VISIBILIDADE MIDIÁTICA NA PÓS – MODERNIDADE: A REESTRUTURAÇÃO DA COMUNICAÇÃO NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

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    VISIBILIDADE MIDITICA NA PS MODERNIDADE: A

    REESTRUTURAO DA COMUNICAO NA SOCIEDADECONTEMPORNEA

    Jessica Dayane Novello1

    Mrcio Giusti Trevisol2

    Resumo

    O presente artigo realiza um debate entre a comunicao e a ps-modernidade a partirda percepo de algumas transformaes ocasionadas por meios destes dois processos.A discusso parte da ideia de que o advento da globalizao proporcionou que a mdiaexercesse um papel de promotora de debates pblicos. Alm disso, ela ainda

    proporciona em todos os sentidos, uma maior visibilidade ao pblico. Desta forma, oartigo foi desenvolvido atravs de uma pesquisa bibliogrfica, aonde por meio dedebates com autores contemporneos chegou-se ao resultado desejado. Pode-se verificarque a mdia passou e ainda passa por grandes mudanas com o advento da globalizaona ps-modernidade, e exerce um papel fundamental e primordial na vida da sociedade.Palavras chaveComunicao. Globalizao. Ps-modernidade. Visibilidade.

    1 INTRODUO

    Ao falar sobre o tema comunicao e ps-modernidade, necessrio conceituar

    algumas das mudanas principais ocasionadas com o advento destes dois fenmenos,

    que foram fundamentais para a estruturao de uma nova sociedade. A partir disso,

    nota-se a presena da globalizao como determinadora das novas formas de disseminar

    informaes, fato este que torna o estudo necessrio.

    Com base no seguinte exposto, podemos destacar a visibilidade proporcionada

    pela mdia, como uma das suas principais caractersticas, j que fatos acontecidos na

    sociedade podem ser vistos de maneira cada vez mais instantnea em uma escala global.

    Atrelado ainda a esta visibilidade, os meios de comunicao na ps-modernidade

    passaram a exercer tambm um papel fundamental para a formao da opinio pblica,

    1Formada no Curso de Comunicao SocialHabilitao em Jornalismo, email:

    [email protected] do trabalho. Professor do Curso de Comunicao SocialHabilitao em Jornalismo, e-mail:[email protected]

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    j que estes se tornaram promotores de debates pblicos. Por meio da mdia toda a

    populao tem a possibilidade de conhecer assuntos acontecidos a qualquer lugar do

    mundo, deixando de lado uma barreira que at ento era imposta: a de espao-tempo.

    Com base nisso, o seguinte artigo tem como objetivo geral compreender

    algumas das mudanas notadas no campo da comunicao a partir da ps-modernidade,

    dando destaque a visibilidade da mdia e suas consequncias. O trabalho de cunho

    bibliogrfico teve o embasamento de diversos autores, especialmente de Thompson

    (2012), autor do livro: A Mdia e a Modernidade: uma teoria social da mdia, na qual

    especialmente na ltima seo daremos mais nfase. O trabalho est dividido em: A

    sociedade miditica na ps-modernidade; Ps-modernidade e democracia: a formao

    da opinio pblica e por ltimo a Era da Visibilidade Miditica.

    2 A SOCIEDADE MIDITICA NA PS-MODERNIDADE

    O excesso de informaes e imagens aliados as novas tecnologias da ps-

    modernidade colocam os indivduos cada vez mais em uma esfera de imediatismo e

    principalmente instantaneidade. Desta forma, h algum tempo, os meios de

    comunicao vem transformando dia-a-dia a vida de toda a sociedade.

    Todas estas transformaes, s se tornaram possveis devido a alguns fatores

    explicados por Sousa (2000, p. 21), nas quais podemos destacar:

    As tcnicas de compresso digital de grande quantidade de dados e apossibilidade de transmisso rpida, o barateamento dos cabos de fibraspticas, o crescimento exponencial das redes informticas, inclusive daInternet, o crescimento das corporaes de comunicao, devido a grandesfuses de empresas, entre outros [...]

    O surgimento de novas formas de nos comunicarmos, especialmente, foi

    essencial no processo de transformaes que atualmente estamos inseridos. Assim como

    afirmou Thompson (2012, p.119), na maior parte da histria humana as interaes

    sociais aconteciam na maioria das vezes face a face, onde as pessoas se relacionavam

    principalmente no intercmbio de formas simblicas. Com isso, as tradies eram

    tambm relativamente restritas em termos de alcance geogrfico, pois sua transmisso

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    dependia da interao face a face e do deslocamento fsico de indivduos de um

    ambiente para outro.

    Entretanto, com o desenvolvimento dos meios de comunicao, diversos fatores

    da vida social dos indivduos foram afetados. Para Thompson (2012, p.119):

    [...] o desenvolvimento de novos meios de comunicao no consistesimplesmente na instituio de novas redes de transmisso de informaoentre indivduos cujas relaes sociais bsicas permanecem intactas. Mais doque isso, o desenvolvimento dos meios de comunicao cria novas formas deao de interao e novos tipos de relacionamentos sociais formas que so

    bastante diferentes das que tinham prevalecido durante a maior parte dahistria humana.

    Foi atravs do uso dos meios de comunicao que novas formas de interao se

    estenderam por todo o mundo, fazendo com que cada indivduo pudesse interagir com

    outras pessoas sem necessariamente partilharem o mesmo ambiente espaotemporal.

    (THOMPSON, 2012, p. 119). Analisando isso, o autor resolveu analisar algumas

    formas de ao e interao criadas pela mdia, sendo elas: interao face a face,

    interao mediada e quase interao mediada.

    Segundo Thompson (2012, p.120), na interao face a face os participantes

    encontram-se presentes na ao, partilhando de um mesmo sistema de espao e tempo.

    Alm disso, para ele, as interaes face a face possuem ainda um carter dialgico, j

    que geralmente implicam um sentido de ida e volta no fluxo de informao e

    comunicao. Outra caracterstica importante desta interao o fato de produzir uma

    mltipla quantidade de deixas simblicas, a fim de transmitir as mensagens e ainda

    compreender o que recebe do outro.

    No entanto, a interao mediada para o autor, exatamente o contrrio da face a

    face esplanada anteriormente. Assim como explica Thompson (2012, p.121), elas

    implicam o uso, por exemplo, de papel, fios eltricos ou ondas eletromagnticas (cartas,

    conversas telefnicas etc.).

    A interao mediada se estende no espao e no tempo, adquirindo assim umnmero de caractersticas que a diferenciam da primeira. Enquanto ainterao face a face acontece num contexto de copresena, os participantesde uma interao mediada podem estar em contextos espaciais ou temporaisdistintos. (THOMPSON, 2012, p.121).

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    Esta forma de interao, no entanto, acaba privando o individuo no que se refere

    s deixas simblicas. Ao estreitar o leque de deixas simblicas, asinteraes mediadas

    fornecem aos participantes poucos dispositivos simblicos para a reduo da

    ambiguidade na comunicao. (THOMPSON, 2012, p.121).

    O terceiro tipo de interao analisado pelo autor est associado s relaes

    sociais estabelecidas pelos meios de comunicao de massa, em especial a partir da ps-

    modernidade. A quase interao mediada associa-se com os livros, jornais, rdio e

    televiso, por exemplo. Este tipo de interao para Thompson (2012, p.122) se

    dissemina atravs do tempo e do espao. No entanto existem dois aspectos em que este

    tipo se diferencia dos demais.

    Em primeiro lugar os participantes de uma interao face a face ou de umainterao mediada so orientados para outros especficos, para que eles

    produzem aes, afirmaes, etc.; mas no caso da interao quase mediada,as formas simblicas so produzidas para um nmero indefinido dereceptores potenciais. Em segundo lugar, enquanto a interao face a face e ainterao mediada so dialgicas, a quase interao mediada monolgica,isto , o fluxo da comunicao predominantemente de sentido nico.

    Desta forma, a interao quase mediada possibilita uma forma estruturada de

    comunicao em que os indivduos se ligam uns aos outros atravs de um processo de

    comunicao e interao simblica.

    Ao estudar estes trs tipos de interao, o autor tem como finalidade principal

    mostrar as mudanas estruturais na vida de toda a populao no que se refere s

    inovaes nas formas de comunicao, oriundas com o surgimento das novas

    tecnologias. Com isso, torna-se essencial analisar ainda mais esta nova sociedade

    formada a partir destas mudanas.

    Esta passagem de um sistema tradicional para um de interatividade como j

    citado, aconteceu com a convergncia tecnolgica, onde a esfera da comunicao

    passou por diversas transformaes. Segundo Rodrigues (1990, p.152, grifo do autor),

    podemos explic-las, inclusive, por meio dos campos de mediao, que entendemos

    como:

    [...]campo dos media o campo cuja legitimidade expressiva e pragmtica por natureza uma legitimidade delegada dos restantes campos sociais e que,

    por conseguinte, est estruturado e funciona segundo os princpios daestratgia da composio dos objetivos e dos interesses dos diferentes

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    campos, quer essa composio prossiga modalidades de cooperao, visando,nomeadamente, o reforo da fora da sua legitimidade, quer prossigamodalidades conflituais, de exacerbao das divergncias e dos

    antagonismos.

    Atravs desta significao o autor mostra que ao contrrio de mass media, que

    representa um conjunto de meios de comunicao (imprensa, rdio, TV, jornal etc.), o

    campo dos media representa muito mais do que isso. Trata-se na verdade, de uma

    instituio instaurada na modernidade, e consolidada na ps-modernidade, que oferece o

    direito a mobilizarem autonomamente o espao pblico, em ordem prossecuo dos

    seus objetivos e ao respeito de seus interesses. (RODRIGUES, 1990, p. 152). Desta

    forma, para o autor, foi exatamente com a origem deste campo que se tornou possvel o

    debate pblico, elevando a mdia a uma condio de centralidade social, visto que se

    trata de um campo constitudo por diversas funes onde a pluralidade dos valores

    expressivos e pragmticos dos diferentes campos autnomos, faz com que se trate de

    um campo formado pelos reflexos projetados pela multiplicidade de perspectivas [...]

    (RODRIGUES, 1990, p. 159).

    Por meio disso, as formas tradicionais de representao da realidade comeam a

    se constituir e a formar novos sujeitos sociais. Assim como explica Sousa (2000, p. 77),todas estas representaes so criadas a partir de uma complementao entre relaes de

    inter e multi relacionamentos, criando, portanto, aquilo que distinguimos como

    convergncia meditica. Com isso, para Sousa (2000, p. 78):

    A sociedade meditica tambm se explica pelo reconhecimento de que aspessoas hoje no exercem mais sua sociabilidade sem o concurso dos media,no pela presena das suas dimenses tecnolgicas, mas pela mediao socialque exercem. O termo media tem essa dupla conotao: refere-se a veculos e

    instrumentos, mas tambm a mediaes sociais.

    A partir deste conceito apresentando, o autor Sodr (2006, p. 19) explica que:

    Agora, formas tradicionais de representao da realidade e novssimas (o virtual, o

    espao simulativo ou telerreal) interagem, expandindo a dimenso tecnocultural, onde

    se constituem e se movimentam novos sujeitos sociais. Todas estas transformaes,

    para o autor, confirmam a hiptese de que vivemos na era do ps-industrial, na qual

    rege virtualizao das relaes humanas, presente na articulao do mltiplo

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    funcionamento institucional e de determinadas pautas individuais de conduta com as

    tecnologias da comunicao. (SODR, 2006, p. 20).

    Com isso, nota-se a globalizao como determinadora nas novas formas de

    disseminar informaes. A partir de ento, notcias podem ser divulgadas em tempo real

    para diversos locais do mundo, seja na internet ou at mesmo em um noticirio

    televisivo. Assim, expandem-se as formas de culturas e conhecimentos dos mais

    diferentes povos, provocando o processo de transformao de identidades culturais, que

    ser explicado em breve.

    Analisando a partir dos fatos apresentados, torna-se evidente que o advento da

    ps-modernidade foi responsvel por esta evoluo nas formas de se comunicar,

    principalmente devido s novas tecnologias. No entanto, estes componentes foram os

    principais responsveis por formar uma nova sociedade, baseada no consumo e que

    principalmente se deixa manipular muitas vezes por eles. Foi exatamente baseado nesta

    ao e poder exercido pelos meios de comunicao que Thompson (2012, p.32) afirmou

    que:

    As instituies podem ser vistas como determinados conjuntos de regras,recursos e relaes com certo grau de durabilidade no tempo e algumaextenso no espao, e que se mantm unidas com o propsito de alcanaralguns objetivos globais. As instituies definem a configurao dos camposde interao preexistentes e, ao mesmo tempo, criam novas posies dentrodeles, bem como novos conjuntos de trajetrias de vida para os indivduosque a ocupam.

    Neste ponto, com o propsito de alcanar campos globais, estes meios

    comunicacionais proporcionam que os indivduos se modifiquem constantemente

    durante a sua trajetria, comprovando uma das caractersticas da ps-modernidade, que exatamente a fragmentao do indivduo, que se encontra em constante transformao.

    Dentro dessas instituies citadas, o autor destaca o fato de os indivduos ocuparem um

    espao dentro central dentro delas, de acordo com o seu poder. No sentido mais geral,

    poder a capacidade de agir para alcanar os prprios objetivos ou interesses, a

    capacidade de intervir no curso dos acontecimentos e em suas consequncias.

    (THOMPSON, 2012, p.38). De uma maneira mais geral, Thompson (2012, p.38),

    destaca a importncia em conceituar uma distino das formas de poder existentes, naqual ele nomeia como econmico, poltico, coercitivo e simblico.

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    O poder econmico refere-se a alguma atividade produtiva realizada pelo

    homem. Ela implica o uso e a criao de vrios tipos de recursos materiais e financeiros,

    podendo ser acumulados pelos indivduos e organizaes com a inteno de

    aumentarem o seu poder econmico. Thompson (2012, p.40).

    O segundo poder, denominado de poltico, pode ser identificado como uma

    gama de instituies que se dedicam essencialmente coordenao e a

    regulamentao, e que desempenham estas atividades de uma maneira relativamente

    centralizada dentro de um territrio mais ou menos circunscrito. (THOMPSON, 2012,

    p.40).

    O poder coercitivo, no entanto, est relacionado ao uso de fora fsica e ameaa

    para conquistar algo. Segundo Thompson (2012, p.41): Historicamente as instituies

    mais importantes acumuladoras de recursos deste tipo so as instituies militares, e a

    forma mais importante de poder coercitivo o poder militar.

    O ltimo poder, e que representa o assunto tratado neste captulo, denominado

    como poder simblico, comprovando mais uma vez a grande capacidade de domnio

    exercido pelos meios de comunicao. De acordo com Thompson (2012, p.42) este tipo

    de poder:Nasce na atividade de produo, transmisso e recepo do significado dasformas simblicas. A atividade simblica caracterstica fundamental davida social, em igualdade de condies com a atividade produtiva, acoordenao dos indivduos e a atividade coercitiva. Os indivduos seocupam constantemente com as atividades de expresso de si mesmos emformas simblicas ou de interpretao das expresses usadas pelos outros;eles so continuamente envolvidos na comunicao uns com os outros e natroca de informaes de contedo simblico.

    Todas as formas de poder so essenciais para a compreenso das aes sociais e

    as suas transformaes. Os donos do poder nos meios de comunicao,

    especialmente, tem a possibilidade de repassar todos os seus ideais para um grande

    nmero de pessoas, com um vasto alcance. No entanto, entre as principais funes da

    mdia atualmente, de formar a opinio pblica, o que se torna preocupante devido as

    diversas formas de poder atrelados atualmente aos meios de comunicao. Desta forma,

    a prxima seo abordar o seguinte assunto, a partir da ps-modernidade.

    3 A ERA DA VISIBILIDADE MIDITICA

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    A mdia, que tem como uma das suas caractersticas proporcionar uma maior

    visibilidade nos oferece a condio de conhecer de uma maneira maior certas pessoas e

    fatos acontecidos na sociedade. Por este motivo, atualmente, muitos acontecimentos e

    especialmente personalidades, que jamais poderiam ser imaginados, podem ser

    considerados familiares, pois devido aos televisores, rdios, e internet pertencem a um

    mundo pblico, disponvel para uma multido de pessoas de todo o mundo. Por este

    motivo, torna-se de extrema importncia conhecer de uma maneira mais detalhada a

    natureza da visibilidade e sua relao com o poder. A partir do estudo proposto por

    Thompson, sobre as Transformaes da Visibilidade3, que iremos apontar suas

    propriedades e significados. Desta forma, assim como afirmou Thompson (2012,

    p.162), a partir disso, as principais caractersticas que devem ser estudadas esto

    relacionadas com a distino entre o pblico e o privado, que podem ser reavaliadas a

    partir do desenvolvimento dos meios de comunicao. Enquanto a transformao na

    natureza da esfera pblica criou novas oportunidades para lderes polticos ela tambm

    fez surgir novos riscos (THOMPSON, 2012, p.162).

    Antes de explicar tais distines importante conhecer um pouco mais de onde

    elas surgiram. Segundo o autor Thompson (2012, p.162), os estudos nos remontam aos

    debates filosficos da Grcia sobre a vida da polis4, onde com a criao das cidades-

    estados, espcies de comcios eram realizados em praas pblicas com a finalidade de

    reunir pessoas para manifestar suas opinies. No entanto, a compreensvel distino se

    originou mesmo atravs do direito romano, que separava lei pblica de lei privada da

    concepo romana da res publica5. (THOMPSON, 2012, p.162). Apesar disso, de

    acordo com o autor, no ltimo perodo medieval novos significados relacionados

    principalmente s transformaes institucionais da poca, fez surgir uma nova distinoentre o pblico e o privado. Todas estas distines ocorreram na medida em que antigas

    3THOMPSON, John B. A mdia e a modernidade: uma teoria social da mdia. Ed.Petrpolis, RJ: Vozes,

    2012.4 Polisera o modelo das antigascidadesgregas,desde operodo arcaico at o perodoclssico,vindo a

    perder importncia durante o domnio romano.Era uma comunidade organizada por cidados, onde sereuniam para discutir questes de interesse comum e criar uma ordem social orientada para o bemcomum. Thompson (2012, p.162).5Res publica uma expresso utilizada para representar coisa do povo, coisa pblica. (WIKIPDIA,

    2013).

    http://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade-Estadohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antigahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_arcaicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1ssicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romanohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Imp%C3%A9rio_Romanohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cl%C3%A1ssicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Per%C3%ADodo_arcaicohttp://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antigahttp://pt.wikipedia.org/wiki/Cidade-Estado
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    instituies davam lugar a novas, na qual podemos destacar algumas delas que so

    utilizadas desde o final da Idade Mdia.

    Assim como explicou Thompson (2012, p.162), o primeiro sentido desta

    oposio tem a ver com a relao entre o domnio do poder pblico institucionalizado, e

    o domnio da atividade econmica e das relaes pessoais. Assim, a partir de meados

    do sculo XVI em diante, pblico comeou a significar atividade ou autoridade

    relativa ao estado e dele derivada, enquanto privado se referia s atividades ou esferas

    da vida que eram excludas ou separadas daquela. (THOMPSON, 2012, p.163).

    A partir de meados do sculo XIX, os estados comearam a assumir um papel

    mais intervencionista.

    Indivduos se uniram para formar organizaes e grupos de presso com oobjetivo de influenciar a poltica governamental. Na verdade, a prpriafronteira entre o pblico e o privado tornou-se um marco importante nosdebates polticos quando os governos procuraram redefinir o escopo daatividade estatal, expandindo os servios e investimentos pblicos ou,alternativamente, removendo preocupaes do setor pblico para o privadoatravs de privatizaes. (THOMPSON, 2012, p.163).

    A segunda distino, contudo, explica que o sentido de pblico significaaberto ou acessvel ao pblico, neste sentido referindo-se quilo que realizado em

    frente a espectadores. Privado nada mais do que o contrrio do que foi explicado

    anteriormente, ou seja, esconde dos outros, feito atravs de um grupo restrito de

    pessoas. A partir disso, e de por meio de diversos fatos acontecidos na Grcia Clssica e

    na Idade Mdia, que segundo Thompson (2012, p.167):

    [...] o poder tornou-se mais visvel e os processos de tomada de deciso, maispblicos, embora esta larga tendncia no tenha sido uniforme e completa.Os detentores do poder encontraram novas formas de manter segredo e novasrazes para se defenderem. Novas formas de poder invisvel e de governoencoberto desde as ininvestigveis atividades dos servios de segurana eorganizaes paramilitares aos acordos e transaes de polticos a portasfechadasforam inventadas.

    Todas estas transformaes, contudo, tornaram-se mais evidentes a partir do

    desenvolvimento dos meios de comunicao, desde a imprensa at a mais recente mdia

    eletrnica. Com isso, o autor busca uma explicao do impacto da mdia na natureza da

    publicidade e na relao entre o poder e a visibilidade.

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    Para Thompson (2012, p.167), antes do desenvolvimento da mdia a publicidade

    acontecia quando os indivduos compartilhavam lugares comuns:

    Um evento se tornava pblico quando representado diante de uma pluralidadede indivduos fisicamente presentes sua ocorrncia como, por exemplo,uma execuo pblica na Europa Medieval, realizada diante de um grupo deespectadores reunidos na praa do mercado pblico.

    O que destacava este tipo de publicidade era o fato de possibilitar uma grande

    riqueza de deixas simblicas, que assim como explicado nas sees anteriores a

    caracterstica principal da comunicao face a face. O autor caracterizou, portanto, este

    tipo de publicidade como copresena. importante ressaltar, que quando o autor falaem publicidade, ele no se refere apenas ao sentido de divulgar algum produto ou

    evento, mas sim, disseminar alguma ao, seja ela atravs do jornal ou at mesmo por

    meio de um prprio anncio. Sendo assim, percebe-se que o desenvolvimento da mdia

    criou novas formas de publicidade bem diferente da citada acima. Segundo Thompson

    (2012, p.168):

    A caracterstica fundamental destas novas formas que, com a extenso dadisponibilidade oferecida pela mdia, a publicidade de indivduos, aes, oueventos, no est mais limitada partilha de um lugar comum. Aes eeventos podem se tornar pblicos pela gravao e transmisso para outrosfisicamente distantes do tempo e do espao de suas ocorrncias. Aes eeventos podem adquirir uma publicidade que independe de serem vistos ououvidos diretamente por uma pluralidade de indivduos copresentes.

    Portanto, deixando de uma publicidade de copresena, a mdia proporcionou o

    surgimento de uma publicidade mediada. Este desenvolvimento pode ser apresentado

    atravs da gradual importncia que os meios de comunicao passaram a exercer na

    sociedade, e principalmente a forma como se estenderam.

    O advento da imprensa, assim como destacou Thompson, foi essencial para a

    criao de uma nova forma de publicidade, principalmente devido s suas caractersticas

    de produo, difuso e apropriao. Com a existncia da palavra imprensa, tudo poderia

    ser disseminado sem os indivduos compartilharem um lugar comum. Por meio disso,

    fenmenos pblicos puderam ser disseminados sem estarem presentes em seu

    acontecimento. Estes indivduos abrangiam uma coletividadeum pblico leitorque

    no se podia localizar no tempo e no espao. (THOMPSON, 2012, p.168). O autor fazuma ressalva para o fato de que alguns leitores utilizavam de lugares comuns para

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    discutir os fatos que liam, no entanto, isso no foi relevante para definir um novo tipo

    de publicidade que se tornou possvel graas imprensa. Em outras palavras, Thompson

    nos mostra ainda, que a partir deste novo meio, a relao entre as matrias e o leitor

    pode ser caracterizado praticamente como uma quase interao mediada, pois a partir

    disso se tornou possvel ter o conhecimento de algumas aes sem ser necessariamente

    com outras pessoas.

    Outro aspecto muito importante pode ser destacado sobre a diferena da

    publicidade de copresena para a mediada. Thompson (2012, p.170) diz que na

    copresena, a publicidade era representada atravs de um intercmbio dialgico nas

    falas dos indivduos que compartilhavam um mesmo ambiente bem como a capacidade

    de se verem e ouvirem ao mesmo tempo, A publicidade deuma ao ou evento baseia-

    se, pois, no sentido de percepo dos outros copresentes. (THOMPSON, 2012, p.170).

    Contudo, com o advento da imprensa, a percepo se modificou. Thompson

    (2012, p.170) explica que atravs dela:

    Uma ao ou evento poderia agora adquirir um carter pblico para outrosque no estavam presentes no lugar de sua ocorrncia, e que no eram

    capazes de v-la ou de ouvi-la. A ligao entre publicidade e visibilidade seatenuou: uma ao ou evento no tinham que ser literalmente presenciadospelos indivduos para se tornarem pblicos. Alm disso, os indivduos querealizavam aes pblicas ou participavam de eventos pblicos no poderiammais ver aqueles outros para quais as aes e eventos eram, ou poderiam setornar, fenmenos pblicos.

    Para entender ainda mais sobre as transformaes da visibilidade, formas de

    publicidade criadas a partir de outros meios de comunicao devem ser estudadas. A

    televiso, por exemplo, um dos meios que o autor cita, pois assim como a imprensa

    nos oferece a condio de discutir um assunto sem necessariamente partilhar um local

    comum. No entanto, a televiso assim como destacou Thompson (2012, p.171), nos

    oferece uma maior riqueza visual dos acontecimentos, possibilitando, inclusive, ricas

    deixas simblicas, onde as pessoas podem ser vistas e ouvidas por outras, criando uma

    proximidade at mesmo com a publicidade de copresena, no entanto, apresentando

    diferenas importantes. Primeiramente a televiso permite que o mesmo assunto, ao

    ou evento seja visto de uma s ver por milhares de pessoas espalhadas pelo mundo.

    Outro aspecto esta relacionado com o campo de viso. O campo televisivo tem umalcance extenso, pois com o advento da globalizao fenmenos que acontecem muito

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    distantes podem ser vistos. O direcionamento tambm outro fator que deve ser

    apresentado, pois na televiso o sentido de viso essencialmente de sentido nico.

    Os indivduos que aparecem na tela da televiso podem ser vistos pelosreceptores que, por sua vez, no podem ser vistos; os espectadores podem veros indivduos que aparecem diante deles, mas permanecem invisveis para osltimos. O tipo de publicidade criada pela televiso assim caracterizada

    pelo contraste fundamental entre produtores e receptores no que diz respeito visibilidade e invisibilidade, capacidade de ver e de ser visto.(THOMPSON, 2012, p.172).

    Baseado no que foi explicado at ento, o autor parte ainda para outro aspecto

    importante pela qual os meios de comunicao e estas novas formas de publicidade

    foram essenciais: o poder poltico, que desde a histria da humanidade sempre esteve

    presente. De maneira breve, a partir dos estudos feitos por Thompson, fica evidente que

    com o surgimento da mdia, os governantes tiveram que se preocupar ainda mais com

    sua apresentao e audincia mesmo que no estivessem fisicamente presentes.

    Thompson (2012, p.179). Os meios de comunicao passaram a ser utilizados por eles

    como uma forma de promulgar suas ideias, decretos, e sua prpria imagem pessoal,

    projetadas a lugares muito distantes. Ao longo dos sculos XIX e XX, a tarefa de

    administrar a visibilidade dos lderes polticos atravs da mdia assumiu uma

    importncia ainda maior. (THOMPSON, 2012, p.180). Principalmente devido ao

    grande alcance, tornou-se necessrio administrar esta visibilidade atravs da mdia, foi

    ento que comeou a surgir uma equipe organizada para cuidar exclusivamente disso,

    ou seja, originaram-se os assessores, que eram as pessoas responsveis por administrar a

    relao entre o governo e a mdia. No entanto, a incapacidade de controlar este

    fenmeno tornou-se uma fonte de problemas para lderes polticos, nas quais o autor

    destaca a gafe e o acesso explosivo; o desempenho de efeito contrrio; o vazamento e o

    escndalo, que ainda so muito enfrentados atualmente.

    A partir dos conceitos de Thompson sobre a era da visibilidade, fica claro,

    portanto, as principais consequncias enfrentadas pela sociedade da era global desde o

    surgimento dos meios de comunicao.

    4 CONCLUSO

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    O advento da globalizao na ps-modernidade tem causado diversas

    transformaes na sociedade, especialmente devido ao surgimento acelerado de novas

    formas de nos comunicarmos. Com isso, notou-se que o desenvolvimento dos meios de

    comunicao deu espao a novas formas de relacionamentos sociais, muito diferente do

    que at ento havia prevalecido durante grande parte da histria da humanidade.

    A partir de tais acontecimentos o sujeito que at ento era considerado centrado

    e unificado, passa por uma grande reestruturao, alterando o seu pensamento e sua

    forma de agir na sociedade, resultado este de um individuo que passou a ser global,

    ligado s novas tecnologias. Desta forma, nota-se que a mdia comeou a fazer parte da

    vida de toda a populao, implicao destas alteraes apresentadas.

    Entre as consequncias notadas, e expostas no seguinte artigo, encontram-se a

    formao de novos sujeitos sociais, a partir da funo exercida pela mdia de construtora

    da realidade, bem como de promotora de debates pblicos. No entanto, aliado a estas

    funes exercidas, percebe-se a existncia de grandes poderes atrelados aos meios de

    comunicao, o que acabam por influenciar muitas vezes, na opinio pblica e ainda a

    prejudicar na democracia que deveria ser exercida pelos mesmos. Tais questes so

    necessrias ser debatidas, pois a mdia ainda ocupa um papel muito importante de

    oferecer significado s coisas, e por meio disso ajudar a construir uma cultura e a formar

    os valores de toda uma sociedade.

    Alm disso, a partir dos conceitos destacados por Thompson, sobre a era

    miditica da visibilidade, esclareceram-se questes ligadas ao poder dos meios de

    comunicao, principais consequncias enfrentadas pela sociedade a partir do

    surgimento da mdia.

    REFERNCIAS

    BIZ, Osvaldo; GUARESCHI, Pedrinho A. Mdia & Democracia. 3. ed. Porto Alegre:P.G/ O.B, 2005.

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    Sociedade mediada:Significao, mediaes e excluso. Santos: UniversitriaLeopoldianum, 2000.

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