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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA Avaliação da macroalga Ulva lactuca como co-alimento para o camarão branco do Pacífico Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Aquicultura da Universidade Federal de Santa Catarina, como requisito para a obtenção do título de Mestre, na Área de Concentração de Cultivo de Macroalgas. Orientadora: Leila Hayashi Coorientador: Felipe do Nascimento Vieira Mariane Pallaoro da Fontoura Florianópolis 2015

Ulva lactuca como co-alimento para o camarão branco do ... Aos meus pais por aguentarem minha TPM interminável durante estes dois anos (ou uma vida inteira), me ensinando da melhor

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

DEPARTAMENTO DE AQUICULTURA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AQUICULTURA

Avaliação da macroalga Ulva lactuca como co-alimento para o

camarão branco do Pacífico

Dissertação submetida ao Programa de Pós-

Graduação em Aquicultura da Universidade

Federal de Santa Catarina, como requisito

para a obtenção do título de Mestre, na Área

de Concentração de Cultivo de Macroalgas.

Orientadora: Leila Hayashi

Coorientador: Felipe do Nascimento Vieira

Mariane Pallaoro da Fontoura

Florianópolis

2015

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Avaliação da macroalga Ulva lactuca como co-alimento para o

camarão branco do Pacífico

Por

MARIANE PALLAORO DA FONTOURA

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do título de

MESTRE EM AQUICULTURA

e aprovada em sua forma final pelo Programa de

Pós-Graduação em Aqüicultura.

_____________________________________

Prof. Alex Pires de Oliveira Nuñer, Dr.

Coordenador do Programa

Banca Examinadora:

__________________________________________

Dra. Leila Hayashi – Orientadora

__________________________________________

Dr. Bruno Corrêa da Silva

__________________________________________

Dra. Eliane Marinho Soriano

__________________________________________

Dr. Maurício Laterça Martins

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais por aguentarem minha TPM interminável durante

estes dois anos (ou uma vida inteira), me ensinando da melhor forma

possível que o amor pelos seus filhos é incondicional.

À minha querida Orientadora Professora Leila Hayashi pelo voto

de confiança quando abriu os braços e me acolheu em seu laboratório,

por todo ensinamento que foi transmitido e, principalmente, pela

maneira doce que trata os seus alunos.

Ao meu Coorientador Professor Felipe do Nascimento Vieira que

aceitou o desafio e me auxiliou neste trabalho.

À minha amiga Isabela Pinheiro que entrou comigo nessa incrível

jornada, me sacudindo para eu acordar para vida e pela sua incrível

sabedoria de dizer no momento certo: Bubu, vamos tomar uma cerveja!

Ao Mathias Pchara por me ajudar incansavelmente na execução

do trabalho e ter promovido meus dias de folga durante o período

experimental.

À melhor equipe com quem já trabalhei, os meus companheiros

de laboratório: Ana Lu, Anna Gabi, Clóvis, Eduardo (Woody), Fabinho,

Filipe, Marina, Mathias (Baby), Ticiane e Pontinha, por todas as pérolas

que nos fizeram chorar de rir, aos cafezinhos, as vezes que era “apenas

um litrãozinho”, vocês fizeram esses dois anos passar voando e nos

tornamos o laboratório mais unido e mais divertido.

Aos meus queridos amigos Chico, Arantes, Carlos, Marysol e

Esmeralda que também contribuíram com sua amizade para realização

deste trabalho.

A todos os colaboradores do Laboratório de Camarão Marinho da

UFSC, principalmente, Carlos Miranda, Seu Chico e aos meninões

Paulinho e Andréia.

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho do camarão

Litopenaeus vannamei quando co-alimentado com macroalga Ulva

lactuca em diferentes níveis de substituição (25, 50, 75, 100%) de ração

comercial. O experimento foi conduzido durante 28 dias, em caixas

plásticas com 30L de volume útil, aeração constante, temperatura de

26± 2°C, salinidade de 35 ‰ e renovação diária de 80%. Cada unidade

experimental foi povoada com 10 camarões (3,7± 0,2 g), sendo os

tratamentos com diferentes níveis de substituição da ração pela

macroalga foram feitos em triplicata. Como controle, foi utilizada

alimentação sem substituição por macroalgas. A biomassa algácea in natura foi ofertada de acordo com cada tratamento e permaneciam

disponíveis para os camarões por 24 horas. A dieta comercial foi

fornecido três vezes ao dia, calculado de acordo com 5% da biomassa

inicial de cada tanque e tratamento. Foi observada uma tendência linear

negativa para peso final, ganho em peso semanal e total, e taxa de

crescimento do camarão com o aumento da substituição da ração pela

macroalga. No entanto, com nível de substituição até 50% o

desempenho dos camarões não foi afetado significativamente. A

sobrevivência foi acima de 86% até 75% de substituição, e no

tratamento com 100% de substituição foi significativamente diferente

dos demais tratamentos (p<0,05), com 16,7%. Os resultados indicam

que a utilização da ração comercial pode ser substituída em até 50%,

resultando em baixo custo de produção e possível melhoria na qualidade

água, sem prejudicar o crescimento do camarão marinho Litopenaeus

vannamei em sistema de cultivo em água clara.

Palavras-chave: Aquicultura, co-alimentação, desempenho zootécnico,

Litopenaeus vannamei, macroalga.

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ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the performance of the shrimp

Litopenaeus vannamei when co-fed with seaweed Ulva lactuca in

different substitution levels (25, 50, 75, 100%) of commercial feed.

Shrimp cultivation was conducted for 28 days, in plastic boxes with a

30L volume, constant aeration, temperature of 26± 2°C, 35‰ salinity

and daily renewal of 80%. Ten shrimps (3.7± 0.2 g) were stocked in

experimental unit, and treatments in different substitution levels were

made in triplicate. Shrimps fed with no algal substitution were used as

control. Algal biomass was offered according to each treatment and kept

available for shrimps for 24 h. Inert feed was given three times a day,

calculated as 5% starting biomass for treatment of each tank. Negative

linear trend was observed for final weight, weekly and total weight gain,

and specific growth rate of the shrimp with increased the substitution of

feed by seaweed. Results indicate that commercial feed can be replaced

up to 50%, resulting in low cost production and possible improvement in

water quality, without affecting the growth of the marine shrimp

Litopenaeus vannamei when cultivated in clean water system.

Keywords: Aquaculture, co-feeding, growth performance, Litopenaeus vannamei, seaweed.

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SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO GERAL ................................................................ 13

2. OBJETIVOS .............................................................................. 18

2.1 Objetivo Geral ...................................................................... 18

2.2 Objetivos específicos ............................................................ 18

3. FORMATAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ...................................... 18

4. CAPÍTULO 1 ............................................................................ 19

INTRODUÇÃO ................................................................................. 25

MATERIAL E MÉTODOS ................................................................ 26

Algas ................................................................................................. 26

Camarões ........................................................................................... 27

Condições de cultivo dos camarões .................................................. 27

Experimento prévio - Avaliação da oferta de três macroalgas no

consumo do camarão branco do Pacífico ............................................ 28

Substituição de ração comercial por Ulva lactuca ............................ 28

Análise estatística .............................................................................. 30

RESULTADOS ................................................................................. 30

Avaliação da oferta de três macroalgas na alimentação do camarão

branco do Pacífico ............................................................................. 30

Substituição da ração comercial por Ulva lactuca ............................ 31

Consumo diário de Ulva lactuca ................................................... 31

Parâmetros zootécnicos ................................................................. 32

DISCUSSÃO ..................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ................................................................................ 38

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................... 43

6. REFERÊNCIAS DA INTRODUÇÃO GERAL .......................... 44

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A aquicultura está em ascensão constante nos últimos 50 anos, com

crescimento anual médio de 3,2%, ultrapassando o crescimento

populacional de 1,6%. Em 2012, a produção aquícola mundial atingiu o

recorde de 90,4 milhões de toneladas (MT), rendendo aproximadamente

US$144,4 bilhões, incluindo 66,6 MT de peixes, crustáceos, moluscos e

outros animais aquáticos para alimentação, e 23,8 MT de algas,

correspondendo a US$6,4 bilhões (FAO, 2014a).

O cultivo de macroalgas teve crescimento representativo nos

últimos anos. A China é o maior produtor mundial, responsável pela

produção de 12,8 MT, seguida pela Indonésia (6,5 MT) e juntos, esses

dois países representam 81,4% da produção mundial. Países como

República da Coréia, Japão, Malásia, Zanzibar, Ilhas Salomão

representaram quase a totalidade restante, com 15,58% da produção de

macroalgas. As espécies que se destacam no cultivo mundial são

Kappaphycus alvarezii, Saccharina (Laminaria) japonica (kombu),

Gracilaria spp., Undaria pinnatifida (wakame), Pyropia (Porphyra) sp.

(nori), sendo o wakame e nori destinadas quase que exclusivamente para

alimentação humana e menos de 20% da produção S. japonica para

extração de iodo e alginato (FAO, 2014a).

O Brasil ainda é incipiente no cultivo de algas, e geralmente utiliza

métodos artesanais limitados a pequenos empreendimentos adjuntos a

instituições de pesquisa e extensão, sendo Gracilaria e Hypnea as

principais algas produzidas em escala experimental (CAVALLI &

FERREIRA, 2010). Em 1995, Kappaphycus alvarezii foi introduzida no

país, principalmente por ser fonte de carragenana (HAYASHI et al.,

2008) e seu cultivo foi autorizado pelo Instituto Brasileiro do Meio

Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), através da

Instrução Normativa nº 185 de 22 de julho de 2008 (BRASIL, 2008),

entre Ilha Bela, litoral norte do Estado São Paulo e Baía de Sepetiba,

litoral sul do Rio de Janeiro. Em Santa Catarina, o cultivo dessa espécie

possui apenas licença experimental.

Atualmente as macroalgas são utilizadas principalmente como

alimentos e na indústria farmacêutica, alimentícia e têxtil pela extração

dos ficocolóides: ágar, alginato e carragenana, que são carboidratos

solúveis em água utilizados como agentes espessantes e estabilizantes

(MCHUGH, 2003). A agarose e agar bacteriológico, produtos derivados

do ágar, são aplicados sobretudo na microbiologia e eletroforese,

respectivamente. Os alginatos são empregados na indústria têxtil,

favorecendo o desempenho das tintas na impressão, e outras aplicações

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industriais como em carnes reestruturadas para animais e alimentos de

consumo humano. A carragenana vem sendo utilizada em produtos de

higiene pessoal, como pasta de dente, cosméticos e produtos

farmacêuticos, como por exemplo, cápsulas de remédio e excipientes

(BIXLER & PORSE, 2011). No entanto, as macroalgas são também

matéria-prima para fertilizantes agrícolas, aditivo para o solo e fonte de

medicamentos. Por muitos anos as algas têm sido parte da dieta

alimentar pelos povos orientais, como Japão, China e Coréia

(MCHUGH, 2003), assim como para alimentação animal (EVANS &

CRITCHLEY, 2013).

Outra atividade aquícola que consiste em lucrativo agronegócio é a

carcinicultura. O sucesso financeiro aliado a forte demanda

internacional fizeram do cultivo de camarões um atrativo para

empresários do setor privado, agências internacionais de

desenvolvimento e líderes nacionais (BAILEY, 1988). No ano de 2012,

foi produzido mundialmente 4.327.520 toneladas de camarão,

contribuindo com aproximadamente US$19,428 bilhões sendo a espécie

Litopenaeus vannamei a mais produzida, correspondendo 73,45%

(3.178.721 T) do volume de produção e 69,95% (US$13.592.534.000)

do valor econômico (FAO, 2014b). Esta espécie, também conhecida

como camarão branco do Pacífico, foi introduzida no Brasil no início da

década 1980, mas apenas em 1995 esta espécie predominou na

carcinicultura brasileira (GUERRELHAS, 2003). Em 2012, a produção

nacional de L. vannamei foi 74.116 toneladas (FAO, 2014c), e é

atualmente a principal espécie de camarão cultivada no país.

Entretanto, essa atividade pode gerar danos ambientais, tanto na

implementação dos viveiros, alterando a biodiversidade e utilização das

terras, quanto na sua operação, como salinização e contaminação do solo

e aquíferos pelas águas residuais (PRIMAVERA, 1997). O efluente é

liberado de forma contínua ao longo do ciclo de produção, geralmente

contendo matéria orgânica e inorgânica dissolvida e particulada, e o

acumulo de sedimentos é drenado no final do ciclo produtivo (TACON

& FORSTER, 2003).

A criação de camarões depende do fornecimento de nutrientes nos

viveiros, diretamente ou indiretamente, sob a forma de ração ou

fertilizantes, respectivamente. A taxa de assimilação desses insumos

desempenha um papel importante no efluente (TACON & FORSTER,

2003). Segundo Boyd (2003) uma pequena taxa, de 25 a 30%, de

nitrogênio e fósforo da ração e fertilizantes são absorvidos pelos

camarões, e os viveiros também assimilam estes nutrientes por

processos físicos, químicos e biológicos.

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Geralmente, o efluente da carcinicultura é enriquecido com sólidos

suspensos, nutrientes, clorofila a e demanda bioquímica de oxigênio

(DBO) (PAÉZ-OSUNA, 2001). A qualidade do efluente depende da

intensidade da produção e o risco de impacto ambiental é proporcional

ao manejo dos insumos ao longo do cultivo. As águas residuais são

compostas de alimentos não consumidos e produtos oriundos da

digestão e excreção dos animais resultando na eutrofização da água

(TACON & FORSTER, 2003).

A fim de minimizar o impacto ambiental, autoridades

governamentais criaram regulamentos que especificam limites das

variáveis de qualidade de água para o efluente aquícola, como por

exemplo, pH, oxigênio dissolvido, demanda bioquímica de oxigênio

(DBO) e sólidos suspensos totais (BOYD, 2003). Estes regulamentos

abordam também a exigência do tratamento de efluentes, limitando sua

concentração de matéria orgânica e inorgânica, suspensa ou dissolvida,

bem como os nutrientes contidos no efluente, programas de

monitoramento ambiental e práticas de manejo (TACON & FORSTER,

2003).

Melhorias nas práticas de manejo da indústria aquícola devem ser

desenvolvidas visando à eficiência e diversificação das espécies. Um

exemplo de melhoria é a proposta da Aquicultura Multitrófica Integrada

(“Integrated Multi-trophic Aquaculture” IMTA, sigla em inglês), onde

animais alimentados com ração são integrados com organismos

filtradores e absorventes de matéria orgânica ou inorgânica, por

exemplo, moluscos e macroalgas, e os resíduos do primeiro usuário se

tornam recursos para os outros. A IMTA fornece capacidade de

biorremediação dos nutrientes, benefícios aos organismos co-cultivados

e diversificação econômica através da produção de outros produtos

aquícolas de valor agregado, e maior rentabilidade por unidade de

cultivo (CHOPIN et al., 2001). Neste modelo de cultivo, Shpigel et al.

(1993) relatam que o nitrogênio da ração é amplamente absorvido pelos

diferentes níveis tróficos: 26% pelos peixe, 14,5% pelos moluscos e

22,4% pela macroalga, reduzindo a quantidade deste nutriente no

efluente para 4,25%.

Marinho-Soriano et al. (2009) utilizaram Gracilaria sp. para

biorremediação de águas residuais do cultivo de camarão, demonstrando

que o cultivo integrado poderia contribuir para a redução de nitrogênio e

fósforo do efluente. Também ocorreu eficiência de absorção destes

nutrientes pelo gênero Gracilaria spp. no trabalho realizado por Jones et

al. (2000), onde as concentrações de amônia ionizada, nitrato e

ortofosfato reduziram 2,3%, 2,2% e 4,8%, respectivamente do efluente

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do camarão. A espécie Ulva lactuca apresentou resultado positivo aliado

ao sistema de bioflocos, incrementando a qualidade de água e peso final

do camarão (BRITO et al., 2013). A integração de macroalgas na

carcinicultura não apenas equilibra os nutrientes dos insumos, como

também produtos metabólicos, tais como oxigênio dissolvido, acidez e

níveis de CO2 (CHOPIN et al., 2001).

Para combater a dificuldade no abastecimento de matéria-prima, as

fábricas de ração buscam identificar novas fontes proteicas alternativas

(CHOPIN et al., 2001). Segundo Fleurence et al. (2012), o valor

proteico das macroalgas varia de acordo com espécie e período sazonal;

geralmente as algas verdes (Filo Chlorophyta) apresentam teor de

proteína de 10 – 25% do peso seco; as pardas (Filo Ochrophyta Classe

Phaeophyceae) de 3 – 15% do peso seco, e espécies de algas vermelhas

(Filo Rhodophyta) podem apresentar de 35 – 47% do peso seco. De um

modo geral, a estrutura complexa dos polissacarídeos associados às

macroalgas tem ações prebióticas, o que esclarece o aumento da

produtividade e saúde dos animais quando as macroalgas são inseridas

na dieta (EVANS & CRITCHLEY, 2013). Ulva spp., como parte

integrante da fonte alimentar do camarão, proporcionou o aumento da

taxa de crescimento em 60% e diminuição da taxa de conversão

alimentar em até 45% (CRUZ-SUÁREZ et al., 2010).

A alga verde Ulva spp. é considerada um potencial para o cultivo

integrado, pois apresenta alta eficiência de absorção de nitrogênio

amoniacal total (TAN) e baixas taxas de epifitismo (NEORI et al.,

2004). Apesar disso, Ulva tem pouca importância econômica no Brasil

por não produzirem ficocolóides, mas em países como Itália e Alemanha

é utilizada como medicamentos fitoterápicos, na indústria de papel e

empregada na indústria farmacêutica (ALENCAR et al., 2010). BRUHN

et al. (2011) apontam U. lactuca como potencial para produção

sustentável de bioenergia, principalmente, pelo rápido crescimento e

rendimento até vinte vezes maior que outras plantas ou macroalgas.

Esses autores ressaltam que os nutrientes necessários para seu

crescimento podem ser provenientes do efluente aquícola. Além disso,

U. lactuca é eurihalina, ou seja, tolera amplas variações de salinidade

(LERTIGUE et al., 2003) sendo favorável para o cultivo integrado com

o cultivo de camarões.

Ainda que a produção integrada de macroalgas e camarões marinhos

seja uma opção viável para o desenvolvimento sustentável da

aquicultura, poucos estudos foram realizados utilizando a macroalga in

natura para alimentação do camarão Litopenaeus vannamei (CRUZ-

SUÁREZ et al., 2010, GAMBOA-DELGADO et al., 2011). A utilização

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de macroalgas como parte da alimentação dos camarões marinhos

apresenta vantagens, como: a redução da quantidade de ração, item

oneroso na produção, proporcionando maior competitividade no setor

produtivo; cultivo ambientalmente amigável; e diversidade econômica.

Por conta disso, mais informações são necessárias sobre a atuação da

macroalga como co-alimento no desempenho zootécnico do camarão.

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2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Contribuir com métodos sustentáveis no desenvolvimento da

carcinicultura, por meio da avaliação do uso da macroalga Ulva lactuca

como co-alimento para o camarão marinho Litopenaeus vannamei.

2.2 Objetivos específicos

Avaliar o uso da macroalga Ulva lactuca in natura na substituição

de: 25, 50, 75 e 100% da ração comercial do camarão Litopenaeus

vannamei sobre os seguintes parâmetros zootécnicos:

a) Consumo da macroalga;

b) Ganho em peso;

c) Taxa de crescimento específico;

d) Sobrevivência;

e) Eficiência alimentar.

3. FORMATAÇÃO DA DISSERTAÇÃO

O artigo desta dissertação está formatado de acordo com as normas

da revista Journal of Applied Phycology (A1, fator de impacto: 2,492).

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4. CAPÍTULO 1

Macroalga Ulva lactuca como co-alimento para o camarão branco

do Pacífico

Mariane Pallaoro da Fontoura1*, Felipe do Nascimento Vieira

2, Leila

Hayashi1.

1 Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Aquicultura,

Seção de Macroalgas do Laboratório de Camarões Marinhos, Servidão dos

Coroas 503 (fundos), Barra da Lagoa, 88061-600, Florianópolis, SC, Brasil.

2 Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Aquicultura,

Laboratório de Camarões Marinhos, Servidão dos Coroas 503 (fundos),

Barra da Lagoa, 88061-600, Florianópolis, SC, Brasil

*[email protected]

*Artigo formatado de acordo com a revista Journal of Applied

Phycology (A1, fator de impacto: 2,492).

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RESUMO

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho do camarão

Litopenaeus vannamei quando co-alimentado com macroalga Ulva

lactuca em diferentes níveis de substituição (25, 50, 75, 100%) de ração

comercial. O experimento foi conduzido durante 28 dias, em caixas

plásticas com 30L de volume útil, aeração constante, temperatura de

26± 2°C, salinidade de 35 ‰ e renovação diária de 80%. Cada unidade

experimental foi povoada com 10 camarões (3,7± 0,2 g), sendo os

tratamentos com diferentes níveis de substituição da ração pela

macroalga foram feitos em triplicata. Como controle, foi utilizada

alimentação sem substituição por macroalgas. A biomassa algácea in natura foi ofertada de acordo com cada tratamento e permaneciam

disponíveis para os camarões por 24 horas. A dieta comercial foi

fornecido três vezes ao dia, calculado de acordo com 5% da biomassa

inicial de cada tanque e tratamento. Foi observada uma tendência linear

negativa para peso final, ganho em peso semanal e total, e taxa de

crescimento do camarão com o aumento da substituição da ração pela

macroalga. No entanto, com nível de substituição até 50% o

desempenho dos camarões não foi afetado significativamente. A

sobrevivência foi acima de 86% até 75% de substituição, e no

tratamento com 100% de substituição foi significativamente diferente

dos demais tratamentos (p<0,05), com 16,7%. Os resultados indicam

que a utilização da ração comercial pode ser substituída em até 50%,

resultando em baixo custo de produção e possível melhoria na qualidade

água, sem prejudicar o crescimento do camarão marinho Litopenaeus

vannamei em sistema de cultivo em água clara.

Palavras-chave: co-alimentação, desempenho zootécnico, Litopenaeus

vannamei, macroalga, manejo alimentar.

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ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the performance of the shrimp

Litopenaeus vannamei when co-fed with seaweed Ulva lactuca in

different substitution levels (25, 50, 75, 100%) of commercial feed.

Shrimp cultivation was conducted for 28 days, in plastic boxes with a

30L volume, constant aeration, temperature of 26± 2°C, 35‰ salinity

and daily renewal of 80%. Ten shrimps (3.7± 0.2 g) were stocked in

experimental unit, and treatments in different substitution levels were

made in triplicate. Shrimps fed with no algal substitution were used as

control. Algal biomass was offered according to each treatment and kept

available for shrimps for 24 h. Inert feed was given three times a day,

calculated as 5% starting biomass for treatment of each tank. Negative

linear trend was observed for final weight, weekly and total weight gain,

and specific growth rate of the shrimp with increased the substitution of

feed by seaweed. Results indicate that commercial feed can be replaced

up to 50%, resulting in low cost production and possible improvement in

water quality, without affecting the growth of the marine shrimp

Litopenaeus vannamei when cultivated in clean water system.

Keywords: co-feeding, feed management, growth performance,

Litopenaeus vannamei, seaweed.

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INTRODUÇÃO

As macroalgas possuem papel significativo na produção mundial

aquícola, ocupando o segundo lugar com aproximadamente 23,8

milhões de toneladas, sendo superadas apenas pela produção dos peixes

de água doce (FAO, 2014). Durante muitos anos, as macroalgas têm

sido utilizadas como alimento, fertilizante e fonte de medicamentos

(Sánchez-Machado et al., 2004). Atualmente, os principais produtos

comerciais extraídos das algas são os hidrocolóides: carragenana,

alginato e ágar (McHugh, 2003), porém outras aplicações estão

ganhando importância crescente, como por exemplo, sua utilização na

nutrição animal (Evans e Critchley, 2013).

O cultivo de camarões marinhos é outra atividade que merece

destaque dentro da aquicultura. Em 2012, a produção foi de

aproximadamente 4,327 milhões de toneladas, sendo deste montante

73,45% da espécie Litopenaeus vannamei (FAO – Fishtat, 2014). No

entanto, o crescimento da carcinicultura enfrenta um entrave, a

dependência da pesca marinha para a obtenção dos principais insumos

utilizados na dieta, farinha e óleo de peixe. O cultivo de camarões

marinhos representa o segundo maior consumidor (16,6%) de ração, e a

atividade que mais utiliza a farinha de peixe (27%) (Tacon e Metian,

2008). Grande porcentagem dos insumos, óleo e farinha de peixe, para a

fabricação da ração é derivado de peixes selvagens capturados de

estoques finitos, resultando em uma atividade cara (Marinho-Soriano et

al., 2007).

Estudos relacionados com alimentos naturais ou sua inclusão parcial

na ração comercial estão sendo realizados para aumentar a eficiência da

carcinicultura (Sanchéz et al. 2012). Algumas espécies de alga podem

conter grandes quantidades de proteína e carboidratos, podendo

substituir ingredientes tradicionais usados na fabricação de dietas para o

camarão (Silva e Barbosa, 2009). Diversas espécies de macroalgas

foram utilizadas em diferentes porcentagens para a substituição da

farinha de peixe na dieta do camarão marinho L. vannamei, como por

exemplo, Gracilaria cervicornis (Marinho-Soriano et al., 2007), Hypnea

cervicornis e Cryptonemia crenulata (Silva & Barbosa, 2009), Ulva clathrata (Cruz-Suaréz et al., 2009), Gracilaria parvispora e Ulva

lactuca (Rodriguéz-González et al., 2014). Porchas-Cornejo et al. (1999)

relatam que a presença da macroalga Caulerpa sertularioides nos

tanques influenciaram no crescimento, sobrevivência e ganho de

biomassa do camarão café Penaus californiensis.

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Ulva lactuca é cosmopolita, e no Brasil sua distribuição geográfica

é abrangente em quase todo litoral (Moura, 2010) sendo que tolera

amplas variações de salinidade (Lartigue et al., 2003). Além disso, as

algas do gênero Ulva são consideradas um potencial para o cultivo

integrado, pois apresentam alta eficiência de absorção de nitrogênio

amoniacal total (TAN) e baixas taxas de epifitismo (Neori et al., 2004).

A espécie apresentou resultado positivo aliado ao sistema de bioflocos,

incrementando a qualidade de água e peso final do camarão (Brito et al.,

2013). Experimentos utilizando Ulva clathrata como co-alimento para o

camarão L. vannamei foram testados por Cruz-Suaréz et al. (2009) e

Gamboa-Delgado et al. (2011) resultando em melhorias nos parâmetros

zootécnicos.

O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho zootécnico do

camarão L. vannamei, quando co-alimentado em diferentes níveis de

substituição (25, 50, 75 e 100%) da ração comercial pela macroalga U.

lactuca.

MATERIAL E MÉTODOS

Algas

As três espécies utilizadas no experimento preliminar Ulva lactuca

(Chlorophyta), Gracilaria domingensis (Rhodophyta) e Sargassum sp.

(Heterokontophyta) e a espécie U. lactuca utilizada no experimento de

substituição de ração foram coletados nas praias: Pontas das Canas

(Latitude: -27,397717; Longitude: -48,431597), Praia do Forte

(Latitude: -27,43193; Longitude: -48,517310) e Canal da Barra da

Lagoa (Latitude: -27,573381; Longitude: -48,422982).

Na Seção de Macroalgas do Laboratório de Camarões Marinhos

(LCM) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), as algas

foram selecionadas e limpas, as epífitas foram removidas com auxílio de

uma pinça e os organismos associados retirados com lavagem de

aproximadamente 5 segundos em água doce. Até sua utilização, toda

biomassa foi mantida na sala de cultura da Seção de Macroalgas do

LCM, em frascos Erlenmeyer de 1 L com água do mar esterilizada

enriquecida com solução von Stosch (VS) (Alveal, 1995) conforme a

necessidade de cada espécie: U. lactuca, 8 mL de solução padrão de VS

para cada litro de água do mar (de acordo com estudos realizados

previamente na Seção de Macroalgas do Laboratório de Camarões

Marinhos – UFSC), G. domingensis, 2 mL L-1

(Ferreira et al., 2006) e

Sargassum sp., 4 mL L-1

(Rover, 2014). As condições gerais de cultivo

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foram: irradiância de 100 ±10 µmol fótons m-2

s-1

, temperatura de 25 ±

1°C, fotoperíodo de12 h, salinidade de 35‰, aeração constante e

biomassa máxima de 10 g L-1

.

O método de secagem das algas para quantificar a biomassa

ofertada aos camarões foi padronizado. Talos de cada espécie foram

secos com papel toalha até extrair o máximo de água, pesados e

posteriormente mantidos em frascos Erlenmeyer de 250 mL com água

do mar esterilizada na sala de cultura do laboratório conforme as

condições descritas acima até sua utilização.

Camarões

Espécimes do camarão marinho Litopenaeus vannamei da linhagem

livre de patógenos específicos (SPF- Specific Pathogen Free) de

notificação obrigatória pela Organização Mundial Epizootias (OIE),

provenientes da Aquatec Aquacultura Ltda. foram utilizados. Os

camarões foram cultivados no Laboratório de Camarões Marinhos

(LCM – UFSC) em sistema de água clara até atingirem a biomassa

inicial do experimento de 3,7± 0,2g (média± intervalo de confiança).

Cada unidade experimental foi povoada com 10 camarões.

Condições de cultivo dos camarões

As unidades experimentais foram constituídas de caixas plásticas de

35 L, com 30 L de volume útil, e tampas com tela de poliéster com 1

mm de diâmetro. Os camarões foram mantidos em aeração constante,

temperatura de 26± 2°C mantida com auxílio de termostato (Roxin,

modelo HT-1300 de 50 W) e salinidade em 35‰. O oxigênio

dissolvido e temperatura foram mensurados com auxílio de oxímetro

(YSI, modelo Pro 20) duas vezes ao dia, às 8 h e 17 h.

A biomassa algácea era ofertada às 9 h manhã de acordo com cada

tratamento e permaneceram disponíveis para os camarões por 24 horas.

Após esse período, o remanescente era retirado, seco com papel toalha e

pesado para o cálculo do consumo através da equação:

, onde B(i) é a biomassa inicial e B(f) biomassa

não consumida.

Além da oferta de macroalgas, ração comercial (composta com 35%

proteína) era fornecida três vezes ao dia, às 9h, 13h e 17h.

A quantidade da ração foi calculada a partir da biomassa inicial do

camarão de acordo com a tabela descrita por Wyk (1999) e ajustada

conforme o consumo. Todos os tratamentos e controle foram feitos em

triplicata.

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Experimento prévio - Avaliação da oferta de três macroalgas no

consumo do camarão branco do Pacífico

Antes de testar os níveis de substituição, um experimento prévio foi

realizado para escolher a espécie de alga que teria maior consumo pelos

camarões. Três espécies de algas foram testadas: Ulva lactuca (Figura

1A), Gracilaria domingensis (Figura 1B) e Sargassum sp. (Figura 1C).

Para avaliar o consumo, os camarões foram alimentados diariamente

com 2 g de alga in natura por unidade experimental por um período de

10 dias. No controle, foi fornecido 1,5 g de ração comercial (Guabi

Potimar – 35% de proteína bruta), e a quantidade foi ajustada conforme

o consumo. Diariamente 50% de água do mar esterilizada foi renovada,

aliado a sifonagem das unidades amostrais realizada às 10 h. A

temperatura média foi mantida em 26 ± 2°C (média ± intervalo de

confiança), oxigênio dissolvido em 6,31± 0,36 mg L-1

e salinidade em

35‰ durante todo o período experimental.

Figura 1. Espécies de macroalgas utilizadas na avaliação da oferta de

três macroalgas no consumo do camarão branco do Pacífico, sendo A:

Ulva lactuca; B: Gracilaria domingensis; C: Sargassum sp.

Substituição de ração comercial por Ulva lactuca

Uma vez escolhida à espécie, a massa seca de U. lactuca utilizada

em cada tratamento foi calculada. Para isso, a alga foi seca em estufa a

35°C por 1 h e 35 min, e após este período, a temperatura foi elevada a

60°C por mais 2 h. A massa seca foi calculada utilizando a equação:

, onde: ms = massa seca, mf = massa final e mi =

massa inicial.

Foram utilizadas quatro porcentagens de substituição da ração

comercial por U. lactuca: 25, 50, 75 e 100%. A quantidade de alga

ofertada foi calculada a partir da equação: , onde: Bi = 5% da biomassa inicial do camarão, Ps =

porcentagem de substituição (25; 50; 75 e 100%) e ms = massa seca da

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alga (25%). A quantidade de ração comercial em cada tratamento variou

conforme a porcentagem de substituição pela macroalga (Tabela 1). O

valor da biomassa algácea para cada tratamento foi fixo durante todo o

período experimental. O controle consistiu na alimentação do camarão

apenas com ração comercial (Guabi Potimar – 35% de proteína bruta),

calculada a partir de 5% da biomassa do camarão.

Tabela 1. Biomassa (g) de Ulva lactuca utilizada em cada tratamento e

ração inicial (g), indicando a porcentagem de substituição da ração pela

macroalga no cultivo de Litopenaeus vannamei, calculado a partir de 5%

da biomassa inicial do camarão e massa seca da alga.

O cultivo foi realizado por 28 dias. Diariamente, o alimento não

consumido e as fezes foram sifonados. Com o aumento do período

experimental e a presença de ração na maioria dos tratamentos, a

renovação de água foi elevada para 80% do volume de cada unidade

experimental com água do mar esterilizada, com a finalidade de

conservação da qualidade de água. A temperatura foi mantida em 26,3±

0,81 °C (média± intervalo de confiança), oxigênio dissolvido em 6,71 ±

0,23 mg L-1

e salinidade em 35‰.

Semanalmente, a biometria dos camarões foi realizada para

acompanhar seu crescimento em cada tratamento. O ganho de peso foi

calculado pela equação:

, onde: Gp = ganho em peso, Pf =

peso final, Pi = peso inicial; a taxa de crescimento específico pela

equação:

, onde TCE = taxa de

crescimento específico, LnPf e LnPi são logaritmo natural do peso final

e peso inicial, respectivamente, e t = dias de cultivo; e conversão

alimentar pela equação:

Tratamentos Porcentage

m de

substituição

(%)

Ulva

lactuca

(g)

Ração

inicial

(g)

Controle 0 0 1,8

25% 25 1,8 1,35

50% 50 3,6 0,9

75% 75 5,4 0,45

100% 100 7,2 0

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, onde CA = conversão alimentar, Pf =

peso final; Pi = peso inicial, Ro = Ração ofertada.

A sobrevivência foi contabilizada diariamente em cada unidade

experimental, e em caso de mortalidade, o camarão era retirado

imediatamente. A taxa de sobrevivência foi calculada de acordo com a

equação: , onde S = sobrevivência, nf = número

final de camarões e ni = número inicial de camarões.

Análise estatística

Para avaliar as diferenças do consumo das três espécies de

macroalgas e o controle, foi realizada uma análise de variância

(ANOVA) unifatorial seguida pelo Teste Tukey, ambos ao nível de

significância de 0,05.

Dados zootécnicos do camarão foram submetidos à análise de

variância (ANOVA) unifatorial. Teste Tukey, com nível de significância

de 0,05, foi utilizado para identificar diferenças significativas. Os

valores em porcentagens foram transformados em arco seno antes da

análise. Os dados de desempenho zootécnico também foram submetidos

à análise de regressão linear, sendo que os coeficientes estimados

tiveram sua significância avaliada pelo teste t (α<0,05).

Todas as análises foram realizadas com o auxílio do software

Statistica 7.0.

RESULTADOS

Avaliação da oferta de três macroalgas na alimentação do

camarão branco do Pacífico

Diferenças significativas foram observadas no consumo de alimento

entre a ração comercial (1,23± 0,14 g/dia) (média ± intervalo de

confiança) e macroalgas (p<0,05) (Figura 2), sendo Ulva lactuca (UL)

mais consumida com média de 0,35± 0,08 g/dia. Os animais

alimentados com G. domingensis (GD) e Sargassum sp. (SS) não

apresentaram diferenças significativas, sendo que o consumo variou de

0,05± 0,05 g e 0,11± 0,02 g, respectivamente.

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Figura 2. Consumo diário das macroalgas: Ulva lactuca (UL),

Gracilaria domingensis (GD) e Sargassum sp. (SS), e ração (controle)

pelo camarão Litopenaeus vannamei. As letras apresentam as diferenças

significativas entre o consumo das diferentes espécies de algas,

considerando p<0,05.

Substituição da ração comercial por Ulva lactuca

Consumo diário de Ulva lactuca

Foram observadas diferenças significativas, onde o tratamento 25%

teve o menor consumo com 0,12± 0,02 g/dia da macroalga, seguido do

tratamento 50% com 0,32± 0,08 g/dia. Entre os tratamentos com

alimentação de 75% e 100% de substituição de alga não foram

observadas diferenças significativas no consumo diário, sendo de 0,63±

0,10 e 0,50± 0,02 g/dia, respectivamente. O consumo da alga foi

proporcional à oferta, conforme pode ser observado na Tabela 2, o que

pode representar indicativo da preferência do animal pela ração.

Tabela 2. Consumo diário da macroalga Ulva lactuca entre os

tratamentos com diferentes níveis de substituição da ração pela

macroalga.

Tratamentos Consumo de Ulva lactuca (g dia-1

)

Controle 0

25% 0,12± 0,02c

50% 0,32± 0,08b

75% 0,63± 0,10a

100% 0,50± 0,02a

Dados expressos em média± intervalo de confiança. Diferenças estatísticas com nível de

significância de 5% são demonstradas com letras distintas.

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Parâmetros zootécnicos

Foi observada tendência linear negativa para o peso final (g),

ganho em peso semanal (g), ganho em peso total (%) (Figura 3A) e taxa

de crescimento específico (% dia-1

) (Figura 3B), com o aumento da

substituição da ração pela macroalga U. lactuca. Contudo, até 50% de

substituição não foram observadas diferenças significativas com

controle, apresentando desempenho superior aos alimentados com 75%

e 100% (Tabela 3). No tratamento com 100% de substituição da ração

pela U. lactuca foi observado decréscimo nos parâmetros zootécnicos

(Tabela 3).

A conversão alimentar foi calculada apenas para os animais

alimentados com ração. Não foi observada diferença significativa entre

o controle e os tratamentos com o aumento da substituição da ração pela

U. lactuca (Figura 3C), no entanto, o tratamento com 50% de

substituição apresentou o melhor resultado para este parâmetro com

0,80± 0,26g. O tratamento com 75% de substituição demonstrou o

índice mais elevado de conversão alimentar, com 1,20± 0,06g (Tabela

3).

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Figura 3. A) Ganho em peso total (%); B) Taxa de Crescimento

Específico (% dia-1

); C) Conversão alimentar do camarão Litopenaeus vannamei quando co-alimentado com a macroalga Ulva lactuca em

diferentes níveis de substituição da ração comercial.

A

B

C

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A sobrevivência do camarão no controle e nos tratamentos 25, 50

e 75% de alga foram acima de 86% (Tabela 3). Os animais alimentados

com 100% de U. lactuca apresentaram 16,7% de sobrevivência,

significativamente menor demais e controle. Foi observada mortalidade

no tratamento 100% a partir do 10º dia, enquanto que nos demais foi

observada a partir do 12º dia de cultivo.

Tabela 3. Resultados dos parâmetros zootécnicos do camarão

Litopenaeus vannamei quando em níveis de substituição de: 25% (T25),

50% (T50), 75% (T75) e 100% (T100) de ração comercial pela

macroalga Ulva lactuca.

Dados expressos em média± intervalo de confiança. Diferenças estatísticas com nível de

significância de 5% são demonstradas com letras distintas. 1GPS= ganho em peso semanal; 2GPT= ganho em peso total; 3TCE= taxa de crescimento específico; 4CA= conversão alimentar.

DISCUSSÃO

A preferência do camarão pela U. lactuca foi evidente entre as

macroalgas ofertadas, sendo esta alga escolhida para o experimento

posterior de substituição de ração por macroalga.

Ulva lactuca possui talo laminar distromático (compostos por duas

camadas celulares) com espessura de 0,046 – 0,056 mm (Pacheco,

2011). A espessura, forma e tamanho do talo podem influenciar no

consumo do camarão. Na fabricação de ração para camarões,

características físicas são consideradas, e o tamanho das partículas deve estar de acordo com o estágio de desenvolvimento do animal; por

exemplo, de PL50 até quatro gramas de camarão, a partícula da ração

deve ter entre 1,5 a 2,5 mm (Tan e Dominy, 1997). No presente

trabalho, os camarões consumiram majoritariamente U. lactuca, e essa

escolha pode estar relacionada à sua forma delgada.

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Gracilaria domingensis, que teve o menor consumo entre as algas

ofertadas, possui talo com consistência cartilaginosa, composta por uma

camada celular cortical e até 10 camadas de células medulares,

resultando em espessura que varia de 0,33 a 0,875 mm (Pacheco, 2011).

A espessura provavelmente dificultou a manipulação do camarão para o

consumo. Uma opção seria utilizar a alga como aglutinante de ração,

aproveitando as propriedades do agar que compõe sua parede celular.

Peñaflorida e Golez (1996) relatam o efeito aglutinante da espécie G. heteroclarata na composição da ração para o camarão Penaeus

monodon, mantendo os pellets estáveis na água por até 4h, minimizando

o uso da farinha de trigo e diminuindo os resíduos orgânicos. É possível

que a G. domingensis pudesse ser utilizada como parte integrante da

ração, como observado na inclusão de 50% de G. cervicornis na ração

para L. vannamei, que demonstrou resultado no crescimento (4,71%.

dia-1

) e sobrevivência (100%) do juvenil do camarão, os quais foram

cultivados em condições similares a descritas nesse trabalho (Marinho-

Soriano et al., 2007).

Sargassum sp. assim como a G. domingensis, também

apresentaram baixa aceitação como alimento para os camarões. Coloração amarelada foi observada na água dos tratamentos com a alga

Sargassum sp., e pode estar relacionada à presença de compostos

fenólicos. Esses compostos fazem parte da defesa química das

macroalgas pardas para dissuasão dos herbívoros, como por exemplo, o

molusco gastrópode Tegula funebralis, e já foi observado que outras

espécies herbívoras marinhas selecionam macroalgas com baixas

quantidades de compostos fenólicos (Steinberg, 1985). Zubia et al.

(2008) observaram uma média de conteúdo fenólico de 2,85% da massa

seca na espécie Sargassum mangarevense, e correlacionaram o teor

destes compostos com fatores ambientais, por exemplo, herbivoria.

Sendo assim, este fato poderia explicar o baixo consumo desta alga pelo

camarão L. vannamei durante o experimento.

Apesar de ser observada tendência linear negativa para os

parâmetros zootécnicos (ganho em peso, ganho em peso semanal e taxa

de crescimento específico), não foram observadas diferenças

significativas entre as médias com substituição da ração pela macroalga

em até 50%. Estes resultados são melhores do que os descritos por

Gamboa-Delgado et al. (2011) que utilizou a macroalga U. clathrata

como co-alimento para o camarão L. vannamei, e observaram que em

substituição acima de 25% da ração pela alga houve diminuição dos

parâmetros zootécnicos.

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No presente trabalho os camarões alimentados com 50% de alga

apresentaram melhor resultado para conversão alimentar, sugerindo que

esta porcentagem de substituição proporcionou um melhor ganho de

peso em relação à quantidade de alimento ofertada; por outro lado, o

tratamento com 75% de substituição demonstrou o índice mais elevado

deste parâmetro podendo estar atribuído ao baixo ganho de peso dos

camarões cultivados nessas condições.

As algas verdes podem ser uma fonte complementar de proteína

para nutrição animal. De uma maneira geral, a Ulva lactuca apresenta de

10 – 26% de proteína em relação à massa seca (Fleurence, 1999) e

contêm todos os aminoácidos essenciais, com exceção do triptofano

(Ortiz et al., 2006; Yaich et al., 2011, Tabarsa et al., 2012). Segundo

Kureshy e Davis (2002), dietas com 32% de proteína aprimoram o

crescimento do juvenil de camarão L. vannamei, mas dietas deficientes

em lisina, metionina e arginina são fatores limitantes no crescimento

deste animal (Fox et al., 1995). A U. lactuca apresenta baixas

concentrações dos aminoácidos lisina, isoleucina (Ortiz et al., 2006;

Rodríguez-González et al., 2014) e metionina (Tabarsa et al., 2012), o

que poderia explicar a diminuição do ganho em peso e taxa de

crescimento conforme o aumento da macroalga como co-alimento para

os camarões. Esse fato foi visível principalmente nos animais que

utilizavam apenas U. lactuca como alimento, resultando no baixo

desempenho de todos os parâmetros analisados.

Por outro lado, a ração pode contribuir com os nutrientes que são

insuficientes na macroalga. A combinação alga e ração pode melhorar o

crescimento do camarão, podendo agir como suplemento nutricional

e/ou melhorar a utilização dos nutrientes da ração (Cruz-Suárez et al.,

2010). Segundo Gamboa-Delgado et al. (2011), o L. vannamei co-

alimentado com U. clathrata metaboliza o carbono e nitrogênio

diferencialmente. O carbono dietético apresentou maior quantidade no

tecido muscular, que é o reservatório de proteínas do camarão, pela

incorporação de aminoácidos originário do alimento inerte. Já o

nitrogênio, utilizado para o crescimento animal, foi originário

principalmente da U. clathrata por sua digestibilidade e contínua

disponibilidade para o camarão. Neste trabalho os camarões tinham a

preferência pela ração, e quando presentes no regime alimentar, foi

observado melhor desempenho dos animais.

As macroalgas também podem ser excelente fonte de minerais. U.

lactuca pode conter quantidade significativa de minerais essenciais

como magnésio, cálcio, potássio, sódio e fósforo (Yaich et al, 2011). Os

minerais mais solúveis (cálcio, fósforo, sódio, potássio e cloreto) agem

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na osmorregulação, manutenção do equilíbrio ácido-base e potencial da

membrana (Davis e Lawrence, 1997). A presença dos minerais iodo e

sódio, por exemplo, é devido ao elevado teor de polissacarídeos, o que

poderia também implicar em um elevado nível de fibras dietéticas

solúveis e insolúveis (Lahaye e Jegou, 1993). Ortiz et al (2006) relatam

que U. lactuca apresenta em média 27% da massa seca de fibra solúvel.

A taxa de absorção de nutrientes depende da taxa à qual os nutrientes

entram em contato com o epitélio de absorção. Assim, o atraso no

esvaziamento do estômago provocado pela fibra solúvel pode

influenciar a taxa de absorção de carboidratos em crustáceos (Shiau,

1997).

No presente trabalho, os camarões alimentados com até 75% de

ração apresentaram sobrevivência acima de 86%, ao contrário dos

camarões alimentados apenas com U. lactuca. Isso pode ter ocorrido

porque os carboidratos e lipídeos oriundos da ração contribuem

significativamente com o requerimento energético do camarão

(Gamboa-Delgado et al., 2011). Conforme o aumento do nível de

substituição, acréscimo no consumo da macroalga foi observado, e este

fato pode estar relacionado à composição química da biomassa algácea

disponível que pode conter baixos níveis de energia, ácidos graxos e/ou

aminoácidos, sendo desta maneira compensada elevada ingestão. No

entanto, a ocorrência da muda do camarão não foi influenciada pelo

regime alimentar, sendo que este fenômeno ocorria simultaneamente em

todos os tratamentos.

Os resultados relativos à inclusão de macroalgas na dieta em

aquicultura dependem da espécie da alga e do animal consumidor. Para

juvenis do robalo Europeu (Dicentrarchus labrax) a inclusão de até 10%

de Gracilaria bursa-pastoris e Ulva rigida na ração não afetou

crescimento e eficiência alimentar, podendo ser utilizadas como

ingrediente da ração para juvenis deste peixe (Valente et al., 2006).

Rodríguez-González et al.(2014) relatam a possibilidade da adição de

até 15% de Gracilaria parvispora e 5% de U. lactuca na ração para L. vannamei; entretanto, esta limitação na adição da ração diverge dos

resultados do presente trabalho que demonstra que a utilização de até

50% de U. lactuca como co-alimento não influencia no crescimento do

camarão branco do Pacífico.

Além disso, U. lactuca pode ser utilizada para biorremediação

em cultivos aquícolas. Em sistema de recirculação de viveiros do

camarão Penaeus monodon a taxa de remoção de amônia do efluente foi

de 45% e a média da taxa de crescimento algáceo foi de 4,7% dia-1

. Foi

observado ainda taxa de crescimento do camarão 30% maior do que o

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sistema de recirculação sem a presença da alga (Baloo et al., 2014),

sendo assim, uma possibilidade de baixo custo a ser considerada para

incrementar a produção de biomassa do camarão e da alga.

Os resultados deste estudo demonstram que até 50% de substituição

da ração comercial pela Ulva lactuca o desempenho zootécnico dos

camarões não foi afetado significativamente, sendo viável a utilização

da macroalga como co-alimento para esta espécie, reduzindo os custos

de produção e possível melhoria na qualidade de água. Contudo, estudos

a campo são necessários para comprovar a eficiência deste co-cultivo.

Análises posteriores da composição nutricional da U. lactuca realizada

no presente trabalho deverão ser realizados.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta dissertação teve enfoque na utilização de macroalga como co-

alimento para o camarão marinho Litopenaeus vannamei. Ulva lactuca

apresenta potencial para este modelo de cultivo já que apresentou

resultados satisfatórios, podendo ser utilizada como fonte complementar

de proteína e minerais. Entretanto, algumas questões poderão ser

discutidas em trabalhos futuros.

Camarões alimentados apenas com macroalga apresentaram

expressiva mortalidade ao longo do período experimental. Neste estudo,

não foi realizado tratamento sem alimentação para avaliar o possível

auxílio energético da U. lactuca, dado que pode contribuir em estudos

futuros.

Por ter distribuição abrangente no litoral brasileiro, tolerar amplas

variações de salinidade e apresentar potencial de biorremediação em

cultivos aquícolas, U. lactuca apresenta vantagens para o cultivo

integrado. No entanto, estudos a campo são necessários para observar a

taxa de crescimento da alga em viveiros de cultivo e/ou lagoa de

decantação, sua influência nos parâmetros físico-químicos de qualidade

de água. A macroalga pode também ser utilizada como substrato para

organismos associados que poderia resultar em alimento adicional aos

camarões.

Neste contexto, a análise econômica deste modelo de cultivo, bem

como, comercialização do remanescente para fabricação de produtos

secundários (bioenergia, aditivo alimentar, fertilizante agrícolas), podem

ser temas para estudos posteriores.

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