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Vencedores vencem dores

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  • 13

  • Mas ser que todos ns temos essa compreenso? Ser que o

    sentido de vitria ou de ser vencedor est bem denido em

    nossa alma? Ser que esta relao de conquista e dor

    apreciado por ns?

    O texto bblico em Apocalipse 21:7 diz: "Quem vencer,

    herdar todas as coisas; e eu serei seu Deus, e ele ser meu

    lho". Surge ento, uma pergunta: o que precisamos vencer?

    Se observarmos a Palavra atentamente entenderemos que a

    trajetria para a conquista sempre inclui desaos,

    obstculos, que precisam ser superados para alcanarmos a

    to almejada vitria.

    O texto de I Joo 5:4 diz Porque todo o que nascido de

    Deus vence o mundo; e esta a vitria que vence o mundo, a

    nossa f". A palavra vence nesse texto, no grego nika

    que signica superar, prevalecer. Ento, partindo deste

    princpio podemos compreender que para vencer faz-se

    necessrio prevalecer, superar algo. Da surge o

    entendimento de que um vencedor algum experimentado

    na superao e aprovado na persistncia, perseverana e na

    dor.

    Quando compreendemos que a vitria implica, em primeira

    instncia, em uma batalha, as dores so amenizadas, no

    porque elas deixam de existir, mas porque j almejamos a

    vitria. E assim como um atleta supera seus prprios limites

    fsicos e emocionais para chegar ao pdio, assim so os

    vencedores, que superaram as dores porque no perdem o

    foco, esto com os olhos voltados ao objetivo de chegarem

    ao pdio.

  • O problema est exatamente em permanecermos focados na

    vitria e no na dor. Em Lamentaes de Jeremias 1:12 diz:

    No vos comove isto a todos vs que passais pelo

    caminho? Atendei, e vede, se h dor como a minha dor,

    que veio sobre mim, com que o SENHOR me aigiu, no

    dia do furor da sua ira.

    Aqui o profeta faz um apelo para que aqueles que esto ao

    seu redor observem a sua dor e faam uma comparao, com

    o objetivo de mostrar que sua dor no se pode comparar dos

    outros. As palavras do profeta Jeremias so comuns a todos

    que j vivenciaram uma dor. Tudo o que queremos mostrar

    onde di para ver se existe cura, mas parece que as pessoas

    no conseguem nos ouvir e ento passamos o problema para

    Deus, mas parece que Ele tambm no ouve.

    em momentos como esse que perguntamos: Onde Deus

    est? Ser que Ele no v o sofrimento? No se compadece?

    Certamente no foi s o profeta Jeremias que pensou assim.

    Por vezes somos levados a achar que o nosso sofrimento no

    compartilhado por mais ningum, e pensar assim tem sido

    comum nos dias de hoje, haja vista a educao humanista

    que recebemos desde a infncia. Nesse contexto somos

    levados a pensar que o mundo deve girar em torno de ns

    mesmos. Ainda que no aceitemos essa verdade, contudo

    nossas aes revelam as verdades escondidas dentro de ns:

    "tudo meu", "tudo sou eu", "no tem ningum que sofra

    como eu". E assim seguem nossos pensamentos, que

    revelam dia a dia, o domnio do egocentrismo, do hedonismo

    e do humanismo.

  • Neste livro, voc vai poder ler histrias de pessoas que

    passaram ou ainda passam por experincias de dor e assim

    entender que embora sua dor no possa ser comparada com

    a de outro, existem muitas outras pessoas sentindo o mesmo

    que voc.

    Espero que essa leitura possa te encorajar a prosseguir, no

    desistir, aguentar rme, seguir adiante mesmo sentindo dor,

    porque o que nos move no so os nossos ps, mas a nossa

    cabea, os nossos pensamentos, a nossa alma.

    O livro de Provrbios 23.7 diz: Porque assim como

    imagina na sua alma, assim ele . Desae a sua alma a

    imaginar acerca de voc, da mesma maneira como Deus

    imagina, pois Ele diz que tem pensamentos de paz a nosso

    respeito.

    Uma boa leitura.

  • Foi aos quatro anos de idade, que aconteceu um dos grandes

    pontos de virada em minha histria. A esta altura eu j tinha

    um irmo com quase a mesma idade. Morvamos em uma

    casa em obras, a nossa cozinha, que at ento, ainda no tinha

    cado pronta, foi improvisada na rea de servio.

    Naquela tarde, meu pai j havia retornado ao trabalho e minha

    me, como no trabalhava no turno vespertino, se ocupava

    com seu planejamento para as aulas noturnas. E assim como a

    maioria das outras tardes, meu irmo e eu brincvamos por ali.

    Ele decidiu buscar um brinquedo que havia esquecido na casa

    de um vizinho e eu quei. Ainda me recordo de brincar na pia,

    onde algumas roupas estavam de molho, enquanto uma

    panela de presso chiava logo ali ao lado. Poucos instantes

    depois, ouviu-se um estrondo e tudo mudou de repente.

    Fogo, gritos e uma sensao estranha, que no tinha jeito de

    dor. Para mim, tudo parecia uma tela borrada, mas o fato que

    se tratava de um incndio, provocado por uma exploso do

    botijo de gs.

    Senti uma mo me puxando para fora do fogo. Minha me me

    carregando no colo, correu para rua em busca de ajuda, com

    minha pele se descolando e grudando em seu corpo. Como em

    mais uma daquelas coincidncias perfeitamente

    programadas no Cu, naquele exato momento, uma amiga

    dela passava de carro em nossa rua. Fomos s pressas ao

    Pronto Socorro.

    O atendimento foi rpido e a avaliao nada animadora: eu

    tinha queimaduras de terceiro grau em 68% da rea corporal.

  • O caso era grave. O histrico tambm no deixava esperanas.

    Nenhum paciente com aquele quadro conseguiu resistir com a

    infraestrutura disponibilizada na cidade.

    Como funcionrio de um banco estatal, meu pai obteve todo o

    apoio da instituio para o custeio do meu tratamento. Ento,

    ao invs de car na capital do estado, ele optou pelo

    atendimento em um grande centro. Para chegar l,

    precisvamos de um vo especial, que oferecesse a

    infraestrutura necessria e a nica aeronave que atendia os

    pr-requisitos era militar. Depois de muita resistncia, meu

    pai conseguiu a autorizao para voar, s porque havia feito

    curso de pilotagem e dominava procedimentos especcos de

    emergncia.

    E por m, no dia seguinte, estvamos voando para o mais

    moderno hospital para o tratamento de queimados do pas

    mais uma daquelas coincidncias divinamente

    programadas. Depois de meu pai receber da equipe mdica,

    um extenso manual de instrues sobre como operar os

    equipamentos mdicos, embarcamos. Eu numa maca e minha

    me, numa cadeira de rodas ela tambm tinha queimaduras

    na sola dos ps.

    Fomos recebidos em So Paulo e os processos de

    internamento e avaliao se seguiram. Um dos procedimentos

    mais dolorosos nesse tipo de tratamento o debridamento,

    que a retirada do tecido desvitalizado ou necrosado. O

    problema que a anestesia local no tem efeito nesses casos e

    o procedimento precisa ser executado sem esse paliativo.

    Precisei ser submetida a esse processo inmeras vezes.

  • Os dias se arrastaram e a melhora no parecia se aproximar.

    Meus pais j estavam exaustos pelas noites insones e o nvel

    de tenso que sofriam. No dcimo terceiro dia de

    internamento o quadro ainda era bem preocupante: eu j no

    me alimentava h alguns dias e o desconforto era muito

    grande. Os tecidos destrudos e expostos j comeavam a

    cheirar mal. Meu pai, muito engenhoso e cheio de f, resolveu

    tentar algo inusitado.

    Trouxe uma revista de pets e me pediu para escolher um

    daqueles animaizinhos. Escolhi um poodle preto. E no que

    ele conseguiu entrar com um lhotinho dentro do hospital?

    Depois de passar por inmeros processos de esterilizao,

    pude ver o bichinho de perto. Esse rebulio todo valeu a pena:

    naquele dia, consegui comer alguma coisa.

    A nossa estada em So Paulo foi bem mais demorada do que

    os meus pais previam. Foram seis meses de internamento e

    outros seis morando em um at e comparecendo diariamente

    ao hospital para os procedimentos. Nesse perodo me submeti

    a dois enxertos e outras 13 cirurgias. Mas se esse foi um ano

    difcil, a graa do Senhor tambm se manifestou de mltiplas

    formas. A minha histria se espalhou rapidamente pelas

    igrejas da cidade e do pas e todos os dias recebamos o

    carinho e as ligaes de irmos que estavam em orao por

    ns.

    Enquanto estivemos l, a mo do Senhor nos cobriu em todo o

    tempo. Por diversas vezes, Ele enviou seus anjos tanto os

    seres espirituais quantos os de carne e osso para nos

    fortalecer e mostrar o Seu cuidado.

  • E por m, pudemos voltar para casa. A rotina, entretanto, no

    seria mais a mesma. Apesar do tratamento ter sido muito

    ecaz, evitando qualquer comprometimento clnico, as

    cicatrizes eram inevitveis e as recomendaes tambm eram

    muitas. No poderia tomar sol, como antes, ainda usava um

    ferro modelador dentro do dedo mindinho do p para faz-lo

    voltar ao lugar, precisava usar uma meia de compresso para

    conteno dos queloides e tambm precisaria de um bom

    tempo de sioterapia.

    No ano seguinte, recebi autorizao para ir escola. Meus

    pais escolheram uma perto de casa e com orientao religiosa.

    A iniciao ao mundo do conhecimento foi uma aventura

    deliciosa, j o aprofundamento nos relacionamentos para

    alm da famlia, foi um tantinho mais penoso. Os anos

    passaram, e eu precisei administrar o olhar de estranhamento

    das outras crianas ao observarem um pouco mais de perto os

    sinais dessa histria.

    E nessas primeiras experincias fora de casa, fui aprendendo

    que ainda teria muitas dores a vencer pela frente. Mesmo antes

    de se formar o termo usado atualmente, o bullying, j era uma

    prtica comum. Como o pblico da escola em que estudava

    era quase que completamente formado por crianas dos

    bairros prximos, quando as aulas terminavam era comum

    que tomssemos o mesmo curso na volta para casa.

    L amos, meu irmo e eu, e lembro que uma outra criana

    maior, nos seguia gritando desafetos relacionados s minhas

    cicatrizes. E eu permanecia caminhando resolutamente,

    ngindo no me importar com o que ouvia, mas a verdade

  • que aquelas palavras ecoaram por muito tempo dentro de

    mim.

    Finalizado o Ensino Fundamental, precisei mudar para uma

    escola maior. E cada nova etapa representava para mim, um

    novo desao. Mais pessoas para dar explicaes, eu

    pensava. Ento, elaborei a estratgia de esconder o mximo

    possvel as cicatrizes para me sentir normal, nem que fosse

    por um pouco de tempo.

    Ao entrar em um nibus, por exemplo, j tinha um lado ideal

    para deixar as marcas mais despercebidas. Usar saias ou

    shorts, somente em ltimo caso e com uma meia-cala com

    uns dois tons mais escuros que a pele. Mas apesar de todo

    esse malabarismo, logo chegava a hora em que era inevitvel

    expor o problema.

    Com o apoio da minha famlia e o fundamento da f, cresci

    crendo na bondade de Deus e no Seu cuidado, mas ainda

    lutava para sufocar a dor l no fundo da alma e me

    questionava: Se Deus bom e me ama, porque Ele permitiu

    isso?.

    Cresci na igreja e sempre senti um clamor no meu esprito por

    conhecer e ter intimidade com Deus. Lembro que um

    domingo, um pregador esteve em nossa igreja com um

    testemunho incrvel. Ele contou que, por meio do poder de

    Deus, o seu lho havia ressuscitado. E ao nal da pregao

    naquela manh, ele orou por todos os que precisavam de um

    milagre. Eu tinha uns doze anos, nessa poca, e acreditei que

    aquela seria minha chance.

  • Com o corao cheio de f, recebi aquela orao, acreditando

    que as cicatrizes simplesmente desapareceriam. Como usava

    uma cala, ao nal do culto, corri para casa para conrmar o

    milagre. Tal foi o meu desapontamento quando veriquei

    que nada havia mudado. As terrveis marcas permaneciam l,

    mas apesar de no entender, e s vezes me debater com esta

    dvida, eu nunca me voltei contra Deus, pelo contrrio, eu me

    voltei para Ele.

    A minha jornada espiritual continuou, e pude experimentar

    momentos de profunda intimidade com Deus. Passei bons

    perodos a ss com Ele e conheci bem de perto o Seu consolo e

    a Sua graa. E olhando, com mais calma a minha prpria

    histria, percebi que mesmo quando coisas ruins

    aconteceram, se eu conseguisse silenciar o barulho das

    circunstncias, poderia notar que Ele sempre esteve l,

    provendo o que eu precisava e me cercando de carinho,

    cuidado e generosas doses do que chamei at aqui de

    coincidncias.

    Enfrentar a adolescncia na companhia dessas marcas no

    foi nada fcil. Se nessa fase - to crucial para a formao da

    autoimagem - encarar o espelho j uma misso e tanto para

    qualquer menina; para mim, a tarefa ainda exigia um pouco

    mais. Em um contexto em que a beleza fsica era e ainda

    uma prerrogativa bsica para a maioria dos relacionamentos,

    eu precisava cavar bem mais fundo para encontrar algo que

    considerasse belo em mim.

    Nesse processo, aprendi que a autopiedade o avesso da

  • revolta, e um dos principais tropeos que cercam queles

    que encaram dores profundas. Nessas circunstncias, bem

    comum, sermos tentados a buscar exageradamente ateno e

    ouvidos para nossas queixas e lamentaes. Mas se ao invs

    disso, concentrarmos esforos em receber o consolo dAquele

    que capaz de entender todas as dores, poderemos superar

    qualquer coisa.

    Com as cicatrizes que trago comigo, o medo que me aigia era

    que elas impedissem as pessoas de se aproximarem ou que eu

    no pudesse ser amada de verdade, e todo o afeto que recebia,

    interpretava como mera compaixo. E foi assim, at que em

    um desses maravilhosos encontros com Deus, eu O ouvi

    dizer: s a minha lha amada em que acho meu prazer. E

    aquela experincia com o Senhor do Universo, sarou a minha

    alma e me habilitou a descobrir o Amor e desde ento, decidi

    me abandonar aos Seus cuidados. Por experincia prpria,

    aprendi que ainda que eu passe pelo mais tenebroso vale, eu

    posso encontrar conforto em Seu amor, e em Seus braos eu

    estou perfeitamente segura.

    As dores que vivi e precisei superar tambm deixaram outras

    lies importantes: eu me tornei mais sensvel s dores e lutas

    alheias, exatamente como o texto de 2 Corntios 1.3 e 4, diz

    que aconteceria:

    Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai

    das misericrdias e o Deus de toda a consolao que nos

    consola em toda a nossa tribulao, para que tambm possamos

    consolar os que estiverem em alguma tribulao, com a

    consolao com que ns mesmos somos consolados por Deus.

  • Que poder esse que habita em ns! Que nos capacita a

    estender a outros a consolao e a graa das quais ns mesmos

    outrora necessitvamos. A dor com a qual voc luta hoje, pode

    se transformar em vereda de vida, em trilha para a libertao

    de tantos outros. Permita-se, como Joo Batista, ser aquele

    que prepara e aplaina esse caminho.

    E como Deus sempre nos surpreende, a sua boa obra ainda no

    tinha terminado em mim. Alm de experimentar ntima e

    intensamente o Verdadeiro e eterno Amor, Deus ainda me

    reservou um amor seguro para viver ainda aqui na terra. Eu

    tinha dezenove anos quando recebi uma estranha, mas clara

    viso. Nessa experincia, Ele me apresentou o companheiro

    que tinha preparado para mim.

    Eu conhecia o rapaz e ele era (e ainda ) encantador, mas me

    assustou um pouco receber com tanta clareza a informao de

    que era ele o marido que Deus tinha separado para mim.

    Obedecendo a instruo que havia recebido, escrevi a viso,

    selei a carta e a entreguei ao rapaz sob a severa recomendao

    de que no acessasse o contedo at que recebesse

    autorizao expressa.

    Sem muita curiosidade, ele recebeu a mensagem e a esqueceu

    em alguma gaveta e enquanto isso, eu guardava todas essas

    coisas no corao. A vida seguiu-se normalmente por cerca de

    noventa dias, at que a nossa igreja saiu para uma misso em

    Porto Seguro. Durante o seminrio que ministrvamos na

    cidade, Deus se moveu e revelou-lhe tambm sobre a aliana

    que planejou para ns.

  • Por um instante, enquanto nossos olhares se cruzaram, parecia

    que no havia mais ningum no salo. Ento, ouvi uma

    direo clara, para beijar-lhe os ps, ainda ali, no meio da

    reunio. Bem acanhada, atravessei o salo, obedeci a

    instruo e retornei em silncio ao meu lugar, deixando ele ali,

    soluando em meio s lgrimas. Cheio de temor pela

    revelao que tinha recebido, ele havia pedido um sinal a

    Deus; e aquele era o sinal!

    Ao nal do culto, ele pediu que reservssemos um momento

    para conversar. J a caminho de casa, meio desconcertado, ele

    titubeava buscando as palavras:

    - No tem um jeito fcil de dizer o que preciso, ento vou ser

    bem direto. Eu vim solteiro a essa misso e estou retornando

    ao lado da minha esposa. ele disse a sentena, como quem

    solta uma bomba e aguarda o seu efeito. Mas, a serenidade da

    minha resposta o surpreendeu ainda mais.

    - Agora voc pode abrir a carta que lhe entreguei h alguns

    dias.

    Espantado, ele entendeu que a notcia j no era novidade para

    mim. E assim, o nosso relacionamento oresceu, literalmente,

    como uma histria escrita pelo dedo de Deus. Um ano depois

    estvamos noivos e depois de outros trs nos casamos. Hoje,

    uma dupla linda de crianas, completa a nossa felicidade e

    enche a nossa casa de alegria.

    Apesar das dores que enfrentei muitas delas, escondidas e

    sufocadas no fundo da minha alma - pude comprovar na

  • prtica, o que diz o salmista: a bondade e a misericrdia me

    seguiro todos os dias da minha vida.

    Estudando a histria dos heris da f, me deparei certa vez

    com a vida de um grande avivalista do sculo XVIII, John

    Wesley. Aos cinco anos sua casa pegou fogo e todos os seus 17

    irmos conseguiram escapar, mas ele cou preso no primeiro

    andar e s foi resgatado no ltimo minuto. Depois desse

    episdio, sua me passou a v-lo como um tio tirado do

    fogo (Zacarias 3.2). As percepes de sua me se

    conrmaram e Wesley se tornou o impulsionador de um

    grande despertamento na igreja britnica.

    Enquanto lia essa histria, entendi, com mais clareza ainda,

    que ao me poupar, como h 300 anos atrs, Deus queria

    levantar mais um tio tirado do fogo. Da dvida que me

    aigia, no restou nem sombra. Deus o Amor que preenche

    todas as lacunas da minha alma, que faz transbordar os mais

    profundos vos.

    As cicatrizes do corpo continuam aqui, e vez ou outra, ainda

    preciso lidar com aqueles olhares que conheci desde criana.

    A diferena que hoje, de alma sarada, eu entendo bem que a

    minha identidade no denida pela imagem reetida no

    espelho, mas pela sentena que sai da boca de Deus.

    Abandonei o antigo jugo aos ps da cruz e sigo, cercada de

    alegres cantos de livramento, descansando nos braos daquele

    que me amou.

    E foi assim, que eu, Lorena Vieira, venci a dor.