS CONTOS DE FADAS

Márcia Mazzin Romano¹Carlos da Silva²

Resumo

É do conhecimento de todos que trabalham com a educação que a leitura como processo de aquisição de conhecimento encontra no educando uma realidade que se choca com os objetivos buscados pela escola. Pensando nisso, este artigo foi pensado com o intuito de recuperar a fantasia e as situações desenvolvidas por ela quando se sabe que nesta faixa etária há uma perda natural das condições proporcionadas pelo mundo imaginário, onde o faz-de-conta é substituído por situações da existência concreta. Este artigo se configura como pesquisa de natureza qualitativa, teve como propósito investigar a existência dos Contos de Fadas como proposta a ser trabalhada em sala de aula, que pode ser um caminho possível para estabelecer-se uma ponte entre a realidade imaginada e a realidade construída por objetos ou situações do mundo concreto. A pesquisa foi desenvolvida no Colégio Estadual Professor Bento Munhoz da Rocha Neto, cidade de Paranavaí. Os sujeitos da pesquisa foram alunos da sétima série do Ensino Fundamental, no ano de dois mil e onze. A pesquisa serviu para confecção de um livro de contos elaborado pelos próprios alunos inseridos no projeto inicial, além de constituir-se como objeto de leitura para comunidade escolar.

Palavras-Chave: Língua Portuguesa. Gênero discursivo. Contos de fadas.

¹ Professora PDE 2010/Curso de Especialização em Língua Portuguesa-Descrição e Ensino Língua Portuguesa e Curso de Especialização em Didática e Metodologia do Ensino, Letras/Pedagogia, Colégio Professor Bento Munhoz da Rocha Neto. ² Orientador licenciado em Letras, Mestre em Teoria da Literatura e Literatura Comparada, FAFIPA, Professor/Orientador

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1- Introdução

Este artigo tem como proposta apresentar a pesquisa e os trabalhos

realizados através do Projeto de Implementação Pedagógica cujo tema é: Os

Contos de Fadas no cotidiano dos educandos, realizado com os alunos da 7

MC, do período matutino, do Colégio Professor Bento Munhoz da Rocha Neto,

no ano de 2011, no município de Paranavaí – PR.

Para desenvolver esse Projeto de Intervenção Pedagógica foi preciso,

antes de tudo, indagar por que os educandos em geral, independentemente da

série que frequentam, apresentam certo grau de resistência para com a leitura

e, ainda, de que forma os contos de fadas poderiam funcionar no ambiente

escolar como um elemento de recuperação do mundo imaginário e da fantasia

como um todo.

Algumas situações propostas nos contos de fadas, como a exploração

do desnível social, a estrutura familiar em decomposição, ou ainda, o mundo

desejado a partir da ambição desmedida de algumas personagens motivam a

leitura direcionada para o universo da fantasia que os textos escolhidos

permitem entrever. Em contrapartida, os sentidos percebidos nessas leituras,

poderão conduzir os educandos a perceberem a correlação entre os dois

mundos, o construído pela imaginação e aquele organizado pelas relações

concretas de pessoas e objetos.

Assim, o abandono do mundo imaginário, motivado por uma fantasia

crescente que toma todo universo da criança vai sendo substituído

gradativamente pela existência do mundo real, onde os educandos vivem e

convivem. Essa convivência com o mundo das coisas concretas é que

produzirá a consciência de estar no mundo, a necessidade de adaptar-se a ele,

abandonando, por fim, aquele mundo de faz-de-conta.

A questão, portanto, a ser resolvida se fundamentou na tentativa de

minimizar nos educandos essa consciência excessivamente moldada pelas

coisas do mundo real e fazê-los reassumir, através das leituras propostas, a

condição de sujeitos suscetíveis à exploração de suas emoções, sentimentos,

os quais os educandos imaginam que não possuem mais.

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A linguagem é fundamental na relação entre os seres humanos. É

através dela que as funções sociais representadas pelas pessoas organizam o

mundo.

Fontana e Cruz (1997, p.83) mediante tudo isso, expressam que “A

linguagem é um produto histórico e significante da atividade mental dos

homens, mobilizado a serviço da comunicação, do conhecimento e da

resolução de problemas”.

A linguagem é aprendida pela interação com o outro e construída e

reconstruída com o passar do tempo, reproduzindo, assim, uma cultura. Trata-

se, portanto, de considerar a linguagem como um produto humano que

promove a interação entre formas de pensar e de agir a partir de uma

determinada situação histórica. Isto inclui considerar a linguagem como uma

possibilidade de ultrapassar o nível puramente oralizado e atingir a

sistematização do processo comunicativo através da verbalização da

comunicação, ou seja, a escritura e o ato da leitura.

Com relação à leitura, e diante dos problemas encontrados na escola

relacionados ao hábito de ler, faz-se necessário defini-la e considerar o que

dizem Aguiar e Bordini (1993, p.11) quando afirmam que “Conferindo à escola

a função de formar o leitor destruiu-se a noção de texto como representação

simbólica de todas as produções humanas, restando o livro como mediação

para qualquer conhecimento”, ou seja, é somente a partir do que foi dito por

determinado autor e inscrito na página publicada é que possui validade

enquanto produção do conhecimento.

O pensamento manifestado por Aguiar e Bordini relaciona-se

diretamente às formas de aquisição do conhecimento, de maneira a considerar

a leitura como possibilidade de sistematização do saber e a consequente

reflexão por parte do sujeito que lê.

A leitura é a interação com o mundo, abrindo possibilidades de o ser

humano vir a participar de forma efetiva na construção da sociedade, bem

como de si mesmo, enquanto indivíduo na sua totalidade, o que lhe permitirá

realizar um trabalho de reflexão, de crítica e de autocrítica de sua existência e

da relação com o mundo.

A leitura pode ser considerada como um ato de prazer, embora isto

não seja atingido imediatamente, como propõe Azevedo (2001, p.38) quando

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afirma que “A leitura exige esforço e o que é chamado de prazer da leitura é

uma construção que pressupõe treino, capacitação e acumulação”.

Azevedo (2001, p.39) ainda diz que “para formar um leitor é

imprenscidivel que entre a pessoa que lê e o texto se estabeleça uma espécie

de comunhão baseada no prazer, na identificação, no interesse e na liberdade

de interpretação”. Ao término da leitura, bem como para que ela faça parte no

cotidiano do leitor, é necessário que haja integração entre o leitor e o texto.

Segundo Solé (1996, p.22) a leitura pode se definida como “um

processo de interação entre leitor e o texto; neste processo, tenta-se satisfazer

os objetivos que guiam sua leitura”. Dessa maneira, acredita-se que a

interpretação é feita dependendo dos objetivos que se tem naquela leitura, ou

seja, é provável que leitores com objetivos diversos, possam construir ideias

diferentes ao lerem os mesmos textos. O leitor deve envolver-se refletindo o

texto,seja para obter prazer, seja para aquisição de informação, satisfazendo

os seus objetivos no momento da leitura.

Ao contrário de Solé, Goodman (1987, p.11-12) estabelece que “O que

o leitor é capaz de compreender depende daquilo que conhece e acredita a

priori, ou seja, antes da leitura”. Muitas pessoas podem ler o mesmo texto,

porém cada uma vai compreendê-lo de maneira diferente, pois cada qual tem

um nível de conhecimento anterior que traz consigo, e que tornará o

entendimento diferenciado de leitor para leitor.

De acordo com Lima (2003, p.111) “Um bom leitor não é aquele que lê

muitas vezes o mesmo tipo de texto, mas aquele que lê diversos tipos de textos

com certa profundidade”. Desse modo, ele é capaz de usar textos para uso

próprio, de obter informações para adquirir mais conhecimento do mundo em

que vive.

Na visão das DCEs (2008, p.71) “A leitura é vista como um ato

dialógico, interlocutivo”. Nesse contexto o leitor, possui um papel ativo no

processo da leitura, passa a ser coprodutor.

Para Zilberman (1991, p.21) “A leitura é uma prática indispensável

para o posicionamento correto e consciente do indivíduo perante o real”. Ou

seja, é através da leitura que crianças ou seres humanos como um todo,

acabam confrontando o imaginário visto através das leituras com a realidade

que os cercam.

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Pensando nas colocações dos teóricos da leitura e do texto, a

utilização de contos de fadas, foi a forma mais apropriada para estimular a

fantasia e a imaginação que se suponha perdidas nos jovens.

O confronto, pois, entre o real e o imaginário a partir do gênero textual

escolhido pode proporcionar aos educandos a oportunidade de descobrir, pelas

leituras, um mundo novo, aberto às novas experiências que enredos e

personagens permitem descobrir passo a passo.

Nas escolas, tem-se trabalhado as leituras através dos contos de

fadas, pois é uma atividade prazerosa para todos os envolvidos no processo

educativo, é um tema de grande aceitação entre as crianças, despertando

interesse e envolvimento com a leitura.

O universo dos contos de fadas é um exemplo de literatura oral, objeto

de estudo da Linguística da Psicologia Antropologia e outros ramos do

conhecimento.

Joseph Campebell (1990, p.147), um dos grandes estudiosos da

Psicanálise aplicadas à leitura de contos de fadas, afirma que “O conto de

fadas é um mito para criança”. Uma literatura oral que expressa através de

símbolos aquilo que a criança muitas vezes precisa e almeja para sanar sua

dúvidas do mundo real.

Os contos de fadas ao mesmo tempo em que encantam com sua

estrutura literária,coesão direta,cheia de imagens nítidas e memoráveis,com

precisão e conflitos,eles falam ao coração,elevam a nossa auto-

estima,divertem e educam.

Por meio de linguagem simbólica dos contos de fadas, a criança vem a

construir uma parte de significação, do mundo exterior para seu mundo interior,

fazendo com que ela resgate valores, reflita sobre as suas atitudes, desenvolva

a criatividade, seu senso crítico e até sua expressão verbal.

Assim, refletindo sobre a atuação dos contos de fadas, Bettelhein

(1980, p.46) considera que “O conto de fadas também (...) projeta para o alívio

de todas as pressões e não só oferece formas de resolver os problemas, mas

promete solução ‘feliz’ para eles”. Comentando sobre a realidade presente nos

contos de fadas e, de certa forma, confirmando o que diz Bettelhein, Zilberman

(1981, p.71) afirma que “Nos contos de fadas, a realidade é dicotômica, mas

marcha inevitavelmente para a imposição do bem sobre o mal, instaurando

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uma ordem que deve ser imutável”. Isso equivale afirmar que a realidade dos

contos de fadas reflete um mundo quase perfeito, quase sem nenhuma

transformação de comportamentos ou de valores morais ou culturais, pois esse

mundo está organizado tendo como princípio uma ordem preestabelecida que,

a rigor, não ocorre necessariamente, no mundo das coisas reais. A ficção e a

fantasia presentes nos contos de fadas organizam uma forma de vida ainda

muito distante da realidade da vida contemporânea.

Bettlhein (1980, p.33) ainda ressalta que os contos de fadas são de

grande valia quando afirma que:

O Conto de Fadas é terapêutico porque o paciente encontra sua própria solução através da contemplação do que a estória parece implicar acerca de seus conflitos internos neste momento da vida. O conteúdo do Conto escolhido usualmente não tem nada a que ver com a vida exterior do paciente, mas muito a ver com seus problemas interiores, que parecem incomparáveis.

Os contos de fadas, portanto, podem ser usados no que diz respeito à

saúde da criança, seja para ajudá-la com problemas psicológicos ou na

educação, ou ainda, para apenas ensiná-la a reconhecer o mundo em que está

inserida e com o qual compartilha suas perdas e ganhos, seus valores morais e

éticos ou simplesmente conduzi-la ao prazer.

Pensando ainda nessas narrativas como caminho para solução de

alguns problemas, Aguiar (2001) considera também a utilidade dos contos de

fadas como instrumento capaz de solucionar problemas do mundo infantil.

Os livros de contos de fadas encaminham as crianças para um mundo

de magia, oportunizando-lhes soltar a imaginação, descobrir na leitura dos

contos experiências de vida, pela qual elas passam ou já passaram em

determinada época de sua vida.

Coelho (2000, p.27) cita que “A criança é vista como um ser em

formação, cujo potencial deve-se desenvolver em liberdade, mas orientando no

sentido de alcançar total plenitude em sua realização”, de forma que aos

educandos deve-se oportunizar uma ‘’viagem’’ à imaginação, uma aventura,

algo que faça com que eles possam refletir sobre a sua experiência pessoal,

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equacionando possíveis situações conflituosas através da leitura desses

contos.

Para Bettlhein (1980, p.16) “A forma e estrutura dos contos de fadas

sugerem imagens à criança com as quais ela pode estruturar seus devaneios e

com elas dar melhor direção a sua vida”.

O lado ingênuo da criança, da lugar a experiência e também ensina

lições cruciais para o seu desenvolvimento, sem ao menos ela perceber.

2 Desenvolvimento

A leitura é fundamental para o aprendizado em qualquer área de

conhecimento. Ela promove o resgate da cidadania, devolve a autoestima ao

promover a integração social, desenvolve um olhar crítico e possibilita formar

uma sociedade consciente. Por essa razão, a leitura é indispensável para a

aquisição de novas aprendizagens.

A escola é um lugar privilegiado para a construção de sentidos e

experiências e também como um local que propicia aos educandos as

condições necessárias para desenvolver o hábito da leitura. O prazer pela

leitura significa conhecimento, não apenas entretenimento. Desse modo, ler é

interação, aprendizagem. Por meio da leitura, pode-se construir conceitos e

compreender o mundo no qual o sujeito está inserido.

O universo da leitura muitas vezes é mais imaginário do que real,

mesmo assim, ela oportuniza ao sujeito conhecer cada vez mais a si mesmo.

O ser humano amplia sua leitura através da imaginação, uma vez que

é ele mesmo que constrói as imagens a respeito do que está lendo. Porém, é

do conhecimento de todos que trabalham com a educação que a leitura como

um processo de aquisição de conhecimento encontra no educando uma

realidade que se choca com os objetivos buscados pela escola.

A dificuldade em desenvolver hábitos de leitura é uma realidade que

nenhum educador brasileiro pode contestar.

Segundo Abramovich (2006, p.120) “Os Contos de Fadas estão

envolvidos no maravilhoso, um universo que denota a fantasia, partindo

sempre duma situação real, concreta, lidando com emoções que qualquer

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criança viveu”. Os contos de fadas desenvolvem a capacidade de fantasia e

imaginação infantil, pois eles são para as crianças, o que existe de mais real

dentro delas.

A leitura deveria ser um processo adquirido ainda no âmbito familiar,

quando os pais, que já possuem essa prática, poderiam incutir nos filhos o

gosto e o hábito. É sabido também que essa situação é fantasiosa,

considerando que o ambiente familiar e seus componentes não possuem

meios, nem instrumentos capazes de formar nas crianças as reais condições

para que se tornem leitores competentes. Essa é uma tarefa que cabe, ainda

com exclusividade, ao professor e à escola como um todo.

Pensando nisso, este artigo procurou-se desenvolver nos educandos

da 7ª Série do Colégio Professor Bento Munhoz da Rocha Neto a recuperação

da fantasia e das situações desenvolvidas por ela, quando também se sabe

que nesta faixa etária há uma perda natural das condições proporcionadas pelo

mundo imaginário, onde o faz-de-conta é substituído por situações da

existência concreta, conforme afirma Abramovich (2006, p.120).

A leitura desses contos de fadas permitiu que os educandos, em

confronto com realidades diferentes, se situassem emocionalmente e também

puderam concretizar suas experiências de realidade existencial, pois esse

confronto os conduziu a uma avaliação de sua atuação como sujeito de um

mundo real.

2.1 - Conteúdos de Estudo

As atividades foram planejadas a partir de uma situação inicial, em que

os educandos demonstraram seus conhecimentos prévios, bem como suas

dificuldades. Assim que foram detectadas as dificuldades com o gênero

proposto elas foram sanadas através de cinco atividades, com o propósito de

encaminhar os educandos à realização de uma produção final a partir do texto

original.

A produção final consistiu na elaboração de um novo conto de fadas

com marcas de escrita e oralidade do próprio educando, em cujo texto os

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aparecimentos de novos personagens, ilustrações, enredos, serviram de base

para criação de um novo conto de fadas onde a realidade do mundo concreto

se opôs ao texto original.

O resultado dessas produções consistiu na criação de livretos que

foram destinados à biblioteca da escola para a leitura dos alunos de outras

séries, bem como dos leitores e comunidade em geral.

Após as atividades que foram desenvolvidas, o professor oportunizou

aos educandos um momento para se expressarem oralmente, com a intenção

de resgatar os Contos de Fadas que eles conheciam.

Ainda naquele momento, a professora pode anotar as colocações dos

educandos no quadro, para perceber os conhecimentos prévios que eles

tinham a respeito do gênero, ou seja, os Contos de Fadas.

No primeiro encontro a professora explanou o conto de fadas intitulado:

Cinderela.

Em seguida, solicitou que os educandos colocassem seus

conhecimentos a respeito do conto proposto, anotando ainda quais foram suas

impressões sobre o texto.

Ficaram como sugestão para esse início as questões relacionadas

abaixo:

Vocês conhecem o Conto de Fadas “Cinderela”?

Quem poderia resumir para os colegas a história deste conto de

fadas?

O que acharam deste conto?

Depois de lerem a história na integra, os educandos

responderão questões a respeito do conto trabalhado,como as

seguintes:

Quem é o autor do texto?

Como se chamavam os pais de Cinderela?

Quais eram os melhores amigos de Cinderela?

Cinderela tinha inimigos?Quais?9

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Quanto tempo durou o baile?

Descreva as roupas que as personagens usavam durante o baile.

Que meio de transporte levava Cinderela ao baile?

Você saberia me dizer qual era o encantamento que existia sobre

Cinderela na noite do baile?

Como o príncipe fez para localizar a dona do sapatinho?

Como termina a história?

Terminada essa atividade, os alunos receberam livros de Contos de

Fadas os quais foram lidos, e, ainda, recontados oralmente para os demais

alunos da sala.

Os livros que os educandos lerão foram: Branca de Neve, Cinderela,

As doze Princesas, O gato de botas, A Bela e a Fera, A Princesa e a

Ervilha, Rapunzel, A Pequena Sereia, João e Maria e outros.

Em outro momento os educandos receberam novos contos os quais

foram criados tendo como temas o diálogo com a contemporaneidade, tais

como:

O príncipe desencantado - José Américo de Lima

Cinderela para tempos modernos - Rubem Alves

O patinho que não aprendeu a voar - Rubem Alves

O Fantástico mistério de Feiurinha - Pedro Bandeira

A fada que tinha ideias – Fernanda Lopes de Almeida

Após lerem esses novos contos, os educandos conseguiram perceber

algumas marcas diferenciadas entre os contos de fadas lidos com esses novos

que fazem parte dos tempos atuais, e contrapondo, assim, fantasia e realidade,

a partir de algumas questões fundamentais que lhes foram fornecidas.

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Nesta atividade, os educandos fizeram uma produção de novos Contos

de Fadas, diferentemente do modelo original, com o propósito de fazer

evidência entre o mundo real e o imaginário.

Em atendimento aos propósitos previstos nas DCes, foram concluídas

as atividades com uma produção escrita que ficou a disposição na biblioteca

para manuseio de outras séries, como também da comunidade escolar.

Esta atividade consistiu na confecção de livretos de contos produzidos

pelos próprios educandos, textos que marcaram as diferenças entre o modelo

original e o novo conto, de maneira que evidenciaram a oralidade e as marcas

de escritas características de um aluno escritor.

Após realizarem todas as atividades propostas, houve um exercício de

avaliação, oportunidade em que a professora PDE pode observar através das

produções se realmente o educando foi capaz de expressar-se

convenientemente, utilizando os recursos lingüísticos da norma culta,

ajustando-os à exposição da fantasia reelaborada nesses textos novos.

Conclusão

Durante a Implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica houve

envolvimento e participação ativa dos educandos inseridos no processo.

Com isso, tivemos como desenvolvê-lo plenamente como estava

previsto nos objetivos para que em parceria buscássemos meios para sanar as

dificuldades de leitura, para obter-se um novo aprendizado.

A ideia de contrapor fantasia com a realidade, contribuiu para que os

educandos resgatassem a sua fantasia, que estava adormecida e não

esquecida ao longo do tempo.

O projeto foi concretizado através de dedicação, planejamento, e

avaliações contínuas.

Ao longo do processo da Intervenção Pedagógica, o desenvolvimento

foi-se moldando no seu passo a passo, o aprendizado, o conhecimento, foram

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aprimorando-se, sanando dificuldades e concretizando a proposta objetivada

pela professora PDE.

Os educandos levados pela motivação, produziram seu próprio conto,

deixando suas marcas de escrita e oralidade.

Com a implementação dessa Proposta de Intervenção Pedagógica

percebeu-se que a leitura de Contos de Fada veio contribuir para formar

leitores críticos e através das inferências dos mesmos, o educando pode

contrapor o imaginário e o real do seu cotidiano.

Após o término do projeto espera-se que os educandos consigam no

seu cotidiano compreender que o processo de ensino-aprendizagem nunca

acaba, surgem mudanças e sempre há o que renovar.

Fica aqui um início de uma nova caminhada, onde no âmbito escolar

ele tenha novas ferramentas que o oportunize novas pesquisas encontrando

assim novas alternativas para ampliar seu aprendizado.

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