CNTEDIÇÃO INFORMATIVADA CNT
ANO XVII NÚMERO 191JULHO 2011
T R A N S P O R T E A T U A L
LEIA ENTREVISTA COM A MINISTRA IZABELLA TEIXEIRA
PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE
Há quatro anos contribuindo paraa redução da emissão de poluentese a melhoria do meio ambiente
DESPOLUIR
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 20114
REPORTAGEM DE CAPA
ANO XVII | NÚMERO 191 | JULHO 2011
CNTT R A N S P O R T E A T U A L
CAPA DUKE
A ministra do MeioAmbiente fala deações conjuntas
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ENTREVISTA
Rodovia que ligaRio e São Paulocompleta 60 anos
PÁGINA 24
VIA DUTRA
Cidades investempara melhorar aacessibilidade
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MOBILIDADE
AVIAÇÃO
Pesquisa vai contribuir paraconforto em voo
PÁGINA 38
AQUAVIÁRIO
Pedidos são feitosà SEP durantereunião na CNT
PÁGINA 52
AMYR KLINK • Navegador fala sobre liderançaem palestra na CNT; ele já foi quase 40 vezes àAntártica e contou detalhes de suas experiências
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O Despoluir – Programa Ambiental do Transporte –completa quatro anos, consolidado como uma iniciativasustentável do setor; no projeto de redução de poluentes,já foram feitas 480 mil aferições em todo o país
Página 44
CONSELHO EDITORIALBernardino Rios PimBruno BatistaEtevaldo Dias Lucimar CoutinhoTereza PantojaVirgílio Coelho
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EDITOR-EXECUTIVO
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Publicação da CNT (Confederação Nacional do Transporte), registrada no Cartório do
1º Ofício de Registro Civil das Pessoas Jurídicas do Distrito Federal sob o número 053.
Tiragem: 40 mil exemplares
Os conceitos emitidos nos artigos assinados não refletem necessariamente a opinião da CNT Transporte Atual
EDIÇÃO INFORMATIVA DA CNT
PROGRAMA AMBIENTAL DO TRANSPORTE
DESPOLUIR
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 5
Inscrição abertapara congressoem Minas
PÁGINA 60
ABTC
TECNOLOGIA EM DISCUSSÃO • Encontro deFerrovias será realizado em Vitória (ES), em agosto, e irá discutir as evoluções tecnológicas no sistema ferroviário
PÁGINA58
Alexandre Garcia 6
Humor 7
Mais Transporte 14
Boletins 72
Debate 78
Opinião 81
Cartas 82
SeçõesSEST SENAT
Unidades passam orientações sobreo trânsito
PÁGINA 68
Fórum discutecomo reduziros acidentes
PÁGINA 62
SEGURANÇA
Já estão abertas as inscrições para a 18ªedição do Prêmio CNT de Jornalismo. Em um site especial, é possível acessar o regulamento, inscrever-se e conhecer os vencedores das diferentes categorias dos anos anteriores. São R$ 90 mil em prêmios.
Confira a cobertura completa em textos, áudios e vídeo da 13ªTranspo-Sul – Feira eCongresso de Transporte e Logística. O evento é umdos maiores do setor no país.Se informe também sobre os principais seminários, congressos e feiras queserão realizados.
Projeto Despoluir• Conheça o programa• Acompanhe as notícias sobremeio ambiente
Canal de Notícias• Textos, álbuns de fotos, boletinsde rádio e matérias em vídeosobre o setor de transporte no Brasil e no mundo.
Escola do Transporte• Conferências, palestras eseminários
• Cursos de Aperfeiçoamento• Estudos e pesquisas• Biblioteca do Transporte
Sest Senat
• Educação, Saúde, Lazer e Cultura• Enfrentamento da exploraçãosexual de crianças e adolescentes
18º PRÊMIO CNT DE JORNALISMO
EVENTOS
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O portal disponibiliza todas as ediçõesda revista CNT Transporte Atual
E MAIS
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rasília (Alô) – A rodovia Rio-Petrópolis,a União e Indústria, foi a primeira a serconstruída. Em 1861. O Brasil tinha pre-ferência pelo trem. Carga e passagei-ros. E navio. Nos anos 40, construiu-sea Via Dutra, entre Rio e São Paulo.
Enquanto isso, nos Estados Unidos, em 1926,já se unia Chicago e a Califórnia com a Rota66, com 3.775 quilômetros. Foi muito devagarnosso sistema rodoviário. “Governar é cons-truir estradas”, dizia o presidente WashingtonLuiz, na campanha de 1920. Juscelino real-mente impulsionou estradas, para poderatrair a indústria automobilística.
Hoje temos só 140 mil quilômetros de rodo-vias pavimentadas e as melhores estradas sãoas com pedágio. Não vamos ter eficiência senão tivermos todas as formas de transporte.Precisa voltar o trem – inclusive para passa-geiros – e precisa haver navios de cabotageme fluviais. Quanto aos aviões, é preciso haveraeroportos, num país de dimensões continen-tais. Nosso serviço de aeroporto é péssimo ecusta de taxa de embarque o dobro do deNova Iorque. É a mais cara das Américas.
O Ministério da Saúde estima em 38 mil onúmero de mortos por ano no trânsito. Háquem calcule, como o professor Mauri Panitz,da PUC-RS, que sejam 80 mil, pois não háregistro de muita gente e há quem tenhamorrido até 90 dias após o acidente. Assim,
são 350 veículos por morto. Nos EstadosUnidos, são 5.300 veículos por morto, e naSuécia, 6.900. Os Estados mais perigosos sãoTocantins e Mato Grosso. Depois vêm EspíritoSanto, Paraná e Santa Catarina. São Paulo temas rodovias mais seguras do país.
O governo aplica pouco na conservação deestradas. Muitas estradas não têm acosta-mento, animais andam pela rodovia e muitosveículos estão totalmente inseguros porvelhice e por antiguidade, até na capital dopaís. E há os motoristas que estão embriaga-dos. E há os que se recusam a soprar no bafô-metro. Muitos são políticos e jogadores defutebol. Não consigo entender que alguémpossa se livrar do bafômetro, com base noargumento de que não pode produzir provacontra si.
Nos países civilizados, o direito social temmais força do que o individual. Ninguém podeexpor os outros à sua própria bebedeira.Tampouco pode expor os outros à alta veloci-dade. Em nossas estradas, há pouca fiscaliza-ção. É por isso que morremos no asfalto ouficamos com sequelas o resto da vida.Quanto a nossos pobres carros, só 4% têmairbag e só 15% têm ABS – instrumentos desegurança há 30 anos no mundo civilizado,que protegem os que estão dentro do auto-móvel. Nossas vidas não têm proteção e onosso cérebro é muito frágil.
B
“Não vamos ter eficiência se não tivermos todas as formas de transporte.Precisa voltar o trem, navios de cabotagem e fluviais e bons aeroportos”
Vai demorar
ALEXANDRE GARCIA
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 7
Duke
ENTREVISTA IZABELLA TEIXEIRA
No mês em que secomemora os quatroanos do Despoluir(Programa Ambiental
do Transporte), desenvolvidopela CNT e pelo Sest Senat, aministra do Meio Ambiente,Izabella Teixeira, destacou àrevista CNT Transporte Atual aimportância de ações de grandealcance, com o objetivo de redu-zir as emissões de poluentes. Naopinião de Izabella, os programasgovernamentais e os da iniciativaprivada se complementam nabusca do desenvolvimento sus-tentável. A ministra falou tam-bém sobre a logística reversa,incluída na Política Nacional deResíduos Sólidos; abordou aPolítica Nacional sobre Mudançado Clima, que neste ano vai deba-ter ações do transporte; e citoualgumas medidas do meioambiente em relação aos grandes
eventos esportivos programadospara o Brasil nos próximos anos.Leia a seguir.
A senhora considera que oDespoluir tem contribuído paraas ações da gestão ambiental?
É muito interessante observarque o setor privado cria proces-sos próprios, complementares àsiniciativas governamentais, parao combate às emissões depoluentes. É muito importante opapel da CNT nessa articulação,pois hoje sabemos que os veícu-los que utilizam óleo diesel são10% da frota brasileira, mas emi-tem 50% dos poluentes atmosfé-ricos. Dessa maneira, todas asações que tenham grande alcan-ce são importantes, como oDespoluir ou o Selo Verde, naforma que é executado no Estadodo Rio de Janeiro, integrado comprogramas do governo estadual.
O que a senhora recomenda-ria para uma maior contribui-ção do programa?
O programa deveria intensi-ficar sua ação sobre a frota quecircula nas cidades, sobre osveículos de intenso uso urbano,como ônibus e caminhões deentrega, pois é aí que se con-centram os maiores problemasrelacionados à poluição atmos-férica. Por todo o Brasil, vemoso mesmo quadro, com fumaçapreta sendo expelida direta-mente nas ruas principais denossas cidades. O Despoluiravançando sobre essa frotaestará indo ao encontro dosprogramas de inspeção e manu-tenção que muitos Estados irãoiniciar no ano que vem.
Qual é o peso dessa mobili-zação do setor empresarialpara incentivar a redução das
emissões de gases de efeitoestufa e de outros poluentes?
O MMA entende que iniciativasvoluntárias de monitoramentocomo o Despoluir, em conjugaçãocom os programas governamen-tais, como o Proconve (Programade Controle da Poluição do Ar porVeículos Automotores), comple-mentam-se na questão do contro-le da poluição atmosférica porpoluentes locais e da redução dasemissões de gases de efeito estu-fa. Esse tipo de iniciativa, somadaà implantação dos Programas deInspeção e Manutenção deVeículos em Uso pelos Estados, ematendimento à Resolução Conamanº 418/2009, propiciará a reduçãosignificativa desses gases.
Neste ano, será concluído odetalhamento dos planos seto-riais conforme a PNMC (PolíticaNacional sobre Mudança do
“É muito interessante observar que o setor privado cria proce complementares às iniciativas governamentais, para o combate às
Soluções conPOR CYNTHIA CASTRO
ssos próprios, emissões de poluentes”
Clima). Entre eles, o PlanoSetorial do Transporte. De queforma o setor pode colaborar?
A PNMC estabelece a elabora-ção de planos setoriais de miti-gação à mudança do clima queorientem para uma economia debaixo carbono e, consequente-mente, de menor emissão degases de efeito estufa, GEE. NaConferência do Clima, emCopenhague em 2009, o paísassumiu o compromisso nacio-nal voluntário de reduzir suasemissões entre 36,1% e 38,9%até 2020. O plano setorial detransportes auxiliará a alcançaressa meta, já que o setor é res-ponsável por 28,9% das emis-sões de GEE do setor de energia,conforme 2º Inventário Nacionalde Emissões Antrópicas porFontes e Absorção porSumidouros de Gases de EfeitoEstufa. O setor de transporte
tem uma grande importância naredução de emissões de GEE.
Como a senhora definiria umescopo ideal para esse plano,especialmente sobre mobilida-de urbana, infraestrutura,maior participação dos modaisferroviário e aquaviário, com-bustíveis e tecnologias?
No âmbito do governo, já foi ini-ciada a articulação com osMinistérios dos Transportes e dasCidades. O Ministério dosTransportes considera como ins-trumentos balizadores do escopodo plano setorial o Plano Nacionalde Logística de Transportes e oInventário Nacional de EmissõesAtmosféricas por VeículosAutomotores Rodoviários, preven-do-se ainda para este semestre afinalização do inventário para omodal ferroviário. Esses instru-mentos serão a base para a defini-
ção de metas para o setor e para aanálise das mudanças necessáriasnos modais de transporte presen-tes até então. Nesse plano, seráimportante prever o aumento nouso de biocombustíveis no trans-porte público urbano rodoviário euma maior interligação entre osmodais ferroviário, rodoviário ehidroviário, reduzindo-se a depen-dência pelo modal rodoviário.Outro ponto é viabilizar o acessoda sociedade a modais de trans-porte público que substituam os deuso individual. Por fim, a promoçãode eficiência energética nos veícu-los leves, médios e pesados tam-bém traria grandes benefícios.
A CNT defende a implanta-ção de um programa que permi-
ta a renovação da frota decaminhões e o sucateamentodos materiais. Como a senhoraenxerga essa iniciativa?
O debate sobre renovação defrota dentro do governo federalainda é inicial. O InventárioNacional de EmissõesRodoviárias, que lançamos esteano, nos traz muita informaçãono que diz respeito à frota brasi-leira, sua intensidade de uso eexpectativas de sucateamento.São informações necessárias aum debate técnico. Temos de terclareza de qual seria a frota alvode um programa como esse. Seseriam veículos pesados muitoantigos, que emitem muito, mastêm vida útil curta. Ou se seriamveículos com dez, 15 anos, que
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE/DIVULGAÇÃO
juntas
ainda vão circular por muitosanos e são relativamente novos,tendo sido fabricados nas primei-ras fases do Proconve. Portanto,com níveis de emissão muitosuperiores aos atuais. De todaforma, é um debate que quere-mos amadurecer, principalmenteno que diz respeito à reciclagemde materiais e às oportunidadesque traz a Política Nacional deResíduos Sólidos.
O Proconve é consideradopor muitos uma das mais bemsucedidas ações do Conama. Aque a senhora atribui?
O Proconve completa em 2011um ciclo de 25 anos de sucesso,apresentando resultados excep-cionais em termos de diminuiçãode poluentes. Não há dúvidas deque é um dos principais progra-mas ambientais desse país, comresultados extremamente positi-vos e comprovados tecnicamen-te. O seu sucesso se deve, semdúvida, à persistência em buscarsempre os limites de emissãomais rigorosos e sempre traba-lhando no limite da melhor tecno-logia disponível. Nosso grandeesforço tem sido tomar todas asmedidas necessárias para aimplantação da fase P7 (para veí-culos pesados), que se inicia em1º de janeiro de 2012. Com essafase, o Brasil estará se igualandoàs normas dos países mais avan-çados, com padrões de emissões
extremamente rigorosos e com autilização de um diesel muitomais limpo, que chegará a 10 ppmde enxofre já em janeiro de 2013.Na sequência, entrarão em vigoras fases L6 (para veículos leves) eM4 (para motocicletas e simila-res), também com limites deemissão mais rigorosos. Vamosavançar também sobre as máqui-nas agrícolas e rodoviárias, que jáforam incorporadas ao Proconve,com início previsto para 2015.
Os governos estaduais estãoelaborando seus PCPVs (Planosde Controle de PoluiçãoVeicular). Como eles irão contri-buir para a redução da poluição?
Os PCPVs são de grandeimportância para o equaciona-mento da questão da poluiçãoatmosférica. Os Estados irãodiagnosticar a situação da quali-dade do ar e irão traçar medidaspara a solução dos problemasencontrados. O prazo para aentrega dos PCPVs aos respecti-vos Conselhos Estaduais de MeioAmbiente termina em 30 dejunho. Temos grande expectati-va de que todos cumpram asdeterminações do Conama etenham seus planos prontos.Sabemos que, em decorrênciados planos, teremos, a partir doano que vem, Programas deInspeção e Manutenção Veicularem diversas cidades, o que serámuito bom para a melhoria do
meio ambiente urbano e para asaúde da população.
Para a implementação daPolítica Nacional de ResíduosSólidos e da logística reversa,serão feitos inicialmente acor-dos com cinco setores. Asenhora determinou que doisestejam prontos em 2011?
Em fevereiro, foi empossa-do o Comitê Orientador paraImplantação de Sistemas deLogística Reversa. Além doMinistério do Meio Ambiente,o comitê é composto pelosministros da Saúde; doDesenvolvimento, Indústria eComércio; da Agricultura,Pecuária e Abastecimento; eda Fazenda. O GTA (Grupo Técnicode Assessoramento) criou cinco
TRANSPORTE PÚBLICO Sistema de BRT (Bus Rapid Transit) de Curitiba
“Todas asações quetenhamgrande
alcance sãoimportantes,
como oDespoluir ouo Selo Verde,no Rio deJaneiro”
antes da aprovação da lei e por-que essas duas cadeias já erammuito discutidas no âmbito doConama, por terem potencialpoluidor elevado.
A Copa de 2014 e asOlimpíadas de 2016 poderãoser uma vitrine para o Brasilmostrar suas ações na áreaambiental?
Serão oportunidades de for-talecer a política ambiental, darvisibilidade e impulsionar asações do Ministério do MeioAmbiente, bem como de seusparceiros em prol da sustenta-bilidade ambiental e da promo-ção da inclusão social. O MMAtem participado da CâmaraTemática de Meio Ambiente eSustentabilidade, coordenada
pelo Ministério dos Esportes, edo Comitê Gestor da Copa 2014.Em abril de 2010, o MMA firmouum termo de cooperação técni-ca com o Ministério do Esportee vem contribuindo para a defi-nição e implementação de umaestratégia de sustentabilidadepara a Copa 2014.
Quais os projetos em desen-volvimento?
No âmbito da Câmara Temáticade Meio Ambiente eSustentabilidade, o MMA é respon-sável por coordenar três doscinco núcleos temáticos de proje-tos: Mudanças Climáticas, Parquesda Copa e Resíduos e Reciclagem.Em Mudanças Climáticas, os esfor-ços são no sentido de chegar a umconsenso sobre os marcos meto-dológicos a serem adotados paraa realização de inventários degases de efeito estufa, com oobjetivo de quantificar a contri-buição das atividades de prepara-ção da Copa 2014 e trabalharmosestratégias de mitigação. Nonúcleo Parques da Copa, o MMA,os Ministérios do Esporte e doTurismo articulam para que 65unidades de conservação sejamincluídas no projeto de promoçãoda visitação durante a Copa.Deverão ser aprimoradas a infra-estrutura e a logística de acesso.As unidades de conservação queserão incluídas no projeto serãoalvo de publicidade voltada à visi-
tação na Copa. No núcleo deResíduos e Reciclagem, o MMAatua na viabilização de projetosde manejo de resíduos sólidosurbanos, fazendo a articulaçãoentre os agentes financeiros e osEstados e municípios-sede.Considerando a Política Nacionalde Resíduos Sólidos, tais eventosesportivos figuram como catalisa-dores dos esforços de implemen-tação, de ações de inclusãosocioambiental como, por exem-plo, a dos catadores nos projetosde manejo dos resíduos sólidos.
Em que termos a senhoradefiniria uma parceria com osetor de transporte?
Mais de 50% da população dopaís vive nas grandes cidades.Essas pessoas dependem da qua-lidade do ar para levarem umavida saudável. Nesse sentido, otransporte de passageiros e decarga é estratégico para o desen-volvimento do país com qualida-de ambiental. Milhares de tonela-das de poluentes vêm dos moto-res a diesel. O desafio é promovero crescimento com o menorimpacto possível para o meioambiente. O ministério está aber-to ao diálogo com todos os seto-res. A base para as parcerias éessa disposição para conversar eencontrar soluções conjuntas,que visem o bem-estar da popula-ção e o crescimento com respon-sabilidade ambiental. l
se tornou referência mundialmente
NTU/DIVULGAÇÃO
grupos técnicos temáticos quediscutem a logística reversa decinco cadeias identificadas inicial-mente como prioritárias. São elas:descarte de medicamentos,embalagens em geral, embala-gens de óleos lubrificantes e seusresíduos, lâmpadas fluorescentes,de vapor de sódio e mercúrio e deluz mista, e eletroeletrônicos.Esses grupos têm por finalidadeelaborar propostas de modela-gem da logística reversa e subsí-dios do edital de chamamentopara o acordo setorial. Há previ-são do lançamento dos editais dechamamento para novembro. Masacredita-se que os editais para ascadeias de lâmpadas fluorescen-tes e embalagens de óleo sejamdivulgados antes, pelo fato dehaver estudos desenvolvidos
“É importanteviabilizar oacesso dasociedade amodais detransportepúblico quesubstituam os de uso individual”
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201114
MAIS TRANSPORTE
A evolução da mobilidade urbanaserá o tema principal desta ediçãodo Seminário Nacional da NTU(Associação Nacional das Empresasde Transportes Urbanos). O eventoserá realizado nos dias 25 e 26 deagosto no Transamérica ExpoCenter, na capital paulista. Os participantes terão a oportunidadede fazer avaliações acerca dos
projetos de BRT (Bus Rapid Transit)e traçar os rumos ideais para osucesso dos sistemas a seremimplantados em algumas capitaisdo país. Parcerias público-privadase consórcios empresariais dosetor também estarão na pauta do debate. Durante o seminário, a NTU concederá a “Medalha do Mérito do Transporte”.
Seminário Nacional NTU 2011
Entre os dias 2 e 5 de agostoacontece a 26ª edição da Movimat(Movimentação, Armazenagem,Embalagem de Materiais,Tecnologia da Informação eServiços), feira de intralogística. Oevento será realizado no PavilhãoVermelho do Expo Center Norte,em São Paulo (SP). A feira contarácom mais de 200 expositores quevão mostrar as mais importantesnovidades no setor de logísticainterna. Além da exposição, aMovimat terá três seminários. No
dia 3, será apresentado o“Intralogística”, um treinamentocompleto com conceitos e técnicas; no dia seguinte, haverá o “Logismat”, que abordará a logística na prática, com apresentação de casos de sucesso de empresas de referência internacional. No dia 5, oseminário “Melhores Práticas emServiços Logísticos” apresentaráestudos de casos de empresas. Aorganização espera reunir, aproximadamente, 30 mil visitantes.
Movimat 2011
A Abla (Associação Brasileiradas Locadoras deAutomóveis) realiza o 10ºFórum e Salão da Indústriado Aluguel de Automóveis,nos dias 9 e 10 de agosto, noTransamérica Expo Center,em São Paulo (SP). O eventoapresenta os principaismodelos de automóveis
lançados nos últimos mesese outras novidades dedicadasao mercado de locação,incluindo produtos e serviços. A inscrição para as palestras, painéis e atividades do fórum, além do acesso ao salão, deve ser feita no site da entidade: www.abla.com.br.
Fórum e Salão Abla
ANDRÉ PERA/DIVULGAÇÃO
LOGÍSTICA Feira será realizada de 2 a 5 de agosto
PRÊMIO CNT DE JORNALISMO
Até o dia 5 de setembro,jornalistas de todo opaís podem enviar os
seus trabalhos para a 18ª edi-ção do Prêmio CNT deJornalismo e concorrer auma premiação que totalizaR$ 90 mil. A seleção é feitapor uma comissão de profis-sionais reconhecidos entre aimprensa e preza pela auto-nomia no julgamento dos tra-balhos concorrentes.
Podem se inscrever traba-lhos jornalísticos que ressal-tem o papel do setor de trans-porte no desenvolvimento eco-nômico, social, político e cultu-ral do país nas categorias jor-nal impresso, fotografia, televi-são, rádio, Internet e meioambiente. O melhor trabalhoem cada uma delas receberá
um prêmio de R$ 10 mil e ogrande vencedor, R$ 30 mil.
Para serem inscritos, os tra-balhos deverão ter sido veicu-lados na imprensa no períodode 14 de setembro de 2010 a 5de setembro de 2011. O mate-rial pode ser enviado pelaInternet ou pelo correio. Aficha de inscrição e o regula-mento estão disponíveis nosite http://premiocnt.cnt.org.br.
Criado em 1994, o PrêmioCNT de Jornalismo tem comoobjetivo estimular a produçãode reportagens sobre arealidade do transportebrasileiro. Mais de 2.000reportagens já concorre-ram nas 17 edições anterio-res. Mais informações pelotelefone 0800 7282891 [email protected].
Abertas as inscrições
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 15
No dia 22 de junho, a unidade do Sest Senat deCabo de Santo Agostinhorecebeu a visita do secretáriode Trabalho de Pernambuco,Antônio Carlos Maranhão. Ele foi recebido pelo vice-presidente da CNT e presidente do ConselhoRegional do Sest Senat no
Nordeste III, Newton Gibson.Durante a visita, o secretário de Trabalho conheceu os serviços oferecidos na unidade.Participaram do encontro os dirigentes das unidades de Recife e Cabo de SantoAgostinho, ConceiçãoMenezes e Dinis Cavalcanti.
Secretário visita unidade
IVECO/DIVULGAÇÃO
RENOVAÇÃO Transportes Mann adquire 53 novos caminhões
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
CORTESIA Antônio Carlos Maranhão foi recebido por Newton Gibson
Renovação de frotaA Transportes Mann, com sedeem Joinville (SC), adquiriu 53novos caminhões Iveco StralisEurotronic. As primeiras unidades foram entregues em junho e operam no transporte de cargas fracionadas. A empresa mantém um programa de renovação constante de sua frota, que possui idade média de 1,8 ano. Os demais
caminhões a serem entregues pela montadora vão operar o transporte de cargas entre Joinville e osEstados da região Nordeste do Brasil. Segundo a Mann, todos os veículos são equipadoscom carretas baú e irão percorrer a mesma rota, completando cada um, aproximadamente, 12.500 quilômetros por mês.
FETCEMG
Pelo segundo ano, aFetcemg (Federação dasEmpresas de Transportes
de Carga do Estado de MinasGerais), presidida por VanderFrancisco Costa, promoveu aentrega do Prêmio Melhor Ar àsempresas do transporte decargas participantes doProjeto de Redução daEmissão de Poluentes pelosVeículos da CNT.
Concorrem ao prêmio astransportadoras filiadas aossindicatos que compõem afederação. A entrega dos tro-féus foi realizada no dia 9 dejunho, em Belo Horizonte.
Todas as empresas tiveramsuas emissões aferidas pelaequipe do Programa Despoluir,instituído pela CNT. O PrêmioMelhor Ar, além de promover acultura para a melhoria da qua-lidade atmosférica, estimula ouso racional do combustível.
Nesta edição, sagraram-sevencedoras as empresasRepelub Revendedora dePetróleo e Lubrificantes S.A.;Transexcedente Ltda.; TransreferTransportes e Logística Ltda. eTransrios Ltda.
Além da premiação, osmais de 120 convidadospuderam participar do Ciclode Palestras, que tratou dediversos temas pertinentesao setor, como o uso do bio-combustível e do biodieselpara a qualidade do ar, pro-ferido pela pedagoga AnaCristina Noce Fraga; e apalestra “Fase P-7 doProconve (Programa deControle da Poluição do Arpor Veículos Automotores)e os seus Impactos no Setorde Transporte”, apresenta-da pelo então gerente deprojetos especiais da CNT,Vinícius Ladeira.
Entrega do Prêmio Melhor Ar
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201116
MAIS TRANSPORTE
De onde vêm as boas ideiasAutor procura comprovar que um ambiente conectado, em que intuições circulam livremente, é mais propício para o surgimento de grandes invenções.De: Steven Johnson, Ed. Zahar, 260 págs., R$ 36
Startup BrasilEmpresários de sucesso contam como enfrentaram os maiores desafios de suas trajetórias e comotransformaram suas empresas em negócios bem-sucedidos.De: Marina Vidigal e Pedro Mello, Ed.Agir, 288 págs., R$ 44,90
Mais do que boas intençõesAutores relatam casos reais e investigam diversas iniciativas e programas de erradicação da pobrezaem todo o mundo, passando por México,Gana, Índia, Peru e Brasil.De: Dean Karlan e Jacob Appel, Ed. Campus, 264 págs., R$ 69,90
A Ford mostrou em junho, no Salão Internacional do Automóvel de Buenos Aires (Argentina), o Ford IosisMax Concept. O conceito é um exemplo de aplicação de tecnologias recentes, desenvolvidas para reduziro consumo de combustível e as emissões de CO2, mas sem comprometer a performance do automóvel.
Veículo conceito
FORD/DIVULGAÇÃO
Crescimento nos portosO Boletim Portuário do 1ºTrimestre de 2011, produzidopela Gerência de Estudos eDesempenho Portuário daSuperintendência de Portos da Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários),aponta que os portos e terminais brasileiros movimentaram 200,6 milhões
de toneladas no período, o que representa crescimentode 7,7% em relação aos três primeiros meses do ano passado. Nesse intervalo,os portos registraram alta de 9,7% frente aos 6,6% dos Tups (Terminais de Uso Privativo). Os Tups são responsáveis por dois terços
da movimentação total de cargas no Brasil. A maior participação deles em relação aos portos se explicaem função da movimentaçãodas cargas de maior densidade,como minério de ferro, combustíveis, óleos minerais e outros derivados de petróleo.
FRENLOG
Os gargalos do setortransportador brasileiroestiveram em debate no
Congresso Nacional. No dia 29de junho foi reinstalada aFrenlog (Frente ParlamentarMista de Logística dosTransportes e Armazenagem),composta por 204 deputadosfederais e 20 senadores.
Lançada em 2009, a Frentetem como objetivo discutir pro-posições legislativas que visemmudanças e melhorias na qua-lidade da infraestrutura brasi-leira. O colegiado tambémcobra, fiscaliza e apoia proje-tos do Executivo na área. “Aproposta é ser uma facilitadorapara realizar as ações no setorde transporte”, garantiu o pre-sidente da Frenlog, deputadoHomero Pereira (PR-MT).
Para o senador ClésioAndrade (PR-MG), presidenteda CNT e do Sest Senat, que é ovice-presidente da Frenlog,mesmo com o aumento dosinvestimentos nos últimosanos, os números ainda sãoinsuficientes para a necessida-de do Brasil. “Não se desenvol-ve um país sem investir notransporte. Se temos R$ 20bilhões para o setor, vamosusar R$ 5 bilhões para o cus-teio de PPPs (ParceriasPúblico-Privadas). Acho quegrande parte dos problemas dotransporte será resolvida pormeio delas”, argumentou,defendendo a ação para cons-truir estradas, aeroportos,modernizar portos e viabilizarhidrovias no país.
(Aerton Guimarães)
VERBA Senador Clésio Andrade defende mais investimentos
Luta por investimentos
JULIO FERNANDES/CNT
AVALIAÇÃO Pesquisadores iniciam a coleta de dados
A 15ª Pesquisa CNT de Rodoviascomeçou a ser realizada no finaldo mês de junho. No dia 27, 17equipes de pesquisadores saírama campo, partindo de 12 capitais.Eles irão percorrer rodovias fede-rais e estaduais por todo o Brasil.O levantamento é realizado pelaCNT (Confederação Nacional doTransporte) e pelo Sest Senat(Serviço Social do Transporte/ServiçoNacional de Aprendizagem do
Transporte). Mais uma vez, 100%da malha rodoviária federal pavimentada será pesquisada e as principais rodovias estaduais.Também estão incluídas no estudoas rodovias concessionadas. A expectativa desta edição é que sejam avaliadas as condiçõesde aproximadamente 92 mil quilômetros. Em 2010, foram 90.945km e na primeira edição, em 1995, 15.710 km.
15ª Pesquisa CNT de Rodovias
ANDRÉ KOPSCH/DIVULGAÇÃO
JÚLIO FERNANDES/CNT
Itapoá é alfandegadoO Porto de Itapoá (SC), inauguradoem 22 de dezembro do ano passado, foi declarado alfandegadopela Receita Federal no dia 14 dejunho. A resolução é válida para amovimentação e a armazenagemde mercadorias em contêineres,sejam elas próprias ou de terceiros,provenientes e destinadas aocomércio internacional. O terminal também foi autorizado a operar pela Antaq (AgênciaNacional de TransportesAquaviários) e habilitado ao tráfego marítimo internacional.
Itapoá ficará sob a jurisdição daAlfândega da Receita Federal doBrasil no Porto de São Franciscodo Sul (SC). A autarquia poderá estabelecer regras, condições eexigências, bem como rotinasoperacionais que se fizeremnecessárias ao controle fiscal. Aprimeira operação foi realizadano dia 16 de junho. O navio CapSan Lorenzo, do armador AliançaNavegação e Logística, atracouno porto com 1.300 contêineresde carga geral, dos quais, 295foram descarregados em Itapoá.
AUTORIZAÇÃO Resolução permite a movimentação de contêineres
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201118
MAIS TRANSPORTE
Para comemorar seus dez anosde fundação, a Gol Linhas Aéreascolocou em operação um Boeing737-800 Next Generation querecebeu um trabalho de pintura e adesivagem especial. Em substituição ao padrão branco nafuselagem, a aeronave foi pintadade laranja e carrega o aviãozinhoutilizado na nova campanha institucional da companhia, além
da marca “GOL 10 anos”. O processo de pintura do Boeingteve duração de seis dias e foi realizado no Centro deManutenção de Aeronaves da Gol,em Confins (Minas Gerais). Osadesivos foram aplicados emseguida, após a secagem completa da tinta. O avião, dematrícula PR-GTF, realizará voospor toda a malha da companhia.
Comemoração no ar
GOL LINHAS AÉREAS/DIVULGAÇÃO
10 ANOS Aeronave pintada em comemoração à data
TECNOLOGIA
AAirbus apresentou emLondres uma projeçãoque mostra a perspectiva
da companhia para as aerona-ves do ano de 2050. No conceitode cabine da Airbus, os aviõesdo futuro terão zonas personali-zadas que substituem as classesde cabines tradicionais, ofere-cendo níveis de experiência cus-tomizados. De acordo com afabricante, em 2050, os passa-geiros poderão, durante a via-gem, participar de uma confe-rência interativa; divertir-se emum jogo virtual de golfe e recar-regar-se em um “assento revita-lizante”, que se adapta à formado corpo, enquanto veem o pla-neta espalhado sob seus pés.
A estrutura biônica da aero-nave projetada é otimizadapara fornecer força quandonecessário. Uma membranainteligente na parede da cabinecontrola a temperatura do ar epode ficar transparente paraoferecer vistas panorâmicasabertas aos passageiros.
Segundo Charles Champion,vice-presidente de Engenharia
da Airbus, as pesquisas da com-panhia mostraram que os pas-sageiros do futuro vão desejaruma experiência de viagemúnica. “A Cabine Conceito daAirbus foi projetada pensandonisso, e mostra que a viagempode ser uma experiência dedescoberta. Seja qual for aexperiência de voo escolhida, opassageiro de 2050 sairá dacabine conceito sentindo-serevitalizado e enriquecido.”
De acordo com a Airbus, acabine conceito será 100% reci-clável, com materiais autolim-pantes feitos a partir de fibrasde plantas sustentáveis. Asfibras reduzem perdas e custosde manutenção, além de reter ocalor do corpo do passageiropara fornecer energia a recur-sos na cabine.
Ainda segundo a companhia,tais tecnologias já estão emdesenvolvimento e, enquantoainda não podem ser vistas damesma maneira que na proje-ção, algumas delas podem vir afazer parte de futuros progra-mas de aeronaves da Airbus.
Aeronave do futuro
PROJEÇÃO Avião do futuro se adaptará à forma do corpo
AIRBUS/DIVULGAÇÃO
As últimas novidades em produtos e serviços para construção e reparo naval estarão reunidas na Navalshore2011. O evento será realizado de3 a 5 de agosto, no Centro deConvenções SulAmérica, no Rio de Janeiro (RJ). Para estaedição, estão reservados 11 milmetros quadrados para a
exposição de mais de 300 empresas nacionais einternacionais ligadas ao setor. A Navalshore 2011 terá ainda um programa de conferência exclusivo, com a presença de especialistas para fomentar a troca de experiências e adifusão das melhores práticas.
Navalshore
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 19
Novo ministro dos transportesEm julho, Paulo Sérgio Passos foiefetivado, pela presidente DilmaRousseff, como ministro dosTransportes. Ele ocupava a pastainterinamente desde a saídade Alfredo Nascimento.Passos é economista e natural de Muritiba (BA). Iniciou a carreira na AdministraçãoPública em 1973, como assessor
e coordenador de acompanhamento e avaliaçãode programação do Ministério dos Transportes, onde, ao longo de 35 anos, assumiu cargos como secretário-executivo,secretário de Gestão dosProgramas de Transportes esecretário de ProgramaçãoFinanceira e Orçamento.
Foi ministro dos Transportes deabril de 2006 a março de 2007 ede março a dezembro de 2010. Ele colaborou com outros ministérios. No Planejamento, foi secretário de OrçamentoFederal Adjunto. No entãoMinistério do Bem-Estar Social, foi secretário deAdministração Geral.
VOLVO/DIVULGAÇÃO
PRODUÇÃO Ônibus com motor híbrido será feito no país
GERVÁSIO BAPTISTA-ABR
PAULO SÉRGIO PASSOS
A fábrica brasileira da Volvo, com sede em Curitiba (PR), vaiproduzir chassis de ônibus híbridos, movidos a eletricidade ea diesel. O produto escolhido éum chassi padrão, na configuração4x2 eixos. A produção do ônibusarticulado híbrido ainda não temdata para ser iniciada. Segundo amontadora, o híbrido fabricadono Brasil terá uma tecnologiachamada “Híbrida em Paralelo”.
Ela foi projetada para um ônibus com dois motores, um a diesel e outro elétrico, que funcionam em paralelo ou deforma independente. O motor elétrico é utilizado para arrancaro ônibus e acelerá-lo até umavelocidade de a proximadamente20 quilômetros por hora. O motor diesel entra em funcionamento em velocidades mais altas.
Brasil vai fabricar ônibus híbrido
FETRAM
AFetram (Federação dasEmpresas de Transportede Passageiros do
Estado de Minas Gerais) reali-zou no dia 2 de junho a soleni-dade de entrega da segundaedição do Prêmio Fetram deQualidade do Ar. O evento con-tou com a presença de diver-sos empresários do setor detransporte de passageiros deMinas Gerais, diretores do SestSenat, além de representantesdas empresas vencedoras.
Todas as empresas tiveramsuas emissões monitoradasdurante o período de avaliaçãodo prêmio. As vencedoras sedestacaram por sua preocupa-ção com a melhoria da qualida-de do ar, resultando em exce-lentes desempenhos noPrograma Despoluir, da CNT.
Este ano, foram premiadasas empresas Auto OmnibusFloramar Ltda., Auto OmnibusNova Suíssa Ltda., Urca AutoÔnibus Ltda., Viação FênixLtda., Viação Paraense Ltda.,
Viação Getúlio Vargas Ltda.,Viação Sidon Ltda., da regiãometropolitana de BeloHorizonte, e quatro empresasdo interior do Estado: AutoOmnibus Circullare Poços deCaldas Ltda., UnivaleTransportes Ltda., ViaçãoPrincesa do Sul Ltda. e ViaçãoTrês Corações Ltda.
O presidente da Fetram,Waldemar Araújo, ressaltou ofato de o Despoluir contar comdois novos veículos para aferi-ção das frotas do transporte depassageiros no Estado. “Comcinco unidades móveis atuan-do na aferição dos veículos emMinas, poderemos atendermuito mais empresas e disse-minar ainda mais a cultura dasustentabilidade.”
A solenidade contou aindacom a palestra “Cuidados notransporte, armazenamento euso do Biodiesel B5”, proferidapelo coordenador de ProjetosEspeciais da CNT, EduardoEspíndola Vieira.
Prêmio Qualidade do Ar
Depois de quase 40 expe-dições à Antártica, onavegador Amyr Klinkdestacou, na sede da
CNT em Brasília, como é importan-te o profissional ser empreende-dor. Ao responder uma perguntasobre a dica que daria aos empre-sários do transporte, Klink afir-mou que “empreender é uma pai-xão”. E quando a pessoa empreen-de no que gosta, vai sempreenfrentar os problemas e fazer omelhor. “É interessante fazer algu-ma coisa acontecer, empreender.Dá trabalho, exige responsabilida-de o tempo todo, mas é especial.”
Klink proferiu uma palestrapara mais de 450 pessoas no IIICiclo de Conferências, promovidopela CNT, Escola do Transporte eSest Senat. Estavam presentesrepresentantes do setor detransporte, de órgãos governa-mentais, estudantes e a popula-ção em geral – pessoas interes-sadas nas histórias do navega-dor. Ele falou sobre gestão notrabalho desenvolvido por ele,sobre o desafio de administrarprojetos e sobre a dificuldade naformação de mão de obra.
Há 25 anos, Amyr Klink está àfrente de expedições à Antártica,algumas delas sozinho no coman-
do de seu barco. Neste ano, jáforam três viagens ao continentegelado e ele completará, ainda em2011, a 40ª expedição, quando overão chegar. Durante a palestra,Klink afirmou que o interesse pelaAntártica está ligado ao fato de seconseguir chegar a uma região detão difícil acesso.
“Adoro a complexidade. Odesafio de resolver pequenaspeças de um projeto e, derepente, encaixar todas elas”,afirmou. Segundo Klink, primei-
ro veio a paixão pela história daAntártica. Depois, o desejo deconhecer. “Eu vou para lá, pri-meiro porque eu gosto. Meencantei com o assunto em umaépoca em que não havia meiosregulares para ir.”
Ao longo desses anos, o nave-gador foi aprimorando técnicasde construção de embarcaçõesapropriadas para enfrentar ascondições mais adversas, encon-tradas no trajeto, como ondasaltíssimas, extensos blocos de
gelo, ventanias fortes, dificulda-de de abastecimento.
O tema abordado por AmyrKlink na sede da CNT foi liderançae superação de desafios. Nessecontexto, ele descreveu as difi-culdades enfrentadas nas via-gens, desde a preparação até aexecução, em áreas com condi-ções climáticas tão difíceis.“Grande parte da Antártica não écartografada. Construímos entãouma logística voltada paraenfrentar os problemas”, disse
Amyr Klink relata experiências no mar e fala de lide
Paixão por
POR CYNTHIA CASTRO
DESAFIO Há 25 anos, Amyr Klink realiza expedições à Antártica; em algumas
ESCOLA DO TRANSPORTE
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 21
Klink. A maior parte dos barcosutilizados nessas viagens foiconstruída por ele em parceriacom a Equipe Thierry Stump.
“As pessoas tendem a olharpara a execução do que eu faço. Adiferença em relação a quemopera na Antártica há muitos anosé que eu não vou para lá emembarcações que a gente adquiriue trabalha a bordo. A gente vai emprojetos que a gente desempe-nhou e implementou desde o iní-cio, que a gente participou de toda
a solução logística. Desde os pro-jetos dos veículos, dos sistemas,equipamentos, materiais até aoperação final”, disse Klink.
O navegador destacou tambémque há líderes natos que precisamser descobertos e ressaltou aimportância da capacidade de secomunicar. Durante a palestra naCNT, Amyr Klink citou o problemada falta de mão de obra, enfrenta-do na área de construção deembarcações, e afirmou que essaé uma questão a ser solucionada
no Brasil, inclusive em outrasáreas. “Estamos vivendo um cicloeconômico positivo e temos queresolver esse problema. Está fal-tando brasileiro, com capacitação,para acompanhar o nosso cresci-mento.”
Amyr Klink também contoudetalhes de duas famosas via-gens. Na travessia do AtlânticoSul, em um barco a remo, em 1984,ele saiu da Namíbia (na África) echegou à Bahia, depois de “Cemdias entre céu e mar” – título de
um de seus livros. Falou tambémsobre a viagem de mais de um anoà Antártica, relatada no livro“Paratii – Entre dois polos”. Oveleiro de Klink, o Paratii, ficouimobilizado no gelo, durante todoo inverno. Depois, ele ainda viajoupara o Ártico. “Eu tinha o desejode ser dono do tempo. Queria essaexperiência”.
Amyr Klink tem 55 anos, écasado e pai de três meninas –Marininha, de 11 anos, e as gêmeasTamara e Laura, de 14. Natural deSão Paulo, ele é filho de pai liba-nês e mãe sueca. Começou a fre-quentar a região de Paraty (RJ)com a família quando tinha 2 anos,e foi essa cidade histórica do lito-ral brasileiro que o inspirou a via-jar pelo mundo. Ele vive emParaty, em uma casa onde só épossível chegar de barco, comofaz questão de ressaltar.
“Sempre aprendi muito delogística em Paraty. A cidadeteve um plano criativo, com solu-ções tecnológicas ousadas parasua época”, disse o navegador,ao comentar sobre a caracterís-tica típica de Paraty, que temalgumas ruas alagadas quandosobe a maré. “Esse era um méto-do de fazer a limpeza de algumasruas. Uma solução criativa noBrasil-colônia.”
(Com Kátia Maia)
rança, durante palestra na sede da CNT em Brasília
empreender
FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
delas, ele foi sozinho em seu veleiro CONFERÊNCIA Mais de 450 pessoas estiveram na CNT
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201122
“Temos um país que nasceu de viagem”EXPEDIÇÕES
Em entrevista à CNTTransporte Atual, AmyrKlink falou sobre a difi-
culdade no transporte até aAntártica, sobre a chegada dosportugueses ao Brasil ecomentou quais as perguntassempre costuma responder. Onavegador lembrou tambémdo envolvimento das filhas,com idades entre 11 e 14 anos,nas expedições ao continentegelado. Leia a seguir.
Na Antártica, o trans-porte se mostra de váriasformas, bem inusitadas emrelação a situações con-vencionais?
Não é o transporte de lá,mas o transporte até lá. Otransporte até lá enfrenta ascondições mais difíceis queexistem no globo. São distân-cias grandes, tem problemade abastecimento, tem marruim. No litoral brasileiro nãotem mar ruim. Temos mardifícil no Rio Grande do Sul eSanta Catarina. Mas lá temmar ruim, tem ondulaçãoacima de 15 metros de altura.E, para completar a belezatoda dessa história, você temgelo. Tem trânsito de gelo,trânsito muito grande deobjetos, às vezes do tamanhode países. Já vimos várias
vezes placas de gelo acimade 50 km de extensão. Elasnão são cartografadas por-que são mutantes. Então, sãoproblemas dinâmicos que vãomudando a cada dia.
O transportador é, pornatureza, um viajante. Oque você passaria deimportante para o cami-nhoneiro, que não está nomar, mas está sempre naestrada?
Tenho uma afinidade gran-de com o caminhoneiro.Quando comecei a desenharo primeiro barco, a construir,pensei que não queria umbarco que somente fosse àAntártica. Queria um barcoque fosse como um cami-nhão, que tivesse maiorcapacidade de carga, maiorautonomia. Aprendi a fazerbarco com designer diferen-ciado e ousado, mas que aomesmo tempo tem um aspec-to forte, até brusco, resisten-te. Temos feito projetos quetêm essas características dedesempenho, de confiabilida-de. E com estética diferente.Os barcos, às vezes, parecemmilitares, caminhões decarga pesada, tanques deguerra. Mas são mesmo. Hojeeu tenho autonomia para ir
para qualquer lugar domundo. Tenho então identifi-cação grande com o cara queestá na estrada.
No seu site, você diz queé preciso viajar por contaprópria para entender oque é seu, sentir a distân-cia. Como é isso na suaexperiência?
Não conheço ninguém quenão goste de viajar. Sempregostei de viajar e de conhe-cer culturas diferentes. Agente tem um país que nas-ceu de viagem. O Brasil é umaescala do projeto das Índiasdos portugueses. Nuncaaconteceu o descobrimentodo Brasil. Em 1500, ninguémdescobriu o Brasil. Em 1500,eles oficializaram uma escalaem um lugar que já se conhe-cia. O interessante é que osportugueses descobriramuma rota navegável para asÍndias, que obrigatoriamentepassava pelo Brasil, porcausa das estradas oceâni-cas, por causa do contornodos sistemas anticiclônicos,que foi o grande mérito deles.Eles inventaram um veículomais interessante, uma espé-cie de caminhão oceânico,que tinha grande autonomia.E eles construíram um novo
conhecimento, que é o cálcu-lo da posição no mar pela pas-sagem meridiana do Sol. Osportugueses construíram ummétodo de cálculo de posiçãomuito interessante, georrefe-renciado. Inauguraram talveza ciência mais importanteligada ao transporte, que é ogeorreferenciamento, que oBrasil ainda está bem atrasa-do. Quando fiz as primeirasviagens, comecei a entendermais a nossa história, demaneira diferente. A sequên-cia de ocupação da Áfricaestava ligada ao transporte, eeles descobriram que o cami-nho para as Índias tinha quepassar pelo lado certo. OOceano Atlântico é um roda-moinho que vira. Tem um ladoque sobe e um lado quedesce. Não pode navegar nacontramão.
Sua vida sempre desper-ta a curiosidade das pes-soas. Qual é a perguntarecorrente? O que semprequerem saber de você?
Há perguntas interessan-tes e outras chatas. Porexemplo, “Como é a solidãono mar?”. Não tem solidão.Você está trabalhando otempo todo. É como chegarpara o caminhoneiro e per-
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 23
guntar: “Como você se sentena boleia sem ninguém?”. Eleestá cheio de coisas parafazer, para administrar – ondevai parar, a carga que ele tem,velocidade, qual é a rota,prazo para chegar, hora paradormir. Num barco, eu nãoposso dormir mais do que 40minutos ou 50 minutos (quan-do está sozinho). Essa é umapergunta engraçada, da soli-dão. Outra é “E se chover nomar?”. Tudo que a gente queré que chova. A coisa maisdeliciosa que existe é a chuva.O duro no mar são as ondas,as tempestades fortes, osventos contrários. Mas issofaz parte do dia a dia.
Você tem três filhas(duas gêmeas de 14 anos euma caçula de 11). Elas tam-bém estão envolvidas emalgumas expedições?
Há cinco anos, as meninasdesceram para a Antártica eadoraram a primeira viagem.Depois, adoraram a segunda, aterceira. E, na quinta viagem,foram obrigadas pela escola afazerem um trabalho. Semquerer, esse trabalho se trans-formou em 50 palestras nesteano. Um dia, em uma daspalestrinhas, apareceu umaeditora e perguntou se elasqueriam fazer um livro. Daí,elas fizeram o livro “Férias naAntártica”, no ano passado, e
esse livro surpreendeu todomundo. Entrou em adoção noBrasil. Hoje, elas têm convitesno Brasil todo para fazerpalestrinha. O problema é queelas são muito novas. E estãoquase no meu encalço. Nesteano, acho que elas têm 32palestras agendadas. É muitointeressante ver as meninasfalando com conhecimento decausa muito maior do que umcara que é pesquisador lá hádez anos.
E elas falam sobre o quê?Sobre assuntos absoluta-
mente atuais. Falam sobre o diaa dia, as dificuldades, os proce-dimentos. E, principalmente,
sobre o problema climático queestamos vivendo hoje. Elas jáviajaram em navios de luxo, emnavios vagabundos, viajaramvárias vezes nos meus barcos,em botes infláveis, em barcosde resgate. Então, apesar dapouca idade, elas têm umavisão, eu diria até muito maisrefinada que a minha, sobreaquecimento global, mudançasclimáticas, convivências, cultu-ras diferentes, isolamento inte-lectual do Brasil. O fato de queninguém fala língua diferenteaqui. Todo mundo quer falar alíngua chamada português.Você não acha ninguém quefala inglês, alemão, francês.Então, elas sentiram essas difi-culdades todas e sentiram oquanto os barcos brasileirossão respeitados hoje naAntártica. A maioria deles foi agente que fez. Acho que elasconhecem hoje mais do que eu,com quase 40 viagens para lá.
Você disse que tem medodo mar?
Eu tenho, claro. Por issonavego direito. Eu nado mal(risos). Estou brincando. Nadograndes distâncias, se for preci-so. Mas não adianta sabernadar na Antártica. Lá não é umlugar para nadar. O mar requerum respeito muito grande. l
EXPERIÊNCIA Neste ano, Amyr Klink fará sua 40ª viagem à Antártica
AKPE/MARINA BANDEIRA KLINK/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201124
Motoristas que per-correm hoje os 402km da rodoviaPresidente Dutra,
principal ligação entre asduas maiores cidades do país– Rio de Janeiro e São Paulo –em apenas seis horas, talvezdesconheçam que a viagem játeve duração de 36 dias e meio.
Foi em 1908 a primeira vezque o trajeto foi percorrido emum carro. O automobilista fran-cês, Conde Lesdain, demorou876 horas para atravessar osentão 700 quilômetros queseparavam as duas cidades abordo de um veículo da marcaBrasier, de 16 cavalos.
Hoje, aos 60 anos, a ViaDutra, como é popularmenteconhecida, conserva seu títulode uma das mais importantesestradas brasileiras não só porligar as duas metrópoles nacio-nais, mas por atravessar umadas regiões mais ricas do país, oVale do Paraíba.
O traçado da rodovia passapor 36 cidades, começando noTrevo das Margaridas, no Rio deJaneiro, e terminando no acessoà Marginal Tietê, em São Paulo. Aestrada é parte da BR-116, queliga as cidades de Jaguarão (RS)e Fortaleza (CE). Um caminhomarcado por belas paisagens,acidentes envolvendo personali-
dades e polêmicas quanto aotraçado da via.
Quando foi inaugurada, em 19de janeiro de 1951, pelo entãopresidente da República, o gene-ral Eurico Gaspar Dutra (que dánome à estrada), a rodovia aindanão estava totalmente termina-da. Faltava a pavimentação de60 quilômetros no Estado deSão Paulo, entre as cidades deGuaratinguetá e Caçapava, ede seis quilômetros em umpequeno trecho situado nasproximidades de Guarulhos.Mesmo assim, já era possíveltrafegar entre a então capitalfederal (Rio de Janeiro) e opolo industrial de São Paulo
nas maiores médias de veloci-dade da história.
Naquela época, a chamadaBR-2 contava com pistas sim-ples, operando em mão dupla.Em apenas dois segmentoshavia pistas separadas para osdois sentidos de tráfego: nos 46quilômetros compreendidosentre a avenida Brasil e a gar-ganta de Viúva Graça (hoje,Seropédica), no Rio de Janeiro, enos 10 quilômetros localizadosentre São Paulo e Guarulhos.
No total, 1,3 bilhão de cruzei-ros foram investidos na cons-trução. Uma quantia altíssimapara os padrões da época. “Foiuma obra estratégica para odesenvolvimento da economianacional. O governo federalargumentava que o desbrava-mento do Brasil dependia decaminhos que pudessem serabertos com rapidez e eficiên-cia e que a modernização daligação Rio-São Paulo era fun-damental para o desenvolvi-mento nacional”, afirma JoséHerzen Salgado Alves, diretorde Unidade da CCR Nova Dutra,concessionária que detém aoperação da via desde 1996.
De acordo com ele, a rodoviafoi construída com as maismodernas técnicas de engenha-ria da época e com equipamen-tos especialmente importadospara isso. Dessa forma, foi possí-
HISTÓRIA
Rodovia que liga as duas maiores cidadesdo país mantém sua importância para otransporte de cargas e passageiros
POR LIVIA CEREZOLI
A sexagenáriaVia Dutra
CCR NOVA DUTRA/DIVULGAÇÃO
VIA DUTRA NORIO DE JANEIRO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201126
das Araras que precisava sertransposto dentro do projeto deencurtar distâncias.
Ainda hoje, os volumes demateriais utilizados na constru-ção da rodovia causam espan-to. Foram 35 empreiteirasenvolvidas no trabalho, milha-res de trabalhadores e tonela-das dos mais diversos mate-riais. Ao todo, foram movimen-tados 15 milhões de metroscúbicos de terra e usados 1,3milhão de sacos de cimento,
História é marcada por acidentesTRAGÉDIAS
A condição precária darodovia Presidente Dutra atéa década de 80 era conside-rada um dos principais fato-res para o alto índice de aci-dentes registrados no local.Segundo a CCR Nova Dutra,concessionária que adminis-tra a via desde 1996, dadosdaquela época revelam quecerca de 50 pessoas mor-riam por mês em acidentes.
O principal deles foi oque matou o ex-presidenteJuscelino Kubitschek, em1976. Em 22 de agostodaquele ano, o carro emque viajava o ex-presiden-te chocou-se de frente comuma carreta após ter sidoacidentalmente fechadopor um ônibus que vinhana mesma pista em altavelocidade.
Anos antes, em 1952, umacidente já havia vitimado ocantor Francisco Alves,conhecido como o “Rei daVoz”, na mesma rodovia. Elemorreu carbonizado depoisque seu automóvel colidiucom um caminhão que,
imprudentemente, entrouna contramão.
Atualmente, mesmo regis-trando um grande volume deocorrências – em 2010,segundo a CCR Nova Dutra,foram 835 ao dia – o númerode mortes apresenta redu-ção. Durante todo o ano pas-sado, foram 228 contra 520registradas em 1996.
E, além dos acidentesenvolvendo automóveis,casos de deslizamento deterra também permeiam ahistória da sexagenáriarodovia. O mais grave foi oocorrido na serra dasAraras, em 1967, quandoaproximadamente 1.700pessoas morreram, massomente 300 corpos foramencontrados.
Para evitar casos comoesse, a CCR Nova Dutra man-tém, desde o início da con-cessão, um trabalho de con-tenção das encostas, princi-palmente, nas regiões deserra. Ao todo, já foram cons-truídos 353 pontos de con-tenção em toda a rodovia.
vel reduzir a distância entre asduas capitais em 111 quilômetros,comparando-se o novo caminhocom o traçado da velha rodovia,a Rio-São Paulo de 1928.
Entre os trechos mais com-plexos durante a construção,Alves destaca os seis quilôme-tros que cruzam a Várzea doParaíba, com terreno instável ede transposição consideradaquase impossível nos anos 40, ea garganta de Viúva Graça, umtrecho rochoso ao pé da serra
A LIGAÇÃO RIO-SÃO PAULOVeja como o tempo de viagem foi reduzido ao longo dos anos
1908 - Na primeira viagem de carro realizada no Brasil, o conde francêsLesdain gastou 876 horas para percorrer a distância entre Rio e SãoPaulo por estradas de boiadeiros a bordo de um Brasier
1925 - A Bandeira Automobilística da Associação de Estradas de Rodagemdemorou 144 horas para seguir de São Paulo ao Rio já em estradas de melhor qualidade
1928 - Após a inauguração da antiga Rio-São Paulo, os tempos de viagemforam sensivelmente reduzidos para 10 horas
1948 - Apesar da modernização dos veículos, a deterioração da estrada e o aumento no transporte rodoviário de cargas aumentaram o tempode viagem para 12 horas
1951 - Em pistas adequadas para o fluxo e a qualidade dos veículos da época,era possível desenvolver uma velocidade média de 70 km/h e percorrer toda a Via Dutra em 6 horas
2011 – Tempo de viagem é mantido em 6 horas
Fonte: CCR Nova Dutra
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 27
8.000 toneladas de asfalto e 20mil toneladas de alcatrão.
Mas, mesmo que o projetotenha sido inovador, há quemdiscorde do modelo do traçadoda rodovia. O consultor emtransportes e membro do IE(Instituto de Engenharia), LuizCélio Botura, reconhece que aestrada foi fundamental para odesenvolvimento econômico dopaís, mas afirma que ela nãosoube estruturar a região noaspecto territorial. “Não foi feito
um controle eficiente, e as cida-des que margeiam a via cresce-ram de forma desordenada.”
Exemplo disso é a cidade deAparecida (SP), onde está locali-zado o Santuário Nacional NossaSenhora Aparecida. De um ladoda pista fica a cidade e do outroo santuário, local d e peregrina-ção de 9 milhões de pessoasanualmente. As duas áreas sãoligadas por uma passarela sobrea estrada que permite a traves-sia de pedestres.
De acordo com ele, a rodoviatambém apresenta falhas no seutraçado, como a falta de viaslaterais para o tráfego regionale curvas muito acentuadas nadescida da serra das Araras. “NaVia Dutra, é muito maior onúmero de pequenas viagens,com até 10 km, do que viagenslongas, acima de 50 km”, afirma.
Botura defende uma modifi-cação no traçado igualmente aoexistente na rodovia dosImigrantes (eixo de ligação
RODOVIA PRESIDENTE DUTRAA Via Dutra tem 402 km de extensão e passa por 36 cidades, em dois Estados. Ela se inicia no Trevo das Margaridas, no Rio de Janeiro (RJ), e termina no acesso à Marginal Tietê, em São Paulo (SP).
Fonte: CCR Nova Dutra
“Sem arodovia, o eixoRio-São Paulonão teria sedesenvolvido”
GEORGES SIMON LIGOT, CHEFE DE COZINHA
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201128
tros de vias marginais e outrasobras de ampliação estão sendorealizadas.
Segundo Alves, diretor da con-cessionária, em 16 anos de admi-nistração privada, já foram injeta-dos mais de R$ 8 bilhões em obrasde melhoria da via. “Quando assu-mimos a rodovia, havia muitosproblemas estruturais, dada aidade da estrada e os problemasde manutenção enfrentados pelosadministradores públicos. Assim,depois que realizamos as obrasiniciais e os melhoramentos, aDutra ganhou fluidez e segurançade tráfego”, destaca ele.
RestauranteMas as histórias que envol-
vem a Via Dutra ultrapassam as
INAUGURAÇÃO Presidente Eurico Gaspar Dutra corta a faixa VIAGEM Tempo foi reduzido para seis horas OBRA Um dos primeiros trechos
entre a capital São Paulo e olitoral). Segundo o consultor, aconstrução de túneis e viadutospermite que as curvas sejammenos acentuadas e, assim, onúmero de acidentes seja redu-zido. “Se quisermos preservarvidas, precisamos atuar deforma preventiva com investi-mentos em soluções tecnica-mente eficientes.”
A CCR Nova Dutra afirma quea serra das Araras vai ganharnova pista para substituir aatual descida, que tem traçadode 1928. Os projetos estão emdiscussão com a ANTT (AgênciaNacional de TransportesTerrestres). A concessionáriatambém ressalta que já foramconstruídos mais de 36 quilôme-
questões estruturais. Pessoasque acreditaram no novoempreendimento mantêm atéhoje seus negócios funcionan-do às margens da rodovia. É ocaso, por exemplo, do chefe decozinha francês Georges SimonLigot, de 89 anos. Desde 1955ele está à frente do O PaturiRestaurante e Hotel que ofere-ce no cardápio clássicos daculinária francesa elaboradosem um típico fogão a lenha bra-sileiro. “A princípio, a ideia eraapenas construir um restauran-te para oferecer aos viajantesuma boa comida. Mas como osnossos clientes sempre pediamum lugar para descansar, em1964 surgiu o hotel”, conta oproprietário.
“O governoargumentavaque desbravar
o Brasil dependia decaminhos quepudessem serabertos comrapidez e eficiência”JOSÉ HERZEN ALVES, CCR NOVA DUTRA
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 29
asfaltados da Via Dutra
APOIO Posto Sakamoto é ponto de parada de viajantes desde 1952
CONSTRUÇÃO Operários trabalham na pavimentação da rodovia FESTA População participa da inauguração
Ligot guarda na memória avisita de grandes personalida-des, todas registradas no cha-mado “Livro de Ouro” do estabe-lecimento, e reconhece a impor-tância da Via Dutra. “Muitagente passou por aqui. Políticos,jornalistas, atrizes, atores,maestros consagrados. Achoque, sem a rodovia, o Vale doParaíba e o eixo Rio-São Paulonão teriam se desenvolvido.”
Ponto de parada de cente-nas de caminhoneiros diaria-mente, o posto Sakamotomantém duas unidades narodovia, no km 210,5, noEstado de São Paulo. A primei-ra delas foi aberta em 1952para atender um pedido dogoverno federal. A segunda foi
ARQUIVO POSTO SAKAMOTO
FOTOS DO LIVRO "VIA DUTRA 50 ANOS - 4 SÉCULOS EM 5 HORAS”
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201130
inaugurada oito anos depois,com a duplicação da estrada.
“Na época, meu avô não gos-tou muito da divisão da proprieda-de (a estrada cortava a fazenda dafamília). Mas acabou cedendo.Hoje, quando avaliamos o pro-gresso trazido para a região,temos certeza que a decisão foiacertada”, conta Cláudio SatioSakamoto, proprietário dos pos-tos que atendem, por dia, aproxi-madamente 3.000 clientes, entreabastecimentos, alimentação eestacionamento. Desse total, 60%são caminhoneiros. Os outros sãomotoristas de carros de passeioem viagem pela região.
Convivendo com a rotina diá-ria da movimentação dos pos-tos, Sakamoto guarda recorda-
ASSISTÊNCIA Motoristas podem frequentar cursos
O Sest Senat também estápresente na Via Dutra. As cincounidades – duas no Rio deJaneiro e três em São Paulo –localizadas ao longo dos 402km da rodovia servem de apoioaos motoristas durante as suasviagens e oferecem atendimen-tos nas áreas de saúde e quali-ficação profissional, além delazer e esporte.
Saindo do Rio, em direção àcapital paulista, a primeira uni-dade fica no KM 276 da rodovia,
Unidades oferecem
SEST SENAT
Inauguração 1951
Concessão 1996
Extensão 402 km. Parte da BR-116 que liga
Jaguarão (RS) a Fortaleza (CE)
Região envolvida 36 cidades (entre elas as duas
maiores do país, São Paulo
e Rio de Janeiro)
População 23 milhões de habitantes
Fluxo de viagens 870 mil ao dia nos dois sentidos
Acessos 1.657
Trevos 40
Viadutos 214
Pontes 168
Passarelas 77
Praças de pedágio 7 (5 em São Paulo e 2 no
Rio de Janeiro)
NÚMEROS DO S.O.S. USUÁRIO (dados de 2010)
Ocorrências/dia 835
Socorro médico e resgate/dia 101
Ocorrências de guinchamento/dia 171
MORTES EM ACIDENTES
1996 520
2000 259
2006 230
2010 228
Fonte: CCR Nova Dutra
A RODOVIA EM NÚMEROS
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ções de fatos marcantes. “Euainda era criança e morávamosna área do posto. Lembro quan-do acordamos de madrugadacom um caminhão de leite quehavia tombado. O barranco esta-va todo branco”, conta ele.
Além de acidentes, algunsclientes do posto também sãobem marcantes. O proprietáriose lembra de um cearense quevisitava o local a cada 15 diassempre vestido de terno bran-co e chapéu Panamá, dirigindoum caminhão GMC Marítimo. “Obarulho do caminhão era bemcaracterístico e ele ainda buzi-nava anunciando a sua chega-da. Era para o mesmo frentistade sempre se colocar a postospara atendê-lo.” l
de capacitação profissional nas cinco unidades do Sest Senat na Via Dutra
em Barra Mansa (RJ), no postoFlumidiesel. Logo em seguida,em Resende (RJ), fica a unidadedo Sest Senat do postoEmbaixador. As duas oferecematendimentos médicos e odon-tológicos, além de cursos decapacitação em diversas áreasdo transporte.
Já no Estado de São Paulo,a unidade de Taubaté estálocalizada a, aproximadamen-te, 500 metros da rodovia, e ade Jacareí, a 100 metros. Em
ambas, os caminhoneirostambém podem usufruir deáreas de lazer, participar deatividades esportivas e cultu-rais. “Estamos localizadosbem perto de várias indús-trias e, enquanto os motoris-tas aguardam o carregamentodas cargas, utilizam o serviçoda nossa unidade”, contaBlaird Pinho Cardoso, diretordo Sest Senat de Jacareí.
Já próximo à capital SãoPaulo, a unidade localizada no
KM 210,5 no posto Sakamoto 2,é mais uma opção aos cami-nhoneiros. Em média, 450pessoas são atendidas na uni-dade por mês.
“Como estamos dentro doposto, onde existe uma áreade estacionamento bastanteampla e segura, os motoristasaproveitam as suas paradaspara realizar os cursos e ostratamentos odontológicos”,conta o gerente da unidade,José Valdecir Capelli.
atendimento nas proximidades da rodovia
Veja as localidades na Via Dutra
NO RIO DE JANEIROPosto FlumidieselKM 276 - Vila Ursulino, Barra MansaTelefone: (24) 3323-7971
Posto EmbaixadorKM 299 - Parque Embaixador, ResendeTelefone: (24) 3355-7333
EM SÃO PAULOTaubatéAvenida Isauro Moreira, 125, Itaim, Taubaté(500 metros da Via Dutra)Telefone: (12) 3411-4400
JacareíAv. Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, 3.201, RioAbaixo, Jacareí(100 metros da Via Dutra)Telefone: (12) 3953-4454
Posto Sakamoto 2Km 210,5 - Bonsucesso, GuarulhosTelefone: (11) 2431-1347
Fonte: Sest Senat
UNIDADES DO SEST SENAT
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
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mulgação da lei até meados de2004, entidades e empresas liga-das ao transporte de passageirosdiscutiram padrões e referênciaspara seu cumprimento.
Otávio Cunha, presidente daNTU (Associação Nacional dasEmpresas de TransportesUrbanos), afirma que, somenteapós o debate, ficou deliberadoque os veículos que entrassem emcirculação até outubro de 2008sofreriam adaptações que nãoafetariam a estrutura da carroce-ria. “A instalação de bancos recli-náveis para facilitar o assentocom o apoio do braço, por exem-plo, foi uma das soluções”, diz.
Aacessibilidade notransporte coletivo depassageiros em todo oBrasil ainda é uma rea-
lidade a ser alcançada por diver-sas cidades. Muitos municípios,porém, vêm investindo na reno-vação da frota e colocam à dis-posição da população veículosadaptados com piso baixo e ele-vadores, oferecendo aos porta-dores de mobilidade reduzida umserviço adequado. Uberlândia, noTriângulo Mineiro, tem 100% desua frota acessível e continua aexecutar ações para facilitar amobilidade. Já algumas capitais,como Porto Alegre (RS) e CampoGrande (MS), trabalham para quea frota de ônibus urbanos sejatotalmente adaptada.
No Brasil, 24,6 milhões de pes-soas (14,5% da população total)apresentam algum tipo de incapa-cidade ou deficiência, incluindodificuldades de locomoção oudeficiência física, segundo dadosdo Censo 2000 do IBGE (InstitutoBrasileiro de Geografia eEstatística). Esse é o último levan-tamento feito pela entidade sobreesse público, segundo o instituto.
A acessibilidade veicular é umanorma prevista no artigo 16 da leifederal n° 10.098 de 2000. Da pro-
De acordo com o dirigente, osveículos em circulação àquelaépoca não tinham estrutura parareceber elevadores. Por essemotivo, o processo de acessibili-dade nos ônibus coletivos vemavançando aos poucos.
Uberlândia iniciou a renovaçãocompleta de sua frota em 2009. OExecutivo municipal abriu concor-rência pública para o transportecoletivo da cidade. Uma das exi-gências era que todos os veículosque compusessem as linhas fos-sem adaptados com elevador episo baixo. Cem por cento da frotade 395 veículos é adaptada. Aidade média dos ônibus é uma das
mais baixas do país, com 1,6 ano.Divonei Gonçalves, secretário
municipal de Trânsito eTransportes de Uberlândia, dizque o sucesso do sistema estáamparado na amplitude dasações, que levou em conta, tam-bém, a adaptação do mobiliáriourbano. “A reformulação identifi-cou pontos na cidade onde eramnecessários ajustar a via para opedestre e para o cadeirante. Omunicípio investiu em travessiaselevadas, no mesmo nível da cal-çada. O projeto será ampliadoeste ano com a adequação deoutros locais, próximos a escolas,hospitais e dos corredores de ôni-
Municípios brasileiros têm investido para melhorar a acessibilidade no transporte coletivo
POR LETICIA SIMÕES
Mobilidade eautonomia
PASSAGEIROS
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 33
SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
Proposta para ampliação da acessibilidadeTRANSPORTE INTERESTADUAL
Enquanto as cidades jápossuem regras e prazosdefinidos para a acessibilida-de no transporte coletivo, otransporte interestadual einternacional de passageirosainda aguarda por parâme-tros para que os veículos dosetor possam se adaptar eoferecer melhores condiçõesaos portadores de mobilida-de reduzida.
A ANTT (Agência Nacionalde Transportes Terrestres)formalizou uma audiênciapública para discutir o tema.A autarquia elaborou umaproposta de resolução queestabelece procedimentos aserem observados pelasempresas transportadoras,para assegurar condições deacessibilidade às pessoascom deficiência ou commobilidade reduzida.
De acordo com a agência,a medida visa o cumprimentodas leis nº 10.048 e nº 10.098,ambas de 2000. A primeiratrata do atendimento geral às
pessoas portadoras de defi-ciência, enquanto a segundaestabelece normas e critériosbásicos para a promoção daacessibilidade.
O prazo para que a socie-dade civil enviasse suas con-tribuições encerrou no dia 16de junho. A ANTT vai analisartodas as opiniões e pedidosde esclarecimentos. O passoseguinte será a elaboraçãode relatório técnico, com aresposta para cada questãolevantada pela sociedade. Emseguida, serão feitas as alte-rações necessárias na pro-posta da resolução, consoli-dando-a para aprovação coma diretoria da entidade e pos-terior publicação.
O superintendente daAbrati (Associação Brasileiradas Empresas de TransporteTerrestre de Passageiros),José Luiz Santolin, afirmaque, apesar de não haveruma resolução específica, asempresas já vêm se adaptan-do. “Desde 2008, os ônibus
saem de fábrica com ospadrões de normatização. Asempresas têm se adequadocomo podem para transpor-tar o passageiro com mobili-dade reduzida. Existe sinali-zação sonora e adesiva, espa-ços reservados, entre outrosaspectos.”
A Abrati estima que dentrode 12 anos a frota circulantedo transporte interestadual einternacional de passageirosesteja 100% adaptada, deacordo com os parâmetros daresolução que será ratificadapela ANTT.
Santolin espera que asadequações a serem propos-tas não interfiram de modosignificativo no projeto cons-trutivo do veículo, para quenão haja necessidade degrandes investimentos porparte das empresas. “O setorvai se adequar, mas não bastaapenas o ônibus ser acessí-vel. Os terminais tambémprecisam estar adaptados”,afirma o dirigente.
bus”. Todas as estações de ônibusde Uberlândia têm entrada exclu-siva para cadeirantes.
A assistente social da Aparu(Associação dos Paraplégicos deUberlândia), Denise Maria ResendeFaria, ressalta que o transportecoletivo da cidade garante o direi-to de ir e vir ao portador de mobi-lidade reduzida. “A acessibilidadeé muito importante para a cidada-nia do portador. Ele tem indepen-dência e autonomia para circularpelo município”, afirma.
Em sua opinião, o cenário vemalcançando avanços em todo oBrasil. “Poder público e população
têm visto a questão com maiorsensibilidade. Mas não bastainvestir em acessibilidade apenasnos ônibus, a cidade também temde se adequar”, destaca.
Belo Horizonte (MG) possui74% de sua frota adaptada compiso baixo e elevador. Desdejaneiro deste ano, a BHTrans(Empresa de Transportes eTrânsito de Belo Horizonte), enti-dade responsável pelo serviço nacapital mineira, determinou quetodos os veículos do transportecoletivo que entrarem em circula-ção estejam dotados de elevador.
A cidade possui uma frota total
de 2.832 ônibus, com idade médiade cinco anos. Helbert Lima,gerente de coordenação e gestãoda informação da BHTrans, dizque, até 2014, 100% da frota esta-rá acessível. Ele afirma que há trêsanos a empresa registrava muitasreclamações por parte dos usuá-rios dos elevadores. A maioriadelas relatava o não acionamentodo equipamento e o desrespeitodo condutor ao não parar o veícu-lo para o transporte do portador.
A realidade atual é bem dife-rente. “Quando o usuário reclamae identifica o veículo, a concessio-nária responsável é autuada. A
BHTrans investe em treinamentosobjetivos para sensibilizar os ope-radores do transporte coletivosobre as particularidades do ser-viço. Quando se conhece as difi-culdades, atende-se melhor ousuário”, afirma Lima. Segundoele, a fiscalização para que os ele-vadores recebam a devida manu-tenção é feita rotineiramente.
O cadeirante Antônio Carlos deBrito, associado da AMP(Associação Mineira deParaplégicos), utiliza o transportecoletivo de Belo Horizonte diaria-mente. Ele se diz satisfeito com oserviço. “Não tenho nada a recla-
RESPONSABILIDADE Todas as
“O município DIVONEI GONÇALVES, SECRETÁRIO MUNICIPAL DE
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 35
mar. A situação melhorou muitode três anos pra cá. Os cobrado-res que operam o elevador sãoatenciosos e bem treinados. Éraro encontrar algum veículo quenão tenha manutenção.”
Waldemar Araújo, presidentedo Conselho Regional do SestSenat e da Fetram (Federação dasEmpresas de Transporte dePassageiros do Estado de MinasGerais), afirma que BeloHorizonte, assim como outrascapitais, está em um processoprogressivo para a acessibilidadedo transporte público. “A maneiragradual como a adaptação do
transporte vem sendo feita vaigarantir mais qualidade ao servi-ço. Todas as linhas da cidade pos-suem ônibus adaptados, e oempresário abraçou totalmente aquestão, treinando e capacitandoos operadores.”
Em Campo Grande, foramnecessários 14 anos para que afrota atingisse 80% de acessibili-dade. A adaptação dos veículos sedeu por meio de um TAC (Termo deAjustamento de Conduta) estabele-cido entre a Agetran (AgênciaMunicipal de Transporte e Trânsito)e as três empresas do transportecoletivo que operavam o serviço à
época. Atualmente, cinco conces-sionárias atuam na cidade.
Hoje, a capital sul-mato-gros-sense tem 428 ônibus adaptadosem circulação. “Até o final dosegundo semestre deste ano, acidade deve atingir 90% de veícu-los com elevador. A previsão é quetoda a frota esteja acessível em2013”, afirma Rudel TrindadeJúnior, diretor da Agetran. A idademédia da frota é de 4,8 anos.“Foram investidos, aproximada-mente, R$ 1,15 milhão na adapta-ção dos 428 veículos acessíveis”,diz Júnior.
A Agetran estima que, aproxi-
madamente, 1.200 viagens diáriassejam feitas por cadeirantes nacidade. Os veículos com elevadorpossuem dois lugares reservadosao portador de mobilidade reduzi-da. A manutenção dos equipa-mentos é de responsabilidade dasconcessionárias. “A legislaçãomunicipal exige duas vistoriasordinárias por ano, além do laudotécnico de oficina credenciadapelo Inmetro-MS, comprovandotodos os itens de acessibilidade”,ressalta o secretário.
Em Paulínia (SP), a 119 km dacapital paulista, a frota começoua ser adaptada em 2009, com
estações de ônibus de Uberlândia têm entrada exclusiva para cadeirantes ABRANGÊNCIA Belo Horizonte possui 74% da frota adaptada
investiu em travessias elevadas, no mesmo nível da calçada” UBERLÂNDIA
SETTRAN/DIVULGAÇÃO ARQUIVO BHTRANS
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Desafio da sociedade modernaCLARISSA BELEZA
OPINIÃO
“A Convenção da ONU(Organização das NaçõesUnidas) que trata dos direi-tos da pessoa com deficiên-cia é o instrumento maisimportante construído paradar cidadania a essa parcelapopulacional, que por umlongo período viveu emsituação de invisibilidadenas políticas públicas.
Construir uma cultura deacessibilidade é um dosdesafios da sociedademoderna. O acesso aos bense serviços empodera egarante a todas as pessoasmelhor qualidade de vida e,ainda, significativos avan-ços no ponto de vista social.
Quando o assunto quali-dade nos transportes éposto como tema principalde análises sob o foco dascidades, dois conceitos têmdestaque: mobilidade eacessibilidade; quer enfo-cando o cidadão ou o veícu-
lo. Mas sempre cabe desta-car que o veículo é encarre-gado de realizar o transpor-te dos cidadãos, seja elecoletivo ou individual.
No dilema da qualidadedos transportes enfocandoo cidadão e o veículo, deve-se garantir a resolução dadicotomia que existe den-tro das cidades, oferecercondições para os cidadãosrealizarem deslocamentosindividuas de forma segurae dar condições para que otrânsito urbano seja o maisacessível possível e tenhaboas condições de mobili-dade.
A Faders (Fundação deArticulação e Desenvolvimentode Políticas Públicas paraPessoas Portadoras deDeficiência e PessoasPortadoras de Altas Habilidadesno Rio Grande do Sul), em suafunção de articular e desenvol-ver políticas públicas para pes-
soas com deficiência e pessoascom altas habilidades no RioGrande do Sul, tem a percepçãoda necessidade de ampliar essedebate em todo o Estado.
Ressignificar o passelivre, inclusive criando con-dições para sua unificação
em todo o país é um dosdesafios atuais de todas asentidades que defendem osdireitos das pessoas commobilidade reduzida.”
Diretora técnica daFaders
“A reformulação foi uma iniciativa da NELSON ALVES ARANHA NETO, SECRETÁRIO DE TRANSPORTES DE PAULÍNIA
ARQUIVO PESSOAL
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 37
oito veículos. Hoje, a cidade pos-sui 80% de acessibilidade, emuma frota de 50 veículos. “Areformulação foi uma iniciativada prefeitura com a empresa quepresta o serviço de transporte”,afirma Nelson Alves AranhaNeto, secretário municipal deTransportes.
Segundo o secretário, 8.000portadores de mobilidade redu-zida (10% da população) utili-zam o transporte coletivo dePaulínia. Toda a manutenção dafrota é realizada pela conces-sionária. “A prefeitura faz dia-riamente a fiscalização, tantoreferente à manutenção quantoao cumprimento da tabela dehorários”, diz Neto.
A previsão é que, até o finaldeste ano, toda a frota de Paulíniaesteja acessível ao portador demobilidade reduzida.
Porto Alegre iniciou a adapta-ção da frota em 1996.Atualmente, dos 1.650 ônibuscoletivos em circulação, 540 sãoadaptados. Paulo César dosSantos Brum, secretário daSeacis (Secretaria Especial deAcessibilidade e Inclusão Social),afirma que cada linha possui, aomenos, um veículo com elevadore lugares reservados ao portadorde mobilidade reduzida.
A expectativa da Seacis é que,
até 2014, 100% da frota porto-ale-grense esteja adaptada. Brum acre-dita que a postura do poder conce-dente e da população em geral temcontribuído para que avanços namobilidade do portador de defi-ciência sejam alcançados. “Há umaconsciência assumida pela socie-dade, e os administradores estãoconscientes. Hoje, os ônibus queentram em circulação não saem dafábrica sem as adaptações.”
Todos os terminais da capitalgaúcha estão adequados para oacesso dos portadores de mobili-dade reduzida. “Atualmente trami-ta na Câmara Municipal um proje-
to do Executivo que trata do planodiretor de acessibilidade de PortoAlegre. Ele prevê rotas e paradasacessíveis, adequação e normati-zação do mobiliário urbano, entreoutros quesitos de mobilidade”,diz o secretário. A previsão é que oprojeto passe por votação aindaneste semestre.
Cláudio Silva, presidente daFaders (Fundação de Articulaçãoe Desenvolvimento de PolíticasPúblicas para Pessoas Portadorasde Deficiências e PessoasPortadoras de Altas Habilidadesno Rio Grande do Sul), afirma quePorto Alegre tem avançado muito
na adaptação dos ônibus dotransporte coletivo. “Mas ainda épreciso pensar na articulação dosistema viário, pois a regiãometropolitana é muito dinâmica eas cidades muito próximas.”
Ele acredita que a Copa doMundo-2014 e as Olimpíadas-2016podem contribuir para o avançodas cidades no que diz respeito àacessibilidade. “Os eventos vãoatrair investimentos.”
Cunha, da NTU, confirmaque até o final deste ano 30mil novos ônibus adaptadosdevem chegar às principaiscidades brasileiras. l
CIDADANIA A frota de Paulínia (SP) começou a ser adaptada em 2009
prefeitura com a empresa que presta o serviço de transporte”
SECRETARIA MUNICIPAL DE TRANSPORTES/DIVULGAÇÃO
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AVIAÇÃO
Oconforto durante o vooé um desejo antigo depassageiros e profis-sionais do modal aero-
viário. Muito já se discutiu sobreo tema e algumas fabricantescomo Boeing e Airbus aposta-ram em superaviões para pro-porcionar, entre outros itens,como tecnologia e alta capaci-dade, muita comodidade aosclientes e à tripulação. No Brasil,uma pesquisa iniciada pelaEmbraer em 2008 trata exclusi-vamente dos aspectos para criaraeronaves mais confortáveis
Conforto comodiferencial
Pesquisa desenvolvida pela Embraer com três universidades se propõe a melhorar a viagem dos passageiros
POR LETICIA SIMÕES
aos passageiros. O trabalho, pri-meiro do gênero no hemisfériosul, é desenvolvido em parceriacom três universidades nacio-nais. A intenção é que os resul-tados obtidos possam ser apli-cados para melhorias nas aero-naves em operação, como tam-bém nos novos modelos a seremproduzidos.
A Embraer escolheu institui-ções de ensino que já executa-ram parcerias com a empresapara desenvolver a pesquisaintitulada “Conforto e desing dacabine”. Estão envolvidas no
estudo a USP (Universidade deSão Paulo), com os departamen-tos de Engenharia Mecânica e deEngenharia de Produção, aUFSCar (Universidade Federal deSão Carlos), com seu departa-mento de Engenharia deProdução, e a UFSC (UniversidadeFederal de Santa Catarina), pormeio do departamento deEngenharia Mecânica.
“O projeto está dividido empacotes de trabalho e são anali-sados aspectos como ergono-mia, pressão de cabine, confor-to térmico, ruído e vibrações.
Cada um deles tem um objetivoespecífico para gerar ferramen-tas que proporcionem conforto.Ao final do estudo, as tecnolo-gias obtidas em cada pacoteserão integradas”, explica oresponsável técnico do progra-ma, André Gasparotti, gerentede desenvolvimento tecnológi-co da Embraer. A pesquisaenvolve mais de 50 profissio-nais, entre engenheiros daempresa, pesquisadores e alu-nos de pós-graduação das uni-versidades.
De acordo com Gasparotti, o
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 39
foco da pesquisa é entendercomo cada componente do vooé percebido pelo passageiro e,assim, chegar a um resultadoque gere o maior grau de como-didade possível dentro da aero-nave. “O estudo envolve aindapsiquiatras, já que uma das fren-tes propõe o monitoramentofisiológico do passageiro, comofrequência cardíaca, sudorese epressão arterial. Dessa maneiraé possível avaliar as reações ecomo ele percebe o ambiente.”
Para esse monitoramento, ospesquisadores selecionaram um
grupo de 540 voluntários que secadastraram pela Internet. Elesrealizaram viagens em vooscomerciais em 11 modelos deaeronaves diferentes, pelasprincipais rotas nacionais.
O grupo de estudos daUFSCar, coordenado pelo enge-nheiro mecânico e professor dodepartamento de Engenharia deProdução, Nilton Menegon, éresponsável pelas pesquisas emergonomia. Os pesquisadoresaplicaram, durante as viagensfeitas com os voluntários, doisquestionários. Um deles no
saguão de 36 aeroportos brasi-leiros e respondido por 377 pas-sageiros. O segundo, no interiordas aeronaves e respondido por291 passageiros em 40 trechosde voo.
Nas listas de perguntas foiutilizada uma escala de dificul-dade de 0 a 10. “O mesmo crité-rio valeu para importância edesconforto”, diz Menegon. Asrespostas obtidas a partir daaplicação dos questionários nosaguão dos aeroportos revelamque as atividades de embarque,acomodação e saída da aerona-
ve têm maior importância paraos passageiros.
Já nas questões relativas aociclo de voo, os questionáriosmostraram que os passageirosdão importância a atividadescomo o modo de alimentar-se,repousar e dormir, utilização deseus próprios dispositivos ele-trônicos, leitura de jornais erevistas, informações sobreconexões e voos, acesso àInternet e controle e escolha defilmes, programas de televisão ecanais de música.
A perda de bagagem, o atra-so ou o cancelamento no embar-que, além do overbooking (volu-me de venda de passagensmaior que o número de assentosdisponíveis no voo), foram apon-tados como os itens de maiordestaque no quesito desconfor-to. “Quando questionados acer-ca do desconforto no interior dacabine, itens como espaço dis-ponível para as pernas, espaçopessoal, largura do assento,apoios para os pés, pescoço ecabeça, lombar e apoio indivi-dualizado para os braços, alémdo grau de inclinação da poltro-na e o ato de entrar e sair dela,se destacaram das demais variá-veis”, afirma Menegon.
O professor conclui que agrande queixa das pessoasestá relacionada ao “livingspace” – o espaço que o passa-
FOTOS EMBRAER/DIVULGAÇÃO
PIONEIRISMO Coordenador Jurandir Itizo Yanagiahara (esq.) e parte da equipe que desenvolve a pesquisa
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201140
ciais e, por esse motivo, consi-dera o estudo proposto pelaEmbraer bastante pertinente.
Ele diz que, no início da avia-ção comercial, a principal preo-cupação no desenvolvimento deuma aeronave era garantir asegurança. “Em função disso, osprimeiros aviões eram bastantedesconfortáveis. Depois, o focopassou a ser a economicidade esomente nos últimos dez anos oatributo do conforto passou aser reconhecido como umimportante diferencial no mer-cado da aviação civil”, afirma.
os assentos e o entretenimen-to durante a viagem. “Serãorealizadas diferentes combina-ções entre os dois itens e oquanto eles interferem na per-cepção dos passageiros.” Essafase deverá ser concluída emsetembro.
O engenheiro mecânicoJurandir ItizoYanagihara, pro-fessor titular do departamentode Engenharia Mecânica da USP,é o coordenador geral da pes-quisa. Ele afirma que o confortopassou a ser uma prioridade nosprojetos de aeronaves comer-
geiro tem para agir no interiorda aeronave. “É preciso criarnovos conceitos para mitigaras questões de falta de espaçoou ampliar, sem consumir volu-me da aeronave.”
Filmagens durante os voostambém foram feitas para ava-liar o comportamento do passa-geiro. De acordo com o enge-nheiro, tais observações aindaestão sendo analisadas.
A partir deste mês, o focodo grupo encarregado pelaspesquisas ergonômicas será aanálise sobre a distância entre
Segundo Yanagihara, essanova leitura explica os investi-mentos em comodidade realiza-dos pelas grandes fabricantesde aeronaves em seus projetos.
O engenheiro confirma que oestudo da Embraer já produziudiversos resultados técnicosimportantes e inéditos, mas rati-fica que a publicidade dos dadossó será feita depois da conclu-são do trabalho, prevista parameados de 2012. Segundo ele, asinformações de caráter científi-co serão divulgadas em revistasespecializadas e em congressos.
EQUIPAMENTO
Anac certifica poltronas que oferecem mais espaçoSELO
A Anac (Agência Nacional deAviação Civil) realizou entre2006 e 2009, a pesquisa“Projeto Conhecer”, com oobjetivo de fazer medições emaeronaves das duas maioresempresas aéreas brasileiras.Atualmente, essas companhiasrespondem por 86% do trans-porte aéreo nacional. Alémdesse levantamento, a agênciacoletou dados de 5.305homens, entre 15 e 87 anos deidade, nos 20 principais aero-portos do país, abordando-ossobre o conforto das poltronas.
O estudo demonstrou que 17dos 22 modelos de assentosavaliados nessas empresasatendem a 95% dos passagei-ros. A menor distância entre aspoltronas é de 73,6 centíme-tros. Entre os passageiros pes-quisados, a estatura média é de1,73 metros e apenas 8% têmacima de 65 centímetros de
comprimento entre a regiãoglútea e o joelho.
Em relação à largura doencosto do assento, o padrãoutilizado pelas companhias bra-sileiras é de 45 centímetros,enquanto 70% dos passageirospesquisados têm medidasmaiores de largura entre os
ombros. De acordo com a autar-quia, tanto a informação da dis-tância das poltronas quanto alargura do assento receberam oSelo Dimensional Anac, quedesde 2009 identifica as aero-naves das companhias aéreasbrasileiras que oferecem maisespaço aos passageiros.
Estudo realizado pela Anac entre 2006 e 2009 avaliou o confortodos assentos das duas maiores empresas aéreas brasileiras
Universo pesquisado: 5.305 homens, entre 15 e 87 anos de idadeLocal: nos 20 principais aeroportos do paísMenor distância entre as poltronas: 73,6 cmEstatura média dos passageiros pesquisados: 1,73 mLargura padrão do encosto do assento: 45 cmResultado: 17 dos 22 modelos de assentos avaliados atendem a 95% dospassageiros
Fonte: Anac
PROJETO CONHECER
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Os resultados práticos serãoapropriados pela Embraer.
O engenheiro adianta queum simulador de voo, cujo inte-rior é idêntico aos jatos dasséries 170 e 190 da Embraer, foiconstruído para dar sequênciaà pesquisa. O equipamento, ins-talado na USP, tem capacidadepara 30 passageiros. “Todas ascondições de um voo real serãorecriadas, como ambiente tér-mico, ruído, vibração e pressão.Além disso, o simulador conta-rá também com uma sala deembarque que vai ajudar na
ambientação dos passageirosantes dos testes”, diz.
As avaliações no equipamen-to começam ainda este mês.“Outras pesquisas relacionadasao micro-clima térmico e tam-bém à utilização de realidadevirtual para estudo de aspectospsico-fisiológicos já estão emandamento”, ressalta.
Ele destaca que poucas expe-riências similares foram execu-tadas mundo afora. “O confortoem uma aeronave é um proble-ma multidisciplinar bastantecomplexo. A expectativa da
equipe é que os resultados dapesquisa tenham um impactosignificativo no ciclo de projetosdos aviões Embraer.”
A equipe da UFSC foi respon-sável pela elaboração do mock-up (maquete em tamanho natu-ral), também instalado na USP,que vai integrar todas as tecno-logias desenvolvidas durante apesquisa no estudo final doslevantamentos. O engenheiromecânico e aeronáutico SamirNagi Yousri Gerges, que lidera ogrupo catarinense, afirma queos próximos passos serão
empregar os resultados obtidosnos testes que serão realizadosnos equipamentos, além deconcluir os estudos para forne-cer resultados mais precisos. “Apesquisa de conforto tem oobjetivo de gerar inovação tec-nológica para a Embraer. Comos resultados, a empresa podese manter à frente dos concor-rentes e criar recursos superqualificados para futuros proje-tos”, afirma.
Gasparotti, da Embraer, expli-ca que a fase final do projetoserá iniciada com as experiên-cias no simulador, onde serápossível aplicar os resultados jáobtidos e desenvolver outrasferramentas para assegurarmaior conforto aos passageiros.Foram investidos na pesquisa“Conforto de cabines”, aproxi-madamente, R$ 8 milhões. AEmbraer contou com o financia-mento da Fapesp (Fundação deAmparo à Pesquisa do Estado deSão Paulo) para o estudo, comum aporte de R$ 3,2 milhões.
Para o coordenador da pes-quisa, Jurandir Yanagihara, oestudo vai além de seu princi-pal objetivo. “Esse processo émuito recompensador paratodos, pois o conhecimentoproduzido e a mão de obra for-mada contribuem para oaumento da competitividadeda indústria brasileira.” l
Simulador instalado na USP é idêntico aos jatos das séries 170 e 190 da Embraer
Itens causadores de desconfortoem viagens
Extra voo• Perda de bagagem• Atraso• Cancelamento• Overbooking
Ciclo do voo• Pouco espaço para agir dentroda aeronave
• Espaço insuficiente para as pernas e para os apoios de pés,pescoço, cabeça e lombar
• Largura pequena do assento
Fonte: UFSCar
EXPERIÊNCIA DE VOO
Programa Ambiental doTransporte, desenvolvidopela CNT e Sest Senat,
consolida-se como iniciativasustentável do setor
Quatro anos de
Programa Ambiental doTransporte, desenvolvido
pela CNT e pelo Sest Senat, consolida-se como iniciativa
sustentável do setor
Despoluir
POR CYNTHIA CASTRO
ODespoluir – Programa Ambientaldo Transporte - completa qua-tro anos neste mês de julho,consolidado como uma ação
eficiente pelo desenvolvimento sus-tentável.
Desde 2007, a CNT e o Sest Senattêm desenvolvido uma série de proje-tos com os objetivos de melhorar odesempenho ambiental do setortransportador e transformar os traba-lhadores em multiplicadores da edu-cação ambiental.
No primeiro grupo de ações imple-mentadas, há três projetos principais:Redução da Emissão de Poluentes porCaminhões e Ônibus, Incentivo ao Usode Energia Limpa pelo SetorTransportador e Aprimoramento daGestão Ambiental das Empresas deTransporte. No segundo grupo, estãoos projetos Trabalhadores emTransporte Amigos do Meio Ambiente,as premiações ambientais para repor-tagens jornalísticas e estudos acadê-micos e ainda a divulgação de assun-tos relevantes sobre o tema na revistaCNT Transporte Atual e no sitewww.cntdespoluir.org.br.
Um dos resultados mais expressi-
DESPOLUIR
JÚLIO FERN
ANDES/CN
T
AFERIÇÃO Já foram aferidos 480
vos do Despoluir pode serconstatado nos números doprojeto de redução de emis-sões. Já foram feitas mais de480 mil aferições de cami-nhões e ônibus, com a parti-cipação de 15 mil transporta-dores. São mais de 7.000empresas envolvidas, milha-res de caminhoneiros autôno-mos atendidos e 21 federa-ções participantes.
Participação em políticas públicasDEBATE
Além de mobilizar os tra-balhadores do transporte, oDespoluir tem uma participa-ção ativa na formulação depolíticas públicas ligadas atransporte e meio ambiente.Neste ano, por exemplo, aequipe do programa está tra-balhando com os ministériosdos Transportes e do MeioAmbiente no detalhamentodo plano setorial do trans-porte, que integra a PNMC(Política Nacional sobreMudança do Clima).
O Despoluir tem uma atua-ção importante no Conama(Conselho Nacional do MeioAmbiente). Atualmente, parti-cipa de duas câmaras técni-cas: a de Controle e QualidadeAmbiental e a de Saúde,Saneamento Ambiental eGestão de Resíduos.
Entre os temas discuti-dos, estão gestão de mate-rial de dragagem, máquinasagrícolas e rodoviárias,gerenciamento de resíduossólidos de portos, aeropor-tos, terminais ferroviários erodoviários. O programatambém está inserido nasdiscussões do Proconve
(Programa de Controle daPoluição do Ar por VeículosAutomotores) e do Promot(Programa de Controle daPoluição do Ar porMotociclos e Similares).
Nos últimos anos, a CNT,por meio do Despoluir, par-ticipou da formulação deresoluções importantes,como a nº 418/2009 (queabrange os programas deinspeção e manutenção deveículos em uso) e a dasfases P7 e P6 do Proconve.Essas fases preveem aredução das emissões,com a introdução de novastecnologias nos veículospesados e leves que saemde fábrica.
Discussões, em parceriacom os órgãos governamen-tais, têm sido realizadastambém na sede da confede-ração, como os PCPVs(Planos de Controle dePoluição Veicular) e a PNRS(Política Nacional deResíduos Sólidos). A CNT fazparte do grupo de trabalhoque discute o descarte deembalagem de óleo lubrifi-cante, no âmbito da PNRS.
DEPOIMENTOS
Qualquer iniciativa nesse
sentido, de chamaratenção para umproblema, é
bem-vinda. É semprepositivo promover o esclarecimento, aconscientização
SUZANA KAHN,PROFESSORA DA COPPE
O Despoluir é fantástico. No Rio, éreconhecido pelosórgãos ambientaispara a emissão doselo verde. É um programa que está expandindo
EDUARDO REBUZZI,PRESIDENTE DA FETRANSCARGA
O setor está se mobilizando em
atividades de gestordo gerenciamentode resíduos que
gera. Todas as ações têm sido muito educativas
ZILDA MARIA FARIA VELOSO,GERENTE DE RESÍDUOS PERIGOSOSDO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
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CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201146
Com o uso do equipamentoopacímetro, é feita a aferiçãoveicular e medido o nível defumaça emitido por esses veí-culos. Aqueles que estão emi-tindo dentro dos limites per-mitidos pela legislação rece-bem um selo do Despoluir.Além de contribuir para aredução da emissão depoluentes, melhorando aquestão ambiental, a iniciati-
mil caminhões e ônibus; proposta traz benefícios ambientais e econômicos
JÚLIO FERNANDES/CNT
TRANSPORTEObjetivo: Melhorar o desempenho ambiental do setor
Projeto 1: Redução de Emissão de Poluentes pelos Veículos• Promover a redução de poluentes atmosféricos emitidos pelos veículos, contribuindo com a sociedade para a melhoria da qualidade do ar e o usoracional de combustíveis
Projeto 2: Incentivo ao Uso de Energia Limpa pelo Setor Transportador• Reduzir a emissão de poluentes por meio da utilização de biocombustíveis,hidrogênio, energia elétrica, entre outros combustíveis ambientalmente adequados
Projeto 3: Aprimoramento da Gestão Ambiental nas Empresas de Transporte• Promover a gestão ambiental como parte integrante da estratégia dasempresas de transporte e incentivar iniciativas voluntárias de certificação,regulação e capacitação na área de gestão ambiental
CIDADANIA PARA O MEIO AMBIENTEObjetivo: Transformar os agentes do setor em multiplicadores da educaçãoambiental para toda a sociedade
Projeto 1: Trabalhadores em Transporte Amigos do Meio Ambiente• Transformar o caminhoneiro, o taxista e o trabalhador em transporte em disseminadores de boas práticas ambientais, envolvendo-os na luta pela conservação do meio ambiente
Projeto 2: Site do Despoluir e revista CNT• Subsidiar o setor e a sociedade com a divulgação de informações para odesenvolvimento de programas e projetos ambientais
• Sensibilizar para os problemas ambientais e estruturar canais de acesso àsinformações ambientais
Projeto 3: Prêmios ambientais• No Prêmio CNT de Jornalismo, anual, há a categoria Meio Ambiente• Também há a categoria Meio Ambiente no Prêmio CNT de ProduçãoAcadêmica
GRUPOS DE PROJETOS DO DESPOLUIR
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 47
va também incentiva a redu-ção de custos para os trans-portadores e autônomos. Se oveículo estiver bem regulado,emitirá menos fumaça e gas-tará menos combustível.
“Esse programa é extrema-mente importante e demons-tra a preocupação do trans-portador com a questãoambiental, além de gerar eco-nomia de combustível. Nesses
Nesses quatro anos de fun-cionamento, o Despoluir inse-riu o setor de transporte napauta ambiental sob umanova ótica e consolidou aatuação da CNT como lídernessa área. O reconhecimentosobre a relevância do traba-lho extrapola o setor privadoe chega até mesmo aosórgãos governamentais.
A ministra do MeioAmbiente, Izabella Teixeira,afirmou à CNT Transporte
ambientais. Os profissionaisaprendem a agir como vigi-lantes do meio ambiente,informando sobre queimadas,denunciando crimes ambien-tais, entre outras ações.
“O programa busca o enga-jamento das empresas, doscaminhoneiros autônomos,dos taxistas, trabalhadoresem transporte em geral e dasociedade na conservação domeio ambiente”, diz ClésioAndrade.
quatro anos, estamos aumen-tando a adesão dos transpor-tadores brasileiros e contri-buindo para a mudança dementalidade, mais voltadapara o desenvolvimento sus-tentável”, afirma o senadorClésio Andrade, presidente daCNT e do Sest Senat.
Segundo Clésio Andrade, aintenção é capacitar melhor asempresas, treinar os técnicose elevar o número de informa-ções para que os transporta-
dores se adequem e consigamatender às demandas ambien-tais. A capacitação e a educa-ção ambiental são prioridadesdo Despoluir.
Um dos projetos é oTrabalhadores em TransporteAmigos do Meio Ambiente.São realizados cursos e pales-tras com o objetivo de trans-formar o caminhoneiro, otaxista e outros trabalhado-res em transporte em disse-minadores de boas práticas
Em 2012, está prevista para entrar em vigor a fase P7 do Proconve (Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores) paraveículos pesados. O Despoluir elaboroua publicação A Fase P7 do Proconvee o impacto no Setor de Transportecom o objetivo de disseminar informações importantes, apresentando as novas tecnologias e as implicações da P7 em relação aos veículos, combustíveis e ganhos ambientais.
ALGUMAS AÇÕES E PUBLICAÇÕES DO DESPOLUIR
O Brasil tem uma frota de veículos,especialmente a de caminhões, comidade avançada, o que gera problemas ambientais, econômicose sociais. Foi realizado na CNT oSeminário Internacional sobreReciclagem de Veículos eRenovação de Frota: as experiências internacionais e os desafios brasileiros. Após oevento, foi elaborado esse documentocom as diretrizes levantadas.
Foi realizada a Sondagem Ambiental do Transporte paraconhecer as ações ambientais desenvolvidas pelas empresas
de transporte rodoviário. A pesquisapode subsidiar a estruturação de
projetos e ações estratégicas voltadas ao atendimento das
necessidades e expectativas das empresas e da sociedade em
relação à contribuição do setor para a melhoria do meio ambiente.
No Relatório de Pesquisa - A Adição do Biodiesel e a
Qualidade do Diesel no Brasil, a CNT e o Sest Senat, por meio
do Despoluir, demonstram o acompanhamento da evolução
e da qualidade do diesel brasileiro.Especialmente quanto ao teor do enxofre e à obrigatoriedade da adição de biodiesel no diesel
comum de origem fóssil.
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201148
Atual que “iniciativas voluntá-rias de monitoramento, comoo Despoluir, em conjugaçãocom os programas governa-mentais, como o Proconve(Programa de Controle daPoluição do Ar por VeículosAutomotores), complemen-tam-se na questão do controleda poluição atmosférica porpoluentes locais e da reduçãodas emissões de gases deefeito estufa” (leia entrevistana página 8).
Além dos projetos operacio-nais, voltados diretamentepara a redução da emissão depoluentes, a CNT tem participa-do, por meio do Despoluir, dasprincipais discussões nacio-nais que envolvem o setor. Aconfederação participa tantoda elaboração de políticaspúblicas (leia na página 46),como leva aos representantesdo setor informações sobre osassuntos de interesse.
No último mês de junho, foi
realizado na sede da confedera-ção, em Brasília, o Semináriosobre Logística Reversa e oSetor de Transporte. As infor-mações mais relevantes sobre arecém-aprovada PolíticaNacional de Resíduos Sólidos esuas implicações foram debati-das no seminário. Na ocasião, opresidente do CLRB (Conselhode Logística Reversa do Brasil),Paulo Roberto Leite, destacou aimportância de o setor detransporte estar buscando
O conteúdo do Caderno OficinaNacional Transporte e MudançasClimáticas é resultado do esforço de 89 representantes de 56 organizações relacionadas com o setor de transporte, reunidos na oficina realizada na sede da CNT, em Brasília.
No documento Mudança Climáticae o Transporte Brasileiro rumo
à COP 15, o setor apresentou sua contribuição para a atuação
da delegação brasileira na Conferência das Partes
das Nações Unidas para Mudança do Clima, a COP 15, em Copenhague.
O documento contém questões relevantes sobre transporte
e mudança do clima.
CARTILHASForam elaboradas para serem utilizadas nas ações de conscientizaçãoambiental dos caminhoneiros,trabalhadores em transporteem geral, passageiros e todaa sociedade.
DEPOIMENTOS
Sou fã incondicional doDespoluir. O
programa é uma dasiniciativas mais
importantes da CNTe tem contribuídopara a imagem dosetor em relação aomeio ambiente
CARLOS KNITTEL,PRESIDENTE DA FETRABASE
O Despoluir aproximou a CNT,por meio do Sest
Senat e da federação, do
empresário. Isso é extremamente
positivo
VICTORINO ALDO SACCOL,PRESIDENTE DA FETERGS
O Despoluir mostraque o setor sabe desuas responsabilidadese responde com
ações práticas parareduzir as emissões.No Espírito Santo,as empresas que
recebem nível ótimosão premiadas
LUIZ WAGNER CHIEPPE,PRESIDENTE DA FETRANSPORTES
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CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 49
atividades de gestor dogerenciamento de resíduosque gera. E todas as açõestêm sido muito educativas.”
Outras discussões importan-tes promovidas na sede da CNTem Brasília, no âmbito doDespoluir, foram o SeminárioInternacional sobre Reciclagemde Veículos e Renovação deFrota: as ExperiênciasInternacionais e os DesafiosBrasileiros, em 2010; e a OficinaNacional Transporte eMudanças Climáticas, em 2009.
Na oficina, foi elaborado umdocumento com as sugestões
esclarecer o tema nesse perío-do de implantação das primei-ras medidas necessárias.
A gerente de resíduos peri-gosos do Ministério do MeioAmbiente, Zilda Maria FariaVeloso, também afirmou que évisível a melhoria na cons-cientização dos profissionaisdo transporte a partir dasações do programa ambientalda CNT e do Sest Senat. “Euacompanho o trabalho doDespoluir desde que foi lança-do e acho que é uma tarefaproativa importante. Agora, osetor está se mobilizando em
do setor sobre o que precisaser feito para reduzir o proces-so de mudança do clima. Essedocumento foi entregue aogoverno federal como umacontribuição à delegação bra-sileira que participou daConferência das Partes dasNações Unidas para Mudançado Clima, a COP 15, emCopenhague, no final de 2009
No seminário internacio-nal, representantes daEspanha, México e Argentinamostraram o que tem sidofeito nesses países pela reno-vação de frota de caminhões
COMBUSTÍVEL LIMPO
DEPOIMENTOS
O empresário está incorporando oDespoluir no seutrabalho. E os motoristas de
ônibus e caminhãotambém estão mais
conscientes
WALDEMAR ARAÚJO,PRESIDENTE DA FETRAM
Temos a preocupação de estimular
o empresário detransporte a
preocupar-se com o problema do meio ambiente
NEWTON GIBSON,VICE-PRESIDENTE DA CNT E PRESIDENTE DA FETRACAN
O Despoluir é um programa ligadoà atualidade. Temtido repercussãofantástica no
Nordeste, inserindoo setor na questão
ambiental
EUDO LARANJEIRAS,PRESIDENTE DA FETRONOR
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❛Investimento em gestão ambientalAÇÃO
O Despoluir está intensifi-cando as medidas para mostraraos transportadores que ges-tão ambiental é fundamentalpara se manter e se destacarno mercado. Há várias iniciati-vas para ajudá-los a implantarações. Serão elaborados mate-riais informativos, banco dedados, como também será ofe-recido apoio técnico às empre-sas que buscam implementar agestão e sempre se adequar àsnormas ambientais.
Está em desenvolvimentoum manual de Orientações deConservação e Reúso da Águapara o Setor de TransporteRodoviário. O objetivo é disse-minar a importância da imple-mentação de um plano de con-servação e reúso do recursohídrico, mostrando seus benefí-cios ambientais e econômicos.
O Despoluir acompanha aevolução e a qualidade dodiesel brasileiro. A adoção de5% de biodiesel no diesel(B5) começou a vigorar em2010. O B5 é mais suscetível àcontaminação e, para apre-sentar os cuidados, estásendo desenvolvido ummanual técnico sobre os pro-cedimentos necessários paraque a qualidade do combustí-vel seja mantida.
Essas e outras ações sãoestruturadas a partir do resul-tado da Sondagem Ambientaldo Transporte. A pesquisa iden-tificou ações ambientaisdesenvolvidas pelas empresasde transporte rodoviário. ODespoluir também desenvol-veu a pesquisa “A Adição doBiodiesel e a Qualidade doDiesel no Brasil”.
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201150
A revista publica mensalmenteassuntos de meio ambiente.
No Prêmio CNT de Jornalismo,que todos os anos oferece R$ 90mil para as melhores reportagenssobre transporte, há a categoriaMeio Ambiente. Na última edição,em 2010, venceu uma matéria vei-culada na Internet, que abordavaos benefícios do uso da bicicleta.No Prêmio CNT de ProduçãoAcadêmica, também anual, háuma categoria para trabalhoscientíficos sobre transporte emeio ambiente.
A professora da Coppe(Coordenação dos Pro gramas
e reciclagem dos materiais.Foram cerca de 170 partici-pantes. Os objetivos foramconhecer as experiênciasinternacionais bem-sucedidasem reciclagem de veículos,identificar desafios brasilei-ros e fortalecer a discussãodo tema no Brasil.
O vice-presidente da CNT,Newton Gibson, ressalta aimportância das ações do pro-grama instituído há quatroanos. “Temos a preocupaçãode estimular o empresário detransporte a preocupar-secom o problema do meio
de Pós-Graduação emEngenharia), da UFRJ(Universidade Federal do Rio deJaneiro), Suzana Kahn, desta-cou a importância de se pensarem soluções de transporte emeio ambiente. Ao comentarsobre o Despoluir, Suzana dizque é sempre positivo promo-ver o esclarecimento, a cons-cientização. “Qualquer iniciati-va nesse sentido, de chamaratenção para um problema, ébem-vinda”, afirma Suzana, quefoi secretária de mudanças cli-máticas do Ministério do MeioAmbiente. l
ambiente. As aferições promo-vidas pelo Despoluir são fun-damentais dentro desse pro-pósito. Mas o programa temdesenvolvido outras açõesmuito importantes.”
ComunicaçãoOutros mecanismos de divul-
gação das ações e informaçõesrelacionadas a transporte e meioambiente são a revista CNTTransporte Atual e o site do pro-grama, www.cntdespoluir.org.br.Diariamente, o site é atualizadocom reportagens e outras infor-mações relevantes sobre o tema.
Despoluir realizou pesquisa sobre adição do biodiesel e qualidade do diesel no Brasil
Sest Senat fortalece programaINCENTIVO
As ações do Despoluir –Programa Ambiental doTransporte – ganham aindamais força com a participaçãodas unidades do Sest Senat(Serviço Social do Transportee Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte).No Rio Grande do Sul, oDespoluir tem expandido suasatividades.
Atualmente, há três unida-des de aferição (com veículo,opacímetro, entre outros equi-pamentos) em Porto Alegre eCarazinho, no noroeste doEstado. “Por meio do SestSenat, temos mais facilidadede chegar ao público-alvo –empresas, motoristas decaminhão e ônibus, autôno-mos, taxistas”, diz o diretor daunidade de Porto Alegre ecoordenador do Despoluir noRio Grande do Sul, pelo setorde cargas, Carlos BeckerBerwanger.
De acordo com Becker, asaferições são realizadas nas
unidades do Sest Senat ou nasempresas parceiras. Ele desta-ca que tem percebido umamaior preocupação dosempresários e também dosmotoristas autônomos emmanter os veículos regulados,emitindo menos poluentes egastando menos combustível.
A Transportes Spolier, loca-lizada na região metropolita-na de Porto Alegre, é uma dasempresas parceiras doDespoluir. A cada mês, sãoaferidos entre 18 e 22 veículos,conforme informa o encarre-gado de qualidade e seguran-ça da empresa, Sérgio OsórioDiniz. Em alguns meses, che-gam a ser aferidos até mais de30 veículos.
“Essa ação do Despoluir émuito importante, pois oteste de opacidade é impres-cindível. Primeiro peloaspecto do meio ambiente,da saúde. Isso é indiscutível.E também pelo aspecto eco-nômico”, diz Diniz.
JÚLIO FERNANDES/CNT
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201152
Investimento nas obras dedragagem, necessidade demaior participação nosCAPs (Conselhos de
Autoridade Portuária) e reduçãode gargalos burocráticos e deacesso foram algumas reivindi-cações feitas ao secretário-exe-cutivo da SEP (Secretaria dePortos), Mario Lima, no mês dejunho. Ele se reuniu com repre-sentantes do modal aquaviário,na sede da CNT, em Brasília. Noencontro, foram repassadospedidos que já tinham sido fei-tos ao ex-ministro Pedro Brito elevadas novas reivindicações.
O secretário-executivo secomprometeu em avaliar asquestões do setor, e uma segun-da reunião ficou agendada parao início de agosto. “O desenvol-vimento portuário nacional sefará dentro do perfeito entendi-mento entre os agentes denavegação, armadores, autori-dades portuárias envolvidas. A
CNT é ente agregador dessasentidades. E, naturalmente, comdiálogo junto ao governo fede-ral e a Secretaria de Portos,teremos um grande resultado”,avaliou o secretário-executivo.
O vice-presidente da CNT,Meton Soares, afirmou que háum problema sério ocorrendodentro dos CAPs e disse que énecessária maior participaçãode sindicatos de diferentes par-tes do Brasil nos conselhos. “OCAP define as posições políti-cas, administrativas, de traba-lho. É fundamental que todas aspessoas assentadas ali sejampessoas certas, que tenhamconhecimento e vivência doproblema em cada porto, emcada local”, afirmou MetonSoares.
Também presidente daFenavega (Federação Nacionaldas Empresas de NavegaçãoMarítima, Fluvial, Lacustre e deTráfego Portuário), MetonSoares afirmou que é precisohaver integração maior entre os
Reivindi
POR CYNTHIA CASTRO
AQUAVIÁRIO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 53
cações em pauta
Em reunião na CNT, representantes do setor entregamao secretário-executivo da SEP
documento com pontosessenciais que requerem atenção
JÚLIO FERNANDES/CNT
Em reunião na CNT, representantes do setor entregamao secretário-executivo da SEP
documento com pontosessenciais que requerem atenção
organismos para que sejamcongregados os interesses detodos os sindicatos do Brasil.Durante a reunião, o setordefendeu uma maior participa-ção de todas as entidades declasse nos CAPs.
O secretário-executivo daSEP reconheceu que quantomais representativo for o con-selho, mais sucesso terá oporto. De acordo com o secretá-rio, alguns sistemas precisamser revistos. “Assumo o compro-
Mais prazo para o Porto sem PapelDESBUROCRATIZAÇÃO
Os agentes de navegaçãopediram à SEP (Secretaria dePortos) um prazo um poucomaior para a implementaçãodo projeto Porto sem Papel,que prevê a desburocratiza-ção das operações portuá-rias, inicialmente em Santos,com a substituição do papelpor sistemas informatizadosde troca de informações.
Uma portaria publicada noDiário Oficial da União emjunho estabeleceu para 1º deagosto a data limite para queo sistema esteja funcionandoplenamente. A Fenamar(Federação Nacional dasAgências de NavegaçãoMarítima) está pedindo queesse prazo seja estendidopara três meses, a partir dapublicação da portaria.
“É um prazo justo. Não éfolgado demais, mas é razoá-vel para os dois lados paraque sejam feitos todos osajustes necessários”, disse opresidente da Fenamar, GlenGordon Findlay, também pre-sidente da seção de transpor-te aquaviário da CNT.
De acordo com Findlay, aFenamar participa do desen-volvimento do Porto semPapel, que deverá trazerbenefícios para os portos bra-sileiros. Mas o presidente dafederação destaca que a par-tir do momento em que o pro-jeto é implementado, é neces-
sário um tempo maior paraque o papel seja abandonadoe o sistema informatizadopasse a funcionar com efi-ciência.
O projeto prevê o uso deum sistema de informaçãoconcentrador de dados por-tuários, para as autoriza-ções de atracação, operaçãoe desatracação no portoorganizado. A proposta épromover a integração dosintervenientes do processoportuário. A partir de umportal de informações, fun-cionará uma janela únicaportuária, integrando em umúnico banco de dados asinformações de interessedos agentes de navegação edos diversos órgãos públi-cos que operacionalizam egerenciam as estadias deembarcações nos portosmarítimos brasileiros.
Os principais órgãos são aautoridade portuária, ReceitaFederal, Polícia Federal, Anvisa(Agência Nacional de VigilânciaSanitária), Ministério daAgricultura e Marinha do Brasil.Atualmente, o que ocorre éque quando a embarcaçãochega a um porto é necessáriopassar informações separada-mente para cada um dessesórgãos (e outros), sendo quemuitas informações são repeti-das. Há também o uso excessi-vo de papel nessas operações.
PNLP Plano Nacional de Logística Portuária pretende analisar o desempenho
“O secretário-executivo se interessou pelos pro METON SOARES, VICE-PRESIDENTE DA CNT
Reunião naCNT abordoupelo menos
10temas de
importância
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 55
Vitória, por exemplo, teve o edi-tal de licitação cancelado. Noporto de Cabedelo também háproblemas”, disse o presidenteda seção de transporte aquaviá-rio da CNT, Glen Gordon Findlay,também presidente da Fenamar(Federação Nacional dasAgências de NavegaçãoMarítima).
Findlay destacou que osportos brasileiros precisamvencer os gargalos burocráti-cos que impedem o maior
misso de verificar esse assunto.Vamos criar uma comissãointerna para resolver esses pro-blemas.”
Entre as reivindicações apre-sentadas pelas entidades doaquaviário ao secretário-execu-tivo, está também a maior cele-ridade na implementação dadragagem nos portos, permitin-do assim a melhoria dos aces-sos aquaviários. “O programa(de dragagem) está iniciado,mas ainda há preocupações.
crescimento das atividades.Ele citou uma visita ao portode Cingapura. “Perguntamosquanto tempo a carga deimportação fica no porto apósa descarga e nos informaramque são, no máximo, dois dias.No Brasil, a média ainda é dezou até 12 dias.”
A importância de se viabili-zar alterações no sistema depraticagem foi outro ponto des-tacado durante a reunião dasentidades do setor aquaviário
do setor e traçar panoramas a curto, médio e longo prazos DESAFIOS Portos precisam vencer gargalos burocráticos e de acesso
blemas. A reunião foi excelente e acho que vamos ter sucesso”
“O programa(de dragagem)está iniciado,mas ainda hápreocupações”
PORTO DE SUAPE/DIVULGAÇÃO
CEARÁPORTOS/DIVULGAÇÃO
GLEN GORDON FINDLAY, PRESIDENTE DA FENAMAR
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201156
2.800 euros”, disse Di Bella.Prático é o profissional queauxilia o comandante donavio nas manobras de entra-da e saída nos portos. Todosos navios, de cruzeiro ou decarga, precisam da atuaçãodo prático.
PNLPOs representantes do setor
aquaviário também reivindica-
com o secretário-executivo daSEP. Um representante doCentronave (Centro Nacional deNavegação), José Di Bella, afir-mou que 53% dos custos dealguns armadores são em rela-ção à praticagem.
“Nos portos de Santos e doRio de Janeiro, são R$ 52 milpor manobra em navios decruzeiro. Em Barcelona (naEspanha), por exemplo, são
PARCERIA Para resolver os
Confira o que esteve na pauta da reunião entre a SEP e setor aquaviário
Dragagem: manutenção e aprofundamento• Algumas obras foram iniciadas e estão em adiantado estado de conclusão(como Itajaí, Santos, Recife)
• Preocupação com portos como o de Vitória, Cabedelo, Rio Grande e Maceió
CAP: participação dos agentes marítimos e outros representantes do setor• Fenamar reivindica assento• Existe uma experiência de sucesso, como convidado, no porto de Fortaleza, e há expectativa de ver o mesmo ocorrendo nos demais portos
• Revisão imediata da norma que trata do CAP, de forma que todas as entidadesde classe, mesmo que por representação da Fenavega ou da CNT, possam serrepresentadas
Autoridades portuárias: atuação nos gargalos locais• Há gargalos como sobrecarga nos acessos terrestres e ferroviários dos portosde Santos e Itajaí; no porto de Vitória, há necessidade de investimento emguindastes
Porto sem Papel: situação e expectativas• Maior participação da Fenamar• Extensão da data de início do uso obrigatório de todos os sistemas
Gargalos burocráticos• Prohage (Programa de Harmonização das Atividades dos Agentes deAutoridade nos Portos) pode ajudar
Greves nos portos• Cadastramento, pelas autoridades, de empresas e profissionais aptos a atuarem na prestação de serviços, em casos de greve
• Que os órgãos de governo que atuam nos portos sejam considerados como atividades essenciais, com restrições à possibilidade de greve
Praticagem• Necessidade de um projeto em discussão na Secretaria de Portos sobre a atuação dos práticos
• Há críticas sobre os custos
PNLP• De que forma o agente marítimo pode participar mais do Plano Nacional de Logística Portuária?
ETC (Estação de Tratamento de Cargas)• Adequação de legislação para que a ETC possa se estabelecer dentro ou forado porto organizado, independentemente da propriedade do terreno, bastando comprovação de posse ou de contrato de aluguel
• Trabalho em conjunto da Secretaria de Portos com a Antaq, visando alteraráreas de portos organizados pelo Brasil
Fontes: Fenamar e Fenavega
PRINCIPAIS REIVINDICAÇÕES
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 57
Durante a reunião, o secretá-rio-executivo da SEP disse quepretende ouvir o setor de trans-porte em relação ao plano. “ACNT é um órgão empresarial dosmais importantes do país.Congrega toda a área de trans-porte – rodoviário, ferroviário,marítimo, fluvial. A sua capaci-dade de capilaridade no setor éfundamental nesse processo.Nenhuma estrutura governa-
ram com o secretário-executivoda SEP que o setor continuecolaborando com a elaboraçãodo PNLP (Plano Nacional deLogística Portuária). SegundoGlen Gordon Findlay, na primei-ra fase do projeto, dos levanta-mentos, o setor teve uma parti-cipação. E a Fenamar gostariade continuar contribuindo nospróximos estágios, de imple-mentação.
mental terá seu efeito se nãotiver o ajuste com o meioempresarial.”
O PNLP pretende analisar odesempenho atual do setor etraçar um panorama a curto,médio e longo prazos. No lança-mento da proposta, no governofederal anterior, a intenção eragarantir que projetos, análises eprognósticos possam servir debase para futuros investimentos– todos desenvolvidos sob aótica da melhor técnica de pla-nejamento.
Para o desenvolvimento doprojeto, foi feita uma parceriacom a UFSC (UniversidadeFederal de Santa Catarina),com o porto de Roterdã (naHolanda) e diversos consulto-res também participam. Deacordo com o secretário-exe-cutivo, o PNLP é a iniciativamais importante na direçãoda modernização do sistemaportuário. “O resultado disso,que conta com o diagnósticoda situação dos portos, seráum redirecionamento do cres-cimento. Dará instruções decomo avançar na questãodesses portos, na direção daatualização, expansão, quaisos investimentos públicosnecessários.” l
problemas portuários, secretário-executivo da SEP considera importante trabalho em conjunto com a CNT
PORTO DE ITAQUI/DIVULGAÇÃO
“A capacidadede capilaridade
(da CNT) no setor é
fundamental”
MARIO LIMA, SECRETÁRIO-EXECUTIVO DA SEP
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201158
FERROVIÁRIO
Um dos eventos de maiordestaque do modal fer-roviário brasileirochega à sua terceira
edição este ano. Organizado pelaANTF (Associação Nacional dosTransportadores Ferroviários), oEncontro de Ferrovias 2011 serárealizado em Vitória (ES), entre osdias 10 e 12 de agosto. Nesta edi-ção, as principais discussõesserão em torno do tema“Inovações Tecnológicas doSistema Ferroviário de Carga noBrasil de 2010 a 2011”.
A assessora de suprimentosda ANTF, Kleane Pessoa, diz quea ideia do encontro surgiu danecessidade de apresentarcasos de sucesso desenvolvidosou implantados nas ferroviasbrasileiras, permitindo a todo osetor o acesso aos projetos. Ainiciativa partiu das própriasconcessionárias. “Dessa manei-ra, o modal tem a possibilidadede disseminar melhores práti-cas. O evento é a grande oportu-nidade para a troca de expe-riências, conhecimentos, ideiase sugestões entre as operado-ras, o meio acadêmico e aindústria ferroviária.”
A expectativa, segundoKleane, é consolidar os traba-
Tecnologiaem discussão
Encontro de Ferrovias será realizado emagosto e debaterá as inovações do setor
POR LETÍCIA SIMÕES
lhos que serão apresentados. Acompilação pode servir demodelo para que as ações sejamaplicadas nas operações do sis-tema. A organização estima quemais de 700 participantes este-jam presentes nesta edição doencontro.
As concessionárias têm liber-dade para eleger a equipe e otipo de apresentação que leva-rão ao encontro. A MRS Logísticapretende apresentar trabalhosde várias áreas da empresa. “Apresença maciça das concessio-nárias, com seus respectivospresidentes, que muitas vezesapresentam projetos, oferecerespaldo ao evento”, diz José
Geraldo Ferreira, consultor fer-roviário da operadora.
Na opinião de Ferreira, oencontro traz a confirmação deque as ações desenvolvidasdentro de uma determinadaconcessionária podem darcerto em outras. “O principalobjetivo do evento é essatroca, que estimula novosdesafios para todo o modal.”
Segundo ele, a MRS investeconstantemente em tecnologia.“A empresa implantou um novosistema de sinalização e intro-duziu novos computadores debordo para garantir melhor con-trole da operação.”
O consultor destaca que,
antes de empregar recursosem melhorias tecnológicas, aconcessionária busca aperfei-çoar os processos atuais cominovações na própria gestãooperacional.
Para o presidente daFerroeste, Maurício QuerinoTheodoro, o Brasil está embusca de modernizar seu siste-ma ferroviário. “O país vive atentativa de recuperar o tempoperdido com a falta de investi-mentos no modal. Por isso, asconcessionárias têm de se adap-tar às novas tecnologias.”
Para Vicente Abate, presi-dente da Abifer (AssociaçãoBrasileira da Indústria
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 59
Ferroviária), a indústrianacional tem oferecido asmelhores tecnologias aosetor. “As locomotivas fabri-cadas no Brasil têm altapotência e são idênticas àsusadas em outros países. Asempresas brasileiras nãodevem nada à indústria exter-na em termos tecnológicos”,diz. Hoje, são fabricadas noBrasil, locomotivas de até4.400 HP de potência.
De acordo com Abate, osetor tem evoluído tecnologi-camente e o Encontro deFerrovias permite que toda acadeia conheça os projetosem desenvolvimento.
O evento também vai focarnas discussões acerca da sus-tentabilidade e da logística.Theodoro, da Ferroeste, afirmaque todas as ferrovias devemancorar seus projetos emações ambientalmente susten-táveis. “O modal ferroviáriotem a preocupação de manterem equilíbrio a relação com omeio ambiente, sem causargrandes impactos. Aspectoseconômicos, sociais, culturaise ambientais têm de estarinterligados para assegurar oêxito de toda a operação.”
O dirigente vê com otimis-mo o atual momento domodal. Atualmente, a
Ferroeste se empenha em umprojeto de expansão de suaslinhas. “O estudo de viabilida-de de um ramal ligandoCascavel (PR) a Guaíra (PR) e aMaracaju, no Mato Grosso doSul, está sendo analisado pelaValec. O projeto contemplaainda o ramal entreGuarapuava (PR) e o Porto deParanaguá”, afirma.
De acordo com Theodoro, aintervenção vai modernizar o tre-cho, além de eliminar um gargalohistórico da região. “A partir daexpansão, o transporte de commo-dities para os terminais paranaen-ses vai se tornar mais eficiente.”
Abate, da Abifer, garante que
a indústria ferroviária estápronta para atender o aumentoda demanda e afirma que a ten-dência é de que o crescimentodo setor prossiga. “A capacida-de de produção, por ano, é de 12mil vagões; 150 locomotivas e900 carros de passageiros. Aindústria investiu R$ 1,1 bilhãoem modernização e ampliaçãodas fábricas existentes e naaplicação de tecnologia. O mon-tante também foi aplicado nainstalação de novos parquesindustriais.”
De acordo com ele, o setor decargas ferroviárias possui hojemais que o dobro da medição detonelagem que tinha antes dasconcessões. “Naquele período, ovolume era de 253 milhões detoneladas transportadas. Em2010, esse número chegou a 471milhões de toneladas.” A expec-tativa da Abifer é de que, esteano, 530 milhões de toneladasde cargas sejam transportadaspelo modal ferroviário. l
PRESENÇA Encontro realizado em 2010; este ano a estimativa é superar 700 participantes
3º Encontro de Ferrovias ANTF
De 10 a 12 de agosto
Valer Centro de Excelência em
Logística, Vitória (ES)
Informações: (61) 3226-5434
SERVIÇO
ANTF/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201160
Ações de sustentabilidadee transporte e aspectosimportantes sobre ogerenciamento de
empresas, logística e integraçãode modais são assuntos que esta-rão na pauta de discussão do 12ºCongresso Nacional Intermodaldos Transportadores de Cargas.Representantes do setor, de dife-rentes regiões do Brasil, irão sereunir em Belo Horizonte, entre osdias 3 e 5 de agosto. As inscrições
são gratuitas e podem ser fei-tas pelo site da ABTC(Associação Brasileira deLogística e Transporte deCarga): www.abtc.org.br.
O presidente da associação,Newton Gibson, também vice-pre-sidente da CNT, destaca que oEstado de Minas Gerais é muitoimportante para o desenvolvi-mento do transporte no país.Portanto, ele considera que dis-cutir os temas relevantes do
setor em Belo Horizonte traráresultados positivos. “O Estadotem uma grande participação notransporte e precisamos valori-zar isso. Minas é um Estado pro-missor, com grande desenvolvi-mento”, diz Gibson. No ano pas-sado, o congresso foi realizadoem Natal, no Rio Grande Norte.
O evento acontece anualmen-te e tem como foco a promoçãoda intermodalidade. De acordocom o presidente da ABTC, a pro-
posta é mostrar a importância dalogística e também da integra-ção de todos os modais.“Procuramos destacar sempre aintermodalidade. Por isso, convi-damos todos os segmentos detransporte a participarem, que-remos agregar os modais”, afir-ma o presidente da ABTC.
O doutor em planejamento detransportes e logística, PauloResende, professor da FundaçãoDom Cabral, fará uma palestra
O 12º Congresso Nacional Intermodal dos Transportadoresde Cargas será em Belo Horizonte, em agosto
CONGRESSO ABTC
Promovendoa integração
POR CYNTHIA CASTRO PAUTA Evento
com o tema “A logística como ele-mento de crescimento, competiti-vidade e produtividade no século21”. O empresário e professor daESPM (Escola Superior dePropaganda e Marketing), CarlosAlberto Júlio, falará sobre“Velocidade das mudanças: onovo perfil da liderança”.
Neste ano, o congresso daABTC também terá uma forteabordagem sobre a temática meioambiente e sustentabilidade. O
chefe do Departamento deEncomendas dos Correios, AiltonRicardo Fogos, vai abordar o tema“Logística reversa: desenvolvi-mento sustentável e políticasambientais”.
No ano passado, foi aprovadano Brasil a Política Nacional deResíduos Sólidos. A nova legisla-ção determina a aplicação dalogística reversa nas cadeias pro-dutivas. Os produtos e resíduosprecisam retornar após o consu-
mo, seja para reaproveitamento,reciclagem ou destinação ambien-talmente adequada.
“É muito importante que otransporte esteja atento às açõesambientais. Na CNT, desenvolve-mos o Despoluir (ProgramaAmbiental do Transporte), que temtido resultados bem positivos”,afirma Gibson. Um dos painéis dediscussão do congresso abordará“Otimização da gestão pela imple-mentação de boas práticas ao
meio ambiente e a importância daincorporação da sustentabilidadenas empresas”.
Paralelamente às palestras, oencontro da ABTC terá uma expo-sição, a Feira Automotiva. Nela,poderão ser visitados estandes deempresas de produtos e serviçospara o setor de transporte.Estarão lá representantes deimportantes fabricantes de cami-nhões, implementos e distribuido-res de combustíveis. l
no ano passado em Natal (RN); edição de 2011 discutirá a sustentabilidade
PROGRAMA-SEVeja o que está previsto para o 12º Congresso Nacional Intermodaldos Transportadores de Cargas*
Quarta-feira (3 de agosto)14h - Abertura da secretaria e credenciamento18h - Abertura do congresso18h30 - Entrega do Troféu "O Transportador"19h - Abertura da Feira Automotiva e coquetel
Quinta-feira (4 de agosto)10h – Palestra: “A atuação do Brasil frente à crise econômica mundial: capacidade do país de enfrentar seus gargalos, aproveitar seu potencial e o papel do setor de transporte na construção do futuro”Palestrante: George Vidor, comentarista econômico da GloboNews11h30 – Palestra Bradesco Cartões: “Uma solução inovadora de pagamento egestão para o mercado de transportes de carga”Palestrante: Adriana Alves, gerente nacional de negócios/transporte & logística12h - Almoço14h – Painel: Transporte e Meio Ambiente1º tempo: “Otimização da gestão pela implementação de boas práticas aomeio ambiente e a importância da incorporação da sustentabilidade nasempresas”Palestrante: Marilei Menezes, coordenadora de projetos especiais da CNT2º tempo: “Logística reversa: desenvolvimento sustentável e políticas ambientais”Palestrante: Ailton Ricardo Fogos, chefe do Departamento de Encomendas dos Correios15h30 - Coffee break16h – Palestra: “Estratégia em tempos de crise”Palestrante: César Souza, presidente da Empreenda Consultoria e autor dosbest sellers “Você é do tamanho de seus sonhos” e “Você é o líder da sua vida”17h30 - Visita à Feira Automotiva
Sexta-feira (5 de agosto)9h30 – Palestra: “A logística como elemento de crescimento, competitividadee produtividade no século XXI”Palestrante: professor Paulo Resende, doutor em planejamento de transportese logística, professor da Fundação Dom Cabral10h30: Coffee break11h – Palestra: “Velocidade das mudanças: o novo perfil da liderança”Palestrante: Carlos Alberto Júlio, professor da ESPM, FGV e FIA/USP e empresário12h – Encerramento
* A programação está sujeita a alteraçõesFonte: ABTC
CÉLIO FREIRE/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201162
TRÂNSITO
Como reduzir o número demortes no trânsito dentro efora dos centros urbanos?Que tipo de ações devem ser
realizadas para que os motoristas diri-jam cada vez mais de forma conscien-te? As respostas para essas questõesforam apresentadas durante o FórumVolvo – OHL de Segurança no Trânsito2011, realizado em Brasília, em junho.
O evento, que contou com a partici-pação de especialistas em trânsito depaíses como Austrália e Espanha, queconseguiram melhorar a qualidade deseus sistemas de transporte, tevecomo objetivo principal apresentarações viáveis à realidade brasileira.
Segundo dados da OMS(Organização Mundial de Saúde), osacidentes de trânsito são a nonacausa de mortes no mundo.
Anualmente, 1,3 milhão de pessoasmorrem e de 20 milhões a 50 milhõesficam feridas. Estimativas da ONU(Organização das Nações Unidas) e daOMS revelam que, se nada for feitopara frear o ritmo das fatalidades, emdez anos, as mortes podem chegar a2,4 milhões ao ano.
Por aqui, a situação também é bas-tante alarmante. O Brasil ocupa oquinto lugar entre os recordistas emmortes no trânsito, atrás da Índia,China, Estados Unidos e Rússia, segun-do o Informe Mundial sobre a Situaçãode Segurança no Trânsito, publicadoem 2009, pela OMS.
Os dados mais recentes do Sistemade Informação de Mortalidade, doMinistério da Saúde, mostram que, em2008, foram registradas 38.273 mortesno trânsito brasileiro. O número de
Experiênciasde sucesso
Especialistas apresentam soluções para reduzir o índice de fatalidades nos acidentes de trânsito
POR LIVIA CEREZOLI
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 63
FOTOS JÚLIO FERNANDES/CNT
vítimas não fatais chegou a 619.831.Entre os acidentes que mais matamestão os atropelamentos, os envol-vendo motocicletas e as colisõesfrontais, contra objetos (árvores,postes) e em cruzamentos.
“O que vem acontecendo no sis-tema viário do país é uma tragédia.Os carros aqui são iguais ao restan-te do mundo, mas os óbitos não”,afirma Eric Howard, consultor emsegurança no trânsito do BancoMundial e criador do conceito deabordagem sistêmica de seguran-ça no trânsito (método de integra-ção de várias instâncias nas ques-tões relacionadas à segurançarodoviária), durante apresentaçãono fórum.
De acordo com ele, é necessárioconstruir uma cultura da obediên-cia nos usuários do trânsito, sejameles pedestres ou motoristas. E,para isso, precisa ser criado umsistema de gestão de segurança.
Howard participou da implanta-ção do programa Chegue Vivo,desenvolvido pelo governo daAustrália e responsável por reduzirem 20% as fatalidades causadaspor acidentes de trânsito entre2002 e 2007 no país.
O consultor defende a reduçãodas velocidades em todas as rodo-vias e vias urbanas. Segundo ele,para cada quilômetro por hora amais que um veículo se locomove,aumentam-se entre 4% e 5% aschances de ocorrer um acidentefatal. “Há alguns anos, a velocidadeem algumas vias da Austrália pas-
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201164
sou de 56 km/h para 60 km/h. Issoocasionou a morte de mais 3.000pessoas por ano. Foi a partir daíque percebemos que alguma coisaprecisava ser modificada.”
Estimativas do Banco Mundial,apresentadas por Howard, mos-tram que, se 30% das nossas rodo-vias tivessem a velocidade altera-da de 100 km/h para 90 km/h, acada ano, 1.700 vidas humanasseriam poupadas.
A redução da velocidade, princi-palmente em vias urbanas ondecirculam muitos pedestres, tam-bém é defendida pelo diretor-geral
da DGT (Direção Geral de Tráfego)da Espanha, Pere Navarro Olivella.No país, o limite máximo em áreasresidenciais passou para 30 km/h.“A essa velocidade é possível sal-var todas as vítimas de atropela-mentos. Se o veículo estiver a 50km/h, conseguimos salvar metadedas vítimas, mas, se for acima de70 km/h, é praticamente impossí-vel”, explica ele.
Olivella é defensor dos radares.Para ele, esse tipo de equipamentoé a única solução para reduzir aviolência no trânsito, mas é precisoque a sociedade esteja consciente
disso. De acordo com o diretor, ogoverno espanhol ouviu a própriapopulação para identificar osmelhores lugares para os 800novos radares que foram instala-dos no país recentemente.
O resultado positivo dessa ini-ciativa é comprovado em números.A redução da velocidade e maisuma série de mudanças estruturaisno sistema de trânsito espanholpossibilitaram uma queda de 57%no número de mortes no país entre2004 e 2010.
As ações foram implantadas emresposta à iniciativa da União
FISCALIZAÇÃO Pere Navarro
Mundo tem metas a cumprir até 2020
OBJETIVOS
As discussões do fórumpromovido pela Volvo e pelaOHL também estiveram pau-tadas pela Década Mundial deAções pela Segurança noTrânsito, lançada oficialmen-te em 11 de maio deste ano,pela ONU (Organização dasNações Unidas). O programaestabelece o prazo de dezanos – de 2011 a 2020 – paraos 192 países que assinaram odocumento se comprometama reduzir em até 50% as mor-tes causadas por acidentesde trânsito.
Até o momento, 113 paísesdefiniram suas ações. Na listaestão a melhoria na infraes-trutura rodoviária, maiorrigor na legislação e ações deproteção aos chamados gru-pos vulneráveis – pedestres,ciclistas e motociclistas.
No Brasil, os projetos
ainda estão sendo definidos.Uma reunião do ComitêNacional de Mobilização pelaSaúde, Segurança e Paz noTrânsito, sob coordenação doDenatran, estava marcadapara este mês para traçar asmetas. O lançamento oficialda campanha deve acontecerapenas em setembro desteano, quando acontece aSemana Nacional de Trânsito.
“Estamos em fase dedetalhamento das ações. Noano passado, aprovamos umplano preliminar que agoradeve ser colocado em práti-ca. Precisamos do envolvi-mento de todas as esferasdo poder público e, mais doque isso, da sociedade deuma forma geral”, afirmaOrlando Moreira da Silva,diretor do Denatran.
O programa está basea-
do em cinco pilares princi-pais: gestão nacional dasegurança no trânsito,infraestrutura viária ade-quada, segurança dos veí-culos, comportamento esegurança dos usuários eatendimento ao trauma,assistência pré-hospitalar,hospitalar e à reabilitação.
Segundo ele, uma das prin-cipais ações será a criação deum observatório que reuniráinformações e dados nacionaisde todas as ocorrências detrânsito. Atualmente, a coletade dados sobre acidentes é rea-lizada por diversos setores,como Polícia RodoviáriaFederal, Detrans e PolíciaCivil, o que, reconhece Silva,faz com que haja falhas atépara registrar as mortes queacontecem nos hospitais, diasdepois dos acidentes.
• Atropelamento de pedestres
• Envolvendo motocicletas
• Colisões frontais
• Colisões contra objetos
(árvores, postes)
• Colisões em cruzamentos
Fonte: Eric Howard, consultor do Banco Mundial
Veja os casos que mais matam
ACIDENTES FATAIS
“Os carros aqui ERIC HOWARD, CONSULTOR DO BANCO MUNDIAL
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 65
habilitação é um crédito que asociedade lhe dá. Concedemos umtotal de 12 pontos. A cada erro, elesvão sendo descontados e, quandoperde todos, o motorista tem odireito de dirigir retido por seismeses e é obrigado a passar porum curso de reciclagem.”
Para o presidente do InstitutoBrasileiro de Segurança noTrânsito, David Duarte, não é difícilimplantar as medidas adotadaspela Austrália e pela Espanha noBrasil. “Muitas coisas já estão pre-vistas em lei por aqui”, afirma.Assim como aconteceu nos dois
países, ele acredita que a participa-ção da sociedade tem papel funda-mental, mas as iniciativas devemser do poder público. “O governo éo indutor das ações. É papel doEstado legislar, gerenciar e fiscali-zar o trânsito”, reforça ele, quetambém é professor da Faculdadede Medicina da UnB (Universidadede Brasília).
Duarte acredita que a reduçãoda velocidade deve ser uma dasprincipais ações a ser colocada emprática no Brasil. De acordo com ele,se programas eficientes foremdesenvolvidos, em cinco anos, é
Europeia de frear a acidentalidadenos países que fazem parte dogrupo econômico. “Quando estabe-leceram a meta de reduzir em 50%as mortes no trânsito em dez anos,falamos que seria algo utópico. Mastrabalhamos muito e conseguimosir além disso”, conta Olivella.
Entre os principais programasdesenvolvidos na Espanha, tam-bém merecem destaque o de fisca-lização dos níveis de alcoolemia nosangue, a exigência do uso docapacete para motociclistas e osistema de pontuação na carteirade habilitação dos motoristas. “A
possível reduzir em até 50% a fata-lidade no trânsito brasileiro.
Mesmo reconhecendo a eficá-cia da fiscalização eletrônica paracontrolar as velocidades, o diretordo Denatran (DepartamentoNacional de Trânsito), OrlandoMoreira da Silva, acredita que épreciso ir além e investir em abor-dagens nas estradas brasileiras.“Com o passar dos anos, percebe-mos uma redução na abordagemdos nossos motoristas. A fiscaliza-ção eletrônica resolve o problemado excesso de velocidade, mas nãoevita fraudes em documentos enão verifica as condições do carroe do motorista.”
O projeto de lei nº 5.525/2009,de autoria do deputado federalBeto Albuquerque (PSB-RS), prevê,por ano, a abordagem para fiscali-zação preventiva de, no mínimo,30% da frota total de veículosautomotores, em cada Estado e noDistrito Federal. O projeto está sobanálise na CVT (Comissão deViação e Transporte) da Câmarados Deputados.
Silva, do Denatran, tambémacredita que, além de fiscalizar avelocidade e desenvolver campa-nhas educativas que preparem osjovens motoristas, é preciso maisrigor na aplicação da legislaçãoexistente e uma punição imediatano caso de erros. “Temos um dosmelhores Códigos de Trânsito domundo. O que falta é seguirmos oque consta nele.” l
Olivella defende redução drástica no limite de velocidade nas estradas
ACIDENTES OCORRIDOS
Ocorrências totais 428.970
Veículos envolvidos 597.786
Vítimas fatais 38.273
Vítimas não fatais 619.831
ENVOLVIMENTO DE VEÍCULOS
Automóveis 246.712
Motocicletas 200.449
Caminhões 54.463
Bicicletas 32.496
Fonte: Denatran
Números de 2008
TRÂNSITOBRASILEIRO
são iguais ao restante do mundo, mas os óbitos não”
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201166
SEMINÁRIO
Dois dos maiores proble-mas que podem impedira continuidade do desen-volvimento da movimen-
tação de cargas no Brasil – os fre-quentes roubos de cargas e aregulamentação da profissão demotorista – estiveram presentesdurante as discussões doSeminário Brasileiro do TransporteRodoviário de Cargas, realizadoem junho, na Câmara dosDeputados, em Brasília.
Esta é a 11ª edição do eventorealizado pela CVT (Comissão deViação e Transportes) da Câmara,em parceria com a NTC&Logística(Associação Nacional do
DiscutindosoluçõesSetor apresenta contribuições para a
regulamentação da profissão de motorista epede urgência no combate ao roubo de cargas
POR LIVIA CEREZOLI
Transporte de Cargas e Logística) ea Fenatac (Federação Interestadualdas Empresas de Transporte deCargas), com o apoio institucionalda CNT (Confederação Nacional doTransporte).
Mais uma vez, empresários dosetor cobraram do poder públicoa regulamentação da lei comple-mentar nº 121/2006, a chamadaLei Negromonte, que criou oSistema Nacional de Prevenção,Fiscalização e Repressão ao Furtoe Roubo de Veículos de Cargas, edestacaram a importância dacriação de leis mais duras paracombater a receptação dos pro-dutos roubados.
Durante a abertura do seminá-rio, o senador Clésio Andrade (PR-MG), presidente da CNT e do SestSenat, ressaltou a necessidade demelhorias na infraestrutura e nafiscalização rodoviária para com-bater os delitos. Segundo ele,embora os investimentos nosetor tenham alcançado a faixados R$ 20 bilhões ao ano, ainda épreciso mais. “Nos outros paísesdo Bric (grupo formado, além doBrasil, por Rússia, Índia e China),os investimentos ultrapassam osR$ 100 bilhões anuais. Precisamoscuidar desse setor, que respondepor 60% da movimentação decargas no país.”
Mesmo que os dados daNTC&Logística mostrem queda de6% no número de ocorrências deroubo de cargas nas estradas bra-sileiras, a situação ainda é preocu-pante. No ano passado, foramregistrados 12,7 mil roubos e fur-tos, contra 13,5 mil em 2009. Osvalores subtraídos também forammenores, passou de R$ 900milhões, em 2009, para R$ 850milhões no ano passado.
Caio Bortone Ramos, delegadoda diretoria de Combate ao CrimeOrganizado da Polícia Federal,reconhece que a fiscalização pre-cisa ser mais eficiente e que aspenalidades para o receptador
DEBATE Senador
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 67
ainda são brandas. “É precisopenalizar e apreender toda a mer-cadoria do estabelecimento envol-vido no esquema. Além disso,deve-se cancelar o alvará de fun-cionamento do mesmo e imporrestrições com as fazendasEstadual e Federal”, afirma Ramos.
Ele também defende a implan-tação de um sistema de fiscaliza-ção por meio de equipamentosque registrem as placas dos veí-culos em áreas de fronteiras,além de um melhor aparelha-mento do policiamento nacionale da criação de um banco dedados oficiais sobre os crimescometidos. “Hoje, é difícil ter uma
fonte confiável sobre o númerode roubos de cargas devido àdeficiência no trabalho das polí-cias. Precisa existir uma interli-gação entre todas as delegacias.”
De acordo com o delegado, aPolícia Federal só atua em casoscom indícios de atuação de qua-drilha ou bando em mais de umEstado da Federação. Desde2009, as 13 operações realizadasresultaram na prisão de 345 pes-soas envolvidas em crimes deroubo e furto de cargas.
Para Flávio Benatti, presiden-te da NTC&Logística, além da fis-calização mais ostensiva, é pre-ciso implantar medidas mais
duras no combate ao desmanchede veículos, outro crime relacio-nado ao furto de veículos. “Avenda de peças no mercado dereposição é uma atividade alta-mente rentável em razão do altocusto das mesmas e manuten-ção”, reforçou ele, que tambémpreside a seção de transporte decargas da CNT.
Por ano, aproximadamente1.400 veículos são desmanchadosno Brasil, segundo o coronelPaulo Roberto de Souza, assessorde segurança da NTC&Logística.Ele defende a aprovação de umalegislação relativa à regulamen-tação do serviço de desmonta-gem de veículos. “A atividade ile-gal impacta de forma direta naeconomia do país.”
Jornada de trabalhoA regulamentação do trabalho
dos motoristas de cargas tambémfoi discutida durante o seminário.O assessor jurídico daNTC&Logística, Marco AurélioRibeiro, apresentou proposta ela-borada pelos transportadores,com apoio da CNT, sobre as defini-ções da jornada de trabalho quedevem constar na CLT(Consolidação das Leis doTrabalho). Atualmente, outros 30projetos – 27 na Câmara e três noSenado – relacionados ao assuntotramitam no Congresso Nacional.“É importante que essas regras
estejam definidas dentro de algomaior, como a lei trabalhista, eque respeitem as peculiaridadesdo setor”, afirma ele.
Pelo projeto, os motoristasnão poderão dirigir o veículo pormais de quatro horas ininterrup-tas, ficando obrigados a observarintervalo mínimo de descanso de30 minutos a cada período e umintervalo mínimo de uma horapara refeição.
A proposta também prevê ainstalação de pontos de paradanas rodovias a cada 200 quilôme-tros. “Para as estradas privatiza-das, defendemos que nos novoscontratos de concessão consteessa obrigatoriedade, e nos jáexistentes, que eles sejamimplantados em um ano. Para asestradas não concedidas, acredi-tamos que seja necessário alterara lei nº 11.079/2004 e criar PPPs(Parcerias Público-Privadas)”,explica ele.
Representando os trabalhado-res, o assessor jurídico da CNTT(Confederação Nacional dosTrabalhadores em TransportesTerrestres), Adilson Boaretto,reforçou a necessidade da regu-lamentação da profissão e elo-giou a iniciativa dos empresáriosem apresentar tal proposta. “Há30 anos trabalhamos para que aatividade seja regularizada e nãovemos outro caminho senão acriação dessas regras.” l
JÚLIO FERNANDES/CNT
Clésio Andrade ressaltou a necessidade de melhorias na infraestrutura
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201168
Ter pessoas conscientessobre os cuidadosnecessários no trânsitoé um dos primeiros pas-
sos para se evitar acidentesfuturos. Em todo o Brasil, as uni-dades do Sest Senat mantêmprogramas educativos sobre oassunto e em duas delas, elessão voltados especialmente paracrianças e adolescentes.
As chamadas Transitolândias,são cidades mirins, com ruas,praças e semáforos, destinadas aeducar e preparar as crianças emidade escolar para a rotina diáriano trânsito enquanto pedestres,passageiros e ciclistas.
Durante os treinamentos são
abordados temas como a impor-tância de usar o cinto de segu-rança, o respeito às sinalizaçõese às leis de trânsito, o uso dacadeirinha e a utilização da faixade pedestre.
No Sest Senat Florianópolis(SC), o projeto, desenvolvido emparceria com a Guarda Municipal,teve início em 2009 e desdeentão, mais de 1.600 crianças eadolescentes, entre 4 e 14 anos,de 22 escolas, participaram dasatividades.
Segundo a diretora da unida-de, Patrícia Costa Ferreira,durante as visitas, os participan-tes assistem a um teatro debonecos e têm aulas teóricas e
Educaçãono trânsito
POR LIVIA CEREZOLI
SEST SENAT
Unidades de senvolvem programas de orientação sobreas regras a serem seguidas por motoristas e pedestres
ENSINO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 69
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
Na unidade de Florianópolis, o projeto teve início em 2009 e é desenvolvido em parceria com a Guarda Municipal
práticas de educação no trân-sito. “O projeto é interativo epermite que as crianças rece-bam as instruções em formade brincadeira”, conta ela.Pelo trabalho desenvolvido noano passado, o projeto rece-beu o prêmio “EntidadeAmiga do Trânsito”, concedi-do pela Prefeitura Municipalde Florianópolis.
Para Maria de Lourdes Gomes,coordenadora pedagógica do CEB(Centro Educacional Barreiros),uma das escolas que integram oprojeto, os bons resultados dotrabalho são presenciados dentroe fora da sala de aula. “É impor-tante ver como as crianças ficamenvolvidas e levam o que apren-deram para os pais.”
Aos 10 anos, Thiago da Cruz,aluno do CEB, já sabe a respon-sabilidade que tem comopedestre. “Minha mãe achavaque a gente podia atravessar arua com o semáforo vermelhoquando não estava vindo carro.Mas é perigoso. Eu aprendi nasaulas teóricas no Sest Senatque só podemos atravessar arua se o semáforo de pedestresestiver verde e em locais ondenão existe semáforo, devemosatravessar a rua sempre nafaixa”, explica ele.
Em Cariacica (ES), a cidadeda Transitolândia foi decoradanas paredes da unidade do SestSenat e por meio de jogos, são
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201170
Sest Senat Florianópolis (SC)
(48) 3281-6200
Sest Senat Cariacica (ES)
(27) 2123-3450
INFORMAÇÕES EAGENDAMENTODE VISITAS
passadas as principais orienta-ções sobre as regras de trânsi-to. Segundo Hélzio Soncini daSilva, coordenador do Senat,mais de 5.000 pessoas, entrecrianças, adolescentes e adul-tos, já passaram pelo Vida emJogo, como é conhecido o pro-jeto na unidade.
“No treinamento são apre-sentados os diversos papéisdesempenhados pelos atoresque participam do trânsito(pedestres, motoristas, motoci-clistas e ciclistas). Procuramosmostrar aos participantes comoeles têm responsabilidade sobreas suas ações”, explica Silva.
Para o desenvolvimento doprojeto, o Sest Senat deCariacica mantém parceria
com o Conpet (ProgramaNacional de Racionalização doUso dos Derivados do Petróleoe do Gás Natural), a Petrobras ea Fetransportes (Federação dasEmpresas de Transportes doEstado do Espírito Santo).
Segundo a assessora técni-ca do Denatran (DepartamentoNacional de Trânsito), Rita deCássia Ferreira da Cunha, aeducação para o trânsitorequer ações comprometidascom informações, mas, sobre-tudo, com valores ligados àética e à cidadania. Desde2009, o Departamento desen-volve material educativo paraser utilizado em escolas detodo o país. “Queremos criaruma linguagem nacional sobre
o assunto trânsito. É precisoensinar as regras e apresentaros riscos se elas forem des-cumpridas”, ressalta.
De acordo com ela, os pro-gramas de educação no trân-sito desenvolvidos no Brasildevem estar divididos em trêsfases, respeitando a divisãode idades entre crianças, ado-lescentes e adultos.
Na fase inicial, crianças dapré-escola e do ensino funda-mental aprendem sobre osseus papéis enquanto pedes-tre, passageiro ou ciclista. Comos adolescentes tambémdevem ser trabalhadas as mes-mas responsabilidades, alémde apresentar a fragilidade docorpo e como ele pode ser
atingido em acidentes. O papeldo motorista é de responsabili-dade das auto-escolas.
Interessados em participardos treinamentos no SestSenat podem entrar em con-tato com as unidades nostelefones abaixo. l
ABRANGÊNCIA Mais de 5.000 pessoas já participaram do Programa Vida em Jogo na unidade de Cariacica
SEST SENAT/DIVULGAÇÃO
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201172
IDET
Após a movimentação decarga rodoviária apre-sentar queda de 4,4% natonelagem em abril,
maio fecha o mês com menos de1% de alta. O fato indica estabilida-de na movimentação de bens nopaís e a permanência dos efeitosdas medidas anti-inflacionáriasadotadas pelo governo federal.
O modal rodoviário de cargasapresentou variação de apenas0,8% no mês de maio, em rela-ção a abril. No acumulado doano, o segmento mostra cresci-mento de 4,6% em relação a2010. O transporte de bensindustriais por terceiros apre-sentou aumento de 2,7% nototal de toneladas mensaistransportadas em maio. Quandocomparado ao desempenho dosegmento no ano de 2010, per-cebe-se queda de 1,8% na varia-ção dos últimos 12 meses eaumento no acumulado anual(primeiros cinco meses do ano).
A tonelagem de outros pro-dutos apresentou variação de–0,8% na movimentação mensal.Comparado a maio de 2010, hávariação de 3,6% no volume deoutras cargas transportadas. Emtermos de safra agrícola, aexpectativa é de safra recorde, oque se traduz em aumento dovolume de grãos transportadosao longo de 2011.
O mês de maio é, tipicamente,de alta no volume de passageirostransportados no modo coletivourbano. Este fato é devido aomaior número de dias úteis doperíodo, foram 22 dias em 2011.Todas as regiões apresentaramalta no número de passageirosdeslocados e somaram, juntas, 1bilhão de pessoas transportadas.Este volume revela variação posi-tiva de 7,15% em relação a abril de2011. O segmento rodoviário inte-restadual de passageiros apre-sentou, em maio de 2011, acrésci-mo de 1,6% no número de passa-
Movimentação de cargapermanece estável
geiros transportados em relaçãoa abril. Comparado a maio de2010, o transporte interestadualde passageiros apresentou varia-ção positiva de 8,73%.
A movimentação portuáriarevelou, em abril, aumento de 1,7%na movimentação mensal de car-gas. No mês, apenas as regiõesSudeste e Sul apresentaram varia-ção positiva. Porém, o novo recor-de do Porto de Santos e o acrésci-mo da movimentação nos portosdo sul compensaram a queda dasoutras regiões. Desta forma,foram transportadas 71 milhões detoneladas de bens pelos portosbrasileiros, 8,5% acima do movi-mentado em abril de 2010.
Para o mês de abril, o modalferroviário de cargas transpor-tou 41,5 milhões de TU e produ-ziu 23,9 bilhões de TKU. Os resul-tados são, respectivamente,4,8% e 6,0% superiores aoobservado em março de 2011.Quando feita a comparação em
relação a abril de 2010, os resul-tados são 6,4% e 10,4% superio-res, respectivamente.
O modal aeroviário de passa-geiros apresentou, em maio,queda de 1,91% em relação aabril de 2011. O transportedoméstico, dados de embarque,responsável por 89,15% da movi-mentação de passageiros, apre-sentou queda de 1,7% em maio.Já a movimentação internacio-nal teve queda mais expressiva,3,2%, indicando preferência portrechos nacionais em relaçãoaos internacionais em maio.
O Idet CNT/Fipe-USP é um indi-cador mensal do nível de ativida-de econômica do setor de trans-portes no Brasil. l
8
Para a versão completa daanálise, acesse www.cnt.org.br.Para o download dos dados,www.fipe.org.br
Mês de maio registra alta inferior a 1%, influenciado pelas medidas anti-inflacionárias
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 73
Fonte: Idet CNT/Fipe-USP
ESTATÍSTICA DA MOVIMENTAÇÃO DO TRANSPORTE BRASILEIRO
Transporte Rodoviário de Cargas - Total
Milhões de Toneladas
110
90
95
100
105
85
80jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte de Passageiros - Coletivo Urbano
Milhões de Passageiro
s
1.100
1.050
1.000
950
900
850
800jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Rodoviário de CargasIndustriais por Terceiros
Milhões de to
neladas
65
55
60
50
35
40
45
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Rodoviário Interestadual dePassageiros
Milhões de Passageiro
s
8.500
7.500
8.00
5.00
5.500
6.00
6.500
7.00
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Ferroviário de Cargas
Milhões de Toneladas
35
40
45
50
30
25jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Transporte Aquaviário de Cargas
Milhões de Toneladas
80
65
70
75
30
35
40
45
50
55
60
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
2008 2010 20112009 2008 2010 201120092008 2010 20112009
2008 2010 20112009
2008 2010 201120092008 2010 20112009
2008 2010 20112009
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CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201174
BOLETIM ESTATÍSTICO
RODOVIÁRIO
MALHA RODOVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
TIPO PAVIMENTADA NÃO PAVIMENTADA TOTAL
Federal 63.034 13.462 76.496Estadual Coincidente 17.314 5.551 22.865 Estadual 106.548 113.451 219.999 Municipal 26.827 1.234.918 1.261.745Total 213.723 1.367.382 1.581.105
MALHA RODOVIÁRIA CONCESSIONADA - EXTENSÃO EM KMAdminstrada por concessionárias privadas 15.114Administrada por operadoras estaduais 1.195
FROTA DE VEÍCULOSCaminhão 2.126.341Cavalo mecânico 426.919Reboque 808.076Semi-reboque 629.769Ônibus interestaduais 13.976Ônibus intermunicipais 40.000Ônibus fretamento 25.120Ônibus urbanos 105.000
Nº de Terminais Rodoviários 173
INFRAESTRUTURA - UNIDADES
Terminais de uso privativo misto 122
Portos 37
FROTA MERCANTE - UNIDADES
Embarcações de cabotagem e longo curso 139
HIDROVIA - EXTENSÃO EM KM E FROTA
Rede fluvial nacional 44.000Vias navegáveis 29.000Navegação comercial 13.000Embarcações próprias 1.148
AQUAVIÁRIO
FERROVIÁRIO
MALHA FERROVIÁRIA - EXTENSÃO EM KM
Total Nacional 29.637Total Concedida 28.465Concessionárias 11Malhas concedidas 12
MALHA POR CONCESSIONÁRIA - EXTENSÃO EM KMALL do Brasil S.A. 11.738FCA - Ferrovia Centro-Atlântica S.A. 8.066MRS Logística S.A. 1.674Outras 6.987Total 28.465
MATERIAL RODANTE - UNIDADESVagões 92.814Locomotivas 2.919Carros (passageiros urbanos) 1.670
PASSAGENS DE NÍVEL - UNIDADES Total 12.289Críticas 2.659
VELOCIDADE MÉDIA OPERACIONALBrasil 25 km/h EUA 80 km/h
AEROVIÁRIO
AEROPORTOS - UNIDADES Internacionais 32Domésticos 35Pequenos e aeródromos 2.498
AERONAVES - UNIDADESA jato 873 Turbo Hélice 1.783Pistão 9.513Total 12.505
MATRIZ DO TRANSPORTE DE CARGAS
MODAL MILHÕES (TKU) PARTICIPAÇÃO (%)
Rodoviário 485.625 61,1
Ferroviário 164.809 20,7
Aquaviário 108.000 13,6
Dutoviário 33.300 4,2
Aéreo 3.169 0,4
Total 794.903 100
MAIO - 2011
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 75
BOLETIM ECONÔMICO
Investimentos em Transporte da UniãoDados Atualizados Junho/2011
* Veja a versão completa deste boletim em www.cnt.org.br
Autorizado Total PagoValor Pago do ExercícioObs.: O Total Pago inclui valores pagos do exercício atual e restos a pagar pagos do ano anterior.
Arrecadação Acumulada
CIDE - Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico, Lei 10.336 de 19/12/2001.Atualmente é cobrada sobre a comercialização de gasolina (R$ 0,23/liltro) e diesel (R$ 0,07/litro) e a destinação dos recursos engloba o subsídio e transporte de combustíveis,projetos ambientais na indústria de combustíveis e investimentos em transportes.
NECESSIDADES DE INVESTIMENTOS DO SETOR DE TRANSPORTES BRASILEIRO: R$ 405,0 BILHÕES(PLANO CNT DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA 2011)
Investimento Pago Acumulado
121086R
$ bilhões
420
20181614
0,72
17,74
60
40
30
20R$ bilhões
10
0
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
80
70
50
8
INVESTIMENTOS FEDERAIS EM INFRAESTRUTURA DE TRANSPORTES*
Rodoviário Ferroviário Aquaviário Aéreo
0,06(1,1%)
0,004(0,1%)
Arrecadação X Investimentos Pagos: Recursos da CIDE
Observações:
1 - Taxa de Crescimento do PIB 2011 e acumulada em 12 meses.
2 - Taxa Selic conforme Copom 08/06/2011
3 - Inflação acumulada no ano e em 12 meses até junho/2011
4 - Balança Comercial acumulada no ano e em 12 meses até junho/2011
5 - Posição dezembro/2010 e Junho/2011 em US$ Bilhões
6 - Câmbio de fim de período junho/2011, média entre compra e venda
Fontes: Receita Federal, COFF - Câmara dos Deputados (junho/2011), IBGE e
Focus - Relatório de Mercado 17/06/11), Banco Central do Brasil
Investimentos em Transporte da União por Modal(Total Pago Acumulado - até junho/2011)
(R$ 5,72 bilhões)0,49
( 8,5%)
CONJUNTURA MACROECONÔMICA - JUNHO/2011
2010 acumuladoem 2011
últimos12 meses
Expectativapara 2011
PIB (% cresc a.a.)1 7,50 3,67 - 4,00
Selic (% a.a.)2 10,75 12,50 12,50
IPCA (%)3 5,91 3,71 6,55 6,18
Balança Comercial4 16,88 8,56 23,17 20,00Reservas Internacionais5
288,58 335,20 -
Câmbio (R$/US$)6 1,75 1,62 1,60
0,31( 5,4%)
5,00 5,72
Restos a Pagar Pagos
68,1
28,8
Outros
4,86(85,0%)
CIDE (R$ Milhões)Arrecadação no mês Maio/2011 796,0
Arrecadação no ano (2011) 3.744,0
Investimentos em transportes pagos (2011) 274,0
CIDE não utilizada em transportes (2011) 3.470,0
Total Acumulado CIDE (desde 2002) 68.093,0
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201176
BOLETIM AMBIENTAL DO DESPOLUIR
EMISSÕES DE CO2 POR MODAL DE TRANSPORTE
EMISSÕES DE CO2 NO TRANSPORTE RODOVIÁRIO POR TIPO DE VEÍCULO
* Em partes por milhão de S - ppm de S
Estrutura do Despoluir
ÍNDICE TRIMESTRAL DE NÃO-CONFORMIDADES NO ÓLEO DIESEL POR ESTADO - MAIO 2011
AL AM
% NC
AP BA CE DF ES GO MA MG MS MT PA PB PE PI PR RJ RN RO RR RS SC SE SP TO Brasil
2,62,7
0,0
2,42,1
0,2
3,2
0,0 0,6 0,70,7 1,7 1,8
AC1,9 11,4 0,0 0,5 1,3 0,0 2,8 0,0 0,6 2,6 2,7 2,7 0,8 2,4 2,1 0,2 0,9 3,6 3,2 0,0 11,1 0,6 0,7 0,7 1,7 0,0 1,80,02,7 18,8 0,0 1,0 1,5 0,0 4,0 0,0 1,0 5,1 2,0 5,2 1,5 3,6 2,2 0,2 2,0 3,7 4,9 0,0 8,0 1,2 0,9 2,0 2,4 0,0 2,70,0
Trimestre Anterior
Trimestre Atual
NÃO-CONFORMIDADES POR NATUREZA NO ÓLEO DIESEL - MAIO 2011
0,0
Para saber mais: www.cntdespoluir.org.br
8
0,6
11,4
0,80,50,01,9
0,00
10
20
5
15
2,8
0,0
Corante 2,7%
0,0
1,8%
Aspecto 15,3%
Pt. Fulgor 32,4%
Enxofre 1,8%
Teor de Biodiesel 47,7%Outros 0,0%
Percentual relativo ao número de não-conformidades encontradas no total de amostras coletadas. Cada amostra analisada pode conter uma ou mais não-conformidades.
47,7%
15,3%
32,4%
2,7%
1,3
RESULTADOS DO PROJETO DE REDUÇÃO DASEMISSÕES DE POLUENTES PELOS VEÍCULOS
NÚMEROS DE AFERIÇÕES
392.505
Federações participantes 21Unidades de atendimento 70Empresas atendidas 6.946Caminhoneiros autônomos atendidos 8.228
QUALIDADE DO ÓLEO DIESELTEOR MÁXIMO DE ENXOFRE (S) NO ÓLEO DIESEL*
Japão 10 ppm de SEUA 15 ppm de SEuropa 50 ppm de S
Brasil
1.800 ppm de S
500 ppm de S
SETOR CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Mudança no uso da terra 1.202,13 76,30Industrial * 140,05 8,90Transporte 136,15 8,60Outros setores 47,78 3,12Geração de energia 48,45 3,10Total 1.574,56 100,00
MODAL CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 123,17 90,46Aéreo 7,68 5,65Outros meios 5,29 3,88Total 136,15 100
VEÍCULO CO2 t/ANO PARTICIPAÇÃO (%)Caminhões 36,65 44,00Veículos leves 32,49 39,00Comerciais leves – Diesel 8,33 10,00Ônibus 5,83 7,00Total 83,30 100
50 ppm de S
MODAL MILHÕES DE m3 PARTICIPAÇÃO (%)Rodoviário 32,71 96,60Ferroviário 0,69 2,00Hidroviário 0,48 1,40Total 33,88 100
TIPO 2006 2007 2008 2009 2010 2011
Diesel 39,01 41,56 44,76 44,29 49,23 15,71Gasolina 24,01 24,32 25,17 25,40 29,84 11,21Etanol 6,19 9,37 13,29 16,47 15,07 3,44
3,6
11,1
ATÉ ABRIL MAIO20112007 A 2010 TOTAL
Aprovação no período
CONSUMO DE COMBUSTÍVEIS NO BRASIL
CONSUMO DE ÓLEO DIESEL POR MODAL DE TRANSPORTE
CONSUMO TOTAL POR TIPO DE COMBUSTÍVEL (em milhões m3)*
EMISSÕES DE CO2 NO BRASIL(EM BILHÕES DE TONELADAS - INCLUÍDO MUDANÇA NO USO DA TERRA)
EMISSÕES DE CO2 POR SETOR
2,7
Diesel interior (substituição de 19% do Diesel 1.800 ppm de S por Diesel 500 ppm de S)
Diesel metropolitano (grandes centros urbanos)
Frotas cativas de ônibus urbanos das regiõesmetropolitanas da Baixada Santista, Campinas,São José dos Campos e Rio de Janeiro. Frotascativas de ônibus urbanos das cidades deCuritiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Salvador.Regiões metropolitanas de São Paulo, Belém,Fortaleza e Recife.
0,9
56.420 17.455 466.380
87,05% 88,12% 88,62% 87,24%
(ATÉ ABRIL)
* Inclui processos industriais e uso de energia
* Inclui consumo de todos os setores (transporte, indústria, energia, agricultura, etc)
Adisparada do etanolsurpreendeu a todos noprimeiro semestredeste ano, gerando pro-
testos dos consumidores e acusa-ções de cartéis contra os postosde combustíveis. Uma crise que,além dos transtornos trazidospara consumidores e postos (semfalar nos impactos inflacionários),prejudicou a imagem do etanolnão só entre os consumidoresinternos, mas especialmente nosmercados internacionais. Afinal,como convencer os exigentescompradores do “mundo desen-volvido” de que a produção brasi-leira é suficiente para abastecerseus mercados, após a crise quese sucedeu por aqui?
Todos esses percalços, noentanto, poderiam ter sido evita-dos, ou pelo menos minimizados,se houvesse um verdadeiro pla-nejamento do setor. É verdadeque a forte expansão da frotaautomotiva nacional torna difícilestabelecer projeções com exati-dão para o mercado brasileiro.No entanto, os sinais de que asvendas de veículos seguiam comfôlego, aliados à alta contínuados preços do etanol nas usinasdesde junho de 2010 (ou seja, emplena safra) e à falta de novos
PAULO MIRANDA SOARES
investimentos no setor sucroal-cooleiro, deveriam ter sido sufi-cientes para acender a luz ver-melha no governo.
Esperava-se que, diante dosmaiores preços do etanol, o con-sumidor migrasse para a gasoli-na, o que não aconteceu. E quan-do o governo decidiu agir, nãorestavam mais muitas opçõesalém de recorrer à importação doetanol de milho norte-americano,aquele mesmo taxado de menoscompetitivo e eficiente por auto-ridades e produtores nacionais.
Talvez quem melhor com-preendeu a dimensão dessa crisefoi a presidente Dilma Rousseff,que tomou a sensata decisão detransformar o etanol em com-bustível estratégico, transferindopara a ANP a supervisão e fiscali-zação da produção dessa com-modity, até então tratada comoproduto agrícola.
Entramos agora na fase dediscussão sobre como se daráesse controle do setor pela agên-cia. Não esperamos posturasintervencionistas, mas sim que aANP tenha o importante papel demonitorar o mercado, compilan-do as informações sobre produ-ção e estoques e confrontando-as com as estimativas de deman-
da. De forma que, caso algumdesequilíbrio apareça no radar,possam ser adotadas as medidasnecessárias antecipadamente.Tudo de forma transparente, cau-sando o menor estresse possívelao mercado.
Importante lembrar que, emnenhum momento, durante acrise, faltou combustível para osconsumidores, embora casos dedesabastecimentos pontuais emalguns postos tenham sido rela-tados. Claramente tivemos umacrise de preço, não de abasteci-mento. O que em nada diminui agravidade do que aconteceu nosprimeiros meses do ano.
Para esta safra, a produçãode etanol já está dada e a pers-pectiva é que fique aquém daexpansão prevista para a frotanacional. Segundo os produto-res, incrementos significativosna oferta de etanol só devemocorrer quando novas unida-des entrarem em funciona-mento. E, caso a decisão deaumentar a produção sejatomada hoje, os resultados sóchegarão ao mercado em 2015.Em outras palavras, a crisepode voltar a bater a porta, edesta vez bem antes, já emdezembro ou janeiro.
DEBATE O que a crise do etanol (e aumento dos preços dos combustí veis) ensina ao Brasil?
PAULO MIRANDA SOARESPresidente da Fecombustíveis(Federação Nacional do Comércio deCombustíveis e de Lubrificantes)
Um bom planejamento parao setor faz toda a diferença
“A presidente Dilma Rousseff tomou a sensata decisãode transformar o etanol em combustível estratégico”
O que a crise do etanol (e aumento dos preços dos combustí veis) ensina ao Brasil?
Arecente e explosiva altado preço do etanol foiprovocada, sobretudo,pela estagnação da
produção, que deixou de acom-panhar a expansão da demandadoméstica pelo produto. Essedescompasso tenderá a serreforçado pela crescente deman-da por combustíveis renováveispelos países avançados e emer-gentes e, em menor medida, pelamaior demanda e rentabilidadedo açúcar no mercado interna-cional. Nesse sentido, é urgenteuma estratégia de aumento daprodução e dos investimentos.
O setor de etanol entrounum círculo vicioso. Menoresinvestimentos promovem umdescompasso entre capacidadede produção e demanda, geran-do uma indesejada volatilidadedos preços e exacerbando osriscos e incertezas que, por suavez, inibem novos investimen-tos. Assim, o dinamismo dademanda por etanol não temsido acompanhado, na mesmaintensidade, do incremento doinvestimento em capacidadeprodutiva, em inovação, eminfraestrutura e em logística,seja na área agrícola, seja naárea industrial. A se manter
proporcionar outras crises deoferta e de preços como a recen-te. A MP nº 532 da ANP, que reco-nhece o etanol como combustí-vel, embora muitos avançosainda se façam necessários.
A segunda e mais importantetransformação será um intensoprocesso de consolidação nosetor de etanol, que deverá seraprofundada pela própria dinâ-mica concorrencial, embora apolítica pública tenha tambémum papel decisivo nesse proces-so. Atualmente, o setor apresentauma estrutura de mercado exces-sivamente pulverizada e umagovernança empresarial predo-minantemente familiar e de capi-tal fechado. O maior grupo dosetor tem uma participação demercado inferior a 10% e os dezmaiores grupos uma participa-ção inferior a 25%. Além disso, osetor apresenta um grau deinternacionalização comercialmuito reduzido.
Na ausência dessas trans-formações, o país perderá umaexcelente janela de oportuni-dade para a consolidação einternacionalização de umdinâmico e competitivo modelode negócios, gerador deemprego, renda e divisas.
FERNANDO SARTIEconomista, professor do Instituto deEconomia e pesquisador do Núcleo deEconomia Industrial e da Tecnologia,ambos da Unicamp
A necessidade de se consolidar para crescer
“É urgente uma estratégia de aumento da produção e dos investimentos para atender à crescente demanda”
esse quadro, corre-se o risco daperda relativa de competitivi-dade construída ao longo dosúltimos 30 anos.
O reduzido nível de investi-mento tem sido atribuído pelosprodutores às expectativas nega-tivas de rentabilidade, fruto, deum lado, da política de preçoadministrado da gasolina (prati-camente estagnado desde 2005)e, de outro, aos crescentes cus-tos financeiros, de produção e deestocagem. Os produtores ale-gam ainda que, no período ante-rior, quando as condições de ren-tabilidade foram mais favoráveis,o setor de etanol cresceu emmédia mais de 10% a.a., acumu-lando investimentos de mais deUS$ 20 bilhões na segunda meta-de da década passada.
A crise recente nos ensinaque o setor de etanol deveráenfrentar duas transformaçõesimportantes. A primeira diz res-peito a uma maior regulação. Umsetor estratégico como o de pro-dução de etanol, que tem impac-tos significativos sobre a compe-titividade sistêmica da economiae imbricações entre as áreasenergéticas e alimentar, nãopode ser coordenado pelas livresforças de mercado, sob o risco de
FERNANDO SARTI
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 2011 81
CLÉSIO ANDRADEOPINIÃO
á quatro anos, a Confederação Nacional doTransporte lançou um projeto ousado e revolucio-nário, o Despoluir – Programa Ambiental doTransporte. A sua origem estava na preocupaçãodos transportadores em intensificar as ações volta-das para a conservação do meio ambiente, visto
que, desde 1996, o tema fazia parte da pauta da CNT. Osresultados alcançados desde então fortaleceram aideia de ampliação da nossa atuação e nos mostrarama necessidade de agregar outros segmentos da socie-dade na luta contra a poluição local e global.
Desde o início, vimos que o Despoluir teria que criaruma consciência ambiental, primeiramente, com onosso público interno – os transportadores, caminho-neiros, taxistas e os trabalhadores em empresas detransporte. E sabíamos que por meio desses agentespoderíamos nos tornar multiplicadores dessa nova filo-sofia que, acreditamos, é fundamental para o planeta.
Todas as nossas expectativas foram superadas. ODespoluir é hoje uma referência nacional quando oassunto é sustentabilidade. Somos convidados a falarsobre o programa em todo o país e a mostrar os bene-fícios que essa iniciativa do setor de transporte temtrazido ao Brasil. Nossas ações não se resumem apenasà diminuição das emissões de poluentes na atmosfera.O Despoluir ajuda na disseminação da ideia de que umasociedade com responsabilidade ambiental é o grandelegado que podemos deixar para as gerações futuras.
Hoje, o Despoluir, na parte de aferição de veículos,contabiliza mais de 7.000 empresas de transporte emilhares de caminhoneiros autônomos atendidos, 21federações participantes e 70 unidades de atendimen-to, trabalhando na redução das emissões de poluentes
pelos veículos, já próximos de atingir a marca de 500mil aferições em todo o território nacional.
Outro projeto importante do Despoluir é oTrabalhadores em Transporte Amigos do MeioAmbiente, com cursos e palestras para conscienti-zar o caminhoneiro, o taxista e outros trabalhado-res em transporte, transformando-os em agentesdisseminadores de uma boa cultura ambiental. Osprofissionais passam a atuar como vigilantes domeio ambiente, informando sobre queimadas,denunciando crimes ambientais, entre outras ações.
Os números do programa não seriam alcançadossem o apoio incondicional do Sest (Serviço Social doTransporte) e do Senat (Serviço Nacional deAprendizagem do Transporte), que são partes inte-grantes dessa mudança de atitude do setor. Suas uni-dades em todas as regiões brasileiras participam ati-vamente da capacitação de profissionais com a men-talidade voltada para o século 21, ou seja, comprome-tidos com as ações sustentáveis.
Após esses quatro anos de atividades, temos a cer-teza de que os transportadores brasileiros se torna-ram exemplo de atuação efetiva em defesa do meioambiente. O Despoluir é um programa consolidado,que mudou a relação do transporte com o desenvolvi-mento sustentável, fazendo com que o setor mostras-se sua preocupação com o tema.
Os resultados obtidos devem ser festejados, masé importante saber que ainda há muito por fazer.Sabemos que estamos cumprindo com nosso com-promisso de educar, mobilizar e intensificar as boaspráticas ambientais e criar condições para uma vidamais saudável para todos.
HMeio ambientecomo prioridade
“Nossas expectativas foram superadas. O Despoluiré referência quando o assunto é sustentabilidade”
CNT TRANSPORTE ATUAL JULHO 201182
DOS LEITORES
Escreva para CNT TRANSPORTE ATUALAs cartas devem conter nome completo, endereço e telefone dos remetentes
FOTOGRAFIAS
Bela escolha das imagens queestão na edição nº 189 da revistaCNT Transporte Atual. A fotode capa mostrando o trânsito deBrasília, a foto do aeroporto,também da capital federal, e afoto do porto de Itaqui, noMaranhão, têm muita qualidade.Todas elas tornaram a leitura domaterial ainda mais agradável.
Célio Teixeira da CunhaVinhedo/SP
CAMINHÕES
Gosto muito do setor de transporte de cargas. Gostariade pedir uma reportagem sobre caminhões antigos. Sou apaixonada por caminhões detodos os tamanhos e marcas.Gostaria também de ler sobre osfurgões de grande porte. Como éo dia a dia de trabalho comesses furgões? Adoraria ler tam-bém sobre os caminhões guin-chos e guindastes. Onde possofazer cursos para comandar um desses veículos? Finalmente,gostaria de uma reportagemsobre os caminhões que carregam entulhos. Como é osistema de trabalho dessescaminhoneiros. Gosto muito dosetor e gostaria de trabalharcom isso.
Aparecida Donizete BernardesConsolação/MG
CÂMBIO ELETRÔNICO
Foi muito bom saber pela revista CNT Transporte Atualsobre a produção de câmbios eletrônicos no Brasil a partir de 2012. Esse equipamento facilita onosso trabalho e evita o desgaste físico durante as viagens. Esperamos que com a fabricação nacional ele seja mais acessível.
Carlos Rezende TeixeiraLondrina/PR
BALANÇAS
Esperamos mesmo que o governo federal instale postos de pesagem nas nossas estradas. Controlar opeso da carga faz bem para as rodovias, para o caminhão,para o transportador e para aeconomia de forma geral. Além disso, viajar com carga em excesso também pode provocar acidentes.
Paula Soares PeixotoSão Luís/MA
CARTAS PARA ESTA SEÇÃO
SAUS, quadra 1, bloco J
Edifício CNT, entradas 10 e 20, 10º andar
70070-010 - Brasília (DF)
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Por motivo de espaço, as mensagens serão selecionadas e poderão sofrer cortes
CNTCONFEDERAÇÃO NACIONAL DO TRANSPORTE
PRESIDENTE Clésio Andrade
PRESIDENTE DE HONRA DA CNTThiers Fattori Costa
VICE-PRESIDENTES DA CNTTRANSPORTE DE CARGAS
Newton Jerônimo Gibson Duarte RodriguesTRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Meton Soares JúniorTRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Jacob Barata FilhoTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José Fioravanti
PRESIDENTES DE SEÇÃO E VICE-PRESIDENTES DE SEÇÃOTRANSPORTE DE PASSAGEIROS
Marco Antonio Gulin Otávio Vieira da Cunha Filho TRANSPORTE DE CARGAS
Flávio BenattiPedro José de Oliveira LopesTRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
José da Fonseca LopesEdgar Ferreira de Sousa
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO
Glen Gordon Findlay
Paulo Cabral Rebelo
TRANSPORTE FERROVIÁRIO
Rodrigo Vilaça
Júlio Fontana Neto
TRANSPORTE AÉREO
Urubatan Helou
José Afonso Assumpção
CONSELHO FISCAL (TITULARES)
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Éder Dal’lago
Luiz Maldonado Marthos
José Hélio Fernandes
CONSELHO FISCAL (SUPLENTES)
Waldemar Araújo
André Luiz Zanin de Oliveira
José Veronez
Eduardo Ferreira Rebuzzi
DIRETORIA
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS
Luiz Wagner Chieppe
Alfredo José Bezerra Leite
Lelis Marcos Teixeira
José Augusto Pinheiro
Victorino Aldo Saccol
José Severiano ChavesEudo Laranjeiras CostaAntônio Carlos Melgaço KnitellEurico GalhardiFrancisco Saldanha BezerraJerson Antonio PicoliJoão Rezende FilhoMário Martins
TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE CARGAS
Luiz Anselmo Trombini
Urubatan Helou
Irani Bertolini
Pedro José de Oliveira Lopes
Paulo Sérgio Ribeiro da Silva
Eduardo Ferreira Rebuzzi
Oswaldo Dias de Castro
Daniel Luís Carvalho
Augusto Emílio Dalçóquio
Geraldo Aguiar Brito Viana
Augusto Dalçóquio Neto
Euclides Haiss
Paulo Vicente Caleffi
Francisco Pelúcio
TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS, DE PESSOAS E DE BENS
Edgar Ferreira de SousaJosé Alexandrino Ferreira NetoJosé Percides RodriguesLuiz Maldonado MarthosSandoval Geraldino dos SantosDirceu Efigenio ReisÉder Dal’ LagoAndré Luiz CostaDiumar Deléo Cunha BuenoClaudinei Natal PelegriniGetúlio Vargas de Moura BratzNilton Noel da RochaNeirman Moreira da Silva
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO, FERROVIÁRIO E AÉREO
Hernani Goulart Fortuna
Paulo Duarte Alecrim
André Luiz Zanin de Oliveira
Moacyr Bonelli
George Alberto Takahashi
José Carlos Ribeiro Gomes
Roberto Sffair
Luiz Ivan Janaú Barbosa
José Eduardo Lopes
Fernando Ferreira Becker
Raimundo Holanda Cavacante Filho
Jorge Afonso Quagliani Pereira
Alcy Hagge Cavalcante
Eclésio da Silva
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