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_________________________________________ Responsabilidade Civil Prof. Felipe Maciel ROTEIRO DE AULAS PONTO I - INTRODUÇÃO À RESPONSABILIDADE CIVIL 1) Conceito de responsabilidade Fato jurídico => violação de um dever jurídico => consequência => responsabilidade Ato ilícito civil Dano Dever de indenizar Ato ilícito penal Crime Aplicação de pena a) Fato jurídico, ato lícito e ato ilícito b) Conceito de ato ilícito do Código Civil Art. 186 do CC: “Comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. c) Conceito de responsabilidade

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ROTEIRO DE AULAS

PONTO I - INTRODUÇÃO À RESPONSABILIDADE CIVIL

1) Conceito de responsabilidade Fato jurídico => violação de um dever jurídico => consequência => responsabilidade Ato ilícito civil Dano Dever de indenizar Ato ilícito penal Crime Aplicação de pena

a) Fato jurídico, ato lícito e ato ilícito

b) Conceito de ato ilícito do Código Civil

Art. 186 do CC: “Comete ato ilícito aquele que, por ação ou omissão

voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”.

c) Conceito de responsabilidade

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2) Espécies de responsabilidade Responsabilidade civil e responsabilidade penal

Responsabilidade contratual e extracontratual

Responsabilidade subjetiva e objetiva

3) Evolução histórica da responsabilidade civil

a) Vingança privada b) Composição c) Correspondência d) Lex Aquilia

e) Código de Napoleão f) Teoria do Risco e Responsabilidade Objetiva

4) Pressupostos da responsabilidade civil Conduta humana

Culpa

Nexo causal

Dano

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PONTO II - A CONDUTA HUMANA E O ELEMENTO CULPA.

1) A conduta Ação Omissão

2) Imputabilidade Maturidade Sanidade mental

3) A culpa em sentido estrito Voluntariedade do comportamento do agente Previsibilidade Violação de um dever de cuidado

3.1) Classificação da culpa Culpa in eligendo, culpa in vigilando e culpa in custodiendo

Culpa in comitendo ou in faciendo e culpa in omitendo

Culpa in concreto e culpa in abstrato

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Culpa presumida ou in re ipsa Culpa contra a legalidade

4) Graus da culpa Culpa leve Culpa grave Culpa gravíssima

5) Culpa Concorrente Art. 945 do CC: “Se a vítima tiver concorrido culposamente para o

evento danoso, a sua indenização será fixada tendo-se em conta a gravidade da sua culpa em confronto com a do autor”.

Art. 942 do CC: “Os bens do responsável pela ofensa ou violação do

direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se tiver mais de um autor a ofensa, todos responderão solidariamente pela reparação”.

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PONTO III – O NEXO DE CAUSALIDADE

1) Conceito de nexo causal 2) Teorias sobre a relação de causalidade

a) Teoria da equivalência das condições (conditio sine qua non)

b) Teoria da causalidade adequada

c) Teoria adotada pelo Código Civil Art. 403 do CC: “ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela direto e imediato”.

“Nesse domínio jurídico, o sistema brasileiro, resultante do disposto no artigo 1.060 do Código Civil/16 e no art. 403 do CC/2002, consagra a teoria segundo a qual só existe o nexo de causalidade quando o dano é efeito necessário de uma causa”. (REsp 843.060/RJ, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI, PRIMEIRA TURMA, julgado em 15/02/2011, DJe 24/02/2011)

3) Causalidade comum. 4) Causalidade alternativa. 5) Causalidade concorrente.

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PONTO IV – O DANO

1) Conceito de dano 2) Dano patrimonial Art. 402 do CC: “salvo as exceções expressamente previstas em lei, as

perdas e danos devidas ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar”.

a) Espécies de dano patrimonial Dano emergente

Lucro cessante

Teoria da perda de uma chance

b) Natureza da reparação civil c) Prova do dano material

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3) Dano Moral a) Dano moral e dignidade da pessoa humana b) Prova do dano moral c) Natureza da reparação por dano moral d) Quantificação do dano moral Não se deve ser aceita indenização meramente simbólica; Deve ser evitado o enriquecimento injusto; Não se deve utilizar qualquer critério de tarifação; Não deve existir qualquer relação entre a indenização por dano moral e

o dano patrimonial; Devem ser levados em consideração a gravidade do caso e as

características da vítima e do autor; Casos semelhantes devem servir de parâmetros para as indenizações; Deve se levar em conta o contexto econômico do País.

4) Dano Estético Súmula 387 do STJ: “É lícita a cumulação das indenizações de dano

estético e dano moral”. 5) Dano Coletivo

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6) Dano moral à pessoa jurídica Art. 52 do CC: “aplica às pessoas jurídicas, no que couber a proteção

aos direitos da personalidade”. Súmula n.º 227 do STJ: “a pessoa jurídica pode sofrer dano moral”.

7) Jurisprudência sobre o assunto:

“A jurisprudência desta Corte firmou entendimento de que não há falar em prova do dano moral, mas, sim, na prova do fato que gerou a dor, o sofrimento, sentimentos íntimos que o ensejam” (AgRg no REsp 1181205/RS, Rel. Ministro SIDNEI BENETI, TERCEIRA TURMA, julgado em 28/06/2011, DJe 01/07/2011).

“O valor do dano moral tem sido enfrentado no STJ com o escopo de atender a sua dupla função: reparar o dano buscando minimizar a dor da vítima e punir o ofensor, para que não volte a reincidir” (EDcl no REsp 845.001/MG, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 08/09/2009, DJe 24/09/2009) “À luz dos artigos 127 e 129, III, da CF/88, o Ministério Público Federal tem legitimidade para o ajuizamento de ação civil pública objetivando indenização por danos morais coletivos em “decorrência de emissões de declarações falsas de exclusividade de distribuição de medicamentos usadas para burlar procedimentos licitatórios de compra de medicamentos pelo Estado da Paraíba mediante a utilização de recursos federais. (AgRg no REsp 1003126/PB, Rel. Ministro BENEDITO GONÇALVES, PRIMEIRA TURMA, julgado em 01/03/2011, DJe 10/05/2011) “A Egrégia Primeira Turma firmou já entendimento de que, em hipóteses como tais, ou seja, ação civil pública objetivando a reabertura de postos de atendimento de serviço de telefonia, não há falar em dano moral coletivo, uma vez que "Não parece ser compatível com o dano moral a idéia da 'transindividualidade' (= da indeterminabilidade do sujeito passivo e da indivisibilidade da ofensa e da reparação) da lesão" (AgRg no REsp 1109905/PR, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 22/06/2010, DJe 03/08/2010)

Reconhece-se a legitimidade ativa dos pais de vítima direta para, conjuntamente com essa, pleitear a compensação por dano moral por ricochete, porquanto experimentaram, comprovadamente, os efeitos lesivos de forma indireta ou reflexa. (REsp 1208949/MG, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 07/12/2010, DJe 15/12/2010)

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RESPONSABILIDADE CIVIL. ADVOCACIA. PERDA DO PRAZO PARA CONTESTAR. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS FORMULADA PELO CLIENTE EM FACE DO PATRONO. PREJUÍZO MATERIAL PLENAMENTE INDIVIDUALIZADO NA INICIAL. APLICAÇÃO DA TEORIA DA PERDA DE UMA CHANCE. CONDENAÇÃO EM DANOS MORAIS. JULGAMENTO EXTRA PETITA RECONHECIDO. 1. A teoria da perda de uma chance (perte d'une chance) visa à responsabilização do agente causador não de um dano emergente, tampouco de lucros cessantes, mas de algo intermediário entre um e outro, precisamente a perda da possibilidade de se buscar posição mais vantajosa que muito provavelmente se alcançaria, não fosse o ato ilícito praticado. Nesse passo, a perda de uma chance - desde que essa seja razoável, séria e real, e não somente fluida ou hipotética - é considerada uma lesão às justas expectativas frustradas do indivíduo, que, ao perseguir uma posição jurídica mais vantajosa, teve o curso normal dos acontecimentos interrompido por ato ilícito de terceiro. 2. Em caso de responsabilidade de profissionais da advocacia por condutas apontadas como negligentes, e diante do aspecto relativo à incerteza da vantagem não experimentada, as demandas que invocam a teoria da "perda de uma chance" devem ser solucionadas a partir de uma detida análise acerca das reais possibilidades de êxito do processo, eventualmente perdidas em razão da desídia do causídico. Vale dizer, não é o só fato de o advogado ter perdido o prazo para a contestação, como no caso em apreço, ou para a interposição de recursos, que enseja sua automática responsabilização civil com base na teoria da perda de uma chance. É absolutamente necessária a ponderação acerca da probabilidade - que se supõe real - que a parte teria de se sagrar vitoriosa. 3. Assim, a pretensão à indenização por danos materiais individualizados e bem definidos na inicial, possui causa de pedir totalmente diversa daquela admitida no acórdão recorrido, de modo que há julgamento extra petita se o autor deduz pedido certo de indenização por danos materiais absolutamente identificados na inicial e o acórdão, com base na teoria da "perda de uma chance", condena o réu ao pagamento de indenização por danos morais. 4. Recurso especial conhecido em parte e provido. (REsp 1190180/RS, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 16/11/2010, DJe 22/11/2010).

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PONTO V – O DANO E SUA LIQUIDACAO

1) Indenização em caso de homicídio Art. 948 do CC: “No caso de homicídio, a indenização consiste, sem

excluir outras reparações, em: I - pagamento das despesas com o tratamento da vítima, seu funeral e o luto da família; II – na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima”

Natureza civil dos alimentos indenizatórios

Cálculo da indenização

a) Morte de filho. Súmula 491 do STF: “É indenizável o acidente que cause a morte de

filho menor, ainda que não exerça trabalho remunerado”. b) Morte de chefe de família c) Morte da esposa “dona-de-casa” d) Morte de nascituro

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2) Inabilitação da vítima para exercer profissão que antes exercia Art. 949 do CC: “No caso de lesão ou outra ofensa à saúde, o ofensor

indenizará o ofendido das despesas do tratamento e dos lucros cessantes até ao fim da convalescença, além de algum outro prejuízo que o ofendido prove haver sofrido”.

Art. 950 do CC: “Se da ofensa resultar defeito pelo qual o ofendido não

possa exercer o seu ofício ou profissão, ou se lhe diminua a capacidade de trabalho, a indenização, além das despesas do tratamento e lucros cessantes até ao fim da convalescença, incluirá pensão correspondente à importância do trabalho para que se inabilitou, ou da depreciação que ele sofreu”.

3) Pagamento único e constituição de capital para garantir a pensão Art. 950, parágrafo único, do CC: “O prejudicado, se preferir, poderá

exigir que a indenização seja arbitrada e paga de uma só vez”. . Art. 475-Q do CPC:

Art. 475. Quando a indenização por ato ilícito incluir prestação de alimentos, o juiz, quanto a esta parte, poderá ordenar ao devedor constituição de capital, cuja renda assegure o pagamento do valor mensal da pensão.

§ 1o Este capital, representado por imóveis, títulos da dívida pública ou aplicações financeiras em banco oficial, será inalienável e impenhorável enquanto durar a obrigação do devedor.

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§ 2o O juiz poderá substituir a constituição do capital pela inclusão do beneficiário da prestação em folha de pagamento de entidade de direito público ou de empresa de direito privado de notória capacidade econômica, ou, a requerimento do devedor, por fiança bancária ou garantia real, em valor a ser arbitrado de imediato pelo juiz.

§ 3o Se sobrevier modificação nas condições econômicas, poderá a parte requerer, conforme as circunstâncias, redução ou aumento da prestação.

§ 4o Os alimentos podem ser fixados tomando por base o salário-mínimo.

§ 5o Cessada a obrigação de prestar alimentos, o juiz mandará liberar o capital, cessar o desconto em folha ou cancelar as garantias prestadas

Súmula 313 do STJ: “Em ação de indenização, procedente o pedido, é

necessária a constituição de capital ou caução fidejussória para a garantia de pagamento da pensão, independentemente da situação econômica do demandado”.

4) Danos causados por atividades profissionais. Art. 951 do CC: “O disposto nos arts. 948, 949 e 950 aplica-se ainda no

caso de indenização devida por aquele que, no exercício de atividade profissional, por negligência, imprudência ou imperícia, causar a morte do paciente, agravar-lhe o mal, causar-lhe lesão, ou inabilitá-lo para o trabalho”..

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5) Revisão do dano. 6) Esbulho e usurpação.

Art. 952 do CC: “Havendo usurpação ou esbulho do alheio, além da restituição da coisa, a indenização consistirá em pagar o valor das suas deteriorações e o devido a título de lucros cessantes; faltando a coisa, dever-se-á reembolsar o seu equivalente ao prejudicado. Parágrafo único. Para se restituir o equivalente, quando não exista a própria coisa, estimar-se-á ela pelo seu preço ordinário e pelo de afeição, contanto que este não se avantaje àquele”.

7) Responsabilidade por injúria, calúnia e difamação. Art. 953 do CC: “a indenização por injúria, difamação ou calúnia

consistirá na reparação do dano que dele resulte ofendido” 8) Responsabilidade por ofensa à liberdade.

Art. 954 do CC: “A indenização por ofensa à liberdade pessoal consistirá no pagamento das perdas e danos que sobrevierem ao ofendido, e se este não puder provar prejuízo, tem aplicação o disposto no parágrafo único do artigo antecedente. Parágrafo único. Consideram-se ofensivos da liberdade pessoal: I - o cárcere privado; II - a prisão por queixa ou denúncia falsa e de má-fé; III - a prisão ilegal.”

9) Responsabilidade pela cobrança de dívida não vencida Art. 939 do CC: “o credor que demandar o devedor antes de vencida a

divida, fora dos casos que a lei o permita, ficara obrigado a esperar o tempo que faltava para o vencimento, a descontar os juros correspondentes, embora estipulados, e a pagar as custas em dobro.”

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10) Responsabilidade pela cobrança de dívida já paga Art. 940 do CC: “Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou

em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição”.

Súmula 159 do STF: “Cobrança excessiva, mas de boa fé, não dá lugar

às sanções do Art. 1.531 do Código Civil”. Art. 42, parágrafo único, do CDC: “O consumidor cobrado em quantia

indevida tem direito à repetição do indébito, por valor igual ao dobro do que pagou em excesso, acrescido de correção monetária e juros legais, salvo hipótese de engano justificável”.

Art. 941 do CC: “As penalidades não se aplicarão no caso de

desistência da ação antes da contestação.” 11) Jurisprudência sobre a matéria:

“As duas únicas variações que abrem a possibilidade de alteração do valor da prestação de alimentos decorrentes de indenização por ato ilícito, são: (i) o decréscimo das condições econômicas da vítima, dentre elas inserida a eventual defasagem da indenização fixada; (ii) a capacidade de pagamento do devedor: se houver acréscimo, possibilitará o pedido de revisão para mais, por parte da vítima, até atingir a integralidade do dano material futuro; se sofrer decréscimo, possibilitará pedido de revisão para menos, por parte do próprio devedor, em atenção a princípios outros, como a dignidade da pessoa humana e a própria faculdade então outorgada pelo art. 602, § 3º, do CPC (atual art. 475-Q, § 3º, do CPC). Entendimento em sentido contrário, puniria a vítima do ilícito, por ter, mediante esforço sabidamente incomum, revertido situação desfavorável pelas limitações físicas sofridas, com as quais teve que aprender a conviver e, por meio de desafios diários, submeter-se a uma nova vida em que as superações das adversidades passam a ser encaradas sob uma perspectiva totalmente diversa da até então vivenciada. Enfrentar as dificuldades e delas extrair aprendizado é a nova tônica. Ou ainda, premiar o causador do dano irreversível, pelos méritos alcançados pela vítima que, mediante sacrifícios e mudanças de hábitos, conseguiu

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alcançar êxito profissional com reflexos patrimoniais, seria, no mínimo, conduta ética e moralmente repreensível, o que invariavelmente faria aumentar o amplo espectro dos comportamentos reprováveis que seguem impunes.” (REsp 913.431/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 27/11/2007, DJe 26/11/2008)

1. A autora, mãe biológica do menor vítima de homicídio culposo, ajuizou ação de indenização em face de casal que - reconhecidamente, tanto pela sentença de improcedência, quanto pelo acórdão que a reformou -, acolheu o menor em sua residência como se filho fosse. Em razão de o filho biológico do casal réu ter desferido, acidentalmente, o disparo de arma de fogo que ceifou a vida do filho biológico da autora, pretende esta indenização por danos morais e materiais. 2. A jurisprudência da Casa é uníssona em afirmar que, cuidando-se de família de baixa renda, a colaboração do menor trabalhador é presumida. Porém, tal presunção não se sustenta se a realidade dos autos indicar que a vítima, além de não conviver com a autora, não lhe prestava nenhuma ajuda financeira, circunstância a revelar que o infortúnio não causou à autora nenhuma redução patrimonial, tampouco lucros cessantes. Afasta-se, portanto, o dano material. 3. Se, por um lado, a autora se distanciou de seu filho biológico nos últimos dois anos de sua vida, não é menos verdade que durante os outros nove anos o menor com ela conviveu, não sendo possível afirmar-se que inexistiu dor moral decorrente da perda precoce do seu filho. 4. Com efeito, muito embora a legitimidade para pleitear-se indenização por danos morais, decorrentes de morte, tenha tido como pressuposto o grau de parentesco entre a vítima e o requerente, tal solução não é destituída de causa. Em realidade, a depender do grau de parentesco, presume-se a existência de laços afetivos sólidos, cujo rompimento em razão da morte do querido ente gera sofrimento indenizável. Destarte, mostra-se relevante à determinação da legitimidade para receber indenização por dano moral, em última análise, e sobretudo, os laços afetivos entre a vítima, em vida, e o autor da ação, cuja existência é presumida em parentes próximos, porquanto nesses casos os fatos tidos por danosos, de regra, conseguem ingressar na esfera da dignidade da pessoa, causando-lhe abalo moral. 5. Verifica-se o duplo escopo da condenação civil: a recomposição ou compensação do dano e a sanção do causador do dano, em razão da reprovabilidade de sua conduta. 6. O Direito, além de não compactuar com enriquecimentos sem causa, quando consideradas as condições da vítima, também não tolera condenações por demais severas, se consideradas as particularidades inerentes ao ofensor, sob pena de, nessa última hipótese, a sentença condenatória ir muito além da reprimenda necessária e suficiente à dissuasão/punição do causador do dano. 7. No caso em julgamento, as próprias conseqüências do ilícito - a morte de menor acolhido pelos réus como se filho fosse - assumiram por si o caráter educativo/punitivo da reparação civil, e tais circunstâncias devem ser consideradas na dosimetria da reprimenda civil, sob pena de recair sobre os autores do ilícito um abjeto bis in idem, rechaçado pelo ordenamento. 8. Recurso especial conhecido e parcialmente provido. (REsp 866.220/BA, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA, julgado em 17/08/2010, DJe 13/09/2010)

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1. Tratam os autos de ação reparatória de danos advindos de delito ajuizada pelo Ministério Público do Estado de Goiás contra o Estado de Goiás pleiteando indenização por danos morais e materiais bem como indenização mensal a título de pensão aos dependentes de vítima de morte em estabelecimento prisional. O juízo singular julgou improcedente o pedido por ausência de nexo causal e evidente culpa exclusiva da vítima, e declarou extinto o feito. Inconformado, o Ministério Público interpôs apelação, que foi parcialmente provida pelo Tribunal, condenando o Estado a pagar: a) o valor despendido com o funeral da vítima, b) pensão mensal de 1 (um) salário mínimo a ser dividido entre a companheira da vítima e seus filhos, retroagindo a condenação à data do fato danoso, e c) indenização, a título de danos morais, à mãe da vítima e aos referidos beneficiários no valor de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Interpostos embargos declaratórios, foram rejeitados à unanimidade. O estado de Goiás manejou recurso especial defendendo que: a) deve ser afastado o nexo causal; b) o Tribunal proferiu decisão extra petita ao declarar o direito de acrescer o valor da pensão mensal dos beneficiários; c) o limite temporal de sessenta e sete anos para o pagamento da pensão mensal a ser paga à companheira está em dissonância com a interpretação do Superior Tribunal de Justiça. Contra-razões ao recurso especial, alegando, em síntese, que: a) não merece ser conhecido, pois nem sequer foi indicada a alínea do permissivo constitucional autorizador do recurso; b) o aresto atacado assentou-se em fundamento constitucional; c) o provimento do recurso depende de revolvimento do arcabouço fático-probatório, vedado em sede de recurso especial. Parecer Ministerial opinando pelo conhecimento e parcial provimento do recurso. 2. No que se refere à morte de preso sob custódia do Estado, a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é no sentido de que a responsabilidade civil do ente público é objetiva. 3. A orientação desta Corte fixa em sessenta e cinco anos o limite temporal para pagamento da pensão mensal estabelecida. 4. Precedentes jurisprudenciais do STF, do STJ e de Tribunais Estaduais prestigiando a fixação da responsabilidade civil quando presente o panorama fático e jurídico acima descrito. 5. Doutrina de Rui Stoco, Yussef Cahali, Cretela Júnior e Celso Antônio Bandeira de Melo no mesmo sentido do acima exposto (ver "Tratado de Responsabilidade Civil", de Rui Stoco, 6ª Ed. RT, 2004, pp. 1.124/1.125) 6. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido, para fixar em sessenta e cinco anos o limite temporal para pagamento da pensão mensal estabelecida. (REsp 847.687/GO, Rel. Ministro JOSÉ DELGADO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 17/10/2006, DJ 25/06/2007, p. 221)

Esta Corte tem firmado o entendimento de que a prisão preventiva, devidamente fundamentada e nos limites legais, inclusive temporal, não gera o direito à indenização em face da posterior absolvição por ausência de provas. (REsp 911.641/MS, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/05/2009, DJe 25/05/2009)

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PONTO VI – EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE CIVIL

1) Situações excludentes da ilicitude. a) Legítima defesa

Art. 188, inciso I, do CC: “Não constituem atos ilícitos: I - os praticados

em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido”. Art. 930 do CC: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer por

culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado. Parágrafo único. A mesma ação competirá contra aquele em defesa de quem se causou o dano (art. 188, inciso I)”.

Art. 25 do Código Penal: “Entende-se em legítima defesa quem,

usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem”.

Erro de conduta (aberratio ictius)

Legítima defesa putativa

Excesso na legítima defesa

b) Exercício regular de um direito

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c) Estrito cumprimento de dever legal d) Estado de necessidade Art. 188, inciso II, do Código Civil: “Não constituem atos ilícitos: (...) II

- a deterioração ou destruição da coisa alheia, ou a lesão a pessoa, a fim de remover perigo iminente”.

Art. 929 do CC: “Se a pessoa lesada, ou o dono da coisa, no caso do

inciso II do art. 188, não forem culpados do perigo, assistir-lhes-á direito à indenização do prejuízo que sofreram”.

Art. 930 do CC: “No caso do inciso II do art. 188, se o perigo ocorrer

por culpa de terceiro, contra este terá o autor do dano ação regressiva para haver a importância que tiver ressarcido ao lesado”.

2) Situações que excluem o nexo de causalidade. a) Culpa ou fato exclusivo da vítima b) Fato de terceiro c) Caso fortuito e força maior Art. 393 do CC: “O devedor não responde pelos prejuízos resultantes

de caso fortuito ou força maior, se expressamente não houver por ele se responsabilizado”.

3) Cláusula de não indenizar

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PONTO VII – SUJEITOS DA RESPONSABILIDADE CIVIL

1) Sujeito ativo da responsabilidade civil. 2) Sujeito passivo da responsabilidade civil. 3) Transmissibilidade do direito de exigir a reparação. Art. 943, “O direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la

transmitem-se com a herança”.

4) Transmissibilidade do dever de reparar o dano. 5) Jurisprudência sobre a matéria: A posição atual e dominante que vigora nesta c. Corte é no sentido de embora a violação moral atinja apenas o plexo de direitos subjetivos da vítima, o direito à respectiva indenização transmite-se com o falecimento do titular do direito, possuindo o espólio ou os herdeiros legitimidade ativa ad causam para ajuizar ação indenizatória por danos morais, em virtude da ofensa moral suportada pelo de cujus. (AgRg nos EREsp 978.651/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/12/2010, DJe 10/02/2011)