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UNIVERSIDADE FEDERA L DE MINAS GERAIS PAULA CA MPOS DUARTE PEREIRA BIOCOMPATIBILIDADE E PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS NANOTUBOS DE CARBONO Belo Horizonte 2009

Tese de Nanotubos

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Nanotubos de carbono

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UNIVERSIDADE FEDERA L DE MINAS GERAIS

PAULA CAMPOS DUARTE PEREIRA

BIOCOMPATIBILIDADE E PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS NANOTUBOS DE CARBONO

Belo Horizonte 2009

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PAULA CAMPOS DUARTE PEREIRA

BIOCOMPATIBILIDADE E PRINCIPAIS APLICAÇÕES DOS NANOTUBOS DE CARBONO

Monografia apresentada a Universidade Federal de Minas Gerais como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Microbiologia. Área de concentração: Microbiologia Orientador: Professor Ary Correa Junior

Belo Horizonte 2009

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Dedico à minha mãe, por ser minha melhor amiga, companheira e incentivadora. Ao meu pai, por ser sempre o meu mestre, cujo exemplo de ser humano e de profissional eu procuro seguir. Ao meu marido pelo apoio incondicional, amor e compreensão. As minhas irmãs pela credibilidade e amizade. Ao meu avô e minhas avós pelos ensinamentos e grande conhecimento.

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Sinceros agradecimentos ao meu orientador, por confiar em mim mostrando os caminhos que me permitiram finalizar este trabalho, e a equipe do laboratório por onde um tempo caminhei. A todos os professores da especialização de Microbiologia pela convivência e inteligência cativantes, que guiaram e direcionaram meus interesses acadêmicos.

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RESUMO O surgimento de áreas como a Nanotecnologia e Nanobiotecnologia proporcionaram

novas descobertas e aplicações extremamente promissoras para os materiais em

escala nanométrica. Os nanomateriais são produtos de enorme interesse e

possivelmente os componentes imprescindíveis no mercado futuro da alta

tecnologia. Entre eles o material de maior interesse e pesquisa em diversas áreas é

o nanotubo de carbono, que apresenta características como insolubilidade, tensão

mecânica, grande área superficial, resistência, biocompatibilidade e susceptibilidade

a modificação química. Neste trabalho foi feita uma revisão bibliográfica de artigos

científicos referentes à biocompatibilidade dos nanotubos de carbono e suas

principais aplicações na área de Microbiologia, abrangendo estudos deste material

como suporte para crescimento celular, transfecção e silenciamento gênico,

detecção de microrganismos, carreador genético, de drogas e vacinas e os

potenciais riscos durante a sua fabricação e manipulação. As pesquisas e novas

aplicações futuras estão direcionadas para estudos na área da Engenharia de

Tecidos. Devido às suas inúmeras e diversificadas possibilidades de aplicação, os

CNTs se constituem em uma das mais brilhantes promessas da nanotecnologia.

Contudo, desenvolver e consolidar uma tecnologia sustentável, confiável e com

qualidade para a fabricação de nanotubos de carbono em larga escala e baixo custo

é o grande desafio da comunidade científica.

Palavras-chave: Nanotubos de Carbono, Nanobiotecnologia, Biocompatibilidade

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LISTA DE SIGLAS CNT – Carbon nanotube (Nanotubos de carbono)

f-CNT – Nanotubo de carbono funcionalizado

LPS – Lipopolissacarídeo

MWCNT – Multi-wall carbon nanotube (Nanotubo de carbono de paredes múltiplas)

nm – Nanômetro

RNAi – RNA de interferência

RNAdf – RNA de dupla fita

siRNA – Small interfering RNA (Moléculas curtas de RNA de interferência)

SWCNT – Single wall carbon nanotube (Nanotubo de carbono de parede simples)

TEM - Microscópico eletrônico de transmissão

TERT – enzima telomerase

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SUMÁRIO

RESUMO ......................................................................................................................................... 4

LISTA DE SIGLAS .......................................................................................................................... 5

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................................... 7

2 NANOTECNOLOGIA E NANOBIOTECNOLOGIA ............................................................... 9

3 NANOTUBOS DE CARBONO (CNT) ...................................................................................10

4 BIOCOMPATIBILIDADE DOS NANOTUBOS DE CARBONO ...........................................13

5 APLICAÇÕES DOS NANOTUBOS DE CARBONO ............................................................17

5.1 Atividade Antimicrobiana ................................................................................................17

5.2 Carreador de Drogas e Vacinas .....................................................................................19

5.3 Carreador Genético .........................................................................................................21

5.4 Silenciamento Gênico .....................................................................................................23

6 PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES FUTURAS DOS NANOTUBOS DE CARBONO .......25

6.1 Biosensores .....................................................................................................................26

6.2 Engenharia de Tecidos ou Crescimento Celular ..........................................................27

6.3 Transfecção Gênica ........................................................................................................28

7 POTENCIAIS RISCOS DOS NANOTUBOS DE CARBONO .............................................28

7.1 Toxicidade Pulmonar ......................................................................................................29

7.2 Irritação da Pele ..............................................................................................................29

7.3 Citotoxicidade dos CNTs ................................................................................................29

8 CONCLUSÃO .........................................................................................................................30

9 BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................................32

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1 INTRODUÇÃO As últimas décadas do século passado se caracterizaram por transformações

radicais no cenário mundial, induzidas pelas inovações tecnológicas lideradas pelas

TIC - Tecnologias de Informações e Comunicações. Estamos vivendo a era pós-

industrial, com os países industrializados, paulatinamente, se transformando em

sociedades do conhecimento e onde a ciência, tecnologia e inovação predominam

no interesse econômico.

Na multiplicação do conhecimento vivido pela ciência, a área de ciências da vida se

destaca liderando o esforço mundial de pesquisadores, cientistas, organizações e

empresas para entender mais profundamente a vida no planeta e,

consequentemente, enfrentar os desafios para seu prolongamento com qualidade. É

justamente na área da saúde, entre outras, onde estão as aplicações mais nobres

da nanotecnologia, foco do interesse maior deste trabalho monográfico.

A constante busca por materiais cada vez menor es e com características específicas

como resistência, biocompatibilidade e condução elétrica tem sido um dos principais

objetivos na área tecnológica. Como resultado, nos últimos anos, novas técnicas

foram descobertas e aplicadas para fabricação de materiais em escala atômica ou,

melhor dizendo, em escala nanométr ica.

Surgem assim, novas áreas como a Nanotecnologia que pode ser definida como a

ciência e a engenharia envolvidas na concepção, síntese, car acterização e apli cação

de materiais e dispositivos cuja menor organização funcional, em pelo menos um

deles, é a dimensão em escala nanométrica (SAHOO, et al. 2007). A

Nanobiotecnologia, que é a interface entre a Nanotecnologia e a Biotecnologia, tem

como objetivo o desenvolvimento de novos produtos e aplicações em escala

nanométrica (CHAN, 2006) .

Considerando o rápido avanço tecnológico e as novas áreas para pesquisa

ALMEIDA (2005) mencionou:

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O mundo encontra-se no limiar de uma nova revolução industrial, ou melhor, ele já

está, de fato, mergulhado nela: trata-se, obviamente, da transformação radical dos

processos e produtos de nossa atual civilização industrial por meio da aplicação

do infinitamente pequeno às mais diferentes utilidades da vida diária. Essa

revolução é bem mais importante, e mais desafiadora, do que aquelas que

presidiram ao domínio do homem sobre as forças da natureza, nas três revoluções

anteriores ou etapas precedentes de progressos materiais e tecnológicos, desta

nossa civilização industrial

No que tange a essa nova ár ea do conheci mento veri fica-se que ciência e inovações

tecnológicas caminham juntas, fazendo com que a pesquisa seja um trabalho de

característica multidisciplinar.

As nanopartículas, nanoesferas e outros materiais nanoestruturados são produtos

de enorme e atual interesse. Embora ainda não tenham revolucionado inteiramente

nosso cotidiano, os nanomateriais serão com certeza os principais componentes no

mercado futuro da alta tecnologia. Um marco fundamental para o domínio das

pequenas di mensões foi à descoberta por Iijima em 1991 dos nanotubos de carbono

(CNT).

Atualmente, as pesquisas envolvendo nanotubos de carbono abrangem testes deste

material como suporte para crescimento celular, transfecção e silenciamento gênico,

detecção de microrganismos, carregamento e liberação de drogas, seqüenciamento

rápido de DNA, entre outros.

O presente trabalho tem como objetivo produzir, sem, contudo querer esgotar o

assunto devido a sua complexidade, uma detalhada revisão bibliográfica de artigos

científicos referentes à biocompatibilidade de nanotubos de carbono e suas

principais aplicações na área de Microbiologia, procurando conhecer os avanços do

conhecimento nesta área que se apresenta imprescindível para o futuro da

Nanobiotecnologia.

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2 NANOTECNOLOGIA E NANOBIOTECNOLOGIA A Nanotecnologia é a técnica de criar, fabricar e manipular estruturas e partículas

em escala nanoscópica (CHAN, 2006). As grandes vantagens da Nanotecnologia é

apresentar materiais com propriedades químicas, físico-químicas e comportamentais

diferentes daquelas apresentadas em escalas maiores (BERGMANN, 2008),

tornando-os mais reativos e as reações químicas mais numerosas, além de

proporcionar novas propriedades para este material a partir da funcionalização de

diferentes componentes ( CHAN, 2006) .

O prefixo “nano” está relacionado a uma escala de medida em que um nanômetro

(nm) é equivalente a um bilionésimo do metro (10-9 m) (SAHOO, et al. 2007) e

tecnologia refere-se ao desenvolvimento e produção de novos mater iais.

De acordo com SAHOO et al. (2007), os concei tos de Nanotecnol ogia foram primeiro

estabelecidos em 1959 pelo físico Richard Feynman em sua palestra “There’s plenty

of room at the bottom”. Feynman explorou a possibilidade de manipulação de

materiais à escala individual de átomos e moléculas (...) e o aumento da capacidade

de analisar e controlar matéria à escala nanométrica. O termo nanotecnologia foi

empregado apenas em 1974, quando Norio Taniguchi, um pesquisador da

Universidade de Tóquio, aplicou-o como a habilidade de desenvolver materiais a

nível nanométrico. A indústria eletrônica foi a primeira em desenvolver pesquisas

com o objetivo de miniaturizar materiais, tornando-os mais efetivos e complexos e

abrindo, assim, o campo para novos experi mentos advindos de inúmeras áreas.

Conforme referido por ALMEIDA (2005):

Todos os países inovadores estabeleceram e apóiam ativamente programas de

nanotecnologia, com orçamentos crescentes e do mesmo nível que a

biotecnologia, tecnologias da informação e meio ambiente. Os programas de

nanotecnologia analisados estão vinculados às estratégias nacionais de

desenvolvimento econômico e de competitividade e todos têm alvos econômicos

definidos. Todos os setores industriais estão desenvolvendo produtos

nanotecnológicos, (...).

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De acordo com o relatório do Ministério de Ciência e Tecnologia, Brasil (2006), os

locais que mais investem em Nanotecnol ogia ainda são os EUA, Europa e Japão,

cada região investindo cerca de um bilhão de dólares ao ano, concentrando juntos

cerca da metade dos investimentos no mundo. No entanto, países como a Rússia,

China, Índia e Brasil têm feito investimentos significativos no setor nos últimos anos,

sendo que o governo brasileiro já investiu R$ 140 milhões entre 2001 e 2006 em

redes de pesqui sa e projetos nesta área.

A Nanobiotecnologia, uma das aplicações da Nanotecnologia, é uma área

emergente de pesquisa e é considerada como a integração de duas tecnologias

recentes: a Nanotecnologia e a Biotecnologia. Caracterizada por sua

transdisciplinaridade, a Nanobiotecnologia se dedica ao desenvolvimento e

manipulação da matéria a nível molecular, visando à criação de novos materiais,

substâncias e produtos aplicados em processos biológi cos (CHAN, 2006) .

A lista completa das potenciais aplicações em Nanobiotecnologia é vasta e muito

diversa para ser discutida em detalhes mas, sem dúvida, destacam-se áreas como a

Nanomedicina que lidera pesquisas no ramo da engenharia de tecidos, diagnóstico,

biosensores e nanofármacos (BERGMANN, 2008 e SAHOO, et al. 2007).

Como pode ser constatado na citação de HERBST et al. (2004), o material de maior

interesse e pesquisa na área de Nanobiotecnologia é o nanotubo de car bono (CNT):

A diversidade das aplicações, reais ou potenciais, dos NC, assim como a

necessidade de controlar as morfologias apropriadas para sua utilização, faz da

pesquisa nesta área do conhecimento um trabalho de característica

eminentemente multidisciplinar, envolvendo fatores que definem o sucesso de

suas aplicações, tais como rota de síntese, processamento em formas variadas e

qualidade dos NC.

3 NANOTUBOS DE CARBONO (CNT) Os nanotubos de carbono foram descobertos por Iijima em 1991. “Os CNT são

formados de arranjos hexagonais de carbono que originam pequenos cilindros”

(HERBST et al., 2004). Considerando a estrutura dos CNT, estes podem ser

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diferenciados em dois tipos: os nanotubos de carbono de parede simples (SWCNT –

single wall carbon nanotube), que podem ser considerados como uma única folha de

grafeno enrolada sobre si mesma para formar um tubo cilíndrico com diâmetro de

0.4-2nm, e os nanotubos de carbono de parede múltipla (MWCNT – multi-walled

carbon nanotube) que compreendem um conjunto de nanotubos concêntricos

apresentando diâmetro entre 2-100nm (HERBST et al., 2004 e SMART et al., 2005).

Segundo TERRONES (2003) e HERBST et al. (2004), os SWCNTs ainda podem ser

caracterizados considerando seu diâmetro e ângulo chiral, também denominado

ângulo de helicidade (ɸ). Estes parâmetros, que resultam nos índices de Hamada

(n,m)6, definem a maioria das propriedades dos SWCNTs e os divide nos seguintes

arranjos: armchair (n = m), zig-zag (n,m = 0) ou chiral (n ≠ m ≠ 0), sendo n e m

números inteiros.

Os nanotubos de carbono podem ser sintetizados através de inúmeros métodos.

Dentre eles, os mais utilizados são o método do arco de carbono, deposição de

vapor químico (CVD) (EBBESEN, 1994), método catalítico e de decomposição de

monóxido de carbono em altas pressões e temperaturas (HERBST et al., 2004).

“Embora sejam bastante utilizados, estes métodos produzem somente uma pequena

quantidade de SWCNT, o que eleva em muito seu custo e impede sua aplicação em

grande escala” (HERBST et al., 2004). Além disso, a maioria destes métodos gera

grandes quantidades de impurezas, como o carbono amorfo e partículas metálicas

(HERBST et al., 2004).

Ao contrário dos métodos citados acima e conforme descrito por EBBESEN (1994),

os MWCNTs eram formados através do anelamento (grafitização) do carbono

amorfo na superfície de um nanotubo de carbono de parede simples após sua

constituição, ou seja, o nanotubo de carbono inicial servia como um suporte.

Segundo EBBESEN (1994), nos últimos anos, o mecanismo mais aceito para

formação catalítica de MWCNTs foi à difusão do carbono sobre a superfície e

através do metal. Neste método, os metais preferencialmente estudados, isolados

ou em combinação, foram o cobalto e o ferro, e como fonte de carbono foram

utilizados acetileno, propileno e etileno.

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Apesar do aperfeiçoamento dos métodos de produção de SWCNTs e MWCNTs, foi

imprescindível a realização de uma purificação deste material após o processo de

síntese. A finalidade era eliminar o carbono amorfo e, no caso de MWCNT, separar

os nanotubos do metal e do suporte (HERBST et al., 2004).

Segundo o estudo de SMART et al. (2005), tanto os nanotubos de carbono de

parede simples como os de paredes múltiplas apresentavam as seguintes

vantagens: eram materiais insolúveis, apresentavam uma tensão mecânica, grande

área superficial, resistência, suscetíveis a modificação química e, principalmente,

eram biocompatíveis.

De acordo com LACERDA et al. (2006), os CNTs possuíam interessantes

propriedades físico-químicas, ou seja, apresentavam uma estrutura ordenada de

amplo aspecto, peso ultraleve, alta resistência mecânica, alta condutividade elétrica,

elevada condutividade térmica, comportamento metálico ou semi-metálico e uma

área de superfície elevada. A combinação de todas estas características fez com

que o CNT fosse considerado um material único e com um grande potencial para as

mais diversas aplicações.

No entanto, PRATO et al., 2003 descreveram que a dificuldade inerente de

manusear os nanotubos de carbono foi um forte obstáculo no seu desenvolvimento.

Essencialmente, a dissolução dos CNTs foi necessária para análise química e física

e também para sua utilização. Por outro lado, a capacidade de solubilizar e separar

as moléculas de feixes formados neste nanomaterial ajudou em sua purificação,

permitindo eventualmente uma melhor manipulação e possibilitando novos caminhos

no campo da nanotecnologi a.

Para SUN et al. (2002), as reações de funcionalização com os nanotubos de

carbono foram divididas em duas categorias. A primeira sendo uma fusão direta do

grupo funcional com a superfície do grafite e a utilização de ligações com ácidos

carboxílicos, ou seja, fluoração, hidrogenização, interações com anilina, nitrenos,

carbenos e radicais e, finalmente, a reação de cicloadição 1,3 bipolar, reportada por

PRATO et al. (2002). Na segunda categoria de reações de funcionalização, ocorreu

uma ligação entre ácidos carboxílicos no limite do nanotubo de carbono proveniente

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de defeitos intrínsecos ou induzidos. Cada técnica citada acima foi executada

através de ligações covalentes (funcionalização covalente) ou ligações não-

covalentes (funcionalização não-covalente) (LACERDA et al., 2007).

Estas duas categorias de reações de funcionalização poderiam ter diferentes efeitos

na estrutura e propriedades intr ísecas dos nanotubos de carbono (SUN et al., 2002).

Dentre estas características, a mais almejada foi à solubilidade dos CNTs em

solventes orgânicos e/ou água.

A solubilidade do nanotubo de carbono funcionalizado em um solvente comum/água

permitiu a caracterização de amostras e o estudo das propriedades fundamentais

deste material. Além disso, foi uma oportunidade única para desenvolver materiais

com base nos CNT s e com modificações químicas e bioquímicas (SUN et al., 2002).

Fundamental para aplicações biológicas e biomédicas, a solubilidade dos nanotubos

de carbono foi uma importante descoberta, uma vez que tornou possível a

manipulação e processamento deste material em ambientes fisiológicos. Além disso,

esta característica possibilitou estudos relacionados à toxicidade e compatibilidade

dos nanotubos de carbono (LIN et al., 2004).

4 BIOCOMPATIBILIDADE DOS NANOTUBOS DE CARBONO De acordo com SMART et al. (2006), antes dos nanotubos de carbono serem

incorporados a dispositivos biológicos e biomédicos, a toxicidade e a

biocompatibilidade dos CNTs deveriam ser cuidadosamente i nvestigadas.

A biocompatibilidade poderia ser definida como a capacidade de um material gerar,

em uma situação específica, uma resposta do hospedeiro (SMART et al., 2006).

Outra propriedade que definiu a aplicação dos CNTs foi à biofuncionalidade, ou seja,

a capacidade do material assumir certas funções de um tecido através de uma

adaptação mútua das características deste tecido (CHLOPEK et al., 2006).

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SMART et al. (2006) apontaram três fatores determinantes ao potencial de uma

partícula de causar dano: a) a razão entre a área de superfície e o total da partícula,

isto é, quanto maior a superfície da partícula maior será a área de contato com a

membrana celular e a capacidade para a absorção e transporte de substâncias

tóxicas; b) o tempo de retenção da partícula, ou seja, quanto mais tempo as

partículas permanecerem em contato com a membrana celular maior a chance de

danos. Este fator também incorpora o concei to de mobilidade da par tícula através da

migração para o tecido circundante; e finalmente, c) a reatividade ou toxicidade

inerente da substância química contida dentro da partícula.

Conforme exemplificado nos estudos descritos abaixo, não existe uma confirmação

exata sobre a toxicidade dos nanotubos de carbono. Enquanto alguns estudos

indicaram uma citotoxicidade proveniente dos nanotubos de carbono, outros

demonstraram que este nanomaterial é um excelente substrato para crescimento

celular e não induziu resposta do hospedeiro.

JIA et al. (2005) relataram que quando SWCNTs e MWCNTs são incubados com

macrófagos alveolares foi observado um significante aumento (~35%) na

citotoxicidade após 6 h de exposição. Verificaram que os SWCNTs prejudicaram

significativamente a fagocitose dos macrófagos, enquanto os MWCNTs, em uma

dosagem um pouco mais alta, apresentaram elementos característicos de

degeneração e necrose. Os nanotubos de carbono utilizados neste experimento

possuíam apenas 90% pureza, ou seja, os 10% remanescentes apresentavam na

forma de carbono amorfo e outros resíduos.

Divergindo do estudo acima, CHLOPEK et al. (2006) examinaram a viabilidade de

fibroblastos e osteoblastos em presença de nanotubos de carbono de parede

múltipla (MWCNTs) altamente pur ificado, e também avaliaram o grau de estimulação

das células, considerando a quantidade liberada de colágeno tipo I, IL-6 e radicais

livres de oxigênio. As amostras de CNTs foram comparadas com a polisulfona pura,

o componente mais utilizado nestes casos. Como controle, a polisulfona também foi

combinada com nanotubos de car bono.

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Nos resultados, CHLOPEK et al. (2006) observaram uma pequena diminuição da

viabilidade de todas as células se comparado com o filme de polisulfona pura. Os

autores acreditaram que este resultado foi devido a substância em si e ao estado da

sua superfície, ou seja, o material apresentava uma superfície rugosa. A produção

de colágeno tipo I formado foi um pouco maior na superfície de polisulfona coberta

de nanotubos do que de polisulfona pura. Não foi verificado aumento no nível do

pró-inflamatório IL-6 pela polisulfona ou pela polisulfona coberta de nanotubos. E,

finalmente, as amostras de nanotubos de carbono não ativaram os macrófagos a

liberar radicais livres, os quais poderiam ser tóxicos para a célula.

Este resultado confirmou a boa biocompatibilidade dos nanotubos de carbono, e

evidenciou a importância deste material, principalmente para a área de engenharia

de tecidos, uma vez que a síntese intensiva de colágeno é necessária na

regeneração de ossos e tecidos moles. Assim, este nanomaterial poderia constituir

um excelente substrato para o crescimento de células ( CHLOPEK et al., 2006).

Trabalhando também com macrófagos, FIORITTO et al. (2006) avaliaram a

liberação de óxido nítrico (NO) por macrófagos de cobaias estimulados com

nanotubos de carbono puro (SWCNT), partículas de grafite e fulerenos. Além disso,

analisaram a atividade fagocítica e a viabilidade de macrófagos humanos desafiados

com as mesmas nanopar tículas.

Nos resultados, FIORITTO et al. (2006) verificaram que a liberação de óxido nítrico

pelos macrófagos de ratos foi semelhante tanto nas células estimuladas por

lipopolissacarídeos (LPS) quanto nas células desafiadas com nanotubos de carbono

e fulerenos. A maior interiorização pelos macrófagos humanos foi observada com as

partículas de grafite.

A citotoxicidade, isto é, o número de células que sofreu apoptose ou necrose, foi

baixa e bastante semelhante tanto nas amostras com SWCNTs quanto nas

amostras de fulerenos (aproximadamente 4% a 2% após 48 h respectivamente). Já

as amostras com partículas de grafite apresentaram alta taxa de apoptose (25%

após 48 h. Finalizando os resultados, as modificações morfológicas nos macrófagos

humanos tratados com SWCNTs purificados e fulerenos apresentaram efeito similar,

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com uma parcial mas não completa ativação celular, e com ausência de danos a

superfície celular. Já as partículas de grafite foram capazes de ativar um limite alto

de macrófagos, em um curto período de tempo, e induziu um extensivo dano a

célula com o aparecimento de numerosas células em apoptose e necrose

(FIORITTO et al., 2006).

Estes dados demonstraram que quando os nanotubos de carbono estão altamente

purificados não estimulam a produção de NO por macrófagos de rato. Além disso, o

nível de ativação dos macrófagos humanos foi baixo e não houve indução de

apoptose a estas células (FIORITTO et al., 2006). Este resultado confirmou o estudo

de CHLOPEK et al. (2006), e a importância da purificação dos nanomateriais para

uma aplicação especí fica.

Em outros estudos, pode ser destacado HUCZKO et al. (2001) que mostraram que a

instilação endotraqueal de nanoestruturas de carbono não induziu qualquer

inflamação mensurável no espaço bronquial de cobaias. LAM et al. (2004) relataram

que os nanotubos de parede simples foram capazes de induzir uma inflamação

intersticial dose-dependente em pulmões de cobaias e que eles foram mais tóxicos

do que o quartzo no tecido pulmonar. SHVEDOVA et al. (2003) investigaram os

efeitos adversos de SWCNTs usando uma cultura de queratinócitos epidérmicos de

células humanas imortalizadas. Após 18 h de exposição, observaram a formação de

radicais livres, o acúmulo de produtos peroxidativos, perda da viabilidade celular e

de ultra-estruturas e mudanças morfológicas das células. Nestes últimos

experimentos descritos acima não foi mencionado o grau de pureza dos nanotubos

de carbono.

Apesar de estudos recentes, ainda é pouco os dados existentes relativo a

propriedades biológicas e biocompatibilidade dos nanotubos de carbono. Como nos

trabalhos citados acima, a bicompatibilidade dos CNTs foi parcialmente elucidada e

estas exper iências, contudo, levam a resultados controversos.

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5 APLICAÇÕES DOS NANOTUBOS DE CAR BONO Como já mencionado anteriormente, os nanotubos de carbono possuem

propriedades interessantes como alta resistência mecânica e capilaridade, além de

apresentar grande área superficial e biocompatibilidade sendo, portanto, apontado

como um material promissor para diversas aplicações no futuro.

Segundo HERBST et al. (2004) alguns dos obstácul os para a maioria das aplicações

dos nanotubos de carbono foram o alto custo, a falta de controle sobre o processo

(tipo, comprimento e diâmetro do material formado) e limitações ao processo de

purificação.

A seguir, serão discutidas algumas das aplicações potenciais dos CNTs na área de

Microbiologia.

5.1 Atividade Antimicrobiana O grande interesse científico em entender e reproduzir as interações bacterianas

específicas de adesão tem como objetivo final detectar microrganismos patogênicos

e inibir as infecções (GU et al., 2005).

Um dos estudos visando à interação bacteriana com nanotubos de carbono foi

apresentado por GU et al. (2005). Os estudos foram executados com os nanotubos

de carbono de parede simples (SWCNTs), pois estes ofereciam muitas propriedades

que não estão disponíveis em outras nanopartículas tradicionais, especialmente

tratando-se do potencial biológico.

Nos experimentos, GU et al. (2005) demonstraram que SWCNTs funcionalizados

com derivados de galactose (Gal-SWCNT) serviram como ligante interagindo, assim,

com os receptores da bactéria patogênica Escherichia coli 0157:H7 cultura C7927.

Nos resultados foram notadas interações fortes entre Gal-SWCNTs e as células do

patógeno, com os nanotubos ligados a uma única célula ou entrelaçando células

adjacentes, resultando assim em uma significativa aglutinação celular.

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Os autores acreditaram que esta forte ligação entre bactéria e nanotubo ocorreu

devido à grande superfície deste material, permitindo exibir as matrizes de açúcar,

que são excelentes ligantes polivalentes, em direção a receptores específicos na

superfície celular da bactéria. A natureza semi-flexivel da estrutura do nanotubo

também ajudou a facilitar a ligação dos vários ligantes da galactose com a célula de

E. coli.

Este resultado demonstrou que os SWCNTs serviram como carreador para ligantes

múltiplos de carboidratos e que funcionalizados como Gal-SWCNT foram altamente

eficientes para capturar E. coli, podendo se estender a outros patógenos que

possuem receptores de galactose (GU et al., 2005).

KANG et al. (2007) apresentaram dois estudos sobre a atividade antimicrobiana dos

nanotubos de carbono. No primeiro, a bactéria E. coli foi incubada, por um período

de uma hora, com nanotubos de carbono de parede simples purificados (SWCNTs).

O resultado demonstrou que os SWCNTs, em contato direto com a bactéria,

agregaram-se às células causando danos à membrana celular, que definitivamente

foi o mecanismo responsável pela morte bacteriana. Dados de testes preliminares

utilizando os MWCNTs demonstraram que este material é menos tóxico que o

SWCNT. Segundo KANG et al. (2007), este trabalho foi importante na pesquisa

contra as infecções por microrganismos resistentes a antibióticos e também na

criação de materiais antimicrobianos.

No segundo estudo, KANG et al. (2007) destacaram a interação do SWCNT com

microrganismos e a propriedade antimicrobiana do nanomaterial. No experimento

foram utilizados SWCNTs altamente purificados e E. coli K12. Após a incubação do

patógeno com os nanotubos de carbono por um período de uma hora, verificaram

uma inativação das células de E. coli, comprovando a importância do contato direto

entre microrganismo e nanotubo para uma forte interação. Além disso, confirmaram

que a biotoxicidade é diretamente dependente do período de incubação, ou seja, a

média da porcentagem de perda da viabilidade celular foi de 73.1 ± 5.4%, 79.9 ±

9.8% e 87.6 ± 4.7% em um período de 30, 60 e 120 min, respectivamente. Com

relação às alterações na morfologia do patógeno, observaram que as células

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incubadas com SWCNTs perderam sua integridade, enquanto que células do

controle negativo (células sem SWCNTs) apresentaram a membrana celular intacta.

Mesmo após obter estes resultados, ainda se conhecia muito pouco sobre os

mecanismos de citotoxicidade dos nanotubos de carbono. Um estudo com células

de mamíferos tinha proposto três principais mecanismos de citotoxicidade: a)

estresse oxidativo, b) toxicidade metálica e c) penetração física. De acordo com

KANG et al. (2007), no seu trabalho foi considerada apenas a penetração física

como o principal mecanismo de morte celular, uma vez que o estresse oxidativo e a

toxicidade metálica estavam relacionados com a não purificação dos nanotubos de

carbono, processo que foi realizado pelos autores.

Estes dois estudos apresentaram as primeiras evidências da atividade

antimicrobiana dos nanotubos de carbono e revelaram uma nova e importante linha

de pesquisa na área de nanobiotecnologia e um novo potencial de aplicação para

este nanomateri al.

5.2 Carreador de Drogas e Vacinas No campo de vacinação há um considerável interesse em desenvolver novos

mecanismos efetivos para administrar proteção contra antígenos. Os nanotubos de

carbono estão sendo visados como uma promissora ferramenta para transporte de

vacinas. A sua utilização na área de vacinação pode possibilitar o uso de antígenos

que não tenham induzido respostas imunes adequadas e proporcionar meios

significativos de reforçar estas respostas (PANTAROTTO et al. 2003).

De acordo com PANTAROTTO et al. (2003), no transporte de vacinas um importante

fator a ser considerado é a retenção da conformação do antígeno, pois é um

requisito para a indução da resposta específica do anticorpo.

O desenvolvimento de novas metodologias para modificação química dos CNTs

estimulou vários estudos de preparação de CNTs solúveis que poderiam ser

utilizados em várias aplicações biológicas (BIANCO et al. 2005). As múltiplas

20

atividades após uma modificação orgânica também proporcionaram a ampliação da

aplicabilidade deste material, uma vez que aumentaram os sites de fixação para

drogas, proteínas e peptídeos através de vínculos estáveis covalentes

(PANTAROTTO et al. 2003).

Para BIANCO et al. (2005), uma vez que os CNTs funcionalizados penetram

facilmente dentro das células com toxicidade reduzida, este material pode ser

considerado uma inovação como sistema carreador de drogas e uma interessante

ferramenta na área Biomédica e Biotecnol ógica.

BIANCO et al. (2005) utilizaram CNTs na avaliação da antigenicidade e a

imunogenicidade, isto é, a capacidade de um antígeno ser especificamente

reconhecido por um anticorpo e deste antígeno estabelecer uma resposta imune no

hospedeiro, respectivamente. Neste teste, foi utilizada a correspondente seqüência

141–159 (GSGVRGDFGSLAPRVARQL) da proteína VP1 do vírus da febre aftosa

ligada a um f-CNT. Os resultados foram satisfatórios, uma vez que o f -CNT ligado ao

peptídeo interagiu com os anticorpos. Em contrapartida, no teste realizado com o f-

CNT sem o peptídeo não obser varam nenhuma interação com os anti corpos.

Com o objetivo de verificar a resposta imune do hospedeiro frente ao f-CNT ligado

ao peptídeo, BIANCO et al. (2005) fizeram testes em cobaias e compararam o

resultado da imunização com um antivírus da febre aftosa e o f-CNT ligado ao

peptídeo. Os resultados demonstraram que a ligação do peptídeo com f-CNT ativou

uma baixa resposta imune capaz de neutralizar o vírus. Os autores não observaram

a ativação de nenhum anticorpo específico para o f-CNT. Assim, ficou evidenciada a

necessidade de conjugar o peptídeo ao CNT através de ligações covalentes para

atingir uma maior imunogenicidade. Além disso, os autores concluíram que o f-CNT

pode ser considerado um candidato promissor para carreamento de vacinas

antigênicas baseadas em peptídeos e pr oteínas.

Outro estudo de BIANCO et al. (2005) destacou o grande interesse em encontrar

uma nova forma de funcionalização do CNT para a sua aplicabilidade como

carreador de drogas. Neste trabalho, os autores utilizaram MWCNT funcionalizado

21

com Anfoter icina B e fluoresceína e observaram que o anti biótico ligado ao nanotubo

de carbono foi facilmente internalizado em células de mamíferos sem causar efeitos

tóxicos se comparado com um antibiótico incubado sozinho. Além disso, a

Anfotericina B ligada ao CNT preservou uma alta atividade antifúngica contra uma

ampla gama de patógenos, incluindo Candida albicans, Cryptococcus neoformans e

Candida parapsilosis.

Mesmo não totalmente apurado o uso de f-CNT como carreador de drogas

anticâncer, antibacteriano e antifúngico, a funcionalização química dos CNT oferece

a possibilidade de introduzir mais de uma função no mesmo material, de modo que a

aplicabilidade destas moléculas contra antígenos e como carreador de drogas

podem ser utilizados ao mesmo tempo (BIANCO et al. 2005).

5.3 Carreador Genético O processo de isolamento, manipulação e introdução de genes em um organismo é

à base da Engenharia Genética. Para que eles ocorram adequadamente, é

necessário que os genes estejam contidos em vetores de clonagem apropriados,

que contêm importantes seqüências de regulação que a maquinaria celular é capaz

de “ler”. Alguns exemplos de vetores utilizados atualmente são os plasmídeos, os

vírus e outros sinteticamente produzidos. Como os plasmídeos são seqüências

circulares de DNA extracromossomal e se reproduzem de forma autônoma, eles

tornaram-se ideais para a transmissão de informação e atualmente são os vetores

mais utilizados (TORTORA et al ., 2000 e EÇA, 2004) .

CHAPANA et al. (2005) destacaram uma nova aplicação para os nanotubos de

carbono quando utilizaram este material como vetor físico do processo de

eletroporação. Este processo consistiu na permeabilização da membrana celular

bacteriana através da vibração de campos elétricos que estimularam,

temporariamente, a abertura dos poros e conseqüentemente, a entrada de

moléculas como DNA (Processo de Transformação da bactéria) e drogas

específicas.

22

Em escala nanométrica, como retratado por CHAPANA et al. (2005), as técnicas de

eletroporação são fundamentalmente diferentes das utilizadas atualmente, pois os

eletrodos não são utilizados. Os CNTs com uma carga superficial aniônica e

dispersáveis em água se ligam a superfície da bactéria Gram negativa. Esta

situação ocorreu principalmente devido a uma interação eletrostática entre os CNTs

e a superfície bacteriana igualmente carregada.

No trabalho de CHAPANA et al. (2005), os CNTs foram utilizados tanto como alvo

das células bacterianas quanto como carreador de plasmídeo para o interior celular.

Para este teste foram usados MWCNTs, cultura de E. coli DH5d e plasmídeo

pUC19. Pr imeiramente, a cul tura de E. coli foi inoculada juntamente com uma cultura

de plasmídeos pU C19 (Transformação). Após a homogenei zação, vár ios volumes de

CNTs foram adicionados a suspensão células-plasmídeos e a mistura final de

células-plasmídeos-CNTs foi refrigerada por cinco minutos. Após a refrigeração, a

mistura final foi colocada em um microondas por um período de 8 a 16s.

Nos resultados, CHAPANA et al. (2005) esperaram que os CNTs permanecessem

emaranhados dentro da suspensão bacteriana. Contudo, as células de E. coli

mostraram uma grande afinidade por este material. Além disso, ficou demonstrado

que o plasmídeo foi introduzido com sucesso nas células de E. coli, e que esta

transformação foi facilitada pelos nanotubos de carbono. No processo de

eletroporação, evidenciaram que o CNT criou temporariamente um nanocanal

transmembranoso e simultaneamente serviu como carreador de partículas de ouro,

não induzindo mudanças na mor fologia bacteriana.

Os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que uma nova técnica de

transformação bacteriana foi desenvolvida e ficou evidenciado o grande potencial

dos nanotubos de carbono no processo de eletroporação celular em escala

nanométrica (CHAPANA et al., 2005).

Com o objetivo de confirmar o potencial dos nanotubos de carbono como

carreadores de genes, SINGH et al. (2005) caracterizaram a interação deste material

com o DNA plasmidial. Neste estudo, os SWCNTs e MWCNTs foram funcionalizados

com um grupo de amônia (SWNT-NH3+ e MWNT-NH3+) e, ao SWCNT, também se

23

adicionou uma molécula de lisina (SWNT-Lys-NH3+). Na preparação do complexo f-

CNT:DNA, um volume apropriado de cada tipo de f-CNT foi diluído em 200µl de

água deionizada e depois separado em quatro alíquotas de 50µl. Um volume de

5µg/ml de solução de DNA foi adicionado às três alíquotas de f-CNT e a solução foi

homogeneizada. Na quarta alíquota, como controle negativo, a água deionizada foi

adicionada. Os testes de Microscopia Eletrônica de Varredura, Ressonância

Superficial com Plasmon, PicoGreen Corante de Exclusão e Eletroforese em Gel de

Agarose foram realizados para verificação do complexo f-CNT:DNA.

Os resultados encontrados indicaram que os MWNT-NH3+, além de compactar o

DNA de maneira mais rigorosa, também foram capazes de ligar mais

significativamente com o DNA que os SWNT-Lys-NH3+. Esta forte associação foi

devida a grande área superficial do MWNT-NH3+. Com relação ao SWNT-NH3+,

não foi verificada uma ligação eficiente com o DNA. Assim, SINGH et al. (2005)

concluíram que a área superficial, as diferenças de comprimento, a largura e a

densidade, são parâmetros críticos e fundamentais para a determinação da

interação e da formação do complexo eletrostático entre f-CNT e DNA.

SINGH et al. (2005) concluíram que fatores como equilíbrio entre a condensação de

DNA, associação com a superfície dos f-CNTs e a liberação intravascular e

intracelular do DNA, interferem na capacidade dos CNTs de serem utilizados como

carreadores de genes e devem ser considerados em pesqui sas futuras.

5.4 Silenciamento Gênico Nas áreas da Genética Reversa, Genômica Funcional e Terapia Gênica, uma nova

técnica conhecida com RNA de interferência (RNAi) vem sendo empregada como

uma potente ferramenta de biologia molecular. Ela permite a inserção de RNA de

dupla fita (RNAdf) nas células para silenciar genes homólogos de maneira potente e

específica. Por exemplo, o RNAi pode suprimir genes que causam doenças

genéticas ou que ainda não possuem dr ogas efetivas.

24

O transporte de siRNA até as células-alvo é bastante complicado, uma vez que

estas moléculas são instáveis, possuem eficiência de captação baixa e também

apresenta propriedades de biodisponibilidade. Portanto, a descoberta de novos

métodos de transporte mais eficientes é imprescindível para o estudo do real

potencial da siRNA (KAM et al. 2005).

KAM et al. (2005) demonstraram a ligação de várias moléculas biológicas em

SWCNTs funcionalizados com fosfolipídeos cliváveis através de ligações de

dissulfureto. Esta nova funcionalização também foi útil para que os nanotubos de

carbono fossem utilizados para transportar, liberar e realizar uma translocação

nuclear de DNA oligonucleotídeos nas células de mamíferos. Além disso,

comprovaram a alta eficiência de transporte de moléculas curtas de RNA de

interferência (siRNA) pelos SWCNTs e, conseqüentemente, uma maior potencia da

funcionalização do RNAi.

Com o objetivo de também utilizar os nanotubos de carbono como uma ferramenta

para o silenciamento gênico, ZHANG et al. (2006) testaram SWCNTs como

carreador e liberador do complexo siRNA-enzima telomerase (TERT) para silenciar

a expressão do gene da telomerase e inibir a proliferação e crescimento de células

tumorais in vitro e em cobaias.

Primeiramente, com a finalidade de investigar a penetração dos SWCNTs nas

células tumorais, foi necessário funcionalizar o nanotubo utilizando DNA marcado

com fluoresceína. Nos resultados, os pesquisadores verificaram que o SWCNT

penetrou em três linhagens de células tumorais da cobaia (1H8, TC-1 e LLC), não

apresentando toxicidade para as mesmas.

Na segunda análise, os autores examinaram o potencial de aplicação do SWCNT

como carreador de siRNA para o interior da célula e para isso o nanotubo foi

funcionalizado com uma carga positiva -CONH-(CH2)6-NH3+Cl- pois, assim, poderia

ajudar efetivamente a ligação entre a enzima telomerase (TERT) e siRNA e os

SWNTs. Através de uma espectrofotometria a 260nm foi possível verificar que o

SWCNT promoveu a ligação com o siRNA. As células carcinoma do ovário (1H8),

carcinoma cervical (TC-1) e carcinoma pulmonar (LLC), que expressam alto nível de

25

mRNA TERT e proteína TERT, reduziram este nível após a adição do complexo

TERT siRNA- SWNTs+, ou seja, reduziu a atividade da telomerase. Estes dados

confirmaram a concretização bem sucedida dos ativos TERT e siRNA via SWCNT

funcionalizado com carga positiva, para o silenciamento da enzima telomerase.

Finalizando, ZHANG et al. (2006) avaliaram o efeito do complexo TERT siRNA-

SWNTs+ no crescimento das células tumorais e nos níveis da telomerase. As

células foram colocadas em poços (0,5 x 105 / poço) e após uma incubação de

aproximadamente doze horas foram tratadas com 2nmol/L do complexo TERT

siRNA-SWNTs+. Após seis dias de incubação, comprovou-se que o complexo

realmente suprimiu o crescimento das células tumorais 1H8, TC-1 e LLC e também

reduziu o numero de células. Além disso, após 48 h as células tratadas com o

complexo TERT siRNA-SWNTs+ apresentaram quase uma total inibição da

proliferação. Através do microscópio de contraste de fase eles verificaram que as

células tumorais apresentavam características morfológicas distintas associadas à

senescência, incluindo a detenção do crescimento, o alargamento e um citoplasma

vasculado.

Estes estudos demonstram as diversas aplicações em que se podem utilizar os

nanotubos de carbono como transportadores moleculares, incluindo a terapia gênica

e protéica para a prevenção de doen ças, principalmente o câncer .

6 PERSPECTIVAS E APLICAÇÕES FUTURAS DOS NANOTUBOS DE

CARBONO Nas indústrias farmacêuticas e médicas, e principalmente, nas alimentícias é

crescente a preocupação pelas infecções de produtos causadas por microrganismos

patogênicos. A falta de controle, monitoramento e pessoal treinado trazem perdas

consideráveis para este setor. Devido a este problema, vários estudos estão sendo

executados com o objetivo de encontrar um novo método ou material que pode ser

utilizado para detec ção rápida ou em tempo real de patógenos.

26

6.1 Biosensores A maioria dos testes nesta área está sendo realizada com nanotubos de carbono,

pois é esperado que com suas inúmeras propriedades, este material possa servir

como um ótimo biosensor. Dentre os trabalhos, destaca HUANG et al. (2004) que

testaram os nanotubos de carbono como possíveis mobilizadores de anticorpos para

detecção de bactéri as.

As bactérias utilizadas no experimento de HUANG et al. (2004) foram Salmonella

typhimurium e Staphylococcus aureus e as concentrações de suas populações

foram ajustadas para 108 cfu/ml. Os anticorpos policlonais anti-Salmonella e anti-S.

aureus de imunoglobulina de coelho (IgGs) foram produzidos e purificados conforme

protocolo específico. Embora não tenha sido especificado no trabalho o tipo do

nanotubo de carbono utilizado, a funcionalização do material determinou

características hidrofóbicas ou hidrofílicas. Assim, o teste de imobilização dos

anticorpos utilizou tanto os CNTs hidrofóbicos quanto os hidrofílicos para cobrir as

imunoglobulinas (IgGs) por um período de duas horas. Após a lavagem da

suspensão anticorpo-CNTs com tampão, as culturas de S. typhimurium e S. aureus

foram adicionadas a mesma por uma hora.

Os resultados confirmaram que os anticorpos anti-Salmonella e anti-S. aureus foram

imobilizados tanto na superfície hidrofóbica quanto na hidrofílica dos nanotubos de

carbono, apresentado nesta última uma melhor eficácia. Evidenciaram também a

ligação das bactérias com seus respectivos anticorpos nos dois tipos de CNTs, mas

esta ligação foi mais eficiente na superfície hidrofílica dos que na hidrofóbica do

nanomaterial (HUANG et al.,2004).

HERBST et al. (2004) também testaram à imobilização da enzima β-lactamase

extraída de Bacillus cereus. As amostras foram analisadas por microscópico

eletrônico de transmissão (TEM) e apontaram para a imobilização das proteínas no

interior dos CNTs, na forma de monômeros, dímeros e oligômeros. Como esperado,

ocorreu uma seleção por tamanho no encapsul amento das proteínas.

27

As tecnologias de ponta dos nanotubos de carbono precisam ser extensivamente

investigadas para que este material possa ser um candidato em potencial para o

desenvolvimento da próxima geração de biosensores (HERBST et al., 2004).

6.2 Engenharia de Tecidos ou Crescimento Celular A área da engenharia de tecidos também vem explorando as aplicabilidades dos

nanotubos de car bono, pois estes, ao contrário dos pol ímeros sintéticos, apresentam

características como resistência mecânica e fácil funcionalização. Em contrapartida,

este material tem um inconveniente que deve ser considerado no momento do uso:

não é biodegradável.

Dentre os inúmeros trabalhos nesta área, realça o interesse de pesquisadores na

capacidade deste material constituir uma matriz ou suporte para crescimento celular.

Segundo ci tado por BERGMANN ( 2008):

Essa tecnologia tem como princípio o fato de que células humanas crescidas em

superfícies planas não produzem um painel normal de proteínas, enquanto que

células crescidas em estruturas tri-dimensionais, como no seu tecido original, têm

uma bioquímica mais próxima da real.

Segundo HARRISON et al. (2004), testes in vitro demonstraram que diferentes tipos

de células apresentaram crescimento satisfatório em nanotubos de carbono. Alguns

exemplos citados são as células musculares lisas que apresentaram ótimo

crescimento em suporte formado de SWCNT e colágeno, e os fibroblastos L929 de

cobaias que foram cultivados com sucesso em suporte de nanotubos de carbono.

Além disso, novos estudos estão sendo realizados com MWCNTs no intuito de

mimetizar fibras neurais para o crescimento neuronal.

Estas pesquisas servem como base para o desenvolvimento de novas pesquisas e

métodos para aplicação dos nanotubos de carbono. Além disso, elas ressaltam a

importância atual e futura deste material, não somente como biosensores ou suporte

para crescimento celular, mas como um promissor material para outras inúmeras

aplicações.

28

6.3 Transfecção Gênica Na área de Terapia Gênica também podemos ressaltar estudos sobre transfecção

gênica. Este processo consiste na introdução de uma molécula de DNA estranha em

uma célula eucariótica, normalmente seguida pela expressão de um ou mais genes

presentes no DNA recém introduzido. Ainda são poucos os trabalhos publicados

referentes a este assunto, principalmente utilizando nanotubos de carbono, mas,

definitivamente, esta linha de pesquisa promete resultados promissores,

especialmente para controle de doenças gênicas.

O trabalho mais recente publi cado descreveu a utilização de nanof ios de ouro para a

transfecção em células de mamíferos. KUO et al. (2008) observaram que a

transfecção utilizando este material foi muito eficiente e não houve citotoxidade

aparente nas células de fibroblastos (NIH 3T3) e HeLa S3 pelo ouro nas condições

específicas do estudo. O complexo nanofios de ouro:DNA foi internalizado em

ambas as células.

O conhecimento sobre o desempenho dos nanotubos de carbono como material

para o processo de transfecção gênica ainda é muito incipiente, mas, pela

importância do tema para a saúde humana, espera-se que nos próximos anos sejam

publicados vários artigos sobre este tema, principalmente devido ao CNT ser

bastante utilizado como carreador gênico e no processo de silenciamento gênico.

7 POTENCIAIS RISCOS DOS N ANOTUBOS DE CARBONO

Desde que os estudos com nanotubos de carbono foram iniciados, vários foram os

trabalhos de pesquisa que publicaram os riscos de fabricação e manipulação deste

material. Conforme destacado por SMART et al. (2006), existem três fatores que

determinam geralmente o potencial de uma partícula de diâmetro convencional de

causar danos: a área de superfície da partícula, o tempo de retenção da partícula e

a reatividade ou a toxicidade inerente dos químicos contidos na partícula. Ainda não

está claro a forma como a estabi lidade química da CNT terá um impacto sobre a sua

biopersistência.

29

SMART et al. (2006) descreveram um detalhado estudo sobre toxicidade pulmonar,

irritação da pele e citotoxicidade dos CNTs.

7.1 Toxicidade Pulmonar No primeiro estudo relacionado a danos pulmonares, verificaram que cinco amostras

de MWCNT produzidas através de métodos diferentes foram instiladas

intratraquealmente em cobaias e após noventa dias encontraram evidencia

significativa de toxicidade pulmonar, ou seja, infiltração de macrófagos alveolares,

anormal resistência pulmonar e múltiplas lesões no pulmão exposto ao CNT .

7.2 Irritação da Pele Na avaliação do potencial do CNT de induzir irritação na pele, SMART et al. (2006)

efetuaram dois testes dermatológicos de rotina. No primeiro teste, quarenta

voluntários susceptíveis a alergias foram expostos a um filtro de papel saturado com

suspensão de água e CNT não refinado por 96 h. No segundo teste, coelhos albinos

foram submetidos ao mesmo filtro de papel saturado com suspensã o de água e CNT

não refinado por 72 h. Ambos os testes não demonstraram nenhuma irritação

relacionada ao CNT.

7.3 Citotoxicidade dos CNTs O primeiro teste relacionado à citotoxicidade dos CNTs foi demonstrado por

SHEDOVA et al. (2003) que investigaram os efeitos de SWCNTs não refinados nos

queratinócitos imortalizados na epiderme humana. Os resultados demonstraram um

acelerado estresse oxidativo, perda da viabilidade celular e alterações morfológicas

e estruturais da célula.

Outro estudo foi feito por TAMURA et al. (2004) que verificaram o efeito citotoxico

de um CNT purificado em neutrófilos isolados de sangue humano. Este material

aumentou significativamente a superoxidação de ânions e a perda da viabilidade

celular. Nesta última publicação, não foi detalhada informações pertinentes como a

30

estrutura do CNT, o método utilizado para síntese e manipulação o que,

conseqüentemente, reduziu o significado da mesma.

SMART et al. (2006) concluíram que apesar da importância de determinar a

toxicidade in vivo dos CNT, ainda são relativamente poucos os estudos publicados

sobre este tema. Os dados apresentados na revisão indicaram que o CNT, não

refinado, possuiu algum grau de toxicidade, predominantemente devido à presença

de metais de transição catalisadores. Enquanto a publicação de novos estudos

abrangendo este assunto é aguardada, é fundamental a introdução de medidas de

segurança adequadas para a manipulação do CNT. De imediato conclui-se que, em

relação às irritações na pele causadas pelo contato com CNTs, não são necessárias

precauções especi ais.

8 CONCLUSÃO

As informações e as discussões sintetizadas neste trabalho procuram mostrar as

perspectivas e o entusiasmo da comunidade científica, e daqueles que pesquisam a

fronteira do conhecimento na biotecnologia, com a nanotecnologia e com os

nanotubos de car bono, em especial.

Devido às suas inúmeras e diversificadas possibilidades de aplicação e a sua

capacidade de desenvol vimento de novos ma teriais, os CNTs se constituem em uma

das mais brilhantes promessas da nanotecnologia.

É imprescindível, contudo, que mais estudos sejam realizados com o objetivo de

confirmar, otimizar e padronizar funções específicas deste material e desta

promissora tecnologia. Desenvolver e consolidar uma tecnologia sustentável,

confiável e com qualidade para a fabricação de nanotubos de carbono em larga

escala e baixo custo é, assim, o grande desafio da comunidade científ ica.

Portanto, com muito entusiasmo e esperança começamos a verificar que sua

utilização não se limita apenas a experimentos científicos e, promissoramente,

começa a se expandir para as mais diversas áreas da pesquisa, da inovação e da

31

indústria, notadamente as da biotecnologia e saúde humana, prometendo para um

futuro próximo se tornar um produto em vár ias partes do mundo.

32

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