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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB) Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG) Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS) Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada Mestrado (PPHI) MARIJKE NATALIA DAAMEN SULFATO DE COBRE E FOSFITO DE POTÁSSIO NA INDUÇÃO DA BROTAÇÃO EM VIDEIRA ‘CRIMSON SEEDLESS’ NO SUBMÉDIO DO VALE DO SÃO FRANCISCO JUAZEIRO BAHIA

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG)

Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)

Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)

MARIJKE NATALIA DAAMEN

SULFATO DE COBRE E FOSFITO DE POTÁSSIO NA INDUÇÃO DA

BROTAÇÃO EM VIDEIRA ‘CRIMSON SEEDLESS’ NO SUBMÉDIO DO VALE

DO SÃO FRANCISCO

JUAZEIRO – BAHIA

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2017

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA (UNEB)

Pró-Reitoria de Pesquisa e Ensino de Pós-Graduação (PPG)

Departamento de Tecnologia e Ciências Sociais (DTCS)

Programa de Pós-Graduação em Horticultura Irrigada – Mestrado (PPHI)

MARIJKE NATALIA DAAMEN

SULFATO DE COBRE E FOSFITO DE POTÁSSIO NA INDUÇÃO DA

BROTAÇÃO EM VIDEIRA ‘CRIMSON SEEDLESS’ NO SUBMÉDIO DO VALE

DO SÃO FRANCISCO

Dissertação apresentada junto ao Programa de

Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da

Universidade do Estado da Bahia

(PPHI/UNEB/DTCS), como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Horticultura

Irrigada. Área de Concentração: Fisiologia

Vegetal

Orientador: Prof. Dr. João Domingos Rodrigues

JUAZEIRO – BAHIA

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2017

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MARIJKE NATALIA DAAMEN

SULFATO DE COBRE E FOSFITO DE POTÁSSIO NA INDUÇÃO DA

BROTAÇÃO EM VIDEIRA ‘CRIMSON SEEDLESS’ NO SUBMÉDIO DO VALE

DO SÃO FRANCISCO

Dissertação apresentada junto ao Programa de

Pós-Graduação em Horticultura Irrigada da

Universidade do Estado da Bahia

(PPHI/UNEB/DTCS), como requisito para a

obtenção do título de Mestre em Horticultura

Irrigada. Área de Concentração: Fisiologia

Vegetal

Aprovada em: 04/07/2017

__________________________________________

Prof. Dr. João Domingos Rodrigues

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

___________________________________________

Profa. Dra. Elizabeth Orika Ono

Universidade Estadual Paulista (UNESP)

__________________________________________

Prof. Dr. Renato Vasconcelos Botelho

Universidade Estadual do Centro-Oeste do Paraná (UNICENTRO)

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Se existe amor, há também esperança de existirem verdadeiras famílias,

verdadeira fraternidade, verdadeira igualdade e verdadeira paz. Se não há

mais amor dentro de você, se você continua a ver os outros como inimigos, não

importa o conhecimento ou o nível de instrução que você tenha, não importa o

progresso material que alcance, só haverá sofrimento e confusão no cômputo

final. O homem vai continuar enganando e subjulgando outros homens.

Basicamente, todo mundo existe na própria natureza do sofrimento, por isso

insultar ou maltratar os outros é algo sem propósito. O fundamento de toda

prática espiritual é o amor (Dalai Lama).

Dedico este trabalho à Lú, por tudo que é e

representa, e por tudo que ainda há de ser...

Aos nossos Theo, Tom e Otto...

Aos meus pais por tudo e pelo que sou...

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AGRADECIMENTOS

À Deus, pela grande benção que é viver e ter a oportunidade de aprender

sempre.

À Lú, pelas repetidas doses diárias de apoio, motivação e amor, que só podem

vir de alguém com um coração tão grande e altruísta.

Aos meus pais, por todo amor, exemplos e valores passados de que tanto me

orgulho e que serviram de base à minha construção como ser humano e

profissional.

A todos meus familiares e aos que se fizeram família; por me mostrarem que o

termo família não depende apenas da proximidade física ou genética para

existir no coração.

Ao Prof. Dr. João Domingos Rodrigues, por toda orientação, apoio, amizade e

pela inspiração como pessoa e profissional.

A todos os colegas e funcionários do Mestrado em Horticultura Irrigada pelo

companheirismo e apoio de sempre.

Às minhas amigas Ângela, Essione, Gabi, Laise e Maylen que contribuíram de

variadas maneiras para a realização desse trabalho.

Aos meus bons amigos pelas vibrações positivas, palavras de estímulo e ajuda.

Aos meus parceiros de trabalho, pela amizade, compreensão e dedicação

durante todo esse período.

A todos da Fazenda ARA Agrícola e, especialmente, ao Eng. Agrônomo

Roberto Hirai, por acreditar no potencial deste trabalho, pelo conhecimento

compartilhado e por toda disponibilidade e suporte oferecido durante a

execução do mesmo.

À CAPES pela concessão da bolsa.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS................................................................................................ 9

LISTA DE TABELAS.............................................................................................. 10

RESUMO................................................................................................................ 11

SUMMARY ............................................................................................................. 12

INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 13

REVISÃO DA LITERATURA ................................................................................. 15

Viticultura tropical no Vale do Submédio São Francisco ................................. 15

Aspectos do crescimento e desenvolvimento de videiras ............................... 16

Dormência de gemas e brotação em videiras .................................................. 18

Cianamida hidrogenada..................................................................................... 20

Estresse oxidativo e sistemas antioxidantes .................................................... 22

Cobre e indução de estresse e/ou desafio oxidativo ....................................... 23

MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................................... 25

Avaliação dos parâmetros ................................................................................. 27

Análises laboratoriais ......................................................................................... 28

Coleta das amostras ...................................................................................... 28

Peroxidação de lipídios .................................................................................. 28

Obtenção dos extratos enzimáticos da catalase e peroxidase ................... 28

Atividade da enzima antioxidante Catalase.................................................. 29

Atividade da enzima antioxidante Peroxidase .............................................. 29

Custos dos insumos........................................................................................... 29

RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................ 31

CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 38

CONCLUSÕES ...................................................................................................... 39

LITERATURA CITADA .......................................................................................... 40

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Sistema Eichhorn e Lorenz (1977) de identificação dos estágios de

desenvolvimento da videira (modificado por Coombe, 1995) extraído de

KELLER, 2010. Petrolina, 2017.........................................................................14

Figura 2: Aplicação dos tratamentos de indução de brotação com “chuveiro”.

Petrolina, 2017...................................................................................................23

Figura 3: Detalhe da cobertura de aplicação com o uso do método do

“chuveirinho”. Petrolina, 2017............................................................................23

Figura 4: Ramo com diferentes estádios de brotação. Petrolina, 2017.............24

Figura 5: Brotação de base. Petrolina, 2017.....................................................24

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Descrição dos componentes dos tratamentos de indução de

brotação, realizados em videira cv. ‘Crimson Seedless’ na região do Submédio

São Francisco. Petrolina, 2017..........................................................................22

Tabela 2: Médias referentes aos percentuais de brotação de base, brotação

aos 10 e 14 dias após aplicação de tratamentos de indução de brotação (DAT),

realizados em videira cv. ‘Crimson’ na região do Submédio São Francisco.

Petrolina, 2017...................................................................................................28

Tabela 3: Médias referentes à peroxidação lipídica, atividade da enzima

catalase e atividade da enzima peroxidase, realizados em brotos de videira cv.

‘Crimson’ na região do Submédio São Francisco aos 14 DAT. Petrolina,

2017...................................................................................................................30

Tabela 4: Médias referentes à quantidade de cachos por planta (103 DAP) e

produtividade esperada, realizados em função de diferentes tratamentos e os

respectivos custos dos insumos utilizados na indução de brotação em videira

cv. ‘Crimson’ na região do Submédio São Francisco. Petrolina,

2017...................................................................................................................33

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RESUMO

Em função da crescente busca por produtos alternativos para a indução de

brotação, este trabalho teve o objetivo de avaliar os efeitos da aplicação de sulfato de cobre na indução de brotação em videiras, através da análise da influência de diferentes doses e tratamentos na brotação e da interpretação das respostas bioquímicas da planta. O experimento foi realizado em área

comercial localizada em Petrolina-PE e aplicou-se os tratamentos em videiras ‘Crimson Seedless’ enxertadas sobre SO4, com 5 anos de idade, conduzidas em sistema “Y”, no espaçamento de 3,40 x 1,50m e irrigadas por gotejamento. O delineamento utilizado foi de blocos ao acaso, com 4 tratamentos e 6

repetições e 4 plantas por parcela, sendo 2 úteis. Os tratamentos aplicados foram: T1 - testemunha (água), T2 - cianamida hidrogenada na dose padrão utilizada na fazenda (Dormex

® 3000mL.100L

-1) + Enervig

® (100mL.100L

-1) +

Ajipower® (15mL.100L-1), T3 - sulfato de cobre (3000g.100L-1) + fosfito de

potássio (100mL.100L-1) e T4 - sulfato de cobre (5000g.100L-1) + fosfito de potássio (100mL.100L-1). As soluções aplicadas continham adjuvante siliconado na dose de 100mL.100L-1 e corante indicador de pulverização Hi-light® na dose de (700mL.100-1). A aplicação foi realizada após a poda e torção

de ramos com pulverizador tratorizado tipo “chuveirinho”, com vazão de 300L.ha-1, sendo que o T2 foi reaplicado dois dias depois. Os parâmetros analisados foram: brotação de base aos 10DAP, brotação dos ramos aos 10 e 14 DAP, quantidade de cachos/planta aos 103 DAP, peroxidação de lipídios,

atividade das enzimas catalase e peroxidase, produtividade estimada e custos dos tratamentos. Os resultados demonstram que T4 apresentou o maior número de brotos de base/planta (9,33) enquanto que T3, T2 e T1 apresentaram 7,33; 4,5 e 3, respectivamente. Com relação à brotação

observou-se que T2 apresentou brotação maior aos 10 DAP (71,67%) que os demais tratamentos (T3: 50,17%, T4: 37,33% e T1: 32,5%); aos 14DAP as brotações evoluíram para: T2: 77,17%, T3: 50,17%, T4: 49% e T1:43,33%. T3 e T4 foram estatisticamente superiores a T1 e T2 no parâmetro peroxidação de

lipídios. Em relação à quantidade de cachos aos 103 DAP observou-se que T2 e T3 foram os melhores tratamentos com 45,88 e 41,29 cachos/planta, resultando em uma produtividade estimada em 32,37 e 29,14 t.ha-1 respectivamente, enquanto que T4 e T1 apresentaram 34,36 e 33,83

cachos/planta e produtividade estimada de 23,26 e 23,87 t/ha-1 respectivamente. Os custos dos insumos/ha para os tratamentos foram calculados: T2 R$ 837,04, T3 R$ 376,80 e T4 R$ 238,80. Os tratamentos com sulfato de cobre (T3 e T4) induziram maior produção de ERO's devido aos

elevados níveis de peroxidação lipídica; T3 promoveu o maior número de brotos de base/planta. Enquanto T2 foi o melhor para indução de brotação, entretanto T3 apresentou resultados finais de quantidade de cachos e produtividade estimada similares, porém com custo 56% inferior.

Palavras-chave: estresse oxidativo, uva de mesa, enzimas antioxidantes, peroxidação lipídica, catalase, peroxidase.

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SUMMARY

Due to the increasing search for alternative products for budbreak/sprout

induction, this work had the objective of evaluating the effects of the application of copper sulphate on the induction of sprouting in vines by analyzing the influence of different doses and treatments on sprouting and interpretation of the plant biochemical responses. The experiment was carried out in a

commercial area located in Petrolina-PE/Brazil, the treatments were applied to 'Crimson Seedless' grapevines grafted on SO4, 5 years old, conducted in a "Y" system, spaced 3.40 x 1.50m and drip irrigated. Randomized blocks with 4 treatments and 6 replicates were the experimental design used. The treatments

applied were: T1 - control (water), T2 – hydrogen cyanamide (Dormex™ 3000mL.100L-1) + Enervig™ (100mL.100L-1) + Ajipower™ (15mL.100L-1), T3 - copper sulfate (3000g.100L

-1) + potassium phosphite (100mL.100L

-1) and T4 -

copper sulphate (5000g.100L-1) + potassium phosphite (100mL.100L-1). The

solutions applied contained 100mL.100L-1 siliconized adjuvant and Hi-light™ spraying indicator dye at the dose of (700mL.100-1). The application was performed after pruning and twisting of branches with an adapted sprayer (called “shower”), with a flow rate of 300L.ha-1, and T2 was reapplied two days

later. The analyzed parameters were: main branch sprouting at 10DAP, shoot sprouting at 10 and 14 DAP, number of clusters/plant at 103 DAP, lipid peroxidation, activity of catalase and peroxidase enzymes, estimated productivity and treatment costs. The results obtained show that T4 presented

the highest number of main branch sprouts/plant shoots (9.33), while T3, T2 and T1 presented 7.33; 4,5 and 3 respectively. With regard to sprouting, it was observed that T2 had a higher value at 10 DAP (71.67%) than the other treatments (T3: 50.17%, T4: 37.33% and T1: 32.5%); (T2: 77.17%, T3: 50.17%,

T4: 49% and T1: 43.33%). T3 and T4 were statistically superior to T1 and T2 in the parameter lipid peroxidation. In relation to the number of clusters at 103 DAP, it was observed that T2 and T3 were the best treatments with 45.88 and 41.29 clusters/plant, resulting in an estimated productivity of 32.37 and 29.14

t.ha-1 respectively, while T4 and T1 presented 34.36 and 33.83 bunches/plant and estimated productivity of 23.26 and 23.87 t/ha

-1, respectively. The costs of

the inputs/ha for the treatments were calculated: T2 R$837.04, T3 R$376.80 and T4 R$238.80. The treatments with copper sulfate (T3 and T4) induced

higher production of ROS because of the high levels of lipid peroxidation; T3 promoted the highest number of main branch sprouts/plant. While T2 was the best for sprout induction, T3 presented final results of similar amount of bunches and estimated yields, however, with a 56% lower cost.

Key words: oxidative stress, table grape, antioxidant enzymes, lipid peroxidation, catalase, peroxidase.

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INTRODUÇÃO

O Vale do São Francisco (VSF) é considerado hoje o principal polo frutícola do

país. Uma das principais “commodities” do agronegócio de frutas frescas desta

região são as uvas finas de mesa; além disso, a viticultura é a atividade

agrícola que mais contribui para o desenvolvimento socioeconômico da região

do Submédio São Francisco (SILVA et al., 2009). Dados do Levantamento

Sistemático da Produção realizados pelo IBGE apontam que a região Nordeste

do país respondeu em 2016 por pouco mais de 309 mil toneladas de produção

em 9,8 mil hectares (LSPA/IBGE, 2017). No âmbito do comércio internacional

de uvas frescas, estatísticas mostram que há mais de uma década o VSF é

responsável por quase todo volume das exportações brasileiras, que em 2016

responderam por cerca de 30 mil toneladas e pelo valor aproximado de 64

milhões de dólares. A União Europeia (87%) e os Emirados Árabes Unidos

(5%) são os principais importadores das uvas produzidas no VSF

(AGROSTAT/MAPA, 2017).

Trata-se da principal região vitícola tropical do Brasil cujos vinhedos estão

distribuídos nos Estados de Pernambuco e Bahia. A estrutura produtiva da

região compõe-se de pequenos produtores vinculados aos projetos de

colonização e associados em cooperativas, além de médios e grandes

produtores que atuam em escala empresarial. Com a utilização de manejo

adequado da planta através da poda, uso de produtos químicos para a

superação de dormência das gemas e irrigação, a época de colheita pode ser

programada para qualquer período do ano.

Petri et al. (1996) citam que em muitas situações faz-se necessária a aplicação

de produtos para a superação efetiva da dormência, especialmente em

condições onde não ocorre suficiente acúmulo de frio. Nessas circunstâncias,

associações com óleo mineral e sais de dinitro foram as combinações mais

utilizadas no Brasil. No entanto, segundo o mesmo autor muitos outros

produtos têm capacidade para induzir a brotação como o óleo mineral, a

calciocianamida, nitrato de potássio, paclobutrazol e cianamida hidrogenada.

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Pesquisas evidenciam que, a indução do estresse oxidativo seja o mecanismo

mais fortemente relacionada à superação de dormência de plantas frutíferas de

clima temperado, seja pelo frio ou pela ação de produtos como a cianamida

hidrogenada (PINTO et al., 2002; PINTO et al., 2014). Segundo os mesmos

autores, o H2O2 funcionaria como um sinal químico, que ativa a expressão de

genes ou, indiretamente, provocaria alterações metabólicas detectadas por

quinases, que ativam ou reprimem a expressão de genes responsáveis pela

superação da dormência.

Embora na maioria das regiões produtoras de uva no mundo o uso de

cianamida hidrogenada (CH) seja o tratamento mais comum para a superação

de dormência e uniformização da brotação, existe atualmente grande interesse

para que se encontre um produto alternativo ao mesmo. Isto pelo fato do

Dormex® (produto comercial da CH) ser um produto altamente tóxico (classe

toxicológica I), com alto poder carcinogênico e, justamente por essa razão, seu

uso vem sendo revisto pelas autoridades da Comunidade Europeia (JORGE,

2011); além disso, o uso da CH restringe a inclusão de áreas de produção de

uvas de mesa à prática da agricultura orgânica. Por essas razões, muitas

pesquisas vêm sendo realizadas visando encontrar um eficiente substituto da

CH, mas até o momento, não se dispõe de uma recomendação específica para

as condições de cultivo do Vale do São Francisco.

Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar os efeitos da aplicação

de sulfato de cobre e do fosfito de potássio na indução de brotação de videiras

cv. Crimson Seedless cultivadas na região do Submédio São Francisco, a

influência de diferentes doses e tratamentos, as respectivas respostas

bioquímicas da planta através da análise de atividade das enzimas

antioxidantes como catalase e peroxidase e a peroxidação de lipídios, além da

produtividade e custo dos tratamentos estudados.

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REVISÃO DE LITERATURA

Viticultura tropical no Vale do Submédio São Francisco

O Brasil ocupa a 15ª posição no ranking de produção de uva mundial, com 1,2

milhões de toneladas, numa área aproximada de 78 mil hectares. Os estados

brasileiros com maior participação na produção de uva são: Rio Grande do Sul,

São Paulo, Pernambuco, Bahia e Paraná (LSPA/IBGE, 2017).

A produção de uva no Nordeste concentra-se na região do Submédio São

Francisco. O estado de Pernambuco respondeu pelo cultivo de pouco mais de

7 mil hectares no ano de 2016, onde se destacam os municípios de Petrolina,

Santa Maria da Boa Vista e Lagoa Grande. Já o estado da Bahia respondeu

por cerca de 2,5 mil hectares distribuídos basicamente entre as cidades de

Juazeiro, Curaçá, Casa Nova e Sento Sé. A participação da produção de uva

da região na pauta de exportações brasileiras foi da ordem de 64,6 milhões de

dólares no ano de 2016, participação equivalente a quase 100% das

exportações brasileiras dessa fruta. Dados recentes mostram que a região do

Vale do São Francisco apresenta área plantada de 9,6 mil hectares

(LSPA/IBGE, 2017).

O VSF situa-se no trópico semiárido brasileiro, em latitude 9ºS, longitude 40ºN

e altitude em torno de 350m. Apresenta indicadores climáticos médios de 500

mm de precipitação, concentrada entre dezembro e março, temperatura média

anual de 26ºC e 50% de umidade relativa do ar, insolação média anual de 3000

horas e 300 dias de sol por ano. Com disponibilidade de água de excelente

qualidade proveniente do Rio São Francisco é a principal região vitivinícola

tropical brasileira (PROTAS et al., 2006).

A produção de uva na região nordestina apresenta características dinâmicas e

bastante peculiares (fotoperiodismo uniforme e temperaturas elevadas), o que

a diferencia das tradicionais regiões vitícolas brasileiras. Estas características

ocasionam o encurtamento do ciclo, possibilitando produtividades elevadas,

aliadas a colheitas durante quase todo o ano. Isso se deve, principalmente, ao

fato de que em regiões tropicais, as videiras apresentam crescimento contínuo,

não apresentando fase de repouso invernal ou dormência, prevalecendo a

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dominância apical, enquanto as demais gemas apresentam brotação fraca e

desuniforme (LEÃO; POSSÍDIO, 2000). Nessas condições, com a adequada

programação de podas de produção, desfolhas manuais ou químicas, controle

da irrigação, aplicações de ethephon ou outros químicos para a indução de

senescência, seguidas de aplicação de cianamida hidrogenada para a

liberação da dormência, pode-se promover a produção de uvas em ciclos

sucessivos (KELLER, 2010)

Sob o ponto de vista comercial, tal programação possibilita a administração da

oferta, fazendo-a coincidir com as entressafras tanto nas regiões vitícolas

tradicionais brasileiras, como do exterior, fugindo, portanto, das limitações

inerentes à sazonalidade. Essa característica é a principal responsável pela

inserção do Brasil como exportador no comércio internacional de uva fresca e

do Vale do São Francisco como um dos mais importantes produtores de uva de

mesa no mercado interno, competindo inclusive, com a uva importada existente

no mercado nacional (POMMER, 2003).

Tonnieto e Pereira (2011) elencaram algumas características que definem as

diferenças entre a viticultura tropical e a temperada das regiões tradicionais,

dentre elas pode-se citar: a possibilidade de realização de ciclos sucessivos,

ciclos vegetativos de menor duração, necessidade de uso de irrigação e de

variedades adaptadas. Os mesmos autores afirmam que o desenvolvimento de

novas tecnologias voltadas para a região podem gerar grande impacto ao setor

produtivo, uma vez que a produção nessas zonas é relativamente nova.

Mashima (2000) afirmou que um dos fatores que afetam a produtividade dos

vinhedos, nas regiões tropicais e subtropicais, é a menor brotação e

desuniformidade do crescimento desses brotos.

Aspectos do crescimento e desenvolvimento de videiras

De acordo com Galet (1983) apud Pedro Júnior et al. (1993), o

desenvolvimento da videira ocorre através de ciclos vegetativos separados por

períodos de repouso que podem ser subdivididos por períodos de: a)

crescimento (da brotação à paralisação do crescimento); b) reprodutivo (da

floração ao amadurecimento dos frutos); c) amadurecimento dos tecidos (da

paralisação do crescimento à lignificação; d) vegetativo (do “choro” à queda

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das folhas) e f) repouso (entre dois ciclos vegetativos). Em cada um desses

períodos ocorrem estádios de desenvolvimento ou eventos “chave”, que

incluem a dormência, superação-de-dormência, floração (ântese), fixação de

frutos, amolecimento ou início da mudança de coloração, colheita ou

maturação, senescência foliar e abscisão (Figura 1).

Figura 1: Sistema Eichhorn e Lorenz (1977) de identificação dos estádios fenológicos da videira (modificado por Coombe, 1995) extraído de Keller (2010).

Em regiões de invernos amenos não ocorre o repouso invernal, permitindo que

se realizem podas de produção em qualquer época do ano. Porém, nessas

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regiões faz-se necessária a indução ao descanso, logo após a colheita

(MURAKAMI, 2002). Esse descanso consiste na redução da irrigação (irrigação

de manutenção) para reduzir o crescimento vegetativo e dominância apical, e

após um descanso de 30 a 60 dias para que haja acúmulo de reservas, inicia-

se então um novo ciclo fenológico condicionado às condições climáticas do

período.

Dormência de gemas e brotação em videiras

A garantia de uma boa superação de dormência em climas quentes é um dos

maiores desafios para os produtores de fruteiras de clima temperado, uma vez

que uma boa taxa de superação de dormência e de brotação é um dos fatores

fundamentais na obtenção de elevadas produtividades e de boa cobertura

foliar, pois possibilita adequada atividade fotossintética capaz de dar sustento à

planta e frutos. Além disso, na fruticultura comercial, a brotação uniforme tem

forte influência na realização de outras operações de manejo como a

amarração de ramos, o raleio químico e colheita, pois a uniformidade de

brotação leva à uniformidade de floração e maturação (EREZ, 2000).

A dormência de gemas em plantas perenes é um estádio fisiológico que

permite que a planta sobreviva por longos períodos a condições ambientais

adversas e, também, inicie a brotação num momento favorável ao seu

desenvolvimento (VELAPPAN et al., 2014). Esse estádio é caracterizado pela

interrupção do crescimento, paralização da divisão celular, redução da

atividade metabólica e respiratória (FAUST et al., 1997). De acordo com Lang

(1987) apud Vergara e Pérez (2010), pode-se encontrar diferentes níveis de

dormência nos meristemas das plantas, definidos como: paradormência (PD),

endodormência (ED) e ecodormência (ECD). Durante o período de ED de

gemas, o crescimento cessa devido a sinais endógenos e o requerimento de

frio precisa ser satisfeito para o retorno do crescimento; durante a PD o

crescimento é regulado pelo aumento de reguladores vegetais originados fora

da gema (dominância apical, por exemplo) e durante a ECD devido às

condições ambientais. Compreender como é regulada a liberação da

endodormência de gemas, como os produtos de superação de dormência e

como o acúmulo de frio funcionam dará subsídios para o desenvolvimento de

novas estratégias e/ou produtos para a superação de dormência.

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Embora se acredite que algumas variedades (como a ‘Thompson Seedless’)

não necessitem de um período de baixas temperaturas para iniciar o

crescimento de gemas dormentes, a brotação geralmente inicia-se de maneira

mais rápida, com maior uniformidade e precocidade em videiras que passaram

por um período de clima frio (KLIEWER e SOLEIMANI, 1972 apud KELLER,

2010). Como consequência, em climas mais quentes e regiões tropicais e

subtropicais, a superação de dormência é irregular e pode durar por períodos

mais longos se comparados a outras regiões; por essas razões, compostos

como a cianamida hidrogenada são empregados para auxiliar na promoção da

superação de dormência e indução da brotação. As temperaturas mais altas de

inverno nessas áreas, tendem a elevar as taxas respiratórias que podem estar

associadas ao incremento do estresse oxidativo (peróxido de hidrogênio

liberado pela mitocôndria), que em situações extremas pode até mesmo levar à

necrose da gema (PÉREZ et al., 2007; BOENO, 2014).

Pang et al. (2007) relataram que aplicações de cianamida hidrogenada também

ocasionam o acúmulo de peróxido de hidrogênio pela inibição da enzima

antioxidante catalase, seguido do movimento subsequente de íons cálcio das

paredes celulares para o citoplasma, da mesma maneira que ocorreria se

houvesse o estímulo pelo frio, iniciando assim, os mecanismos celulares que

culminam com a liberação da dormência das gemas.

A brotação se inicia nas gemas da porção final ou apical do ramo, seguindo até

a base. Essa dominância apical ou inibição correlativa acaba por interferir ou

inibir a brotação das gemas basais. A inibição basal é especialmente

predominante em regiões de clima quente e varia conforme a cultivar. A

superação de dormência é seguida por um período de brotação, cujo

crescimento é muito rápido, em que uma nova folha surge praticamente a cada

dia. Durante esse período, o crescimento de raízes e brotos jovens é

totalmente dependente de nutrientes de reserva (principalmente, carboidratos,

proteínas ou aminoácidos) armazenados nos ramos, até que chegue o

momento em que as folhas novas sejam fotossinteticamente ativas, produzindo

e exportando carboidratos (KELLER, 2010).

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Cianamida hidrogenada

A cianamida hidrogenada (H2CN2) corresponde a umas das fases de

decomposição no solo do fertilizante cianamida cálcica. Seu uso agrícola

iniciou-se em 1972, na Alemanha, como regulador de crescimento e, mais

tarde, como herbicida em diversos países europeus. No entanto, o ápice do

desenvolvimento desse produto foi a formulação estabilizada com fosfato,

usada então como regulador vegetal para indução da brotação em videiras e

outras fruteiras caducifólias (VALENZUELA; LOBATO, 2000). Desde então, a

cianamida hidrogenada passou a ser amplamente utilizada com a finalidade de

romper a dormência de plantas decíduas, levando à brotação mais precoce e

uniforme, contribuindo para o maior percentual de gemas brotadas (SHULMAN

et al., 1983; OR et al., 1999).

Em regiões cujo inverno apresenta altas temperaturas, a prolongada

endodormência é um grande obstáculo à produção comercial de fruteiras de

clima temperado, inclusive para videiras, que são amplamente distribuídas em

regiões tropicais e subtropicais (SHULMAN et al., 1983). Por essa razão, a

superação da dormência nessas regiões deve ser controlada através do uso de

compostos artificiais, de maneira a compensar a falta de frio, tornando-se,

então, indispensável para a manutenção da produção economicamente viável

de videira sob essas condições (EREZ, 1987 apud PANG et al., 2007).

No Brasil a cianamida hidrogenada pode ser encontrada sob o nome comercial

Dormex®, uma formulação estabilizada que contém 49% do princípio ativo. A

mesma deve ser aplicada em até 48 horas após a poda, sendo que as

concentrações podem variar em função da época, modo de aplicação, cultivar,

vigor da planta e condições climáticas. É um produto de ação localizada, cuja

aplicação deve ser feita de modo a atingir o maior número de gemas possíveis

para que os estímulos de brotação sejam ampliados (PETRI et al., 1996).

O mecanismo de ação envolvendo a cianamida ainda não foi completamente

elucidado (SHULMAN et al., 1983; PINTO et al., 2002; PEREZ et al., 2007;

WALTON et al., 2009 apud VELAPPAN, 2014). Porém, estudos mais recentes

têm mostrado que logo após a aplicação de cianamida hidrogenada ocorre

inibição da cadeia de transporte de elétrons na mitocôndria, resultando em

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estresse oxidativo e respiratório, desencadeando a síntese de elementos

reativos de oxigênio (como o H2O2), além de desrregular o Ciclo de Krebs e

reduzir a produção de ATP, induzindo a respiração anaeróbica.

Simultaneamente, o sistema de defesa antioxidante e suas vias mais

relevantes são acionados, para neutralizar o aumento de elementos reativos de

oxigênio (PÉREZ et al., 2007; VERGARA et al., 2012). Com todos esses

processos sendo reprogramados sob condições de hipóxia (baixa concentração

de oxigênio) ocorre a ativação do ciclo de divisão celular, liberando finalmente

à gema do estado de dormência e promovendo a retomada do crescimento

(SWEETLOVE et al., 2002 apud VELAPPAN, 2014; OPHIR et al., 2009 apud

VELAPPAN, 2014).

Na década de 60, o pesquisador Amberger publicou alguns trabalhos pioneiros

associando os efeitos fisiológicos da cianamida à forte inibição da catalase,

mas somente nas últimas décadas outros autores têm detalhado e esclarecido

os mecanismos e processos envolvidos no controle do repouso e da liberação

da dormência em plantas. Trabalhos realizados por Nir (1993) apud Amberger

(2013) afirmaram que gemas de videiras, tratadas com 0,25 M de cianamida,

causaram superação de dormência de 100% das gemas, redução da atividade

de catalase a 50% e aumentaram em 15% os níveis de H2O2 nos tecidos da

gema. Esses resultados confirmaram que a inibição da catalase pela cianamida

seria a reação chave, seguida pela abundância de H2O2 causando a oxidação

do NADH para NAD+ que é a coenzima essencial para a inicialização da

oxidação da pentose fosfato da glicose, que por sua vez é fundamental para a

fixação de frutos e o crescimento de tecidos jovens, ou seja, indução da

liberação da dormência (AMBERGER, 2013).

Embora seja o único composto conhecido com elevada eficiência na liberação

da dormência de gemas, fruticultores de uma maneira geral têm buscado

alternativas à cianamida hidrogenada, pois além de ser um produto com

capacidade de induzir o estresse respiratório que desencadeará a cascata

bioquímica que leva à brotação das gemas, ele também é responsável por

apresentar elevados riscos de toxicidade ao aplicador e ao meio ambiente. No

Brasil, o produto é classificado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e do

Abastecimento como produto altamente tóxico (Classe toxicológica I)

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(AGROFIT/MAPA, 2015). Por essas razões, alguns mercados consumidores de

frutas têm comunicado futuras restrições ao uso deste produto, passíveis

inclusive de banimento, como o ocorrido anteriormente na Itália, após o registro

de sucessivos casos de intoxicação pela aplicação de cianamida hidrogenada

em cultivos agrícolas (CDC, 2005). Desta forma, tanto a indústria química,

quanto os fruticultores, vem buscando produtos alternativos à cianamida

hidrogenada.

Estresse oxidativo e sistemas antioxidantes

De acordo com Sharma et al. (2012) elementos reativos de oxigênio (ERO’s)

são um grupo de radicais livres, moléculas reativas e íons derivados de O2. A

produção de elementos reativos de oxigênio (ERO’s) é conhecida por ser uma

consequência comum à exposição de plantas a estresses bióticos e abióticos,

podendo ter papéis deletérios e benéficos dependentes de sua concentração

nas plantas.

A sucessiva redução de oxigênio molecular à H2O produz diferentes tipos de

ERO's (dentre eles o H2O2), que são potencialmente tóxicos, podendo causar a

oxidação de proteínas e membranas lipídicas ou causar danos ao DNA. Como

consequência, tecidos submetidos ao estresse oxidativo, geralmente, contém

elevadas concentrações de proteínas carboniladas e malondialdeído,

apresentando também o aumento na produção de etileno (SCHÜTZENDÜBEL

e POLLE, 2002).

Embora os elementos reativos de oxigênio sejam capazes de induzir sérios

danos celulares, eles também têm papel fundamental no sistema de defesa das

plantas (sistema antioxidante), assumindo função sinalizadora, onde mudanças

na produção/concentração de ERO’s podem funcionar como sinais de

transcrição de genes que favorecem a aclimatação de plantas aos estresses

abióticos. Entre os ERO's, acredita-se que o H2O2 cause as maiores mudanças

nos níveis de expressão de genes em plantas. Esse sistema de defesa é

composto por metabólitos como o ascorbato, glutationa, tocoferol, etc, e

enzimas antioxidantes como superóxido dismutase, peroxidases e catalases

(SCHÜTZENDÜBEL e POLLE, 2002; JAJIC et al., 2015).

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Cobre e indução de estresse e/ou desafio oxidativo

O cobre é um metal essencial para o desenvolvimento das plantas,

participando de numerosos processos fisiológicos, sendo um cofator

fundamental na composição de diversas proteínas (mais de 100 proteínas)

como a plastocianina, citrocromo oxidase, ascorbato oxidase, superóxido

dismutase, polifenoloxidase e lacase. Os íons cobre (Cu+ e Cu2+) participam

ativamente no transporte de elétrons na mitocôndria, lignificação, sinalização

hormonal, metabolismo da parede celular, nas respostas ao estresse oxidativo

(juntamente com o zinco) e síntese de cofatores de molibdênio (TAIZ e

ZEIGER, 2004; YRUELA, 2005; BURKHEAD et al., 2009 apud KELLER, 2010;

BROADLEY et al., 2012).

Embora o cobre seja um metal essencial, quando em excesso pode ser um

elemento tóxico, causando desordens no crescimento e desenvolvimento,

afetando importantes processos fisiológicos das plantas. Em altas

concentrações, o cobre pode resultar em danos a nível celular como: inibição

de atividades enzimáticas, indução à deficiência de outros íons essenciais e

danos por estresse oxidativo (CUYPERS et al., 1999; YRUELA, 2005). Além

disso, em plantas o cobre também participa do receptor do hormônio etileno,

um importante sinalizador de desenvolvimento e também dos mecanismos de

indução de resistência (RODRIGUEZ et al., 1999; KEUNEN et al., 2016).

Mais recentemente, o termo estresse oxidativo tem sido substituído pelo termo

‘desafio oxidativo’, uma vez que as pesquisas realizadas na última década têm

apontado para um papel duplo dos ERO’s, demonstrando que eles atuam não

apenas em processos danosos a nível celular, mas também como compostos

sinalizadores. Atualmente, os ERO’s têm sido considerados como

componentes fundamentais na transdução de sinais em resposta a sinais de

desenvolvimento e condições ambientais em plantas (CUYPERS et al., 2016).

Trabalhos não publicados realizados por Daamen* (comunicação pessoal,

2014) em fruteiras de clima temperado na região Sul de Minas Gerais, têm

demonstrado resultados bastante promissores na liberação de dormência de

gemas com o uso do sulfato de cobre em substituição à cianamida

hidrogenada. Até o momento não é de conhecimento dos autores que algum

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trabalho tenha sido elaborado, usando sulfato de cobre como substituto à

cianamida hidrogenada, porém há vasta bibliografia indicando relação entre a

ocorrência do estresse oxidativo em resposta à presença de metais pesados,

em especial ao Cobre e ao Zinco (MAKSYMIEC, 1997; CUYPERS et al., 1999;

SCHÜTZENDÜBEL e POLLE, 2002; YRUELA, 2005; APPENROTH, 2010;

BROADLEY et al., 2012; VIEHWEGER, 2014), fornecendo assim possível

relação aos efeitos de indução de brotação, obtidos com o uso de cianamida

hidrogenada e aos testes realizados em Minas Gerais com o uso de Sulfato de

Cobre.

*Theodorus Antonius Johannes Daamen – Consultor em fruticultura de clima temperado, comunicação

pessoal ocorrida em agosto de 2014

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MATERIAL E MÉTODOS

O trabalho foi conduzido em parreiral comercial da empresa ARA Agrícola,

localizada no município de Petrolina-PE, mais precisamente nas coordenadas

9o15’53,89’’S de latitude e 40o36’21,89’’W de longitude e altitude de 420m. As

plantas testadas eram da variedade Crimson Seedlees enxertada sobre o

porta-enxerto SO4, plantados em setembro de 2012 em solo areno-argiloso

usando o sistema de condução de parreiral em “Y”, também conhecido como

Open-Gable, com espaçamento 3,40m x 1,50m, irrigado por gotejamento com

fileiras duplas. O experimento foi conduzido no período de janeiro a março de

2017.

O delineamento estatístico adotado foi blocos casualizados completos, com

quatro tratamentos em 6 repetições, com cada parcela correspondendo a 4

plantas sendo 2 plantas úteis. Após realização de experimentos prévios,

chegou-se aos tratamentos selecionados e descritos na tabela 1.

Tabela 1: Descrição dos componentes dos tratamentos de indução de brotação, realizados em videira cv. ‘Crimson Seedless’ na região do Submédio Vale do São Francisco. Petrolina, 2017.

Tratamento Composição

T1 Testemunha – Água

T2

Cianamida

hidrogenada

3000mL.100L-1

Fertilizante foliar

100mL.100L-1

Glutamato

monossódico

15mL.100L-1

T3 2 aplicações com

2 dias de intervalo

Sulfato de cobre

3000g.100L-1

Fosfito de potássio

100mL.100L-1

T4 1 aplicação Sulfato de cobre

5000g.100L-1

Fosfito de potássio

100mL.100L-1

Todos os tratamentos foram aplicados com adjuvante siliconado na dose de 100mL.100L-1 e corante azul indicador de pulverização Hi-light® na dose de (700mL.100-1). Como fonte de cianamida hidrogenada, fertilizante foliar e glutamato monossódico foram utilizados os seguintes produtos comerciais: *Dormex® (cianamida hidrogenada); **Enervig® (fertilizante foliar com Cobre: 1,33%, Manganês: 1,33%, Ferro: 1,72%, Zinco: 2,65%); Ajipower® (resíduo fermentado de glutamato monossódico + amônia + ácido sulfúrico: nitrogênio: 4%, fósforo: 19% e carbono orgânico total: 8%).

A aplicação dos tratamentos de brotação foi realizada no dia 10 de março, 2

dias após a poda e torção dos ramos. Utilizou-se um pulverizador tratorizado

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adaptado (popularmente chamado de método “chuveirinho”), onde a calda é

bombeada e abundantemente aplicada nos ramos através de varas metálicas

perfuradas, formando jatos contínuos como num chuveiro. Ao mesmo tempo

em que esses jatos molham os ramos, a calda resultante do escorrimento é

recolhida por uma bandeja abaixo dos ramos e reenviada ao tanque do

aplicador. Com esse sistema ocorre evidente melhora na cobertura da

aplicação, redução da vazão por hectare (300L.ha-1), redução de mão-de-obra

e de custos (figuras 2 e 3).

Figura 2: Aplicação dos tratamentos de indução de brotação com método do “chuveirinho”.

Figura 3: Detalhe da cobertura de aplicação com o uso do método do “chuveirinho”.

Aos 14 dias após a aplicação dos tratamentos foram coletadas amostras de

brotos, para a realização das análises bioquímicas (vide item análises

bioquímicas para maiores detalhes). Foram coletados 8 brotos originários da 5a

gema os ramos de poda, sendo esse material ensacado, envolto em papel

alumínio, identificado e mantido em isopor com gelo para posterior

congelamento em nitrogênio líquido e envio ao laboratório. Todo material

coletado no campo foi enviado posteriormente para realização das análises no

laboratório da Arabidopsis Consultoria e Serviços Ltda., localizado em

Juazeiro-BA.

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Avaliação dos parâmetros

No dia seguinte, à aplicação dos tratamentos, efetuou-se a marcação de 24

ramos nas plantas da área útil, e esses ramos foram usados para avaliar o

percentual de brotação. Aos 10 e 14 dias após aplicação dos tratamentos

contou-se o número total de gemas dos ramos marcados e a quantidade de

gemas brotadas em cada um desses ramos. Considerou-se gema brotada a

partir da visualização das primeiras “pontas verdes” (figura 4), estádio 4 do

Sistema Eichhorn e Lorenz (1977) de identificação dos estádios de

desenvolvimento da videira (modificado por Coombe, 1995), extraído de

KELLER (2010).

Também foi realizada aos 10 dias após o tratamento a contagem de brotos de

base (braços primários, com muita casca, que compõem a estrutura da videira);

nesse caso efetuou-se apenas a contagem de brotos em saídas e base das

plantas da área útil (figura 5).

Figura 4: Ramo com diferentes estádios de brotação. Figura 5: Brotação de base.

Após a segunda avaliação de brotação (prévia à realização da desbrota), todos

os tratos culturais foram realizados de acordo com os procedimentos internos

da fazenda. Aos 103 dias após a poda realizou-se a contagem de cachos em

cada parcela, para determinação da produtividade esperada. Para tanto,

contou-se o número de cachos na área útil do experimento e como o ciclo da

mesma ainda não havia sido concluído, estimou-se a produtividade com base

nos dados coletados pela equipe de apontamentos estatísticos da propriedade.

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Os dados utilizados foram: quantidade média de bagas por cacho (80

bagas/cacho – safra 2017, 1o semestre) e massa média de bagas/cacho

(4,5g/baga – safra 2016.2), ambos valores eram procedentes da mesma área

em que o experimento estava situado, a área com identificação U1 da Fazenda

ARA Agrícola.

Análises laboratoriais

Coleta das amostras

Após 14 dias da data da poda de produção (com os sarmentos de

aproximadamente 9 gemas de comprimento) a coleta de brotos foi realizada

para determinação da atividade das enzimas antioxidantes, catalase e

peroxidase, e peroxidação de lipídios. Brotos foram coletados por volta das

8:00 horas e colocadas em sacos plásticos, embrulhadas em papel alumínio

para, em seguida, serem congelados em nitrogênio líquido, a fim de paralisar

todas as reações metabólicas imediatamente. Essas amostras foram

armazenadas em freezer a -20°C até o momento das análises.

Peroxidação de lipídios

A peroxidação de lipídios (TBAR) foi determinada de acordo com técnica

descrita por Heath & Packer (1968) apud Rama Devi & Prasad (1998). Foram

utilizadas 200 a 400 mg de folhas frescas congeladas, as quais foram

colocadas em almofariz e trituradas em nitrogênio líquido. Em seguida,

homogeneizou-se o material vegetal em 5 mL de solução contendo ácido

tiobarbitúrico (TBA) a 0,25% e ácido tricloroacético (TCA) a 10%. A solução

extraída foi incubada em banho-maria a 90°C por 60 minutos. Após o

resfriamento, a solução foi centrifugada a 10000 x g por 15 minutos, à

temperatura ambiente (25°C). Em seguida, o sobrenadante coletado de cada

amostra foi submetido a leituras de absorbância em espectrofotômetro a 560 e

600 nm. Para o cálculo utilizou-se o coeficiente de extinção molar do

malondialdeído (155 mmol.L-1.cm-1). Os resultados foram expressos em nmol

de substâncias reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS). g-1 de matéria fresca.

Obtenção dos extratos enzimáticos da catalase e peroxidase

A massa unitária foi definida depois de congelar as amostras usando-se

balança de precisão marca Mettler PC 4400. Desse material foi retirada uma

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amostra de 300 mg de superfície lisa da folha e, em seguida, foi macerada e

homogeneizada com 10 mL de solução tampão fosfato de potássio 100 mM,

em pH 6,8, utilizando almofariz e pistilo. Após homogeneização, o material

vegetal foi centrifugado à temperatura de 4°C a 12000x g por 30 minutos. O

sobrenadante, denominado fração enzimática solúvel, foi coletado e

armazenado em tubo eppendorf e congelado a -20°C até o momento da

determinação enzimática, seguindo metodologia proposta por Kar & Mishra

(1976).

Atividade da enzima antioxidante Catalase

A determinação da atividade da catalase (CAT) foi realizada por medição em

espectrofotômetro no comprimento de onda de 240 nm pelo monitoramento da

variação da absorção de peróxido de hidrogênio, conforme Peixoto et al.

(1999). Para o teste, 50 μL de extrato bruto foram adicionados a 950 μL de

tampão fosfato de potássio 50 mM pH 7,0, suplementado com peróxido de

hidrogênio a uma concentração final de 12,5 mM. A variação da absorção (E)

foi calculada em um intervalo de 80 segundos, sendo a atividade da enzima

calculada utilizando-se coeficiente de extinção molar igual a 39,4 mM cm -1. A

atividade específica (μKat.μg. prot-1) da catalase levou em consideração a

concentração de proteína solúvel no teste.

Atividade da enzima antioxidante Peroxidase

A atividade da peroxidase (POD) foi determinada seguindo o método descrito

por Teisseire & Guy (2000), utilizando-se espectrofotômetro UV-VIS (Hitachi U-

200) no comprimento de onda de 430 nm. O sistema de reação foi composto

de 30 mL de extrato enzimático diluído; tampão fosfato de potássio 50 mmol L-1

pH 6,5; pirogalol (1,2,3-benzenotriol) 20 mmol L-1

e peróxido de hidrogênio

(H2O2) 5 nmol L-1’. A reação foi conduzida à temperatura ambiente por 5

minutos. A atividade específica da peroxidase foi expressa em nmol de

purpurogalina.min-1.mg-1 de proteína.

Custos dos insumos

Para efeito de cálculo dos custos dos insumos de cada tratamento utilizou-se

os valores em Reais (R$) da compra mais recente de cada insumo utilizado na

safra corrente pela fazenda no período do experimento (safra 2017, 1o

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semestre). Esses valores foram multiplicados pelas doses/hectare utilizadas e

número de aplicações realizadas em cada tratamento, sendo expressos em

Reais por hectare (R$/ha).

Todos os dados obtidos foram submetidos à análise de variância, teste de

normalidade dos dados e análise de médias através do teste Tukey ao nível de

5% de probabilidade. O programa estatístico ASSISTAT® foi utilizado para a

realização de tais análises. Neste experimento todos os parâmetros analisados

passaram pelos testes de homocedasticidade, apresentando distribuição

normal seja pelo método de Shapiro-Wilk ou pelo de Kolmogorov-Smirnov

(SILVA e AZEVEDO, 2016).

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados de brotação de base, percentuais de brotação aos 10 e 14 dias

após aplicação dos tratamentos e valores de peroxidação lipídica, atividade das

enzimas catalase e peroxidase obtidos no experimento podem ser observados

nas Tabelas 2 e 3.

Tabela 2: Médias referentes aos percentuais de brotação de base, brotação aos 10 e 14 dias após aplicação de tratamentos de indução de brotação (DAT) , realizados em videira cv. Crimson Seedless na região do Submédio Vale do São Francisco. Petrolina, 2017.

Tratamento Brotação de base 10 DAT (n

o. de brotos)

Brotação 10 DAT (%)

Brotação 14 DAT (%)

Testemunha (T1) 3,00 c 32,50 c 43,33 c

Dormex® (T2) 4,50 bc 71,67 a 77,67 a

Sulf. de cobre 3% x2 (T3) 7,33 ab 50,17 b 65,17 b

Sulf. de cobre 5% (T4) 9,33 a 37,33 bc 49,00 c

F 10,7319** 30,7922** 24,4987**

CV (%) 35,10 16,12 12,19

DMS 3,53 12,87 11,94

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < 0,05) e ns não significativo (p >=0,05).

Os tratamentos à base de sulfato de cobre e fosfito de potássio induziram

maior brotação significativa em gemas de base dos ramos. Essas gemas de

base encontram-se sobre as cepas e ramos grossos e ficam escondidas pela

casca. São gemas adventícias ou latentes que se originam devido à feridas e

cicatrizes, sendo normalmente infrutíferas e muito úteis à renovação do

parreiral (POMMER, 2003). O tratamento com sulfato de cobre a 5%

apresentou brotação de base três vezes superior à testemunha e duas vezes

superior ao padrão (cianamida hidrogenada).

Os resultados obtidos no experimento para este parâmetro apontam não

somente para a eficiência do sulfato de cobre na indução de brotação de base,

como também para a confirmação de que esse produto é capaz de produzir

estímulos à brotação de gemas que é considerada muito difícil de ocorrer. Para

este tipo de material, a dose de 5% mostrou-se mais eficiente e apresenta-se

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como interessante alternativa para formação mais homogênea em parreirais

jovens e para a renovação de parreirais mais velhos.

No que diz respeito à indução de brotação após a poda de produção, o

tratamento com cianamida hidrogenada a 3% foi mais efetivo, antecipando a

brotação (71,67%) aos 10 dias após tratamento, enquanto que sulfato de cobre

a 3% em duas aplicações apresentou 50,17% de brotação no mesmo período.

Maior brotação e precocidade proporcionam maior uniformidade no

desenvolvimento dos ramos, consequentemente melhor distribuição e

execução das atividades de manejo cultural no decorrer do ciclo de produção,

resultando finalmente numa colheita mais uniforme e em menores custos de

produção (KELLER, 2010).

No momento da segunda avaliação de brotação, aos 14 dias após aplicação

dos tratamentos (um dia antes da realização da desbrota), observou-se que o

tratamento à base de cianamida hidrogenada (T2) foi o que apresentou melhor

brotação (77,67%), porém o tratamento com sulfato de cobre a 3% em duas

aplicações (T3) ficou em segundo lugar com brotação de 65,17%. O tratamento

com sulfato de cobre a 5% apresentou resultado estatisticamente similar à

testemunha, com 49 e 43,33% respectivamente. Com base nestes resultados

pode-se concluir que o T2 permitiu a expressão de sua capacidade de indução

de brotação quase que em sua totalidade as 10 DAT, demonstrando maior

precocidade e uniformidade de brotação do que o tratamento com sulfato de

cobre em duas aplicações de 3%. Este tratamento, no entanto, apresentou bom

resultado, sendo significativamente superior à testemunha e pouco abaixo dos

resultados do Dormex, mostrando seu potencial.

É interessante observar que em relação à testemunha, a cianamida

hidrogenada incrementou a brotação em 79% e o sulfato de cobre a 3%

aumentou em 50% a brotação. Isso demonstra claramente o quão necessário é

o uso de substâncias que auxiliem no estímulo à brotação em videiras no VSF.

A brotação observada tanto nas parcelas da testemunha (T1) como nas

parcelas tratadas com sulfato de cobre a 5% (T4), foram bem abaixo do que os

produtores da região almejam.

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De uma maneira geral, em variedades de mesa tradicionais (Itália, Red Globe,

Crimson, Thompson e Sugraone) se espera brotação mínima por volta de 60-

70%, uma vez que as mesmas tem fertilidade de gemas mais baixa,

dependendo de boa taxa de brotação para a expressão do potencial produtivo.

Na última década, os programas de melhoramento genético de uvas de mesa

têm focado em três pilares básicos no desenvolvimento de novas variedades,

que são: as características organolépticas, resistência às doenças e maior

fertilidade de gemas (RITSCHEL et al., 2010). Nestas variedades, graças à

maior fertilidade de gemas, brotações em torno de 50 e 60% são aceitáveis por

não interferir na produtividade final almejada pelos produtores.

Esses resultados de brotação de base e de ramos de produção fornecem

subsídios que confirmam o potencial da substância na indução de brotação em

videiras, sendo portanto, sugerida a continuidade das pesquisas, mais

especificamente no que diz respeito a doses, frequência de aplicação e efeitos

em diferentes variedades.

Com relação às análises bioquímicas realizadas com brotos coletados aos 14

DAT, pode-se observar na Tabela 2, que foram observadas diferenças

estatísticas significativas apenas para peroxidação lipídica.

Tabela 3: Médias referentes à peroxidação lipídica, atividade da enzima catalase e atividade da enzima peroxidase, realizados em brotos de videira cv. ‘Crimson Seedlees’ na região do Submédio do Vale do São Francisco aos 14 DAT. Petrolina, 2017

Tratamento Peroxidação lipídica

TBARS nmol. g-1

MF

Catalase μKat.μg. prot

-1

Peroxidase nmol.min

-1. mg prot

-1

Testemunha (T1) 133,75 ab 365,40 2,040

Dormex® (T2) 122,31 b 364,48 2,290

Sulf. de cobre 3% x2 (T3) 154,03 a 337,41 2,176

Sulf. de cobre 5% (T4) 151,63 a 295,55 2,176

F 8,9244** 0,5450 ns 1,1540 ns

CV (%) 8,81 31,93 11,96

DMS 20,61 181,21 0,427

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5% de probabilidade (.01 =< p < 0,05) e ns não significativo (p >=0,05).

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No presente estudo, observou-se que os tratamentos à base de sulfato de

cobre (T3 e T4) apresentaram valores de peroxidação de lipídios superior ao

T2, indicando que sulfato de cobre aumenta a produção de ERO’s que por sua

vez, causam danos à membrana celular e induzem à ativação do sistema de

defesa antioxidante, em videiras cultivadas nas condições do presente estudo.

Este resultado está de acordo com as observações feitas por Cuypers et al.

(2016) em sua revisão sobre os papéis desempenhados pelo peróxido de

hidrogênio durante a fitotoxicidade induzida por metais que, de uma maneira

geral, a peroxidação de lipídios leva ao aumento da permeabilidade da

membrana celular, causando danos aos receptores, enzimas e canais iônicos.

Diversos estudos comprovaram que em plantas expostas a diversos íons

metálicos, incluindo o Cobre, pode-se observar a peroxidação de lipídios,

concomitantemente ao aumento dos níveis de ERO’s (CUYPERS et al., 2016).

Deve-se lembrar também que metais de transição como Cu e Fe, são capazes

de acelerar a peroxidação de lipídios através da participação direta nas

reações de Fenton e Haber-Weiss, contribuindo na formação de radicais •OH

que alimentam a reação em cadeia; estas reações ocorrem no cloroplasto e

outras organelas em condições de estresse oxidativo (CARVALHO, 2009;

SHARMA et al., 2012; PETROV et al., 2015).

Observou-se também que, embora o tratamento com sulfato de cobre a 3%

(T4) tenha demonstrado altos níveis de peroxidação lipídica, o mesmo não

apresentou brotações tão elevadas quanto T2 e T3 evidenciando, portanto, a

importância de se considerar os fatores como a concentração do metal,

duração da exposição, sistema de cultivo e tecido-alvo como mencionado no

trabalho de Cuypers et al. (2016). Estudos relatam que a elevada peroxidação

da membrana ocasionada por ERO’s, leva à mediação e sinalização das rota

de síntese de hormônios vegetais, mais especificamente de etileno e

jasmonatos (RODRIGUEZ-SERRANO et al., citado por PETROV et al., 2015).

Recentemente, alguns cientistas têm reportado o papel do etileno na

superação de dormência de sementes e sua germinação, numa complexa

dinâmica envolvendo ERO's, ácido abscísico e etileno (SINGH et al., 2016). Em

videiras, estudos apontam que o estresse respiratório (hipóxia), que envolve a

liberação de dormência de gemas e os respectivos efeitos perturbadores das

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funções mitocondriais, ocasionados por compostos como a cianamida

hidrogenada levam, assim como o observado em sementes, ao estresse

oxidativo, indução da glicólise, fermentação e incremento da produção de

etileno (VERGARA et al., 2012).

No que diz respeito à atividade das enzimas catalase e peroxidase, não se

observou diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos.

Porém, vale ressaltar que os níveis obtidos neste trabalho são

consideravelmente altos quando comparados a níveis obtidos em outros

estudos. Esses valores mostram um indicativo de que o parreiral se encontra

sob condição de estresse, provavelmente decorrente do manejo de irrigação,

poda e torção de ramos, comumente realizados nas condições de cultivo do

VSF pouco antes da aplicação dos tratamentos de indução de brotação.

Durante o estresse oxidativo, as plantas produzem concentrações tão elevadas

de ERO’s que chegam a ‘sobrecarregar’ temporariamente o sistema de defesa

antioxidante (VANACKER et al., 1998). De acordo com Fones & Preston (2012)

uma rápida resposta da planta aos estresses bióticos e abióticos é fundamental

para a mitigação dos danos celulares causados pelo súbito aumento de ERO’s

e para isso é muito importante que o sistema de defesa antioxidante esteja

funcional.

Sharma et al. (2012) relataram que diversos estudos apontaram a elevação da

atividade de enzimas do complexo de defesa antioxidante sob condições de

estresse biótico e abiótico (práticas de manejo, exposição à seca, salinidade,

frio, toxicidade por metais, radiação UV-B e patógenos), sendo observadas

elevações nas atividades de enzimas antioxidantes como guaiacol peroxidase,

superóxido dismutase, peroxidase, catalase entre outras.

Trabalho apresentado por Cuypers et al. (2016) relatou que, muito embora a

exposição de plantas a elevados níveis de cobre tenha induzido a produção de

H2O2, nem sempre a atividade e expressão de genes relacionados à catalase

ocorre, mostrando que há diversos fatores agindo nesta dinâmica, como

concentração e estado do metal e parte vegetativa estudada. A mesma autora

relata também que a enzima ascorbato-peroxidase é uma das mais ativamente

ligadas ao sistema de defesa oxidativo de plantas expostas à metais, indicando

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que estudos futuros relacionados ao uso do sulfato de cobre na indução de

brotação, devem considerar as análises desta enzima para uma avaliação mais

adequada.

Devido aos promissores resultados de brotação apresentados no experimento,

realizou-se análise das produtividades esperadas baseadas na contagem de

cachos das parcelas e de dados históricos da propriedade (bagas por cacho e

massa média das bagas). Além disso, fez-se análise descritiva dos custos

comparativos de cada tratamento de indução de brotação, apresentados na

Tabela 4.

Tabela 4: Médias referentes à quantidade de cachos por planta (103 DAP) e produtividade esperada, realizados em função dos diferentes tratamentos e os respectivos custos dos insumos utilizados na indução de brotação em videira cv. Crimson Seedlees na região do Vale do Submédio São Francisco. Petrolina, 2017.

Tratamento Cachos/planta

Produtividade esperada

(t/ha)

Custo/ha (R$)

Testemunha (T1) 33,83 c 23,87 b -

Dormex® (T2) 45,88 a 32,37 a 873,04

Sulf. de cobre 3% x2 (T3) 41,29 ab 29,14 a 376,80

Sulf. de cobre 5% (T4) 34,46 bc 23,26 b 238,80

F 10,3781** 13,2410** -

CV (%) 11,29 10,82 -

DMS 7,31 4,89 -

Médias seguidas pela mesma letra nas colunas não diferem estatisticamente entre si, pelo teste Tukey ao nível de 5% de probabilidade. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade (p < 0,01); * significativo ao nível de 5% de probabilidade (0.01 =< p < 0,05) e ns não significativo (p >=0,05).

Os resultados obtidos indicam que apesar do tratamento T2 com cianamida

hidrogenada ter sido significativamente superior aos demais em relação aos

percentuais de brotação, ao final do ciclo de produção o mesmo apresentou

resultados estatisticamente similares ao tratamento com sulfato de cobre a 3%

(T3) tanto na quantidade de cachos por planta como na produtividade estimada

ao final do ciclo, porém este (T3) com custo de insumos 56% inferior.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados apresentados demonstram claramente o potencial do uso do

sulfato de cobre na indução de brotação em videira como uma alternativa ao

tratamento utilizado amplamente na região para a promoção da brotação sob

condições tropicais de cultivo; no entanto, recomenda-se o aprofundamento

dos estudos no que diz respeito à definição de dosagens, intervalo e número

de aplicações e composição de misturas.

Com relação às análises bioquímicas sugere-se a inclusão de análises da

atividade da enzima superóxido dismutase, uma vez que a mesma interage

fortemente aos íons Cu e Fe. Além disso, indica-se também a realização de

análises de atividade enzimática nas gemas com intervalos de 2 a 3 dias da

data de aplicação dos tratamentos até o 14o DAT, para que se possa conhecer

detalhadamente o perfil de resposta da planta ao estresse oxidativo, promovido

pela aplicação do sulfato de cobre.

Também é importante que pesquisas adicionais em outros períodos e

variedades sejam realizadas para que sejam avaliados os efeitos do sulfato de

cobre em condições diferentes às realizadas neste estudo.

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CONCLUSÕES

A cianamida hidrogenada é a substância mais eficiente para a indução da

brotação de videiras nas condições de cultivo do VSF.

O sulfato de cobre em duas aplicações de 3% com dois dias de intervalo,

apresentou-se como eficiente indutor de brotação, servindo como alternativa

com resultados finais similares ao Dormex®, porém com custo de insumos

inferior e maior segurança ao aplicador e meio ambiente.

O sulfato de cobre a 5% induz maior brotação em gemas latentes da base das

plantas, sendo uma alternativa para a formação e recuperação de parreirais

com número insuficiente de “saídas”.

O sulfato de cobre eleva os níveis de peroxidação lipídica em brotos de videira

nas condições do presente estudo, indicando a produção de elementos reativos

de oxigênio.

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