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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil. 1 Série: Estudos Especiais No. 1; volume 1; ano 2008 DETERMINANTES MODERNOS DA INADIMPLÊNCIA NO BRASIL Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento. Rua Líbero Badaró, 425 – 28º andar CEP 01009-000 – São Paulo – SP Telefone: 55 – 11 – 3107-7177 FAX: 55 – 11 – 3106-6082 – www.acrefi.org.br

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

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Série: Estudos Especiais

No. 1; volume 1; ano 2008

DETERMINANTES MODERNOS DA INADIMPLÊNCIA NO BRASIL

Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento.

Rua Líbero Badaró, 425 – 28º andar CEP 01009-000 – São Paulo – SP

Telefone: 55 – 11 – 3107-7177 FAX: 55 – 11 – 3106-6082 – www.acrefi.org.br

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Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento. DIRETORIA Presidente: Adalberto Savioli Vice-Presidentes: Álvaro Augusto Vidigal; Aquiles Leonardo Diniz; Carlos Henrique Zanvettor; Érico Sodré Quirino Ferreira; José Arthur Lemos de Assunção; Luis Félix Cardamome Neto; Marco Ambrógio Crespi Bonomi; Odílio Figueiredo Neto; Paulo Eduardo d’Ávila Isola; e Wilson Masao Kuzuhara. Diretores Regionais: Antonio Roberto Beldi; Carlos Alberto Samogin; Elcio Antonio de Azevedo; Felicitas Renner; Pedro Costa Carvalho; Sergio Faria Lemos da Fonseca Júnior e Tiziana Dadalto. Diretores Executivos: Gildo Rodrigues de Almeida; Gunnar Murilo; José Renato Simão Borges; Morris Dayan; Sandro Alexandre de Almeida; Sergio Antonio Cippovicci; Sérgio Barbanti; Vanderlei Chu. Diretores Conselheiros: Leonel Dias de Andrade Neto; Marcelo Torresi; Marcio Ronconi de Oliveira; Marcus André Oliveira; Paulo Roberto Tabaquim; Paulo Sérgio Borsato; Roberto Bronzere; Rodrigo Bacelar Wuekert; Rubens Bution. Diretor Superintendente: Antonio Augusto de Almeida Leite Economista – Chefe: Istvan Karoly Kasznar Conselho Editorial: Adalberto Savioli; Istvan Karoly Kasznar; Antonio Augusto de Almeida Leite; e Sérgio Tamer. Coordenação Editorial: Tamer Comunicação Empresarial. Jornalista Responsável: Eliana Nigro (MTB 15.005)

As análises e opiniões emitidas neste estudo não refletem necessáriamente as posições da ACREFI e são de exclusiva responsabilidade do autor. A reprodução total ou parcial do conteúdo desta publicação é permitida, com tanto que se faça menção ao título da obra, ao autor e à entidade emitente. Para reprodução integral do texto, a publicação depende de autorização dada por escrito pela Superintendência da ACREFI.

Autor: Istvan Karoly Kasznar é PhD. em Business Administration pela Califórnia Coast University – CCU; Mestre em Economia pela Escola de Pós Graduação em Economia da FGV; Técnico em Administração de Empresas Públicas e Privadas pela EBAPE – FGV; Economista pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ; Especialista em Banking pela Universidade de Berkeley – Califórnia – USA. Professor Titular da Fundação Getúlio Vargas, na EBAPE – a melhor faculdade de Administração do Brasil, na conceituação do MEC em 2008. Economista – Chefe da ACREFI; CEO da Institutional Business Consultoria Internacional; Conselheiro do SECIF e do Instituto Dannemann – Siemsen de Propriedade Industrial. Membro – representante do Grupo de Estudos da Previdência, na FEBRABAN. Especialista em Macroeconomia; Banking; Estratégias e Controles Bancários Avançados. Professor – conferencista do IBMEC; da PUC – Pontifícia Universidade Católica; e da UERJ – Universidade do Estado do Rio de Janeiro ([email protected]). Telefone: 55 – 21 – 22637017.

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

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Antecedentes ............................................................................................................... 5 1) O objetivo do estudo .............................................................................................. 5 2) Definições de inadimplência, insolvência, concordata, bancarrota e falência .. 6 3) O mercado de crédito brasileiro ............................................................................ 7 4) A fatia do mercado de crédito insolvente ............................................................. 23 5) Crédito com foco na pessoa física e no segmento de veículos ............................. 32 6) Determinantes macroeconômicos da Inadimplência ........................................... 34 6.1) Elementos introdutórios .......................................................................... 34

6.2) Modelos macroeconômicos internacionais ............................................ 35 6.3) Um modelo comportamental e causal macroeconômico para o Brasil 38

7) Determinantes microeconômicos da Inadimplência ............................................ 40 8) Comparação da Inadimplência entre países ........................................................ 44 8.1 – A Inadimplência e a insolvência entre países ...................................... 44 8.2 – O comportamento oportunístico do devedor ....................................... 48 9) Perfil do inadimplente ............................................................................................ 49

9.1) A inadimplente brasileira pessoa física .................................................. 49 9.2) A inadimplente pessoa física no Canadá ................................................ 51

10) Possíveis medidas de recuperação de inadimplentes ......................................... 51 11) Possíveis políticas macro, para a negociação de créditos inadimplentes ......... 54 Conclusões estratégicas ............................................................................................. 55 Bibliografia .................................................................................................................. 55

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Agradecimentos

A presente pesquisa contou com o apoio da ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento, à qual agradecemos, na pessoa do Presidente Adalberto Savioli e do Diretor Superintendente Antonio Augusto de Almeida Leite.

Os ricos debates mantidos mensalmente nas reuniões do Conselhor Diretor, promovidos para o conhecimento compartilhado da situação do mercado de crédito consignado, da evolução dos créditos e das inadimplências com especial ênfase na área de veículos, fundamentam e estendem com vigor este agradecimento a todos os Vice-Presidentes, Secretários, Tesoureiros, Diretores Regionais, Diretores, Diretores Conselheiros, Membros do Conselho Fiscal, Membros Natos e membros do Conselho Editorial, da ACREFI.

Agradecemos ao Banco Central do Brasil, pela disponibilização dos dados, e pelo franqueamento de estatísticas e informações de modo crescente por meio de seu site, numa demonstração de esforço bem sucedido e exemplar de democratização de dados, análises e informações, que em seu efeito aumentam a transparência no sistema financeiro e econômico nacional, permitindo a melhoria da tomada de decisões sócio – empresariais e a otimização da alocação de recursos.

As ponderações e opiniões de Érico Sodré Quirino Ferreira, durante sua rica presidência na ACREFI, permeada de percepções mercadológicas e empresariais vinculadas ao crédito consignado, foram relevantes, na reflexão a que se é levado ao escrever estas linhas.

O debate rico, repetido e animado sobre o mercado, com José Arthur Lemos de Assunção, presidente do SECIF, e de sua equipe de assessores financeiros, entre os quais Aquiles Ferraz, com o conhecimento das nuances do mercado de crédito consignado, nos leva a dizer muito obrigado com satisfação.

Agradecemos os debates ricos e com verificação de sutilezas econômicas, mantido com o Professor Marcel Domingos Solimeu, do Instituto Gastão Vidigal e da Associação Comercial de São Paulo - ACSP.

Nossos agradecimentos se estendem à Fundação Getúlio Vargas, à EBAPE – Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas, a melhor Escola e Faculdade do Brasil segundo avaliação do MEC em 2008, onde este autor Coordena o Programa de Estudos dos Estados e Municípios e com a Professora e Doutora Fátima Bayma o NESPAS – Núcleo de Estudos da Saúde, da Previdência e da Assistência Social.

Na IBCI -Institutional Business Consultoria Internacional, empresa especializada em Finanças Corporativas Avançadas, Sistemas de Controle, financing e banking, com desenvolvimento de softwares preventivos de riscos operacionais e sistemas de inteligência que monitoram a saúde organizacional, agradecemos a contribuição de Rubens Gomes, sempre a postos para fazer os gráficos, tabulações e projeções; assim como de Eliane Tavares, cuja seriedade em verificar, controlar e auditar contas suplanta exigências de desempenho.

Istvan Kasznar.

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Antecedentes

O Brasil realiza efetivamente um significativo e estratégico esforço de retomada desenvolvimentista de sua economia de 2003 em diante.

Esse esforço necessita da concessão de crédito vigorosa e de um sistema financeiro forte, sadio. As relações entre desenvolvimento econômico e aumento da oferta responsável de crédito são evidentes e estão comprovadas no mundo.

E para que este esforço aconteça em regime permanente, deveras, bem seqüenciado, levando a estabilidade macroeconômica de longo prazo, é preciso prevenir e conhecer os problemas de inadimplência no mercado do crédito.

A rigor, numa sociedade normal, ninguém quer que aconteça o desastre do aumento das inadimplências e das falências. Elas destroem a economia, sucateiam o parque industrial, afetam o equilíbrio psico-emocional dos devedores e credores, prejudicam os acionistas das empresas envolvidas, e geram um sem fim de dores de cabeça, que freqüentemente vão parar na justiça e na mão de escritórios de advocacia, por anos a fio.

Deste modo, é preciso conhecer e dominar as causas que explicam as inadimplências, no nível macroeconômico e microeconômico, para conhecendo-as, evitar que aconteçam antes ou cresçam a ponto de darem grandes prejuízos à sociedade – trata-se da adoção de medidas prudenciais, preventivas e que muito se sujeitam à correta auto-regulação dos mercados, quando bem executada e implantada – e caso tenham ocorrido, minorar seus efeitos com acuidade, justiça e velocidade.

Este estudo tem como meta enveredar no terreno das inadimplências, para quantificá-las, entender suas razões de ser e como conseqüência, propor possíveis medidas de políticas monetárias, públicas a favor do consumidor e do sistema financeiro nacional. 1) O objetivo do estudo.

Correspondem a objetivos deste estudo, centrado na temática da inadimplência, entender e estender a pesquisa sobre o assunto, com vistas a: 1) Levantar dados estatísticos pertinentes ao mercado de crédito brasileiro em período recente, em especial para os anos 2000 / 2007, quando disponíveis e o volume das inadimplências; 2) Verificar o grau de inadimplência existente no mercado brasileiro, com atenção especial para o vigoroso e crescente mercado de crédito consignado; 3) Focalizar a existência de atrasados financeiros no segmento das financeiras, em particular na concessão de créditos para veículos; 4) Levantar dados estatísticos e internacionais sobre inadimplência, para verificar de forma comparada o que sucede com países no mundo, na questão de insolvências, inadimplências e falências; 5) Explicar e analisar fenômenos e fatores determinantes, explicativos das causas que geram a inadimplência, do ponto de vista macroeconômico e microeconômico, com o que existe de mais recente na literatura mundial e nacional sobre o assunto; 6) Interpretar o quadro situacional brasileiro no recente período dos anos 2004 / 2007 e a necessidade de adoção de medidas regulatórias, prudências e técnicas macro e microeconômicas, que como sugestões, possam prevenir problemas presentes e futuros de inadimplência; e

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7) Sugerir medidas possíveis, para valorizar e manter a alavancagem qualificada pela qual passa o setor de crédito consignado no Brasil, na perspectiva de setembro de 2008, mês de conclusão dos levantamentos e desta pesquisa. 2) Definições de inadimplência, insolvência, concordata, bancarrota e falência.

Não há uma definição única, consentânea, sobre inadimplência. Conforme a definição “oficial”, uma pessoa é considerada estar insolvente se é

incapaz de pagar as suas dívidas no valor, nas especificidades e quando elas vencem, o que implica em atrasos e constrangimentos de pagamento (em: Consumer Wiki).

A conceituação de inadimplência é fornecida por Alberto Borges Matias como “o volume das dívidas com 15 a 90 dias de atraso sobre o volume total de crédito”. A insolvência é diferente, porquanto entendida como “o volume de dívida com atraso acima de 90 dias em relação ao crédito total disponibilizado” (Financeiro; n. 53; ano 6).

As dívidas, logo posições passivas e sobre as quais corresponde um direito de cobrança por parte das financeiras e bancos, na ótica das pessoas físicas ou indivíduos, correspondem a valores contratados em cheque especial; crédito pessoal; financiamento de veículos, imóveis e eletrodomésticos; cartão de crédito e para a compra de bens variados.

Em relação às pessoas jurídicas, ou empresas, a inadimplência e a insolvência quando ocorrem se registram, sobretudo, com a assunção de dívidas destinadas à aquisição de bens, como veículos, imóveis e eletrodomésticos; operações de vendor; importações; hot

money; desconto de notas promissórias e duplicatas; conta garantida; financiamento ao capital de giro (FCG) e outras operações.

O Banco Central do Brasil define a Inadimplência como a que acontece quando se comprovam “atrasos superiores a noventa dias”, ao realizar análise sobre provisões e baixas contábeis líquidas no cenário internacional, com destaque para os Estados Unidos da América, país onde a quebra financeira das famílias entre 2007 e 2008, levou à crise do mercado subprime, com execução recorde de hipotecas, a maior da história dos EUA, após o craque da Bolsa de Nova Iorque em 1929 e sua conseqüente Grande Depressão dos anos 1930 (em: Relatório de Estabilidade Financeira; página 19;Maio 2008).

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3) O mercado de crédito brasileiro.

Existe uma relação direta e positiva entre crescimento e desenvolvimento econômico, e volume de oferta de crédito financeiro.

Ofertar crédito livre a taxas de juros nominais e reais baixas sustentadas por uma política monetária, fiscal e cambial disciplinada e macroeconomicamente estabilizadora, é fundamental para o adequado controle dos orçamentos públicos e domésticos e gerar a expansão ordenada do consumo e do investimento agregados.

Quando a dívida mobiliária interna pública é diminuta e a arrecadação pública de impostos suplanta ou iguala as despesas governamentais, a pressão pela demanda por dinheiro e crédito pelo Tesouro cai e isto permite que a juros mais baixos se possa ofertar mais crédito livre, para as famílias e a iniciativa privada.

Portanto, concorrem pelo crédito disponível os agentes econômicos privados e públicos. Ao sinal de déficits crescentes no setor público, a taxa de juros tende a subir o que encarece o custo dos empréstimos, logo do mercado de crédito. Enquanto as famílias revêem sua posição orçamentária, os governos tendem a aumentar sua disciplina fiscal ou, relaxados, mantem a demanda por crédito, confiantes na arrecadação futura de impostos e no aumento da carga fiscal.

À luz destes elementos e fatos, na perspectiva brasileira, pode-se perceber que o mercado de crédito é fortemente direcionado pelas demandas e situações orçamentárias do Estado, que mediante o giro da dívida pública atrai para si e força a vinda das poupanças. O crédito que sobra, livre, torna-se caro, com taxas de juros reais elevadas, que contraem a demanda por crédito. Resulta então uma proporção relativamente pequena de créditos livres ao setor privado / PIB e relativamente elevada de créditos direcionados mediante aplicação em títulos públicos / PIB.

Em 1997, ano no qual os benefícios da sólida disciplina monetária se faziam sentir sob os auspícios do Plano Real, a taxa de inflação medida pelo IGP-M da Fundação Getúlio Vargas registrou 7,74%, com tendência de baixa, para 1,78% em 1998. O Produto Interno Bruto a preços correntes (PIB) atingiu R$ 939 bilhões em 1997 e registrou sobre 1996 um crescimento real de 3,38%. Os empréstimos do sistema financeiro (ESF) segundo o Banco Central do Brasil registraram um saldo em fim de período (dezembro) de R$ 265,6 bilhões em 1997. E a dívida líquida do setor público (DLSP) em 1998 registrava o montante de R$ 388,7 bilhões.

Neste ambiente, em 1998 a relação ESF / PIB registrava um coeficiente de 28,32%, baixo para os padrões internacionais e revelador de o quão diminuído se encontrava o mercado de crédito brasileiro, após as décadas de 70 e 80, quando as taxas de inflação e a dívida pública disparam, inibindo o consumidor e suas compras a prazo (vide o quadro 1 e os gráficos 1 a 5 a seguir).

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Quadro 1: Evolução dada por indicadores: (ESF / PIB) – empréstimos do

sistema financeiro sobre o produto interno bruto; Saldo da Aquisição de Veículos / ESF; Inadimplência de Veículos / Saldo Total; Volume de Crédito Consignado / PIB; e (DLSP / PIB) – dívida líquida do setor público sobre o PIB.

ESF/PIB CONSIGNADO/ESF Aq. Veículos/ESF INADIMPLÊNCIA DE VEÍCULOS CONSIGNADO/PIB DLSP/PIBAno SALDO TOTAL1997 28,32 ND ND ND ND ND1998 28,70 ND ND ND ND 39,681999 26,95 ND ND ND ND 52,772000 27,06 ND ND ND ND 52,862001 25,50 ND ND ND ND 50,752002 25,60 ND ND ND ND 59,612003 24,61 ND ND ND ND 53,712004 25,74 0,0350 7,61 7,56 0,09 49,242005 28,27 0,0532 8,35 8,64 1,51 46,672006 31,40 0,0656 8,66 10,08 2,06 45,742007 36,59 0,0692 8,71 9,71 2,53 44,96

ND: Não DisponívelFonte de Cálculos: IBCI - Institutional Business Consultoria Internacional Ltda. A dívida pública, reduzida mediante artifícios que incluíram a desconsideração da

inflação na remuneração de títulos públicos em 1990, relacionada ao PIB em 1998, apresentava um coeficiente DLSP / PIB de 39,68%. Em vez de afirmar que fosse baixa e controlada, mais adequado seria entender que era relativamente baixa em função das medidas do Plano Collor do ano 1990, que seqüestrou por 18 meses significativa parte dos ativos financeiros do país. Contudo, no ano seguinte, em 1999 a DLSP pulava firmemente para R$ 516,5 bilhões, aumentando a relação DLSP / PIB para 52,77%, numa demonstração de que a autoridade monetária sugaria o dinheiro do mercado, elevando as taxas de juros para reafirmar sua vontade de combater a inflação, e financiaria a dívida e o déficit do setor público às custas da retração do mercado de crédito livre, privado e por conseguinte das famílias.

Neste ambiente dos anos 1999 / 2002 é bem patente que enquanto retoma o endividamento público na forma de emissões de títulos públicos em relação ao PIB, gerando um indicador DLSP / PIB de 52,86% no ano 2000 e com alta para 59,61% em 2002, cai o crédito livre de tal forma que a relação ESF / PIB de 1999, com 26,95%, cai para 25,6% em 2002.

O efeito substituição e a preferência do governo no período é revelador: aumentar a dívida pública para crescer, lastreada na emissão de títulos públicos, cujo montante substituiria a divida externa pública e permitiria maior controle sobre os agregados monetários, permitindo um mais eficaz combate endógeno à inflação doméstica. Por outro lado, a poupança forçada e dirigida à estabilização das contas públicas acarretaria a redução drástica da demanda por créditos privados e tornaria as taxas de crescimento pequenas, tímidas, entre 1% e 3%, como sucedeu efetivamente.

De 2003 em diante a disciplina fiscal e a política monetária se revelaram mais ortodoxas e firmes. O controle das contas públicas ganhou a ajuda da LRF – Lei de Responsabilidade Fiscal e a preocupação em ficar dentro de metas fiscais pré-estabelecidas confirmaram-se como política pública. As vantagens de tais medidas se fizeram sentir

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rapidamente, de tal forma que a relação DLSP / PIB caiu do recorde de 59,61% do ano 2002, para 44,96% em 2007, pari passu.

Em que pese a retomada da inflação em fins de 2007 e seu combate mediante a elevação das taxas de juros e controles monetários com aumento da base monetária, no período 2003 / 2007 configura-se nitidamente uma nova fase, de retomada e crescimento do volume de crédito concedido à livre iniciativa, no país.

Após uma queda acentuada, de 28,32% para 24,61%, de 1997 para 2003, este um ano “fundo do vale”, conforme mostra o quadro 1 e os gráficos 1 a 5, que seguem, a estabilidade macroeconômica e os bons fundamentos, conquistados com vigorosa tenacidade pelo Banco Central do Brasil e pelo Tesouro Nacional, permitiram uma inédita recuperação e retomada do crédito livre no Brasil.

Gráfico 1: Evolução de indicadores e relações de endividamento.

Evolução dos Índices de Endividamento e Inadimplência de Veículos

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INADIMPLÊNCIA DE VEÍCULOS

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Gráfico 2: A relação ESF / PIB, ou empréstimos do sistema financeiro sobre o

produto interno bruto.

ESF / PIB

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ESF/PIB

Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

Gráfico 3: A evolução da relação Crédito Consignado sobre empréstimos do

sistema financeiro (ESF).

CONSIGNADO/ESF

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2004 2005 2006 2007

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CONSIGNADO/ESF

Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

Gráfico 4: Evolução da relação crédito consignado sobre o PIB (produto

interno bruto).

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Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

Gráfico 5: Evolução entre DLSP e o PIB, ou dívida líquida do setor público e o

produto interno bruto.

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Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

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Isto é, este é um fenômeno recente. E ocorre em função da aliança entre as macromedidas estabilizadoras e a introdução de novos incentivos e regulamentações no mercado de crédito, especialmente a partir de 2005, que fortaleceram o crédito à pessoa física e democratizaram o crédito consignado.

Se antes de 2005 os descontos em folha abrangiam os funcionários públicos, desse ano em diante os funcionários do setor privado também passaram a ter acesso ao importante crédito consignado.

Deste modo, a expansão de crédito saltou de 24,61% em 2003, ano de combate a um IGP-M que mede a inflação brasileira com acuidade, de 25,2% em 2002, para a relação ESF / PIB de 36,59% no ano 2007.

Esta evolução configura para o Brasil e seu mercado de crédito, no segmento estudado do consignado, um desempenho marcante, vigoroso e auspicioso.

Contudo, ele não vem apenas com loros e sinais de ganhos. Neste meio expansivo de crédito, o risco falimentar e inadimplente das pessoas físicas e jurídicas aumentou.

Nem toda a comunidade estava habituada a tomar crédito e a orçar corretamente seus gastos. Como conseqüência, os índices de inadimplência mereceram e hão de receber mais atenção analítica, pois quanto mais crédito se concede; quanto maior é a relação ESF / PIB, maior é o risco de emprestar em excesso, mal e gerar problemas nos intermediários financeiros.

Conforme mostra o quadro 1, de 2004 para 2007, segundo nossos levantamentos, a taxa de inadimplência total no mercado de veículos, importante e representativo do mercado de crédito, que inclui os atrasados acima de 15 dias, alçou vôo de 7,56% em 2004, para 10,08% em 2006 e 9,71% em 2007.

Expandir o crédito pessoal e livre é necessário, saudável e alavanca o bem-estar da nação, contudo, possui seus limites e sutilezas, vinculadas à capacidade de pagamento dos devedores e à formação de sua renda para sustentar e quitar dívidas.

Os quadros, tabelas e gráficos que seguem visam reforçar esta análise e ilustrá-la, com atenção especial ao mercado de crédito consignado, ao segmento dos veículos e à inadimplência.

A inadimplência há de ser vigiada e acompanhada de perto, para que se evitem graus excessivos de endividamento, cujo desfecho final é a desgastante renegociação de dívidas, a retração do consumidor e do sistema de crédito e o clima de desconfiança em relação ao bom funcionamento das instituições.

A crise norte-americana de 2007 em diante, culminando na parada literal do mercado de crédito em setembro de 2008, em função dos abusos cometidos na expansão do crédito imobiliário, da geração de hipotecas podres subprime, evidencia que existe um limite para a oferta de créditos e quando ele é ultrapassado, põe em crise até mesmo o mais poderoso sistema econômico.

Antes que ocorram abusos no mercado de crédito brasileiro, satisfeito e mais desestressado de 2004 em diante, é importante que medidas de autoregulação do mercado se implantem, severas e disciplinadas, para evitarem-se inadimplementos e falências futuras, cujo desfecho aumenta custos e desgastes e pode pôr em risco o crescimento e o desenvolvimento de longo prazo.

O gráfico 6 a seguir elucida a evolução dos principais ativos sobre o PIB do Brasil. Mostra que o crédito ascendeu de R$ 392 bilhões em 2003, sob a definição de ativos

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bancários, para R$ 836,4 bilhões em 2007. Desta forma, a relação Ativo total / PIB, dada pela linha gráfica, é francamente ascensional e chegou ao índice de 79% em 2007.

Gráfico 6.

Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

As inadimplências apresentam comportamentos ligeiramente diferenciados, segundo a modalidade de crédito da pessoa física, que é analisada. Conforme o quadro a seguir, em sua totalidade a inadimplência da pessoa física caiu na análise trimestral, de 7,2% para 6,1% de junho 2006 para dezembro 2007, o que oferece conforto ao sistema no curto prazo. Contudo, a inadimplência no cheque especial tende a sinalizar alta, ao passar de 10,8% para 12,6% de junho 2006 para dezembro 2007. O crédito consignado, no qual o desconto da dívida é descontado em folha pelo banqueiro, seguiu saudável tendência descendente, de 3,2% para 2,8% em igual período. O financiamento de veículos salta levemente, de 4% para 4,2%. Merece consideração, posto que esta modalidade de crédito é importante, pela sua elevada participação relativa ao se aporem o saldo total na aquisição de veículos (STAV) sobre os empréstimos do sistema financeiro. A relação STAV / ESF saltou de 7,61% em dezembro de 2004, para 8,71% em dezembro de 2007 (vide o quadro Aquisição de Bens – Veículos – seção 4, A fatia do mercado insolvente).

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Gráfico 7. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

O número de contas correntes ativas e movimentadas, é um indicador adicional da

demonstração da evolução da dinâmica bancária e da intermediação financeira. Quanto maior é o número de contas, em princípio tanto mais numerosa é a população; mais pujante é a economia; e maior é a relação de integração entre agentes econômicos e um sistema financeiro.

A abertura de contas bancárias em princípio haveria de ser universal, aberta e disponível a todos os cidadãos, consideradas as limitantes dadas pela idade; o comportamento ético e com probidade no manuseio de recursos próprios e de terceiros; e saldos mínimos para movimentar as contas com racionalidade econômica.

O gráfico a seguir mostra um persistente crescimento no número de contas correntes movimentadas, o que dá consistência à continuidade do processo de democratização dos benefícios ofertados pelos serviços bancários e o mercado da intermediação financeira. Em 2007 o Brasil possuía 79,3 milhões de contas. Aproximadamente, na média 42% dos brasileiros tinham conta bancária.

Dispor de contas em número crescente é um indicador saudável, que contribui para afirmar que o processo de inserção dos cidadãos de renda menor nas atividades econômicas se reforçou nos anos 2003 / 2007.

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Gráfico 8. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

A evolução da inadimplência e da margem de cobertura das operações vencidas contribui para mostrar se o risco do crédito e do sistema tendem a crescer, diminuir ou manter-se em dado patamar. Observa-se mediante o gráfico a seguir, com dados do Banco Central do Brasil, de 2003 a 2007 a inadimplência privada e pública oscilando dentro de um corredor praticamente estável, de 3% (mínimo) a 4% (máximo).

Isto significa, pelas evidências, que a expansão em geral do crédito, aliada à retomada mais vigorosa do crescimento do PIB, em ambiente de combate e controle técnico da inflação, não implicou no período num aumento do risco sistêmico, que se manteve estável.

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Gráfico 9.

Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

Dadas as especificidades do crédito imobiliário, um dos maiores riscos assumidos

pelo sistema de intermediação financeira ocorre no mercado da construção civil e do financiamento imobiliário à pessoa física. O valor elevado do imóvel em relação aos proventos do comprador; o prazo longo para pagar e quitar as dívidas; a possibilidade de reversão conjuntural das condições do mercado e fatores complementares, explicam o risco elevado deste setor.

Conforme o gráfico a seguir, entre 2003 e 2005, a participação do crédito imobiliário sobre a carteira total de créditos diminui, voltando a retomar atividades de 2003 em diante.

A CEF – Caixa Econômica Federal, lidera este tipo de crédito e financia a casa própria das classes de renda mais baixas, num relevante papel sócio – econômico (gráfico 10).

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Gráfico 10. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

Do ponto de vista da distribuição dos ativos, definidos como direitos creditícios

bancários, é importante acompanhar as principais aplicações e sua participação no ativo total. Ativos sólidos, que possuem credibilidade, bem estruturados e de baixa volatilidade no rendimento, hão de ser maximizados nas carteiras. Todavia, esta meta é fácil de propor e difícil de fazer, posto que o mercado possui em geral liquidez elevada no mundo e baixo retorno para os ativos.

O risco de administração da carteira reside em comprar ativos e direitos creditórios que prometem altos rendimentos a futuro, que não se verificam com o passar do tempo.

Como pelas evidências disponíveis os bancos brasileiros não compraram subprimes, papeis com garantias hipotecárias nos EUA, ou ao menos não significativamente, que se saiba, os riscos dos papéis brasileiros são considerados moderados, assaz bons.

Desse modo, o risco de inadimplência da carteira perece ser bem baixo, o que fornece maior segurança ao sistema econômico e incentiva a expansão da oferta de crédito com responsabilidade e moderação.

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Gráfico 11. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

Sob o ponto de vista consolidado, então, considerando-se todas as operações de

crédito realizadas pelo sistema financeiro, para os semestres de junho e dezembro do ano 2007, verifica-se que segundo o tipo de classificação de grupo bancário, se I, II ou III, há concentrações percentuais por faixa de crédito. Isto é bem ilustrado pelo quadro que segue, intitulado Operações de crédito por faixa de valor. Vide o gráfico 11 a respeito.

Efetivamente, o grupo bancário I possui uma distribuição de carteira bastante equilibrada, distribuindo créditos aproximadamente à razão de 50% e 50% entre pessoa física e jurídica (junho 2007). O grupo bancário III, porém, especializa-se na pessoa física e nela concentra as operações de crédito, portanto aqui se encontra a maior probabilidade de inadimplência caso a população veja a taxa de desemprego aumentar. No grupo III, a pessoa física recebeu 82% das operações de crédito, praticamente, em face de 18% destinados à pessoa jurídica.

O grupo II, por sua vez, concentra-se na pessoa jurídica, que é seu negócio. Em dezembro de 2007, a proporção de crédito montava a 85,2% para empresas e 14,8% para indivíduos.

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No que diz respeito à concentração por faixas, da pessoa física, o grupo I atende, sobretudo com créditos até R$ 5000,00 – 15,7% das operações e de R$ 5000,00 a R$ 20000,00 – 14,3%. O grupo bancário III, fortemente focado na pessoa física, segue a mesma linha de concentração, e acrescente em sua política de liberação de crédito 16% de operações em faixa ainda mais alta, a de R$ 20.000,00 a R$ 50.000,00.

Quadro 2. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

Neste quadro econômico, de estabilização e maior segurança econômica nos anos

2003 / 2007, a retomada mais acentuada das atividades e a recuperação da taxa de emprego

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de 2005 em diante, injetaram pelo efeito renda – produto em alta, mais dinheiro e ânimo, confiança e credibilidade, no mercado.

O impacto, como seria de esperar, ocorreria também na definição e revisão dos prazos médios das operações de crédito.

Com inflação menor e cadente, os orçamentos familiares se tornam mais previsíveis e os casais se arriscam a aumentar seu coeficiente endividamento sobre renda pessoal disponível líquida (presente e futura). E o sistema bancário consegue na margem captar mais recursos de longo prazo, o que possibilita a extensão dos prazos.

Por conta da inflação crônica dos anos 70, 80 e 90, o brasileiro se viu sacrificado a pagar em prazos curtos significativa parte de suas dívidas e o mercado de crédito encurtou prazos.

Neste início de terceiro milênio, a estabilidade econômica e o combate à inflação bem sucedido permitem que se volte à concessão de prazos mais longos e dilatados, para o pagamento de dívidas comerciais e financeiras. Os bancos e as financeiras respondem com rapidez a este aumento de eficiência no sistema econômico e não se fazem de rogados: oferecem maiores prazos, que fazem parte das condições facilitadoras da política de concessão de crédito.

O efeito desta dilatação é evidente: aumenta a demanda por créditos na economia. Por outro lado, existem ao menos dois perigos, duas armadilhas, que o credor e o

devedor juntos, de preferência, deveriam analisar. Prazos mais longos implicam em crescente diminuição da capacidade de antevisão do que sucederá em longo prazo. E prazos mais generosos fazem com que produtos como carros, motos, tratores, aviões e imóveis se depreciem em proporção maior, no decurso do tempo. Logo, os riscos do crédito sobem e as garantias reais podem ter e assumir um valor irrisível, em comparação com as dívidas existentes.

Dosar, calibrar adequadamente estes paradoxos, do prazo longo atraente para negócios, com os riscos ascendentes é papel tanto de tomadores, quanto de credores. O erro, a falta de se dar limite específico a operações de crédito, por dilatação excessiva das operações, pode elevar os níveis de inadimplência.

E isto, naturalmente, é perigoso para as financeiras e os bancos. Então, o sistema há de saber se regular, aprendendo a avançar na questão dos prazos, mas com medidas prudenciais oportunas e atinentes ao assunto. O quadro 3, apresenta o Prazo médio das operações e evidencia a expansão das concessões acumuladas nos anos 2006 e 2007. Os prazos foram substanciosamente elevados, em geral. O crédito consignado em folha foi alongado de 38 para 50 meses, de junho 2006 para dezembro 2007. O financiamento de veículos saltou dos 36 meses, para 42. O crédito imobiliário dilatou-se com mais força ainda: de 153 para 215 meses. Portanto, é colhido no período analisado, com efeitos evidentes para os próximos anos, o benefício da estabilização macroeconômica prolongada. Manter esta tendência é fundamental, para assentar, enraizar com base firme, o mercado de crédito, maturando-o quanto a procedimentos operacionais e funcionais, o que gerará como efeito a extensão da linha de contrato de longo prazo da economia.

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Quadro 3. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

Como dados de fecho desta seção, apresentam-se os créditos atrasados, logo

inadimplentes e os provisionamentos sobre esses créditos, para um seleto grupo de países, o que permite uma comparação com o Brasil.

A amostra de países selecionados é composta por Argentina; Austrália; Chile; México; Espanha; Canadá; e África do Sul. Estes quadros são oriundos do banco Central do Brasil.

Mais adiante, na seção 8, será feita uma comparação adicional entre países sobre a inadimplência total, das pessoas físicas e um curto comentário sobre as pessoas jurídicas. Os dados que compõem esta seção advém do Banco Central do Brasil e do FMI – Fundo

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Monetário Internacional. Por isso, eles podem diferir ligeiramente, ante os que disporemos na seção 8, onde os dados são provenientes da OCDE. Os dados do quadro 4 a seguir mostram inequivocamente que com a exceção da Argentina, que teve anos com créditos atrasados acima dos dois dígitos, a fase 2002 / 2004 com atrasos acima de 10% sobre a carteira, o Brasil registra atrasados em volume elevado. Isto é, Austrália – 0,2% de atrasados, estável na relação entre 2004 / 2007; Chile com 0,8 em 2006 / 2007; México, perto dos 2,0% anuais; Espanha com 0,7% em 2006 e tendência descendente; Canadá – 0,4% em 2006 e diminuído nos atrasados; e África do Sul – com 1,1% de atrasados e persistente queda de cobranças do gênero, possuem riscos menores e que contrastam com a indesejável tendência de crescimento de atrasados, que ocorre no Brasil. As provisões mais altas são as da Espanha e a seguir as do Brasil. Contudo, os atrasados espanhóis não chegam a ¼ dos brasileiros. Isto posto, enquanto a Espanha possui um provisionamento robusto, o brasileiro, que enfrenta altas nos atrasados, parece perder força relativa e haveria de ser re-estudado, para um valor pelo menos 20% mais alto do que o registrado entre os anos 2003 / 2007. Isto é, por uma questão de prudência e precaução, valeria o esforço saltar do nível 174, para o nível 208, ou parecido, na relação atrasados / créditos em atraso (vide sugestões de política, seção 10). Quadro 4. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

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Quadro 5. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

4) A fatia do mercado de crédito insolvente.

O que importa é o crédito sadio, solvente, que se renova e cresce, para aumentar o consumo e o investimento agregados e como efeito cadeia o produto da nação.

Contudo, é de se esperar que exista uma margem de erro na concessão de créditos e uma parte dela não seja paga, representando os atrasados, a inadimplência e podendo levar em casos extremos à falência dos tomadores.

Pelos efeitos nefastos da inadimplência e da falência, que afasta os agentes econômicos do mercado, retrai a demanda, estigmatiza o endividado na sociedade e efeitos afins, é preciso disciplinar e orientar o mercado, o consumidor e os intermediários financeiros, para que se evite e, sobretudo minimize a bancarrota.

Neste sentido, enfatiza-se que mais vale aumentar a qualidade e a quantidade das medidas precaucionais e prudenciais, antecedentes do desastre dos inadimplementos crônicos e volumosos, que criar após a devastação gerada por grandes crises econômicas e recessões, no rescaldo entre as cinzas da morte por falência, medidas curativas de efeitos duvidosos.

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A relação: soma de todos os atrasos acima de 15 dias sobre o saldo total da carteira, vem crescendo conforme os dados levantados pelo Banco Central e tratados pelo INEPAD (vide Revista Financeiro), de 2004 para 2007. Conforme mostra para a aquisição de veículos o quadro 7 a seguir, a somatória dos atrasados, logo dos inadimplementos acima de 15 dias, quaisquer que eles sejam, saltou de 7,61% em dezembro de 2004, para 8,35% em 2005; então para 8,66% em 2006 e 8,71% em 2007 (vide também o quadro 1; da seção 3, Evolução dada por indicadores). Qual é a proveniência das inadimplências, isto é, de onde elas se originam? Para responder a este questionamento, é suficiente verificar a somatória dos fatores geradores de créditos econômicos, logo o volume ativo das operações de crédito. Sob uma ótica agregada, a inadimplência é uma fração, uma parte dos créditos que foram liberados, mas não vem sendo, não foram e provavelmente em boa parte não serão pagos. Deste modo, um valor dos empréstimos do sistema financeiro (ESF), que em 2007 montou a R$ 1, 18 trilhão, não vem sendo saldado, conforme previsto em contrato. Conforme os dados do Banco Central do Brasil, disponíveis no quadro 4, intitulado Créditos em atraso sobre a carteira total, em 2007 houve um índice de 3,2% de atrasados. Logo, a inadimplência total foi de R$ 33 bilhões nesse ano. Um montante considerável e o mais alto da América Latina. Proporcionalmente ao seu mercado de crédito, estes dados revelam que no presente momento o Brasil possui um mercado de crédito sadio, firme, bem estruturado e em ascensão. Contudo, os indicadores de inadimplência hão de ser bem acompanhados, para evitarem-se problemas mais adiante. O gráfico 12 a seguir indica como se distribui o crédito por segmento de atividade econômica em setembro do ano 2007. O crédito às pessoas físicas representa 35% do movimento; o industrial é de 22% e o comercial vem em terceiro com 10%. O crédito habitacional, com 5%, é pequeno e insuficiente para atender as grandes carências existentes no setor.

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Gráfico 12.

A análise contínua dos dados e a mudança gerada pelos fatores conjunturais e pelas políticas econômicas pode ser feita mediante a utilização de dados e séries históricas, como as quatro tabelas que seguem, emitidas em base bimensal pela ACREFI.

Destaca Érico Sodré Quirino Ferreira (Financeiro; 2004) exemplarmente: “A inadimplência de pessoas físicas vem diminuindo sensivelmente. Segundo a SERASA, apesar dos estudos mostrarem uma ligeira alta de 0,9% nesse indicador de janeiro a agosto de 2004, na comparação com o mesmo período de 2003, a queda acentuada do índice torna-se evidente quando comparada com a inadimplência de 23,9%, apresentada no ano 2002, contra 2001. Outra prova do recuo do número de devedores é a queda de 4,3% apontada em agosto, ante o mês anterior. A diminuição mais brusca no índice é conseqüência da melhora do nível de atividade econômica, a partir do segundo trimestre do corrente ano”.

GRÁFICO – Concessão de Crédito por segmento de atividade econômica mês de Setembro de 2007.

Público

acional

Pessoas

Fonte de dados básicos: BCB

GRÁFICO – Concessão de Crédito por segmento de atividade econômica mês de Setembro de 2007.

Público

acional

Pessoas

Fonte de dados básicos: BCB

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Quadro 6.

Inadimplência - Operações Prefixadas - Crédito Pessoal (R$ mil) % sobre % sobre Com atraso % sobre Saldo total

MÊS / ANO Saldo Com atraso Saldo da Com atraso Saldo da maior que Saldo da Carteira- Variaçãosem atraso de 15 a 30 dias Carteira de 31 a 90 dias Carteira 90 dias Carteira Brasil em %

mai/04 30.842.592 874.484 2,45 1.136.548 3,18 2.269.154 6,35 35.739.766 3,65jun/04 31.874.938 998.004 2,72 1.040.267 2,83 2.250.929 6,13 36.715.137 2,73jul/04 32.846.771 979.871 2,60 1.014.235 2,69 2.337.093 6,20 37.676.568 2,62

ago/04 33.605.016 1.269.799 3,28 1.048.360 2,71 2.333.029 6,03 38.712.343 2,75set/04 34.395.189 1.603.160 4,02 1.123.560 2,82 2.358.439 5,91 39.888.408 3,04out/04 36.330.048 1.071.229 2,59 1.150.369 2,78 2.444.849 5,91 41.353.350 3,67nov/04 36.429.717 1.854.350 4,37 1.347.591 3,18 2.478.395 5,84 42.438.810 2,62dez/04 38.174.691 910.690 2,10 1.241.283 2,86 2.490.724 5,74 43.422.690 2,32jan/05 39.269.395 1.081.995 2,42 1.220.396 2,73 2.597.523 5,80 44.781.159 3,13fev/05 41.398.232 1.113.012 2,36 1.349.410 2,86 2.649.416 5,61 49.965.156 5,44mar/05 43.853.143 1.263.104 2,53 1.427.796 2,86 2.800.103 5,60 47.965.156 5,82abr/05 45.958.211 1.224.836 2,34 1.421.446 2,72 3.078.013 5,88 52.332.903 4,74mai/05 48.057.641 1.367.707 2,51 1.410.793 2,59 2.937.831 5,40 54.433.519 4,01jun/05 49.107.813 1.260.105 2,27 1.494.652 2,70 3.013.742 5,44 55.426.011 1,99jul/05 50.932.454 1.180.764 2,06 1.485.848 2,59 3.145.514 5,49 57.270.000 3,33

ago/05 52.427.636 1.322.628 2,24 1.528.370 2,59 3.288.510 5,57 59.015.306 3,05set/05 53.827.919 1.353.921 2,24 1.558.238 2,57 3.397.809 5,61 60.531.439 2,57out/05 54.713.121 1.362.100 2,21 1.690.157 2,74 3.547.908 5,75 61.650.256 1,85nov/05 55.990.494 1.455.906 2,30 1.748.058 2,76 3.723.372 5,86 63.254.734 2,60dez/05 56.136.655 1.224.611 1,93 1.642.233 2,59 3.782.350 5,96 63.443.780 0,30jan/06 57.042.030 1.486.211 2,29 1.749.070 2,69 4.011.398 6,17 65.010.067 2,47fev/06 58.321.338 1.246.582 1,87 1.784.257 2,68 4.343.144 5,52 66.657.810 2,53mar/06 59.206.190 1.615.035 2,38 1.888.211 2,78 4.549.919 6,70 67.940.167 1,92abr/06 61.932.644 1.600.424 2,29 1.956.325 2,80 4.498.935 6,63 69.988.327 3,37mai/06 63.062.362 1.594.681 2,24 1.856.410 2,61 4.590.579 6,46 71.104.032 1,59jun/06 64.474.611 1.552.548 2,15 1.888.060 2,61 4.400.917 6,09 72.316.136 1,70jul/06 65.812.042 1.688.134 2,28 1.902.490 2,57 4.576.685 6,19 73.979.351 2,30

ago/06 67.054.399 1.648.722 2,19 2.036.725 2,70 4.692.313 6,22 75.432.159 1,96set/06 68.197.101 1.728.112 2,26 1.854.593 2,42 4.732.732 6,19 76.512.538 1,43out/06 69.000.361 1.905.877 2,45 2.074.095 2,67 4.712.214 6,07 77.692.547 1,54nov/06 70.336.983 1.880.683 2,38 2.105.536 2,66 4.824.837 6,10 79.148.039 1,87dez/06 70.448.643 1.555.472 1,97 1.997.449 2,53 4.948.546 6,27 78.950.110 -0,25jan/07 71.854.490 1.924.553 2,39 2.025.346 2,52 4.659.338 5,79 80.463.727 1,92fev/07 73.570.737 1.947.444 2,36 2.178.932 2,64 4.711.130 5,72 82.408.243 2,42mar/07 75.724.397 1.965.245 2,32 2.224.387 2,62 4.869.072 5,74 84.783.100 2,88abr/07 77.477.719 2.104.310 2,43 2,349.725 2,71 4.636.467 5,42 86.624.771 2,17mai/07 80.753.893 1.799.396 2,01 2.057.019 2,30 4.787.649 5,36 89.397.957 3,20jun/07 81.617.798 1.753.380 1,94 2.134.484 2,36 5.009.886 5,53 89.397.957 1,25jul/07 83.998.607 2.069.028 2,22 2.088.671 2,24 4.938.496 5,30 90.515.548 2,85

ago/07 85.025.566 2.085.416 2,21 2.055.724 2,18 5,052.267 5,36 93.094.802 1,21set/07 86.121.220 2.052.750 2,12 2.161.980 2,26 5.197.355 5,44 94.218.973 1,37out/07 87.993.378 2.277.815 2,33 2.278.629 2,33 5.133.187 5,25 95.506.305 2,28nov/07 89.883.995 2.177.904 2,18 2.392.134 2,40 5.285.358 5,30 99.739.391 2,12dez/07 90.711.792 1.656.724 1,66 2.237.911 2,24 5.277.475 5,28 99.883.902 0,14jan/08 92.449.829 2.125.426 2,08 2.262.051 2,21 5.479.643 5,36 102.316.949 2,44fev/08 96.761.783 1.952.962 1,83 2.465.458 2,31 5.522.235 5,18 106.702.438 4,29mar/08 98.527.512 2.156.672 1,98 2.639.208 2,42 5.536.722 5,09 108.860.114 2,02abr/08 101.087.851 2.227.805 2,00 2.617.768 2,35 5.679.364 5,09 111.612.787 2,53

Fonte: Banco Central do Brasil / ABM Consulting / INEPAD

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

27

Quadro 7. Inadimplência - Operações Prefixadas – Aquisição de Bens - Veículos (R$ mil)

% sobre % sobre Com atraso % sobre Saldo totalMÊS / ANO Saldo Com atraso Saldo da Com atraso Saldo da maior que Saldo da Carteira- Variação

sem atraso de 15 a 30 dias Carteira de 31 a 90 dias Carteira 90 dias Carteira Brasil em %mai/04 29.719.227 1.271.432 3,84 1.138..068 3,44 973.258 2,94 33.105.519 1,71jun/04 30.333.668 1.205.501 3,59 1.106.926 3,30 941.782 2,80 33.591.319 1.47jul/04 30.927.564 1.199.259 3,51 1.039.556 3,05 960.569 2,81 34.125.996 1,59

ago/04 31.647.980 1.197.763 3,45 1.007.462 2,90 883.791 2,54 34.740.423 1,80set/04 32.105.124 1.266.622 3,58 1.136.700 3,21 871.118 2,46 35.382.584 1,85out/04 32.340.462 1.217.895 3,42 1.089.188 3,06 922.225 2,59 35.572.761 0,54nov/04 33.650.225 1.177.013 3,20 1.100.391 2,99 823.190 2,24 36.753.547 3,32dez/04 35.183.751 1.123.870 2,95 954.090 2,51 800.832 2,10 38.065.281 3,57jan/05 35.794.379 1.243.330 3,20 1.025.747 2,64 788.925 2,03 38.855.103 2,07fev/05 36.219.687 1.183.837 3,01 1.156.706 2,94 776.871 1,97 39.339.842 1,25mar/05 36.869.843 1.386.782 3,45 1.205.748 3,00 756.356 1,88 40.221.467 2,24abr/05 37.642.112 1.275.989 3,12 1.278.733 3,12 758.170 1,85 40.957.737 1,83mai/05 38.231.526 1.471.080 3,51 1.410.541 3,37 765.430 1,83 41.881.513 2,26jun/05 39.234.937 1.359.409 3,18 1.391.475 3,26 733.856 1,72 42.772.706 2,22jul/05 40.002.093 1.448.473 3,32 1.404.040 3,22 776.692 1,78 43.636.074 2,14

ago/05 41.251.555 1.544.357 3,43 1.458.118 3,24 783.591 1,74 45.043.780 3,23set/05 42.259.001 1.510.645 3,27 1.522.771 3,29 917.115 1,98 46.218.118 2,61out/05 42.968.220 1.733.980 3,66 1.719.567 3,63 974.016 2,05 47.406.012 2,57nov/05 44.340.233 1.697.635 3,47 1.839.634 3,76 1.046.108 2,14 48.935.289 3,23dez/05 46.288.603 1.613.661 3,18 1.653.627 3,26 1.115.317 2,20 50.684.709 3,57jan/06 47.223.936 1.780.885 3,43 1.832.465 3,53 1.216.214 2,34 51.938.053 2,47fev/06 48.235.357 1.628.580 3,06 1.902.362 3,58 1.302.049 2,45 53.154.236 2,34mar/06 49.027.545 1.813.983 3,35 1.981.163 3,65 1.391.751 2,57 54.217.386 2,00abr/06 49.487.651 1.896.390 3,43 2.265.550 4,10 1.595.453 3,06 55.245.044 1,74mai/06 50.457.496 2.001.947 3,55 2.249.168 3,99 1.729.468 3,18 56.438.079 2,16jun/06 51.319.627 1.941.002 3,39 2.226.487 3,88 1.824.950 3,48 57.312.066 1,55jul/06 52.149.884 2.231.678 3,78 2.440.866 4,14 2.052.774 3,41 58.975.202 2,90

ago/06 53.553.141 2.248.030 3,73 2.387.357 3,96 2.052.942 3,48 60.241.470 2,15set/06 54.649.627 2.127.183 3,47 2.468.754 4,02 2.138.638 3,30 61.384.202 1,90out/06 54.889.283 1.187.755 3,56 2.413.166 3,92 2.029.110 3,27 61.519.314 0,22nov/06 56.153.133 2.084.382 3,32 2.436.630 3,88 2.051.880 3,27 62.726.025 1,96dez/06 57.051.982 2.083.888 3,28 2.257.921 3,56 2.078.322 3,24 63.472.113 1,19jan/07 57.821.270 2.155.433 3,34 2.397.753 3,72 2.088.318 3,28 64.462.774 1,56fev/07 58.321.834 2.186.406 3,35 2.638.787 4,04 2.143.955 3,29 65.290.982 1,28mar/07 59.775.228 2.411.754 3,60 2.586.281 3,86 2.203.488 3,.26 66.976.751 2,58abr/07 60.950.697 2.297.945 3,37 2.818.775 4,13 2.215.581 3,24 68.282.998 1,95mai/07 62.462.921 2.389.587 3,42 2.680.328 3,84 2.319.711 3,32 69.852.547 2,30jun/07 63.765.089 2.283.022 3,21 2.705.644 3,81 2.297.783 3,23 71.051.538 1,72jul/07 64.702.492 2.467.511 3,42 2.701.213 3,74 2.324.273 3,22 72.195.489 1,61

ago/07 66.872.373 2.398.659 3,23 2.563.719 3,46 2.350.787 3,17 74.185.538 2,76set/07 68.580.587 2.373.528 3,12 2.690.668 3,53 2.479.760 3,26 76.124.543 2,61out/07 70.239.978 2.574.977 3,30 2.804.136 3,59 2.398.008 3,07 78.017.103 2,49nov/07 71.794.658 2.422.298 3,05 2.881.363 3,62 2.442.005 3,07 79.540.597 1,95dez/07 73.543.216 2.637.569 3,24 2.844.229 3,46 2.454.295 3,01 81.479.309 2,44jan/08 74.637.113 2.654.164 3,21 2.871.003 3,47 2.549.765 3,08 82.712.045 1,51fev/08 74.828.727 2.624.845 3,15 3.115.683 3,74 2.676.428 3,22 83.245.683 0,65mar/08 74.416.737 3.001.601 3,59 3.468.378 4,15 2.770.135 3,31 83.656.851 0,49abr/08 75.111.386 2.842.070 3,38 3.380.943 4,02 2.848.955 3,38 84.183.354 0,63

Fonte: Banco Central do Brasil / ABM Consulting / INEPAD

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

28

Quadro 8. Inadimplência - Operações Prefixadas – Aquisição de Bens - Outros (R$ mil)

% sobre % sobre Com atraso % sobre Saldo totalMÊS / ANO Saldo Com atraso Saldo da Com atraso Saldo da maior que Saldo da Carteira- Variação

sem atraso de 15 a 30 dias Carteira de 31 a 90 dias Carteira 90 dias Carteira Brasil em %mai/04 4.485.011 224.733 4,06 256.197 4,63 561.445 10,14 5.536.386 2,76jun/04 4.561.384 226.935 4,05 249.029 4,45 552.488 9,87 5.599.317 1,13jul/04 4.707.381 232.066 4,04 237.290 4,13 563.322 9,80 5.749.605 2,68

ago/04 4.877.281 235.179 3,97 234.775 3,96 568.248 9,59 5.924.969 3,05set/04 5.036.740 263.115 4,26 261.585 4,23 608.388 9,85 6.179.110 4,29out/04 5.472.671 263.448 3,97 272.977 4,11 321.100 9,35 6.639.404 7,45nov/04 5.650.757 266.926 3,90 287.900 4,21 625.283 9,14 6.840.214 3,02dez/04 6.105.428 247.018 3,42 246.571 3,41 616.087 8,53 7.224.939 5,62jan/05 6.147.604 323.728 4,39 275.200 3,73 618.340 8,38 7.374.918 2,08fev/05 5.990.515 325.200 4,45 354.267 4,84 633.331 8,66 7.313.439 -0,83mar/05 5.948.868 364.990 4,94 417.733 5,65 652.454 8,82 7.393.980 1,10abr/05 6.107.852 357.857 4,72 418.795 5,53 683.148 9,02 7.577.546 2,48mai/05 6.395.904 374.977 4,72 411.346 5,18 737.777 9,30 7.936.860 4,74jun/05 6.790.933 359.584 4,31 416.052 4,98 774.531 9,27 8.351.397 4,50jul/05 7.190.986 372.685 4,22 406.831 4,61 830.585 9,41 8.824.004 5,66

ago/05 7.699.456 424.811 4,51 414.857 4,41 865.811 9,19 9.416.143 6,71set/05 7.790.947 369.647 3,90 424.936 4,49 873.070 9,22 9.470.618 0,58out/05 7.837.518 394.773 4,10 446.640 4,64 928.949 9,66 9.621.180 1,59nov/05 8.165.263 389.994 3,89 461.045 4,60 986.686 9,84 10.030.622 4,26dez/05 8.457.452 334.255 3,27 398.093 3,89 1.003.506 9,81 10.229.173 1,98jan/06 8.582.675 420.236 4,10 422.074 4,12 1.043.799 10,19 10.241.441 0,12fev/06 8.179.088 408.345 4,02 472.486 4,65 983.426 9,68 10.161.748 -0,79mar/06 8.077.949 448.702 4,44 548.705 5,43 1.006.979 9,96 10.106.067 -0,54abr/06 7.831.490 467.766 4,71 562.063 5,65 1.080.104 10,86 9.941.284 -1,49mai/06 8.044.662 443.851 4,39 518.331 5,13 1.144.281 11,32 10.111.125 -1,71jun/06 7.012.491 448.652 4,45 505.674 5,02 1.140.948 11,32 10.077.212 -0,34jul/06 8.003.197 442.746 4,38 481.681 4,76 1.178.248 11,65 10.115.166 0,38

ago/06 7.951.506 429.802 4,26 460.141 4,56 1.196.300 11,86 10.089.440 -0,25set/06 8.026.888 393.093 3,95 435.990 4,38 1.175.506 11,81 9.956.095 -1,32out/06 8.059.766 433.439 4,28 465.070 4,59 1.207.138 11,91 10.132.535 1,77nov/06 8.687.035 439.183 4,29 485.090 4,74 1.246.811 12,19 10.230.850 0,97dez/06 8.694.031 403.893 3,76 447.832 4,16 1.213.636 11,04 10.752.396 5,10jan/07 8.397.077 489.754 4,51 480.312 4,42 1.199.728 11,12 10.863.825 1,04fev/07 8.235.034 510.540 4,77 606.859 5,67 1.190.552 11,26 10.705.028 -1,46mar/07 8.355.080 548.495 5,15 665.478 6,25 1.198.493 11,29 10.647.500 -0,54abr/07 8.143.789 529.358 4,98 750.283 6,24 1.284.037 12,09 10.620.364 -0,25mai/07 8.460.771 511.452 4,68 740.604 5,53 1.356.536 12,41 10.933.709 2,95jun/07 8.507.756 501.511 4,56 773.089 5,49 1.381.682 12,57 10.933.870 0,55jul/07 8.638.250 501.282 4,57 769.093 5,29 1.443.056 12,90 11.185.119 1,74

ago/07 8.835.707 511.622 4,47 773.997 5,06 1.461.461 12,84 11.382.964 1,77set/07 8.871.453 509.350 4,49 744.063 5,25 1.449.584 12,68 11.433.983 0,45out/07 9.094.110 513.139 4,54 778.089 5,31 1.503.121 12,79 11.755.258 2,81nov/07 9.320.039 547.612 4,58 608.934 5,10 1.468.106 12,29 11.944.691 2,20dez/07 9.841.313 507.676 4,08 561.225 4,51 1.536.891 12,35 12.447.105 4,21jan/08 10.000.239 598.271 4,68 598.402 4,68 1.591.703 12,45 12.788.615 2,74fev/08 9.328.599 557.024 4,62 656.068 5,44 1.513.406 12,55 12.055.097 -5,74mar/08 9.161.157 621.470 5,20 736.038 6,16 1.436.965 12,02 11.955.630 -0,83abr/08 9.155.854 591.091 4,93 714.126 5,96 1.523.771 12,71 11.984.842 0,24

Fonte: Banco Central do Brasil / ABM Consulting / INEPAD

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

29

Quadro 9. Inadimplência - Operações Prefixadas – Aquisição de Bens Outras Operações (R$ mil)

% sobre % sobre Com atraso % sobre Saldo totalMÊS / ANO Saldo Com atraso Saldo da Com atraso Saldo da maior que Saldo da Carteira- Variação

sem atraso de 15 a 30 dias Carteira de 31 a 90 dias Carteira 90 dias Carteira Brasil em %mai/04 3.446.978 211.053 3,90 340.596 6,29 845.248 15,60 5.417.094 2,17jun/04 3.429.475 228.923 4,25 334.332 6,21 824.206 15,31 5.385.064 -0,59jul/04 3.403.043 204.489 3,84 314.235 5,89 818.283 15,35 5,330.634 -1,01

ago/04 3.427.678 220.111 4,08 319.305 5,91 821.802 15,22 5.400.460 1,31set/04 3.411.009 230.730 4,20 384.060 6,99 809.917 14,74 5.495.355 1,76out/04 3.453.875 218.566 3,93 383.012 6,89 783.905 14,10 5.559.467 1,17nov/04 3.586.571 186.260 3,31 348.687 6,20 778.224 13,83 5.625.320 1,18dez/04 3.579.408 183.304 3,35 338.569 6,19 679.473 12,42 5.471.407 -2,74jan/05 3.654.442 207.002 3,68 356.159 6,34 705.436 12,55 5.621.076 2,74fev/05 3.796.891 214.947 3,68 381.234 6,54 716.611 12,28 5.833.611 3,78mar/05 4.060.034 226.263 3,66 417.153 6,75 742.541 12,02 6.176.684 5,88abr/05 4.212.346 243.579 3,78 446.176 6,93 791.179 12,29 6.436.891 4,21mai/05 4.477.079 302.743 4,39 501.181 7,28 890.242 12,92 6.888.556 7,02jun/05 3.654.442 207.002 2,92 356.159 5,02 705.436 9,94 7.096.557 3,02jul/05 3.796.891 214.947 2,92 381.234 5,19 716.611 9,75 7.349.412 3,56

ago/05 4.060.034 226.263 2,94 417.153 5,42 742.541 9,64 7.701.548 4,79set/05 4.212.346 243.579 3,04 446.176 5,57 791.179 9,87 8.016.385 4,09out/05 4.477.039 302.742 3,72 501.179 6,15 890.238 10,93 8.143.922 1,59nov/05 4.514.410 288.299 3,43 650.275 7,73 902.839 10,73 8.413.988 3,32dez/05 4.600.843 287.716 3,76 842.357 11,02 870.484 11,39 7.642.768 -9,17jan/06 4.985.299 291.463 3,48 522.083 6,23 1.143.252 13,63 8.386.089 9,73fev/06 5.167.569 303.992 3,56 510.861 5,98 1.261.199 14,76 8.545.025 1,90mar/06 5.449.261 272.133 2,99 484.888 5,33 1.069.336 11,75 9.101.279 6,51abr/06 5.811.421 366.071 4,38 662.153 7,93 1.512.407 18,11 8.352.052 3,94mai/06 5.961.662 386.166 4,44 363.771 7,33 1.707.468 19,64 8.692.067 4,07jun/06 6.242.220 374.071 4,33 670.479 7,77 1.343.707 15,57 8.630.477 -0,71jul/06 6.414.071 366.966 4,13 689.085 7,75 1.416.895 15,94 8.887.017 2,97

ago/06 6.601.054 402.593 4,35 674.757 7,29 1.582.312 17,09 9.260.716 4,20set/06 6.802.995 408.868 4,17 761.583 7,76 1.839.889 18,75 9.813.335 5,97out/06 6.870.515 436.865 4,47 737.893 7,56 1.720.506 17,62 9.765.779 -0,48nov/06 6.709.696 336.144 3,49 727.844 7,56 1.850.678 19,23 9.624.362 -1,45dez/06 6.942.319 343.725 3,56 719.019 7,45 1.640.746 17,01 9.645.809 0,22jan/07 7.011.923 413.678 4,21 687.315 6,99 1.722.427 17,51 9.835.343 1,96fev/07 7.056.329 389.162 3,92 698.976 7,04 1.786.746 17,99 9.931.213 0,97mar/07 7.295.110 393.142 3,97 743.079 7,51 1.462.019 14,78 9.893.350 -0,38abr/07 7.623.602 403.470 3,87 750.283 7,19 1.654.375 15,86 10.431.730 5,44mai/07 8.067.248 420.605 3,78 740.604 6,66 1.884.705 16,96 11.113.162 6,53jun/07 8.246.036 428.272 3,85 773.675 6,96 1.672.696 15,04 11.120.679 0,07jul/07 8.423.342 437.103 3,82 778.089 6,79 1.817.103 15,86 11.455.368 3,01

ago/07 8.527.240 419.638 3,59 769.093 6,58 1.975.135 16,89 11.691.106 2,06set/07 8.421.625 406.144 3,54 773.997 6,75 1.857.110 16,21 11.458.876 -1,99out/07 8.534.947 436.742 3,77 744.063 6,41 1.884.057 16,24 11.599.810 1,23nov/07 8.793.582 391.648 3,27 766.712 6,40 2.027.204 16,92 11.979.146 3,27dez/07 9.094.393 346.857 2,97 745.291 6,27 1.703.226 14,33 11.889.767 -0,75jan/08 9.317.503 419.500 3,42 736.306 6,00 1.799.061 14,66 12,272.370 3,22fev/08 6.977.999 390.555 3,93 738.217 7,42 1.838.773 18,49 9.945.544 -18,96mar/08 7.135.770 393.928 3,97 781.798 7,87 1.619.166 16,30 9.930.662 -0,15abr/08 7.459.376 445.939 4,30 802.946 7,74 1.666.177 16,06 10.374.438 4,47

Fonte: Banco Central do Brasil / ABM Consulting / INEPAD

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Quadro 10. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

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Quadro 11. Fonte: Relatório de Estabilidade Financeira / Maio de 2008 - Banco Central do Brasil

O quadro 11 anterior revela a inadimplência e a provisão constituída para fazer face a problemas eventuais de inadimplência empresarial e da pessoa física. É importante manter provisões bem elevadas, para que exista capacidade de cobertura de perdas eventuais e não se venha a estressar a tesouraria e a situação estrutural das finanças bancárias e financiarias.

O contraponto está no rendimento da provisão. Provisões altas são desejáveis, porque resguardam contra perdas. Podem não apresentar rendimentos significativos, pois as aplicações a elas associadas hão de preservar a segurança, a liquidez e títulos com essas características em geral fornecem rendimentos baixos.

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

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Por outro lado, dispor de menores provisões significa dispor de mais dinheiro e crédito para ofertar no mercado, a taxas de juros bem mais atraentes para os credores. O contraponto se constitui no fato de que a exposição ao risco e à vulnerabilidade potencial ocorrido com inadimplências efetivadas, aumenta. A habilidade do sistema financeiro também está em ofertar crédito na medida certa e dispor de mecanismos que assegurem o correto provisionamento de reservas e recursos, para fases complicadas de uma economia, em especial para recessões profundas e prolongadas. 5) Crédito com foco na pessoa física e no segmento de veículos.

Os indivíduos dão acentuada preferência à compra de bens de consumo não duráveis e ao auferirem renda crescente, dispõem suas poupanças para a compra de veículos e residências.

Ter carro, moto, e utilitários é uma demanda clara do brasileiro. Além de gerar conforto no transporte, o automóvel permite em principio deslocamentos mais rápidos e independentes, dá status e representa parte do patrimônio individual.

O Brasil, como grande produtor mundial de automóveis, conseguiu fomentar e desenvolver uma estratégia voltada à valorização do transporte individual, que mediante veículos, necessita dos prestamos dados pela indústria da concessão de créditos, na modalidade do consignado, que vem crescendo significativamente desde a sua extensão e liberação que democratiza o acesso ao capital financeiro, aos trabalhadores do setor privado da economia.

Neste particular, o quadro 12 a seguir mostra o Volume de Operações de Crédito Consignado e seu crescimento entre os anos 2004 e 2007. Quadro 12.

Volume de Operações de Crédito Consignado(R$ milhões)

CréditoANO Crédito CONSIGNADO Consignado Pessoal Consignado

Pessoal* Públicos Privados Total ESF PIB PIB2004 49.321 14.936 2.599 17.535 0.0350 2,54 0,092005 63.444 28.332 3.988 32.320 0.0532 2,96 1,512006 88.709 42.069 6.016 48.086 0.0656 3,80 2,062007 112.467 56.179 8.506 64.686 0.0692 4,40 2,53

Fonte de Cálculos: IBCI - Institutional Business Consultoria Internacional Ltda.

Os dados revelam que o volume de consignado total em relação ao volume de crédito pessoal no ano 2007 foi de 57,52%, o que comprova a pujança e força do segmento.

Ademais, o mercado do consignado é tal que o crédito dirige-se mormente aos funcionários públicos, mais que aos funcionários privados: em 2004, o público captou 85,18% dos recursos e o privado 14,82%; em 2007 a situação não se modificou, com o público recebendo 86,85% e o privado 13,15%.

O mercado de crédito consignado total sobre o total do crédito pessoal, conforme o quadro anterior, evoluiu de uma taxa de participação de 35,55% em 2004, para 57,52% em 2007, numa demonstração de vigor sem precedentes e na comprovação de que mudanças na

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Determinantes modernos da inadimplência no Brasil.

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Lei geram rápidas reações do mercado consumidor, propenso a tomar créditos e riscos em ambiente macroeconômico mais estável, entre 2004 / 2007.

Quadro 13.

Taxas de Juros Pré-Fixadas AnuaisANO Taxa de Juros Prefixados - Pessoa Física % aa PIB IGP-M

Consignado Outros Bens Pessoal Aquisição de Veículos Bilhões FGV 2004 66,40 68,40 35,60 1941 12,412005 65,20 67,30 34,80 2147 1,212006 61,00 57,20 32,30 2333 3,832007 56,33 45,80 28,76 2558 7,75

Fonte de Cálculos: IBCI - Institutional Business Consultoria Internacional Ltda.

As taxas de juros representam custos para o tomador de crédito. Infelizmente, o Brasil possui um dos mercados mais caros de crédito do mundo.

O custo do dinheiro alto, associado a perdas no poder aquisitivo em função da perda de emprego, é freqüentemente associado como a principal causa da inadimplência de numerosos devedores.

Conforme se verifica no quadro anterior, as taxas de juros reais, dadas pelo diferencial entre as taxas de juros nominais praticadas no mercado e uma referência inflacionária, no caso escolheu-se o IGP – M da Fundação Getúlio Vargas, montam a 23,19% para a aquisição de veículos (em conta simples e direta, 35,60% - 12,41%) no ano 2004. Em 2007 esta diferença linear foi de 21,01%, fornece uma evidência de queda diminuta do custo do financiamento para o consumidor.

O gráfico a seguir mostra a força da evolução e do crescimento dos financiamentos para a aquisição de veículos, em relação aos empréstimos do sistema financeiro. Torna-se bem evidente o crescimento da relação, com crescimento marginal a taxas decrescentes, numa sugestão de provável amadurecimento desse mercado nos próximos anos 2009 / 2010, a manter-se a tendência. Gráfico 13 – Relação Saldo Líquido dos financiamentos para a aquisição de veículos sobre empréstimos do sistema financeiro nacional.

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Aquisição Veículos/ESF

7,007,20

7,407,60

7,808,00

8,208,40

8,608,80

2004 2005 2006 2007

Ano

Val

ore

s em

Per

cen

tual

(%

)

Aq. Veículos/ESF

Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

O gráfico 14 a seguir mostra a evolução da inadimplência no mercado de veículos, que ascendeu entre 2004 / 2006 e diminui no ano 2007. O sinal de queda em 2007 é sadio, contudo não necessariamente indica conforto, posto que as taxas são altas e bem maiores que as verificadas nos países selecionados nesta pesquisa.

Gráfico 14 – Inadimplência de créditos no segmento veículos, saldo total que

incluir todo atraso acima de 15 dias.

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INADIMPLÊNCIA DE VEÍCULOS SALDO TOTAL

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

2004 2005 2006 2007

Ano

Va

lore

s e

m P

erc

en

tual

(%

)

INADIMPLÊNCIA DE VEÍCULOS

Fontes: ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento e IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional.

6) Determinantes macroeconômicos da Inadimplência. 6.1) Elementos introdutórios.

A macroeconomia organiza, analisa e pensa grandes estruturas agregadas da economia, para estabilizar e harmonizar seus movimentos e interações no tempo. A ela cabe lidar com a Economia de ordem maior, para assegurar que ocorra o crescimento econômico com desenvolvimento; uma estabilidade de preços com eficaz combate à inflação; e a formação de reservas internacionais, oriundas de políticas comerciais internacionais que tornem preferencialmente superavitárias tanto as contas da balança de Transações Correntes, quanto a conta Capital, dos movimentos de Investimentos Diretos e valores líquidos entre empréstimos e financiamentos e créditos ao exterior.

Com vistas a acertar este tripé, praticam-se políticas econômicas, que precisam de atualidade e transversalidade com outras áreas, na medida em que os gostos, preferências e informações dos consumidores se modificam; o tamanho do mercado cresce e a oferta há de se expandir; a tecnologia gera mudanças marcantes, freqüentemente súbitas, dadas por transformações nas telecomunicações, na Internet, ou na medicina, entre outras; os sistemas político-sociais se aperfeiçoam rumo à democracia e à participação consciente dos direitos dos cidadãos; as nações se associam em blocos comerciais; a autosustentabilidade ganha espaço no trato e comportamento das pessoas e nações; e modificam-se as formas de enxergar os usos da propriedade física e intelectual.

Neste particular, é importante que o assunto econômico se combine com o jurídico-legal, de tal forma que seja estabelecida uma ponte forte entre atividades econômicas e

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regulamentações, estas previstas para serem realizadas caso preciso judiciáriamente, para fazer os mercados funcionarem consistentemente.

As políticas econômicas, neste âmbito, funcionam freqüentemente mediante a apresentação correta de regras de conduta e procedimentos normatizados, estabelecidos em lei.

E por serem numerosas as políticas, cabe verificar se operam sistêmicamente, com certa lógica para o consumidor, o cidadão, o produtor, o governo estabelecido e o mercado, para que de forma uníssona, também holística, façam funcionar tal e qual uma orquestra bem afinada as medidas que visam atender a demanda agregada, com a mais racional e econômica oferta agregada.

As principais políticas macroeconômicas que estão nas mãos das autoridades instituídas, mormente o Ministério da Economia, neste a Secretaria do Tesouro Nacional ou equivalente, e o Banco Central, são a política monetária; a fiscal; a de preços; a salarial e de custos de fator; a cambial; e a comercial. Combinadas, estas políticas são a força motriz que faz girar a política de rendas e a constituem.

Deste modo, ao analisar-se a inadimplência sob um foco e olhar macroeconômico, cabe ao analista verificar as relações existentes entre o volume presente e futuro de crédito, em face de atrasos e calotes dados neste em termos agregados pelos devedores e consumidores.

Decorre que este é um tema eminentemente associado a política monetária e a política de crédito, com suas associações a políticas de mercados bancários, financeiros e de capitais.

Em função desta percepção analítica, trataremos de mostrar a seguir as que prometem ser as principais relações causais entre fenômenos de insolvência, inadimplência e falência no mercado das financeiras e bancos, em relação ao mercado de crédito. Após essa referência internacional, será analisada a realidade nacional a respeito.

6.2) Modelos macroeconômicos internacionais.

Yeager (em 1974) desenvolveu um dos primeiros estudos empíricos acerca dos

determinantes macroeconômicos explicativos das falências dos consumidores, para os anos 1950-1970 e considerou o crescimento falimentar para cada 100.000 norte-americanos. Ao dispor como única variável explicativa a razão de endividamento sobre o consumo, com uma defasagem semestral, explicou 94% do crescimento falimentar do período.

Isto é, Yeager mirou e enfatizou o endividamento excessivo das famílias, apontando ao descontrole das contas como o fator explicativo das falências da pessoa física.

Em 1983 Sullivan atualizou a pesquisa de Yeager, expandindo a série histórica analisada para 1950-1982, confirmou a importância da razão de endividamento sobre consumo nas quebras de pessoas físicas e utilizou o Consumer Sentiment Index- CSI como medida da propensão e vontade em repagar dívidas assumidas. Ademais, mediante variáveis dicotômicas que apontaram os anos recessivos nos EUA e dos anos em que houve reformas na legislação de falências, o poder explicativo do modelo aumentou.

Isto significa que quando o CSI piora, cai, as pessoas e famílias ficam mais pessimistas sobre o futuro da economia e se retraem, ao preverem orçamentos mais apertados e um aumento das dívidas sobre as rendas esperadas. Caso esta tendência se firme, aumentará a probabilidade de pessoas e casais não pagarem as dívidas assumidas.

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Do ponto de vista da inserção no modelo de um indicador que marca as recessões, a medida é de bom senso. É de se esperar que recessões signifiquem a redução da demanda, com esta da oferta e como efeito aumente o desemprego. Mais desempregados, com renda menor ou zerada, tornam-se inadimplentes e reagem na seqüência sem pagar suas dívidas financeiras e bancárias. Isto se confirmou em 98,6% dos casos estudados. Logo, isto quer dizer que prever com antecedência recessões e então “limpar a carteira e selecionar rigorosamente os créditos a serem renovados”, são medidas antecedentes, para que o sistema financeiro, as financeiras e os bancos, sofram com perdas na liberação e renovação de créditos falíveis. Kowalewski (1982) articula um modelo intertemporal de maximização da função utilidade do consumidor, no qual as curvas de preferência entre o consumo presente e o consumo futuro são sujeitas a uma restrição orçamentária imposta pelos rendimentos presentes e futuros. A variável dependente do modelo é o número de falências per capitã, com dados trimestrais de 1961 – 1979. Revelaram-se significativas ao nível superior de 90%, logo explicam falências pessoais, a renda permanente e flutuante e sua relação com as dívidas assumidas; as despesas e sua variação; e a composição e o volume das carteiras de passivos / ativos das pessoas. Mais recentemente, Fay, Hurst e White (2002) mostram a falência como o resultado de um ato premeditado, discutido e avaliado em família, logo de teor estratégico. Ele não seria o fruto de ocorrências imprevistas, simplesmente, poderia acontecer e em certos casos com perdão parcial de dívidas ou ausência de garantias a receber de volta, beneficiaria os casais endividados. Em 2004 Zywicki segue linha similar, mais comportamentalista, para acentuar que em mais de 90% dos casos o alto endividamento dos consumidores e os choques financeiros não antecipados são as razões explicativas das falências da pessoa física. Sumit Agarwal e Chunlin Liu analisam a delinqüência sucedida em cartões de crédito e mostram que o desemprego súbito e localizado, posto que diferenciado por municípios e distritos, afeta profundamente o devedor (Determinants of Credit Card delinquency and Bankruptcy: Macroeconomic factors; 2003). Analisaram 700.000 contas de 1995 em diante nos EUA e perceberam que a atividade econômica diferenciada em termos regionais muda as figuras da inadimplência. Na Flórida, a delinqüência monta a 4,5%, enquanto em Massachussetts ela cai a 2,5%, num período analítico de 32 meses.

Isto significa que políticas públicas de governos de Estado e de municípios, assim como decisões alocativas de governos federais e empresários, determinam decisivamente a saúde econômica e financeira dos trabalhadores. O assunto se veste de sutilezas. Não dá para afirmar peremptoriamente que é a má situação ou a quebra potencial que levam indivíduos à inadimplência, à insolvência e à falência. Eles ou as famílias estudam caso a caso os efeitos e a relação de custo X benefício de abrir uma posição devedora frente a um credor financeiro. Isto funciona como uma função probabilística determinística, na qual se o custo da punição a presente e futuro do ato de não pagar for menor que o benefício a presente e futuro de ficar com o crédito financeiro ou a este ligado com um veiculo, por exemplo, então valerá a pena não pagar e o calote tem possibilidade de se estabelecer. A seguir, o devedor se questiona se vale a pena ou não pagar, no que utiliza uma bagagem de elementos associados aos seus valores morais, éticos, comportamentais e de

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hábitos sociais e comunitários. Caso sinta que a punição é baixa, confirmará o inadimplemento, não pagará e procurará viver a sua vida com a maior normalidade possível. Esta é a hora em que se diz que o “crime compensa”. Logo, antes que um mal sócio-econômicamente daninho se espalhe por toda uma economia, é preciso estabelecer dentro da sociedade globalizada, pós-moderna, da informação e dos direitos humanos “amplos, gerais e irrestritos”, regulamentos coercitivos da prática da delinqüência no mercado de crédito.

Uma política liberal em excesso e sem cobranças, “friendly”, como apontamos neste estudo e que sucedeu no período 1980 / 2007 de modo crescente, nos EUA, no Canadá e na maior parte da Europa, motivou as pessoas e indivíduos a ambos: o endividamento e o superendividamento.

Ocorreu uma sobreoferta de crédito, para manter a economia aquecida e crescendo; aumentar o bem-estar geral; e aumentar os lucros de curto prazo das instituições financeiras. Mas o fundamental, que é a formatação com lisura e coerência de uma curva de oferta realista, que contemple uma função de liberação de crédito agregado à luz de uma relação de custo e beneficio de longo prazo, essa foi esquecida.

A crise do mercado subprime deus seus sinais iniciais e problemáticos em maio de 2006. E foi encorpando, para comprovar uma gigantesca bolha de crédito imobiliário, dada com base em técnica limitada e voracidade de ganhos altos a curto prazo, substituídos por perdas monumentais estimadas em potenciais 2,7 trilhões de dólares nos EUA, em setembro de 2008.

Como o mercado de crédito é visto por credores e devedores como um sistema integrado e que age operação a operação, o estresse complexo ao qual o sub-segmento de crédito imobiliário foi submetido pode acometer e penalizar, afetar e frear outros sub-segmentos. O efeito-cadeia e o efeito dominó passam então a aparecer. Como que em série, um segmento pode abalar outro e isto põe em risco a liquidez e a segurança das carteiras de recebíveis dos bancos.

O ato de liberar crédito em excesso gerou comportamentos não desejáveis, indutores de inadimplência e falência involuntária ou premeditada. Saber como aconteceu e o que gerou o não pagamento, é objeto de análise de crédito caso a caso. Isto se faz nas diretorias de Análise de Crédito de cada financeira e banco, per se e para fins de determinação do perfil dos “endividados - não-pagadores”.

Saber quais fatores efetivamente são os mentores da onda de prejuízos financeiros e bancários que ocorrem neste início de século XXI, conforme anteriormente especificado, serve para que a legislação financeira seja revista e as melhores práticas bancárias voltem a ser implantadas.

A legislação precisa ser justa, calcada na equidade de direitos e correta com os credores, para assegurarem seus direitos de ressarcimento. Dada a volatilidade crescente dos mercados, o risco dos negócios e com isso dos assalariados aumentou. A possibilidade de “quebra honesta” também cresceu, logo é justo adotar cláusulas de reintegração aos mercados, daqueles indivíduos que, pelas evidências levantadas sendo honestos, merecem uma segunda chance.

6.3) Um modelo comportamental e causal macroeconômico para o Brasil.

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Os estudos desenvolvidos no Brasil sobre determinantes macroeconômicos da inadimplência bancária receberam útil impulso com a análise de Linardi (FCE – UFMG) em 2008. Ele investigou a relação entre a taxa de ocorrência de empréstimos em bancos e macrovariáveis para o recente período de 2000 / 2007. Utilizou um modelo VAR (Vector

Autoregression) no qual dividiram-se empréstimos conforme realizados em instituições públicas ou privadas, com a meta de entender o efeito de choques macroeconômicos sobre a taxa de inadimplência.

Escolheram-se o hiato do produto (delta PIB); a variação do índice de rendimento médio real por trimestre dos empregados ocupados; a taxa de juros SELIC anualizada e a expectativa de inflação para um ano. As tabelas 1 e 2 reproduzem estatísticas de Linardi.

A análise de Linardi evidenciou que a taxa de inadimplência em bancos e financeiras é especialmente sensível a mudanças bruscas no hiato do produto; na alteração nos rendimentos salariais e na taxa nominativa de juros. Os resultados apresentados são consistentes e aparentam robustez estatística, conforme mostram os quadros a seguir.

TABELA 1 - Resposta da taxa de inadimplência a choques macroeconômicos.

Valor

•Valor estatisticamente não significativo (5%)Fonte: F.M. Linardi – Avaliação dos Determinantes Macroeconômicos da Inadimplência Bancária no Brasil, 2008.

ValorValor

•Valor estatisticamente não significativo (5%)Fonte: F.M. Linardi – Avaliação dos Determinantes Macroeconômicos da Inadimplência Bancária no Brasil, 2008.

Modelo Hiato Rendimento Taxa SelicExpectativade Inflação

•Valor estatisticamente não significativo (5%)

Modelo Hiato Rendimento Taxa SelicExpectativade Inflação

•Valor estatisticamente não significativo (5%)

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As entidades públicas são mais sensíveis a choques que podem abalar ou

porquanto em 2007 registraram-se 68% das operações de crédito para trabalhadores que recebiam até 3 salários mínimos (aproximadamente R$ 1.245,00 mensais) sucedendo nessas organizações públicas.

Isto é, o risco maior, da baixa renda, ainda se concentra em bancos e financeiras públicas e o movimento de privatização de créditos neste estrato do consumidor ocorre a taxas lentas, embora positivas, de 2,1% entre 2000 e 2007.

Mediante a simulação de Monte Carlo, surgem evidências de baixa probabilidade da

taxa de inadimplência alcançar em seis meses um valor elevado, segundo Linardi. Nossas pesquisas e testes confirmam este resultado, porquanto entendemos que os

indivíduos procuram fazer poupanças (em média, para seis meses de gastos futuros no caso da pessoa física) e reservas técnicas de caixa e tesouraria (em média, para pessoas jurídicas calculamos 38 meses de liquidez, equivalentes aos gastos em despesas correntes mensais), o que significa que antes de atrasar por perder renda ou não gerar vendas, tanto indivíduos quanto empresas “queimam” inicialmente parte de suas reservas técnicas, para então, a seguir, decidir pelo posicionamento inadimplente, insolvente ou falimentar (em Kasznar, Falências e Concordatas de empresas).

O mercado de crédito principal que é aqui objeto de atenção, é o de veículos

automotores, que consiste na área de maior atenção e liberação de recursos para os membros da ACREFI – Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento.

7) Determinantes microeconômicos da Inadimplência.

Sob a ótica microeconômica da falência a ênfase é dada nos indivíduos, nas pessoas e seus comportamentos e preferências em face de mudanças e choques que podem suceder na sociedade e no âmbito econômico. Trata-se de aplicar a Teoria do Consumidor em suas feições ordinal e cardinal.

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Utilizam-se dados em cortes transversais, sobre as características dos indivíduos ou das empresas, que possam mostrar relações de causalidade e efeitos, ditos impactos, sobre esses agentes, indivíduos.

Conforme a Teoria, um indivíduo quererá na essência maximizar a sua função consumo, para desta extrair a mais elevada satisfação, sujeito a uma restrição orçamentária. Caso o indívíduo tenha alguma propensão a poupar, ele dividirá a renda líquida disponível entre consumo e poupança. Quanto maior for a sua propensão a consumir, menor será a sua propensão a poupar. Logo, ele empenhará a maior parte de sua renda a presente, sem maior interesse pelo futuro. E vice – versa, caso um indivíduo tenha alta propensão a poupar, ele aceitará a redução e o sacrifício do consumo presente, para auferir maior renda futura, pois ela na base da poupança primária realizada, será acrescida de juros que aumentarão sua renda futura e sua capacidade de consumo futuro.

Nos países desenvolvidos, nos quais um regime de distribuição de renda possa ser considerado internamente “social e economicamente justo”, e nos quais se estimulem mercados de capitais eficientes, é de se esperar que a cultura da poupança seja premiada e incentivada. As instituições financeiras terão um montante de captações estimulante e elevado em relação ao PIB e caso exista estabilidade macroeconômica associada a um sistema de justiça eficiente e correto na essência, com empreendedores motivados em fazerem investimentos, a demanda por capitais estimulará a formação e o fortalecimento do mercado de crédito.

A oferta de crédito estimulará a demanda e o consumidor assumirá empréstimos e financiamentos, na esperança positiva de aumentar seu consumo presente, pago também com créditos da banca e das financeiras, ressarcido a futuro com as rendas permanentes e flutuantes obtidas no emprego e em papéis e ativos remunerados que estão na carteira do investidor, sobretudo.

O indivíduo haverá de estabelecer uma correta medida de endividamento sobre sua renda e capacidade de pagar. Se tomar de menos, assegura pagamentos à banca, por outro lado deixa de consumir e não maximiza necessariamente a sua função consumo e satisfação. Se, pelo contrário, tomar demais, ou ao repactuar créditos o fizer sabendo que assumiu uma “bola de neve” que se forma com o acréscimo de mais juros, e que ficam impagáveis, o risco crescente de inadimplência sucede, e a banca pode ser prejudicada.

O crédito não pago e visto de forma premedidata com tal, que não será pago pelo tomador, torna-se um crédito delinqüente.

Isto explica que na formação do mercado de crédito, uma harmonização de interesses deverá subsidiar a política de liberação e renovação de créditos. Quem toma há de cuidar para maximizar sua satisfação presente e futura, sem sujeitar-se a estresses provocados pela absorção excessiva e errada de créditos. E quem oferece, há de acertar o “valor ideal a conceder”, além de entender que é preciso criar um teto quantitativo ao volume de crédito concedido por pessoa, porque se for além, a capacidade de pagamento do devedor se esgarça, se desfaz e ele é capaz de se tornar inadimplente e declarar falência de fato. Os juros podem aumentar e acelerar a dívida, contudo o que conta mesmo é o volume do empréstimo e com isto, a relação dívida total sobre renda líquida disponível para pagar prestações.

As razões pessoais que levam ao endividamento impagável e como efeito à

inadimplência e em casos mais graves, à falência pessoal, são numerosas. Na seção 9, que

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traça o perfil dos brasileiros inadimplentes e dos canadenses, há similaridades, que levam à percepção de que existem situações, ou “momentos da vida que explicam a quebra”.

Na literatura moderna e corrente, vamos acorrer ao UK Debt Help & Insolvency

Helpline, que estuda o assunto e possui vasta experiência interativa on-line com pessoas inadimplentes, insolventes e falidas, o que lhe reporta consistentes estatísticas e um banco de dados importante sobre o assunto (UK – DH&IH, 2008).

No Brasil, os levantamentos, pesquisas e as análises da IBCI – Institutional Business

Consultoria Internacional; da SERASA – Experian Company; do Instituto de Economia Gastão Vidigal, da Associação Comercial de São Paulo – ACSP, onde o Professor Marcel Domingos Solimeu atua e dispõe provavelmente das mais longas séries temporais atinentes a falências e concordatas no Brasil; e o Serviço Central de Proteção ao Crédito - SCPC entre outros, merecem atenção e destaque.

As variáveis, que levantamos exaustivamente ao utilizar as fontes anteriormente mencionadas, poderão mediante os levantamentos feitos em pesquisas atinentes ao perfil dos inadimplentes mostrar a real importância de cada variável no contexto brasileiro. Quanto maior for o percentual registrado de respostas para uma variável, causa ou característica, fatores estes que combinados geram o perfil do inadimplente, tanto mais caberá ser atento a ele e sua variável, porque maior será a probabilidade de ocorrência de uma inadimplência.

As principais razões apontadas e alegadas para a quebra são as seguintes, no caso das pessoas físicas e servem de indicadores antecedentes para potenciais problemas de não pagamento de créditos assumidos:

• divórcio ou separação; • maternidade solteira; • doença; • inabilitação e perda de direitos de motorista; • acidentes que inabilitam; • desemprego; • mau emprego, de baixa ou menor renda; • perda de poder aquisitivo salarial com o passar do temo; • perda de poder aquisitivo de aposentadorias e pensões com o

passar do tempo; • quebra de contrato e promessas no trabalho ou emprego; • atrasos no pagamento de salários; • atrasos no pagamento de contratos; • financiamento de carro; • financiamento de eletrodomésticos; • confusão entre contas pessoais e de microempresário; • tentativa de empreendorismo fracassado; • porque a experiência de fazer um projeto de empresa que afunda

isola, e você se sente só, sem ter com quem falar; • porque no lugar de me orientar, o credor não foi sincero, podendo

ver e orientar mais, fez vista grossa aos acontecimentos;

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• porque é do comportamento do credor querer afirmar que está tudo bem, mesmo quando está mal, como sinal de confiança e para não perder o cliente se a situação melhorar;

• porque as ameaças de pagar e ressarcir, descontrolaram a pessoa; • investimento em negócio próprio, acima da capacidade de

sustentação; • mudança nas regras de bonificação em empresas com

dificuldades; • mudança nas regras de pagamento de rendas flutuantes, como

horas – aula e pesquisas; • mudança das regras de mercado, regulamentação que quebra o

pequeno empresário; • descontrole dos gastos; • ter aceito ser fiador ou avalista; • ter “emprestado” o nome; • ter acumulado dívidas fiscais, declaradas; • ter sido flagrado pela malha fina, por dívidas fiscais, declaradas e

não declaradas; • taxas de juros; • repactuação com indexador maior que o utilizado para ajustar

salários, aposentadorias ou pensões; • desinteresse em continuar pagando, porque o produto caducou,

obsoleto; • cálculo e projeção errada do futuro pessoal, em relação à

formação de renda, patrimônio, salário e afins; • ter caído no “conto do vigário”, o crédito parecia “barato”; • ter acreditado no chefe, na empresa e na promoção prometida e

não cumprida; • porque arriscou acima do devido, consciente; • porque foi induzido a assumir mais risco, ante uma facilidade de

crédito que anuvia a curto prazo – “efeito relax financeiro”; • porque apostou que a empresa, financeira ou banco quebraria

antes, logo a massa falida iria ao PROER e o devedor seria perdoado;

• apostas (apostador viciado) em bicho, loterias, cassinos e outras; • sofre de “doença crônica de compra em shoppings”; • sofreu assalto; • sofreu assalto em banco, loja; • sofreu seqüestro – relâmpago com pagamento de resgate; • sofreu seqüestro complexo ou parente e resgatou caro; • sofreu achaque de bandidos; • sofreu achaque de fiscais; • subitamente, virou gastador; • não tinha seguro, a casa queimou; o carro foi roubado ou bateu no

poste;

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• não tinha seguro, foi processado por vítima; • furacões, raios, trovões, granizo, inundações e outros acidentes

maiores da natureza; • outras razões alegadas.

Da longa lista que se levantou anteriormente, claro está que certas variáveis

possuem peso bem maior do que outras. Existem variáveis literalmente acidentais, de causa maior, como as atribuídas aos fenômenos da natureza, como vendavais, furacões e inundações, que nem sempre se repetem e independem da vontade humana. Outras variáveis, pela sua natureza, são associáveis a fenômenos de tomada de decisão pessoal, como o ato de tomar ou não um empréstimo, a dada taxa de juros de mercado.

Portanto, em pesquisas deste gênero, após a correta filtragem, é de se esperar que surjam poucas, mas estatisticamente robustas, variáveis independentes explicativas das inadimplências.

É, neste sentido, universal a percepção de que o desemprego e o mau emprego que remunera baixo são determinantes na explicação de inadimplência da pessoa física. Fatores associados a renda, sua formação, crescimento ou perda real, determinam também a inadimplência, seja individual, seja empresarial.

Em microeconomia bancária, os temas giram em torno destas variáveis e temas e

naturalmente os questionamentos comportamentais e as reações do consumidor a movimentos e alterações econômicas podem ser as mais variadas possíveis.

Desta forma, busca-se atender a questões tais como as seguintes, entre as inúmeras

que se podem criar: • Qual é a taxa de variação percentual relativa da probabilidade de um individuo x entrar

em colapso financeiro e tornar-se inadimplente, se ele possui uma renda R dada, ante uma taxa de variação relativa dos juros cobrados sobre suas dívidas, de z%?

• Qual é a taxa de variação percentual relativa da probabilidade de um individuo x entrar em inadimplência, se ele possui uma renda R dada, e o governo eleva a sua carga fiscal em w% de um ano para o outro?

• Qual é a taxa de variação percentual relativa da probabilidade de um indivíduo que possui o perfil dado por Y (tem 40 anos; é divorciado; tem três ex-mulheres; tem quatro filhos pequenos; trabalha há quatro meses na indústria de calçados; em cinco anos foi demitido uma vez; recebe renda bruta mensal de 3 salários mínimos) entrar em inadimplência e insolvência, se o sindicato exige um aumento salarial de 20% para a categoria, o setor empresarial privado afirma suportar 10% e o governo sinaliza preferir mais empregos a maiores salários?

• Caso um casal se separe ou divorcie, ao dividirem além das propriedades, as dívidas, entre elas as financeiras e bancárias, qual é a probabilidade de um lado assumir o passivo e continuar pagando?

Respondemos às perguntas anteriores, mediante o levantamento de dados e conforme cálculos que permitem as seguintes respostas, em resumo:

a) Para a primeira pergunta, associada a cálculo de análise de elasticidade renda da demanda cruzada para variação na taxa de juros, para o ano de 2007, calculamos que a probabilidade em tornar-se inadimplente um

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indivíduo com renda entre R$ 1.245,00 e R$ 2.060,00 é de 4,43% para um aumento da taxa de juros SELIC de 10% sobre a base, em 12 meses. Ao avaliar esta elasticidade cruzada para junho de 2008, a probabilidade aumentou, em termos reais, com a elevação substancial da taxa SELIC ao longo do ano, de tal sorte que a probabilidade subiu para 4,61% e indicou vetor de ascendência (IBCI – Institutional Business Consultoria

Internacional; Hot spot zones; 2005); b) Para a segunda pergunta, que diz respeito ao peso da carga fiscal, que

corresponde a 38,4% do PIB (IBCCA) no ano 2007 e na pessoa física a afeta em 29,7% da renda pessoal disponível em dezembro de 2007, ao dispor da mesma renda da questão anterior, um brasileiro possui risco de inadimplemento e quebra de 0,74%, com defasagem de dois anos. A taxa de variação relativa dos impostos sobre a renda média centrada que se calculou, foi de 10%, e incluiu o aumento conjunto proporcional de IRPJ e IOF na dotação orçamentária dos indivíduos. Isto é, o efeito de um arrocho fiscal sobre a pessoa física não é imediato. Existe um longo hiato temporal entre o efeito de um aumento fiscal e a quebra financeira dos indivíduos. Contudo, no médio para longo prazo, cargas fiscais elevadas e crescentes punem decisivamente certos indivíduos com o potencial de quebra pessoal (IBCI – Institutional Business Consultoria Internacional; Concordatas e Falências no Brasil – 2000-2006);

c) A terceira questão admite respostas e poderá ser objeto de estudos, mediante a modelagem com árvores de decisão, redes neurais e intensivo uso de database Marketing, em estudos futuros;

d) A quarta questão não possui imediata condição de resposta, porquanto se pesquisou a disponibilidade estatística, que se revelou insuficiente, em especial para mostrar totalizadores de casais divorciados que tenham ou não feito acordos expressos (freqüentemente, deveriam ser legais, contratuais e em juízo) sobre continuação de pagamento de dívidas em financeiras, bancos e cartões de crédito. Pode ser objeto de estudos futuros.

8) Comparação da Inadimplência entre países. 8.1 – A Inadimplência e a insolvência entre países.

Esta seção visa descrever os níveis de insolvência individual numa perspectiva comparativa internacional, para países selecionados e com ótica de longo prazo.

Os desenvolvimentos e as evoluções da insolvência são interpretadas com base e referência nas características, no perfil aparente e na existência de regras estatutárias de insolvência. Ao estudar-se e comparar-se a estatística em termos internacionais, os dados disponíveis precisam ser normalizados, para que haja condições de se fazer comparações adequadas. Trata-se de uma questão de comparabilidade e entendimento de proporções, posto que é preciso comparar o fenômeno da insolvência e da inadimplência para países que possuem populações de tamanhos bem variados.

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Então, não é o valor absoluto registrado de inadimplementos per-se, que interessa, mas sim a quantidade de pessoas que entram em colapso financeiro, para uma dada quantia de membros da população. Esta normalização há de considerar também as especificidades de cada país, onde se incluem o tamanho da população; o número de empresas atuantes; o tamanho médio das empresas, classificadas por número de empregados registrados; e a população economicamente ativa. Ao longo desta seção, o número de insolvências será relacionado a um milhão de habitantes em todos os países considerados. A amostra que apresentou condições de ser estudada se compôs dos seguintes países: Holanda; Grã-Bretanha; Suécia; Alemanha; Canadá; Estados Unidos da América (EUA); Austrália e Brasil. Este grupo pode ser considerado bem qualificado, porquanto dispõe de quatro países europeus ricos e altamente desenvolvidos cujo IDH – índice de Desenvolvimento Humano suplanta o valor 0,9, o mesmo sucedendo com as duas mais ricas economias do subcontinente norte-americano e com a continental Austrália (cf. : Kasznar, Istvan; in: Financeiro; 2006). Conforme mostram o quadro n.14 e o gráfico n. 15, entre os anos 2000 / 2005, todos os países mostram uma tendência variada altista, logo de aumento de insolvências, com a exceção da Suécia, que reduziu delicadamente seu índice. Pode-se distinguir claramente três grupos distintos de nações, no que diz respeito à evolução recente de sua população insolvente, a saber: aqueles nos quais a insolvência relativa da população cresce positivamente, sobre uma base relativamente pequena, mas rápido, constituída da Holanda; da Grã-Bretanha; da Alemanha; e da Austrália – que chamaremos de Grupo A. O grupo B, formado pela Suécia, cujo desempenho aparenta a maior constância, estabilidade e regularidade, sem maiores sobressaltos. E o Grupo C, formado pelos Estados Unidos e Canadá, onde a insolvência cresce para uma proporção alta da população e as taxas dos anos recentes são maiores que as registradas no passado. Neste particular, a taxa de insolvência geral, que inclui dados para indivíduos e negócios, entre 1980 e 2005, é de 5,9% para os EUA e 4,3% para o Canadá, conforme Osterkamp (em: Insolvency in selected OECD countries; R. O.) Quadro 14.

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Total de Insolvencias (Negócios e Individual) - 2000 / 2005em Países selecionados - Dice Report 1/2006

Ano HOLANDA GRÃ BRETANHA ALEMANHA SUÉCIA CANADÁ USA AUSTRÁLIA2000 302 884 528 871 3150 4540 12082001 391 890 576 877 3175 5160 12162002 436 899 745 868 3142 5430 12232003 487 952 1008 860 3171 5720 11902004 546 1006 1415 872 3423 5510 11992005 610 1147 1907 858 3478 6480 1220

Fonte de Cálculos: IBCI - Institutional Business Consultoria Internacional Ltda.Origem: Osterkamp / OCDE.

Gráfico 15.

Total de Insolvencias (Negócios e Individual) - 2000 / 2005em Países selecionados - Dice Report 1/2006

0

1000

2000

3000

4000

5000

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7000

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Ano

Val

ore

s em

Per

cen

tual

(%

)

HOLANDA GRÃ BRETANHA ALEMANHA SUÉCIA CANADÁ USA AUSTRÁLIA Na dinâmica internacional, o fator principal que parece conduzir ao crescimento positivo da dinâmica das insolvências é a insolvência individual, pessoal. Logo, aquela que se associa a desemprego e perda de renda. As taxas geométricas de crescimento dos indivíduos são bem mais altas que as taxas totais verificadas, logo as empresas tendem a ser menos insolventes, porque controlam melhor seus fluxos de caixa e possuem especialistas em finanças que põem em ordem as suas contas. A insolvência na Alemanha cresceu ao assustador ritmo médio de 13% ao ano; da Holanda a 11,3%; e da Grã-Bretanha a 8,0%, entre 1980-2005.

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A maior proporção de indivíduos insolventes sobre a população total é com primazia absoluta dos EUA e a seguir, do Canadá, embora menor. Em que pese a retomada da insolvência recente na Alemanha e na Grã-Bretanha, a razão de insolvências entre os países tende negativamente aos EUA: para cada 6.200 insolvências americanas registradas em 2005, havia aproximadamente 1.110 na Alemanha e na Grã-Bretanha, ou seja, a insolvência nos EUA foi 5,59 vezes maior que naqueles países. Esta proporção elevada sugere e fornece evidências para um descontrole e um superendividamento nas contas e dívidas dos norte-americanos. Isto é, passaram a financiar seu consumo com créditos diversos, como os cartões de crédito, o crédito direto ao consumidor, os financiamentos a veículos e imóveis e afins, e não tiveram condições de fazer poupança, provisionamentos, com os fins de cobrir seus passivos. Desta forma, a crise da subprime e dos títulos hipotecários era visível e se aproximava havia pelo menos sete anos, desde 2001, quando então os indicadores de insolvência subiram com persistência e sem parar. O país que possui o menor índice geral de insolvência individual é a Suécia. E os indicadores recentes mostram redução dessa insolvência, em princípio porque a legislação é severa e firme, cobrando do consumidor e devedor o devido e porque o nível educacional e cultural dos suecos permitiu elevar a níveis inéditos a disciplina orçamentária doméstica. Na Alemanha, acontece um fenômeno recente, de retomada explosiva das insolvências do ano 2001 em diante. E ela se deve em grande arte a reformas legais. Em 1999, introduziu-se a possibilidade de cancelamento de dívidas para indivíduos insolventes que não tivessem microempresas e afins. Como reação imediata, a insolvência disparou e mais do que dobrou em menos de dois anos, saltando de 202 insolvências por milhão em 2001, para 617 em 2002 e 825 no ano 2003. A unificação da Alemanha inicia-se com a queda do muro de Berlim, em 1989. Implicou na absorção da depauperada população da Alemanha Oriental, que foi habituando-se às vantagens capitalistas e consumistas do mundo ocidental. Mesmo após 20 anos de unificação, persistem os desafios de integrar pessoas que não possuem mais trabalho especializado e de valor, de tal sorte que ficam sujeitas a empregos informais, voláteis e de baixa renda. Desta forma, para explicar-se a tendência geral de crescimento positivo na insolvência das pessoas físicas, dois fatores se mostram preponderantes. Primeiro, as novas legislações de insolvência permitem o descarregamento das dívidas e sua eliminação contábil, como uma perda (a net loss is debt dischargeable). E segundo, dívidas de consumidores, majoritariamente não asseguradas crescem por causa da desregulamentação legal dos mercados de capitais. Desde 1984, uma numerosa onda de leis sobre inadimplência e insolvência sucedeu. Nesse ano, houve reformas nos EUA e na Dinamarca. Em 1994, novamente os EUA reforçaram as suas reformas, com países europeus independente modernizando as suas legislações, como Áustria, Alemanha e Suécia. Em 1997 o Canadá e a Holanda fizeram suas mudanças legais e a Alemanha liberou sua dura legislação em 1999 e 2001. Novamente os EUA arejaram em 2005 sua legislação. Em praticamente todas estas reformas, um denominador comum de valores pode ser identificado, a saber: a legislação é favorável e amiga dos devedores. Estes são favorecidos e tratados com cada vez maior probabilidade de perdão de dívidas. A exceção a esta tendência acontece tardiamente nos EUA e no Canadá. Nos EUA, após a disparada altista das insolvências, a reforma de 2005 procura cobrar de fato as

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dívidas e recuperar pelo patrimônio disponível os passivos assumidos pelos indivíduos e famílias. No Canadá, em 2003 o número de casos de insolvência dos consumidores chegou a 100.745, o que equivale a 4,1 casos para cada 1.000 canadenses que possuem acima de 18 anos. O envelhecimento da população européia acarretou uma dependência significativa dos aposentados e pensionistas pela Previdência, os sistemas de Assistência Social e pelas políticas de reajuste de aposentadorias e pensões. Em geral, os reajustes são menores que a inflação, corroendo o poder aquisitivo dos orçamentos, que se apequenam em termos reais, o que leva numerosos membros da terceira idade à quebra. E entre as suas principais despesas, ressaltam-se os gastos com remédios e saúde. Quando estes disparam no orçamento familiar ou individual e este não possui cobertura de seguro, nem há entrega de remédio pela secretaria de saúde municipal, aumenta a probabilidade de insolvência (Kilborn, J.). Portanto, após a experiência dos anos 1984 - 2005, quando a declaração de insolvência das pessoas físicas disparou, registram-se duas tendências: volta-se atrás na legislação amiga, para endurecê-la novamente; e legislações excessivamente restritivas, que podem inviabilizar e estigmatizar socialmente os devedores são modificadas, para viabilizarem e darem nova chance ao devedor, trazendo-o de volta ao circuito sócio-econômico. 8.2 – O comportamento oportunístico do devedor.

Faz sentido que o consumidor, quando grande devedor, em relação à sua renda, se pergunte se deve relaxar moral e eticamente quando muda a Lei e esta acena com menos punições ou penas ao ato de atrasar ou não pagar dívidas.

Talvez ele saiba e esteja consciente de que a dívida há de ser quitada, contudo, para novas regulamentações, ele age conforme a relação de custo / benefício que pode tirar de cada nova situação. Assim, ele se move conforme as oportunidades.

Se a punição de não pagar diminui, a propensão do consumidor em não pagar aumenta. E vice – versa, se a punição aumentar, sua propensão em calotear diminui, isto é, a propensão a pagar a dívida aumenta.

Portanto, além do desemprego, que corta a renda salarial do indivíduo a zero; do mau emprego, do subemprego ou do emprego temporário, que rendem pouco e abaixo do potencial do indivíduo; da tendência ao aumento da taxa de desemprego; das taxas de juros crescentes; e da ascensão na proporção entre dívida e renda presente e futura do consumidor, é determinante a mudança na legislação, para explicar as recentes crises de inadimplência e de insolvência, no mundo do crédito da pessoa física.

O superendividamento das famílias também é causado pela sobreoferta de crédito por alguns bancos, que aceitam mais riscos e se perfilam como mais agressivos, para conquistar “mais clientes”. Contudo, nem sempre os clientes são “efetivos bons pagadores”, podendo ser “potenciais clientes, maus pagadores, sem potencial de ressarcimento de dívidas”.

Conforme Zywicky (2005) e Osterkamp (2006), “os indivíduos aparentam estar escolhendo crescentemente entre assumir e declarar a bancarrota como uma resposta ao desequilíbrio financeiro, em vez de reduzir o gasto ou gerar poupanças para evitar a bancarrota”.

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9) Perfil do inadimplente.

9.1) A inadimplente brasileira pessoa física. Para o estudo do perfil dos consumidores que se tornam inadimplentes, considerou-

se o levantamento de entidades que praticam pesquisas regulares sobre o assunto. Buscou-se um conjunto de pesquisas atual, referente ao período 2002 / 2008.

Segundo estudo da Proconsumer – Associação dos Direitos do Consumidor o perfil

do consumidor inadimplente no ano de 2002 é o seguinte: * 56% são do sexo masculino e 44% do feminino; * quanto à idade: 25% possuem menos de 30 anos; 35% estão entre 31 e 40 anos; 22%

registram entre 41 e 50 anos; e 10% possuem de 51 a 60 anos; * quanto à ocupação, o que surpreende e vai contra diversos modelos

macroeconômicos apresentados neste estudo, que enfatizam o desemprego real e efetivo como uma variável decisiva e determinante de inadimplências, verifica a pesquisa: 58% estão trabalhando; 20% estudam e trabalham; 14% são aposentados; e 5% apenas são desempregados;

* no regime ocupacional, consta que 30% eram funcionários públicos – o que desmonta a hipótese de segurança maior e recebimento certo que se credita a esta classe de profissionais; 26% de empresas privadas; 19% profissionais liberais; 15% empresários – um valor eminentemente alto, considerada a relativamente pequena proporção de empresários no país; e 6% outros;

* conforme a justificativa geral, eles “foram se endividando aos poucos”; * quanto ao grau de instrução: 40% possuem 3º grau completo; 10% são pós-

graduados; 30% possuem 3º grau incompleto; e 19% completaram o 2º grau; * aqueles que entram com ações judiciais por estarem melhor informados de seus

direitos, são os que possuem 3º grau completo ou pós-graduação; * em relação à renda familiar: 37% ganhava entre R$ 900,00 e R$ 1.800,00; e 26%

tinham renda abaixo de R$ 900,00; * sobre em relação a quem os consumidores ficaram inadimplentes: 47% junto a

bancos; 40% em administradoras de cartão de crédito; e 25% junto a financeiras (observe-se que um mesmo indivíduo pode ter uma, duas ou mais pendências, junto a credores diversos).

A Pesquisa de Inadimplência da Associação Comercial de São Paulo – ACSP foi

levantada em duas datas distintas, para mostrar eventuais mudanças no perfil dos pagantes, com o passar dos anos. Centrou-se o levantamento para os anos de 2005, quando a economia se recuperara e mostrava o retorno do PIB a níveis anuais de crescimento real acima de 5% e as taxas de desemprego começavam a cair de penosos 9,8%, e 2008, mês de março, data do último levantamento disponível.

Assim, pode-se fazer certa comparação entre um e outro ano, e verificar se ocorreram ou não mudanças.

Mostram os levantamentos conforme as disponibilidades de dados e com cortes

diferentes, o que dificulta as comparações (em: Canal Executivo / Pesquisas – 2005; Perfil do Inadimplente, Sindicato do Comércio varejista da Baixada Santista – 2008):

i) quanto ao sexo, 57% são homens em 2005 e em 2008 55%; logo mulheres são 43% e 45%

respectivamente; ii) * na classificação por idade, em 2005: 66% tem entre 21 e 40 anos;

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* na classificação por idade, em 2008: 6% menos de 20 anos; 25% entre 21 e 30 anos; 30% entre 31 e 40 anos; 25% entre 41 e 50 anos; 10% entre 51 e 60 anos; e 1% acima de 60 anos; iii) * em 2005, as principais causas da inadimplência seriam: 50% o desemprego; ser

fiador ou avalista ou emprestar o nome, 13%; * as causas aparentes de inadimplência seriam em 2008: 56% desemprego próprio ou

de alguém da família; 13% - descontrole de gastos; 13% ter sido fiador, avalista ou emprestador de nome; 6% ao ver a renda diminuída; 5% por doença; 5% outros motivos e 2%por ter recebido o salário em atraso; iv) para os empréstimos consignados, em 2008: 55% afirmam que usaram para quitar dívidas;

16% para compras; 15% para reformas imobiliárias; 10% miraram o auxílio à família; e 4% se espalharam por outros motivos.

v) * quanto à renda familiar, em 2005: 48% ganham entre R$ 501 e R$ 1.000,00; * quanto à renda familiar, em 2008: 5% de R$ 100,00 a R$ 200,00; 8% de R$ 201,00 a

R$ 380,00;19% de R$ 501,00 a R$ 760,00; 23% recebiam R$ 761,00 a R$ 1.000; 23% de R$ 1.000,00 a R$ 2.000,00; 10% acima de R$ 2.000,00.

Conforme se pode depreender e concluir dos levantamentos acima, os critérios e

segmentações são desiguais, o que dificulta, senão impede, uma comparação direta entre as pesquisas das diversas entidades. Ausenta-se a homogeneização de dados, com um método comum, o que aumentaria o grau geral analítico para a tomada de decisão empresarial.

Algumas indicações de tendência, contudo, sugerem que aumenta o número de mulheres com inadimplência, como conseqüência de sua maior participação no mercado de trabalho, fato comprovado nas estatísticas do RAIS – Ministério do Trabalho; o desemprego é a principal causa da inadimplência; fiadores e avalistas estancam a participação nas questões causais, contudo com 13% mostram ser escolhidos freqüentemente sem as capacitações e disponibilidades de poupança adequadas, para dar garantias; e o centro das inadimplências se dá para quem aufere entre R$ 501 e R$ 2.000,00.

À luz dos levantamentos e estudos de perfil, Adalberto Savioli (Financeiro, 2007),

arremata e afirma que “as empresas de cobrança precisam de um sistema cadastral bem estruturado e a cada dia que passa, melhores ferramentas estão sendo utilizadas nesse sentido”. Isto é muito importante, pois a disponibilidade a e consistência dos dados fortalecem a Database Marketing e o Sistema de cobranças e liberações prévias de crédito. As variáveis anteriormente citadas ao serem estudadas permitem que se filtre a mais relevante, do ponto de vista da representatividade, mediante instrumentos da estatística.

Pesquisa da ACREFI e detalhadamente analisada por Savioli em 2006 indica segundo ele que “55% dos clientes em atraso possuíam um cartão de crédito em outra instituição; 65% dos clientes tinham renda até R$ 1.500,00; 20% dos clientes em dia possuíam restrição de mercado; 79% estavam dispostos a pagar suas dívidas desde que houvesse acordo; e 24% não reconheciam seus débitos”.

Segundo Adalberto Savioli, “precisa-se saber interpretar este universo e fazer campanhas eficientes na área de cobrança”.

Isto é, a proposta diz respeito a pró-atividade em cobranças; ficar perto e regularmente em contato com os clientes; entender os seus problemas; fazer propostas para viabilizar pagamentos ex ante; e acompanhar os perfis diferenciados de clientes à luz da conjuntura macro e micro, legal e institucional, nacional e internacional, pois eles podem mudar de comportamento e gerar inadimplências, no acontecer dos choques.

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9.2) A inadimplente pessoa física no Canadá.

No Canadá, um breve perfil sócio-econômico das pessoas que entraram em estado de inadimplência e insolvência, mostra fundamentalmente para o ano de 2003 que:

* 59% são homens (a maioria absoluta); * a idade média é de 42 anos; * o salário médio mensal é de US$ 1.479,00; * 44% são casados ou vivem com uma parceira; * 28% são divorciados, enquanto a população em geral apresenta separações em valor bem menor, estimado em 11,4%; * a dívida média “falida” é de US$ 57.199,00; * o ativo realizável líquido médio é de apenas US$ 505,00 e se constituem de bens de pouco valor, já usados e com pequena probabilidade de vendas, como bens pessoais (rádios; televisores; máquinas de barbear; e afins); carros e móveis; * a proveniência das dívidas é majoritariamente formada por cartões de crédito; empréstimos bancários; e impostos (em: Bureau du surintendant des faillites – Canadá). 10) Possíveis medidas de recuperação de inadimplentes.

A recuperação de inadimplentes, insolventes e falidos há de ser objeto permanente da atenção das autoridades, das financeiras e bancos, da indústria e comércio, dos próprios consumidores e portanto é um assunto de interesse geral e universal.

A autoregulação do setor se faz necessária, apara atender os novos tempos, que emergem com mudanças contínuas e é necessário adequar-se a elas.

Conforme mostrado na seção 8, que estudou a inadimplência em oito paises do mundo, a linguagem de soltura, de liberação amiga, de cobrança mais amena de dívidas, gerou um aumento forte destas e o aumento generalizado das inadimplências. À exceção feita para aqueles indivíduos que se arriscam mediante a abertura de negócios, empenham suas poupanças em novas atividades que não deslancham ou fracassam, faz sentido retornar e manter regulamentações mais severas e limitativas da liberação de créditos, sob pena de se pôr em risco o sistema financeiro e sua capacidade tradicional de agir como intermediário financeiro.

Estas regulamentações apenas funcionam com um sistema judiciário veloz, eficiente, que julga cada caso em tempo hábil e com a adoção de um modelo educacional que ensina o consumidor a ter limites auto-definidos em seu endividamento e orienta a banca a auto-ajustar-se a um limite de crédito, para que mantida a vontade de gerar bons resultados, não os veja obliterados pela ganância equivocada, de curto prazo, seguida de ondas de quebra no mercado de crédito.

Assim como o devedor deve saber dar um limite à sua dívida, dizendo-se “além deste valor X eu não assumo mais empréstimos, pois embora queira consumir mais, não terei condições certas de pagar no futuro o que devo, o que me gerará custos e punições, além da penosa imagem de mau pagador numa sociedade que estigmatiza” o credor há de liberar créditos a quem tem alta probabilidade de pagar e é disciplinado em finanças pessoais. E o credor, financeiras e bancos juntos, hão de exercitar em última instância a

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prática de renegociar créditos e se estes soam duvidosos ou inconsistentes com a renda do devedor, dizer “não, você não pode receber crédito, logo não te dou o valor solicitado, pelas razões que enumero a seguir, com vistas a dar uma orientação básica, cívica, cidadã e social. Quero defender o seu orçamento doméstico, mas entenda que preciso defender o patrimônio do meu acionista, que também visa defender seu patrimônio e quer ver estabelecida a disciplina no crédito”.

Assim como se pode evoluir ao longo do tempo com progresso, sucesso e bons rendimentos, que formam poupanças e patrimônio, é possível mesmo que sem atitude delinqüente expressa quebrar. A recente evolução do mercado norte-americano bancário e financeiro mostra claramente que as orgulhosas indústrias bancárias, simbolizadas pelos seus yuppies de Wall Street, milionários de um dia para outro com operações heterodoxas de derivativos e venda de títulos hipotecários assinados por compradores de imóveis incapacitados de pagar suas dívidas, pode vergar e entrar em colapso.

Entre 28 e 30 de setembro 2008, o Presidente Bush declarou que o sistema financeiro norte-americano entraria em colapso caso não recebesse urgentemente US$ 700 bilhões, para sanear os bancos e suas carteiras sub-prime, de créditos mal liberados e analisados, para compradores imobiliários com histórico problemático e freqüentemente falimentar.

Além de assustar, estarrecer e imobilizar o mercado e a sociedade por dias, o discurso do presidente mostrou a dimensão do desastre financeiro norte-americano no mercado imobiliário. E revelou a vontade de fazer soluções imediatas e prontas com o dinheiro do contribuinte, numa transferência que seria inédita na história do capitalismo mundial. Os democratas sustaram e derrotaram os pedidos velozes do republicano Presidente Bush. Precavidos, sabem que políticas de crédito hão de ser preventivas, corretivas e bem estudadas.

Crédito para sanear o erro e o inadimplemento alheio não se libera com pressa, açodadamente. É preciso, como se diz em francês, “prendre son temps” (tomar seu próprio tempo, ver causas e efeitos ao longo e em perspectiva).

A par de entendermos que a quantia mencionada é pífia em face das reais necessidades do sistema financeiro mundial e dos EUA, que estimamos em US$ 2,4 trilhões, prevemos uma longa e penosa temporada de acertos no sistema, associados a novas regulações em mercados que ficaram soltos e amigáveis aos potenciais e agora efetivos calotes.

E nesse ambiente, os bancos quebram em número elevado; outros se fundem com resultados futuros imprevisíveis e grande número de empregados e yuppies bancários, securitários e financeiros é demitido. De uma hora para outra, surgem os novos pobres, com possibilidade de, ao disporem de muitos gastos e hábitos de consumo de bens de luxo e superiores, ao não se disporem à nova época de contenção de gastos, quebrarem e gerarem inadimplências múltiplas e numerosas no sistema financeiro.

Estudo da FEBRABAN, mediante o Grupo de Trabalho de Melhores Práticas emitiu documento a respeito das Melhores Práticas na Gestão do Risco Operacional (2006) e que reportam a importância da adequação bancária e financiaria às “implicações de Basiléia II e da Resolução 3.380”. Pondera a equipe: “é fundamental o acompanhamento da gestão das metodologias aplicadas com finalidade de respaldar a tomada de decisão. A alta administração, portanto, a fim de assegurar que os procedimentos realizados pela estrutura de gestão de risco operacional estejam de acordo com as políticas da instituição financeira,

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nomeia uma auditoria interna a qual deve assegurar que o risco operacional esteja sendo avaliado em toda a instituição”.

As propostas que mostraremos a seguir são onze, para concentrar a atenção sobre o

que nos parece mais relevante e de maior efeito, na perspectiva dos próximos dez anos. Além dos esforços em dar segurança ao sistema financeiro nacional, em andamento,

bem encaminhados através das instituições, entidades e autoridades que se encarregam em trabalhar e atuar na área de crédito, entre as inúmeras medidas a estudar, avaliar, plantear e definir, propõem-se as seguintes, a serem aceitas ou rejeitadas nos fóruns cabíveis e variados aos quais se afeiçoam as decisões de crédito no Brasil:

1) A promoção de estudos e diagnósticos integrados e relacionados à

evolução do mercado de crédito e ao comportamento das inadimplências;

2) A análise da geração de uma Meta de Crédito Agregado, em relação ao PIB, ao nível de emprego e de renda e à capacidade desejada de pagamento dos brasileiros, nos moldes da Meta Inflacionária (Inflation targeting), e segmentada para a pessoa física e jurídica; a agricultura, a indústria, o comércio e os serviços; e os setores privado e público;

3) O incentivo à criação do Ministério do Consumidor, a rigor aquele ao qual se dirigem as ofertas de bens, serviços e créditos, para ordenar e sintonizar a demanda agregada e específica, conforme os perfis e classes sociais;

4) O incentivo à criação e manutenção de um (ou vários) serviços nacionais de assessoramento de débitos, gratuitos ao consumidor, para a melhoria do acompanhamento dos inadimplentes e falidos pessoa física e jurídica, e educação com soluções de management e boas práticas de endividamento e liberação de créditos;

5) Formar consenso sobre formas de ajudar devedores, para resgatarem seus passivos e retornarem à sociedade em condições adequadas à continuação de uma vida levada em normalidade. As agências atuariam: no esclarecimento de confusões no entendimento da situação devedora e na busca de soluções possíveis, caso a caso; na geração de autoconfiança e acompanhamento psicológico por situação; na oferta das melhores soluções gratuitas, que não empenhem patrimônio e ponha em risco a segurança das famílias; na sugestão de consolidação de dívidas, sua solução e gestão, com um plano educacional e aulas correntes de economia doméstica;

6) Gerar campanhas responsáveis de esclarecimento público, sobre o valor positivo do crédito responsável e nesta linha, como ação do sistema financeiro, aprofundar a adoção de medidas prudenciais, reguladas e que reduzam os riscos da atividade no setor financeiro e com foco especial, das financeiras;

7) Estudar, implantar e administrar o Cadastro Positivo; 8) Dispor de um sistema integrado, na linha do Helpline, por áreas de

especialistas, nos seguintes temas, entre outros: o mercado de

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trabalho moderno; o mercado empresarial e os riscos modernos do negócio; problemas de endividamento no Brasil e formas de solução; economia doméstica aplicada por estrato de renda; soluções para créditos imobiliários e créditos automobilísticos; microempresas; empresas limitadas; parcerias e sociedades; dívidas por categoria profissional (médicos; advogados; estudantes; costureiras; artesãos; e outros); gestão de prestações, amortizações e dívidas; acordos individuais (Individual Voluntary Agreements - IVA) e sua feitura no Brasil;

9) Revisar e aumentar os coeficientes de segurança e provisionamento de recursos, em função da elevação da inadimplência no sistema econômico; do coeficiente de atrasados / operações de crédito bem mais alto no Brasil que noutros países, aqui estudados, com certa agilidade;

10) Reforço dos fóruns da Indústria do Crédito e sua integração com outros mercados – Leasing, compror, vendor, Sales-leaseback, Hedging – Derivativos, de Veículos, Imobiliário, e afins; e

11) Expansão da política pública e privada de expansão do microcrédito orientado; do crédito responsável e da orientação cidadã. Neste sentido, importante é ressaltar o exemplo pioneiro e firme da entidade e Instituto Akatú e suas publicações de elevada utilidade pública, assim como as ações do Instituto Ethos que valoriza os mais elevados conceitos da boa moral, ética e costumes socialmente construtivos.

11) Possíveis políticas macro, para a negociação de créditos inadimplentes.

Na Suécia, a 7 de janeiro de 1999 o governo decidiu os termos de referência sobre as políticas de defesa e de promoção do consumidor para o próximo século XXI. Entre as propostas mais importantes para favorecer o consumidor no mercado e aumentar a atenção em prol da defesa de seus interesses, figuram as seguintes medidas, ratificadas no Relatório Final de abril de 2001 (Sweden, Annual Report on CPD), a saber:

• A criação de centros de aconselhamento do consumidor em todos os distritos, obrigatoriamente;

• O estabelecimento de um Ministério de Assuntos de Consumo, para esclarecer melhor as atividades governamentais a favor do consumidor;

• Oferta de mais dinheiro para as organizações especializadas em consumidores; • Reforço de equipes de conselheiros em gestão de passivos, na área dos serviços

financeiros; • O saber do consumidor e seus direitos, uma nova disciplina escolar; • A extensão do Ato de serviços ao consumidor (CSA) às áreas de serviços ainda

sem regulamentação; • Adoção de regras prévias de informação sobre quaisquer bens e serviços

oferecidos;

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• Direito de retirada sem maiores penalidades, caso serviços não se provem necessários, adequados ou efetivos, sem multas e punições de ordem maior;

• Acesso fácil a contratos de consumidor – cliente, com selo de aprovação governamental;

• Sistemas de pagamentos mais seguros e eficientes; • Lei de proteção ao consumidor em compras e créditos.

Conclusões estratégicas.

Crises bancárias no mundo foram precedidas por uma oferta de crédito expansiva, real e agressiva. Uma rápida e continuada deterioração do ambiente macroeconômico, sem a adoção de medidas firmes e vigorosas, aprofunda as crises e aumenta as perdas da sociedade e do sistema bancário.

No Brasil, de 2005 em diante, experimenta-se com uma certa sensação de satisfação a expansão vigorosa do crédito ao consumidor e a capacidade do Estado sustentar com empréstimos a retomada maior do crescimento do PIB. Contudo, toda expansão possui seus limites e mais vale o crescimento seguro e regular, que o crescimento explosivo e de fôlego curto, seguido de operações de rescaldo às pessoas físicas e empresas e de socorros bancários, que em sua dimensão fiscal, mediante impostos, acabam saindo dos bolsos do contribuinte. Bibliografia. ABRADEE – Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica; Resultado Consolidado da Inadimplência do Setor de Distribuição; 3T06; 2006. ACREFI; Revista Financeiro, série de 2004 a maio de 2008; www.acrefi.org.br; 2008. Banco Central do Brasil; Relatório Anual dos anos 1975 a 2007; Banco Central do Brasil; Relatório de Economia Bancária e Crédito – 2007; texto técnico: Porque o volume de empréstimo consignado no setor privado é baixo? Qual a solução? Por Tson Chu, Victorio; Lundberg, Eduardo Luis e Takeda Tony. Banco Central do Brasil; Relatório de Estabilidade Financeira; Volume 7 – número 1; Maio de 2008. Borges Matias, Alberto; Inadimplência e Insolvência no Brasil; Análise setorial; INEPAD – Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração; em Financeiro, A revista do crédito; anos 1 a 6, nos 1 a 53. Borges Matias, Alberto; Banco de Dados por INEPAD – Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração; em Financeiro, A revista do crédito; anos 1 a 6, nos 1 a 53. Com alta do aluguel, número de ações de denúncia vazia aumenta 40% em SP; www.imobilien.com.br; julho 2008. Conjuntura Econômica; vol. 40 a 62, nos 1 a 12; Fundação Getulio Vargas. Fay, Scott; Hurst, Eric e White, Michelle J.; em The Household Bankruptcy decision; ERA – American Economic Review; vol. 92; n. 3; june 2002. FEBRABAN; Melhores Práticas na Gestão do Risco operacional; Grupo de Trabalho de melhores práticas, coordenação de Terence Augusto Guimarães et alii; São Paulo; março de 2006.

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