ResumosdeDireito12ano

  • Upload
    mariya

  • View
    218

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    1/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 1

    Tema 1Tema 1Tema 1Tema 1 O Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o DireitoO Homem, a Sociedade e o Direito

    A problemtica da Ordem Social

    Existem dois tipos de ordens:Ordem Natural uma ordem de necessidade que no depende da vontade do Homem, so inerentes prpria natureza, exemplo: existe uma ordem entre a infinidade dos astros.

    Ordem Social toda a norma estabelece um dever ser, mas pode ser violado, porque o Homem livre, noentanto estas normas so fundamentais para o subsistir numa sociedade.

    A necessidade de regras como condio de subsistncia da vida social

    Ordem Jurdica a ordem social regulada pelo direito, esta regra confere direitos e confere certos usosfundamentais de liberdade. A Ordem Jurdica o produto da aco de certos rgos do Estado, que formulame definem o seu contedo, no qual estabelece certo comportamento e determinam ao mesmo tempo umasano para quem o violar.

    As diversas ordens sociais normativas

    Ordem Moral refere-se interioridade do Homem e visa o aperfeioamento dele em funo do queconsidera ser o bem e o mal. As sanes so no sociais, ou seja, so ditadas pela conscincia do indivduo

    (remorsos e arrependimento).

    Critrios para distinguir o Direito de Moral:

    Critrio do mnimo tico o Direito impe regras morais indispensveis para a sobrevivncia, subsistncia em paz ejustia social.Critrio da coercibilidade na Ordem Moral interessa apenas a conscincia de cada um, no h imposio de umasano, enquanto que na Ordem Jurdica a norma imposta ao indivduo e o incumprimento d origem a sanes.Critrio da exterioridade na Ordem Moral diz respeito parte interna da conduta humana e na Ordem Jurdica dizrespeito parte externa da conduta humana.Ordem Religiosa - tem por funo regular as condutas humanas em relao a Deus e as sanes so decarcter transcendente.Ordem de Trato Social destina-se a tornar a convivncia mais agradvel entre as pessoas (etiqueta, boas

    maneiras, normas de cortesia, etc.)Ordem Jurdica a ordem regulada pelo Direito. Ao contrrio das outras normas, serve-se da coaco comomeio de garantir e impor o cumprimento das suas normas.

    Relaes entre as diversas ordens sociais normativas

    Ordem Jurdica e Ordem Moral, podem existir as seguintes relaes:Relaes de coincidncia, quando a Ordem Jurdica acolhe as concepes morais mais relevantes e aceitespela sociedade. Ex.: No matar. No permitido nem pela Moral, nem pelo Direito.Relaes de indiferena, existem actos jurdicos indiferentes para a Moral. Ex.: As regras de trnsito. Soindiferentes para a Moral.Relaes de conflito, quando existem actos reprovveis para a Moral, mas que so permitidos pela Lei emdeterminadas situaes. Ex.: A eutansia.

    Ordem Jurdica e Ordem Religiosa, podem existir as diferentes relaes:Relaes de coincidncia, quando existem actos relevantes, quer para o Direito, quer para a Igreja. Ex.: Ocasamento catlico vlido juridicamente e para a Igreja.Relaes de indiferena, quando o Direito garante a liberdade religiosa.Relaes de conflito, quando existem actos permitidos pelo Direito e que so reprovados pela Igreja. Ex.:O aborto.

    Ordem Jurdica e Ordem de Trato Social, podem existir as seguintes relaes: Relaes de coincidncia, quando existem regras e usos sociais comuns ao Direito e Ordem de TratoSocial. Ex.: Regras deontolgicas de algumas profisses. A Ordem dos Mdicos ou dos Advogados.Relaes de indiferena, quando os usos sociais so indiferentes para o Direito. Relaes de conflito, quando o Direito probe a morte dos touros nas arenas, mas os usos e costumes

    permitem-no.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    2/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 2

    Ordenamento Jurdico

    o conjunto de normas jurdicas constituindo o sistema jurdico.

    Funes da Ordem Jurdica:

    Funo primria ou prescritiva, funciona como princpio da aco da conduta do Homem e como princpiode sano.Funo secundria ou organizatria, estabelece as regras de organizao da sociedade, nas quais os

    tribunais impem o cumprimento das sanes.Diferena entre sano e coaco:

    Sano uma reaco desfavorvel da Ordem Jurdica face ao incumprimento das normas.Coaco o uso da fora, ou seja, a imposio como garantia da eficcia da Ordem Jurdica.

    Caractersticas das normas jurdicas

    Imperatividade, impe ou ordena um determinado comportamento.Generalidade, aplica-se a todas as pessoas.Abstraco, aplica-se a uma infinidade de casos, ou seja, contempla certo tipo de situaes.Coercibilidade, garantida pela Ordem Jurdica que d ao Estado o poder de aplicar sanes.

    As instituies

    Podem ser vistas em dois sentidos diferentes: Em linguagem comum, definida como uma organizao de meios materiais e humanos, comdeterminado fim ou objectivo. Ex.: Hospitais, Escolas, etc. Em linguagem jurdica, designa-se por um conjunto de normas destinadas a regular determinadassituaes sociais. Ex.: Familiar: casamento, divrcio; educativa: universidades, escolas; cultural: museus,bibliotecas; econmicas: cooperativas, associaes, empresas, etc.

    O Direito como produto cultural

    Relao entre o Direito e a Cultura:

    O Direito obra do Homem, como tal, um fenmeno cultural, que varia com o tempo e com o espao, ouseja, vai sendo actualizado de acordo com a realidade social e cultural.

    Os diversos sentidos do Direito:Pode ser Objectivo ou Subjectivo.Direito Objectivo, o conjunto de normas jurdicas. Ex.: Contrato de compra e venda, o contrato peloqual se transmite a propriedade de uma coisa, mediante um preo.Direito Subjectivo, o conjunto de poderes, privilgios ou faculdades, que as normas de Direito Objectivoatribuem s pessoas, para que elas possam salvaguardar os seus interesses. Portanto para haver DireitoSubjectivo (conjunto de poderes), tem de existir o Direito Objectivo (conjunto de normas). Ex.: Direito vida, Direitos de autor, Direito ao bom nome, Direito personalidade.

    Fins ou Valores fundamentais do Direito

    JUSTIA, o valor fundamental do Direito que representa um ideal no mbito das relaes sociais.

    Modalidades da JUSTIA:

    - Justia comutativa, regula as relaes sociais de uma forma igualitria (todos so iguais perante alei).- Justia geral ou legal, aplica-se a todos os cidados.- Justia distributiva, significa distribuio justa de bens pela sociedade.

    SEGURANA, o degrau hierrquico inferior justia, mas tambm importante, pois d aos cidadosconfiana que lhes permite planificar a defesa dos seus interesses.

    Modalidades da SEGURANA:- Confiana, a segurana visa garantir a estabilidade das relaes sociais. Para tal, ter que ter emconta dois princpios:

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    3/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 3

    - O principio da no retroactividade da lei, significa que uma lei s se pe em prtica depoisda entrada em vigor e s se aplica aos novos casos e no aos anteriores.- O principio da legalidade, os cidados devem saber de antemo quais as condutas que aOrdem Jurdica considera como crimes e quais as consequncias que a prtica dos mesmosimplica.

    - Eficcia, a segurana deve estar ao servio da justia, havendo eficcia no ordenamento jurdico.- Paz Social, a segurana contribui para a manuteno da ordem e da segurana.

    EQUIDADE, a justia do caso concreto, ou seja, na aplicao da lei deve-se atender s condies decada caso. um critrio de diviso que pode ser usado quando o Juiz decide segundo a sua conscincia,funcionando como um recurso para a interpretao e integrao das lacunas da lei (a lei diz quando permitido o uso da equidade).

    Relao entre o Direito, Justia e Segurana

    No h Justia sem Segurana (porque se no haveria instabilidade, violncia, um caos na sociedade), no hSegurana sem Justia (se no haveria uma ditadura).

    Direito, Cultura e ideologia

    As ideologias so factores de dinamismo nas sociedades e orientam a sua evoluo. O Direito de casa Estado(Pas) o reflexo da ideologia dominante na medida em que os sistemas jurdicos so formados de acordo

    com os valores dessa ideologia. O mesmo acontece em relao cultura. O Direito como produto cultural uma realidade que evolui com a cultura.NOTA: O Direito reflecte a cultura e a ideologia dominantes num dado momento histrico.

    O Direito e a mudana social

    Vivemos numa sociedade em constante mudana e evoluo da realidade social, logo o Direito ter deacompanhar essas mudanas. Ex.: A defesa do ambiente, pelos cidados, que uma preocupao recente, oque levou criao de um novo ramo do Direito, que o Direito do ambiente. Art. 66 da Constituio daRepblica.

    A pessoa, fundamento e fim da Ordem Jurdica

    Noo de personalidade jurdica a possibilidade que uma pessoa tem de ser titular de Direitos eObrigaes, desde o nascimento at morte. Todos os seres Humanos, mal nasam so titulares de direitosde personalidade. Ex.: Direito vida (Art. 24 CR), Direito integridade fsica (Art. 25 CR), etc.

    Personalidade jurdica Capacidade jurdica

    Noo de capacidade jurdica a capacidade de usufruir e dispor dos direitos e deveres que titular.

    Capacidade de gozo Capacidade de exerccio

    Noo de capacidade de gozo todos os sujeitos que tm capacidade jurdica tm capacidade de gozo, masnem todos os que tm capacidade de gozo tm capacidade de exerccio. Ex.: um menor recebe de heranaum imvel, mas no poder vend-lo ou alug-lo, s quando atingir a maioridade, ou seja tem capacidade de

    gozo, mas no tem capacidade de exerccio.

    Os Direitos fundamentais dos cidados

    personalidade jurdica est ligado um conjunto de direitos fundamentais dos cidados. Os Direitos doHomem em vigor num determinado Estado, pode ser de 3 geraes:

    Direitos de 1. Gerao, so os Direitos civis e polticos. Os civisso Direitos subjectivos que o Estadoreconhece aos indivduos atravs de um conjunto de preceitos que define o estatuto de cada um de nos nasociedade politicamente organizada ( chamado o conjunto de liberdades ex.: Direito vida, integridadefsica, segurana, etc.). Desde o artigo 24. at ao 47. da CRP.Os polticosdo aos cidados a faculdade de participarem na vida pblica. Desde o artigo 48. at ao 52. daCRP.

    Direitos de 2. Gerao, so chamados Direitos sociais, econmicos e culturais, sendo o reflexo dasocializao que se seguiu aps a 2. Guerra Mundial e o papel intervencionista na sociedade. Traduzem-se na

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    4/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 4

    exigncia para o Estado disponibilizar certos bens sociais (gua, luz, ensino, sade, etc.) e a sua efectivaodepende do nvel de desenvolvimento econmico e social do Estado.Direitos sociaisdo artigo 63. ao 72. (ex.: Direito ao ensino, Direito ao trabalho, Direito sade, etc.)Direitos econmicosdo artigo 58. ao 62. (ex.: Direito ao trabalho, Direito propriedade privada)Direitos culturaisdo artigo 73. ao 79. (ex.: Direito educao, Direito cultura, etc.)Direitos de 3. Gerao, so os Direitos de solidariedadeartigo 66. da CRP (ex.: Direito paz, etc.)

    Os Direitos do Homem e a sua problemtica

    Os Direitos do Homem so um conjunto de Direitos de carcter inviolvel inerentes ao prprio Homem cujaorigem a dignidade, da a condenao generalizada pela pena de morte, torturas e priso por motivospolticos ou religiosos.

    As varias instituies que zelam pelos Direitos do Homem

    A ONU (Organizao das Naes Unidas), tem por objectivo resolver problemas internacionais de naturezaeconmica, social, cultural e humanitria, promover o respeito pelos Direitos e liberdades dos cidados.Tambm a Comunidade Europeia (CE) atravs do Acto nico Europeu previu um conjunto de medidas decoeso econmica e social de forma a eliminar as diferenas entre as diferentes regies comunitrias,proporcionando iguais oportunidades entre as regies. A proteco dos Direitos do Homem garantidaatravs da Comisso Europeia, Tribunal Europeu e Conselho de Ministros. A Unio Europeia tem intervido

    extremamente em reas como o APRTHEID apoiando as vitima.A Amnistia Internacional foi fundada em 1961 e tem tambm por objectivo defender os Direitos humanos anvel mundial, levando a cabo vrias aces como luta a favor da abolio da pena de morte, julgamentosmais rpidos e justos, etc.

    Direito positivo e Direito natural

    O Direito positivo o conjunto de normas criadas pelo Homem, para regular as suas condutas nas relaesque estabelece em sociedade, normas essas que variam com os tempos. Ento o Direito que vigora o Direitopositivo (o nosso Ordenamento Jurdico fruto do Direito positivo).O Direito natural fundado na natureza humana e tem origem na vontade divina. Ento para haver Direitopositivo tem de existir Direito natural.

    Direito pblico e Direito privado

    O Direito pblico o conjunto de ramos de Direito, cujas normas estabelecem a organizao e ofuncionamento do Estado e outros entes pblicos ou regulam os Direitos e deveres do Estado perante aspessoas, investindo do seu poder.O Direito privado o conjunto de ramos de Direito, cujas normas regulam as relaes entre os particulares edos particulares com o Estado, quando este est despido do seu poder.

    Critrios de distino entre o Direito pblico e o Direito privado:

    1. Critrio da natureza ou qualidade dos interessesEste critrio tem a ver com os interesses que se querem satisfazer, assim:No Direito pblicovisa a satisfao dos interesses pblicos. Ex.: criao de normas que estipulam os Direitos

    dos cidados, fixao de impostos, etc.;No Direito privado visa a satisfao dos interesses privados. Ex.: criao de normas que regulem associedades comerciais, a criao de normas que regulam o arrendamento, etc.

    2. Critrio da qualidade dos sujeitosNo Direito pblico so as normas que regulam situaes jurdicas em que o Estado aparece como sujeito(como ente privado ou particular)No Direito privado so as normas que regulam situaes jurdicas em que os sujeitos so apenas osparticulares.

    NOTA: difcil definir a fronteira entre os dois Direitos, pois por vezes o Estado surge despido do seu poder,sujeitando-se tal como os particulares s regras do Direito privado. Ex.: quando o Estado pretende construiruma auto-estrada e contrata uma empresa particular para a construo, para essa empresa o Estado visto

    como um cliente particular, logo esse contrato regulado pelo Direito privado.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    5/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 5

    3. Critrio da posio dos sujeitos na relao jurdica o critrio mais importante do domnio da relao jurdica.Ento no Direito pblico, so as normas que regem a actividade do Estado dotado do seu poder.No Direito privado, so as normas que regem as relaes que se estabelecem entre os particulares ou entreos particulares e o Estado, quando o Estado est despido do seu poder.NOTA:existe uma ligao entre o Direito pblico e o Direito privado, e portanto no h uma separao clara,logo a mesma relao jurdica pode ser regulada por normas do Direito pblico e do Direito privado. Ex.: ocontrato de compra e venda de uma casa, as relaes que se estabelecem entre o comprador e o vendedor,so do domnio do Direito privado e o pagamento do imposto ao Estado (SISA) regulado pelo Direito pblico,o que significa que os dois Direitos esto interligados.

    Ramos de Direito:

    ConstitucionalAdministrativoFinanceiro

    Direito Pblico FiscalPenal ou criminalProcessualDo trabalho

    CivilComercialDireito Privado Do trabalho agrrio

    Do consumoAgrrio

    1. Ramos do Direito Pblico:

    1.1.Direito ConstitucionalEstabelece os princpios fundamentais da estrutura do Estado e tem uma posio hierrquica superior emrelao aos outros ramos devido s seguintes razes:

    As normas de Direito constitucionais constituem uma lei superior;

    As normas de Direito constitucionais so fonte de outras (leis, regulamentos, portarias, etc.);

    Todos os actos pblicos tm de estar de acordo com a Constituio.

    1.2.Direito AdministrativoVisa a satisfao das necessidades colectivas (segurana, comunicao, sade, educao). So portantonormas jurdicas que regulam as decises da administrao pblica e das autarquias locais.

    1.3.Direito FinanceiroConjunto de normas jurdicas que regula a actividade financeira do Estado. que o Estado para satisfazer asnecessidades colectivas precisa de gastar muito dinheiro. Ora, para o conseguir, arrecada receitas atravsdos impostos que ns pagamos. Como subsistema encontramos o Direito Tributrio que tem a ver com essaactividade do Estado para arrecadar receitas atravs de:

    Impostos: prestaes unilaterais estabelecidas por lei, calculadas com base nos rendimentos das

    pessoas. Ex.: IRS, IRC, IVA, contribuio autrquica. Taxas: prestaes efectuadas pelas pessoas como contrapartida dos servios que o Estado nos d. Ex.:

    portagem de pontes e auto-estradas.

    1.4.Direito Fiscal o sub-ramo do Direito Financeiro, formado pelas normas que disciplinam as relaes de imposto. constitudo por:

    Normas de soberania fiscal (fixam os poderes de Estado para criao de impostos);

    Normas de incidncia;

    Normas de lanamento;

    Normas de liquidao;

    Normas de cobranas.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    6/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 6

    1.5. Direito Penal ou Criminal o conjunto de normas que qualifica como crime certas condutas e comportamentos fixando ainda ospressupostos de aplicao das penas e medidas de segurana.Elementos essenciais do Direito Penal:

    Crime violao de Direitos fundamentais dos indivduos ou do Estado.

    Pena sano que a lei prev para essa violao enumerando as condutas consideradas como crime.

    Principio da legalidade: os cidados s podem ser julgados e

    condenados por condutas previstas na lei penal como crimes isto tendo em vista a certeza jurdica.

    Principio da aplicao da lei mais favorvel ao arguido: oscidados podem beneficiar da aplicao de uma lei posterior prtica do facto desde que lhe seja mais favorvel, o que contrrio ao princpio da no retroactividade da lei.

    1.6. Direito ProcessualOs cidados podem recorrer aos Tribunais para defesa dos seus direitos. Assim define-se a forma deproposio das aces, bem como os Tribunais competentes para as julgar ( proibida a autodefesa e h agarantia de acesso aos Tribunais).

    a) Direito Processual Civil (tem a ver com aces civis Direito civil e comercial);

    b) Direito Processual Penal (aces penais)c) Direito Processual do Trabalho (aces decorrentes das relaes de trabalho).

    2. Ramos do Direito Privado:

    2.1. Direito CivilConjunto sistemtico de normas que regulam as relaes entre particulares que no se encontram sujeitos aoutro ramo do Direito Privado especial.Deste tronco comum brotam ramos especiais de Direito Civil como por exemplo: Direito Comercial; Direito das Sociedades Comerciais; Direito do Trabalho.

    Por isso se diz que o Direito Civil o Direito subsidirio dos outros ramos de Direito Privado, pois na falta denormas especficas para dada situao concreta nesses ramos do Direito, recorre-se ao Direito Civil. Comefeito no Cdigo Civil Portugus regulam-se: Relaes obrigacionais (Direito das Obrigaes) que dizem respeito ao trfico de bens e servios. Os Direitos reais e posse de coisas corpreas (Direito das Coisas). As relaes familiares (casamento, parentesco, afinidades, adopo) Direito da Famlia. Transmisso mortis causa do patrimnio das pessoas falecidas aos seus herdeiros (Direito das

    sucesses).

    2.2. Direito ComercialConjunto de normas que regulam os actos jurdicos de comrcio (previstas no Cdigo Comercial) e os actossubjectivamente comerciais (actos dos comerciantes que no sejam exclusivamente de natureza civil e sejamresultado do exerccio do comrcio).

    Objectivos as questes reguladas na lei comercial. Ex.: subscrio de umaletra para titular uma divida entre dois particulares.

    Subjectivos actos praticados pelos comerciantes no exerccio do comrcio.Ex.: um comerciante compra uma arca para o seu supermercado ( um actosubjectivo). Mas se a arca fosse comprada para sua casa ento j no era umacto de comrcio subjectivo.

    2.3. Direito do TrabalhoConjunto das relaes sociais emergentes do trabalho. Mas regula apenas o trabalho subordinado, ou seja,aquele que se estabelece entre o trabalhador e a entidade patronal atravs de um contrato de trabalho.Ou seja, o objecto do Direito do Trabalho uma relao contratual jurdica privada, subordinada, livre e

    remunerada:a) Relaes contratuais jurdico-privadas ao Direito do Trabalho importam as relaes dos que sotitulares por contrato de trabalho;

    Princpios fundamentaisdo Direito Penal

    Actos de comrcio

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    7/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 7

    b) Livre porque o trabalhador subordina-se ao patro com base num acto de vontade;c) Remunerada no interessa a actividade a ttulo gratuito, mas a que tenha contrapartida econmica.

    O Direito do Trabalho regula tambm outras matrias como: Acidentes de trabalho e doenas profissionais; Frias, feriados e faltas; Despedimentos e contratao a termo; Greve.

    O Provedor de Justia

    um rgo pblico independente, designado pela Assembleia da Repblica e com a funo de prevenir ereparar injustias, acolhendo, apreciando e procurando resolver as queixas dos cidados contra actos ouomisses dos poderes pblicos que sejam ilegais, parciais ou de m administrao. Ele no tem poderdecisrio e um dos meios da sua actuao so as recomendaes que dirige aos poderes pblicos massem carcter vinculativo. Pode tambm desencadear junto do Tribunal Constitucional o processo dedeclarao da inconstitucionalidade ou ilegalidade das normas e por isso um guardio da Constituio.Visa essencialmente o controlo da legalidade.

    Tema 2Tema 2Tema 2Tema 2 OOOO Direito e a organizao da Sociedade: o Estado e aDireito e a organizao da Sociedade: o Estado e aDireito e a organizao da Sociedade: o Estado e aDireito e a organizao da Sociedade: o Estado e aComunidade InternacionalComunidade InternacionalComunidade InternacionalComunidade Internacional

    O Estado sociedade politicamente organizada

    O Estado o resultado de uma necessidade sentida pelo Homem, para dar resposta aos desafios que anatureza e os outros homens lhe colocaram, ou seja, para regular a sociedade.O estado visto em dois sentidos:Em sentido restrito, em que o Estado tem como caractersticas a soberania e a independncia.Em sentido lato, em que se pe de lado essas mesmas caractersticas (soberania e independncia) e sefala de Estados no soberanos. Ex.: EUA, Brasil, Suia, etc.

    Elementos do Estado

    Estes permitem distinguir as formas de organizao simples do Estado actual.1.Povo, o conjunto de pessoas ligadas ao mesmo Estado pelo vnculo da nacionalidade.

    POVO POPULAOPOVO NAO

    Populao, o conjunto de pessoas residentes num determinado territrio (incluindo estrangeiros) Nao, o conjunto de pessoas ligadas pelo sentimento de pertencerem a uma mesma realidade(sentimento cultural, politico, tnico, etc.)2. Territrio, o espao geogrfico onde se exerce o poder do Estado e compreende o solo e subsoloterrestre, o espao areo, o espao martimo e os veculos, navios e aeronaves com bandeira portuguesa quese encontrem em territrio estrangeiro, assim como os consolados e as embaixadas.3.Soberania, o poder poltico do Estado um poder soberano que se manifesta atravs da competncia devrios rgos e o Estado que tem a faculdade de definir essas competncias.

    NOTA:SOBERANIA PODER POLTICO

    Existem casos em que existe soberania, mas no existe poder poltico, como por exemplo era o caso deMacau antes de ser entregue China. O poder poltico aqui no resultava da vontade do povo residente, massim dos tratados internacionais.

    PODER POLTICO SOBERANIA

    H casos em que existe poder poltico, mas no existe soberania, pois nem todos os Estados so soberanos,ex.: EUA.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    8/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 8

    Poderes e funes do Estado

    Os poderes do Estado devem ser distribudos por diferentes rgos para evitar o abuso do poder. Funes doEstado:1.Legislativa(elaborao de leis)2.Executiva ou administrativa(execuo das leis)3.Judicial(resoluo de conflitos)4.Poltica ou governativa(actividade do Estado para definir o interesse publico e a escolha dos meios maisadequados)

    rgos de soberania

    rgos que desempenham vrias funes so:1. Governo, desempenha a funo executiva ou administrativa, funo legislativa e funo poltica ougovernativa.2.Assembleia da Repblica, desempenha a funo legislativa e funo poltica.

    Fins ou objectivos do Estado

    Os fins do Estado so as tarefas ou misses a que o Estado se prope. Para tal socorre-se de vrios rgos.Por outro lado verifica-se a existncia de um controlo e interdependncia entre esses rgos. Ex.: O

    Presidente da Repblica, embora no tendo iniciativa legislativa, pode vetar (opor-se) s leis da Assembleiada Repblica.

    rgos de soberania

    Podem ser de dois tipos:1.Singular, um s titular, ex.: Presidente da Repblica2.Colegiais, mais do que um titular e podem ser de dois tipos:

    Composto por um elevado nmero de elementos, ex.: Assembleia da Repblica.Ou composto por um nmero limitado de elementos, ex.: Governo, Conselho de

    Ministros.

    rgos de soberania em Portugal

    1.Presidente da Repblica:Garante a independncia nacional e Comandante Supremo das Foras Armadas; eleito por sufrgio universal e directo;Tem de ter mais de 35 anos;O seu mandato dura 5 anos;No pode ser reeleito por um terceiro mandato consecutivo e pode demitir o Governo;Nomear o Primeiro-ministro;Dissolver a Assembleia da Repblica;Promulgar leis, etc.Artigos: do 120. ao 140. da CRP

    2.Assembleia da Repblica:

    um rgo colegial; composta por um mnimo de 180 e um mximo de 230 deputados;So elegveis todos os cidados portugueses maiores de 18 anos;A legislatura dura 4 anos;As principais competncias so de aprovar os planos e o oramento e zelar pelo cumprimento da CRP;Competncia legislativa:

    a)

    Existem matrias sobre as quais a Assembleia da Repblica detm competncia exclusiva paralegislar Reserva absoluta;

    b) Existem matrias que embora exista essa mesma competncia, podem dar ao Governo autorizaopara o fazer Reserva relativa.

    Artigos: do 147. ao 181. da CRP

    3.Governo: um rgo colegial; o rgo mximo da Administrao Pblica; o rgo da conduo da poltica interna do pas, tendo a funo legislativa e executiva;

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    9/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 9

    O Primeiro-ministro nomeado pelo Presidente da Repblica, ouvidos os partidos de acordo com osresultados eleitorais; responsvel perante o Presidente da Repblica e a Assembleia da Repblica;Se houver aprovao de uma moo de censura com maioria absoluta dos deputados, o Governo tem de sedemitir.Artigos: do 182. ao 201. da CRP

    4.Tribunais:A funo que lhes compete a jurisdicional ou judicial;So independentes estando apenas sujeitos lei e Constituio.Tipos de tribunais: Tribunal Constitucional, Supremo Tribunal de Justia e Tribunais de primeira e segundaInstancia, Supremo Tribunal Administrativo, Tribunal de Contas, Tribunais Militares, etc.

    Caractersticas dos Juzes:

    a) Irresponsabilidade, os juzes no podem ser responsabilizados pelas suas decises, salvo nos termosda lei;

    b)

    Independncia, os juzes so independentes e s devem obedincia lei e sua conscincia;c)

    Inamovibilidade, os juzes so inamovveis, ou seja, no podem ser suspensos, demitidos eaposentados, salvo casos previstos na lei;

    d) Imparcialidade, os juzes no podem julgar causas em que tenham interesses e no devem dar

    opinio pessoal.NOTA:A confiana na justia dos tribunais, garante-se pelo facto das audincias destes serem pblicas, exceptoquando o prprio tribunal o decidir.Artigos: do 221. ao 234. da CRP

    Do Estado de Direito ao Estado Social de Direito

    Estado de Direito

    O Estado de Direito aquele em que toda a actuao do poder politico est subordinado a normas jurdicas.O Estado de Direito surgiu como oposio ao Estado Absoluto ou Estado de Policia. No absolutismo no havia

    separao de poderes e tudo estava concentrado nas mos do Rei. Com a Revoluo Francesa o EstadoAbsoluto foi substitudo pelo Estado de Direito (ou Estado Liberal).

    Caractersticas do Estado de Direito ou Estado Liberal de Direito:1.Vigora o princpio da separao dos poderes (judicial, legislativo e executivo) que so distribudos pelosdiferentes rgos;2.O poder democrtico e limitado;3.Existe o reconhecimento dos direitos e liberdades fundamentais do cidado;4.O Estado deve ser neutro e abster-se em relao s questes sociais;5.O Estado deve apenas garantir a ordem e evitar as violaes dos direitos e liberdades (O Estado era vistocomo um guarda nocturno no qual tinha o imprio da lei).

    Estado Social de Direito

    A partir da Primeira Guerra Mundial, surge o Estado Social de Direito com as seguintes caractersticas:1. O Estado deve intervir na vida econmica e social de forma a garantir o equilbrio social ( PapelIntervencionista);2.Alargamento do mbito dos Direitos e Liberdades (ex.: Direito greve);3.Surgem os Direitos Sociais (ex.: Direito Sade, Educao, Habitao, etc.).

    NOTA:A CRP usa o termo Estado de Direito Democrtico e no Estado Social de Direito (o que era usado antes do 25de Abril). No entanto a opinio generalizada que o Estado Social de Direito o sistema por ns escolhido,porque a nossa Constituio consagra um vasto conjunto de direitos sociais, da o Estado de DireitoDemocrtico e no o Estado Social de Direito.Artigos: 2. da CRP

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    10/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 10

    O processo de elaborao da lei e do decreto-lei

    A lei elaborada pela Assembleia da Repblica.O decreto-lei emerge do Governocom as seguintes condicionantes:1. Competncia Corrente do Governo e da Assembleia da Repblica, quando se trata de matrias noreservadas Assembleia da Repblica pode o Governo legislar;2.Competncia Legislativa Concorrente, mas dependente, quando se trata de matrias sujeitas a reservarelativa da Assembleia da Repblica para legislar em determinadas matrias.3.Competncia Exclusiva, quando se trata de matrias respeitantes ao funcionamento do Governo, estepode legislar sem qualquer dependncia da Assembleia da Repblica.

    Processo de formao da leiO processo de formao da lei passa por 3 fases:

    1.Iniciativa legislativaDos deputados e Projecto de leigrupos parlamentares

    Governo Proposta de lei

    Dos grupos doscidados eleitores

    NOTA:Na Madeira e nos Aores a iniciativa cabe s Assembleias legislativas regionais atravs de propostas de lei.

    2.Discusso e aprovaoO projecto de lei ou proposta de lei entra na Assembleia da Repblica e inscrita na ordem do dia. Sodiscutidos, emendados e etc. (Essa discusso pode ser no geral ou na especialidade artigo a artigo).Finalmente segue-se a votao final e global.

    3.Promulgao, Referenda e PublicaoPromulgao, o acto atravs do qual o Presidente da Repblica declara que certo diploma passa a valercomo lei atravs da sua assinatura. Se o Presidente da Repblica considerar que tal documento inconstitucional, declara o direito de veto no o promulgando (no o aprovando). Sem a sua promulgao asleis no tm qualquer valor, so como que inexistentes Inexistncia jurdica.Em caso de veto, o diploma tem de ser novamente analisado pela Assembleia da Repblica, com a maioriaabsoluta de votos e em alguns casos com a maioria de dois teros dos deputados presentes desde quesuperior maioria absoluta.Referenda, o Primeiro-ministro em nome do Governo tem de referendar a Promulgao do Presidente daRepblica, sob pena de inexistncia jurdica da lei.Publicao, o meio de levar a lei ao conhecimento dos cidados. S a partir da publicao no Dirio daRepblica que ela passa a ter existncia jurdica (passa a valer). Em caso de no haver publicao, d-se aineficcia jurdica.

    INEXISTNCIA INEFICCIA

    como se a lei Quando no publicadano existisse no Dirio da Repblica

    Processo de formao do decreto-lei

    Passa por 3 fases:

    1.Iniciativa Governamental, salvo se for matria de competncia exclusiva do Governo, este tem que pedirautorizao Assembleia da Repblica para poder legislar (reserva absoluta e relativa);

    2.Promulgao e Referenda Ministral, a proposta do decreto-lei apresentada e aprovada pelo Conselhode Ministros e depois enviada ao Presidente da Repblica que pode:

    a)Promulg-lo;

    b)Exercer o direito de veto (e a o Governo ter que reformular o Diploma);c)Requerer ao Tribunal Constitucional a apreciao preventiva da constitucionalidade do Diploma.Aps a Promulgao, o decreto-lei sujeito Referenda Ministral.

    Iniciativa

    Legislativa

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    11/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 11

    3.Publicao e Ratificao, os decretos-lei, tal como as leis tm de ser publicados no Dirio da Repblica.A falta dessa publicao implica ineficcia jurdica.

    Inicio e termo de vigncia

    1.Publicao, a lei s se torna obrigatria de pois de publicada no Dirio da Repblica;

    2.Vacatio-legis, o tempo que decorre entre a data de publicao e a data de entrada em vigor:a)No Continente a lei ou decreto-lei entra em vigor no 5. dia aps publicao;b)Nos Arquiplagos a lei ou decreto-lei entra em vigor no 15. dia aps publicao;c)No estrangeiro a lei ou decreto-lei entra em vigor no 30. dia aps publicao.

    Estes perodos de tempo so necessrios para que os cidados tomem conhecimento das leis.O legislador pode fazer com que a lei entre em vigor na data de publicao quando se tratar de uma leimuito importante (caso urgente).

    A comunidade internacional

    As relaes internacionais

    Os Estados Soberanos so:

    Supremos no plano interno; Independentes no plano esterno.

    Ao serem independentes tm capacidade para estabelecer relaes internacionais com outros Estados. Daterem sido criadas diversas organizaes internacionais (Instituies juridicamente independentes dosEstados membros, com personalidade jurdica autnoma, destinadas realizao de interesses comuns).Exemplos: ONU (objectivo: paz e segurana internacional) NATO (resolver pacificamente os conflitos) OIT (proteger os trabalhadores) OMS (lutar por um bom nvel de sade) FAO (combater a fome) UNESCO (desenvolvimento de cincia e cultura)

    OCDE (cooperao econmica) CECA (reduo das barreiras aduaneiras) CE (criao de um mercado comum) CEEA (criao de um mercado comum nuclear)

    Direito Internacional

    O Direito Internacional o conjunto de normas para resolver conflitos entre Estados (Direito InternacionalPblico) ou entre indivduos de diferentes Estados (Direito Internacional Privado).

    PblicoDireito Internacional

    Privado

    Direito Internacional Pblico ou Interestadual decorre das convenes internacionais acordadas entre osEstados e faz parte integrante do Direito Interno de muitos Estados (como acontece em Portugal).

    Direito Internacional Privado- o objectivo a resoluo dos problemas que resultam das relaes privadasde carcter internacional, ou seja, da vida privada internacional (que so aquelas que entram em contactocom mais de um sistema de Direito). Ora, cada Estado tem normas para aplicar s situaes de conflito quese chamam Normas de Conflito.Exemplo: um ingls est a passar frias em Portugal e aluga um carro com que tem um acidente com outrocarro de matrcula alem pertencente a um alemo tambm a passar frias em Portugal.Nenhum dos condutores se considera culpado. Qual a lei aplicvel para a resoluo deste conflito?- A lei portuguesa, uma vez que foi em Portugal que ocorreu o acidente.

    O problema da eficcia do Direito Internacional

    Cada Estado tem o seu prprio Direito Interno.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    12/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 12

    O Direito Comparadoconsiste no estudo do Direito dos vrios Estados utilizando o mtodo comparativo.Funes ou objectivos do Direito Comparado:

    A) Plano Interno: Ajuda a interpretar certas normas; Serve como guio para reformas e aperfeioamento do Direito existente.

    B) Plano internacional: Ajuda a melhorar as relaes internacionais, pois facilita a compreenso dos vrios sistemas.

    Direito Comunitrio

    Tratados Constitutivos das Comunidades Europeias(Roma e Paris)

    Tratados que procederam aos alargamentos dasOriginrio comunidades

    Tratados de reviso Acto nicoDireito Comunitrio dos tratados Tratado de Maastricht

    constitutivos Tratado de Amesterdo

    RegulamentosDirectivasDerivado Decises

    RecomendaesPareceres

    Direito Comunitrio a ordem jurdica das comunidades, destinada a ser integrada nos Estados membros. o conjunto de normas que regulam a constituio e o funcionamento das chamadas comunidades Europeias, aactual U.E.

    1.Direito Comunitrio Originrio o direito que cria as comunidades e que visa presidir actuao que elasvo desenvolver:

    1.1.

    Tratados constitutivos as comunidades europeias foram criadas pelo Tratado de Paris (CECA), peloTratado de Roma (CEE) e a CEEA (em 1957).

    1.2.Tratados de alargamento:No incio Europa dos seis: Alemanha, Frana, Itlia, Blgica, Luxemburgo e Holanda1973 Europa dos nove (mais Gr-Bretanha, Irlanda e Dinamarca)1981 Europa dos dez (mais Grcia)1986 Europa dos doze (mais Espanha e Portugal)1995 Europa dos quinze (mais ustria, Finlndia e Sucia)2004 Europa dos vinte e cinco (mais Chipre, Hungria, Polnia, Eslovquia, Estnia, RepblicaCheca, Malta, Eslovnia, Litunia e Letnia)

    1.3.

    Tratados de reviso:Acto nico EuropeuTratado de Maastricht ou da Unio EuropeiaTratado de Amesterdo

    Instituies e rgos da Unio Europeia:Conselho Europeu (aconselhar/orientar)Parlamento Europeu (fazer leis/aprovar as leis)Comisso Europeia (responsvel/prope as leis)Tribunal de Justia (aplicara a lei)Tribunal de Contas (distribui e fiscaliza/gesto)

    2.Direito Comunitrio Derivadoso as normas emanadas dos tratados (Direito Comunitrio Originrio) a fimde garantir a sua aplicao, isto , o Direito criado pelos rgos comunitrios para atingir os finsprevistos nos tratados.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    13/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 13

    2.1. Regulamentos so normas de carcter geral, obrigatrias e directamente aplicveis em todos osEstados membros. Trata-se do princpio da aplicabilidade directa, que diz que no necessrio qualqueracto de recepo por parte dos Direitos dos Estados membros para que o regulamento a produza efeitos,ou seja, ele entra em vigor em todos os Estados na data prevista, ou se nada for estipulado, no 20. diaseguinte ao da publicao no jornal oficial das comunidades.

    2.2.Directivas so normas que vinculam os Estados membros apenas quanto aos resultados a alcanar ecabe s instituies nacionais decidir como o fazer. Ou seja, a directiva no goza do princpio daaplicabilidade directa, isto , para que ela vigore nos Estados membros, precisa de ser transposta para osDireitos internos respectivos. A sua entrada em vigor tem de ser notificada aos Estados e s a partir daproduz efeitos.

    2.3.Decises so normas obrigatrias (vinculativas) em todos os seus Estados, mas apenas vinculam osdestinatrios e por isso estes precisam de ser notificados. As decises dirigem-se a Estados, empresas eindivduos.

    2.4. Recomendaes no so vinculativas, so actos da Comisso dirigidas ao Conselho ou aos Estadosmembros sugerindo certo tipo de actuao.

    2.5.Pareceresno so vinculativos, e podem vir dos mais variados rgos e com vrios propsitos.

    Processo legislativo dos regulamentos e das directivas:Existem dois tipos de processos:

    1.Triangular, quando a Comisso apresenta uma proposta e o Conselho em cooperao com o ParlamentoEuropeu decide.

    2.Quadrangular, quando se exige para certas matrias a consulta ao Comit Econmico e Social ou Comitdas Regies.

    Concluso: Poder de iniciativa legislativa Comisso Europeia Poder de deciso Conselho Europeu

    Poder de controlo democrtico Parlamento Europeu Faculdade de emitir pareceres pertence ao Comit Econmico e Social ou ao Comit das Regies

    Aplicao das normas Comunitrias:H trs princpios a reter:

    Princpio da aplicabilidade directa(para o caso dos regulamentos)

    Princpio do primado do Direito Comunitrio o Direito Comunitrio prevalece sobre qualquernorma do Direito interno. Em caso de conflito entre normas, aplica-se a norma comunitria, ano ser que se trate de normas internas constitucionais, o que pode dar lugar invalidade danorma comunitria. Ex.: quando uma norma de Direito Comunitrio entra em conflito com umanorma do Direito Nacional, o Tribunal de Justia Europeu considera que a norma europeiaprevalece sobre a nacional.

    Princpio do efeito directo os particulares tm a possibilidade de invocar, no rgocompetente, uma norma de Direito Comunitria para afastar uma norma de Direito Nacional quelhes desfavorvel.

    Princpio da Subsidiariedade:No deve ser regulamentado a nvel comunitrio o que puder ser melhor decidido a nvel nacional. Esteprincpio garante que todas as tomadas de decises sero tomadas ao nvel mais prximo dos destinatrios,atendendo sua eficcia prtica.As decises comunitrias ficam limitadas aos casos em que demonstrem ganhos de eficcia relativamente aco nacional (ou seja, as decises devero ser tomadas prioritariamente, ao nvel mais prximo possvel

    dos cidados).Exemplo: sade, educao, cultura deve ser da responsabilidade de cada pas.Ambiente deve ser da responsabilidade da Comunidade Europeia.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    14/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 14

    Tema 3Tema 3Tema 3Tema 3 As Fontes do DireitoAs Fontes do DireitoAs Fontes do DireitoAs Fontes do Direito

    As Fontes do Direito no sistema jurdico portugus

    As Fontes do Direitoso as normas que disciplinam os homens nas suas relaes sociais.As Fontes do Direito podem ser entendidas em sentido tcnico-jurdico ou formal que so os modos de

    formao e de revelao das normas jurdicas:Lei e costume modos de formaoJurisprudncia e Doutrina modos de revelao

    NOTA:Os Tribunais para decidirem precisam de conhecer a Lei e quando ditam uma sentena no esto a criar a lei,mas sim a interpret-la e a aplic-la.

    FontesdeDireito

    A Lei

    A

    B

    H leis em sentido material que no so em sentido formal; h leis em sentido formal que no so emsentido material; MAS h leis que so ao mesmo tempo em sentido formal e material.

    Imediatas ou Directas

    Tm fora vinculativa prpriae portanto verdadeiros modosde produo de Direito; s osimples facto de existir a lei eexistirem sujeitos a quem estase aplica, j existe o Direito.

    Mediatas ou Indirectas

    No tendo fora vinculativaprpria, so contudoimportantes pelo modo comoinfluenciam o processo deformao; assim o Direitonasce a partir da intervenode uma entidade queinterpreta e aplica a norma.

    Leis, so as criaes de normas jurdicas pelosdiferentes rgos estaduais competentes.

    Normas corporativas, so regras ditadas pelosorganismos representativos das diferentescategorias morais, culturais, econmicas ouprofissionais, ou seja, cada rea tem o seu tipo deleis como o cdigo do Trabalho, o regulamentointerno de uma escola, etc.

    Jurisprudncia, o conjunto das decises dosTribunais, ou seja, so as sentenas dos Tribunais.Doutrina, o conjunto de estudos de professores etcnicos do Direito sobre a forma adequada deaplicar, articular e interpretar as normas jurdicas,no possuindo carcter vinculativo. Tem um efeitoindirecto nas sentenas dos Tribunais e na aplicaoda lei.Costume, a pratica reiterada e habitual desde queacompanhada da convico da sua obrigatoriedade,s tem fora vinculativa quando aplicada atravs dalei.Tratados internacionais, so os Tratados decooperao entre os pases.

    Em sentido amplo todo o documento que consagra normas jurdicas.Em sentido restrito so os Diplomas aprovados pela Assembleia, a lei propriamente dita.

    Em sentido material todo o acto normativo criado por um rgo do Estado, mesmosem funo legislativa. o caso das Leis, Decretos-leis, Regulamentos, portarias, etc.Atende-se portanto matria contida no Diploma.Em sentido formal todo o acto normativo emanado de um rgo com competncialegislativa, quer contenha ou no uma verdadeira regra jurdica. Assim, aqui o queinteressa o elemento formal do documento, ou seja, o modo como ele surge noordenamento jurdico.

    C

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    15/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 15

    C) Leis emsentidoformal ematerial

    Processo de formao do decreto-leiPassa por 3 fases:

    1.Iniciativa Governamental, salvo se for matria de competncia exclusiva do Governo, este tem que pedirautorizao Assembleia da Repblica para poder legislar (reserva absoluta e relativa);

    2.Promulgao e Referenda Ministral, a proposta do decreto-lei apresentada e aprovada pelo Conselhode Ministros e depois enviada ao Presidente da Repblica que pode:

    a)Promulg-lo;b)Exercer o direito de veto (e a o Governo ter que reformular o Diploma);

    c)Requerer ao Tribunal Constitucional a apreciao preventiva da constitucionalidade do Diploma.Aps a Promulgao, o decreto-lei sujeito Referenda Ministral.

    3.Publicao e Ratificao, os decretos-lei, tal como as leis tm de ser publicados no Dirio da Repblica.A falta dessa publicao implica ineficcia jurdica.

    Inicio e termo de vigncia

    1.Publicao, a lei s se torna obrigatria de pois de publicada no Dirio da Repblica;

    2.Vacatio-legis, o tempo que decorre entre a data de publicao e a data de entrada em vigor:a)No Continente a lei ou decreto-lei entra em vigor no 5. dia aps publicao;b)Nos Arquiplagos a lei ou decreto-lei entra em vigor no 15. dia aps publicao;

    c)No estrangeiro a lei ou decreto-lei entra em vigor no 30. dia aps publicao.Estes perodos de tempo so necessrios para que os cidados tomem conhecimento das leis.O legislador pode fazer com que a lei entre em vigor na data de publicao quando se tratar de uma leimuito importante (caso urgente).

    Caducidade e

    Revogao da lei

    Caducidade, quando a lei deixa de estar em vigor, cessa, e no substituda por outra.Factos que podem levar caducidade da lei:

    1.Caso da lei temporria, a lei foi criada apenas para vigorar certo perodo de tempo, o prprio diplomaque diz qual a data que deixa de vigorar;

    2.Resultante da clausula expresso pelo legislador na prpria lei que esta s se manter em vigor durantecerto prazo. Ex.:durante uma guerra, estado de sitio.

    3.Quando h uma lei que regula certa realidade, e quando essa realidade deixa de existir, a lei torna-seintil. Ex.:uma lei que protegesse os dinossauros.

    Revogao, pressupe a entrada em vigor de uma nova lei em substituio da lei j existente, ou seja, trata-se de uma nova manifestao de vontade do legislador contraria anterior.

    ExpressaQuanto forma

    TcitaRevogao

    Total ou ab-rogaoQuanto extensoParcial ou derrogao

    Constituio a Lei fundamental de um pas onde esto consagrados osDireitos e Deveres de um cidado. As outras leis no podem dispor contra aConstituio, sob pena de serem inconstitucionais.Lei ConstitucionalLei de Reviso a lei que visa alterar a Constituio.Lei Ordinria o Diploma emanado por qualquer rgo estadual noexerccio do poder legislativo, ou seja, so todas as outras leis (que no so

    da Constituio).

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    16/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 16

    Quanto forma:

    Expressa, a nova lei diz textualmente que a lei existente est revogada.Tcita, se existir incompatibilidade entre as novas disposies e as antigas ou se a nova lei vier regulartoda a matria da lei anterior.

    Quanto extenso:

    Total ou ab-rogao, a nova lei vem substituir na totalidade a lei anterior.Parcial ou derrogao, a nova lei vem substituir apenas alguns aspectos da lei anterior.

    NOTA:CADUCIDADEREVOGAO

    A Revogao resulta de uma nova lei contendo expressamente o afastamento da primeira.A Caducidade d-se independentemente da nova lei.

    A hierarquia das leis

    CRP, a lei fundamental (primria) de um pas. Tambm esto contempladas as leis de reviso.

    Tratados Internacionais, so convenes entre pases para regularem determinadas matrias, da qualoriginam leis importantes, que tero de ser respeitadas pelo Direito Interno.

    Leis Normativas, so as leis, decretos-lei, decretos-lei regionais.

    Actos de Administrao, so regulamentos e actos administrativos, como por exemplo:portarias, circulares,despachos, posturas locais, etc.

    Princpios que dizem respeito hierarquia das leis:

    -As leis especiais prevalecem sobre as leis gerais;-As leis de grau inferior no podem dispor contra as normas de grau superior;-A hierarquia das leis estabelece-se em harmonia com a hierarquia dos respectivos rgos;

    -Os actos legislativos dos rgos de administrao nacional, esto acima dos rgos de administrao local eambos sobre as leis dos rgos corporativos.Ex.:sindicatos, associaes, etc.

    Hierarquia das leis (Actos Administrativos):

    Regulamentos, so normas jurdicas de carcter geral e abstracto de execuo permanente emanado poruma autoridade administrativa sobre matrias prprias da sua competncia, ou seja, servem parapormenorizar a lei de forma a conduzir sua boa execuo, ao contrrio do decreto-lei que se limita aenunciar os princpios fundamentais. Ex.:portarias, despachos, circulares, etc.

    Portarias, so ordens do Governo dados por um ou mais Ministros (no tm de ser promulgadas peloPresidente da Repblica).

    Decretos regulamentares, so diplomas emanados do Governo e promulgados pelo Presidente da Repblica.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    17/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 17

    Resolues, so emanadas pelo Conselho de Ministros e tm de ser promulgadas pelo Presidente daRepblica.

    Despachos, so diplomas que tm apenas como destinatrios os subordinados do seu Ministrio (valemunicamente dentro do Ministrio).

    Posturas, ocupam o lugar mais baixo da hierarquia e so regulamentos locais e autnomos provenientes dosrgos administrativos competentes.

    Interpretao e integrao das lacunas da lei

    Interpretao das lacunas da lei

    Antes da lei ser aplicada tem que ser interpretada.Interpretao, a fixao do exacto sentido com que a lei deve valer, ou seja, visa determinar o contedo eo alcance da norma jurdica. Da que as normas tenham que ser bastante claras, para no haverem dvidas eserem bem compreendidas.

    Elementos de interpretao da lei:

    So vrios factores ou critrios de que se socorre o legislador (interprete) para determinar o verdadeiro

    sentido e alcance da lei.1.Literal, o sentido das palavras que compem a lei ( o sentido gramatical ou textual da lei).

    2.Lgico, o que interessa o esprito da lei, ou seja, o sentido profundo da lei, tendo em conta o sistemaque a norma est inserida (sistemtico), e o contexto histrico assim como a sua razo de ser (teleolgico).

    Tipos de interpretao:Autntica

    Quanto sua fonteDoutrinal

    Subjectivista

    ObjectivistaQuanto finalidade

    Histrica

    Tipos de interpretao Actualista

    Declarativa

    Extensiva

    Quanto ao resultado Restritiva

    Enunciativa

    Ab-rogante

    Interpretao autnticaTem fora vinculativa. Quando h dvidas na interpretao da lei, o legislador elabora uma nova lei que fixao sentido da primeira lei, lei essa de valor igual ou superior lei interpretada, chamada lei interpretativa.Ex.:quando um decreto-lei do Governo interpretado por uma lei da Assembleia da Repblica.

    Interpretao doutrinalNo tem fora vinculativa, pois efectuada por jurisconsultos, juzes, tribunais, advogados no revestidos de

    autoridade, ou seja, uma interpretao pessoal (opinio), quando feita pelos tribunais umainterpretao judicial (mas a j vlida juridicamente).

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    18/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 18

    Interpretao subjectivistaO intrprete procura reconstituir o pensamento concreto do legislador (dar mais do que um sentido, porvezes).

    Interpretao objectivistaProcura-se demonstrar o sentido da lei abstraindo-se das pessoas que a fizeram.

    Interpretao histricaPretende-se reconstituir o sentido que a lei tinha no momento da sua criao e entrada em vigor.

    Interpretao actualistaProcura-se determinar o sentido da lei atendendo somente ao momento da sua aplicao.

    Interpretao declarativa(Letra = Esprito). O intrprete considera que o sentido da lei (esprito) est de acordo com o texto (letra),ou seja, o que se escreveu era aquilo que se pensava.

    Interpretao extensiva(Letra < Esprito). O intrprete entende que o legislador expressou na lei menos do que aquilo que pretendia,ou seja, escreveu menos do que pensava, ento o intrprete deve corrigir isso.

    Interpretao restritiva(Letra > Esprito). O intrprete entende que o legislador ousou uma formulao da lei demasiado ampla indoalm do que queria (escreveu mais do que pensava), aqui o intrprete deve corrigir isso encurtando osignificado das palavras. Ex.: certa lei mencionava que: o menor, quando pretendia dizer o menoremancipado.

    Interpretao enunciativaQuando o intrprete por deduo retira da norma interpretada as suas consequncias, logo tambm tem deser corrigida.

    Interpretao ab-rogante ou totalO intrprete acha que o legislador apesar de exprimir o seu pensamento, criou uma lei sem qualquer efeitotil (esprito incompreensvel da lei).

    Integrao das lacunas da lei(mtodos para resoluo das lacunas da lei)

    Integrao, a actividade que visa encontrar solues jurdicas para os casos omissos ou lacunas. Ointrprete ao fazer uma interpretao em sentido amplo chega s seguintes concluses:

    1.Existe a norma jurdica aplicvel situao;

    2.No existe qualquer regra que directamente complete o caso.

    No 1. caso:O intrprete fixa a fonte que contm a norma, interpreta-a, aplica-a ao caso em concreto.

    No 2. caso:No h uma norma em que o intrprete se pode apoiar, todavia estamos perante uma situao que tem deser resolvida, dizemos ento que estamos perante uma lacuna da lei. No entanto o juiz tem que resolver namesma o caso.

    Existem dois processos para resolver estas lacunas:Por analogia, que consiste em aplicar ao caso omisso a norma reguladora de qualquer caso semelhante(art. 10., n.1 e 2 do Cdigo Civil)O segundoconsiste em criar uma norma adequada para resolver o conflito (art. 10., n.3 do C.C.). Aqui ointrprete deve resolver a situao segundo a norma que ele prprio criaria se tivesse de legislar dentro doesprito do sistema, compete a ele criar o Direito Subsidirio, ou seja, vai resolver a situao pondo-se nopapel do legislador.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    19/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 19

    Concluso:O juiz por imposio da lei est sempre obrigado a julgar, mesmo quando esteja perante uma lacuna da lei o chamado princpio da proibio da denegaoda justia. Mas tal imposio s aplicvel verdadeiralacuna e no situao extra-jurdica. Existem dois tipos de lacunas:-Lacunas de previso, quando h falta de previso de uma situao;-Lacunas de estatuio, havendo previso no se estaturam os efeitos correspondentes.Situaes extra-jurdicas, so situaes que o Direito no regula por estarem fora do seu mbito.

    Causas do aparecimento das lacunas

    1.O legislador no previu certas situaes no momento da elaborao da lei;2.O legislador at as previu, mas por serem matrias novas e complexas absteve-se intencionalmente deregul-las.

    Diferena entre analogia e interpretao extensiva

    Enquanto que interpretao extensiva procura estender a norma jurdica s situaes no abarcadas pela sualetra, mas compreendidas no seu esprito (existe uma lei, mas a letra ficou aqum do esprito). Enquanto quea analogia conduz a uma aplicao da norma a situaes no abarcadas nem pelo esprito, nem pela letra(no h lei).

    Casos em que no possvel a aplicao da analogia- Normas excepcionais, disciplinam um sector particular das relaes sociais de forma diferente do regimedas normas gerais (excepo regra geral de qualquer cdigo);- Normas penais, porque s crime aquilo que estiver definido na lei como tal;- Normas de Direito Tributrio, dizem respeito aos impostos a aplicar a singulares e colectivos.

    Aplicao da lei no tempo e no espao

    Aplicao da lei no tempo

    Temos que ter em conta o principio da no retroactividade da lei(s se aplica a lei no futuro). Este princpiotem em vista assegurar a certeza e a segurana (art. 12. e 13. do C.C.), no entanto h uma excepo a este

    princpio, que o caso das leis interpretativas (que surge apenas para fixar o sentido da lei que j existe,que a lei interpretada), a lei que produz efeitos nos cidados no a lei interpretativa, mas sim ainterpretada, porque essa que contm a vontade do legislador, enquanto que a interpretativa clarifica avontade do legislador.

    Aplicao da lei penal no tempo uma excepo ao princpio da no retroactividade da lei. A aplicao da lei penal deve ser a mais favorvelao arguido. O que implica:- Se uma lei nova deixa de incriminar certo facto que era considerado crime por uma lei anterior, aplica-se alei nova (por ser mais favorvel ao arguido);- Se uma lei estabeleceu para um crime uma pena menos leve que a da lei anterior, ento aplica-se a antigapor ser mais favorvel.

    Aplicao da lei no espao

    Podem surgir problemas da aplicao da lei no espao, pelo facto de existirem situaes que pertencem amais do que um ordenamento jurdico, o caso das relaes internacionais que provocam dvidas quanto resoluo do conflito pela lei estrangeira ou pela lei nacional, o chamado princpio da no transactividadeda lei, que tem que se ter ateno a situaes como:- Nacionalidade das partes;- Residncia das partes;- Lugar da pratica do facto ilcito.Os conflitos das leis no espao so resolvidos pelas normas de conflito. A funo destas normas a deescolher uma s das ordens jurdicas que se encontram envolvidas para solucionar o litgio (art. 16. e 57. doC.C.).

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    20/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 20

    O Costume

    J vimos que o costume uma fonte de Direito indirecta ou mediata *.Costume, toda a prtica reiterada e habitual desde que acompanhada da conscincia ou convico da suaobrigatoriedade.Ao contrrio da lei, no ditado por um rgo estadual, mas sim resulta de um uso geral e prolongado(material) e da convico (psicolgico) de que tal prtica obrigatria. uma norma de Direito que no deliberadamente produzida e por isso no fonte de Direito voluntria ou imediata.

    Portanto o Costume no ordenamento jurdico portugus no se revela como fonte imediata, mas sim comofonte mediata pois a lei que define se o Costume vlido ou no. Ex.:as touradas.

    Material (ou corpus) prtica reiterada, constante e habitual, de certadurao, de um determinado padro de conduta em que est implcito umanorma.

    Psicolgico (ou animus) convico de se estar a obedecer a uma regra geral,abstracta e obrigatria.

    Lei fonte imediata; d mais segurana e certeza; maior dificuldade emacompanhar a evoluo social.

    Costume fonte mediata; menos certeza e segurana; adapta-seespontaneamente evoluo social.

    Quando nos referimos apenas a um dos elementos do Costume, o corpus, no devemos chamar costume,mas sim usos pois falta-lhe aqui o outro elemento que o animus.Portanto, para haver costume, tem de haver os dois elementos conjuntamente.O costume em Portugal ainda aplicado pelos Tribunais. o chamado Direito Consuetudinrio (direitobaseado nos usos e costumes). S que a parte que em Tribunal o invocar, tem de provar que ele existe ealm disso o Tribunal, por sua prpria iniciativa, tem de procurar obter conhecimento desse costume.

    Jurisprudncia

    Jurisprudncia o conjunto das decises dos tribunais sobre os casos concretos que lhes so submetidos. Noentanto, em Portugal no vigora a regra do precedente, ou seja, a deciso tomada por um Tribunal novincula os outros tribunais em julgamentos futuros. Portanto, as decises dos tribunais s tm fora de casojulgado, isto , s vinculam o caso concreto.

    Funo judicial:Tarefas dos tribunais a) Assegurar a defesa dos direitos dos cidados;(administrar a justia) b) Reprimir a violao da legalidade democrtica;

    c) Resolver os conflitos de interesses pblicos e privados.

    Os tribunais so independentes porque:-Esto apenas sujeitos lei;-No podem abster-se de julgar invocando a falta de lei ou lacunas (principio da proibio da denegao dejustia), tero de integrar as lacunas, usando os mtodos j estudados.

    Tipos de tribunais:

    Comuns ou judiciais gozam de competncia genrica, no discriminada.Especiais gozam de competncias especializadas, limitadas s matrias que lhe so atribudas.

    Hierarquia dos tribunais Judiciais (ordem decrescente):

    1. - Supremo Tribunal de Justia (em questes de constitucionalidade, o rgo mximo o TribunalConstitucional) Os juzes chamam-se juzes conselheiros.

    *Em Portugal s a lei considerada verdadeira fonte imediata. polmico considerar o costume umafonte directa ou imediata. O artigo 1. do Cdigo Civil diz que so fontes imediatas apenas as leis e asnormas cor orativas.

    Elementos doCostume

    Diferenas entre aLei e o Costume

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    21/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 21

    2.- Tribunais de 2. instncia ou da Relao so por regra tribunais de recurso, pois as partes recorrem aeles das decises ditadas pelos de 1. instncia. (os tribunais de 2. instncia so em regra os tribunais daRelao) os juzes chamam-se juzes desembargadores.

    3.- Tribunais de Comarca ou de 1. instncia ( aqui que se inicia o processo judicial e vai ser proferida a1. deciso para resolver o conflito) os juzes chamam-se juzes de Direito.Excepo: h casos em que tm de ser os Tribunais da Relao (de 2. instncia) a resolver: quando algumintenta uma aco contra os juzes. Neste caso o Tribunal de 1. instncia o Tribunal da Relao, pois aqui que tem de se iniciar o processo judicial e ser ditada a primeira deciso.

    Concluso:- Tribunal Constitucional; Especial- Supremo Tribunal de Justia;- Tribunais Judiciais de 2. instncia; Comuns ou judiciais- Tribunais Judiciais de 1. instncia;- Supremo Tribunal Administrativo e outros Fiscais;- Tribunal de Contas; Especiais- Tribunais martimos, militares, arbitrais, etc.

    Tipos de decises judiciais:

    Sentenas decises ditadas pelos tribunais singulares, ou seja, onde h um s juiz.Acrdos decises ditadas por tribunais colectivos, ou seja, onde h 3 juzes.

    A jurisprudncia uma fonte de Direito mediata. Ela seria imediata se a orientao seguida pelos tribunaisvinculasse todos os outros tribunais de forma a julgarem-se de igual modo situaes idnticas. E na realidadeos assentos (decises ditadas pelo Supremo Tribunal de Justia) j tiveram esse carcter obrigatrio, masessa norma foi revogada; e da a jurisprudncia deixar de ser fonte de Direito imediata para passar a serfonte de Direito mediata. As decises ditadas pelos tribunais no so desde logo definitivas podendo serreapreciadas por outros tribunais hierarquicamente superiores ( o caso dos recursos).

    Doutrina

    Trata-se de uma fonte de Direito mediata. Doutrina o conjunto de estudos e opinies de professores etcnicos de Direito sobre a forma adequada de aplicar as normas jurdicas. uma fonte de conhecimento e revelao de Direito mas no uma fonte imediata de Direito dado que no hqualquer criao de normas. As opinies dos jurisconsultos (doutrinadores) no tm fora vinculativa paraos tribunais mas ajudam a colmatar algumas falhas da lei.

    Os Tratados Internacionais

    a ultima fonte de Direito (mediata).Tratado internacional, o acordo celebrado entre membros da sociedade internacional.

    Tipos de tratados:

    Normativos (tm por fim uma norma passvel de aplicao a uma generalidade de casos)Contratos (realiza-se uma operao concreta e esgotam-se os seus efeitos)Colectivos (acordos de mais do que 2 Estados)Particulares (acordos onde entram s 2 Estados)

    Fases de elaborao de um Tratado Internacional:

    1. Negociao(as partes vo determinar o contedo);

    2. Redaco(aps a negociao redige-se o texto);

    3. Assinatura( assinado pelos intervenientes);

    4. Ratificao(o projecto de tratado aprovado pelo Direito Interno de cada Estado e passa a vincular ospases que o negociaram).

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    22/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 22

    Os Tratados Internacionais ocupam uma posio privilegiada no Direito Portugus dada a sua recepoautomtica no Direito Interno.

    Codificao

    A codificao a reunio num mesmo texto (cdigo) segundo determinado critrio sistemtico e cientfico,de um conjunto de normas referentes a um determinado ramo de Direito.

    TTTTema 4ema 4ema 4ema 4 O controlo da LegalidadeO controlo da LegalidadeO controlo da LegalidadeO controlo da Legalidade

    Introduo. Meios de Controlo da Legalidadergos do Estado:

    Administrao Publica a quem compete o exerccio de tutela administrativa.Tribunais a quem compete a tutela judiciria (administram a justia em nome do povo).

    A Administrao Pblica est sujeita a dois princpios:

    1)Princpio da prossecuo do interesse pblico(respeito pelos direitos e interesses legalmente protegidos e

    em obedincia lei).

    2) Princpio da legalidade (submisso a princpios gerais de Direito cujo desrespeito gera ilegalidades).Dentro deste princpio h a destacar:

    2.1.)Princpio de igualdade (art. 13. da CRP);2.2.)Princpio de justia;2.3.)Princpio de proporcionalidade.

    Tutela Administrativa Tutela Judiciria

    Administrao TribunaisPblica

    A actuao do Estado est sujeita Constituio e lei e por isso necessrio controlar a sua legalidade.

    rgos de controlo da legalidade:

    - Tribunal Constitucional; - Provedor de Justia;- Tribunais Administrativos; - Tribunal de Contas;- Ministrio Pblico; - Presidente da Repblica.

    Uma das formas de controlo da legalidade a fiscalizao da constitucionalidade. necessrio cumprir erespeitar o disposto nas leis constitucionais.

    O problema da inconstitucionalidade

    Inconstitucionalidade o no cumprimento da Constituio por acto (fazer) ou omisso (no fazer), porparte dos rgos do poder poltico.

    Tipos de inconstitucionalidade:

    1)Por aco ou positiva (produo pelo poder politico de uma normaVioladora da Constituio) FAZER

    MaterialFormalOrgnica

    Prosseguida pelos Tribunais, o modo de assegurar os

    interesses dos particulares

    Meio de garantia dos

    direitos do Estado

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    23/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 23

    2) Por omisso ou negativa(violao da Constituio por falta de norma, ou seja, resulta do silncio ouinrcia de um rgo poltico que deixa de fazer algo exigido pela Constituio) NO FAZEREx.:O art. 66. da CRP prev que o Estado actue no sentido de prevenir e controlar a poluio e os seusefeitos (a no actuao do Estado leva inconstitucionalidade por omisso).

    Inconstitucionalidade por aco (positiva):

    Material(contedo) contradio entre o contedo de um acto e os comandos da Constituio. Ex.: uma leique estabelea a pena de morte; lei que restringe o direito de voto das mulheres.

    Formal(forma) prtica de um acto em desrespeito pela Constituio. Ex.: inexistncia jurdica: uma lei queno foi promulgada pelo Presidente da Repblica.

    Orgnica(origem) criao de um acto por um rgo que no tinha poderes para tal. Ex.: um decreto-lei doGoverno que legisle sobre matrias que cabem Assembleia da Repblica.

    Fiscalizao da inconstitucionalidade

    Fiscalizao (de acordo com os rgos que a fazem):

    Poltica Assembleia da Repblica

    Jurisdicional TribunaisA fiscalizao essencialmente feita pelos tribunais (trata-se de um poder-dever j que esse poder defiscalizao uma verdadeira obrigao). ao Tribunal Constitucional que cabe o papel mais importantecabendo-lhe em exclusivo a declarao de inconstitucionalidade.

    Tipos de fiscalizao:

    Preventiva - consiste no controlo pedido por certas entidades (por exemplo pelo P.R.) ao TribunalConstitucional antes da promulgao da lei.

    Concreta trata-se dos recursos para o Tribunal Constitucional das decises dos tribunais. Os Tribunaisexercem esta fiscalizao, na medida em que no podem aplicar nos casos sujeitos a julgamento, normas

    inconstitucionais. (art. 204. CRP)

    Abstracta apreciao pelo Tribunal Constitucional de uma norma j em vigor; e se ele a declararinconstitucional isso ter fora vinculativa obrigatria geral. (pedida por exemplo pelo Provedor de Justia)

    O Tribunal Constitucional

    Tribunal Constitucional tem um papel fundamental na fiscalizao e controlo da inconstitucionalidade poraco (positiva) e at por omisso (negativa). Este Tribunal possui fundamentalmente uma lei prpria queregula o seu funcionamento e tem a sua sede em Lisboa.

    Compete-lhe:1.Administrar a justia em matrias de natureza jurdico-constitucional;

    2.Tem competncia para apreciar a inconstitucionalidade e a ilegalidade.

    As decises do Tribunal Constitucional so obrigatrias e prevalecem sobre as dos restantes tribunais.

    constitudo por 13 juzes: (art. 222. da CRP)-10 designados pela Assembleia da Repblica;-3 cooptados por estes 10.

    Destes 13 juzes, 6 so juzes de carreira (juzes de outros tribunais) e 7 so juristas com idoneidadereconhecida. O seu mandato de 9 anos e no renovvel, sendo o seu Presidente eleito pelos juzes.

    GARANTIAS DOS JUZES DO TRIBUNAL CONSTITUCIONAL:(art. 216. da CRP)Os juzes deste Tribunal gozam das mesmas garantias que os juzes dos outros tribunais:

    1)Independncia- devem apenas obedincia lei e sua conscincia.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    24/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 24

    2)Inamovibilidade como so designados por 9 anos, as suas funes no podem cessar antes, ou seja, nopodem ser suspensos, demitidos ou aposentados salvo nos casos previstos na lei.

    3)Imparcialidade esto impedidos de julgar causas em que tenham interesses.

    4)Irresponsabilidade no podem ser responsabilizados pelas suas decises salvo nos casos previstos na lei.

    Efeitos jurdicos da inconstitucionalidade

    Efeitos jurdicos da inconstitucionalidade:

    A) Invalidade jurdica verifica-se sempre que for desrespeitada uma regra e pode revestir a forma denulidade e anulabilidade:Nulidade o acto no produz quaisquer efeitos desde a sua elaborao. Ex.: uma lei da A.R. que

    estabelece a pena de morte nula.Anulabilidade o acto s deixa de produzir efeitos depois da deciso do rgo de fiscalizao. Ex.:

    incapacidade dos menores.

    B) Inexistncia jurdica caso em que se pode dizer que para o Direito no existe esse acto. um vicio tograve que implica a no produo de qualquer efeito. Ex.: falta de promulgao pelo P.R.

    C) Ineficcia jurdica o juiz no aplica a lei considerada inconstitucional ao caso concreto submetido suadeciso, o que quer dizer que a lei no produz efeitos entre as partes. Ex.: falta de publicao de uma lei noDirio da Repblica.

    A Reviso Constitucional

    A Constituio deve adequar-se s condies histricas dessa sociedade, ou seja, deve acompanhar aevoluo social. E sendo assim, pode ser alvo de revises. A Assembleia da Repblica pode, aps 5 anos sobrea publicao da ltima reviso, voltar a rev-la. Mas essa reviso est sujeita a limites. A nossa Constituio semi-rgida (por um lado, durar no tempo e por outro lado alterar-se de acordo com a historia).

    Tipos de limite reviso:

    Temporal o limite de 5 anos (reviso ordinria) podendo no entanto ser revista (revisoextraordinria) desde que pedida por 4/5 dos deputados, ou seja, 184 deputados. Formal apenas pode ser modificada atravs de um processo diverso do estabelecido para as leis

    ordinrias. Material a reviso tem que respeitar certos princpios que so imutveis sob pena de estarmos

    perante uma nova Constituio. Circunstancial no h reviso em caso de estado de stio, emergncia ou grave crise social.

    1976

    1982Ordinrias

    1992

    1997

    1989 Extraordinria

    A actual Constituio entrou em vigor a 25/04/76; desde 1976 at agora houveram 4 revises (3 ordinrias e1 extraordinria). A terceira (1989) foi a extraordinria, as outras foram em 1982, 1992 e 1997. A 4. reviso(20/09/97) trouxe as alteraes seguintes:

    A durao do mandato dos juzes do Tribunal Constitucional deixou de ser de 6 anos e passou a serde 9 anos.

    O mandato desses juzes deixou de ser renovvel.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    25/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 25

    Tema 5Tema 5Tema 5Tema 5 A relao jurdicaA relao jurdicaA relao jurdicaA relao jurdica

    A Relao Jurdica

    Relao Jurdica, toda a relao da vida social regulada e tutelada pelo Direito. Pode ser vista em doissentidos:

    a)Amplo, toda a relao da vida real relevante (disciplinada) para o Direito.b) Restrito, toda a relao da vida real disciplinada pelo Direito, no qual atribui um direito e um

    dever jurdico.

    NOTA: o sentido restrito o que interessa para o Direito.

    Tipos de relaes jurdicas:

    1.Abstracta, a relao com referncia a um modelo ou esquema contido na lei. Ex.:a relao entre osenhorio e o arrendatrio (lei em si).2.Concreta, a relao existente na realidade entre pessoas certas (identificao das pessoas), o objectocerto (identificao do objecto) e procedendo de um facto jurdico certo. Ex.: a relao entre o senhorio,senhor Antnio e o arrendatrio, senhor Joo e o objecto que o apartamento.

    Estrutura da relao jurdica

    A estrutura o seu contedo (direitos e deveres jurdicos).At aqui analisamos o Direito como Direito Objectivo, ou seja, conjunto de normas gerais e abstractas queregulam a vida em sociedade e so impostas pelos rgos estatais. No tema 5 vamos analisar o Direito comoDireito Subjectivo, que a faculdade que a ordem jurdica confere a certas pessoas. Ex.:poder, prestigio,Direitos de autor, etc.

    Direitos subjectivos e deveres jurdicos

    A relao jurdica inter-subjectiva, pois de um lado temos o titular do Direito Subjectivo (sujeito activo) edo outro lado temos o titular do dever jurdico (sujeito passivo).

    NOTA: O Direito Subjectivo so os direitos e deveres atribudos pelo Direito Objectivo (lei). DireitoSubjectivo so as faculdades cedidas pelo Direito Objectivo (lei).

    Direito Subjectivo propriamente dito ou stricto sensu e dever jurdico

    Direito Subjectivo propriamente dito, o poder jurdico reconhecido a uma pessoa de exigir ou pretenderde outrem um comportamento positivo (aco) ou negativo (omisso). Ou seja, do lado do sujeito passivorecai um dever jurdico a obrigao de ter um certo comportamento a que o sujeito activo tem direito. Ex.:Direito de Personalidade, Direitos Reais, Direitos de Famlia ( excepo do poder paternal), contrato decompra e venda.

    Direito potestativo, o poder conferido a algum de, por uma deciso unilateral de vontade exercer umdireito independentemente da vontade do outro. Aqui, sob o titular passivo da relao jurdica j no recai

    um dever jurdico, mas sim uma sujeio, ou seja, fica obrigado a suportar as consequncias em virtude doexerccio do Direito pelo sujeito activo. Ex.: Direito dos cnjuges separao judicial de bens e pessoas(divrcio).

    Excepes ao Direito subjectivo propriamente dito:

    So os chamados poderes-deveres (Ex.:poder paternal), isto porque o poder paternal tem de ser exercidono interesse dos menores, da que o seu titular no pode fugir aos seus deveres. So os poderes jurdicos, porque trata-se apenas de manifestaes de capacidade jurdica do titular dedireitos no havendo portanto verdadeiras relaes jurdicas (Ex.:a faculdade de testar, de contratar)

    Classificaes do Direito potestativo:

    1.Constitutivos, consiste na constituio de relaes jurdicas. Ex.:servido de passagem em beneficio deum terreno encravado; Direito de preferncia, etc.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    26/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 26

    2. Modificativos, consiste na modificao das relaes jurdicas. Ex.: mudana de servido, Direito dosCnjuges separao de bens e pessoas.3. Extintivas, consiste na extino das relaes jurdicas. Ex.:extino da servido de passagem, Direito aoDivrcio.

    Classificao dos Direitos Subjectivos:

    Absolutos/RelativosPblicos/Privados

    Tipos de Direitos Subjectivos Patrimoniais/No patrimoniais ou pessoaisTransmissveis/IntransmissveisInatos/No inatos

    Absolutos, so aqueles que se impem a todas as pessoas e por isso todos so obrigados a respeit-los. Ex.:Direito Vida, Liberdade, ao Nome, etc.

    Relativos, so aqueles que se impem a um determinado nmero de pessoas. Ex.:Direitos de Crdito.

    Pblicos, correspondem s relaes de Direito Pblico, ou seja, aquelas entre o Estado e outros entespblicos face aos particulares, quando o Estado est munido do seu Imprium. Ex.:Direito aco judicial,ao voto, aos servios pblicos.

    Privados, regulam as relaes de Direito privado, ou seja, entre particulares e entre estes com o Estadodespido do seu Imprium. Ex.: quando o Estado contrata uma empresa particular, para essa empresa oEstado um cliente normal.

    Patrimoniais, so direitos reais sobre as coisas que se traduzem em valores econmicos. Ex.: Direito deCrdito, Direito das coisas, etc.

    No patrimoniais, so aqueles que no so traduzidos em valor econmico (dinheiro). Ex.: Direito dapersonalidade, Direitos de Famlia.

    Transmissveis, existe a possibilidade de transitarem de uma esfera jurdica de um titular para outro, salvoquando a lei no permite. Ex.:Direitos patrimoniais (heranas, imveis).

    Intransmissveis, no transita da esfera jurdica de um titular para outro.Ex.:Direito dos familiares, Direitoda alimentao, Direitos potestativos.

    Inatos, so aqueles que nascem com a prpria pessoa, no sendo necessrio adquiri-los. Ex.:Direito Vida, Liberdade.

    No inatos, so aqueles que so adquiridos aps o nascimento. Ex.: Direito de propriedade, Direito decrdito, o casamento.

    Aquisio, modificao e extino dos direitos

    Aquisio, a ligao de um certo direito a uma pessoa. Pode ser de dois tipos:

    Originaria, o Direito surge de novo sem qualquer ligao com o anterior, surge pela primeira vez.Ex.:Direito de ocupao, quando se compra novo.

    Derivada, o Direito j existe e por isso, a sua aquisio d-se quando se transfere o Direito de umtitular para outro. Ex.:venda de um imvel (compra em segunda mo, bem j usado).

    A Derivada divide-se em 3 tipos: Translativa. Ex.:cesso (ceder) de quotas de uma sociedade; Constitutiva. Ex.:constituio do usufruto (a partilha da herana, que uma casa,

    pelos filhos de um casal, mas com a condio de os pais terem direito de usufruir dobem at morte).

    Restitutiva. Ex.:o direito regressa ao seu antigo titular.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    27/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 27

    Modificao, divide-se em:

    Subjectiva, refere-se ao sujeito titular do direito. Ex.: no caso de sucesso por morte, osherdeiros passam a ser os titulares.

    Objectiva, refere-se ao objecto e contedo do Direito. Ex.:destruio das folhas de um livro que o objecto de Direito de propriedade.

    Extino, divide-se em:

    Subjectiva, o Direito sobrevive, mas adquirido por outra pessoa diferente. Ex.: contrato decompra e venda.

    Objectiva, o Direito desaparece por completo, no sendo atribudo a outra pessoa. Ex.:destruiode um carro num acidente; ou o consumo de bens.

    Elementos da relao jurdica

    1.Os Sujeitos, so as pessoas entre as quais a relao jurdica se estabelece, ou seja, so os titulares doDireito Subjectivo (sujeito activo) e da vinculao correspondente sujeio (sujeito passivo).J vimos que a pessoa em sentido jurdico quem tem personalidade jurdica (desde que nascemos obtemos

    personalidade jurdica capacidade de gozo). Ex.: assim como as empresas tambm tm personalidadejurdica desde que se constituem.

    CAPACIDADE JURDICA CAPACIDADE DE EXERCCIO

    - Ocupa a posio dinmica (aptidopara exercer os direitos e deveres),adquire-se com a maioridade ouemancipao (casamento de ummenor)

    Incapacidade, a falta de capacidade de exerccio de direitos.

    Formas de suprir (solucionar) a incapacidade:

    Representao, admite-se outra pessoa para agir em nome do incapaz que juridicamente visto como se fosse o prprio incapaz a agir. Ex.: tutor.

    Assistncia, o incapaz age por si prprio, mas para haver validade nos negcios, preciso oconsentimento de outra pessoa que se chama assistente. Ex.:curador.

    Tipos de incapacidade:

    A)Menoridade, ser menor aquele que no tiver completado os 18 anos de idade, a forma desolucionar esta incapacidade, chama-se representao e assume 2 formas:

    Poder paternal, o menor representado pelos pais, ou pelo progenitor que tiver a

    guarda do filho (poder-dever). Tutela, quando os pais tiverem falecido, ou estiverem inibidos do poder paternal ou

    sejam incgnitos. Nestas situaes o tribunal nomeia um representante para o menor.

    A incapacidade termina:- Com a maioridade;- Com a emancipao pelo casamento, o menor aos 16 anos pode casar obtendo amaioridade por emancipao.

    B)Interdio, a mais grave incapacidade, e ocorre quando algum por anomalia psquica,surdez/mudez, ou cegueira se mostra incapaz de se reger e actuar juridicamente. Ainterdio tem de ser decretada em tribunal e poder ser levantada pelo tribunal, quandodesaparecem os motivos que a determinaram. A forma de suprir esta incapacidade elegerum representante.

    -Inerente personalidade jurdica-Ocupa uma posio esttica (aptidopara ser-se sujeito nas relaesjurdicas)

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    28/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 28

    C) Inabilitao, de menor gravidade que a interdio. Para alm dos casos anteriores, houtros como aqueles que no sabem gerir a sua vida econmica, por estarem viciados emesbanjamentos inteis e suprfluos de bens (lcool, drogas, bens de luxo), pondo em causa oagregado familiar. decretada tambm pelo tribunal, a inabilitao, e poder ser levantadapelo tribunal quando desaparecerem os motivos que a determinaram. O suprimento feitoatravs da assistncia curador.

    D) Incapacidade acidental,resulta de causas transitrias, como a embriaguez, intoxicao,hipnose, ou seja, so incapacidades que no afectam o estado normal da pessoa, por isso que so considerados incapazes acidentalmente.

    NOTAS:- A incapacidade diz respeito pessoa do incapaz.- A ilegitimidade e indisponibilidade diz respeito relao de uma pessoa com as outras.Ex.:dois irmos no podemcasar ilegitimidade; um doente em fase terminal no pode fazer umtestamento a favor do mdico que o trata indisponibilidade.

    2. O Objecto, tudo aquilo sobre o qual recaem os poderes do sujeito activo (Direito Subjectivo). Ex.:Direito de propriedade.

    OBJECTO CONTEDO

    Objecto, o bem sobre o qual recaem os poderes. Ex.:a casa, o livro.Contedo, o conjunto de poderes que pertencem ao proprietrio do objecto. Ex.:usufruir da casa, vender,alugar.

    O objecto divide-seem:

    Imediato, aquilo sobre o qual recai o direito directamente.Ex.:o Z comprou um carro,a entrega do carro pelo vendedor ao Z o objecto imediato (porque o credor tem o direito prestao no acto da entrega).Mediato, aquilo sobre o qual o direito recai indirectamente sobre o bem. Ex.:o carro oobjecto mediato na compra feita pelo Z.

    Exemplos de possveis objectos mediatos:

    As pessoas, s podem ser objecto nos chamados poderes-deveres. Ex.:no poder paternal o menor o objecto mediato.

    As prestaes, a conduta a que o devedor est obrigado. Ex.:numcontrato de empreitada, o empreiteiro tem a obrigao de realizar aobra contratada e o dono da obra tem a obrigao de a pagar.

    As coisas, tudo aquilo que pode ser objecto das relaes jurdicas,que podem ser corpreas ou incorpreas.

    3.Os Factos jurdicos, o acontecimento jurdico que leva constituio, modificao ou extino de umasituao jurdica.

    Negcios jurdicosLcitos

    Voluntrios ou actos jurdicos Simples actos jurdicosDolosos

    Factos jurdicos Ilcitos(quanto vontade Meramente culpososdos sujeitos)

    Involuntrios ou naturais

    Voluntrios ou actos jurdicos, so manifestaes de vontade humana do prprio sujeito ou do seurepresentante. Ex.:o casamento. Podem ser:

    Lcitos, so factos que tm de estar de acordo com a lei. Ex.:casamento, doao, escritura,contrato.

    Negcios jurdicos, so factos lcitos assentes numa ou mais manifestaes devontade, para produzir certos efeitos. Ex.:casamento, contrato de compra e venda.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    29/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 29

    Os dois elementos essenciais do negcio jurdico: Genricos, so elementos que tm de existir sempre, tais como,

    capacidades das partes, declarao de vontade e honestidade. Especficos, revelam-se necessrios para identificar certos tipos de

    negcios e diferenci-los dos outros. Ex.:contrato formal.

    Os negcios jurdicos dividem-se em: Unilaterais, quando s h uma manifestao de vontade. Ex.:

    testamento, s depende da vontade de uma pessoa.

    Bilaterais, plurilaterais ou contratos, quando h duas ou maismanifestaes de vontade. Os bilaterais dividem-se em:

    Contratos unilaterais, quando geram obrigaes apenas parauma das partes. Ex.:doao.Estes podem ser receptveis (so aqueles em que a declaraode vontade tem que ser comunicada outra parte); ou noreceptveis (Ex.: testemunho).

    Contratos bilaterais, aquele em que h duas ou maisdeclaraes de vontade de contedo oposto, mas convergente.Ex.:contrato de compra e venda.Estes podem ser perfeitos (so aqueles em que ambas as partescontraem obrigaes unidas por um nexo de causalidade. Ex.:

    contrato de compra e venda); ou imperfeitos (inicialmente hapenas obrigaes de uma das partes, podendo surgirposteriormente a obrigao da outra parte. Ex.:um advogado).

    Resumo dos negcios jurdicos:

    Simples actos jurdicos, so factos cujos efeitos, embora concordantes com a

    vontade dos seus autores, no so determinados pelo contedo desta vontade, massim pela lei. Ex.:criao de uma obra de arte, ou escrever um livro, adquire-se osdireitos de autor.

    Ilcitos, so factos contrrios s disposies da lei. Ex.:roubo, homicdio. Dolosos, quando o seu autor age de forma deliberada para prejudicar. Ex.:roubo, ou

    seja um acto premeditado. Meramente culposos, quando o indivduo no prev o resultado (no h dolo) mas

    houve imprudncia que lhe confere a culpa.Ex.:acidente de viao.

    Involuntrios ou naturais, so aqueles que so independentes da vontade humana, ou seja,dependem da natureza. Ex.:a morte, ou o nascimento.

    NOTA:Relativamente aos NEGCIOS JURDICOS, temos de analisar os seguintes parmetros:

    Quanto ao contedo e fim do negcio: Onerosos, quando se pressupe atribuies patrimoniais, ou monetrias. Gratuitos, no h qualquer atribuio patrimonial ou monetria. Ex.:doao.

    Quanto produo de efeitos: Entre vivos, so aqueles que se destinam a produzir efeitos entre as partes em vida. Ex.:

    contrato de compra e venda. Mortis causa, quando produz efeitos aps a morte de uma das partes. Ex.:testamento.

    Quanto ao critrio da forma, declarao negocial:

    Consensuais ou no solenes, os que no tm forma determinada pela lei. Ex.:compra debens pessoais (caneta). Solenes ou formais, so aqueles que tm forma determinada pela lei.

  • 7/23/2019 ResumosdeDireito12ano

    30/33

    Exame Nacional de Direito Matria do 12. ano

    Gina 30

    NOTA:Devemos ter em conta o Princpio da consensualidade ou da liberdade da forma (artigo 219.do C.C.). Este princpio diz que o negcio vlido, seja qual for a forma adoptada pelas partes.Portanto a regra o negcio ser consensual. E no caso dos solenes ou formais tem que existir a formaescrita.

    Tipos de documentos escritos:Autnticos, so criados com as formalidades legais pelas autoridades pblicas.Particulares, so todos aqueles que no so autnticos.

    Princpios fundamentais dos contratos:

    Princpio da liberdade contratual, a faculdade que as partes tm dentro dos limites da lei defixar o contedo dos contratos; celebrar contratos diferentes dos prescritos no Cdigo Civil; incluirnesses contratos as clausulas que entenderem. No entanto existem limitaes a este princpio, queso:

    1. H certos casos em que as pessoa