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30 SALVADOR DOMINGO 2/1/2011 31SALVADOR DOMINGO 2/1/2011

A bossaDO

BokaTexto PEDRO FERNANDES [email protected] FERNANDO VIVAS [email protected]

Há dez anos, a marca de roupas Bokapiutem trajetória singular no mercado demoda baiano, com atendimentopersonalizado do designer Marcos Gonçalves

[email protected] 8852-2560

As reações às roupas da Bokapiu são sempre muito

parecidas quando se está pouco familarizado com

elas. Chamam a atenção, primeiro pelas estampas

vintage, pop, bem-humoradas, infantis, irônicas,

presentes em seus tecidos nobres, como linho, cam-

braia de algodão, garimpados por horas a fio em

lojas do interior da Bahia. “É a parte mais divertida. Quanto mais

antiga a loja, melhor. Não porque vou achar tecidos comprados há

30anos,masporqueamentalidadedecompradodonoaindaéde

30 anos”, conta o designer da marca, Marcos Gonçalves, 42, tam-

bém conhecido como Marcos Bokapiu.

Logo depois, o novato vai querer saber onde comprar as roupas

e é aí que está outra diferença. Ele atende a cada um dos seus clien-

tespessoalmente.Ésó ligaremarcarumencontroemseuateliêou

onde o interessado estiver. “Estou começando a pensar em criar

um site. Mas as redes sociais, para mim, já são um ponto de ven-

da”. Com o tempo, quando a relação se torna mais estreita e ele

passa a conhecer os gostos da pessoa, começa a pensar roupas

especialmente para ela. É assim que há dez anos ele vem vestindo

atores, músicos e arquitetos.

JACOBINAA relação com a moda vem desde muito tempo, quando nos

anos 1980 tocava junto com a mãe uma butique multimarcas, a

Bokapiu, em Jacobina, interior da Bahia. A loja fechou quando ele

semudouparaoRiodeJaneiro,aos25anos,ondecomeçouafazer

o curso de história, que concluiu na Universidade Federal da Bahia.

Ao retornar para Salvador, quis voltar a trabalhar com moda, mas

pretendia evitar toda a dor de cabeça de manter uma loja. Come-

çou então, em 2000, com a primeira série de camisetas estampa-

das pelo parceiro Marcelo do O, com quem trabalha até hoje. De-

pois, passou a se arriscar na modelagem de calças e camisas para

o público masculino e, em menor proporção, para o feminino.

“Não sei pegar numa agulha, mas conheço todo o processo”,

diz.

Marcos não precisou abandonar a sua vivência com a história

para se dedicar à moda. Além de continuar seu trabalho como pro-

fessor, deu um jeito de juntar as duas coisas na pesquisa Roupa de

Ver Deus - Modernidade e Vestimenta em Salvador anos 1950 e

1960. Alguns desenhos de Lina Bo Bardi, que têm como tema a

cidade do Salvador, viraram estampas para suas camisetas. É de

olho na arte, na literatura, no cinema, e trazendo essas informa-

ções para cada umas de suas peças, que ele desperta a curiosidade

dos seus clientes e faz cada um deles se sentir único. «