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SUMÁRIO - WordPress.com · 2019-06-10 · CDH (2016), a segunda em 2017 no CDH (2017) como Diretora Assistente, e a terceira será agora, também no CDH (2019) como Diretora Assistente

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SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE ............................................................................... 3

2 APRESENTAÇÃO DO TEMA .................................................................................. 5

3 SITUAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO SISTEMA INTERNACIONAL 7

4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO INDIVIDUAL E GOVERNOS AUTORITÁRIOS ..... 9

4.1 Primavera Árabe ............................................................................................... 9

4.2 Governos autoritários .................................................................................... 10

4.3 Liberdade de expressão e mídia ................................................................... 12

5 AQUELES QUE LUTAM A FAVOR DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO .............. 13

5.1 Papel das Organizações Internacionais ....................................................... 14

6 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ ............................................................................ 15

6.1 História e importância do CDH ..................................................................... 15

6.2 CDH e liberdade de expressão ...................................................................... 16

7 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES............................................................... 17

7.1 Emirados Árabes Unidos .............................................................................. 17

7.2 Arábia Saudita ................................................................................................ 18

7.3 Eritreia ............................................................................................................. 18

7.4 Noruega .......................................................................................................... 19

7.5 Suécia ............................................................................................................. 19

7.6 Centro do Golfo para os Direitos Humanos................................................. 20

8 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES ................................................. 20

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 22

TABELA DE REPRESENTAÇÕES .......................................................................... 26

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1 APRESENTAÇÃO DA EQUIPE

Diretora – Luísa Buzatti

Olá delegados, bem-vindos ao MINIONU 21 anos e ao Conselho de Direitos

Humanos! Meu nome é Luísa da Silva Buzatti e é com enorme prazer que atuarei

como diretora desse comitê que foi criado com tanto carinho ao longo desse ano.

Tenho 20 anos e durante o evento estarei cursando o sétimo período de Relações

Internacionais.

Nunca tive a oportunidade de participar como delegada do MINIONU, uma

vez que minha escola não participava do evento e, por não ser daqui, confesso que

não tinha conhecimento do que era até entrar no curso. A partir de então, o desejo

de me tornar parte dessa equipe se fez presente dentro de mim.

Este será meu terceiro MINIONU. O primeiro foi em 2016 como Voluntária de

Mídia, no qual colaborei no processo de marketing e comunicação do evento, onde

pude conhecer mais detalhadamente todos os comitês e compreender melhor o que

realmente é esse modelo.

Em 2017 fui Diretora-Assistente do CDH 2018, o qual tratava a questão da

mutilação genital feminina na África e no Oriente Médio e posso dizer que esse

assunto, tão complexo e importante, me marcou profundamente, tanto que esse

tema se tornou parte do meu projeto de conclusão de curso. Além disso, foi no

MINIONU que tive a oportunidade de aplicar na prática tudo que aprendi no curso de

Relações Internacionais e sair um pouco da teoria da sala de aula.

Acredito verdadeiramente que os direitos humanos devem ser garantidos a

todos. Para tanto, o comitê CDH 2019 – liberdade de expressão no norte da África e

no Oriente Médio - foi criado com o intuito de conscientizar vocês delegados que

ainda existem sim situações como essas em pleno século XXI e dizer que a sua voz

pode tornar o mundo um lugar melhor e mais seguro. Espero que o debate influencie

no crescimento pessoal de vocês e que transforme de algum jeito a forma de vocês

verem o mundo. Vamos juntos?

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Diretora Assistente – Julia Moss

Olá delegados! Meu nome é Júlia Edmundo Moss, tenho 21 anos e durante

os dias do evento estrei cursando o oitavo período de Relações Internacionais na

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Esta será minha terceira

participação no MINIONU, sendo a primeira como voluntária em 2016 no comitê

CDH (2016), a segunda em 2017 no CDH (2017) como Diretora Assistente, e a

terceira será agora, também no CDH (2019) como Diretora Assistente no debate

sobre a liberdade de expressão no Norte da África e no Oriente Médio. No ano de

2018 fiquei responsável por um trabalho externo de preparação de alunos para o

MINIONU em minha cidade e por tal motivo não estive nas atividades internas.

O MINIONU para mim foi, com toda certeza, a melhor oportunidade que

encontrei na universidade. O crescimento pessoal e profissional, o conhecimento

adquirido, o entendimento do posicionamento do jovem, o aprendizado sobre

disciplina e debates políticos, são os maiores ensinamentos que obtive e espero,

então, que sejam obtidos por vocês também. Todo empenho e dedicação são

recompensados quando no decorrer do evento percebemos nossa preparação,

quando conhecemos novas pessoas e culturas, quando saímos satisfeitos com

nosso resultado.

Espero que nessa edição todos consigam crescer e aprender muito e, que

assim como eu estou procurando fazer desta última oportunidade a minha melhor

participação, todos vocês procurem participar inteiramente para compor esse evento

com muito amor, alegria e dedicação.

Diretor Assistente – Nathan Olavo

Olá, delegados! Meu nome é Nathan e estou muito feliz em atuar como

Diretor Assistente desse comitê junto com as meninas. Tenho 19 anos e durante os

dias de simulação estarei cursando o quarto período de Relações Internacionais.

Minha escola do Ensino Médio nunca participou do MINIONU e assim

também nunca pude ser delegado, o que aumentou ainda mais minha vontade de

fazer parte desse projeto.

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Este é meu segundo MINIONU. No primeiro fui voluntário de Logística, o que

me fez conhecer a fundo a organização do evento e suas complexidades,

compreendendo de perto a importância desse comitê.

Tenho grande interesse no tema de Direitos Humanos e procuro aprofundar

meu estudo sobre países africanos durante minha graduação. Por isso, mais uma

vez, está sendo incrível fazer parte do CDH 2019 assim como espero que também

seja para vocês.

Diretora Assistente – Renata Loreta

Olá, pessoal! Meu nome é Renata Loreta, tenho 21 anos, e durante o evento

estarei cursando o sexto período de Relações Internacionais e estou muito feliz em

ser Diretora Assistente do CDH 2019. Minha caminhada em simulações começou,

assim como a de vocês, no Ensino Médio, quando participei do MINIONU no 2º ano,

em um comitê do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que discutia a Guerra

na Síria. Após isso, participei de diversas outras simulações, e tem sido uma

experiência verdadeiramente enriquecedora. Acredito que o ambiente de simulação

traz consigo um aprendizado enorme – tanto para os delegados, quanto para os

diretores – pois conseguimos expandir nosso conhecimento e adquirir uma

sensibilidade maior às questões internacionais. Espero e torço para que vocês

aproveitem ao máximo essa experiência, e possam aprender bastantes nesses dias.

2 APRESENTAÇÃO DO TEMA

O Sistema Internacional é plural. Isto é, apresenta milhares de tipos de

coletividades, cada uma das quais manifestam múltiplas realidades sociais e formas

de ver e interpretar o mundo. Nesse sentido, em um cenário cada vez mais

interconectado devido à globalização, há uma necessidade inerente de todo ser

humano de se informar e de manifestar seus sentimentos e ideais, de forma a criar

um ambiente propício ao seu desenvolvimento e convívio em sociedade.

De acordo com o artigo XIX da Declaração Universal de Direitos Humanos,

criada a partir da Resolução n. 217 A (III) da Assembleia Geral, em 1948, entende-

se que “todo ser humano tem direito à liberdade de opinião e expressão; este direito

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inclui a liberdade de, sem interferência, ter opiniões e de procurar, receber e

transmitir informações e ideias por quaisquer meios e independentemente de

fronteiras” (NAÇÕES UNIDAS, 2018). Dessa forma, tal artigo, bem como toda a

declaração é um ideal que deve ser seguido por todas as pessoas e por todos os

Estados.

Desse modo, um dos pontos considerados intrínsecos a todo ser humano é a

liberdade, que pode ser exteriorizada de diferentes maneiras. Ainda que haja

divergência na interpretação sobre o conceito de direitos humanos, a noção desses

direitos está legitimada em diversos sistemas legais, e esses são reconhecidos

como tal e possuem força de lei. Contudo, cabe a cada Estado assegurar que seus

cidadãos tenham tais direitos garantidos (BROWN, 2015)

Devido à grande diversidade presente no mundo, não só de culturas, mas

também de ideologias e de sociedades, torna-se difícil promover e proteger os

direitos humanos seguindo o que foi proposto pela Declaração Universal de Direitos

Humanos, principalmente no que se refere à liberdade de expressão. O direito de

opinar, questionar e manifestar pontos de vista e crenças se tornou um problema em

algumas sociedades, na medida em que convicções contrárias ao que a maioria

dessas ou do governo acredita ser o certo são diminuídas e silenciadas.

Ademais, o ser humano ao longo dos séculos progrediu muito em vários

aspectos, como cultura, religião e ciência em prol da humanidade. Porém, o simples

fato de se expressar e manifestar em alguns países é motivo de utilização de força

física e ameaças a aqueles que as fazem, seja por parte do governo, seja por parte

de grupos poderosos. Estes utilizam de um discurso para calar aqueles que estão

inconformados com uma dada realidade, por não aceitarem o que dizem. Sendo

assim, ao invés de haver um progresso da liberdade de expressão, que é uma

característica do mundo moderno, sufocam-na com a opressão.

Essa problemática ainda é uma realidade em diversos países, principalmente

no norte da África e no Oriente Médio, os quais lideram o ranking de maiores

violadores da liberdade de expressão no mundo. Sendo assim, as discussões deste

comitê, CDH 2019, estarão pautadas em torno dessa região, de forma a entender o

que leva os países a descumprirem os ideais que estão presentes na Declaração

Universal de Direitos Humanos, fazendo com que os cidadãos desses lugares não

tenham voz ativa na comunidade em que vivem e fiquem privados de manifestar-se.

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3 SITUAÇÃO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO NO SISTEMA INTERNACIONAL

Primeiramente, é importante salientar que a liberdade de expressão é um

componente fundamental e indissociável da democracia, onde se pode observar

diferentes ideias e opiniões sendo expressadas ao mesmo tempo. Assim, em boa

parte dos países esse direito se faz presente na Constituição e é realmente

entendido como uma representação do Estado Democrático. Contudo, na medida

que o Estado vai restringindo tal liberdade, existe uma inclinação para esse se tornar

autoritário (COÊLHO, 2011).

Apesar da maioria dos países que compõem o Sistema Internacional

apresentarem como forma de governo a democracia, desde 2017 esse modelo

enfrenta crises relacionadas aos seus princípios básicos, inclusive quanto à questão

da liberdade de expressão. Estudos apontam que houve uma diminuição na

liberdade global, em que 71 países apresentaram uma redução da liberdade

individual e de direitos políticos, enquanto apenas 35 sofreram um aumento. Desta

maneira, pode-se dizer que os ideais da democracia, que demoraram anos para

serem estabelecidos, estão sendo deteriorados, havendo em muitos países um

retrocesso democrático (FREEDOM HOUSE, 2018).

O mapa abaixo mostra a situação da liberdade de expressão no mundo no

ano de 2018:

Liberdade no Mundo em 2018

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Fonte: Freedom House (2018)

A partir do mapa, é possível analisar que existe um maior número de países

“livres” relacionados a liberdade de expressão, indicados pela cor verde e sendo

mais preponderantes nas Américas e na Europa. Porém, a quantidade de países

que não possuem esse direito também é grande, indicados pela cor lilás,

compreendendo a Ásia, Oriente Médio e África. De amarelo, estão os países que

são parcialmente livres, presentes em todas as partes do globo.

Além disso, os Estados Unidos sempre foi visto como um exemplo de Estado

democrático, um país que sempre contribui para a promoção dessa forma de

governo. Porém, pode-se dizer que houve uma diminuição quanto a isso, devido a

um declínio dos direitos e liberdade civis tanto em ações de sua política interna,

como também de sua política externa, sendo essa última atrelada à questão de

intervenções militares e altos custos econômicos (ABRAMOWITZ, 2018).

Tais fatos apresentam um grande problema e desafio a ser enfrentado para a

agenda internacional, uma vez que:

a disseminação de práticas antidemocráticas em todo o mundo não é apenas um revés para as liberdades fundamentais. Isso representa riscos econômicos e de segurança. Quando mais países são livres, todos os países - incluindo os Estados Unidos - são mais seguros e mais prósperos. Quando mais países são autocráticos e repressores, os tratados e alianças desmoronam, nações e regiões inteiras se tornam instáveis, e extremistas

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violentos têm mais espaço para operar (ABRAMOWITZ, 2018, tradução nossa

1)

Contudo, apesar dessa crise na democracia que acaba por influenciar diretamente

na liberdade de expressão, existem países que asseguram esse direito a toda população

civil, bem como aos jornalistas. Nesses Estados não existe repressão por parte dos

governos, mas sim um espaço para a promoção de ideia e opiniões, como é o caso da

Noruega, Suécia, Dinamarca e Países Baixos. Assim, esses países tentam promover

através dessas ações o Estado Democrático, bem como a paz.

4 LIBERDADE DE EXPRESSÃO INDIVIDUAL E GOVERNOS AUTORITÁRIOS

Grande parte dos países no Sistema Internacional garante legalmente a

liberdade de expressão dentro do seu território, porém, na prática existem barreiras

a serem enfrentadas pela população ao se manifestar. Uma problemática que se faz

presente principalmente em Estados do norte da África e do Oriente Médio – sigla

MENA em inglês – é a repressão feita por parte dos governos autoritários a fim de

calar aqueles que não se alinham com suas propostas de mandato. Estudos

acreditam que a Primavera Árabe foi o ponto crítico de expansão da repressão na

MENA bem como a aspiração por mudanças políticas e sociais por parte da

sociedade civil (GULF CENTRE FOR HUMANS RIGHTS, 2018).

4.1 Primavera Árabe

A Primavera Árabe é o nome atribuído a uma série de manifestações e

revoltas que ocorreu no Norte da África e no Oriente Médio contra governos

autoritários. O movimento se iniciou no ano de 2011 e teve como principal objetivo a

busca por melhores condições de vida, tanto social como econômica, além da

liberdade de expressão, já que tentativas de mudança eram sufocadas pelos

governantes dos países (JÚNIOR, 2012).

A falta de empregos atrelada à supressão das necessidades básicas dos

indivíduos atingiu um limite que, apesar de se ter nesses Estados governos 1 The spread of antidemocratic practices around the world is not merely a setback for fundamental

freedoms. It poses economic and security risks. When more countries are free, all countries—including the United States—are safer and more prosperous. When more countries are autocratic and repressive, treaties and alliances crumble, nations and entire regions become unstable, and violent extremists have greater room to operate.

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opressivos, as pessoas foram às ruas em busca de seus direitos. Somado a isso, o

papel da mídia foi fundamental para a disseminação de informações e ideias,

impulsionando dessa forma multidões para lutar em torno dos mesmos objetivos,

além de extrapolar esses ideais das fronteiras nacionais, o que fez com que tivesse

um maior alcance e visibilidade no Sistema Internacional. Dessa forma,

se por um lado as manifestações sustentam a utopia de profundas transformações nas estruturas vigentes, por outro são marcadas pela utilização intensa das tecnologias de informação e comunicação como ferramenta para aglutinar, mobilizar, criar fluxos de ideias, diálogos, debate político e informar os insatisfeitos sobre a agenda dos próximos atos (FÁTIMA, 2012, p.2)

Ademais, esses meios de veiculação de mensagens fizeram com que

indivíduos de outros países tomassem como exemplo o sucesso da queda dos

ditadores e tentassem fazer o mesmo em seus Estados. Assim, a utilização da

Internet como instrumento de ativismo online ajudou a população a gerar debates,

se organizar e sair nas ruas para protestarem, já que possuíam um sistema político

semelhante que os oprimiam (JUNIOR, 2012).

4.2 Governos autoritários

A maior parte dos países que compõem o MENA possui lideranças

autoritárias que utilizam de um argumento de segurança nacional e de sensibilidade

local a fim de conter discursos que não estão em consonância com esses

representantes, reforçando a censura criada pelos mesmos e promovendo a

intolerância. Dessa forma, esses governos detém o monopólio da informação e só

repassam para a população aquilo que lhes convém. Além disso, esses governos

desacatam, negligenciam ou disponibilizam capital abaixo do necessário para que as

instituições que foram desenvolvidas com o intuito de ajudar e salvaguardar os

direitos humanos não tenham recursos nem ferramentas necessárias para fazê-lo

(ANISTIA INTERNACIONAL, 2016; GULF CENTRE FOR HUMANS RIGHTS, 2018).

Dessa forma, de acordo com um Relatório feito pela Anistia Internacional em

2016:

a forma precipitada como muitos governos reagiram a ameaças à segurança nacional resultou no esmagamento da sociedade civil, do direito à privacidade e do direito à liberdade de expressão, e em tentativas

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descaradas para transformar os direitos humanos em palavras indecentes, pondo-as em oposição à segurança nacional, à lei e ordem e aos ‘valores nacionais’ (ANISTIA INTERNACIONAL, 2016).

Sendo assim, esses governos apresentam uma grande inclinação para

censurar ativistas e indivíduos que buscam defender os direitos humanos, ao invés

de gratular essas pessoas pela função essencial que elas exercem na comunidade

(ANISTIA INTERNACIONAL, 2016).

Em 2006, os Emirados Árabes Unidos foi o primeiro país a adotar legislações

cibernéticas – leis criadas com o objetivo de atender a demanda dos crimes digitais,

principalmente atreladas a privacidade e da proteção a informação individual –

posteriormente seguido por Arábia Saudita e Jordânia. Dessa forma, existe uma

tendência de países com regimes autoritários tomarem essas leis como exemplo e

adotarem a mesma medida, violando assim os direitos humanos (GULF CENTRE

FOR HUMANS RIGHTS, 2018).

Isto posto, esses comandos investem de forma a aumentar o domínio da

internet, instaurando mecanismos de vigilância e espionagem de forma a atenuar o

fomento dos direitos humanos e de justiça social. Ademais, instauraram mecanismos

legais com o intuito de combater essas ações. Assim, rigorosas leis foram criadas

contra o crime cibernético de maneira a repelir a liberdade de expressão da

sociedade local (GLOBAL VOICES, 2018).

Do mesmo modo, esses atores utilizam de empresas estrangeiras,

localizadas em países democráticos ocidentais, que detém recursos cibernéticos

mais avançados para conter ainda mais a exposição de opiniões da sociedade civil.

Cabe ressaltar que, como argumentado anteriormente, a base da democracia é a

liberdade de expressão, então essas empresas que vendem seu trabalho a esses

países, acabam por ferir os direitos democráticos e fazem com que pessoas

contrárias ao governo, assim como ativistas, sejam detidas. Relacionado a isso, tem-

se também as alianças dos próprios países democráticos ocidentais com países

autoritários, como é o caso dos Estados Unidos e Arábia Saudita, em que esse

acaba se omitindo com relação a essa problemática, uma vez que os Estados

estabeleceram alianças geoestratégicas (GLOBAL VOICES, 2018).

Ademais, grande parte de ativistas que lutam na causa de proteção de

direitos humanos nessas regiões são atacados pelo governo desses países e em

alguns casos, essas pessoas podem pegar prisão e até pena de morte. É o caso de

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Israa-Al Ghomgham, ativista que está presa na Arábia Saudita, por fornecer

informações que prejudicariam a ordem pública além de instigar reuniões contra o

Estado pelas redes sociais (GLOBAL VOICES, 2018).

4.3 Liberdade de expressão e mídia

O papel que a mídia desempenha na difusão de informações no século XXI é

enorme e vem aumentando cada vez mais. Esse conjunto de meios de

disseminação de informações servem como uma plataforma dinâmica de interação e

compartilhamento de ideias que são constantemente renovadas. Relacionando-se

com a liberdade de expressão, essa esfera gera um ambiente propício para criação,

mobilização da integridade humana. Contudo, existem limites para esses direitos

(UNESCO, 2008).

Os Estados autocráticos detêm o monopólio da mídia o que faz com que

hajam poucos meios de difusão de informação independentes, sendo mais fácil

manipular as notícias. Além disso, bloqueiam sites que vão contra a ideologia do

governo vigente e também criam sites falsos como meio de supervisionar os

cidadãos e impossibilitá-los de ter acesso a certos tipos de conteúdo (COMMITTEE

TO PROTECT JOURNALISTS, 2019).

Ademais, a censura sofrida por parte dos jornalistas na tentativa de mostrar

transparência no que se refere aos acontecimentos é um problema alarmante que

cresce nos dias atuais. A pressão sofrida por eles, tanto diretamente como sua

própria autocensura, faz com que haja um cerceamento de informações (BENNET;

NAÍM, 2015).

Com a justificativa de terem realizados crime contra o Estado, os jornalistas

são ameaçados de prisão como um meio de intimidá-los de forma a silenciar as

críticas feitas ao governo vigente. Além disso, o exílio é uma forma de amedrontar

esses redatores, fazendo com que muitos tenham que fugir. Em alguns casos, como

na Síria, “as condições são extremamente perigosas e jornalistas foram

sequestrados, mantidos em cativeiro, e assassinados, alguns por forças leais ao

presidente Bashar al-Assad, mas, também, por grupos militantes como o Estado

Islâmico” (COMMITTEE TO PROTECT JOURNALISTS, 2019).

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Dessa forma, esses redatores recebem ameaças não só por parte dos

governos, mas também de grupos religiosos extremistas. Intimidações feitas por

islâmicos radicais por não aceitarem publicações contra o profeta Maomé já

ocorreram, uma vez que a lei Sharia não admite que ofensas sejam feitas a essa

figura. O maior exemplo é o ataque terrorista contra o jornal satírico Charles Hebdo,

em 2015, na França, como forma de retaliação a uma caricatura feita desse profeta

(PUBLICO, 2018).

Esses acontecimentos fazem com que o exercício de se expressar esteja

sempre em constante vigilância, havendo uma violação do direito à privacidade e da

proteção de informação pessoal, já apontados anteriormente. Cabe salientar que os

governos da maioria dos países que executam essas medidas acabam violando

suas próprias leis, uma vez que na Constituição esses direitos estão salvaguardados

e cabe ao Estado, como instituição jurídica e administrativa, assegurar que essas

leis sejam seguidas (PUBLICO, 2016).

5 AQUELES QUE LUTAM A FAVOR DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Os Direitos Humanos podem ser entendidos como uma condição da

dignidade humana, criando uma arena de luta para salvaguardar e proteger esses

direitos, de forma a prevenir o sofrimento dos indivíduos. Para tanto, isso requer

uma batalha diária de ações sociais para a consolidação dessas prerrogativas, o que

faz com que haja a necessidade de se envolver uma série de atores (PIOVESAN,

2009).

Por conta da globalização, o Sistema Internacional está cada vez mais

interligado e o que acontece em um lugar, reflete-se em outro. Sendo assim, de

forma a preservar as liberdades políticas e civis dos cidadãos, estes, juntamente

com outros atores, devem promover tais direitos em todos os países de forma a

manter uma democracia transnacional (ABRAMOWITZ, 2018).

Esses agentes buscam a equidade entre as pessoas de forma a garantir que

os direitos sociais, econômicos e culturais sejam respeitados. Porém, o que vem

acontecendo principalmente nos países do norte da África e do Oriente Médio é a

negação da condição de sujeito de direito. Sob o pretexto de segurança, acabam por

limitar a liberdade de expressão (PIOVESAN, 2009).

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Sendo assim, esses militantes tentam conscientizar e mobilizar a população

civil de seus direitos, de forma a enfrentar o governo e grupos poderosos, porém,

acabam ficando na mira dos mesmos. Devido a esse motivo, muitos são

perseguidos e ameaçados, e alguns “somem” sem deixar vestígios.

Além disso, as ações feitas por parte da sociedade civil integrada a

movimentos sociais em busca da liberdade de expressão são considerados pelas

elites de poder como atos subversivos e revolucionários, necessitando serem

contidos de forma a silenciar a oposição. Em vista disso, muitos indivíduos dessas

sociedades, tomados pelo medo do que pode ser feito com eles próprios e com seus

entes queridos, acabam desencorajados e deixam a situação como está, preferindo

não se pronunciarem (VANCLAY, 2001). Portanto, para promover a dignidade

humana, a liberdade de expressão deve ser respeitada, uma vez que uma vida

digna infere na liberdade de escolha de seu modo de vida, a qual possuem valores

que devem ser resguardados e protegidos.

5.1 Papel das Organizações Internacionais

A preeminência da dignidade humana como referencial ético nos assuntos da

agenda internacional, trouxe o debate da proteção dos Direitos Humanos bem como

duas consequências: o exame da questão da autonomia dos países de fazerem

suas vontades, e a ideia de garantia dos direitos dos seres humanos a nível

internacional. Dessa forma, o debate acerca das liberdades das pessoas se tornou

um imperativo, uma vez que possuem valores essenciais para o cenário global como

um todo.

De forma a tentar promover o Estado de Direito2, tanto no âmbito global, como

também a nível regional e local, o papel de Organizações Internacionais é de

fundamental importância para buscar a garantia desses direitos. Dessa forma,

existem algumas instituições que são valorosas para promover e garantir a liberdade

de expressão, além de lutar contra sua violação.

2 As principais características do Estado de Direito estão atreladas à “soberania popular; democracia

representativa e participativa; presença de um Estado Constitucional, ou seja, que possui uma constituição que emanou da vontade do povo; e um sistema de garantia dos direitos humanos (PLANALTO, 2018)

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Relacionado ao âmbito internacional, essas instituições agem baseadas no

Direito Internacional dos Direitos Humanos, cujo documento que norteia a sua

estruturação é a própria Declaração Universal. Cabe ressaltar que apesar dessa

declaração não ter força de lei, ela influencia no comportamento dos Estados e

conseguiu viabilizar a utilização de novos instrumentos para resguardar esses

direitos. Assim, as Organizações utilizam de um discurso universalizado em busca

de assegurar a liberdade dos cidadãos (CHAVES, 2011).

O intenso esforço para atingir esse objetivo faz com que muitas vezes essas

organizações perpassem a autonomia dos Estados, infrinjam regras dos países a fim

de proteger os Direitos Humanos e a liberdade de expressão, ação que não é bem

vista nem pelo governo nem por grupos poderosos. Devido a este motivo, diversos

relatos de intimidações, ameaças, sequestros e até mesmo mortes são feitos uma

vez que essas pessoas vão de encontro a esses grupos.

À vista de buscar garantir que os Direitos Humanos de todos os indivíduos

sejam respeitados, de prevenir que haja a violação desses direitos, requisitar justiça

para aqueles que foram reprimidos e avaliar as realidades locais, tais instituições

lutam por um mundo mais justo e igual, exercendo pressão pública tanto no nível

local como global (CHAVES, 2011).

6 APRESENTAÇÃO DO COMITÊ

6.1 História e importância do CDH

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (CDHNU) é um órgão

das Nações Unidas criado no dia 15 de março de 2006 através da resolução 60/251

na Assembleia Geral das Nações Unidas e é considerado o sucessor da Comissão

das Nações Unidas para os Direitos Humanos, órgão que atuou durante 60 anos

antes de ser dissolvido. A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o

documento que norteia e promove o quadro de ação jurídica e moral dessa

instituição (NAÇÕES UNIDAS, 2018).

Este órgão tem como objetivo fortalecer, proteger, garantir e promover os

princípios dos Direitos Humanos e das liberdades fundamentais no Sistema

Internacional. Assim, tem como propósito auxiliar a Assembleia Geral a respeito de

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circunstâncias em que houve violação dos direitos humanos, de forma a reportá-las,

a fim de tentar criar uma solução junto aos demais órgãos das Nações Unidas

(NAÇÕES UNIDAS, 2018). Ademais, de acordo com o Centro Regional de

Informações das Nações Unidas (2019), o conselho fomenta a proteção de direitos

humanos, através de assistência e educação, análises conjunturais e serve de fórum

internacional para debater questões acerca dessas liberdades de forma a

estabelecer normas para essa temática.

O CDH é uma entidade intergovernamental, constituído por 47 Estados

Membros, sendo estes eleitos pela Assembleia Geral de forma equitativa e os quais

possuem um mandato, geralmente, de três anos. Sediado em Genebra, na Suíça,

este órgão reúne-se em três sessões anuais, as quais ocorrem em março, junho e

setembro. As revisões periódicas foram um mecanismo criado pelo CDH a fim de

analisar a situação dos Direitos Humanos de todos os países do sistema

internacional, de forma a fazer recomendações a eles, que podem aceitá-las ou não

(CENTRO REGIONAL DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2019).

Além disso, a Comissão de Direitos Humanos conta com a presença e a

participação de ONGs que auxiliam na criação de ferramentas internacionais bem

como na aproximação das realidades vividas por sociedades que sofrem com

violações de Direitos Humanos. Além disso, outro papel desempenhado por elas diz

respeito ao acompanhamento dos países que compõem o CDH, de forma a sugerir

mudanças (NADER, 2007).

Caso seja necessário e solicitado por mais de um terço dos membros que

fazem parte do conselho, pode ocorrer sessão especial com a finalidade de

responder emergências e reportar violações de Direitos Humanos. Além disso,

ressalta-se que o comitê tem caráter recomendatório, por ser um órgão subsidiário

da Assembleia Geral das Nações Unidas, portanto esse comitê sugere resoluções a

esse instrumento maior – a AGNU (UNITED NATIONS HUMAN RIGHTS COUNCIL,

2019)

6.2 CDH e liberdade de expressão

A liberdade de expressão é uma das características dos Direitos Humanos.

Sendo assim, o CDH age de forma a garantir que essa liberdade seja resguardada,

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influenciar as ações dos Estados e assegurar que os países e outros grupos não

estejam violando esses direitos.

No ano de 2011 o CDH recomendou a suspensão da Líbia de seu Conselho,

por unanimidade entre os países membros do próprio órgão, uma vez que o governo

vigente reprimiu violentamente as manifestações no país. Além disso, autorizou o

início de uma investigação de âmbito internacional sobre a violência no país. De

acordo com os representantes de cada Estado presentes na reunião, “um governo

que viola os direitos de seus cidadãos não pode continuar como membro votante do

mais importante órgão de defesa dos direitos humanos no mundo” (BBC, 2011).

Diante do exposto, o CDH é movido pela consciência ética compartilhada

entre os países, acerca de um consenso sobre a importância dos Direitos Humanos,

de forma a garantir medidas protetivas a todos os indivíduos (NADER, 2007).

Dessa forma, o Comitê, tratará de uma reunião do CDH no final do segundo

semestre de 2019. Será tratado da liberdade de expressão nas suas diversas formas

e as dificuldades enfrentadas para efetivar esse direito. Devido à necessidade de

amplas discussões, a reunião consistirá de 47 Estados e três membros

observadores, tal como a Anistia Internacional, o Centro do Golfo para os Direitos

Humanos (CGDH) e o Comitê para Proteger Jornalistas. Isto posto, almeja-se atingir

uma resolução que esteja de acordo com os Direitos Humanos e com a temática, a

fim de que haja maior garantia desses direitos e da liberdade de expressão.

7 POSIÇÕES DOS PRINCIPAIS ATORES

Apesar de todas as delegações serem de extrema importância para o

andamento do comitê e das discussões, alguns atores possuem maior destaque

para o tema. Porém, vale ressaltar que isso não influencia o valor de cada

delegação dentro do comitê, visto que todos são de fundamental relevância para o

desenvolvimento dos debates.

7.1 Emirados Árabes Unidos

A constituição dos Emirados Árabes Unidos prevê liberdade de expressão e

imprensa. Contudo, a lei proíbe críticas ao governo e mensagens que promovam

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euforia por parte da sociedade civil. O país investe severamente em vigilância e

monitoramento dos seus cidadãos, sendo o primeiro Estado a criar a Lei Cibernética,

no ano de 2006. O artigo 29 dessa legislação criminaliza todo tipo de conteúdo que

desrespeita a reputação do Estado, bem como de suas instituições. Dessa forma,

jornalistas e a própria mídia praticam a autocensura, sem fazer comentários

relacionados ao Estado (GULF CENTRE FOR HUMANS RIGHTS, 2018; US

DEPARTMENT OF STATE, 2017).

7.2 Arábia Saudita

No Reino da Arábia Saudita não existem leis que concedem liberdade de

expressão e imprensa para a sociedade civil, reforçando a censura legal desde a

Primavera Árabe. Relatos de frequentes restrições de liberdade de expressão são

presentes no país, de forma a limitar os indivíduos de fazerem críticas públicas ao

governo e a Sharia. A Lei AntiCibernética criada em 2007 serve de base para que

constantes violações dos direitos dos usuários sejam feitas, através de um

argumento de segurança nacional, podendo acarretar até pena de morte para

aqueles que a descumprirem (COMITTEE TO PROTECT JOURNALISTS, 2018;

GULF CENTRE FOR HUMANS RIGHTS, 2018; US DEPARTMENT OF STATE,

2017).

Ademais, qualquer indivíduo que deseja postar informações em algum site,

necessitam de uma licença do Ministério de Informação. Sendo assim, nenhum

cidadão do reino possui liberdades civis e direitos políticos. É importante salientar

que o governo proíbe práticas públicas de religião que não seja o islamismo, e até

mesmo o sistema educacional é monitorado para não ensinar outras crenças.

Grupos xiitas são constantemente discriminados, e o governo fala abertamente em

suprimi-los, uma vez que é considerado uma coação aos fundamentos sunitas

(FREEDOM HOUSE, 2018).

7.3 Eritreia

O Estado da Eritreia desde 1993 não realiza eleições. Apesar de existirem leis

que permitem liberdade de expressão e de imprensa , o governo limita tais direitos

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devido à preocupação com a segurança nacional, de forma que apenas a mídia

estatal detém o monopólio de informação – desde 2002 o governo bloqueou todos

os meios de divulgação de informações independentes (FREEDOM HOUSE, 2018)

O acesso aos meios de comunicação é extremamente limitado, menos de um por

cento da população tem permissão de utilizar linhas telefônicas e internet. Além

disso, a sociedade civil e jornalistas vivem em constante medo devido à censura e

intimidação feita pelas autoridades locais (COMITTEE TO PROTECT

JOURNALISTS, 2018; US DEPARTMENT OF STATE, 2017).

7.4 Noruega

A Noruega é um dos Estados em que a liberdade de expressão é mais

respeitada. O país prevê em sua Constituição tanto a independência por parte da

população civil, como também das mídias. Assim, se tem “uma imprensa

independente, um judiciário eficaz e um sistema político democrático em

funcionamento combinados para promover a liberdade de expressão, inclusive para

a imprensa” (US DEPARTMENT OF STATE, 2017). Desse modo, os meios de

difusão de informação podem ser compartilhados sem censuras e os jornalistas

podem trabalhar efetivamente e expor suas ideias. Além disso, quanto ao processo

político, os cidadãos tiveram a possibilidade de eleger seu governo através de

eleições livres e justas, não havendo informações de irregularidades

(REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS, 2018; US DEPARTMENT OF STATE, 2017).

7.5 Suécia

O Reino da Suécia apresenta liberdade e transparência quanto aos

acontecimentos, o que faz com que até mesmo a monarquia do país se sujeite a

elucidar todas as informações referentes à mesma. Essa questão da plena liberdade

de expressão entre os indivíduos e a mídia não é um assunto novo, uma vez que

desde 1766 já existia uma lei referente à Liberdade de Impressa. No ano de 2009 as

leis do Estado se modernizaram e foi instaurada uma lei sobre Acesso Público à

Informação e sobre o Sigilo. Além disso, A Suécia criminaliza o discurso de ódio

tanto nos meios de comunicação em massa, como também para as pessoas. O

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princípio da liberdade de expressão sempre esteve presente na Constituição e

garantiu aos cidadãos seus direitos fundamentais, não sendo apresentado nenhum

caso de violação dessa liberdade. (FUCS, 2013; US DEPARTMENT OF STATE,

2017).

7.6 Centro do Golfo para os Direitos Humanos

O Centro do Golfo para os Direitos Humanos – sigla GCHR, em inglês – é

uma Organização Não Governamental criada em 2011 que atua na região do Golfo3

e países vizinhos. Essa instituição busca proteger os defensores dos Direitos

Humanos na tentativa de garantir os direitos de liberdade de expressão nessa região

e oferecer suporte aos mesmos, de maneira a aumentar sua efetividade. Além disso,

se esforçam para que jornalistas e demais pessoas que trabalham com meios de

difusão de informação possam exercer seus cargos sem medo de serem oprimidos.

Por fim, buscam transmitir a níveis local, regional e global os riscos que os

defensores dos direitos humanos passam (GULF CENTRE FOR HUMANS RIGHTS,

2019).

8 QUESTÕES RELEVANTES NAS DISCUSSÕES

Na medida em que ao longo do debate a problemática pode se apresentar de

diferentes maneiras, as questões relevantes nas discussões seriam:

O que se entende por liberdade de expressão?

Quais os limites enfrentados para o exercício da liberdade de expressão?

De que forma a opressão feita por parte dos governos faz com que diminua a

liberdade de expressão?

Quais medidas devem ser buscadas pelos países a fim de garantir a

liberdade de expressão a todos os seus cidadãos?

3 Região que é considerada o coração energético do mundo, principalmente devido a reservas de

petróleo neste local. Os países que fazem parte dessa região são: Arábia Saudita, Irã, Emirados Árabes Unidos, Omã, catar, Bahrein, Kuwait e Iraque (ENCYCLOPEDIA BRITANNICA, 2019).

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Como os governos de países ocidentais podem tomar medidas a fim de

impedir que empresas de seus países sejam fornecedores a governos

repressivos?

Qual o papel da mídia na promoção da liberdade de expressão?

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TABELA DE REPRESENTAÇÕES

Anistia Internacional Centro do Golfo para os Direitos Humanos

Comitê para Proteção dos Jornalistas

Comunidade da Austrália

Emirados Árabes Unidos Estado da Eritreia

Estado da Palestina Estado de Catar Estado de Israel

Estado do Kuwait Estados Unidos da América

Federação Russa

Japão Reino da Arábia Saudita Reino da Bélgica

Reino da Dinamarca Reino da Espanha Reino de Bahrein

Reino de Marrocos Reino dos Países Baixos Reino Hachemita da Jordânia

Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do

Norte

República Árabe do Egito

República Argelina Democrática e Popular

República Argentina República Bolivariana da Venezuela

República da África do Sul

República da China República da Coreia do Sul

República da Costa do Marfim

República da Hungria República da Índia República da Turquia

República da Ucrânia República da Angola República de Cuba

República de Ruanda República Democrática do Congo

República do Burundi

República do Chile República do Djibuti República do Iraque

República do Quênia República Federal da Alemanha

República Federal da Nigéria

República Federal Democrática da Etiópia

República Federativa do Brasil

República Francesa

República Islâmica do Irã

República Islâmica do Paquistão

República Italiana

República Libanesa República Oriental do Uruguai

República Tunisina

Sultanato de Omã