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ISSN 1676-1324 Ano 12 - Edição nº 96 - Agosto de 2009 - ISSN 1676-1324 - www.fisiobrasil.com.br LER/DORT e os riscos a saúde do trabalhador Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional Influência da força da Preensão palmar Matéria especial: Fisioterapeutas do trabalho são os primeiros a passarem por prova de titulação.

Revista Fisioterapia Brasil

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ISSN

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Ano 12 - Edição nº 96 - Agosto de 2009 - ISSN 1676-1324 - www.fisiobrasil.com.br

LER/DORT e os riscos a saúde do trabalhador

Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional

Influência da força da Preensão palmar

Matéria especial: Fisioterapeutas do trabalho são os primeiros a passarem por prova de titulação.

Page 2: Revista Fisioterapia Brasil

FPós-graduação em fisioterapia nas disfunções da coluna vertebral e Têmporo-mandibulares (ATM) CURSO DE PÓS INÉDITO NO RIO DE JANEIRO! RECONHECIDO PELO MEC !

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Page 4: Revista Fisioterapia Brasil

A Revista FisioBrasil é um periódico técnico-científico sobre Fisioterapia, indexado no International Standard Serial Number ISSN sob o número 1676-1324, com distribuição bimestral no Brasil e América Latina e tiragem média de 28.000 exemplares. É classificada pela CAPES como periódico Qualis “C” Nacional, clas-sificação utilizada pela pós-graduação brasileira para a divulgação da produção intelectual de seus docentes e alunos.

A Fisiobrasil é uma publicação dirigida especialmente aos fisioterapeutas, acadêmicos de fisioterapia, empresários do setor, pesquisadores e demais profissionais de saúde, além de institui-ções das áreas de educação e saúde.

Conceitos e opiniões emitidos não refletem necessariamente as posições do corpo editorial e, quando assinados, são de res-ponsabilidade exclusiva do autor.

| ÍNDICE

AGENDA 51

Editor: José Henrique Alves CREFITO2 83.121F

[email protected]

Financeiro: Samantha Matos - [email protected]

Jornalista Responsável: Wemerson Pedroni Mtb 2486-ES

[email protected]

Tecnologia: Hicaro Castro - [email protected]

Marketing: Renata Ribeiro - [email protected]

Publicidade: Renata Ribeiro - [email protected]

Atendimento: Renata Ribeiro - [email protected]

Editoração: Dirley Iglesias (e-vix Comunicação) - [email protected]

Revisão: Wemerson Pedroni- [email protected]

Impressão: Gráfica Lisboa

Jurídico: Dr. Marco Túlio Nogueira Horta

Matriz: Av. Central, 1403, Sl. 204

Lanrajeiras - Serra - ES

Cep. 29.165-130

Telefone: (27) 3139-9198

| EXPEDIENTE

Conselho Editorial

Maria da Rocha e-mail: [email protected] Mestre em Ciência do Movimento Humano - UFSM/RS;

Doutora em Educação - Corporeidade e Formação Profissional - UFRN/RN; Professora do Departamento de Fisioterapia do Centro de Ciências de Saúde

da UFRN.

Denise Pirillo Nicida e-mail: [email protected] Graduada em Fisioterapia pela USP; Especialista em Fisioterapia

Neurofuncional; Mestre em Educação pela UNICID;Professora da Faculdade Ítalo Brasileira e UniFMU.

Henrique Rossi Roseiro e-mail: [email protected]êmico de fisioterapia - ES.

Maria Alice Juqueira Caldas e-mail: [email protected] Professora do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal de

Juiz de Fora; Mestre em Educação Especial pela UFSCAR; Doutora em Saúde Coletiva pela UERJ.

Paulo Valle e-mail: [email protected] Mestre e Doutor em Ciências Fisiológica pela Universidade Federal de São

Carlos; Diretor Presidente da TVALLE Assessoria e Treinamento Educacional; Coordenador e Professor de Cursos de Especialização da Universidade Gama Filho; Membro da MEC/INEP desde 1999 para autorização e reconhecimento dos cursos de Fisioterapia do país;Membro da comissão assessora do ENADE (Exame Nacinal de Desempenho do Estudante para o Curso de Fisioterapia).

Fernando Silva Guimarães e-mail: [email protected]

Professor Adjunto do Curso de Fisioterapia da UFRJ; Mestre em Ciências em Engenharia Biomédica - COPPE/UFRJ;

Doutor em Ciências - FM/UFRJ.

Tiago Sávio Moreira Possas e-mail: [email protected] em Fisioterapia Ortopédica e Esportiva/UFMG;

Assessor Técnico de Reabilitação Física-Secretaria Estadual de Saúde/Coordenadoria de Atenção à Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência;

Fisioterapeuta do Hospital Odilon Beherens- PBH; Docente da Faculdade São Camilo.

Juliana Prestes Mancuso e-mail: [email protected]

Fisioterapeuta, Especialista em ortopedia e traumatologia, Fisiologia do Exercício e Fisioterapia do Sistema Músculo-esquelético - enfoque hospitalar

Santa Casa de Misericórdia - SP.

Bárbara Lyrio Ursine e-mail: [email protected] Acadêmica de Fisioterapia UFMG.

Adriana Almeida e-mail: [email protected]

Fisioterapeuta - Divinópolis/MG; Especialista em Saúde Coletiva.

Karina Simone de Souza Vasconcelos e-mail: [email protected]

Fisioterapeuta (MG), Mestre em Ciências da Reabilitação pela UFMG

ARTIGOSAnálise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional no processo de reabilitação do trabalhador 06Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso 10

18LER/DORT e os Riscos a Saúde do Trabalhador: Uma Revisão Bibliográfica

O sedentarismo em trabalhadores do setor produtivo de uma indústria de calçados na cidade de Campina Grande-PB

Influência da Força de Preensão Palmar nas Queixas Dolorosas em Trabalhadores de um Frigorífico de Aves

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16° Congresso Vidativa

Fisioterapia do Trabalho. Nova especialidade em Prova de Titulação

COBERTURA

MATÉRIA

4www.fisiobrasil.com.br

Ano 12 - Edição nº 96 - Agosto de 20094

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| EDITORIAL

Começam as Provas de Titulação,

Em meio ao turbilhão da crise, ventos instáveis que chegam do Sul, com informações inquietantes de de-missões de colegas, senadores indo a plenário defender nossa profissão, surgem as provas de titulação para o fortalecimento das Associações de Fisioterapeutas, das especialidades. Emanadas da Resolução COFFITO 336, as provas começam com a Fisioterapia do Trabalho no mês de agosto.

E nessa edição damos as boas vindas à nova especialida-de, reconhecida pela Resolução COFFITO 259 esclarecen-do que, em nosso entendimento o fisioterapeuta, mesmo sendo especialista continua lançando mão de todos os recursos possíveis para a recuperação de seu cliente.

Portanto, não haverá fisioterapeuta do trabalho com-pleto, se não houver dentro dele a capacidade de enxer-gar no trabalhador todas as alterações funcionais que ele carrega, não apenas a ergonomia preventiva e a ginástica laboral.

Atuar holisticamente, reconhecendo alterações pneumofuncionais, neuro-sensório-cognitivo-motoras; dermatofuncionais, cinesiológicofuncionais, viscerais-funcionais, cardiológico-vasculares funcionais, trauma-to-ortopédicas, quiropráxicas, osteopáticas, posturais e acupunturais de ordem ocupacional são atribuições desse profissional.

É preciso saber adequar o olhar diagnóstico para ampla-mente detectar todo o potencial de atuação preventiva, curativa e reinsertiva do fisioterapeuta do trabalho, a fim de que o objetivo primordial seja alcançado: O atendi-mento às necessidades fisioterapêuticas do trabalhador acidentado ou doente ocupacional, que peregrina pelo SUS com sua “incurável” DORT, mas que com ela trás também o reflexo da agressividade de ambientes laborais, na forma de manifestações pulmonares (como a Asma Ocupacional, DPOC e Pneumoconioses), queimaduras químicas e térmicas ocupacionais, carcinomas, amputa-ções, alterações neurovegetativas. Diga-se também da capacitação de PCDs (Pessoas com Deficiências) para o trabalho.

Abre-se um mercado lucrativo e mais imune à crise, convidativo a todos os fisioterapeutas que desejam rea-lizar modificações positivas em ambientes de trabalho. Nessa edição mostramos as diversas áreas de atuação, alertando para o conhecimento amplo dos recursos fisio-terapêuticos necessários, da ergonomia, da higiene ocu-pacional, de gestão da qualidade de vida do trabalhador, da ginástica laboral.

Não poderíamos esquecer de alertar que nosso 3º Prêmio TopFisio, que está em fase de votação. Além dos preparativos para os congressos nacionais do mês do fisioterapeuta e da PARALIZAÇÃO pela Dignidadade Pro-fissional, com viagem programada para desembarcar em Brasília em Movimento Nacional no mês de outubro.

A hora dos especialistas

Boas vindas Especialistas!!!

Prof. Henrique Alves

FisioterapeutaCrefito2: 83.121 F

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Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento

cinético-funcional no processo de reabilitação do trabalhador

Autores:Kaizer, A. A. S.1; Ramos, F. S.2; Kaizer, R. T. D.³; Faber-Jr, N. 4

NR Work Assessoria e Consultoria em Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho Ltda.Email: [email protected] / www.nrwork.com.br

Resumo

Neste artigo os pesquisadores apresentaram como objetivo abordar os aspectos relacionados à eficácia do tratamento ambulatorial fisioterápico nos cola-boradores atuantes em indústria de fios de algodão, de modo a demonstrar a importância desta atividade profissional. Sendo a fisioterapia uma profissão de bases científicas, com participação essencial no sis-

tema de saúde, podendo desenvolver suas atividades em diversos locais, onde esta tem demonstrado sua representatividade no cenário empresarial, utilizando-se de técnicas próprias para avaliação, prevenção e tratamento do trabalhador e seu ambiente de traba-lho.

Palavras-Chave: Fisioterapia, Reabilitação, Fisiotera-pia Ambulatorial;

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Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional no processo de reabilitação do trabalhador

Introdução

A qualidade de vida dos trabalhadores de uma orga-nização industrial reflete e influe em sua produtividade e consequentemente nas demais áreas da empresa.

Segundo Deliberato (2002), a saúde ocupacional ou profissional implica na soma de todos os esforços para melhorar a saúde dos trabalhadores, tanto em seu ambiente de trabalho como na comunidade. O objetivo básico é a prevenção em todos os níveis, empregando todos os tipos de esforços e estratégias visando a atingir a o maior grau de aptidão laboral do trabalhador.

A realidade empresarial encontrada nos dias de hoje, nos mostra que os empresários tem investido cada vez mais em programas de promoção da saúde do trabalhador, objetivando tanto a melhoria da pro-dutividade quanto a qualidade de vida. O funcionário que tem uma vida saudável produz mais e melhor. Tendo por base este cenário, a fisioterapia do trabalho através da implantação de ambulatório nas empresas, vem a agregar valores para a melhoria deste.

Os benefícios são representados pelos bens e ser-viços produzidos. Diante das mudanças propostas na produção, onde devem ser analisados os resultados de rendimento e eficiência do sistema produtivo. Aumento da motivação, satisfação, conforto e redução da rotatividade são objetivos intangíveis, ou seja, não podem ser calculados objetivamente, mas estimados e correlacionados com atividades interdisciplinares e multiprofissionais. Outros benefícios compreendem a redução das faltas de trabalhadores devido a aciden-tes e doenças ocupacionais.

Com o serviço de fisioterapia ambulatorial dispo-nibilizado na própria empresa, é possível agir mais rápido sobre a incidência de quadro álgico (doloroso), prevenindo assim a instalação de patologias que levem a diminuição da capacidade cinético-funcional pelo tratamento precoce evitando consequentemente afastamentos e consequências psico-sociais sobre o trabalhador.

Com a redução consequente dos afastamentos pela ação preventiva e corretiva da fisioterapia do trabalho, podemos inferir que a redução do absenteísmo assim como da presença de colaboradores ainda em fase de aprimoramento profissional pela rotatividade resulta em menor sobrecarga biomecânica para todo o sis-tema produtivo possibilitando assim que o individuo seja tratado tanto quanto a sua enfermidade e/ou desconforto quanto em sua relação com seu ambiente de trabalho.

Assim sendo, a empresa estará investindo no seu maior patrimônio, o material humano, de forma coe-rente, com uma política que valoriza a responsabilida-de social, assim como as necessidades mercadológicas para a sua sobrevivência.

Revisão Bibliográfica

O trabalho é uma atividade coordenada, de caráter físico e/ou intelectual, necessária à realização de qual-quer tarefa, serviço ou empreendimento, realizado na natureza e na sociedade em que vivemos, visando alcançar um determinado fim.

Para Rodrigues (1994), as mudanças tecnológicas nos processos produtivos apresentam pelo menos três metas básicas, sendo elas à redução do esforço do trabalho, aumento da produtividade e melhoria da qualidade do produto. Para tanto, observou-se novas exigências, obrigando o trabalhador a desenvolver ati-vidades polivalentes, ou especializadas, muitas vezes generalistas.

Por sua vez, esta nova relação tem evidenciado o surgimento de novos riscos para a saúde dos trabalha-dores em diversos aspectos. Segundo Duarte (2000) estes riscos mais sutis para a saúde não podem ser compreendidos com base na ótica restrita da Medici-na do Trabalho, à medida que esta área sempre almeja a expectativa de estabelecer uma conexão direta com acidentes e doenças profissionais, então observa-se a necessidade de estabelecer uma profunda repercus-são sobre a vida e a saúde dos trabalhadores, especial-mente, em sua vida psíquico-social.

Tendo por visão esta realidade, a implantação de um programa de saúde ocupacional, incluindo o processo de criação de um ambulatório fisioterápico como par-te das ações de prevenção e monitoramento da saúde dos trabalhadores nas instituições organizacionais, resulta na melhoria do processo de reabilitação, mini-mizando assim os custos

A atuação do fisioterapeuta do trabalho no proces-so diagnóstico e de reabilitação

Muitas empresas estão investindo em programas de saúde, visando melhorar a qualidade de vida de seus colaboradores. O funcionário que tem uma vida saudável produz mais e melhor e, conseqüentemente, falta menos ao trabalho. Conscientes dessa situação, muitos empregadores passaram a dar mais atenção à saúde de seus colaboradores.

Neste contexto, surgem programas multiprofis-sionais tendo por visão à saúde do trabalhador, no sentido de contribuir para a construção do conheci-mento, como também, para a melhoria da qualidade da atenção à saúde do trabalhador.

Segundo Kaizer et al. (2006), o evoluir do mercado competitivo fez com que as empresas ficassem mais preocupadas com a saúde e segurança do trabalhador para assim otimizar sua produtividade, com esta visão das organizações surge novas áreas de atuação prática para os fisioterapeutas.

O diagnóstico cinesiológico funcional é compreendi-do como uma avaliação física e funcional, caracterizada pela análise e estudo das estruturas e funcionamento

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dos desvios físicos funcionais de um indivíduo através de metodologias e técnicas próprias, com a finalidade de identificar e quantificar as alterações apresentadas, considerando os desvios dos graus de normalidade para os de anormalidade (CONSELHO FEDERAL DE FISIOTERAPIA E TERAPIA OCUPACIONAL, 2001).

Atualmente este tipo de atividade tem sido adotada de forma complementar ao programa de controle médico de saúde ocupacional, objetivando avaliar do âmbito anatômico, biomecânico e cinesiológico as capacidades do trabalhador quanto à realização de movimentos básicos e necessários para a prática laboral.

Esta avaliação, se torna então um importante instru-mento utilizado pela fisioterapia do trabalho baseado em conceitos e metodologias da fisiologia humana associados as intervenções ergonômicas como o obje-tivo de detectar e prevenir as lesões músculo esquelé-ticas que por consequência otimiza o desempenho e a produtividade no trabalho.

Quando o trabalhador em sua avaliação cinético-funcional apresentar uma disfunção, ou seja, uma anomalia em seus movimento normais, o mesmo deverá ser acompanhado em seu processo de re-inserção no ambiente de trabalho pelo ambulatório de fisioterapia, a fim de minimizar as sobrecarga biome-cânicas e psico-sociais sobre a sua capacidade laboral. E quando da presença de patologias que refletem disfunções cinético funcionais importantes o processo de reabilitação deverá objetivar a restauração das ca-pacidades de movimento outrora desenvolvidas pelo trabalhador em seu ambiente de trabalho, para que o mesmo preserve sua integridade física e mental.

Assim sendo, o fisioterapeuta do trabalho, se apre-senta em diversas esferas de prevenção, corroborando para uma adequada atividade laboral e demonstran-do-se como um excelente gestor da qualidade de vida no trabalho. Onde qualquer que seja a atividade proposta, se esta ocasionar aumento do rendimento da empresa, com diminuição do passivo trabalhista, tradução de margem segura de crescimento com responsabilidade social, será bem aceita no mundo empresarial. (ALVES, 2002 apud NUNES & LIMA, 2003).

Metodologia

Para este estudo, foi realizado um levantamento através do controle de consultas registrado em arqui-vo informatizado do ambulatório de fisioterapia no período compreendido entre março de 2004 a junho de 2008. A amostra acompanhada é composta de 584 trabalhadores distribuídos aleatoriamente neste período.

A amostra foi seccionada em 5 períodos distintos: sendo o primeiro compreendido março a dezembro de 2004; segundo de janeiro a dezembro de 2005; tercei-

ro de janeiro a dezembro de 2006; quarto de janeiro a dezembro de 2007; quinto de janeiro a junho de 2008; para tanto utilizou-se de metodologia estatística quan-titativa para a comparação entre os devidos períodos dos trabalhadores submetidos ao acompanhamento da fisioterapia do trabalho e os seus consequentes retornos a suas atividades laborais e para fins qualita-tivos analisou-se as diversas incidências de disfunções e /ou queixas osteomioarticulares divididas em seg-mentos e partes anatômicas do corpo.

Resultados

Conforme proposto no objetivo e metodologia do presente estudo podemos concluir que segundo os resultados apresentados na figura 1 o número quanti-tativo de sessões assim como o total de colaboradores submetidos ao acompanhamento da fisioterapia do trabalho tem declinado período pós período.

Figura 1 - Distribuição pela prevalência estatística pelos períodos analisados.

Seguindo o raciocínio lógico podemos demonstrar na figura 2 que o número de altas corrobora com os resultados anteriormente relatados na figura 1.

Figura 2 - Distribuição pela prevalência de consultas fisiote-

rápicas e altas pelo período analisado.

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Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional no processo de reabilitação do trabalhador

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Assim quando calculamos em números percentuais em relação a eficácia da atuação da fisioterapia do trabalho neste programa proposto, os valores de-monstram uma aumento de 29,59% na capacidade de devolver o trabalhador sua funcionalidade e produti-vidade (Figura 3).

Figura 3 – Percentagem de tratamentos realizados por altas fisioterápicas.

E do ponto de vista qualitativo podemos observar uma maior incidência sobre a articulação do ombro direito e punho direito cujos mesmos, estão segundo a análise ergonômica do ambiente do trabalho direta-mente relacionados com o maior nível de sobrecarga biomecânica. Ainda para a figura 4 todos as outras articulações ou partes, envolvendo os membros infe-riores não envolvidos nos movimentos primários do processo produtivo foram classificados segundo sua incidência como “outros”.

Figura 4 - Distribuição pela prevalência de afecções e/ou distúrbios distribuídos nos segmentos e partes anatômicas do

corpo pelo período analisado.

Conclusão Por meio deste estudo, podemos concluir através

dos resultados acima apresentados, que a atuação da fisioterapia do trabalho de forma multidisciplinar no cenário empresarial tem muito a contribuir quanto aos indicadores de segurança, saúde, qualidade de vida e produtividade do trabalhador decorrente da diminuição do tempo de incidência da disfunção as-sim como do tempo necessário para o retorno de seu absenteísmo de suas atividades funcionais e laborais.

Assim todo o programa que investe em prevenção e qualidade de vida do trabalhador de modo mul-tidisciplinar focando o tratamento do individuo e o ambiente a que este esta exposto, estará investindo em produtividade.

Referências bibliográficas

ALVES, José Henrique. Ergonomia na Fisioterapia: Benefícios para o Trabalhador, lucro para as Empresas. Revista Fisio & Terapia. Rio de Janeiro, v. 30, p. 6, dez/jan. 2002.

CAÑETE, I. Humanização Desafio da Empresa Mo-derna, a ginástica laboral como um caminho. Porto Alegre, 1996.

Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocu-pacional. Definição de Fisioterapia. [texto on line]. em:http://www.coffito.org.br/

DELIBERATO, P.C.P. Fisioterapia Preventiva. São Pau-lo: Manole, 2002.

DUARTE, A. C. G. O. et. al. A busca de um trabalho diferenciado através da Ginástica Laboral e correção Funcional na Empresa Electrolux da Brasil S.A. 8. Con-gresso de Educação Física e Ciências do Desporto dos Países de Língua Portuguesa. Anais. Lisboa, Portugal, 2000.

KAIZER AAS, Kaizer RTD, Marquesini MP, Santos FL. Análise de incidência para aptidão de colaboradores no exame pré-admissional e no final de contrato de experiência em empresa frigorífica, Maringá, 2006.

NUNES, Ayllin Nonato; LIMA, Michelle Salerno. Fi-sioterapia do Trabalho: sua presença nas organizações empresariais, 2003.

RODRIGUES, M. V. C. Qualidade de vida no trabalho: evolução e análise no nível gerencial. 2. ed. Petrópolis: Vozes, 1994.

Análise da eficiência da aplicabilidade do tratamento cinético-funcional no processo de reabilitação do trabalhador

Page 10: Revista Fisioterapia Brasil

Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes

pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de

caso Autoras:

*Flávia Azevedo de Brito**Juliana Mendonça Ferreira e Kamille de Cena Santos

* Docente da Faculdade Pitágoras/ Unidade Linhares;

Especialista em Reabilitação Funcional e Mebro da Sociedade Brasileira de Anatomia Humana.** Acadêmicas do curso de Fisioterapia da Faculdade Pitágoras.

Faculdade Pitágoras - campus Linhares

Av. São Mateus, 1458, bairro Araçá, Linhares - ES. Cep: 29901-396email: [email protected]/ [email protected]

Curso de fisioterapia

Data de atualização : 14/02/2009Data de envio: 26/02/2009

Resumo

Este estudo de caráter descritivo e quantitativo visa demonstrar os efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual no processo de cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo. A amostra foi composta por 3 pacientes do sexo feminino com idades entre 35 à 60 anos, raça branca, sem histórico de queloide e diabetes. As pacientes 1 e 2 receberam tratamento fisioterapêutico e foram submetidas a 12 sessões com uma frequência de 2 atendimentos semanais; utilizou-se o Ultrassom pulsátil com frequência de 3MHz e intensidade de 0, 4 W/cm², com o tempo de 3 minutos; Laser AsGa 904nm com frequência de 0, 4j, sobre e envolta

da cicatriz e mobilização tecidual na mesma região, foi também realizado mensuração da cicatriz (paquímetro) e registro fotográfico. A paciente 3 recebeu apenas um acompanhamento periódico para mensuração da cicatriz e registro fotográfico. Neste estudo observou-se uma melhora no processo de cicatrização das pacientes que foram tratadas em relação a paciente que não recebeu tratamento, e convém destacar sobre a importância de mais estudos para maior comprovação da eficácia desses recursos no processo de redução de cicatriz.

Palavras-chave: Síndrome do Túnel do Carpo, Cicatrização, Mobilização Tecidual, Laser AsGa e Ultrassom.

Page 11: Revista Fisioterapia Brasil

Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso

Introdução

A síndrome do túnel do carpo é conhecida há mais de 100 anos representando a neuropatia compressiva mais comum. É uma síndrome secundária a uma disfunção, caracterizada principalmente por compressão do nervo mediano, no seu trajeto pelo túnel do carpo podendo ocorrer por diversas causas (Oliveira et alii. 2004).

Geralmente sua causa é idiopática, por outro lado há casos em que o nervo mediano pode ser comprimido na região do túnel do carpo por fratura, edema, qualquer proliferação tenossinovial, anormalidades da articulação do punho, tumor ou anomalia muscular.

Estudos epidemiológicos identificaram os fatores de risco para STC. Apesar de não haver consenso, estes são predominantes: sexo feminino, obesidade, índice de massa corporal (IMC) alto, idade acima de 30 anos, ati-vidade motora repetitiva (correlação não completamente estabelecida) e algumas patologias sistêmicas (Nordstrom et alii, 1997; Becker, 2002 apud Karolczak et alii., 2005, p.118).

“Além dos aspectos abordados, a STC pode ser classifi-cada como ocupacional quando o trabalho é considerado um fator de risco, principalmente em trabalhadores que executam movimentos repetitivos” (Szabo et al., 2000; Buckle et al., 2002 apud Karolczak et alii.,2005, p.118).

[...] A incidência é de 0,1% a 1,5% na população geral, sendo a anual de 125 casos por 100.000 pessoas, prevale-cendo em 5% das mulheres adultas com idade predomi-nante de 40-60 anos podendo Pararecer [sic] em qualquer faixa etária (Kouyoumdjian, 1999; Cerqueira, 2003 apud Barbieri et al., 2004, p. 255).

Ruaro & Carvalho, citado por Oliveira (2004) afirmam que a maior incidência em mulheres deve-se ao fato delas possuírem uma redução no tamanho do túnel do carpo, sendo aproximadamente 25% menor do que na dos ho-mens, o que também pode explicar a alta ocorrência na bilateralidade.

O túnel do carpo é um canal osteofibroso estreito por onde passam o tendão do flexor longo do polegar, os quatro tendões dos flexores superficiais dos dedos, os quatro tendões dos flexores profundo dos dedos e o ner-vo mediano. Seu assoalho é formado medialmente pelo osso pisiforme e pelo hâmulo do hámato, lateralmente pelo tubérculo do escafóide e do trapézio (Oliveira et alii., 2004 p.129).

Os principais sintomas da síndrome do túnel do carpo são dor noturna com queimação, parestesia e atrofia tênar. Como conseqüências têm-se: limitação das ativida-des diárias e incapacidade para o trabalho e quando não tratada pode evoluir para um quadro clínico mais grave.

Seu diagnóstico clínico é estabelecido pela eletroneu-romiografia e seu tratamento é dividido em conservador com o uso de splint e fisioterapia e o tratamento cirúrgico.

Liberação dos retináculos dos flexores para o trata-mento da síndrome do túnel do carpo (STC) é uma das cirurgias mais realizadas. Existem diversos métodos para a realização deste procedimento cirúrgico, como endos-cópicos, via aberta clássica e mini-incisões. (Paula et alli., 2006, p.213).

Segundo Gonçalves & Parizotto, et alli. (apud Rocha et alii., 2005). Os processos de cicatrização tecidual são es-senciais para a sobrevivência dos seres vivos, é um fenô-meno que podem ser divididos didaticamente em quatro fases: (1) fase de Coagulação, de início imediato logo após o trauma, caracteriza-se pela formação de um tampão he-mostático primário, (2) fase inflamatória responsável por alterações vasculares e influxo de células inflamatórias (macrófago, linfócito e outros); (3) fase proliferação, res-ponsável pela formação do tecido de granulação, e início da proliferação de células epiteliais; e (4) fase reparadora, responsável pela remodelagem tecidual, com a substitui-ção do tecido de granulação por tecido conjuntivo denso, e a recomposição celular da epiderme.

Kitchen et al., citado por Ferreira et al., (2007), destacam ainda que a cicatrização de feridas é um processo com-plexo, envolvendo a interação de diversos componentes celulares e bioquímicos e ocorre espontaneamente, sem intervenções externas, mas quando tratada com artifícios, tende ocorrer de forma mais rápida e com melhores re-sultados funcionais e estéticos [...]. A mobilização tecidual tem como objetivo realinhar os tecidos moles após lesão músculo-tendíneo-ligamentar. Pode ser indicada quando o tecido músculo-esquelético apresenta limitações, decor-rente da fibrose tecidual. Quando aplicada corretamente promove o restabelecimento da função e normalização do processo cicatricial (Werlang et alli., 2006).

“O Ultrassom terapêutico (UST) é um agente eletrofísico amplamente usado por fisioterapeutas no tratamento das desordens musculoesqueléticas e intertegumentárias”(Ter Haar et al., 1987; Guide Of Physical Therapy Practice, 2001 apud Lopes, 2006, p.04).

O ultrassom é, provavelmente, o recurso físico mais uti-lizado no tratamento de lesões de tecidos moles, podendo acelerar a reparação tecidual nos seus diferentes aspectos (Young et al., 1990 ; Dyson, 1987, apud Mendonça 2006, p.156). Com a irradiação ultrassônica, é possível melhorar tanto a velocidade da cicatrização, quanto à qualidade do tecido cicatricial [...] (Young, 1998 apud Mendonça 2006, p.156).

Dentre os tratamentos não-invasivos, é um dos pro-cedimentos mais utilizados na fisioterapia e medicina regenerativa para o tratamento de diversas doenças. Seus efeitos têm se mostrado benéficos no tratamento de uma grande variedade de condições, como cicatrização de úlceras (Dyson et al., 1978 apud Olsson et alii., 2008), estímulo à neovascularização em tecidos isquêmicos (Ho-gan et alii., 1982 apud Olsson et alii., 2008), integração de enxertos de pele total (Amancio et alii., 2006 apud Olsson et alii., 2008), consolidação de fraturas e pseudoartroses (Duarte et al., 1983; Carvalho et al., 2003 apud Olsson et alii., 2008) e na cicatrização tendinosa (Silveira, 2003 apud Olsson et alii., 2008).

Segundo Zhou et alii. (2004) citado por Camargo (2006, p.49), “mostrou em seus estudos que o ultrassom induz a síntese do DNA e proliferação de fibroblasto da pele humana, o que admite a eficácia do ultrassom no trata-mento de ferida e da reparação tecidual.”

Os efeitos fisiológicos dos mecanismos não térmicos foram evidenciados em vários estudos, incluindo a degra-

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nulação de células de sustentação, alterações na função da membrana celular, aumento nos níveis intracelulares de cálcio, aumento da angiogênese e da permeabilidade vascular, estimulação da atividade fibroblástica e, conse-quentemente, aumento da síntese protéica e da tensão elástica do colágeno (Dyson, 1982, 1987; Dyson et alii., 1978; Kitchen et al., 1990; Young et al., 1990 apud Ferreira et al., 2007 p.03).

Assim, o UST é importante na reparação tecidual, prin-cipalmente à baixa intensidade, o que minimiza inclusive o risco de lesões teciduais, que podem ocorrer com inten-sidades elevadas (Frenkel et alii., 1999; Kitchen et al.,1990 apud Ferreira et al., 2007).

Não existem dados científicos ou clínicos quantitativos que indiquem que devem ser utilizadas intensidades elevadas de irradiação ultrassônica, isto é, acima de 1 W/cm², na reparação tecidual. Ao contrário, as referências bibliográficas apóiam o uso de intensidade de 0,5 W/cm² (SATA) e até inferiores para que seja acelerada a cicatriza-ção de tecidos como a pele, o osso e o tendão (Ferreira et al., 2007, p.03).

[...] “Os músculos lesados nas suas fibras por incisões com o bisturi regeneram-se mais precocemente quando lhes aplicam energia ultrasônica pulsada” (Bassoli, 2001, apud Olsson et alii., 2008, p. 1203).

Segundo Agne (2004) citado por Camargo (2006, p.45) [...] a partir da década de 1960 foram realizados estudos sobre os efeitos biológicos da laserterapia na reparação tecidual, sucessivamente outras pesquisas mostraram aplicabilidade clínica e hoje a laserterapia é aplicada no tratamento de feridas [...].

“[...] O Laser é uma emissão de luz coerente, monocro-mática, com grande concentração de energia capaz de provocar alterações físicas e biológicas”. (Guirro, 2002; Weis et alii., 2005, apud Abrahão et alii.,2006, p.45).

“Os efeitos desencadeantes pelos lasers são basica-mente analgésicos, antiinflamatórios, antiedematosos e cicatrizantes [...]”. (Siqueira et alii., 2004; Matera et alii., 2003; Matera et alii., 1998; Staink et alii., 1998, apud Abrahão et al., 2006, p.45).

Dentre esses efeitos do laser, destacamos a cicatrização que pode ser explicada pelo aumento da produção de ATP, o que proporciona uma maior velocidade mitótica das cé-lulas, estimulando a microcirculação que associada ao au-mento da velocidade mitótica, facilitando a multiplicidade das células, assim, ocorre o efeito de neovascularização a partir dos vasos já existentes gerando melhores condições para a cicatrização rápida (siqueira et alii., 2003; Say et alii., 2003, apud Stefanello et al., 2006).

Segundo Bourguignon-Filho et alii. (2005, p.42) “Os lasers mais utilizados nos últimos anos, para cicatrização tecidual, são os lasers de hélio-neônio, arsénio-gálio e arsénio-gálio-alumínio” [...].

Máster (1985) citado por Magacho (2005) descreveu que a radiação do LASER de baixa potência em doses altas ou em doses pequenas frequentes, são acumulativas, ca-racterizando um efeito de Bioinibição sobre o tecido alvo.

Longo et alii., (1987), Anneroth et alii., (1988) e Tataru-nas (1998)(apud Tavares, 2002, p.13). “indicavam a utili-

zação do laser As-Ga para obter cicatrização dos tecidos”.[...] Rocha (2003) (apud Vieira, 2006, p.21) estudando a

ação do laser com comprimento de onda nas faixas entre 690 nm e 940 nm, em cicatrização tecidual e angiogênese, concluiu que, apesar de inúmeras pesquisas estarem vol-tadas para esse objetivo, ainda não há resposta conclusiva para esses parâmetros [...].

Devido à grande incidência de pessoas portadoras da síndrome do túnel do carpo, e pelo fato do grande núme-ro de pessoas submetidas à cirurgia dessa síndrome, este trabalho nos despertou o interesse de verificar os efeitos do Ultrassom pulsátil, Laser AsGa e mobilização tecidual no processo de cicatrização em pacientes pós-cirúrgicos dessa patologia, tanto no que diz respeito ao tempo de cicatrização quanto para fins estéticos.

Metodologia

Para a realização deste artigo de caráter descritivo e quantitativo foram selecionadas 3 (três) pacientes ( serão identificadas como paciente 1, 2 e 3) de acordo com os se-guintes critérios de inclusão: sexo feminino, pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo, idades entre 35 à 60 anos, e critérios de exclusão: afro-descendentes, histórico de quelóide e diabetes. As pacientes 1 e 2 receberam trata-mento fisioterapêutico e a paciente 3 recebeu apenas um acompanhamento periódico para avaliação e mensuração da cicatriz. Ressalta-se que a seleção das pacientes que receberam o tratamento respeitou a data da cirurgia; sendo selecionadas, portanto, para o tratamento aquelas que primeiro foram operadas.

Nas pacientes 1 e 2 foram realizadas 12 sessões com uma frequência de 2 atendimentos semanais; na qual também realizamos a mensuração da cicatriz e registro fotográfico ( na 1ª sessão, 6ª sessão e 12ª sessão), nas 10 (dez) sessões aplicamos a seguinte conduta: Ultrassom sonopulse da marca Ibramed geração 2000, modo pulsátil com freqüência de 3MHz com intensidade de 0,4 W/cm², com o tempo de 3 minutos, Laser AsGa Laserpulse da marca Ibramed, 904nm com frequência de 0,4j, sobre e envolta da cicatriz e mobilização tecidual na mesma região. Nas duas últimas sessões realizamos apenas um acompanhamento e mobilização da cicatriz. As pacientes foram atendidas no laboratório de fisioterapia da faculda-de Pitágoras, sempre com a presença de um fisioterapeuta responsável. Na paciente 3 foram realizadas 3(três) visitas para a mensuração da cicatriz e registro fotográfico.

As mensurações foram realizadas com o instrumento paquímetro da marca Vernier Caliper, com medidas em milímetros, no qual foi medido o comprimento cicatricial, e foram traçados três pontos tendo como referência o meio da cicatriz para mensuração da sua espessura (ponto proximal, médio e distal, seguindo as normas da nomen-clatura anatômica) medida na borda lateral dos mesmos. Foram feitos registro fotográfico com uma máquina digi-tal da marca Sony 7.2. Vale ressaltar que nenhuma das pacientes citadas acima fez uso de medicamentos que tenham efeito, cicatrizantes (pomada).

Em todas as pacientes na 1ª avaliação da cicatriz com o

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Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso

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paquímetro não foi possível medir sua espessura, devido à recente retirada dos pontos, a qual ficou difícil para localizá-la. Foi mensurado apenas o comprimento desta.

Resultados

Pacientes que receberam tratamento

A.J.S. (paciente 1), sexo feminino, casada, raça branca, costureira aposentada, trabalha há 5 anos como servente e há 2 anos começou a sentir dormência e formigamento na palma da mão, e quando trabalhava muito sua mão ficava edemaciada. Foi então a princípio submetida à ci-rurgia dessa síndrome na mão direita, a qual foi realizada no dia 14 de agosto de 2008. Após 15 dias da cirurgia, o qual também foram retirados os pontos, iniciou-se o acompanhamento fisioterapêutico.

1ª avaliação-(15dias após a cirurgia)

2ª avaliação-(20 dias após a 1ª avaliação)

3ª avaliação – (38 dias após a 1ª avaliação)

M.P.J.M. (paciente 2), sexo feminino, 55 anos, raça branca, casada, trabalha como costureira há 38 anos. Relatou que há 2 anos vem sentindo dor e dormência em membro superior direito e esquerdo, o qual foi diagnos-ticado síndrome do túnel do carpo bilateralmente. Foi então a princípio submetida à cirurgia dessa síndrome na mão direita, a qual foi realizada no dia 14 de agosto de 2008. Após 15 dias da cirurgia, o qual também foram retirados os pontos, iniciou-se o acompanhamento fisio-terapêutico.

1ªAvaliação-(15dias após a cirurgia)

2ª avaliação- (20 dias após a 1ª avaliação)

3ª avaliação- (38 dias após a 1ª avaliação)

Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso

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Paciente que não recebeu tratamento M.B.S. (paciente 3), sexo feminino, 39 anos, raça branca,

casada, trabalha como promotora de vendas há 4 anos. Relatou que há 2 anos vem sentindo dormência na mão direita, sensação de choque no dedo polegar, indicador, médio e anelar, também sentia fraqueza ao pegar obje-tos, pois estes caiam da sua mão. Foi então diagnosticado síndrome do túnel do carpo na mão direita, a qual foi submetida à cirurgia dessa síndrome no dia 7 de outubro de 2008. Após 15 dias da cirurgia, o qual também foram retirados os pontos, iniciou-se a avaliação cicatricial.

1ª avaliação-(15 dias após a cirurgia)

2ª avaliação- (20 dias após a 1ª avaliação)

3ª avaliação-(38 dias após a 1ª avaliação)

O gráfico a seguir mostra um comparativo da evolução do comprimento da cicatriz das pacientes: 1, 2 e 3.

Após a análise dos resultados notou-se que a paciente 1, apresentou uma diminuição do comprimento da cica-triz de 19,34% num período de 20 dias após a primeira avaliação. A partir do 20º dia ao 38º a paciente apresen-tou uma diminuição de 8,42%, totalizando uma redução de 26,13% do comprimento da cicatriz.

A paciente 2, apresentou uma diminuição do compri-mento da cicatriz de 7,03% num período de 20 dias após a primeira avaliação. A partir do 20º dia ao 38º a paciente apresentou uma diminuição de 5,60%, totalizando uma redução de 12,24% do comprimento da cicatriz.

A paciente 3, apresentou uma diminuição do compri-mento da cicatriz de 1,20% num período de 20 dias após a primeira avaliação. A partir do 20º dia ao 38º a paciente apresentou uma diminuição de 3,17%, totalizando uma redução de 4,34% do comprimento da cicatriz.

Os gráficos a seguir mostram um comparativo da evo-lução da espessura da cicatriz em cada ponto mensurado (proximal, médio e distal) das pacientes 1, 2 e 3.

Após a análise dos resultados da espessura do ponto proximal notou-se que a paciente 1, apresentou uma diminuição de 24,14% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 2, apresentou uma diminuição de 3,64% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 3, apresentou uma diminuição de 22% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

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Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso

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Após a análise dos resultados da espessura do ponto médio notou-se que a paciente 1, apresentou uma dimi-nuição de 29,27% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 2, apresentou uma diminuição de 1,82% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 3, não apresentou diminuição da espessura da cicatriz neste ponto referente.

Após a análise dos resultados da espessura do pon-to distal notou-se que a paciente 1, apresentou uma diminuição de 31,11% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 2, apresentou uma diminuição de 14,55% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

A paciente 3, apresentou uma diminuição de 14,29% num período de 18 dias após a segunda avaliação.

Discussão

Segundo Byl et alii., (1993) citado por Ferreira et al., (2007) aplicaram o UST contínuo e pulsado (1 MHz, 1,5 W/cm2, sessões de 5 minutos) em lesões cutâneas em porcos. Notou-se que o UST pulsado produziu maior deposição de colágeno a 0,5 W/cm², com cinco dias de tratamento, após 10 dias de tratamento houve um au-mento significativo da resistência mecânica da cicatriz, em comparação com o UST contínuo.

Rantanen et alii., (1999) (apud Olsson, 2005) analisa

os efeitos do ultrassom no tecido muscular em lesões transversais no músculo gastrocnêmio de ratos, no modo pulsado,com frequência de 3 MHz e intensidade de 1,5 W/cm² com ciclo de trabalho de 20%, pelo mé-todo estacionário, por contato direto iniciado três dias após a lesão. Notou-se um aumento de células satélites no início do tratamento, porém esta diferença desapa-receu com o tempo. Houve também proliferação de fibroblastos, porém não houve aumento na produção de miotúbulos.

Observaram um aumento de 20% na velocidade de cicatrização das úlceras crônicas de pernas tratadas com o ultrassom pulsado (1MHz, 0,5 W/cm²), aplicado semanalmente por doze semanas durante um minuto por área de transdutor ao redor das úlceras com apli-cação semanal, durante doze semanas (Callan et alii., 1987 apud Ferreira et al., 2007).

Barros (2002) (apud Ferreira et al., 2007) afirma que estudos feitos com o UST pulsado (3 MHz, 0,8 e 0,4 W/cm²) sobre lesões epidérmicas totais em coelhos, mos-tram que houve estimulação da cicatrização das feridas com a dosagem menor (0,4 W/cm2).

[...]Young et al., (1990) (apud Olsson, 2005 , p.67) analisaram os efeitos do ultrassom em lesões de pele produzidas em ratos. Para esse estudo utilizaram o ultrassom terapêutico pulsátil, 0,75 ou 3 MHz, 0,1 W/cm², por 5 dias. No grupo estimulado foi encontrando maior quantidade de tecido de granulação, leucócitos, macrófagos e fibroblastos em relação ao grupo contro-le. Após 7 dias de estimulação foi observada diferença significativa de celularidade entre os grupos, sugerindo que o ultrassom terapêutico pode ser usado para ace-lerar o processo inflamatório e a proliferação celular durante a cicatrização.

Ferreira et al., (2007) afirmam que os efeitos não térmicos do ultrassom atuam melhor no tratamento de lesões dos tecidos moles do que os efeitos térmicos; do mesmo modo que as altas doses do ultrassom podem ser lesivas enquanto que as doses baixas são mais indi-cadas para promover um efeito significativo em tecidos lesionados.

[...] Say et alii., (2003) citado por Vieira (2006), em pesquisa experimental com lasers HeNe e AsGa, em úlceras cutâneas venosas crônicas, notou que o laser atua com eficiência no processo de cicatrização, em relação as feridas não tratadas, porém, não identifica-ram diferença significativa entre os dois tipos de lasers utilizados.

Tatarunas (1998) (apud Rocha, 2003 p.47) constatou que ao 15º dia de irradiação com o laser AsGa, houve completa revascularização de feridas cirúrgicas, o que poderia influenciar positivamente em tecidos com déficit vascular. O Laser AsGa mostrou-se um bom adjuvante no processo cicatricial e em doses baixas de 2 J/ cm2 mostraram-se mais vantajosas que doses

4J/cm2. Kolar (1985) citado por Tavares (2002) afirma que o

Laser AsGa possuir um maior poder de penetração, em torno de 1,4 milímetros (mm), e possui algumas vanta-

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Efeitos do ultrassom, laser AsGa e mobilização tecidual na cicatrização em pacientes pós-cirúrgico da síndrome do túnel do carpo - estudo de caso

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gens do Laser AsGa: o seu tamanho é reduzido, o custo do aparelho é menor (em relação aos outros presentes no mercado), ele é seguro e de simples aplicação.

Colls (1984) (apud Tavares, 2002 p.15) “descreveu um esquema orientativo, para critérios de dose: efeito analgésico: 2 a 4 j/cm²; efeito antiinflamatório:1 a 3 j/cm²; efeito cicatrizante: 3 a 6 j/cm²;efeito circulatório: 1 a 3 j/cm² “.

O laser de arsénio-gálio utilizado em feridas cutâneas de felinos por Tatarunas et al. em 1998. Foi realizado com 4 aplicações pontuais após o término de uma cirurgia. As irradiações foram efetuadas, de maneira pulsátil, com doses de 2 e 4 J/cm2 nas feridas dos gru-pos experimentais. Os resultados demonstraram que o laser atuou positivamente no processo de cicatrização por primeira intenção das feridas cirúrgicas. Observa-ram que a dose de 2 J/cm2 se mostrou vantajosa em relação à dose de 4 J/cm2. (Tatarunas et alii., 1998 apud Bourguignon-Filho et alii.,2005, p.40).

[...] No estudo de Pereira et alii., em 2002, (apud Bourguignon-Filho et alii.,2005, p. 42 ) somente doses AsGa de 3 e 4 J/cm2 obtiveram efeito no crescimento celular em cultura de fibroblastos [...].

Conclusão

Vários autores descrevem sobre os benefícios do ul-trassom pulsátil e do LASER no processo de cicatrização tecidual e pouco se encontrou sobre os benefícios da mobilização tecidual.

Neste estudo de caráter descritivo e quantitativo notou-se uma diminuição da espessura cicatricial entre as pacientes que receberam atendimento fisiotera-pêutico com a que recebeu apenas acompanhamento. No comprimento da cicatriz houve uma diminuição significativa quando comparamos as pacientes que receberam atendimento com a paciente que recebeu apenas acompanhamento. Em relação à estética da cicatriz não foi observado uma diferença significativa entre as pacientes que receberam atendimento com a paciente que recebeu acompanhamento.

Apesar dos resultados obtidos nesta pesquisa sabe-se que é necessário mais estudos com maior número de pacientes para comprovar fidedignamente a eficácia do ultrassom, LASER AsGa e da mobilização tecidual na redução da cicatriz.

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Influência da Força de Preensão Palmar nas Queixas Dolorosas em Trabalhadores

de um Frigorífico de Aves

Autores:Leonardo Rocha Rodrigues1; Agnes Ivana Koetz Aloisio2

1 Orientador do Projeto 2 Autora do ProjetoTrabalho de Conclusão de Curso / Especialização em Fisioterapia do Trabalho

Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos – CBES / RSCorrespondência para: Av. Carlos Gomes, 257 / 201 CEP 90480-003, Porto Alegre / RS

[email protected]

Revisado em: 30/06/2009Encaminhado em: 15/07/2009

Resumo

O estudo objetivou a identificação dos valores de força da preensão palmar, das queixas de dor em uma empresa frigorífica de aves no sul do Brasil e a relação entre estes dados. Foram 25 funcionários, 15 mulheres e 10 homens. Questionou-se dominância, idade, tempo de empresa e trabalho no setor de evisceração de frangos. Foi mensurada a preensão palmar e detectaram-se valores maiores para os homens em relação às mulheres, porém sem dominância. As queixas de dor, em 15 funcionários predominaram nos membros superiores direitos. Os sinistros não apresentaram dor e com valores de preensão maiores do que homens destros. As mulheres aproximaram aos valores das mulheres destras. Concluiu-se que não houve relação entre os achados das queixas referidas e os valores de preensão palmar neste estudo, independente da dominância. A diferença nas me-didas de força entre homens e mulheres em torno de 10% é possível afirmar.

Palavras-chaves: Dor Músculo-esquelética; Dinamome-

tria; Frigorífico de Aves.

Abstract

The study aimed to identify the values of the palmar prehension force, complaints of pain in a cold company of birds in southern Brazil and the relationship between these data. Were 25 employees, 15 women and 10 men. Questioned is dominance, age, length of business and industry to work in the evisceration of chickens. The palmar prehension was measured and found to be higher values for men for women, but not dominance. Com-plaints of pain, 15 officials predominated in the upper right. The claims presented no pain and with values hold more dexterous than men. Women closer to the values of women right hands. It was concluded that there was no relationship between the findings of the complaints referred to and the values of palmar prehension in this study, independent of dominance. The difference in mea-sures of strength between men and women around 10% is possible to say.

Key words: Musculoskeletal Pain; Dynamometry; Produc-

tion of Poultry.

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Introdução

A APINCO (2008), Associação Brasileira de Produtores de Pinto de Corte, estima um crescimento de 6,44% na produ-ção de aves para o abate no mercado brasileiro, no primeiro semestre do ano de 2008. Isto representa um crescimento em torno de 3,5% na produção anual esperada, ou seja, apro-ximadamente 888 milhões de frangos abatidos mensalmen-te. Em virtude deste aumento na produção, os abatedouros e frigoríficos aumentaram suas demandas de matéria-prima e, consequentemente, suas exigências quanto à produtividade de seus funcionários. Trata-se de um impacto positivo consi-derável na economia brasileira.

Porém, todo crescimento demanda adaptações que mui-tas vezes não acontecem na mesma proporção, acarretando desgastes, estresses e possibilidades de erros. Diversos fatores podem ser causadores de sobrecarga de trabalho como condições ambientais e de execução das tarefas, índi-ces e metas de produção pessoal. Segundo o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação (CONTAC), Sr. Siderlei Oliveira, fica evidente que o ritmo de produção hoje é determinado pelas máquinas, não havendo respeito às especificidades e capacidades de cada trabalhador. Fato este que contribui para o aparecimen-to e desenvolvimento das doenças ocupacionais. Segundo o mesmo, “Em algumas cidades de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, onde estão os frigoríficos, 20% da população estão doentes” (BERNARDES, 2005).

Segundo Couto (2007), as lesões ocupacionais são de-correntes de vários fatores associados entre si, como por exemplo, estações de trabalho em condições desfavoráveis para o desempenho das tarefas, material e ferramenta ina-dequados para a atividade, a exigência de manutenção de posturas estáticas, idéia também defendida por Grandjean e Kroemer (2005) para o aparecimento da fadiga muscular e consequente causa de lesões. Regimes de trabalho muito intensos com poucas pausas, a própria organização do traba-lho ineficaz, como também, as características pessoais do tra-balhador que pode deixá-lo suscetível ao aparecimento das lesões osteomusculares. Nestes fatores podemos destacar a incapacidade biomecânica do indivíduo para a realização de determinada tarefa, não só por sobrecarga, mas por aptidões físicas particulares. Ainda segundo o mesmo autor, pessoas normais, com boas condições físicas para desempenhar tarefas podem vir a desenvolver distúrbios osteomusculares por sobrecarga funcional (DORT- Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho), resultado da exigência da tarefa a ser executada. Com base no exposto, fica clara a necessidade de avaliações funcionais mais específicas para determinar as condições de execução da tarefa por parte do indivíduo. Den-tre os recursos possíveis está a Dinamometria com fins de avaliação da força através de aparelhos. Este resultado pode ser crucial para o entendimento das causas do adoecimento, ou ainda, para o desenvolvimento de ações corretivas na ten-tativa de eliminar os fatores lesivos buscando um ambiente de trabalho mais saudável. (DEFANI, 2007).

A crescente demanda de trabalho nas linhas de produção aviária exige mais dos trabalhadores, abrindo a possibilidade de desenvolvimento das alterações funcionais, chegando ao estabelecimento das doenças ocupacionais. Os frigoríficos estão organizados por setores operacionais e, mais especifi-camente, o setor de evisceração do frango, onde será o foco desta investigação, é um local com alto índice de queixas osteomusculares. O trabalho desenvolvido neste setor por si só já representa uma sobrecarga ao indivíduo, pois exige posturas de difícil manutenção, trazendo possíveis prejuízos ao longo do tempo. Mais precisamente, o ato de eviscerar a ave exige certo grau de força nas mãos e estabelece lados dominantes com maiores habilidades que virão a determinar o modo operante no desenvolvimento da atividade, muitas vezes com adaptações práticas, porém não ergonômicas. As adaptações e a sobrecarga de trabalho, aliadas a outros fatores ocupacionais e pessoais, levam o trabalhador ao adoecimento, com queixas de dores músculo-tendíneas e ar-ticulares, bem como alterações vasculares por manutenção de posturas estáticas.

O adoecimento também pode ocorrer em virtude da so-brecarga funcional, por vezes relacionada às desvantagens biomecânicas do próprio indivíduo. A utilização de testes para a verificação das condições de força do trabalhador, para a realização das tarefas, pode ser determinante para a adequação da alocação deste na produção. Através da men-suração das forças fica mais efetivo o dimensionamento das necessidades individuais para a realização das tarefas. (DEFA-NI, 2007). A mensuração da força de preensão palmar pode ser determinante para estabelecer valores representativos corporais e não apenas de segmento. Por existirem contro-vérsias acerca dos valores de referência do teste, fica clara a necessidade de estabelecerem-se padrões de resultados para cada população em questão. (ALMEIDA, 2005). Por não existir valores referenciais brasileiros, pode ser utilizada, com fins de atribuição de uma média relativa a cada população verificada, a tabela com parâmetros americanos. Contudo, esta tabela não reflete exatamente os padrões brasileiros uma vez que as próprias diferenças nos biótipos corporais populacionais já servem como diferencias para uma varieda-de de resultados possíveis. (DEFANI, 2007). Sabe-se também que existe diferença comprovada no nível de eficiência na realização do teste entre homens e mulheres, levando em consideração as diferenças anatômicas e biométricas. Fato-res relacionados à deficiência de mecanismos compensató-rios à sobrecarga biomecânica como, por exemplo, a jornada de trabalho muito extensa e com poucas possibilidades de pausas para descanso, não permitindo assim a recuperação dos tecidos orgânicos estressados na execução da tarefa prolongada contribuem para o adoecimento. Fatores psi-cossociais também colaboram para a sobrecarga mental acabando por refletir o estresse no físico, culminando com o adoecimento do indivíduo, aumentando assim a deman-da dos ambulatórios em função do desenvolvimento das chamadas DORT, assunto evoluído no próximo seguimento. (COUTO, NICOLETTI, LECH, 2007). Nem sempre o indivíduo

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está apto para realizar a tarefa para qual está sendo con-tratado ou direcionado na empresa. Imagina-se então que as deficiências musculares podem ser fatores geradores ou propulsores para o aparecimento dos sintomas relacionados às doenças ocupacionais. O grupo das Doenças Osteomuscu-lares Relacionadas ao Trabalho – DORT representa o maior percentual de procura dos ambulatórios das empresas ou serviços de saúde. Para Gonzaga (2000), os sintomas estão relacionados com dores que vão aumentando em intensida-de podendo levar à incapacidade funcional como perda da força do segmento debilitado. Conforme o autor, esta dor deveria ser investigada precocemente para que se evitasse seu agravo e por consequência o afastamento do indivíduo.

Conforme Couto (2007), as DORT costumam ser curáveis e sem maiores possibilidades de sequelas, porém seu diagnós-tico é complexo e depende de muitos fatores resultantes do conflito do trabalhador com sua área de trabalho ou tarefa. Por apresentarem sintomatologia branda, na maioria das vezes, passam despercebidas sendo investigadas somente quando já existe um prognóstico de recuperação comprome-tido. O índice de absenteísmo está diretamente relacionado ao adoecimento, quase constante, promovido pelas DORT. Na visão da empresa esta situação gera mais fiscalização por parte dos órgãos competentes e para os trabalhadores que permaneceram no setor, acarreta em uma sobrecarga, maior que a existente, com vistas a não trazer prejuízo à produção.

Para vários pesquisadores os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (D.O.R.T.) trazem como sinal inicial o surgimento da dor. Segundo Lech et al (1998) e Helfenstein (1998), a dor indica a presença de alterações nos estados funcionais e até morfológicos e a maior dificuldade está relacionada ao diagnóstico em virtude de se tratar de um sintoma subjetivo. De acordo com Gonzaga (2000) a dor se traduz como o principal sintoma dos D.O.R.T., seguida de incapacidade funcional. Segundo Bueno (2008), é ressaltado que o custo com o adoecimento, no Brasil, pode ser compa-rado ao de uma guerra. Se gasta R$ 32 bilhões por ano com acidentes de trabalho (ou 4% do Produto Interno Bruto-PIB) e US$ 76 bilhões por ano com mortes e lesões causadas por doenças do trabalho. Estão incluídas nesse cálculo as indeni-zações pagas pela Previdência Social, os custos em saúde e a perda de produtividade do profissional.

Pensando nestas considerações, este estudo propôs a avaliação da força de preensão palmar nos trabalhadores do setor de evisceração de aves, em um frigorífico, procurando associá-la ao índice de queixas de dor ao ambulatório da empresa.

Método O estudo tem característica observacional, de caráter

epidemiológico com coleta transversal. Foi realizado em uma indústria frigorífica de aves do Rio Grande do Sul, onde a casuística foi 25 funcionários do setor de evisceração, sendo 10 mulheres e 15 homens. Na primeira etapa da pesquisa foram explicitados os objetivos seguidos da assinatura do

Termo de Consentimento Livre e Esclarecidos. Logo após, os indivíduos preencheram a Escala de Dor de Corlett, dividindo em segmentos superiores e inferiores e da coluna verte-bral, quantificando em uma escala visual de 0 a 15, onde a variância era entre a ausência total de sintomatologia e a presença de dor e desconforto insuportáveis. Na segunda etapa foram aplicados os testes de força de preensão palmar, através de um dinamômetro digital da marca EMG SYSTEM, modelo 410C de 2 canais, calibrado anualmente de acordo com os padrões da fábrica. A coleta ocorreu com o indivíduo sentado, mantendo o ombro em posição neutra, cotovelo posicionado a 90 graus e antebraço em posição neutra. Os testes foram realizados no período da manhã, tendo inicio junto a jornada normal de trabalho. Foram solicitadas três tentativas de força máxima de preensão com intervalos de 12 segundos para cada membro superior como preconiza a Sociedade Americana de Terapeutas da Mão – SATM. Na ter-ceira etapa foram analisados os históricos de queixas álgicas de membros superiores ao ambulatório médico da empresa no período de Março a Dezembro de 2008. Na quarta etapa realizou-se a correlação dos dados verificando a influência da força de preensão palmar nas queixas de dor e desconforto dos trabalhadores em comparação com indivíduos saudáveis, que não apresentaram registro de queixas ao ambulatório.

Resultados Os dados foram tratados através da obtenção das médias

e desvios-padrão, levando-se em consideração os intervalos de valores mínimos e máximos encontrados. Na amostra registrou-se uma média (M) na idade de 28,9 anos com desvio-padrão (DP) de 8,4 anos. Ainda relativo à caracteriza-ção da amostra, os valores encontrados para média e desvio-padrão, respectivamente, nos itens altura (em centímetros) são 164 ± 7,7 cm, peso corporal (em Kilos), 68,2 ± 12 kg (Tabela 1).

Ainda em relação à idade podemos dividir por faixas etá-rias e sexo (Tabela 2).

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Na dominância consta que 80% da amostra, 20 indivíduos, é destra (dominância da mão direita) e 20%, 5 indivíduos, são sinistros (dominância da mão esquerda) (Tabela 3).

Nos testes de Dinamometria para preensão palmar foram registrados os valores respectivos (em kilograma-força) da média e desvio-padrão respectivamente: 35,1 ± 8,3 Kgf para avaliação da mão direita e 35,1 ± 8,1 Kgf para a mão esquer-da. Dos indivíduos destros apenas 50% apresentaram valores maiores de Dinamometria da mão direita em comparação com a esquerda, enquanto, entre os indivíduos sinistros, 60% apresentaram valores superiores no teste da mão esquerda em comparação com a direita, embora a média tenha sido igual em ambas as mãos com uma pequena diferença no desvio-padrão (Tabela 4).

Do total de 10 homens, 7 apresentaram valores nos testes de Dinamometria superiores aos encontrados nas mulheres, onde nenhuma alcançou valores acima dos resultados supe-riores da amostragem masculina (Tabela 5).

Em relação ao tempo de empresa e de trabalho no setor em questão foi registrado um mínimo de 1 mês e um período máximo de 20 anos, mantendo (M) e (DP) de 3,7 ± 5,1 anos para tempo de empresa e de 3,3 ± 4,9 anos para tempo de trabalho no setor (Tabela 6).

Em relação aos dados levantados quanto às queixas de sintomas osteomusculares ao ambulatório da empresa registra-se que 44% (11 indivíduos) apresentaram queixas e 56 % não efetuaram registros por ausência de queixas (Tabela 7).

Entre os que apresentaram sintomas, estes estavam relacionados com dores nos seguintes segmentos: coluna dorsal e lombar, ombros, antebraços, punhos e mãos e destes, 63,3% (7 indivíduos) apresentaram no membro superior direito, 27,2% (3 indivíduos) no membro superior esquerdo, 9% (1 indivíduo) na coluna dorsal e 27,2% (3 indivíduos) na coluna lombar (Tabela 8).

Das pessoas que apresentaram queixas, 18% (2) tiveram período de afastamento da função. Dos indivíduos que tive-ram queixas no membro superior direito, 6 eram mulheres e 1 homem e todos destros. Já no membro superior esquer-do, 2 mulheres e 1 homem e todos destros (Tabela 9).

No grupo dos sinistros apenas 1 mulher teve queixa de dor lombar. Foi possível observar que as pessoas que referi-ram queixas ao ambulatório não apresentaram diminuição nos valores da dinamometria de preensão palmar. Entre as mulheres (9, porém 1 teve queixa de dor lombar apenas) os valores mínimos e máximos ficaram entre 24,97 e 35,36Kgf. Entre os homens (2) registraram-se valores mínimo de 31,94 e máximo de 43,75 Kgf. Todos os resultados foram encontrados em membro superior direito. (Tabela 10).

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Os resultados encontrados na Escala de dor de Corlett refletiram os registros de queixas no momento da coleta dos dados da pesquisa, sendo considerados de leve a modera-da os escores entre 0,1 e 7,0 e de moderada a intensa os escores de 7,1 a 15. Foram destacados 15 funcionários que apresentaram algum tipo de dor e desconforto. Uma mulher apresentou escore 7,5 indicando dor de moderada a intensa enquanto oito homens e seis mulheres registraram dor de leve a moderada com escores entre 0,5 e 6,5. Em relação à lateralidade, 14 pessoas (5 homens e 9 mulheres referiram em lado direito enquanto 9 (5 homens e 4 mulheres) referi-ram em lado esquerdo. Apenas 5 funcionários (2 homens e 3 mulheres) registraram dores lombares. Ainda destaca-se que 7 pessoas apresentaram dor em apenas um segmento, 7 em dois ou três segmentos e 1 em quatro ou mais segmentos corporais. Foram registrados 6 queixas de dor em membros inferiores (3 no lado direito e 3 no esquerdo) e 18 nos mem-bros superiores (11 no lado direito e 7 no lado esquerdo), podendo os registros serem em mais de um segmento por pessoa. (Tabela 11).

Dos indivíduos que apresentaram dor na escala, 6 já tinham o registro de dor no ambulatório da empresa, nos mesmos segmentos apontados e uma pessoa apresentou re-gistro no mesmo segmento, porém no membro contralateral. Os demais oscilaram em registros variados de desconforto nos dois lados sem referência aos mesmos anteriormente no ambulatório.

Discussões e Conclusões Conforme os dados encontrados, é possível perceber que a

amostra contou com a maioria do sexo feminino. Também se pode observar a predominância dos destros em relação aos sinistros. Em relação aos valores da dinamometria de preen-são palmar foi possível observar que os homens apresentam

em torno de 15 Kgf a mais que as mulheres, em ambas as mãos. Este dado é confirmado pelo estudo realizado por Defani (2007), no Paraná, onde foi percebida uma diferença de aproximadamente 10 Kgf entre os gêneros. A média geral encontrada pelo mesmo autor foi de 43 Kgf em mão direita e 45 Kgf em mão esquerda em homens e 30 Kgf para mão direita e 31 Kgf para mão esquerda em mulheres. No presen-te estudo foram encontradas médias muito próximas sendo 42,5 Kgf para mão direita e 41,25 Kgf para mão esquerda em homens e 30,21 Kgf para mão direita e 30,94 Kgf para mão esquerda em mulheres.

Segundo o estudo de Caporrino et al (1998) a força de preensão palmar dos homens foi significativamente maior do que nas mulheres, independente do lado dominante ou não dominante. Este fato também ocorreu neste estudo, porém não foi realizada a significância estatística. De acordo com McArdle et al. (1991, p.297), “nas comparações de força para os segmentos superiores do corpo as mulheres são cerca de 50% mais fracas do que os homens, em contraste com a força dos segmentos inferiores do corpo onde elas são aproxima-damente 30% mais fracas”. Para Godoy (2004) a realização da avaliação da força de preensão palmar é de extrema utilidade para servir como indicador da força total do corpo do indivíduo. Também afirma que os resultados encontrados nos homens são superiores que os achados nas mulheres, levando em consideração as faixas etárias correspondentes.

Considerando que a maior parte da amostra estava na faixa etária de 18 a 39 anos, os achados de força de preen-são palmar em valores máximos, mínimos e médios, para mulheres e homens, ficaram em acordo com os achados do estudo de Caporrino (1998). O mesmo afirma que encon-trou diferença de 10% entre as forças do lado dominante e não dominante, tanto para homens quanto para mulheres, porém esta diferença não foi observada neste estudo. Para Godoy, existe uma diferença, em média de 10%, na força da mão direita para os destros, porém não é significativa quan-do se trata de sinistros. O autor atribui esta condição ao fato de, socialmente, os indivíduos serem forçados a tornarem-se destros para melhor adaptação ao cotidiano que privilegia o uso da mão direita.

Defani (2007) fez considerações em seu estudo sobre a sobrecarga de força exercida nas atividades em um frigorífico de aves na região sul e identificou que apenas 4,7% da sua mostra aplicaram mais força do que o normal durante a rea-lização das atividades, enquanto a maioria apresentava força compatível com a execução das tarefas laborais e somente 8% apresentaram algum sinal de sobrecarga. No presente estudo, 44% da amostra tiveram registro de dor junto ao am-bulatório da empresa. Dentre as queixas, a maioria referia-se ao membro superior direito. Algumas queixas eram conside-radas em coluna lombar com prolongamento em trajetória do nervo ciático.

Dos 11 indivíduos que apresentaram queixas, apenas 18% (2 indivíduos) foram afastados do trabalho. Os de-mais conseguiram contornar os sintomas com tratamento médico e fisioterapêutico. A caracterização de “trabalho

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pesado” depende de vários fatores, porém ressalta-se que na sobrecarga física, principalmente, o organismo promove adaptações para satisfazer às exigências acima dos limites normais. (BAÚ, 2002). Também são motivos de sobrecarga física aquelas atividades cujos ciclos das tarefas (do início ao fim de um processo) são muito curtos, não reservando um tempo adequado para a recuperação da fadiga. A repe-titividade dos movimentos acaba por causar um estresse orgânico propiciando o aparecimento e desenvolvimento de lesões. Segundo Nicoletti (1996) a repetitividade por si só não caracterizaria o aparecimento de lesões, porém a asso-ciação de fatores genéticos (intrínsecos) e outros como de organização do trabalho, psicossociais e relações humanas no ambiente de trabalho (extrínsecos) contribuiriam para o somatório da sobrecarga. De acordo com Rio (2001) a fadiga músculo-ligamentar leva a disfunções no sistema músculo-esquelético que podem acarretar em ineficiências as funções e ocorrência de dor. Seguindo o raciocínio, a manutenção das posturas estáticas, bem como do esforço, também favo-recem o adoecimento, exemplo disto, a posição dos braços e antebraços suspensos para tarefas executadas em nórias (correias transportadoras) que, além da sustentação do peso do membro acabam por suportar mais o peso da carga a ser trabalhada. No estudo realizado por Soares (2004) em trabalhadores de frigorífico em Santa Catarina, encontrou uma taxa de 42% de queixas na população estudada, sendo a maioria referente ao sistema músculo-esquelético. Conforme Cruz (2001) fica difícil realizar um diagnóstico preciso sobre dor devido à subjetividade do sintoma e por isto o percentual pode ser variável. Helfensteins (1998) afirma que o primeiro sintoma que aparece nos trabalhadores é a dor, e classifica a gravidade da situação de acordo com os fatores que podem desencadeá-la ou agravá-la. Neste presente estudo a queixa predominante foi a dor, principalmente no lado dominante, independente do tempo de trabalho no setor de evisceração do frigorífico. Com exceção de apenas 2 funcionários, todos os demais tem o mesmo tempo de empresa e de setor de trabalho. É importante destacar que entre os sinistros não houve nenhuma queixa de ordem músculo-esquelética, e os homens registraram os valores mais altos da Dinamometria para o lado dominante e não-dominante em todo grupo masculino. Por sua vez, as mulheres mantiveram-se entre os valores mais próximos do mínimo encontrado para ambas as mãos, no grupo feminino. Estes achados também corres-pondem aos estudos de Moreira et al (2001) que comenta sobre a adaptação dos sinistros às atividades normalmente executadas e adaptadas aos destros. Os resultados das mulheres estão explicitados nos trabalhos de Godoy (2004) afirmando que as mulheres têm diferença significativa de força em relação aos homens, talvez isto justifique a maioria das queixas terem sido registradas por mulheres. Cabe des-tacar novamente que o adoecimento acontece devido a uma interação de fatores intrínsecos e extrínsecos e não apenas ao ato em si do trabalho (ALENCAR, 2004).

Neste estudo concluiu-se que não foi possível estabelecer uma relação direta entre as queixas de dor registradas no

ambulatório da empresa nem as levantadas pela escala de dor de Corlett com os valores encontrados na Dinamometria de preensão palmar, independente do lado ser dominante ou não. Os registros de queixas foram em maior número entre as mulheres, porém os achados na Dinamometria não foram alterados em função da presença de dor. Os achados de medidas de força foram muito próximos de escores de nor-malidade reproduzidos por outros estudos. Nem mesmo a presença de dores fez com que houvesse diminuição de força das mãos. Isto talvez se deva ao fato dos escores álgicos se-rem na sua maioria em limites de leves a moderados. O que se pode afirmar é a diferença nos valores achados de força de preensão palmar entre homens e mulheres em torno de 10%. Pode-se pensar em um acompanhamento futuro destes sintomas referidos na busca de possíveis alterações advindas com o tempo e adaptação às atividades executadas.

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LER/DORT e os Riscos a Saúde do Trabalhador: Uma

Revisão Bibliográfica

Autores:CAPELARI, Jucimara Inês¹

SCHEIBIG, Kéli²DIETER, Hörter Eloisa³

¹Acadêmica do sexto semestre do cusro de fisioterapia do Centro Universitário Feevale ([email protected])²Acadêmica do sexto semestre do curso de fisioterapia do Centro Universitário Feevale ([email protected])

³Docente do curso de fisioterapia do Centro Universitário Feevale ([email protected])

Instituiçao onde o trabalho foi realizado: CENTRO UNIVERSITÁRIO FEEVALERS-239, 2755; Novo Hamburgo/RS - CEP 93352-000 - Telefone(51) 3586-8800 R.8636

http://www.feevale.br - Endereço para correspondência:Remetente: Jucimara Inês Capelari

Rua Bartolomeu de Gusmão 121- AP:502- Bairro: Canudos Novo Hamburgo/RS - CEP:93546-000 - Tel: (51)3527-2130 - email: [email protected]

Data da ultima revisão: 02 de dezembro de 2008Data de envio para a Revista Fisiobrasil: 02 de dezembro de 2008

Resumo

Através de uma revisão bibliográfica sobre doença ocupacional, este artigo oferece melhor entendimento sobre a patologia, dentre elas as Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e Distúrbios Osteomusculares Rela-cionados com o Trabalho (DORT), abordando principais aspectos da doença, como suas causas, suas manifes-tações clínicas e seu tratamento. O presente artigo constitui-se na pesquisa em livros e artigos científicos, sobre as características desta patologia. A instrução nor-mativa do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) usa a expressão LER/DORT para estabelecer o conceito

da síndrome. São fruto exclusivo de movimentos repeti-tivos, podendo ocorrer pela permanência de segmentos do corpo em determinadas posições, prolongadamente. A necessidade de concentração e atenção do trabalha-dor para realizar suas atividades e a pressão imposta pela organização do trabalho são fatores que interferem significativamente para a ocorrência da síndrome. As LER/DORT resultam da superutilização do sistema osteomuscular, instalando-se progressivamente no trabalhador que está sujeito a fatores de risco técnico-organizacionais.

Palavras chave: enfermagem, saúde, trabalhadores

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Introdução

A questão da gênese da LER-DORT continua sendo um desafio a ser superado devido aos conflitos e controvérsias existentes e envolvem pesquisadores, profissionais da saúde e trabalhadores. De acordo com o entendimento que se tem acerca da origem dessa doença, são distintas as medidas preventivas e terapêuticas implementadas. A controvérsia, de forma geral, é resultado da negação da existência do nexo causal entre a doença e a atividade desempenhada pelo trabalhador, que resulta em maior prejuízo ao trabalhador que fica sem ter assegurados seus direitos referentes à questão envolvendo a saúde (MURO-FUSE; MARZIALE, 2005).

A classificação das Lesões por Esforços Repetitivos na categoria de doença relacionada ao trabalho ocorreu em 1997, quando o Instituto Nacional de Seguridade Social in-vestiu na mudança de nome de LER para DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho). A mudança, que foi discutida com profissionais de saúde, pesquisadores e sindicatos, apontavam para o desdobramento da análise desse processo de adoecimento no âmbito da psicossocio-logia, da epidemiologia e da ergonomia. Tal procedimento atenderia as reivindicações de médicos e trabalhadores para que se desse mais atenção ao estado de sofrimento psíquico desses pacientes (VERTHEIN; GOMEZ, 2000).

Em princípio, uma doença que parecia se restringir a uma classe trabalhadora, estando relacionada apenas a execução de movimentos repetitivos, passou a invadir ou-tros ramos profissionais, nos quais o trabalho não se carac-terizava por repetição, merecendo destaque atualmente no cenário de adoecimento dos mais variados profissionais (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Os acidentes de trabalho, de uma maneira geral são mais facilmente notificados comparados às doenças ocupacio-nais, as quais requerem uma avaliação e comprovação do nexo causal para serem reconhecidas como tal, ocasio-nando a subnotificação dos dados de adoecimento dos trabalhadores (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Conceito

As lesões por esforços repetitivos (LER), também co-nhecidas, no Brasil, como distúrbios osteomusculares re-lacionados ao trabalho (DORT), designam um conjunto de síndromes que afetam, predominantemente, os membros superiores. Apresentam como característica comum a sua relação com o trabalho, podendo atingir tanto trabalhado-res em inicio de carreira quanto aqueles com muitos anos de trabalho no mesmo posto ou mesma função, em todos os ramos da economia: indústria, comércio e serviços, com diferentes níveis de escolaridade e cargos profissionais, tais como enfermeiras, açougueiros e operários (NEVES, 2006).

Conforme Grandjean (1998),é necessário sete regras para a configuração do espaço de trabalho:

1. Evitar qualquer postura curvada ou não natural do corpo. A curvatura lateral do tronco ou cabeça força mais

do que a curvatura para frente.2. Evitar a imobilidade, para frente ou para o lado,

dos braços estendidos. Estas posturas conduzem não só à rápida fadiga, mas também afetam significativamente a precisão e a destreza geral da atividade dos braços ou das mãos.

3. Procurar, na medida que possível, sempre trabalhar sentado. Mais recomendável ainda seriam locais de traba-lho onde se poderia ter a alternância de trabalho sentado e trabalho em pé.

4. O movimento dos braços deve ser em sentido oposto cada um em direção simétrica. O movimento de um braço sozinho origina ações musculares do tronco, que estão ligadas a exigências estáticas. Movimentos em sentidos opostos ou movimentos simétricos facilitam, além disso, o comando nervoso da atividade.

5. A altura do campo de trabalho (altura da superfície de trabalho) deve permitir a observação visual ótima com a postura do corpo mais natural possível. Quanto menor a distância visual ótima, mais alto deve ser o campo de trabalho.

6. Manoplas, alavancas, ferramentas e materiais de trabalho devem estar ordenados nas máquinas e locais de trabalho de tal forma que os movimentos mais frequentes sejam feitos com os cotovelos dobrados e próximos do cor-po. A maior força e destreza é exercida quando a distância olho – mão é de 25 a 30 cm, com os cotovelos baixados e dobrados em ângulo reto.

7. Trabalho manual pode ser elevado usando apoio para as mãos, antebraço e cotovelo. Os apoios devem ser forrados com feltro ou outro material termoisolante e macio. Os apoios devem ser reguláveis, para que possam se adaptar às diferenças antropométricas.

As lesões por esforços repetitivos (LER) ou distúrbios osteomusculares relacionadas ao trabalho (DORT) são um conjunto de doenças que afetam músculos, tendões, nervos e vasos dos membros superiores (dedos, mãos, punhos, antebraços, braços, ombro, pescoço e coluna vertebral) e inferiores (joelho e tornozelo, principalmente) e que têm relação direta com as exigências das tarefas, ambientes físicos e com a organização do trabalho. Vários são os termos utilizados, dependendo do aspecto clínico que se quer enfatizar e do modelo que se quer adotar para lidar com o problema (FILHO; JÚNIOR, 2004; ROSA et.al. 2008; FILHO; MICHELS; SELL, 2006).

Vários estudos constatam que as LER/DORT constituem um grave problema de saúde pública, de alta e crescente incidência, que apresentam dificuldades na forma de abordagem, na reabilitação e na prevenção. Predomina a controvérsia na caracterização dos quadros referentes às LER/DORT, refletindo as limitações em relação à caracte-rização dos quadros clínicos e aos aspectos envolvidos na sua causalidade. (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Metodologia

A principal base de dados consultada, foi o Sistema Lilacs (Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciên-

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cias da Saúde), sendo também consideradas referências bibliográficas citadas em livros e artigos sobre o assunto. Estando mencionados aqui, em ordem cronológica, parte dos artigos que foram encontrados nas bibliotecas pes-quisadas (Sistema Bireme, Scielo), priorizando-se a busca de publicações mais recentes entre os anos de 2000 a 2008 e em livros nos anos de 1998 a 2000.

Ler/dort

Vivemos na atualidade, em uma sociedade marcada por intensas e rápidas transformações, cujas conquistas têm afetado a vida humana em seus aspectos coletivo e individual. Dentre as facilidades, estão à velocidade na troca e acesso às informações, a sensação de diminuição das distâncias entre os países, além de benefícios como o aumento na expectativa de vida. As mudanças têm ocorrido com maior ênfase no mundo do trabalho, espe-cialmente com a introdução de inovações tecnológicas e organizacionais que, ao lado das inegáveis conquistas para a vida humana, trouxeram também o aumento do número de pessoas desempregadas, com a eliminação de diversos postos de trabalho e a precarização das relações de trabalho (MUROFUSE; MARZIALE, 2005).

O mesmo trabalho que tornou possível a humanização do homem tem produzido desafios para a área da saúde. Os avanços conquistados pela humanidade, além das faci-lidades e dos benefícios, acarretaram, também, problemas à saúde do trabalhador (MUROFUSE; MARZIALE, 2005).

As LER constitui um objeto para a saúde do trabalhador, já que demandam o equacionamento e a resolução dos problemas apresentados, mas também são um pretexto para o avanço da construção desse campo de conheci-mento, pois aponta limites e contradições das práticas e dos paradigmas que as norteiam (SATO, 2001).

O ambiente hospitalar é um risco não só de acidentes decorrentes do contato com pacientes portadores de do-enças infecciosas, mas também daqueles decorrentes do caráter industrial que têm essas Instituições, como o caso dos serviços que envolvem centrais de processamento e esterilização de materiais, cozinha, manutenção de equipamentos, zeladoria, laboratórios, lavanderia, entre outros (SECCO; GUTIERREZ, MATSUO, 2002; LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Os trabalhadores de enfermagem, inseridos na ati-vidade de prestação de serviços de saúde, executam atividades que requerem grande proximidade física com o paciente pela característica do cuidar em enfermagem, bem como pela utilização e manuseio de materiais e equipamentos. A assistência de enfermagem favorece, por isso, a ocorrência de acidentes de trabalho (AT) e, de maneira saliente, daqueles acidentes advindos da exposi-ção a materiais biológicos como sangue e outros fluidos corporais (SECCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).

Os estudos envolvendo os problemas de saúde dos trabalhadores têm crescido ao longo do tempo, in-cluindo as investigações envolvendo os trabalhadores da enfermagem, o que tem ajudado a dar visibilidade

aos acidentes e doenças do trabalho dos quais eles são vítimas. Devido à exposição ocupacional a diversos riscos existentes no ambiente e às particularidades do processo de trabalho agravadas, muitas vezes, pela precariedade das condições de trabalho, a lista dos agravos à saúde dos trabalhadores de enfermagem é extensa, os problemas músculo-esqueléticos, principalmente as lombalgia (MU-ROFUSE; MARZIALE, 2005; FILHO; JÚNIOR,2004).

Outro dado digno de ser salientado é o fato de que os ATs então diretamente ligados também à inserção social dos trabalhadores no contexto da atividade laboral, den-tro da própria classe trabalhadora. Estudos mostram a diferença entre os acidentes que acometem enfermeiros, auxiliares e atendentes de enfermagem, pela especifici-dade das atividades desempenhadas pelos profissionais das diferentes categorias, ligadas às características dos processos de trabalho, e, em consequência, ao desgaste do trabalhador de enfermagem (SECCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).

É importante ressaltar que doenças osteomusculares podem surgir em decorrência de um acidente específico ou de maneira lenta não sendo facilmente reconhecida a relação com o trabalho, a qual, muitas vezes, é atribuída à idade e a fatores individuais ou hereditários. Sendo as-sim, é possível indicar que, de acordo com a inserção do trabalhador de enfermagem na própria classe, maiores ou menores serão os riscos a que eles estarão expostos (SECCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).

Dados Epidemiológicos

Embora não seja, doença recente, as LER/DORT vêm, sem dúvida, assumindo um caráter epidemico, sendo algumas de suas patologias crônicas e recidivas, de tera-pia difícil, gerando incapacidade para a vida que não se resume apenas no ambiente de trabalho (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

No Brasil, a partir de 1985, também houve um signifi-cativo aumento dos casos de LERs/DORTs de 4,69% das doenças profissionais para 41,77% em 1988. As mulheres são as mais facilmente afetadas, talvez, pela jornada doméstica, menor número de fibras musculares, menor capacidade de armazenar e converter glicogênio em energiam útil e por serem entregues a elas, na indústria, as atividades repetitivas que exigem maior habilidade (FILHO; MICHELS; SELL, 2006).

Um dado muito importante a ser investigado é entre gênero, trabalho e LER, pois é na população de mulheres que se tem diagnosticado a maioria dos casos de LER. Além disso, sabe-se que há diferenças de prevalência de suspeição de casos de sofrimento psíquico entre a popu-lação feminina e masculina (SATO, 2001; NEVES, 2006).

Estudos sobre gênero e trabalho mostram haver uma sexualização do posto de trabalho com menor grau de controle sobre a tarefa naquelas funções ditas femininas e forte presença dos processos de socialização que geram a qualificação feminina para o mercado de trabalho ou a modalidade feminina do habitus. Ao se evidenciar a

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construção social das diferenças sexuais, ou seja, da questão de gênero, torna-se explícita, no caso das LER, a construção social dos padrões de adoecimento mediada pela composição de populações de risco. Essa perspectiva demonstra a importância em incorporar categorias antro-pológicas, sociológicas e psicossociais para aprofundar o entendimento das LER (SATO, 2001).

Importante citar que no Brasil, a lista de doenças profis-sionais é constituída por uma relação de agentes patogê-nicos ou de risco, a que estão expostos os trabalhadores em determinado nexo causal. Porém, a complexidade do problema ganha novos contornos ao adentrar no univer-so das doenças relacionadas ao trabalho, cujo nexo causal nem sempre está bem definido e acometem vários grupos de trabalhadores, como a hipertensão arterial e os DORT (LEITE; SILVA; MERIGH, 2007).

Causas

Por não afetar do mesmo modo todos os trabalhadores que exercem as mesmas funções e que se encontram sob as mesmas condições, a LER/DORT guarda certo caráter enigmático, do ponto vista etiológico, o que tem se tornado um problema adicional para os trabalhadores acometidos por esta forma de sofrimento. Muitas vezes, eles têm que lidar com o descrédito não só das pessoas com quem trabalham, sejam seus superiores hierárquicos ou colegas de mesmo nível, como também dos próprios profissionais de saúde que os atendem. Soma-se a isto o fato concreto de que a doença limita, em grande medida, sua capacidade de trabalho e também, muitas vezes, sua vida cotidiana depois da jornada (BORSÓI; SANTOS; ACÁRIO, 2006).

A literatura mostra que vários são os fatores existen-tes no trabalho que podem concorrer para a ocorrência de LER/DORT. São eles: repetitividade de movimentos, manutenção de posturas inadequadas por tempo prolon-gado, esforço físico, invariabilidade de tarefas, pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, em particular membros superiores, trabalho muscular estáti-co, choques e impactos, vibração, frio e fatores organiza-cionais (ROSA; et al. 2008).

Aparecem significativamente relacionadas a aspectos da organização laboral como o trabalho repetitivo, longas jornadas sem pausas e/ou insuficientes tanto em tempo quanto em quantidade, a alta velocidade, a pressão constante, a intensificação e uniformização da forma de produção bem como ao uso de ferramentas vibratórias, tensão mecânica, extremos de temperatura, equipamen-tos e mobiliários que não respeitam as diferenças antro-pométricas dos trabalhadores e que os levam a posturas inadequadas (NEVES, 2006).

Não há uma causa única para a ocorrência de LER/DORT. Há fatores psicológicos, biológicos e sociológicos envolvidos na gênese desses distúrbios. Inicialmente as LER/DORT eram reconhecidas como decorrentes preponderantemente das condições de trabalho. Com o aumento explosivo da incidência entre várias categorias

profissionais, surgiram novas correntes explicativas. Na Austrália, por exemplo, essa transformação levou ao questionamento da sua ligação com o trabalho, surgindo explicações psicológicas e biológicas do distúrbio, ou mesmo sua psiquiatrização. Não é possível determinar com precisão, quais fatores, sejam psicológicos, socioló-gicos ou biológicos, estariam envolvidos na configuração desses distúrbios. Tampouco, determinar de que forma esses fatores interagem e qual é a proporção de respon-sabilidade de cada um deles (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Tensão muscular decorrente do estresse pode ser um dos mecanismos que associam o estresse a sintomas os-teomusculares. Utilizando registro eletromiográfico como medida de morbidade, a atividade muscular involuntária resultou de fatores motivacionais comuns na vida no trabalho e que tais mecanismos poderiam explicar dor osteomuscular, fibromialgia e mialgia do trapézio. Aquele autor apresentou evidências de que o tônus muscular contínuo, ainda que de baixa intensidade está associado à ativação das unidades motoras de baixo limiar, pelo me-nos no caso da mialgia do trapézio (PINHEIRO; TRÓCOLI; PAZ, 2006).

Sintomas

A nova terminologia utilizada (DORT) passou a incluir as tenossinovites, tendinites, sinovites, síndromes compres-sivas dos nervos periféricos, além de sintomatologia mais disseminadas, como a síndrome miofascial, fibromialgia e distrofia simpática - reflexa (LEITE; SILVA; MERIGHI, 2007).

Na evolução do quadro clínico, em relação ao esta-belecimento da sintomatologia, com base no desenvol-vimento da dor e da capacidade funcional do paciente, pode-se estabelecer graus que variam do I ao IV. O nível I corresponderia a uma sensação de peso e desconforto do membro afetado, com caráter ocasional, enquanto o nível IV corresponderia a uma dor forte e um sofrimento intenso, com manifestação de edema persistente e apa-rente deformidade (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Muitas vezes, os portadores de LER/DORT “apresentam quadros clínicos onde os sintomas e a dor crônica não condizem com os resultados do exame clínico”. Seu maior sintoma é a própria dor do paciente, que pode apresen-tar, ainda, queixas de parestesias, edema, perda da força muscular e/ou diminuição dos controles dos movimentos. A dor não segue curso linear e não tem estágios definidos. Ela depende de interações entre a percepção do sintoma, suas interpretações, expressão e os comportamentos de defesa. Neste contexto os “fatores culturais e sociais de-vem ser considerados. A sensação dolorosa é acompanha-da de reações cognitivas e emocionais, podendo explicar o comportamento do indivíduo” (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Os fatores que favorecem a ocorrência dos DORT são múltiplos, constituindo um conjunto complexo, isolados ou agrupados, mas interligados, que exercem seu efeito simultaneamente na gênese da doença, tendo como sintomas, a dor localizada, irradiada ou generalizada, desconforto, fadiga e sensação de peso, formigamento,

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parestesia, sensação de diminuição de força, edema e enrijecimento articular. E, apesar de inicialmente apre-sentarem-se de forma insidiosa, predominando mais no término, em momentos de picos da produção e aliviarem com o repouso, com o decorrer do tempo podem tornar- se frequentes durante o trabalho, inclusive incidindo nas atividades extra laborativas do trabalhador ( LEITE; SILVA; MERIGHI,2007. FILHO; MICHELS; SELL, 2006).

Diagnóstico

No diagnóstico, prevenção e tratamento das LER/DORT pelas equipes de profissionais do sistema de saúde, tem-se adotado recentemente a perspectiva da multideter-minação desses distúrbios, ou seja, de que são afecções multifatoriais cuja abordagem exige investigação das dimensões biomecânicas, cognitivas, sensoriais e afetivas da atividade de trabalho. O Ministério da Saúde orienta para a constituição de uma equipe multidisciplinar, dentro dos serviços especializados, baseada nesta abor-dagem multifatorial, para investigação do diagnóstico, prevenção e tratamento. O diagnóstico das LER/DORT é essencialmente baseado no histórico ocupacional e no exame clínico e físico dos pacientes. Se possível, considera-se importante realizar também uma análise ergonômica do trabalho realizado pelo indivíduo que apresenta os sintomas (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Os métodos de imagem, em associação com a história ocupacional, exame clínico e testes de função pulmonar, são ferramentas muito importantes na avaliação das doenças respiratórias ambientais e ocupacionais. Além de desempenharem papel fundamental na detecção des-sas doenças, são de extrema valia na quantificação dos agravos e no monitoramento da progressão de eventuais alterações respiratórias (MEIRELES; KAVAKMA; RODRI-GUES, 2006).

O crescimento das Lesões por Esforços Repetitivos (LER) tem obrigado – quer pela freqüência com que têm sido diagnosticadas, quer pela ausência de preconceitos em relação a categorias profissionais as quais atinge – trabalhadores e empresários, órgãos governamentais das áreas da saúde, do trabalho e da previdência social, universidades, cada um a seu modo, a lidar com esse problema (SATO, 2001).

Tratamento

O tratamento ideal é considerado como resultante da colaboração de diversos profissionais (psicólogos, terapeutas, ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, acupunturistas, assistentes sociais, médicos e ergono-mistas), ou seja, de uma equipe multidisciplinar, que deve responsabilizar-se pela avaliação de cada um dos casos atendidos e pela definição de um procedimento terapêutico individualizado correspondente. Esta equipe deve orientar e informar o paciente acerca de sua con-dição e contexto, visando uma participação ativa deste no processo de recuperação; propiciar emancipação e

autonomia do paciente em relação ao tratamento ade-quado a sua sintomatologia; discutir as repercussões das LER/DORT no seu cotidiano familiar e social; possibilitar a ressignificação da doença, seus determinantes e suas conseqüências, diminuindo a ansiedade, angústia e depressão do cotidiano; aumentar gradativamente a ca-pacidade laboral e possibilitar o seu retorno ao trabalho. As atividades a serem desenvolvidas e que englobariam esses objetivos, incluem a terapia corporal, fisioterapia, acupuntura, grupos de informação e aconselhamento, grupos terapêuticos, tratamento medicamentoso, etc (FILHO; JÚNIOR, 2004).

Existe um maior número de tratamentos realizados nos casos que referem impotência funcional, e entre os pro-fissionais que se submetem ao tratamento a fisioterapia aparece em número maior que o esperado para os casos com impotência funcional. Isso pode indicar que a fisio-terapia é um tratamento muito procurado, entretanto não resolve o problema, pois as condições do ambiente de trabalho permanecem inalteradas (FILHO; MICHELS; SELL, 2006).

A ginástica laboral é o exercício físico orientado e prati-cado durante o horario do expediente visando benefícios pessoais no trabalho, que tem por objetivo minimizar os impactos negativos oriundos do sedentarismo na vida e na saúde do trabalhador (CARVALHO, 2003; MARTINS; BARRETO, 2007). Consiste na execução de exercícios de aquecimento musculoesquelético, que tem por finalidade preparar o organismo para o trabalho físico, atuando de forma preventiva e terapêutica, sem levar o trabalhador ao cansaço excessivo (DELBIN; MORAES, 2005; MARTINS; BARRETO, 2007).

Prevenção

A saúde do trabalhador, no pensamento clássico da medicina ocupacional, era entendida como relacionada apenas ao ambiente físico, na medida em que o traba-lhador está em contato com agentes químicos, físicos e biológicos que lhe causem acidentes e enfermidades. Ganhou novo enfoque, a partir da década de 80, no contexto da transição democrática, e em sintonia com o que ocorreu no mundo ocidental. Esse novo enfoque expressou-se nas discussões da VIII Conferência Nacional de Saúde, na realização da I Conferência Nacional de Saúde dos Trabalhadores, e foi decisivo para a mudança estabelecida na nova Constituição Federal de 1988 (OLI-VEIRA; MUROFUSE, 2001).

O objeto da saúde do trabalhador pode ser definido como o processo saúde e doença dos grupos humanos, em sua relação com o trabalho. Trabalho entendido enquanto espaço de dominação e submissão do trabalhador pelo ca-pital, mas, igualmente, de resistência, de constituições e do fazer histórico dos trabalhadores, que buscam o controle sobre as condições e os ambientes de trabalho, para torná-los mais saudáveis, num processo lento, contraditório, desigual no conjunto da classe trabalhadora, dependente de sua inserção no processo produtivo e do contexto sócio-

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político de uma determinada sociedade. Nesse sentido, a saúde do trabalhador aparece enquanto uma prática social instituíste e instituída dentro de um determinado modo de produção (OLIVEIRA; MUROFUSE, 2001).

Considerando-se que os acidentes de trabalhos podem ocorrer de maneira abrupta ou insidiosa, em decorrên-cia do exercício profissional e do modo de viver destes trabalhadores, faz-se necessária atenção de todos os en-volvidos nas relações de trabalho, quer empregados, quer empregadores (SECCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).

As organizações de saúde, particularmente as institui-ções hospitalares brasileiras, vêm adotando, a partir dos anos de 1990, as “novidades” incorporadas inicialmente pelas indústrias e sistema financeiro, tais como a intro-dução de inovações tecnológicas e novos modelos de gestão, visando à melhoria da eficiência e produtividade das empresas (MUROFUSE; MARZIALE, 2005).

A prevenção das LER é um outro aspecto bastante importante e, em virtude da sua causalidade, não se tem dúvida de que é a organização do trabalho que deve ser modificada, especialmente quanto ao grau de controle do trabalhador sobre a tarefa, ou seja, deve-se modificar a relação trabalhador-trabalho e não diminuir-se a exposi-ção a fatores de risco. Ao se pensar em estratégias de pre-venção, impõe-se, nesse caso, a negociação, entre patrões e empregados, de outras formas de se trabalhar, pois entendemos que não há um desenho mais adequado que venha a substituir os hoje existentes e, nessa perspectiva, consideramos que a teoria da Escola Sociotécnica contém os princípios que norteiam essa prática (SATO, 2001).

Uma ação preventiva pode ser construída baseando-se numa abordagem de natureza ergonômica, organizacional ou psicossocial. No caso do ambiente de trabalho, quan-do se fala em prevenção, as empresas, em sua maioria, preferem trabalhar apenas com aspectos biomecânicos, pelas mudanças nos equipamentos e no mobiliário e de uma orientação para a correção de posturas, ignorando os aspectos ligados à organização do trabalho. Esta pos-tura pode contribuir para piorar ou não resolver o quadro clínico dos distúrbios, dependendo da configuração que se obtém dos outros fatores determinantes das LER/DORT no local de trabalho (FILHO; JÚNIOR, 2004).

A prevenção dos acidentes de trabalho e das doenças ocupacionais tem se restringido aos aspectos físicos de trabalho: condições ambientais, máquinas, substâncias tóxicas, etc. atualmente, está surgindo à preocupação com os aspectos emocionais envolvidos com o trabalho (DURAND, 2000).

Conclusão

As LER/DORT resultam da superutilização do sistema osteomuscular, instalando-se progressivamente no traba-lhador sujeito a fatores de risco técnico-organizacionais. Ao se compreender os mecanismos dessa multicausalida-de, percebe-se a necessidade da abordagem global para se prevenir as LER/DORT (BARBOSA; SANTOS; TREZZA, 2007).

Conhecida como a doença da modernidade, tem causa-

do inúmeros afastamentos do trabalho, cuja quase totali-dade evolui para incapacidade parcial e, em muitos casos, para a incapacidade permanente, com aposentadoria por invalidez (ROSA; et. al. 2008).

Conhecer os aspectos que determinam o aparecimento da doença relacionada ao trabalho é fundamental para os profissionais de saúde, pois somente a partir dessa compreensão será possível estabelecer medidas de pre-venção e entender por que um profissional pode sentir dor e não apresentar lesões. Apenas uma abordagem multiprofissional e sistêmica dos problemas da saúde, no trabalho, poderá minimizar eficaz e duradouramente o fenômeno LER/DORT (ROSA; et. al. 2008).

Contudo, é necessário que os trabalhadores de Enfer-magem redimensionem a sua vida profissional e apren-dam a mostrar aos seus clientes a importância benéfica de uma boa atuação, através da prestação de cuidados de enfermagem cientificamente embasados, ao lado de um profissional provedor desses cuidados, essencialmente hígido e em estado de bem-estar no seu ambiente laboral (SECCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).

Após a análise dos artigos que compuseram a amos-tra, conclui-se que a LER/DORT constitui-se, sobretudo, em um desafio aos conceitos tradicionais da medicina, porque estes trabalhos demonstram que são necessárias outras formas de visão para se apreender os nexos entre o processo de trabalho e saúde. Além disso, há a necessi-dade de um tratamento diferente do até então adotado, uma vez que apenas o enfoque no físico do indivíduo demonstrou-se ineficiente, pois o lado emocional tam-bém apresenta doença ocupacional.

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LER/DORT e os Riscos a Saúde do Trabalhador: Uma Revisão Bibliográfica

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O sedentarismo em trabalhadores do setor

produtivo de uma indústria de calçados na cidade de

Campina Grande-PB

Autores:FRAZAO, R S; DANTAS, D S; MOREIRA, C H; ASSIS, T O

Data de envio para Revista Fisiobrasil: 02/01/2009

Resumo

O avanço tecnológico, desde a revolução industrial, tem promovido mudanças radicais nos sistemas de produção, corroborando para o desenvolvimento das doenças crôni-cos degenerativas que vem se tornando um problema de saúde pública. A prática regular de atividade física apre-senta uma relação inversa com o risco de doenças crônico degenerativas e tem um efeito positivo na qualidade de vida e em outras variáveis patológicas. Partindo do pres-suposto que o sedentarismo é um fator muito prevalente no âmbito social, bem como um fator predisponente a deflagração de doenças crônico degenerativas, o objetivo

deste trabalho foi avaliar a ocorrência sedentarismo em trabalhadores do setor produtivo de uma indústria de cal-çados na cidade de Campina Grande – PB. Trata-se de um estudo observacional e descritivo, onde o instrumento utilizado para coleta de dados foi um questionário semi estruturado aplicado a 58 trabalhadores. Os resultados mostraram que o sedentarismo atinge cerca de 45% dos trabalhadores que participaram do estudo e dentre esses, a sintomatologia dolorosa, principalmente difusa (38%), é mais prevalente nos trabalhadores sedentários do que nos trabalhadores ativos fisicamente.

Palavras-chave: Promoção de Saúde; Sedentarismo; Saúde do Trabalhador.

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Introdução

Com a Revolução Industrial houve modificações no que se refere ao modo de produção, bem como nos hábitos de vida, onde o homem passou a ser substituído gradativa-mente pela máquina, adotando um estilo de vida cada vez mais sedentário, e com isso o surgimento de uma nova ca-tegoria de enfermidades: A doença crônico-degenerativa.

Analisando este contexto em trabalhadores, percebeu-se que as situações de risco presentes no ambiente de trabalho modificavam também o padrão de saúde da população em geral, visto que o grande contingente desta é constituído pela própria população de trabalhadores e ainda porque o processo de produção pode alterar as con-dições ambientais que influenciam a saúde de diversos grupos humanos. Os padrões de saúde, se tornam mais vulneráveis mediante a inatividade física (ROUQUAYROL, 1994).

Sabe-se que a prática regular de atividade física apresenta uma relação inversa com o risco de doenças crônico-degenerativas e tem um efeito positivo na quali-dade de vida e em outras variáveis patológicas (PINHEIRO et al., 2004).

Considerando-se que a mudança no estilo de vida da sociedade coloca a atividade física em evidência, fazendo-se um elemento essencial para melhoria da qualidade de vida, para Marchi (2004) o exercício corporal tornou-se uma exigência, tendo em vista o estilo de vida sedentário que a sociedade adotou como resultado da moderna tecnologia.

Ao passo que o exercício físico traz inúmeras contribui-ções para a saúde dos indivíduos, McCardle (2003) afirma que a inatividade, isoladamente, resulta em um conjunto de problemas e condições que, eventualmente, evoluem para a morte prematura.

A Inatividade física é um dos três pontos chaves dos fatores de risco relacionados ao estilo de vida, juntamente com o fumo e a dieta (MATSUDO et al., 2001).

Partindo do pressuposto de que o profissional de saúde deve atuar também na promoção de saúde e do embrica-mento entre inatividade física e saúde do trabalhador, e que a inatividade física somada a outros fatores inerentes a atividade laborativa podem influenciar o índice de morbidade na população estudada, repercutindo na sua qualidade de vida, tornou-se válido avaliar a ocorrência do sedentarismo no setor produtivo e relacioná-lo com o processo saúde doença desses trabalhadores.

Metodologia

O Estudo teve caráter observacional e descritivo. Ob-servacional pela não intervenção dos pesquisadores em relação ao fenômeno estudado, e descritivo pelo fato de ter como objetivo primordial a descrição das característi-cas de determinada população ou fenômeno (GIL, 2002).

A população constituiu de trabalhadores de uma in-dústria de calçados da cidade de Campina Grande – PB. A Indústria apresentava durante o período da coleta de

dados, que foi realizada no período compreendido entre Julho a Agosto de 2005, cerca de 4000 trabalhadores que eram alocados em um dos três turnos , de forma que se trabalhava oito horas diárias independente do turno que qual pertencia (matutino, 6:00 as14:00; vespertino 14:00 as 22:00; e noturno, 22:00 as 6:00). Partindo do princípio que os trabalhadores do turno da noite apresentarem uma alteração no ritmo biológico, esses grupos não foram convidados a participarem do estudo a fim de se evitar a geração de variáveis de confundimento que outrora poderiam alterar os resultados desse estudo.

A seleção da amostra ocorreu através do critério de acessibilidade, onde os trabalhadores dos turnos ma-tutino e vespertino foram convidados aleatoriamente a participarem do estudo. Os casos aceitos somaram 58 pessoas de ambos os gêneros. Assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para pesquisas com envolvendo seres humanos em cumprimento às exigên-cias do conselho nacional de saúde através da resolução 196/10 outubro/2006 (BRASIL, 1996).

Para coleta de dados o instrumento utilizado foi um questionário semi estruturado, adaptado do Questionário de Índice de Capacidade para o Trabalho (TUOMI et al., 1997), com perguntas objetivas relacionadas à prática de atividade física habitual, frequência com que tais atividades são praticadas e o nível de motivação a esta prática considerando sua história patológica pregressa e os aspectos de sua vida pessoal.

Os questionários foram aplicados por pesquisadores previamente treinados, e antes de responderem aos questionários os trabalhadores recebiam prévia explana-ção do objetivo da pesquisa.

A análise dos dados foi descrita através de gráficos, utilizando-se frequências absolutas para descrição dos fenômenos na amostra estudada.

Resultados e discusses

Com relação ao perfil social da amostra, verificou-se nesta pesquisa a predominância do gênero masculino (64%) dos trabalhadores, a maioria (53%) declarou-se casada; (45%) apresentaram ensino médio completo e a faixa etária dos participantes variou de 18 a 41 anos.

Dos entrevistados, 52 (90%) relataram que já tiveram alguma experiência com atividade física, porém apenas 32 (55%) da amostra total afirmam que praticam ativida-de física regularmente, enquanto que 26 (45%) relatam não praticarem, evidenciando o sedentarismo entre os trabalhadores.

Analisando-se esses dados, pode-se pensar que apesar da importância dada à atividade física, a razão da não ade-são à ela, esteja vinculada a questões sociais, conforme indica a OMS (2002): “A superpopulação, crimes, trânsito, poluição, tornam a atividade física uma escolha difícil para muitas pessoas”.

É certo que “nos últimos tempos, a tecnologia contri-buiu para a facilitação e comodidade do trabalho diário. Com isso, houve a redução gradual dos níveis cotidianos

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de atividade física, contribuindo assim para o sedenta-rismo” (SANTOS, 2004). Isto pode explicar o aumento do índice de sedentarismo entre os trabalhadores do setor produtivo.

Dentre os motivos que levam os trabalhadores a não praticarem atividade física, 17 (65%), dos 26 trabalhado-res sedentários, afirma não dispor de tempo suficiente para buscar uma atividade física, 2 (8%) não apresentam vontade alguma de praticar atividade física e 6 (23%) tra-balhadores não apresentam disposição para a prática de tais atividades. Ratifica-se, portanto a falta de motivação dentre aqueles que são sedentários, o que também pode interferir no processo saúde-doença ao qual ele está inserido. Verifica-se inclusive que 6 (23%) trabalhadores não apresentam disposição para a prática de tais ativida-des. Sobre este aspecto, McARDLE (2003) alerta que “a vida sedentária produz perdas na capacidade funcional pelo menos tão significativas quanto os efeitos do enve-lhecimento”. Neste sentido, pode-se notar inclusive um paradoxo. O avanço tecnológico contribui, integralmente para melhoria na qualidade de vida da população? O que poderia gerar mais comodidade acaba por tornar-se a causa de um circulo vicioso que gera o comodismo, levan-do o sedentarismo à condição de fator de risco primário, ou causal, de muitas doenças Crônicas não-transmissíveis (DCNTs).

Por outro lado, dentre os trabalhadores não-sedentá-rios, evidencia-se que 22 (69%) dos 32 fisicamente ativos, praticam atividade física porque conhecem os benefícios que esta prática oferece, enquanto que, 10 (31%) traba-lhadores o fazem porque simplesmente gostam de prati-car. Com isso, observa-se dentre os indivíduos que aderem a este estado dinâmico, não apenas a conscientização da sua importância para a saúde, mas principalmente à capa-cidade que a própria atividade física desperta em realizar tarefas com vigor. É a aptidão física relacionada à saúde (AFRS), tão bem explicitada por Glaner (2002).

No tocante a sintomatologia dolorosa, pode observar que entre os fisicamente ativos, 12 (38%) não referiram dor, 6 (19%) referiram dor na parte superior das costas e região do pescoço, 3 (9%) na parte inferior, 8 (25%) traba-lhadores referem dores musculares que afetam braços e pernas e 3 (9%) trabalhadores referiram dores difusas em várias áreas do corpo.

Entretanto no grupo composto pelos sedentários, ocorre uma inversão desses percentuais. 10 (38%) apre-sentaram dores difusas em diversas regiões do corpo; observou-se também que 7 (27%) trabalhadores relata-ram dores apenas na parte superior das costas e região do pescoço; Percebe-se que 5 (19%) deles apresentam dores musculares que afetam braços e pernas; apenas 2 (8%) não referiram dores.

Conforme DeJours (2000) o sedentarismo e a rigidez das posturas provocam uma hipertonia cujas consequências sobre os músculos, aponeuroses e as articulações estão ligadas à fadiga e à geração de processos dolorosos que favorecem o surgimento das chamadas doenças crônicas não-transmissíveis.

Conclusão

Diante da análise do sedentarismo de trabalhadores no setor produtivo, pode-se constatar que, apesar de a maioria dos entrevistados praticarem atividade física, um percentual significante dos trabalhadores (45%) são seden-tários e entre esses, percebe-se maior referência à dor de caráter difuso e persistente, enquanto que nos colaborado-res “fisicamente ativos” percebe-se um aumento do limiar a sensibilidade dolorosa.

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O sedentarismo em trabalhadores do setor produtivo de uma indústria de calçados na cidade de Campina Grande-PB

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Fisioterapia do TrabalhoNova especialidade em Prova de Titulação:

| MATÉRIA

A terceirização da economia, a automação, e a informati-zação promovem o deslocamento do perfil de mortalidade causada pelo trabalho. Há diminuição das doenças profis-sionais clássicas e valorização das doenças cardiovasculares (hipertensão arterial e doenças coronarianas), distúrbios mentais, estresse e câncer. Este processo social ocorreu em épocas diferentes no mundo, e no Brasil, foi decisivo para a mudança do enfoque estabelecido na nova Constituição Federal de 1988. Mais recentemente, a denominação “saú-de do trabalhador” aparece na Lei Orgânica de Saúde (Lei 8080/90) que conceitua e estabelece as competências do SUS (Sistema Único de Saúde) neste campo. Assim, no que diz respeito à Saúde do trabalhador no Brasil, apresentam-se as seguintes características:

• Epidemias de intoxicação e Distúrbios Osteomuscula-res Relacionados ao Trabalho (DORT);

• Crescente reflexão sobre o processo saúde x doença;

• Novas práticas sindicais de saúde (circulação de infor-mação e reformulação de CIPA).

Todos estes fatores contribuíram para que a Fisioterapia saísse do terceiro nível de prevenção (reabilitação), pas-sando para o segundo (tratamento das doenças) e mais recentemente para o primeiro (prevenção propriamente dita). Para tanto, o Fisioterapeuta deve dispor de todos os recursos necessários para a promoção da saúde. Isto permi-te identificar não apenas os fatores ligados à patologia e à fisiopatologia, mas também os que agravam ou provocam distúrbios ou lesões nos trabalhadores. Conforme o ex-posto, observa-se o crescimento das patologias em geral e principalmente as ligadas a atividades laborais e que são, em sua grande maioria, elegíveis para tratamento Fisiote-rapêutico, direta ou indiretamente. É mister, portanto, que o Fisioterapeuta ocupe seu lugar no que se refere à Saúde dos trabalhadores.

Por: Henrique Alves, Izalvina Oliveira e Wemerson Pedroni

Colaboraram: ABERGO, ABRAFIT, Adonis Kaizer, Allison Klein, Claudinei Chamorro Pelegrina Júnior, CTS Infor-mática, Ediléa P. Suethi, EMGSystem, Illanna Piovaneli, InfraRedMed, Luciana Barretto Lima, Márcio Marçal, Marcos Brioschi, Marcos Domaneschi, NRWORK, Rafael Petersen, Revista Proteção.

1968 - O CRP (Centro de Reabilitação Profissional) do Rio de Janeiro ganha o Prêmio Internacional de melhor Centro de Referência para reabilitação do trabalhador no mundo (Drs. Ismar Emanuel D’Oliveira Bastos; Vilma Costa Souza; Ione Moézia de Lima, Vera Stocler, Nadja Ferreira e Pedro Salles Filho);

Décadas de 80 e 90 - Existem atuações de Fisioterapeutas em São Paulo, Rio de Janeiro , Minas e Paraná: Wanderson Oliveira - Xerox; Luís Guilherme Barbosa - Petrobrás; Nivalda Marques do Nascimento - Petrobrás e IBM; Erimilson Rober-to Pereira - Polícia Civil do RJ; Henrique Alves - BB, Arqui-medes Augusto Penha - Votorantim Metais e Grupo Gerdau, Luis Ferreira Monteiro Neto - Programa de GL e AET - Alpina TermoPlastico S/A, Rosemeire Marangoni - Mercedes; Lucy Mara Baú - Telepar e Caixa Econômica Federal; Jacinta Ren-ner - Setor Calçadista - RS; Helenice G. Coury - Faber Castell.

Primeira publicação na área: “Estudo Descritivo da Postu-ra Sentada em Indivíduos Realizando Atividades Didáticas”, pela Fisioterapeuta Prof. Dra. Helenice Gil Cury, primeira Coordenadora do Programa de Mestrado e Doutorado em

Fisioterapia (Prevenção em Lesões Musculoesqueléticas e Ergonomia) UFSCAR - 1986;

1998 - Fundação da ANAFIT - Associação Nacional de Fisioterapia do Trabalho (Pres. Cláudia Nammour Rossi);

1999 - I ENAFIT - Encontro Nacional de Fisioterapeutas do Trabalho - SP, organizado pela ANAFIT.

2000 - I EFITERJ - Encontro de Fisioterapia do Trabalho do Estado do Rio de Janeiro (que deveria ser o II ENAFIT), Coordenado pelo Prof. Henrique Alves;

2000 - Primeira turma de Fisioterapia do Trabalho no IPA-RS; 2002 - I FISIOTRAB em Curitiba/PR - Congresso Brasileiro

de Fisioterapia do Trabalho; 2002 - Fundação da SOBRAFIT - Sociedade Brasileira de

Fisioterapia do Trabalho (Pres. Lucy Mara Baú, de 2002-2004 e Henrique Alves de 2004-2006)

2002 - Segunda turma de Fisioterapia do Trabalho no CBES-PR (sendo a primeira com aprovação pelo COFFITO - Portaria 34 de 10/01/2002), sob a coordenação da Profa. Lucy Mara Baú;

2003 - II FISIOTRAB em Curitiba/PR - Congresso Brasileiro

A História:

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O que faz o Fisioterapeuta do Trabalho?

de Fisioterapia do Trabalho; 2003 - Terceira turma de Fisioterapia do Trabalho no Cen-

tro Universitário Salesiano de Lins/SP, sob a coordenação do Prof. Eduardo Ferro dos Santos;

2003 - Resolução COFFITO n.º 259, de 18 de dezembro de 2003, com redação sugerida pela SOBRAFIT;

2004 - Congresso Internacional de Fisioterapia do Tra-balho (SOBRAFIT) e I CONFIT - Congresso Internacional de Fisioterapeutas do Trabalho (ANAFIT) durante o qual houve a proposta de unificação das entidades por parte do Prof. Henrique Alves, que lá esteve para este propósito, como presidente da SOBRAFIT;

2005 - I SENAFIT - Seminário Nacional de Fisioterapia do Trabalho, durante o PrevenSul, em Curitiba, onde foram tratados os parâmetros da unificação;

2005 - Parecer Consultivo do COFFITO reconhecendo o termo Ginástica Laboral como genérico da Cinesioterapia Laboral, garantindo assim o exercício do fisioterapeuta;

2006 - III FISIOTRAB, durante o PrevenSul, em Curitiba; 2006 - Criação da ABRAFIT - Associação Brasileira de Fisio-

terapia do Trabalho; 2006 - Participação da ABRAFIT no ABERGO - Curitiba-PR; 2006 - Participação da ABRAFIT no II Fórum Nacional de

Políticas Profissionais da Fisioterapia e da Terapia Ocupacio-nal - COFFITO-DF;

2007 - I Seminário de Fisioterapia do Trabalho da ABRAFIT - UNICAPITAL-SP;

2007 - Resolução CREFITO-2 Nº 22/2007 - Dispõe sobre a

interpretação do disposto no artigo 1º e incisos da Resolu-ção Coffito 259/2003;

2008 - IV FISIOTRAB reúne mais de 500 fisioterapeutas em Curitiba;

2008 - I Seminário Carioca de Fisioterapia do Trabalho da Interfisio reúne mais de 300 fisioterapeutas no Rio de Janeiro;

2008 - Resolução COFFITO 351 reconhece a especialidade em Fisioterapia do Trabalho;

2008 - Falecimento do nobre colega Dr. Erimilson Roberto Pereira;

2008 - Categoria Fisioterapia do Trabalho incluída no 2° Prêmio TOP FISIO - O Oscar da Fisioterapia Brasileira (Revista FisioBrasil) - A vencedora foi a Dra. Claudia Ollay, de SP, após desempate com a Dra. Luciana Barretto Lima, de SE (www.topfisio.com.br).

2009 - Ministro do Trabalho assinou a aprovação da des-crição do MTE - 2236-60. Este é o número de classificação da fisioterapia do trabalho na CBO;

2009 - II Seminário Carioca de Fisioterapia do Trabalho da Interfisio (RJ), em abril;

2009 - Formação de Grupos Regionais de Fisioterapeutas do Trabalho, com destaque para o grupo de Ribeirão Preto, que, sob coordenação dos colegas Drs Rafael Petersen, Daniela Balsadi, Fernanda Braga e Cássia Cavalcanti, já reali-zaram dois encontros, com a presença de representantes da ABRAFIT, os nobres colegas Drs Arquimedes Penha e Marcos Domaneschi (respectivamente diretor administrativo e vice-presidente);

Acorde Baú (2002), “Fisioterapia do trabalho é uma es-pecialidade da fisioterapia que atua na prevenção, resgate e manutenção da saúde do trabalhador, abordando os as-pectos da ergonomia, biomecânica, exercícios laborais, ou cinesioterapia laboral, ou fisioterapia laboral, ou ergote-rapia; e a recuperação de queixas ou desconfortos físicos, sob o enfoque multiprofissional e interdisciplinar, com o propósito de melhorar a qualidade de vida do trabalhado, evitando a manifestação de queixas musculoesqueléticas de origem ocupacional ou por atividades de vida diária, com consequente aumento do bem estar, desempenho e produtividade.”

Segundo Alves (2009), “É o profissional fisioterapeuta, reconhecido por seu conselho profissional, responsável pelo diagnóstico de alterações orgânicas musculoesque-léticas, viscerais, pneumo, dermato e neurofuncionais relacionadas ao trabalho. Cabe a ele evidenciar as causas físicas, psíquicas, cognitivas, organizacionais e viscerais oriundas de ambientes, sistemas de trabalho, métodos, tarefas e ocupações que desrespeitem as características psicofisiológicas de resposta, gerando assim adoecimento. Consecutivamente, deve recomendar medidas de controle de engenharia, administrativas e pessoais, além do trata-mento especializado, reinserção profissional e capacitação de pessoas com deficiência (PCDs) para o trabalho”.

Nas palavras do Dr. Alison Alfred Klein, presidente da As-

sociação Brasileira de Fisioterapia do Trabalho – ABRAFIT, “O fisioterapeuta do trabalho é aquele profissional que atua vinculado a empresas visando a saúde do trabalhador, é o profissional que resolve as questões de ergonomia, im-planta programa de ginástica laboral, assessora a empresa e os trabalhadores em questões judiciais de DORT, realiza pericias técnicas em ergonomia e DORT em tribunais, desenvolve programas de prevenção e qualidade de vida, além de atuar em ambulatórios e clinicas voltadas a saúde do trabalhador.”

Representatividade:Responde por esses profissio-

nais, segundo convênio firmado com o COFFITO, a ABRAFIT, que nos esclarece as perspectivas para o seu primeiro congresso:

Um processo de mais de cinco anos, tempo em que se consoli-dou a representação associativa da fisioterapia do trabalho brasileira. Neste evento, além da importante parceria com a ABERGO, que realizará seu fórum de certificação, teremos a inédita prova de títulos de Fisioterapeuta do Trabalho, quan-do enfim descortinaremos ao mercado o fisioterapeuta do trabalho, o profissional e toda a sua vasta área de atuação.

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Relação com a ABERGO:

Sobre o Exame de Titulação:

Presentes na Associação Brasileira de Ergonomia – ABERGO, e hospedando seu fórum de certificação em 2009, juntamente ao ABRAFIT 2009, fisioterapeutas do trabalho têm influenciado em muito as tendências do mercado de trabalho em ergonomia ocupacional no Brasil. No entanto, segundo a Resolução COFFITO 259/03, cabe a este profissional elaborar e assinar a Análise Ergonômica do Trabalho, sem necessidade de deliberação de qualquer outra entidade. Assim, algumas determinações do proces-so de certificação do ergonomista profissional brasileiro, definidas pela ABERGO, confrontam-se com o que é legal-

gonomistas. Estabelecida há quase meia década, a iniciativa tem a coordenação da Abergo como instituição e será uma das prioridades da equipe recém insta-lada. “O essencial para a manutenção e ampliação deste sistema de certificação, é a credibilidade que o mesmo venha a manter posteriormente”, reforça José Orlando. Segundo o ergonomista, a proposta de ação da Abergo foi construída em cima da pluralidade de sugestões da equipe diretiva, que reúne profissionais de todo país. “Procuramos reunir um

mais de 2 anos e possuem uma pós-graduação na área. Estes deverão se submeter a uma prova para conquistar o titulo. Ambos os casos tem mais peculiaridades, que devem ser esclarecidas no edital constante no site da entidade.

Existem basicamente duas situações: a primeira trata dos profissionais com mais de 5 anos de atuação na fisioterapia do trabalho, que devem encaminhar comprovação desta experiência e conquistar, por me-recimento, o titulo. A segunda trata daqueles que têm

Quais os critérios para obtenção do título de fisioterapeuta do trabalho?

mente permitido aos fisioterapeutas do trabalho. Resta à ABERGO a revisão do referido processo.

No entanto, o ar de cordialidade e a presença de fisiote-rapeutas como conselheiros de ambas as associações têm garantido sucesso nas futuras negociações.

Presença de destaque seja dada aos Drs. Márcio Marçal e Cláudia Mazzoni, que, através de convênio com a ABERGO, têm sediado palestras da mesma na FUMEC - Fundação Mineira de Educação e Cultura, onde se reúnem diversos fisioterapeutas mineiros, demonstrando um futuro pro-missor na parceria, com solução positiva dos impasses.

Inovação, construção e ação. Estas são as palavras de ordem da nova diretoria (gestão 2009-2011) da Abergo (Associação Brasileira de Ergonomia), empossada no dia 2 de fevereiro de 2009, ano em que a Ergonomia mundial completa 60 anos de criação oficial (12 de julho). Tendo o engenheiro de produção e ergonomista José Orlando Gomes como presidente, a entidade quer construir uma gestão mais coletiva, procurando dar continuidade a muitas das políticas iniciadas anteriormente, como o processo de cer-tificação dos ergonomistas e dos cursos de formação de er-

grupo eclético, vindo de diversos segmentos de trabalho, pois acreditamos que a Ergonomia está presente em todos os aspectos da sociedade”, afirma. Além de José Orlando, a “nova cara” da entidade reúne os prevencionistas Cláudia Mont’Alvão (RJ),Paulo Victor de Carvalho (RJ), Paulo Anto-nio Barros Oliveira (RS), José Carlos Plácido da Silva (SP), Lia Buarque Macedo Guimarães (RS), Márcio Alves Marçal (MG), Vilma Maria Villarouco Santos (PE), Francisco Soa-res Másculo (PB) e Maria do Rocio Marinho Bukzec (PR). A

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Grupos Regionais de Fisioterapeutas do Trabalho:

direção deseja ampliar a discussão em torno da Ergonomia, buscando dar maior visibilidade e valorização ao segmento no Brasil, além de propor um trabalho coletivo com insti-tuições, governo e sociedade. “A redução dos acidentes de

trabalho passa automaticamente pela atuação ergonômica. Por isso, precisamos garantir a formação destes profissio-nais, pois o lugar do ergonomista também é na elaboração de projetos preventivos”.

Como não poderia deixar de acontecer, em função do crescimento das necessidades prevencionistas das empresas, que acabaram demandando uma organização associativa voluntária, começaram a surgir grupos independentes de fisio-terapeutas do trabalho, que, embora seja desejo da ABRAFIT, em mesa redonda própria do evento de agosto, normatizar grupos regionais com delegados, acreditemos ser importante sua livre organização, embora desejável a filiação, a fim de que não exista vínculo nem aproveitamento político das regionais.

Destaque nesse sentido seja dado aos Drs. Rafael de Souza Petersen, Gustavo Bonugli, Daneila Balsadi, Cássia Cavalcanti e Fernanda Braga, que organizaram o primeiro (dia 27 de março de 2009) e o segundo (dia 4 de julho de 2009) encontros da Região de Ribeirão Preto (SP), com a presença de palestrantes ilustres, como as Dras. Sarah Tarcísia Rebelo Ferreira, Francine Leite, Roberta Carreira Moreira, Helenice Gil Coury, Michele Alem, Isabel Walsh, além dos representantes da ABRAFIT, Drs. Arquimedes Penha e Marcos Domaneschi.

Nova conquista a CBO:A estrutura básica da Classificação Brasileira de Ocupa-

ções (CBO) foi elaborada em 1977, resultado do convênio firmado entre o Brasil e a Organização das Nações Unidas - ONU, por intermédio da Organização Internacional do Tra-balho - OIT, no Projeto de Planejamento de Recursos Huma-nos (Projeto BRA/70/550), tendo como base a Classificação Internacional Uniforme de Ocupações - CIUO de 1968.

Coube a responsabilidade de elaboração e atualização da CBO ao MTE, com base legal nas Portarias nº 3.654, de 24.11.1977 e nº 1.334, de 21.12.1994. É referência obrigatória dos registros administrativos que informam os diversos programas da política de trabalho do País.

São atribuições do Fisioterapeuta do Trabalho, sob código de família ocupacional 2236-60(FB):

• Prestar consultoria• Avaliar condições ergonômicas• Avaliar qualidade de vida no trabalho• Estabelecer nexo de causa cinesiologica-funcional

ergonômica• Preparar programas de atividades físicas funcionais• Participar na elaboração de programas de qualidade

de vida• Adequar condições de trabalho às habilidades do

trabalhador

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• Adequar fluxo de trabalho• Adequar ambiente de trabalho• Adequar posto de trabalho• Promover melhora de performance morfofuncional• Aplicar ginástica laboral• Ensinar modo operatório laboral• Corrigir modo operatório laboral• Implementar cultura ergonômica• Emitir laudos de nexo de causa laboralAplicam técnicas fisioterapêuticas para prevenção,

readaptação e recuperação de pacientes e clientes. Atendem e avaliam as condições funcionais de pacientes e clientes utilizando protocolos e procedimentos específi-cos da fisioterapia e suas especialidades. Atuam na área de educação em saúde através de palestras, distribuição de materiais educativos e orientações para melhor qua-lidade de vida. Desenvolvem e implementam programas de prevenção em saúde geral e do trabalho. Gerenciam serviços de saúde orientando e supervisionando recursos humanos. Exercem atividades técnico-científicas através da realização de pesquisas, trabalhos específicos, organi-zação e participação em eventos científicos.

No diagnóstico: 1 Coletar dados dos clientes e pacien-tes (anamnese) 2 Solicitar exames complementares 3

Interpretar exames complementares 4 Estabelecer prog-nóstico 5 Prescrever terapêutica 6 Estabelecer nexo de causa cinesiológica funcional ergonômica 7 Estabelecer nexo de causa cinesiológica funcional energética 8 Esta-belecer nexo de causa cinesiológica funcional visceral 9 Estabelecer nexo de causa cardiológico e vascular 10 Esta-belecer nexo de causa traumo-ortopédico 11 Estabelecer nexo de causa respiratória 12 Estabelecer nexo de causa neuro-funcional 13 Estabelecer nexo de causa dermato-funcional 14 Estabelecer nexo de causa quiropráxico 15 Estabelecer nexo de causa osteopático 16 Estabelecer nexo de causa acupuntural 17 Encaminhar clientes e pa-cientes a outros profissionais

Nas intervenções: 1 Interpretar indicadores epidemio-lógicos e índices de acidentes e incidentes 2 Implementar ações de conscientização, correção e concepção 3 Analisar fluxo de trabalho 4 Prestar assessoria 5 Adequar condições de trabalho às habilidades do trabalhador 6 Adequar fluxo de trabalho 7 Adequar ambiente de trabalho 8 Adequar posto de trabalho 9 Programar pausas compensatórias 10 Organizar rodízios de tarefas 11 Promover melhora de performance morfofuncional 12 Reintegrar trabalhador ao trabalho 13 Aplicar ginástica laboral 14 Reavaliar estra-tégias de intervenção

Resolução COFFITO 80/87:Artigo 1º. É competência do FISIOTERAPEUTA, elaborar o

diagnóstico fisioterapêutico compreendido como avaliação físico-funcional (nunca clínica nem admissional - grifo nosso), sendo esta, um processo pelo qual, através de metodologias e técnicas fisioterapêuticas, são analisados e estudados os des-vios físico-funcionais intercorrentes, na sua estrutura e no seu funcionamento, com a finalidade de detectar e parametrar as alterações apresentadas, considerados os desvios dos graus de normalidade para os de anormalidade; prescrever, baseado no constatado na avaliação físico-funcional as técnicas pró-prias da Fisioterapia, qualificando-as e quantificando-as; dar ordenação ao processo terapêutico baseando-se nas técnicas fisioterapêuticas indicadas; induzir o processo terapêutico no paciente; dar altas nos serviços de Fisioterapia, utilizando o critério de reavaliações sucessivas que demonstrem não haver alterações que indiquem necessidade de continuidade destas práticas terapêuticas.

Resolução 259/03:Art. 1º - São atribuições do Fisioterapeuta que presta assis-

tência à saúde do trabalhador, independentemente do local em que atue:

I – Promover ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, preventivas a intercorrência de processos cinesio-patológicos;

II – Prescrever a prática de procedimentos cinesiológicos compensatórios as atividades laborais e do cotidiano, sempre que diagnosticar sua necessidade;

III – Identificar, avaliar e observar os fatores ambientais que

possam constituir risco à saúde funcional do trabalhador, em qualquer fase do processo produtivo, alertando a empresa sobre sua existência e possíveis conseqüências;

IV – Realizar a análise biomecânica da atividade produtiva do trabalhador, considerando as diferentes exigências das tarefas nos seus esforços estáticos e dinâmicos, avaliando os seguintes aspectos:

a) No Esforço Dinâmico - frequência, duração, amplitude e torque (força) exigido;

b) No Esforço Estático – postura exigida, estimativa de dura-ção da atividade específica e sua freqüência;

V – Realizar, interpretar e elaborar laudos de exames biofo-togramétricos, quando indicados para fins diagnósticos;

VI – Analisar e qualificar as demandas observadas através de estudos ergonômicos aplicados, para assegurar a melhor interação entre o trabalhador e a sua atividade, considerando a capacidade humana e suas limitações, fundamentado na observação das condições biomecânicas, fisiológicas e cine-siológicas funcionais;

VII – Elaborar relatório de análise ergonômica, estabelecer nexo causal para os distúrbios cinesiológicos funcionais e construir parecer técnico especializado em ergonomia;

Art. 2º - O Fisioterapeuta no âmbito da sua atividade pro-fissional está qualificado e habilitado para prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada;

Resolução 336/07: Dispõe sobre Especializações Profissionais da Fisioterapia e

sobre registros profissionais de Títulos de Especialidade:Considerando a necessidade de reconhecimento e registro

Legislação específica:

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Polêmicas da atuação em Ginástica Laboral:

para conferir efeitos legais a certificados, diplomas, títulos de especialidades profissionais e títulos acadêmicos outorgados a Fisioterapeutas;

...Artigo 8º - É vedada ao fisioterapeuta ou para as pessoas jurídicas por eles constituídas e assim registradas perante o Sistema COFFITO/CREFITO, a divulgação de possuírem ou exer-citarem especialidade ou área de atuação não reconhecida pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

Artigo 9º - O fisioterapeuta só pode declarar vinculação com especialidade profissional ou área de atuação quando for possuidor do título ou certificado a ele correspondente, emitido pela respectiva associação conveniada e devidamente registrado pelo Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.

...TÍTULO V - O REGISTRO DE TÍTULOS DE ESPECIALIDADE E DE CERTIFICADOS DE CONCLUSÃO DE CURSOS DE PÓS-GRADUAÇÃO

...Artigo 12º – Para efeitos cadastrais de estatística e regis-

tro profissional, certificados de conclusão de cursos de pós-graduação serão registrados pelo COFFITO com a classificação dos certificados de conclusão de pós-graduação outorgado por curso de doutorado, mestrado ou especialização realizado em ambientes de trabalho qualificados, credenciados por instituições de ensino superior, autorizadas pelo Ministério da Educação, que emita títulos, certificados ou diplomas em conformidade com o disposto na Lei 9.394, de 20 de dezembro de 1996.

Resolução 351/08:Dispõe sobre o Reconhecimento da Fisioterapia do Trabalho

como Especialidade do profissional Fisioterapeuta e dá outras providências.

Art. 1º - Reconhecer a Especialidade de Fisioterapia do Trabalho como própria do profissional Fisioterapeuta.

Art. 2º - São competências e habilidades desta especialida-de as já descritas na resolução 259, de 18 de dezembro de 2003.

Segue texto encaminhado pela então SOBRAFIT ao COFFI-TO, em 2004:

“Prezados Senhores,A/C Presidência do Conselho Federal de Fisioterapia e

Terapia OcupacionalConforme instrução por telefone, venho ao Conselho

Federal formalizar o profundo descontentamento com a tentativa de monopolização de mercado impingida pela resolução CONFEF 073/2004, que, embora seja dirigida a profissionais de educação física, tem gerado constrangimen-to a colegas fisioterapeutas em diversos Estados da União, representados ou não pela SOBRAFIT. A Resolução tem sido enviada a empresas diversas e até mesmo sendo impressa e entregue em setores de RH de empresas que possuem fisio-terapeutas executando programas de cinesioterapia laboral, popularmente conhecidos como “ginástica laboral”, a fim de manipular opiniões dos que desconhecem a legislação. O que ocorre é a demissão ou substituição do serviço por outro de educadores físicos.

Concordo que somos amparados pela Resolução 259 desse COFFITO, que em tempo recorde atendeu a nossas ex-pectativas, definindo a atuação do fisioterapeuta do traba-lho em cinesioterapia laboral, mas a Resolução do CONFEF é uma espécie de retaliação à 259 nossa, com o artifício de citar, agora sim, o termo Ginástica Laboral.

O referido termo não constava da então Resolução CON-FEF 046/2002, que a denominava “exercícios compensató-rios à atividade laboral”.

Aproveito para esclarecer que o termo ginástica tem sua definição científica manipulada por esses profissionais, que deixam de lado seu aspecto mais abrangente, no qual definem até mesmo as ginásticas fisioterápicas, conforme a seguir: (veja o sublinhado)

“A denominação Ginástica, inicialmente utilizada como referência à todo tipo de atividade física sistematizada,

cujos conteúdos variavam desde as atividades necessárias à sobrevivência, aos jogos, ao atletismo, às lutas, à preparação de soldados, adquiriu a partir de 1800 com o surgimento das escolas e movimentos ginásticos acima descritos, uma cono-tação mais ligada à prática do exercício físico. De acordo com Soares (1994: 64), a partir desta época, a Ginástica passou a desempenhar importantes funções na sociedade industrial, “apresentando-se como capaz de corrigir vícios posturais oriundos das atitudes adotadas no trabalho, demonstrando assim, as suas vinculações com a medicina e, desse modo, conquistando status.

Em Busca de um Conceito de Ginástica:Segundo o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa,

a palavra Ginástica vem do grego Gymnastiké e significa a “Arte ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade. O conjunto de exercícios corporais sistematizados, para este fim, realizados no solo ou com auxílio de apare-lhos e aplicados com objetivos educativos, competitivos, terapêuticos, etc.”. Na Encyclopedia Britannica, a Ginástica é definida como “a system of physical exercices practised either to promote physical development or a sport”. De acordo com a Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, a Ginástica é caracterizada como:

... “uma forma ou modalidade de educação física, isto é, uma maneira de formar fisicamente o corpo humano, sendo as restantes, além dela, os jogos e os desportos. A definição científica diz-nos que a ginástica é a exercitação metódica dos órgãos no seu conjunto (relacionada ao movimento e à atitude), por intermédio de exercícios corporais, de “forma” precisamente determinada e ordenados sistematicamente, de modo a solicitar não só todas as partes do corpo, como as grandes funções orgânicas vitais e sistemas anatômicos, nomeadamente: o respiratório, o cárdio-circulatório, o de nutrição (assimilação e desassimilação), o nervoso, os ór-

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gãos de secreção interna, etc. “ Os conceitos acima citados, entre outros, demonstram

uma visão limitada da Ginástica, onde o aspecto relativo à formação física é ressaltado em detrimento dos demais. De-vido à grande abrangência da Ginástica, o estabelecimento de um conceito único para ela, restringiria a compreensão deste imenso universo que a caracteriza como um dos con-teúdos da Educação Física. Esta modalidade no decorrer dos tempos tem sido direcionada para objetivos diversificados, ampliando cada vez mais as possibilidades de sua utilização, portanto, a fim de facilitar o seu entendimento, são apre-sentados a seguir 5 grandes grupos que englobam os seus principais campos de atuação.

Os Campos de Atuação da Ginástica:1. Ginásticas de Condicionamento Físico: englobam to-

das as modalidades que tem por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo normal e/ou do atleta.

2. Ginásticas de Competição: reúnem todas as modalida-des competitivas.

3. Ginásticas Fisioterápicas: responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou tratamento de doenças.

4. Ginásticas de Conscientização Corporal: reúnem as No-vas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por Técnicas alternativas ou Ginásticas Suaves (Souza, 1992), e que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 70, tendo como pioneira a Anti-Ginástica. A grande maioria destes trabalhos tiveram origem na busca da solução de problemas físicos e posturais.

5. Ginásticas de Demonstração: é representante deste grupo a Ginástica Geral, cuja principal característica é a não-competitividade, tendo como função principal a interação social, isto é, a formação integral do indivíduo nos seus aspectos: motor, cognitivo, afetivo e social”.

Portanto, fica esclarecido que o conceito tem sido mani-pulado, na intenção de reserva de mercado, gerando preju-

ízos a nossa classe profissional e, sobretudo ao trabalhador brasileiro.

Vejam ainda na Resolução CONFEF 46/2002 (http://www.confef.org.br/)

“Art. 1º - O Profissional de Educação Física é especialista em atividades físicas, nas suas diversas manifestações - gi-násticas, exercícios físicos, desportos, jogos, lutas, capoeira, artes marciais, danças, atividades rítmicas, expressivas e acrobáticas, musculação, lazer, recreação, reabilitação, ergonomia, relaxamento corporal, ioga, exercícios compen-satórios à atividade laboral e do cotidiano e outras práticas corporais -, tendo como propósito prestar serviços que favoreçam o desenvolvimento da educação e da saúde, contribuindo para a capacitação e/ou restabelecimento de níveis adequados de desempenho e condicionamento fisiocorporal dos seus beneficiários, visando à consecução do bem-estar e da qualidade de vida, da consciência, da ex-pressão e estética do movimento, da prevenção de doenças, de acidentes, de problemas posturais, da compensação de distúrbios funcionais, contribuindo ainda, para consecução da autonomia, da auto-estima, da cooperação, da solidarie-dade, da integração, da cidadania, das relações sociais e a preservação do meio ambiente, observados os preceitos de responsabilidade, segurança, qualidade técnica e ética no atendimento individual e coletivo.”

Além de criar celeuma quanto ao termo especialista, de-finição clássica de lato sensu, o artigo cita a reabilitação(!) e a ergonomia, disciplinas não constantes da grade curricular aprovada para aquela profissão, nem mesmo na CBO.

Portanto, esperando orientações desse estimado Conse-lho, aguardamos,

Presidente interino da Sociedade Brasileira de Fisioterapia do Trabalho

Atualmente, além de sermos a única categoria profis-sional com esta atribuição constante na CBO 2236-60 - FB, contamos com diversos Pareceres Normativos do COFFITO e de alguns CREFITOS.

Fisioterapia e a NR4:Muitos questio-

nam o motivo de fisioterapeutas não figurarem nos SES-MT das empresas, no entanto, um re-lato histórico deve ser feito: Em 1996, a CTPP, responsável

pela revisão e criação de Normas Regulamentadoras, convidou a classe para defender seus interesses junto à saúde do trabalhador. Àquela época, dois representantes defenderam a importância de fisioterapeutas realizarem diagnóstico CLÍNICO, o que foi interpretado como conflito de interesses junto a médicos do trabalho. A partir de 1998, a NR4 entrou em uma série de reformas, estando obscuro seu futuro e, obviamente a participação de fisio-terapeutas, até que sejam definidos os novos parâmetros

do SESMT. “Portanto, se queremos um dia figurar entre os membros do SESMT, precisamos nos capacitar e especiali-zar, preservando a cordialidade do diálogo com as classes profissionais presentes no atual SESMT, demonstrando nunca haver nem ter havido conflito de atuações. Fica o alerta importantíssimo aos que já figuram como agregados aos SESMTs, para que NUNCA chamem ou nomeiem seus diagnósticos fisioterapêuticos de “admissionais”, já que a NR7, em seu item 7.4.1 alínea a, atribui o nome “exames admissionais” a uma conduta exclusivamente médica, ficando a ele a decisão de considerar o trabalhador apto ou inapto ao exercício profissional, mesmo que para isso tenha solicitado informações complementares ao fisioterapeuta, para amparar sua decisão. Como membros de uma equipe prevencionista, não devemos nos sentir diminuídos por isso, mas colaboradores de um processo de decisão e proteção, numa atuação eticamente correta”, afirma Alves.

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Destaques:

No entanto, como forma de criar opinião pública em torno da necessidade de fisioterapeutas na NR4, temos a satisfação de comunicar que fisioterapeutas do trabalho, mais especificamente o Dr. Adonis Kaizer, teve seu artigo aprovado como único no Congresso mundial da Internatio-nal Ergonomics Association (IEA 2009), na China.

Parabenizamos o colega e sua patrocinadora, que atra-vés de convênio com a NR Work, possibilitou a viagem do

fisioterapeuta. A COCAMAR tem ao longo dos últimos 5 anos investido no Programa de Reabilitação Ocupacional, tanto no âmbito preventivo como corretivo, onde conseguiu comprovar que a atividade do Fisioterapeuta do Trabalho contribuiu para a redução em aproximadamente 30% do tempo de afastamento dos colaboradores por disfunções cinético-funcionais, e como consequência na redução gra-dativa na incidência de doenças profissionais.

São Paulo/SP - Foi realizado na manhã desta quarta-feira, 10, o encontro do juri do Prêmio Proteção Brasil 2009. A quinta edição da premiação, que também serve para disseminar a informação prevencionista, irá reconhecer o trabalho desenvolvido por empresas e profissionais em prol da Saúde e Segurança do Trabalhador, por meio da avaliação dos cases desenvolvidos. A reunião foi realizada no Bourbon São Paulo Business Hotel e teve a participação dos 15 ju-rados envolvidos na seleção dos cases: Armando Campos, Antônio Pereira, Antônio Tadeu da Costa, Cesar Ken Mori, Cosmo Palasio, Guglielmo Taralli, Henrique Alves, Jorge da Rocha Gomes, Jorge Coletto, Leonídio Franciso Ribeiro, Mário Fantazzini, Osny Camargo, Rene Mendes, Sebastião Ferreira da Silva e Wilson Silva.

- Fisioterapia do Trabalho vai para o IEA da China:

- Dois Fisioterapeutas entre os quinze jurados do Prêmio Proteção Brasil 2009:

Ferramental Complementar:

Diversas são as ferramentas utilizadas pelo fisioterapeuta do trabalho, desde máquinas fotográficas a dinamômetros, inclinô-metros, acelerômetros e softwares específicos para evidencia-

ELETROMIOGRAFIA é uma ferramenta de avaliação do sistema músculo-esquelético que permite verificar os potenciais elétricos gerados durante a ação muscular (Basmajian, De Luca; 1985).

Através destes dados são utilizados algoritmos mate-máticos que quando aplicados ao sinal eletromiográfico, podem identificar fadiga muscular, intensidade da atividade muscular, tempo de ativação muscular e re-crutamento muscular (Basmajian, De Luca; 1985, Farina, Merletti, 2000).

Assim aspectos relevantes no dia-a-dia de uma em-presa, como a repetição de movimentos que podem ser fontes de absenteísmo, devido à fadiga muscular podem ser calculados utilizando a eletromiografia (Flodgren et al., 2007). Outros dados podem ser analisados, como se um funcionário apresenta controle motor suficiente para realizar uma determinada tarefa ocupacional, pois

ção das ações musculares, movimentos, força, relatórios, etc.Técnicas avançadas, como a eletromiografia e a termografia

têm sido surpreendentes coadjuvantes.

se este indivíduo não possui o controle do movimento adequado para realizar uma tarefa motora específica e a realiza, a chance te desencadear uma disfunção ou então lesão aumenta significativamente (Richardson, Jull; 1995).

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Onde Estudar:

Diversas IES oferecem o curso de especialização em fisioterapia do trabalho, em diversos Estados, a saber:

No decorrer dos 9 anos de existência do curso, o CBES* já organizou 20 Simpósios Científicos para os graduandos em Fisioterapia do Trabalho, capacitou 572 fisioterapeutas oriundos de 16 Estados brasileiros (RN, PA, SE, BA, MG, ES, DF, RJ, AM, MT, MS, GO, SP, PR, SC e RS), e tem mais 237 em andamento.

Referências:BASMAJIAN, J.V.; DE LUCA, C.J.; Muscles Alive. First

edition. Baltimore: Williams and Wilkins, 1985.BAÚ, LUCY MARA SILVA. Fisioterapia do Trabalho. Curiti-

ba: Clã dos Silva, 2002. COFFITO – Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia

Ocupacional.FARINA, D.; MERLETTI, R. Comparison of algorithms for

estimation of EMG variables during voluntary isometric contractions. Journal of Electromyography and Kinesiolo-gy. n.10, 2000, p.337-349.

FLODGREN, G.; HEIDEN, M.; LYSKOV, E.; CRENSHAW, A.G. Characterization of laboratory model of computer

SOFTWARESFisiMetrix é um software específico para Fisioterapia,

que tem por objetivo facilitar o cotidiano do terapeuta disponibilizando a Avaliação Postural-Ortopédica através de imagens fotográficas, utilizando medidas e ângulos e auxiliando no acompanhamento fisioterapêutico do cliente.

O produto emite laudos de exames físicos (diagramas da dor, dermátomos, perimetria, amplitude de movi-mento....), dicas e orientações posturais, e permite que um CD-ROM ou DVD seja gravado (pelo próprio software na clínica onde está instalado), individualizado para cada cliente, com vídeos dos exercícios para o mesmo praticar em casa. CTS Informática.

IMAGEM INFRAVERMELHANovo método diagnóstico.Também conhecido por: Termografia, Teletermografia

ou Termometria cutâneaInfravermelho: luz invisível emitida pelo nosso corpoA radiação infravermelha emitida pelo nosso corpo é

simétrica entre os lados direito e esquerdo. A assimetria indica doença.O exame mensura diferenças de temperatura menor

que 0,1o C. Nossas mãos não conseguem diferenciar temperaturas menores que 2o C entre duas regiões.

mouse use – Applications for studying risk factors for musculoskeletal disorders. Applied Ergonomics. n.38, 2007, p.213-218.

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego;Richardson, C.; Jull, G. Muscle control – pain control.

What exercises would you prescribe? Manual Therapy. n. 1, 1995, p.2-10.

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Congresso movimenta esteticistas em Vitória

| COBERTURA

No mês de junho, entre os dias 19 a 21, aconteceu em Vitória – ES a 16° edição do Congresso Vidativa de Estética. O evento que ocorreu no Centro de Con-venções da capital contou com palestrantes vindos de todo o País.

O objetivo do evento foi trazer todas as novidades e o que há de mais modernos na área de estética. O evento que movimentou esteticistas de Vitória e ou-tras Cidades contou com uma novidade, a 1ª Jornada de Iniciação científica. Com o objetivo de incentivar e promover a atitude científica e acadêmica da área da estética.

Por Wemerson Pedroni

Nos stands espalhados no local do evento, foram apresentados novas técnicas e novos aparelhos que chegaram ao mercado. Os interessados terão acesso à todas informações desde evento através do site: www.vidativa.com.br.

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www.fisiobrasil.com.brAno 12 - Edição nº 96 - Agosto de 2009 49

FisioterapiaCursos

Fisiologia do Exercício - Prescrição do Exercício(Curso a Distância)

Ergonomia Fisioterapia CardiorrespiratóriaFisioterapia Dermato FuncionalFisiologia do Exercício – Prescrição do ExercícioFisioterapia Neuro FuncionalFisioterapia PediátricaFisioterapia Pneumo FuncionalFisioterapia Reabilitação Musculoesquelética e DesportivaFisioterapia Traumato Ortopédica Fisioterapia Integrada a Saúde da MulherFisioterapia ManipulativaMétodo Pilates - Prescrição do Exercício Físico e SaúdeNeurociênciasUroginecologia

Cursos de Extensão Universitária nas ÁreasDermato Funcional e Sáude da Mulher Gestão, Atendimento e Carreira ProfissionalPilates

Terapia Manipulativa Terapia AquáticaSaúde

C

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CM

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Page 50: Revista Fisioterapia Brasil

Sem título-1 23/7/2009, 16:121

Page 51: Revista Fisioterapia Brasil

| Eventos

| Cursos

Nuad I e II – Massagem trad. TailandesaData: de 01/08/2009 à 29/08/2009Site: www.inspirar.com.br

Conceito Maitland – Valéria Fiqueiredo CursosData: de 03/08/2009 à 09/08/2009Site: www.vfcursos.com.br

Curso de Disfunção temporomadibularData: 07/08/2009 à 21//11/2009Email: [email protected]

Pós-Graduação em GerontologiaData: de 08/08/2009 à 09/08/2009

Introdução a Terapia CranioSacralData: de 08/08/2009 à 09/08/2009Site: www.upledgerbrasil.com

Fisiot. Dermato-Fincional (Corp. e Fascial)Data: de 13/08/2009 à 16/08/2009Site: www.cearafisio.com

Fisiot. Manipulativa Clínica com ênfase em OsData: de 14/08/2009 à 16/08/2009Site: www.neoeventos.com.br

Pós-Graduação em Terapêuticas RelacionaisData: de 14/08/2009 à 15/08/2009Site: www.neoeventos.com.br

Correção Postural sobre a Bola Suíça-FlorianópolisData: de 14/08/2009 à 15/08/2009Site: www.inspirar.com.br

Imagiologia Músculo-Esquelética - Edição 2009Data: de 15/08/2009 à 16/08/2009Site: www.inspirar.com.br

Auiculoterapia Aplicada a EtéticaData: 15/08/2009 à 16/08/2009Site: www.inspirar.com.br

Curso de formação em dorData: de 15/08/2009 à 23/09/2010Site: www.centrodeestudosdador.com.br

Intr. à Terapia CranioSacral – ManausData: 18/08/2009 à 19/08/2009 Site: www.upledgerbrasil.com

II Congresso da SULBRAFITO Data: de 20/8/2009 à 20/08/2009

Jornada Mineira de Fisioterapia em Saúde da MulherData: de 21/08/2009 à 22/08/2009.Site: www.phisaeventos.com.br

Expo Proteção 2009Data: de 26/08/2009 à 28/08/2009Site: www.protecaoeventos.com.br

11th internacional Conference in MDTData: de 28/08/2009 à 30/08/2009Site: www.mckenzie.org.br

IV Congresso Brasileiro de Fisioterapia EsportivaData: de 29/10/2009 à 02/11/2009Site: www.vjs.com.br/sonafe2009

www.fisiobrasil.com.brAno 12 - Edição nº 96 - Agosto de 2009 51

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Conceito Maitland – Valéria Fiqueiredo CursosData: de 19/08/2009 à 25/08/2009Site: www.vfcursos.com.br

Pilates clínico-Valéria Fiqueiredo CursosData: 19/08/009 à 22/08/2009Site: www.vfcursos.com.br

Ventilação Não-Invasiva da Apnéia do SonoData: de 21/08/2009 à 23/08/2009Site: www.inspirar.com.br

Conceito Bad Ragaz – Valeria Fqueiredo CursosData: de 28/08/2009 à 30/08/2009Site: www.vfcursos.com.br

Conceito Halliwick – Valéria Fiqueiredo CursosData: de 30/08/2009 à 01/09/2009Site: www.vfcursos.com.br

Hidroterapia nas Algias – Valéria Figueiredo CursosData: de 01/09/2009 à 03/09/2009Site: www.vfcursos.com.br

Conceito McConnell – Valéria Figueiredo CursosData: de 03/09/2009 à 06/09/2009Site: www.vfcursos.com.br

Técnica Watsu – Valéria Fiqueiredo CursosData: de 04/09/2009 à 08/09/2009Site: www.vfcursos.com.br

Manipulação Visceral – BarralData: de 05/09/2009 à 08/09/2009Site: www.barralinstitute.com

Drenagem Linfática Método Vodder – Módulo BásicoData: de 16/09/2009 à 19/09/2009www.respirefundo.com.br

Mobilização Neural – Florianópolis – SCData: de 18/09/2009 à 20/09/2009www.inpirar.com.br

Pilates Clínico – Valéria Figueiredo CursosData: de 18/09/2009 à 21/09/2009Site: www.vfcursos.com.br

Pós – Graduação em Fisioterapia – Univer-sidade GamaData: de 19/09/2009 à 30/03/2011

Ginástica Laboral – Florianópolis/ SCData: de 19/09/2009 à 20/09/2009Site: www.inspirar.com.br

Ventilação mecânica de A e Z – Florianó-polis/ SCData: de 25/09/2009 à 27/09/2009Site: www.inspirar.com.br

ABC da Fisioterapia RespiratóriaData: de 26/09/2009 à 27/09/2009Site: www.respirefundo.com.br

Resistência Elástica Progressiva (REP)Data: de 26/09/2009 à 26/09/2009Site: www.movimentoesaude.com.br

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