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Revista Balô - Edição #10

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SUMÁRIO

Editorial

Os escritores italianos que você precisa conhecer

Sobre Léo & Bia

p. 06

p. 07

p. 12

Ser ou não ser (crítico)...

Por Sté Spengler

Por Manuella Back

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Esforço

Impressões

Colaboradores

Colmeia: a luz do dia

Blumenau, cidade sem memória

P. 24

P. 22

P. 24

P. 18

p. 14Por Manoella Back: sobre o Frohsinn

Por Tatiane Odorizzi: poesia

Sobre consumo, beleza e dor

Fotografia

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Editorial

REDAÇÃ[email protected]

[email protected]

CENTRAL DE ATENDIMENTO AO [email protected]

Expe

dien

te

Ítalo MongconãnnComunicação e [email protected]

Léo KufnerArte e Web [email protected]

William WesterkampArte e Editoraçã[email protected]

Manoella BackProdutora [email protected]

O ato/fato de ver coisas novas, nortear e ampliar os horizontes é o que colabora para nossas saídas de eventuais áreas de conforto. É obviamente! É fora destas áreas de conforto que a magia acontece. Clichê, mas quem ainda não conhece o diagrama abaixo?

E é assim que se apaixona por uma visão de mundo, por um novo trabalho ou até por uma disciplina durante a faculdade. Segue nas próximas paginas a visão de Daniela Collossi que, no decorrer do curso de Cinema, encontrou uma maneira de “se jogar” na fotografia e adorou. Também, há a resenha do filme nacional Léo e Bia, garotos que saem da zona de conforto e se aventuram (será mesmo? Huehue) por outros mundos.

Há ainda o tradicional momento-poesia-Balô e uma lista de escritores italianos que você, literato-artista ou o que for, precisa conhecer. Mais fotos, mais cores, mais vida, mais vivida...

Parece tudo muito bonito, mas a vida vivida também dá uns chacoalhões na gente. Segue também nessa edição um exemplo de cidade que tem por hábito valorizar o seu patrimônio. (Né, Blumenau?)

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“Hoje acordei com vontade de Itália”, disse ao meu amigo. É, vontade da emoção das canzoni, do charme do sotaque, da grandeza dos locais, do sapore da gastronomia e por que não do splendore da literatura? Vontade de Itália – la bella Italia! Pensei, por que não falar sobre alguns escritores italianos e suas obras para os leitores do Homo Literatus?Senhoras e senhores, eu lhes apresento…

OS ESCRITORES ITALIANOS QUE VOCÊ PRECISA

CONHECER

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Dante nasceu em Florença e estudou filosofia, teo-logia e os clássicos latinos. Casou-se com Gemma Donati, mas Beatrice Portinari foi seu grande amor (e inspiração!). Através de sua escrita, consolidou o idioma italiano moderno, que só considerava o latim clássico até então. Por questões políticas, foi acusado e condenado, terminado seus dias exilado.

A Divina Comédia (Divina Commedia) é basica-mente o clássico da literatura italiana. Dividido em três partes – Inferno, Purgatório e Paraíso – este poema composto de cem cantos retrata a jornada de Dante na busca de si mesmo, numa espécie de retrospectiva da queda à redenção (história cristã). No caminho, ele será guiado por Virgílio e Beatriz, que representam a razão e a fé respectivamente (Virgílio foi inspirado em seu autor favorito e Bea-triz em sua amada que o leva para um final feliz no Paraíso).

Dante Alighieri

Dante no Exílio. Anônimo.

Arquivo Iconográfico S. A., Itália.

Imagem pertencente à Corbis Image Collections.

Emílio Salgari

Emílio Salgari

Fonte de inspiração para Umberto Eco e Gabriel García Márquez, Salgari é um dos italianos mais traduzidos em todo o mundo. Percorreu os mares como capitão, o que lhe proporcionou vasto conhecimento sobre o tema de sua principal obra. Suicidou-se em 1911.

Os Tigres de Mompracem (Le Tigri di Mompracem) é considerado o maior Best-seller italiano de todos os tempos. O livro trata das aventuras d’Os Tigres, piratas liderados por Sandokan, que combatiam o poder do império britânico e holandês. Idealismo, paixão e lealdade compõem a obra que apresenta uma espécie de Robin Hood malaio.

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Giovanni Boccaccio

Considerado o criador da prosa italiana, Boccaccio gostava de traçar análises psicológicas em suas obras. Admirador de Dante, escreveu uma espécie de crítica à Divina Comédia em homenagem ao autor e viveu sua vida com destaques políticos e literários.

Decamerão (Decameron) é o conjunto de cem contos que, segundo o site Educar para crescer, é lembrado como compêndio sobre a perversão humana; que narra uma comédia humana repleta de críticas à sociedade da época. Trata-se da história de sete moças e três rapazes que buscam refúgio da peste negra em um castelo. O tédio logo toma conta e eles resolvem brincar de… contar histórias, é claro.

Giovanni Boccaccio

Um dos grandes nomes do Renascimento, Maquia-vel exerceu diversos cargos dentro do governo, sendo até mesmo nomeado para missões diplomá-ticas. Historiador oficial da cidade-estado, escre-veu livros sobre política e peças de teatro.

“Os fins justificam os meios”, será? Fruto da vivên-cia política de Maquiavel, O Príncipe (Il Principe) é o livro de cabeceira daqueles que almejam o poder.

Nicolau Maquiavel

Quadro de Maquiavel, por Santi di Tito

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Umberto Eco

Italo Calvino

Umberto Eco

Italo Calvino

Famoso pelos escritos linguísticos e filosóficos, Eco atuou em grandes meios acadêmicos. 81 anos e eu me apaixonei por ele!, o currículo não tem fim…

O nome da rosa (Il nome della rosa) é excelente para aqueles que gostam de semiótica. A história fala sobre a viagem de um monge a um mosteiro italiano onde os habitantes vivem para os livros! Envolto em grandes conflitos, o assassinato de sete monges em sete dias/noites leva a uma busca pelo sentido das coisas.

Membro por alguns anos do Partido Comunista e participante da Resistência Italiana contra o fascismo e o exército nazista, Calvino na realidade é cubano (seus pais, italianos, estavam de passagem pelo país), mas cresceu, viveu e morreu na Itália. Trabalhou em jornais e publicou livros que repercutiram internacionalmente.

A trilha dos ninhos de aranha (Il sentiero dei nidi di ragno) foi escrito por Calvino quando ele tinha vinte e três anos. Em meio à Segunda Guerra Mundial, Pin é um órfão que carece de compreensão de duas coisas: política e mulheres (!). Lançando um olhar de entendimento sobre o movimento de guerrilha na Itália, este livro fala muito a respeito da experiência que Calvino teve na Resistência.

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Pseudônimo de Alberto Pincherle, Moravia foi escritor e jornalista. Resistente “passivo” (como ele próprio se definia) do fascismo de Mussolini, jamais escreveu sobre o regime, ao contrário de Papini. Seguindo uma linha psicanalítica em suas obras, a vida de Moravia girou em torno de amores, política e história.

Os indiferentes (Gli indifferenti) apresenta personagens com certa fraqueza para lidar com a realidade. Imersos numa crise financeira, a família de Mariagrazia teima em manter as aparências, retratando o desdém de uma classe social incapaz de se reinventar. “… também lhe parecia, em razão de certo gosto fatalista pelas simetrias morais, que esse affair quase familiar era o único epílogo que sua vida merecia.”

Alberto Moravia

Alberto Moravia

Por Sté SpenglerAcadêmica de Letras,revisora e articulistado blog Homo Literatushomoliteratus.com

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Nada mais interessante que mostrar os 50 anos do golpe militar sob os preâmbulos da cultura. Com o roteiro, trilha sonora e energia de Oswaldo Montenegro, o filme Léo & Bia, protagonizado por Paloma Duarte e Emílio Dantas, não se trata apenas da dificuldade em sobre(viver) da arte ou questões políticas da época, mas também de nossos valores de hoje. Há de nos perguntarmos se a cultura é um meio de dei-xar a vida mais leve. De acordo com a artista centenária Tomie Ohtake, o papel do artista é revelar a essência em harmonia do universo. E o questionamento de cada dia, meus caros?

Sobre Léo & Bia...

“A ditadura é uma senhora que tem certeza absoluta. A ditadura acha que protege, mas, na verdade, ela

tortura. Ditadura nada tem a ver com o sexo, tem a ver com estupro”

Voltando então para Léo & Bia. Confesso que sinto um considerável desconforto ao citar este filme e um receio bem grande de fazer rodeios. Isto porque ele está na minha lista de “favoritos” e já carregou milhares de pensamentos meus por aí afora.

“Existem dois tipos de arte:A que explora a beleza do ser humano

E a que se dá bem com sua burrice.”

“A ditadura usa jóias e roupas que, para ela, são uniformes.

A ditadura usa coque (...).[A ditadura] tem medo da alegria”

Não vejo só um grupo de jovens tentando viver de arte, uma adolescente fugindo da opressão da mãe e não apenas um grupo de teatreiros descobrindo quem é Peter Brook.

Por Manoella Back

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(Os trechos em itálico são extraídos do filme Léo & Bia)

“[A ditadura] teme ser abandonada por quem ela protege

e por quem ela tortura.A ditadura não vai a praia porque lá as pessoas se vestem ou despem iguais”

A história de Léo & Bia se repete a cada geração, a cada dia. Sempre que vejo alguém optar por uma profissão que “dá dinheiro” em vez de uma que “dá prazer”, a história de Léo & Bia surge.

Surge quando pessoas apaixonadas lutam pelo que querem, habitualmente entram em “pane” porque são capazes de se questionar, mas que também conseguem sair dela e acham que tudo que não está bom terá um fim. (sinceramente, isso é lindo!).

Surge quando as pessoas não se submetem às próprias pressões e surge sempre que não há o lugar adequado para exercer um trabalho digno. Surge ainda quando algum blume-nuense (tá bom, qualquer pessoa!) busca determinada “pílula da alegria” nas farmácias ou viciam-se nos próprios preceitos.

“Quando chove, ao invés de fugir de guarda-chuva, a ditadura não sai.

A ditadura pode parecer correta em momentos difíceis. Mas é um perigo achar isso”

Léo & Bia é uma música. E viver “como se a vida fosse um perigo” e fosse acabar amanhã. Engana-se se pensares que é um filme de ação, suspense, questionamento e ditadura pela ditadura, á lá Zuzu Angel. Não, nenhum artista ou manifestante é eletrocutado. Mas é fu-gaz, é jovem, é vontade, é urgente e necessário. Léo & Bia é muito assim, muito muitas coisas, vicia e apaixona. Tem lá seu lado mamão com açúcar, sem deixar de ser brilhante por tudo que a vida é.

‘A ditadura serve ao povo,ela não domina o povo”.

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Na constituição de nossa bela república há garantia dos direitos fundamentais. Ao citar os deveres dos municípios

no artigo de número 30 impõe-se que haja “promoção a proteção do patrimônio históri-co-cultural local, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual”. Senti-mos muitíssimo, pois a cidade mais alemã do país (ainda há quem insista nisso?) é incons-titucional. Não há cumprimento do dever, não há valorização do patrimônio. Há negli-gência por parte das autoridades municipais. Esta discussão pegou fogo, literalmente, ao ser possível observar no final de agosto as labaredas do restaurante Frohsinn, no alto do Morro do Aipim.

Este espaço já foi campo de batalha da Re-

volução Federalista em 1893 entre governo e federalistas e pertenceu ao fundador de Blumenau, foi bata-lhado e ocupado por grupos ligados à cultura sob o seguinte pretexto: “Ora, falta espaço cultural? Que tal este?” Porém, o movimento para a privatização ia crescendo. Os conselhos municipais e prefeitu-ra votam pela venda do imóvel. A comunidade já se articulava e rea-lizou um abaixo-assinado contra a privatização do Frohsinn.

Mas, em meio a toda esta polê-mica, eis que parte de nosso patri-mônio histórico é incendiado no fim de agosto, a luz do dia...

Blumenau,cidade sem memória

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Por Manoella Back

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(...)Teimar em destinar a iniciativa privada um bem doado para a municipalidade (ou seja, para o povo de Blumenau) uma estrutura que podia ter como moradores as manifestações culturais e a preservação da memória de momentos de nossa cidade é simplesmente ir na contramão em benefício novamente da elite e dos interesses de poucos. O resultado? Ai está, chamuscas, tabuas caídas, história perdida, cultura ferida...Ao poder público, as palmas pela incompetência em fazer a sua parte, e a nós fica a esperança de ver o velho Frohsinn e o Morro do Aipim como lares da dança, música, teatro e da história de nossa cidade...(...)

André Luiz Bonomini, estudante de jornalismo, via Facebook

É descuido, é negligência, é despreparo, é lamentável, é Blumenau....

Infelizmente, não é só pelo Frohsinn que se lamenta. Lamenta-se pelo Edifício Amé-rica, pela história do Moinho do Vale, pelo Biergarten, pelo Casarão dos Cristais, ao Casarão Itoupavazinha e por tantos espaços

que deveriam preservar nossa história. Lamen-ta-se pelos espaços históricos localizados fora do Centro da cidade. Lamenta-se por quem faz o trabalho de preservar pela metade e por uma cidade que pouco investe em memória.

Lamenta se pelo Vapor Blumenau! Dá para ir até a Prainha e vê-lo desta forma:

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Luz

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Para que o progresso viesse a morar em terrras blumenaenses (!), como sugere o próprio hino do município, o Vapor Blumenau teve importância fundamental com a planta elabora em 1890. Com 28 metros de comprimen-to, o vapor trazia mão de obra para a nossa cidade e fazia transporte de mercadorias. Muitos produtos eram enviados até Itajaí e, de lá seguiam até o destino final. Em 1954, no en-

Outra atitude grandiosa é a do Sr. Milton Alfredo da Luz que mantém o blog vaporblumenau.blogspot.com.br há, aproximadamente, quatro anos. O blog é uma forma de pesquisa e resga-te as memórias do Vapor Blumenau por meio de matérias jornalísticas. O blog também é uma forma de manter viva a história da família da Luz. O avô de Sr.

tanto, o transporte fluvial já não era mais o prin-cipal transporte de nossa localidade. Iniciou-se nesta época a construção de estradas ferroviá-rias com destino a Itajaí.

O Vapor Blumenau tornou-se patrimônio em 1959 e, de lá para cá, já tivemos louváveis inicia-tivas para reavivar todos os seus trajetos e his-tórias. Um exemplo é o projeto de revitalização divulgado em meados do ano 2000 que transfor-maria o barco em museu com visitas, conforme abaixo:

Milton, Alfredo da Luz, foi o último comandante da embarcação. Em abril de 2011, o Sr. Milton da Luz, solicitou apoio da classe política catarinense para realizar a captação de recursos e restau-rar o Vapor Blumenau. Um dos parlamentares que respondeu ao seu contato foi o Excelentíssi-mo Prefeito de Blumenau, Napoleão Bernardes, quando ocupava uma das cadeiras do Poder Le-gislativo blumenauense:

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Napoleão Bernardes Neto para mim mostrar detalhes 12 abr (3 dias atrás)

Caríssimo Milton!

Receba meu sincero reconhecimento pela válida e importante iniciativa. A história e a cultura são elementos fundamentais e entrelaçar a união de uma comunidade e os marcos históricos são destacados símbolos a nos traduzir a superação do passado e a nos inspirar na construção do futuro.

Conte comigo nesta jornada.

Abraços,Napoleão

O e-mail cara de pau de Bernardes e de outros políticos estão disponíveis no blog do Vapor Blumenau. Em con-tato recente, Sr. Milton da Luz afirmou que quer retomar os contatos com os políticos da região, além de chamar atenção para as s(obras) da Prainha.

E por fim, sim! Vamos evitar que o Vapor Blumenau também não seja reduzido em cinzas “acidental-mente”.

Vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos...

“Têm muitos, mas muitos blumenauenses com o fósforo aceso nas mãos. Administra-ção municipal, os conselheiros que votaram a favor da venda, apoiadores e os indife-rentes”

Carla Fernanda da Silva, historiadora

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Colmeiaa luz do dia

Por Carol Ribeiro

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Quando surgiu o trabalho da disciplina de Fotografia do Curso de Cinema

da UFSC, ministrada pela profissional e professora Andréa Carla Scansani ou, simples e adoravelmente Daraca, que consistia em realizar um vídeo com fotografias próprias e com a orientação de “se colocar nas imagens”, congelei. Afinal, meu negócio era escrever. Escrever poesias, histórias, roteiros, bobagens. Não me atraía tanto as imagens. Achava que “com uma boa câmara e um enquadramento certo tudo fica bonito”. Mal sabia eu!

Colocar-me nas imagens? Como? Quem seria eu para me colocar nas imagens? Dúvidas que atrasaram o início do projeto, mas que com o andamento deste se responderam sozinhas ou simplesmente cujas respostas já não me interessavam mais, pois no momento em que imergir no mundo da fotografia, as imagens me bastavam.

A concepção do projeto se deu com a vontade de contar algo, mas não uma história linear, nem uma mensagem moralista. Contar apenas. O único marco que havia em todas as fotos

Por Daniela Colossi

IMPRESSÕESSobre consumo, beleza e dor

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era consumir e ou jogar algo fora. A partir disso, as fotos se desenvolveram quase que organicamente, tanto em mim quanto no ator ao longo do processo.

Lembro-me da primeira sessão (ao total foram quatro) e de como estava perdida. “O que fazer”, perguntava eu – a mim mesma – e o ator a mim. “E eu sei?”, respondia eu a mim mesma, é claro. Saí dessa sessão dizendo que “não era para mim”. Entretanto, quando olhei as fotos posteriormente algo se perdeu – meu preconceito - e algo se achou – a fascinação.

Á medida que realiza a disciplina e o projeto, minha visão se transformava. Dia após dia. Maravilhei-me com a teoria da fotografia e, principalmente, o lado íntimo, o impalpável mundo de “se colocar” na fotografia, sabendo que outros também se colocarão de forma diferente na mesma foto. Foi paixão à segunda vista, antes mesmo de terminar o semestre. Comecei a ler sobre fotografia, a fazer fotos e a gostar de um estilo: uma cena, um personagem, um lugar, onde eu quase não dirijo, onde eu sigo o ator, deixando ele se revelar na situação, revelando, de certa forma, eu também.

A partir do projeto Impressões, surgiu a oportunidade de realizar outro, chamado de Urbana, e que está se desenvolvendo na mesma concepção.

Desde a primeira sessão de foto muito mudou: minha ideia de fotografia, minha visão através da câmara fotográfica, minhas fotos e acredito que eu também mudei. Não é só “uma boa câmara e um enquadramento certo” que faz uma foto; é muito mais e além. Obrigada fotografia!

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Espera,Aqui dentro, demoraO corpo, levemente feridoPelo esforço, se forma.O limite da carneLimita a peleNo casulo, febreNo espaço, medo.A angústia de serSer que se transformaRepele e descamaEspero!Lá fora...

EsforçoPor Tatiane Jeruza Odorizzi

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