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Revista Latino-Americana de História
Vol. 2, nº. 9 – Dezembro de 2013
© by PPGH-UNISINOS
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O “Tiro que saiu pela culatra”: Comportamentos e expectativas de escravos, libertos
e imigrantes europeus nas proximidades da abolição
(Charqueada do Paredão - Cachoeira / RS)
Renata Saldanha Oliveira
Júlio Ricardo Quevedo dos Santos
Resumo: O presente artigo é uma especulação metodológica sobre uma tentativa de
homicídio ocorrida no interior da Província do Rio Grande de São Pedro, situada após a
Lei do Ventre Livre e anterior a Lei Áurea, portanto, num momento que nos desafia a
pensar sobre os projetos de sociedade que se opunham. A vítima foi um jovem ex-cativo de
nome Alexandre que trabalhava na charqueada do Paredão – localizada na cidade de
Cachoeira, hoje Cachoeira do Sul. O acusado, o imigrante alemão Emilio, que negou o
crime até o último instante. As testemunhas favoreceram o júri pela impunidade do
acusado. Este é cenário onde se movem os protagonistas, os quais pensam, refletem,
lembram e esquecem, dando ordem do discurso escravista.
Palavras-chaves: escravidão. tentativa de homicídio. escravos libertos.
Abstract: This article is a methodological speculation about an assassination attempt
occurred within the Province of Rio Grande de São Pedro, located after the Free Womb
Law and before the Golden Law, therefore, at a time that challenges us to think about
projects of society opposed. The victim a young former slave named Alexander who
worked at the Breakwater charqueada – Current Cachoeira do Sul. The accused German
immigrant Emilio, who denied the crime until the last moment. The witnesses favored by
the jury of the accused impunity. This is the scene where the protagonists move and who
think, reflect, remember and forget, giving order of discourse slave.
Keywords: slavery. attempted murder. freed slaves.
Considerações Iniciais
Mestre em História pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professora da rede pública municipal de Dom Pedrito, RS. Doutor em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). Professor Associado do Departamento de História da UFSM.
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Ao lermos os fragmentos do passado procuramos reconstituí-lo para percebê-lo no
exato momento em que o evento se deu. Esse esforço de compreendê-lo nos faz estabelecer
conjeturas à luz de referenciais teórico-metodológicos e suas ferramentas à reconstrução do
passado histórico. Em agosto de 1887 ocorreu uma tentativa de homicídio na charqueada
do Paredão, nas proximidades do rio Jacuí, interior da Província do Rio Grande de São
Pedro. Vamos nos debruçar sobre esse fragmento do passado e buscar as probabilidades
possíveis para compreendê-lo. Na verdade, trata-se de “um tiro que saiu pela culatra”,
porque ninguém morreu e por incrível que pareça, a fonte histórica nos revela que foi um
tiro anônimo, sem autoria definida, apesar do nosso protagonista – o negro liberto
Alexandre – jurar perante as autoridades constituídas que o tiro foi disparado da arma do
alemão Emilio.
O tiro que sai pela culatra pode não atingir o seu fim imediato, mas pode desvelar
um complexo relacional que se circunscreve nos ditames das representações e dos
imaginários que se fazem dele. No caso, o evento está situado numa sociedade escravista
que vivia momentos decisivos, de profundas mudanças estruturais, devido ao processo
acelerado de emancipação escrava, seus conflitos e negociações, das lutas e conquistas dos
cativos. Se a culatra é a parte da pistola onde era colocado o cartucho com projétil, a parte
detrás da arma, o lado oposto do cano, está se afirmando que o tiro saiu por onde não
deveria sair. Esta foi uma forma metafórica que reside no pensamento popular para
explicar o oposto, onde vamos encontrar outras tantas possíveis explicações quantas se
fizerem necessárias. Nesse sentido, um tiro foi projetado e possibilitou a compreensão da
ordem social vigente àquela época.
Quando se produziu a dissertação de mestrado “Cativos Julgados: experiências
sociais escravas de autonomia, sobrevivência e liberdade em Cachoeira do Sul, na Segunda
Metade do século XIX”, no PPG em História da UFSM, em 2013, nos deparamos com
diversos processos crimes referentes aos ex-cativos em suas diferentes dimensões sociais.
A trajetória de alguns desses protagonistas era bastante curiosa e peculiar aos olhos atentos
do historiador, que busca nas minúcias compreender as formas, as maneiras como eles se
relacionavam com o entorno. Assim, o nosso objeto possibilitou a compreensão não só do
cotidiano dos cativos, mas também dos ex-cativos, seres humanos que haviam conquistado
a condição de liberdade no sistema escravista e as suas buscas de inserção na sociedade,
seus anseios, seus laços de solidariedade e conflitos com outros grupos sociais, entre eles
os imigrantes.
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O que buscamos aqui neste artigo é a compreensão de fragmentos do passado que
permitam a reconstrução de uma tentativa de homicídio praticada “possivelmente” por um
imigrante alemão contra um negro liberto, o qual ao longo do processo foi se corroborando
a banalização da vida de um ex-cativo, à medida que foi se tornando irrisório um provável
crime brutal contra a vida, já que havia a intenção de matar ou assustar Alexandre. Na
medida em que o inquérito se desenrola, torna-se perceptível, tanto nas falas da vítima, das
testemunhas, quanto na ação do judiciário a banalização da vida, cuja vítima é o liberto
Alexandre, revelando o quanto às relações sociais vigentes não eram nada banais, pelo
contrário, eram violentas e expressavam as estruturas escravistas daquele momento – 1887,
alguns meses após a promulgação da lei 3.270 de 1885, a Lei Saraiva-Cotejipe ou Lei dos
Sexagenários – numa constante luta entre escravidão e liberdade.
O nosso objeto – o crime do Paredão – está situado na vila de Cachoeira. As
origens dessa vila remontam a expansão portuguesa na Capitania de São Pedro, em meados
do século XVIII. Naquele período foi fundada a Capela de São Nicolau no Passo do
Fandango, no Cerro do Botucaraí, por açorianos e indígenas. Essa Capela passou a ser
Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Cachoeira em 1779 e no início do século
XIX já experimentava crescimento demográfico, comercial e urbano, sendo elevada a Vila
Nova de São João da Cachoeira, através do alvará Régio de D. João VI de 26 de abril de
1819. Finalmente em 1859, através da lei nº 443 de 15 de dezembro, Cachoeira foi
transformada em cidade, que tinha por base propriedades privadas pecuaristas extensivas e
o trabalho escravo. Concomitante a essa estrutura socioeconômica se interpunham no
interior do município as pequenas propriedades de trabalho livre e familiar, desde 1855,
quando foi fundada a Colônia Santo Ângelo com imigrantes europeus, particularmente
alemães, voltada às atividades comerciais. Na medida em que as famílias de colonos
passaram a produzir maior número de excedente, procuraram expandir suas propriedades
para além dos lotes coloniais (demarca dos pelo Império ou pela província) comprando
terras dos luso-brasileiros, favorecendo em mudanças na tradicional estrutura fundiária
extensiva para os minifúndios de agricultura. Assim, a sociedade cachoeirense convivia
com duas estruturas socioeconômicas: escravista e imigrante. O crescimento do município
era visível e em 1876 a sede passou a ser ligada à capital da Província de São Pedro, por
linha telegráfica e 1883 pelas malhas da rede férreas, através da estrada de ferro Porto
Alegre – Uruguaiana.
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Crime e castigo na Charqueada do Paredão
Agosto, mês do desgosto! Tudo aconteceu numa dessas noites frias de inverno nas
paragens de Cachoeira do Sul. Noite tão fria, quanto escura. Para vencer o vento minuano
que soprava, o negro Alexandre precisava de alguns goles de cachaça, para se aquecer,
acalentar a alma e fazer esquecer o trabalho árduo na charqueada, que apesar de ser um
trabalhador livre, contratado por jornada de trabalho, ainda sofria os maus tratos que o
lembravam os tempos de escravidão. Era só um pouco de cachaça para se aquecer e
esquecer, no entanto, por ironia do destino isso se tornou numa tentativa de homicídio
numa noite fria no interior na vila de Cachoeira do Sul, no final do século XIX.
Mas passemos ao crime, ou tentativa de homicídio. É intrigante pensar: quem
cometeu o crime? Quem era o criminoso? Quem foi criminalizado? Quem foi castigado?
Se é que houve punição.
Levei um tiro por querer beber? Eis o acontecimento. Alexandre, o “alforriado”, a
vítima e o imigrante alemão Emilio Stablitz, o réu, são os protagonistas desse
acontecimento:
No dia 14 de agosto de 1887, perto das 9 horas1 da noite, Alexandre contratado
para trabalhar na Charqueada do Paredão2, vai ao Hotel do imigrante alemão Emilio
Stablitz, para comprar cachaça, porém não obteve êxito para adquirir sua bebida, pois o
mesmo não quis vender. Logo após o fato, a vítima levou um tiro, crime que passamos a
considerar. O caso envolve o ex-cativo Alexandre vítima, “26 anos, solteiro, filho de pais
incógnitos, desta província, residente na charqueada Paredão, onde é contratado pelo Sr
João Jorge Claussen e carneador”. E o réu era o imigrante alemão Emilio Stablits, “filho
de August Stablits, 45 anos, casado, sabe ler e escrever, hoteleiro e negociante,
1 O artigo 87 do Código de Posturas de Cachoeira diz que: “o escravo que for encontrado na rua à noite,
depois do toque de recolher, sem mostrar que anda em serviço ou com autorização do senhor ou de pessoa
sob cujo poder estiver, será recolhido a cadeia, e no dia seguinte entregue a seu senhor". AHCS, Livro de
Lançamentos das Posturas Municipais da Vila Nova de São João de Cachoeira, 1829, CM/S/SE/RPL – 002.
2 A Charqueada do Paredão localizava-se no interior do Rio Grande de São Pedro, no município de
Cachoeira, durante meados da década de 70 dos oitocentos, cujo arrendatário da mesma chamava-se Jorge
Claussen. A pesquisadora Mírian Ritzel, chama a atenção para a localização do município, pois as margens
no rio Jacuí tornava-se uma importante via de escoamento do Charque até Rio Grande. Além disso,
segundo a pesquisadora “as pessoas que comercializavam o gado com os Campos de Cima da Serra e do
Norte do Estado até chegar em Pelotas que ficava no Sul, levavam cerca de 30 a 40 dias de viagem, se em
Cachoeira existia uma Charqueada, está ficava no meio do caminho”. Informações retiradas do DVD
produzido pela RBS produções em 2002 “O Continente de São Pedro”, episódio sobre “As Charqueadas”.
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nacionalidade brasileiro adaptado, natural do Império da Alemanha, residente na
charqueada do Paredão neste termo, há cinco anos3”.
O caso que reconstruímos é marcado por inúmeras informações que demonstram
como alguns cativos que receberam as cartas de alforria condicionadas,4 viviam no interior
da Charqueada do Paredão5. “Da senzala aos pequenos ranchos, do feitor ao capaz, do
chicote a arma de fogo, do escravo ladrão ao homem branco honesto e trabalhador”, são
algumas das características que podemos identificar ao longo do processo. A vigilância
sobre os forros era visível, como podemos verificar nos depoimentos, como o do réu
Emilio “que é costume ouvir tiros, principalmente nas noites em que seguem aos dias de
pagamentos”, e nos testemunhos que afirmam terem ouvido tiros, o que ocorria com certa
freqüência: não sendo casual.
Testemunha Bernardino Antonio da Costa, 48 anos, casado, jornaleiro, natural
desta província, residente neste termo. Disse que em a noite em que se deu o
fato, achando-se ele testemunha em sua casa, já deitado, e conversando com sua
mulher, ouviu dois tiros, disparados, em seu costume de sempre de ouvi-lo
dispara-se armas, por aquelas circunvizinhanças, nem houvera importância ligou
aos tiros que acabava de ouvir.
Ao recuperarem-se os fragmentos do inquérito percebe-se que, apesar da
“liberdade” conquistada com as alforrias, ainda mantinham-se os laços da escravidão,
conservados pela sociedade que marginalizava os “ex-cativos”. O “controle” servia para
manter os trabalhadores obedientes, desempenhando as suas tarefas e mantendo a ordem
social. O caso gerou algumas inquietações e questionamentos: por que Emilio não quis
vender cachaça? Teria sido a embriaguez que motivou o crime? Quem teria dado o tiro, já
que ocorreu a noite e havia pouca visibilidade? Como Alexandre teria certeza de que o réu
teria cometido tal ato? Teriam outros motivos para incriminar Emilio?
3 APERS, Processo cível e crime, N. 3308, M 15, E 56, A. 1887. Citações referentes ao caso serão utilizadas
ao longo deste item. 4 Conforme Corsetti (1983, p.58), os produtores de charque procuraram solucionar o problema de mão de
obra libertando antecipadamente os escravos, em 1884. Todavia, a adoção da “cláusula de prestação de
serviços” garantia, ao senhor, a disponibilidade do trabalhador, de modo a poder utilizá-lo, segundo suas
necessidades efetivas, transferindo, porém, os gastos de manutenção para o próprio liberto, agora
denominado “contratado”. 5 Em nossa pesquisa no AHRS foram identificadas 58 cartas de liberdade condicionais a partir de 1884. As
condições para receber estas cartas estavam em trabalhar por um determinado tempo, como verificamos: “a
carta foi concedida com a condição de o escravo, avaliado [...] prestar os seus serviços a mim, ou a meus
herdeiros, ou a quem eu determinar pelo prazo [...], a contar desta data”. Quarenta e sete das cartas
estipulavam contratos de cinco anos e onze determinavam trabalhos por sete anos, eram “ex-cativos”, cujos
ofícios na sua maioria eram de “serventes, campeiros, carneadores”, trabalhadores de relevo, pois
provavelmente foi realizado um elevado investimento em adquiri-los ou treiná-los, bem como inseriam-se
em ocupações importantes dentro da Charqueada.
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Antes de tentarmos responder estas questões passamos a apresentar algumas partes
do processo. Algumas evidências são importantes para dialogar com as inquietações
dispostas acima, bem como visualizar como era o cotidiano de alguns “ex-cativos”, as
condições que estavam atreladas aos mesmos, como eram tratados dentro de um
estabelecimento símbolo da escravidão na Província do Rio Grande de São Pedro, a
charqueada.
Ao prestar esclarecimento sobre o ocorrido, a vítima, Alexandre, disse que:
Chegando ontem a janela do Hotel, neste estabelecimento das nove para as dez
horas da noite, bateu na mesma janela a fim do dono do mesmo Hotel abrir-lhe a
porta para vender cachaça, e depois retirou-se por não lhe terem aberto a porta,
que voltou a casa de Bernardino, que é em frente, com uma caneca na mão, para
lhe dar a cachaça e quando voltou viu dois vultos encostados no canto do hotel,
que um atirou-se pela frente, ficando o outro parado e que este lhe deu o primeiro
tiro, não acertando, dando logo segundo tiro que o acertou, e ele respondente
gritou nessa ocasião que estava baleado, respondendo-lhe Emilio, não grites que
te acabo de matar. [grifos dos autores]
No depoimento percebe-se algo de contraditório: Alexandre identifica duas pessoas.
Quem seriam elas, e por que a vítima acusou apenas o imigrante alemão? Durante o
processo, nenhum outro indivíduo foi indiciado, a culpa foi mantida até o final na figura de
Emilio. Emílio, ao dizer: “não grites que te acabo de matar”, segundo Alexandre,
comprovaria sua autoria no crime. Os cativos e ex-cativos tinham uma ampla interpretação
da sociedade branca e escravista, divergente daquela dos seus senhores. Nessas complexas
“Visões de Liberdade” como alerta CHALHOUB (2011), é possível inserir o pensamento
de Alexandre, onde estava implícito um projeto de sociedade livre, com direitos e
dignidade aos cativos e ex-cativos. Portanto, não havia somente um significado para
liberdade no período em análise.
A partir de então, foi instaurado o inquérito policial e foram inquiridas as
testemunhas e informantes, eis os personagens que ganham voz no inquérito: contratados,
imigrante, jornaleiros, capataz, administrador da Charqueada, pessoas ligadas a vítima e ao
réu. Todos dão voz ao passado e traziam às claras as suas lembranças do ocorrido,
transformando as memórias em História. Apesar de não terem presenciado o fato, tornam-
se sujeitos importantes para tentar esclarecer os acontecimentos. Interessante que, no
decorrer da leitura do inquérito, percebe-se que não havia testemunha real do acontecido,
já que a investigação baseou-se nas informações relatadas pela vítima para aqueles sujeitos
que o socorreram enquanto ferido, através dos detalhes de como o ex-cativo narrou o
crime. É nas fendas dos indícios percebidos nas entrelinhas que se pode verificar
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“veracidade” ou demonstrar “contradições”. O que sobressai do âmago dos depoimentos é
o tratamento à conduta do réu e da vítima, numa espetacular inversão de valores, já que
gradativamente o réu vai sendo inocentado e a vítima criminalizada. Passamos aos
depoimentos.
Informante: João crioulo, 40 anos, solteiro, desta província, residente no
estabelecimento do Paredão, deixou de prestar o juramento por ser contratado6:
Onde estava quando se deu os tiros, que resultou o ferimento do preto Alexandre,
respondeu que estava recolhido em sua casa, ontem à noite, isso porque ouviu
como uma voz que desconheceu, chamando por Manoel Pedreiro, e abrindo a
porta reconheceu ser o preto Alexandre, que lhe disse que morria, perguntado a
causa, ele lhe disse que por estar baleado e que depois ele testemunha conduziu o
ferido pela mão para a casa do companheiro do dito ferido, de nome Lisbão, e
que ali verificou que com efeito ele estava ferido. Perguntado se ao conduzi-lo
não declarou quem o tinha ferido, e de que lado haviam partido os tiros? Respondeu que ele lhe disse que fora ferido partindo do começo dos arredores,
quando ele se dirigia para casa, mas que não dissera quem o tivesse atirado.
Perguntado se Alexandre era acostumado de fazer furtos, e que por isso tenha
alguma indisposição contra si? Respondeu que costuma fazer furtos mais que
não tem desafetos. [grifos dos autores]
Dando continuidade aos depoimentos, foi então chamado o companheiro de
Alexandre, Lisbão, 50 anos, solteiro, da costa da África, residente na charqueada do
Paredão, trabalhador:
Perguntado se sabe quem feriu Alexandre, seu companheiro? Respondeu que não
sabe. Perguntado a que horas seu companheiro foi dar em seu quarto e ferido?
Respondeu que nove horas da noite de ontem, que foi levado por João Crioulo, e que ele respondente vindo dar parte ao enfermeiro, de frente a venda de Emilio,
dispararão contra ele um tiro e que a bala passou-lhe por muito perto. Perguntado
se o tiro partiu de dentro de casa ou se da rua? Respondeu que estando a noite
muito escura ele não pode saber de onde partiu, donde ele testemunha volta com
receio. [grifos dos autores]
Observa-se pelas informações dadas por João Crioulo, que a conduta de Alexandre
não era confiável, pois a vítima já havia praticado furtos. Assim, o fato desqualifica a
vítima, apontando sua possível conduta ilícita. Já no depoimento de Lisbão, confirma o
6 Conforme Daronco (2012, p. 147), “os cativos não podiam ser testemunhas oficiais nos processos, pois
as testemunhas deveriam ser pessoas de 'boa índole', assim, a voz do cativo parece não fazer frente aos
demais depoimentos em relação aos fatos”. O fato de não prestar o juramento, algo formal e presente na
grande maioria das demais testemunhas, nos parece que as informações dadas por João crioulo poderiam
ou não ter alguma relevância, pois ao não praticar o juramento este poderia não estar falando a “verdade
sobre os fatos”. A condição de “contratado” o deixava a margem da sociedade e da justiça.
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controle que existia sobre a mobilidade espacial dentro da Charqueada, principalmente
durante a noite, relatando que foi recebido a tiros quando necessitou de ajuda7.
Logo após, prestaram depoimentos os representantes administrativos da
Charqueada. Mariano José de Figueiró, 37 anos, capataz do estabelecimento, natural desta
província, e morador neste termo.
Disse que no dia seguinte ao que dera o fato objeto de denuncia, tendo ele
testemunha ido ao rancho onde mora o ofendido, por este fora-lhe dito ter sido na
véspera à noite ferido pelo Emilio Stablits, ocorrendo que na ocasião em que fora
baleado, vira mais um outro vulto a quem não procede reconhecer, o que
segundo a declaração que lhe firma o ofendido, o fato deu-se pela seguinte forma: tendo Alexandre na noite ido ao hotel de Emilio comprar cachaça, lá
chegando, bateu na porta sem que este quisesse abri-la, então voltando
Alexandre para seu rancho, lembrou-se que em casa de Bernardino tinha havido
um terço e para lá dirigiu-se e recebeu o tiro que partiu da direção da casa de
Bernardino e do Hotel. Perguntado sobre a conduta do ofendido e do
denunciado? Respondeu que a conduta do ofendido é má, pois sempre vive
fazendo furtos, e quanto a do denunciando, é boa. [grifos dos autores]
José Antonio Caldas, 52 anos, administrador da Charqueada, natural do Reino de
Portugal, residente no primeiro distrito de Cachoeira:
Soube do fato por lhe terem vindo comunicar achar-se o negro Alexandre ferido,
ordenando ele testemunha que fossem-no levar para o hospital. Perguntado quais
condutas e precedentes do ofendido e do denunciado? Respondeu que quanto ao
ofendido sabe ter maus precedentes e quanto ao denunciado sabe que é um
homem pacífico e de boa conduta. Respondeu que é verdade que o ofendido lhe
disse que o acusado lhe disparara os dois tiros e que ele ofendido o tinha
conhecido pela vós, mas que ele testemunha não acredita do que disse o
ofendido, por ser muito mentiroso. Respondeu que presume não ter sido o
denunciado presente o autor do ferimento perpetrado no ofendido, pela nenhuma
confiança que dele merece a declaração do mesmo ofendido. [grifos dos autores]
A partir dos testemunhos, verifica-se que ambos desqualificam a vítima, o que era
recorrente, apontando seus maus hábitos. O negro Alexandre é apresentado como um
sujeito com “maus precedentes”, portanto, com pouca ou nenhuma confiabilidade. Em
contrapartida, o réu é caracterizado como um sujeito com boas qualidades, insinuando que
não seria capaz de cometer tal crime. O depoimento de Caldas, um cidadão do Império
7 Encontramos na lista de cartas de liberdade os cativos Alexandre, solteiro; preto; 21; campeiro; Sr. João
Jorge Claussen; dt. conc. 23-08-84; dt. reg. 05-09-84 (Livro s/n, p. 16v), Libão solteiro; preto; Africano;
54; servente; Sr. João Jorge Claussen; dt. conc. 23-08-84; dt. reg. 05-09-84 (Livro s/n, p. 8v)., sobre João,
as informações são que tinha 29 anos, solteiro, pardo e campeiro, destacamos que a idade dita no
testemunho é de 40 anos, então salientamos que talvez não seja o mesmo sujeito relacionado a lista,
podendo ser contratado de outros senhores como no acima abordado. Assim, nota-se que, além dos 58
cativos arrolados nas listas de alforrias, outros sujeitos poderiam ter sido contratados para trabalhar na
Charqueada do Paredão, como os sujeitos citados no caso do homicídio do menor Felipe praticado por
Maximo.
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Brasileiro, foi imprescindível para o desfecho do caso: quem merecia castigo era a vítima e
não o réu, apresentado como “homem de boa conduta”.
Quando Emílio chega ao banco dos réus, devido ao provável crime de tentativa de
homicídio, o crime já está descaracterizado e a impunidade já é recorrente nas falas dos
depoentes. Passamos ao interrogatório do réu Emilio:
Perguntado se tem algum motivo particular a que atribua a denuncia? Respondeu
que tem: e é o de dever-lhe o ofendido quinze mil reis mais ou menos, e ele
acusado negou-lhe credito e o ofendido com o fim de exigir dinheiro dele
acusado, o desse as declarações de ser ele acusado quem desferira os tiros. Se
tinha fatos a alegar ou provar que justifiquem sua inocência? Respondeu que tem na noite em que se deu o fato objeto de denuncia ele acusado se achava em sua
casa recolhido a seu quarto, ouvindo disparar dois tiros com intervalo de alguns
minutos e mais tarde outro para o lado da Charqueada.
As informações do réu apresentam fatos novos e intrigantes – que provavelmente
alteraram os rumos do inquérito – indício importante: a vítima lhe devia dinheiro, o que
segundo ele, teria sido o motivo de não querer vender a cachaça a Alexandre. À dívida foi
acrescida outra informação relevante: o réu afirmava que estava recolhido em seus
aposentos e que também ouviu o tiro. Esses fatos novos nos induzem a pensar na
possibilidade que Alexandre motivar-se a acusar Emilio como forma de retaliação, pelo
fato do mesmo ter-lhe negado a venda do produto, assim acusando-lhe tamanho
“constrangimento” ao incriminá-lo no crime. Não podemos precisar quem disparou o tiro,
apenas algumas suposições podem ser levantadas: o réu poderia ter realmente atirado na
vítima, pensando que se tratava de um furto. Ou, um terceiro, responsável pela vigilância
da charqueada, poderia também ter ferido a vítima, com o objetivo de coibir o ir e vir
dentro do estabelecimento.
Nota-se que a defesa do réu baseou-se num “discurso racista8”, onde os
testemunhos foram fundamentais para a sua consistência, a dualidade do homem “cordial,
trabalhador, pai de família sendo caluniado pelo negro, ex-escravo, cujos maus hábitos
faziam parte do cotidiano”. Exemplificamos com a defesa do réu, através do advogado
Constantino Josephen:
8 Ver Schwarcz (1993), onde a autora procura demonstrar como se deu a construção das teorias racistas
européias no contexto histórico brasileiro, incluindo os anos finais da escravidão e pós-abolição,
dialogando com Silvio Romero e João Batista Lacerda que falavam sobre a mestiçagem brasileira e o
“branqueamento.” A existência de uma forte contradição entre uma visão de cunho determinista,
pessimista, que considerava a sociedade brasileira eternamente fadada ao “atraso” graças à presença de
“raças inferiores”, e uma visão positivista, progressista, que tentava enxergar alguma maneira de se fazer
a sociedade brasileira progredir, evoluir. SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças –
cientistas, instituições e questão racial no Brasil 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
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Pesam-se na balança da justiça atualmente dum lado as declarações
contraditórias do ladrão confesso e bêbado Alexandre, homem de maus
costumes, e do lado oposto o destino talvez de um homem laborioso, ordeiro e chefe de família Emilio Stablits, enfim merecerão mais fé as palavras do ex-
escravo, homem nascido no cativeiro e de maus instintos ou as do homem
nascido livre e de boa educação e bons precedentes?
Porém, apesar da defesa feita pelo advogado, “o juiz julgou procedente a denuncia
intentada pelo Promotor desta comarca contra o súbdito alemão Emilio Stablits, em face
do corpo de delito e depoimentos das testemunhas”. Acreditamos na possibilidade de que
as contradições expostas no caso e a falta de provas fizeram o juiz levar o julgamento
adiante. Mediante os fatos expostos, os jurados passam a analisar o caso, chegando a
conclusão que o réu Emilio “não havia atirado em Alexandre”, causando nele, apenas
ferimentos leves. Os jurados decidem pela banalização da vida, posto que torna irrisório o
provável crime brutal – tentativa de homicídio – praticado contra a vida do liberto
Alexandre em detrimento da acusação de Emilio.
A criminalidade no inquérito tomava um rumo preocupante: a banalização. Quase
que o negro Alexandre foi assassinado por motivos fúteis, como um gole de cachaça, uma
divida, um pequeno furto, uma desavença imprecisa do passado, no entanto, em momento
algum é feita referencia sobre a baixa renda desse trabalhador campeiro, que para
sobreviver em meio uma sociedade escravista e excludente teve de praticar alguns delitos
passiveis de punição. Além disso, não podemos esquecer que a maioria dos ex-escravos
vão se constituir nos “pobres” das cidades, o que está subentendido no ato, sem qualquer
referencia ao longo do inquérito. Na verdade, estamos lidando com um caso que reúne
também preconceito ao trabalho braçal, que sobrevive pelo que recebe pela jornada de
trabalho, sem terra e sem patrimônio financeiro em detrimento de um proprietário de
estabelecimento comercial que vendia, emprestava, enfim, possuía capital.
O foco do crime, a tentativa de homicídio, é neutralizado, despistado, desviado,
disseminado em questões que a justificariam como o costume da “fazer furtos e viver
disso”, consagrado nas falas de Mariano Figueiró e José Caldas, demonstrando, assim, a
intencionalidade de criminalizar a vítima e absolver o réu. O patrão da charqueada do
Paredão, Caldas, atentou com preconceito para a conduta da vítima, acenando para o que
ele considerava de “maus precedentes”. Retirado o foco da tentativa de homicídio,
justificava-se Alexandre perder a vida por questões banais, demonstrando o quanto o valor
da vida de um negro, alforriado, campeiro, era irrisória perante o alemão, livre, proprietário
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de um estabelecimento comercial, transparecendo no inquérito que esse tinha importância e
valor.
Em 29 de dezembro de 1887, de conformidade com a decisão do júri, o juiz absolve
o réu Emilio Stablits, e determina que a municipalidade pagasse as custas. A sentença
sacramentou a intencionalidade da sociedade escravista, qual seja, a criminalização do réu,
que era negro e inferiorizado diante dos jurados – cidadãos brancos, que o desqualificaram
ao longo do processo. Não se consumando o delito, não havia punição. Alguém desferiu o
tiro, o delito, mas ficou na impunidade.
O caso que ora analisamos nos mostrou que na região de Cachoeira, os imigrantes
europeus, durante a segunda metade do século XIX, não se isolaram socialmente e
espacialmente. Na Charqueada do Paredão, de propriedade do imigrante alemão João Jorge
Claussen, nos anos finais da escravidão, viviam 58 cativos. Naquele espaço, estes escravos
conviveram com outros imigrantes europeus e nacionais, apontando para um conjunto de
relações nada homogêneas nem pacíficas. Um espaço que deve ser percebido em seus
conflitos, trocas culturais, laços de amizade e solidariedade, os quais fizeram parte das
experiências cotidianas desses sujeitos. Outro aspecto importante que identificamos neste
caso foi a presença de um hotel na Charqueada, provavelmente utilizado para aqueles
negociantes que vinham a região vender seu gado ou comprar o charque.
Considerações Finais
Compreender o caso do ex-cativo Alexandre nos desafia a perceber as intrínsecas
relações sociais vigentes na Província do Rio Grande de São Pedro, nos últimos instantes
do sistema escravista e os seus desdobramentos ao final do século XIX. Os diferentes
exemplos de violências ocorridos na sociedade rio-grandense traduzem a manutenção, as
continuidades da ordem escravista em meio às rupturas daquele momento em que os
libertos lutavam para solidificar a sua condição de seres humanos livres, numa sociedade
de valores escravocratas. A pergunta é: quem foi castigado pelo crime? O negro liberto ou
o imigrante livre? Levando em conta que Emilio foi absolvido devido a má conduta de
Alexandre, compreende-se que este foi criminalizado. Ao final, o inusitado: Emilio sequer
disparou o tiro que feriu Alexandre. Esses acontecimentos revelam a face cruel e perversa
da ordem escravista, ou seja, para Emílio a garantia da impunidade, posto que, ele deixou
de cumprir uma pena em virtude do delito que se quer ocorreu, conforme autos do
processo.
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Ao longo de quatro meses e quinze dias, do ano de 1887, no entorno da charqueada
do Paredão, a vítima Alexandre viveu momentos de angústia, aflição, de desgaste, ao ver
que a sociedade escravista lhe imputava a autoria de um crime – que sequer foi cometido –
cujo castigo maior era ter sido escravo um dia. A vítima foi transformada em vilão.
Desqualificado como ladrão, mentiroso, inconfiável. No final daquele ano, enquanto a
comunidade de Cachoeira se preparava para comemorar a chegada de outro ano, o de 1888,
aquele que seria decisivo à emancipação escrava no país, quando as noites já não eram tão
frias e uma nova estação prenunciava a mudança, Alexandre viu frustradas as suas
tentativas de fazer justiça. Na verdade, o crime de Alexandre se insere em estigmas sociais
que faziam dos negros, concebido como ladrão, inconfiável, mentiroso, marginal, cujas
lógicas precipuamente residia em estereótipos de inferioridade, incapacidade, indolência,
tornando isso banal. Os depoentes incorporam em seus discursos de forma corriqueira,
costumeira os estigmas e estereótipos concernentes aos negros, típicos da sociedade
escravista sulina, revelando assim os preconceitos, as discriminações e os racismos.
Estudar esse fragmento do passado escravista rio-grandense nos permitiu compreender a
perversidade com que os libertos eram tratados num momento de intenso e tenso debate
sobre a emancipação escrava no país.
Mas afinal, porque o tiro saiu pela culatra? Por tratar-se de uma representação de
expressão popular a qual faz referencia de maneira irreverente a um objetivo ou objeto que
não foi atingido. Ora, se ele saiu pela culatra, foi projetado pelo lado errado! Nesta lógica,
ele pode acertar o inverso, o alvo anteriormente mirado. Isso significa que a previsão de
um acontecimento não aconteceu dentro do previsível, muito antes pelo contrário. No
nosso estudo de caso, literalmente, o possível tiro da arma de Emilio saiu pela culatra,
porque ele não atingiu o seu alvo: o negro Alexandre. Mas o tiro metafórico de Alexandre
também saiu pela culatra porque, se a sua intenção era criminalizar o seu algoz e credor o
alemão Emilio, para se safar da dívida, como parece atentar o depoimento de Emilio, ele se
deu mal ao não ver sua intenção efetivada e ser desqualificado perante as testemunhas.
Além disso, o tiro foi além da culatra, porque uma tentativa de homicídio trouxe às claras o
preconceito, a discriminação racial da sociedade escravista para com o negro, no caso, o
liberto Alexandre, como se a luta e a conquista da liberdade fosse mera concessão jurídica
e social, onde o mesmo devesse nutrir o sentimento de gratidão para com os seus ex-
proprietários, afinal Josephen, o porta-voz dessas concepções, alcunha Alexandre como
ladrão confesso e bêbado, “homem de maus costumes e do lado oposto o destino talvez de
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um homem laborioso, ordeiro e chefe de família Emilio Stablits, enfim merecerão mais fé
as palavras do ex-escravo” que corrompia com o seu caráter a ordem escravista.
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Charqueadas”, 2002.
Livro de Lançamentos das Posturas Municipais da Vila Nova de São João de Cachoeira,
1829, CM/S/SE/RPL – 002.
Recebido em 26 de Novembro de 2013.
Aprovado em 27 de Fevereiro de 2014.