Texto Mestre. a QVT e Seus Significados

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c A p T u l o c o m p l e m e n TA r

29Ingrid Caete Benjamin Franklin

QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO: MUITAS DEFINIES E INMEROS SIGNIFICADOS

Viver enfrentar um problema atrs do outro. O modo como voc o encara que faz a diferena.

O inTroduoCaptulo complementar 29.indd 1

Objetivos de aprendizagemDiscutir se o gerenciamento da cultura organizacional vivel. Compreender de que modo a cultura organizacional se apresenta, se de forma homognea ou heterognea, ou se existe uma complementaridade entre essas duas possibilidades. Conhecer os mtodos utilizados para o desvendamento da cultura organizacional e no saber que consiste o mtodo etnogrco. Atentar para a relevncia dos rituais na compreenso e na interpretao da cultura organizacional.

A sade e a qualidade de vida so recursos estratgicos para a produtividade e para o desenvolvimento sustentvel. Nunca se falou tanto em sade, educao e qualidade de vida. As crescentes e rpidas transformaes, os impactos tecnolgicos e a globalizao nos trazem desafios permanentes, como a necessidade de ser competitivo, o grave aumento do nvel de desemprego e a questo da empregabilidade, os altssimos ndices de acidentes de trabalho e de doenas ocupacionais, os inmeros desequilbrios relacionados, direta ou indiretamente, com as atuais condies de trabalho e de vida e os preocupantes nveis de estresse.

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Empresas e indivduos esto sendo sacudidos e pressionados no sentido de uma tomada de conscincia e de uma reviso de valores. Evidencia-se que a educao e a sade no so apenas bsicos, mas so, com certeza, o nico caminho, a estratgia mais poderosa para se alcanar melhores ndices de produtividade e, principalmente, maior qualidade nos resultados. A sobrevivncia e a continuidade das organizaes, neste novo sculo, esto sendo colocadas em cheque e dependem da seriedade com que forem tratadas, daqui para a frente, as questes humanas. O enfoque deve mudar de curativo e reativo para preventivo e proativo. E a busca da conscientizao e da transformao das intenes em aes depende de cada um de ns e de todos, pois a sade responsabilidade de todos, mas s se responsabiliza e se compromete aquele que livre para pensar e agir, sendo consciente de si mesmo e da realidade, pois somente nestas condies possvel haver responsabilidade e comprometimento com ideias e valores. Este um saudvel exerccio de cidadania do qual no devemos fugir. No podemos ficar esperando que algum surja para nos salvar. E fica evidente portanto, que CONSCINCIA realmente a palavra-chave, o conceitochave quando pensamos e falamos em qualidade de vida. Sobre isto, nos diz Ferguson (1993):O indivduo que tenha aprendido a ser responsvel por sua prpria sade provavelmente tornar-se- mais interessado nos aspectos polticos da medicina, do ambiente, no papel do aprendizado sobre sade e doenas, nos aspectos benficos ou malficos dos relacionamentos e do trabalho, etc.

indiscutvel que pessoas sadias fsica, mental e espiritualmente, que sentem-se felizes, trabalhando e vivendo com satisfao s podem produzir qualidade e gerar riqueza e progresso. No pode existir qualidade total sem que haja qualidade de vida. Ento, cabe perguntar: quanto vale a sade para cada um de ns? Quanto vale a vida para cada um de ns? Pois est na hora de se concretizar a mxima Recursos Humanos, maior patrimnio das empresas. E est mais do que na hora de evoluirmos para uma gesto de pessoas, de seres humanos, deixando para trs o paradigma mecanicista que transformou pessoas em recursos, que nos levou a acreditar que somos mquinas, instrumentos, e que nos estimulou e at premiou para que nos tratssemos de forma to desumana. Somos todos responsveis por esta transformao para que possamos vislumbrar um mundo mais evoludo e iluminado para ns. Quando digo todos significa todos mesmo, cidados, profissionais de todas as reas, lderes e gestores. O poder para criarmos essa nova realidade est dentro de ns e ao mesmo tempo em todos ns, em nossa unio em torno de propsitos comuns e suficientemente fortes para nos manter unidos. Precisamos criar uma massa crtica que acelere a transformao que, sem dvida, j est em marcha. Nas palavras de Margareth Mead,

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No duvide que um pequeno grupo inteligente de cidados comprometidos no possa mudar o mundo. Esta , alis, a nica forma de consegui-lo.

Tendo em vista este contexto, que aqui procuramos apresentar de forma resumida, abordaremos neste captulo alguns tpicos que julgamos ser de maior relevncia para quem est interessado em saber o que significa qualidade de vida no trabalho, sua evoluo, as principais abordagens, a sade emocional e o que ela significa para a qualidade de vida no trabalho (QVT). Principalmente, pretendemos mostrar, com nfase, que qualidade de vida diz respeito, acima de tudo, a uma filosofia de vida individual, organizacional e comunitria. Isto quer dizer que sua prtica decorre naturalmente de valores e de um forte compromisso com eles assumido. Neste sentido, no poderemos nos furtar de abordar, mesmo que brevemente, o movimento de responsabilidade social que est ganhando fora com rapidez nos ltimos anos junto s organizaes, aos governos e sociedade de modo geral. Como fica evidente, responsabilidade social algo muito mais abrangente que a preocupao com a qualidade de vida no trabalho, inclusive englobando esta. um movimento de conscientizao e de comprometimento para com a tica e todos os valores morais que digam respeito ao bem-estar da sociedade como um todo, destacando-se a justia, a verdade (transparncia) e a solidariedade. assim que podemos vislumbrar uma reorientao de toda a sociedade global para um pensar, um sentir e um agir voltados, prioritariamente, para a sobrevivncia e muito mais ainda, para uma convivncia pacfica e para a sustentabilidade de nosso planeta Terra. A SAde emocionAl e A QuAlidAde de VidA no TrAbAlho

o significado de sade e de doenaAtualmente, quando se fala em sade, ainda frequente entre as pessoas a ideia de que se trata de um estado de no doena, de ausncia de dores ou sintomas fsicos mais evidentes. Esta percepo, digamos, limitada e equivocada sobre o profundo significado da sade permeia tambm o ambiente das organizaes. Na realidade, doena e sade so conceitos singulares, pois se referem a um estado das pessoas, e no, aos rgos ou ao corpo fsico delas. Doena e sade so dois lados de uma mesma moeda. Quer dizer que, de acordo com a viso sistmica ou holstica, que compreende o ser humano como um ser biopsicossocioespiritual, doena e sade coexistem e interagem de forma contnua e dinmica, determinadas apenas pela conscincia (alma) e pela vida (esprito), os dois aspectos imateriais que o constituem. A doena significa a perda relativa da harmonia ou o questionamento de uma ordem at ento equilibrada, segundo Dethlefsen e Dalke (1998, p. 14) A doena pode ser compreendida tambm como a ausncia de um bem-estar

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geral que resulta do desequilbrio na satisfao das necessidades de ordem fsica, emocional, vocacional, intelectual, social e espiritual. No se pode falar apenas em um corpo doente, sob pena de estarmos sendo reducionistas e mecanicistas. Somente o ser humano como um todo dinmico, percebido e considerado em todas as suas dimenses e complexidade, pode estar doente. Entretanto, a doena d sinais atravs de sintomas no corpo. E quando a doena aparece, significa que h um desbalano, uma desarmonia na conscincia. por meio do corpo que ela se expressa, se manifesta. O corpo energia materializada, portanto, se h equilbrio e harmonia nas vibraes desta energia, a materializao ser de sade e bem-estar. Mas se houver desequilbrio e desarmonia, a materializao ser de doena e mal-estar. Assim, podemos deduzir que a sade um estado de bem-estar resultante do equilbrio na satisfao das necessidades fsicas, emocionais, vocacionais, intelectuais, sociais e espirituais. Isto significa que o indivduo saudvel aquele que consegue manterse, continuamente, consciente e comprometido com a satisfao destas suas necessidades e que, consequentemente, contribui para a promoo desta condio ou estado em seus semelhantes e no ambiente que o cerca.

Sade, felicidade e qualidade de vidaA sade, em sua plenitude e compreendida de modo profundo e abrangente como foi exposto, pode ser considerada como sinnimo de felicidade. E a felicidade, aquele estado que todos os seres humanos almejam desde o momento em que nascem, no um porto de chegada ou um objetivo especfico a ser atingido. A felicidade , antes de mais nada, um modo de navegar. Isto quer dizer que a felicidade, assim como o bem-estar e a qualidade de vida, so conquistas que se fazem diariamente, vivendo cada momento e desenvolvendo atitudes mais e mais adequadas, aplicando nossa criatividade em nossas emoes, conscincia e valores. Embora muitos acreditem e disseminem a crena de que no existe felicidade plena e duradoura e de que a vida feita apenas de alguns momentos felizes aos quais devemos nos agarrar e dar-nos por contentes, na verdade no bem assim. A felicidade um estado de esprito, algo que vem do interior, ditado pelas instncias da alma (conscincia) e do esprito (vida), energias que nos animam. Ns temos o poder de transformar nossa vida em um nico momento contnuo de felicidade, sem quebras, sem interrupes, uma vez que nosso mundo interior nos pertence e somente ns podemos decidir sobre ele. A sade, tanto quanto a felicidade, responsabilidade de cada um e de todos. Mas s se responsabiliza e compromete aquele que livre para pensar e agir sendo consciente de si mesmo e da realidade. E somente aquele que consciente e, portanto, livre para escolher, pode se responsabilizar e se comprometer com ideias, valores e crenas. Quanto valem, realmente, a sade e a vida para voc? Esta questo mexe, provavelmente, com seus valores e com suas emoes, no mesmo?

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o papel das emoesMas, e afinal, o que so emoes, qual o seu papel em nossas vidas? A palavra emoo pode ser definida como a aplicao de movimento, tanto metafrica como literalmente, aos nossos sentimentos. As emoes so poderosas, elas determinam, muito mais do que se imagina, nossas decises e aes. Nossas emoes nos guiam quando enfrentamos desafios, provaes e tarefas extremamente importantes para serem deixadas apenas a cargo do intelecto ou da razo. Situaes de dor, perigo, perda, a persistncia numa meta ou num ideal apesar das barreiras e frustraes, a vida a dois, a deciso de ter um filho, as mudanas, enfim, exigem que nossas emoes se manifestem e participem ativamente. Cada uma das emoes, como medo, raiva, ansiedade, alegria, amor e felicidade imprime uma disposio e uma direo distintas para a ao. Ns, seres humanos, temos uma tendncia, baseada em nossa aprendizagem com as experincias passadas, de repetir determinados padres de reaes que deram certo no passado e que se incorporaram, assim, ao nosso repertrio ou bagagem emocional. So tendncias inatas do corao humano (Goleman, 1995, p. 18). As emoes foram, h muito tempo, consideradas to poderosas e profundas que em latim eram definidas como motus anima, ou seja, [...] o esprito que nos move. (Cooper; Sawaf, 1997, p. XVII). As emoes so, em verdade, a linguagem de nosso corao. E o corao , como se costuma dizer, a porta de nossa alma. Robert Frost disse: Alguma coisa que estvamos refreando nos tornou fracos, at descobrirmos que isso ramos ns mesmos. Esta coisa que refreamos justamente o nosso corao, aquilo que ns temos de melhor e mais precioso.

A desumanizao do mundo do trabalhoQuem no conhece profundamente a realidade do mundo do trabalho que sempre nos bradou com frieza e naturalidade: Deixem suas emoes no porto e entrem para trabalhar? Quem no tem impresso em seu ser a dor da experincia de sair para trabalhar puxando o freio de mo, reprimindo sua competncia, sua criatividade e seus melhores talentos para poder enquadrarse no universo organizacional, para manter sua empregabilidade e, em ltima instncia, garantir sua sobrevivncia? absurdo, sim, absurdo, mas esta a tnica das relaes entre os profissionais e as empresas, em pleno sculo XXI. Domenico de Masi fez a seguinte constatao: Nos processos de seleo as empresas descartam os criativos e ficam com as pessoas sem imaginao. Depois, as mandam fazer cursos de criatividade. (Exame, 1999) Percebemos, com esta e com outras tantas constataes, que a contradio permeia as relaes no mundo do trabalho. Existe por parte das empresas um discurso que no encontra correspondncia nas aes, na prtica. As pessoas, por sua vez, foram aprendendo, aps anos de experincias, a reproduzir esta incoerncia, esta contradio, de tal forma que foram se perdendo de si mesmas, de quem so, de para onde vo e do porqu. Pode parecer exagero,

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mas as pessoas tm sido levadas pela correnteza e procuram pelo sentido de suas vidas, de seu trabalho. evidente que neste universo no h espao para a expresso das emoes e da criatividade, no h preocupao e, portanto, no h estmulo ao desenvolvimento saudvel da personalidade e da identidade humanas. As pessoas esto trabalhando e, consequentemente, vivendo aos pedaos, com seus nervos (que no so de ao) estraalhados. Os lderes vivem, em geral, na mesma condio, despreparados que esto para lidar com os prprios conflitos e dificuldades e, mais ainda, para bem administrar estas e outras questes no que diz respeito s suas equipes. O ambiente organizacional se deteriora rapidamente, o estresse toma conta, as energias so desperdiadas e h evidentes sinais de uma impressionante desumanizao do mundo do trabalho. Conforme Dave Ulrich (2000, p. 155), o local de trabalho est se tornando o meio primrio de satisfao pessoal. Gerentes precisam reconhecer e responder ao fato de que seus funcionrios no apenas querem trabalhar para uma empresa, mas tambm desejam pertencer a uma organizao. Mais do que simplesmente oferecer trabalho, as empresas podem dar significado vida das pessoas. As organizaes, hoje, so muito mais do que um simples negcio, so uma das mais importantes instituies da sociedade moderna. Elas detm o poder de promover a mudana social e so, no mnimo, importantes fruns de interao social e de realizao pessoal.

A misso e a responsabilidade das organizaes e dos indivduosSe as empresas possuem tal responsabilidade, evidente que h grande preocupao, por parte de diversos setores sociais, com o grau de conscincia, de maturidade e de tica que elas devem conquistar para poder corresponder altura, garantindo resultados dignos para toda esta sociedade. As organizaes possuem um propsito e uma misso que podem estar mais ou menos explcitos. O propsito uma afirmao da resposta moral s suas responsabilidades amplamente definidas. Portanto, o propsito no um plano amoral para simplesmente explorar a oportunidade comercial. O propsito e a misso de uma organizao so o motivo pelo qual ela existe, so a razo e o sentido dela existir e se perpetuar. Desta mesma maneira, podemos afirmar que cada indivduo possui um propsito, uma misso de vida, ou seja, uma razo e um sentido profundo para existir, neste tempo e espao, neste planeta. Falamos antes sobre o predomnio da incoerncia e da contradio entre o discurso e a ao nas organizaes e, certamente, vamos nos deparar com esta condio ao analisarmos cada ser humano, cada profissional envolvido neste emaranhado de relaes. At aqui, temos uma srie de informaes e questes que estimulam nossa reflexo e que vo nos direcionando ao tema central, ou seja, sade emocional e qualidade de vida. Fazendo um breve resumo atualizado, podemos dizer que as necessidades humanas consideradas fundamentais no trabalho so:

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Ser reconhecido por suas contribuies e ser tratado com ativo valioso. Ter oportunidades de crescer e desenvolver-se como pessoas, como seres humanos. Compreender seu papel e como ele se encaixa no propsito da empresa e, ainda, como pode contribuir, pessoalmente, para realiz-lo. Ser percebido, compreendido, tratado e respeitado como ser humano. Perceber que seus objetivos e seu propsito pessoal so valorizados e que sua realizao no s possvel, como se harmoniza com o propsito da empresa onde trabalha. Obter recompensas morais e no apenas materiais.

Alm disto, interessante atentarmos para a matria publicada pela Revista Exame (As 100..., 2002) em seu encarte especial, a qual apresenta os resultados da ltima pesquisa que apontou as 100 melhores empresas do Brasil para se trabalhar. Nesta matria, foram identificadas as cinco leis que fazem a diferena nas melhores empresas para trabalhar. Uma destas cinco leis intitula-se Brilho nos Olhos. Quer dizer que os profissionais esto buscando, cada vez mais, empresas que sejam capazes de despertar e de manter o brilho nos seus olhos. Mas afinal, do que se trata? O que as pessoas esto buscando e o que as empresas esto procurando? Poderamos afirmar, mas vamos, por ora, apenas sugerir que todos, empresas e indivduos, esto buscando a luz, a luz da conscincia, a luz da coerncia, a luz que vem da alma e que fala por intermdio do corao, a luz que vida, e uma vida saudvel que se manifesta atravs por um brilho muito especial no olhar.

os novos paradigmas e o brilho nos olhosSabemos que este brilho nos olhos e todos os benefcios e resultados inerentes e decorrentes dele s podero ser conquistados e mantidos na medida em que caminhamos, juntos, na direo de um novo tempo, orientado por novos paradigmas, movido por uma nova energia. Neste sentido, o principal paradigma a ser totalmente superado o paradigma mecanicista que concebe o ser humano como uma mquina, um instrumento a ser utilizado, sugado e manipulado em favor do lucro e do capital, pura e simplesmente. preciso romper com crenas arraigadas em nosso inconsciente coletivo, em nossa cultura. Temos que desejar profundamente evoluir para o paradigma holstico que compreende o ser humano como um ser biopsicossocioespiritual. Ao fazer isto, estaremos trocando as lentes e criando condies favorveis para a percepo da verdadeira realidade, da natureza e da essncia do ser humano. Estaremos nos capacitando a olhar para ns mesmos com outros olhos, a nos reconhecermos. E, a partir deste novo olhar, seremos capazes de ver e perceber os outros em sua totalidade e essncia. S ento, por meio do estabelecimento

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de relaes em novas bases, estaremos entrando no mundo da experincia, da vivncia, onde possvel ser e onde permitimos que o outro seja, onde com o dilogo e a troca criamos e recriamos a ns mesmos e a realidade. Tendo assimilado o paradigma holstico, seremos ento capazes de compreender por que o ser humano no pode ser saudvel e feliz funcionando em partes, com seus pedaos sendo monitorados a distncia e de forma mecnica. Seremos capazes de compreender por que o QI (Quociente Intelectual) no pode ser o nico critrio de seleo, de avaliao e de valorizao ou por que, cada vez mais, as empresas e instituies, no mundo, esto exigindo e priorizando a competncia interpessoal e humana em suas selees em detrimento da competncia tcnica. Seremos capazes de compreender por que um nmero crescente de profissionais, de todos os nveis e reas de atuao, esto abrindo mo de salrios, benefcios e status em favor de melhores condies de sade, mais tempo para cuidar de si e da famlia, mais espao para realizar seus sonhos, ou seja, mais qualidade de vida. o deSperTAr dAS conScinciAS e A inTelignciA emocionAl Podemos dizer que a mudana de paradigma j est ocorrendo h tempos e que a massa crtica est se formando. As pessoas esto despertando, saindo de um estado de sono profundo, de alienao, para um estado de alerta e de maior conscincia. Estas pessoas esto despertando para sua verdadeira realidade e seu propsito. Esto se tornando mais emocionalmente inteligentes, integrando suas capacidades, talentos, valores, experincias e aplicando-os na busca da sua sade geral, da qualidade de vida e de um timo desempenho em todas as reas de sua vida. A inteligncia emocional emerge no das cogitaes de intelectos refinados, mas das aes do corao humano. A inteligncia emocional resulta da integrao entre as aptides intelectuais e as aptides emocionais e de seu uso e aplicao equilibrados nas diferentes situaes da vida. A inteligncia emocional (QE) nos d a percepo de nossos sentimentos e dos sentimentos dos outros. D-nos empatia, compaixo, motivao e capacidade de reagir apropriadamente dor e ao prazer. O QE (Quociente Emocional) requisito bsico para o emprego efetivo do QI (Quociente Intelectual). Se as reas do crebro com que sentimos estiverem lesionadas, ns pensamos com muito menor eficincia (Goleman apud Zohar, 2000, p. 17.) Se quisermos resumir, poderemos dizer que a inteligncia emocional consiste e resulta da integrao dos hemisfrios direito e esquerdo. Ela se traduz em atitudes e aes na vida diria em que se aplicam, de forma perfeitamente integrada, as funes e capacidades comandadas pelos dois hemisfrios. Na verdade, alm do QE devemos considerar, atualmente, uma noo mais avanada ainda de inteligncia e que diz respeito ao QS, ou seja, o quociente espiritual ou inteligncia espiritual. A inteligncia espiritual integra todas as nossas inteligncias operando a partir do crebro. Permite que o ser humano seja criativo, mude as regras, al-

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tere as situaes. Permite que ele trabalhe com limites, alterando estes limites e participando do jogo infinito. O QS a inteligncia com a qual reconhecemos no s valores existentes, mas com a qual, criativamente, descobrimos novos valores. O QS tem tudo a ver com a noo de liberdade e com o livre-arbtrio, dom outorgado a todos os seres humanos por Deus. No entanto, o QS no tem nada a ver com religio ou religiosidade, mas sim, com espiritualidade, uma das dimenses humanas de acordo com a definio holstica j citada. A inteligncia espiritual uma dimenso mais avanada de inteligncia e se refere ao poder pessoal inerente a cada ser humano, o qual se manifesta com fora crescente na medida em que este age mais e mais conscientemente e guiado por valores morais e ticos na direo de tornar-se mais e mais ntegro e de cumprir seu propsito e misso de vida. As pesquisas vm comprovando que a inteligncia emocional (QE) e a inteligncia espiritual (QS) significam que podemos aumentar nossa capacidade de raciocnio e, ao mesmo tempo, que podemos utilizar melhor a energia de nossas emoes, a sabedoria de nossa intuio e o poder inerente nossa capacidade de conexo num nvel fundamental, com ns mesmos e com todos que nos cercam. Podemos deduzir destas consideraes que a sade emocional, assim como a sade espiritual, implica um estado de bem-estar e equilbrio, especialmente no que diz respeito ao uso e aplicao da razo e da emoo em todas as situaes da nossa vida diria. A inteligncia espiritual a inteligncia da alma, por meio da qual nos curamos e com a qual nos tornamos um todo ntegro (Zohar, 2000). SAde emocionAl e QuAlidAde de VidA Para fazermos as conexes entre sade emocional e qualidade de vida vamos, primeiro, definir e explicar o que qualidade de vida. Em primeiro lugar, para definir qualidade de vida necessrio entender o que no qualidade de vida. Qualidade de vida no sinnimo de qualidade de ambiente ou de quantidade de bens materiais ou de sade fsica. No se reduz a condies externas de vida ou responsabilidade pessoal. No deve ser confundida com a prtica de programas isolados ou com pacotes de benefcios oferecidos aos trabalhadores ou, ainda, com o simples cumprimento de normas e regulamentos estabelecidos pela legislao. Qualidade de vida um conceito dinmico, contingencial, abrangente, individual e, ao mesmo tempo, coletivo e multidisciplinar, j que envolve vrias cincias como sade, psicologia, pedagogia, ergonomia, ecologia, sociologia, filosofia, economia, administrao, engenharia. Vamos explicar um pouco melhor esta definio. O conceito de qualidade de vida dinmico, pois diz respeito s motivaes, expectativas e valores de cada indivduo. Partindo-se do pressuposto de que a essncia da natureza a mudana e de que o ser humano um ser essencialmente mutante, fica fcil compreender que suas necessidades, expectativas e motivos esto em

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constante transformao. Alguns fatores que influenciam estas mudanas so decorrentes do meio externo: presses sociais, expectativas dos outros, mudanas culturais, sociais, polticas e econmicas. Outros fatores so de origem interna: a personalidade, os sentimentos e as emoes, os sonhos e desejos, as crenas e os valores, a forma como so vivenciadas as experincias de vida, a subjetividade de cada um... O conceito de qualidade de vida tambm contingencial porque vai se modificando conforme as contingncias e circunstncias. Isto quer dizer que se um indivduo saudvel e em condies de vida ditas normais definir o que qualidade de vida para ele hoje, mas se amanh for acometido de um grave problema financeiro, ele poder, se perguntado de novo, defini-la de modo diferente e com uma outra nfase, provavelmente na satisfao de necessidades financeiras (salrio, por exemplo). Assim como, se depois de alguns meses ou mesmo anos, voltssemos a perguntar para esta mesma pessoa o que significa qualidade de vida, ela responderia de forma diferente, influenciada pelas modificaes que sucederam em sua trajetria. Certamente esta pessoa atingiu alguns objetivos e metas, trocou alguns objetivos por outros durante este perodo, amadureceu, mudou sua forma de valorizar determinadas coisas na vida, enfim. assim que podemos compreender que as contingncias influenciam o entendimento e a definio de qualidade de cada indivduo, e o mesmo vlido para organizaes, comunidades e sociedade. Segundo a Organizao Mundial de Sade, a qualidade de vida diz respeito ao modo como o indivduo interage (com sua individualidade e subjetividade) com o mundo externo, ou seja, como influenciado e influencia. Existe uma tendncia em se considerar as empresas como responsveis pelos fatores determinantes de qualidade de vida dentro do trabalho, enquanto a qualidade de vida, em termos mais globais, incluindo aspectos relacionados sade, moradia, educao e outros, estaria a cargo de um projeto social de mbito poltico e governamental. Entretanto, embora qualidade de vida no trabalho (QVT) e qualidade de vida sejam distintas, na prtica esto interligadas e se interinfluenciam de modo que insatisfaes no trabalho podem causar desajuste na vida familiar e nas relaes sociais fora do trabalho, enquanto a insatisfao fora do trabalho exerce um papel negativo e desadaptador sobre o trabalho. fundamental chamar a ateno para o fato de que a qualidade de vida definida, segundo Kahn (1984), [...] no s pelo que feito para as pessoas, mas tambm pelo que elas fazem por si mesmas e pelas outras pessoas. QuAlidAde de VidA no TrAbAlho: muiTAS definieS e inmeroS SignificAdoS J vimos e sabemos que qualidade de vida no trabalho se refere qualidade de vida relativa ao que se passa em nossos ambientes de trabalho ou em nossa vida laboral. Mas interessante e importante conhecer algumas das definies propostas por estudiosos do tema para que possamos compreender

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melhor o carter contingencial e dinmico do mesmo, assim como para que sejamos estimulados, pela complexidade deste tema, a fazer profundas reflexes a respeito de seus inmeros significados. Em termos histricos, a expresso qualidade de vida no trabalho surgiu no incio da dcada de 1950, na Inglaterra, a partir dos estudos de Eric Trist e de alguns colaboradores. Estes estudos basearam-se no trinmio indivduo, trabalho e organizao. A partir da, surgiu a abordagem sociotcnica da organizao do trabalho, tendo como base a satisfao do trabalhador no e com o trabalho (Sampaio; Goulart, 1999). Segundo Sampaio (1999, p. 320), qualidade de vida no trabalho consiste em uma interveno na organizao e no processo de trabalho e, portanto, no se reduz ao cumprimento de leis ou discusso de direitos dos trabalhadores. Trata-se de interferir nos processos mentais e nos padres culturais das organizaes visando uma conscientizao, um amadurecimento e a uma transformao da cultura organizacional. Em outras palavras, os valores e crenas das organizaes precisam ser repensados, revisados e, quem sabe, modificados e/ou atualizados. Albuquerque e Frana (1998, p. 41) avanam e complementam esta definio afirmando que a qualidade de vida no trabalho pode ser entendida comoum conjunto de aes de uma empresa, a qual envolve diagnstico e implantao de melhorias e inovaes gerenciais, tecnolgicas e estruturais dentro e fora do ambiente de trabalho, visando propiciar condies plenas de desenvolvimento humano para e durante a realizao do trabalho.

Conforme estes autores, a qualidade de vida no trabalho pode ser considerada uma evoluo da qualidade total, e o esforo deve ser no sentido da conscientizao/preparao para uma postura de qualidade em todos os sentidos: trata-se de um estado de esprito, portanto. Cabe ainda destacar, de acordo com Sampaio (1999), o modelo de dimenses bsicas da tarefa de Hackman e Oldham, que associa a satisfao do indivduo no trabalho com as metas organizacionais a partir dos pontos mostrados a seguir:

Autonomia Fundamental para sentir satisfao. Trabalho Experimentado como compensador, sendo o empenho proporcional ao grau de crena na obteno de resultados positivos. Feedback Oriundo do trabalho e das condies de trabalho, fundamental para a satisfao de necessidades psicolgicas.

Conforme Dubin e Faure (apud Fernandes, 1996) a qualidade de vida no trabalho refere-se ao nvel de autonomia, oportunidade para a criatividade e reconhecimento pela realizao do trabalho que promoveriam as necessidades

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pessoais. A clssica definio de Walton, cujos indicadores de QVT tm sido os mais aceitos e utilizados pelos pesquisadores e empresas no Brasil, diz que qualidade de vida no trabalho relaciona-se aos valores humansticos em favor do avano tecnolgico, da produtividade e do crescimento econmico (apud Fernandes, 1996, p. 44). Outra definio bastante interessante aquela proposta por Albert e Ururahy (1997), a qual proclama qualidade de vida no trabalho como a adequao entre aquilo a que um indivduo aspira e o que ele efetivamente obtm na vida que leva. uma dimenso bastante subjetiva, e sua avaliao de extrema importncia para medir-se o estresse. Abrange as diversas reas de sua vida: profissional, familiar, lazer, etc. fundamental que consideremos, tambm, a definio da Organizao Mundial de Sade (OMS), segundo a qual a qualidade de vida, em sua concepo mais ampla, pode ser entendida por meio de cinco dimenses: sade fsica, sade psicolgica, nvel de independncia, relaes sociais, meio ambiente (Sampaio, 1999). A definio de qualidade de vida desenvolvida por Mihaly (1999, p. 73), aps muitos anos de pesquisa e dedicao ao tema, nos parece a mais madura, profunda, sbia e transcendente:A qualidade de nossas vidas no depende de forma direta daquilo que os outros pensam de ns ou do que possumos. O essencial, ao contrrio, como nos sentimos a respeito de ns mesmos e do que nos acontece: para que a vida seja melhor, precisamos aprimorar a qualidade da vivncia.

Os estudos de Mihaly esto focados na teoria do flow e enfatizam aspectos mais profundos da personalidade e da espiritualidade humana. O flow, que significa fluir, em ingls, refere-se ao carter de fluidez inerente natureza humana que essencialmente criativa. Quando se renem determinadas condies pessoais e uma interao especfica com o meio ambiente, se alcana a satisfao profunda ou xtase que supera e transcende o simples prazer. Este estado de plenitude pode ser considerado como um estado de felicidade genuna, onde entre outras sensaes, o indivduo perde momentaneamente as noes de tempo e espao. Desprendimento do ego e um sentimento de liberdade e de estar flutuando com a leveza de um pssaro tambm so frequentes neste estado. Esta breve reviso dos conceitos e diferentes definies sobre qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho no pode abdicar, em nosso modo de ver, de considerar algumas definies apresentadas por grupos de profissionais, estudantes universitrios e empresrios que to gentilmente participaram de nossa pesquisas, ao longo dos ltimos anos:Para mim, qualidade de vida no trabalho a satisfao das necessidades e ansiedades globais do indivduo, no apenas no campo material, mas nos campos espiritual, mental, fsico, intelectual e social. (Estudante de Ps-Graduao em ARH)

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Acredito que uma boa qualidade de vida seja um fator indispensvel para a felicidade e a realizao do indivduo integralmente. (Estudante de Ps- Graduao em ARH) Qualidade de vida no trabalho a integrao entre o homem, as pessoas e o meio ambiente, buscando uma forma fsica, social, psicolgica e espiritualmente equilibrada para sua existncia. (Turma de Estudantes de Ps-Graduao em ARH) A anlise da qualidade de vida das pessoas est diretamente interligada ao grau de expectativa e ao grau de percepo de cada um. Para uns a qualidade de vida obtida atravs de poucas expectativas no campo subjetivo ou espiritual e de muita ambio no campo material, enquanto para outros esta parte soma muito pouco. Para mim, qualidade de vida uma soma de fatores onde esto envolvidos vrios aspectos de vrias naturezas, que, na sua totalidade, determinam o nvel da qualidade de vida que estou obtendo. Acordar pela manh e sentir-me totalmente vontade para enfrentar mais um dia, deitar com a certeza de que fiz o melhor para mim e para as pessoas, enfim, ter o bsico, o digno de que eu preciso para viver, me aproximam muito daquilo que eu penso ser qualidade de vida. (Empresrio) Qualidade de vida ter as coisas que no se pode comprar. (Executivo)

Diante de todas estas diferentes definies, que esto baseadas nas diferentes percepes de indivduos e grupos, podemos ter uma noo da complexidade deste tema e, ao mesmo tempo, da sua atualidade e importncia para as relaes humanas e, especialmente, para a gesto de pessoas. J que a humanidade est ligada por laos profundos a partir da sua essncia, origem e natureza comuns, na diversidade fsica, de crenas e valores, de experincias e interesses, de vises e expectativas que se define o indivduo e sua identidade, com seu carter nico. Podemos compreender, ento, que um dos principais fundamentos para o estudo da qualidade de vida e da qualidade de vida no trabalho justamente a concepo holstica (oriunda da psicologia transpessoal) do ser humano, compreendido em sua magnitude, como um ser biopsicossocioespiritual. Decorrente desta concepo, temos como fundamento o estudo da motivao humana, ou melhor dizendo, dos motivos humanos. No nos referimos aqui apenas ao estudo das teorias clssicas, mas, especialmente, queremos insistir na necessidade de um novo olhar, mais amplo, profundo e transcendente para o ser humano e, consequentemente para a gesto deste ser transcendente. A ideia aqui proposta a de uma administrao transpessoal como resposta aos anseios da comunidade humana neste mundo globalizado. No toa que os estudiosos e pesquisadores concordam que uma das maiores dificuldades de se investigar a QVT nas organizaes est diretamente relacionada com as inmeras diferenas individuais quanto a valores pessoais e, consequentemente, quanto quilo que se julga importante para a realizao de anseios, expectativas e desejos. Entretanto, as pesquisas so necessrias e vo conti-

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nuar, apesar de todas estas dificuldades, e nesta caminhada sugerimos que se considere que o conceito de qualidade de vida caracteriza-se por ser:Dinmico (em mudana constante). Contingencial (muda inuenciado por contingncias diversas). Pessoal e, ao mesmo tempo, coletivo. Abrangente e complexo. Multidisciplinar (sociologia, economia, poltica, psicologia, ecologia, educao, medicina, engenharia, etc). Interdisciplinar (inter-relao e interao de todas as reas).

Em meio a tantas mudanas e transformaes, neste mundo globalizado e globalizante, sugerimos ainda que seja observado e considerado, no campo da motivao humana, o importante deslocamento da influncia de recompensas externas para os motivadores intrnsecos que vm do prprio trabalho. Neste sentido, o foco passa para anseios de comunidade, significado, dignidade e amor (na vida organizacional), segundo Weathley (1999). Na verdade, estas duas consideraes finais so importantes para a compreenso de que qualidade de vida no trabalho atinge, atualmente, um momento crtico em sua evoluo e na histria humana. Na dcada de 1950, quando os principais estudos comearam a ser realizados, a preocupao era ainda muito voltada para a questo da produtividade. A concepo mecanicista predominante poca, na chamada administrao cientfica, permitia apenas uma viso parcial, limitada e fragmentada do ser humano e de seu gerenciamento. Somente na dcada de 1970 que comea, nos EUA, a surgir a preocupao com os efeitos do trabalho sobre a sade e o bem-estar dos trabalhadores. S ento ocorrem os primeiros movimentos estruturados aplicando QVT dentro das empresas (Rodrigues, 1994). Desde ento, a preocupao com a sade, o bem-estar e a felicidade das pessoas, dos trabalhadores, vem ocorrendo em ciclos, com altos e baixos, muito influenciados pelos fatores econmicos e polticos. Evidentemente, neste contexto de instabilidade e de descuidos com seu maior capital, ou seja, o capital humano, as perdas vm sendo imensas e graves. Pode-se dizer que o nus ou preo a pagar por tanta negligncia com o ser humano vem se mostrando altssimo e, em muitos casos, impagvel pois muitas empresas esto fracassando na luta pela sobrevivncia e, literalmente, esto quebrando. Falncia, morte, o preo cobrado de empresas e da sociedade, j que esta vem arcando com o nus de ter que dar conta e de administrar a situao de centenas ou milhares de desempregados, muitos deles j desfalcados em sua sade geral e, portanto, em sua capacidade produtiva. Entretanto, como mostra a histria e a evoluo humanas, todo o ciclo tem um tempo de durao e acaba por se esgotar, chegar ao fim. Este fim representa, ao mesmo tempo, o comeo de um novo ciclo. E ns, a humanidade, nos encontramos justamente nesta etapa de esgotamento de um ciclo

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de vida e preparao para incio de um novo. Nesta jornada, bom lembrar que em nossos primrdios, nas denominadas sociedades de caa e coleta ou de subsistncia, os indivduos necessitavam de cerca de apenas 18 horas por semana para obter comida e abrigo. Nas modernas sociedades ps-industriais, a maioria das pessoas passa de 60 a 70 horas semanais no trabalho, e grande parte do tempo que lhes resta recuperando-se do estresse. As pessoas passam muito mais tempo no emprego do que com a famlia ou contemplando espiritualmente os mistrios da vida. Atualmente temos dificuldades enormes de encontrar tempo para atividades renovadoras. Falta equilbrio na satisfao de nossas necessidades mais fundamentais. Ns nos desconectamos gradualmente da natureza, e o que pior, muito pior, passamos a explor-la e a negligenci-la tambm, como se os seus recursos fossem inesgotveis. Fizemos com a natureza aquilo que fizemos conosco. Esgotamos nossos recursos e deixamos de praticar e de respeitar uma lei suprema e divina que a lei do retorno, ou o que na fsica chama-se lei de ao e reao. preciso dar para receber, e conforme a qualidade, a quantidade e a frequncia com que investimos, nesta proporo ser o nosso retorno. Mas, como j dissemos, neste final de ciclo nos deparamos todos, indivduos, empresas e sociedade, diante da seguinte questo: ou aprendemos a viver de modo sustentvel e sobrevivemos ou morremos todos juntos com nosso planeta. E vale lembrar que o tempo est se esgotando, hora de acordar. Por isso tudo que salientamos aquelas duas consideraes relativas urgncia de se compreender bem qualidade de vida para poder busc-la e, com esta busca, resgatar o foco em valores essenciais, em motivadores intrnsecos como destacou Weathley (1999). E entre todos estes valores encontra-se o valor supremo, a fora motriz da existncia humana, a energia que gera toda a qualidade que somos em essncia: o amor.

por Que A QuAlidAde de VidA no TrAbAlho? Vivemos hoje, em termos globais, uma situao em que a busca da excelncia de produtos, servios e relao com clientes passa, necessariamente, pela conquista de uma vida mais saudvel, digna, equilibrada e com mais qualidade para os seres humanos. Entretanto, dados e estatsticas do ano de 2004 nos mostram que ainda estamos longe disto. A Organizao Mundial de Sade aponta que as LER (Leses por Esforos Repetitivos), o cncer e as patologias mentais (salientandose a depresso) so os trs grupos de doenas em curva ascendente neste incio de milnio. Nos EUA, o estresse ocupacional custa s empresas US$ 200 bilhes por ano em absentesmo, reduo de produtividade, despesas mdicas e processos de indenizao; no Reino Unido, o estresse ocupacional custa 10% do produto interno bruto. Estima-se que 1,1 milho de trabalhadores morrem em acidentes de trabalho a cada ano e outros 2,2 milhes ficam incapacitados para o trabalho,

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segundo a Organizao Internacional do Trabalho. Entre as vrias causas, o gatilho que dispara o erro o estresse. No Japo, o estresse dos trabalhadores sob as prticas de produo enxuta atingiu propores quase epidmicas, e o governo criou o termo karoshi para explicar a nova patologia. Em 2004, dados apontam que 10 mil japoneses morreram por excesso de trabalho. No Brasil, segundo o Ministrio da Previdncia Social, o nmero total de casos de doenas do trabalho se mantm em torno de 30 mil por ano, sendo que 60% esto associados a problemas das LER. A qualidade de vida, neste contexto, est sendo entendida como a expanso do conceito e da prtica da qualidade total. Na verdade, chegou-se concluso, empresas, governos e sociedade, de que realmente no podemos falar em qualidade total sem termos conquistado qualidade para a vida das pessoas, no trabalho e fora dele. A QuAlidAde de VidA no brASil Somente na dcada de 1990 ganharam importncia e velocidade as pesquisas e a procura, por parte das empresas, de profissionais para orient-las no sentido de adotarem medidas voltadas para a qualidade de vida no trabalho. Isto se deve, em parte, ao somatrio de problemas como acidentes e doenas ocupacionais, bem como de reclamatrias na justia (e todo o custo envolvido), mas tambm legislao mais especfica que surgiu nesta poca. Segundo o consultor e economista Afonso Celso Pastore (ex-presidente do Banco Central) as empresas brasileiras gastam R$ 20 bilhes com funcionrios temporariamente afastados por doenas ocupacionais, e a mdia de despesa do empregador de R$ 89 mil por trabalhador/ano. A Associao Brasileira de Qualidade de Vida, com sede em So Paulo, instituiu o Prmio Nacional de Qualidade de Vida. Em 1999, algumas das empresas premiadas foram Weg, Abril, Alcoa, Asea Brow Boveri, Bank Boston, Prefeitura de Curitiba, Siemens. A Weg, por exemplo, conseguiu, com seu programa de qualidade de vida, reduo, em trs anos, de 96% dos casos de LER, 72% do absentesmo e 36% dos acidentes de trabalho. A Avon vem sendo considerada um exemplo com sua abordagem multidisciplinar voltada para qualidade de vida, e a Natura recebeu destaque na revista Exame (Vassalo, 2001) como uma das cinco fbricas mais modernas do Brasil, totalmente projetada para respeitar as necessidades humanas e ambientais e como um exemplo de gesto avanada e voltada para a qualidade de vida no trabalho e a qualidade de vida global. No Rio Grande do Sul, temos alguns exemplos de empresas que vm investindo e se destacando por seus investimentos em qualidade de vida. So elas: Stihl, Braskem, OPP Randon, Marco Polo, Springer Carrier, sendo que a , Springer tambm recebeu destaque da revista Exame (Vassalo, 2001) como uma das cinco fbricas mais modernas do Brasil e voltadas para a qualidade de vida e para a autossustentabilidade.

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No Brasil, qualidade de vida e qualidade de vida no trabalho so, acima de tudo, um desafio cultural. Precisamos inserir em nossa mentalidade, em nosso modo de pensar, a cultura da qualidade de vida. Isso significa que temos um processo rduo, longo e duradouro pela frente, como desafio para todos ns, independente da rea em que atuamos. Cada vez mais, este tema passa a ser da responsabilidade de cada um e de todos. O que vemos nas empresas brasileiras, em sua maioria, so ensaios, tentativas de aproximar-se um pouco mais de novas tendncias, como est sendo vista a qualidade de vida. Falta informao, falta conscincia e, portanto, falta compromisso para com os valores e atitudes pertinentes a esta filosofia. Um grande nmero de empresas adotam prticas legais, como alguns tipos de benefcios, e chamam a isto de programa de qualidade de vida no trabalho. Outras empresas at adotam algumas prticas concernentes com a QVT, mas no tm polticas de QVT formalizadas e suas aes no atingem, muitas vezes, todos os nveis hierrquicos ou todos os grupos da empresa. Esbarram, justamente, numa das maiores dificuldades de se implantar a QVT, que a adoo de uma viso sistmica e multidisciplinar. As empresas que mais evoluram, nos ltimos anos, no pas, em termos de QVT, chegando a definir polticas especficas e a inclu-las em seu planejamento estratgico de RH e corporativo so justamente as empresas multinacionais e de grande porte que tambm adotam, h mais tempo, formas de gesto mais avanadas e padres de qualidade altamente competitivos e compatveis com as exigncias do mercado internacional. Isso foi o que pudemos constatar em nossos estudos, pesquisas e atuao como consultores. Mas estes dados tambm so confirmados por autores como Sampaio e Goulart (1999) e por Albuquerque e Frana (1998). Ns no estamos sendo otimistas ou idealistas demais, perguntariam vocs, leitores? No, acreditamos que no. Existem dois ou trs fatores, em especial, que nos fazem ter boas expectativas e acreditar que mudanas significativas devem ocorre nos prximos 10 anos. O primeiro fator j foi mencionado anteriormente e diz respeito ao esgotamento de um ciclo: o ser humano est no seu limite de energia e de foras para aguentar os nveis de estresse a que vem sendo submetido, e o nosso planeta tambm encontra-se neste mesmo limite. O segundo fator refere-se aos aspectos legais que envolvem este esgotamento de energia, sade e foras. Explicando melhor: em pases desenvolvidos como EUA, Reino Unido e Inglaterra, cresce a cada dia o nmero de casos de profissionais que entram na justia com processos trabalhistas visando receber uma indenizao por danos temporrios ou permanentes causados pelo exerccio de suas atividades laborais e/ou pelas condies de trabalho a que foram submetidos. Cresce tambm o nmero de advogados especializados nesta rea e cresce a conscincia dos empresrios sobre o quanto pode lhes doer e pesar no bolso este tipo de situao. E como se no bastassem os custos financeiros, existem hoje, tambm, os custos devidos ao prejuzo da imagem da empresa junto aos consumidores, funcionrios e comunidade em geral. Seguindo nesta direo, chegamos ao terceiro fator que indica e favorece a mudana e que se chama responsabilidade social. A responsabilidade social

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refere-se a uma atitude nova por parte das empresas no sentido de assumirem responsabilidade e compromisso para com a comunidade interna de colaboradores, aqueles que produzem e geram os lucros, assim como para com a comunidade mais ampla e com a regio onde est presente. Implica uma deciso consciente em participar mais diretamente das aes comunitrias na regio em que esta atuando e em minorar possveis danos ambientais decorrentes do tipo de atividade que exerce. Alm disto, consiste em investir no bem-estar dos funcionrios e dependentes e num ambiente de trabalho saudvel, promovendo comunicaes transparentes, dando retorno aos acionistas, assegurando sinergia com seus parceiros e garantindo a satisfao dos seus clientes e/ ou consumidores. O objetivo assegurar um desempenho tico e correto em todos os sentidos e melhorar a qualidade de vida de todos. Alm disso, tambm objetivo da responsabilidade social (RS) mobilizar os pblicos interno e externo no sentido de serem tambm socialmente responsveis. Segundo o socilogo Claus Offe (ano), a responsabilidade social uma tendncia natural e representa uma nova ordem social. No Brasil, desde 1995 contamos com o Instituto Ethos de Responsabilidade Social, que, juntamente com outras ONGs (organizaes sem fins lucrativos), Fundaes e Agncias de Responsabilidade Social vm agindo de forma decisiva para transformar a realidade social brasileira, o que s acontecer na medida em que se criar a massa crtica necessria de pessoas, empresas, instituies, agentes governamentais conscientes e comprometidos com as mudanas. Na verdade, precisamos trabalhar incessantemente pela conscientizao, pelo estmulo da capacidade de pensar, pela educao baseada em valores e princpios ticos. Precisamos de uma tica humanizante e unificante, que esteja alm de interesses especficos de classes, partidos ou credos. Temos necessidade urgente, no Brasil e nas empresas brasileiras, de lderes conscientes, maduros, ticos e socialmente responsveis. Ansiamos por lderes que exercitem plenamente sua cidadania e que sejam capazes, assim, de abrir caminho para a cidadania corporativa. Uma nova realidade possvel. Um mundo mais evoludo, equilibrado, saudvel, feliz e iluminado possvel para todos. apenas uma questo de despertar a conscincia, levantando os vus da inconscincia. tambm uma questo de querer muito, de desejar e de sonhar de olhos bem abertos e de ver a realidade que desejamos, bem ali em frente, como numa tela. Depois, acreditar nela, colocar toda a nossa vontade, nossa energia, nosso foco nesta viso, amando e acalentando este sonho junto com milhares de pessoas que compartilham conosco o desejo de ser feliz. Qualidade de vida isso, felicidade vivida intensamente, por dentro e por fora, e de forma compartilhada. reSponSAbilidAde e QuAlidAde de VidA Devemos ressaltar, portanto, que a conquista de uma vida com qualidade depende, por um lado, da conscientizao e do compromisso das empresas. fundamental que ambas as partes, empresa e colaboradores, assumam sua parcela de responsabilidade diante dos problemas e necessidades enfrentados

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na atualidade com relao sade global, ao equilbrio ecolgico e sobrevivncia e ao desenvolvimento autossustentvel de todos. Feitas estas consideraes, ficam evidentes as conexes com a sade emocional, especialmente no sentido de que ambos os conceitos so holsticos e interdependentes. Embora a definio de qualidade de vida inclua ou englobe as definies de sade fsica e mental e sade emocional, o que se pretende destacar que a sade emocional e a inteligncia emocional (QE) so fundamentais e, em grande parte, so determinantes do grau de qualidade de vida que um indivduo ou uma organizao possa conquistar e manter. As organizaes, como j foi dito, esto buscando, mais do que nunca, pessoas criativas, com iniciativa, inovadoras, capazes de manter um alto desempenho e de trazer solues para os problemas, mesmo convivendo em um ambiente de crescentes turbulncias e constantes mudanas. As empresas procuram profissionais capazes de manter alta performance e, ao mesmo tempo, alto grau de equilbrio e sade. Os profissionais, por sua vez, procuram empresas que sejam capazes de lhes oferecer um ambiente saudvel, um clima de apoio, incentivo, respeito e valorizao e oportunidades de desenvolvimento e de realizao do seu potencial e de seu propsito e plano de vida. Eles procuram empresas socialmente responsveis. Pois bem, para que ambos possam alcanar seus anseios necessrio que amaduream e que desenvolvam sua inteligncia emocional, a qual implica uma quebra de barreiras, uma aproximao e um conhecimento mtuo, mais e mais profundo, at que se criem algumas condies bsicas como a conscincia emocional de si e do outro, a expresso emocional, o dilogo autntico e a confiana. O ponto-chave que somente seres conscientes, profundamente conscientes, responsveis, livres e comprometidos podem realmente assumir seu poder pessoal e direcionar seus melhores talentos e sua melhor energia para a realizao de seu propsito de vida. Isto significa ser capaz de assumir o comando do barco de sua vida e no abrir mo de ser o seu melhor, sempre e a cada dia. Somente indivduos a tal ponto conscientes, energizados e ntegros podem conquistar a sade integral, o equilbrio e o alto desempenho. So estes seres humanos que podero de fato transformar o perfil das organizaes, no sentido de renascerem pelas bases como organizaes essencialmente humanas, no mais profundo sentido que essa expresso possa ter. E a chave buscar a conscincia, conectar-se com o corao e convocar o corao para percorrer o caminho da realizao do nosso potencial nico, do nosso propsito e misso de vida. fcil deduzir que, nestas condies, contando com pessoas emocionalmente inteligentes, equilibradas e saudveis, as empresas naturalmente criaro um clima favorvel, estimulante, e conquistaro o comprometimento, de fato, de todos os seus colaboradores para com a sua misso como empresa. compreendendo AS orgAnizAeS e pArTindo pArA A Ao importante salientar aqui que, para pr em prtica aes voltadas para a promoo e o desenvolvimento da sade emocional e da qualidade de vida

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nas empresas, precisamos partir do entendimento de que uma empresa, tal como um indivduo, possui uma histria de vida, uma personalidade, uma alma, propsito e valores, uma cultura prpria. Tendo este entendimento, podemos ento nos dedicar a uma autoavaliao e a um diagnstico cuidadoso da empresa e da situao atual, dos sintomas e indicadores como o clima predominante, o nvel de stress e, principalmente, a qualidade do desempenho e dos resultados que esto sendo obtidos. Os autores Cooper e Sawaf (1997), em seu livro Inteligncia Emocio nal na empresa, identificam entre as principais consequncias indicadoras de inteligncia emocional (QE) justamente um elevado grau de sade geral, de qualidade de vida, uma elevada competncia para se relacionar e um timo desempenho. Se estamos insatisfeitos, seja como indivduos ou organizaes, a proposta que comecemos por um autoexame apurado, refletindo sobre quem somos, quais so nossos sonhos e nossos desejos mais profundos, para onde estamos indo, qual o nosso propsito, quais so nossos talentos e em que medida estamos aplicando-os para incrementar nossa carreira. At que ponto continuamos escravos submissos aos antigos paradigmas e condicionamentos da velha energia? Estamos usando nossa inteligncia emocional ao mximo ou estamos presos e subjugados pelo intelecto e sua lgica? Bem, sugerimos que voc reflita muito antes de qualquer resposta. E deixaremos, como contribuio, um pensamento de Einstein para inspir-lo:Penso 99 vezes, e nada descubro. Deixo de pensar, mergulho no silncio e a verdade me revelada.

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