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Afrodite Evento Afrodite Saiba udo o que rolou no evento que promoveu a valorização da beleza de mulheres negras. PÁGINA 21 VOL. 20 Edição de Lançamento No.1 MEU CABELO ME REPRESENTA PRECISAMOS FALAR SOBRE FEMINISMO NEGRO

Revista Afrodite

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Produto Educomunicativo com a proposta de trabalhar a identidade de mulheres negras através de sua beleza e cultura.

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Page 1: Revista Afrodite

Afrodite

Evento AfroditeSaiba udo o que rolou no evento que promoveu a valorização

da beleza de mulheres negras.

PÁGINA 21

VOL. 20

Edição deLançamento

No.1

Ilustração: Pipa Azul

MEU CABELO

ME

REPRESENTA

PRECISAMOS FALAR

SOBRE FEMINISMO

NEGRO

Page 2: Revista Afrodite

EQUIPEODARAAFROTURBANTES, TORÇOS, FAIXAS, BRINCOS, COLARES E PULSEIRAS... TUDO COMDESIGN AFRO E PREÇOS ACESSÍVEIS! VISITE NOSSA PÁGINA NO FACEBOOK

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SUMÁRIO

03 Editorial

04 A moda que tevaloriza

06 Top 5: maquiagempara peles negras

09 Meu cabelo merepresenta

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Entrevista com EmilleCosta

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Evento Afrodite

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Look do dia: Evento Afrodite

Tranças afro: perguntase respostas sobre atendência

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35 Precisamos falar sobre

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Inspire

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Infográfico AFROfatos

Protagonismo negroem Hollywood

Grupo Crespas eCacheadas

Crônica

A Afrodite é uma publicação do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia

 //                     Projeto Afrodite //             [email protected]

Laura Nobre, Nayara Frasan, Maísa Melo, Rosângela Gomes, Raphaela Alcântara,

Millena Machado e Bárbara Nogueira.

 Millena Machado //                Caio Vasques //                             Millena Machado

Redação:

Edição:     Fotos: Diagramação:

email:Facebook:

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O Projeto Afrodite surgiu com a proposta de desenvolver a identidade de mulheres

negras através de sua beleza e cultura. Nosso objetivo principal era trabalhar a

autoestima dessas mulheres para que adquirissem confiança e sentimento de

autoeficiência para, assim, acreditarem em sua própria capacidade de participação e

ultrapassassem as barreiras sociais que por muitos anos foram impostas.

Em duas etapas consistiram o projeto: o Evento Afrodite, realizado no último dia 11, e

a Revista Afrodite, ambas em parceria com os grupos "Crespas e Cacheadas de

Uberlândia", "Coletiva Feminista Bonecas de Pixe" e "Equipe Odara Afro", os quais nos

abriram as portas para, juntos, cumprir a proposta de valorizar suas características

naturais e enaltecer a beleza da figura negra, com suas características próprias e

simbologias inseridas.

Cabelo é história, é identidade e, principalmente, é resistência. Seja ele crespo,

cacheado ou trançado, o cabelo afro remete a uma cultura que ainda sofre

marginalização, mas que cada vez mais conquista seu tão merecido espaço.

A Afrodite acredita na importância do reconhecimento e valorização dessa voz

silenciada e, por isso, abrimos esse espaço para que todos compreendam essa

importância conosco. Esperamos que desfrutem dele tanto quanto nós ao

desenvolvê-lo. É uma luta que não vai acabar tão cedo, mas pequenos passos como

esse marcam sua trajetória da forma mais positiva possível.

Todas são afrodite: todas lutam, todas conseguem, todas merecem.

Atenciosamente,

Grupo Afrodite

Caras afrodites,

ProjetoAfrodite

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A MODAQUE TEVALORIZA

Po r Lau ra Nobre

S ty l i ng e Make Up : I u s l ey da MataMode los : I u s l ey da Mata e La í sC r i s t i naFo tos : Gu i lhe rme Mora i s

Toda mulher pode e deve se vestirda maneira que ela bem entender,mas sabe que um determinadomodelo de roupa irá valorizar mais,ou menos, o seu tipo de corpo. Apesarda maioria de nós teruma cor preferida, poucas sabemquais as cores que podem favorecer oseu tom de pele te deixando aindamais bonita. “A pele negra temmuitos tons diferentes, o quechamamos de colorismo, que pode serum tom bem claroou bem escuro. Apostar em tonsquentes, pastéis e brancos sempre sãobem vindos paraas mulatas, o contraste da roupa coma pele dá a beleza na produção.”afirma o designerde moda Iusley Oliveira.

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Apesar das dicas de modaexistirem para nos auxiliar, nãoexiste uma fórmula única paraninguém. Ou seja, devemos vestiraquilo que nos faz sentir bem,mas é importante ressaltar que,querendo ou não, algumas coresfavorecem mais o biotipo dealgumas mulheres do que deoutras.

 A estilista Manoela Gonsçalvezressalta que “As cores cítricasfavorecem as mulatas, poisestabelecem um contraste eequilibram o look, estampas comfundo claro e cores fortes, além dossapatos com tonalidade parecidacom a pele ajudam a alongar osmembros inferiores, são dicasbásicas para valorizar a belezanegra.” Já o designer Iusleycomplementa: “estampas com umapegada étnica, principalmente asafricanas são as melhores para asnegras. Sigo um instagramchamado @fanmdjanm, que éuma marca de roupas e acessóriosinternacionais com uma pegadaafro.”

O importante é se vestir como quiser,brincar com a moda e somente usar oque a faz se sentir mais bela. “Para aescolha de tendências é interessantevalorizar o tipo físico, altura e se sentirconfortável com a tendência escolhida.E o principal: nunca ser vítima damoda. Use a tendência que combinecom sua personalidade.” Indica odesigner de moda Iusley da Mata.

"Brinque comcores e

estampas"

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Top 5: maquiagem parapeles negras

A maquiadora mineira Érica Adão, que se especializou em peles negras emorenas, revelou cinco dicas de maquiagem que valorizam os traços negrosem qualquer ocasião, seja para o dia ou para arrasar na noite, existemtruques que destacam a pele negra te deixando ainda mais bonita. Confira:

O iluminador é um produtoquerido das mulheres emmaquiagem de festa, mas éimportante acertar no tom paraficar o mais natural possível napele. A Érica Adão revela: “quandofor se maquiar para a noite optepor um iluminador com partículasdouradas e bronzeadas, que seadaptam melhor à pele negra,nada de prateados ou perolados,esses já combinam com os sub tonsfrios das peles claras. Apliqueacima da bochecha, no topo donariz, canto interno do olho e entrea boca e o nariz, iluminando edando destaque para o rosto.”

1 – Sem medo de brilhar

Tons terrosos e dourados tem ummaior destaque na pele escura. Emuma maquiagem neutra, use ummarrom ou preto. Caso prefira cores,o verde­esmeralda, azul­marinho, etons de roxo e berinjela são osmelhores principalmente para quemtem olhos escuros.

2- Uma cor nesse olhar

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Para dar uma expressão de saúdeo blush, na medida certa, é semprebem­vindo. A maquiadora orientacuidado ao usar rosa forte pois elestendem a acinzentar na pelenegra. O ideal são os tons terrosose avermelhados, marrom,berinjela e terracota, lembrandoque é possível usar um bronzerdourado no lugar do blush.”

3­ Um ar de saudável

No dia a dia é possível destacar oslábios grossos com um gloss, dá umefeito natural e evidencia a boca.Se você prefere batom aposte nostons escuros, como na cor uva e opreto, além dos batons nudes emtons de café e chocolate.

4- Destaque os lábios

Quem tem a pele negra deveevitar usar pó translúcido (aquelebranco geralmente solto), ele nãofica bem na pele negra, pois tendea acinzentar. Opte por um pó noseu tom de pele, mais laranja oubronze, que fica ótimo sobre a pelenegra.

5­ Selando a maquiagem como pó

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Fotos: Caio Vasques

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MEUCABELO MEREPRESENTA

Po r Naya ra F rasanFo to : Ca io Vasques

Além de serem aliadosestéticos os cabelos dizemmuito a respeito da nossaidentidade. Assim como nossasvestimentas comunicam, aforma como usamos o cabeloexpressa inúmeros discursos.Conversamos com algumaslindas mulheres negras parasaber sobre qual arepresentatividade de seuscabelos, as respostas foramsurpreendentes. Confiram.

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"Meu cabelo representa resistência,história e autoestima. Escolhi as trançaspela porque eram usadas na época daescravidão para mapear rotas de fugapara as mulheres saírem dos campos deescravidão. Isso é muito forte! Minhastranças representam a força que eutransmito em tudo o que faço efalo". Ana Flávia dos Reis Santos

"Meu cabelo representa meus valores,minha dignidade, minha raça e minhacor, as quais eu luto a favor todos osdias. Antes, meu cabelo era lisochapado, depois resolvi fazer atransição capilar. No início foi difícil,sofri muito preconceito.  Falavam quemeu cabelo natural era feio mas lutei,superei e hoje tenho o cabelo quesempre quis". Cláudia Mendes

"Cabelo para mim é identidade, escolhio rastafari pois está ligado a uma seitaa qual me identifico. Optei pela corroxa porque acho que combina comminha pele, mas já usei verde, azul ecinza". Aline Beatriz Rocha Adão

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F O T O S :   N A Y A R A   F R A S A N

"Meu cabelo é um ato político, pois deacordo com a sociedade meu cabelo éproibido, com ele eu não entro emalguns lugares, atrapalho, tenhodificuldade de conseguir emprego eaté de me relacionar… então elerepresenta uma transgressão, estoutransgredindo quando o uso damaneira que eu quero."Réveny Cristina

"Meu cabelo representa tudo, amelhor coisa que já aconteceu pois hátempos atrás eu alisava e resolviparar, percebendo­o como ele é.Escolhi o black por ser natural eporque é assim que me sinto linda".Gabriela Aparecida

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"Meu cabelo representa resistência,pois por muito tempo eu alisei ecomo muitas mulheres negras, euvia as mulheres na tv de cabelo liso,como um padrão estabelecido de beleza. Só depois de muito tempopercebi meu cabelo bonito como elerealmente é, nós precisamos resistir!"Lívera Nascimento

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TRANÇASAFRO:PERGUNTAS ERESPOSTASSOBRE ATENDÊNCIA

Po r Rosânge la GomesFo tos : Ca io Vasques

Azuis, longas, soltas, embutidas,curtas ou grossas. As trançastomaram as cabeças, ou melhor,os cabelos das brasileiras. Sãodiversos tipos, tamanhose materiais utilizados quepossibilitam a diversidadee a expressão, principalmente,das mulheres negras.Entrevistamos a cabeleireiraespecializada em tranças emcabelo afro, Iolanda Gomes, quetrabalha em Uberlândia, MG,para esclarecer todas as dúvidassobre essa tendência.  

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Existe algum caso em que autilização das tranças não éindicada?

Não existe, pelo contrário, astranças ajudam muito nocrescimento dos cabelos.

Qual o tempo de duraçãodas tranças no cabelo afro?

Depende do modelo que acliente escolher, mas nuncapassa de 2 meses.

Qual o procedimentode lavagem e secagemdas tranças?

Pode lavar com shampoonormalmente, enxaguar bastante,condicionar só do meio das trançaspara as pontas, evitando o contatocom o couro cabeludo. Nasecagem, retirar o excesso de águacom uma toalha e deixar secarnaturalmente, por isso éaconselhável lavar de manhãpara não dormir com o cabelo e astranças molhadas.

Depois da retirada das tranças,tem que esperar um tempopara colocar novamente oupode retirar e trançarimediatamente?Pode trançar sim, sem problemas.É bom deixar descansar umdia para o couro cabeludo tomarum ar e acalmar, mas não precisaesperar muito tempo.

Ana Flávia dos Reis inovou e escolheu a corazul para suas tranças 

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EMILLE COSTAREPRESENTABELEZA NEGRA ECONQUISTATÍTULO DE MISSTOCANTINS  

Po r Naya ra F rasanFo tos : Arqu i vo Pessoa l | Emi l l eCos ta

E N T R E V I S T AEmille Fernanda Costa Silvatem apenas 20 anos e jáalcançou grandes vitórias.Nascida  em Belo Horizonte, aestudante de biomedicina queatualmente mora em Palmasconquistou o título e a coroa demiss Tocantins. Emille nãopratica esporte, mas afirma quequando se trata de vaidade,prefere cuidar da saúde e deseu bem­estar.Conversamos com a simpáticamiss para conhecer um poucomais sobre sua história. Confira.

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O que é ser bonita para você?É ser e gostar de você exatamentecomo é.

Como foi sua infância eadolescência?Minha infância foi tranquila, masa pré­adolescência e adolescêncianem tanto por questões deautoestima por não me enquadraraos padrões de beleza.

Sempre foi ligada a esseuniverso da beleza?Sim. Desde aos 9 anos me interesseipor moda, fiz um curso de modelona época e hoje trabalho comomodelo.

Você já enfrentou preconceito porser negra?Sim, inclusive passei por um casodentro do concurso.

Como encarou isso?Tento agir da forma mais coerentepossível e procuro desconstruir oracismo por onde passo.

Você sempre se achou bonitaou descobriu sua beleza com otempo?

Você sempre usou o cabelonatural? ou se tornou adeptaaos cachos depois?Desde criança usei o cabeloalisado. Depois na adolescênciadecidi conhecer como era o meucabelo natural e com certezagostei mais da forma que é.

Tem algum truque de beleza quevocê não abre mão?

Sim, fitagem capilar para deixar oblack bem volumoso e armado.

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Antes de assumir meus traçosoriginais eu não me achavabonita e tentava me enquadrarnos padrões impostos pelaindústria da beleza. Depois queaprendi a gostar de mim comosou e desconstruir esse conceitoengessado, passei a me amar emelhorei minha autoestima,com isso transmiti mais confian­ça de quem eu realmente sou.

Ainda nos dias de hoje,vemos que existe umparadigma que precisa serquebrado, construiu­se umpadrão "barbie" de beleza,onde raramente érepresentado oprotagonismo da mulhernegra, o que você pensasobre isso?Essa falta de representatividadeleva as mulheres negras atentarem camuflar suas origens etraços para serem aceitas comobelas na sociedade. Mas nósmulheres negras temos que resistira esse histórico escravocrata/racistae lutarmos para desconstruir esseconceito de beleza e formar umanova verdade do que é belo, sempadrões, aceitando a singularidadede cada mulher e assim ocuparespaços ditos importantes dentroda sociedade e na mídia.

Qual conselho você dariapara as mulheres e meninasnegras que sofrem preconcei­to, para descobrirem sua bele­za e seu verdadeiro valor?Somos lindas justamente porcarregarmos nossa singularidade.Então, tenha orgulho da sua

ancestralidade e cultura que comcerteza irão encontrar dentro devocês uma beleza e um poderindescritível de ser belo por serquem é e mundo irá enxergar eaceitar isso.

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PROCURODESCONSTRUIRO RACISMOPOR ONDE EU

PASSO

EMILLE:

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Nail arts para o Dia dos Namorados

INSPIRE

Texto colaborativo de Joice Ribeiro

Para comemorar esta data tãoespecial, as unhas não poderiamficar de fora. Trouxe 4 unhasromânticas para vocês SEINSPIRAREM e fechar esse dia tãoapaixonante com as unhas feitas eao lado do seu amor.As nail art são super fáceis eadaptáveis para qualquer ocasião.Por incrível que pareça não usei acor vermelha (já que a mesmasimboliza o amor), mas quis mudarum pouquinho e trazer mais cor.Espero que gostem!

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Unhas bonitas, longas eresistentes: você pode ter!Conversamos com a manicure Noelma Gomes sobre

cuidados com as unhas

Para a manicure Noelma Lúcia, amulher negra pode e deve ousarna escolha do esmalte. Ela afirmaque não existe uma cor proibidapara qualquer tom de pele eaposta em cores alegres comomarrom, rosa, laranja eprincipalmente a vermelha, quevaloriza a cor da mulher negra.

Ela afirma que para as unhascrescerem fortes, saudáveis ebonitas são necessáriasmanutenções semanais com acutícula e manter a unha sempreesmaltada e bem lixada, além deevitar contato das unhas comcomponentes químicos encontradosnos produtos de limpeza. Receitascaseiras também são utilizadas eindicadas pela profissional, como autilização semanal de uma

mistura de azeite e limão por 20minutos nas unhas pode auxiliaro fortalecimento.

Para quem aderiu à moda dasunhas em gel, ela faz um alerta:tenham cuidado, pois a colautilizada na fixação, retira aqueratina e a superfície protetorada unha, o que enfraquece edanifica. O que ela indica éutilizar as unhas postiças deplástico fixando­as com cola de 

FOTO: ARQUIVO PESSOAL | NOELMA LÚCIA

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artesanato, que não danificam asaúde das unhas ou da pele emvolta.

Noelma garante: uso do esmalte épara todas! Se você tem unhacurta pode usar cores e desenhosque alongam, ou até mesmoutilizar unhas postiçaseventualmente, devendo seatentar apenas à ocasião. Paraeventos sociais ela indica coresmais básicas e sem utilização dedesenhos e glitters, para o dia adia use a abuse da criatividade eda imaginação.

Noelma deixa uma mensagempara todas as mulheres que sesentem inseguras ou em dúvidana hora de escolher a cor oudesenho para unhas:

"Não ter medo de ousar, deinovar, não ter medo demisturar cores, colocar tudocolorido... Não ter medo decolocar algum tipo dedesenho, e outra, unha é arte,unha é ser diferente, eusou 'diferentona', eu uso tudo(risos). Nas unhas a gentereflete o que a gente estápassando na vida, se um diavocê usa uma cor alegre éporque você está alegre, seuum dia você usa uma cormais triste, meio insegura éporque você está daquelejeito".

FOTOS: ARQUIVO PESSOAL| NOELMA LÚCIA

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EVENTOAFRODITE

Po r Bá rba ra Mi randaFo tos : Ca io Vasques

O Evento Afrodite foi realizado nodia 11 de junho, no bloco 5O daUniversidade Federal deUberlândia, campus Santa Mônica.Idealizado por estudantes deJornalismo e pelos grupos "Crespas eCacheadas de Uberlândia","Coletiva Feminista Bonecas dePixe" e "Equipe Odara Afro", contoucom oficinas de turbante emaquiagem focada em pele negra,apresentação de dança, palestras ediscussões. O objetivo maior doencontro era promover debatessobre temas relacionados à posiçãoda mulher negra na sociedade etambém assuntos ligados à suabeleza e autoestima.

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Oficina de turbantes

A primeira oficina foi oferecidapela Equipe Odara Afro. Foiensinado o passo a passo para acolocação de turbantes eamarração de faixas. Além disso,seus produtos foram expostos e foipossível conhecer uma variedadede estampas de forma que cadapessoa pode escolher aquela quemais combina com suapersonalidade.

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Apresentação de dança

A bailarina e professora UiaraCristina veio em seguida ebrindou a plateia com umabelíssima apresentação de Stiletto.Uiara trabalha na Cia de dançaBalé de Rua e relatou aexperiência gratificante que viveem sua própria comunidade ao setornar espelho para meninas quea reconhecem como umaprofissional bem­sucedida eanseiam por seguir o mesmocaminho.

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Palestra "Por que falar de nós, mulheresnegras?"

A estudante de Ciências SociaisRéveny Cristina trouxe umapalestra com o tema “Por que falarde nós, mulheres negras”. Révenyabordou temas como feminismo eracismo e abriu uma discussãosobre o lugar que a mulher negra 

realmente ocupa na sociedade ecomo ela está inserida nosmovimentos sociais que lutampela igualdade racial e de gênero.“Acho muito importante este tipode atividade em umaUniversidade totalmente branca eelitizada. Além de trazer acomunidade para dentro doambiente acadêmico e reafirmar que ali também é o seu lugar, fazvaler a educação para as relaçõesétnico­raciais que deveriam serabordadas por todos os cursos degraduação”, comenta Révenysobre o Evento Afrodite.

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Minicurso de noções básicas de maquiagempara pele negra

O evento seguiu com uma oficinade maquiagem com Lua Ferreira.Lua trabalha como maquiadoraprofissional e suas clientes são, emsua maioria, mulheres negras. Eladiz que já passou, diversas vezes,pela experiência de ir até ummaquiador e ficar insatisfeita como resultado pelo fato de sua peleter ficado com aspecto “cinzento”.Assim, decidiu focar nesse públicopor acreditar que o mercado estácarente de profissionais que sepreocupem com as especificidadesda maquiagem para pele afro. “O evento Afrodite trouxe a

oportunidade de aprender maissobre as pautas da mulher negra.Foi um processo de troca deconhecimentos maravilhoso,importantíssimo na construção daminha identidade, além de tertido o enorme prazer de podermostrar um pouco do meutrabalho” diz Lua.

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Palestra "Do ato estético ao ato político: o cabelonegro e suas simbologias"

A última palestra foi ministradapela professora Pollyanna Fabrini.Foram abordados temas referentesao corpo e cabelo e seu significadosocial. Pollyanna abordou, porexemplo, situações em que ocabelo não é visto como parte deuma cultura, mas sim como algo 

fora dos padrões. As participantespuderam opinar e partilhar suasexperiências sobre o tema.

“Participar de um eventoacadêmico que evidencia atemática étnico­racial e valorizaa beleza negra é confirmar quenossa história, saber construirpontes para conscientizar efortalecer outras mulheres negras”destaca Pollyanna.

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O evento, de forma geral, foi extremamente enriquecedor para todosque lá estavam. Os palestras e oficinas promoveram debates e trocas deexperiências muito produtivas e reafirmaram a beleza, autoestima epoder da mulher negra, capaz de enfrentar todas as barreiras impostaspela sociedade e exercer o papel social que lhe é de direito.  

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LOOK DO DIAEvento Afrodite

Moda é expressão pessoal,representa nossos sentimentos,personalidade e até o humor.Acreditamos que por trás de cadaroupa há um significado queninguém explica melhor do quequem veste. Pensando nisso,perguntamos a algumas mulhereso significado de seus looks.

Por Maísa Melo

O que sua roupa diz sobre você?

“Minha roupa diz sobre mim aalegria que eu carrego, de cores, decoisas que me movem. Desderoupa até sapato eu gosto de coisalivre, não gosto de nada que meaperte. Para mim, a vida tem queser assim também, tem que sernada que aperte, nada preto ebranco, tem que ter cor, tem queter vida!” Aline Beatriz RochaAdão, 23 anos

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“Que eu sou meio psicodélica. eugosto de estampas e gosto demisturá­las, não tenho vergonhade misturar e parecer brega. Gostode misturar listra, calçaestampada, adoro coisaarregalada. O que diz sobre mimnão é que eu sou uma pessoaarregalada, mas que eu não gostode passar despercebida” RévenyCristina de Sousa Silva 21 anos

“Normalmente eu me visto assim,eu sou enfermeira e eu trabalhousando torço, é estranho para opessoal que está lá, pois não tem ohábito de usar, mas sempretrabalhei assim. O meu normal éusar essas cores bastante 'cheguei'"Maria Leonor Gonzaga

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“Eu realmente não tenho um estiloespecífico, visto aquilo que me dana telha, tem dias que eu tenhovontade de vestir comprido, temdias que tenho vontade de vestircurto, tem dias que da vontade decalça jeans, uma camisa do DarthVader… Para mim, todas asformas de se vestir, todas as

formas de se manifestar valem apena! Uso brinco grande, brincopequeno, comprei um monte debrinco estampado... Nem sempretenho a preocupação de combinar,

usar o que está na moda, oumesmo combinar uma peça com aoutra. Minha preocupação maior éme sentir bem. Vestir aquilo queeu acho, visto, olho e falo "tá

bonito". Hoje mesmo, to de vestido,jaqueta de couro, botina e meiacomprida. Me preocupo tambémcom meu conforto” Ana Claudia

Borges, 35 anos.

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““Que eu sou linda e estilosa”Gabriela Aparecida, 17 anos

“Que eu me visto para me sentir bem,minha roupa é uma parte da minhaidentidade” Natália Silva Brito, 18 anos

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“Expressa aquiloque queremospassar para aspessoas que nãotemoportunidade deconversar com a  “A roupa e o cabelo dizem tudo,

refletem tudo aquilo que queremosdizer” Livera AparecidaNascimento, 18 anos

“Demonstra minha personalidade”Evellyn Soares Costa Oliveira, 15anos

gente. Elas olhamnossa roupa epensam algo sobreo que a gente 

sente, o que gostamos e o quequeremos mostrar” GabrielaCristina Carvalho Borges, 18 anos

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PRECISAMOSFALARSOBRE

Po r Raphae l a A lcân ta ra e Rosânge laGomesFo to : Ca io Vasques

Além de autoestima e confiança,a Afrodite acredita que aparticipação política de mulheresnegras precisa cada vez mais serincentivada e valorizada. Por isso,elaboramos três artigos de opiniãosobre temas sociais que sãofundamentais para entender sualuta e mais ainda, suamarginalização que continuapresente, são eles: feminismonegro, racismo estrutural eempoderamento da beleza negra.Dando espaço para sua voz, quepor muitos anos foi silenciada.

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FEMINISMO NEGRO

Feminismo negroPor Raphaela Alcântara

A significação da luta feministaultrapassa "textões" nas redes sociais eatos de queimar sutiãs. O que poucoscredibilizam é que o movimento possuivertentes de atuação diferentes, masnem por isso deixam de ser válidas oupassam a funcionar como estratégiasde segregar a luta.

 Pelo contrário, reconhecer amarginalização histórica da mulhernegra em sua escassa participaçãopolítica no movimento em outros anosé uma forma de possibilitar o avançode sua unidade, é possibilitar que suavoz, seus direitos e sua luta sejamefetivos e ganhem, finalmente, aimportância e a visibilidade quemerecem.  

Falar sobre feminismo negro é falarsobre a diferença dentro da diferença.Como dito, a função desse feminismonão é fazer a segregação ou incitar oseparatismo na luta, mas a de convirque fazer esse recorte no movimento énecessário. Enquanto a mulher branca 

estava lutando por direitos civis, comodireito ao voto, a mulher negra estavapassos atrás lutando por coisas simples,como ser reconhecida na sociedade. Paraentender melhor veja esse discurso feitoem 1851 por Sojourner Truth, ex­escravaque tornou­se oradora, intitulado “E eunão sou uma mulher?” na Convençãodos Direitos das Mulheres em Ohio. 

'Aquele homem ali diz que épreciso ajudar as mulheres asubir numa carruagem, épreciso carregar elas quandoatravessam um lamaçal e elasdevem ocupar sempre osmelhores lugares. Nuncaninguém me ajuda a subirnuma carruagem, a passar porcima da lama ou me cede omelhor lugar! E não sou umamulher? Olhem para mim!Olhem para meu braço! Eu 

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Portanto, as mulheres negras lutavamainda para serem reconhecidas comopessoas no período em que outraslutavam por direitos civis.

Há ainda uma resistência porfeministas brancas para aceitar essadiferenças, alegando que isso podecausar uma divisão na luta. Porém aoanalisarmos podemos perceberclaramente as diferenças. e ignorá­lasseria justamente ir contra aosfundamentos do movimento, que busca

capinei, eu plantei, junteipalha nos celeiros e homemnenhum conseguiu me superar!E não sou uma mulher? Euconsegui trabalhar e comertanto quanto um homem ­quando tinha o que comer ­ etambém agüentei aschicotadas! E não sou umamulher? Pari cinco filhos e amaioria deles foi vendidacomo escravos. Quandomanifestei minha dor de mãe,ninguém, a não ser Jesus, meouviu! E não sou umamulher?”

"Fomos educadas pararespeitar mais ao medodo que nossanecessidade delinguagem e definição,mas se esperarmos emsilencio que chegue acoragem o peso dosilencio vai nos afogar". 

principalmente a igualde. Nomesmo movimento, há mulheres dehistórias diferentes e as marcas dessepassado ainda são fortes, impedindoa construção de autoestima eautoconfiança em seu papel social.

Um espaço para que  seu gritosupere sua voz silenciada, seu cabelodomado e seu corpo marginalizado.Um grito que liberte, reconheça ereverta a condição de opressão queainda vivenciam. Somos mulheres,sim, mas de sofrimentos diferentes.A luta é união, é valorização, éaceitação. A voz do feminismonegro está aí, não mais silenciada,livre, como sempre deveria ter sido.Como dito por Andre Lorde:

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RACISMOESTRUTURAL

Racismo estruturalRosângela Gomes

Brasil, o país mundialmente conhecidopor suas belezas naturais, porsua diversidade culturale pela hospitalidade, revela que oracismo também é umasdas características mais fortes da nação.O preconceito racial que para algunsbrasileiros é velado e sutil, para outraspessoas, como as que realmente sofrema violência do ato em todos os camposdas suas vidas, a prática é cruel, exclui,inferioriza e estigmatiza todacomunidade negra.

A percepção da manifestação doracismo é diferente para os brasileiros, jáque enquanto uns afirmam que oracismo não existe em umadeterminada situação, para outros eleestá escancarado e só não enxerga quemnão quer. "Eu vejo que não é emqualquer condição de competição ou dealguma avaliação, não é qualquer, sãoem todas. Em todas as condições que eufor competir com uma pessoa branca, eusinto que eu tenho menos condição deconseguir do que ela", diz a estudante 

do curso de Psicologia da UniversidadeFederal de Uberlândia, Rayane Gomes,que é a única negra em sua classecomposta aproximadamente por 44alunos. "Apesar do racismo não existir,o preconceito não existir, entre aspas,porque é o que é dito, euparticularmente sinto isso muito,principalmente nas entrevistas deemprego, que além de eu ser a minoria,eu sou praticamente negligenciada (...)eu preciso ser um pouco mais branca,eu preciso me vestir como uma pessoabranca, eu preciso falar como umapessoa branca e não posso pareceruma afrodescendente se eu quiserconseguir as coisas", complementa.

A prática é cruel, exclui,inferioriza e estigmatiza

toda a comunidadenegra.

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Como o último país das Américas aabolir a escravidão, o Brasil viveas consequências desse período,como hierarquização racial,discriminação, desigualdade, etc. Aproblemática faz parte da realidade detoda população negra brasileira ouestrangeira que vive no Brasil eindependente das suas condiçõessociais, as pessoas estão sujeitas a seremconsiderados ou se reconhecereminferiores a outras etnias, seja nasrelações sociais, amorosasou profissionais.

A tentativa de categorização do serhumano em razão da cor da pele vemservindo de apoio e dando condiçõesque privilegiam os brancos em relaçãoaos negros e os mantendo em posiçãode subserviência desde a escravidãoenquanto resguardam os seus lugaresde poder. A classificação das raçascorrobora a justificativa dasuperioridade de uma etnia em relaçãoà outra, buscando sustentaçãoideológica científica biológica paralegitimar as ações racistas.

O racismo estrutural, que não seresume aos ataques e insultosindividuais, está presente na sociedadebrasileira, excluindo os negros dosambientes privilegiados da sociedade ereafirmando a ideia de supremaciabranca na ocupação desses espaços. 

É necessário reconhecer aexistência do mito dademocracia racial que tapamnossos olhos, fazendo com queignoremos as práticas racistasque vitimizam a coletividadenegra. A resistência negra e aconsciência das estruturassociais que privilegiam uns eexcluem outros não é“vitimismo” ou “radicalismo”como algumas pessoasafirmam. Negar a existênciada desigualdade nasociedade brasileira mascara enada contribui as lutas domovimento negro.

A banalização da luta contra oracismo, promovida por discussões quetentam reduzir as vozes dos negros a"mimimi" e "vitimismo", confirma queo racismo é institucionalizado e quebusca manter os papéis sociais debrancos e negros na estrutura socialbrasileira.

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Page 41: Revista Afrodite

EMPODERAMENTO DA BELEZA NEGRA

A sociedade tem preconceitos quando osassuntos são beleza, valores, prestígio oureconhecimento social, por exemplo. Essapadronização do belo e atraente,que centraliza o padrão europeu branco eloiro, exclui as inúmerascaracterísticas físicas existentes e asclassificam como não belo ou não atraente.Deste modo, mulheres negras vivenciam aexclusão e falta de autoestima porserem diferentes dessas características.

Os períodos da infância e da adolescênciade uma mulher negra é marcada por hostilidades e ofensas aos seus corpos,cabelos e traços. "Toda criança quando épequena tem essas paixonites, só que eusempre fui motivo de chacota, ninguémnunca me elogiou, até na minha pré­adolescência, na escola, isso nuncaaconteceu. Eu sempre virava motivode chacota porque a criança negra é vistade um modo diferente, no ponto de vistadas outras crianças.`` comenta Lívia Silva.

Ela relembra da sua época de escola: "Mexingavam de 'nega sarava', 'nega feia','nega do cabelo duro'... Falavam essas 

 coisas como 'carvãozinho' e 'criola'. Eulembro que na oitava série doensino fundamental, eu gostava muito deum menino e ele era o centro dasatenções da escola, era o popular da escola.Teve um dia que eu dei um bombompara ele, a gente não era de conversar maseu dei o bombom porque ele tinhame pedido e eu gostava do garoto. Quandoeu passei do lado dele e cumprimentei eleem outra vez, ele começou a me xingar efalar 'sua negra feia, deixa de ser feia,gengiva preta'. Eu nunca me esqueci disso,mas é coisa de adolescência. Hoje em dia opreconceito é um pouco mais controladopor que tem punição para isso".

Ninguém nunca meelogiou, na pré-

adolescência ou naescola, isso nunca

aconteceu.

Empoderamento da beleza negra

Por Rosângela Gomes

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Page 42: Revista Afrodite

Um caso noticiado recentemente deracismo nas escolas foi o de umcomunicado de uma instituição de SãoPaulo, a qual solicitava aos pais ouresponsáveis que suas filhas utilizassemseu cabelo "liso e solto" para aapresentação das alunas, justificandoque, assim, ela ficaria mais bonita. Oque esclarece que o racismo praticadocontra as mulheres negras não partesomente dos colegas de classe e criançasque elas convivem, mas também doprofessores e adultos que deveriamcoibir esse tipo de violência.

O reconhecimento da própria beleza éum trabalho árduo para asmulheres negras, demandando tempo,apoio e compreensão das ações racistasque as fizeram se identificar como feiase indesejadas. Neste sentido, a buscae engajamento de muitas mulheres aosmovimentos negros e feministas têmcontribuído para autoaceitação emudança da concepção negativa daprópria beleza.

Observamos a adesão de muitasmeninas e mulheres negras ao seucabelo natural cacheado ou crespo, oque chamou atenção das grandesmarcas de cosméticos que jádisponibilizam em seu acervoprodutos específicos aos diferentes tiposde cabelos afros.

O empoderamento damulher negra muitasvezes se inicia atravésda autoestima.Entender a estruturado racismo e autilização do padrãoestético na fabricaçãode modelos de belezapela indústria é umaforma de se libertar daopressão criada para,assim, reconhecer seupróprio valor econquistar aemancipação sendoquem você é. 

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Page 43: Revista Afrodite

AFROfatosSeis fatos sobre a população preta e parda

de Uberlândia segundo o IBGE*

Mais de

41%DAS MULHERES OCUPADAS SÃO

PRETAS OU PARDAS

HÁ 139.813 MULHERES DE 16 ANOS OU MAISQUE SÃO CONSIDERADAS OCUPADAS. ENTRE

ELAS, 58.316 SE DECLARAM PRETAS OUPARDAS.

UMA PESSOA PRETAOU PARDA EM 2010ARRECADAVA EM

MÉDIA 1.140,61 REAIS,CONTRA 1.829,09

ARRECADADOS PORPESSOAS BRANCAS.

NESTE CASO, A PESQUISA CONTA TODOS ORENDIMENTO DE TODOS OS TRABALHOSEXERCIDOS POR HOMENS E MULHERES À

PARTIR DOS 10 ANOS

APENAS 5.338PESSOAS PRETAS

OU PARDASFREQUENTAVAM OENSINO SUPERIOR

EM 2010.

O NÚMERO SIGNIFICA CERCA DE 28% EMRELAÇÃO AOS BRANCOS. ESTE TÓPICO ANALISOU

PESSOAS ENTRE 18 E 24 ANOS.

Há 73.513 domicílios onde uma mulher éresponsável pelo lar.

Em cerca de

42%A MULHER É PRETA OU PARDA.

ISSO QUER DIZER QUE, EM DOMICÍLIOSPARTICULARES NA ÁREA URBANA, HÁ 31.107PELOS QUAIS A RESPONSÁVEL É MULHERPRETA OU PARDA. NOS OUTROS 40.848 AS

RESPONSÁVEIS SÃO BRANCAS.

Page 44: Revista Afrodite

A TAXA LIQUIDA DEFREQUÊNCIA ESCOLARENTRE AS MULHERES

SIGNIFICATIVAMENTE DACRIANÇA ATÉ A FASE

ADULTA

DIMINUI

As crianças/adolescentes

pretas ou pardas de 6 a 14 anos

analisadas possuíam

frequência de 78,7%, esse

número passou para 59,7%

entre as jovens de 15 aos 17 e

finalizou com 26,5%

entre mulheres

dos 18 aos 24 anos.

APENAS 5.338PESSOAS PRETAS

OU PARDASFREQUENTAVAM

O ENSINOSUPERIOR EM

2010.

O número significa cerca

de 28% em relação aos

brancos. Este tópico

analisou pessoas entre 18

e 24 anos.

FONTE: *AS INFORMAÇÕES FORAM RETIRADAS DA ANALISE MAISRECENTE DISPONÍVEL NO SITE DO IBGE, DE 2010.

Page 45: Revista Afrodite

PROTAGONISMONEGRO EMHOLLYWOOD

Po r Mi l l ena MachadoFo tos : Rep rodução

O protagonismo de homens emulheres negrasem produções hollywoodianosnunca foi tão escasso, uma provadisso foi a campanha#OscarsSoWhite depois darepercussão negativa dos indicadosao prêmio em 2016, uma daspremiações com menor número derepresentatividade negra.Por isso, selecionamos três mulheresnegras, que estão ganhando seuespaço cinematográfico comodiretoras e produtoras e quemerecem reconhecimento no meio, esuas respectivos trabalhos paraserem acompanhados pelo público.

N O M A D I C | 2 444

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Ava Duvernay  Amma Asante Shonda Rhimes

Consagrada como a primeiramulher negra a ser indicada aoGlobo de Ouro de MelhorDireção, Ava Duvernay foidiretora em, Middle of Nowhere(2012), premiado no Festival deSundance, e no tão aclamadoSelma (2014), indicado ao Oscarpor Melhor Filme e vencedor nacategoria Canção Original"Glory". Em entrevista à RollingStones, Ava comenta suasindicações: “É um misto desentimentos, já que não sou aprimeira mulher negra amerecer isso”. 

Atualmente ela estádesenvolvendo um documentáriosobre o "complexo prisional­industrial" norte­americano enão pretende parar tão cedocomo diretora e produtora defilmes: 

Amma Asante iniciou suacarreira artística como atriz,mas passou a priorizar aescrita de roteiros e aprodução de séries e filmescriando sua própria empresade produção. Seu primeirotrabalho como diretora foi emA Way of Life (2004), sendoconsiderada pela revistaTimes como uma das diretorasbritânicas mais interessantes aemergir nos próximos anos. 

Seu segundo filme Belle(2013), também muitoaclamado, recebeu indicaçõesde festivais internacionais deMelhor Filme e rendeu àGugu Mbatha­Raw, atriz queprotagonizou o filme, oprêmio de Melhor Revelação eMelhor Atriz em diversosdestes festivais. 

Roteirista, cineasta e diretoranorte­americana, ShondaRhimes já estreou sua carreiracomo produtora recebendo oGlobo de Ouro de Melhor SérieDramática em 2007 por Grey'sAnatomy. 

Rhimes fundou a produtora detelevisão americanaShondaLand e trabalha comoprodutora executiva das sériesPrivate Practice (2007),Scandal (2011) e How to GetAway With Muder (2014),além de Grey's Anatomy.

Em 2015, lançou o livro dememórias Yes of Yes, em quecomenta vários aspectos desuas criações e produções.

Page 47: Revista Afrodite

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Selma (2014)  Belle (2013) How to Get Awaywith Murder (2014)

Selma: Uma Luta pelaIgualdade é um filmebiográfico de drama históricodirigido por Ava Duvernay. Foibaseado nas Marchas de Selmaa Montgomery de 1964,lideradas por Martin LutherKing, que fizeram parte domovimento pelos direitos civisdos negros nos Estados Unidos econduziram à aprovação da Leidos Direitos ao Voto em 1965.

O filme teve quatro indicaçõesao Globo de Ouro nascategorias: melhor filmedramático, melhor realização,melhor ator em filmedramático e melhor cançãooriginal. Também foi indicadoao Oscar 2015 por MelhorFilme e Melhor CançãoOriginal por "Glory", vencendonesta categoria. 

Filme de drama históricobritânico dirigido por AmmaAsante, Belle (2013) foiinspirado no retrato de 1779 deDido Elizabeth Belle, filhailegítima de uma das famíliasmais poderosas da Inglaterrado século XVIII. A evoluçãoda personagem no decorrer dolonga é o ponto maisinteressante do roteiro, Belledesenvolve sua personalidadede modo que passa a valorizarsua etnia e não aceitar asimposições de sua famíliapara escondê­la, lutando tantopela igualdade de gêneroquanto por igualdade racial.

Gugu Mbatha­Raw, atriz queinterpretou a protagonista,venceu diversos prêmios nacategoria Melhor Atriz,incluindo o BritishIndependent Film Awards.

Série de televisão estadunidense,HTGAWM possui ShondaRhimes como produtoraexecutiva e Viola Davis comoprotagonista. A série segue avida pessoal e profissional deAnnalise Keating, professora deDireito Penal e advogada dedefesa.

Quando Annalise seleciona umgrupo de seus melhores alunos daturma para trabalhar em seuescritório, ela e seus alunos severão envolvidos,involuntariamente, em umatrama de assassinato. 

A série possui duas temporadas eestão disponíveis na Netflix.Viola Davis recebeu em 2015 oEmmy de Melhor Atriz em SérieDramática com um belo discursosobre representatividade negraem Hollywood.

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A ÚNICA COISAQUE DIFERENCIAAS MULHERESNEGRAS DEQUALQUEROUTRA É A

OPORTUNIDADE

VIOLA DAVIS:

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O grupo Crespas e Cacheadasde Uberlândia nasceu de umanecessidade de empoderar asmulheres negras da região arespeito da cultura afro­brasileira. Com o objetivo devalorizar sua identidadecultural e sua estética,dialogamos sobre diversidadenas redes sociais e as influênciasdiretas na sociedade.

Viemos afirmar com discursos eações que devemos usar o nossocabelo natural como um atopolítico de combate ao racismo.Essa é a bandeira quelevantamos, temos a consciênciade que nosso movimento não éapenas aceitação do cabelonatural. Nosso conceito éenaltecer as mulheres pretas edialogar abertamente sobre seucontexto dentro da suacomunidade, discutindo sobrequestões como nossa inserção napolítica e na educação.

Todas nós fomos objetos ou pelomenos presenciamos casos depreconceito, assédio,discriminação, silenciamento eentre tantas outras situações asquais somos sujeitas apenas porsermos mulheres e pretas.Com esse projeto buscamosrepresentatividade, dar e recebersuporte, amor e força uma àsoutras.Com a nossa militânciaesperamos acolher todas asmulheres pretas da comunidade. 

Com isso em vista, estamosretomando objetivo central,muda­se o nome e cria­sediscussões semanais, temas erodas sobre assuntos para, assim,construir conhecimento e darsustentação ao empoderamento.Falamos exclusivamente denegras para negras.

Andressa Souza

Conheça  o grupoCrespas e Cacheadas

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Eu poderia falar que beleza éaquilo que todos aprovam, oaceitável e de certa forma ocomum. Poderia dizer que abeleza é rotina, a poesia dasflores ou até mesmo os olhosoblíquos da moça que encontreino ônibus esses dias.

Ela era preta, cabelos crespos,sorriso leve... Como quem flutuana vida. Ouvia uma música epelo balançar de seus pés eraum ritmo bom, tive vontade deme aproximar, de perguntarcomo ela fazia pra ser assim,tão de bem com a vida. Houveolhares, o cabelo chamavaatenção, e ela nem ligava,seguia seu trajeto, ajeitava ocrespo com as mãos como quemajeita o lençol. O diferenteincomoda, o ousado deixarastros e ela estava alideixando sua marca. Ela faziaparecer tão simples. Se assumiu,se aceitou e se fez bonita. 

Por um momento parei de olhar efixei meus olhos lá fora, nem sabiapara onde estava olhando, eu sóqueria organizar meuspensamentos. Lembro perfeitamen­te da primeira vez que alisei ocabelo, eu estava animada, cheiade esperança. Eu era uma criançainsatisfeita com a minha imagem,via minhas amigas brancas decabelo liso, todas padronizadas e mesentia fora do eixo, fora do mundo,como se ali não fosse meu lugar.Até que insisti, chorei, imploreipara que minha mãe comprasse otal produto que prometia alisar eme deixar como aquela mulher dafoto, na embalagem estava escritomil maravilhas.

Naquele dia voltei saltitando dafarmácia,meu peito estava cheio dealegria, meus olhos brilhavam e eudizia dentro de mim: Finalmenteserei igual. 

Você não está sozinha

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Eu pensei sobre aquilo e realmenteé assim, quando encontramos outranegra andando por aí, contandonossa história, seja na melanina ounos fios de cabelo crespo.

Aquela moça no ônibus era só oinício da revolução. Eu sorriolhando pela janela, pois não mesentia mais sozinha e essesentimento era incrível. Por issopreta, não temas, não fuja, não seesconda. Você é linda sim, em cadatraço, de qualquer jeito, com teucabelo crespo, liso, ondulado,enrolado ou trançado. Você é.

O ônibus chegou ao seu destinofinal e a moça desceu aindacantarolando uma música, foi seperdendo na multidão com teu jeitoleve e despretensioso, deixandorastros da senzala que ainda viveem nós. Eu fiquei ali parada poralguns segundos, refletindo sobre amarca que foi feita por ela emmim. Espero que esse texto temarque assim também.

Mas não, foi um desastre. Váriastentativas e minha alma já estavafadigada de tentar. Eu meperguntava todos os dias, por queeu era assim, por que não poderiaser igual... A minha cabeçafervilhava teorias, eu cheguei apensar que elas eram mais felizespor terem o cabelo grande e liso.Quando tocavam em qualquerassunto capilar eu já me afastava,fugia e ia para outro canto, sentiaque falar daquilo me feria comouma faca, era como se rasgassemeu peito.

Quando finalmente entrei nafaculdade e vi que não estavasozinha, que tinha muita pretapor aí e que talvez ela já se sentiusozinha como eu, meu coração seaqueceu e transbordou amor. Écomo um dia em que ouvi umalinda mulher negra perguntando,"Vocês se lembram do desenhoMadagascar? Quando a zebraencontra várias outras zebras epela primeira vez ela se sentepertencente de uma sociedade?"

Raphaela Alcântara

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