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“Bureau” Internacional do Trabalho Genebra

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  • Bureau Internacional do Trabalho Genebra

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    REGIMES DE PENSES

    Bureau Internacional do Trabalho - Genebra

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    A edio original desta obra foi publicada pelo Bureau Internacional do Trabalho (Genebra) com o ttulo: Pension Schemes Copyright International Labour Organization 1997/ISBN 92-2-110737-X Edio Portuguesa Copyright 2001 Ministrio do Trabalho e da Solidariedade de Portugal Traduo: Carlos Duarte / TRADINTER, Servio de Tradutores e Intrpretes Reviso: Departamento de Cooperao do Ministrio do Trabalho e da Solidariedade

    Esta pubicao editada em lngua portuguesa nos termos do Acordo existente entre a Organizao Internacional do Trabalho e o Governo da Repblica Portuguesa em matria de publicaes, assinado em 23 de Novembro de 1998.

    As designaes empregues nas publicaes do BIT , que esto em conformidade com a prtica das Naes Unidas, bem como a apresentao do material contido nesta publicao, no implicam a expresso de qualquer opinio, seja ela qual for, por parte do Bureau Internacional do Trabalho relativamente ao estatuto legal de qualquer pas, rea ou territrio, quer das suas autoridades, nem relativamente delimitao das suas fronteiras. A responsabilidade por opinies expressas em artigos assinados, estudos e outras contribuies, so da responsabilidade nica e exclusiva dos seus autores, e a publicao das mesmas pelo Bureau Internacional do Trabalho no pressupe que este as sancione. A referncia a nomes de empresas ou a produtos e processos comerciais no implica a sua aprovao por parte do Bureau Internacional do Trabalho, e qualquer omisso de referncia a alguma empresa em particular e a algum produto ou processo comercial no constitui sinal de desaprovao. As publicaes do BIT podem ser obtidas atravs dos principais livreiros ou dos departamentos locais do BIT existentes em diversoa pases, ou ainda directamente junto do Servio de Publicaes do BIT: International Labour Office Publications CH-1211 Geneva 22 Switzerland Este Servio enviar gratuitamente um catlogo ou listagem das novas publicaes. Edio/Distribuio: Departamento de Cooperao do Ministrio do Trabalho e da Solidariedade Rua Castilh o, 24 7 Esq. 1250-069 Lisboa ISBN: 972-98623 -3-8 Tiragem: 300 exemplares Dep. Legal: Impresso: Silvas Coop. De Trabalhadores Grficos, crl.

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    PREFCIO

    Este manual faz parte de uma coleco de manuais produzidos pelo Departamento de Segurana Social da Organizao Internacional do Trabalho (OIT), Genebra, em conjunto com o Centro Internacional de Formao da OIT, Turim, e a Associao Internacional de Segurana Social em Genebra.. Outras publicaes desta coleco so: ? Princpios da Segurana Social ? Administrao da Segurana Social ? Financiamento da Segurana Social ? Seguro Social de Sade ? Guia do Formador

    Os manuais foram produzidos principalmente para serem usados nos pases onde os sistemas de segurana social ainda no esto em funcionamento, esto em fase de mudana, ou necessitam de ser melhorados. Os manuais sero especialmente teis nos pases em vias de desenvolvimento, pases em transio, e pases em fase de mudanas estruturais, uma vez que esto a iniciar o processo de estabelecimento de novos sistemas de proteco social ou de melhorar os sistemas j existentes. No entanto, devemos notar que a informao contida nos manuais se refere, quase na totalidade, ao sector formal e no grande variedade de sistemas que se aplica a grupos fora dos sistemas tradicionais de segurana social. tambm de salientar que, num manual com estas dimenses, s possvel fornecer uma viso alargada deste tema. Caso se pretenda obter informaes mais pormenorizadas e especficas sobre a administrao da segurana social, necessrio consultar outras publicaes. Existe uma vasta gama de publicaes que tratam sobre o tema da administrao e gesto em geral e algumas que se debruam especificamente sobre a administrao da segurana social. Algumas delas v m referenciadas na lista de outras publicaes a consultar, que se encontra no fim do manual.

    No podemos deixar de agradecer a todos aqueles que, embora sendo demasiados para serem mencionados individualmente, ajudaram a preparar este manual. Teremos todo o gosto em receber o seus comentrios e reaces relativamente ao contedo deste ou de qualquer dos outros manuais desta coleco, atravs dos seguintes contactos: The International Labour Office, SEC SOC, 9th Floor, 4 route des Morillons, CH-1211 GENEVE 22, Switzerland. Fax (+41.22) 799.7962

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    NDICE

    Pgina Mdulo 1 Penses Pblicas e Privadas 1

    Unidade 1 Mtodos de proteco em regimes pblicos 1

    Unidade 2 Regimes privados 5

    Mdulo 2 Prestaes de Velhice 19

    Unidade 1 Idade de Aposentao 23

    Unidade 2 Tipo, Clculo e nvel de prestaes 34

    Unidade 3 Manuteno do valor da prestao 44

    Mdulo 3 Prestaes de Invalidez 51

    Unidade 1 Definio e avaliao de invalidez 55

    Unidade 2 Condies de qualificao: clculo de prestaes 63

    Mdulo 4 Prestaes de sobrevivncia 69

    Unidade 1 Condies de qualificao 73

    Unidade 2 Perodo de qualificao: clculo de prestaes 86

    Mdulo 5 Caixa de Previdncia 89

    Unidade 1 Origem e caractersticas da caixa de previdncia 93

    Unidade 2 Da caixa de previdncia a regime de penses 102

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    MDULO 1:

    REGIMES DE PENSES PBLICOS E PRIVADOS

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    NDICE DO MDULO

    UNIDADE 1: Mtodos de proteco em regimes pblicos

    A. Regimes de penses

    B. Os vrios mtodos de proteco

    em regimes pblicos

    C. Mtodos de proteco combinados

    D. mbito da proteco

    UNIDADE 2: Regimes privados

    A. Relaes entre regimes privados e pblicos

    B. Vantagens e desvantagens dos regimes privados

    C. O debate actual

    D. O Modelo Chileno

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    MDULO 1

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    REGIMES DE PENSES PBLICOS E PRIVADOS UNIDADE 1: Mtodos de proteco em regimes pblicos A. Regimes de penses

    Os regimes nacionais de prestaes de velhice, de invalidez e de sobrevivncia,

    que tinham como objectivo a proteco de grandes segmentos da populao idosa e invlida ou daquela desprovida de recursos devido morte do membro beneficirio, tm continuado a desenvolver-se e a progredir durante o sculo XX. Embora emergindo, em alturas diferentes, de origens e fontes comuns fundos de reforma profissional, regimes de assistncia e regimes de penses no contributivas, seguros voluntrios, solidariedade colectiva, fundos de assistncia mtua e por diante estes regimes nacionais, que so agora obrigatrios, tornaram-se ncoras slidas na legislao social de vrios pases. Isto tem sido feito, independentemente, da ideologia poltica predominante ou do contexto econmico, demogrfico e social, e at mesmo do nvel de desenvolvimento, uma vez que se encontram estabelecidos na maioria dos pases do mundo.

    Presentemente , estes regimes constituem a base de todos os sistemas de proteco social em toda a parte. As respostas dadas necessidade de assegurar a proteco social para a populao so extremamente variadas, no s de pas para pas, como tambm frequentemente dentro de certos pases. Os regimes actuais so o resultado de mltiplos factores e so representativos dos diferentes enquadramentos econmico, social, poltico e ideolgico, condies histricas e as preocupaes e imaginao dos governos e dos seus lderes.

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    As prestaes de velhice, de invalidez e de sobrevivncia apresentam-se, normalmente, sobre a forma de penses, i.e., pagamentos peridicos a longo prazo. Contudo, em alguns regimes, a prestao pode tomar a forma de um nico pagamento. Os Regimes de penses tm sido frequentemente tema de debate por exemplo, no que diz respeito ao nvel de prestaes ou a idade de aposentao. Porm, actualmente, so frequentemente questionados sobre a sua eficincia e a sua viabilidade futura. O ambiente econmico, as alteraes demogrficas, o aparecimento de novos estilos de vida e as aspiraes individuais so algumas das novas realidades que tm focado a ateno nos sistemas existentes.

    Embora estes regimes tenham sido organizados essencialmente pelo Estado, a interveno pblica, no campo da proteco oferecida por penses, tem sido precedida por vrias iniciativas: seguro pessoal voluntrio e iniciativas colectivas, ou talvez individuais, por parte das entidades empregadores, querendo garantir a estabilidade do emprego e vincular os trabalhadores empresa, oferecendo- lhes uma srie de benefcios, em particular as penses de reforma. Para este propsito, as entidades empregadoras desenvolveram os seus prprios fundos de aposentao.

    O Estado esteve inicialmente envolvido na organizao de penses na sua posio como entidade empregadora (penses atribudas aos funcionrios pblicos) antes de introduzir legislao para outras categorias de trabalhadores. Primeiro aconteceu na Alemanha com a criao, por Bismarck em 1889, de um regime de seguro de invalidez e velhice para os trabalhadores; seguiu-se a Dinamarca, onde foi introduzido o primeiro regime no contributivo de prestaes de velhice em 1891.

    So raras as vezes em que os regimes actuais tenham sido estabelecidos de uma s vez. Tm sido construdos por sucessivos acrscimos e continuam em evoluo, o que os torna extremamente complexos. Num nico pas podem encontrar-se, lado a lado, regimes baseados em princpios diferentes ou aplicados a diferentes categorias da populao. Embora o Estado continue a ser o principal agente em todo o lado, a iniciativa privada desempenha um papel significativo em muitos pases. Por outro lado, embora a extenso da proteco a todos os residentes tenha sido alcanada quase na sua totalidade em muitos pases, existem outros onde o alcance da proteco ainda muito limitado.

    Uma classificao de regimes de penses comea com a distino entre regimes pblicos e privados, entre os vrios mecanismos ou tcnicas bsicas que so aplicadas, e entre regimes gerais e aqueles que s se aplicam a certas categorias de trabalhadores. Para adequadamente representar a situao na prtica, ser de notar que vrias combinaes destes elementos foram desenvolvidas.

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    B. Os vrios mtodos de proteco em regimes pblicos

    Existem, com numerosas variantes, dois tipos principais de regimes de

    penses pblicas, que se assemelham aos dois conceitos bsicos desenvolvidos no campo da proteco social: por um lado, existem os regimes de seguros sociais e, por outro lado, regimes de prestaes no contributivas (financiados por fundos pblicos) que so ou universais ou, onde a ideia de assistncia continua a predominar, baseados em testes comprovativos da situao de carncia financeira de indivduos. A estes dois tipos principais dever adicionar-se um terceiro: caixa de previdncia nacional, que se trata essencialmente de instituies de poupana obrigatria e se encontram em muitos pases em vias de desenvolvimento.

    INSERIR FIGURA

    3 CAIXA DE PREVIDNCIA Fig. 1 ...por um lado regimes de segurana social; por outro lado, regimes no contributivos... e a caixa de previdncia

    1 REGIMES DE SEGURANA

    SOCIAL

    2 REGIMES NO

    CONTRIBUTIVOS

    Regimes de seguro de social

    Actualmente, a maioria dos regimes existentes no mundo baseia-se no princpio do seguro social. Depois do primeiro regime deste tipo, estabelecido na Alemanha em 1889, este modelo difundiu-se por quase todos os pases da Europa. Entre as duas Grandes Guerras, alcanou a Amrica Latina e a Amrica da Norte e, depois da Segunda Guerra Mundial, muitos pases da frica, sia e as Carabas. O seguro social financiado pelas contribuies das entidades empregadoras e, em muitos casos, tambm pelos trabalhadores, com ou sem subsdio do Estado. A inscrio obrigatria para as categorias profissionais envolvidas e, em certos pases, para toda a populao. O direito penso e o montante da prestao so determinados pela carreira profissional do beneficirio (perodos de contribuio ou emprego) e pelas remuneraes do beneficirio durante a sua vida profissional. A penso paga sem referncia necessidade ou rendimento. Na maioria dos pases, as contribuies so recebidas por fundos independentes que, ento, pagam as prestaes.

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    Regimes no contributivos de prestaes Caixa de previdncia

    Em regimes no contributivos de prestaes, que so os sucessores dos regimes de assistncia, o Estado financia, atravs da tributao (total ou de grande parte), um sistema de prestaes uniformes para o benefcio de todos os residentes do pas. Muitos pases que previamente tinham adoptado este modelo de prestaes, retornaram ao princpio da assistncia social, e agora atribuem uma penso total ou parcial na base de testes comprovativos de carncia financeira do indivduo.

    Dever-se- acrescentar que, mesmo naqueles pases em que o regime baseado essencialmente no seguro social, poder existir uma forma de assistncia social para as pessoas que no so abrangidas pelo regime principal ou que recebem prestaes de seguro so insuficientes para cobrir as suas necessidades.

    Por outro lado, em alguns pases com um regime universal de penses no contributivas, montantes suplementares aos de base podero ser pagos com base em testes comprovativos da situao de carncia financeira do indivduo.

    Em alguns pases em vias de desenvolvimento, na sia, na frica e no Pacfico, a legislao proporciona proteco aos trabalhadores atravs da caixa de previdncia nacional ( que cobre os riscos de velhice, invalidez e morte do beneficirio). Como regra geral, a caixa, que financiada pelas contribuies da entidade empregadora e do trabalhador e administrada pelo Estado, paga uma quantia global ao beneficirio que atingiu a idade estipulada e satisfaz certas condies. Este montante , em muitos casos, igual soma das contribuies pagas, incluindo os juros vencidos que foram acrescentados conta do trabalhador. Em certos pases, existe uma condio para transformar a quantia global numa anuidade. Com esta reserva em mente, a caixa de previdncia no garante (como requerido pelos princpios internacionais do trabalho da OIT para as prestaes de velhice, de invalidez e de sobrevivncia) o pagamento dos subsdios na forma de pagamentos peridicos. Alm do mais, no existe a juno de riscos entre os participantes, como acontece no caso do seguro social. Neste sentido, o sistema da caixa de previdncia, com prestaes baseadas na conta individual de cada participante, est prximo dos regimes de poupana de reforma obrigatria estabelecidos em alguns pases da Amrica Latina , em particular no Chile.

    Considera-se, frequentemente, que estes regimes formam o primeiro passo em direco a uma proteco mais compreensiva para os trabalhadores, atravs da introduo de regimes de seguro de penses. De facto, a caixa de previdncia nacional tem sido convertida em regimes de penses em muitos pases, em particular nas Carabas e no prximo Oriente. Todavia, este segundo passo muitas vezes difcil de levar a cabo, pois existem pases onde uma converso deste tipo tem sido objecto de estudo h mais de 20 anos ( tal como no Sri Lanka e na Indonsia).

    C. Mtodos de proteco combinados

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    Num nmero significativo de pases, a legislao junta dois regimes: um que atribui penses uniformes bsicas para todas as pessoas e outro que fornece prestaes com base nas remuneraes para todos ou quase todos os empregados, ou para todos os trabalhadores, quer sejam assalariados ou independentes.

    Os regimes com base nas remuneraes proporcionam um nvel de proteco adicional. Regimes com dois ou trs nveis (sendo o terceiro nvel um seguro individual), desenvolvem-se de acordo com diferentes modelos. Em muitos pases da Europa e da frica, o mesmo regime pblico assegura proteco bsica e proteco baseada nas remuneraes (por exemplo, Finlndia, Israel, Jamaica, Japo, Letnia, Noruega, Polnia, Sua).

    INSERIR FIGURA Fig. 2: Os sistemas de dois e trs nveis...

    1 TERCEIRO

    NVEL

    6 Seguro individual

    4 Os regimes de penses com

    base nas remuneraes 2 SEGUNDO

    NVEL

    7 Os regimes de penses com base nas remuneraes

    5 Penses uniformes bsicas para todas as pessoas 3 PRIMEIRO

    NVEL

    8 Penses uniformes bsicas para todas as

    pessoas

    Regimes singulares ou mltiplos

    Antes da introduo de regimes de seguro de penses aplicveis a relativamente grandes categorias de empregados, existiam em muitos pases, regimes especiais, cobrindo grupos profissionais limitados, tal como, pessoal militar, funcionrios pblicos, mineiros, marinheiros ou trabalhadores dos caminho de ferro. Estes regimes, muitas vezes, existem lado a lado com regimes gerais, cobrindo uma grande proporo de assalariados, sendo os seus membros isentos de vinculo ao regime geral. Os regimes especiais proporcionam condies que so iguais ou frequentemente mais favorveis, do que aquelas do regime geral na rea do direito penso (por exemplo, uma idade de aposentao mais baixa e no clculo do montante da penso.

    Em certos pases da Europa e da Amrica Latina, houve ou continua a haver muitos regimes especiais, alguns dos quais cobrem somente uma pequena categoria de trabalhadores. As categorias dos beneficirios podem ser bastante desiguais: num pas, so trabalhadores florestais; noutro, por exemplo, so escriturrios de notrios, empregados do Banco Central ou danarinos de pera. Em contraste com os regimes especiais para trabalhadores por conta de outrm, as condies dos regimes especiais estabelecidos mais recentemente para trabalhadores independentes, podem ser menos favorveis devido ao facto de que estes no desejam ser integrados no regime geral,

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    essencialmente porque receiam que um encargo financeiro excessivo lhes seja imposto. Da mesma forma, feita a distino entre um agricultor assalariado e outros assalariados. O regime aplicvel ao anterior, pelo menos no comeo, tem sido menos generoso (por exemplo, na Turquia).

    Em muitos pases, tem havido progresso em relao unificao dos regimes. Quer os regimes especiais para alguns grupos de trabalhadores por conta de outrm, quer alguns destes regimes, tm sido integrados no regime geral; contudo, a integrao no regime base pode ter sido acompanhada pelo estabelecimento de um regime especial complementar. Este tem sido o caso, em particular, dos funcionrios pblicos em muitos pases. Por outro lado, existem pases onde certos trabalhadores independentes foram agrupados com empregados assalariados. Num pas, vrias categorias de trabalhadores independentes foram integrados num grande regime que cobre todas as pessoas no assalariadas. Uma terceira possibilidade pode ser o estabelecimento de um regime bsico, cobrindo todos os residentes, que habitual um regime de prestaes no contributivas. Em vrios pases, um regime contributivo, onde se aplicam os princpios de seguro, tornou-se obrigatrio para a populao na sua totalidade (regime de seguro nacional).

    D. mbito da proteco

    Alargamento do mbito de aplicao

    Ao longo dos anos, a proteco social, em geral, e a segurana social para a velhice em particular, tem-se alargado, de modo a abranger um crescente nmero de categorias de pessoas. Em certos pases, o direito a uma penso por velhice tornou-se universal (por exemplo no Canad, na Dinamarca, em Hong Kong, na Islndia, na Mauritnia). Apesar disso, o objectivo Beveridge* de se alargar a cobertura a toda a populao, continua a ser um grande desafio para muitos pases. Em geral, a interveno da comunidade em benefcio dos idosos, cobria inicialmente categorias especficas da populao. No comeo, as medidas de assistncia tinham como inteno aliviar as dificuldades dos sectores menos prsperos da populao, numa altura em que a pobreza era generalizada, particularmente entre os mais velhos. Posteriormente, a interveno foi alargada para certos grupos socioprofissionais que eram o objecto de interesse especial por parte das autoridades pblicas, tais como pessoal militar, funcionrios pblicos e marinheiros.

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    O crescimento da industrializao, e consequentemente da populao assalariada, fez aumentar o nmero de assalariados a viver ao nvel da subsistncia, incapazes de fazer um esforo voluntrio para retirar do seu salrio os montantes necessrios para viver aps o fim da sua vida profissional. Deste modo, os primeiros regimes de seguro obrigatrio desenvolveram-se, baseados em contribuies dos assalariados e das entidades empregadoras (em muitos casos juntamente com uma contribuio da comunidade), com o objectivo de proporcionar aos trabalhadores idosos um meio de subsistncia. Estes regimes geralmente s afectavam os empregados industriais e comerciais, sendo excludos os agricultores assalariados e, mesmo no princpio, somente aqueles cujas remuneraes no excediam o nvel acima do qual se pensava ser possvel fazer um esforo voluntrio para poupar, isto , o limite mximo de inscritos. Por razes administrativas e financeiras, em alguns pases da Amrica Latina e da sia a proteco limitava-se, no comeo, no s a certas categorias de empregados como tambm a certas regies geogrficas. Gradualmente, o sistema alargou-se a todo o lado, assim como a proteco para excluir certas categorias de assalariados: trabalhadores agrcolas, pessoal domstico, trabalhadores que recebiam um grande ordenado (com um limite mximo de prestaes a substituir o limite mximo de inscritos) e, sob certas legislaes, aqueles que trabalhavam em pequenas empresas. Actualmente, em muitos pases industrializados, os regimes de penses cobrem todos os empregados. Contudo, mesmo nesses pases, ainda existem algumas excepes. Indo alm da estrutura do trabalho relativamente a salrios e ordenados, depois da Segunda Guerra Mundial, muitos pases incluram no crculo das pessoas protegidas todos ou uma parte dos trabalhadores independentes, quer no mesmo regime dos assalariados, quer iniciando um ou mais regimes especiais. Vrios pases tm estendido a proteco a categorias muito diferente tal como artistas, escritores, estudantes, membros de comunidades religiosas e a categorias de pessoas que fazem trabalho semelhante ao dos trabalhadores por conta de outrm, como o caso dos aprendizes, do pessoal domstico, etc. Em pases em vias de desenvolvimento, a situao muito mais diversificada. Em alguns pases, a cobertura continua a estender-se s aos funcionrios pblicos. A maioria dos pases baseia as suas decises sobre o alcance dos regimes de penses na existncia de uma relao entidade empregadora/empregado. A legislao aplica-se aos trabalhadores com tal relao ou queles que fornecem os seus servios sob um contrato de trabalho. Por exemplo, a legislao nos pases africanos de expresso francesa, que se aplica a todos os "assalariados", refere-se definio deste termo no Cdigo do Trabalho.

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    A proposta de cobertura universal Fig.3: ...cobertura universal...

    Muitas das legislaes nacionais continuam a excluir vrias categorias de trabalhadores: aqueles cujos ordenados so mais baixos do que um ordenado mnimo ou aqueles cujos ordenados excedem um certo montante; trabalhadores agrcolas, empregados domsticos, assalariados em pequenas empresas e empregados temporrios ou sazonais. Mesmo onde a legislao no exclui especificamente certas categorias de trabalhadores, as dificuldades inerentes definio do termo empregado podem apresentar-se no caso de pessoas que tm sido contratadas com base num contrato acessrio. O progresso na extenso da cobertura dos regimes certamente mais rpido nos pases industrializados do que nos pases em vias de desenvolvimento. Todavia, a proteco obrigatria est-se a difundir gradualmente. As categorias excludas tambm podem ser reduzidas. Vrios pases tm reduzido o nmero mnimo de trabalhadores necessrios para incluir uma empresa no regime, por exemplo de 100 para 20 trabalhadores. Alm disso, certos pases em vias de desenvolvimento tambm alargaram a cobertura da proteco da penso para alguns ou todos os trabalhadores independentes. Um dos princpios da segurana social que sa iu do Relatrio de Beveridge e da Recomendao pela Segurana dos Rendimentos da OIT, 1944, N. 67, o de cobertura universal: a proteco deve estender-se a toda a comunidade nacional. A segurana social no uma aspirao de uma s classe social, de certas categorias profissionais ou de grupos menos privilegiados; dever ir ao encontro das necessidades de todos os trabalhadores e, como direito humano, das necessidades de toda a populao. E, por isso, uma questo de eliminar desigualdades entre grupos sociais ou profissionais e de estabelecer uma solidariedade geral por parte da comunidade, para benefcio de todos os residentes. A tendncia dos pases industrializados de alargar a cobertura e tornar a proteco universalmente disponvel, mesmo que o objectivo final desta doutrina ainda no tenha sido alcanado em todo o lado. Nos pases em vias de desenvolvimento, a extenso da cobertura um objectivo difcil de se atingir. INSERIR FIGURA

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    Pases industria-lizados Pases em desenvolvi- -mento

    Nos pases que introduziram regimes de penses no contributivas para todos os residentes, a proteco foi alargada a todos desde o incio. O mesmo se aplica em pases que instituram regimes nacionais de segurana, regimes contributivos aplicveis a toda a populao. Tem-se visto que, em outros pases, o alargamento progressivo tem frequentemente permitido cobrir virtualmente todos os empregados. Contudo, em muitos casos, isto s feito mantendo desigualdades no nvel da proteco oferecida. Apesar disso, continuam a existir pessoas que escapam atravs da rede de proteco, com base em categorias profissionais. Em particular, nos ltimos 15 anos, os desenvolvimentos em novas formas de trabalho e de emprego trouxeram novas categorias de trabalhadores atpicos, incompatveis com os regimes baseados em categorias profissionais. De igual modo, o crescimento de categorias sem trabalho e marginalizadas requer a implementao de medidas especiais para garantir os seus meios de subsistncia, em particular na velhice. No certo que o seguro pessoal, introduzido em muitos pases, oferecendo a todos aqueles que no tm cobertura obrigatria, a possibilidade de adeso voluntria, seja suficiente neste caso. A instituio de regimes no contributivos ligados residncia, que dizem respeito a estas categorias desprivilegiadas, parece ser essencial. Em pases em vias de desenvolvimento, alargar a proteco de penses a categorias tais como trabalhadores agrcolas ou trabalhadores independente s pode apresentar srios problemas. Por exemplo, a dificuldade de alargar a proteco a assalariados agrcolas reside na organizao, na administrao e no financiamento de regimes. A mo de obra por vezes instvel, sazonal, dispersa por reas vastas e os rendimentos so baixos. Alm do mais, poder ser difcil distinguir entre assalariados agrcolas e outras categorias de trabalhadores agrcolas. Proteger trabalhadores independentes nestas condies pode tambm levantar dificuldades. As populaes no assalariadas so, normalmente, bastante diversificadas, quer em reas rurais, quer em reas urbanas. Muitas pertencem ao sector informal da economia. Em vrios pases, os mais velhos, os invlidos e os sobreviventes ficam tradicionalmente ao cuidado da sua famlia extensa, mas estes casos so cada vez em menor nmero e menos comuns. Descobriu-se que os perodos difceis de carncia afectam os mais velhos em particular. Todavia, providenciar- lhes prestaes peridicas razoveis incorre em vrios obstculos: geralmente no tm capacidade de contribuio durante a sua vida de trabalho e no existe numa base econmica suficientemente ampla ou externa para que a solidariedade social seja posta em prtica. Apesar destas dificuldades considerveis, mais ou menos pronunciadas, dependendo do pas, um certo nmero tem tentado progredir em direco cobertura universal atravs do uso de formas inovadoras de proteco.

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    UNIDADE 2: Regimes privados A. Relao entre regimes privados e pblicos Os regimes pblicos de penses tm-se desenvolvido admiravelmente ao

    longo do sculo e especialmente nos ltimos 50 anos. Este alargamento progressivo da proteco pblica no tem, contudo, impedido o desenvolvimento da proteco privada. Actualmente, os regimes privados so encontrados em muitos pases, em vias de desenvolvimento e/ou industrializados. O seu nmero e importncia tm, em muitos pases, crescido consideravelmente desde os anos 50. A instituio de um regime privado pode ser a consequncia de uma iniciativa da entidade patronal (um regime da empresa), de um acordo colectivo (regimes profissionais e inter-profissionais) ou, embora raro excepto no caso de trabalhadores independentes, de uma iniciativa dos prprios trabalhadores. Em alguns pases, os regimes proporcionados pelas entidades patronais so de longe os mais comuns, ao passo que em outros predominam os regimes baseados em acordos colectivos. Entre os regimes privados existem grandes diferenas de tipo e de tcnica. O desenvolvimento dos regimes privados est, em geral, intimamente ligado situao dos regimes pblicos. Os regimes privados podem complementar os regimes pblicos quando a taxa de substituio baixa ou quando, nos sistemas tipo Beverdige, a penso de valor fixo estabelecida a um nvel relativamente baixo. Podem dirigir-se a trabalhadores com salrios superiores media, onde as penses tm um limite mximo. Em princpio, quanto mais baixos so o nvel de penses e o limite mximo da penso, maiores so as oportunidades para o desenvolvimento de regimes privados. Os incentivos fiscais generosos tambm contribuem para o seu desenvolvimento, semelhana do que se tem verificado em vrios pases industrializados. Os regimes privados podem igualmente substituir os regimes pblicos. Por exemplo, existem pases onde os regimes privados oferecem uma cobertura que , pelo menos, igual ao regime de penso com base nas remuneraes pblicas e onde possvel, para um regime privado, substituir o regime pblico no caso de certas pessoas cuja entidade patronal se liberta do regime pblico (por exemplo, Japo, Singapura, Sua, Inglaterra). Deve-se acrescentar que, em pases onde os regimes pblicos tm sido introduzidos tardiamente, os regimes privados desenvolveram-se bastante antes. Este foi o caso dos pases em desenvolvimento, onde estes regimes ofereciam, por algum tempo, o nico tipo de penso de proteco que existia, numa forma preliminar.

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    O Chile, em 1981, iniciou um regime de conta individual gerido por empresas privadas de gesto de investimentos que subsistiu, para todos os novos trabalhadores, o regime pblico. Os trabalhadores devem escolher a empresa de gesto de investimentos que querem para administrar a sua conta de fundo de penses. Desde ento, vrios outros pase s na Amrica Latina tm institudo regimes, quer parciais quer voluntrios de substituio do regime pblico atravs de um regime de gesto privada. Em geral, o desenvolvimento da proteco social pblica no deteve a expanso da proteco privada. At certo ponto, a segurana garantida pelos regimes pblicos tem estimulado a necessidade de proteco complementar e abriu novas possibilidades para a iniciativa privada. Ao contrrio, contudo, a existncia de regimes privados tem provado ser um incentivo para o melhoramento dos regimes pblicos que, em muitos pases, tm construdo um segundo e obrigatrio nvel de proteco, reduzindo assim o espao deixado em aberto para o sector privado. Actualmente, porm, ressurge o interesse na proteco privada e parece possvel, em vrios pases, que o alargamento da proteco privada se processe com algum grau de contraco nos regimes pblicos de muitos pases. Em muitos pases, h uma relao estabelecida entre o sector pblico e o sector privado, dado que os componentes da proteco so considerados como um todo. O montante total desejado para a penso que deveria ser alcanada, por juntar as prestaes pblicas e privados, fixo. Os regimes so, portanto, coordenados de modo a alcanar este propsito. A coordenao pode ser melhor quando existe uma taxa geral de substituio de rendimentos garantida. Os requisitos dos princpios internacionais do trabalho podem tambm ser preenchidos pelos regimes privados, sobre certas condies e em conjuno com outras formas de proteco, desde que as mesmas sejam apropriadas. A Conveno da Segurana Social (Padres Mnimos), 1952, N. 102, estabelece que os estados Membros que ratificaram a Conveno podem tomar em considerao os regimes de seguro voluntrio caso

    a) estejam sob a superviso das autoridades pblicas ou administrados juntamente pelos empregados e trabalhadores;

    b) cubram uma parte substancial das pessoas cujos as remuneraes

    estejam abaixo de um nvel especfico (os de um empregado com uma actividade manual); e

    c) cumpram com as condies relevantes da Conveno no que

    respeita s condies de qualificao, nveis de prestaes e outras questes relacionadas. Estas mesmas condies so tambm includas na Conveno das Prestaes de Invalidez, de Velhice, de Sobrevivncia, 1967, N. 128.

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    B. Vantagens e desvantagens dos regimes privados

    Os interesses dos regimes privados podem entrar em conflito com os regimes pblicos na atribuio de recursos financeiros, i.e., no que respeita s contribuies pagas pelos beneficirios e/ou entidades empregadoras. As discusses sobre o papel dos regimes privados so actualmente uma prioridade em muitos pases. Frequentemente , vo alm da estrutura das consideraes tcnicas e levantam questes de ideologia e, em particular, sobre o papel que deve ser assumido pelo Estado. Todavia, de um ponto vista objectivo, podem ser enumeradas as seguintes vantagens:

    ? A existncia e o desenvolvimento de regimes privados abrem o caminho para iniciativas por parte de grupos interessados e permite-lhes complementar com os seus esforos a proteco pblica.

    ? Os regimes privados tm a flexibilidade requerida para ir ao encontro de necessidades especiais de empresas especficas, de sectores de actividades ou profissionais.

    ? Graas ao incentivo da competitividade, podem ser mais eficazes que os regimes pblicos em lidar com as exigncias das prestaes,

    ? Se no forem obrigatrios, os regimes privados devem ser financiados numa base consolidada e, de preferncia, inteiramente consolidados. Devem, por isso, acumular um grande volume de fundos que podem ser investidos, o que permite aumentar as poupanas e contribuir de forma significativa para a formao de capital nacional.

    Pelo contrrio, os regimes privados podem ser criticados em vrios aspectos, com base nas seguintes consideraes:

    ? Frequentemente, os regimes privados tm um fim lucrativo e, por vezes, tm altos custos administrativos devido, em particular, a despesas promocionais. Em muitos pases, descobriu-se que os custos administrativos e os lucros podem absorver 35 a 50 por cento dos prmios pagos;

    ? Reduzem a solidariedade nacional. Frequentemente, tm um mbito de cobertura limitado e favorecem as categorias da populao em melhor situao, enquanto ignoram os trabalhadores em pior situao econmica. Os incentivos fiscais, dos quais muitas vezes beneficiam, que so um subsdio dos fundos pblicos, funcionam da mesma forma;

    ? Os regimes privados so expostos ao perigo de falncia e, consequentemente, no garantem uma segurana total, a menos que o Estado tome as medidas necessrias para fornecer garantias de solvncia.

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    ? Ajustar as penses s flutuaes econmicas muito mais difcil de levar a cabo em regimes privados consolidados do que em regimes pblicos de modalidade normal, i.e., de pagamento do imposto sobre o rendimento. Na prtica, quase impossvel instituir mecanismos de indexao pr-estabelecidos.

    ? No caso de mobilidade profissional, que leva o trabalhador a mudar

    de um regime privado para outro, a manuteno dos direitos de penso levanta problemas complexos, que so difceis de resolver.

    C. Debate actual Cada vez mais, o desenvolvimento de regimes privados est na agenda de muitos pases e, em particular, naqueles em que tais regimes foram at agora de muito pouca importncia. Este desenvolvimento faz parte de uma tendncia mais vasta para a privatizao e est ao mesmo tempo ligado s dificuldades financeiras que confrontam a maioria dos regimes pblicos de penses. Os seus custos aumentam constantemente sob o impacto de vrios factores. Em primeiro lugar, os regimes esto a amadurecer, i.e., medida que os anos passam, o nmero de beneficirios com direito a uma penso completa continua a aumentar. Em segundo lugar, o aumento da esperana de vida da populao aumenta as despesas das penses e, nos pases industriais, o comeo de sculo XXI ir testemunhar um desequilbrio demogrfico devido chegada simultnea idade activa de uma gerao em que a taxa de natalidade baixa e chegada idade de reforma da gerao baby boom. Finalmente, por um lado, a situao do emprego transfere para os regimes de penses uma parte da responsabilidade resultante do desemprego e, por outro, produz uma queda nos fundos disponveis atravs da reduo do nmero de contribuintes activos e dos rendimentos dos contribuintes nos regimes de seguro social. De modo a salvaguardar os regimes de penses pblicos, tm sido tomadas medidas rigorosas em muitos pases, em combinao, onde necessrio, com o financiamento da reforma. Todavia, existe uma importante escola de pensamento que considera essencial redistribuir as responsabilidades entre o sector pblico e o sector privado para a manuteno e a garantia dos rendimentos (em particular para os mais velhos). Mais especificamente, uma vez que as medidas rigorosas acima mencionadas significaro uma reduo na taxa de substituio de rendimentos das penses, ser cada vez mais necessrio compensar esta reduo atravs do sector privado. Estas ideias, que tm sido suportadas pela presso de vrios grupos de interesses incluindo companhias de seguros e bancos, so a base de muitas peas da recente legislao adoptada com o objectivo de estimular o sector das penses privadas. O relatrio da Banco Mundial, Prevenindo as Crises da Velhice (Avering the Old Age Crisis), vai mais alm nesta mesma direco, recomendando que o papel dos regimes pblicos

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    seja limitado ao pagamento de penses modestas, se possvel s para os mais velhos em piores condies, e a confiar os fundos comerciais de penses

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    Fig. 4: O actual debate ....

    privadas com penses de reforma obrigatrias. De acordo com o relatrio, tal abordagem, baseada em regimes consolidados, poderia responder crise do envelhecimento e estimular o crescimento da economia. Esta abordagem provm do chamado Modelo Chileno. INSERIR FIGURA

    D. O Modelo Chileno

    Em 1980-81, o sistema de penses no Chile foi reformado sob o regime militar, do que resultou o aparecimento de um novo tipo de regime: a gesto privada do regime de poupanas de reforma obrigatrias (mandatory retirement savings scheme MRS). A existncia de um regime pblico de penses, que tinha atribudo penses de acordo com as remuneraes e era financiado pelos rendimentos actuais (modalidade de pagamento do imposto sobre o rendimento), foi substitudo ( excepo dos beneficirios a longo prazo que optaram por ficar no regime antigo) pela participao em planos de poupana reforma administrados por empresas comerciais concorrentes escolhidas pelos beneficirios. As entidades patronais j no pagam quaisquer contribuies, uma vez que o novo sistema inteiramente financiado pelas contribuies dos trabalhadores, as quais so depositadas nas suas contas individuais. O montante da penso depende das contribuies pagas pelo participante e dos juros creditados na conta do mesmo. O papel do Estado limita-se a criar as regras, supervisionar os fundos e garantir as penses mnimas. A segurana social pblica tem, assim, sido reduzida a garantir as penses mnimas, complementadas pelo regime privado obrigatrio de acumulao de poupanas. Esta reforma tem sido a base de inspirao de novas legislaes adoptadas em alguns outros pases da Amrica Latina. Contudo, at data, no teve qualquer influncia decisiva em qualquer outra parte do mundo. possvel que propostas deste tipo sejam difceis de aceitar em muitos pases, dado que as mudanas radicais no iro gerar o consenso poltico necessrio para a sua adopo, especialmente se a compreenderem como uma regresso na proteco social.

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    REGIMES DE PENSES

    MDULO 2:

    PRESTAES DE VELHICE

    Bureau Internacional do Trabalho Genebra

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    INDICE DO MDULO

    UNIDADE 1: Idade de Aposentao

    A. Perfil geral

    B. Idade de aposentao e idade de reforma

    C. Idade normal de aposentao

    D. Diminuio da idade de aposentao com base em critrios

    especficos

    E. Flexibilidade na idade de aposentao

    UNIDADE 2: Tipo, clculo e nvel de prestaes

    A. Pagamentos globais

    B. Diferentes mtodos para clculo de penses

    C. Penses de taxa nica

    D. Penses no relacionadas com remuneraes, que variam de

    acordo com o perodo de seguro

    E. Penses relacionadas com os remuneraes

    F. Reformados que continuam com emprego remunerado

    UNIDADE 3: Manuteno do valor da penso

    A. Ajustamento das penses luz das flutuaes econmicas

    B. Tcnicas para ajustar as penses a mudanas econmicas

    C. Abrandamento do ajuste de penses

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    MDULO 2

    PRESTAES DE VELHICE

    UNIDADE 1: Idade de aposentao

    A. Perfil geral

    Todas as sociedades devem questionar-se sobre a forma de cuidar dos mais velhos. Tradicionalmente, a famlia e a comunidade encarregava m-se desta responsabilidade e hoje em dia continuam a faz-lo, a diversos nveis. Desde o fim do sculo XIX, muitos pases tomaram medidas para estabelecer um sistema de proteco de velhice. Actualmente, em resultado do progresso considervel alcanado desde da Segunda Guerra Mundial, existem poucos pases onde no existe proteco social para as pessoas de idade. O objectivo comum dos regimes de proteco de velhice o de garantir a segurana dos rendimentos para as pessoa mais idosas, por meio de pagamentos de prestaes monetrias com inteno de formar a maior parte, se no a totalidade, dos seus rendimentos. Virtualmente, em todo o mundo, os regimes de penses por velhice so o mtodo moderno usado para manter o padro de vida da populao envelhecida. As penses por velhice so as mais importantes de todas as prestaes da segurana social, no s do ponto vista econmico e financeiro mas tambm do ponto de vista psicolgico e poltico. , por isso, til estudar em detalhe estes regimes. Alm disso, muitas das condies so aplicveis s prestaes de invalidez e de sobrevivncia, que esto normalmente ligadas aos regimes de penses por velhice. Em regra geral, a legislao nacional estabelece a idade mnima em que uma penso por velhice normalmente atribuda. Contudo, em alguns casos, estipulado que a penso pode ser atribuda sem os requisitos da idade, com base nos muitos anos de servio. A idade mnima de atribuio da penso por velhice no necessariamente a mesma para todas as pessoas. Podem ser feitas distines de forma a permitir situaes diferentes de uma pessoa para outra. A idade pode variar, nomeadamente, conforme o sexo, a profisso ou

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    a natureza rdua ou durao do trabalho desenvolvido pela pessoa ao longo

    da sua vida profissional. Ao mesmo tempo, existe tambm uma tendncia para uma abordagem mais flexvel relativamente s leis que governam a idade de aposentao, em diferentes casos e sob diferentes circunstncias. Contudo, em primeiro lugar, deve ser feita uma clara distino entre idade de aposentao e idade de reforma, que so dois conceitos diferentes, mesmo que se possam sobrepor.

    B. Idade de aposentao e idade de reforma A Idade de aposentao a idade mnima em que um beneficirio pode

    preencher as condies para obter uma penso normal por velhice. A Idade de reforma a idade em que o trabalhador cessa o trabalho remunerado, regular e substancial devido idade avanada. Estas duas idades podem estar legalmente ligadas caso deixar um emprego remunerado seja condio para ter direito a uma penso, o que frequentemente o caso do pagamento de penses do regime no contributivo e pode tambm ser encontrado em alguns regimes de segurana social. A legislao do seguro social em muitos pases, contudo, no estipula que o pagamento de uma penso por velhice requeira a cessao de um emprego remunerado. O mais razovel que trabalhador adquira o direito a uma penso por velhice pelo pagamento de contribuies durante um certo perodo tempo e que, consequentemente, a penso tenha de ser paga quando a idade estipulada alcanada, quer a pessoa segurada continue a ter um emprego remunerado ou no. Embora os dois aspectos - a cessao da actividade profissional e o direito penso possam no estar ligados legalmente, continuam a complementar-se. A deciso do trabalhador de requerer a penso influenciada pela possibilidade de receber uma penso que garanta um substituto adequado dos rendimentos e, por outro lado, a deciso tomada pela empresa de o/a reformar mais fcil quando existe um regime de penso por velhice. Deste modo, a fixao de uma idade de aposentao um factor chave que muito frequentemente influencia a reforma actual. Todavia, estes dois aspectos podem ser considerados separadamente: a reforma pode acontecer antes ou depois da idade de aposentao, embora dependa, de modo significativo, das condies no mercado de trabalho.

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    C. Idade normal de aposentao Fixao de uma idade de aposentao Um amplo grupo de idades de aposentao

    Existem vrias razes por detrs da fixao de uma idade de aposentao. Pode-se considerar que, uma vez alcanada uma certa idade, o trabalhador tem o direito de desfrutar de um repouso justificado em compensao pelos esforos, realizaes e contribuies que foram feitos ao longo da sua vida de trabalho. Historicamente, a atribuio das primeiras penses, muitas vezes numa base discricionria para funcionrios pblicos e militares, deriva deste conceito de compensao por servios prestados e do direito ao repouso. Tambm se presume que, numa certa idade, as capacidades fsicas e mentais do trabalhador so reduzidas, pelo que no seria justo for- lo a continuar com as actividades profissionais. Baseado na suposio que a idade avanada acompanhada por incapacidade, este era o conceito base do primeiro regime de penses de seguro. O Acto Alemo de 1889, que introduziu um seguro de invalidez obrigatrio, proporcionava a atribuio de penses a partir dos 70 anos de idade sem a necessidade de prova de invalidez. Isto foi tambm adoptado pela OIT na Conferncia Internacional do Trabalho em 1944. De facto, segundo a Recomendao sobre Segurana de Rendimentos (Income Security Recommendation), N. 67, de 1944, a contingncia para que as prestaes de velhice sejam pagas a existncia de uma determinada idade, que deve ser aquela em que as pessoas geralmente se tornam incapazes de realizar um trabalho eficiente, em que a incidncia de doena e de invalidez se torna pesada, e em que o desemprego, se presente, provavelmente permanente. bvio que estes critrios, baseados nas caractersticas mdias da populao e dependendo da sua estrutura demogrfica, estado de sade e condies de trabalho a que os trabalhadores mais velhos tenham sido expostos no passado, variam de pas para pas em alturas diferentes. Para alm destas consideraes, existem outros critrios que influenciam a fixao na legislao da idade de aposentao. Consideraes demogrficas (a estrutura etria da populao, o aumento da esperana de vida, etc.) desempenham um importante papel. Todavia, so as consideraes sociais e, em particular, econmicas e financeiras que, em ltima anlise, so muitas vezes os factores decisivos. O custo do financiamento das penses de grande importncia: quanto mais baixa for a idade de aposentao maior ser o nmero de beneficirios e o custo do regime. A idade normal de aposentao habitualmente igual ou inferior a 65 anos de idade. Esta idade , alm de mais, o limite mximo imposto pelos padres internacionais de trabalho da OIT. Existem, contudo, excepes. De facto, o nmero de pases, em que a idade de aposentao legal superior a 65 anos , at presente data, extremamente baixo.

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    De forma geral, a idade de aposentao superior nos pases industrializados do que nos pases em vias de desenvolvimento. Por exemplo, nos pases da OCDE, situa-se, geralmente por volta dos 65 anos, pelo menos para os homens. Na maioria dos antigos pases com economias de planificao centralizada, situa-se nos 60 anos. Muitos dos pases da sia e da Amrica Latina tm adoptado esta idade de aposentao, ao passo que nos pases Africanos e pases com caixas de previdncia nacional frequentemente inferior, situando-se, por exemplo, nos 55 anos. As grandes divergncias entre os pases industrializados e os pases em vias de desenvolvimento, no que diz respeito esperana mdia de vida, so muitas vezes invocadas para justificar estas disparidades. No entanto, deve notar-se que, embora a esperana de vida nascena varie consideravelmente, isto deve-se, em grande parte, ao grau de mortalidade infantil. Em idades mais avanadas 50 a 60 anos as diferenas so normalmente muito menos significativas. Embora os regimes de penses sejam sujeitos a mudanas relativamente frequentes, a idade normal de aposentao varia muito pouco no tempo. Em muitos pases h 50 anos ou mais que continua inalterada. Contudo, tem havido uma tendncia para baixar a idade de aposentao nos pases em que a idade legal de aposentao tem sido a mais elevada. Tal aconteceu ou para ir ao encontro das aspiraes dos trabalhadores que desejam reformar-se mais cedo ou devido ao crescente desemprego que encoraja os trabalhadores mais velhos a reformarem-se. Em alguns casos, devido a ambas as razes. At data, existe uma tendncia para seguir a direco oposta, sendo atribuda, em particular, s consideraes financeiras existentes especialmente em pases em transio para uma economia de mercado. Contudo, o crescimento planeado deve ser empreendido somente de forma progressiva.

    D. Diminuio da idade de aposentao com base em critrios especficos. Diferenciaocom base no sexo

    Muitos pases atribuem s mulheres o direito de beneficiarem mais cedo do que os homens das suas prestaes de velhice; a diferena normalmente de cinco anos. A questo da idade de aposentao ser diferente ou igual para homens e mulheres bastante complexa e d origem a longas discusses. As opinies no que diz respeito a esta diferena de tratamento dividem-se. Aqueles que defendem uma idade de aposentao inferior para as mulheres consideram, em particular, que as mulheres que tm um trabalho remunerado continuam a encarregar-se da maioria das tarefas domsticas e das actividades familiares, tais como a educao dos filhos. Alm do facto de suportarem sozinhas as consequncias psicolgicas da maternidade, elas continuam, portanto, a carregar uma dupla responsabilidade. Argumenta-se tambm que uma idade de aposentao antecipada responde ao desejo das mulheres em receber a sua penso ao mesmo tempo que

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    Diferenciao com base no tipo de trabalho

    os seus maridos, muitas vezes mais velhos do que elas. Outra razo talvez mais importante a de que, depois de uma certa idade, as mulheres tm dificuldades em arranjar emprego. Aqueles que recomendam a mesma idade de aposentao para homens e mulheres afirmam que estabelecer uma idade inferior no necessariamente uma vantagem para as mulheres. De facto, resulta numa diminuio das suas carreiras profissionais, o que, juntamente com os baixos salrios que recebem, constitu uma desvantagem para elas; consequentemente, as mulheres recebem penses mais baixas do que os homens. paradoxal que uma idade inferior seja fixada para as mulheres quando, em muitos pases, a sua esperana de vida maior do que a dos homens e, por isso, elas podem receber as suas penses durante um maior perodo de tempo. A discriminao entre homens e mulheres no que diz respeito idade de aposentao muito criticada e, em alguns pases, a questo de estabelecer a mesma idade est a ser discutida como parte da aplicao segurana social do princpio geral da igualdade de tratamento para homens e mulheres. A aplicao deste princpio implica, contudo, dificuldades prticas. Ser que a idade de aposentao das mulheres dever ser gradualmente aumentada para o mesmo nvel da dos homens? Ser que a idade de aposentao dos homens dever ser mais baixa do que a idade actualmente aplicada s mulheres? Ser que se deve adoptar uma nica idade algures entre as duas? A resposta tambm ser influenciada pelos limites impostos pela situao econmica geral e pelos limites financeiros dos regimes de penses. Em muitos pases, a idade de aposentao tem sido diminuda para certas categorias de trabalhadores. Existem primeiro as categorias de assalariados para quem os regimes especiais foram estabelecidos antes da criao dos regimes de penses gerias. Exemplos so, no sector pblico, funcionrios pblicos e pessoal da carreira militar e, no sector privado, mineiros, marinheiros e trabalhadores dos caminhos de ferro. Estes regimes tm frequentemente continuado a par do regime geral e conservam vantagens especiais consideradas tradicionais. Entre as vantagens est a idade de reforma que muitas vezes cinco ou mais anos mais baixa que a idade legal de aposentao. Alm disso, algumas legislaes nacionais estipulam uma idade mais baixa para trabalhadores que tiveram, durante um longo perodo de tempo, profisses rduas, perigosas ou menos saudveis. Existe um amplo conjunto de condies na lista de empregos envolvidos e na durao do emprego considerado. Em pases em transio, os salrios so (ou foram) classificado s pela categoria do tipo de trabalho realizado; a reduo da idade da reforma de dez e de cinco anos, respectivamente, para as duas categorias privilegiadas. Contudo, esta classificao geral levanta dificuldades uma vez que, devido s mudanas tecnolgicas, o trabalho considerado rduo hoje, poder no o ser no futuro.

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    Diminuir a idade na eventualidade de desemprego Diminuir a idade no caso de desemprego de longa durao

    O desequilbrio crescente no mercado do trabalho durante os ltimos 20 anos levou vrios pases a diminurem a idade de aposentao para as pessoas mais velhas desempregadas, em geral at cinco anos antes da idade normal. Alguns pases da Europa e da Amrica Latina j tinham tomado medidas semelhantes nos casos em que o desemprego de um trabalhador idoso parecesse ser permanente. Alguns pases diminuram a idade normal de aposentao para beneficirios cuja durao de seguro exceda em muito o perodo normal. Estas penses antecipadas so normalmente chamadas penses de antiguidade e no existem quaisquer condies especficas de idade. Esta situao tambm vantajosa para o caso de trabalhadores que tenham comeado a trabalhar mais cedo, a seguir a terem terminado a escolaridade obrigatria, que muitas vezes so aqueles que tm trabalhos rduos e mal remunerados. Esta prtica dispendiosa e tem vindo, cada vez mais, a ser posta em causa.

    E. Flexibilidade na idade de aposentao Nos ltimos anos tem-se verificado uma tendncia para questionar o conceito

    de idade normal de aposentao baseado no envelhecimento mdio de uma populao, dado o reconhecimento da natureza diferencial e progressiva do envelhecimento individual e o desejo das pessoas de uma maior liberdade de escolha em como organizar as suas vidas profissionais. O processo de envelhecimento das pessoas , de facto, extremamente variado devido, em particular, a condies de trabalho e estilos de vida. Em determinada idade o nvel de sade, a atitude face ao trabalho, os interesses e outros aspectos variam bastante de pessoa para pessoa. Descobriu-se tambm que deixar de trabalhar de um dia para o outro, sem que tal seja desejado, pode ter consequncias psicolgicas severas para a pessoa em questo. Consequentemente, tem-se desenvolvido um movimento para uma maior individualizao no que diz respeito idade de reforma. Isto implica deixar ao trabalhador a escolha de adiantar ou atrasar a idade em que a penso por velhice recebida, dependendo das capacidades e preferncias do indivduo, tratando-se, na realidade, de uma reforma la carte. A maior flexibilidade implcita nesta tendncia tem, contudo, os seus limites. Seria extremamente difcil, por razes financeiras e administrativas bvias, tomar em considerao o facto de que alguns indivduos envelhecem mais rapidamente (ou lentamente) do que outros e dar aos indivduos a liberdade de escolher a sua prpria altura de reforma. Consequentemente, embora tenham sido introduzidas, em vrios pases, diferentes formas de crescente flexibilidade, a refernc ia a uma idade normal de aposentao mantm-se. As penses de velhice antecipadas, referidas acima, podem ser consideradas como um meio de tornar a idade de reforma mais flexvel. Este tambm o

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    Crescente flexibilidade para convenincia pessoal Reforma progressiva

    caso de outras condies legais para penses antecipadas, tais como as condies existentes em vrios pases para as mulheres que deram luz e criaram um ou mais filhos. Contudo, a crescente individualizao da idade de aposentao alcanada especialmente quando o trabalhador pode voluntariamente decidir antecipar ou adiar o seu direito penso por velhice, ou quando o sistema de reforma progressiva introduzido. Algumas legislaes nacionais do ao beneficirio a possibilidade de requerer uma reforma antecipada a partir de uma idade estipulada (frequentemente estabelecida at cinco anos antes da idade normal), desde que os requisitos mnimos em relao aos perodos de contribuio tenham sido satisfeitos. Em tal caso, uma vez que no existe nenhuma justificao social para uma reforma antecipada, paga uma prestao reduzida, baseada no nmero de anos envolvidos. Ao contrrio, nos casos de reforma antecipada acima considerados, o beneficirio recebe a penso a que tinha direito na idade normal de aposentao. Esta reduo compensa, de certo modo, a vantagem concedida por mera convenincia pessoal (embora a entidade patronal possa algumas vezes complementar a penso com base num acordo da companhia) e tem inteno de assegurar que o custo no suportado pelos outros beneficirios. Contudo, a reduo pode ser calculada de modo a encorajar, ou, por outro lado, desencorajar, os beneficirios a tomarem tal deciso. Alguns sistemas permitem aos beneficirios, que podem e querem continuar a trabalhar, adiar o requerimento de uma penso de velhice para alm da idade normal. O montante da penso ento aumentado pelo coeficiente proporcional aos anos para os quais a penso tenha sido adiada. Estes aumentos, simtricos s redues para uma penso antecipada, tornam possvel compensar, at certo ponto, a reduo no perodo para o qual a penso vai ser paga. O aumento pode ser relativamente generoso quando um pas deseja encorajar os trabalhadores a permanecerem produtivos durante o maior perodo de tempo possvel. Geralmente, o adiamento da reforma pode ser autorizado sem limite de tempo ou ser s possvel at uma idade determinada (por exemplo, 70 anos). Descobriu-se que os adiamentos de reforma tm sido, muitas vezes, usados como desculpa para contradizer o efeito dos baixos nveis de penses e que qualquer melhoramento no nvel tende a reduzir o nmero de adiamentos. Contudo, o adiamento da reforma poder continuar a ser atractivo se os aumentos oferecidos forem altos. Obviamente que isto s vivel se a situao do emprego permitir aos beneficirios continuarem a trabalhar. A grande distino entre o trabalho a tempo inteiro e a reforma completa crescentemente criticada pelo stress que a cessao do trabalho numa idade especfica pode causar. Consequentemente, para evitar a repentina quebra causada pela reforma, parece ser necessrio

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    Pr-reforma

    arranjar uma transio entre o trabalho a tempo inteiro e a reforma. Neste sentido, por exemplo, a Recomendao sobre os Trabalhadores Mais Velhos da OIT (ILO Older Workers Recommendation), N.162, de 1980, estabelece uma reduo progressiva das horas de trabalho, compensada atravs da atribuio de uma prestao apropriada. A reforma progressiva torna possvel uma escolha menos rgida entre a reforma e o trabalho. Oferece ao trabalhador/a mais velho/a a oportunidade de reduzir a sua actividade profissional por alguns anos antes de requerer a penso por velhice, ou talvez mesmo depois, uma vez que so fixados um limite inferior e superior. A perda das remuneraes resultante da reduo do tempo de trabalho compensada, em parte, pelo pagamento de uma penso parcial. Os regimes de penses parciais oferecem aos trabalhadores a oportunidade de reduzir progressivamente a sua carga de trabalho, durante os seus ltimos anos de actividade profissional. Isto assegura uma transio suave para a reforma sem uma reduo demasiado rpida dos rendimentos, uma vez que os rendimentos totais (remuneraes mais penses) so s ligeiramente mais baixos que os anteriores rendimentos do trabalho a tempo inteiro. claro que esta abordagem progressiva deve ser voluntria, deixando ao trabalhador a liberdade total de escolha. Este sistema foi introduzido na Sucia no fim dos anos 70. destinado aos assalariados ou trabalhadores independentes com idade entre 60 e 64 anos, que reduzem o seu horrio de trabalho enquanto continuam a trabalhar um determinado nmero de horas por semana. Os beneficirios tm a oportunidade de tirar vantagem desta reduo em vrias etapas. Este novo regime tem tido um sucesso significativo. Vrios outros pases Europeus tomaram metidas similares, quer legais quer com base em acordos colectivos, embora diferentes modalidades possam ser usadas. Como j foi referido, vrios pases reduziram a idade de aposentao para os trabalhadores mais velhos que se encontram em situao de desemprego. Alm disso, comeando nos anos 70, foram introduzidas medidas para encorajar os trabalhadores mais velhos (incluindo os activos) a deixar de trabalhar por completo. O objectivo de tal procedimento foi, essencialmente, promover o emprego de pessoas jovens que, a seguir exploso demogrfica do ps guerra, estavam a entrar no mercado de trabalho em grandes quantidades. Sob estes antigos programas de pr-reforma, os trabalhadores mais velhos que concordavam em se reformar, ou aqueles que eram ameaados com a demisso, recebiam uma prestao at atingirem a idade de receber a penso por velhice. Estes programas tm sido introduzidos atravs de acordos colectivos ou pela legislao, normalmente como parte do seguro de desemprego mas, tambm, como parte da estrutura do seguro de velhice.

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    De forma a assegurar que estas medidas contribuam mais directamente para o emprego de jovens desempregados, tem sido frequentemente estabelecida uma ligao entre a reforma antecipada dos trabalhadores no activo e a contratao de novos trabalhadores. Alguns programas s permitem o direito reforma antecipada na condio de que as empresas substituam, em nmeros iguais, os reformados antecipados por pessoas jovens, particularmente jovens procura do primeiro emprego.

    De uma maneira geral, estas medidas reduziram o nmero de trabalhadores mais velhos. Contudo, no claro que isto tenha tido sempre um efeito na reduo do desemprego entre as pessoas jovens, uma vez que a sada de trabalhadores mais velhos muitas vezes acompanhada por outras mudanas destinadas a aumentar a produtividade. A longo prazo, estas tm desvantagens severas. Podem resultar numa perda da capacidade produtiva e no desperdcio de experincia, privar os reformados de contactos sociais e criar o risco de envelhecimento precoce. Alm disso, resultam num aumento significativo da despesa social, que nem sempre possvel justificar.

    A tabela 1 fornece-nos uma comparao das condies necessrias para a idade legal de aposentao numa seleco aleatria de pases.

    Tabela 1: Idade de aposentao em pases seleccionados

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    Pas

    Homens

    Mulhere

    s

    Reforma antecipada (base)

    Argentina

    63

    58

    ( mudana para 65/60 em 2001). Idade de aposentao pode baixar de 10 anos por trabalho perigoso/menos saudvel.

    Austrlia 65 60 Bahamas 65 65 Bolvia 55 50 50/45 para profisses perigosas. Botswana ** 60 60 Idade 45 Brasil

    65

    60

    Idade 50 se em vrios tipos de trabalhos rduos durante 15-25 anos.

    China 60 60 Para homens e mulheres profissionais. 55 Para mulheres assalariadas no profissionais. 50 Para outras mulheres. 55 50 Para trabalho rduo/ menos saudvel. Repblica Checa 60 Homens 55-58 para trabalho rduo/ menos

    saudvel. 53-57 Mulheres 53-57, dependendo do nmero de filhos

    criados. Em 2007 os homens reformam-se aos 62, mulheres a partir dos 56-61.

    Dinamarca 67 67 50-66 por razes sociais e de sade. Idade 58-66 se a capacidade de trabalho reduzida para pelo menos metade (por razes fsicas ou mentais).

    Egipto 60 60 Para penses baseadas no salrio base (e com 10 anos de contribuies).

    50 50 Para penses baseadas no salrio varivel (e com 20 de contribuies).

    Gabo 55 55 Idade 50 para pessoas envelhecidas prematuramente.

    Gergia 60 Homens com 25 anos de cobertura pro fissional. 55 Mulheres com 20 anos de trabalho.

    Ambos reduzidos por trabalho perigosos/ rduo: para mes de 4 ou mais /ou de filhos deficientes.

    Gana 60 60 Idade 55-59, a no ser por trabalho rduo. Guin 55 55 Idade 50 se incapaz de trabalhar ou com 5-10% de

    reduo para cada ano abaixo dos 55. Iro 60 55 50/45 para 20-25 anos de trabalho em regies ou

    profisses menos saudveis. Itlia 62 57 Necessrio 15 anos de cobertura. Idade de

    aposentao aumentada em 1995 de 61 e 56. Japo 65 65 Pago aos 60-64 com reduo acturia Marrocos 60 60 Idade 55 para mineiros com 5 ou mais anos de

    trabalho nas minas. Pas

    Homens

    Mulheres

    Reforma antecipada (base)

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    Tunsia

    60

    60

    Idade 50 se envelhecimento prematuro devido a trabalho rduo, ou desemprego por 6 meses (360 meses de contribuies). Idade 50 para mes com 3 crianas (180 meses de contribuies); idade 50 (360 meses de contribuies) com 0,5% de redues por cada trimestre abaixo dos 60.

    Uganda* 55 55 Idade 50 se se reformar de um trabalho a tempo inteiro.

    Inglaterra 65 60 H uma proposta no sentido de que a idade de aposentao para as mulheres aumente gradualmente de 60 para 65 entre os anos 2010 e 2020.

    Vietname 60 55 55/50 com 20 anos de trabalho perigoso ou menos saudvel, ou com 10 anos de trabalho no Vietname do Sul, Laus ou Kampuchea (Cambodja) antes de 1975.

    Zimbabwe 60 60 Idade 55 para o trabalho rduo.

    *Caixa de previdncia

    **S funcionrios pblicos Fonte: U. S. Social Security Administration, Social security

    programs throughout the world -1995

    Washington, D.C., 1995.

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    UNIDADE 2: Tipo, clculo, e nvel de prestaes

    Pagamentos globais Caixa de previdncia nacional

    As prestaes de velhice tomam normalmente a forma de pagamentos peridicos (penses); contudo, em certos regimes ou em certos casos, esses pagamentos so processados na forma de montantes globais. Esta caracterstica ser abordada antes de considerarmos as vrias frmulas de calcular as penses. Embora, de acordo com os instrumentos da OIT (Convenes N.102 e N128), as prestaes de velhice devam assumir a forma de pagamentos peridicos, a caixa de previdncia nacional procede normalmente a um nico pagamento global. O mesmo se aplica a alguns regimes complementares privados em vrios pases. Existem tambm vrios regimes que pagam uma quantia global numa nica vez, quando o beneficirio no preenche as condies necessrias para a obteno de uma penso, o que ser realado na seco relativa ao clculo das penses. A caixa de previdncia nacional atribui um pagamento, em idades especficas, de uma quantia global igual ao montante acumulado das contribuies pagas pelo beneficirio e pela entidade patronal, juntamente com juros acumulados. Consequentemente, no existe nenhum fundo comum de risco. Existem legislaes que estipulam que o capital pode ser usado para adquirir uma anuidade embora, at agora, esta prtica tenha sido poucas vezes aplicada. Em casos muito raros, os regimes de segurana social tambm fazem pagamentos globais. Algumas pessoas consideram que o pagamento de uma prestao de montante global pode ser um mtodo que est bem adaptado s necessidades dos pases em vias de desenvolvimento; por exemplo, se um assalariado urbano usa o capital para montar uma actividade econmica na sua terra natal aps a reforma. Contudo, a experincia mostra que h um perigo significativo de que o capital seja usado para consumo imediato e, por isso, atribui ao reformado uma assistncia bastante abaixo do que se podia esperar de um pagamento de uma prestao peridica. Consequentemente, considera-se geralmente que a quantia global paga pela caixa de previdncia no ir, provavelmente, ao encontro das necessidades continuadas dos beneficirios quando se reformam e faz somente uma contribuio parcial para garantir os rendimentos para os seus restantes anos. A agravar esta situao, o capital pago muitas vezes perde o seu valor real devido inflao.

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    Regimes privados de penses

    Deve-se tomar em conta que, apesar dos seus nomes, um nmero crescente dos chamados regimes de penses de facto pagam uma prestao de montante global, que no uma penso. Como no caso da caixa de previdncia, embora com consequncias menos severas, quando um regime privado complementa um regime pblico que paga as penses, esta quantia global pode ser gasta logo que recebida e no pode ser, por isso, considerada como uma garantia de segurana econmica na velhice.

    B. Diferentes mtodos de calcular penses

    Fig. 5: ...diferentes mtodos de clculo de penses...

    No que diz respeito ao clculo de penses, existem dois tipos principais de frmulas nas legislaes nacionais (algumas vezes combinados), dependendo do conceito do papel das penses por velhice. Com o primeiro tipo de frmula, todos os que preenchem as condies exigidas (idade e, muitas vezes, o perodo de residncia num pas) recebem uma penso a uma taxa igual e uniforme, independentemente do que tenham sido os salrios ou as remuneraes durante o percurso da carreira profissional da pessoa. Com o segundo, o montante da penso calculado com base na carreira profissional do beneficirio, estando, por isso, relacionado com os salrios e as remuneraes e toma em considerao a durao da carreira do beneficirio. INSERIR FIGURA No primeiro caso, o conceito que a comunidade deve limitar-se a garantir a todos os mais velhos uma existncia mnima decente e, pelo menos, mant-los afastados da pobreza. Este tipo de frmula deriva do conceito de assistncia. Contudo, os testes comprovativos da situao de carncia financeira de um indivduo implcitos neste conceito tm sido normalmente retirados, excepto para a concesso de vrios complementos especiais ligados penso bsica.

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    Em contraste, o segundo tipo de frmula usado no seguro social. O mesmo aceita que a proteco real dos mais velhos pressupe a manuteno do nvel de vida existente antes do beneficirio se reformar e que , por isso, necessrio, em todos os casos, evitar uma queda excessiva deste nvel de vida. At certo ponto, esta frmula tambm coerente com o conceito de uma penso que, de certo modo, oferece remunerao por servios prestados no passado. Uma frmula intermdia, situada entre as duas frmulas descritas, determina o montante da penso de acordo com a durao do seguro, mas sem ter em considerao os salrios e as remuneraes do beneficirio. A aplicao deste tipo de frmula limitada. De facto, encontra-se uma tendncia convergente em muitas legislaes. Em pases que adoptaram uma frmula de prestao de taxa fixa, o desejo de rendimentos da reforma comparveis com os rendimentos enquanto se trabalhava tem encorajado a realizao de esforos complementares. Isto tem, frequentemente, envolvido a solidariedade colectiva e resultado no acrscimo de um segundo nvel de proteco. Nestes regimes complementares, os rendimentos da profisso so em geral tomados em conta quando as penses so calculadas da mesma forma que nos pases que estabeleceram, desde o incio, uma penso com base nas remuneraes. Estes ltimos pases, com a preocupao de garantir aos pensionistas mais modestos um montante de subsdio decente, tm frequenteme nte introduzido penses mnimas e institudo (por exemplo, para as pessoas com uma carreira incompleta) prestaes no contributivas, que so sujeitas a testes comprovativos de carncia financeira do indivduo. Os resultados destas tendncias so, portanto, muito similares uns aos outros nos diferentes casos. Permitem aumentar a eficcia da proteco aos mais velhos, garantindo a todos um mnimo decente de existncia, tendo em conta os seus recursos e, para aqueles que tiveram um percurso profissional, mantendo uma percentagem dos rendimentos profissionais anteriores.

    C. Penses unificadas As penses unificadas so pagas por regimes aplicados a todos os

    residentes. Tais regimes so muitas vezes no contributivos. Contudo, alguns regimes de seguros sociais tambm pagam penses de taxa fixa. Pode tambm acontecer que o mesmo regime pague uma penso composta por um montante base de taxa fixa e uma componente baseada nas remuneraes. Isto frequentemente referido como uma frmula de prestao de segundo nvel.

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    Deve-se tambm referir que os montantes de taxa fixa podem ser sujeitos a redues ou aumentos. Isto aplica-se em particular aos regimes (poucos at data) que impem testes comprovativos da situao de carncia financeira do indivduo, quer para as pessoas mais velhas quer para aquelas que ainda no chegaram idade de aposentao (por exemplo 70 anos). Mais frequentemente, os mesmos testes iro aplicar-se unicamente a quaisquer complementos da penso que so acrescentados s prestaes mnimas. Na maioria dos casos, a penso atribuda quando o beneficirio preenche as condies mnimas de elegibilidade. Estas normalmente incluem um perodo de residncia que, em alguns regimes, muito longo (por exemplo, 40 ou 50 anos) para receber uma penso por inteiro. Nos regimes de segurana social em que so pagas penses de taxa fixa, pode ser estipulada, para qualquer beneficirio que ainda no tem uma carreira profissional completa no regime de segurana social, uma reduo no montante normal. A prestao pode ser estabelecida a uma taxa uniforme para todos os que tm direito. Contudo, em geral, feita a distino entre o montante de uma penso por velhice atribuda a uma pessoa singular e o montante atribudo a um casal (este montante normalmente inferior a duas vezes o montante pago a uma pessoa singular). Finalmente, a taxa da penso pode variar consideravelmente de um pas para outro. Em alguns pases ainda se encontra abaixo do nvel mnimo de subsistncia enquanto que, em outros, os nveis de prestao so iguais ou excedem este nvel. H, pelo menos, um pas em que o montante da penso de taxa fixa aumentado caso o beneficirio no tenha direito a uma penso complementar.

    D. Penses baseadas nas no remuneraes que variam com o perodo de seguro Uma das frmulas usadas para determinar o montante da penso a de

    calcular o montante unicamente em relao durao do seguro, sem tomar em considerao os salrios ou as remuneraes do beneficirio. Como j foi mencionado anteriormente, esta situao encontra-se entre os montantes de taxa fixa e os baseados nas remuneraes, embora esteja mais perto do sistema de penso de taxa fixa, especialmente onde permite uma reduo na taxa normal se a carreira segurada est incompleta. raro esta frmula ser aplicada em regimes legais de penses.

    E. Penses com base nas remuneraes

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    Perodo de qualificao

    Os regimes de penses com base nas remuneraes no so vulgarmente encontrados em todo o mundo, quer em pases em vias de desenvolvimento, pases industrializados com economias de mercado ou com economias em transio. Do mesmo modo como para as penses de taxa fixa, a atribuio das prestaes sujeita a um perodo mnimo de qualificao na maioria dos regimes de penses baseados nas remuneraes. O perodo de qualificao estipulado depende normalmente dos perodos de contribuio, de seguro ou de emprego. Embora certos pases no estipulem um perodo mnimo de qualificao para obter o direito prestao, a maioria das legislaes de seguro por velhice estipulam que o direito penso, mesmo a uma taxa reduzida, est dependente de um perodo mnimo de qualificao. Este perodo de qualificao pode ser curto contudo, em muitos casos, um longo perodo para evitar abusos por parte daqueles que contribuiriam meramente para se aproveitarem do sistema. Em muitos pases, este perodo pode ser de 20 anos ou mais, embora sob as Convenes da OIT (N..102 e 128), deva ser garantida s pessoas que completaram 15 anos de contribuies ou de emprego uma prestao reduzida. Alguns regimes estipulam que o beneficirio deve demostrar que ele (ou ela) esteve registado durante pelo menos 20 anos, com um certo nmero de meses no seguro durante um perodo estipulado, anterior data em que se tem direito penso. A maioria dos regimes especifica um nico perodo de qualificao ligado a uma nica idade em que se tem direito penso. Todavia, existem alguns que estipulam diversas idades que do direito penso relacionadas com diferentes perodos de qualificao: as mais altas idades esto ligadas aos perodos de qualificao mais curtos. Alguns regimes estipulam uma certa regularidade de contrib uies. Outros podem especificar que o perodo de qualificao deve ser completado durante o perodo estipulado imediatamente antes da idade que d direito penso. O perodo mnimo de qualificao pode ser reduzido em sistemas em que a idade de aposentao para certas categorias de beneficirios mais baixa do que a idade normal, por exemplo mulheres ou pessoas que exerceram profisses consideradas rduas ou menos saudveis. Em muitos pases, outros perodos que no os de emprego podem ser tomados em conta na determinao do perodo mnimo de qualificao (e tambm para o clculo das penses, como ser visto de seguida). Estes so conhecidos como perodos de assimilao. Por exemplo, os perodos em que um beneficirio recebe prestaes da segurana social por doena, acidente de trabalho, maternidade, desemprego; perodos de servio militar obrigatrio; perodos de estudo ou de formao; perodos dedicados criao dos filhos, entre outros. Em pases onde existem vrios regimes de penses, vrias legislaes

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    Frmulas de clculo

    permitem aos beneficirios que sejam tomados em conta para calcular o perodo de qualificao todos os perodos de seguro adquiridos sob diferentes regimes. Devido ao facto de que a instituio de um perodo relativamente longo de qualificao ir excluir da proteco aqueles que esto prximos da idade de aposentao na altura em que o regime de penses por velhice introduzido, as medidas de transio so muitas vezes elaboradas em seu favor. Por exemplo, a durao do perodo de qualificao pode ser graduada em funo da idade na altura em que o regime entra em vigor, ou so contados como perodos de seguro os perodos de emprego ou de actividade profissional (real ou presumvel) que precederam o estabelecimento do regime. Os beneficirios que no preenchem as condies de qualificao recebem frequentemente um abono nico, que pode tambm ser calculado em relao s suas remuneraes e ao nmero de anos de descontos. O montante da penso com base nas remuneraes normalmente fundamentado em dois factores chaves: a mdia da remunerao de referncia e a durao do seguro. Estes dois factores sero abordados com maior detalhe de seguida, sendo os pargrafos seguintes dedicados ao mtodo de clculo. As frmulas para calcular as penses baseadas nas remuneraes so extremamente variadas. No entanto, pode-se distinguir entre dois tipos de frmulas principais, cada um com um certo nmero de variantes. No primeiro tipo, a relao entre a penso e as remuneraes anteriores no varia em relao ao nvel de remuneraes, variando, em vez disso e normalmente, de acordo com a durao do seguro ou do emprego. Este o mtodo de clculo mais frequente. Em alguns pases que aplicam este mtodo, o montante da penso calculado como uma percentagem predeterminada das remuneraes de cada ano de seguro ou emprego. A percentagem situa-se frequentemente entre 1,33 e 2 per cento. Deste modo, atribuda a cada ano de seguro uma taxa de acumulao e o montante da penso calculado usando a seguinte frmula: INSERIR FIGURA

    remunerao de referncia

    taxa de acum ulao

    nmero de anos de seguro

    Penso

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    Remuneraes de referncia e perodo

    Em outros pases, a penso composta por um montante base (uma dada percentagem da remunerao de referncia), que adquirido logo que o perodo mnimo de qualificao seja completo e por um aumento (calculado com base numa percentagem das remuneraes) por quaisquer perodos de seguro adicionais. Em outros pases, ainda, a penso baseada numa percentagem fixa das remuneraes de referncia desde que o perodo de qualificao seja suficientemente longo para tornar possvel a obteno de uma penso por inteiro (por exemplo, 40 ou 45 anos). A penso ser reduzida proporcionalmente se o perodo de qualificao no for completo. O segundo tipo de frmula favorece aqueles beneficirios com remuneraes baixas, i.e., em que a penso uma percentagem das remuneraes anteriores e em que esta percentagem diminui medida que o total das ltimas remuneraes aumenta. Existem pases onde a penso calculada de modo degressivo. As remuneraes de referncia so divididas em escales e a percentagem relacionada com a penso muito maior para a primeira banda do que para a ltima. Em outros pases, a penso composta por um montante base fixo no relacionado com as remuneraes e a este acrescentado um complemento proporcional s remuneraes e ao perodo de seguro. So tambm usados mtodos mais complexos de modo a garantir uma penso em que a taxa diminua medida que as remuneraes de referncia aumentem. Paralelamente a estas duas frmulas de clculo pode ser encontrado um mtodo mais inovador, o chamado mtodo dos pontos. Este usado em vrios pases, embora de diferentes formas. Por exemplo, em alguns pases Africanos de expresso francesa, cada ano o beneficirio adquire um nmero de pontos calculados com base no montante das contribuies pagas. A penso por velhice igual ao nmero de pontos adquiridos pelo beneficirio na altura em que as suas prestaes so requeridas, multiplicadas pelo valor do ponto da penso. O valor do ponto, quer o ponto da contribuio ou o da penso, especificado anualmente pela autoridade competente, usando os dados tcnicos e financeiro impostos pelo regime. O salrio e as remuneraes de referncia usados no clculo da penso so um dos factores chave que influencia o nvel da penso. As remuneraes de referncia iro depender, por um lado, dos vrios componentes da remunerao tomados em considerao e, por ouro lado, do perodo tomado em conta. A definio de remuneraes varia de pas para pas. Em alguns pases, a definio bastante vasta e cobre todos os componentes do salrio, incluindo os complementos pagos por horas extraordinrias, ajudas de custo, bnus e outros tipos de regalias, entre muitos outros; em outros, s tomada em conta a parte fixa do salrio pago em intervalos regulares.

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    A maioria dos regimes estabelece um limite superior referido como limite mximo para o montante dos salrios ou das remuneraes que podem ser considerados quando o montante da penso calculado. Os salrios ou as remuneraes que esto alm deste limite mximo no so tomados em conta. Muito frequentemente, este limite mximo estabelecido como um montante fixo. Contudo, em certos casos, calculado pela referncia a outro montante, tal como o salrio mnimo. Em vez de aplicar um limite mximo para as remuneraes tomadas em conta, algumas legislaes especificam explicitamente o montante mximo da penso. As variaes do nvel do limite mximo de pas para pas em comparao com o PIB per capita, o salrio mdio ou o salrio mnimo so considerveis. Isto deve-se ao facto de que, em cada pas, o nvel do limite mximo considerado conveniente, est relacionado com consideraes econmicas, financeiras e sociais e reflecte os interesses de diferentes grupos. Tambm se deve tomar em ateno que, em certos regimes, tem sido estipulado um patamar, i.e. o montante das remuneraes tomado em conta no pode ser inferior ao mnimo prescrito. O sistema das classes de salrios, cada classe com um montante mnimo e mximo, em que as remuneraes dos beneficirios so distribudas, foi difundido nos primeiros regimes de segurana social. Tem sido abandonado na maioria dos pases, mas continua a existir em alguns pases, em particular os que se encontram em vias de desenvolvimento. Neste sistema, as remuneraes de referncia no so do salrio actual do beneficirio, mas sim o salrio mdio da classe a que pertence. Se o nmero de classes bastante grande, o salrio actual est situado perto do nvel do salrio mdio estabelecido para a classe. No que diz respeito ao seguro de penso, as remuneraes dos trabalhadores independentes podem ser aquelas que so definidas pela legislao do imposto sobre o rendimento. Contudo, muitas outras solues diferentes podem tambm ser aplicadas. Por exemplo, em alguns pases em vias de desenvolvimento, os trabalhadores independentes so classificados de acordo com a escala das remuneraes de taxa fixa ou podem seleccionar os montantes do valor fixo que desejarem. Em alternativa, o montante de valor fixo pode ser o mesmo para todos. O montante da penso normalmente calculado com base nas remuneraes de um perodo de referncia. A durao deste perodo varia de regime para regime. Em muitos regimes, o perodo de referncia est relacionado com a durao total das contribuies, com a carreira profissional da pessoa em questo ou com quaisquer dados semelhantes. Em alguns regimes, so excludos do c lculo os anos menos favorveis. Contudo, em outros regimes, a durao do tempo tomada em considerao encurtada. Em certos regimes, este perodo de tempo referente aos anos finais de contribuio ou de emprego (normalmente de um a dez anos). A mdia do salrio de referncia pode tambm ser calculada com base nos anos mais favorveis. Por vezes estes anos tm de ser consecutivos ou includos num determinado perodo.

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    Perodos de seguro Penses mnimas

    Muitas legislaes estabelecem uma alternativa para o clculo do perodo tomado em considerao, quer a de especificar qual a soluo mais favorvel que deve ser aplicada, quer a de deixar a escolha do mtodo aplicvel. Quando o perodo de referncia de longa durao, ou quando este perodo est longe em termos retrospectivos, existe o perigo das remu