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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS PRISCYLLA JÔSE NASCIMENTO LIMA A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO, PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS. JOÃO PESSOA 2019

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE … · A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO, PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS. Artigo científico apresentado

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Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE … · A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO, PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS. Artigo científico apresentado

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

CENTRO DE COMUNICAÇÃO, TURISMO E ARTES

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES PÚBLICAS

PRISCYLLA JÔSE NASCIMENTO LIMA

A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO,

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS.

JOÃO PESSOA

2019

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PRISCYLLA JÔSE NASCIMENTO LIMA

A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO,

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS.

Artigo científico apresentado ao Centro de

Comunicação, Turismo e Artes, da

Universidade Federal da Paraíba, como

requisito parcial para a obtenção do título de

Bacharel(a) em Relações Públicas

Orientador: Prof. André Luiz Dias de França

JOÃO PESSOA

2019

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Inserir os Dados Internacionais de Catalogação na Publicação – Ficha Catalográfica

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PRISCYLLA JÔSE NASCIMENTO LIMA

A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO,

PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS.

Artigo científico apresentado ao Centro de Comunicação, Turismo e Artes, da Universidade

Federal da Paraíba, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel(a) em

Relações Públicas.

RESULTADO: Aprovada NOTA: 9,5

João Pessoa, 25 de setembro de 2019.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Dr. André Luiz (orientador)

UFPB

__________________________________________

Me. Andréa Karine (examinador)

UFPB

__________________________________________

Prof. Carol Colpo (examinador)

UFPB

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Dedico esse artigo à Valdemira Rodrigues, minha mãe, por ser minha amiga, professora,

incentivadora e a pessoa mais justa que eu admiro. Ao meu orientador André, por ser um

excelente professor e amigo, possuindo paciência e determinação formidáveis e a Patrícia

Fonseca pela amizade e pelo caminho compartilhado durante o curso em sua conclusão.

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE … · A ATUAÇÃO DOS RELAÇÕES PÚBLICAS NA ASSESSORIA, CONCEPÇÃO, PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE EVENTOS. Artigo científico apresentado

AGRADECIMENTOS

Agradeço a todos meus amigos e familiares que acreditaram na minha devoção ao curso de

Relações Públicas durante todo período de graduação.

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RESUMO

O presente artigo demonstra como o profissional de Relações Públicas pode diante dos

conhecimentos adquiridos na graduação, assessorar um palestrante e conduzir o planejamento,

concepção e execução de eventos organizacionais, que vem ganhando espaço nas corporações

pelo país. Com base nas exposições de diversos autores, realizou- se uma análise com o

intuito de asseverar como as Relações Públicas e as técnicas comunicacionais são manuseadas

em busca do reconhecimento na atividade de eventos para empresas, servindo de norte a

futuros profissionais de comunicação. Nessa certificação, utilizou-se a pesquisa qualitativa. E

através de entrevistas com Relações Públicas palestrantes que atuam na atividade, foram

coletadas informações sobre o processo profissional, sobre a utilização das palestras como

ferramenta de comunicação, comunicação empresarial, como estão os eventos coorporativos

atualmente e como ocorre a aplicação dos saberes e técnicas de Relações Públicas nos

processos. Constatando o aproveitamento dos conhecimentos em todo processo envolto aos

eventos coorporativos, nas construções das palestras como também das assessorias

especializadas, revelou-se a falta de afeição dos profissionais pelo ramo de eventos

corporativos e a necessidade da constatação de uma escassez do Relações Públicas nesse

mercado.

Palavras-chave: Relações Públicas. Comunicação empresarial. Eventos

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ABSTRACT

This article demonstrates how the Public Relations professional can face the knowledge

acquired at undergraduate, advise a speaker and conduct the planning, design and execution of

organizational events, which has been gaining space in corporations across the country. Based

on the expositions of several authors, an analysis was carried out in order to assert how Public

Relations and communication techniques are handled in search of recognition in the activity

of events for companies, serving as a guide for future communication professionals. In this

certification, the qualitative research was used. And through interviews with Public Relations

speakers who work in the activity, information was collected about the professional process,

about the use of lectures as a communication tool, business communication, how are the

corporate events currently and how the application of knowledge and techniques. Public

Relations in the processes. Noting the use of knowledge in the entire process involved in

corporate events, in the construction of lectures as well as specialized advisory, revealed the

lack of affection of professionals for the branch of corporate events and the need to find a

shortage of Public Relations in this market.

Keywords: Public relations. Business communication. Events

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 9

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 11

2.1 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL..................................................................................11

2.2 MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL...................................................12

2.3 IMAGEM E REPUTAÇÃO................................................................................................13

2.4 EVENTOS COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO APROXIMATIVA............13

2.5 EVENTOS E MARKETING..............................................................................................14

2.6 PALESTRAS......................................................................................................................15

2.7 PERFIL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS...........................................16

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 19

4 ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................................ 22

4.1 PERFIS ............................................................................................................................... 22

4.2 EVENTOS COMO FERRAMENTA DE RELAÇÕES PÚBLICAS................................. 22

4.3 RELAÇÕES PÚBLICAS NA ORGANIZAÇÃO DE PALESTRAS ................................ 22

4.4 ASSESSORIA PARA PELESTRANTES .......................................................................... 22

4.5 O RELAÇÕES PÚBLICAS COMO PALESTRANTE ..................................................... 22

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 29

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 31

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1 INTRODUÇÃO

Nesse artigo, discutimos o ramo de eventos, priorizando as palestra da sua concepção

à sua execução, se investigou o perfil dos palestrantes refletindo as competências do

profissional de Relações Públicas para a função, analisando a relevância do assessoramento

para palestrantes e examinamos quais posturas adotadas pelos profissionais de Relações

Públicas que auxiliam na formação de palestras organizacionais. Começamos indagando o

tema e relembrando o objetivo geral dessa pesquisa nessa introdução. A fundamentação

teórica aborda os principais autores utilizados no estudo, destacando as habilidades do

profissional de comunicação que são debatidas em várias perspectivas, além de serem

continuamente abordadas ao longo da vida acadêmica do estudante de comunicação.

Evidenciamos em que contexto ocorre a necessidade dos eventos corporativos, a comunicação

estratégica e definiremos a comunicação organizacional e suas propriedades essenciais.

Elucidamos o que é evento e como ele, através das palestras, atuando em razão de aproximar

o público e a importância da imagem e da reputação. Em seguida, descrevemos o perfil do

palestrante e do Relações Públicas e as etapas envolvidas no planejamento e na execução das

palestras.

Além dos citados anteriormente, no artigo, ainda foram detalhados os aspectos

metodológicos. A investigação foi realizada através de uma pesquisa aplicada, com

abordagem qualitativa e objetivo exploratório. Utilizamos a pesquisa bibliográfica e a

obtenção de dados que se deu através de duas entrevistas com duas profissionais de Relações

Públicas que atuam como palestrante. A análise dos resultados se sucedeu a partir da análise

de conteúdo, que se constitui num método específico usado para esclarecer a estruturação

esquemática que o acompanha. Ao seguir seu passo a passo, torna-se mais fácil e menos

ambíguo a compreensão textual, “devido à possível redução do material anteriormente

delineado. As muitas regras formuladas destacam essa impressão de uma maior clareza e

ausência de ambiguidade” (FLICK, 2009, p. 294). Os problemas de pesquisa que se colocam

para este trabalho ensejam em responder a seguinte questão: como as Relações Públicas

podem atuar na assessoria, concepção, planejamento, execução de eventos, especificamente,

em palestras?

Nas considerações finais, detectamos como a área de Relações Públicas se beneficiará

dessa investigação e de como as organizações podem se valer desse ganho. Esse estudo

demonstra-se necessário porque carecemos obter conhecimento de como um profissional de

Relações Públicas pode se preparar para ingressar no mercado de palestras, em virtude do

mesmo possuir as competências necessárias para ingressar como emissor, tanto quanto para

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realizar o assessoramento do apresentador, visto que o próprio tem necessidade de criar uma

imagem e reputação diante da disputa de uma colocação privilegiada no mercado. Ao fim,

entenderemos como o profissional de Relações Públicas pode se encaixar no mercado de

palestras, que vem ganhando espaço nas comunicações como ferramenta de aproximação e

geração de conhecimento na área empresarial.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta seção, aprofundamos as teorias e os conceitos que estruturam essa pesquisa.

Inicialmente, compreendemos a comunicação e sua construção histórica, as mudanças na

comunicação empresarial e a importância da imagem e da reputação na construção da

identidade coorporativa. Em seguida, realizamos um aprofundamento no quesito eventos e de

que modo eles funcionam como ferramenta aproximativa dos públicos utilizando as palestras

como instrumento de comunicação, a fim de entendê-los como estratégia de marketing.

Busca-se também delimitar o perfil do profissional de Relações Públicas e suas competências

com o propósito de relacionar o profissional nas etapas que são delineadas nesse estudo.

2.1 COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

Desde os primórdios, a comunicação tem o papel de conectar as pessoas. Essa troca de

mensagem se dá porque o ser humano é um eminente social, ou seja, não consegue viver

isolado, sendo fator da comunicação e do fenômeno social. De acordo com o contexto das

análises teóricas, “a comunicação é um fenômeno social, por que se dá através da linguagem e

implica no número maior de elemento do que uma só pessoa” (HOHLFELDT, 2011 p.62).

Em busca de atingir vários receptores, surge a comunicação de massas, que, segundo

Hohlfeldt (2011), é a forma de conectar uma pessoa ao grupo, ou vice-versa, utilizando os

meios de comunicação em massa, ou media, que, dicionarizado como mídia, corresponde à

imprensa (jornais, e-mail e livros), aos meios eletrônicos (rádio e televisão) e a outras

tecnologias (internet). A comunicação vem acompanhando as evoluções sociais durante toda a

história e foi a partir da Segunda Guerra que se solidificou a importância da organização

comunicacional.

Em 1920, os norte-americanos perderam a confiança no mundo empresarial por conta

da má distribuição de renda ocorrida após a Primeira Guerra, que com o avanço de grandes

indústrias gerou más condições de emprego, o que não correspondia aos grandes lucros da

época. Para encobrir esse feito, quase foram aniquilados os meios de comunicação

empresarial. As disparidades entre as classes geraram condições econômicas instáveis, mas,

ao mesmo tempo, o mercado de ações atingia números sem precedentes (ARGENTI, 2014).

Após as confirmações de fraude, as empresas passaram décadas tentando se reerguer. Em

1973, as aprovações dos norte-americanos ao mercado empresarial chegavam a 15%, sendo o

pior índice da história das empresas americanas (ARGENTI, 2014). O impacto na

credibilidade comunicacional foi tão grande que, em 1980, o mercado ainda tentava

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reestabelecer a confiança dos EUA nas empresas, o que impulsionou a necessidade da

comunicação e transparência em relações aos lucros e aos interesses públicos das mesmas.

Esses movimentos da história do mundo coorporativo começaram a exigir da

comunicação empresarial comprometimento de todas as camadas da organização, do

assistente administrativo ao CEO 1 . Grande parte dos estudos associados à comunicação

empresarial contém influência do filósofo Aristóteles. Podemos encontrar no livro Arte

retórica (2015)2 a definição dos três componentes básicos de discurso que toda empresa deve

tentar adotar, e que são adaptados até hoje para atender às necessidades coorporativas, sendo

eles orador, assunto e ouvinte, ou seja, corporação ou pessoa, mensagem a ser enviada e grupo

a quem a mensagem será transmitida. Só após discursões sobre as mudanças ocorridas no

processo de informação que foram incluídas a essa estrutura elementos que levam à reflexão

sobre a finalidade da mensagem e a avaliação das circunstâncias sob as quais a mensagem

será transmitida.

2.2 MUDANÇAS NA COMUNICAÇÃO EMPRESARIAL

O mundo está sempre em mudança e no ambiente de negócios não é diferente. Na

virada do milênio, escândalos financeiros envolvendo o mundo empresarial, incluindo a

WorldCom3 e a Enron4, empresas de prestígio na época, desencadearam na elaboração da Lei

Sarbanes-Oxley 5 (2002), que “aumentou a expectativa do público por transparência,

capacidade de resposta e responsabilidade social para todas as empresas, grandes ou

pequenas” (ARGENTI, 2014 p. 61). Com isso, as organizações começaram a buscar por

adaptação inovando na sua forma de administração e comunicação. Hoje, qualquer instituição

que almeje fixar sua marca no cenário internacional necessita de uma comunicação

estratégica, pois o modo do comportamento de suas comunicações será determinante nos

negócios.

No relatório “The Authentic Enterprise”6, a Arthur W. Pag Society, uma associação de

diretores de comunicação de grandes corporações caracteriza as mudanças nas comunicações

corporativas em três grupos: (1) novos públicos, (2) novos canais e novos tipos de conteúdo, e

(3) novas mediações. As empresas tentam manter vínculos mais profundos e ter um

1 Sigla inglesa de Chief Executive Officer, em português Diretor Executivo, cargo mais alto na hierarquia operacional de uma

empresa. 2 Aristóteles [384-322 a.C ] (in Alexandre Júnior, 2005). 3 “WorldCom foi uma empresa de telecomunicações norte-americana” 4 “Enron foi uma companhia de energia americana” 5 “A Lei Sarbanes-Oxley visa garantir a criação de mecanismos de auditoria e segurança, garantindo a transparência na gestão

das empresas”. 6 “Pesquisa. “The Authentic Enterprise”, realizada pela Arthur W. Pag Society (2007)”.

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relacionamento mais interativo com os clientes, revisando e reestruturando suas estratégias de

comunicação, aderindo a novas formas de abordagem para atender aos novos desafios do

mercado moderno. Além de definir os objetivos para a comunicação, as organizações também

necessitam voltar suas atenções à reputação perante o público-alvo em questão. A reputação é

um fator crítico no desenvolvimento das estratégias de comunicação, sendo elas relacionadas

diretamente à imagem ou não. Argenti (2014) afirma que a credibilidade da imagem é mais a

percepção do público-alvo sobre a organização, do que da realidade da organização em si.

2.3 IMAGEM E REPUTAÇÃO

A imagem atua como fator determinante na construção de uma identidade de sucesso,

e para isso ela deve refletir com precisão a realidade organizacional. Argenti (2014) apresenta

a imagem com sendo:

A imagem é o reflexo da identidade de uma organização. Em outras palavras, é a

organização sob o ponto de vista de seus diferentes públicos. Dependendo do

público alvo, uma organização pode ter diversas imagens. Assim, compreender a

identidade e a imagem é conhecer profundamente o que a organização realmente é e

para onde ela pretende chegar (ARGENTI, 2014 p.81).

É fundamental a manutenção da boa imagem que é expressa ao público, e de suma

importância se ter uma assessoria de comunicação apropriada nesta construção. A assessoria

tem papel fundamental na gestão do relacionamento da organização ou pessoa com a mídia.

Para Almansa (2010, p. 14), “neste tipo de sociedade, é conveniente que qualquer organismo

ou entidade conte com uma assessoria de comunicação”, evidenciando que o gerenciamento

adequado da comunicação é determinante na sustentação e manutenção da imagem.

Desde os séculos XIX e XX, quando as funções passaram a existir, o Relações

Públicas e o assessor são assemelhados por atuarem na área de comunicação e intensificarem

o fluxo de informações. Com o passar do tempo, conseguimos distinguir suas competências e

habilidades. O assessor ganhou nas organizações um papel estratégico, voltado para a

imprensa, devendo criar oportunidades midiáticas, mas sem esquecer que seu papel principal

é representar o assessorado. Já o Relações Públicas aparece de modo mais abrangente,

estabelecendo canais de comunicação com diversos setores da sociedade, voltado para a

interação com os públicos, sendo a imprensa um público-alvo quando o assunto é

palestrantes. Podemos presumir que o Relações Públicas tem competência de agir no

assessoramento de um palestrante quando Hebe (1986) categoriza esse campo como

assessorias especializadas de Relações Públicas, pois desempenham determinado tipo de

serviço específico, podendo ser dedicado principalmente a eventos, desenvolvendo e

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executando projetos nas áreas institucionais para o público interno, como também no

marketing através de palestras, feiras e lançamentos. As assessorias de RP também podem

trabalhar com a imagem pessoal do cliente em busca do entrosamento com a mídia, com a

sociedade, na criação de imagem e até no comportamento e modo de se vestir.

2.4 EVENTO COMO FERRAMENTA DE COMUNICAÇÃO APROXIMATIVA

Os eventos podem ser organizados por empresas que buscam a interação com seus

públicos, podendo ser eles internos ou externos. Em sua maioria, os eventos são direcionados

ao público central tendo foco a capacitação e o alinhamento das atividades internas

específicas. “Tais eventos, cuja finalidade principal consiste em promover a integração dos

funcionários, às vezes, destes com parceiros e clientes ficam predominantemente e

circunscritos ao âmbito interno da empresa” (GIACAGLIA, 2003, p.4). A autora ainda classifica

os eventos internos em diferentes tipos: os fundamentalmente sociais; os esportivos; os

culturais; os religiosos; e outros, como cafés da manhã e coquetéis.

Eles são vistos como veículos de comunicação dirigida aproximativa, pois, segundo

Andrade (1994), concedem o estabelecimento das relações pessoais diretas entre a instituição

e um público ou parte dele, estreitando as relações com os públicos já identificados e

integrando os membros da organização ao meio social no qual eles atuam. Pode-se assim

dizer que os eventos ampliam os relacionamentos de convívio no ambiente social, geralmente

sendo com uma finalidade específica determinada pelo tema principal.

Os eventos como estratégia de marketing integram a nova mídia atuante formada pelos

processos de informação com o propósito de mobilizar a opinião pública e gerar polêmica,

criando fatos, envolvendo emoção e estreitando os relacionamentos. Segundo Silva (2005),

uma empresa pode utilizar o evento de diferentes formas, sujeitas a variáveis como: a

importância dos objetivos, o grau de retorno esperado e a disponibilidade de verbas. Esses

eventos precisam ser escolhidos de acordo com o segmento da empresa, por isso é necessária

a participação de profissionais de comunicação com capacidade de realizar um planejamento

que contemple os objetivos, conteúdo, forma, e uma rigorosa análise econômica que atraia o

retorno tangível.

2.5 EVENTOS E MARKETING

O Marketing sempre foi conhecido como o meio de persuadir e lembrar os

consumidores de produtos e marcas que comercializam, podendo ser reconhecido como

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representante da marca e meio pelo qual se estabelece um diálogo e relacionamento com os

consumidores. Segundo Kotler (1994, p. 30), podemos definir marketing como “um processo

social por meio do qual pessoas e grupos de pessoas obtêm aquilo de que necessitam e o que

desejam com a criação, oferta e livre negociação de produtos e serviços de valor com outros”.

Já Pinho (2001) define marketing como a técnica e a ciência que estudam os processos das

descobertas e interpretações das necessidades e desejos do consumidor. Esta estratégia se

modifica ao comportamento do cliente para que os convença não somente a usar o produto e

serviço, mas para criar uma fidelidade com a empresa / marca.

O Marketing que põe o consumidor no centro da dinâmica de consumo foi

considerado o “novo7” Marketing por Di Nallo (1999), responsável por configurar uma nova

forma de abordagem, os Meeting Points, que incentiva e avalia que o objetivo principal da

empresa deveria ser participar ativamente da construção das culturas de consumo, enfatizando

a participação e a interatividade. Segundo Kotler e Keller (2006), cada vez mais as empresas

tendem a se afastar do marketing de massa, priorizando o desenvolvimento de programas de

comunicação mais elaborados, com o objetivo de construir relacionamentos mais próximos

com os clientes. A partir desse momento, o Marketing não tem só interesse nos grupos ou nos

segmentos dos consumidores, nem em cada consumidor, mas também pelas construções

sociais das quais esses se incluem e cada produto oferecido pode fazer parte de um Meeting

Point, assumindo diferentes significados.

Ao explorar as ferramentas do “novo” Marketing, nota-se que os eventos vêm

ganhando foco como estratégias por conta do espaço privilegiado de interação entre as

pessoas e as marcas, possibilitando a comunicação com os consumidores num espaço

programado, com áreas dinâmicas, oferecendo vivência, interação e participação. Kotler e

Keller (2006, p. 569) explicam que “eventos e experiências são oportunidades para fazer parte

de momentos relevantes e mais pessoais na vida dos consumidores”. Ampliando os

relacionamentos, os eventos muitas vezes levam os nomes das marcas que os organizam ou

patrocinam, o que reforça ainda mais a imagem e reputação. Para isso, é necessário o

planejamento, pois nele será escolhido o tipo de evento que deve ser adequado às

características da empresa, tendo coerência com o posicionamento do produto e da empresa, e

conciliando com o perfil que se pretende atingir.

O segmento já está sendo considerado um notório catalisador econômico e de

desenvolvimento social. Para Melo Neto (2000), os eventos, há quase 20 anos, já eram

percebidos como uma forma de “alavancar” qualquer negócio profissional, e, acrescenta Silva

(2005), os eventos devem ser pensados como verdadeira vantagem competitiva, pois criam,

7 “Conhecido como Marketing Direto atua com eficiência na retenção e na fidelização do cliente. Pinho (2001)”

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recriam, inovam e reinventam, o que desempenha um grande estímulo para a economia, e se

apresenta como uma estratégia de comunicação usufruída pelo Marketing contemporâneo

permitindo a integração e, portanto, são considerados eficazes por profissionais da área.

2.6 PALESTRAS

Os eventos são divididos em categorias de acordo com sua finalidade. Para Giacaglia

(2003), através da tipologia dos eventos empresariais a palestra se classifica como evento

cultural e permite ser realizada como instrumento de comunicação interna. Seu objetivo é a

disseminação de determinada informação e atualização do público sobre um assunto. Deve-se

ter em torno de uma hora, no mínimo, sendo 40 para a apresentação e 20 para as perguntas ao

palestrante. O público alvo tem de ser determinado no processo de planejamento, e possui

como um dos fatores determinantes o tema escolhido. Para atingir o êxito na elaboração de

uma palestra, a Coordenação de Relações Públicas do Senado Federal, através do manual de

organização de eventos do Senado Federal, assegura que, no planejamento, deve-se ter

critérios nas escolhas das estratégias de comunicação, em especial a escolha das ferramentas

de divulgação, dos meios para interagir com os possíveis participantes e das linguagens

utilizadas para conduzir as mensagens (SENADO FEDERAL, 2013), o que demanda tempo

de pesquisa e análise.

Quando se buscam os procedimentos para realização de uma palestra na visão dos

palestrantes, descobre-se o método Shinyashiki, que possui cinco etapas: planejar, preparar,

treinar, executar e aprimorar. Segundo Roberto Shinyashiki, no livro Os segredos das

apresentações poderosas, “pessoas de sucesso sabem vender suas ideias, projetos e produtos

para qualquer plateia.” (SHINYASHIKI, 2012, p.59). No mesmo livro, o autor Shinyashiki

(2012) destaca que o perfil do palestrante é determinado por diversos requisitos: a) capacidade

de seleção para delimitar seus objetivos; b) saber influenciar as pessoas (ser convincente e

impactante); c) ser ético; d) ser capaz de despertar emoções, e) dominar os processos de

planejamento; e f) possuir assessoramento de imagem. Por isso, é imprescindível que o

profissional esteja realmente predisposto a assumir a função.

2.7 PERFIL DO PROFISSIONAL DE RELAÇÕES PÚBLICAS

No intuito de ter êxito no cumprimento de suas atividades, os profissionais devem

compreender os processos das Relações Públicas, em busca sempre de atingir a interação com

os públicos ligados à organização. É fundamental acompanhar a ação das Relações Públicas e

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adequá-las às circunstâncias resultantes do processo, sempre tendo em foco o público aos

quais se destinam, pois é um elemento condicionante (PENTEADO, 1984). É de

responsabilidade das Relações Públicas a atividade de formação de públicos junto às

empresas ou instituições, apontando as contradições, recolhendo todas as informações e

facilitando o debate e a procura da opinião coletiva visando sempre o interesse e o bem estar

social. (ANDRADE, 1994).

Com a finalidade de gerir com eficiência a comunicação organizacional, os Relações

Públicas devem compreender suas competências. Kunsch (2003) afirma que:

As Relações Públicas, enquanto atividade profissional e disciplina acadêmica têm

como objetos as organizações e seus públicos de interesse, instâncias distintas, mas

que se relacionam dialeticamente. A área trabalha administrando relacionamentos e,

muitas vezes, mediando conflitos, valendo-se para tanto de estratégias e de

programas de comunicação de acordo com diferentes situações (KUNSCH, 2003,

p.89-90).

Para uma atuação positiva nas estratégias comunicacionais das empresas, é preciso que

o profissional tenha a percepção do todo, desde o topo da organização até as bases, sendo

necessário o domínio das ferramentas de pesquisa, que permitirá o conhecimento dos públicos

da situação organizacional e dos serviços, além de conhecer as etapas de planejamento, onde

serão delimitadas as ações de acordo com as informações coletadas, e consecutivamente,

executar as ações e analisá-las através do Feedback do que foi realizado (KUNSCH, 2006).

Outra característica do profissional de Relações Públicas é ter uma boa interação com

a ética profissional, pois, basicamente, para qualquer profissão existente são traçados valores

a serem seguidos pelo profissional, estando entre eles o código de ética. Nas Relações

Públicas, esse código pode ser encontrado no site da CONFERP, sistema responsável pela

fiscalização do profissional de Relações Públicas. Neste documento, encontramos, na primeira

seção, capítulo um, os deveres fundamentais do profissional de Relações Públicas:

1) Esforçar-se para obter eficiência máxima em seus serviços, procurando sempre se

atualizar nos estudos da Comunicação Social e de outras áreas de conhecimento; 2)

Assumir responsabilidade somente por tarefas para as quais esteja capacitado,

reconhecendo suas limitações e renunciando a trabalho que possa ser por elas

prejudicado; 3) Colaborar com os cursos de formação de profissionais em Relações

Públicas, notadamente ao aconselhamento e orientação aos futuros profissionais.

(CONFERP, 2001)

Considerando o mercado de palestras organizacionais e suas necessidades

profissionais, perceberemos que ele experimenta um momento de crescimento, segundo a

Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento Escola de Negócios, em parceria

com a Associação Brasileira de Treinamento e Desenvolvimento (ABTD) e a Carvalho &

Mello Consultoria Organizacional no 12° Panorama de treinamento no Brasil mostraram, no

ano de 2007 os investimentos em treinamento e desenvolvimento empresarial teve

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crescimento de 21% e aumentou em 37% os investimentos em relação ao percentual do

faturamento anual bruto das empresas, sendo utilizado como um dos recursos possíveis na

estratégia de Treinamento e Desenvolvimento (T&D). Consideramos então que pode ser uma

boa alternativa para a falta de tempo dos profissionais de educação empresarial formal e uma

ferramenta de potencialização do investimento, já que é aplicada para um número grande de

participantes. Reconhecendo que não há mais como analisar as Relações Públicas apenas

como executor das ações comunicacionais, é significativo pensá-las estrategicamente como

elemento norteador das ações de comunicação sendo atualmente a perspectiva apropriada.

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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nessa etapa, definimos processos metodológicos a fim de investigar o problema da

pesquisa. Quanto à natureza, trata-se de uma pesquisa aplicada, pois nosso objetivo é gerar

conhecimentos para a ciência, a fim de aplicar práticas dirigidas às soluções de um problema

específico. A abordagem dessa pesquisa equivale à qualitativa, pois através dessa

conseguimos focar na observação do objeto e estudar as experiências pessoais e suas

particularidades. Sobre essa abordagem, Godoy certifica que:

A pesquisa qualitativa também parte de questões ou focos de interesses amplos, que

se definem à medida que o estudo se desenvolve. Possibilitando a obtenção de dados

descritivos sobre pessoas, lugares e processos interativos pelo contato direto do

pesquisador com a situação estudada, procurando compreender os fenômenos

segundo a perspectiva dos participantes da situação em estudo. (GODOY, 1995

p.58).

O objetivo sucedeu em uma pesquisa exploratória, uma vez que teve como foco a

aproximação do problema, tornando-o mais explícito e permitindo elaborar hipóteses.

Segundo Gil (2008 p.27), “as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade

desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista a formulação de

problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores”, podendo ser a

primeira etapa de uma investigação mais ampla, de acordo com a necessidade de

detalhamento do tema.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, fizemos uso da pesquisa bibliográfica.

Gil considera que:

A principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao

investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que

aquela que poderia pesquisar diretamente. Esta vantagem se torna particularmente

importante quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo

espaço. (GIL, 2008 p.50).

Essa técnica de pesquisa bibliográfica foi aplicada durante todo o processo de

construção deste artigo, sendo utilizadas fontes secundárias, que podem ser documentos

monográficos, periódicos, livros, artigos, textos disponíveis em sites confiáveis, ou outros

locais que apresentam um conteúdo documentado.

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O instrumento de coleta de dados que utilizamos neste estudo de caso foi a entrevista.

Essa técnica é muito eficiente para a obtenção de dados em profundidade a respeito do

comportamento humano. Carlos Gil, ao listar as vantagens das entrevistas, deixa claro que:

Está técnica possibilita o aumento no número de respostas, considerando que é mais

fácil recusar-se a responder a um questionário do que negar-se a ser entrevistado.

Oferece flexibilidade muito maior que outras técnicas, pois o entrevistado pode

retirar suas dúvidas durante o processo, o que permite que o entrevistador aperfeiçoe

as perguntas e faça a captura da expressão corporal, tom de voz e ênfase durante as

respostas. (GIL, 2008, p. 110).

A fonte da coleta de dados formou-se por duas profissionais de Relações Públicas que

exercem a ocupação de palestrante, o que evidenciará como as Relações Públicas contribuem

para o aperfeiçoamento de suas apresentações, através de uma entrevista semiestruturada.

Aplicamos a entrevista com a ajuda do software Skype8 - através dele é possível realizar

chamadas de vídeo possibilitando a aplicação da entrevista com pessoas que estejam em

qualquer lugar do mundo. O manuseamos com a ajuda de um notebook, segue o roteiro:

Essa entrevista terá duração de aproximadamente uma hora. Serão 18 perguntas

relacionadas ao tema “Relações Públicas aplicadas às palestras”. Pretende-se explorar a visão

do profissional de Relações Públicas sobre as palestras e seu processo de planejamento,

baseando-se nos ensinamentos adquiridos em sua formação superior e especializações. Esse

roteiro é simples, de formato interrogativo e utilizaremos as seguintes perguntas como base da

entrevista.

a) Qual a importância das Relações Públicas para as palestras?

b) O que motivou o profissional a palestrar? Quando iniciou? Como se situa no

mercado atualmente?

c) Como ocorre o processo de planejamento das palestras?

d) Qual o público alvo, tema e objetivos das palestras ministradas? Quais métodos

foram utilizados para obter essas informações?

e) Sobre imagem, identidade e reputação, em relação às palestras, os conhecimentos

de Relações Públicas auxiliaram na construção?

f) Na sua percepção profissional, qual a necessidade de um assessoramento para

palestrantes?

A entrevista A teve 38 minutos e foram abordados assuntos sobre o processo

profissional da entrevistada, a comunicação empresarial, a participação da ABRP diante das

8 Software que envia mensagens instantâneas de texto, voz e vídeos pela internet, pode ser instalado no computar ou

smartphone.

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novas exigências do mercado e as técnicas de Relações Públicas utilizadas durante o

planejamento, execução e avaliação de suas palestras. A entrevista B teve 35 minutos e foram

abordados assuntos sobre o processo profissional da entrevistada, como ela enxerga as

palestras, a comunicação empresarial, os eventos corporativos atualmente e como são

aplicados os conhecimentos e técnicas de Relações Públicas durante o planejamento,

execução e avaliação de suas apresentações. Por serem entrevistas semiestruturadas, permitiu-

se colocar perguntas ao longo da conversação que não estavam previstas, o que ajudou na

compreensão das entrevistadas e no desenvolvimento das entrevistas.

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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Neste item, são apresentadas as informações obtidas por meio das entrevistas,

realizadas no período de 1 a 5 de julho de 2019, de forma a relacioná-las com os conceitos

apresentados na fundamentação teórica. Desse modo, foram analisadas as respostas em cinco

categorias: perfil, eventos como ferramentas das Relações Públicas, Relações Públicas na

organização de palestras, assessoria para palestrantes e o profissional de Relações Públicas,

conforme os resultados nos tópicos a seguir.

4.1 PERFIS

Entrevistada 1 (E1) - Formada em Comunicação Social com habilitação em Relações

Públicas pela Universidade Federal de Goiás em dezembro de 2014. Atualmente é instrutora

nos cursos de formação do SENAC na área de gestão, e atua como consultora em marketing,

além de possuir um projeto de extensão sobre desenvolvimento e monitoria para mulheres na

PUC. Tem pós-graduação em Marketing e inteligência competitiva e fez cursos à distância de

como falar em público e oratória. Atualmente, seu público alvo são mulheres que têm

interesse em empreender. Seu primeiro trabalho como Relações Públicas foi como estagiária

no SENAC, que se iniciou no segundo ano de faculdade e, a partir daí, começou a ter contato

com eventos. Como instrutora, após essa fase, teve um curso aprovado pela PUC, que foi o

propulsor dos convites para palestrar.

Entrevistada 2 (E2) - Formada em Comunicação Social com habilitação em Relações

Públicas pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) no ano de 2009. Atualmente, é

presidente da Entidade Nacional da Associação Brasileira de Relações Públicas (ABRP),

tanto da executiva Nacional quanto da Regional do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina.

Ingressou como secretária e, quando acabou a gestão, que é de três anos, assumiu a

presidência. Tem pós-graduação na área de gestão de negócios e de marketing de gestão e

liderança, mais em função de negócio pelas empresas. Deu aula em curso técnico de eventos,

e por isso fez algumas extensões na área.

4.2 EVENTOS COMO FERRAMENTA DE RELAÇÕES PÚBLICAS

Ao iniciar a entrevista, a E2 foi questionada sobre sua visão dos eventos como

ferramenta de comunicação. Ao responder, a mesma apontou que é uma boa estratégia de rede

e conexão com o público presente, como um método multissensorial que permite o

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relacionamento e a informação compartilhada. Para ela, é uma “ferramenta de comunicação,

e, principalmente, de marketing institucional”. Os eventos também podem ser utilizados de

modo estratégico como comunicação dirigida, permitindo a segmentação do público e

aumentando o alcance da mensagem específica, ou seja, aproximando pessoas de uma ideia.

Os eventos podem ser considerados estratégicos a partir do momento que conseguem alinhar

as metas de comunicação com as da organização, contribuindo para os objetivos de negócios

das organizações e seus públicos-alvo.

Quando questionada sobre os eventos organizacionais e a participação dos Relações

Públicas, a E1 deixa claro que existem empresas que trabalham com eventos corporativos no

qual a empresária que é Relações Públicas relata sobre a carência do profissional de RP,

deixando uma lacuna que vem sendo ocupada por técnicos de eventos especializados em

cursos de curta duração como gestão de eventos porque os profissionais de Relações Públicas

estão migrando para outras áreas. Esses gestores têm sido contratados constantemente por

conta do crescimento dos eventos corporativos que vêm muito fortemente atuando como

ferramenta do marketing. Os eventos se apresentam como instrumento de comunicação, mas

também agem como ferramenta importante na estratégia empresarial, uma vez que a interação

face a face promove a maior proximidade dos indivíduos, possibilitando ações mais coesas.

Relata Jacobus (2013, p. 112) que “os espetáculos organizacionais, permitem uma maior

interação junto aos públicos, despertando seus interesses e tornando-os receptivos”,

permitindo que eles sejam ouvidos, orientados e esclarecidos facilitando o aparecimento de

novos negócios e amizades.

Em relação às palestras como evento estratégico, a E2 expressou que nas palestras não

se utiliza mais um PPT9 cheio de texto. A apresentação deve ter confiança na fala, deve-se

conhecer o assunto. “É preciso ter domínio e não só conhecimento”, ela afirmou, relatando

também que a frustração é um fator recorrente no meio, uma vez que vendem uma

apresentação marcante, empolgante, mas, na hora, o palestrante não sabe se relacionar,

possuindo o conhecimento, porém não de maneira satisfatória para o público, não se

transformando em uma experiência marcante. “Essa é uma grande preocupação que, no

momento, merece atenção dos palestrantes”. As palestras podem ser utilizadas como

ferramenta estratégica de Relações Públicas auxiliando nas ações de comunicação integrada

das organizações. A E1 ainda cita alguns treinamentos que utilizam as palestras como

ferramenta de comunicação com seus públicos como o In company, treinamento de

capacitação, e o Coach, treinamento motivacional. Eles são aplicados em empresas que

buscam melhorar o desempenho e relacionamento do público interno.

9 Software de apresentação de slides.

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4.3 RELAÇÕES PÚBLICAS NA ORGANIZAÇÃO DE PALESTRAS

Sobre a importância das Relações Públicas para construção das palestras, a E1

argumentou que as partes mais importantes são planejamento, pesquisa e feedback,

considerando que o palestrante só vai alcançar seu público-alvo se souber fazer uma boa

pesquisa, saber planejar e concluir o seu trabalho com uma análise de opinião. “Se o

palestrante não tem interesse de pesquisar antes de executar a palestra em si, eu já sei que ele

não vai alcançar o que o público espera ali.” O planejamento permite o encontro do seu ponto

de partida e de chegada e a pesquisa é a etapa de coleta de dados necessários para atingir o

público desejado; já o feedback é ouvir a opinião do público, conduzindo os ajustes do

próximo planejamento. A E2 também relatou a importância das Relações Públicas

reconhecendo que é a base da gestão da comunicação e que o profissional de gestão é quem

realmente junta todas as informações necessárias para atingir um objetivo final de qualidade.

A E1 tem uma visão que a importância das Relações Públicas na construção da palestra está

voltada para o uso de seus instrumentos; já para a E2, a importância é associada ao

profissional de Relações Públicas e a sua visão comunicacional.

De acordo com Kunsch (2003, p. 204), “o planejamento constitui um processo

complexo e abrangente. Possui dimensões e características próprias, implica [...] filosofia e

políticas definidas e é direcionado por princípios gerais e específicos”. Planejar está

diretamente ligado a atender aos objetivos, e, para isso, é necessário esclarecer quais os

objetivos que devem ser alcançados. A E1 detalhou seu modelo de planejamento que é

realizado de acordo com seus conhecimentos de Relações Públicas, começando com um

formulário contendo algumas perguntas para localizar qual é o perfil do público,

correspondendo a um briefing com uma pesquisa. Nele a preocupação é com o contratante e

os objetivos que ele quer alcançar; depois, ele responde também uma pesquisa para afunilar os

objetivos e, com esses dados, a E1 constrói o planejamento da apresentação.

Oliveira (2002, p.35) reforça que “o processo de planejar envolve [...] um modo de

pensar; salutar modo de pensar envolve indagações; indagações envolvem questionamento

sobre o que fazer, como, quando, quanto, para quem, por quê, por quem e onde”. Geralmente,

se inicia por um conjunto de perguntas que apresentará o cenário em que se encontra a

organização, fundamental para o processo ter uma base sólida. O levantamento de dados, o

briefing e os estudos exploratórios contribuirão para a construção de um planejamento bem

estruturado.

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A E2 diz que em geral usa todas as técnicas de Relações Públicas: “faço planejamento

estratégico, faço plano de ação escrito, projeto, assim me organizo melhor e antes de começar

cada palestra eu sempre me apresento e apresento o assunto que vai ser abordado durante a

apresentação”. Podemos analisar a condução das ferramentas de planejamento de Relações

Públicas que permitem que as entrevistadas tenham a visualização do ambiente onde virão a

palestrar. Para Kunsch (2006), o planejamento é o ponto de partida para as Relações Públicas

que visam eficácia e excelência. Através do diagnóstico do ambiente e contexto social, é

possível traçar planos e objetivos coerentes, prevendo ameaças e oportunidades, possíveis

riscos e disponibilidade de recursos. Os eventos quando planejados estrategicamente podem

promover bons relacionamentos das empresas com seus públicos e, em momentos de crise de

reputação e imagem, podem conseguir obter a compreensão necessária, exercendo sempre o

papel de duas mãos, permitindo o intercâmbio de informações através de um mesmo canal.

4.4 ASSESSORIA PARA PALESTRANTES

Perguntamos sobre a importância do assessoramento para as palestrantes entrevistadas

e ambas apontaram a necessidade da assistência. A E1 destaca a importância do assessor

quando há o aumento na demanda para que se evitem confusões entre os eventos; a E2,

conforme a E1, acertadamente propõe que a “assessoria se torna indispensável a partir do

momento que você começa a vender seu trabalho”. O papel do assessor baseia-se na

orientação e na busca de bons resultados no contato com a mídia, na melhora da reputação, na

venda da imagem e até evitando problemas futuros relacionados.

Salientar algumas das competências e habilidades exigidas aos profissionais de

Relações públicas, segundo Kunsch (2013), solidifica a capacidade do mesmo em assumir

funções como assessoria e organização de eventos, são elas:

Estabelecer programas que desenvolva uma comunicação estratégica voltada aos

interesses das instituições e o relacionamento com seus públicos; Elaborar

planejamentos estratégicos de comunicação; Controlar as linguagens verbais e

audiovisuais para seu uso efetivo nos processos; Acompanhar os progressos e

avaliar os resultados obtidos na coordenação dos relacionamentos com os públicos;

Coordenar o desenvolvimento dos materiais de comunicação nos seus diferentes

meios em busca de atingir os objetivos estratégicos traçados; Planejar, coordenar e

executar programas de informação para a opinião pública (KUNSCH, 2013).

Constatamos nessa lista atribuições essenciais na construção de uma assessoria

especializada como no planejamento de eventos. Em momentos relacionados às crises de

reputação, os profissionais de assessoria tem o dever de dar uma direção ao cliente da melhor

forma para que ele possa se posicionar diante das críticas da imprensa e reverter os danos na

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sua imagem. Ambas as entrevistadas expuseram que as técnicas de Relações Públicas voltadas

para imagem e reputação são responsáveis por maior parte da promoção de suas palestras,

pois o resultado muitas das vezes não é palpável e as técnicas auxiliam no cuidado com a

imagem pessoal e no relacionamento com as pessoas que comparecem às apresentações. “É

imprescindível que você cuide da sua imagem pessoal, que você tenha o cuidado com o

relacionamento com as pessoas que compareceram, por mais que você não continue nesse

mercado”, afirma a E1. Na continuidade, ela lembra que já encontramos no mercado

profissional de Relações Públicas quem trabalhe com a assessoria de palestrantes, como a

Relações Públicas Fernanda Curi, que palestra em Goiás.

Ao mencionarmos a necessidade de um assessor RP para um palestrante, a E1 relatou

que foi uma forma de ampliar seu networking e que é esperado desses profissionais o

conhecimento dessa estratégia, visto que no ambiente da palestra ele poderá se relacionar com

diversas pessoas e atingir resultados positivos e agendar consultorias. “Muitos palestrantes

vivem disso, da palestra, e da oportunidade que nasce por você estar lá”. O networking vem

como ferramenta para tornar as relações públicas mais eficazes diante dos desejos do cliente

permitindo o diálogo e a demonstração do interesse no interlocutor. Esse relacionamento com

o público também pode ser aproveitado como ferramenta de Feedback do assessorado. Essa

etapa faz parte da finalização do planejamento do evento e é utilizado como propulsora no

alcance da satisfação do público.

4.5 O RELAÇÕES PÚBLICAS COMO PALESTRANTE

Como citado anteriormente, nessa pesquisa os profissionais de Relações Públicas,

apesar da sua capacidade de exercer a profissão combinado com conhecimentos de fala,

postura, experiência acadêmica e outros critérios evidenciados nas palestras, demonstram um

desinteresse no ramo em questão. Ao serem questionadas sobre a presença de Relações

Públicas como palestrantes, as entrevistadas pontuaram que, em muitos dos eventos

profissionais de comunicação que puderam participar, os emissores eram professores mestres

e doutores, mas que apenas possuíam o conhecimento teórico, apontando uma necessidade de

profissionais de mercado, de gente ativa, que está todo dia na prática, conhece a teoria e pode

mostrar como o processo é realizado através de suas experiências. Ao explicar o motivo desse

desinteresse, a E1 acredita que o principal fator é a falta de incentivo das universidades e a

grande polarização dos profissionais para o setor público. Os que seguem para o setor privado

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acabam se envolvendo com marketing e publicidade deixando de lado outros segmentos da

profissão.

As empresas vêm se adaptando à necessidade de relacionamento mais aproximado

com seus públicos, abrindo as portas para novas visões dos profissionais de comunicação

incluindo os Relações Públicas que pretendem palestrar. Na visão da E2, atualmente existe

uma carência por ser visto, ter atenção, e essa tendência induzirá na melhora da qualidade dos

profissionais, que ampliarão o domínio do tema e estarão mais interessados em dividir seus

conhecimentos com o público, constatando que existe um determinado perfil de profissional

que se encaixa como palestrante.

Para as entrevistadas, o perfil do palestrante de eventos profissionais seria a

combinação de várias ferramentas de comunicação e conhecimentos aprofundados aliados a

muita história pra contar, pois as pessoas que buscam palestras estão mais preocupadas com o

que você viveu e tem a falar, do que com sua experiência de estudos segundo E1. Na visão da

E2, cativar a empatia seria a característica principal de um palestrante. As pessoas que estão

assistindo precisam se identificar com o apresentador e com o assunto abordado, apontando a

necessidade da identificação dos públicos e do relacionamento com eles. Muitas são as

qualidades exigidas para ser uma palestrante – apresentação pessoal, desenvoltura, oralidade e

conhecimento do tema podem ser indicados como as principais, sendo essas abordadas

durante todo o curso de Relações Públicas, como também assessoria, produção de eventos,

consultoria entre outros que destacariam o Relações na função de palestrante. Das

competências e habilidades estimuladas no curso de Relações Públicas, coordenadas pelo

Ministério da Educação (2013) e presente na Resolução nº 2 nas alíneas d) e e) encontrar-se as

necessidades exigidas no desenvolvimento de funções específicas, constam elas; a utilização

das técnicas e instrumentos adequados ao desenvolvimento das atividades de assessoria de

imprensa; organização de eventos; cerimonial e protocolo, ouvidoria; comunicação interna;

pesquisa de opinião pública e de mercado e serviços de auditoria, consultoria e assessoria de

comunicação nas empresas.

A E1, ao falar sobre os conhecimentos de Relações Públicas adquiridos na

universidade, frisou a importância de se envolver com os programas oferecidos, participar de

palestras, oficinas, estágios, cerimoniais e de ser proativo ao trabalhar com pessoas que estão

em atividade, sabendo vender o seu trabalho. Ela também cita na entrevista que o profissional

deve se especializar procurando cursos da área de gestão de pessoas e de eventos.

As entrevistadas se formaram em 2009 e 2014, mas as diretrizes curriculares sofreram

algumas alterações desde 1997 para atingir as exigências do mercado, como a forma de

elaboração do currículo pleno, que segundo Kunsch (2009), foi quando as disciplinas

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passaram a ser distribuídas com maior concentração das matérias do tronco comum na

primeira metade do curso, e na segunda metade, das matérias do campo profissional,

permitindo a flexibilização dos temas pelas instituições ao introduzem as matérias de acordo

com as necessidades encontradas. É assim que, em algumas universidades, já foram incluídas

produção de eventos, assessoria e consultoria nos conteúdos específicos do curso de Relações

Públicas. Essa decisão é uma exigência do MEC com participação da coordenação curso que

através das ponderações propostas pelos professores que compõem a NDE e determinam o

benefício das disciplinas especializadas escolhidas. O que pode ter acontecido com as

universidades das entrevistadas é a não identificação de uma mudança considerável naquele

período. Porém, essas poucas disciplinas da graduação não suprem as necessidades da função

e, para isso, o RP deve fazer especializações voltadas para o crescimento das técnicas de

oratória, consultoria, ciências sociais, gestão, liderança, logística, administração dos recursos,

cerimonial, protocolo, etiqueta, entre outros, que completariam o conhecimento exigido para

uma excelente apresentação.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluímos que o objetivo deste artigo, de discutir o ramo de eventos,

especificamente palestras, investigar o perfil dos palestrantes, verificar a relevância da

assessoria para palestrantes e refletir sobre as competências do Relações Públicas para a

função foi atingido. Mediante à análise dos conceitos e teorias, podemos observar que o

profissional de Relações Públicas que é suscetível às apresentações tem as habilidades e

competências necessárias para realização de diversas atividades aqui pontuadas. Através das

entrevistas realizadas com as palestrantes foi possível compreender que as ferramentas de

Relações Públicas facilitam toda a construção desde o planejamento à execução das

apresentações, sendo um diferencial positivo para o profissional. Considerando as múltiplas

possibilidades de atuação do RP foi constatada a necessidade de aprimoramento daquele que

queira ingressar na carreira de palestrante através de especializações na área de gestão de

pessoas e eventos. Ademais, é evidente o aproveitamento dos conhecimentos de Relações

Públicas em todo processo envolto aos eventos coorporativos, especificamente em palestras.

Com os resultados, pôde-se constatar a concordância entre os depoimentos das

profissionais e dos aspectos levantados dentro da fundamentação teórica, deixando evidente

que a escassez de Relações Públicas na função não se dá pela falta de competência, mas por

vários fatores relacionados ao mercado e às estruturas educacionais. Um deles é o desinteresse

do profissional pelo cotidiano dos eventos, uma vez que é necessário ter segurança no tema

escolhido pelo palestrante, o que demanda tempo e dedicação para se especializar e acumular

conhecimentos e experiências, o que não gera retorno em curto prazo. Nota-se que outro fator

são as dificuldades encontradas em torno do reconhecimento dos Relações Públicas perante as

empresas, tanto quanto à função como em relação à flexibilidade do profissional na

comunicação, o que acaba exigindo uma extensa lista de contatos do interessado em palestrar.

Outro ponto que pode ser frisado é a falta de matérias relacionadas a eventos nos conteúdos

específicos de diversas universidades, identificando um retardo no reconhecimento dos

espaços que podem ser ocupados pelos Relações Públicas nos eventos corporativos.

Ao longo deste trabalho, também foi externada a importância da assessoria aos

palestrantes que estimam alcançar a repercussão de suas apresentações e a aptidão do

comunicador para agir no assessoramento desses palestrantes, que é reconhecido nas obras

como assessorias especializadas. A causa da expansão dessas assessorias ocorre porque a

apresentação vem possibilitando uma nova visão de relacionamento entre as empresas e seus

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públicos. Essa visão está diretamente ligada aos comunicadores, seus canais de atuação e às

vantagens obtidas nos eventos estruturados como ferramenta comunicacional. Em suma, o

profissional de Relações Públicas possui perfil adequado para adentrar neste nicho de

mercado uma vez que desde a criação da grade curricular ele é incentivado a desenvolver

planejamentos, executar projetos, analisar resultados, dialogar com os públicos e possuir o

conhecimento geral do cenário comunicacional das empresas. Recomenda-se um estudo mais

profundo dos motivos ligados a uma possível falta dos Relações Públicas como palestrante

para que futuramente seja capaz de elucidá-los encontrando as soluções responsáveis pelo

engajamento do mesmo no mercado.

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