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Editores José Luiz Bellini Leite Kennya Beatriz Siqueira Glauco Rodrigues Carvalho Lúcio R. L. Sá Fortes Juiz de Fora 2008 COMÉRCIO INTERNACIONAL DE LÁCTEOS

Comércio Internacional de Lácteos

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"Comércio Internacional de Lácteos", da editora Templo, foi organizado pelos pesquisadores José Luiz Bellini Leite (Embrapa), Kennya Beatriz Siqueira (Pólo de Excelência do Leite), Glauco Rodrigues Carvalho (Embrapa) e Lúcio Sá Fortes (Centro de Inteligência do Leite). A obra demonstra que o agronegócio do leite brasileiro deu um grande salto rumo ao comércio internacional e faz um retrato amplo desse mercado promissor, incluindo os principais players do planeta no segmento. Os artigos apresentam uma radiografia das principais commodities lácteas no mercado mundial, incluindo o desempenho do Brasil. Os produtos lácteos estudados são: leite em pó, manteiga, soro de leite, queijos, iogurte, leite longa vida e leite condensado.

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Page 1: Comércio Internacional de Lácteos

Editores

José Luiz Bellini LeiteKennya Beatriz Siqueira

Glauco Rodrigues CarvalhoLúcio R. L. Sá Fortes

Juiz de Fora2008

COMÉRCIO INTERNACIONALDE LÁCTEOS

Page 2: Comércio Internacional de Lácteos

Exemplares desta publicação podem ser obtidos no endereço:[email protected]

Projeto GráficoJuzélia Martins

Editoração e ImpressãoTemplo Gráfica e editora Ltda.

1a edição1a impressão 20081000 exemplares

Todos os direitos reservados.A reprodução não-autorizada desta publicação, no todo ou em parte,constitui violação dos direitos autorais (Lei n° 9.610)

CIP-Brasil – Catalogação-na-publicação

Governo de Minas GeraisAécio Neves da Cunha

Secretaria de Estado de Ciências Tecnologia e Ensino SuperiorAlberto Duque Portugal

Fundação de Amparo a Pesquisa de Minas GeraisJosé Geraldo de Freitas Drumond

Pólo de Excelência de Leite e DerivadosAirdem Gonçalves de Assis

O Comércio Internacional de lácteos /editores, José Luiz Bellini Leite, Kennya BeatrizSiqueira, Glauco Rodrigues Carvalho e Lúcio R. L. Sá Fortes. – Juiz de Fora :Templo, 2008.281 p.

Inclui bibliografia.ISBN 978-85-98026-16-9

1. Agronegócio do leite. 2. Comércio internacional. 3. Lácteos. 4. Rodadas deDoha. 5. Organização Mundial do Comércio - OMC. 6. Modelo de equilíbrio geral. I.Leite, J. L. B. II. Siqueira, K. B. III. Carvalho, G. R. IV Sá Fortes, L. R. L.

CDD 338.1

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Prefácio

Na era do conhecimento, terão vantagens competitivas as regiões quecriarem um ambiente adequado para o domínio da inteligência do processoprodutivo. Isto significa concentrar a capacidade de gerar tecnologia,capacitar recursos humanos, prestar serviços técnicos especializados, taiscomo certificação, design, consultoria, inteligência competitiva, análises delaboratórios. Esta capacidade não só apóia o desenvolvimento do setorprodutivo regional, mas, principalmente, também atrai investimentos enegócios de alto valor agregado com densidade de inteligência econhecimento. Ou seja, tão importante quanto a produção é reter ainteligência do processo produtivo e a capacidade de inovação.

Nesse contexto, o governador de Minas Gerais Aécio Neves elegeu aInovação, Tecnologia e Qualidade como uma das áreas de resultados de seugoverno, incluída nas bases do Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado.

Os objetivos estratégicos da área de resultado Inovação, Tecnologia eQualidade são: (i) Fortalecer a competitividade e ampliar a capacidade deinovação das empresas e dos arranjos produtivos mineiros; (ii) Formar equalificar mão-de-obra alinhada à demanda do setor produtivo; (iii) Fortalecera rede de inovação tecnológica em todo o território mineiro; (iv) Fortalecer aarticulação entre a rede de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) e o setorprodutivo; (v) Assegurar a conformidade dos produtos mineiros segundopadrões internacionais de qualidade; (vi) Consolidar na sociedade mineira apercepção de C,T&I como área estratégica.

Para materializar esses objetivos estratégicos, a Secretaria de Estado deCiência Tecnologia e Ensino Superior de Minas Gerais tem desenvolvido um conjuntode ações integradas em que os Pólos de Excelência estão inseridos. A filosofia detrabalho que tem permeado os Pólos é a de integrar as competências institucionaispara induzir o processo de desenvolvimento sustentável daqueles setores, nosquais Minas Gerais tem liderança, expertise e tradição. Entre os Pólos criadosencontra-se o Pólo de Excelência do Leite e Derivados – Pólo do Leite.

O foco do Pólo do Leite, indicado em seu plano de negócios é o suporteàs ações que visem tornar o Brasil um grande player no mercado internacionalde lácteos. Assim, o livro Comércio Internacional de Lácteos, sendo seuprimeiro produto, aponta oportunidades ao descortinar um grande retratodesse importante mercado, ao mesmo tempo que materializa as ações doGoverno de Minas em prol de um Brasil mais competitivo e de consolidarMinas como o melhor lugar para se viver e investir.

Alberto Duque PortugalSecretário de Estado de Ciência

Tecnologia e Ensino Superiorde Minas Gerais

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Sumário Executivo

O ambiente de negócios no cenário internacional vive intensatransformação econômica, social e política, e é cada vez mais competitivo.As empresas têm que estar preparadas para desenvolverem habilidades quelhes permitam adquirir novos conhecimentos, disseminá-los internamente eutilizá-los no desenvolvimento de tecnologias e produtos ou serviçosmanifestamente bem-sucedidos, caracterizando um novo perfil global, definidopor uma sociedade da informação e sob uma economia do conhecimento. Taiscondições significam, ademais, que vantagens comparativas entre empresas,regiões e nações, ancoradas tão somente em recursos naturais, na maioriadas vezes, finitos, não são capazes, per si, de assegurar a sustentabilidadedos negócios e a prosperidade dos povos que ali vivem.

Neste contexto, um Pólo de Excelência configura-se como um arranjoorganizacional, constituído e inserido em uma região onde estejam aglutinadosos diversos fatores e atores que possibilitem o desenvolvimento de determinadosetor ou cadeia produtiva. Em um Pólo de Excelência estão reunidasorganizações de P&D do setor, empresas, produtores, formadores de mão-de-obra qualificada, laboratórios e outros serviços técnicos qualificados e infra-estrutura adequada, entre outros. As ações conjuntas dessas competências,articuladas e coordenadas no Pólo de Excelência específico de cada setor,deverão promover a aquisição de novos conhecimentos e tecnologias, propiciara formação de novos empreendimentos e atrair a instalação de novos negócios,criando um ambiente favorável ao desenvolvimento regional.

Portanto, o objetivo dos Pólos de Excelência é integrar as competênciasinstitucionais para induzir o processo de desenvolvimento sustentável de cadasetor, visando:

• Reunir massa crítica de pesquisadores, universidades, centros depesquisa, e entidades empresariais focados no desenvolvimento dacadeia produtiva de cada um dos setores;

• Promover condições para criação e atração de novos negócios paraos diferentes elos da cadeia produtiva de forma a propiciar seuadensamento;

• Promover a criação da Rede de Inovação Tecnológica, ampliando acolaboração e incorporando novos nichos de mercado;

• Fortalecer a estrutura de capacitação e formação de recursoshumanos demandados pelos diferentes elos da cadeia;

• Desenvolver núcleo de inteligência competitiva setorial;• Desenvolver infra-estrutura metrológica e de certificação para

assegurar a qualidade, competitividade e a inserção dos produtos eserviços do Pólo, nos mercados interno e externo.

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Dentre os diferentes Pólos criados pelo Governo de Minas está o Pólode Excelência de Leite e Derivados, em razão da importância do Estado nosetor lácteo nacional. Além da capacidade física e financeira, existe emMinas uma dinâmica e tradicional estrutura geradora de conhecimento,tecnologia e inovação, formação de recursos humanos e prestação de serviçosespecializados em lácteos. Esta estrutura concentrada nas regiões da Zonada Mata e Campo das Vertentes vem acumulando ao longo do tempo umformidável ativo intangível de habilidades e conhecimentos incorporados auma força de trabalho altamente qualificada.

Inicialmente, o Pólo de Excelência de Leite e Derivados terá porabrangência geográfica essas duas regiões de Minas Gerais. No longo prazo,deverá se tornar um centro de referência nacional e internacional para oagronegócio do leite nas regiões tropicais. No entanto, a existência dascapacidades citadas nas regiões citadas não será capaz de transformá-lasem Pólo de Excelência de Leite e Derivados, se não houver uma articulaçãode todos os componentes do sistema agroindustrial do leite. Essa articulaçãoserá estimulada por intermédio de uma unidade gestora, denominada “Pólodo Leite” cuja estrutura administrativa atual é constituída de uma GerênciaExecutiva e um Comitê Gestor formado por membros representantes deinstituições públicas e privadas ligadas ao sistema agroindustrial do leite.

O Pólo de Excelência de Leite e Derivados tem como principais açõesiniciais:

1) Programa de Marketing Promocional com desenvolvimento de umPortal do Pólo do Leite: objetiva ampliar e harmonizar a comunicaçãoentre os agentes do sistema agroindustrial do leite e criar ambientesvirtuais de negócios e inovações.

2) Programa de Formação e Capacitação voltado para a qualidadedos produtos lácteos: tem como objetivo central: formar e capacitaruma massa crítica de profissionais, em vários níveis de qualificação,suficiente e capaz de provocar um salto de qualidade no setor lácteo.

3) Programa Mineiro de Estruturação do Setor Lácteo para Exportação:visa ampliar as vendas de lácteos para o mercado internacional,estimulando avanços de qualidade e aprimoramento dos padrõesde leite e derivados.

No contexto deste programa, insere-se o livro Comércio Internacionalde Lácteos, um estudo realizado com o objetivo de servir de base para agentesdo setor lácteo interessados em expandir suas fronteiras de comercializaçãopara o exterior.

Airdem Gonçalves de AssisGerente Executivo

Pólo de Excelência de Leite e Derivados

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Apresentação

A dinâmica do agronegócio do leite no Brasil foi profundamente alteradaa partir da década de 90. Um dos principais fatores responsáveis pelasmudanças em curso foi o estabelecimento de nova governança na cadeiapor meio da liberação dos preços do leite em outubro de 1991. A estabilidadeeconômica advinda do Plano Real também é apontada como fator de impactona economia do leite por causa das alterações introduzidas nos padrões deprodução e consumo de lácteos. As modificações no perfil da demanda delácteos, incluiram níveis mais exigentes quanto a qualidade, preço,comodidade e funcionalidade, sendo causadas pelo crescimento da rendabrasileira, notadamente das classes mais baixas.

Essa nova dinâmica levou a produção de leite no país a aumentar maisde 123% entre 1985 e 2007, passando de 12,1 para 27 bilhões de litros porano. O consumo per capita aparente aumentou 47,8%, entre 1985 e 2007,passando de 94 para 139 litros/habitante/ano. Fica claro que o crescimentoda produção supera em muito o aumento do consumo deixando um excedenteexportável, que vem proporcionando uma balança comercial favorável desde2004, quando o País passou de importador para exportador líquido de lácteos.

As vendas brasileiras de produtos lácteos cresceram 1.043,8% emvolume e 619,4% em valor no período de 1996 a 2006, enquanto que asimportações caíram 71,5% em volume e 69,9% em valor. Chama a atençãoainda a expansão do mercado brasileiro que atendia a 15 países em 1996 ealcançou 96 países em 2006, nos cinco continentes, representando umincremento de mais de 540% de novos clientes.

O presente trabalho mostra que o agronegócio do leite brasileiro deuum grande salto rumo ao comércio internacional de lácteos e faz um retratobastante amplo desse mercado promissor. No capítulo 1 “O comércio mundialde lácteos e a participação brasileira” é apresentado um breve relato dainserção do Brasil nesse mercado; os capítulos 2 a 8 descrevem a dinâmicae o desempenho do mercado mundial das principais commodities lácteas,incluindo a performance do Brasil. Os produtos lácteos tratados são,respectivamente, manteiga, leite em pó, queijos, iogurte, soro de leite, leiteUHT e leite condensado. O capítulo 9 “Negociações agrícolas internacionais,barreiras ao livre comércio de lácteos” mostra a atual situação das proteçõestarifárias e as negociações multilaterais, sugerindo formas de negociaçõesmultilaterais que criem oportunidades para o agronegócio do leite; no capítulo10 “A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul” são exploradoso desempenho e as oportunidades do regionalismo como forma de reduzir amorosidade no processo de liberalização dos fluxos internacionais de comércio;o capítulo 11 “Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do

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leite no Brasil e no Mercosul” avalia, por meio de modelo de equilíbrio geral,os efeitos da Alca e das negociações de Doha, no desempenho econômicodo setor lácteo brasileiro e dos países do Mercosul. Os capítulos 12 a 15descrevem a dinâmica e o desempenho dos principais mercados mundiais doagronegócio do leite, incluindo, respectivamente, Nafta, União Européia, Ásia,e Oceania; O capítulo 16 trata das perspectivas futuras para o mercadomundial de lácteos e as oportunidades para o Brasil.

Por questão de justiça, cabe especial agradecimento ao Dr. AlbertoDuque Portugal, Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia e Ensino Superiordo Estado de Minas Gerais, pelo apoio e incentivo na elaboração dessa obra.Ao Dr. Airdem Gonçalves de Assis, Gerente-Executivo do Pólo de Excelênciade Leite e Derivados e seus assessores, Dr. Geraldo Alvim Dusi e Jorge ManoelCosta, pela ajuda na obtenção do financiamento do livro e pela oportunidadede lançá-lo no 25º Congresso Nacional de Laticínios”.

Agradecemos ainda à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado deMinas Gerais – FAPEMIG – pelo financiamento dessa obra.

Os editores

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Sumário

Capítulo 1O comércio mundial de lácteos e a participação brasileira ...........11José Luiz Bellini Leite, Kennya Beatriz Siqueira, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes

Capítulo 2O comércio internacional de manteiga ......................................29José Luiz Bellini Leite, Kennya Beatriz Siqueira, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes, Renata Martins Oliveira de Figueiredo

Capítulo 3O comércio internacional de leite em pó ...................................45Glauco Rodrigues Carvalho, José Luiz Bellini Leite, Kennya BeatrizSiqueira, Lúcio R. L. Sá Fortes

Capítulo 4O comércio internacional de queijos .........................................55José Luiz Bellini Leite, Kennya Beatriz Siqueira, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes

Capítulo 5O comércio internacional de iogurte .........................................71José Luiz Bellini Leite, Kennya Beatriz Siqueira, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes, Lucas Oliveira de Sousa

Capítulo 6O comércio internacional de soro de leite .................................87José Luiz Bellini Leite, Kennya Beatriz Siqueira, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes

Capítulo 7O comércio internacional de leite UHT .....................................99Kennya Beatriz Siqueira, José Luiz Bellini Leite, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes

Capítulo 8O comércio internacional de leite condensado .........................111Kennya Beatriz Siqueira, José Luiz Bellini Leite, Glauco RodriguesCarvalho, Lúcio R. L. Sá Fortes

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Capítulo 9Negociações agrícolas internacionais, barreiras ao livre comércio delácteos ..............................................................................123Ricardo Cotta Ferreira, Marcelo Costa Martins

Capítulo 10A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul ..........135Viviani Silva Lírio, Lucas Oliveira de Sousa, Antônio Carlos Miranda

Capítulo 11Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite noBrasil e no Mercosul ............................................................159Matheus Wemerson Gomes Pereira, Erly Cardoso Teixeira

Capítulo 12Nafta dairy market ..............................................................193Richard Lee Kilmer, Kennya Beatriz Siqueira

Capítulo 13The EU dairy market imprisoned between cap and internationalmarket ..............................................................................205Petra Salamon, Michael Heiden, Oliver von Ledebur

Capítulo 14Asian dairy markets: demand, supply, and trade ......................229Junfei Bai, Thomas I. Wahl

Capítulo 15A indústria leiteira da Oceania e sua participação no comérciomundial .............................................................................255Frederico Borges Guimarães

Capítulo 16Perspectivas para o mercado mundial de lácteos .....................271Glauco Rodrigues Carvalho, José Luiz Bellini Leite, Kennya BeatrizSiqueira, Lúcio R. L. Sá Fortes

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O COMÉRCIO MUNDIAL DE LÁCTEOS E APARTICIPAÇÃO BRASILEIRA

José Luiz Bellini Leite1

Kennya Beatriz Siqueira2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

O mercado mundial de lácteos possui algumas característicaspeculiares. Uma delas é o pouco volume de mercadorias transacionadas,entre 5 e 7% da produção mundial de leite, que se estima ter atingido 657milhões de toneladas em 2006 (Milkpoint, 2007). Outra característica muitocomum ao agronegócio do leite é quanto à sua regionalidade de produção econsumo. Na Europa, por exemplo, 60% do leite produzido é consumido lámesmo, ocorrendo o mesmo nos Estados Unidos e Canadá.

No Brasil esta característica regional também se aplica. Observando-se a origem da maioria do leite comercializado no varejo, pode-se constataro quanto a região tem peso no fornecimento. Mesmo com as novas tecnologiasde embalagens longa-vida, o peso do regionalismo no mercado nacional deleite ainda é considerável.

O leite é produzido em todos os países do mundo, o qual é provenienteprincipalmente de vacas, mas contribuem também as pecuárias caprina,ovina, e até mesmo os da família dos camelídeos (camelo, dromedário, lhama,alpaca, vicunha e o guanaco), comuns nas regiões desérticas do Saara, nocontinente africano, na cordilheira dos Andes, na América e no interior daÁsia. A pecuária bovina representou 85% do leite produzido em 2005(Embrapa, 2007), destacando-se como a categoria de leite mais conhecida,consumida e comercializada no mundo. Este capítulo se refere e estacategoria de leite.

O arranjo do agronegócio do leite no mundo possui uma estruturaconcentrada, tanto da produção quanto do consumo. A Tabela 1 apresentaos principais países produtores de leite em 2006.

1 Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

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Tabela 1 - Classificação mundial dos principais países produtores de leite(2006).

Países Produção de leite Percentual(mil t) Total Acumulado

Estados Unidos 82.508 12,6 12,6Índia 38.750 5,9 18,5China 32.800 5,0 23,5Rússia 32.200 4,9 28,4União Européia 130.500 19,9 48,3Brasil 24.745 3,8 52,1Nova Zelândia 15.200 2,3 54,4Ucrânia 12.890 2,0 56,4Argentina 10.800 1,6 58TOTAL 380.393 58 -

Fonte: USDA (2007).

Os Estados Unidos sozinho representaram 12,6% da produção mundialem 2006, produzindo o dobro do segundo colocado (Índia). Ele possui tambémum grande mercado consumidor e, juntamente com a União Européia (UE),dita os preços das principais commodities lácteas transacionadas no mundo.A Índia, apesar da grande produção, não participa efetivamente no comérciointernacional de lácteos. A Rússia, quarto maior produtor, é identificadacomo uma região que, similarmente ao Brasil, têm grandes condições deaumentar tanto a produção quanto o consumo.

Os países em desenvolvimento que aparecem entre os quinze maioresprodutores de leite do mundo possuem perspectivas futuras diferenciadas.O México apesar de ocupar a décima quarta posição em produção,simultaneamente ocupa a segunda posição na lista dos países importadores.O Brasil é o sétimo maior produtor de leite do mundo com uma produção de24,75 milhões de toneladas em 2006, respondendo assim por 3,8% daprodução mundial de leite e registrou uma média de crescimento na produçãode 2% ao ano entre 1980 e 2005 (Embrapa, 2007).

O Brasil mostra-se competitivo no mercado lácteo mundial pelo fatode apresentar um dos menores custos de produção de leite do mundo, por setratar de produção a pasto. Além disso, o País apresenta grande capacidadede aumento de produção tanto na horizontal quanto na vertical. Na horizontal,o País possui 105 milhões de hectares a serem incorporados de maneirasustentável à produção (Vilela, 2004). Isso, somado a outras vantagens,como o clima e o solo, aumentam sua capacidade produtiva. Quanto àcapacidade vertical, com o aumento da produtividade por meio do

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O comércio mundial de lácteos e a participação brasileira

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melhoramento genético, nutricional e de manejo, o País poderá se tornaruma das grandes potências na produção mundial de lácteos. Além destasvantagens produtivas, soma-se um potencial mercado consumidor. Noentanto, o Brasil está abaixo da média de consumo recomendado pelaOrganização Mundial de Saúde que é de 175 l/hab/ano.

Para aumentar o otimismo em relação ao setor lácteo brasileiro, em2004 o País obteve superávit na balança comercial, historicamente deficitária.No ano de 2003, a balança comercial de lácteos teve saldo negativo de US$63,8 milhões, com US$ 48,5 milhões exportados e US$ 112,3 milhões deprodutos importados. Em 2004, o Brasil exportou US$ 95,3 milhões e importouUS$ 83,9 milhões, gerando um saldo positivo de US$ 11,4 milhões.

De acordo com as estimativas do USDA (2007), o consumo brasileirode leite e derivados deve ter um acréscimo de 2,7% no ano de 2007, enquantoo consumo nos países desenvolvidos deve permanecer estagnado ou, nomáximo, ter um aumento de 0,5%. Já nos países em desenvolvimento doscontinentes Ásia, América Latina e África, o consumo tende ao crescimento.Da Ásia se espera o maior crescimento do consumo, assim como também daprodução. Vários países do continente têm feito fortes propagandas paraaumentar o consumo de lácteos, principalmente China, Tailândia e Vietnã.Como afirma Nuñez (2004), o consumo de lácteos está diretamente relacionadocom o aumento da renda. Se a expectativa de crescimento da economia mundialprevista em 4,2% para 2006/2009 se confirmar, o crescimento da produçãoe do consumo deverá acompanhar esta tendência.

Soma-se a isto a oferta de novos produtos tais como os alimentosfuncionais à base de leite, o leite com controle de lactose, as linhas deprodutos específicas para gestantes, recém-nascidos e adolescentes, entreoutras. Considerando que 90% dos orientais apresentam intolerância àlactose, esses novos produtos podem agregar um enorme contingente denovos consumidores (Balde Branco, 2004). Todavia, a expansão do comércioexterior de lácteos depende não somente da expansão do consumo, mas doacesso a novos mercados.

O mercado internacional de lácteos é um dos mais distorcidos do mundo,ocupando o primeiro lugar em subsídios às exportações. Os preçosinternacionais de lácteos refletem as práticas de subsídios e dumpingrealizadas por países desenvolvidos, com destaque para a União Européia eos Estados Unidos, regiões que concentram os maiores mercados consumidore produtor de lácteos do mundo. Os produtos agropecuários estiveram, durante50 anos, fora das agendas de negociações da abertura comercial. A ausênciade regras do comércio agrícola internacional fez com que proliferassemmedidas de proteção, por meio de subsídios diretos e indiretos, além debarreiras sanitárias e tarifárias. A consolidação da União Européia veio

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Comércio internacional de lácteos

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intensificar o protecionismo agrícola, causando uma contrapartida imediatados Estados Unidos. Isto causou distorções ainda maiores nos preços dascommodities agrícolas, em especial os lácteos. A Tabela 2 exemplifica oalto grau de proteção existente.

Tabela 2 - Tarifas consolidadas para produtos lácteos em países selecionados.Estados Unidos União Européia Japão

Média Mediana Nº de Mega Média Mediana Nº de Mega Média Mediana Nº de Mega% % tarifas % % tarifas % % tarifas

43 38 7 87 70 41 322 227 48

Fonte: Gibson et al. (2001).

De acordo com Ferreira (2002), as propostas feitas por estes paísesna tentativa de diminuição dos subsídios são extremamente tímidas. O Japãoé o mais reticente quanto ao setor agrícola, chegando a propor na OrganizaçãoMundial do Comércio (OMC) abertura internacional apenas para produtosindustriais, nos quais é competitivo. São propostas como estas que deixamdúvidas se realmente os países desenvolvidos querem mesmo praticarabertura comercial. É nesse cenário de poucas oportunidades de aberturacomercial que o agronegócio brasileiro do leite logrou, sem protecionismo esem subsídio de qualquer natureza, superávit na balança comercial.

2 Balança comercial brasileira

Em dez anos as vendas externas de lácteos aumentaram 1.043%em volume, e as importações diminuíram 71,5%. Em 1996, o Brasil ex-portava para apenas 15 países; em 2006, este número passou para 96países nos cinco continentes. Quanto aos países fornecedores de lácteospara o Brasil, tanto o número de países fornecedores quanto os valoresdas importações diminuíram. Em 1996, o Brasil importava lácteos de 33países e em 2006 de 20.

Pelo que se observa na Figura 1, a balança comercial brasileira delácteos deixa explícita a marcante baixa nas importações seguida deconstante alta das exportações a partir de 1999. Analisando estecomportamento, pode-se afirmar que as importações de lácteos ficamrestritas a alguns produtos específicos. Outro fato importante é que o setorestá se consolidando no mercado internacional e a grande lição de 2004 éa capacidade do setor em superar obstáculos, achar, expandir e mantermercados.

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O comércio mundial de lácteos e a participação brasileira

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Fonte: Secex/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Balança comercial de lácteos.

2.1 As importações brasileiras de lácteos

As importações brasileiras de lácteos, de acordo com dados daSecex/MDIC, no período 1996 a 2006, tiveram a seguinte performance:o Brasil importou 2,4 milhões de toneladas de produtos lácteos, provenientesprincipalmente da América, Europa e Oceania (Figura 2). No mesmo período,o País enviou para o exterior 368 mil toneladas de produtos lácteos.

Fonte: SECEX/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Percentual do volume das importações brasileiras de lácteos porcontinente, em 2006.

0

100000000

200000000

300000000

400000000

500000000

600000000

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11

Importação Exportação

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Milhões US$

500 400 300 200 100 0

América87%

Europa11%

Oceania2%

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Comércio internacional de lácteos

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Das importações, 87% dos produtos vieram do continente americano,sendo 47,4% do volume total da Argentina, 29,9% do Uruguai e os restantes9,7% vieram dos Estados Unidos, Canadá e Paraguai.

Em volume, 10 mil toneladas vieram da Europa. Os principais paíseseuropeus fornecedores de lácteos para o Brasil foram França com 62,2%,Polônia com 17,5% e Países Baixos (Holanda) com 6,2%. Da Oceania veio ototal de 2 mil toneladas, sendo 40,6% da Nova Zelândia e 59,4% da Austrália.

As principais mercadorias importadas pelo Brasil em 2006 foram: oleite em pó, que representou 42,4% do volume total das importações feitaspelo País, em seguida vem o soro de leite (32,5%), o leite UHT (16,5%) e osqueijos (6,6%).

2.2 As exportações brasileiras de lácteos

O comportamento das vendas externas no período analisado demonstrauma certa descontinuidade, de acordo com a Figura 1. Nos anos de 1997 e1998 houve uma retração das vendas de 44,7% e 30%, respectivamente.No ano de 1999, inicia-se uma recuperação, atingindo 32% de aumento dasexportações, em relação a 1998, a qual persiste até 2004 quando se obteveo superávit da balança comercial. Houve uma série de três anos consecutivosde crescimento de 100% em relação ao ano anterior. Em 2003, a série decrescimentos acima de 100% é interrompida, registrando aumento de 10%.Em 2004, o crescimento foi de 96%, quando o setor exportou US$ 95,3milhões com volume de 68 mil toneladas, alcançando superávit comercial.Em 2006, o País aumentou ainda mais as exportações, atingindo um total de89 mil toneladas, porém voltou a ter déficit na balança comercial.

No período analisado houve, em média, uma baixa dos preçosrecebidos pelos exportadores. Os preços oscilaram, havendo aumentos edecréscimos. Na média dos anos em estudo e considerando os preçosrecebidos como a divisão dos valores pagos pelo volume exportado de todosos produtos, os preços foram de US$ 1.705,8/t com um decréscimo de4,5% ao ano. Contudo, os preços de 2003 cresceram 8,8% e, em 2004,28,1%. A melhoria dos preços internacionais em 2003 e 2004, somada àgrande vitalidade da exportação, explica o superávit da balança comercialbrasileira em 2004 e 2005.

O entusiasmo com o potencial brasileiro de exportação de lácteos ficamajorado quando se registram grandes elevações dos preços dos produtoslácteos no final do ano de 2006. Essa tendência prossegue no ano de 2007puxada pela redução de oferta e aumento da demanda por lácteos no mercadointernacional.

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O comércio mundial de lácteos e a participação brasileira

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2.3 O mercado internacional dos lácteos brasileiros

O continente americano é o principal destino dos produtos lácteosbrasileiros, contribuindo para isto a logística de transporte e distribuição.Tendo como principais importadores, países limítrofes ao Brasil, a gama deopções relativa ao sistema modal de transportes é maior, diminuindo adependência de transporte predominantes no comércio exterior, como omarítimo e o aéreo.

Fonte: Secex/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 3 - Destino das exportações de lácteos brasileiros por continente.

No período analisado, cerca de 50% das exportações se destinaramao continente americano. No ano de 2006, o Brasil exportou 50 mil toneladasde produtos lácteos para a América, enquanto no ano de 2005 o Brasilexportou para o continente americano 33 mil toneladas, o que representaum aumento de 51,5%. Mesmo assim o Brasil registrou um grande déficit nabalança comercial de lácteos em relação ao continente americano. Asimportações totais do continente somaram, em 2006, US$154,7 milhões,ou seja, um déficit na balança de US$ 16,2 milhões.

O comércio com a Europa e Oceania representou 1,3% e 0,2% dototal do comércio de lácteos no período entre 1996 e 2006, respectivamente.Historicamente, o Brasil é um grande importador de lácteos provenientesdesses continentes (Figura 2). Portanto, mesmo com todo o avanço nasexportações brasileiras de lácteos, a tentativa de reverter o déficit na balançacomercial com aqueles dois continentes parece estar distante ainda,

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principalmente em relação ao bloco europeu que é reticente em relação àdiminuição dos subsídios e outras formas de proteção de mercado. Para aEuropa, em 2006, o Brasil exportou o equivalente a US$ 60 mil e importouUS$ 15,9 milhões, o que resulta num déficit de US$ 15,8 milhões. O principalproduto importado da Europa, em 2006, foi o soro de leite, num volumetotal de 8,8 mil toneladas. Os principais países europeus fornecedores desteproduto para o Brasil foram França, Polônia, Finlândia e Países Baixos, comdestaque para a França que representou 69,4% do total de soro transacionadoentre Europa e Brasil. Juntos, estes quatro países representaram 96,4% dofornecimento de soro de leite da Europa para o Brasil em 2006. O segundoproduto mais importado do continente europeu foram os queijos, 1,2 miltoneladas, dos quais 23,7% vieram dos Países Baixos.

Com relação à Oceania, em 2006, a balança comercial tambémacumulou um déficit de US$ 6,9 milhões quando foi importada a quantia deUS$ 7,1 milhões e exportados US$ 265 mil. A Austrália enviou ao Brasil1,2 mil toneladas de soro de leite, sendo o único produto de exportaçãodaquele país para o Brasil em 2006. Da Nova Zelândia partiram doisprodutos. O principal produto importado foi o leite fermentado, com volumede 190 t (US$ 426,5 mil), seguido do soro de leite (658 t).

Com 36% dos negócios, a África é o segundo melhor parceiro do Brasil,importando cerca de 129,8 mil toneladas de produtos entre 1996 e 2006.Neste período os produtos brasileiros tiveram como destino 38 paísesdiferentes no continente. Em 2006, o Brasil negociou com 28 países africanos,exportando um volume total de 26,6 mil toneladas, com faturamento deUS$ 36,9 milhões.

A balança comercial entre o Brasil e o continente africano foi favorávelao País. No período analisado, foi exportado o equivalente a US$ 166 milhõese importado 706 t de leite em pó e 7,4 mil toneladas de soro de leite. Essesprodutos vieram da África do Sul em 1999, a única importação brasileirarealizada do continente africano no período em análise. Assim, o Paísacumulou um superávit em relação à África de US$ 166,4 milhões.

Em 2006, a balança comercial brasileira de lácteos obteve saldosnegativos com a Europa (US$ 15,8 milhões), Oceania (US$ 6,9 milhões) ecom a América (US$ 50,5 milhões), o maior déficit entre os continentes. Emrelação a África e Ásia, houve um superávit de US$ 36,9 milhões e US$ 19milhões respectivamente. Estes valores demonstram que houve déficit deUS$ 17,3 milhões na balança comercial brasileira de lácteos, em 2006.

Em relação ao continente asiático, o Brasil sempre obteve superávitna balança comercial de lácteos. Esse mercado representa cerca de 12,5%dos negócios no período de análise. O principal importador asiático foi asFilipinas que, desde 2001, vem importando creme de leite, leite em pó e

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queijos, perfazendo um total de 9,4 mil t de lácteos. O mercado chinês vemimportando volumes crescentes de lácteos brasileiros nos últimos anos. Em2006, foi negociado o equivalente a US$ 783,8 mil em mercadorias, sendosua principal aquisição o queijo fundido, 229,4 t, representando 99,9% dasimportações chinesas.

2.4 Exportações por classes de produtos

O Brasil segue o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificaçãode Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH). Este sistemafoi criado para promover o desenvolvimento do comércio internacional, assimcomo aprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas,particularmente as do comércio exterior. A composição dos códigos do SH5,formado por seis dígitos, permite que sejam atendidas as especificidadesdos produtos, tais como origem, matéria constitutiva e aplicação, em umordenamento numérico lógico, crescente e de acordo com o nível desofisticação das mercadorias.

Fonte: Secex/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 4 - Exportações Brasileiras por classe de produtos (1996 a 2006 emtoneladas).

5 Para maiores detalhes consulte o site: www.aliceweb.gov.br.

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2.5 Produtos que merecem uma análise em destaque

A pauta de mercadorias que o País exporta e importa perfaz um total deseis grupos, divididos em classes de produtos e subdivididos em 34 mercadorias.Foram selecionadas somente três mercadorias para análise por terem grandedestaque nas exportações brasileiras de lácteos. São elas: leite condensado (NCM-0402.99.00), leite em pó integral (NCM-0402.21.10) e queijo fundido (NCM-0406.30.00). Os três produtos juntos representam 71,8% do volume e 66,9%do valor arrecadado com as exportações no período analisado (1996-2006).

À exceção do leite condensado que teve crescimento persistente desdeo ano de 1999, o comércio exterior de lácteos brasileiro não possui um perfilclaramente definido. Mesmo os três mais importantes produtos da pauta deexportação brasileira apresentam irregularidades de performance, comomostra a Figura 5. A seguir analisa-se cada um separadamente.

2.5.1 Leite condensado

O leite condensado é o principal produto da pauta de exportaçõesbrasileira, chegando a representar sozinho mais de 50% do volume de tudoque o Brasil exportou no período. Houve um aumento das exportações de5.074% entre 1996 e 2006 (Figura 5).

Fonte: Secex/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 5 - Evolução das vendas externas brasileiras de produtos lácteosselecionados – em toneladas.

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De 1996 a 1998, o principal destino do leite condensado brasileiro foio Paraguai, com mais de 90% das vendas externas deste produto. A partirde 1999, Angola deixa de ser um simples comprador para se transformar noprincipal cliente do leite condensado brasileiro, com uma participação de61% do volume exportado naquele ano, ficando o Paraguai com 32% e oChile com 4,5%.

De 1996 a 1999, o número de países que importavam o leite condensadobrasileiro era de dez países em média. Em 1999, esse produto passa a ser oprincipal produto na pauta das exportações de lácteos, passando à frente doleite em pó. Em 2001, o leite condensado brasileiro chegou a 18 países comdestaque para Angola, que sozinha representou 62% das compras naqueleano, seguido pelo Paraguai com 17%. No mesmo ano, pela primeira vez noperíodo analisado, Trinidad e Tobago efetuou uma compra de 894 t de leitecondensado, representando 12% do total das exportações da mercadoria.

Em 2002, de tudo que o Brasil exportou de lácteos, 57% foirepresentado pelo leite condensado. O número de países importadores passoude 18 para 35, em quatro continentes, à exceção da Oceania. Angolacontinuou a ser o principal importador, adquirindo 42% do total exportado.Naquele ano as compras efetuadas pelos Estados Unidos ficaram em segundolugar, representando mais de 20%; Trinidad e Tobago com 15% e a Venezuelaimportou 738 t, pela primeira vez, representando 3,2%. No ano de 2003,não houve mudanças relevantes nos países importadores de leite condensadobrasileiro. Registrou-se somente o aumento das compras da Venezuela, com1,7 mil toneladas, representando 5,7% do total.

No ano de 2004, o número de importadores passou de 45 (2003) para55, um incremento de 22%. Nesse ano, o leite condensado ganhou espaçono mercado internacional atendendo países como Angola, Estados Unidos,Trinidad e Tobago, Azerbaijão, Líbano, Ilhas Maurício, Turcomenistão,Emirados Árabes, Nova Zelândia, Cuba, Argélia e Alemanha. O Brasilarrecadou só com leite condensado US$ 26 milhões, vendendo 31,2 miltoneladas a um preço médio de US$ 833,33/t.

Em 2006, o leite condensado brasileiro foi exportado para 63 países,arrecadando um total de US$ 59,7 milhões. Isso representou um incrementode 78,2% no valor das exportações de leite condensado em relação a 2005.

2.5.2 Leite em pó integral

Desde 2000, quando o Brasil ganhou na OMC o direito de se protegercontra os subsídios e práticas de dumping, o País criou uma infra-estruturade produção de leite em pó, com fábricas modernas e produtivas (Mesquita,2003). No entanto, o Brasil ainda vive um momento em que a principal barreira

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interna para o atendimento ao mercado internacional de leite em pó é acapacidade fabril que precisa de grandes investimentos para que possaatender às demandas internacionais.

O segundo produto lácteo mais importante para a balança comercialde lácteos brasileira, em volume, é o leite em pó integral. No entanto, aevolução de suas vendas foi inconstante, diferentemente do leite condensado.

Nos três primeiros anos do período em análise, o leite em pó foi oprincipal produto na pauta das exportações de lácteos. Em 1996, o Paísexportou 5,2 mil toneladas de leite em pó integral vendidos quase quetotalmente para a Venezuela (99,8%). Em 1997, as vendas caíram 84%,provocada pela queda das aquisições da Venezuela. Ficou evidente afragilidade desse comércio que dependia quase que exclusivamente dascompras da Venezuela, o que representava uma relação monopsônica.

Em 1998, as vendas aumentaram 16,4% em relação ao ano anterior.Compraram leite em pó do Brasil: Argentina (8%), Angola (4,8%) e Venezuela(87%). No ano de 1999, a Venezuela voltou a não importar leite em póintegral do Brasil causando uma queda de 97,5% nas vendas. Na falta domercado venezuelano, as vendas brasileiras destinaram-se à Angola queadquiriu 88,9% das 22 t exportadas naquele ano.

A brusca queda das exportações de leite em pó integral em 1999 e amarcante dependência das compras venezuelanas causaram um importanteremanejamento do quadro de países importadores. Em 2000, houve um aumentode 678% nas vendas externas, mas a estrutura foi a mesma. A única mudançafoi o destino do produto, que deixou de ir maciçamente para a Venezuela epassou a ir para Angola. A Venezuela adquiriu 10% das exportações de leiteem pó integral em 2000, ficando a maior parte com Angola que representou82% do total. Angola importou em 1999, 20 t e em 2000, 145 toneladas.Contudo, a estrutura monopsônica de vendas do produto e sua conseqüentedependência fora mantida.

Em 2001, o leite em pó integral teve uma diversificação de destinosrelativamente importante. O produto brasileiro foi vendido para vários paísesespalhados pelo mundo, tais como: Colômbia (44,4%), Angola (18,8%), Egito(15,8%), Argélia (10%), Peru (7%) e Estados Unidos (3,3%). O ano de 2001foi marcado por um aumento do número de clientes, passando de cinco paradez países importadores, o que representou um aumento de 167% no volumeexportado. Todavia, em 2002, 93,4% do leite em pó integral vendido peloBrasil foi para um único mercado, Omã (Oriente Médio).

Como pode ser observada na Figura 5, a exportação do leite em póintegral cresceu substancialmente de 1999 a 2004. A partir de 1999, asexportações tiveram um aumento em média de 359% ao ano. Em 2003,houve um aumento de 146% das exportações, em relação ao ano anterior e

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a volta da diversificação dos clientes, que passou de 5, em 2002, para 17,em 2003. Destaque para as importações feitas pela Argélia (35,6%), maiorimportador individual do mundo de lácteos e pela Nova Zelândia que importou266 t, representando 10% de todo leite em pó integral exportado em 2003.

O ano de 2004 superou todas as expectativas possíveis. Houve umaumento de 678,8% no volume exportado de leite em pó integral em relaçãoao ano de 2003 e o número de países importadores para 32 em 2004, atingindopaíses do continente americano, africano, europeu e asiático.

Em 2005, as exportações de leite em pó integral tiveram praticamenteo mesmo volume de 2004. Em 2006, o leite em pó integral brasileiro foivendido para 39 países. Porém, o volume exportado voltou a cair (68% emrelação ao ano anterior).

2.5.3 Queijo fundido

O queijo fundido é exportado principalmente para os países do Mercosul.Em 1996, o Brasil exportou 312 t deste tipo de queijo, dos quais 74,3%foram para a Argentina, 17,8% para o Uruguai e 6% para o Japão. No anode 1997, o Brasil continuou a fazer negócios com o Japão. Desta vez foramexportados 72 t, representando 2,7% do total de queijo fundido exportado.O país que mais importou este tipo de queijo foi o Uruguai, adquirindo maisde 80% das 260 t exportadas. O Peru ficou com 15,2% do volume total,tendo que as vendas do queijo fundido caído 16% em 1997.

Em 1998, as vendas cresceram mais de 70%. Em valores absolutosforam exportados 444 t, sendo o principal destino o Uruguai (90%). Os 10%restantes ficaram com o Peru (4,5%), Paraguai (3,3%), Bolívia (0,8%), Chile(0,4%) e Japão (0,4%). Em 1999, houve novamente aumento no volume dasexportações do queijo fundido em 38%. Mantendo a hegemonia dos paísesamericanos: Uruguai (57,3%), Argentina (28,8%), Paraguai (7,9%), Chile(3,8)%, Peru (1%), Bolívia (0,4%) e Japão, que, mantendo a tradição, adquiriu42 t, representando 0,7% das 613 t de queijo fundido comercializado.

No ano 2000, as vendas externas cresceram substancialmente. Asexportações subiram 211%, chegando a marca de 1,9 mil toneladas. Destetotal, a Argentina levou 70% e o Uruguai 14,4%, formando os dois principaisclientes daquele ano. Em 2001, houve uma queda pouco relevante de 5%.Os compradores mantiveram-se inalterados com a Argentina mantendo-secomo a principal compradora, 77%. Em segundo lugar estava o Uruguai,seguido pelo Chile, com 9%. Em 2002, a queda nas exportações se acentuou,chegando a 30% em relação a 2001. O País exportou cerca de 1.200 t dequeijo fundido mantendo a estrutura de mercado, com a Argentina comprandoda produção 64%, o Chile 17%, o Uruguai 10,5% e o Paraguai 4,6%.

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Entre os anos de 1996 e 2003 o quadro de importadores do queijo fundidobrasileiro ficou praticamente inalterado, mantendo-se uma média anual de 7,3países compradores. Em 2003, houve um acréscimo de dois importantes países,Estados Unidos que já era um tradicional importador de lácteos, mas não doqueijo fundido, e o México, o segundo maior importador líquido de lácteos domundo. O México importou 119 t de queijo fundido, que representou 7,7% dasexportações de 2003, uma quantia considerável para um país que está emprocesso de ajustes de mercado com o Brasil. A Argentina continuou a ser agrande importadora do ano, importando mais da metade (53%). Chile, Paraguaie Uruguai, respectivamente tiveram participação de 16,6%, 15,8% e 5,5%.

Até o ano de 2003 o número de importadores do queijo fundido ficouem torno de sete países, com supremacia dos países do Mercosul. Em 2004,passou para 13 o número de países que adquiriram o produto brasileiro. Ospaíses do Mercosul continuaram sendo os melhores compradores de queijofundido, 92% destinaram-se ao continente, distribuídos da seguinte forma:a metade foi para a Argentina, 19% para o Chile, 13,8% para o Paraguai,5,2% para o Uruguai. E pela primeira vez, Iraque e China importaram,respectivamente, 5,2% e 0,1%. Apesar da pouca representatividade emvolume, a potencialidade do mercado chinês não pode ser desprezada.

Portanto, pode-se notar que o quadro de exportações do queijo fundidobrasileiro é estável, tanto na quantidade de mercadorias exportadas quantono número de importadores. Os países do Mercosul (Argentina, Uruguai eParaguai), além de outros países potencialmente importadores do produto comoo Chile e a Bolívia, têm demonstrado interesse no queijo fundido brasileiro quetem boa aceitação nesta região. Outra questão é a estabilidade das comprasfeitas pelos japoneses. O Japão forma, juntamente com o Uruguai, Paraguai eo Chile, um grupo de países que estiveram na pauta de importadores de queijofundido em todo o período em análise, 1996 a 2006, ininterruptamente. Estefato deixa claro que, apesar de o mercado japonês ser de difícil acesso, oqueijo fundido logrou êxito em alcançar o mercado nipônico.

No ano de 2006, 15 países adquiriram o queijo fundido do Brasil. Ovolume negociado foi de 2,9 mil t, representando US$ 7,4 milhões. Maisuma vez, destaque deve ser dado aos países do Mercosul, especialmenteArgentina, que importou sozinha 47,2% do queijo fundido brasileiro.

2.6 Países que merecem uma análise em destaque

Alguns países merecem destaque como compradores fiéis dos produtosbrasileiros. No período considerado destacam-se os países do continenteamericano, notadamente do Mercosul. Citam-se a Argentina, Bolívia, Chile,EUA, Paraguai, Peru e Uruguai. Na África, o destaque fica por conta de

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Angola, país de língua portuguesa. Angola é o principal importador dos lácteosbrasileiros, de 1996 até os dias atuais, fazendo negócios com o Brasilininterruptamente. Outro país que mantém comércio constante com o Brasildesde 1999 é a Ilha de Cabo Verde.

No continente asiático o Japão é o país onde os lácteos brasileirosaportaram constantemente de 1996 a 2006. Apesar do Japão ser um paísque pratica as mais altas taxas de subsídios (Tabela 2) o produto brasileiroconseguiu entrar neste exigente mercado consumidor.

Na Figura 6 estão selecionados os dez países que mais importaramprodutos lácteos do Brasil. Juntos estes países representaram 70,6% detodas as exportações de lácteos no período. Angola destaca-se como oprincipal destino dos produtos lácteos brasileiros. É também o país que obtevea maior diversidade de produtos, ou seja, adquiriu mercadorias de todas asclasses de produtos, com destaque para a classe do leite em pó em queestão incluídos o leite condensado e o leite em pó integral. Arepresentatividade de Angola dentro do grupo selecionado é de 27,5%, ficandomuito à frente do segundo colocado do grupo que é a Venezuela com 16,9%.

Fonte: SECEX/MDIC.Elaborado pelos autores.

Figura 6 - Dez maiores importadores de lácteos brasileiros entre 1996 e2006 (mil toneladas).

Os países do continente americano representaram juntos 54% do volumetotal do grupo e os países do Mercosul tiveram uma grande participação. Tantoa Argentina, quanto o Uruguai e o Paraguai são clientes do Brasil desde 1996,ou seja, não deixaram de importar lácteos do Brasil. A principal classe de produtos

FilipinasCubaChile

ParaguaiTrinidad e Tobago

ArgéliaArgentinaEstados Unidos

VenezuelaAngola

0 5 10 15 20 25

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que foi adquirida pelos países da América do Sul foi o leite em pó e o iogurte. OsEstados Unidos são o terceiro maior importador de lácteos do Brasil e foi o paísamericano que mais diversificou suas compras, adquirindo 31 mercadorias das34 ofertadas pelo Brasil ao mercado internacional. Destaque para o leitecondensado, principal produto, e vários tipos de queijos. A Venezuela é importanteimportador de leite em pó, especificamente o leite em pó integral.

A Argélia, maior importadora líquida de lácteos do mundo, e as Filipinasformam um grupo de países que possuem em comum o fato de seremimportadores recentes. Tanto a Argélia quanto as Filipinas efetuaram suasprimeiras importações do Brasil em 2001, mantendo-se entre os dez principaispaíses importadores. Cabe ainda uma ressalva às importações feitas pelasFilipinas, que concentraram toda a sua importação no creme de leite.

3 Comentários finais e conclusão

Após análise da balança comercial de lácteos brasileira, destacam-sealguns pontos relevantes.i) A balança comercial de lácteos de 2006, apesar de deficitária em

US$ 11,4 milhões, é a materialização do esforço do setor lácteo emsua inserção no comércio internacional;

ii) As exportações brasileiras correspondem a 1,8% da produção nacional.iii) O fato que marcou a balança comercial nestes dez anos foi a queda

das importações de lácteos em 71,5% (em volume), ao mesmo tempoem que as exportações cresciam 1.043,8%;

iv) O aumento das importações de produtos lácteos por países da Áfricae da Ásia traz para o Brasil boas possibilidades de ampliar o comérciointernacional;

v) O grande fluxo de produtos lácteos transacionados pelos países doMercosul demonstra a importância do bloco para o agronegócio do leite;

vi) O próximo grande desafio da cadeia produtiva de lácteos é obter oequilíbrio da balança comercial com o Mercosul e com a União Européiae retomar o superávit de 2004;

vii) A grande importância que o leite condensado, o leite em pó e os queijostêm na pauta de exportações indica o potencial desses produtos, aomesmo tempo em que evidencia a necessidade de melhorias emqualidade de produto e de processo para aumentar a competitividade;

viii) O mercado dos Estados Unidos, o maior do mundo, tem adquirido umagama variada de produtos. Pela sua dimensão, atenção especial paraesse mercado deve ter lugar, notadamente no que se refere à qualidadee regularidade.

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O fato de o Brasil importar o soro de leite chama a atenção, poismuitos laticínios brasileiros desperdiçam este importante ‘derivado’ da cadeiade lácteos, misturando-o aos efluentes e enviando-os para os cursos d’água,causando impacto ambiental. O que falta para a cadeia produtiva de lácteosaproveitar este ‘derivado’? Este é um desafio para o agronegócio e para asinstituições de pesquisa.

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Comércio internacional de lácteos

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O COMÉRCIO INTERNACIONAL DEMANTEIGA

José Luiz Bellini Leite1

Kennya Beatriz Siqueira2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

Renata Martins Oliveira de Figueiredo5

1 Introdução

Segundo a OCDE (2005), o mercado internacional de produtos lácteosé pequeno, sendo que somente 7% do total do leite produzido pelo mundosão comercializados internacionalmente. A dificuldade em se obter um maiorpercentual de participação no comércio internacional desses produtos podeser explicada pelo fato deste mercado estar entre os mais distorcidos domundo, ocupando o primeiro lugar em subsídios às exportações (Santo eNetto, 2002). De acordo com Santo e Netto (apud Jachnik, 1996), valeressaltar que mais de um terço do que é considerado comércio internacionalé realizado sob o contexto de acordos bilaterais firmados entre paísesindustrializados.

O mercado brasileiro de manteiga é considerado essencialmentedoméstico, pouco se destacando no contexto internacional. Considerandoos dados deste trabalho, não é possível determinar uma tendência clara emsua evolução. Em relação aos produtos lácteos, o Brasil mudou seu status deimportador para exportador líquido pela primeira vez no ano de 2004, segundoo MDIC (2007). Este fato cria expectativas otimistas para o desenvolvimentode um mercado internacional para a manteiga brasileira.

Por ser um mercado altamente distorcido e pela importância docomércio internacional para o crescimento econômico e social dos países, éimportante o desenvolvimento de trabalhos que tenham como objetivoaumentar e solidificar o conhecimento sobre o comércio internacional delácteos. Além disso, situar o Brasil neste contexto parece relevante porque

1 Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected] Estagiária da Embrapa Gado de Leite – Aluna da Universidade Federal de Viçosa.

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Comércio internacional de lácteos

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o comércio internacional de lácteos tem representado uma alternativainteressante de escoamento de volumes crescentes de produção que nãopodem ser consumidos no mercado interno.

O presente estudo analisa os aspectos relacionados ao comérciointernacional de manteiga (SH4-04.05), apontando os principais atores, osvolumes financeiros e os preços internacionais. Ele teve como base os dadosoficiais apresentados pelo sistema Aliceweb do Ministério doDesenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), para os anos de 2003 a2007, além de consulta a extensa bibliografia.

2 A manteiga e outras matérias gordas do leite (SH4-04.05)

Para a realização deste trabalho foram utilizadas as especificaçõesdos produtos lácteos de acordo com o Sistema Harmonizado de Designaçãoe de Codificação de Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado(SH). Este é um método internacional de classificação de produtos baseadoem uma estrutura de códigos e em suas respectivas descrições criadopara promover o desenvolvimento do comércio internacional, bem comoaprimorar a coleta, a comparação e a análise das estatísticas, particular-mente as do comércio exterior. Além disso, o SH facilita as negociaçõescomerciais internacionais, a elaboração das tarifas de fretes e dos dadosrelativos aos diferentes meios de transporte de mercadorias e de outrasinformações utilizadas pelos diversos agentes do comércio internacional(MDIC, 2007).

De acordo com esta classificação é possível definir os conceitos daposição e das três subposições aqui estudadas. Como Manteiga, e outrasmatérias gordas do leite (SH4-04.05), entende-se o produto obtido da matériagorda do leite fermentada ou não pela ação de fermentos lácteos, com adiçãoou não de sal. Esta pode ser subdividida em três subposições: manteiga,pastas de espalhar e óleo butírico.

Considera-se Manteiga (SH6-0405.10) a manteiga natural, amanteiga do soro de leite e a manteiga “re-combinada” (fresca, salgada ourançosa, mesmo em recipientes hermeticamente fechados) proveniente ex-clusivamente do leite, cujo teor de matérias gordas do leite é igual ousuperior a 80% mas não superior a 95% em peso, um teor máximo dematérias sólidas não gordas do leite de 2% em peso, e um teor máximo deágua, de 16% em peso. A manteiga não contém emulsificantes, mas podeconter cloreto de sódio, corantes alimentícios, sais de neutralização e cultu-ras de bactérias lácticas inofensivas.

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O comércio internacional de manteiga

31

A Pasta de Espalhar (barrar) de produtos provenientes do leite (SH6-0405.20) é emulsão de espalhar do tipo água em óleo, que contêm comoúnica matéria gorda, a matéria gorda do leite, e cujo teor é igual ou superiora 39%, mas inferior a 80% em peso. As pastas de espalhar podem conteringredientes, tais como, culturas de bactérias lácticas inofensivas, vitaminas,cloreto de sódio, açúcares, gelatina, amidos, corantes alimentícios, aromas,emulsificantes, agentes espessantes e agentes conservantes.

O Óleo Butírico de Manteiga (butter oil) e outras matérias gordasprovenientes do leite (SH6-0405.90) compreendem as outras matérias gordasprovenientes do leite, como por exemplo, as gorduras do leite, gordurabutírica e óleo butírico. O óleo butírico obtém-se por extração da água e dasmatérias não gordas da manteiga ou do creme de leite (nata). O grupocompreende igualmente a manteiga desidratada e o ghee (espécie de manteigafabricada, quase sempre, com leite de búfala ou de vaca), bem como osprodutos constituídos por uma mistura de manteiga e de pequenas quantidadesde ervas finas, especiarias, ervas aromáticas, alho, etc.

3 O mercado da manteiga

Assim como o mercado de lácteos, o mercado internacional para asmanteigas é um mercado concentrado e pode também ser caracterizadocomo um comércio intra-indústria (business to business), onde poucos paísesdominam grande parte do volume total comercializado e são ao mesmo tempograndes importadores e grandes exportadores mundiais. A concentração destemercado se deve principalmente aos países membros da União Européia, querespondem por mais de 60% das importações mundiais. Grande parte tambémse encontra concentrada em outros países importadores, como a Rússia, eexportadores, como a Nova Zelândia.

Mesmo que este seja um mercado que movimenta um volume financeiroconsiderável, o comércio internacional de manteiga é ainda pouco expressivofrente à quantidade produzida. De acordo com o (USDA, 2007), que selecionou12 países distribuídos pelos seis continentes e a União Européia, a produção demanteiga gira em torno de 7,2 milhões de toneladas por ano, conforme Tabela 1.

Considerando o preço médio da manteiga em US$ 3.000,00 por toneladae um valor aproximado de US$ 2,2 bilhões de manteiga comercializadosanualmente no mundo, chega-se ao total da ordem de 733 mil toneladas,representando cerca de 10% da manteiga produzida por estes países. Estepequeno percentual está relacionado a diversos fatores, tais como as políticasde auto-suficiência adotadas na maioria dos países e as barreiras comerciaisque dificultam o acesso de novos entrantes no comércio internacional.

Page 32: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

32

Tabela 1 - Produção de manteiga em mil toneladas. Produção Mundial de Manteiga

2001 2002 2003 2004 2005*2006 (p)

América do Norte Canadá 84 77 84 85 88 90México 70 70 77 88 89 92

Estados Unidos 559 615 563 567 605 620Subtotal 713 762 724 740 782 802

América do Sul Brasil 78 70 72 75 77 78

União Européia – 25 2.021 2.226 2.226 2.154 2.150 2.145Leste Europeu

Romênia 6 6 6 9 7 9Ex-União Soviética

Rússia 270 280 280 270 270 270Ucrânia 156 131 148 138 140 145

Subtotal 426 411 428 408 410 415

África do Norte Egito 12 12 13 12 11 12Ásia

Índia 2.250 2.400 2.450 2.600 2.850 3.200Japão 80 83 80 80 80 79

Subtotal 2.330 2.483 2.530 2.680 2.930 3.279

Oceania Austrália* 160 164 163 132 131 130

Nova Zelândia** 352 370 392 390 345 330Subtotal 512 534 555 522 476 460

TOTAL 6.098 6.504 6.554 6601 6843 7200

Fonte: USDA, Julho de 2007.* Dados preliminares(p) Previsão

3.1 Preços internacionais

Os preços internacionais da manteiga nos dois principais mercados,Europa e Oceania, de acordo com dados do USDA (2007) tiveramcomportamentos semelhante no período compreendido entre 2003 e 2006.No período citado (janeiro 2003 a dezembro de 2006) os preços na Oceaniativeram aumento de 57%. Na Europa, no mesmo período, o aumento depreços foi de 55%. Entretanto, vale ressaltar que na maior parte do períodoos preços na Europa foram ligeiramente superiores aos praticados na Oceania.Como exemplo cita-se o mês de dezembro de 2006 quando o preço da

Page 33: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

33

tonelada de manteiga na Oceania foi US$ 1.850,00, o mesmo produto naEuropa era transacionado por US$ 2.025,00, o que equivale a uma diferençade cerca de 10%.

No ano de 2007 houve uma forte aceleração dos preços da manteiganas duas regiões. Na Europa, os preços passaram de US$ 2.025,00 na primeirasemana do ano para um pico de US$ 6.000,00 na trigésima primeira semanado ano. Nota-se que os preços nesse período quase triplicaram (Figura 1).No fim do ano os preços se reduziram mas ainda se mantiveram em patamarelevado de US$ 4.350,00 a tonelada, que representa uma elevação de maisde 100% se comparado com o preço praticado no começo do ano.

Fonte: USDA (2007).

Figura 1 - Evolução dos preços da manteiga na Europa.

Fonte: USDA (2007).

Figura 2 - Evolução dos preços da manteiga na Oceania.

Na Oceania os preços também aumentaram no ano de 2007. Naprimeira semana do ano o preço da manteiga era US$ 1.900,00 chegando

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2003 2004 2005 2006 2007

Page 34: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

34

na última semana cotada a US$ 4.050,00 por tonelada. Verifica-se quetambém na Oceania os preços mais do dobraram no ano de 2007 (Figura 2).

4 O Brasil no comércio internacional de manteiga

De acordo com o USDA (2007), apenas 5,5% das 450 mil toneladasde manteiga produzidas pelo Brasil, entre os anos de 2001 e 2006, foicomercializada internacionalmente. A corrente de comércio de manteigaproduzida pelo país neste mesmo período foi de 25 mil toneladas, sendo 17mil t referentes às importações e 8 mil t referentes às exportações.

Os números do mercado brasileiro de manteiga são apresentados naTabela 2. Percebe-se que, assim como na maior parte da produção mundialde lácteos, o mercado brasileiro de manteiga é essencialmente doméstico,sendo sua produção voltada para o consumo interno.

Tabela 2 - Números do mercado brasileiro de manteiga entre os anos 2001e 2006, em toneladas.

Variável 2001 2002 2003 2004 2005* 2006 (p)

Produção 78.000 70.000 72.000 75.000 77.000 78.000Exportação 3.000 0 2.000 1.000 1.000 1.000Importação 2.000 8.000 4.000 1.000 1.000 1.000Consumo interno 77.000 78.000 74.000 75.000 77.000 78.000

* Preliminar.(p) Previsão.Fonte: USDA (2007); Elaborado pelos autores.

Os resultados da balança comercial brasileira de manteiga nos últimossete anos podem ser observados na Tabela 3. Nota-se que o saldo para aposição manteiga é negativo no período entre 2002 e 2004, sendo o superávitalcançado somente a partir de 2005. Entretanto, pode-se destacar ocrescimento expressivo das exportações de manteiga no ano de 2007.

De acordo com o MDIC (2007), os países exportadores de manteiga ederivados para o Brasil, no período 2001-2007 foram: Uruguai, Argentina,Nova Zelândia, Bélgica, França, Dinamarca e Itália, que têm sua participaçãono somatório dos anos apresentada na Figura 3, abaixo. A carteira defornecedores do Brasil para manteiga e derivados é pequena e extremamenteconcentrada, principalmente nos países vizinhos do Mercosul. A maior partedas importações brasileiras de manteiga é procedente do Uruguai, à exceçãodos anos de 2002, 2005 e 2007, quando a participação da Argentina tevegrande destaque.

Page 35: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

35

Tab

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Page 36: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

36

Fonte: MDIC - AliceWeb (2007).

Figura 3 - Exportadores de manteiga e derivados para o Brasil no período de2001 a 2007 (dados até novembro de 2007).

Os principais mercados compradores de manteiga do Brasil foram oIêmen e o Egito, que representam 46% do saldo exportado pelo país noacumulado dos últimos sete anos. As exportações brasileiras de manteiga ederivados são muito mais diversificadas do que as importações, pois apenas7 países fornecem estes produtos ao Brasil. Nos últimos anos as exportaçõesde manteiga tiveram 37 diferentes destinos. Pode-se observar as remessasbrasileiras de manteiga e a participação dos mercados compradores na Figura4, abaixo.

Fonte: MDIC - AliceWeb (2007).

Figura 4 - Importadores de manteiga e derivados do Brasil no período de2001 a 2007 (dados até novembro de 2007).

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62%

Page 37: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

37

4.1 Importações

As importações brasileiras de manteiga são procedentes,principalmente, do Uruguai e da Argentina, parceiros brasileiros no Mercosul.França, Dinamarca, Nova Zelândia, Bélgica e Itália também forneceram esteproduto para o Brasil no período 2001-2007, sendo estes quatro últimos depouca relevância, pelo montante de compras brasileiras e/ou pelairregularidade anual dos saldos. Cabe ressaltar a importância da França comoum fornecedor constante, pois mesmo que não tenha grande participaçãono total, os valores anuais têm crescido nos últimos dois anos (Tabela 4).

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Comércio internacional de lácteos

38

As compras de pastas de espalhar só começaram a ocorrer a partir de2004 e todas as importações são procedentes da Bélgica. No caso do óleobutírico, as importações são bastante irregulares não tendo havido nenhumatransação nos últimos três anos.

4.2 Exportações

Entre os anos 2001 e 2007, as exportações de manteiga brasileirativeram como destino 37 países distintos. Entre os anos 2001 e 2003 ovalor das entregas foi reduzido em 96%, entretanto a partir de 2003 atendência é de crescimento, atingindo, em 2005, um montante de US$ 2,2milhões, valor próximo ao saldo de 2001. Vale destacar o crescimento dasexportações observado em 2007. As vendas externas até novembro passaramde US$ 8 milhões valor quatro vezes maior que todo o ano de 2006.

Os dados da Tabela 5 expressam a irregularidade existente nasexportações brasileiras deste produto, já que para cada ano os clientesbrasileiros mais representativos são distintos. Em 2001 e 2002 o Brasil tevecomo principais clientes o Egito e o Canadá, que somam uma participação daordem de 80%. Para os anos de 2003 e 2004, anos com menores valoresexportados, os principais clientes foram Estados Unidos e Paraguai, queimportaram 90%. Em 2005 o cenário se altera mais uma vez, visto queatualmente os principais clientes brasileiros de manteiga foram Turquia e Iêmen,com uma participação de 65% do total exportado. No ano de 2006 o destaquefoi a Arábia Saudita responsável por 20% das vendas externas brasileiras noperíodo. Nesse ano, as exportações foram para destinos bastante diversificados.Por fim, em 2007 destaca-se Iêmen, República da Geórgia, Arábia Saudita eEgito respondendo por 71% das exportações brasileiras.

Page 39: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

39

Tab

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Comércio internacional de lácteos

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5

Page 41: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

41

As vendas brasileiras de óleo butírico ao exterior são irregulares, sejapor não possuir uma tendência clara de aumento, redução ou constância, mastambém por apresentar diferenças anuais na configuração da carteira declientes deste produto. Dentre os nove países que importaram óleo de manteigabrasileiro, cinco tiveram compras pontuais, adquirindo o produto apenas umavez ao longo dos cinco anos. Ademais, destaca-se o ano de 2002, no qual nãoexistem exportações deste produto, e o ano de 2005, que contabiliza apenasas exportações para os meses de janeiro a outubro.

As exportações brasileiras de pastas de espalhar, assim como asimportações, são muito pequenas e pouco relevantes na comercializaçãointernacional de manteiga e derivados brasileiros. O Brasil exporta pastas deespalhar somente em 2001, quando a África do Sul adquiriu um volume deUS$ 5 mil do produto e 2006 quando Estados Unidos e Angola adquiriramUS$ 1.174.

As potencialidades do Brasil como um país exportador de manteigasão dependentes principalmente do comportamento do mercado mundial edas negociações internacionais de comércio, no âmbito externo; e dacompetitividade brasileira aliada ao comportamento da produção e doconsumo, no âmbito externo. Outros fatores relevantes como a taxa decâmbio e os preços no mercado internacional, também afetam a participaçãoda manteiga do Brasil no comércio exterior, mas estes não são passíveis deinterferência pelo setor. (Carvalho et al., 2005).

5 Comentários e conclusões

Este trabalho teve como objetivo analisar a situação do comérciointernacional de manteiga, através de uma pesquisa bibliográfica com baseem dados do período de 2001-2007 obtidos junto ao MDIC.

O comércio internacional de manteiga e derivados é do tipo bussinessto bussiness e é fortemente dominado pela Europa. Ademais se destacam aRússia (importadora) e a Nova Zelândia (exportadora) como grandes mercadosde manteiga; os Estados Unidos e o Canadá na comercialização de pastas deespalhar; e por fim o México, como um dos grandes mercados importadoresde óleo butírico.

Conclui-se que os principais participantes do comércio internacional,os chamados global traders, invertem a idéia inicial de abertura de mercadoprocedente do processo de globalização, onde supostamente os paísesdeveriam facilitar o acesso aos seus mercados para uma maior integraçãomundial. Mesmo que seja real a tendência de eliminação de barreiras tarifáriase a redução das medidas não-tarifárias, o setor de manteiga e derivados

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Comércio internacional de lácteos

42

lácteos ainda encontram grandes dificuldades para aumentar seu percentualde comercialização internacional.

Neste contexto, o Brasil aparece como um exportador líquido demanteiga e derivados a partir de 2005. Destaque para o grande aumentodas exportações de manteiga no ano de 2007, reflexo da alta dos preçosinternacionais mas também do aumento do volume exportado, mostrandouma maior participação brasileira no comércio internacional do produto.

Por fim, uma breve síntese das tendências futuras para o comérciointernacional de manteiga e derivados é apresentada através de informaçõesextraídas do relatório “USDA – FAO Agricultural Outlook: 2005 – 2014”.Esta ilustração resume perspectivas positivas para este mercado,principalmente para os países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.Dentre os fatores fundamentais condicionantes para o crescimento docomércio de manteiga no mundo destaca-se a articulação político-institucionaldo setor lácteo como um todo, em nível interno e externo, no sentido deampliar as fronteiras comerciais reduzindo as barreiras que protegem aeconomia internacional.

Referências bibliográficas

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Page 43: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de manteiga

43

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O COMÉRCIO INTERNACIONAL DELEITE EM PÓ

Glauco Rodrigues Carvalho1

José Luiz Bellini Leite2

Kennya Beatriz Siqueira3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

O comércio internacional de leite em pó é bastante robusto, sendo oprincipal produto comercializado. Em 2006 foram exportados no mundo cercade US$ 12 bilhões pela identificação SH4-04.02 conforme o SistemaHarmonizado. Em volume, os embarques de leite em pó chegaram a 5,9milhões de toneladas e um preço médio de US$ 2.129 por tonelada. Em2007, os preços mundiais apresentaram forte valorização e superaram abarreira dos US$ 5.000 por tonelada. A produção mundial de leite em póintegral e desnatado também é expressiva. Para o presente capítulo serãoanalisados dados de produção de leite em pó integral e desnatado, além dastransações internacionais.

2 Produção

A produção mundial de leite em pó integral é de 3,7 milhões detoneladas, enquanto a de leite em pó desnatado é de 3,5 milhões de toneladas,totalizando, portanto, cerca de 7,2 milhões de toneladas.

Para o leite em pó integral, analisando os principais produtores mundiaispode-se verificar certo recuo na produção da Nova Zelândia, Reino Unido eRússia. Entretanto, houve incremento da participação do Brasil, França,Holanda e Dinamarca. Outros países que não integram a lista dos maiorestambém apresentaram aumento de participação mundial, conformeapresentado na Tabela 1.

1 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

46

Tabela 1 - Os maiores produtores de leite em pó integral (em t).Países 2003 2004 2005

Nova Zelândia 619.000 677.000 609.000Brasil 390.000 420.000 420.000França 216.259 220.000 230.000Austrália 187.000 189.000 187.000Argentina 165.000 165.000 165.000Holanda 117.000 112.000 120.000México 105.000 105.000 105.000Dinamarca 82.100 87.100 87.000Reino Unido 101.000 83.000 83.000Rússia 95.144 85.000 80.000Outros 1.664.197 1.635.900 1.775.000

TOTAL 3.741.700 3.611.000 3.698.000

Fonte: FAO (2007); OCDE-FAO (2007).Elaborado pelos autores.

Em termos de concentração da oferta, o maior produtor mundial (CR1)responde por 16,5% do total. Os cinco maiores (CR5) possuem 43,6%,enquanto os dez maiores (CR10) produtores estão com cerca de 56,4% daoferta global, conforme Figura 1. No período de 2003 a 2005, verificou-seque a Razão de Concentração (CR) manteve-se relativamente estável nosextremos, após pequeno aumento de concentração em 2004.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Razão de concentração na produção de leite em pó integral.

16,5 18,7 16,5

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O comércio internacional de leite em pó

47

Para o leite em pó desnatado, a produção global apresentou ligeirorecuo entre 2003 e 2005, sobretudo devido à queda da oferta oriunda dosEstados Unidos, Nova Zelândia e Alemanha. Nesse período ganharamparticipação na produção a França, Austrália e Irlanda. A Tabela 2 apresentao ranking dos principais produtores de leite em pó desnatado.

Tabela 2 - Os maiores produtores de leite em pó desnatado (em t).

Países 2003 2004 2005

EUA 723.317 640.306 640.306França 273.503 230.200 287.000Nova Zelândia 289.000 301.000 237.000Alemanha 301.980 219.626 219.626Austrália 182.000 189.000 204.000Japão 182.618 182.658 182.000Polônia 149.000 140.000 145.000Índia 144.817 144.000 144.000Ucrânia 117.000 117.000 117.000Irlanda 78.500 97.000 97.000Outros 1.450.479 1.351.868 1.439.068

TOTAL 3.696.714 3.398.658 3.498.000

Fonte: FAO (2007); OCDE-FAO (2007).Elaborado pelos autores.

Em termos de concentração da oferta, o segmento de leite em pódesnatado é relativamente mais concentrado que o de leite em pó integral.O maior produtor mundial (CR1) responde por 18,3% da produção global. Oscinco maiores (CR5) possuem 45,4%, enquanto os dez maiores (CR10)produtores estão com cerca de 65% da produção mundial, conforme Figura2. No período de 2003 a 2005 verificou-se que a Razão de Concentração(CR) apresentou ligeira tendência de declínio, sobretudo no âmbito dos cincomaiores países produtores.

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Comércio internacional de lácteos

48

Fonte: Elaborado pelos do autores.

Figura 2 - Razão de concentração na produção de leite em pó desnatado.

3 Comércio mundial

No âmbito do comércio mundial, foi utilizado como referência o SistemaHarmonizado SH4-04.02, que engloba leite em pó integral, desnatado e outroscremes de leite concentrados ou em pó.

As exportações de leite em pó (SH4-04.02) totalizaram em 2006 cercade US$10,4 bilhões e um volume de 5,1 milhões de toneladas. Os principaisexportadores foram a Nova Zelândia, Holanda e Alemanha, conforme Tabela2. A Nova Zelândia possui cerca de 20% do mercado mundial, enquanto oscinco maiores exportadores possuem 52%. Os dez maiores exportadoresrespondem por cerca de 72% das exportações globais em 2006. O preçomédio de exportações de leite em pó, em 2006, foi de US$ 2.012/tonelada.

Os maiores compradores de leite em pó da Nova Zelândia foram China,Filipinas, Indonésia, Arábia Saudita e Sri Lanka. Esses cinco países compraramcerca de 35% do leite exportado pela Nova Zelândia em 2006.

No caso da Holanda, os principais mercados foram Arábia Saudita,Nigéria, Emirados Árabes, Grécia e Alemanha. As exportações da Holandasão relativamente mais concentradas, com os cinco compradores respondendopor 41% das vendas.

19,6 18,8 18,3

47,9 46,5 45,4

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2003 2004 2005

(%)

CR1CR5CR10

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O comércio internacional de leite em pó

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Tabela 3 - Principais exportadores mundiais de leite em pó e preço médio devenda (2006).

País US$ milhões Mil t US$/t

Nova Zelândia 2.063 980 2.105Holanda 1.008 453 2.224Alemanha 893 464 1.927Austrália 810 372 2.175Estados Unidos 640 321 1.989França 586 243 2.409Argentina 513 232 2.216Bélgica 491 221 2.224Irlanda 318 130 2.444Polônia 266 129 2.069Outros 2.823 1.628 1.734

TOTAL 10.411 5.173 2.012

Fonte: Comtrade (2007).

Por fim, a Alemanha exporta principalmente para a Holanda, Itália,Grécia, Reino Unido e Arábia Saudita, que, em conjunto, compraram 65%do leite em pó da Alemanha. Somente a Holanda, por ser entreposto, respondepor 28%. A Tabela 3 ilustra os principais destinos das exportações dos trêsmaiores exportadores de leite em pó do mundo em 2006.

Tabela 4 - Principais destinos do leite em pó, por país exportador.

Nova Zelândia Holanda Alemanha

Destino US$ milhões Destino US$ milhões Destino US$ milhões

China 203 Arábia Saudita 120 Holanda 248Filipinas 147 Nigéria 89 Itália 173Indonésia 128 Emirados Árabes 83 Grécia 60Arábia Saudita 127 Grécia 68 Reino Unido 54Sri Lanka 124 Alemanha 52 Arábia Saudita 48Outros 1.334 Outros 597 Outros 309

TOTAL MUNDIAL 2.063 TOTAL MUNDIAL 1.008 TOTAL MUNDIAL 893

Fonte: Comtrade (2007).

No âmbito dos importadores, o mercado é mais pulverizado. Os maiorescompradores são Países Baixos, Argélia e Arábia Saudita, todos com valoressuperiores a US$ 500 milhões (Tabela 5). Os dez maiores importadores

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Comércio internacional de lácteos

50

respondem pela compra de aproximadamente 41% de todo o leite em póexportado pelo mundo, portanto bem inferior a participação dos dez maioresexportadores.

Tabela 5 - Principais importadores mundiais de leite em pó e preço médio decompra (2006).

País US$ milhões Mil t US$/t

Países Baixos 850 449 1.892Argélia 640 250 2.561Arábia Saudita 502 196 2.563México 394 188 2.099Alemanha 345 156 2.207Malásia 335 185 1.813Itália 305 117 2.596Bélgica 304 137 2.225China 291 136 2.143Cingapura 285 136 2.096

Fonte: Comtrade (2007).

4 Preços mundiais

Os preços internacionais do leite em pó apresentaram valorizaçãoexpressiva no último ano. Levantamento do Departamento de Agriculturados Estados Unidos (USDA, 2007) mostra preços do leite em pó na UniãoEuropéia saindo de US$ 2 mil por tonelada no início de 2006 para mais deUS$ 5 mil por tonelada em meados de 2007 (Figura 3). O mesmo ocorreu nomercado da Oceania (Figura 4).

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O comércio internacional de leite em pó

51

Figura 3 - Preço do leite em pó integral e desnatado na União Européia.

Figura 4 - Preço do leite em pó integral e desnatado na Oceania.

Basicamente a elevação dos preços ocorreu em função do aquecimentoda demanda, sobretudo na Ásia e em países exportadores de petróleo. Aliadoa isso, problemas de oferta na Austrália e em outros países exportadores delácteos, somado ao encarecimento da alimentação animal e redução desubsídios na Europa limitou o abastecimento. O mais importante, no entanto,foi a forte redução dos estoques de leite em pó na União Europeia e EstadosUnidos no ano de 2007 (Figura 5). Na União Européia, os estoques recuaram

0,0

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Fonte: USDA (2007). Elaboração: Embrapa Gado de Leite.

(US$

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ton)

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Fonte: USDA (2007). Elaboração: Embrapa Gado de Leite.

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Pó Integral Pó desnatado

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Comércio internacional de lácteos

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de aproximadamente 200 mil toneladas no início de 2003 para um volumenulo em 2007. Já nos Estados Unidos a queda foi de 600 mil toneladas em2003 para menos de 50 mil toneladas em 2007.

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O comércio internacional de leite em pó

53

5 Considerações finais

O leite em pó é o produto de maior volume de transação comercialentre os lácteos, com um valor de aproximadamente US$ 10,4 bilhões em2006. A Nova Zelânia e o Brasil se destacam como os maiores produtoresde leite em pó integral, enquanto Estados Unidos e França são os maioresprodutores de leite em pó desnatado. A produção de leite em pó integral éligeiramente superior a de desnatado e também um pouco mais pulverizada.Os dez maiores produtores de leite em pó integral respondem por cerca de56% de toda a oferta enquanto no desnatado essa participação atinge 65%.

No caso das exportações, a Nova Zelândia, Holanda e Alemanha sãoos principais players do comércio mundial. A Nova Zelândia possui 20% domercado mundial enquanto os dez maiores exportadores respondem por cercade 72% das exportações mundiais. Já as importações são mais pulverizadas.Os maiores compradores são Países Baixos, Argélia e Arábia Saudita.

Os preços do leite em pó duplicaram de preço em 2007, como reflexode questões relacionadas à dificuldade de abastecimento e incremento dademanda. Os estoques mundiais encontram-se em patamar muito baixo, oque garante certa sustentação nas cotações.

Referências bibliográficas

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O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE QUEIJOS

José Luiz Bellini Leite1

Kennya Beatriz Siqueira2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

Este capítulo destaca os principais países importadores e exportadoresde queijos, suas participações no mercado mundial, os preços praticados eas medidas protecionistas desse mercado no período de 2004 a 2006.

Dentre os produtos lácteos transacionados no mercado internacional,os queijos são os de maior expressividade no que se refere à movimentaçãomonetária, conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria eComércio Exterior (MDIC). No período estudado foram movimentados emtorno de US$ 45 bilhões.

A nomenclatura utilizada na identificação dos vários tipos de queijos éa do Sistema Harmonizado de Designação e de Codificação de Mercadorias,ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH)5. Os valores monetáriosapresentados referem-se a dólares americanos, FOB (Free on Board)6 e omercado dos diferentes queijos são estudados considerando os dez maioresimportadores e os três principais fornecedores para esses países.

2 O mercado internacional de queijos

Tanto o mercado importador quanto o exportador são concentrados.Considerando que o mundo possui 195 países e 17 territórios, totalizando212 fronteiras reconhecidas (Almanaque Abril, 2005), apenas 9,4% dos

1 Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected] SH: Sistema de codificação para identificação de produtos sendo que até seis dígitos possui

padrão mundial (MDIC).6 É a modalidade de Incoterms em que o exportador entrega a carga já desembaraçada a bordo

do navio no porto de embarque indicado pelo importador. Todas as despesas no país de origemficam a cargo do exportador. Os demais gastos como frete e seguro, além da movimentaçãoda carga no país de destino, correm por conta do importador.

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Comércio internacional de lácteos

56

países do mundo detêm o total das importações de queijos. Quanto àsexportações, o índice de concentração é ainda maior.

O principal destino dos queijos é o continente europeu (Tabela 1). Comexceção do queijo fundido, em que o continente europeu possui 50,1% dasimportações, nos outros grupos de queijos, a Europa responde por mais de70% das importações.

Mesmo que o principal destino dos queijos seja o continente europeu,cabe destacar que os mercados asiáticos (destaque para o Japão) e americano(destaque para os Estados Unidos) possuem importância relativa. África eOceania não são expressivos por razões diversas. O primeiro, provavelmente,por questão de renda e o segundo por ser exportador líquido de lácteos,sendo suas importações esporádicas.

O mercado é pulverizado, quando se considera cada tipo de queijo. Acategoria outros queijos, que possui um número grande de produtos,representa quase 70% de todo o mercado mundial de queijos, considerandoos valores monetários transacionados. Os queijos ralados e fundidoscorrespondem a aproximadamente 10% e 3% do mercado, respectivamente,e o de pasta mofada, de elevado valor agregado, está concentrado onde arenda é elevada, na Europa e na América. No caso do continente americano,este se destaca pela forte presença dos Estados Unidos e também do Canadá.A seguir uma análise mais detalhada do mercado por grupo de queijos.

2.1 Queijos frescos, incluindo o queijo de soro de leite e requeijão(SH6-0406.10)

O grupo de queijos que se enquadra nesta nomenclatura são os não-curados (frescos), incluindo os queijos de soro de leite, requeijão e mussarela.O requeijão é um tipo de queijo suave de alto teor de umidade (entre 60 e80%), pastoso e não possui casca, passando apenas por fermentação láctea.O queijo fresco é uma variedade de queijo cuja massa não passa por processotérmico, compreendendo o queijo minas frescal, ou simplesmente queijominas, e a mussarela (Thesaurus, 2005).

De acordo com a Tabela 1, dos dez principais países importadores dequeijo fresco do mundo no ano de 2006, oito são europeus, somando 63,9%das importações mundiais. Destaca-se que os fornecedores do mercadoeuropeu são os próprios europeus ficando assim um mercado concentradono continente. Por exemplo, a Itália que é o principal importador de queijosfrescos do mundo tem como principal fornecedor a Alemanha, responsávelpor 68,6% do fornecimento. Em seguida vem a França (7,2%) e a RepúblicaEslovaca (4,5%).

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O comércio internacional de queijos

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Tabela 1 - Importações de queijos frescos (2004 a 2006).

Países2004 2005 2006 Variação no Período

US$ mil % US$ mil % US$ mil % %Itália 322.686 14,2 401.577 16,3 467.010 17,3 44,7Reino Unido 316.282 13,9 340.844 13,8 367.807 13,6 16,3Alemanha 228.295 10,0 238.793 9,7 297.622 11,0 30,4Japão 218.173 9,6 230.150 9,3 221.034 8,2 1,3Bélgica 154.762 6,8 149.236 6,0 159.986 5,9 3,4França 149.962 6,6 142.905 5,8 135.769 5,0 -9,5Espanha 111.235 4,9 120.158 4,9 121.071 4,5 8,8Países Baixos 110.922 4,9 110.469 4,5 113.308 4,2 2,2Coréia do Sul 72.603 3,2 87.583 3,6 93.013 3,5 28,1Grécia 59.740 2,6 61.677 2,5 61.899 2,3 3,6Outros 532.961 23,3 587.165 23,6 660.359 24,5 24,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

O Japão se destaca como o quarto maior país importador de queijofresco do mundo, com 8,2% do mercado. Os principais fornecedores domercado japonês são a Austrália e a Nova Zelândia. O primeiro com umaparticipação de 53,6% no mercado japonês e o segundo com 11, 8%.

A dinâmica do mercado de queijos frescos no período consideradopode ser vista na Tabela 2. Ela demonstra a sinergia e complementaridadeexistente no mercado europeu, onde os principais importadores são tambémos principais exportadores. No caso do mercado japonês, a proximidade auxiliaa Austrália e a Nova Zelândia. Todavia, o terceiro maior exportador paraesse mercado é a Itália.

Destacam-se os casos específicos da Itália e da Alemanha, o primeiroe terceiro maior importador, respectivamente desse tipo de queijo. Todavia,a Itália figura como importante exportadora para Japão, Alemanha e França.A Alemanha é a principal exportadora desse produto e destaca-se nosmercados da Itália, Reino Unido e França. Essa dinâmica em que se compramuito e se vende muito parece ser a nova ordem mundial, valendo inclusivepara outros tipos de produtos. Importar muito e exportar muito aumentam avelocidade de circulação de mercadorias, a criação e o atendimento de nichosde mercados bastante distintos.

Os preços praticados no mercado de queijos frescos podem ser vistosna Figura 1. Nota-se uma grande dispersão, uma vez que o preço mais baixofoi de US$ 2.481/t (Bélgica, em 2005) e o mais alto foi US$ 3.810/t(Alemanha, em 2005). Todavia, fica evidente a convergência dos preços emum patamar mais alto, mostrando que além do aumento do volumecomercializado, os preços estão em ascensão e a dispersão se reduzindo. A

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Comércio internacional de lácteos

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média de preços, considerando os cinco principais importadores, foi deUS$3.167/t em 2004, a de 2005 foi de US$ 3.219/t e a de 2006 foi de US$3.149/t, sendo a média no período estudado de US$ 3.178/t.

Tabela 2 - Principais fornecedores de queijos frescos.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas importações principais

fornecedores (%)

Itália Alemanha (68,6%), França (7,2%) e Rep. Eslovaca (4,5%) 80,3Reino Unido França (30,7%), Irlanda (23,2%) e Alemanha (17,6%) 71,5Alemanha Dinamarca (45,7%), Itália (16,8%) e França (16,6%) 79,1Japão Austrália (53,6%), Nova Zelândia (11,8%) e Itália (11,1%) 76,5Bélgica França (47,1%), Alemanha (26,7%) e Itália (18,1%) 91,9

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Preços praticados no mercado de queijos frescos.

O mercado de lácteos está entre os mais protegidos do mundo. Asalíquotas da União Européia (considerando Alemanha, Bélgica, França e Itália)variam conforme o tipo de queijo fresco, de 185,20 a 221,20 EUR/100 kg/net (US$ 222,24 a US$ 265,44)7, para as nações denominadas maisfavorecidas. No sistema geral de preferência (em inglês Generalized System

7 EUR = 1.2 US$

2.000

2.200

2.400

2.600

2.800

3.000

3.200

3.400

3.600

3.800

4.000

2004 2 005 2006

Itália Reino Unido Alemanha Japão Bélgica

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of Preferences – GSP) para países considerados menos desenvolvidos epaíses com taxas preferenciais, a alíquota é reduzida a zero.

O mercado norte-americano de queijos frescos possui tarifas de 10%para os países considerados mais favorecidos e 35% para os considerados menosfavorecidos. No Nafta, alguns acordos bilaterais e no sistema geral de preferência(GSP) a alíquota é reduzida a zero. Dependendo do tipo de queijo, essas alíquotaspodem variar de US$ 105,50/100 kg a US$ 226,90/100 kg para os favorecidose US$ 177,50/100 kg a US$ 267,00/100 kg para os demais países.

O mercado japonês possui somente duas tarifas e considera a condiçãode país pertencente ou não à Organização Mundial de Comércio (OMC). Para ospaíses pertencentes à organização, a tarifa é de 29,8% e para os demais 35%.

2.2. Queijos ralados ou em pó, de qualquer tipo (SH6-0406.20)

Não há uma definição do tipo de queijo que se enquadra nesta no-menclatura. Neste caso, o que importa é a forma física de sua apresentação,podendo ser ralado ou em pó.

O domínio deste mercado mais uma vez é europeu (64,2% das importaçõesmundiais, em 2006). Quatro países europeus, Alemanha, Reino Unido, França eBélgica são responsáveis por quase metade das importações mundiais.

O Japão é o país do leste/sudeste asiático entre os mais importantesimportadores. Ele foi responsável por cerca de 5% do mercado mundial dequeijos ralados, no período considerado. Na América, o principal importadorfoi o México, responsável por 3,5% das importações no ano de 2006.

Tabela 3 - Importações de queijos ralados ou em pó (2004 a 2006).

Países 2004 2005 2006Variaçãono Período

US$ % US$ % US$ % %Alemanha 104.468 16,3 101.591 15,0 100.104 14,5 -4,2Reino Unido 68.467 10,7 73.511 10,8 78.345 11,4 14,4França 77.367 12,1 79.166 11,7 71.539 10,4 -7,5Bélgica 48.126 7,5 52.098 7,7 61.863 9,0 28,5Espanha 52.652 8,2 49.717 7,4 55.652 8,0 5,7Japão 34.455 5,4 36.284 5,4 38.392 5,6 11,4Austrália 28.980 4,5 31.191 4,6 28.806 4,1 -0,6Países Baixos 9.861 1,5 28.217 4,2 26.881 3,9 172,6México 40.950 6,4 35.757 5,3 24.254 3,5 -40,8Dinamarca 6.758 1,1 11.821 1,8 20.341 3,0 201,0Outros 169.058 26,3 177.097 26,1 184.111 26,6 8,9

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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Comércio internacional de lácteos

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O mercado exportador e sua dinâmica são controlados maciçamentepelos países europeus. Exceção aos mercados mexicano e japonês, onde osEstados Unidos têm o maior share, o queijo ralado é um negócio europeu. AFrança e a Itália têm destaque pela maior participação em diferentesmercados.

Tabela 4 - Principais fornecedores de queijos ralados ou em pó.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas participações principais

fornecedores (%)

Alemanha Países Baixos (29,5%), Itália (27,6%) e França (26,8%) 83,9Reino Unido Itália (39,7%), França (23,2%) e Dinamarca (20,3%) 83,2França Itália (48,4%), Países Baixos (12,7%) e Alemanha (12,6%) 73,7Bélgica França (53,5%), Alemanha (17,2%) e Países Baixos(12,3%) 83,0Espanha França (47,2%), Alemanha (21,3%) e Itália (8,2%) 76,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

A exemplo dos queijos frescos, os queijos ralados tiveram crescimentosistemático de suas importações, alcançando US$ 690.288 milhões, em2006. O queijo ralado ou em pó movimentou em três anos US$ 2 bilhões.

Os preços praticados no mercado de queijo ralado podem ser vistos naFigura 2. Nota-se uma certa dispersão, uma vez que o preço mais baixo foide US$ 4.391/t (Espanha, em 2006) e o mais alto foi US$ 6.875/t (ReinoUnido, em 2003). Todavia, os preços não têm apresentado grandes variaçõespara um mesmo país. A média de preços, considerando os cinco principaisimportadores, foi de US$ 5.524/t em 2004, a de 2005 foi de US$ 5.277/t ea de 2006 foi de US$ 5.221/t, sendo a média no período estudado de US$5.341/t. O percentual de redução dos preços praticados, considerando asmédias dos períodos estudados e os preços pagos pelos cinco maioresimportadores, foi de 5,5%.

As tarifas da União Européia para esse mercado variam, conforme otipo de queijo. Queijos ralados feitos com leite desnatado e com ervas possuemuma tarifa de 7,7% para as nações chamadas mais favorecidas e zero paraas demais. Para outros tipos de queijos ralados a alíquota é de 188,20 EUR/100 kg/net (US$ 225,84), para as nações mais favorecidas e zero, para asdemais, incluindo o sistema geral de preferência (GSP) para paísesconsiderados menos desenvolvidos e países com acordos de preferência.

Nos Estados Unidos, o queijo ralado tem tarifas de 2% para os paísesmais favorecidos e 35% para os menos favorecidos. No Nafta, em algunsacordos bilaterais e no sistema geral de preferência (GSP), a alíquota é

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reduzida a zero. Dependendo do tipo de queijo, essas alíquotas podem variarde US$ 105,50/100 kg a US$ 226,90/100 kg para os favorecidos e US$177,50/100 kg a US$ 267,00/100 kg para os demais países.

O mercado japonês possui somente duas tarifas e considera a condiçãode país pertencente ou não à OMC. Para os países pertencentes à organizaçãoa tarifa é de 26,3% e para os demais 40%.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Preços praticados no mercado de queijo ralado.

2.3 Queijos fundidos (SH6-0406.30)

Queijo fundido é a variedade de queijo de consistência variada, obtidopela fusão de massas de queijo fresco ou curado, ou de mistura de queijosadicionados ou não de água, creme, corantes e/ou condimentos. O processoprodutivo utiliza solução de sais fundentes apropriados, neutros ou levementealcalinos.

A Arábia Saudita, no computo dos três anos de estudo, aparece comoum grande importador de queijo fundido com compras que alcançaram 12,4%do mercado. Contudo, cabe destacar que o Reino Unido passou a ser o maiorimportador a partir do ano de 2003, ficando a Arábia Saudita em segundo, aItália em terceiro e a Bélgica em quarto, restabelecendo a primazia da UniãoEuropéia no comércio internacional de queijos.

Japão (nono no ranking) também é um importante importador dessetipo de queijo. As importações desse país se mostraram relativamente estáveisno período estudado sendo aproximadamente igual a US$ 32 milhões/ano.

3.000

3.500

4.000

4.500

5.000

5.500

6.000

6.500

7.000

7.500

200 4 200 5 2 006

A lem a nh a R e ino U nido França B é lg ica E spa n ha

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Comércio internacional de lácteos

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Tabela 5 - Importadores de queijos fundidos (2004 a 2006).

Países 2004 2005 2006Variação no

Período

US$ % US$ % US$ % %

Reino Unido 206.620 13,9 178.847 11,4 208.088 12,9 0,7Arábia Saudita 169.090 11,4 195.834 12,5 198.934 12,4 17,7Itália 151.827 10,2 160.943 10,3 155.658 9,7 2,5Bélgica 92.919 6,3 92.986 5,9 99.572 6,2 7,2França 87.384 5,9 76.692 4,9 93.855 5,8 7,4Espanha 72.173 4,9 71.463 4,6 70.474 4,4 -2,4Alemanha 47.350 3,2 57.977 3,7 59.405 3,7 25,5Rússia 36.244 2,4 40.781 2,5 44.983 2,8 24,1Japão 28.973 2,0 32.465 2,1 35.210 2,2 21,5Países Baixos 30.753 2,1 32.351 2,1 32.188 2,0 4,7Outros 560.846 37,7 626.315 40,0 612.979 38,0 9,3

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 6 - Principais fornecedores de queijo fundido.Participação dos

País Importador Principais fornecedores e suas participações principaisfornecedores (%)

Reino Unido Bélgica (52,4%), França (16,0%), Alemanha (12,9%) 81,3Arábia Saudita Austrália (35,5%), Egito (17,4%) e Polônia (11,7%) 64,6Itália Bélgica (59,5%), Alemanha (18,9%) e Suíça (8,6%) 87,0Bélgica França (45,6%), Alemanha (34,3%) e Áustria (6,2%) 86,1França Alemanha (64,0%), Reino Unido (16,0%) e Áustria (9,0%) 89,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelo autores.

A exemplo dos demais, os queijos fundidos tiveram crescimento sistemáticode suas importações, atingindo valores da ordem de US$ 1,6 bilhão/ano, no períodoconsiderado. Esse mercado movimentou em três anos US$ 4,6 bilhões.

Os preços praticados no mercado de queijo fundido podem ser vistosna Figura 3. Nota-se uma certa dispersão, uma vez que o preço mais baixofoi de US$ 3.515/t (Arábia Saudita, em 2004) e o mais alto foi US$ 4.982/t(Reino Unido, em 2006). A média de preços foi de US$ 4.092/t em 2004, ade 2005 foi de US$ 4.108/t e a de 2006 foi de US$ 4.177/t, sendo a médiano período estudado de US$ 4.126/t. O percentual de aumento dos preçospraticados foi de 2%.

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Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 3 - Preços praticados no mercado de queijo fundido.

As tarifas da União Européia (considerando Alemanha, Bélgica, Françae Itália) para esse mercado variam, conforme o tipo de queijo. A tarifa paraqueijos fundidos para países do sistema geral de preferência (GSP) e paísesoutros considerados preferenciais é zero. Para os países considerados maisfavorecidos as alíquotas variam conforme o tipo de queijo cujo intervalo vaide 139,10 a 215 EUR/100 kg/net, sendo a alíquota mais comum 144,90EUR/100 kg/net.

O mercado norte-americano de queijo fundido possui tarifas de 2,1%para os países considerados mais favorecidos e 35% para os consideradosmenos favorecidos. No Nafta, em alguns acordos bilaterais e no sistemageral de preferência (GSP), a alíquota é reduzida a zero. Dependendo do tipode queijo, essas alíquotas podem variar de US$ 105,50/100 kg a US$226,90/100 kg para os favorecidos e US$ 177,50/100 kg a US$ 267,00/100 kg para os demais países.

O mercado japonês, para o caso dos queijos fundidos, não diferenciapaíses pertencentes ou não à OMC. A tarifa única e geral para todas asnações é de 40%.

2.4 Queijos de pasta mofada (azul) (SH6-0406.40)

Este é o tipo de queijo de massa meio dura, de maturação por fungos,fabricado, geralmente, com leite homogeneizado. Queijos de bolores azuissão cremosos ou esfarelados, de sabor picante e aroma forte.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

2003 2004 2005

Reino Unido Itália França Bélgica

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Tabela 7 - Importadores de queijos de pasta mofada (azul) (2004 a 2006).

Países 2004 2005 2006 Variação no Período

US$ mil % US$ % US$ % %

Alemanha 89.349 20,1 88.765 19,9 96.002 19,7 7,5Espanha 41.925 9,4 39.775 8,9 42.841 8,8 2,2Reino Unido 38.640 8,7 37.888 8,5 42.068 8,6 8,9Estados Unidos 35.916 8,1 36.028 8,1 39.067 8,0 8,8França 27.494 6,2 29.003 6,5 30.627 6,3 11,4Suécia 22.897 5,2 22.054 4,9 27.839 5,7 21,6Bélgica 21.886 4,9 20.992 4,7 21.467 4,4 -1,9Países Baixos 24.832 5,6 22.028 4,9 20.986 4,3 -15,5Suíça 17.684 4,0 17.245 3,9 17.502 3,6 -1,0Canadá 11.950 2,7 13.144 2,9 15.410 3,2 29,0Outros 111.470 25,1 119.456 26,8 132.940 27,3 19,3

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

O mercado de queijo de pasta mofada está concentrado na Europa.Considerando-se apenas os dez maiores importadores, os países europeusdetiveram, em 2006, 61,5% das importações mundiais. Fora os EstadosUnidos e o Canadá, com importações da ordem de 8,0% e 3,2% do mercadodesse produto, todos os demais são europeus. Esse mercado movimentoucerca de US$ 486 milhões de dólares em 2006 e cresceu em torno de 10%ao ano no período estudado.

A Dinamarca é grande fornecedora desse produto, detendo 44% domercado alemão, 23% do mercado do Reino Unido, 47% do mercado dosEstados Unidos e 16% do mercado espanhol. A Alemanha, além de grandeimportadora, é grande exportadora, detendo expressiva parcela dos mercadosda França, Espanha e Estados Unidos. Cabe destaque também para a Itáliaque tem seus produtos nos mercados da Alemanha, Reino Unido e França.

Os preços praticados no mercado de queijo pasta mofada podem servistos na Figura 8. Nota-se uma grande dispersão no período analisado, umavez que o preço mais baixo foi de US$ 5.360/t (Espanha, em 2005) e o maisalto foi US$ 8.321/t (Reino Unido, em 2006). A média de preços,considerando os cinco principais importadores, foi de US$ 6.507/t em 2004,a de 2005 foi de US$ 6.589/t e a de 2006 foi de US$ 6.701/t, sendo amédia no período estudado de US$ 6.599/t. O percentual de aumento dospreços praticados, considerando as médias dos períodos estudados e os preçospagos pelos cinco maiores importadores, foi de 3%.

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O comércio internacional de queijos

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Tabela 8 - Principais fornecedores de queijos pasta mofada.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas participações principais

fornecedores (%)

Alemanha Dinamarca (44,1%), Itália (26,0%) e França (24,3%) 94,4Espanha França (41,5%), Alemanha (33,5%) e Dinamarca (16,5%) 91,5Reino Unido França (33,9%), Itália (28,7%) e Dinamarca (23,5%) 86,1Estados Unidos Dinamarca (47,1%), Reino Unido(20,1%) e Alemanha(11,4%) 78,6França Itália (73,0%), Alemanha (11,5%) e Reino Unido (10,2%) 94,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 4 - Preços praticados no mercado de queijo pasta mofada.

A alíquota da União Européia para o mercado de queijos de pasta mofadaé de 140,9 EUR/100 kg/net (US$ 169,08) para os países considerados maisfavorecidos. A tarifa desse mercado para países considerados menosdesenvolvidos do sistema geral de preferência (GSP) e países outrosconsiderados preferenciais é zero.

O mercado norte-americano de queijos de massa mofada possui tarifasque vão de 2,7% para países considerados mais favorecidos até 35% paraos considerados menos favorecidos, dependendo do tipo de queijo em análise.Para o Nafta, em alguns acordos bilaterais e nos países menos desenvolvidosdo sistema geral de preferência (GSP), a alíquota é reduzida a zero.Dependendo do tipo de queijo, esse pode ter uma alíquota de US$ 226,90/100 kg para os favorecidos e US$ 267,00/100 kg para os demais países.

40 0 0

45 0 0

50 0 0

55 0 0

60 0 0

65 0 0

70 0 0

75 0 0

80 0 0

85 0 0

90 0 0

2 0 04 2 0 05 20 0 6

A le m a n ha E s p an h a Re in o U n id o E .U.A Fra n ç a

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Comércio internacional de lácteos

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O mercado japonês, para o caso dos queijos de pasta mofada, diferenciapaíses pertencentes ou não à OMC. A tarifa para os pertencentes à OMC éde 29,8% e para os não pertencentes é de 35%.

2.5 Outros queijos (SH6-0406.90)

Como a própria nomenclatura indica, nesta categoria estão reunidostodos os queijos que não foram enquadrados nos códigos anteriores.

A Alemanha é a grande importadora desse produto com 20,4% domercado em 2006. Este é um mercado altamente concentrado onde os cincomaiores importadores respondem por mais de 50% e os dez maiores pormais de 70% das importações realizadas no período considerado.

Além de concentrado, o mercado é também europeu. Estados Unidos eJapão, únicos países não-europeus que figuram entre os dez maiores importadores,perfazem juntos 11,9% desse mercado, o que deixa aos países europeus mais de60% de todas as importações de produtos na categoria outros queijos.

Tabela 9 - Importadores de outros queijos (2004 a 2006).

Países 2004 2005 2006Variação no

Período

US$ % US$ % US$ % %

Alemanha 2.123.832 20,4 2.055.031 18,8 2.381.888 20,4 12,2Estados Unidos 922.147 8,9 946.781 8,7 968.169 8,3 5,0Itália 1.016.862 9,8 985.357 9,0 957.635 8,2 -5,8Reino Unido 853.319 8,2 922.020 8,4 920.661 7,9 7,9Bélgica 696.062 6,7 727.468 6,6 756.439 6,5 8,7França 562.513 5,4 601.887 5,5 695.115 6,0 23,6Rússia 391.343 3,7 571.285 5,2 499.120 4,3 27,5Espanha 480.036 4,6 462.632 4,2 494.513 4,2 3,0Japão 408.952 3,9 426.157 3,9 419.334 3,6 2,5Países Baixos 390.775 3,8 382.922 3,5 412.660 3,5 5,6Outros 2.573.867 24,6 2.868.946 26,2 3.148.974 27,0 22,3

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

A França é uma importante exportadora desse produto para os cincoprincipais países importadores. A Alemanha, além de ser a maior importadora,é grande exportadora. Destaque deve ser dado também aos Países Baixos,que exportam para Alemanha, Itália, Reino Unido e Bélgica.

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O comércio internacional de queijos

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Tabela 10 - Principais fornecedores de outros queijos.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas participações principais

fornecedores (%)

Alemanha Países Baixos (32,8%), França (25,5%) e Dinamarca (8,5%) 66,8Estados Unidos Itália (25,1%), França (14,0%) e Nova Zelândia (8,2%) 47,3Itália Alemanha (49,4%), França (12,9%) e Países Baixos (9,8%) 72,1Reino Unido Irlanda (34,3%), França (19,3%) e Países Baixos (10,9%) 64,5Bélgica Países Baixos (39,6%), França (32,1%) e Alemanha (14,1%) 85,8

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Os preços praticados no mercado de outros queijos podem ser vistosna Figura 10. Nota-se dispersão, especialmente no último ano. O preço maisbaixo no período considerado foi de US$ 4.177/t (Estados Unidos em 2004)e o mais alto foi US$ 5.325/t (Alemanha em 2005). A média de preços,considerando os cinco principais importadores, foi de US$ 4.714/t em 2004,a de 2005 foi de US$ 4.793/t e a de 2006 foi de US$ 4.791/t, sendo amédia no período estudado de US$ 4.766/t. O percentual de aumento dospreços praticados, considerando as médias dos períodos estudados e os preçospagos pelos dez maiores importadores, foi de cerca de 1%.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 5 - Preços praticados no mercado de outros queijos.

A alíquota da União Européia (considerando Alemanha, Bélgica, Françae Itália) para o mercado da categoria outros queijos varia de 151,00 EUR/100kg/net (US$ 181,02) para os países considerados mais favorecidos e de 221,20

3 . 00 0

3 . 50 0

4 . 00 0

4 . 50 0

5 . 00 0

5 . 50 0

20 0 4 20 0 5 2 0 0 6

A le m a n h a E . U .A . I tá lia R e i no U n id o B é lg i ca

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Comércio internacional de lácteos

68

EUR/100 kg/net (US$ 265,44) para os países considerados menos favorecidos.A tarifa desse mercado para países considerados menos desenvolvidos dosistema geral de preferência (GSP) e países outros considerados preferenciaisé zero. As alíquotas variam conforme o queijo em questão, sendo as maiscomuns a tarifa de 151,00 EUR/100 kg/net (US$ 181,02) e de 171,70 EUR/100 kg/net (US$ 206,04). Queijos tais como o Edam, Provolone, Gouda, Saint-Paulin, Camembert, Brie possuem tarifas de 151,00 EUR/100 kg/net.

O mercado norte-americano para a categoria outros queijos possuitarifas que vão de 1,8% para países considerados mais favorecidos até 35%para os considerados menos favorecidos, dependendo do tipo de queijo emanálise. Para o Nafta, em alguns acordos bilaterais e nos países menosdesenvolvidos do sistema geral de preferência (GSP), a alíquota é reduzida azero. Queijos tais como o Edam e Provolone possuem tarifa de 35%, Gouda eSaint-Paulin têm alíquota de US$ 122,70/100 kg para os países maisfavorecidos e de US$ 144,30/100 kg para os menos favorecidos; para oCamembert a tarifa para os mais favorecidos é de 10% e para as naçõesmenos favorecidas é de 35%; Brie tem alíquota de US$ 105,50/100 kg paraos países mais favorecidos e de US$ 124,10/100 kg para os menos favorecidos.

O mercado japonês, para o caso de outros queijos, diferencia paísespertencentes ou não à OMC. A tarifa para os pertencentes é de 29,8% epara os não pertencentes de 35%.

3 Comentários finais

Esse capítulo apresenta alguns números do mercado internacional dequeijos no período de 2004 a 2006. São mostrados os valores monetáriostransacionados, os principais players, os preços praticados e as tarifas daUE, Estados Unidos e Japão, para toda as categorias de queijos, considerandoo Sistema Harmonizado.

O mercado de queijos se destaca pelo maior volume financeiro nocômputo geral do mercado de lácteos, com volumes que atingiram US$ 48bilhões, no período de estudo. Por possuir uma variedade muito grande deprodutos, a categoria ‘outros queijos’ é a que movimenta maiores volumesfinanceiros, atingindo, no período estudado, US$ 33 bilhões. Os principaisplayers desse mercado são os países europeus que se destacam como grandesimportadores e grandes exportadores. Eles dominam mais de 50% domercado de queijos, considerando o agregado do mercado, ou cada mercadode queijo separadamente.

Os preços praticados têm grande dispersão, havendo tendência deredução da dispersão e de concentração em patamares mais elevados. Essa

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O comércio internacional de queijos

69

performance foi observada no período estudado. O mercado de lácteos é umdos mais bem protegidos. Destaque se faz para a UE onde um sistema deproteção garante aos membros do bloco livre comércio e domínio absolutoem seus territórios.

Referências bibliográficas

ALMANAQUE ABRIL. São Paulo: Abril, 2005. CD-Rom.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Disponível em: <www5.bcb.gov.br/pec/conversao/conversao.asp? id=txconversao>. Acesso em: 10 nov. 2005.

COMTRADE - Disponível em :<http://comtrade.un.org/db>. Acesso em:25 fev. 2008

FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS.Disponível em: <www.fao.org>. Acesso em: 05 nov. 2005.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA - IBGE. Disponível em:<www.ibge.gov.br>. Acesso em: 17 out. 2005.

MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR- MDIC. Disponível em: <www.desenvolvimento.gov.br/sitio/inicial/index.php>. Acesso em: 13 out. 2005.

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O COMÉRCIO INTERNACIONAL DE IOGURTE

José Luiz Bellini Leite1

Kennya Beatriz Siqueira2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

Lucas Oliveira de Sousa5

1 Introdução

O comércio internacional de lácteos é reduzido visto que apenas 7%do total produzido são negociados internacionalmente, segundo OCDE (2005).Um dos determinantes desta situação é o fato de o setor lácteo ser subsidiadona produção e na comercialização, notadamente pelos principais mercadosconsumidores (Bailey, citado por Martins, 2004).

As especificações utilizadas para os produtos lácteos neste capítuloestão de acordo com o Sistema Harmonizado de Designação e de Codificaçãode Mercadorias, ou simplesmente Sistema Harmonizado (SH6) e com aNomenclatura Comum do Mercosul (NCM7).

Segundo o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e ComércioExterior (MDIC), no período de 2000 a 2004 foram exportados pelos paísesUS$ 126,5 bilhões de leite e derivados, com destaque para os queijos (43,7%),o leite em pó (18,1%) e a manteiga (11,4%). Leites e cremes de leitefermentados ou acidificados (SH4-04.03) participaram com 6,2% dessemercado, por meio de duas subposições: iogurte, mesmo aromatizado ouadicionado de açúcar ou de outros edulcorantes, de frutas ou de cacau (SH6-0403.10) e outros fermentados ou acidificados, que compreendem leitelho,

1 Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected] Aluno da Universidade Federal de Viçosa e estagiário da Embrapa Gado de Leite6 Sistema Harmonizado - codificação de produtos. O número indica a quantidade de dígitos em

que o código está agregado. Do SH2 até o SH6, a codificação tem padrão mundial. Do SH8 emdiante, a codificação é convencionada por cada país.

7 Nomenclatura Comum do Mercosul - A NCM é composta de oito dígitos, sendo os seisprimeiros formados pelo Sistema Harmonizado (capítulo, posição e subposição), e os doisúltimos (item e subitem), criados de acordo com a definição estabelecida entre os países doMercosul. A classificação das mercadorias na NCM rege-se pelas Regras Gerais para aInterpretação do Sistema Harmonizado.

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Comércio internacional de lácteos

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leite, creme de leite, coalhados, quefir e outros leites e cremes de leite,fermentados ou acidificados, mesmo concentrados, adocicados ouaromatizados (SH6-04.03.90).

O mercado brasileiro de leites e cremes de leite fermentados ouacidificados é essencialmente doméstico, haja vista o volume comercializadointernacionalmente. Porém, a crescente demanda mundial por esses produtose a constante pressão pela diminuição das barreiras comerciais vigentessurgem como incentivos para o crescimento do Brasil neste mercado.

O presente capítulo analisa os aspectos relacionados ao comérciointernacional de leites e cremes de leite fermentados ou acidificados,destacando os principais países, os volumes financeiros, os preçosinternacionais e as principais medidas tarifárias. Os dados foram extraídosdos sistemas Comtrade e AliceWeb (MDIC).

2 O mercado de leites e cremes de leite fermentados ouacidificados

O mercado internacional para leites e cremes de leite fermentados ouacidificados tem nos países da União Européia os maiores exportadores eimportadores. A concentração deste mercado é uma característica dosmercados dos produtos lácteos, o qual se resume a poucos países,notadamente aqueles de elevada renda. Os países da UE se destacam nomercado do iogurte e de outros fermentados ou acidificados.

2.1 Importações

Na Tabela 1 estão representados os valores (US$ Mil FOB) dasimportações dos quinze maiores mercados compradores de iogurte e suasrespectivas participações nas importações mundiais para o período de 2004 a2006. Nota-se que a grande maioria dos países ampliou suas importações, oque resultou num incremento do total importado mundialmente de US$ 266milhões, representando um aumento de 17,8% em valores nominais.

A concentração do mercado de iogurte pode ser notada por meio dosdados da Tabela 1. Durante o período analisado, os dez maiores compradoresmantiveram participações superiores a 70% do total importado. Há de seressaltar também a predominância dos países da União Européia (UE) que,juntos, foram responsáveis, em 2006, por 85,6% das importações mundiais,provenientes, na quase totalidade, de países também integrantes desse blocoeconômico.

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O comércio internacional de iogurte

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Tabela 1 - Importações de iogurte.

2004 2005 2006

US$ Part. US$ Part. US$ Part.(Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%)

Mundo 1.497.131 100 1.618.483 100 1.763.349 100Espanha 186.175 12,4 217.274 13,4 240.488 13,6Reino Unido 256.260 17,1 230.104 14,2 224.749 12,7Itália 137.268 9,2 158.493 9,8 172.964 9,8Alemanha 159.372 10,6 159.948 9,9 158.582 9,0Portugal 115.594 7,7 140.769 8,7 137.597 7,8Bélgica 128.015 8,6 125.742 7,8 127.844 7,3Países Baixos 92.541 6,2 90.111 5,6 98.102 5,6França 80.535 5,4 88.933 5,5 97.045 5,5Irlanda 50.793 3,4 63.384 3,9 86.752 4,9Suécia 37.281 2,5 43.481 2,7 57.316 3,2Áustria 36.643 2,4 36.740 2,3 43.619 2,5Estados Unidos 13.346 0,9 20.292 1,3 27.014 1,5Finlândia 16.144 1,1 17.112 1,1 23.550 1,3Eslováquia 8.327 0,6 14.426 0,9 22.176 1,3Dinamarca 16.307 1,1 20.620 1,3 20.210 1,1

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

A Tabela 2 apresenta os três mais importantes fornecedores de iogurtepara os cinco maiores países importadores de acordo com a Tabela 1. O comércioregional entre os países da UE mostra-se evidente na Tabela 2.

Tabela 2 - Importadores e principais fornecedores de iogurte.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas importações principais

fornecedores (%)

Espanha França (52,3%), Alemanha (33,6%) e Áustria (13,4%) 99,3Reino Unido França (45,9%), Alemanha (28,2%) e Grécia (8,2%) 82,3Itália Alemanha (56,1%), Áustria (20,1%) e França (14,4%) 90,6Alemanha Bélgica (43,2%), Áustria (41,5%) e Luxemburgo (4,1%) 88,8Portugal Espanha (57,1%), França (25,2%) e Alemanha (16,0%) 98,3

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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Comércio internacional de lácteos

74

Com relação aos outros fermentados ou acidificados, algumasdiferenças são observadas se comparados ao iogurte (Tabela 3). Entre elasestá uma menor participação dos países europeus compondo o bloco dosquinze maiores importadores. Contudo, esse também é um mercadoconcentrado, pois em 2006, 81% de todas as importações mundiais foramrealizadas por apenas 15 países.

Em 2006, apesar de dois dos quinze maiores importadores de outrosfermentados ou acidificados reduzirem suas importações em relação aosanos anteriores, houve um aumento de 29,4% do total das importaçõesmundiais comparadas ao ano de 2004. Pela Tabela 3 não é possível seobservar um comportamento padrão dos países com relação a suaparticipação no total importado, visto que uns elevaram sua participação,outros diminuíram e outros apresentaram comportamento oscilatório. Os dezmaiores países importadores somaram 72% de todos os outros fermentadosou acidificados importados no mundo em 2006.

Tabela 3 - Importações de outros fermentados ou acidificados.

2004 2005 2006

US$ Part. US$ Part. US$ Part.(Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%)

Mundo 775.772 100 908.383 100 1.003.780 100Reino Unido 124.636 16,1 174.851 19,2 208.974 20,8França 95.411 12,3 90.243 9,9 94.216 9,4Itália 56.565 7,3 63.526 7,0 81.686 8,1Países Baixos 56.995 7,3 68.495 7,5 79.600 7,9Bélgica 38.703 5,0 53.295 5,9 62.520 6,2Alemanha 63.627 8,2 54.890 6,0 55.062 5,5Espanha 42.619 5,5 42.520 4,7 46.912 4,7Portugal 27.710 3,6 30.992 3,4 38.189 3,8Tailândia 25.916 3,3 28.618 3,2 30.634 3,1Rep. Tcheca 19.695 2,5 25.147 2,8 25.496 2,5Casaquistão 6.715 0,9 14.282 1,6 23.501 2,3Arábia Saudita 10.722 1,4 19.001 2,1 20.844 2,1México 16.442 1,9 24.762 2,7 19.318 1,9Hungria 11.621 1,5 14.605 1,6 14.435 1,4Áustria 8.228 1,1 14.237 1,6 13.300 1,3

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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O comércio internacional de iogurte

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Da mesma forma que para o iogurte, para os outros fermentados ouacidificados a situação quanto ao abastecimento dos cinco maiores mercadosimportadores permanece (Tabela 4). Todos os principais fornecedores sãotambém integrantes da UE, com destaque para a Alemanha que se mostroucomo um grande fornecedor para todos os países da Tabela 4.

Tabela 4 - Importadores e principais fornecedores de outros fermentados ouacidificados.

Participação dosPaís Importador Principais fornecedores e suas importações principais

fornecedores (%)

Reino Unido França (47,8%), Bélgica (25,1%) e Alemanha (13,0%) 85,9França Bélgica (39,6%), Alemanha (25,8%) e Espanha (15,9%) 81,3Itália Polônia (30,3%), Espanha (22,5%) e Alemanha (20,5%) 73,3Países Baixos Alemanha (41,6%), Bélgica (33,5%) e França (7,0%) 82,1Bélgica França (36,5%), Alemanha (28,7%) e Países Baixos (22,9%) 88,1

Fonte: Comtrade.Elaborado pelos autores.

2.2 Exportações

As exportações mundiais de iogurte realizadas de 2004 a 2006 estãorepresentadas na Tabela 5. Assim como nas importações, os países europeusdominam o fornecimento mundial de iogurte, o que sugere a existência deum estreito fluxo comercial entre os países membros da União Européia,como evidenciado no item anterior.

Neste mercado extremamente concentrado, dos quinze maioresexportadores em 2006, quatorze são europeus. Em 2006, os cinco primeirospaíses no ranking foram responsáveis por 71,9% das exportações mundiais.Alemanha e França merecem destaque como grandes exportadores duranteo período analisado. No ano de 2006, 82 países foram responsáveis porexportações de quantias maiores ou iguais a US$ 1.000.

No que diz respeito aos outros fermentados ou acidificados, o cenáriode exportações não difere muito do que foi visto até o momento. A Tabela 6indica a forte presença de países da União Européia (UE) entre os quinzemaiores exportadores. Todavia aqui aparecem com destaque a Nova Zelândiae a Austrália. Estes atuam principalmente no fornecimento de lácteos parapaíses não-europeus, uma vez que, como foi dito, a UE trabalha em bloco,privilegiando essencialmente o comércio regional.

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Comércio internacional de lácteos

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Tabela 5 - Exportações de iogurte.2004 2005 2006

US$ Part. US$ Part. US$ Part.(Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%)

Mundo 1.387.869 100 1.597.136 100 1.665.740 100Alemanha 362.823 26,1 495.400 31,0 446.567 26,8França 339.626 24,5 365.532 22,9 381.956 22,9Áustria 138.275 10,0 151.641 9,5 190.222 11,4Espanha 95.325 6,9 135.258 8,5 110.680 6,6Bélgica 83.762 6,0 75.048 4,7 69.536 4,2Grécia 49.038 3,5 45.472 2,8 59.064 3,5República Tcheca 12.417 0,9 22.402 1,4 49.975 3,0Reino Unido 37.935 2,7 42.617 2,7 46.331 2,8Arábia Saudita 36.178 2,6 34.008 2,1 36.889 2,2Polônia 20.571 1,5 28.135 1,8 30.095 1,8Dinamarca 10.151 0,7 22.679 1,4 26.372 1,6Finlândia 21.529 1,6 19.503 1,2 18.689 1,1Eslováquia 5.867 0,4 14.334 0,9 18.156 1,1Rússia 10.285 0,7 10.660 0,7 17.566 1,1Suíça 49.272 3,6 16.338 1,0 16.219 1,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 6 - Exportações de outros fermentados ou acidificados.2004 2005 2006

US$ Part. US$ Part. US$ Part.(Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%) (Mil FOB) (%)

Mundo 992.700 100 1.151.593 100 1.298.454 100Alemanha 245.900 24,8 158.947 22,5 274.612 21,1Bélgica 204.934 20,6 265.671 23,1 270.685 20,8França 55.306 10,8 86.063 7,5 138.548 10,7Países Baixos 23.800 2,4 61.419 5,3 82.080 6,3Nova Zelândia 66.016 6,7 76.578 6,6 78.010 6,0Espanha 63.303 6,4 65.041 5,6 77.960 6,0Polônia 21.371 2,2 36.561 3,2 52.699 4,1Áustria 51.405 5,2 51.672 4,5 48.051 3,7Austrália 71.265 7,2 47.010 4,1 36.499 2,8Irlanda 25.013 2,5 33.100 2,9 31.160 2,4Rússia 23.788 2,4 24.535 2,1 28.124 2,2Lituânia 9.778 1,0 12.251 1,1 15.016 1,2Dinamarca 12.986 1,3 12.527 1,1 14.513 1,1Finlândia 5.147 0,5 10.048 0,9 12.859 1,0Reino Unido 8.969 0,9 11.112 1,0 12.814 1,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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O comércio internacional de iogurte

77

2.3 Preços internacionais

Os preços nominais em US$ FOB por tonelada para os cinco maiorespaíses importadores de cada uma das duas subposições aqui discutidas estãorepresentados nas Tabelas 7 e 8. A primeira diz respeito ao iogurte e mostraque, no período de 2004 a 2006, houve uma variação de 3,9% no preçomédio do período. No decorrer destes três anos o preço médio de cada paísteve aumentos, porém em níveis diferentes. A Itália foi o mercado queapresentou maior variação: 13,7%, porém esta foi uma variação negativa,ao contrário dos outros países. A maior elevação ocorreu no preço do iogurtedo Reino Unido: 12,4%. Este também foi o país que apresentou os preçosmais elevados no período.

Os Estados Unidos, décimo segundo país na lista dos quinze maioresimportadores, apresentaram preços de compra bastante superiores aospagos pelos europeus. Tal fato pode ser resultado das políticas comerciaisadotadas pela UE que beneficiam os países membros em detrimento dosdemais. De acordo com a teoria econômica, isto também pode ser resultadodo fato de que os maiores importadores (países europeus) compramquantidades bem maiores que os Estados Unidos e, com isso, conseguempreços menores. Segundo o Comtrade (2008), os EUA pagaram US$ 3.532,33pela tonelada importada de iogurte em 2006, enquanto a média para oscinco maiores importadores, todos os membros da UE, neste mesmo ano,foi de US$ 1.343,97.

Tabela 7 - Preços internacionais de iogurte.

Países Importadores Preço Médio (US$ FOB/Tonelada) Variação(%)

2004 2005 2006 Média

1 Espanha 1.187,64 1.223,73 1.304,72 1.238,70 9,82 Reino Unido 1.415,17 1.494,10 1.590,31 1.499,86 12,43 Itália 1.375,78 1.409,10 1.187,12 1.324,00 13,74 Alemanha 1.294,60 1.319,01 1.371,25 1.328,29 5,95 Portugal 1.195,53 1.283,25 1.266,44 1.248,41 5,9Média Geral 1.293,69 1.345,84 1.343,97 1.327,83 4,1

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

A média dos preços praticados nos três períodos em análise para outrosfermentados ou acidificados foi de US$ 1.274,86 (Tabela 8). O Reino Unidofoi o país que obteve maior variação positiva durante os três anos, 9,5%.

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Comércio internacional de lácteos

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Tabela 8 - Preços internacionais de outros fermentados ou acidificados.

Países Importadores Preço Médio (US$ FOB/ Tonelada) Variação(%)

2004 2005 2006 Média

1 Reino Unido 1.428,46 1.574,91 1.563,68 1.522,35 9,52 França 1.331,99 1.311,81 1.418,50 1.354,10 6,53 Itália 1.446,32 1.385,55 1.482,13 1.438,00 2,54 Países Baixos 1.075,32 1.112,70 1.174,55 1.120,86 9,25 Bélgica 1.006,23 805,81 1.005,01 939,02 -0,1Média Geral 1.257,66 1.238,15 1.328,77 1.274,86 5,5

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

A Bélgica foi o único país entre os cinco maiores importadores aapresentar variação negativa dos preços pagos no decorrer do períodoanalisado. No entanto, a variação negativa no preço médio da Bélgica foibem pequena: 0,1%.

3 Políticas comerciais

O leite é produzido em todos os paises do mundo e políticas de intervençãoespecíficas são adotadas, visando à preservação da saúde e/ou à renda dos consu-midores, ou à proteção de interesses de agentes que participam da cadeiaprodutiva, principalmente os produtores (Martins, 2004). Como visto nos dadosapresentados e discutidos, o comércio internacional de leites e cremes de leitefermentados ou acidificados é bastante concentrado e apresenta diferentes níveisde preços internacionais principalmente em função das políticas protecionistasadotadas pelos diversos países integrantes deste mercado. Segundo Santo e Netto(2002), o mercado mundial de produtos lácteos está entre os mais distorcidos domundo, ocupando o primeiro lugar no quesito subsídios às exportações.

No comércio de lácteos são adotados três tipos de políticas comerciais,a saber: políticas domésticas, de importação e de exportação. O modo comoessas medidas são aplicadas influi diretamente numa maior ou menorintegração entre os demais países, afetando não apenas os volumesimportados e exportados, como também os níveis de produção e rendainternos que indiretamente impactam o comércio internacional. SegundoBrandão e Leite (2002), as políticas comerciais contribuem para explicar abaixa participação dos países em desenvolvimento no comércio internacional.

Com relação ao mercado de leites e cremes de leite fermentados ouacidificados, algumas medidas protecionistas são tomadas pelos principais

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O comércio internacional de iogurte

79

países importadores, porém não tão intensas quanto às relacionadas a outrosderivados lácteos, como, por exemplo, a manteiga e o leite em pó.

3.1 Barreiras tarifárias

As barreiras tarifárias são conceituadas como a incidência de tarifassobre a importação de produtos. Aqui foram consideradas as tarifas deimportação para os cinco maiores países importadores de iogurte e de outrosfermentados ou acidificados, sendo os países europeus membros da UniãoEuropéia (UE) agrupados, já que adotam uma política comercial comum.

No caso do iogurte como todos os cinco maiores países importadoressão membros da UE foram consideradas as tarifas de importaçãodeterminadas por ela. Esta subposição é subdividida em vinte e quatrodiferentes subitens que apresentam tarifas específicas e mistas. As tarifasespecíficas (fixadas e cobradas por unidade do bem importado) variam de12,4 a 168,8 EUR/100Kg/líquido. As mistas de 6,6% + 9,9 a 8,3% + 168EUR/100 kg/líquido de acordo com cada subitem e suas especificidades.

Para outros fermentados ou acidificados, a exemplo do caso do iogurte,todos os cinco maiores importadores mundiais são pertencentes à UEtrabalhando, portanto, com a mesma política comercial. Este produto ésubdividido em trinta subitens que possuem tarifas que podem ser específicase mistas. As específicas variam de 12,4 a 167,2 EUR/100 kg/líquido e asmistas de 6,6%+ 9,9 a 8,3% + 168,8 EUR/100 kg/líquido, dependendo decada subitem e suas especificidades.

Atualmente, negociações junto à OMC visam à redução de barreirastarifárias impostas, principalmente, pela UE e pelos EUA, objetivando melhoriade acesso aos mercados. Com isso pode haver uma tendência dessesmercados de reforçar as medidas não-tarifárias buscando dificultar o acessoa seus mercados.

4 O Brasil no comércio internacional de leites e cremes deleite fermentados ou acidificados

O comércio mundial de leites e cremes de leite fermentados ouacidificados movimentou em 2005, entre importações e exportações, cercade US$ 4,9 bilhões. No Brasil, nesse mesmo período, a corrente de comérciofoi de US$ 2,5 milhões.

Os resultados da balança comercial brasileira de leites e cremes de leitefermentados ou acidificados para o período de 2000 a 2006 estão disponíveisna Tabela 9. Os saldos totais (E - I) para a posição são positivos nos anos de

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Comércio internacional de lácteos

80

2000, 2001, 2004, 2005 e 2006. Em 2002, o valor nominal exportado deoutros fermentados ou acidificados não foi suficientemente grande para impediro déficit na balança comercial, em razão da quantia importada deste mesmoproduto. O valor importado de outros fermentados ou acidificados também geroudéficit em 2003, já que a quantidade importada de iogurte foi insignificante,além de ter contribuído para o reduzido superávit alcançado em 2004, 2005 e2006, anos em que não houve importação de iogurte.

Tabela 9 - Importações (I) e exportações (E) brasileiras de iogurte e outrosfermentados ou acidificados – US$ FOB.

Descrição

Iogurte Outros fermentados ou acidificados Total

E I E - I E I E - I E I E - I

2000 299.031 65.363 233.668 869.290 628.166 241.124 1168.321 693.529 474.7922001 611.294 62.305 548.989 4.407.005 560.659 3.846.346 5018.299 622.964 4.395.3352002 154.280 864 -709.72 5.722.713 8.516.824 -2.794.111 5876.993 9.380.824 -3.503.8302003 151.156 44 107.156 1.518.992 3.692.929 -2.173.937 1670.148 3.736.929 -2.066.7802004 101.875 0 101.875 1.748.273 1.410.665 337.608 1850.148 1.410.665 439.4832005 172.706 0 172.706 1.394.087 982.839 411.248 1566.793 982.839 583.9542006 1.743 0 1.743 1.252.777 1.221.800 30.977 1254.52 1.221.800 32.720

Fonte: MDIC – AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Pelo resultado da balança comercial brasileira nos últimos sete anos,não é possível se verificar uma tendência precisa para o mercado de iogurtee outros fermentados e acidificados. De acordo com MDIC (2007),atualmente, quatro países atuam no fornecimento de iogurte e outrosfermentados ou acidificados para o mercado brasileiro. São eles: Alemanha,Argentina, Nova Zelândia e Uruguai. Entretanto, as importações brasileirasestão concentradas em dois países, a Nova Zelândia e o Uruguai, com visíveldestaque para o segundo. Em 2006, a Nova Zelândia obteve 30,2% dessemercado, enquanto o Uruguai, 67,4%, e os outros países acima citados,apenas 2,4%. Vale ressaltar também que apenas os outros fermentados ouacidificados correspondem a 100% dos produtos importados pertencentes àposição SH4-04.03, no ano de 2006. Como mostrado na Tabela 9, nesteano, o iogurte nem sequer esteve incluso na pauta de importações brasileira.

No conjunto de vinte e nove mercados compradores de iogurte e outrosfermentados ou acidificados do Brasil, poucos se destacam como expressivos,conforme apresentado na Figura 1. As remessas brasileiras destes produtosdestinaram-se primordialmente à Argentina que neste período adquiriu quase80% de nossas vendas, seguida por EUA (6%), México (4%), Uruguai (4%)e os demais países compradores (6%).

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O comércio internacional de iogurte

81

Assim como nas importações, os outros fermentados ou acidificadossão o motor das exportações respondendo por 91% do total exportado peloBrasil no período analisado contra apenas 9% do iogurte.

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Principais compradores de leites e cremes de leite fermentados ouacidificados do Brasil.

4.1 Importações

As importações brasileiras de iogurte são pequenas. Num períodoconsiderável de sete anos, o total importado deste produto somou a irrisóriaquantia nominal de US$ 129 mil. Deste total 99% corresponderam àscompras realizadas nos anos de 2000 e 2001. Nos anos de 2003, 2005 e2006 nada foi importado, conforme Tabela 10.

No acumulado do período, os Estados Unidos aparecem em primeirolugar, seguido do Uruguai com 59% e Espanha com 30% de participação.Cabe destacar que o Chipre foi responsável por 100% do iogurte importadono ano de 2002. É notável também a irrelevância da Nova Zelândia,destacado mercado exportador de lácteos, que nesse contexto não foiresponsável por nem sequer 1% do total importado.

São sete os fornecedores de outros fermentados ou acidificados para oBrasil, conforme mostrado na Tabela 11. A Nova Zelândia ocupa a primeiraposição no acumulado dos seis anos analisados. Destaque para o Uruguai, ausentedo mercado brasileiro entre os anos de 2000 a 2003, mas que nos anos de2004, 2005 e 2006 passou a ser o principal fornecedor brasileiro comrepresentatividade de 48,0%, 50,9% e 67,4%, respectivamente. Comparticipações em todo o período analisado, a Alemanha confirma sua importância,no entanto demonstrou comportamento irregular no decorrer dos anos.

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Argentina Cuba Estados Unidos Paraguai Uruguai Venezuela

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Comércio internacional de lácteos

82

Tabela 10 - Fornecedores de iogurte e suas participações no mercadobrasileiro.

Países2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

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Classificação com base no acumulado dos anos de 2000 a 2006.Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.

4.2 Exportações

O iogurte brasileiro foi comercializado em dez países entre os anos2000 e 2006 (Tabela 12). A maioria destes mercados apresentoucomportamento inconstante com relação à compra deste produto. O númeromáximo de clientes se deu em 2001 e 2004, com cinco compradores. Em2006, porém, o iogurte brasileiro foi exportado apenas para a China.

A Argentina aparece em primeiro lugar com relação ao acumuladoexportado no período em função de duas grandes compras nos anos 2000 e2001, mas a partir de 2002 não mais integrou a lista de países compradores.Os EUA oscilaram em termos de participação, alcançando aumentosignificativo de 400% de 2000 a 2005. O Paraguai chegou a comprar, em2002, 55% do iogurte brasileiro exportado. Em 2005, porém, participou comapenas 2,5% do total exportado. Os demais países integrantes da carteira declientes do Brasil atuaram apenas uma ou duas vezes na compra deste produto.

As exportações brasileiras de outros fermentados ou acidificadosmovimentam quantias mais expressivas que as de iogurte. Os seis primeirospaíses da lista, com exceção do México, aparecem como compradores emtodos os períodos analisados. Existe certa oscilação com relação àparticipação no volume total exportado, contudo, destaca-se a constantepermanência da Argentina como maior importador durante os seis anos. OMéxico aparece apenas em 2004, quando demonstra bastante relevância.Os dados da Tabela 13 mostram que apesar de ser composta por vinte eoito países, a carteira de clientes do Brasil é claramente irregular econcentrada. Do total de mercados compradores doze compraram apenasuma única vez e seis apenas duas vezes.

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O comércio internacional de iogurte

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5 Comentários e conclusões

Fortemente concentrado nos países membros da União Européia, ocomércio internacional de iogurte e outros fermentados ou acidificadosdestaca a Nova Zelândia e a Austrália como importantes exportadoreslíquidos, atuando, principalmente, no fornecimento dos países não-europeus.

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Comércio internacional de lácteos

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O comércio internacional de iogurte

85

O emprego de políticas comerciais protecionistas, tanto internas comoexternas, gera um ambiente de competitividade artificial que coopera para aconcentração e distorção do mercado e prejudica o acesso de novosentrantes, principalmente, os países em desenvolvimento. Os global traders,principais integrantes do comércio internacional, insistem no bloqueio deseus mercados, contradizendo a abertura comercial, um princípio básico doprocesso de globalização para maior integração mundial.

Concluiu-se que o comércio brasileiro de leites e cremes de leitefermentados ou acidificados é reduzido e 95% dele corresponde a outrosfermentados ou acidificados e no total responde por menos de 1% dos valoresmovimentados mundialmente. Ainda assim, o Brasil encontra-se na décimasexta posição no ranking dos maiores exportadores líquidos, tendo comoprincipal cliente a Argentina, destino de 79% das vendas brasileiras de iogurtee outros fermentados ou acidificados. Os saldos das balanças comerciaisbrasileiras para esse mercado foram deficitários em 2002 e 2003 em funçãodas importações de outros fermentados ou acidificados.

Este é um mercado que dispõe de reais condições para expansão casohaja avanços nas negociações pela redução das políticas protecionistas,externas e internas, que conseqüentemente ampliaria as fronteiras comerciaisgerando um ambiente economicamente eqüitativo, beneficiando,principalmente, países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

Referências bibliográficas

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Comércio internacional de lácteos

86

de lácteos. O Agronegócio do Leite e Políticas Públicas para o seuDesenvolvimento Sustentável. Embrapa Gado de Leite. Juiz de Fora. 2002.180-193.

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Page 87: Comércio Internacional de Lácteos

O COMÉRCIO INTERNACIONAL DESORO DE LEITE

José Luiz Bellini Leite1

Kennya Beatriz Siqueira2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. S. Fortes4

1 Introdução

O mercado internacional de produtos lácteos é pequeno, sendo somente7% do total do leite produzido pelo mundo comercializado internacionalmente,segundo a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).A dificuldade de crescimento do comércio internacional desses produtos podeser explicada pelo fato de este mercado estar entre os mais distorcidos domundo, ocupando o primeiro lugar em subsídios às exportações (Santo & Netto,2002). De acordo com Santo & Netto (2002), apud Jachnik (1996), vale ressaltarque mais de um terço do que é considerado comércio internacional é realizadosob o contexto de acordos bilaterais entre países industrializados.

Dos US$ 119 bilhões movimentados no comércio internacional de leitee derivados para o período de 2003 a 2005, destacam-se como principaisprodutos os queijos, o leite em pó, o leite in natura e a manteiga. O soro deleite movimentou aproximadamente US$ 3,6 bilhões, correspondendo a apenas3% do mercado internacional de leites e derivados no período considerado.De acordo com as especificações do Sistema Harmonizado, o soro de leiteestá na posição 04, inserido no capítulo 04 do sistema (SH6-0404.10).

O mercado brasileiro de soro de leite é considerado essencialmentedoméstico, pouco se destacando no mercado internacional. Nas exportaçõesmundiais, o Brasil encontra-se na posição 68 entre os maiores exportadores.Já nas importações, o Brasil encontra-se na 19ª. posição, indicando um grandedéficit na balança comercial, de aproximadamente US$ 50 milhões.Considerando os dados deste trabalho, não é possível determinar umatendência clara em sua evolução. Em relação aos produtos lácteos, o Brasilmudou seu status de importador para exportador líquido pela primeira vez no

1 Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

88

ano de 2004. Este fato cria expectativas otimistas para o desenvolvimentode um mercado internacional para o soro de leite brasileiro.

O presente capítulo analisa os aspectos relacionados ao comérciointernacional de soro de leite, apontando os principais atores, os volumesfinanceiros, os preços internacionais e as principais medidas tarifárias e não-tarifárias. Ele teve como base os dados oficiais apresentados pelo sistemaComtrade, para os anos de 2004 a 2006 e o sistema Aliceweb.

2 O mercado do soro de leite

Assim como o mercado de lácteos, o mercado internacional para osoro de leite é um mercado concentrado. Isto se deve principalmente aospaíses membros da União Européia, que respondem por mais de 55% dasimportações mundiais. Grande parte desse mercado também se encontraconcentrada em outros países importadores, como a China, e exportadores,como os Estados Unidos.

2.1 Importações

Na Tabela 1 têm-se os valores das importações dos quinze maiorespaíses importadores de soro de leite bem como a participação de cada umdeles nas importações mundiais para o período de 2004 a 2006. Nota-seque estas tiveram um comportamento positivo entre os anos de 2004 e2005, havendo um acréscimo nas importações de 63% no período,equivalente a US$ 705 milhões.

Estes dados ilustram a concentração do comércio de soro, pois somenteos quinze principais países importadores foram responsáveis por 83,5% dasimportações (em valor) realizadas no mundo em 2006. Deve-se ressaltarque entre os dez maiores importadores podemos encontrar seis paísesmembros da atual União Européia que somaram, em média, 53% do totalimportado no ano de 2006. Além disso, tem-se a China, o Japão, o México ea República da Coréia, que, com os europeus, formaram os dez principaispaíses importadores, sendo responsável por 73,3% das importações mundiaisde soro de leite.

A Tabela 2 apresenta os três mais importantes fornecedores de soropara os cinco maiores países importadores. O comércio regional entre ospaíses da UE mostra-se evidente pela análise dos dados da Tabela 2. OsEstados Unidos aparecem como o único fornecedor não- europeu, comparticipação importante no comércio da China (27,0%).

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O comércio internacional de soro de leite

89

Tabela 1 - Importações de soro de leite.

2003 2004 2005

Variável US$ Mil Part. US$ Mil Part. US$ Mil Part.FOB (%) FOB (%) FOB (%)

Mundo 1.120.692.764 100 1.512.586.122 100 1.825.833.976 1001 Países Baixos 246.273.623 22,0 360.602.584 23,8 458.993.688 25,12 China 119.708.731 10,7 157.208.962 10,4 194.544.272 10,73 França 86.247.291 7,7 117.191.850 7,7 158.181.443 8,74 Alemanha 73.865.000 6,6 104.564.000 6,9 135.301.000 8,45 Bélgica 59.130.062 5,3 67.886.826 4,5 85.882.633 4,76 Japão 52.655.209 4,7 62.914.495 4,2 67.512.901 3,77 Itália 40.292.586 3,6 48.501.962 3,2 61.526.400 3,48 México 47.351.127 4,2 51.536.393 3,4 57.332.665 3,19 Rep. Coréia 26.333.556 2,2 32.785.588 2,2 50.449.062 2,810 Espanha 34.079.036 3,0 43.437.419 2,9 49.869.840 2,711 Tailândia 28.006.439 2,5 37.470.116 2,5 48.305.249 2,612 Malásia 18.092.316 1,6 23.598.304 1,6 37.662.828 2,113 Cingapura 16.584.094 1,6 26.560.272 1,8 35.180.102 1,914 Canadá 29.253.525 2,6 31.292.764 2,1 34.411.133 1,915 Reino Unido 29.815.293 2,7 30.803.212 1,9 31.597.948 1,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 2 - Importadores e principais fornecedores de soro de leite.

ParticipaçãoPaís Importador Principais fornecedores e suas importações dos principais

fornecedores (%)

Países Baixos Alemanha (51,9%), França (20,1%) e Reino Unido (4,8%) 76,8China França (27,7%), Estados Unidos (27,0%) e Reino Unido (7,1%) 61,8França Alemanha (26,3%), Países Baixos (21,5%) e Itália (19,7%) 67,5Alemanha Áustria (27,2%), Países Baixos (22,4%) e Itália (14,0%) 63,6Bélgica Países Baixos (47,7%), França (35,6%) e Alemanha (8,7%) 92,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

2.2 Exportações

A Tabela 3 apresenta os quinze maiores países exportadores de soro.As exportações mundiais de soro tiveram um acréscimo de 31,7% de 2004a 2005 e um acréscimo de 29,1% de 2005 a 2006. As exportações

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Comércio internacional de lácteos

90

atingiram US$ 1,1 bilhões em 2004, US$ 1,5 bilhões em 2005 e US$ 1,9bilhões em 2006.

Pode-se perceber uma grande concentração das exportações nosquinze países maiores exportadores, os quais são responsáveis por 90,4%das transações mundiais no ano de 2006. Uma análise dos cinco primeiroscolocados neste ranking reforça esta afirmativa, pois estes foramresponsáveis por 65,6% do total exportado em 2006. Dentre eles encontram-se quatro países europeus e apenas um país fora deste continente, os EstadosUnidos. Conhecido como um grande exportador de produtos lácteos, osEstados Unidos são responsáveis por mais de 14% das exportações mundiaisde soro de leite, comercializados em todas as partes do mundo.

Tabela 3 - Exportações de soro.

2003 2004 2005

Variável US$ Mil Part. US$ Mil Part. US$ Mil Part.FOB (%) FOB (%) FOB (%)

Mundo 1.160.326.685 100 1.528.358.535 100 1.973.265.921 1001 Alemanha 174.532.000 15,0 275.051.000 18,0 357.336.000 18,12 França 241.759.312 20,8 274.640.350 18,0 351.204.112 17,83 EUA 151.165.736 13,0 190.745.674 12,5 290.569.249 14,74 Países Baixos 144.332.198 12,4 176.063.532 11,5 200.623.106 10,25 Irlanda 68.046.509 5,9 86.846.269 5,7 94.782.578 4,86 Austrália 67.233.700 5,8 75.013.370 4,9 89.415.472 4,57 Polônia 24.118.875 2,1 47.280.894 3,1 80.840.902 4,18 Reino Unido 30.673.519 2,6 49.808.873 3,3 59.859.660 3,09 Dinamarca 39.366.981 3,4 44.987.742 2,9 50.327.324 2,610 Áustria 31.406.551 2,7 36.830.208 2,4 47.702.883 2,411 Finlândia 24.572.144 2,1 32.341.800 2,3 38.403.598 1,912 Bélgica 34.655.422 3,0 34.624.743 2,4 37.897.456 1,913 Itália 21.931.975 1,9 28.871.762 1,9 37.870.386 1,914 Canadá 14.692.718 1,3 19.719.428 1,3 24.998.409 1,315 Argentina 9.481.655 1,0 14.505.184 0,9 24.231.769 1,2

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Neste mercado extremamente concentrado apenas quatro dentre osquinze maiores exportadores não pertencem ao continente europeu: EstadosUnidos, Austrália, Canadá e Argentina. Os Estados Unidos merecem destaque,já que desde 2002 aparecem efetivamente como país exportador e ocupamposição superior a mercados tradicionalmente exportadores como Nova

Page 91: Comércio Internacional de Lácteos

O comércio internacional de soro de leite

91

Zelândia, que no ano de 2006, exportou, em valores nominais, cerca de US$17,6 milhões contra US$ 290,6 milhões dos Estados Unidos. A Alemanha ea França merecem destaque como grandes exportadores durante o períodoanalisado, exportando US$ 807 milhões e US$ 867 milhões respectivamente,posicionando esses dois países nas primeiras posições entre os maioresexportadores mundiais.

Portanto, este é um mercado que se apresenta em expansão, conformemostra a Figura 1.

Fonte: Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Exportações mundiais de soro de leite.

A Figura 1 indica que outros países passaram a integrar o grupo demercados fornecedores ou os já existentes aumentaram suas participações.

y = 406469618x + 741044478R2 = 1

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500000000

1000000000

1500000000

2000000000

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2004 2005 2006

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Comércio internacional de lácteos

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O comércio internacional de soro de leite

93

3 O Brasil no comércio internacional de soro

A corrente de comércio de soro de leite no período de 2004 a 2006apresentou um volume considerável, com tendência de crescimento ao longodo período. Neste contexto, os números do mercado brasileiro de soro sãoapresentados na Tabela 5. Percebe-se que, a exemplo dos demais países, omercado brasileiro de soro é essencialmente doméstico.

Tabela 5 - Números do mercado brasileiro de soro entre os anos 2003 a2006, em toneladas.

Variável 2003 2004 2005 2006

Exportação 3,4 6,5 8,1 0,7Importação 25.118 22.813 29.942 28.437

Fonte: Aliceweb/MDIC.

Analisando-se os resultados da balança comercial brasileira de soronos últimos quatro anos, nota-se que o saldo é negativo durante todo o períodode 2003 a 2006. Em 2006, o déficit chegou a US$ 27.854 Mil FOB.

O déficit de 2003 a 2006 e a tendência do mercado podem ser observadospela inclinação das duas linhas de tendências apresentadas na Figura 2 queconsideram os dados de 2003 a 2006. As exportações de soro cresceram entreos anos de 2003 e 2005, em média, US$ 5,05 mil por ano. Porém, entre osanos de 2005 e 2006, as exportações tiveram uma queda de US$ 12,41 mil,aumentando assim o déficit na balança comercial de soro. Já as importaçõesreduziram entre 2003 e 2004 numa média de US$ 1.831 mil e aumentaram apartir de 2004, o que ao final do período representou um aumento de 100,8%.

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Importações e exportações brasileiras de soro de leite.

Importações Brasileiras de Soro de Leite

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Exportações Brasileiras de Soro de Leite

y = -0.363x + 8.155R2 = 0.0066

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2003 2004 2005 2006

US$

Mil

FOB

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Comércio internacional de lácteos

94

De acordo com o MDIC, os países exportadores de soro para o Brasil,no período 2003-2006 foram: Alemanha, Argentina, Austrália, Bélgica,Canadá, Espanha, Estados Unidos, Finlândia, França, Países Baixos, Polôniae Uruguai, que têm sua participação ao longo dos anos apresentada na Figura3. A carteira de fornecedores de soro para o Brasil é pequena e poucoconcentrada. A maior parte das importações brasileiras de soro sãoprocedentes da Argentina, à exceção do ano de 2003, quando a participaçãoda França teve grande destaque.

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Figura 3 - Importação de soro pelo Brasil versus países fornecedores.

Os principais mercados compradores de soro do Brasil foram Angola eBolívia, que representam 92% do saldo exportado pelo País no acumuladodos quatro anos. As exportações brasileiras de soro são muito menosdiversificadas do que as importações, pois enquanto 12 países fornecemestes produtos ao Brasil, apenas quatro diferentes destinos compõem acarteira de clientes do soro de leite brasileiro. Pode-se observar as remessasbrasileiras de soro e a participação dos mercados compradores na Figura 4.

Por meio dos dados fornecidos pelo Sistema AliceWeb do MDIC, épossível delinear o comércio internacional de soro, apresentando os principaispaíses fornecedores do Brasil e suas participações nos saldos anuais deimportação e exportação ao longo do período de 2003 a 2006.

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Mil

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ARGENTINA FRANÇA ESTADOS UNIDOS OUTROS

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O comércio internacional de soro de leite

95

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Figura 4 - Exportação de soro do Brasil e países compradores.

3.1 Importações

As importações brasileiras de soro de leite são procedentes,principalmente, da Argentina e da França. Cabe ressaltar que a Bélgica foi oúnico país que não teve grande participação no total das importações, poiseste só participou do comércio nos anos de 2005 e 2006.

Tabela 6 - Fornecedores de soro de leite e suas participações no mercado brasileiro.

Classificação2003 2004 2005 2006

US$ Part. (%) US$ Part. (%) US$ Part. (%) US$ Part. (%)

1 Argentina 4.530.880 28,9 5.984.982 43,2 8.989.307 35,9 11.054.033 39,72 França 6.003.295 38,2 2.294.906 16,6 5.373.005 21,5 6.528.068 23,43 Estados Unidos 856.562 5,5 671.455 4,8 3.599.930 14,4 2.597.599 9,44 Uruguai 1.443.012 9,2 3.043.931 22,0 1.605.169 6,4 1.985.821 7,15 Polônia 1.086.767 6,9 571.844 4,1 1.634.127 6,5 1.328.214 4,8

TOTAL 15.700.285 100 13.868.839 100 25.018.980 100 27.854.803 100

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

3.2 Exportações

Entre os anos 2003 e 2006, as exportações de soro brasileira tiveramcomo destino apenas quatro países distintos. A Bolívia tem sido o únicocomprador constante do soro de leite brasileiro e este foi o único paísimportador no ano de 2006.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

2003 2004 2005 2006

US

$ M

il FO

B

ANGOLA BOLIVIA ESTADOS UNIDOS PARAGUAI

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Comércio internacional de lácteos

96

Os dados da Tabela 7 deixam clara a irregularidade e a poucaparticipação na carteira de clientes. Em 2003 apenas a Angola e a Bolíviaparticiparam do comércio brasileiro de soro de leite, somando um total deUS$ 3.591. Em 2004 e 2005 o Brasil aumentou as exportacões de soro, emmédia, US$ 5.060/ano. Já em 2006, o cenário se altera novamente tendocomo único cliente a Bolívia.

Tabela 7 - Mercados compradores de soro brasileiro.

Classificação 2003 2004 2005 2006

US$ Part. (%) US$ Part. (%) US$ Part. (%) US$ Part. (%)

1 Angola 2.619 72,9 8.921 86,0 10.288 75,1 - 0,02 Bolívia 972 27,1 1.071 10,3 1.485 10,8 1.287 1003 Estados Unidos - 0,0 232 2,2 1.938 14,1 - 0,04 Paraguai - 0,0 150 1,5 - 0,0 - 0,0TOTAL 3.591 100 10.374 100 13.711 100 1.287 100

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Por fim, a Figura 5 apresenta o desempenho da balança comercialbrasileira para soro de leite no periodo de 2003 a 2006.

Fonte: MDIC – Sistema AliceWeb.Elaborado pelos autores.

Figura 5 - Balança comercial brasileira de soro.

4 Comentários e conclusões

Pelos dados expostos, pode-se notar que o comércio internacional desoro de leite é do tipo business to business e é fortemente dominado pela

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O comércio internacional de soro de leite

97

Europa. Ademais, se destacam a China (importador) e os Estados Unidos(exportador) como grandes mercados de soro.

Diante dos números mostrados, é possível perceber que as políticascomerciais, sejam externas ou domésticas, distorcem o comérciointernacional, prejudicando novos entrantes, notadamente os países emdesenvolvimento. Essa constatação fica evidente ao se observar o rankingmundial de importação e exportação de soro e sua evolução recente, comtendência na maior concentração.

Conclui-se que os principais participantes do comércio internacionalinvertem a idéia inicial de abertura de mercado procedente do processo deglobalização, em que supostamente os países deveriam facilitar o acessoaos seus mercados para uma maior integração mundial. Mesmo que sejamreais a tendência de eliminação de barreiras tarifárias e a redução dasmedidas não-tarifárias, o setor de soro de leite ainda encontra grandesentraves para aumentar seu percentual de comercialização internacional.

Neste contexto, o Brasil aparece como um importador líquido de sorode leite, principalmente procedentes da Argentina, França e Estados Unidos.Todos os saldos são negativos na balança comercial deste produto e nãodemonstram ao longo dos anos em análise uma tendência precisa que possibiliteestabelecer perspectivas futuras para o mercado brasileiro deste produto.

Referências bibliográficas

COMTRADE - Disponível em: <http://comtrade.un.org/db>. Acesso em:25 fevereiro 2008.

SANTO, B.R.S.; NETTO, V.N. Inserção do Brasil no mercado internacionalde lácteos. O agronegócio do leite e políticas públicas para o seudesenvolvimento sustentável. Embrapa Gado de Leite. Juiz de Fora. 2002.180-193.

OECD - FAO. Agricultural Outlook: 2005 – 2014. Disponível em: <http://www.oecd.org/dataoecd/32/51/35018726.pdf>. Acesso em 21 out. 2005.

SISTEMA ALICEWEB. MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA ECOMÉRCIO EXTERIOR. Disponível em: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br>.Acesso em: 15 maio 2007.

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O COMÉRCIO INTERNACIONALDE LEITE UHT

Kennya Beatriz Siqueira1

José Luiz Bellini Leite2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

O comércio de produtos lácteos é caracterizado pela natureza regional,devido, principalmente, à limitada shelf life desses produtos. Por isso, apenasuma pequena parcela de lácteos é comercializada internacionalmente.

Neste ambiente, o leite Ultra High Temperature, longa-vida ousimplesmente leite UHT apresenta vantagens comparativas, principalmentepela facilidade de distribuição. O produto ultrapasteurizado elimina anecessidade de cadeia de frio no transporte e armazenamento, ao mesmotempo que tem sua shelf life aumentada, compensando, assim, o custo daembalagem. Esta tecnologia propicia o transporte do leite no tempo e noespaço. No tempo, porque pode ser produzido na safra para ser distribuídona entressafra, resolvendo, assim, o problema de sazonalidade; no espaço,em decorrência do deslocamento da produção (Siqueira, 2003).

Portanto, apesar de representar somente 23% do total de lácteoscomercializados internacionalmente, o leite UHT apresenta potencial para ocomércio internacional, já que possui reduzido custo de transporte e elevadavida de prateleira – fatores muito importantes neste tipo de comércio.

O presente capítulo trata da análise do comércio internacional de leiteUHT. De acordo com a nomenclatura do Sistema Harmonizado de Designaçãoe de Codificação de Mercadorias (SH), o leite UHT comercializadomundialmente é classificado na posição 04.01, a qual engloba três subclassesde produtos e oito itens, conforme mostra a Tabela 1.

1 Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

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Tabela 1 - Descrição da posição 04.01 no Sistema Harmonizado (SH).

CÓDIGO NCM DESCRIÇÃO04.01 LEITE E CREME DE LEITE (NATA*), NÃO CONCENTRADOS NEM ADICIONADOS

DE AÇÚCAR OU DE OUTROS EDULCORANTES0401.10 Com um teor, em peso, de matérias gordas, não superior a 1%0401.10.10 Leite UHT0401.10.90 Outros0401.20 Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 1% mas não superior a 6%0401.20.10 Leite UHT0401.20.90 Outros0401.30 Com um teor, em peso, de matérias gordas, superior a 6%0401.30.10 Leite0401.30.20 Creme de leite (nata*)0401.30.21 UHT0401.30.29 Outros

Fonte: Elaborado pelos autores.

Conforme considerado pela Associação Brasileira de Leite Longa Vida(ABLV) e pela Embrapa Gado de Leite, a análise e dados apresentados aseguir referem-se a todos os produtos especificados na posição 04.01, oqual chamaremos simplesmente por leite UHT.

2 O mercado mundial de leite UHT

Em 2006, foram negociados mundialmente cerca de US$ 4,6 bilhõescom o leite UHT, o que corresponde a 23% do comércio mundial de lácteos.A Tabela 2 apresenta um resumo das importações das três classes de produtosconsideradas como leite UHT no comércio internacional.

Pela Tabela 2, pode-se notar um crescimento no comércio de leiteUHT nos últimos anos, com aumento de 9,3% das importações desse produtono período considerado. Dentre as subclasses de produtos consideradas comoleite UHT, a que apresentou maior crescimento foi a SH6- 0401.10, com umincremento de 15,6% no período. Porém, a classe que apresentou o maiorvalor negociado no período é a SH6-0401.20.

De acordo com Solomon (2005), o leite UHT tem grande aceitação nocontinente europeu, onde sete em cada dez consumidores bebem este tipode leite regularmente. Neste continente, o consumo de leite UHT dobrou nosúltimos 30 anos. O leite longa-vida tem altos níveis de consumo na França,Alemanha, Itália, República Tcheca e Rússia. No continente americano, o

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O comércio internacional de leite UHT

101

produto é consumido principalmente no Brasil e no Chile (Blayney & Gehlhar,2005). Porém, o produto fracassou no mercado norte-americano, onde osconsumidores têm sido relutantes em adotar o leite UHT. Apenas 6% doleite consumido pelos norte-americanos é leite longa-vida. Na China, osconsumidores também parecem preferir o leite pasteurizado ao leite UHT(Bai et al., 2007).

Blayney & Gehlhar (2005) afirmam que o longa-vida, provavelmente,irá apresentar elevadas taxas de crescimento de consumo em países emdesenvovimento, como Índia e Brasil, onde há falhas na manutenção darefrigeração do leite pasteurizado.

Tabela 2 - Importações de leite UHT(em Mil US$ FOB).

Código Produto Importações

2004 2005 2006

0401.10 Leite e creme de leite não concentrados, 421.300 426.007 486.831não adocicados, com um teor, em peso,de matérias gordas £ 1%

0401.20 Leite e creme de leite, não concentrados, 2.476.105 2.557.357 2.694.102não adocicados, com um teor, em peso,de matérias gordas superior a 1% e £ 6%

0401.30 Leite e creme de leite, não concentrados, 1.269.827 1.352.188 1.375.348não adocicados, com um teor, em peso,de matérias gordas superior a 6%

TOTAL 4.167.232 4.335.552 4.556.281

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

2.1 Importação

As importações mundiais de leite longa-vida têm crescido ao longodos anos, de 2004 a 2006 (Tabela 3). Neste âmbito, seis países europeusmerecem destaque: Itália, Alemanha, Bélgica, França, Países Baixos(Holanda) e Espanha, os quais, juntos, respondem por mais de 70% dasimportações totais deste produto, conforme mostra a Tabela 3.

De acordo com a Tabela 3, a Itália é o principal importador de leitelonga-vida ao longo do período de 2004 a 2006. No entanto, apesar de teraumentado o valor gasto nas importações de leite UHT durante o períodoestudado, o país teve sua participação reduzida em 2,7 pontos percentuaisneste período. Além da Itália, Bélgica e França também tiveram suaparticipação reduzida durante todo o período analisado. A Alemanha, no

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Comércio internacional de lácteos

102

entanto, aumentou a sua participação no total de importações de leite UHTde 16% para 17,5%, enquanto os Países Baixos e a Espanha elevaram suasparticipações nas importações entre 2004 e 2005 e, em seguida, reduziram.Vale ressaltar que a Alemanha, assim como os demais países da Tabela 3 jáapresentavam taxas de consumo do leite UHT superiores a 50%, na décadade 90. Em 2005, na França, por exemplo, este nível chegava a 90% do totalde leite fluido consumido no país.

Ainda pela Tabela 3 é possível notar que o comércio de leite UHT éconcentrado, visto que os seis maiores importadores são responsáveis pormais de 70% das importações totais de leite UHT. Os quatro maioresresponderam, respectivamente, por 64,6%, 61,9% e 60,0% do valor totalde leite longa-vida importado nos anos de 2004 a 2006.

Entretanto, quando se analisam as subclasses 04.01.10, 04.01.20 e04.01.30, que compõem a classe de produtos considerada como leite UHT,os resultados são um pouco diferentes, como mostram as Tabelas 4, 5 e 6.

Tabela 3 - Principais países importadores de leite UHT.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Itália 1.033.360 24,7 1.014.145 23,4 1.004.525 22,0Alemanha 671.053 16,0 694.354 16,0 798.207 17,5Bélgica 627.927 15,0 619.375 14,3 557.221 12,2França 370.974 8,9 341.132 7,9 378.511 8,3Países Baixos 241.887 5,8 284.436 6,6 289.378 6,3Espanha 250.449 6,0 281.011 6,5 276.337 6,1

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 4 - Principais países importadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.10.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Itália 138.833 33,0 130.181 30,6 143.823 29,5França 40.182 9,5 50.561 11,9 63.934 13,1Espanha 33.376 7,9 31.102 7,3 43.761 9,0Alemanha 23.864 5,7 25.461 6,0 28.792 5,9Países Baixos 24.604 5,8 25.991 6,1 28.472 5,8

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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O comércio internacional de leite UHT

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Tabela 5 - Principais países importadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.20.

Países 2004 2005 2006US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Itália 757.325 30,6 751.283 29,4 732.443 27,2Alemanha 424.970 17,2 425.434 16,6 496.343 18,4Bélgica 298.653 12,1 271.727 10,6 259.491 9,6Espanha 180.609 7,3 212.364 8,3 201.776 7,5Países Baixos 142.426 5,8 172.819 6,8 180.486 6,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 6 - Principais países importadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.30.

Países2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Bélgica 300.312 23,6 326.224 24,1 283.901 20,6Alemanha 222.219 17,5 243.459 18,0 273.072 19.9França 162.521 12,8 168.359 12,5 179.609 13,1Itália 137.201 10,8 132.680 9,8 128.258 9,3Países Baixos 74.857 5,9 85.626 6,3 80.420 5,8

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Embora as Tabelas 4, 5 e 6 apresentem os mesmos países expostosna Tabela 3, a importância de cada país europeu varia de uma subclassepara outra. A Itália, por exemplo, figura como o maior importador dosprodutos na subposição 0401.10 e 0401.20, porém encontra-se na quartaposição na importação de produtos na subposição 0401.30. Vale ressaltartambém que os maiores valores de importação são da subposição 0401.20,seguida pela 0401.30 e 0401.10. A mesma seqüência vale pra o nível deconcentração dos mercados, o qual varia de 69,4% para a subposição0401.20 a 68,7% para a subposição 0401.30 e 63,3% para a subposição0401.10, no ano de 2006 (considerando-se os cinco maiores importadores).No entanto, este nível de concentração aumentou ligeiramente de 2004 a2006 para a subposição 0401.10 e apresentou quedas maiores para asoutras duas subposições.

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Comércio internacional de lácteos

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2.2 Exportação

Como ocorrido nas importações, as exportações mundiais de leite UHTtambém são dominadas por países do continente europeu, como mostra aTabela 7.

Tabela 7 - Principais países exportadores de leite UHT.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Alemanha 1.317.386 31,0 1.308.803 28,3 1.304.796 26,7França 553.302 13,0 562.468 12,2 559.394 11,4Bélgica 440.784 10,4 388.218 8,4 391.546 8,0Países Baixos 344.425 8,1 375.846 8,1 366.962 7,5Reino Unido 256.352 6,0 314.646 6,8 328.102 6,7Áustria 245.336 5,8 240.333 5,2 272.560 5,6

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

As conclusões da Tabela 7 não são diferentes daquelas da Tabela 3.Pode-se observar a presença maciça de países europeus, os quais forneceram,respectivamente, 74,3%, 69,0% e 65,9% do leite UHT comercializado nomundo no período de 2004 a 2006. A parcela de mercado dos quatro maioresvariou de 62,5% em 2004 a 53,6% em 2005, o que significa um decréscimode 8,9 pontos percentuais. Apesar de essa concentração estar diminuindoao longo do período analisado, ainda representa um valor elevado, indicandouma imperfeição de mercado.

Portanto, como indicam as tabelas anteriores, a maioria dasnegociações de leite longa-vida ocorrem entre os países da União Européia(UE). Dessa forma, o ranking dos maiores importadores e exportadores deleite longa-vida no mercado mundial se confunde, visto que, praticamente,os mesmos países figuram em ambos.

Vale ressaltar também que este mercado é quase que totalmentegovernado por empresas multinacionais. A líder de mercado é a Parmalat,de origem italiana, a qual domina os mercados brasileiro, canadense e doleste europeu. Em seguida, está a Fonterra Cooperative Group, da NovaZelândia, que atua em associação com a Nestlé nos mercados da AméricaLatina e do Norte. Outros importantes fornecedores de leite UHT e derivadoslácteos são Arla Foods (do Reino Unido), Wimm-Bill-Dann (da Rússia),Mastellone (da Argentina), National Foods (da Austrália), Mengniu (da China),Amul (da Índia) e Meiji Dairies (do Japão) (Blayney & Gehlhar, 2005). Neste

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O comércio internacional de leite UHT

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ponto, é interessante notar que apenas a Arla Foods possui sede em um paísque consta na lista dos seis maiores exportadores de leite UHT.

Da mesma forma que para as importações, é apresentado o ranking dasexportações por subposições da mercadoria leite UHT nas Tabelas 8, 9 e 10.

Tabela 8 - Principais países exportadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.10.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Alemanha 116.199 28,4 119.988 27,4 112.725 24,2França 45.308 11,1 53.143 12,1 65.127 14,0Áustria 69.470 17,0 59.680 13,6 63.073 13,6Bélgica 40.514 9,9 33.210 7,6 42.499 9,1Arábia Saudita 25.728 6,3 29.021 6,6 26.385 5,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 9 - Principais países exportadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.20.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Alemanha 920.362 37,2 908.838 33,4 924.582 30,6França 310.308 12,5 333.146 12,2 337.511 11,2Bélgica 266.665 10,8 220.473 8,1 234.106 7,7Rep. Tcheca 22.278 0,9 112.229 4,1 184.172 6,1Reino Unido 104.360 4,2 179.115 6,6 182.820 6,0

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Tabela 10 - Principais países exportadores da subclasse de leite longa-vidaSH6-0401.30.

Países 2004 2005 2006

US$ Mil FOB % US$ Mil FOB % US$ Mil FOB %

Alemanha 280.825 20,6 279.977 19,1 267.489 19,1Países Baixos 158.240 11,6 199.477 13,6 192.041 13,7França 197.686 14,5 176.180 12,0 156.756 11,2Reino Unido 149.910 11,0 131.656 9,0 139.867 10,0Bélgica 133.604 9,8 134.536 9,2 114.942 8,2

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

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Comércio internacional de lácteos

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Entre os maiores exportadores por subclasses de leite UHT, encontra-se um país asiático: Arábia Saudita. Entretanto, a hegemonia ainda é européia.Além disso, a subclasse 0401.20 apresentou outro país que não constavaentre os maiores exportadores gerais: República Tcheca. Este país surpreendeu,passando de uma participação de 0,9% em 2004 para 6,1% em 2006.

Considerando o período de 2004 a 2006, as Tabelas 8, 9 e 10 indicamuma redução de concentração nos três mercados. Na subclasse 0401.10 houveuma redução de concentração de 6,1 pontos percentuais, na subclasse0401.20 a redução foi de quatro pontos percentuais e na subclasse 0401.30a queda foi de 5,3 pontos percentuais. Entretanto, o nível de concentraçãoainda continua elevado, com os cinco maiores exportadores respondendo por66,6%, 61,6% e 62,2%, respectivamente nas três subclasses de produtos.

2.3 Tarifas5

Ao contrário dos outros produtos lácteos, o leite UHT não sofre muitocom as tarifas de importação. Nos países da UE, por exemplo, o produto tementrada livre, sem nenhum limite ou cota de importação. O mesmo acontecena Oceania.

O Canadá, que tem uma das indústrias lácteas mais protegidas domundo, oferece livre acesso para o leite UHT proveniente dos países com osquais tem tratados de livre comércio. Entretanto, para os demais países, háuma alíquota de 7,5% sobre os produtos na subposição 0401.10.10 e de241% (mas não menos que US$ 34,50/hl) para os produtos da subposição0401.10.20. Nos Estados Unidos, assim como no Canadá, há livre acessopara o leite longa-vida oriundo de países com quais tem tratado de livrecomércio, com exceção da Austrália (cota de US$ 0,3/l). Às outras naçõesé exigida uma cota de US$ 0,34/l ou US$ 0,50/l.

A China exige o pagamento de uma alíquota de 15% para a maioriados países e outra de 5% para alguns países asiáticos. A Tailândia tambémapresenta uma alíquota preferencial de 5% para a Associação das Naçõesdo Sudeste Asiático e outra alíquota de 40% para o leite proveniente deoutros países.

A Argentina favorece o leite UHT proveniente do Mercosul. Porémexige o pagamento de alíquotas que variam de 4,6% a 14% para os demaispaíses. A exemplo da Argentina, os demais países da América do Sul eAmérica Central também apresentam diferentes alíquotas de importaçãopara o leite UHT do continente.

5 Esta seção é baseada nos dados do Radar Comercial/MDIC.

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O comércio internacional de leite UHT

107

Portanto, pode-se concluir que o comércio internacional de leite UHTocorre principalmente entre os países que têm acordos de livre comércio ouacordos preferenciais de comércio, pois neste caso há ausência de tarifaçãoou tarifação reduzida. Com exceção dos países da Europa e Oceania, a maioriados outros países apresenta alíquotas diferenciadas para o leite UHTprovenientes de países que não têm acordos de livre comércio.

3 A participação brasileira no comércio internacional deleite UHT

O leite Ultra High Temperature foi lançado no Brasil em 1972, mas sócomeçou a fazer sucesso na década de 1990, depois que o governo desre-gulamentou o mercado de leite (Siqueira, 2003). Desde então, as vendascresceram, em média, 27% aa, superando o leite pasteurizado. O marketshare do leite longa-vida no mercado de leite fluido saltou de 4,4%, em1990, para 75,8%, em 2002, com a existência de mais de cem marcas nomercado. Na Tabela 11, mostra-se a evolução das vendas do produto noperíodo de 1990 a 2006.

Tabela 11 - Vendas internas de leite fluido e UHT no Brasil.

Ano Leite Fluido Longa-Vida Market Share do leite(1 milhão l) (1 milhão l) Longa Vida(%)

1992 3.693 355 9,61993 3.162 456 14,41994 3.615 730 20,21995 4.200 1.050 25,01996 4.535 1.700 37,51997 4.720 2.450 51,91998 5.080 3.100 61,01999 5.125 3.425 66,82000 5.230 3.600 68,82001 5.390 3.950 73,32002 5.700 4.220 74,02003 5.767 4.227 73,32004 5.993 4.403 73,52005 6.352 4.802 75,62006 6.660 5.050 75,8

Fonte: ABLV, MDIC.Elaborado pelos autores.

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Comércio internacional de lácteos

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No Brasil, além de eliminar os custos de transporte e refrigeração, oleite UHT foi bem aceito pelos consumidores por apresentar preço similar aodo leite pasteurizado e embalagem prática. Por isso, o País importou 659 miltoneladas do produto de 1996 a 2006, como mostra a Tabela 12.

Tabela 12 - Importação e exportação de leite UHT pelo Brasil (em kg).

Ano Importação Exportação Saldo

1996 89.835.850 15.867 -89.819.9831997 122.468.715 75.915 -122.392.8001998 137.984.243 9.354 -137.974.8891999 125.497.137 451.776 -125.045.3612000 95.923.185 359.821 -95.563.3642001 39.122.954 1.709.865 -37.413.0892002 27.559.655 4.403.124 -23.156.5312003 1.931.358 1.803.210 -128.1482004 671.982 3.064.528 2.392.5462005 2.314.413 1.904.745 -409.6682006 15.524.851 5.026.545 -1.0498.306

Fonte: Aliceweb/MDIC.

Como pode ser visto, durante todo o período em análise, o Brasilimportou mais do que exportou (em volume), com exceção do ano de 2004.Este coincide com o primeiro ano na história, em que o Brasil foi superavitáriona balança comercial de lácteos. O aumento das importações foiconseqüência do aumento do consumo deste tipo de leite no país. Comopode ser visto na Tabela 11, o consumo de leite UHT no Brasil aumentou66,2 pontos percentuais em 14 anos. De acordo com IBGE (2007), em 2001,o leite UHT já se posicionava na trigésima sexta posição na lista dos produtosmais consumidos pelos brasileiros.

Com relação às importações, a Tabela 12 nos mostra que houve umaumento de 1996 a 1999. A partir de 2000, as importações de leite UHTcomeçaram a declinar, alcançando um mínimo em 2004, e voltando a crescerem seguida. No entanto, considerando todo o período, houve um decréscimode 82,7%. Ao contrário de outros produtos lácteos, a lista de fornecedoresde leite UHT para o Brasil não é longa. Em 2006, o Brasil importou leite UHTsomente de três países: Canadá (0,003%), Paraguai (27,1%) e Uruguai(72,9%). Isso reforça a idéia anteriormente exposta de que o comércio deleite UHT ocorre principalmente entre países membros de blocos de livrecomércio. No Mercosul, por exemplo, o leite UHT é comercializadolivremente, isto é, ausente de alíquotas ou tarifas de importação.

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O comércio internacional de leite UHT

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Por outro lado, as exportações de leite longa-vida cresceram no períodoconsiderado. Houve um aumento de 31.579% em dez anos. As maioresquantidades de leite UHT exportado foram em 2006, 2002 e 2004. Os anosde 2002 e 2004 são também os anos em que houve, respectivamente, menordéficit e superávit na balança comercial. Em 2006, as exportações brasileirasde leite UHT foram para 21 países, a maioria da América Latina. No entanto,o maior comprador do leite UHT do Brasil foram as Filipinas, com 75% dascompras, em 2006. É interessante notar que este país tem sido também omaior importador asiático de creme de leite, leite em pó e queijos do Brasil. Noranking dos maiores importadores de leite UHT do Brasil, também se encontramEstados Unidos, com 6,5%, Venezuela, com 4,4%, Bolívia, com 3,5%,Paraguai, com 2,7% e Argentina com 1,6%.

4 Considerações finais

O leite UHT, apesar de ser um produto de características apropriadaspara as transações internacionais, ainda tem sido pouco negociado ao redordo mundo. Os negócios com leite UHT correspondem a 23% do total delácteos comercializados internacionalmente. O comércio de leite UHTacontece principalmente nos países pertencentes à União Européia, os quaisapresentam altas taxas de consumo desse produto. Nestes países, assimcomo na Oceania e em países membros de acordos de livre comércio, o leiteUHT é negociado livre de tarifas.

No Brasil, o consumo de leite UHT cresceu grandemente nos últimosdez anos. Com isso, o País importou grandes quantidades do produto, tendoum saldo deficitário na balança comercial. Porém, as exportações brasileirasde leite UHT têm crescido consideravelmente, embora o número de com-pradores do leite brasileiro ainda seja limitado.

Entretanto, é importante ressaltar que o leite UHT apresenta grandepotencial de aumento de comércio tanto no mundo quanto no Brasil.Especialmente no Brasil, onde o custo de produção do leite é baixo e existemmais de cem marcas de leite UHT no mercado, os agentes da cadeia produtivado leite têm, recentemente, voltado seus olhares para a exportação, como formade aumentar a renda. Entretanto, deve-se considerar que a recente valorizaçãodo real diante do dólar pode limitar as vendas externas do leite UHT do Brasil.

Referências bibliográficas

ALICEWEB - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Disponívelem: <http://aliceweb.desenvolvimento.gov.br/>. Acesso em: 12 out. 2007.

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Comércio internacional de lácteos

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BAI, J.; WAHL, T.I.; WANDSCHNEIDER, P.R. Valuing Attributes of FluidMilk Using Choice-Based Conjoint Experimental Design. American AgriculturalEconomics Association Annual Meeting, Portland, Oregon, July 29-August1, 2007.

BLAYNEY, D.P.; GEHLHAR, M.J. U.S. Dairy at a New Crossroads in a GlobalSetting. 2005. Disponível em: <http://www.ers.usda.gov/AmberWaves/November05/Features/USDairy.htm>. Acesso em: 20 out. 2007.

COMTRADE. Disponível em: <www.comtrade.un.org>. Acesso em: 22 fev.2008.

SIQUEIRA, K.B. Viabilidade de implantação de contratos futuros de leite noBrasil. Viçosa, MG: UFV, Imprensa Universitária, 2003. 109 f. Dissertação(Mestrado em Economia Aplicada) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa.

SOLOMON, Z., Polegato. Consumer Behavior: Pearson, Toronto. 2005. pg 39.

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O COMÉRCIO INTERNACIONALDE LEITE CONDENSADO

Kennya Beatriz Siqueira1

José Luiz Bellini Leite2

Glauco Rodrigues Carvalho3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

O leite condensado é o produto resultante da desidratação, em con-dições próprias, do leite adicionado de açúcar. Este produto lácteo tem sedestacado tanto no mercado internacional quanto no mercado doméstico.O Brasil, além de ser o maior consumidor mundial de leite condensado, temapresentado taxas crescentes de exportação do produto. Este já se tornouo principal produto da pauta de exportações de lácteos brasileira,respondendo sozinho por mais de 50% do volume total de lácteos que oBrasil exportou no período de 1996 a 2006.

De acordo com Alvim (2007), a vantagem competitiva do leitecondensado brasileiro no mercado internacional se deve ao fato de esseproduto agregar valor a três matérias-primas nas quais o Brasil é competitivo:embalagem de aço, açúcar e leite. Por isso, o País consegue oferecer umproduto de qualidade a preços competitivos. Além disso, o produto é adequadoao mercado internacional pelo fato de ser consumido por uma grandediversidade de países e pela elevada vida de prateleira (cerca de dois anos).

De acordo com as especificações do Sistema Harmonizado, o leitecondensado encontra-se na posição 04, capítulo 02 do sistema (SH8 04.02.99.00).Portanto, neste capítulo pretende-se analisar os aspectos relacionados aocomércio internacional de leite condensado. Tem-se como base os dadosoficiais apresentados pelo Comtrade, para os anos de 2004 a 2006 eAliceweb (MDIC) para os anos de 1996 a 2006, além de fontes secundáriasde informação.

1 Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

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2 O mercado brasileiro de leite condensado

2.1 Consumo

De acordo com pesquisa realizada pela LatinPanel em 2006, o Brasil éo maior consumidor mundial de leite condensado (IEA, 2007). A referidapesquisa mostrou que o consumo anual de leite condensado por domicílio noBrasil é de 4,3 kg e o produto é encontrado em cerca de 80% dos laresbrasileiros, com 94% de penetração nos domicílios das classes A e B, 87%na classe C e 69% nas classes D e E (Amis, 2007).

Dentre as principais empresas laticinistas fornecedoras de leitecondensado no Brasil estão a Nestlé e a Itambé. A Nestlé já foi líder absolutado mercado (100% das vendas). Porém, nos últimos anos sua parcela demercado tem diminuído consideravelmente devido ao surgimento de novasmarcas como Embaré, Glória, Santa Amália, etc.

2.2 Importação e exportação

De 1996 a 2006, o Brasil exportou 182.200.675 kg de leite condensado,o que corresponde a US$ 180.436.891. Ademais, o País importou 19.282.466kg do produto, pagando por isso US$ 28.176.070, o que resulta num saldo dabalança comercial de US$152.260.821 no período. A Tabela 1 apresenta abalança comercial de leite condensado para o período de 1996 a 2006.

Tabela 1 - Importação, exportação e saldo da balança comercial brasileirade leite condensado de 1996 a 2006.

Período Importação Exportação Saldo

US$ FOB Peso (kg) US$ FOB Peso (kg) US$ FOB

1996 13.989.135 9.397.878 1.796.845 947.849 -12.192.2901997 9.246.159 6.413.944 1.087.666 576.217 -8.158.4931998 3.840.697 2.625.183 1.272.654 630.606 -2.568.0431999 481.303 514.244 2.392.062 2.372.546 1.910.7592000 134.624 155.484 3.991.126 4.543.620 3.856.5022001 115.942 34.092 6.432.816 7.395.320 6.316.8742002 49.784 16.759 18.648.502 23.045.551 18.598.7182003 240 1 25.510.799 29.807.845 25.510.5592004 50.191 10.897 26.172.133 31.297.231 26.121.9422005 20.495 3.984 33.478.539 32.537.688 33.458.0442006 247.500 110.000 59.653.749 49.046.202 59.406.249

Fonte: MDIC – Aliceweb.Elaborado pelos autores.

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O comércio internacional de leite condensado

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Pela Tabela 1 pode-se observar que as importações de leite condensadoapresentaram comportamento oscilante no período analisado. No ano de 1996observa-se o maior volume e valor de importações de leite condensado. Nosanos seguintes, as importações apresentaram forte queda, chegando aomínimo de 1 kg de leite condensado exportado em 2003. A partir desseponto, a tendência de queda se reverte, alcançando o volume de 110.000 kgimportados em 2006. Este aumento das importações, especialmente em2006, pode ser explicado principalmente pela valorização cambial, a qualincentiva as importações. Porém, o valor importado em 2005 e 2006 aindaé distante do observado na década de 90.

Por outro lado, as exportações de leite condensado têm apresentadotendência de crescimento em todo o período, com exceção do primeiro ano.Isso pode ser uma evidência da consolidação do leite condensado comoproduto de exportação, visto que os demais derivados lácteos apresentamoscilações nas exportações no período analisado. Entre 1996 e 1997, houveligeira queda das exportações. No entanto, nos anos que se seguiram, asexportações de leite condensado brasileiro apresentaram um incremento de8.412%. Com isso, o produto se tornou o principal produto lácteo da pautade exportação brasileira, superando produtos importantes como o leite empó e os queijos.

A Tabela 1 também nos mostra que, com exceção dos anos de 1996,1997 e 1998, o saldo da balança comercial para leite condensado foi positivo.De 1999 a 2006, o superávit cresceu de US$ 1.910.759 para US$59.406.249, o que implica num aumento de 30,1%. E só nos dez primeirosmeses de 2007, o superávit foi de US$ 30.940.493. Por isso, muitosespecialistas afirmam que o leite condensado tem sido o alicerce do comérciointernacional de lácteos brasileiro, já que este responde por quase 50% dovolume de lácteos exportados pelo Brasil. Em 1999 foi quando o leitecondensado tornou-se o principal produto da balança comercial de lácteosbrasileira, passando à frente do leite em pó. Em 2002, do volume total delácteos exportados pelo Brasil, 57% foi representado pelo leite condensado.A Figura 1 permite uma melhor visualização do comportamento dasexportações e importações de leite condensado no período de 1996 a 2006.

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Fonte: MDIC/Aliceweb.Elaborado pelos autores.

Figura 1 - Exportação e importação de leite condensado no período de 1996a 2006.

A Figura 1 evidencia que até1998, as importações de leite condensadosuperavam as exportações. Porém a partir desse ponto, as exportaçõescrescem substancialmente e o diferencial entre o volume exportado eimportado torna-se cada vez maior, aumentando com isso o superávit dabalança comercial brasileira.

No período analisado, o Brasil exportou leite condensado para 92 países.Os principais compradores foram Angola (37,0%) e Venezuela (13,4%). De1996 a 1998, o principal comprador do leite condensado brasileiro foi oParaguai, com mais de 90% das vendas externas deste produto. No entanto,em 1999, Angola importou cerca de 61% do volume de leite condensadobrasileiro exportado, passando a ser o principal destino desse produto. Nestemesmo ano, o Paraguai caiu para a segunda posição no volume importado deleite condensado, com 32% e o Chile ficou na terceira posição, com 4,5%.Vale destacar que, atualmente, o Chile figura entre os maiores exportadoresde leite condensado do mundo.

De 1996 a 1999, o Brasil exportava leite condensado para cerca dedez países/ano. Em 2001, esse número subiu para 18. Este foi o primeiroano em que Trinidad e Tobago importou leite condensado brasileiro. Em 2002,o Brasil vendeu leite condensado para 35 países, em quatro continentes, àexceção da Oceania. Angola continuou a ser o principal importador, adquirindo42% do total exportado. Nesse ano, as compras efetuadas pelos Estados

0

10000000

20000000

30000000

40000000

50000000

60000000

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Importação Exportação

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Unidos ficaram em segundo lugar, representando mais de 20%; Trinidad eTobago com 15% e a Venezuela importou 739 toneladas, pela primeira vez,representando 3,2%. Em 2003, o Brasil exportou para 45 países e registrouaumento das compras da Venezuela, com 1,7 mil tonelada, representando5,7% do total. No ano de 2004, o número de importadores passou de 45para 55, um incremento de 22%. Nesse ano, o leite condensado brasileiroganhou espaço no mercado internacional atendendo países como Angola,Estados Unidos, Trinidad e Tobago, Azerbaijão, Líbano, Ilhas Maurício,Turcomenistão, Emirados Árabes Unidos, Nova Zelândia, Cuba, Argélia eAlemanha. O Brasil arrecadou só com leite condensado US$ 26 milhões,vendendo 31,2 mil toneladas a um preço médio de US$ 833,33/t. A Figura 2mostra os compradores de leite condensado brasileiro de 1996 a 2006.

Fonte: MDIC/ Aliceweb.Elaborado pelos autores.

Figura 2 - Mapa dos importadores de leite condensado brasileiro no períodode 1996 a 2006.

Pela Figura 2 pode-se notar que o leite condensado brasileiro já chegouem todos os continentes, alcançando quase todos os países da América,Oceania e grande parte da África. No entanto, o acesso à Europa e à Ásiaainda é pequeno. Em 2006, o leite condensado brasileiro foi exportado para63 países, arrecadando um total de US$ 59,7 milhões. Isso representou umincremento de 78,2% no valor das exportações de leite condensado emrelação a 2005. Portanto, tudo indica que o mercado internacional de leitecondensado, assim como o nacional, está em crescimento e o Brasil tempotencialidades para ampliar sua produção e exportação. Com o boom dasexportações lácteas em 2004, muitas indústrias laticinistas já ampliaram suaprodução. Porém, a recente valorização cambial desestimulou a exportação.

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Ou seja, tornou-se mais lucrativo para algumas empresas vender o produtono mercado interno do que exportar. De acordo com Conab (2007), a partirde outubro de 2002, a diferença entre o preço interno e o de exportação doleite condensado se ampliou, favorecendo a venda desse produto no mercadointerno. A Figura 3 mostra os principais importadores do leite condensadobrasileiro no ano de 2006.

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Figura 3 – Principais importadores de leite condensado brasileiro entre 1996e 2006.

A Figura 3 identifica os principais clientes do Brasil no mercadointernacional de leite condensado. São eles: Venezuela, Angola, EstadosUnidos, Trinidad e Tobago e Tunísia. Estes cinco países compraram 76,4%do leite condensado brasileiro enviado ao exterior em 2006.

3 O mercado mundial de leite condensado

Apesar do protecionismo existente no mercado lácteo internacional,este apresenta-se bem diversificado. Há negociações entre e intra blocos epaíses. Neste âmbito, o leite condensado não é diferente. Por ser um produtode elevada vida de prateleira (cerca de dois anos), o leite condensado apre-senta considerável volume de negociações. Dentre os principais importadoresdo produto estão países de vários continentes (europeus, americanos easiáticos), demonstrando, assim, que o produto é consumido pelos maisvariados povos, o que é uma característica extremamente interessante paraum produto de exportação. A Tabela 2 apresenta os principais países im-portadores de leite condensado no período de 2004 a 2006.

Venezuela

Angola

Outros

Tunísia

Trinidad e Tobago

Estados Unidos

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O comércio internacional de leite condensado

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Tabela 2 - Principais importadores de leite condensado no período de 2003 a2005.

País US$ mil - FOB Participação (%)

2004 2005 2006 2004 2005 2006

Arábia Saudita 166.873 110.144 97.939 25,4 18,0 15,4Malásia 48.367 52.765 63.807 7,4 8,6 10,0França 49.225 52.279 49.844 7,5 8,5 7,8Alemanha 36.360 38.030 39.659 5,5 6,2 6,2México 37.857 40.393 38.807 5,8 6,6 6,1Estados Unidos 25.820 26.519 34.281 3,9 4,3 5,4Reino Unido 21.526 30.460 29.079 3,3 5,0 4,6Países Baixos 24.029 23.318 22.949 3,7 3,8 3,6Espanha 22.252 21.200 22.442 3,4 3,5 3,5Venezuela* - - 22.348 - - 3,5TOTAL 432.309 395.108 421.155 65,9 64,5 66,1

* Não há dados disponíveis para a Venezuela para os anos de 2004 e 2005 na classificação HS2002.Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Pela Tabela 2 pode-se notar que, com exceção da Arábia Saudita edos Países Baixos (Holanda), todos os países elevaram as importações deleite condensado entre os anos de 2004 e 2006. No entanto, o ranking dosmaiores importadores de leite condensado do mundo teve várias alteraçõesno período. Desses países, o Brasil só não forneceu leite condensado paraEspanha e Malásia, em 2006. Além disso, é interessante notar que, em 2006,somente a Arábia Saudita importou o equivalente a 164% do total exportadopelo Brasil, o que indica que o Brasil tem possibilidades de expandir seuvolume de exportações de leite condensado para os países considerados naTabela 2. A Tabela 3 fornece o ranking dos principais exportadores de leitecondensado do mundo.

Como mostra a Tabela 3, dentre os maiores exportadores de leitecondensado há países da Europa, Ásia, América e Oceania. A tabela tambémmostra que no período analisado houve grande mudança no ranking dosmaiores exportadores de leite condensado. A Síria e o Brasil, por exemplo,aumentaram muito suas exportações e se estabeleceram entre os três maioresexportadores de leite condensado. A Síria saltou de uma participação de0,4% em 2005 para 10,6% em 2006, enquanto o Brasil passou de 5,6% em2004 para 10,3% em 2006. No entanto, os Países Baixos reduziram suaparticipação em 8,6 pontos percentuais no período. Os Países Baixos, comEspanha e Cingapura, foram os únicos países que reduziram a exportação de

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leite condensado de 2004 a 2006. Assim, como conseqüência do aumentodas exportações dos demais países, o total exportado pelos dez maioresexportadores cresceu consideravelmente no período analisado.

Tabela 3 - Principais exportadores de leite condensado no período de 2004a 2006.

País US$ mil - FOB Participação (%)

2004 2005 2006 2004 2005 2006

Países Baixos 103.009 94.110 77.137 22,0 18,4 13,4Síria* - 2.288 60.899 - 0,4 10,6Brasil 26.172 33.479 59.654 5,6 6,5 10,3Bélgica 50.790 52.491 56.926 10,8 10,2 9,9Chile 29.391 39.096 51.176 6,3 7,6 8,9Bielo-rússia 29.320 32.294 36.699 6,2 6,3 6,4Alemanha 23.816 23.564 27.193 5,1 4,6 4,7Cingapura 27.971 28.397 24.025 6,0 5,5 4,2Espanha 31.096 24.437 23.857 6,6 4,8 4,1Austrália 18.101 19.132 22.193 3,9 3,7 3,8TOTAL 339.666 349.288 439.759 72,5 68,0 76,3

* Não há dados disponíveis para o ano de 2004 na classificação HS2002.Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

No entanto, os subsídios à exportação e tarifas de importação, aplica-dos especialmente pelos Estados Unidos e União Européia, distorcem ocomércio internacional. Nos Estados Unidos, por exemplo, aplica-se uma cotalimite de 6.857.3000 kg para as importações de leite condensado. Dentrodesta cota, o exportador paga uma tarifa que varia de US$ 0,022 a US$0,033/kg. Fora deste limite, os valores variam de US$ 0,313 a US$ 0,496/kg (Hadjigeorgalis, 2005). Por outro lado, a União Européia privilegia osprodutos dos países membros, reduzindo seqüencialmente as compras deprodutos oriundos de outros países.

Os principais fornecedores de leite condensado para os principaiscompradores são evidenciados na Tabela 4.

A Tabela 4 vem confirmar a informação referente à União Européia.Os dois países europeus presentes na tabela (França e Alemanha) importama maior parte do leite condensado dos países membros da União Européia.Além disso, a tabela evidencia elevado grau de concentração e dependêncianeste mercado, visto que os maiores importadores de leite condensado tendema comprar de poucos compradores. Para três dos cinco países considerados

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O comércio internacional de leite condensado

119

acima, mais de 90% do leite condensado comprado vem de somente trêspaíses. No caso do México, por exemplo, 84,3% das compras externas sãooriundas do Chile.

Tabela 4 - Preços internacionais de leite condensado (US$ FOB/t).

País Importador Principais fornecedores e suas importações Participação dos principaisfornecedores (%)

Arábia Saudita Países Baixos (33,7%), Alemanha (18,9%) e Malásia (12,8%) 65,4Malásia Tailândia (71,3%), Austrália (15,0%) e Estados Unidos (6,9%) 93,2França Bélgica (46,4%), Alemanha (18,3%) e Países Baixos (4,6%) 69,3Alemanha Bélgica (70,3%), Países Baixos (18,3%) e Luxemburgo (4,6%) 93,2México Chile (84,3%), Estados Unidos (12,9%) e Cingapura (2,5%) 99,7

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Com relação aos preços internacionais de leite condensado, a Tabela5 apresenta os valores para os principais importadores.

Tabela 5 - Preços internacionais de leite condensado (US$ FOB/t).

País 2004 2005 2006 MédiaImportador

Arábia Saudita 3.524,82 2.890,67 2.447,72 2.954,40Malásia 727,15 764,80 978,18 823,38França 2.135,91 2.167,87 2.148,99 2.150,92

Alemanha 2.362,25 2.087,37 2.007,20 2.152,27México 1.086,25 1.217,14 1.343,20 1.215,53Média 1.967,28 1.825,57 1.785,06 1859,30

Fonte: Comtrade (2008).Elaborado pelos autores.

Pela Tabela 5 pode-se notar que a Arábia Saudita, com os paíseseuropeus, apresentaram os preços mais elevados durante todo o períodoanalisado. Na média dos três períodos, os preços mais elevados foram daArábia Saudita, Alemanha e França, respectivamente. Entretanto, a Malásiaapresentou os menores preços durante todo o período, sendo, na média,equivalente a 2,48 vezes menor que o preço da Arábia Saudita. Porém, aMalásia e o México (países com os dois menores preços) apresentaramtendência de elevação do preço do leite condensado, enquanto a ArábiaSaudita e a Malásia apresentaram tendência de queda. No entanto, a França

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Comércio internacional de lácteos

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manteve preços praticamente constantes de 2004 a 2006. Porém, na médiados três períodos, os preços internacionais caíram.

Cruzando as informações das Tabelas 4 e 5, pode-se perceber queMalásia e México, países com os preços médios menores dentre os cincomaiores importadores de leite condensado do mundo, importam o produto depaíses fora do continente europeu. Entretanto, Arábia Saudita, França eAlemanha importaram, em 2006, basicamente leite condensado provenientedo continente europeu. Estes dados parecem indicar que os preços praticadospelos países europeus se encontram acima dos preços praticados pelo restodo mundo. No entanto, uma análise mais apurada se faz necessária para seconcluir sobre a existência de imperfeições de mercado ou discriminação depreços por parte dos países europeus.

Além disso, comparando-se os preços internacionais com os preçosde venda do leite condensado brasileiro no mercado internacional, observa-se que este último apresenta-se abaixo da média mundial. Para se ter umaidéia, no ano de 2004, o Brasil vendeu o leite condensado por US$ 836,24/t, enquanto a média evidenciada na Tabela 5 foi de US$ 1.967,28/t e em2006, o preço brasileiro foi de US$ 1.216,28/t e a média mundial foi de US$1.785,06/t. Este fato vem, portanto, confirmar novamente a competitividadebrasileira na exportação de leite condensado.

4 Comentários finais

Pelo exposto, pode-se verificar a importância do leite condensado paraa balança comercial de lácteos do Brasil. Este produto tem ganhadoimportância a partir de 1999, quando sua balança comercial tornou-sesuperavitária. Desde então, quantidades crescentes do produto têm sidoexportadas para diversos países.

Como principais compradores do leite condensado brasileiro tem-seAngola, Venezuela e Estados Unidos. Este último, um dos maiores importadoresde leite condensado do mundo, apesar de aplicar política protecionista para aimportação de lácteos, tem importado volumes crescentes do leite condensadobrasileiro. E, se não fosse o tratado de livre comércio com o México (Nafta),este volume poderia ainda ser maior. Neste sentido, vale lembrar que EstadosUnidos e Brasil estão negociando há anos um acordo (Alca) para facilitar ocomércio entre eles e outros países americanos. Portanto, entidades do setorlácteo talvez devam se unir para pressionar os policy-makers brasileiros eamericanos e procurar reduzir as tarifas de importação do leite condensadobrasileiro, visto que este produto tem se mostrado muito competitivo no mercadointernacional e importante para a balança comercial de lácteos brasileira.

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O comércio internacional de leite condensado

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Nesse sentido, vale também negociar com a União Européia, onde seencontram grandes importadores de leite condensado, como França eAlemanha. Como evidenciado anteriormente, os continentes europeu easiático ainda são pouco explorados pelos exportadores de leite condensadobrasileiro e apresentam-se como potenciais mercados consumidores paraeste produto.

Referências bibliográficas

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COMTRADE. Disponível em: <www.comtrade.un.org/db>. Acesso em 26fev. 2008.

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IEA – Instituto de Economia Aplicada, SP. Vendas de Leite CondensadoCrescem 7% No Brasil. Disponível em: <http://www.iea.sp.gov.br/OUT/verTexto.php?codTexto=7465>. Acesso em: 02 out. 2007.

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NEGOCIAÇÕES AGRÍCOLASINTERNACIONAIS, BARREIRAS AO LIVRE

COMÉRCIO DE LÁCTEOS

Ricardo Cotta Ferreira1

Marcelo Costa Martins2

1 Introdução

O mercado mundial de produtos lácteos vem demonstrando, nosúltimos anos, ser um dos mais protecionistas do mundo. Segundo aOrganização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em2006, do total de subsídios equivalentes concedidos por commodities (SCT)de US$ 158 bilhões, a produção leiteira utilizou US$ 24,64 bilhões ou 16%do total, o que configura a sua manutenção na lista da commodity maisprotegida e subsidiada do mundo. Esta proteção artificial prejudica paísesque produzem sem a devida “ajuda” governamental e anulam as vantagenscomparativas naturais. Por isto, estes são os que mais lutam por um mercadointernacional justo e liberal (level playing field), tendo como palco destasdiscussões a Organização Mundial do Comércio (OMC).

Porém, as negociações agrícolas internacionais no âmbito multilateralnão estão caminhando no sentido de uma grande liberalização, uma vezque a Rodada Doha do Desenvolvimento (DDA), lançada em 2001, aindabusca desesperadamente se manter viva, após seis anos de negociaçãosem muitos avanços.

Como nos produtos lácteos o protecionismo é concedido sob diversasformas, seja pelas Medidas de Apoio Doméstico (subsídios internos), sejapor instrumentos que dificultam o Acesso a Mercados (tarifas, cotas, preçosmínimos de entrada, etc.). Para a efetiva ampliação do mercado internacional,fazem-se necessárias outras modalidades de negociações complementaresque não apenas a aposta na OMC. Neste sentido, surgem as oportunidadesnas negociações regionais, seja pela sua maneira mais incipiente com a adoçãode sistema de preferências comerciais, seja pela sofisticada adesão de umpaís em uma União Monetária. São nestas negociações regionais em que se

1 Economista, Mestre em Economia, Superintendente Técnico da CNA2 Agrônomo, Mestre em Economia, Assessor Técnico da Comissão Nacional de Pecuária de

Leite CNA

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Comércio internacional de lácteos

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podem obter maiores avanços no pilar Acesso a Mercados, uma vez que obenefício de eventual redução tarifária não é estendido a um grande grupode países e sim a apenas o que pontualmente se negociou, limitando o riscode aumento expressivo de importações, tornando o país defensivo menosvulnerável e por isto mais propício a negociar produtos considerados sensíveis.

2 Inserção do Brasil neste contexto de negociações

A pergunta que paira é: Como o Brasil vem agindo neste contextonegociador atual?

A resposta, não tão simples de ser respondida, passa por uma avaliaçãodo contexto político internacional em que o País vive. Neste sentido, umadas primeiras ações que a atual administração federal tomou com relaçãoàs significativas negociações comerciais regionais que estavam em cursofoi a de interrompê-las ou de congelá-las. Isto ocorreu com a Área de LivreComércio das Américas (Alca) na reunião Ministerial de Miami em setembrode 2003 e com a tentativa de se criar a área de livre comércio União Européia-Mercosul, negociações estas que envolviam os maiores parceiros comerciaisdo Brasil. Assim, todas as apostas do Ministério das Relações Exteriores doBrasil (Itamaraty) ficaram centradas nas negociações da Rodada Doha daOMC. No entanto, estas, por serem extremamente complexas (apenas oenvolvimento de 150 países tentando buscar consensos já é um processodoloroso), correm grande risco de atingirem resultados pífios do ponto devista comercial, se chegarem a este ponto. O que boa parte de outros paísesfizeram foi trabalhar as negociações regionais paralelamente às multilaterais,exatamente o contrário do que fez o Brasil.

No âmbito da Alca, oito reuniões ministeriais, 13 do Conselho deNegociações Comerciais e inúmeras dos 12 grupos negociadores, dentreeles o de Agricultura durante os oito anos de discussões concretas desde aReunião Ministerial de Denver em 1995. A idéia inicial de se fazer umagrande área de livre comércio continental envolvendo 34 países das trêsAméricas (menos Cuba), surgiu ainda antes, durante a administração deGeorge Bush (pai) nos Estados Unidos com o lançamento do projeto “Iniciativapara as Américas” em junho de 1990.

Durante o processo negociador chegou-se a ter apresentações deofertas de desgravação tarifária em que se estava negociando a inclusão detodo o universo tarifário em quatro categorias ou cestas (A – paradesgravação imediata; B – para desgravação em até cinco anos; C – em atédez anos e D em mais de dez anos). É claro que seria fundamental, parapaíses agroexportadores como o Brasil, melhor definir os critérios desta última

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Negociações agrícolas internacionais, barreiras ao livre comércio de lácteos

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categoria, uma vez que certamente os Estados Unidos colocariam aí osprodutos agrícolas considerados sensíveis por eles e de interesse nacional,porém, nunca poderia ser pretexto de interrupção negociadora. Outro pontoque foi também motivo de grandes discussões é o tratamento que seriadado aos subsídios domésticos, às exportações e às políticas antidumpinglargamente utilizadas pelos EUA que se recusavam a tratar estes assuntosfora de uma negociação multilateral. Ademais, estes estavam extremamenteagressivos em demandas de outros setores como serviços e comprasgovernamentais, ou seja, queriam uma Alca ampla.

Pelo lado brasileiro, já havia uma grande dificuldade de se fazer umaproposta ambiciosa devido à reação conservadora de alguns setoresindustriais resistentes a uma maior abertura, que foi ampliada quando dastentativas de harmonizá-la com os parceiros do Mercosul, como preconiza oacordo deste bloco. O fato é que, enquanto países como o Canadá chegarama apresentar uma proposta ambiciosa, colocando 72% do universo agrícolana Categoria A de desgravação imediata, o Mercosul propôs apenas 38%das linhas tarifárias nas categorias A, B e C. O fato é que estes dificultadoresfazem parte do processo negociador e o passo seguinte seria fazer os tradeoffs (barganhas). No entanto, um ambiente político propício por trás seriafundamental para o sucesso das negociações, porém, este foi dificultadodurante a administração Bush e a reação contrária, muitas vezes ideologizada,de governantes de países da América do Sul, inclusive do Brasil. Com estecenário, a última tentativa concreta que os países tiveram para destravar oprocesso foi com a reunião Ministerial de Miami em 2003 que produziu umadeclaração tímida e pouco ambiciosa. Novo destravamento ainda foi tentado,sem sucesso, naquela que foi a última reunião do Conselho de NegociaçõesComerciais em Puebla, no ano seguinte.

As negociações entre UE-Mercosul estiveram muito próximas de seremconcluídas em outubro de 2004 quando a UE chegou a apresentar, mesmoque de maneira apenas oral, uma nova proposta de cotas tarifárias para osprodutos agrícolas sensíveis, que era o grande dilema negociador. É claroque ainda estava pendente o esclarecimento de alguns detalhes como a suaconcessão de modo fatiado a ser preenchido em dez anos e até mesmo aparcela que estaria vinculada aos resultados da Rodada Doha. Mesmo paraprodutos lácteos, em que a UE é mais do que auto-suficiente, fora apresentadauma reduzida oferta de 13 mil toneladas de leite em pó com tarifa de 640euros por tonelada; de 4 mil toneladas de manteiga com 434 euros portonelada e de 20 mil toneladas de queijo pagando 402 euros a tonelada.

As negociações com a UE também foram longas e penosas com umpouco menos de ideologia em jogo, mas com o mesmo insucesso. O processoteve início em 1995 quando os países dos blocos firmaram um Acordo Quadro

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Comércio internacional de lácteos

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Inter-regional de Cooperação e somente quatro anos mais tarde foramlançadas as negociações comerciais de maneira abrangente, envolvendo bensindustriais, agrícolas e serviços, seguindo o single undertaking (as negociaçõesdeveriam ser conduzidas em bloco e não individualmente por setor) e levandoem consideração as sensibilidades dos blocos. Trocas de ofertas ocorrerame pode-se dizer de modo sucinto que uma foi o espelho (inverso) da outra,i.e. nos poucos pontos onde o Mercosul se demonstrou agressivo eramexatamente os pontos defensivos da UE e vice-versa. Nestas negociações,não houve uma declaração ministerial minguando o processo, apenas umaparalisação que pode ser retomada a qualquer momento, uma vez tenha umambiente político mais favorável e um desfecho da Rodada Doha. O fato éque o Mercosul perdeu uma grande oportunidade quando estava no processonegociador nas duas grandes frentes concomitantemente (Alca e UE) epoderia melhor barganhar com os eventuais parceiros, o que acabou nãoocorrendo. Vez ou outra, chefes de estado de ambos os blocos lembram emseus pronunciamentos de relançar as negociações, porém, desde 2004, nadade concreto avançou.

Em ambas ao grandes negociações comerciais, o setor que saiprejudicado é aquele com maiores vantagens comparativas, no caso do Brasil,o setor agrícola e dentro dele, o setor lácteo. O fato é que este acabapagando pela incompetência de outros que, não por acaso, são os mais pro-tecionistas e que acabam prejudicando o processo negociador na redução daambição das ofertas colocadas na mesa.

Enquanto as negociações regionais estão paradas por parte doMercosul, a multilateral ainda tenta sobreviver, uma vez que o colapso daatual Rodada Doha, após decorridos seis anos, pode realmente comprometera funcionalidade e até mesmo existência deste organismo internacional antesde completar seu aniversário de debutante.

3 O mercado internacional de produtos lácteos

O comércio de lácteos equivale a apenas 7% da produção mundial,estimada em 549,7 bilhões de litros de leite (FAO, 2007), o que mostraclaramente que se trata de um mercado muito reduzido. As exportaçõessão dominadas pelos países da União Européia e Oceania (Figura 1). Já asimportações concentram-se nos países da Ásia, África e América Latina(Figura 2).

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Fonte: USDA, 2008; Volume total exportado: 2.555 mil toneladas.

Figura 1 - Principais exportadores de leite em pó integral e desnatado.

Fonte: USDA, 2008; Volume total exportado: 2.555 mil toneladas.

Figura 2 - Principais importadores de leite em pó integral e desnatado.

Historicamente, a internalização de produtos lácteos a preçosartificialmente baixos esteve na raiz dos principais problemas da atividadeleiteira nacional. Mais especificamente, as importações desleaisprovocaram, direta ou indiretamente, os seguintes danos: (i) redução dopreço pago ao produtor; (ii) balizamento artificial dos preços no mercado

Maiores Exportadores de Leite em Pó - 2007

Nova Zelândia39%

EU-2722%

Austrália12%

EUA10%

Argentina4%

Outros13%

Maiores Importadores - 2007

China26%

Filipinas19%

Taiwan15%

Indonés ia12%

Rússia11%

Outros17%

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doméstico; (iii) instabilidade dos preços praticados aos produtores econsumidores, dificultando o planejamento da atividade; (iv) inibição doaumento da oferta interna voltada ao atendimento do mercado formal einstitucional; (v) desestímulo ao desenvolvimento, especialização ecrescimento auto-sustentado da pecuária leiteira; (vi) elevação do nível dedesemprego na pecuária de leite; (vii) competição desigual, gerando falênciase sérias dificuldades para as cooperativas e empresas de laticínios e; (viii)efeitos negativos sobre a balança comercial brasileira.

Recentemente, após a aplicação de medidas antidumping(comercialização a preço inferior àquele praticado no mercado doméstico)nas exportações de leite em pó originárias da Argentina, Uruguai, NovaZelândia e União Européia, o Brasil passou da situação de um dos maioresimportadores de lácteos do mundo para exportador líquido (Figura 3).

No ano de 2007 o País exportou US$ 299,6 milhões. A pauta deexportação concentrou-se no leite em pó, que atingiu a cifra de US$ 181,3milhões e no leite condensado/evaporado com envio de US$ 43,3 milhões.Os principais parceiros comerciais foram Venezuela, Argélia e Senegal, queimportaram, respectivamente, US$ 62,6 milhões, US$ 54,9 milhões e US$12,9 milhões.

Fonte: Secex/MDIC.Elaboração: SRI/Mapa.* Nos anos de 2006 e 2007 foram acrescidos leite modificado e doce de leite.

Figura 3 - Balança comercial de lácteos no Brasil.

O resultado positivo da balança comercial de lácteos comprova que apecuária de leite brasileira tem competitividade, com capacidade para atenderà demanda interna e gerar excedentes para exportação. Para tanto, uma

456.6511.7

439.9373.1

247.6

9.4 8.1 7.5 13.4 25.0 40.2 48.5

299.6

-447.2-503.6

-432.4-359.7

-207.4

177.5 154.7152.7112.3

83.9 121.2

168.3130.195.4

13.6146.9

11.5

-152.4-63.8

8.9

-600.0

-400.0

-200.0

0.0

200.0

400.0

600.0

1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008

Importações Exportações Saldo

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das ações necessárias é a eliminação as distorções no mercado internacionalde lácteos.

As formas mais clássicas e mais usadas de protecionismo podem serresumidas em três áreas. A primeira diz respeito aos elevados subsídiosdomésticos dos países ricos que, por meio de preços mínimos de garantiaelevados e desconectados do mercado internacional, criam um estímulopermanente aos seus produtores para aumentar a produção, inflando a ofertamundial e impactando negativamente os preços internacionais.

A segunda prática são os subsídios às exportações que, na realidade,são conseqüência da primeira. O subsídio à exportação é o meio pelo qual oexcesso de oferta interna, provocado pelos estímulos domésticos artificiaisà produção, viabiliza o escoamento destes excedentes no mercadointernacional. Essa é uma das práticas mais danosas das políticas agrícolasdos países ricos, pois desloca as exportações dos países que produzem emcondições competitivas, que perdem participação no mercado mundial.

A terceira forma de protecionismo reside nas restrições do acesso amercados, compreendidas pelas barreiras tarifárias e não-tarifárias. É comuma imposição por parte dos países desenvolvidos de elevados picos tarifáriosque restringem o acesso de produtos agropecuários e protegem seusprodutores da concorrência internacional. Os Estados Unidos, por exemplo,embora pratiquem tarifas médias consideradas baixas, cerca de 3%, adotamuma estrutura tarifária que discrimina os produtos agropecuários. Existemaproximadamente cem produtos que possuem tarifas de importação (advalorem + específicas), que variam entre 35% e 350%, protegendo deforma “cirúrgica” produtos de grande interesse do Brasil, como lácteos, fumo,açúcar, suco de laranja, álcool, chocolates, amendoim e calçados, entreoutros. Na União Européia, há uma profusão de barreiras tarifárias incidindosobre os produtos agrícolas, incluindo elevados picos tarifários, tarifasespecíficas, preços de entrada, tarifas sazonais, etc.

Além das restrições tarifárias, há ainda as barreiras não-tarifárias,que dificultam o acesso aos mercados, incluindo as restrições quantitativas(cotas, proibições, restrições voluntárias) e as barreiras sanitárias efitossanitárias que afetam principalmente o segmento de carnes, lácteos efrutas tropicais. Os países desenvolvidos nem sempre se baseiam emevidências científicas para impor estas barreiras na importação de produtosagropecuários, conforme recomenda o acordo de medidas sanitárias efitossanitárias da Organização Mundial do Comércio (acordo SPS).

A agropecuária sempre foi uma espécie de “patinho feio” do comérciomundial, permanecendo excluída das regras do antigo Gatt (Acordo Geral deComércio e Tarifas) desde a sua criação, em 1947, até a conclusão da RodadaUruguay, em 1995, quando foi finalmente assinado um Acordo Agrícola e

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criada a Organização Mundial de Comércio – OMC. Assim, o tema agrícolaesteve fora da agenda por quase 50 anos de negociações industriais do pós-guerra. A ausência de regras do comércio agrícola mundial fez proliferarmedidas protecionistas com efeitos fortemente distorcivos no mercado.

A primeira política comum da antiga Comunidade Econômica Européiafoi exatamente na área agrícola, em 1957, com o pretexto de resguardarsegurança alimentar no continente. Tinha como base preços mínimoselevados, desconectados do mercado mundial, além da garantia de rendaaos seus agricultores. Esta política gerou a formação de grandes excedentesde produção que, para serem desovados, demandou vultuosos subsídios nasua exportação para terceiros mercados. Para fazer frente ao protecionismoeuropeu, os Estados Unidos também implementaram uma série de políticasdomésticas e de exportação que vieram a agravar as distorções do comércioagrícola mundial.

Embora o Acordo Agrícola da OMC possa ser considerado um avanço,pois pela primeira vez a agricultura passou a contar com regras e disciplinasde comércio, em termos concretos, os resultados têm sido frustrantes,fracassando no seu intuito de desmantelar o arsenal de medidasprotecionistas. Comparando a média dos subsídios totais dos 30 países queintegram a OCDE, no período pré-Acordo Agrícola da OMC (1986-1988)com os valores médios de 2004 a 2006, observa-se que os subsídios, aoinvés de diminuírem, como era a intenção original, acabaram aumentando.Na média do período mais recente, os subsídios dos países da OCDE foramde US$ 280,3 bilhões por ano ou 15,6% acima dos subsídios no períodopré-acordo agrícola.

Tabela 1 - Subsídio Equivalente ao Produtor (PSE) em milhões de dólares.

Países Pré-OMC Pós-OMC(1986-88) (2004-2006)

União Européia 100.817 140.473Estados Unidos 36.806 38.107OCDE 241.932 280.247

Fonte: “Agricultural Policies in OECD Countries: Monitoring and Evaluation 2006”, OCDE, Paris, France.

O protecionismo, seja na forma de subsídios às exportações ou naforma de barreiras ao acesso aos mercados, deprime os preços internacionais,desestabiliza o mercado e desloca da produção eficientes fornecedores quenão subsidiam. Diante deste cenário, fica claro que o incremento dasexportações brasileiras de lácteos depende de uma substancial reforma docomércio internacional nesse setor.

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Destaca-se também, além da competição desleal, a dificuldade em seobter acesso a mercados para os produtos lácteos. O mercado de queijos daUE é de 7 milhões de toneladas/ano. Desse montante, apenas 100 miltoneladas são importadas por meio de tarifas intracota menor. O Japão aplicatarifas superiores a 500% na importação de manteiga, o Canadá aplica tarifasentre 200% e 300% em suas importações de lácteos.

Infelizmente, no atual estágio das negociações não há consenso entreos principais players (Estados Unidos, União Européia, Índia e Brasil). Dolado americano, a resistência em reduzir o teto dos subsídios agrícolas totaisabaixo dos US$17 bilhões e a intransigência em admitir disciplinas específicaspor produto, para evitar a chamada concentração, é sem dúvida um forteobstáculo para concluir um acordo no pilar de Apoio Doméstico.

Do lado europeu, a resistência está concentrada no pilar de Acesso aMercado, em que a UE sempre indicou pouca flexibilidade para melhorar suaproposta inicial que prevê um corte médio de 39% nas tarifas, bem abaixoda redução média de 54% contida na proposta do G-20. A UE sinaliza umapossível melhora no corte médio, que pode chegar até aos 50%, com umcorte na banda de tarifas mais alta (acima de 90%) podendo ser aumentadade 60% para 70%. Todavia, a grande dificuldade está na questão de seleçãoe tratamento dos produtos sensíveis demandados pela UE.

A UE, desde o início, advogou a seleção de um número equivalente a5% das linhas tarifárias agrícolas como sensíveis. A insistência na UE nessepercentual e sua relutância em aceitar um mecanismo de compensação paraos desvios do corte para produtos sensíveis, via cotas tarifárias (TRQs),equivalente a determinado percentual do consumo doméstico (no mínimo5%) são fatores que podem travar a negociação.

Todavia, a culpa não pode ser inteiramente debitada aos paísesdesenvolvidos. A Índia, parceira do Brasil no G-20 e líder do G-33, grupo depaíses em desenvolvimento importadores líquidos de alimentos, adota umaposição extremamente defensiva em agricultura e em NAMA (bensindustriais, na terminologia da OMC). Em agricultura, a Índia estáintransigente na defesa dos chamados produtos especiais e salvaguardasagrícolas especiais, dois mecanismos desenhados para atender aos objetivosnão bem definidos de segurança alimentar, sobrevivência das populaçõesrurais e desenvolvimento rural.

O Brasil pode ser muito afetado por esse mecanismo, uma vez que ocomércio Sul-Sul vem crescendo de forma expressiva nos últimos anos e járepresenta mais de 90% das exportações de lácteos do País. No entanto, oBrasil não vem reagindo negativamente às propostas indianas, claramentecontrárias aos nossos interesses exportadores, optando por manter a unidadepolítica do G-20.

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No caso brasileiro, as maiores resistências são em relação àsconcessões em NAMA. Nesse ponto, o Brasil se aliou à Índia para bloquearavanços nas reduções das tarifas industriais dos países em desenvolvimento.Enquanto os países desenvolvidos propõem cortes com base na Fórmula Suíçacom um coeficiente 15, o Brasil e Índia relutam em não reduzir, além docoeficiente 30, o que representa um corte efetivo bem menor nas tarifasindustriais efetivamente praticadas pelo Brasil, já bastante elevadas pelospadrões internacionais. O que seria cortada, mantendo este coeficiente, ébasicamente a «água» existente nas tarifas. É interessante destacar aincoerência dessa posição quando cotejada com as tarifas agrícolas. Enquantoo Brasil, como líder do G-20, critica duramente as propostas dos EUA e daUE, sob a alegação de que essas propostas não representavam cortes efetivosem relação aos montantes consolidados na OMC e os efetivamentepraticados, a proposta indo-brasileira em NAMA representa exatamente amesma coisa: corte apenas na “água”.

4 Perspectivas

Historicamente, os preços internacionais dos lácteos mantiveram-seartificialmente abaixo do equilíbrio de livre mercado. No ano passado, umconjunto de variáveis convergentes como o aumento de demanda, aumentodos custos de ração, problemas de seca em alguns países e a retirada dosubsídio à exportação por parte da União Européia, contribuiu para que ospreços internacionais do leite em pó atingissem os mais altos valores daúltima década, puxando a cotação dos demais produtos lácteos.

Os preços médios da tonelada de leite em pó integral e desnatadoatingiram mais de US$ 5 mil em 2007. Ao comparar esses preços com ospraticados na média da última década, verifica-se um incremento dascotações entre 255% e 448% dependendo da referência tomada.

Com a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) da União Européia,a expectativa é que os subsídios sejam desatrelados da produção (decoupling),continuando sendo pagos; porém, de acordo com a média recebida em anosanteriores, independentemente do montante produzido, o novo ponto deequilíbrio elevou o valor recebido pelos fazendeiros nos principais paísesprodutores de leite, não sendo, entretanto, suficiente para provocar umaumento produtivo significativo intra-UE. Para incentivar a produção, a UEampliou as cotas de produção por produtor em 2% em 2007.

No Brasil, os preços médios foram de R$ 0,6803/litro (sem descontode impostos e frete) para o fim do ano de 2007. O preço médio pago aosprodutores ficou 32% acima do preço de dezembro de 2006 e 34% superior

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ao valor obtido com a média de dezembro dos últimos dez anos – considerandovalores deflacionados pelo IPCA.

Fonte: Dairy Market News Weekly Printed Reports.

Figura 4 - Comportamento dos preços médios do leite em pó integral edesnatado no mercado europeu.

Fonte: CEPEA.Valores reais – deflacionados pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

Figura 5 - Preço recebido pelo produtor de leite em R$/litro (média Brasil).

1.000

2.000

3.000

4.000

5.000

6.000

Leite em pó desnatado Leite em pó integral

448% 255%

0.3000

0.4000

0.5000

0.6000

0.7000

0.8000

0.9000

1 3 5 7 9 11

2004 2005 2006 2007

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Comércio internacional de lácteos

134

5 Considerações

Apesar de as negociações internacionais serem uma prerrogativa deEstado, o setor privado não espera. Mesmo com todo o protecionismointernacional ainda em curso, o Brasil vem ampliando cada vez mais suasexportações graças aos investimentos feitos pelas indústrias processadoras.Entretanto, estas poderiam estar crescendo a um ritmo bastante superior seo jogo tivesse regras mais claras e justas, tendo como conseqüência melhoresrentabilidades que estimulariam todo o processo produtivo.

Resta ainda o setor produtivo primário e industrial se unirem para provocarreação mais objetiva e pragmática do Itamaraty nas negociações internacionaisem busca da redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias. Não se deveapostar todas as fichas nas negociações multilaterais sem trabalhar concomi-tantemente nas regionais. Este equívoco o Brasil já vem praticando nos últimosanos e quem acaba pagando por esta falta de resultados concretos é o setorprodutivo que poderia estar obtendo resultados bem mais significativos para oPaís. Enquanto isto, a concorrência internacional ocupa seu espaço.

Referências bibliográficas

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA (Cepea).Disponível em: ‹http://www.cepea.esalq.usp.br/leite/serie_precos_leite.xls›

MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, PECUÁRIA E ABASTECIMENTO (Mapa) –Agrostat . Disponível em: ‹http://www.agricultura.gov.br/›

ORGANIZATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT(OCDE) –Disponível em: ‹http:/ /www.oecd.org/document/0/0,3343,en_2825_494504_39508672_1_1_1_1,00.htm›

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA AGRICULTURA EALIMENTAÇÃO (FAO) – Disponível em: ‹http://faostat.fao.org/site/601/default.aspx›;

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Disponível em: ‹http://www.fas.usda.gov/dlp/circular/2007/ dairy_12-2007.pdf›

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Disponível em: ‹http://www.ams.usda.gov/dairy/ mncs/INTER.HTM›

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A INSERÇÃO BRASILEIRA NO MERCADO DELÁCTEOS DO MERCOSUL

Viviani Silva Lirio1

Lucas Oliveira de Sousa2

Antônio Carlos Miranda3

1 Introdução

As tentativas de ampliação dos fluxos internacionais de mercadorias eserviços sempre estiveram entre as preocupações mais relevantes dosgestores econômicos das diferentes nações. Desde os desenvolvimentosteóricos pioneiros4, a idéia de que a abertura comercial favorece os envolvidosna troca de produtos, mesmo quando um dos parceiros é menos eficienteque o outro na produção de todas as mercadorias envolvidas, expandiu-secomo referência de estímulo à abertura comercial entre os países.

Todavia, se, por um lado, os adeptos ao livre comércio defendem queo intercâmbio comercial pode maximizar o valor da produção total e beneficiartodos os países participantes, por outro, em todo o mundo, barreiras comerciaissão utilizadas principalmente para atender à demanda por proteção deimportantes grupos políticos e econômicos (Faria, 2004). Tal realidade fo-mentou, em paralelo à discussão sobre as vantagens da integração ampla emultilateral, a construção e a consolidação de acordos regionais de comércio.

De fato, existem argumentos bastante sólidos que apontam para afuncionalidade do regionalismo, como a redução da morosidade no processode liberalização dos fluxos internacionais de comércio e o aumento daspossibilidades de investimentos efetivos entre os parceiros (Lirio, 2001).Assim sendo, a essência da argumentação favorável às negociações regionaisreside no fato de serem estas mais profundas e rápidas do que as multilaterais,

1 Professora, Doutora, vinculada ao Departamento de Economia Rural da Universidade Federalde Viçosa – MG, [email protected]

2 Graduando do Curso de Gestão do Agronegócio, Universidade Federal de Viçosa – MG,[email protected].

3 Professor, Especialista, da Universidade Presidente Antônio Carlos – UNIPAC. Campus deVisconde do Rio Branco – MG, [email protected]

4 Não faz parte do escopo deste trabalho aprofundamentos teóricos em Comércio Internacional.Melhores informações sobre o tema podem ser encontradas em quaisquer livros texto sobreEconomia Internacional, dentre os quais se sugere, pela facilidade de acesso e leitura, Krugmane Obstfeld (2005).

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Comércio internacional de lácteos

136

incorporando maiores obrigações em troca de maiores benefícios, sendo,portanto, capazes de atender a importantes interesses de liberalizaçãocomercial. Se estruturadas de forma adequada, as negociações regionaispodem estimular a liberdade comercial de diversas maneiras e, nesse proces-so, ajudar na expansão dos mercados multilaterais.

Nesse sentido, segundo Souza et al. (2005: 42) “o Brasil experimentaquatro grandes aprendizados no campo da integração comercial: a construçãodo Mercosul, as discussões em torno da Área de Livre Comércio das Américas(Alca), a integração do Mercado Comum do Sul (Mercosul) com a UniãoEuropéia e a participação na Organização Mundial de Comércio (OMC).” Emtodos esses fóruns de negociações, a preocupação crescente reside,prioritariamente, nos aspectos relacionados às barreiras não-tarifárias,sobretudo as técnicas e sanitárias.

Ao lado dessas modificações de perfil de proteção, manteve-se aampliação da organização de blocos regionais de comércio. Justamente porserem muitas as exigências de negociação em aparatos comerciaismultilaterais, grande parte dos países optou por tornarem-se signatários degrupos comerciais, em variada ordem de organização.

No caso brasileiro, uma das experiências mais destacadas é aparticipação no Mercosul. Em vigência há mais de 15 anos5, foram várias asfases de expansão e retração das negociações. Todavia, ainda que seconsiderem as fases de maior crise nas negociações, o saldo do processo épositivo, não apenas em termos da ampliação dos fluxos de comércio entreos países-membros, mas também no que se refere ao aprendizado técnicosobre o tema.

Naturalmente, a abertura comercial promovida pelo Mercosul trouxerepercussões variadas. Diferentes setores, mais ou menos eficientescomparativamente aos demais signatários dos blocos encontraram, nessaalternativa comercial, oportunidades ou desafios. De toda sorte, é certo queuma maior exposição às regras concorrenciais é salutar. Nesse sentido Buenoet al. (2005) afirma que,

“Na primeira fase do Plano Real observa-se que a política cambial foiutilizada no sentido de segurar os preços domésticos. O câmbio valorizadojuntamente com a ampliação do grau de abertura da economia brasileira,proporcionada pela efetivação do Mercosul, atuou conjuntamente paraelevar a concorrência no mercado doméstico ao alavancar a quantidadeofertada de produtos, via importações, principalmente de países doMercosul, no curto prazo e manter estáveis os preços diante da abruptaexpansão da demanda proporcionada pelo Plano Real.”

5 Maior detalhamento sobre este tema será realizado posteriormente, neste mesmo capítulo.

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A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

137

Dentre os setores que mais sofreram os efeitos da integração regional,destaca-se a produção de leite e derivados. As características da produção,o perfil do rebanho nacional, as diferenças substantivas em relação à produçãoargentina, dentre outros fatores, tornaram este um setor relevante na análisedos efeitos setoriais do Mercosul. De acordo com Gomes (1997b, p.1)

“Para o Brasil, a cadeia agroindustrial do leite é uma das mais sensíveisàs influências do Mercosul. Entre as razões dessa sensibilidade, merecemdestaques as seguintes: a) No Brasil, a produção de leite é uma atividadeimportante, tanto do ponto de vista econômico quanto social, para todosos estados da federação; estima-se que o número de produtores comerciaisseja em torno de um milhão; b) Do ponto de vista de consumo, o leitetambém é muito importante, em razão de suas características alimentícias.Para algumas fases da vida humana ele é essencial; c) Os sistemas deprodução adotados no Brasil são muito menos produtivos que aquelespraticados em outros países do Mercosul, especialmente pela Argentina;e d) O Brasil ainda não conseguiu alcançar a auto-suficiência na produçãode leite; por isso, é obrigado a recorrer, sistematicamente, ao mercadointernacional para completar o abastecimento doméstico.”

Embora se deva contextualizar a assertiva do autor em virtude do períodode análise, sobretudo em termos da última consideração feita, a argumentaçãogeral permanece adequada, principalmente quanto à sensibilidade da cadeiaprodutiva e à relevância econômico-social do leite no Brasil.

Neste trabalho objetiva-se analisar a evolução das transações de leite(e derivados) entre os parceiros do bloco, de modo a inferir quais são osfluxos preponderantes e os principais desafios. Para tanto, esse documentoestá estruturado da seguinte forma: além desta introdução, a seção II tratados movimentos recentes do setor lácteo brasileiro em termos de sua inserçãointernacional; em seqüência, é apresentado um breve histórico da formaçãodo Mercosul (seção III), a análise dos fluxos comerciais de produtos lácteosno Mercosul (seção IV), e as conclusões (seção V).

2 A inserção brasileira no mercado internacional de produtoslácteos

No Brasil, a produção de leite é uma das atividades mais relevantes doagronegócio nacional. Apesar da grande heterogeneidade da base produtivae das dificuldades ainda existentes em termos de especialização do rebanhoe produtividade média, ocorreram, principalmente a partir da segunda metadeda década de 1990, grandes avanços, lastreados, sobretudo, pelos ganhostecnológicos.

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Comércio internacional de lácteos

138

As modificações ocorridas, além de construírem um cenário favorávelà atividade leiteira, delinearam uma mudança significativa: a transiçãobrasileira de importador líquido de lácteos para o de exportador. O País exportaleite em pó, leite longa-vida, leite condensado, creme de leite, leite evaporado,queijos e requeijões, manteiga, soro de leite e soro de manteiga.

Naturalmente, essa alteração encontrou espaço em um contextomacroeconômico que permitiu essa transição, minimizando fatoressabidamente danosos à atividade leiteira no Brasil.

Na prática, mesmo as condições desfavoráveis, como falta de políticade desenvolvimento em longo prazo para o setor, aliadas à concorrênciadesleal e predatória dos subsídios internacionais concedidos às principaiscommodities lácteas pelos países da União Européia e Estados Unidos, nãoforam suficientes para retrair as condições de profissionalização ecompetitividade do setor. Segundo Martins (2004, p. 38)

“o fortalecimento das entidades de classe tem sido fator relevante para aviabilização da Cadeia Produtiva do Leite no Brasil. A aplicação demedidas de defesa comercial (elevação da Tarifa Externa Comum (TEC)e medidas antidumping), juntamente com a implementação de políticase programas demandados pelo setor produtivo são grandes vitóriasocorridas no âmbito político e econômico.”

A superação doméstica não permite, contudo, desconsiderar aexistência de distorções severas no mercado internacional de lácteos. Deacordo com Bonjour (2007), os subsídios recebidos pelos países desenvolvidostêm prejudicado o acesso ao mercado com uma concorrência desleal, fazendocom que produtores competitivos sejam excluídos do comércio internacional.Estudo da OCDE (2006) aponta que países ricos subsidiam o setor lácteo emUS$ 50,1 bilhões, o que torna os incentivos brasileiros praticamenteirrelevantes.

Em sua pesquisa, Bonjour (2007) indica que, no Brasil, “o apoio àatividade agropecuária é modesto quando comparado ao de outros paísescompetidores.” Segundo OCDE (2006), o setor lácteo brasileiro possui apenas2,3% da receita bruta como subsídios (Figura 1).

Mesmo essas medidas não sendo exclusivas para o setor leiteiro,resultados de pesquisas recentes confirmam que o leite é o produto maissubsidiado no mundo. De acordo com levantamentos realizados por Martins(2004) e Bonjour (2007), somente o montante gasto com medidas de apoiointerno à produção de leite em países da OCDE representa, aproximadamente,uma vez e meia o valor anualmente comercializado no mundo.

Atualmente, o Brasil é o sexto maior produtor do mundo e exportapara cerca de oitenta países. É certo que as vendas externas nem sempre

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A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

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tiveram saldo favorável, entretanto, as perspectivas são otimistas. Segundolevantamento da Confederação Nacional da agricultura (CNA), depois de oBrasil finalizar o ano de 2006 com déficit na balança comercial de lácteos, osetor espera um ano mais favorável para as exportações do segmento6. Omotivo é a recente alta dos preços internacionais de lácteos em função damenor oferta no mercado internacional.

Fonte: Adaptado de Bonjour (2007). Dados básicos obtidos de OCDE (2006).

Figura 1 - Subsídios brasileiros à agropecuária (em percentual) – 2005/06.

De acordo com Alvim (2007), entre dezembro de 2005 e dezembro de2006, a tonelada do leite em pó (principal item entre os lácteos exportadospelo Brasil) no mercado internacional subiu 46%, saindo de US$ 2.050 paraUS$ 3.000 por tonelada.

Além disso, em 2007, os especialistas apontam que faltou leite nomercado internacional. De acordo com Mesquita (2007), “a ampliação da UniãoEuropéia - que passou de 15 para 25 países-membros - aumentou o consumode lácteos dentro do bloco. Assim, a UE, maior exportador mundial, perdeucapacidade para atender à demanda externa”. Além disso, segundo o mesmoautor, “houve crescimento significativo da procura no Sudeste Asiático. Aregião importa da Austrália e Nova Zelândia que, para atenderem a demandados asiáticos, acabaram abrindo espaço para o Brasil no mercado internacional.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Subsídios 17,2 12,3 6,1 5,8 3 2,4 2,3 1,9 1,7 1,2 1,2

Arroz Algodã

oTrigo Milho Café Soja Leite

Carne bovina

Cana-de-

açúcar

Carne suína

Carne de

aves

6 Segundo dados da SECEX (2006), adaptados pela CNA, o Brasil fechou 2006 com déficit de US$16,1 milhões na balança de lácteos, com importações de US$ 154, 7 milhões e exportações deUS$ 138,5 milhões.

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Comércio internacional de lácteos

140

Todavia, apesar da expansão das possibilidades de venda, as transaçõesbrasileiras ainda ocorrem preferencialmente com os países da América doSul e África (Figura 2).

Fonte: Secex (2007).

Figura 2 - Participação dos maiores países importadores de lácteos do Brasilem 2007.

3 Breve histórico da consolidação do Mercosul

A continuidade dos processos de integração entre as nações confirma atendência de formação de blocos comerciais regionais e bilaterais, de áreasde livre comércio e de uniões aduaneiras. Existem, de fato, argumentos bastantesólidos que apontam para a funcionalidade do regionalismo, como a reduçãoda morosidade no processo de liberalização dos fluxos internacionais decomércio e o aumento das possibilidades de investimentos internacionaisefetivos entre os parceiros. A essência da argumentação favorável àsnegociações regionais reside no fato de serem estas mais profundas e rápidasdo que as multilaterais, incorporando maiores obrigações em troca de maioresbenefícios sendo, portanto, capazes de atender importantes interesses deliberalização comercial. Se estruturados de forma adequada, esses esquemaspodem estimular a liberdade comercial de diversas maneiras e, nesse processo,ajudar na expansão dos mercados multilaterais (Lirio e Campos, 2002).

Nesse sentido, existem três fatores basilares que sustentam a propostade integração comercial7. Em primeiro lugar, mesmo a Organização Mundial

Venezuela23%

Argélia18%

Senegal4%

África do Sul4%

Argentina3%

EUA2%

Angola2%

Cuba2%

Chile2%

Outros40%

7 Considerações adicionais sobre este tema podem ser encontradas em Lirio (2001).

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de Comércio (sob as bases do Acordo Geral de Comércio e Tarifas - GATT)prevê a criação de uniões aduaneiras e de áreas de livre comércio, desdeque respeitados os critérios de eliminação das restrições em substancialmentetodo o comércio e de garantia da proibição da alta posterior de barreirasexternas. Em segundo, encontra-se a expectativa do impacto comercialengendrado pela integração regional nos diferentes países membros, namedida em que, subjacente à atitude positiva em relação ao livre comércioregional, existe a perspectiva de avaliação igualmente positiva acerca dopotencial de criação de comércio.

Em terceiro lugar, se observado o prisma político, três questõesmerecem destaque na defesa do livre comércio regional. A primeira delas édefensiva, em termos da formação de um bloco comercial como força paracontrabalançar parceiros comerciais de maior porte e, ou, outros blocoscomerciais. Insere-se, nesse contexto, a premissa de que as relaçõescomerciais dependem, em larga medida, do poder de negociação, a fim deassegurar acesso ao mercado para exportações.

A segunda explicação baseia-se no fato de que o livre comércio regionalé um adjunto do próprio sistema multilateral. Ademais, enquanto a liberalizaçãocomercial plena é limitada e incerta, os parceiros comerciais regionais, que, aprincípio, adotam as mesmas políticas, têm interesse mútuo na extinção dequaisquer barreiras comerciais entre eles, e possuem a possibilidade dedesenvolver estruturas de coordenação política necessárias à sua execução.

Por fim, o último argumento sustenta que os blocos comerciais podemservir de base para a elaboração de um padrão de comercialização mais amplo,ou multilateral, em uma etapa ulterior. Sob esse prisma, Pregg (1990) afirmaque a estruturação de grupos regionais configura-se mais como uma transiçãodo que uma divisão permanente entre os elementos regionais internos e externos,tornando possível que as iniciativas tomadas em nível regional possam, emboranão necessariamente, constituir-se força motriz capaz de impulsionar aliberalização do comércio, e os empreendimentos regionais venham a se tornarmodelos para sua incorporação posterior ao sistema multilateral.

Na América Latina, a despeito das iniciativas recentes de integração,o fortalecimento dos mercados internos e regionais começou já em fins dadécada de 1950, com a formação da Comissão Econômica para a AméricaLatina e o Caribe. A essa proposta sucederam-se várias tentativas deintegração efetiva entre as nações sul-americanas, mas somente nos anos1980 foram dados os primeiros passos para a constituição do Mercosul.

Na prática, o marco de consolidação do bloco, que teve suas basesfundamentadas ainda na década de 1980 começou a ser delineado em julhode 1986, em Buenos Aires, quando foi assinada a Ata para IntegraçãoArgentino-Brasileira que instituiu o Programa de Integração e Cooperação

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Comércio internacional de lácteos

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Econômica (PICE), cuja meta básica consistia na convocação das naçõesenvolvidas para a realização de um esforço comum rumo à promoção de umcrescimento moderno, norteado pelo objetivo de encontrar soluçõesinovadoras para a superação de modelos tradicionalmente adotados deintegração comercial.

É possível perceber, através das informações fornecidas pela Figura3, que somente ao final dos anos 1980 os fluxos comerciais intra-bloco naAmérica Latina retornaram a patamares próximos aos verificados no inícioda década de 1980.

Fonte: Secex (2007).

Figura 3 - Evolução percentual do comércio intra-regional dos membros daAladi e do Mercosul, em relação ao comércio total ,1980-2007 (anosselecionados).

Como mencionado anteriormente, a proposta de integração previu,ainda, a harmonização das políticas macroeconômicas, a ser realizadagradualmente e de forma convergente com os programas de desgravaçãotarifária e extinção de reservas e barreiras não-tarifárias. O objetivo centraldesse esforço consistiu em criar condições adequadas de concorrência entreos países integrantes e evitar eventuais descompassos nas políticas dos quatroparceiros que pudessem favorecer ou prejudicar artificialmente acompetitividade de bens e serviços.

De acordo com Lirio e Campos (2002), no processo de estruturaçãodo Mercosul, uma das características mais flagrantes encontra-se noexpressivo aumento dos fluxos de comércio intra-bloco, que decorrem, emlarga medida, do aprofundamento das preferências comerciais arquitetadaspelos países membros do grupo. Mesmo levando em conta a importância

1980 19851990

19952000

20052006

ALADI

MERCOSUL05

101520

ALADI MERCOSUL

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da Tarifa Externa Comum (TEC) como instrumento de manutenção de níveissatisfatórios de intercâmbio dos parceiros com o resto do mundo, de modoa preservar as propostas iniciais da formação do acordo, e não obstante apresença das comentadas disparidades entre as economias envolvidas naformação do Mercado Comum do Sul, o intercâmbio comercial intra-zonatem-se revelado bastante dinâmico, ainda que com repercussõesdiferenciadas em cada país. Os dados da Figura 4 indicam arepresentatividade desse crescimento.

Nota-se, adicionalmente, que a tendência de crescimento nos fluxoscomerciais Brasil-Mercosul percebida, principalmente, a partir de 1994, équebrada no período 1998/99. Esse fato deveu-se, fundamentalmente, aosefeitos negativos, para a economia argentina (principal parceira), decorrenteda desvalorização da moeda brasileira, em janeiro de 1999.

Verifica-se, por conseguinte, que os resultados da criação do bloco,no início do seu processo de implantação, foram bastante influenciados porelementos de abrangência macroeconômica; todavia, os resultados geraisforam relevantes e quase sempre positivos.

4 Os fluxos intra-bloco de produtos lácteos

O sistema agroindustrial do leite no Brasil superou desafios importantesdurante a década de 1990. Fatores, tanto de âmbito macroeconômico quantosetoriais, colocaram à prova a estrutura de todo o sistema, com repercussõesfavoráveis e desfavoráveis. Santana e Barros (2006, p. 541), em discussão sobreo tema, com destaque para os efeitos das importações brasileiras de leite, afirmamque, durante a referida década, ocorreram importantes transformações,

"O segmento de leite fluido experimentou a desregulamentação do setorapós 46 anos de controle governamental no estabelecimento de preço doleite tipo C. A abertura econômica e a formação do Mercosul levaram asempresas à competição com empresas de grande porte e a enfrentar ospreços praticados muitas vezes distorcidos no resto do mundo. A reaçãoda cadeia produtiva parece ter sido positiva: houve reorganização intensana pecuária leiteira com aumento de competitividade para enfrentar aconcorrência externa. Concomitantemente, houve lançamentos de novosprodutos e derivados, a abertura econômica do País e a formação doMercosul."

Dentre os aspectos referenciados pelos autores, destacam-se, para finsde interesse desse trabalho, os aspectos relacionados ao Mercosul. No casodos produtos lácteos, a quase totalidade dos fluxos comerciais intra-bloco

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Font

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ecex

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1980, 1985 e

1990 a

2005.

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A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

145

ocorre entre Brasil, Uruguai e Argentina. As condições de solo e clima daArgentina (e, até certo ponto, também o uruguaio) e a grande demanda brasileirapor leite e derivados fizerem com que, no início da implantação do Mercosulocorressem diversos movimentos ligados ao receio de que as importações deleite obstruíssem o desenvolvimento da bovinocultura de leite do Brasil.

Embora natural, as preocupações mostraram-se inconsistentes em longoprazo, não apenas porque a complementação era relevante para oabastecimento do mercado brasileiro, mas, também, porque a exposição àcompetição foi um elemento importante para o País.

Como forma de organizar uma boa base de visualização docomportamento intra-bloco dos parceiros brasileiro do Mercosul, no mercadode lácteos, providencia-se, a seguir, breve apresentação dos fluxosregistrados nesse setor, sobretudo a partir do ano de 2002.

4.1 Análise do padrão de comércio de lácteos da Argentina,Uruguai e Paraguai

O padrão recente das exportações de lácteos da Argentina pode seranalisado a partir dos dados da Figura 5. Observa-se que Brasil e Uruguai,parceiros do bloco, respondem por parcela significativa das exportações destepaís. Nos anos de 2003 e 2004, ainda sob os efeitos da crise vizinha e docâmbio brasileiro, houve retração na participação; no entanto, a relevânciado intercâmbio intra-bloco permanece visível.

Fonte: Secex (2007).

Figura 5 - Destino das exportações argentinas agregadas de produtos lácteos(em percentual), 2002 a 2005.

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

Brasil Uruguai Outros (fora do MERCOSUL)

Brasil 69% 16% 27% 34%

Uruguai 10% 75% 54% 19%

Outros (fora do MERCOSUL) 22% 9% 20% 47%

2002 2003 2004 2005

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Comércio internacional de lácteos

146

De forma segmentada, as Tabelas 1 e 2 mostram as vendas argentinase uruguaias de leite e derivados para os parceiros do bloco e resto do mundo.

Tabela 1 - Exportações argentinas de produtos lácteos, por categoria. Dadosapresentados em valor (US$ mil – FOB) e em participação percentual.

LEITE UHT, LEITE CONDENSADO E CREME DE LEITE

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 0 533 1.171 1.704 0 0 8 57 11Uruguai 85 6.647 6.521 835 14.088 94 100 92 41 89Outros 5 2 42 48 97 6 0 1 2 1TOTAL 90 6.649 7.096 2.054 15.889 100 100 100 100 100

LEITE EM PÓ

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 172 0 377 549 0 4 0 5 4Uruguai 0 3.961 77 260 4.298 0 92 6 4 33Outros 9 178 1.123 6.759 8.069 100 4 94 91 62TOTAL 9 4.311 1.200 7.396 12.916 100 100 100 100 100

IOGURTE E LEITELHO

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 6.155 1.249 1.044 1.000 9.448 100 100 100 96 99Uruguai 0 0 0 29 29 0 0 0 3 0Outros 29 3 0 8 40 0 0 0 1 0TOTAL 6.184 1.252 1.044 1.037 9.517 100 100 100 100 100

SORO DE LEITE

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 0 0 15 15 0 0 0 2 0Uruguai 17 99 176 345 637 1 9 23 35 15Outros 1.391 967 575 631 3.564 99 91 77 64 85TOTAL 1.408 1.066 751 991 4.216 100 100 100 100 100

MANTEIGA E DEMAIS GORDURAS LÁCTEAS

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0Uruguai 885 2.451 127 7 3.470 59 99 66 8 81Outros 606 35 65 85 791 41 1 34 92 19TOTAL 1.491 2.486 192 92 4.261 100 100 100 100 100

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A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

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QUEIJOS

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 2.010 1.721 2.229 3.649 9.609 82 50 56 55 58Uruguai 174 1.246 738 1.935 4.093 7 36 19 29 25Outros 276 482 986 1.015 2.759 11 14 25 15 17TOTAL 2.460 3.449 3.953 6.599 16.461 100 100 100 100 100

Fonte: Secex (2007).

No caso das vendas argentinas de lácteos, observa-se que os fluxoscomerciais alteram-se de acordo com o grupo de produtos analisado. No casodo Brasil, a destinação predominante ocorre para iogurte, leitelho e queijos.Em ambos os casos o padrão das vendas externas permanece aproximadamenteconstante: para o primeiro grupo (iogurte e leitelho) aproxima-se de 100% e,no segundo (queijos), embora tenha havido uma retração de 2002 para 2003,as exportações para o Brasil estabilizaram-se em torno de 50%.

No caso dos percentuais mais expressivos para o Uruguai, destacam-se os produtos da categoria leite UHT, leite condensado e creme de leite,para os quais o mercado uruguaio representa quase 100% do destino dasvendas argentinas.

Outra categoria importante é a da manteiga e demais gorduras lácteas.Para esse grupo de produtos, o mercado uruguaio, à exceção do ano de2005, representa mais da metade das vendas.

No caso do leite em pó e do soro de leite, os dados da Tabela 1 mostramque, para a Argentina, são pouco expressivas as aquisições do bloco. Contudo,deve-se ressaltar que a série analisada não permite inferências completas,uma vez que, no ano de 2002, não ocorreram exportações de leite em pó daArgentina para o Uruguai. No ano seguinte, 2003, o mercado uruguaioabsorveu mais de 90% das exportações argentinas de leite em pó, caindo,em seqüência, para menos de 10% nos anos de 2004 e 2005.

No caso das vendas externas do Uruguai (Tabela 2), há menormodificação no padrão das vendas, em termos de mercado de destino, aolongo da série analisada. Para praticamente todos os produtos analisados omercado preferencial das vendas externas do Uruguai é a Argentina; apenaspara o grupo dos queijos há maior destaque para as aquisições brasileiras doproduto.

Continuação Tabela 1

Page 148: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

148

Tabela 2 - Exportações uruguaias de produtos lácteos, por categoria. Dadosapresentados em valor (US$ mil - FOB) e em participação percentual.

LÁCTEOS

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 550 325 347 546 1.768 24 23 17 15 19Argentina 515 315 894 2.226 3.950 23 22 44 62 43Outros 1.180 787 788 802 3.557 53 55 39 22 38TOTAL 2.245 1.427 2.029 3.574 9.275 100 100 100 100 100

LEITE UHT, LEITE CONDENSADO E CREME DE LEITE

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 0 8 37 45 0 0 50 95 48Argentina 21 17 8 0 46 100 100 50 0 49Outros 0 0 0 2 2 0 0 0 5 2TOTAL 21 17 16 39 93 100 100 100 100 100

LEITE EM PÓ

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 0 46 0 0 46 0 74 0 0 24Argentina 41 16 59 21 137 91 26 98 100 73Outros 4 0 1 0 5 9 0 2 0 3TOTAL 45 62 60 21 188 100 100 100 100 100

IOGURTE E LEITELHO

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 182 98 105 112 497 29 29 12 5 12Argentina 315 200 616 1.927 3.058 50 59 69 85 74Outros 138 41 175 219 573 22 12 20 10 14TOTAL 635 339 896 2.258 4.128 100 100 100 100 100

SORO DE LEITE

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Argentina 28 4 3 83 118 12 1 1 25 10Outros 198 361 235 253 1.047 88 99 99 75 90TOTAL 226 365 238 336 1.165 100 100 100 100 100

MANTEIGA E DEMAIS GORDURAS LÁCTEAS

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Argentina 21 0 0 0 21 21 0 8 0 20Outros 78 4 0 1 83 79 100 92 100 80TOTAL 99 4 0 1 104 100 100 100 100 100

Page 149: Comércio Internacional de Lácteos

A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

149

Continuação Tabela 2

QUEIJOS

US$ mil - FOB Participação

2002 2003 2004 2005 TOTAL 2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 368 181 234 397 1.180 30 35 29 48 35Argentina 89 78 208 195 570 7 15 25 23 17Outros 762 259 377 238 1.636 63 50 46 29 48

TOTAL 1.219 518 819 830 3.386 100 100 100 100 100

Fonte: Secex (2007).

Em relação ao Paraguai, a participação deste país nos fluxosinternacionais e mesmo intra-bloco de produtos lácteos é bem poucosignificativa. A Tabela 3 mostra os fluxos (em valores) das exportaçõesparaguaias de produtos lácteos.

Pode-se observar, pelos dados disponibilizados na Tabela 3, que aArgentina é o mercado preferencial das vendas externas paraguaias deprodutos lácteos. Essa representatividade fica ainda mais explícita quandoobservada sob a perspectiva da participação percentual na destinação dasexportações, conforme ilustra a Figura 6.

Outra observação relevante refere-se ao fato de que a destinação doslácteos para o Brasil retraiu-se no período. Em 2002, a participação brasileiracomo mercado de destino era de 22%; em 2005, os registros mostram umaparticipação de apenas 12%.

Tabela 3 - Exportações paraguaias de produtos lácteos, por categoria (US$mil - FOB).

2002 2003 2004 2005 TOTAL

Brasil 1.446,00 1.813,00 1.501,00 1.172,00 5.932,00Uruguai 116,00 355,00 557,00 420,00 1.448,00

Argentina 4.841,00 8.108,00 6.907,00 7.891,00 27.747,00Outros 130,00 38,00 11,00 30,00 209,00TOTAL 6.533,00 10.314,00 8.976,00 9.513,00 35.336,00

Fonte: Secex (2007).

Page 150: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

150

Fonte: Secex (2007).

Figura 6 - Exportações paraguaias agregadas de produtos lácteos, 2002 a2005.

4.2 A participação brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

As exportações brasileiras de produtos lácteos tiveram, sob aperspectiva dos mercados de destino relevantes, modificação bastantesignificativa a partir do ano de 2001. Como pode ser visto na Figura 7, entreos anos de 1997 a 2000, a maior parte das exportações brasileiras de lácteostinha destinação intra-bloco. A partir de 2001, observa-se que as vendasexternas brasileiras modificaram o padrão de destinação: em 2007, 93%das exportações de lácteos do Brasil foram para países não signatários doMercosul.

Diferentes fatores podem justificar esse comportamento. Internamente,dentre outros fatores, pode-se citar os resultados qualitativos dos processosde granelização, o aprimoramento da organização setorial e os avançostecnológicos aprimoraram a competitividade brasileira.

Externamente, os ganhos em desregulamentação, o aumento dos preçosinternacionais (como estímulo ao setor) e os benefícios cambiais vigentes(nem sempre presentes, mas regularmente favoráveis) foram os elementospreponderantes. Além disso, não se pode deixar de citar que a Argentina,principal parceiro intra-bloco do Brasil, passou, em anos recentes, porimportante crise interna.

Aliás, mesmo considerada a vigorosa retração das vendas nacionaispara o bloco, o mercado preferencial de destino ainda é a Argentina, conforme

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

Participação 2002 Participação 2003 Participação 2004 Participação 2005

Participação 2002 22% 2% 74% 2% 100%

Participação 2003 18% 3% 79% 0% 100%

Participação 2004 17% 6% 77% 0% 100%

Participação 2005 12% 4% 83% 0% 100%

Brasil Uruguai Argentina Outros TOTAL

Page 151: Comércio Internacional de Lácteos

A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

151

ilustram os dados da Figura 8. Nos fluxos das vendas externas brasileiras delácteos para os demais parceiros, observa-se tendência acentuada de queda,sobretudo com o Uruguai.

Fonte: Secex (2007).

Figura 7 - Evolução percentual do destino das exportações brasileiras delácteos- 1997 a 2007 (estimativa).

Mais detidamente, em 1997, a participação da Argentina comomercado de destino dos lácteos brasileiros para parceiros do Mercosul erade pouco menos de 17%; atualmente, essa cifra elevou-se para quase 70%das vendas nacionais para o bloco (dados estimados para 2007). Na realidade,o padrão de ascensão chegou a ser mais expressivo (no ano de 2002, equivaleua 77%). Todavia, a retração no ano seguinte estabeleceu um crescimentomais suave, ao longo dos últimos três anos.

No caso do Paraguai, as vendas caíram de quase 57% em 1997 parapouco mais de 21% em 2007, segundo as estimativas disponibilizadas peloSecex (2007). No período analisado, o único ano em que se observou umaquebra no padrão decrescente foi em 2003, ano de menor absorção argentinados produtos lácteos brasileiros.

Por fim, em relação ao Uruguai, atualmente sua participação é bempouco expressiva, como mercado de destino dos produtos lácteos nacionaispara o Mercosul. Embora não possa ser considerado destino expressivo emnenhum ano da série analisada, passou de cerca de 16%, em 1997, parapouco mais de 9%, em 2007.

0.00%

10.00%

20.00%

30.00%

40.00%

50.00%

60.00%

70.00%

80.00%

90.00%

100.00%

ME RCOS UL Resto do M undo E x pon. (ME RCOS UL) E x pon. (Resto do M undo)

M ERCOS UL 7.03% 7.07% 7.85% 8.36% 12.73% 23.95% 49.47% 62.87% 59.22% 56.15% 29.52%

Res to do M undo 92.97% 92.93% 92.15% 91.64% 87.27% 76.05% 50.53% 37.13% 40.78% 43.85% 70.48%

2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997

Page 152: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

152

Em uma análise segmentada (Tabela 4), observa-se que os principaisprodutos transacionados com a Argentina, principal mercado de destino, são queijo,iogurte e leitelho. Com o Paraguai e o Uruguai as transações são muito poucoexpressivas, mas destacam-se leite condensado (Paraguai) e queijos (Uruguai).

Tabela 4 - Distribuição percentual das vendas brasileiras de produtos lácteos,por categoria de produto e por mercado de destino intra-bloco (%).

País 2007 2005 2003 2001 1999 1997

ARGENTINA Lácteos (% de destinação total) 4,87 5,69 7,40 38,29 27,22 4,90Queijos 27,43 12,33 24,18 68,45 54,52 11,63Demais produtos lácteos 5,91 13,29 18,18 59,71 1,48 1,28Leite cond. e creme de leite 3,01 3,04 0,00 0,00 0,00 0,00Iogurte e leitelho 38,25 51,79 61,06 91,89 66,47 98,90Leite UHT e leite em pó 0,01 0,60 0,12 0,10 0,00 1,27Manteiga e demais gorduras lácteas 0,00 0,00 0,00 3,89 0,00 0,00

PARAGUAI Lácteos (% de destinação total) 1,51 1,64 4,62 8,55 18,47 16,79Demais produtos lácteos 5,10 5,25 8,29 15,48 30,97 26,57Leite cond. E creme de leite 2,27 2,42 4,12 21,29 38,33 92,73Queijos 2,48 1,41 7,29 2,24 5,07 7,16Iogurte e leitelho 0,55 4,42 3,44 1,75 3,53 0,44Manteiga e demais gorduras lácteas 0,39 1,14 1,83 0,00 7,85 0,00Leite UHT e leite em pó 0,04 0,00 2,06 0,02 1,73 9,87Soro de leite 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00

URUGUAI Lácteos (% de destinação total) 0,65 0,52 0,70 2,62 13,53 7,87Queijos 2,82 1,31 2,96 7,96 29,53 50,25Demais produtos lácteos 1,97 1,17 0,91 1,80 2,09 0,00Iogurte e leitelho 4,77 6,33 4,63 3,44 14,87 0,00Leite cond.e creme de leite 0,10 0,18 0,00 0,00 0,00 0,00Manteiga e demais gorduras lácteas 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00Leite UHT e leite em pó 0,01 0,00 0,43 0,00 0,00 0,00

Fonte: Secex (2007).

Page 153: Comércio Internacional de Lácteos

A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

153

Fonte: Secex (2007).

Figura 8 - Evolução percentual do destino das exportações brasileiras delácteos, por país de destino intra-bloco - 1997 a 2007 (estimativa).

Adicionalmente, merece destaque a queda das vendas brasileiras dequeijo para o Uruguai entre os anos de 1997 e 2007 (estimativa). Segundoos dados disponibilizados pela Secex (2007), a retração foi de mais de 50%para apenas 2%. No caso paraguaio, a queda foi ainda mais ostensiva para ogrupo preferencialmente exportado para este país, leite condensado e cremede leite, caindo de mais de 90% para 2% no mesmo período.

Em relação às importações de lácteos, o padrão brasileiro é bastantedistinto das exportações, mantendo-se, usualmente, superiores a 70% dentrodo Mercosul (Figura 9).

As importações desagregadas (por produto e país de destino)encontram-se disponibilizadas na Tabela 5.

Desagregadamente, observa-se que, no caso da Argentina, todas ascategorias de produtos tiveram expansão percentual das importações brasileiras.Da Argentina, o Brasil importa todas as categorias de produtos analisadas, comdestaque para o leite em pó e UHT e manteiga. Observa-se, a partir dos dados daTabela 5, que ambas as séries encontram-se acentuadamente ascendentes: entreos anos de 1997 e 2007, as compras brasileiras passaram de 51% para 81%, nocaso do leite UHT e em pó foram de 17% para 80% no caso da manteiga.

No caso do Uruguai, o destaque principal cabe à categoria iogurte eleitelho, tendo sido muito expressiva a variação positiva no período, passandode praticamente nenhuma participação para 82%.

0 ,00 %

1 0 ,00 %

2 0 ,00 %

3 0 ,00 %

4 0 ,00 %

5 0 ,00 %

6 0 ,00 %

7 0 ,00 %

8 0 ,00 %

9 0 ,00 %

10 0 ,00 %

A R G E N TIN A P A R A G U A I U R U G U A I E x po n. (A R G E N TIN A ) E x p o n. (P A R A G U A I) E x po n . (U R U G U A I)

A R G E N TIN A 69 ,2 7 % 7 3,1 1 % 72 ,4 5% 63 ,8 4% 5 8 ,14 % 7 7 ,71 % 7 7,4 1 % 6 4, 74 % 45 ,9 6% 30 ,5 3 % 16 ,5 6%

P A R A G U A I 21 ,4 1 % 1 9,0 5 % 20 ,9 3% 26 ,4 0% 3 6 ,33 % 1 7 ,22 % 1 7,2 9 % 2 5, 09 % 31 ,1 9% 36 ,9 4 % 56 ,8 2%

U R U G U A I 9 ,3 2% 7 ,8 4% 6 ,6 2% 9 ,7 6% 5, 52 % 5, 07 % 5,3 0 % 1 0, 17 % 22 ,8 5% 32 ,5 2 % 26 ,6 2%

2 0 07 20 06 2 0 05 2 0 04 2 00 3 2 00 2 20 0 1 20 0 0 1 9 99 1 9 98 1 99 7

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Comércio internacional de lácteos

154

Em relação ao Paraguai, embora menos expressiva em valor, apredominância é das importações de leite condensado e creme de leite. No período,as mesmas passaram de 0% para 92%, segundo dados da Secex (2007).

Fonte: Secex (2007).

Figura 9 - Destinação percentual das importações brasileiras de lácteos doMercosul, 1997 a 2007 (estimativa).

Tabela 5 - Distribuição percentual das compras brasileiras de produtos lácteos,por categoria de produto e por mercado de destino intra-bloco.

País 2007 2005 2003 2001 1999 1997

ARGENTINALácteos (% de destinação total) 58,80 54,21 45,26 56,46 64,68 46,03Demais produtos lácteos 38,54 63,59 41,67 34,95 32,47 22,30Iogurte e leitelho 0,00 0,00 0,00 0,00 0,03 59,40Leite condensado e creme de leite 0,00 0,00 0,00 31,38 38,99 24,79Leite UHT e leite em pó 81,24 63,11 55,84 69,81 72,96 51,19Manteiga e demais gorduras lácteas 80,20 51,54 6,28 17,90 41,84 16,84Queijos 24,42 34,15 35,97 40,51 42,02 38,30Soro de leite 41,93 35,93 28,86 17,77 4,33 11,33

URUGUAILácteos (% de destinação total) 14,64 26,29 34,97 16,22 20,57 19,45Demais produtos lácteos 2,06 0,93 2,03 1,01 2,84 5,10Iogurte e leitelho 82,17 50,91 0,00 4,53 0,00 0,00Leite condensado e creme de leite 0,00 35,03 11,37 7,09 24,67 4,62Leite UHT e leite em pó 15,83 33,74 39,31 17,71 19,74 18,81Manteiga e demais gorduras lácteas 3,18 10,19 81,42 46,73 44,46 65,17Queijos 28,20 31,55 39,18 23,85 25,74 21,57Soro de leite 4,32 6,42 9,19 1,70 0,00 0,19

0,00%

10,00%

20,00%

30,00%

40,00%

50,00%

60,00%

70,00%

80,00%

90,00%

MERCOSUL 74,62% 82,81% 81,02% 85,38% 80,24% 80,00% 72,86% 80,11% 85,25% 68,71% 65,48%

2007 2006 2005 2004 2003 2002 2001 2000 1999 1998 1997

Page 155: Comércio Internacional de Lácteos

A inserção brasileira no mercado de lácteos do Mercosul

155

Continuação Tabela 5

País 2007 2005 2003 2001 1999 1997

PARAGUAILácteos (% de destinação total) 1,18 0,53 0,00 0,18 0,00 0,01Demais produtos lácteos 0,78 0,16 0,00 0,00 0,00 0,00Iogurte e leitelho 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,18Leite condensado e creme de leite 92,93 27,61 0,00 0,00 0,00 0,00Leite UHT e leite em pó 2,13 0,80 0,00 0,27 0,00 0,01

Fonte: Secex (2007).

5 Conclusões

Em virtude de suas peculiaridades de produção e representatividadesocial, a produção de leite e derivados é um setor sensível a modificaçõesrelevantes nas bases de organização comercial. No caso do Mercosul, aconsolidação do bloco trouxe repercussões bastante significativas a todosos envolvidos, com destaque para Brasil e Argentina.

Até início dos anos 2000, a participação brasileira no bloco, em termosde exportações (à época bem pouco significativas) e importações era bastanteostensiva. Ocorria, basicamente, entre Brasil e Argentina: o Brasil comocomprador e a Argentina como vendedora.

A partir do ano de 2002, gradualmente os exportadores brasileirospassaram a migrar, ainda que de forma modesta, suas vendas externas paraoutros mercados. Este movimento, em aproximadamente cinco anos, reduziua destinação de produtos lácteos brasileiros para o Mercosul de 30% (1997)para pouco mais de 7%.

Por outro lado, o movimento descendente observado nas exportaçõesnão ocorreu nas compras brasileiras de produtos lácteos. As importaçõesbrasileiras têm origem preferencialmente junto aos parceiros do Mercosul,sobretudo a Argentina. De fato, para praticamente todos os grupos deprodutos analisados as aquisições brasileiras do Mercosul foram ascendentes,mesmo as oriundas do Paraguai, parceiro menos expressivo nesse segmento.

Deve-se destacar, no entanto, que esse foi (e ainda é para algumascategorias de produtos) uma complementação importante para o mercado lácteonacional. Mesmo a expansão da produção brasileira não deverá comprometeros fluxos intra-bloco, apenas modificar seu padrão de composição.

Ademais, a perspectiva de manutenção da crescente incursão brasileirano mercado internacional de lácteos (fora do Mercosul) destaca questõesimportantes: a) a comercialização dá-se via empresas; e, b) a busca sempre

Page 156: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

156

será por mercados que garantam melhor rentabilidade, ainda que fora dasbases de transação oferecidas pelo Mercosul.

A retração de barreiras ao comércio (sobretudo as não-tarifárias), asaltas nos preços e a capacidade de aquisição do produto (com grandeinfluência do poder de compra dos consumidores) deverão auxiliar amanutenção do padrão de comercialização vigente, ao menos no curto prazo,com o Brasil adquirindo produtos intra-bloco e vendendo para fora do Mercosul.

Referências bibliográficas

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IMPACTOS DA ALCA E DA RODADA DEDOHA NO AGRONEGÓCIO DO LEITE NO

BRASIL E NO MERCOSUL

Matheus Wemerson Gomes Pereira1

Erly Cardoso Teixeira2

1 Introdução

A década de 90, para o setor lácteo, é considerada um divisor de águas,já que neste período ocorreram profundas transformações em todos os seussegmentos, da produção ao consumo. Segundo Gomes (2001), as principaiscausas dessas transformações são a desregulamentação do mercado de leite,a partir de 1991; a maior abertura para o comércio internacional, com destaquepara criação do Mercosul; e a estabilização de preços da economia brasileiraem decorrência do Plano Real, a partir de julho de 1994. Esses fatoscontribuíram para o aumento da concorrência em todos os elos do agronegócio,o que tem forçado os setores a implementar novas estratégias, visando obterganhos de competitividade.

O setor lácteo, por ser altamente protegido nas principais economiasmundiais, é bastante sensível às variações no mercado externo, razão pelaqual as reduções nas tarifas e nos suportes domésticos tendem a melhorar,consideravelmente, a competitividade do setor lácteo tanto do Brasil comonos demais países do Mercosul. Portanto, é relevante avaliar como o atualprocesso de abertura comercial, via criação da Alca e via Rodada de negociaçãoda OMC, afeta o setor lácteo do Brasil e do Mercosul.

Dentro do agronegócio, o setor lácteo brasileiro ocupa posição dedestaque. O Brasil ocupava, em 2005, a sétima posição no ranking dos principaispaíses produtores de leite, perdendo para Estados Unidos, Índia, Rússia,Alemanha, França e China (Embrapa Gado de Leite, 2006b). O Brasil temperspectivas de ganhar novas posições nos próximos anos, já que sua produçãocresce mais rapidamente do que a de seus principais competidores. Entre osvizinhos do Cone Sul, o Brasil é o maior produtor, cerca de dois terços da

1 Economista; mestrando em Economia Aplicada, DER/UFV, bolsista do CNPq-Brasil. E-mail:[email protected].

2 Ph.D.; Professor Titular; Departamento de Economia Rural, Universidade Federal de Viçosa.E-mail: [email protected].

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160

produção leiteira do Mercosul é brasileira. No mercado interno, se forconsiderado o Valor Bruto da Produção, o leite está entre os seis produtosmais importantes, à frente inclusive de commodities tradicionais como café,arroz e suco de laranja. (Embrapa Gado de Leite, 2006a).

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

161

A Figura 1 mostra a evolução da produção, importação e exportaçãode leite no Brasil, no período de 1988 a 2005. A produção total de leitecresceu aproximadamente 85%, no período de 1988 a 2005, e continua acrescer a taxas relativamente constantes. As importações apresentaramuma trajetória crescente até 1995, sendo a maior parte originada dos paísesdo Mercosul, especialmente da Argentina, que apresentava maiorprodutividade e menor custo de produção (Souza e Carvalho, 2002). Porém,nos últimos anos, a evolução da produção de leite no Brasil aponta para ocrescimento das exportações e para a redução nas importações, resultadodo aumento de produtividade e da competitividade do produto.

1.1 Os acordos da Alca e da Rodada da OMC

Em virtude do processo de globalização, as economias mundiais estãocada vez mais interrelacionadas, o que tem levado à formação de blocosregionais de comércio, por meios dos quais as nações buscam maior inserçãono mercado internacional.

Nesse sentido, diversos pactos regionais surgiram no intuito de buscaresta maior inserção, com destaque para a UE (União Européia), que compre-ende 25 países europeus, Nafta (North American Free Trade Agreement),liderado pelo Estados Unidos (EUA); e Mercosul (Mercado Comum do Sul),do qual fazem parte Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

A intensificação deste processo de integração regional julga-seindispensável, uma vez que levaria à melhoria do nível de bem-estar dasnações como um todo, culminando em diversas outras possibilidades deintegração entre os blocos. Nessa perspectiva, em dezembro de 1994, numareunião da cúpula das Américas, aprovou-se o projeto para criação da Áreade Livre Comércio das Américas, Alca, cujo principal objetivo é garantir queo comércio entre os 34 países membros ocorra livremente, por meio daretirada gradual das tarifas de importação desses países.

No entanto, a liberalização comercial não consiste em um processo tãosimples, uma vez que, com a retirada das barreiras tarifárias, alguns setorespodem ser prejudicados pela concorrência de outros mais competitivos.

Segundo Kume e Piani (2004), não há justificativa econômica para queum acordo de livre comércio gere um balanço eqüitativo entre as partes, massim que elas explorem suas vantagens comparativas, aumentando o volumede exportações e importações entre si. Portanto, em face da área de livrecomércio, os setores serão forçados a se tornarem mais competitivos e outrosaproveitarão suas vantagens comparativas para atingir novos mercados.

As discussões sobre a criação da Alca ocorrem em nove grupos denegociação – acesso a mercados; agricultura; serviços; investimentos; compras

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governamentais; solução de controvérsias; direitos de propriedade intelectual;subsídios, antidumping e medidas compensatórias; e políticas de concorrência.

Apesar dos esforços na tentativa de estabelecer, definitivamente, umaárea de livre comércio das Américas, nos últimos anos o processo denegociações tem sido interrompido por interesses econômicos das diferentesnações participantes do acordo. Isto ocorre, principalmente pelas divergênciasentre as propostas apresentadas pelos Estados Unidos (EUA), que têm maiorinteresse nos setores de serviços, investimentos, propriedade intelectual,comércio eletrônico, e aquelas postas pelos países do Mercosul, queprivilegiam o acesso a mercados, subsídios, medidas antidumping ecompensatórias, solução de controvérsias e, principalmente, agricultura.

Paralelamente às negociações da Alca, ocorre a agenda de negociaçõesda Organização Mundial do Comércio, OMC. Com o principal objetivo depermitir maior acesso aos mercados, a OMC dá inicio, a partir de novembrode 2001, a uma série de negociações denominada de Rodada de Doha. Essasnegociações convergem esforços na discussão de três temas centrais:redução das tarifas à importação, dos subsídios à exportação e do suportedoméstico.

O Brasil e os demais países do Mercosul estão incluídos no G-20, quecompreende um grupo de 21 países em desenvolvimento que, juntos,correspondem a cerca de 60% da população mundial, 70% da populaçãorural mundial e 26% das exportações agrícolas mundiais.

Na conferência ministerial de Hong Kong em 2005, as negociações foramretomadas e chegou-se, finalmente, a uma definição mais clara do acordomultilateral a ser implementado na Rodada de Doha. Nesse sentido, o G-20consolidou-se como interlocutor essencial e reconhecido nas negociaçõesagrícolas, traduzindo os interesses dos países em desenvolvimento e coordenandoseus membros a interagir com outros grupos da OMC (Gurgel, 2006).

Diversos estudos têm procurado mensurar os possíveis efeitos dasáreas de livre comércio. Esse é o caso dos trabalhos desenvolvidos porCypriano e Teixeira (2003) e Silva e Teixeira (2004), que analisaram o impactoda Alca e do Mercoeuro (comércio entre Mercosul/UE) no agronegócio everificaram, em termos gerais, vantagem para os países do Mercosul, entreeles, o Brasil, no setor do agronegócio e desvantagens no setor de bensmanufaturados. O setor lácteo, tratado de forma agregada nos respectivosestudos, obtém vantagens no Brasil e nos demais países do Mercosul com aimplantação da Alca e do Mercoeuro.

Os trabalhos que abordam o tema da redução das barreiras comerciais,na Rodada de Doha nos produtos do agronegócio são vários, com destaquepara os trabalhos de Harrison et al. (2003), Conforti e Salvatici (2004) e,recentemente, Gurgel (2006) e Antimiani et al. (2006), que, contudo, tratam

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os impactos da implementação dos acordos comerciais como originados dechoques isolados e únicos.

Objetivou-se neste trabalho, avaliar os efeitos da Alca e da Rodada deDoha da OMC no desempenho econômico do setor lácteo tanto no Brasil comonos demais países do Mercosul. O setor lácteo é um dos mais protegidos,tanto pelas restrições ao comércio, quanto pelas políticas de garantia de preçose subsídios às exportações. Este trabalho contribui para o tema, por analisaros cenários com eliminação gradual e completa das tarifas entre os países,das Américas, isto é Alca, e adicionando aos cenários de Alca, os de liberalizaçãode mercado prováveis da Rodada da OMC, sendo o setor lácteo desagregadoem leite, derivados do leite e na cadeia agroindustrial do leite.

A seguir, são apresentados o modelo de equilíbrio geral computávelutilizado, a operacionalização do modelo e os cenários de análise, os resultadose a discussão, e finalmente, as considerações finais sobre o trabalho.

2 O Modelo de Equilíbrio Geral Computável

2.1 Modelo GTAP

Na realização deste trabalho foi utilizado o modelo computável deequilíbrio geral do GTAP (Global Trade Analysis Project), desenvolvido porHertel e Tsigas (1997), o qual consiste em um arcabouço teórico para analisar,quantitativamente, tópicos de economia internacional, envolvendo diversossetores e produtos, uma base global de dados e um programa computável demanipulação dos dados.

Para facilitar o entendimento da estrutura do GTAP, serão expostos ofuncionamento de uma economia e sua interação com o Resto do Mundo,considerando a presença de impostos e subsídios (Figura 2). Nesse modelo, arenda regional é originada dos pagamentos das firmas pelo uso dos fatoresprimários de produção (terra, capital, trabalho e recursos naturais) ecorresponde ao fluxo VOA, mais a arrecadação de impostos (TAX). Essarenda é gasta via consumo privado das famílias (PRIVEXP), consumo dogoverno (GOVEXP) e poupança (POUPANÇA), além de uma parcela da rendaque é destinada ao pagamento de taxas. O valor das taxas no modelo édefinido pela diferença entre os preços de mercado e o preço dos agentes.Essa forma de variação de renda entre os agentes da demanda final permiteque sejam computadas variações na renda regional, as quais são usadascomo indicadores de bem-estar regional, uma vez que, sob diferentes cenáriosde política, haverá variações proporcionais na renda dos agentes (Hertel,1997 e Castro et al., 2004).

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Pelo lado dos produtores, a receita é gerada pela venda de produtospara o consumo privado (VDPA), para o consumo do governo (VDGA), paragerar investimento no setor poupança (NETINV) e para o consumointermediário de outras firmas e bens (VDFA) e pelo pagamento de impostos,conforme demonstrado na Figura 2.

VOA (endow): Valor do produto, a preço de agente.VDFA: Valor das aquisições domésticas das firmas, a preços dos agentes.PRIVEXP: Dispêndios privados.GOVEXP: Dispêndios do governo.VDPA: Valor das aquisições domésticas das famílias, a preços dos agentes.VDGA: Valor das aquisições domésticas do governo, a preços dos agentes.NETINV: Venda de bens de investimento que satisfaça à demanda doméstica porinvestimento.VXMD: Valor das exportações por destino, a preços de mercado.VIPA: Pagamento das importações das famílias para o resto do mundo.VIGA: Pagamento das importações do governo para o resto do mundo.VIFA: Pagamento das importações das firmas para o resto do mundo.XTAX: Taxa sobre as exportações, convertidas a valores FOB.MTAX: Tarifa de importação.

Fonte: Hertel e Tsigas (1997).

Figura 2 - Esquema de funcionamento de uma economia de uma região comeconomia aberta e com intervenção governamental.

RENDA REGIONAL

CONSUMO DAS FAMÍLIAS

CONSUMO DO GOVERNO

POUPANÇA GLOBAL

PRODUÇÃO

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POUPANÇA

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Para entender o modelo inter-regional de economia aberta, considereduas economias, em que uma delas representa o Resto do Mundo. Ao considerara economia aberta, todos os agentes têm agora possibilidade de comercializarcom a outra economia, gastando parte da sua renda no exterior (VIPA e VIGA)e pagando as taxas à Renda Nacional (XTAX e MTAX). O setor produtivo tambéminterage com o Resto do Mundo, representado pelas variáveis VIFA e VXMD.

2.2 As equações comportamentais e o fechamento macroeconômico3

A “árvore tecnológica”, representada na Figura 3, descreve astecnologias assumidas pelas firmas nas indústrias do modelo. A árvore deprodução é conveniente para representar as tecnologias de forma separadae com retorno constante à escala (Hertel e Tsigas, 1997).

A oferta das firmas é baseada em uma função CES (Constant Elasticityof Substitution), em que as firmas otimizam o lucro pela escolha ótima dosfatores, pressupondo retornos constantes à escala. Cada setor produz apenasum produto; e a firma maximiza o lucro pela utilização dos fatores primáriosótimos, sem levar em conta o preço dos fatores intermediários. A funçãoCES pode ser representada pela equação (1):

1/(1 )

pp pQ A K Lδ δ−− − = + − (1)

em que Q é a quantidade produzida; K, fator capital; L, fator trabalho; e A,p e δ, parâmetros, sendo A um parâmetro representativo do nível tecnológico;p parâmetro de substituição; e δ, parâmetro de distribuição entre os fatoresno produto, em que A>0, 0<δ<1 e p>-1 (Chiang, 1982).

A distribuição de renda entre os setores é representada por uma funçãoCobb-Douglas de utilidade per capita, em que elevações (diminuições) darenda em cada país refletem elevações (diminuições) proporcionais da rendaem cada setor da demanda final. Os gastos do governo são representadospor uma função Cobb-Douglas de utilidade, na forma

. . .CP CG SU K CP CG Sθ θ θ= (2)

em que U é a utilidade total em cada região; CP, consumo privado; CG,consumo do governo; S, poupança; e K e θ, parâmetros da função, sendo aproporção de CP, CG e S constante na formação da renda total gerada.

3 Para mais detalhes sobre a decomposição das equações comportamentais, ver Hanslow (2000).

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Por fim, os gastos do consumidor são dados por uma função CDE(Constant Difference Elasticity), que admite que variações na quantidadeconsumida não levam a variações proporcionais na utilidade do consumidor.A função de demanda privada é representada pela maximização da funçãode despesa CDE, e a demanda do governo é dada por coeficientes fixosrepresentativos das quantidades consumidas. A função CDE é dada por

* * 1i i ii i

iB UP Zγ β β ≡∑ (3)

em que Bi é um deslocador da função; UP, utilidade total privada; b parâmetrode substituição; γi, parâmetro de expansão na CDE; e Zi, normalização dovetor preço (PPi), dado pela equação (4):

( )*i

ii

PPZ f UP

E PP

=

(4)

No que diz respeito ao fechamento macroeconômico do modelo, éutilizada a abordagem neoclássica, em que o investimento é determinado pelapoupança, e sua diferença é igual ao nível da balança comercial, ou seja,

S I X R M− = + − (5)

em que S é o nível de poupança; I, de investimento; X, de exportação; M,de importação; e R, das transferências internacionais.

O modelo é “resolvido” (calibrado) por meio de análises de taxa decrescimento nos preços e quantidades, utilizando uma solução de modelosnão-lineares de equilíbrio geral via linearização das funções, numa seqüênciade atualização sucessiva nos valores dos coeficientes via fórmula:

( )dV d PQ p qV PQ

= = + (6)

em que p e q denotam taxas de crescimento do preço P e da quantidade Q(Figura 4).

Supondo uma função g(X,Y)=0, com X exógeno e Y endógeno, em queo equilíbrio inicial seja (X0 , Y0); então um choque em X0 leva-o para X1 e tendea ocasionar, pela linearização usando o método de Johansen, um valor 1jY Yff ,

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gerando erro no resultado. Ao dividir o choque em duas fases, método deEuler, e atualizar o resultado da primeira fase para início da segunda fase,tem-se apenas uma aproximação melhor do resultado, obtendo-se, em vez deYj , o valor YE2 , entre Yj e Y1. Verifica-se que, ao aumentar o número defases intermediarias, o resultado obtido será bem próximo ao da função Y1

(método de Gragg). O GTAP utiliza o método de Gragg como padrão, queconsiste na extrapolação dessas fases de aplicação do choque, sucessivamente,com menor espaçamento entre as fases (Hertel e Tsigas, 1997).

Fonte: Hertel e Tsigas (1997).

Figura 4 - Resolvendo um modelo não-linear via linearização.

2.3 Base de dados

Uma forte razão para o sucesso do GTAP é o seu banco de dados, quecontém informações de comércio bilateral, transporte e proteção,caracterizando as ligações econômicas entre as diversas regiões. Esses dadossão atualizados freqüentemente por uma rede crescente de pesquisadores,com a inclusão de novas regiões, e melhoria da qualidade dos dados existentes(Castro et al., 2004).

Será usada a versão 6.0, do banco de dados do GTAP, que possuimatrizes Insumo-Produto (MIP) para 87 países (regiões) e 57 setores, sendo

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a MIP brasileira de 19964. A fonte de dados representa o ambiente econômicode 2001 e contém informações dos comércios internacional e doméstico.

3 Cenários de análise e operacionalização do modelo

3.1 Cenários de I a IV: Alca com desgravação tarifária

Foram definidas quatro fases para efeito de desgravação tarifária naAlca: primeira fase, imediata; segunda, até cinco anos; terceira, até 10 anos; equarta, acima de 10 anos, ou seja, sem prazo definido, com duas propostasprincipais, uma defendida pelos EUA e outra pelo Mercosul. A proposta americanaconsiste em cortes tarifários maiores até 5 anos, enquanto a do Mercosul defendecortes tarifários maiores após 10 anos (Tabela 1). Para realização deste trabalhoserá considerada a proposta do Mercosul, uma vez que se trata de uma propostacom mais chances de prevalecer e oferece ao setor de manufaturados um tempomaior para ajustar-se. Para isto, foram criados quatro diferentes cenários deanálise a saber: Cenário I: primeira fase, imediata (O Mercosul sugere eliminaçãode 11,9% das tarifas sobre os bens agrícolas e de 18,0% sobre os não-agrícolas),Cenário II: segunda fase, até cinco anos (A proposta sugere a eliminação emcinco anos de 27,9% das tarifas sobre os bens agrícolas e de 21,6% sobre osnão-agrícolas); Cenário III: terceira fase, até 10 anos (Seriam eliminados 68,9%das tarifas de importação sobre bens agrícolas e 49,7% das tarifas sobre osnão-agrícolas), Cenário IV: quarta fase, acima de 10 anos (Obter-se-ia,eventualmente, a eliminação de 100,0% das tarifas de importação tanto sobreos bens agrícolas quanto sobre os não-agrícolas, porém sem prazo definido).

Tabela 1 - Perfil das ofertas tarifárias propostas pelos EUA e Mercosul paraa Alca (%).

Agrícolas Não-Agrícolas

Cestas EUA Mercosul EUA Mercosul

A 35,6 11,9 51,7 18,0B 17,9 16,0 26,1 3,6C 14,6 41,0 22,2 28,1D 31,9 31,1 0,0 50,3

Nota: Categorias de desgravação: A - imediata; B - até 5 anos; C - até 10 anos; e D - acima de 10 anos.Fonte: Beraldo (2004).

4 Para uma discussão completa sobre o banco de dados do GTAP, ver Dimaranan e McDougall(2002).

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Comércio internacional de lácteos

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3.2 Cenário V: Rodada de Doha

Com relação ao acesso ao mercado ou à redução de barreiras tarifarias,na Rodada de Doha serão usadas as propostas conhecidas como abordagem deHarbinson, que usa uma redução linear média nas tarifas sobre todos os produtos,concedendo algumas variações por produto individual e contando com a reduçãomínima por produto. Esta redução acontece pela seguinte fórmula:

T1=cT0 , (7)

em que T0 é a tarifa inicial praticada (definida pela banda), T1, taxa após aaplicação da fórmula; e c, constante proporcional da taxa original com quea tarifa é reduzida. A Tabela 2 mostra os cenários conforme as propostaspara países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Tabela 2 - Cenários de redução tarifária por produto, conforme a alíquotapraticada.

Países desenvolvidos Países em desenvolvimento

Intervalo da alíquota Redução das alíquotas Intervalo da alíquota Redução das alíquotaspraticada praticada

0% - 15% - 40% 0% - 20% - 25%15% - 90% - 50% 20% - 60% -30%

> 90% - 60% 60% -120% -35%> 120% -40%

Fonte: Adaptado de Antimiani et al. (2006).

Para os subsídios à produção agropecuária, a OMC apresentou a propostade redução desses subsídios, dividida em três bandas. Na primeira banda estãoos países que fornecem subsídios totais de US$ 10 bilhões à agricultura e oscortes situam-se na faixa de 31% a 70%. Na segunda banda estão os paísescom gastos de US$ 10 bilhões a US$ 60 bilhões e os cortes variam de 53% a75%. Na terceira, estão os países com gastos superiores a US$ 60 bilhões,com cortes de 70% a 80%. Neste trabalho consideram-se, para redução dossubsídios globais à produção agrícola, os cortes mínimos propostos (Tabela 3).

De acordo com os montantes de subsídios globais concedidos em cadabanda, classificam-se EUA na Banda 2 e a UE na Banda 3. Os demais paísesque subsidiam à agricultura devem ser classificados na Banda 15.

5 A economia do Japão também subsidia fortemente agricultura, mas, como está agregado aoResto do Mundo (ROW), deve ser classificado na Banda 1.

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Atualmente na rodada de negociações de Doha, com relação aossubsídios às exportações, a proposta é eliminação total desta prática desubsídios, por serem consideradas altamente distorcivas ao comérciointernacional.

Portanto, o cenário V considera a aplicação da Rodada de Dohaindependente da implantação da área de livre comércio das Américas.

Tabela 3 - Proposta da OMC para redução dos subsídios globais dados àagricultura, conforme o montante de subsídios concedidos.

Bandas Gastos em US$ bilhões Redução

1 0 – 10 31% – 70%2 10 – 60 53% – 75%3 > 60 70% – 80%

Fonte: OMC (2005).

3.3 Cenário VI: Implantação da Alca e da Rodada de Doha

Neste cenário, obter-se-ia a eliminação de 100,0% das tarifas deimportação tanto sobre os bens agrícolas quanto sobre os não-agrícolas,sem prazo definido nos países da América, isto é, Alca, além da proposta deimplantação da Rodada de Doha, descrita no cenário V.

3.4 Agregação utilizada

A agregação utilizada neste trabalho é formada por 8 commodities/setores e 10 países/regiões (Tabela 4). Essa agregação destaca o setorlácteo, ou seja, leite e derivados do leite. A cadeia agroindustrial do leite,principalmente os insumos milho e outros cereais em grão, como sorgo,centeio, cevada e soja (em grão e em farelo), que são os principais insumosutilizados na ração animal, além do setor bovino (que contém carnes, animaisvivos e indústria do abate), que é altamente relacionado com o setor lácteo.

Com relação às regiões analisadas, além dos países do Mercosul, Brasil,Argentina e Uruguai6, que foram tratados de forma desagregadas, tambémos demais países da América serão reunidos em uma região (ROA). Os EUAserá tratado de forma desagregada do Nafta, devido a sua importância nosetor e nas negociações internacionais e por ser o maior produtor mundialdo produto7. Com relação à União Européia, grande produtora mundial de

6 Paraguai não será analisado, por não estar base de dados no GTAP 6.7 Ver Apêndice.

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Comércio internacional de lácteos

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leite, será considerada a União Européia com 15 países (UE), uma vez queneste estudo considera-se o ambiente econômico de 2001, portanto, antesda reforma que incorporou mais 10 novos membros à UE em maio de 2004.China e Índia também serão analisados, por serem grandes interlocutores,juntamente com o Brasil, nos países em desenvolvimento do G-20 e por seencontrarem à frente do Brasil na produção mundial de leite.

Tabela 4 - Agregação entre países/regiões e commodities/setores realizadasno GTAP.

Países/Regiões Commodities/setores

1- Brasil (BRA) 1- Leite2- Argentina (ARG) 2- Derivados de leite3- Uruguai (URI) 3- Milho e outros cereais4- EUA 4- Soja (em grão e em farelo)5- Resto do NAFTA (RNAFTA) 5- Outros produtos agropecuários (arroz,6- Resto da América (ROA) trigo, fumo, fibras, café, suco de laranja,7- União Européia (UE) frutas, flores, vegetais, cana de açúcar,

outros produtos animais, etc.)8- China 6- Bovinos (carnes e animas vivos)9- Índia 7- Manufaturas (metais em geral, veículos,10- Resto do Mundo (ROW) produtos químicos, máquinas e equipamentos,

petróleo, gás, óleo, indústria de transporte eoutros)8- Serviços e administração pública

Fonte: Levantados pelos autores a partir da versão 6.0, do banco de dados do GTAP.

4 Resultados e discussões

A Tabela 5 traz as participações das commodities agregadas nacomposição dos países do Mercosul, em termos de valor da produção(V.Prod.), valor das exportações (Exp.) e valor das importações (Imp.),expressas em milhões de dólares.

O Brasil apresenta o maior valor da produção e volume de comércio,dentre os países do Mercosul (Tabela 5). Os setores leite e derivados deleite representam apenas uma pequena parcela das exportaçõesbrasileiras. Na Argentina, o destaque nesta agregação, são as exportaçõesde soja, milho e outros grãos e de outros produtos agropecuários (queincluem trigo, importante produto exportado principalmente para o Brasil),enquanto no Uruguai os setores de bovinos, outros produtos agropecuários

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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e derivados do leite são os mais importantes. Vale ressaltar o pequenovolume de importações dos produtos do agronegócio pelos países doMercosul, sendo relevantes apenas a importação de outros produtosagropecuários e derivados do leite, no Brasil, e outros produtosagropecuários, na Argentina e Uruguai.

Tabela 5 - Valor da produção, das exportações e das importações – 2001(em US$ milhões).

Brasil Argentina Uruguai

V.Prod. Exp. Imp. V.Prod. Exp. Imp. V.Prod. Exp. Imp.

Leite 2.718,8 1,2 1,5 1.683,2 1,2 1,8 335,9 0,2 0,1Derivados leite 6.881,3 38,0 214,6 4.186,8 303,0 52,8 419,1 130,9 4,1Milho e grãos 2.401,1 727,5 94,3 2.781,4 1.253,5 5,2 123,2 6,4 12,7Soja 6.216,8 2.856,1 153,5 3.975,4 1.565,6 12,2 42,3 8,0 91,6Bovinos 14.946,9 1.183,4 92,1 11.435,7 406,3 42,8 1.606,4 329,4 6,2O.P. agropec. 72.274,8 11.415,9 3.484,1 36.012,9 9.400,6 1.239,9 4.307,9 573,5 469,8Manufaturados 257.495,5 43.515,4 59.776,4 85.116,9 14.000,9 20.220,1 5.294,5 1.319,8 3.380,4Serviços 490.989,6 8.671,1 15.841,4 256.230,7 3.985,7 7.322,2 18.189,3 926,1 716,1TOTAL 853.924,8 68.408,6 79.657,8 401.422,9 30.916,7 28.896,8 30.318,5 3.294,3 4.681,0

Fonte: GTAP (versão 6).

As distorções na produção (Prod.) e exportação (Exp.), dadas emvalores positivos para subsídios e valores negativos para tarifas;enquanto para importação (Imp.) os valores positivos são para tarifas,praticadas nas economias do Brasil, EUA e UE, são apresentadas naTabela 6.

Tabela 6 - Distorções médias na produção e no comércio, praticadas porBrasil, EUA e UE (%). Brasil E U A UE

Prod. Exp. Imp. Prod. Exp. Imp. Prod. Exp. Imp.

Leite 1,2 0,0 0,0 2,7 0,0 0,0 0,2 0,0 0,0Derivados leite -2,3 0,0 16,7 0,0 7,8 17,8 0,0 30,8 22,9Milho e grãos 1,3 0,0 8,5 6,7 0,0 0,2 0,2 33,4 13,4Soja 1,5 0,0 5,2 28,8 0,0 6,6 35,7 0,0 0,0Bovinos -1,5 0,0 7,8 0,0 0,0 3,0 0,2 64,0 51,1O. P. agropec. -1,7 0,0 11,1 0,6 0,0 3,4 -1,7 2,3 12,8Manufaturados -3,1 -0,4 9,9 0,0 0,0 2,3 0,2 0,0 1,6Serviços -2,4 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 -1,8 0,0 0,0

Fonte: GTAP (versão 6).

O EUA apresenta elevados subsídios à produção de leite, cereais esoja, enquanto a União Européia subsidia, principalmente, a produção de

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Comércio internacional de lácteos

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soja. O Brasil apresenta pequenos subsídios para cereais e soja e taxaçãopequena para os outros setores.

Distorções no comércio são fortemente praticadas pelo EUA e pelaUnião Européia, em termos de subsídios às exportações e tarifas àsimportações. Com relação aos subsídios à exportação nos EUA o setorderivados de leite apresenta um subsídio médio de 7,8%, e, na União Européia,esses subsídios são ainda mais elevados, podendo atingir 30,8% e 33,4%,para milho e outros grãos, e 64%, para bovinos (Tabela 6). As tarifas àimportação demonstram o elevado protecionismo oferecido aos produtos doagronegócio pelo EUA e pela União Européia. As tarifas médias brasileirasencontram-se na terceira coluna.

4.1 Impactos na produção e no fluxo de comércio

Cenário 1

Neste cenário foi simulada a primeira fase da criação da Alca, comeliminação imediata de 11,9% das tarifas sobre os bens agrícolas e de 18,0%sobre os bens não-agrícolas, conforme proposto na Tabela 1. A Tabela 7traz os resultados, em variações percentuais, da produção, da exportação eda importação para este cenário.

De forma geral, observam-se somente pequenas variações percentuaisnas quantidades produzidas pelos setores analisados. No Brasil, os resultadossinalizam pequenas variações negativas em todos os setores, com exceçãodo lácteo, que teve pequeno aumento. Na Argentina, a análise é similar,com pequenas variações percentuais, menores que 1%, em todos os setores.Os resultados na economia do Uruguai mostram-se mais sensíveis, princi-palmente no setor lácteo (aumento de 2,32% para leite e de 2,75% paraderivados do leite), nos demais setores, ocorrem somente pequenas variações.A economia dos EUA, nesta primeira fase, é muito pouco afetada pela criaçãoda Alca, e as quantidades produzidas apresentam variações menores do que0,20%, nos setores analisados. Os outros países/regiões sofrem pequenasvariações nesta primeira fase da criação da Alca.

Quanto à variação percentual nas quantidades exportadas, o Brasil reduzas exportações dos principais produtos do agronegócio. Apesar de ser pequenaa variação, este resultado contradiz o esperado, de que com a redução tarifáriao País exportaria mais produtos do agronegócio. A exceção é o aumento nasexportações de derivados do leite (2,31%), e o destaque é o aumento nasexportações do setor de manufaturados (2,17%). Na Argentina, a análise ésimilar, com destaque para o forte aumento nas exportações de derivado deleite (7,27%) e de manufaturados (2,89%). Nesta primeira fase da Alca, o

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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produto, que tem sido mais alterado, é o derivado de leite, que apresentaaumentos mais fortes no Uruguai (8,92%), nos EUA (7,26%) e no Resto doNafta (4,87%); nos demais setores, os efeitos encontrados são menosacentuados.

Tabela 7 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio –cenário 1.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 0,01 0,56 2,32 0,06 -0,18 -0,09 -0,02 0,00 0,00 -0,01Derivados leite 0,03 0,59 2,75 0,07 -0,30 -0,12 -0,02 0,01 -0,01 -0,04Milho e grãos -0,21 -0,20 0,03 0,19 -0,64 -0,42 0,03 0,02 0,00 0,04Soja -0,31 -0,31 -0,05 0,02 0,11 -0,29 0,17 0,16 0,01 0,10Bovinos -0,11 0,00 0,13 -0,01 -0,01 -0,05 0,04 0,00 0,02 0,02O. P. agropec. -0,14 -0,24 -0,03 0,03 0,00 -0,15 0,01 0,00 0,01 0,01Manufaturados -0,10 0,01 -0,29 0,00 0,03 0,04 -0,01 0,00 0,00 0,00Serviços 0,04 0,02 -0,02 0,00 0,00 0,02 0,00 0,00 0,00 0,00

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -1,95 -2,87 -5,73 -0,58 0,29 -0,79 0,13 0,13 0,15 0,12Derivados leite 2,31 7,57 8,92 7,26 4,87 0,91 -0,09 -0,01 -0,06 -0,31Milho e grãos -0,45 -0,32 -0,66 0,63 0,15 -0,64 0,06 0,17 0,10 0,10Soja -0,50 -0,49 -0,23 0,04 0,18 -0,24 0,38 0,23 0,29 0,32Bovinos -0,88 -0,84 0,53 -0,05 0,13 0,39 0,18 0,16 0,18 0,13O. P. agropec. -0,53 -0,67 0,26 0,76 0,74 0,01 0,01 0,01 0,03 0,02Manufaturados 2,17 2,89 0,37 0,38 0,13 1,85 -0,03 -0,01 -0,03 -0,02Serviços -1,01 -1,28 -0,75 -0,21 -0,10 -0,50 0,10 0,10 0,10 0,11

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 1,00 1,95 5,07 0,31 -0,23 0,33 -0,04 -0,04 -0,06 -0,05Derivados leite 0,31 1,16 3,06 1,22 4,69 1,08 -0,01 -0,02 -0,04 -0,03Milho e grãos -0,02 0,22 0,24 0,19 1,78 0,87 -0,01 0,00 -0,07 -0,07Soja 0,21 0,71 0,02 0,37 -0,01 0,61 -0,08 -0,11 -0,06 -0,09Bovinos 0,27 1,05 1,55 0,23 0,28 1,70 0,00 -0,06 -0,06 -0,10O. P. agropec. 0,52 1,16 0,69 0,37 1,05 1,33 -0,03 -0,06 -0,12 -0,05Manufaturados 2,22 2,38 0,54 0,23 0,10 1,41 -0,03 -0,03 -0,04 -0,03Serviços 0,53 0,68 0,39 0,13 0,06 0,29 -0,05 -0,03 -0,04 -0,05

Fonte: Dados da pesquisa.

Com relação às variações percentuais nas quantidades importadas,de forma geral, observa-se aumento nas quantidades importadas demanufaturados por Brasil, Argentina, Uruguai; leite e derivados, nos EUA, ederivados de leite, no Resto do Nafta. Ocorre pequena redução nasimportações dos outros países, como UE, China, Índia e Resto do Mundo,com algumas exceções.

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Comércio internacional de lácteos

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Cenário 2

Neste cenário foi simulada a segunda fase da criação da Alca, a qualsugere a eliminação em até cinco anos de 27,9% das tarifas sobre os bensagrícolas e de 21,6% sobre os não-agrícolas (Tabela 1). A Tabela 8 traz osresultados, em variações percentuais, da produção, exportação e importação.

Similarmente ao cenário 1, no cenário 2 observam-se somentepequenas variações percentuais nas quantidades produzidas dos setoresanalisados. Porém, os resultados mostram-se mais expressivos, por isso serãodestacadas somente as principais diferenças encontradas nas variáveis deinteresse e será feita uma análise comparativa entre os cenários 1 e 2.

Tabela 8 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio –cenário 2.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 0,04 1,70 6,07 0,16 -0,50 -0,19 -0,05 0,00 -0,01 -0,03Derivados leite 0,08 1,79 7,17 0,19 -0,83 -0,26 -0,07 0,01 -0,01 -0,11Milho e grãos -0,22 -0,11 0,05 0,47 -1,52 -0,92 0,01 0,02 0,00 0,05Soja -0,31 -0,32 -0,09 0,03 0,16 -0,58 0,21 0,22 0,00 0,13Bovinos -0,04 0,11 0,37 0,00 -0,02 -0,11 0,06 0,01 0,02 0,02O. P. agropec. -0,08 -0,22 -0,09 0,10 -0,01 -0,28 -0,01 -0,01 0,00 0,00Manufaturados -0,15 -0,09 -0,80 -0,01 0,06 0,11 -0,01 0,00 0,00 0,00Serviços 0,04 0,02 -0,04 0,00 -0,01 0,03 0,00 0,00 0,00 0,00

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -2,56 -4,98 -13,27 -0,93 1,06 -0,49 0,17 0,14 0,19 0,15Derivados leite 8,67 23,55 23,31 18,80 12,42 3,08 -0,27 -0,06 -0,23 -0,90Milho e grãos -0,56 -0,37 -1,64 1,52 0,37 -1,25 0,04 0,25 0,09 0,10Soja -0,54 -0,64 -0,20 0,02 0,30 -0,34 0,50 0,28 0,30 0,40Bovinos -0,45 0,52 1,48 0,06 0,33 1,85 0,22 0,18 0,25 0,07O. P. agropec. -0,12 -0,47 0,57 1,97 1,79 0,45 -0,08 -0,12 -0,07 -0,07Manufaturados 2,51 3,12 -0,65 0,42 0,19 2,36 -0,03 0,00 -0,02 -0,02Serviços -1,29 -1,76 -1,56 -0,27 -0,11 -0,55 0,13 0,13 0,14 0,14

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 1,37 4,03 13,05 0,53 -0,79 0,10 -0,07 -0,03 -0,07 -0,06Derivados leite 0,28 2,29 8,45 2,92 12,85 2,42 -0,02 -0,03 -0,05 -0,04Milho e grãos 0,08 0,66 0,67 0,46 4,31 2,04 -0,03 0,01 -0,11 -0,12Soja 0,56 1,85 0,09 0,91 -0,01 1,44 -0,13 -0,16 -0,09 -0,13Bovinos 0,23 1,80 4,02 0,46 0,73 3,95 -0,01 -0,06 -0,08 -0,13O. P. agropec. 1,12 2,65 1,87 0,83 2,53 3,15 -0,04 -0,05 -0,16 -0,06Manufaturados 2,71 2,97 0,74 0,30 0,11 1,69 -0,03 -0,04 -0,05 -0,04Serviços 0,67 0,93 0,80 0,18 0,07 0,33 -0,06 -0,03 -0,06 -0,07

Fonte: Dados da pesquisa.

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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Destaca-se o aumento na produção de leite e de derivados do leiteno Uruguai (6,07% e 7,17%, respectivamente), e as variações tambémmaiores na União Européia (UE) e no Resto do Mundo (ROW). Na China eÍndia, os resultados mostraram-se estáveis neste cenário, se comparadoao cenário anterior.

Com relação à variação nas quantidades exportadas, os resultadosmostram em todos os países, variações mais acentuadas, diante do cenário1. O destaque, mais uma vez, são as exportações do setor derivados deleite, com aumentos significativos no Brasil (8,67%), EUA (18,80%),RNAFTA (12,42%) e ROA (3,08%), e fortes aumentos na Argentina(23,55%) e no Uruguai (23,31%), o que tende a ser acompanhado por umaqueda na UE, China, Índia e ROW.

Quanto às variações nas quantidades importadas, observa-se aumentonas quantidades importadas dos principais produtos pelos países/regiões quecompõem a Alca, como Brasil, Argentina, Uruguai, EUA, Resto do Nafta eResto das Américas, porém de forma mais acentuada do que no cenário 1.Verifica-se redução nas importações de outros países, como UE, China, Índiae Resto do Mundo, porém em variações pequenas.

Cenário 3

Neste cenário foi simulada a terceira fase da criação da Alca. Aproposta sugere a eliminação, em até dez anos, de 68,9% das tarifas sobreos bens agrícolas e de 49,7% sobre os não-agrícolas (Tabela 1). A Tabela 9traz os resultados, em variações percentuais, da produção, da exportação eda importação para a terceira fase da Alca.

No cenário 3, assim como nos cenários 1 e 2, observam-se somentepequenas variações percentuais nas quantidades produzidas dos setoresanalisados, porem os resultados são mais expressivos no cenário 3, uma vezque os cortes nas tarifas de importação estão mais próximos da eliminaçãototal. Como a análise dos efeitos é semelhante às efetuadas nos cenários 1 e 2,logo serão destacadas somente as principais diferenças encontradas nas variáveisde interesse e será feita uma análise comparativa entre os cenários 1, 2 e 3.

Com relação à variação na quantidade produzida, no Brasil, Argentina,Uruguai, EUA, Resto do Nafta e Resto das Américas os resultados apontamvariações mais expressivas no cenário 3, do que as obtidas nos cenários 1 e2, porém estas ainda são pequenas. O destaque é para o aumento naprodução de leite e derivados do leite na Argentina (7,62% e 8,08%,respectivamente) e no Uruguai (19,56% e 23,11%, respectivamente). Osetor de manufaturados é afetado negativamente no Brasil, Argentina,Uruguai e EUA, porém de forma branda.

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Quanto às variações percentuais nas quantidades exportadas, os resultadosmostram, em todos os países, variações mais acentuadas, se comparadas aoscenários 1 e 2. O setor lácteo para exportação é o produto mais sensível noBrasil, Argentina, Uruguai e EUA, com fortes aumentos nos derivados do leite(45,96% no Brasil, 106,68% na Argentina, 75,21% no Uruguai, 54,84% nosEUA, 37,86% no RNAFTA, e 10,12% no ROA) e quedas nas exportações deleite (de -6,13%, -14,98%, -35,91% e -2,34% nos respectivos países), o queindica que a cadeia agroindustrial do leite na América pode ser altamentemodificada nesta fase de criação da Alca. Países da União Européia, China, Índiae Resto do Mundo não apresentam grandes variações nas quantidades exportadas.

Tabela 9 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio –cenário 3.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 0,21 7,62 19,56 0,45 -1,97 -0,53 -0,16 0,00 -0,01 -0,08Derivados leite 0,35 8,08 23,11 0,55 -3,24 -0,74 -0,21 0,02 -0,02 -0,33Milho e grãos -0,49 -0,06 0,14 1,25 -3,89 -2,30 0,03 0,05 0,00 0,12Soja -0,70 -0,69 -0,31 0,06 0,38 -1,43 0,51 0,56 0,01 0,32Bovinos -0,07 0,37 0,78 -0,01 -0,06 -0,27 0,14 0,01 0,04 0,04O. P. agropec. -0,16 -0,56 -0,37 0,25 0,00 -0,74 -0,04 -0,02 0,01 -0,01Manufaturados -0,36 -0,39 -2,51 -0,02 0,17 0,36 -0,03 0,01 0,00 0,00Serviços 0,10 0,04 -0,11 -0,01 -0,02 0,04 0,01 -0,01 0,00 0,00

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -6,13 -14,98 -35,91 -2,34 3,31 -0,75 0,44 0,36 0,48 0,38Derivados leite 45,96 106,68 75,21 54,84 37,86 10,12 -0,80 -0,18 -0,71 -2,64Milho e grãos -1,33 -1,11 -5,05 4,04 1,05 -2,88 0,11 0,63 0,25 0,26Soja -1,21 -1,61 -0,59 0,05 0,73 -0,76 1,24 0,67 0,68 0,96Bovinos -0,81 1,53 3,39 0,11 0,97 6,80 0,54 0,43 0,61 0,13O. P. agropec. 0,00 -1,15 0,89 5,17 4,79 1,38 -0,22 -0,32 -0,20 -0,21Manufaturados 6,18 6,90 -2,95 1,01 0,51 5,92 -0,07 0,00 -0,05 -0,03Serviços -3,06 -4,36 -4,38 -0,67 -0,25 -1,20 0,32 0,31 0,33 0,34

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 3,46 15,28 46,28 1,39 -2,70 -0,04 -0,17 -0,06 -0,17 -0,17Derivados leite 0,67 8,05 29,57 9,52 49,39 7,41 -0,05 -0,06 -0,13 -0,12Milho e grãos 0,18 1,91 2,05 1,21 11,63 5,18 -0,09 0,02 -0,30 -0,31Soja 1,51 4,99 0,24 3,09 -0,02 3,68 -0,33 -0,41 -0,22 -0,33Bovinos 0,27 4,92 12,08 1,21 2,05 10,67 -0,03 -0,14 -0,18 -0,33O. P. agropec. 3,07 7,58 5,43 2,15 6,57 8,72 -0,10 -0,12 -0,38 -0,16Manufaturados 6,76 7,50 1,94 0,75 0,28 4,20 -0,08 -0,10 -0,12 -0,10Serviços 1,61 2,35 2,30 0,44 0,16 0,71 -0,15 -0,08 -0,14 -0,16

Fonte: Dados da pesquisa.

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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Quanto às variações nas quantidades importadas, observa-se aumentonas quantidades importadas dos principais produtos pelos países/regiões quecompõem a Alca, como Brasil, Argentina, Uruguai, EUA, Resto do Nafta eResto das Américas, porém de forma mais acentuada do que nos cenários 1e 2. O destaque, mais uma vez, é o setor de leite, que teve forte aumentosnas importações do Brasil, Argentina, Uruguai e EUA, e redução nasimportações dos outros países, como UE, China, Índia e Resto do Mundo, emvariações pequenas.

Cenário 4

Neste cenário foi simulada a quarta fase da criação da Alca. A propostasugere a eliminação de 100% das tarifas de importação tanto sobre os bensagrícolas quanto sobre os não-agrícolas, porém sem prazo definido. A Tabela10 traz os resultados, em variações percentuais, da produção, da exportaçãoe da importação, na quarta fase da Alca.

Como se trata de uma área de livre comércio, os resultados forammais expressivos do que nos cenários 1, 2 e 3, uma vez que as tarifas deimportações são eliminadas neste cenário, no qual serão destacadas somenteas principais diferenças encontradas nas variáveis de interesse e será feitauma análise comparativa entre os cenários 1, 2, 3 e 4.

Com relação à variação na quantidade produzida, no Brasil, Argentina,Uruguai, EUA, Resto do Nafta e Resto das Américas os resultados apontamvariações mais expressivas do que nos cenários 1, 2 e 3, apesar de aindaserem pequenas. À exceção é o setor lácteo, que apresentou expressivoaumento na produção de leite e derivados do leite na Argentina (14,62% e15,49%, respectivamente) e no Uruguai (28,88% e 34,14%, respectiva-mente). No Brasil, o destaque negativo é a queda na produção do setor demanufaturados, assim como nos demais países do Mercosul. Nos EUA, a criaçãoda Alca não altera substancialmente a produção; na União Européia (UE),China, Índia e Resto do Mundo (ROW), as variações também são maiores doque as dos outros cenários, embora de forma branda.

No que tange à variação nas quantidades exportadas, os resultadosmostram, em todos os países, variações mais acentuadas, se comparadosaos demais setores analisados. O setor de destaque, mais uma vez, é o dederivados de leite cujas exportações tiveram fortes aumentos em todos ospaíses da ALCA, Brasil (108,90%), Argentina (205,17%), Uruguai(111,41%), EUA (57,15%), RNAFTA (279,84%) e ROA (40,69%). Comoessas regiões são grandes consumidores e exportadores do produto, é naturalque as exportações de leite caiam nesta região. Observa-se aumento nasquantidades importadas dos principais produtos pelos países/regiões que

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Comércio internacional de lácteos

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compõem a Alca, como Brasil, Argentina, Uruguai, EUA, RNAFTA e ROA,porém de forma bem mais acentuada do que nos cenários anteriores. Asexceções incluem o setor milho e outros grãos no Brasil, e de leite no RNAFTA.A redução nas importações dos outros países, como UE, China, Índia e ROW,ainda é pequena.

Tabela 10 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio –cenário 4.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 0,37 14,62 28,88 0,38 -1,86 -0,84 -0,27 0,00 -0,03 -0,14Derivados leite 0,71 15,49 34,14 0,46 -3,08 -1,12 -0,36 0,04 -0,04 -0,59Milho e grãos -1,17 -0,26 0,24 1,85 -5,75 -3,68 0,15 0,11 0,00 0,24Soja -1,66 -1,30 -0,82 0,10 0,62 -2,55 1,08 1,08 0,03 0,64Bovinos -0,50 0,52 1,51 -0,07 -0,07 -0,37 0,27 0,02 0,09 0,12O. P. agropec. -0,64 -1,32 -0,53 0,34 0,04 -1,27 0,01 -0,02 0,03 0,02Manufaturados -0,53 -0,52 -3,73 0,01 0,27 0,84 -0,08 0,01 -0,01 -0,01Serviços 0,19 0,07 -0,20 -0,02 -0,05 0,00 0,02 -0,02 0,00 0,00

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -11,83 -25,93 -48,79 -3,88 3,66 -6,10 1,06 0,94 1,15 0,98Derivados leite 108,90 205,17 111,41 57,15 279,84 40,69 -1,40 -0,29 -1,24 -4,70Milho e grãos -2,71 -2,22 -7,30 6,28 1,71 -4,53 0,36 1,20 0,67 0,62Soja -2,72 -2,73 -2,84 0,19 1,07 -1,25 2,51 1,44 1,51 1,97Bovinos -3,96 0,01 6,43 -0,42 1,61 19,17 1,08 0,95 1,22 0,55O. P. agropec. -1,67 -3,21 1,44 7,29 7,31 3,44 -0,14 -0,27 -0,05 -0,10Manufaturados 14,80 16,38 -2,41 2,35 1,01 15,42 -0,19 -0,03 -0,18 -0,10Serviços -6,11 -7,81 -6,37 -1,32 -0,65 -4,21 0,71 0,69 0,72 0,76

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 6,91 30,24 75,18 2,20 -2,67 2,59 -0,42 -0,24 -0,45 -0,42Derivados leite 2,99 16,80 48,66 17,87 136,20 17,51 -0,08 -0,13 -0,28 -0,22Milho e grãos -0,08 2,82 2,69 1,60 18,23 8,30 -0,10 0,01 -0,55 -0,53Soja 1,23 6,62 0,08 6,01 0,00 7,30 -0,59 -0,77 -0,43 -0,65Bovinos 0,96 9,07 19,34 1,94 3,45 22,56 -0,03 -0,33 -0,44 -0,65O. P. agropec. 5,19 12,27 7,82 3,20 10,05 17,72 -0,19 -0,34 -0,75 -0,34Manufaturados 15,60 16,96 4,08 1,52 0,72 11,66 -0,18 -0,21 -0,31 -0,21Serviços 3,25 4,30 3,39 0,86 0,38 2,41 -0,33 -0,18 -0,29 -0,35

Fonte: Dados da pesquisa.

Cenário 5

Neste cenário, foi simulada a Rodada de Doha, em que se utiliza aabordagem de Harbinson para redução nas tarifas de importação, ou seja, afórmula linear de redução tarifária, que prevê cortes de acordo com cada

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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intervalo da alíquota praticada, divididos em países desenvolvidos e emdesenvolvimento, fórmula essa que prevê cortes de 40% a 60% para ospaíses desenvolvidos e de 25% a 40% para os países em desenvolvimento,além da redução no subsídio à produção e eliminação dos subsídios àexportação. A Tabela 11 traz os resultados, em variações percentuais, daprodução, da exportação e da importação para este cenário.

Tabela 11 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio -cenário 5.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 1,45 4,27 12,81 -0,08 -1,59 1,67 -5,16 -0,09 0,46 1,53Derivados leite 0,63 4,58 15,15 0,05 -3,00 1,90 -5,85 -1,90 1,13 7,51Milho e grãos 13,42 7,15 1,16 1,80 -0,31 1,87 -8,07 6,59 -0,05 -4,00Soja 15,02 12,22 3,62 -5,25 7,82 6,60 -21,16 -7,91 0,40 -0,57Bovinos 33,70 0,70 8,05 2,24 1,19 1,50 -13,31 -0,95 0,33 -0,95O. P. agropec. 1,13 0,82 1,10 0,95 1,34 2,66 -0,73 0,16 -1,03 -0,83Manufaturados -3,34 -1,25 -6,60 0,17 0,03 -1,22 -1,35 0,01 0,43 0,85Serviços -0,05 -0,13 0,11 -0,08 -0,15 -0,15 0,58 -0,04 0,16 -0,20

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -12,53 -12,09 -16,58 -7,50 13,94 1,72 9,48 -10,62 -0,68 -9,97Derivados leite 41,86 59,37 48,76 2,99 68,92 28,60 -23,21 22,49 61,82 35,57Milho e grãos 27,00 13,04 0,53 3,95 11,95 0,96 -20,79 68,18 -12,65 -10,58Soja 29,65 27,83 17,08 -10,58 5,27 14,28 -45,34 90,35 33,40 14,23Bovinos 285,31 12,25 29,52 37,08 8,63 41,28 -49,51 -16,53 15,12 0,15O. P. agropec. 3,00 3,11 7,68 16,74 11,39 14,09 -0,83 9,53 3,54 -0,89Manufaturados -2,14 2,86 -20,12 4,00 0,96 1,95 -1,27 9,44 23,88 3,96Serviços -6,53 -3,44 0,98 1,13 1,90 -0,55 2,65 -6,91 -3,15 -1,17

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 7,64 8,01 19,55 0,34 -9,23 -1,58 -8,43 2,71 -4,14 -3,01Derivados leite -3,73 -8,12 0,63 -12,80 40,21 -5,45 0,37 4,50 3,99 -15,87Milho e grãos 6,99 5,51 0,38 0,55 6,75 1,09 -0,85 8,16 7,70 2,83Soja 6,53 4,03 1,29 31,93 -3,83 -2,34 11,67 13,47 -1,64 1,30Bovinos 13,36 -2,93 -7,33 1,62 2,02 1,50 7,47 15,15 2,51 3,95O. P. agropec. 6,84 4,45 0,73 2,15 4,16 4,72 1,35 12,63 26,19 4,52Manufaturados 8,49 6,13 -1,32 1,19 0,59 3,26 1,38 13,50 18,57 2,37Serviços 3,65 2,07 0,10 -0,51 -0,77 0,47 -0,82 3,81 2,18 1,26

Fonte: Dados da pesquisa.

De forma geral, observa-se elevação na produção dos produtos doagronegócio nos países em desenvolvimento, Brasil, Argentina, Uruguai,Resto da América (ROA) e Índia, com exceção da China, e queda na produçãodos produtos do agronegócio nos países desenvolvidos. Especificamente nos

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Comércio internacional de lácteos

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países em desenvolvimento e no Brasil, o cenário da Rodada de Doha mostrou-se positivo, com destaque para o crescimento da produção nos setores doagronegócio (milho, soja e bovinos), e queda no setor de manufaturados,que é mais sensível da economia brasileira. Verifica-se forte aumento nasexportações de bovinos, derivados de leite, soja e milho, e na importação demanufaturados. A Argentina segue esta mesma tendência, com fortecrescimento da produção nos setores do agronegócio (leite, derivados doleite, milho e outros grãos, soja e bovinos) e pequena queda no setor demanufaturados. Constata-se forte aumento nas exportações de derivadosde leite, soja, milho e outros grãos, e de bovinos e na importação demanufaturados. Na análise na economia do Uruguai o resultado é similar, ouseja forte crescimento da produção nos setores do agronegócio. Na economiado Uruguai destacam-se os fortes crescimentos da produção de leite ederivados e os aumentos nas exportações de derivados do leite e bovinos.No Resto da América (ROA), os resultados também foram positivos para aprodução nos setores do agronegócio.

Dos países em desenvolvimento, a China apresentou os piores resultadospara quantidades produzidas, haja vista a queda em todos os setoresanalisados, exceto no de milho e de outros produtos agropecuários. O pontopositivo é o fluxo de comércio internacional, que aumentou substancialmentetanto nas exportações, que apresentam forte aumento para derivados de leite,milho e soja, quanto nas importações, com aumentos em todos os setores. NaÍndia, os resultados apontam pequenas variações nas quantidades produzidasnos principais produtos do agronegócio e aumento no setor de manufaturados.O fluxo de comércio internacional é aumentado, com destaque para elevaçãodas exportações de manufaturados e derivados do leite. No que tange aospaíses desenvolvidos no Cenário 5, os EUA apresentam pequenos aumentosna quantidade produzida de alguns setores, como, por exemplo, derivados deleite, milho, bovinos, outros produtos agropecuários e manufaturados epequenas quedas na produção dos demais setores. Verifica-se forte aumentonas exportações de milho e outros grãos, derivados de leite, bovinos emanufaturados; e forte aumento nas importações de soja. No Resto do Nafta,a análise é similar, com pequenas variações nas quantidades produzidas, comexceção de soja, que apresenta forte elevação, e forte aumento nasexportações de todos os setores; e forte aumento nas importações dosprincipais produtos. Para a União Européia (UE), o cenário da Rodada de Dohaé altamente negativo, visto que cai fortemente a produção dos produtosagrícolas, o que reflete os altos subsídios concedidos pelos países da UE paraa produção dessas commodities. O setor de manufaturados é também afetadonegativamente, contrário ao esperado de que a UE teria vantagem comparativana produção de bens manufaturados. As exportações da UE contraem

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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fortemente, porém nas importações o efeito é menos acentuado, destacando-se o aumento das importações de soja e bovinos pela UE.

Cenário 6

Neste cenário, foi simulada a liberalização de mercado via Alca e Rodadade Doha. A criação da Alca é simulada com eliminação de 100,0% das tarifasde importação tanto sobre os bens agrícolas quanto sobre os não-agrícolas. Naproposta de implantação da Rodada de Doha é simulada considera-se em que seutiliza a abordagem de Harbinson para redução nas tarifas para importação,para os países que não pertencem a Alca e para o comércio dos países da Alcacom os países de fora do bloco; redução dos subsídios a produção, conformeproposta da OMC; e eliminação dos subsídios a produção. Trata-se de um cenárioque indica os efeitos no longo prazo, considerando os possíveis acordos denegociação multilateral supracitados. A Tabela 12 traz os resultados, em variaçõespercentuais, da produção, da exportação e da importação, neste cenário.

De forma geral, observa-se uma elevação na produção dos produtosdo agronegócio nos países da Alca, como Brasil, Argentina, Uruguai, EUA eResto da América (ROA), de forma bem mais acentuada do que nos cenáriosanteriores e queda na produção dos produtos do agronegócio nos países daUnião Européia e China.

No Brasil, o cenário 6 mostrou-se positivo, com destaque para ocrescimento da produção nos setores do agronegócio (milho, soja e bovinos) equeda nos setores outros produtos agropecuários e manufaturados. Ocorre forteaumento nas exportações de bovinos, derivados de leite, soja e milho e umaumento significativo na importação de manufaturados. A Argentina segueesta mesma tendência, com forte crescimento da produção nos setores doagronegócio (leite, derivados do leite, soja, milho e bovinos) e ocorre queda nossetores outros produtos agropecuários e manufaturados. Verifica-se também,forte aumento nas exportações de derivados de leite, soja, milho e bovinos eum aumento importante na importação de manufaturados. A análise na economiado Uruguai é similar aos parceiros do Mercosul, com crescimento forte daprodução nos setores do agronegócio. Os destaques na economia do Uruguaisão os aumentos na produção de leite e derivados e nas exportações de derivadosdo leite, bovinos e soja. No Resto da América (ROA) os resultados também semostraram positivos para a produção nos setores do agronegócio.

Dos países em desenvolvimento, a China apresentou os pioresresultados, com relação às quantidades produzidas, ocorrendo queda em todosos setores analisados, exceto para milho e serviços. O ponto positivo é queseu fluxo de comércio internacional aumenta substancialmente, tanto nasexportações, que apresentam um forte aumento para derivados de leite,

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Comércio internacional de lácteos

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milho e soja, quanto nas importações, com aumentos em todos os setores.Na Índia, os resultados apontam para pequenas variações nas quantidadesproduzidas nos principais produtos do agronegócio e aumento no setor demanufaturados. O fluxo de comércio internacional é aumentado, comdestaque para o aumento nas exportações de manufaturados e derivados doleite e soja.

Tabela 12 - Variações percentuais na produção e no fluxo de comércio –cenário 6.

Variação percentual na quantidade produzida

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 1,73 20,82 40,29 0,32 -2,79 1,09 -4,97 -0,53 0,30 1,17Derivados leite 1,51 21,98 47,66 0,56 -4,48 1,10 -5,66 -3,72 1,16 5,56Milho e grãos 11,20 5,68 1,28 4,00 -5,56 -0,47 -7,32 5,69 -0,24 -3,96Soja 11,67 10,95 4,46 -2,94 2,92 6,31 -18,87 -10,32 0,08 -1,01Bovinos 30,14 2,23 8,17 2,92 -0,40 1,24 -12,42 -1,85 -0,60 -1,18O. P. agropec. -0,05 -1,64 0,47 1,47 0,29 1,92 -0,50 -0,38 -1,84 -0,55Manufaturados -3,45 -3,01 -10,49 0,87 -0,89 -0,48 -0,83 -0,65 1,21 0,11Serviços 0,15 0,22 0,05 -0,26 0,38 -0,24 0,42 1,02 0,20 0,01

Variação percentual na quantidade exportada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite -26,75 -30,21 -54,41 -2,63 10,00 5,01 18,57 -26,31 -2,16 -13,44Derivados leite 157,75 285,97 154,97 59,27 120,86 46,01 -22,59 12,77 66,70 22,28Milho e grãos 23,02 8,74 -5,74 10,43 7,50 0,39 -19,31 64,03 -14,15 -10,70Soja 24,23 26,40 22,69 -6,17 -0,37 16,92 -41,42 78,15 30,37 12,78Bovinos 255,85 18,18 31,09 44,42 4,21 53,57 -47,00 -29,55 9,82 -1,82O. P. agropec. -1,32 -4,11 7,76 24,55 12,28 16,49 -0,15 1,86 -5,10 -0,56Manufaturados 8,83 9,79 -24,19 9,15 -0,42 11,86 -0,14 5,97 25,85 1,91Serviços -13,54 -13,24 -3,62 1,96 3,04 -1,29 4,37 -9,60 -4,14 -2,90

Variação percentual na quantidade importada

BRA ARG URI E U A RNAFTA ROA UE CHINA INDIA RO W

Leite 16,62 36,12 95,17 -2,39 -9,32 -4,40 -12,60 11,60 -4,23 -2,12Derivados leite -2,70 6,52 42,32 -3,81 86,64 3,05 -0,05 7,36 1,78 -15,30Milho e grãos 6,48 8,32 2,67 -0,78 18,46 6,89 -0,97 8,45 7,99 3,39Soja 11,18 9,67 1,96 32,82 -3,76 0,78 10,25 14,27 0,63 1,71Bovinos 16,19 2,39 7,88 -0,61 5,74 13,52 5,98 23,10 3,57 4,83O. P. agropec. 11,20 16,52 6,95 2,80 11,54 15,01 0,98 16,24 30,48 4,17Manufaturados 20,56 21,67 2,01 0,65 1,26 10,02 0,66 14,21 17,97 2,98Serviços 7,94 7,91 2,61 -1,02 -1,08 0,91 -1,74 5,54 2,82 2,55

Fonte: Dados da pesquisa.

No que tange aos países desenvolvidos, os EUA apresentam aumentosnas quantidades produzidas de milho, bovinos, outros produtos agropecuáriose manufaturados, e pequenos aumentos no demais setores, com exceçãodo de soja e serviços. Constata-se forte aumento nas exportações de milho

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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e de outros grãos, derivados de leite, bovinos e manufaturados; e um forteaumento nas importações de soja. No Resto do Nafta, a análise é similar,com pequenas variações nas quantidades produzidas, com exceção de soja,que apresenta aumento; e, ocorre forte aumento nas exportações de todosos setores; e um forte aumento nas importações dos principais produtos.Para a União Européia (UE), o cenário da implantação da Alca com Rodadade Doha é altamente negativo, visto que caiu fortemente a produção dosprodutos agrícolas, o que reflete os altos subsídios concedidos pelos paísesda UE para a produção destas commodities. O setor de manufaturados étambém afetado negativamente, contrário ao esperado de que a UE teriavantagem comparativa na produção de bens manufaturados. As exportaçõesda UE contraem fortemente, porém nas importações o efeito é menosacentuado, destacando-se o aumento das importações de soja e bovinospela UE.

4.2 Impactos nos preços

Outras variáveis de interesse são as variações percentuais nos preçosde mercados interno (pm). As variações percentuais nos preços internacionaisdas importações agregadas (piw), e as variações percentuais nos preçosinternacionais das exportações agregadas (pxw) de cada commodity naeconomia brasileira estão na Tabela 13.

Nos cenários 1 a 4, de criação da Alca, observa-se aumentos nospreços reais de todos os produtos, tanto no de mercado quanto nos deexportações e importações. As exceções são as pequenas variações negativasno setor de leite, soja e serviços, nos preços internacionais de importação(piw). No cenário 4, as variações nos preços são mais acentuadas. Observa-se que o aumento nos preços de mercado são maiores no setor lácteo (leitee derivados) do que nos demais, o que indica que o produtor do setor lácteotem ganho real no mercado interno com a criação da Alca.

Nos cenários 5 e 6, observam-se aumentos maiores nos preços dossetores do agronegócio, principalmente milho e outros cereais, soja, bovinos,leite e derivados de leite, do que nos de manufaturados e serviços, o queindica haver melhora nos termos de troca internos em favor dos produtos doagronegócio, nestes cenários. No cenário 6, observa-se queda nos preçosdos manufaturados, o que indica maior facilidade na aquisição desses bens.

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Comércio internacional de lácteos

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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4.3 Impactos nos indicadores de crescimento e bem-estar

A Figura 5 apresenta a variação percentual do PIB nos países/regiõesestudadas. Observa-se no cenário 1, da fase imediata de implantação da Alca,pequeno aumento nos PIBs do Brasil (0,23%), Argentina (0,32%) e Uruguai(0,23%), e pequenas variações nos demais países. No cenário 2, da fase deimplantação da Alca em até 5 anos, a analise é similar, porém o efeito de aumentoé mais acentuado; há pequeno aumento nos PIBs do Brasil (0,29%), Argentina(0,45%) e Uruguai (0,53%), já nos EUA, esse efeito é muito pequeno (0,05%) e,nos outros países, esta é bastante pequena. No cenário 3, da fase de implantaçãoda Alca em até 10 anos, os efeitos são mais acentuados, com aumentos noBrasil (0,68%), Argentina (1,13%), Uruguai (1,55%) e EUA (0,12%), e quedanos demais países. Já no cenário 4, com a liberalização comercial da Alca, osefeitos são maiores, se comparados aos dos cenários 1, 2 e 3, seguindo a tendênciade aumentos no Brasil (1,28%), Argentina (1,97%), Uruguai (2,16%), EUA(0,22%) e ROA (0,23%) e queda nos demais países. Portanto, a criação da Alcaafeta pouco o crescimento do PIB, e os países mais beneficiados são os doMercosul. Nos EUA, o efeito positivo é muito pequeno, enquanto no Resto doNafta e nos demais países o efeito negativo também é pequeno.

Figura 5 - Variação percentual no produto interno bruto (PIB), conforme cenários.

Já nos cenários 5 e 6, os efeitos no PIB são positivos para Brasil(1,30% e 1,94%), Argentina (0,48% e 2,22%), China (1,53% e 1,27%) eÍndia (0,23 e -0,30%, exceto no cenário 6). Portanto, os países emdesenvolvimento tendem a levar vantagem nestes cenários, enquanto osdemais países apresentam queda no PIB (EUA, RNAFTA, ROA, UE e ROW),inclusive EUA (-0,88% e -2,15%) e EU (-0,88% e -2,15%), que são países(regiões) que apresentam fortes distorções no comércio em suas economias.

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Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6

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Comércio internacional de lácteos

188

Já a variação na utilidade per capita é mostrada na Figura 6, na qual seobservam ganhos para Brasil, Argentina e Uruguai, em todos os cenários, sendoos ganhos maiores no cenário 6. Nos EUA, a variação na utilidade per capita épositiva, nos cenários de 1 a 4, e negativa, nos cenários 5 e 6; na ROA, a variaçãoé positiva, em todos os cenários, exceto no cenário 6; nos outros países, avariação na utilidade per capita é negativa, em todos os cenários, com exceçãodo cenário 6, no Resto do Mundo, e dos cenários 5 e 6, na China, Índia e UE.

Figura 6 - Variação percentual na utilidade per capita, conforme cenários.

A variação equivalente (Figura 7), expressa em milhões de US$, éobtida por meio do produto da renda inicial, antes das simulações, pelavariação percentual na utilidade per capita. Portanto, é um indicador queleva em consideração o tamanho da economia e o nível de bem-estar advindoda variação na utilidade, o que possibilita avaliar os efeitos sobre o bem-estar de economias de tamanhos distintas.

Figura 7 - Variação equivalente (milhões de US$).

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Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4 Cenário 5 Cenário 6

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

189

O Brasil, a Argentina e o Uruguai apresentaram ganhos em todos oscenários analisados, obtendo maiores ganhos no cenário 6. Este comportamentose explica principalmente, pelos efeitos da eliminação das barreiras comerciais,que resultam em queda nos preços domésticos e na elevação na renda real,gerando maior bem-estar. Os EUA apresentam ganhos nos cenários de 1 a 4,e perdas nos cenários 5 e 6, explicadas pelas quedas no PIB e na utilidade percapita. Já UE, China e Índia apresentam perdas, nos cenários 1 a 4, fortesganhos de variação equivalente, nos cenários 5 e 6, devido aos efeitos positivosda utilidade per capita ocorridas com a Rodada de Doha.

5 Conclusões

Os efeitos da formação da Alca, com gradual desgravação tarifaria,são grandes para o setor leite e derivados do leite que aumentam sua produçãoem todos os países do Mercosul. Nesses cenários, o setor de derivados deleite apresentou forte aumento nas exportações em todos os países quedevem compor a Alca, o que indica que, para o setor lácteo, é bastantepromissor a criação da Área de Livre Comércio da Américas.

Na Rodada de Doha, as reduções nas distorções o comércio melhoram,consideravelmente, a situação dos produtos do agronegócio, principalmentenos países em desenvolvimento, em especial, Brasil, Argentina e Uruguai. Nestecenário, os setores leite e derivados também apresentam aumentos na produção.

O setor lácteo, por ser um setor altamente protegido nas economiasmundiais, é bastante sensível às variações no mercado externo, razão pela qualas reduções nas tarifas e nos suportes domésticos melhoram, consideravelmente,a competitividade do setor lácteo do Brasil e do Mercosul. Os termos de troca,em relação aos bens manufaturados, são também afetados positivamente, oque indica ganhos de poder de compra para os produtores deste setor.

Em todos os cenários analisados, evidencia-se baixa competitividadedos países do Mercosul na produção de bens manufaturados, o que indicaque os países devem implementar políticas macroeconômicas que elevema competitividade industrial e permitam maior acesso do setor aosmercados externos.

Com relação ao efeito da criação da Alca e da Rodada de Doha noindicador de crescimento econômico (PIB), os resultados mostramcrescimento pequeno no Brasil, Argentina e Uruguai (exceto no cenário 5,na economia uruguaia). Nos demais países, as variações no PIB tambémforam muito pequenas, o que indica que a maior abertura não deva contribuir,de maneira expressiva, para a promoção do crescimento e para a geraçãode empregos nestes países.

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Comércio internacional de lácteos

190

Já os indicadores de bem-estar, utilidade per capita e variaçãoequivalente apontam ganhos em todos os países do Mercosul, que ocorrempela maior disponibilidade de bens na economia e, certamente, pelo aumentodo consumo de bens destes países.

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Impactos da Alca e da rodada de Doha no agronegócio do leite no Brasil e no Mercosul

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NAFTA DAIRY MARKET

Richard L. Kilmer1

Kennya B. Siqueira2

1 Introduction

Canada, Mexico, and the United States produced 100,449,000 metrictons of cow’s milk in 2006 or 20.6% of the world’s total. The United Statesranked second in the world behind the European Union - 25 (EU-25) with82,462,000 metric tons (16.9% or the world’s total) and the EU-25 had130,400,000 metric tons (27.6%) in 2006 (USDA, 2007d). Mexico rankedeleventh in the world with production totaling 10,214,000 metric tons (2.1%)and Canada ranked thirteenth with production totaling 7,773,000 metrictons (1.6%). These three countries compound one of the most importantfree trade areas of the world: NAFTA.

NAFTA is a free trade agreement among United States, Canada, andMexico. It started with an agreement between Canada and United States.The trade agreement between Canada and the United States called theCanada-U.S. Free Trade Agreement (CUSTA or CFTA) was signed in 1989.In 1994, The North American Free Trade Agreement (NAFTA) encompassedCUSTA and expanded the free trade area to include Mexico. It was builtaround three bilateral agreements, one between Canada and the UnitedStates (CUSTA), another between Mexico and the United States, and athird one between Canada and Mexico (Zahniser, 2007, page 4).

Under NAFTA, all non-tariff barriers to agricultural products betweenthe United States and Mexico were eliminated and converted to tariffs andtariff rate quotes (TRQ). The TRQ’s allow a certain amount of product (aquota) to enter duty-free (USDA, 2007c). The majority of the barriers betweenMexico and the United States (and Mexico-Canada) were immediately removedand others were scheduled to be eliminated over periods of four or nine years.For example, barriers to trade, such as U.S. exports to Mexico of corn, dryedible beans, and nonfat dry milk and Mexican exports to the United Statesof sugar, cucumbers, and sprouting broccoli will not be removed until 2008

1 Richard L. Kilmer is a professor in the Food and Resource Economics Department at theUniversity of Florida. [email protected]

2 Kennya B. Siqueira is a post-doc researcher in the Pole of Excellence in [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

194

(Zahniser, 2007, page 4). The phase-out period for CUSTA was 10 years fordairy products, cotton, and sugar-containing products, and 15 years for peanuts(USDA, 2007c). So, the bilateral agreement between Canada and the UnitedStates (CUSTA) was completed in 1998, except for certain products in Canadaand the United States that CUSTA exempted from trade liberalization andremain unchanged under NAFTA. They are U.S. imports of dairy products,peanuts, peanut butter, cotton, sugar, and sugar-containing products. Importsinto Canada of dairy products, poultry, eggs, and margarine were also exemptedfrom trade liberalization. Canada-Mexico trade liberalization under NAFTAalso exempted dairy and poultry products (Zahniser, 2007, pages 4-6).

According to Bailey (1997, page 237), NAFTA was of particularinterest to the U.S. dairy industry since it represented a way of increasingexports to Mexico. The author also affirmed that the Mexican import licenseswere a strong trade barrier for U.S. dairy exports. Under NAFTA, the U.S.could have annual duty-free access to Mexico for 40,000 metric tons ofnonfat dry milk and whole milk powder. However, this limit was to increaseat a compounded annual rate of 3 percent over the 15-year transition period.Over-quota trade was subject to a higher tariff based on the Mexico importlicense. At the beginning, this tariff was an ad valorem tariff equal to orless than 139%; however, it was reduced by 24% during the first six years(Bailey, 1997, page 239) and is scheduled to be eliminated in 2008 (Zahniser,2007, page 4). Tariffs for evaporated milk and cheeses were scheduled tobe phased out by 2004 (Bailey, 1997, page 239).

On the other hand, Mexican dairy exports to the U.S. are traded via aTRQ. For example, the TRQ of milk powder was 422 metric tons and growedat 3 percent per year (compounded). The over-quota tariff is no less than78-83%. In contrast, the initial TRQ for cheese was 5,550 metric tons withthe over-quota tariff at 69.5% (Bailey, 1997, page 239).

Dairy tariffs on U.S. exports to Mexico have been gradually abolished.The only Mexican dairy tariff that remains in place on U.S. dairy products isfor skim milk powder. It will be phased-out in January 2008 (IFDA, 2007a).However, trade between Canada and the United States in dairy products isstill exempted from trade liberalization, except the retail sale of preparationsfor infant use which is duty-free and has grown from 1,000 metric tons forthe entire period of 1991-93 to 21,000 metric tons for the 2003-05 period(Zahniser, 2007, page 45).

This chapter will discuss the consequences of the NAFTA for Canadian,Mexican, and United States milk markets. The dairy industry and trade willbe presented for each country in the order of their world ranking.

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Nafta dairy market

195

2 Dairy sector in each country

2.1 United States

The United States is the world’s second largest milk producer. In 2006,it produced 82,462,000 metric tons of milk, which is equivalent to 16.9%of the world production (USDA, 2007d). Milk production in the U.S. isintensive, based on ensilage and concentrate cow feed. The country has9,112 thousand head of milk cows, which presents a productivity of 9,069liters/cow/year (USDA, 2007b).

The United States dairy farmers operate under a classified pricingsystem which is administered by the Federal Government. The Federal MilkMarketing Order System has four classes of milk which are (1) class 1 milkis farm milk used for drinking purposes, (2) class 2 milk is farm milk used forsoft dairy products, such as ice cream and cottage cheese, (3) class 3 milkis farm milk used for hard cheeses, and (4) class 4 milk is farm milk used fordry milk and butter. On a monthly basis, the Federal Marketing Order Systemsets the minimum price paid by processors and manufacturers for farm milkused in each class. Milk revenues are pooled in each marketing order andfarmers are paid the sum of the revenue from each class. The total revenuefrom all milk classes is divided by total farm milk pounds pooled in the FederalOrder and this figure is then multiplied by the pounds of milk from eachfarmer to arrive at the farmer’s gross milk receipts before expenses aretaken out (e.g., transportation costs). Also, each farmer receives a class 1differential which is added to the Class 1 price computed for each FederalMilk Marketing Order. The class 1 differential is different in each order andis intended to move milk from surplus to deficit regions if needed.

The Federal government also has a price support system whereby thegovernment stands ready to purchase NFDM, cheese, and butter if thecommercial price falls below the support price. Since 1989, the purchaseshave been small and seasonal. Internationally, the U.S. has import quotasand export subsidies to protect domestic prices.

In the international trade market in 2006, the United States was amongthe largest exporters with 7.5% of the world dairy exports by product weight(USDA, 2007d). It was surpassed only by New Zealand, European Union,and Australia, which are responsible for 31.6%, 29.4, and 14.6% of theworld dairy trade, respectively (USDA, 2007d). The amount of dairy productsexported by United States has grown over time (Table 1). From 2002 to2006, the butter and milk fat exports rose 178.8%, cheese and curd 31.7%,condensed and evaporated milk 12.6%, whey 86.7%, and nonfat dry milk(NFDM) 285%.

Page 196: Comércio Internacional de Lácteos

Comércio internacional de lácteos

196

Table 1 - U.S. dairy exports between 2002 and 2006.2002 2003 2004 2005 2006

Metric Tons

All dairy products 605,876.00 655,487.60 908,001.50 989,880.20 1,115,263.00Butter and milk fat 3,865.90 11,626.50 8,981.00 8,580.70 10,778.40Cheese and curd 53,908.60 52,100.80 61,357.00 57,760.00 71,010.70Condensed andevaporated milk

11,823.30 16,707.40 32,514.80 20,190.30 13,310.30

Whey 180,194.50 165,046.10 201,400.90 269,070.20 336,414.50Nonfat dry milk (NFDM) 74,375.00 113,332.60 231,614.40 277,404.90 286,597.00

Source: Department of Commerce, U.S. Census Bureau, Foreign Trade Statistics.

Whey is the leading U.S. dairy export with 336,415 metric tonsexported in 2006, which is equivalent to 30.2% of the total dairy exports.NFDM is second with 25.7% of export sales. NFDM was the product thatincreased the most in exports between 2002 and 2006 (Table 1). In 2005,U.S. NFDM exports to Mexico reached a record of 109,000 metric tons,corresponding to US$ 231 million. It is 38.0% of the U.S. NFDM exports,which shows the importance of Mexico and NAFTA for U.S. sales of dairyproducts. NFDM is an item subject to a transitional TRQ under NAFTA. In2007, the TRQ provides duty-free access for 58,741 metric tons of U.S.NFDM exports to Mexico and a tariff equal to the greatest of 11.8% orUS$ 98 per metric ton for the over-quota (Zahniser, 2007, page 5). Mexicois the largest buyer, followed by Canada. A total of US$ 419 million ofexports went to Mexico in 2005 (IFDA, 2007c). On the other hand, US$181 million went to Canada (IFDA, 2007c). Other destinations, with morethan US$ 50 million in U.S. exports, are Japan, Philippines, Indonesia, andChina (IFDA, 2007c).

However, U.S. and Canada dairy markets present a low degree ofintegration due to the exclusion of the dairy sector from NAFTA regulation.The only trade between the U.S. and Canada is the U.S. export for retailsale of preparations for infant use as previously reported (Zahniser, 2007,page 45).

Looking at imports, the volume of dairy products coming into the UnitedStates has grown in the last years, but at a slower pace than the exports.Dairy imports increased 8.2% in 2005 relative to 2004 (IDFA, 2007b). Thisis due in large part to the increase in cheese imports. In 2006, the UnitedStates was the third largest cheese-importing nation in the world, with Russiabeing number one and Japan number two (USDA, 2007d). It accounted forabout 40% of the total value of U.S. dairy imports and about 5% of U.S.

Commodities

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Nafta dairy market

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production (IDFA, 2007b). According to Blayney et al. (2006, page v), thelargest dairy trade flow worldwide is cheese from the EU to the UnitedStates. Therefore, considering the higher value of cheese, the total value ofU.S. dairy imports, in 2005, rose 12.6% to US$ 2.56 billion compared to2004 (IDFA, 2007b). So, in general, dairy products imported into the UnitedStates are higher-end, valued-added products. It justifies the fact that thedairy imports often surpass the exports (IFDA, 2007a).

2.2 Mexico

The dairy industry in Mexico is characterized by heterogeneity. Thereare large, medium, and small sized dairy farms (Losada et al, 1996, cited byZhang et al., 2003). The large and medium farms work with high technologyand present higher milk production per cow. On the other hand, the smallentrepreneurs use less advance technology (Zhang et al., 2003). Since 2002,the number of milk cows has increased from 6.8 million head to 6.875 millionin 2006, an increase of 1.1% (USDA, 2007b). The U.S. and Canada haveshown a slight decrease during the same time period. Milk productionincreased from 9.56 million metric tons in 2002 to 10,214,000 metric tons(2.1% of world production) in 2006 (USDA, 2007d), an increase of 5.1%.The production per cow increased from 1.41 metric tons per head in 2002to 1.46 metric tons in 2006, and increase of 3.5%. Mexico’s fluid milkconsumption was 4.080 million metric tons in 2002 and increased to 4.305million metric tons in 2006, an increase of 5.5% (Table 2).

Table 2 - Mexico’s milk cow numbers, milk production, milk production percow, and fluid milk consumption (2002-2006).

2002 2003 2004 2005 2006

Cow numbers 6,800,000 6,800,000 6,800,000 6,850,000 6,875,000Milk production 9,560,000 9,784,000 9,874,000 9,855,000 10,051,000(Metric Tons)Production per cow(Metric Tons) 1.41 1.44 1.45 1.44 1.46

Fluid milk consumption 4,080,000 4,352,000 4,349,000 4,266,000 4,305,000(Metric Tons)

Source: USDA (2007b).

Mexico’s domestic cheese production was 145,000 metric tons in 2002and 2006; however, domestic cheese production declined 19,000 metric tons(13.1%) from 2002 through 2003 and then started to recover in 2004 and

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2005 until reaching 145,000 metric tons in 2006 (Table 3). The drop in 2003production was offset by declining consumption (6,000 metric tons) and anincrease in imports (13,000 metric tons). Production and consumption startedto grow again in 2004. No domestic cheese was exported until 2004 with thesame amount exported in 2004 through 2006 (2,000 metric tons). Accordingto USDEC (2006), Mexico, a year after NAFTA implementation, cheese exportsfrom United States reached 5,000 metric tons, which represented only 15%of total cheese imported into Mexico. Now, Mexico’s exports and imports dependheavily on the trading relationship with the U.S., and Mexico’s exports aredesigned for the U.S. market (Zhang et al., 2003). In 2006, Mexico imported arecord of 35,084 metric tons of U.S. cheese (USDEC Mexico, 2007), whichcorresponds to 41% of total cheese imports of 86,000 metric tons (Table 3).

Table 3 - Mexican cheese production, consumption, exports, and imports(2002-2006).

2002 2003 2004 2005 20061,000 Metric Tons

Production 145 126 134 143 145Consumption 210 204 214 230 229Exports 0 0 2 2 2Imports 65 78 82 89 86

Source: USDA (2007b).

Mexico’s domestic butter consumption increased 51,000 metric tons(47.7%) from 2002 through 2006. This increase was supplied by an increasein domestic butter production (39,000 metric tons or 55.7%) from 2002through 2006 plus an increase in butter imports of 12,000 metric tons(32.4%) (Table 4). Butter exports were zero for the entire period.

Table 4 - Mexican butter production, consumption, exports, and imports(2002-2006).

2002 2003 2004 2005 2006

1,000 Metric Tons

Production 70 77 88 93 109Consumption 107 117 141 144 158Exports 0 0 0 0 0Imports 37 40 53 51 49

Source: USDA (2007b).

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Mexico’s NFDM increased 24,000 metric tons (8.4%) from 2002through 2005 and then declined 17,000 metric tons (5.5%) from 2005through 2006. Domestic production was steady in 2002 and 2003 andincreased 33,000 metric tons from 2003 through 2006 (22%) (Table 5).The change in NFDM imports was similar to the change in consumption.Imports increased 23,000 metric tons from 2002 through 2005 (17.4%)before declining 44,000 metric tons (28.4%) from 2005 through 2006. NFDMexports were zero for the entire period.

Table 5 - Mexican nonfat dry milk production, consumption, exports, andimports (2002-2006).

2002 2003 2004 2005 2006

1,000 Metric Tons

Production 150 150 155 155 183Consumption 287 291 300 311 294Exports 0 0 0 0 0Imports 132 129 141 155 111

Source: USDA (2007b).

Zhang et al. (2003) stated that Mexico is one of the largest importers ofdairy products in the world. It is also one of the largest importers of U.S. dairyproducts. The trade between Mexico and the U.S. has almost doubled comparedto the pre-NAFTA, and Mexico’s main trading partners are the U.S. and Canada.The Mexican parastatal company LICONSA (Leche Industrializada CONASUPO),which distributes milk to poor families, is responsible for about 40% of Mexico’sNFDM purchases from the United States. In 2005, Mexico bought 109 thousandmetric tons of NFDM from U.S..

2.3 Canada

In 2006, Canada produced 7,773,000 metric tons (1.6% of worldproduction) placing it in 13th position in the world ranking for milk production(USDA, 2007d). Milk production in Canada occurred on 14,680 farms in2006 (Canada Statistics, 2007) and they had a total of 1,049,000 head ofdairy cows (USDA, 2007b) for an average size of 71 head per farm. Thesefarms are significantly specialized, utilizing crops, feed supplements, improvedlivestock, and are based on family-owned operations (Zhang et al., 2003,page 12-13). In 2001, about 81% of Canada’s dairy farms were in Ontarioand Quebec, with 14% in the Western provinces and 5% in the AtlanticProvinces (Zhang et al., 2003, page 12).

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Canada has production and price controls on domestic producers andimport controls on international trade. The production controls are in the formof marketing quotas, which act as supply controls. Canada protects thedomestic dairy industry from international trade by implementing import quotasand export subsidizes (USDA, 2007a). Prior to the Uruguay Round of the GeneralAgreement on Tariffs and Trade (UR, GATT), Canada had a quota to blockdairy imports. It only happened if the imports were strictly necessary tomaintain the economic stability. However, the GATT insisted that all importquotas should be replaced by TRQs. Consequently, dairy imports into Canadaincreased considerably (Furtan et al., 2003, cited by Zhang et al., 2003).

On the other hand, the Canadian dairy exports have increased slightly(Table 6). From 2004 to 2006, the total dairy exports rose 11.1% (in volume),with butter increasing 1453.6% and whey increasing 52.1%. In contrast,cheese, skim milk powder, milk and cream, and whole milk powder exportsdecreased 13.3%, 19.9%, 24.6 %, and 90.9%, respectively. The decreasingof cheese exports is explained by the decrease in the value of products exportedto the United States (-34.9% from 2004 to 2005) (CDC, 2007). However, theUnited States continued to be the main destination for Canadian dairy products,accounting for 99.4% of total exports (CDC, 2007). The appreciation of theCanadian dollar vis-à-vis the U.S. dollar might be a reason for it.

In 2005, Canadian dairy imports were about 202,280 tons (CDC,2007). This represents a 9% increase in quantity over the previous year.The main products imported in monetary terms were cheese (37%), caseinproducts (18%), butter and fats and oils (12%), and whole milk powder(11%). The largest exporters of dairy products into Canada were the EuropeanUnion (39%), New Zealand (24%), and the United States (23%). Primarysuppliers of specialty cheese were France ($39.9 million), Italy ($32.7 million),and the United States ($7 million) (CDC, 2007). Figure 1 shows the CanadianDairy Trade Balance over the last 10 years.

Table 6 - Canadian dairy exports (2004-2006).

2004 2005 2006

kg US$ kg US$ kg US$

Butter 291,292 455,169 1,608,976 2,623,986 4,525,604 7,476,671Cheese 11,195,463 76,611,838 10,324,866 65,770,005 9,707,963 64,516,845Skim milk powder 15,835,794 39,577,662 5,505,114 14,875,344 12,679,717 30,876,718Milk and cream 7,377,344 7,124,073 8,885,174 7,430,389 5,564,890 5,557,401Whole milk powder 1,707,937 4,305,437 457,260 1,188,602 154,811 449,323Whey 16,089,924 18,913,292 18,188,572 23,681,195 24,467,338 28,139,392TOTAL 109,942,424 264,890,811 114,742,921 242,585,285 122,166,283 262,271,494

Source: Agriculture and Agri-Food Canada (2007).

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Source: Statistics Canada/CDC.

Figure 1 - Canadian dairy trade balance.

3 Summary and Conclusions

NAFTA is an important free trade area for many products. However, themilk market is still being excluded from all the benefits of NAFTA. This agreementhas increased dairy trade between Canada and Mexico and between the UnitedStates and Mexico. In this context, the United States dairy market is probablythe greatest beneficiary country, with increases in value and volume of most ofits dairy products (especially, NFDM and cheese). For the Mexican dairy industry,NAFTA was worthwhile because it increased the competition and, consequently,the quality and efficiency of its industry. On the other hand, the dairy tradebetween Canada and the United States is not a “free trade area”, since bothcountries protect their dairy industry. However, the United States continued tobe the main destination for Canadian dairy products. In general, NAFTA hasbeen beneficial to the dairy industry in the United States, Mexico, and Canada.This is likely to continue into the foreseeable future.

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THE EU DAIRY MARKET IMPRISONEDBETWEEN CAP AND INTERNATIONAL MARKET

Petra Salamon1

Michael HeidenOliver von Ledebur

1 Introduction

Although the European Union (EU) is one of the biggest producers ofmilk the impact of its production on the international dairy market has declinedduring the last decades. In the 70s and the early 80s the EU productionincreased dramatically due to the establishment of the “Common Organisationof the Market in Milk and Milk Products”. Because of the extraordinary growthof milk produced, it was agreed in 1984/85 that milk output exceeding theguaranteed threshold would be subject to a supplementary levy (superlevy).This was to limit production, surplus, as well as budgetary expenses and thusto stabilise the prices. Although policy reforms like Agenda 2000 and moreparticularly, the Mid Term Review (MTR) have brought about a considerabledecline in the support to the dairy sector. However, most Common AgriculturalPolicy (CAP) instruments such as milk quotas, super levies, intervention prices,processing aids, export subsidies, import taxes as well as premiums are still inplace and have limited impact on supply and demand for milk and dairy products.To partly compensate farmers for income losses decoupled premiums wereintroduced. Nevertheless, more adjustments to policy measures are to beexpected within the so-called Health Check in the EU.

The dairy market in the EU is driven to a great extent by the CAP.Conjunctional price stabilisation turned into permanent market price support,hindering productivity gains partly to be reflected in lower market prices.This led to a constant surplus as consumption gains were not able to captureall of the production increases. High domestic prices required export refundsto reduce the prices to the lower world market price level. Thus milkproduction constantly increased with a growing share used to manufacturethe intervention products butter and skim milk powder (SMP) with stockspiling. To get rid off the ample surplus export subsidies drove rising exports

1 Federal Agricultural Research Center – Institute for Market Analysis and Agricultural TradePolicy, Braunschweig – Germany; contact: [email protected]

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to world market. At the same time, the demand of consumers shifted awayfrom butter to cheese and other fresh milk products. To limit budgetaryexpenses a milk quota system was introduced, putting bounds to furtherincreases. Shifts in favour of the so-called market products cheese, creamand other fresh products were observed, but stocks remained high.

Presently, milk quotas have become a scarce production factor, limitingon the one hand the production and scope for exports, but on the other handstabilising the producer prices of raw milk. While in past decades EU productionand especially the exports had a stranglehold over the small world market, thepicture has been reversed due to the reduced support. Changes on the volatileworld market started to be reflected on the EU domestic market, althoughmost of the time the prices are higher and the variations are much smaller. Inthe wake of the current development in international dairy prices some of theEU’s support measures have been suspended like processing aids and exportrefunds, thus, ensuring sufficient commercial supply for the domestic market.

2 The common organisation of the market in milk and milkproducts

Originally, the dairy market regulation involved an annual fixing of thetarget prices for (raw) milk and intervention prices for butter in the MemberStates. Later a single priced market from the 29th of July 1968 onwardswas established. Its aim was to ensure a fair standard of living for dairyfarmers through the target price itself and secured by an intervention buyingsystem. This was followed by subsequent adjustments to respective marketand political situation with the last to come by the MTR agreed upon in July2003. This changed the principle system by introducing direct payments tomilk producers compensating for price cuts. In addition to these domesticdairy policy measures the market is affected by international tradearrangements. Hence, the entire market price support comprises domesticmarket as well as trade measures.

The domestic measures consist of the• Intervention system;• Consumption and processing aids;• Quota regime;• Direct payments within the framework of the SFP

Whereas trade measures include:• Import measures such as tariffs and non-tariff barriers (NTB) and• Export measures such as export refunds.

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3 Domestic support measures

3.1 Market price support

Like in most other EU agricultural sectors, the principle supportapproach is to set buying-in prices for key products into (public) stocks.Hence, by stabilising the price of butter and SMP through intervention2

purchases, the EU aims to put a floor to the price of whole raw milk sold byfarmers to dairies. If the market demand is satisfied, surpluses or deficitswill tend to show up as intervention products, but the market prices forbutter and SMP do not fall below the respective intervention levels (seeTable 1). In principle, intervention prices are fixed by the EU AgriculturalCouncil for a marketing year, starting July 1. Governmental purchases maybe replaced by aids for the private storage.

In the past, administrational cuts in intervention prices have proven tobe difficult to achieve. Prices above the market equilibrium led to increasedproduction of butter and skimmed milk powder and piling stocks. Thus in1987, a tendering system for butter was established. SMP intervention duringthe winter was abolished and the purchases of SMP quantities at fullintervention price were limited, in principle, to 109,000 tonnes. From March2004 onwards, similar restrictions were applied to butter which can bepurchased by intervention when prices fall below 92% of the interventionprice. Actually, butter is only accepted at 90% of the intervention price.Butter intervention has become only available from March 1 to August 31.Intervention will be suspended once the amount offered in total exceeds40,000t in 2007, and 30,000t from 2008 onwards. In this case, a tenderingsystem will be operated with no minimum price.

As a supplement, aids can be paid for liquid skimmed milk used tomanufacture casein; and also for SMP processed into animal feedstuff andSMP intended as feed for calves. Thus the prices for this feed are morecompetitive compared to vegetable proteins. The subsidy rate granted takesinto account market conditions, e.g. it was reduced to zero in October 2006,as EU market prices for milk protein became exceptionally high. In general,comparable aids are provided for the use of cream, butter and concentratedbutter. Common schemes are sales to:

2 Butter offered to intervention must be made from pasteurised cream with a minimum fatcontent of 82% and a maximum water content of 16% within 23 days of being offered intointervention. Intervention arrangements are outlined in Article 6 of Regulation 1255/1999.Regulation 2771/1999 contains details of the intervention system for butter, including theway in which market prices are measured, specifications and quality checks and the procedurefor tendering.

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• ice-cream, bakery and other food manufacturing industries;• consumers in the form of concentrated butter to consumers;• non-profit organisations;• “deprived” persons.

The rate of aid and the sale price are determined by tenders. Based onthese tenders a maximum rate of aid or a minimum selling price is set. Dueto the currently high international prices, market aids are fixed to zero, withthe exception of butter sales to non-profit making organisations with fixedsubsidised prices.

Table 1 - Milk price support to producer prices through intervention.

Butter SMP

Intervention price 259.52 174.69Buying-in price 233.57Less margin 25.57 24.00Raw material value of product 208.00 150.69Divide by yield factor (kg of 3.7% fat milk required (22.649) (11.00)to make 1kg of product)Raw material value (milk of 3.7% fat) 9.18 13.70IMPE Whole milk, 3.7% fat, delivered 22.88Fat: non fat solids ratio 40 60

Some further simplifications concerning the general market organisationhave been introduced in 2007 dealing with the elimination of standardisationsin the fresh milk product sector, the reduction of protein content of SMP inintervention and external trade as well as the elimination of aids for privatestock keeping.

3.2 Quantitative measures

Constantly growing milk supply and budgetary expenses led in theearly 1980’s to the introduction of the milk quota system which was tostart on 2 April 1984. Originally scheduled for five years, the system wasextended until 1992. A further prolongation until the year 2000 was part ofthe ‘CAP Reforms’ in 1992, extended until 2008 by the Agenda 2000'agreement, and then until 2015 by the 2003 MTR. The system has beencontinually altered to fit with the changing dairy market situation and thegeneral political environment (current Regulation 1788/2003, with details inRegulation 595/2004).

The basics are:

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• Each Member State received a national reference quantity (quota), butno transfers across national boundaries are allowed (table 2). Total quantityis split in a quota for deliveries and a quota for direct sales according toMember States’ requirements.

• In the case where national quantities are exceeded, a levy is chargedfrom individual over-delivering milk producers. Originally fixed at 115%of the target price but, with the abolition of target prices, levy rates arespecified for each quota year. The levy is collected by the purchasers(dairies) from individual producers who over-delivered milk. The levy isonly payable if the national reference quantity is exceeded, and under-deliveries of producers not meeting their individual quota may besubtracted proportionally.

• Currently the fat content is fixed for individual reference quantities atthe 2003-04 quota year. In the case of the individual fat content exceedingits reference level, the amount of milk delivered is multiplied by 0.18%per 0.1g milk fat/kg of milk to fix the quota in milk fat.

• The quota year starts at the 1st of April and ends at the 30th of March thefollowing year.

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Table 2 - EU milk quotas 2004/05 to 2008/09 (in 1000 t).

2004/05 2005/06 2006/07 2007/08 2008/09

Belgium 3 310 3 310 3 327 3 298 3 315Bulgaria . . . 979 979Czech Republic 2 682 2 682 2 738 2 738 2 738Denmark 4 455 4 455 4 478 4 500 4 522Germany 27 864 27 864 28 003 28 142 28 282Estonia 624 625 646 646 646Greece 821 821 821 821 821Spain 6 117 6 117 6 117 6 117 6 117France 24 236 24 236 24 357 24 447 24 568Ireland 5 396 5 396 5 396 5 396 5 396Italy 10 530 10 530 10 530 10 530 10 530Cyprus 145 145 145 145 145Lativa 695 695 729 729 729Lithuania 1 647 1 647 1 705 1 705 1 705Luxembourg 269 269 270 272 273Hungary 1 947 1 947 1 990 1 990 1 990Malta 49 49 1 880 1 880 1 880Netherlands 11 075 11 075 11 130 11 183 11 238Austria 2 750 2 750 2 764 2 778 2 792Poland . 8 964 9 380 9 380 9 380Portugal 1 870 1 920 1 930 1 939 1 949Romania . . . 3 057 3 057Slovenia . 560 577 577 577Slovakia 1 013 1 013 1 041 1 041 1 041Finland 2 408 2 408 2 420 2 430 2 442Sweden 3 303 3 303 3 320 3 336 3 353United Kingdom 14 610 14 610 14 683 14 722 14 795EU 127 817 137 392 140 375 144 777 145 259

Source: ZMP (2007).

In principle the individual quotas are linked to a producer’s holding,however, they can be transferred to another producer through the transferof an entire farm, the leasing or purchase of quota, or the allocation ofquota from a national reserve. Country-specific transfer rules have beenset-up by each Member State varying considerably across countries. Memberstates can allocate quota to the national reserve for redistribution on thebasis of ‘objective criteria’ such as:• a member state purchasing quota

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• confiscating part of quota transferred• confiscating quota from quota holders not producing milk• confiscating part of a quota where only 70% or less is used

Member states may allow the transfers without land.As part of the MTR the milk quota scheme has been extended until 31st

of March 2015. Beyond that date Member States are forced to make an activedecision in favour of milk quota’s continuation. It was agreed that the SMPintervention price was to be cut by a total of 15% in three tranches starting in2004/05 and the support price for butter by 25% in four tranches. As a furthercompensation, a dairy premium has been introduced which amounts to 24.49EUR/t from 2006 onwards. This premium can be supplemented by an increasingnational top-up of a maximum of 11.01 EUR/t. At latest this compensation is tobe fully decoupled from production in 2007 and to be incorporated into the SFPin the Old Member States (OMS). The New Member States (NMS), whichacceded into the EU in 2004, may only gradually introduce the direct payments- starting with 25% of the full payment level in the first year of introduction-,but they are allowed to implement national top-ups of 30% which will besuccessively reduced. Most of the NMS opted to use the Single Area PaymentScheme (SAPS) until the regime has to be replaced by a regionalised SinglePayment Scheme. This come into place at the latest by the end of 2010.

3.3 Trade measures

As the EU forms a Single Market, all border measures have beenremoved between the Member States. But tariffs are imposed on third countryimports and are bound by the WTO Agreement. In the dairy sector in mostcases specific tariffs or combinations of ad valorem and specific tariffs areapplied. Some key tariffs can be found in Table 3.

Table 3 - Most Favorite Nation (MFN) tariff-rates of the EU in the dairy sector.

MFN Tariff (EUR/t)

1995 2000Skim Milk Powder 1485 1188Butter 2962 1896Cheddar 2611 1671Fresh Cheese 3456 2212

Source: ZMP (2007c).

Concerning the application, there exist some regional exceptions such ase.g. the Everything But Arms (EBA) Initiative for least developed countries (LDC)

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Comércio internacional de lácteos

212

within the framework of Generalised System of Preferences (GSP) or for African,Caribbean and Pacific (ACP) countries. Some, mostly limited, import quantitiesare exempted through a system of tariff rate quotas (TRQs). Within these quotasa zero or reduced tariff is applied whereas for out-of-quota quantities the higherMost Favoured Nation (MFN) tariffs are charged. TRQs are regarded as non-tariff measures (NTM) although they display quite similar properties as tariffsthemselves and most EU imports on dairy product are regulated via TRQs.

Different types of TRQs are managed. The first category comprisesthe current market access under the WTO Agreement, though recently thebutter TRQ for New Zealand (New Zealand butter) has been adjusted toovercome problems stemming from non-conformity with EU regulations.Originally, these preferences have been established to compensate for thedifferent EU enlargements, and therefore are country specific (see table 4).

Table 4 - Country specific TRQs for current market access under GATT/WTO3.

ProductQuota (t) In-quota tariff

OriginJan 1 – Dec 31 (EUR/100kg)

Butter 77402 70.00 New ZealandCheese for processing 4000 17.06 New Zealand

500 17.06 AustraliaCheddar 7000 17.06 New Zealand

3711 17.06 Australia4000 13.75 Canada

Source: CAP Monitor (2007); European Commission, (2007a).

Under the WTO agreement, general TRQs have been established tocover minimum access. As the country-specific TRQs, they are mostly dealingwith butter and cheese, but also with SMP (Table 5). Additionally, RegionalTrade Agreements (RTA) such as e.g. the Stabilisation and AssociationAgreements or the Euro-Mediterranean Association Agreements may leadto free market access or the implementation of TRQs. These market accessquantities are country-specific, too (see Table 6).

3 The actual date of implementation of proposed and finalised changes in country specificTRQs for current market access might differ.

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The EU dairy market imprisoned between cap and international market

213

Table 5 - Non country specific TRQs for minimum market access underGATT/WTO.

Quota (t) In-quota tariffProduct 2000/01 and (EUR/100kg) Remarks

following years

Butter 11360 94.8Cheese and curd of which: 83738- Emmental (incl. proc.) 18438 71.9/85.8 2 different tariff positions- Gruyere, Sbrinz (incl. proc.) 5413 71.9/85.8 2 different tariff positions- Cheddar 15005 21.0- Cheese for processing 20007 83.5- Fresh cheese (pizza) 5360 13.0 2 different tariff positions- Other cheeses 19525 Ranging from 15 different tariff positions

70.4 to 106.4Skimmed milk powder 68000 47.5

Source: CAP Monitor(2007); European Commission (2007a).

Table 6 - Other market access by agreements.Quota (t)

Product (EUR/100kg) In-quota tariff OriginCheese (Jarlsberg. Ridder, Gouda, Edam, 4000 No duty NorwayFresh, other)Cheese (Cheddar, Gouda, etc) 5000 in 2000 Unlimited in South Africa

rising by 5% a year. 2010 with no duty.Milk, cream, yoghurt, some whey, Unlimited quantities withlactose, animal feed duties reducing to 2010Cheese (Kashkaval, etc) 1500 No duty, 67.19 Turkey

for over quotaCondensed milk 1000 65% reduction ACP statesCheese 1000 65% reductionMilk, cream, yoghurt, whey, butterlactose, animal feeds, infant milk,Emmental, Gruyere Unlimited 16% reductionTilsit and some specified other cheeses Unlimited Various SwitzerlandOther cheeses 4250unlimited None Switzerland

in 2007Cream, natural yoghurt 2000 None SwitzerlandCheese (Kashkaval, Haloumi) Unlimited 67.19 CyprusCheese 15002 None ChileWhey 896 None Israel1/ For 2000/01 and subsequent years - years ending on June 30.2/ 2004, rising by 75t a yearDetails are contained in Regulation 2535/2001.Imports from Bosnia-Herzegovina, Croatia, Macedonia and Yugoslavia with no duties or restrictions.

Source: CAP Monitor (2007); European Commission (2007a).

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Comércio internacional de lácteos

214

Due to the market support the EU domestic price normally exceedsworld market prices. To enable exports to third countries the EU hasimplemented a system providing subsidies on exports. Thus EU exports cancompete with other exports on the world market. The WTO agreement providesupper limits to the amount of subsidy expenses as well as to the subsidisedquantities themselves (see Table 7). In contrast to the bound tariffs, the exportsubsidies are adjusted to the changing market conditions. Since the secondhalf of 2002, the EU has cut the export refunds. Overall aim was to lowerdomestic support for dairy products which was to be replaced by directpayments. First reductions took place for milk powder in September 2002whereas, the most pronounced cuts occurred in conjunction with the reductionsof the intervention prices fixed in the Agenda 2000 and the MTR. Furthermore,the process was fuelled by an increase of world market prices and led to thecut of export subsidies for SMP to zero in 2006. Surging world market price,then, induced zero refunds for the remaining products in 2007 (see Figure 1).

Table 7 - Upper limits to annual subsidized exports and to expenditures onexport subsidies from the EU.

EU15 EU25

1995/96 1996/97 1997/98 1998/99 1999/2000 2000/01* 2004/05**

‘000 tonnes

Butter & butteroil 487.8 470.1 452.4 434.7 417.0 399.2 411.6Skim milk powder 335.0 322.5 310.0 297.5 285.0 272.5 323.4Cheese 426.5 405.4 384.4 363.3 342.3 321.3 331.7Other milk products 1185.4 1140.0 1094.5 1049.0 1003.6 958.1 1008.9

million EUR

Butter & butteroil 1392.1 1303.3 1214.4 1125.6 1036.7 947.8 945.8Skim milk powder 406.2 380.1 354.0 328.0 301.9 275.8 298.0Cheese 594.1 543.6 493.1 442.6 392.1 341.7 345.7Other milk products 1024.7 959.3 893.9 828.5 763.1 697.7 724.1* and subsequent years - EU15.-** and subsequent years

Source: European Commission (2007a).

4 The EU milk production

Within the agricultural sector of the EU, milk is one of the maincommodities produced. It comprises about 14% of agricultural output interms of value and was worth about EUR 43 billion at the farm gate level in2004 (European Commission, 2007). In 2006, 150 million t of raw milk

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were produced in the EU-27 (ZMP, 2007). Milk production within the EU isquite stable as the quota is binding production. Thus growth mostly occurswhen additional quotas are allocated and when the EU is regionally enlarged.A small amount of deliveries above quota level may take place if prices arehigh or at least have been satisfactory in the past season, and forage feed isabundant. But in the last years after the intervention price cuts had beenagreed upon, the quota level was not always met by production. But inprinciple, the milk available in the EU follows the quota (see Figure 1).

Declines in the producer prices mostly occurring in OMS and increases inthe production and processing costs of most NMS have impacts on the actualmilk production. Hence, the production potential at a given price level differsacross EU Member States. While some countries are unable to fulfil the milkquotas at a particular price level, the quota is or will become binding for othercountries (e.g. for Ireland, Czech Republic, Germany, Spain, Italy, Poland).Therefore, changes in the economic environment reflected in the raw milk pricemay also affect the quota rents as well as the possibility for national quotas tobe filled. There are several projections available from various research agencies,which assume that milk quotas are fixed over the projection period. Accordingto these projections, the EU-27 share of world dairy commodity markets will befurther reduced. This is in line with the decrease in the exportable surplus of theEU-27 following the projected increase in the domestic demand and the limitedprocessing quantities linked to the fixed milk quotas. Such a development wouldincrease the milk quota rents and bind the quota.

Source: adapted from European Commission (2007c).

Figure 1 - Outlook for the EU milk production, deliveries and dairy herd,1991-2014.

0

20

40

60

80

100

120

140

160

1991 1993 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Milk

pro

duct

ion

and

deliv

erie

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io t)

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Num

ber o

f dai

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ows

(mio

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ds) o

r EU

milk

pric

e (€

cent

/litr

e)

EU-12 EU-15 EU-25 EU-27

Milk Production

Milk Deliveries

Dairy Cow Herd

EU-12 EU-15

EU-N10

EU-N2

EU-Milk Price

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Comércio internacional de lácteos

216

Although milk is produced in all Member States, its importance variesreflecting climatic and other agricultural factors in the region concerned.Thus, the major milk producing countries tend to be in Northern Europe.Within the OMS they comprise Germany, France, the United Kingdom, theNetherlands, Ireland, Italy, and Denmark, whereas Poland and the Balticstates are of dominant interest with respect to the NMS. Due to thereunification Germany is now the biggest milk producer with an amount ofabout 28,000,000 tonnes of raw milk, followed by France with about25,000,000 tonnes in the milk quota year4 2006/2007.

Within the EU, milk producers with high average yields are to be foundin Denmark, Sweden, and Finland. For the period of 1996 and 2006 it wasobserved that milk yields increased throughout the whole of the EU. The biggestgrowth in absolute and relative terms was recorded in Estonia. Other membercountries with above-average growth are Lithuania, Spain, and Czech Republic.

As there are strict limits to expand milk production, productivity gains inmilk yields are regularly led to reductions in dairy herds. This seems onlyconsequential as the milk production per cow has increased substantiallythroughout the EU but the milk quotas have only been raised moderately duringthe same period. Being a reversed picture of technical progress in milk yieldsthe biggest relative reduction of the dairy cow herd occurred in Estonia ( 36.5%)while the most pronounced reduction in total numbers was observed in Germany.

Source: Eurostat (2007).

Figure 2 - Annual EU dairy cows productivity.

4 The milk quota year starts at the first of April and ends and the 31st of March next year.

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

7000

8000

9000

AT BE BG CZ DK EE FI FR DE GR HU IE IT LV LT NL PL PT RO SK SI ES SE UK

Milk

pro

d. p

er c

ow (l

itres

)

Milk prod. per cow 1996 Milk prod. per cow 2006

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The EU dairy market imprisoned between cap and international market

217

The following Figure 3 displays the changes in the dairy cow stocks inthe EU between 1996 and 2006.

Source: Eurostat (2007).

Figure 3 - EU dairy cows herd.

Due to the CAP and the Common Market Organisation (CMO) for milkand milk products supply and prices are regulated to a greater extent. Ingeneral, milk quantities produced follow quotas; and the bottom to theproducer price level has been provided by the buying-in prices of theintervention system (Intervention Equilibrium Milk Price). Only in the verylast years, the producer price dissociates from the intervention price levelwith 265 EUR/t milk with 3.7% fat and 3.4% protein in 2006 and an expectedprice of 275 EUR/t in 2007 on the EU average. But despite the CAP, producermilk prices within the EU vary considerably, e.g. in 2006 from 176.7 EUR/tin Lithuania to 350 EUR/t in Greece (ZMP, 2007c). These differences notonly reflect their different accession dates, but also their regional distinctionsin supply and demand situations.

5 Milk processing and situation on the EU dairy product markets

About 134 million t were delivered to the European dairy industrywhere it was transformed into food, feed and pharmaceutical products

0

1000

2000

3000

4000

5000

6000

AT BE BG CZ DK EE FI FR DE GR HU IE IT LV LT NL PL PT RO SK SI ES SE UK

Dai

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tock

s (1

000

head

s)

Dairy cow herd 1996Dairy cow herd 2006

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Comércio internacional de lácteos

218

covering a diverse range of products both for direct consumption and forfurther processing. In total, the dairy industry represents approximately 15%of the turnover for the total food and drink industry in the EU-27. But onehas to keep in mind that in the NMS, in particular in Poland, Bulgaria andRomania as well as in the Baltic States, the proportion of total milk productiondelivered for further processing is considerably lower than in the OMS assemi-subsistence farming and on-farm consumption and sales play still animportant but declining role. Hence, actual production levels exceed the levelof deliveries by a considerable amount in many NMS.

In the past, drinking milk processing and the manufacturing ofintervention products absorbed considerable shares of deliveries. Reducedmarket support by the CAP induced a reallocation of the raw milk usagetowards products preferred by consumers. Those products also exhibitremarkable growth rates. Upper limits to annual subsidized exports and toexpenditures on export subsidies from the EU as agreed on in the WTO (asdescribed above) further enforced the process. Thus the development inraw milk processing was characterised by a continued increase of productionof cheese, cream and fresh milk products except for drinking milk. As theraw milk supply was quite stable, the amounts used for other categoriesdeclined in particular for SMP und butter. But whole milk powder (WMP),drinking milk and condensed milk were tackled, too. Furthermore, a constantshift towards products with a higher value added and a trend away frombulk commodities was observed.

Even though cheese prices declined within the EU-15, cheeseproduction in the OMS rose by 15% between 1995 and 2004. Thisdevelopment was fuelled by an increase in cheese demand by 23% over thesame period driven by comparable low prices. Additionally, a huge drop inbutter prices as well as the limitation sales into intervention supported theincrease in cheese production. Since the accession of the NMS in 2004cheese production rose further by over 7% while consumption grew at thesame rate. Thus, the scope for world market exports is quite limited and thegap between the EU whole sale price and the world market prices is narrowing.Rising prices in 2007 were driven by shortages at the world market due toweather induced output reduction.

The increase in cheese production left less dairy protein for theprocessing of SMP within the EU. Sluggish demand and reduced interventionprices contributed to a fall in production of more than 25% between 1995and 2004. Although domestic demand declined at the same time, the morepronounced reduction in production narrowed the scope for net-exports. Fora short time, the EU became net importer but the EU enlargement in 2004increased SMP net-exports. Since the accession of the NMS the production

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level has fallen another 11% and consumption dropped a further 3%. At thesame time, sparked through the limited supply on the world market, theSMP price in the EU-25 rose by 65% while the world market price hikedeven more pronounced by 115%. During most of the period declining domesticprices and rising world market prices shrank the gap between both prices,until, at last, the world market price topped the EU price. But one has tokeep in mind, that there might still exist differences in qualities as well as intransaction costs.

Quite similar but less distinct was the development of the WMP market.Within the EU-15 the production level dropped by almost 20% in the periodof 1995 to 2004 while consumption rose slightly by 9% over that period.This was because the WMP production is quite export oriented and the worldmarket price declined by 13%. However, WMP prices in the EU fell only by4% during that time and the net export potential was slightly lowered. Againaccession increased the surplus; in the EU-25 the production of WMP roseby 15% since 2004 while consumption picked up by 8% during that time.As with other dairy products, prices have also sharply increased during thatperiod: since 2004 the WMP price in the EU rose by 35% and the worldmarket price grew by 85%, partly closing the gap between both.

The situation on the butter market in the OMS could be regarded as arather constant development in the period of 1995 and 2004. Thedevelopment was driven by the cuts in the intervention prices and furtherdiscouraging political signals of diminished intervention purchases. Productionlevel dropped slightly by 4% and consumption increased at approximately5% during that time leaving nearly no room for exports. The market pricefelt by only 10% but was not able to give the market further incentives. Theaccession of the NMS led to an increase in production, consumption and netexports in absolute terms, but production levels in the EU-25 have droppedsince 2004 by 5%. Consumption of butter increased in the EU-25 only by1% from 2004 to 2007. From the time of accession of the NMS to the EUuntil today, the butter price was affected by the global situation on the dairymarket just as all the other dairy products. The price in the EU for butterrose since then by 9% while the international price grew by more than 64%.

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6 EU trade with dairy products

Over several decades, the EU has remained a major player in the worldmarket of dairy products. It remains a leading exporter of many processeddairy products, most notably, in the case of cheese varieties. The EU marketshare in international cheese trade is about 35% and it reaches even 38% inthe case of butter. However, when overall trade values or trade in milkequivalents are considered, the EU-25 share of world dairy trade had declinedto less than 32% by 2004 compared to 60% in 1988 (FAOSTAT, 2007).

In 2005, the value of total dairy exports out of the EU was EUR 5.4billion – amounting 2.5 million tonnes of products. One can see from Figure5 that during the last decade the net-exporter position of the EU (extra-EUtrade) regarding dairy products increases continuously based on the increaseof cheese and WMP exports to third countries. Imports apart from butterand cheese remain at a 10 years average level.

In the following the extra EU trade will be discussed for WMP, SMP,butter, and cheese.

Main supplier of the WMP (HS-88: 040221; Milk and cream in solid formsof >1) from abroad is New Zealand. Suppliers from the European neighbourhoodas Ukraine, Albania and Turkey supply minor quantities, in 2006 while tradeflows from Switzerland changed strongly along the observation period.

Main destinations for European WMP are Arab and other developingcountries from the African continent, but also the Dominican Republic appearsas constant trade partner (Figure 6).

* dairy products are HS-88: 040221:WMP - Milk and cream in solid forms of >1; HS-88:040210: SMP - Milk and creamin solid forms of £; HS-88: 040500: Butter - Butter and other fats and oils derived; HS-88: 040690: Cheese - Cheese, nes.Source: own calculation based on COMTRADE (2007) data.

Figure 5 - EU dairy products* trade (extra-EU trade) in Mio of US$, 1990-2006.

-0.75-0.5

-0.250

0.250.5

0.751

1.251.5

1.752

2.25

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

impo

rts

e

xpor

ts WMPSMPButter Cheese EU-15

EU-25

Mio US$

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Comércio internacional de lácteos

222

Source: own calculation based on COMTRADE (2007) data.

Figure 6 - EU WMP main destinations, in Mio of US$, 1990-2006.

During the last 10 years destinations for extra EU exports of SMP(HS-88: 040210; Milk and cream in solid forms of =£ 1) were widelydistributed and some of the largest extra EU trade flows were importedinto countries in the Asian region as well as countries of the MediterraneanBasin. Main supplier is New Zealand but also Australia, Switzerland and inrecent years the Ukraine exporting remarkable quantities of SMP to theEU. The net-trade situation is more or less equilibrated.

The trade with butter (HS-88: 040500; Butter and other fats and oilsderived) with third countries is characterised by a concentration of EU importsfrom New Zealand, Australia and Switzerland on the one side while exportson the other side are distributed among a wide range of countries. In the lastfew years the Russian Federation became a major importer of Europeanbutter displacing traditional big importers as Saudi Arabia, Morocco or Mexicoand Egypt from the top positions of European butter destinations.

Due to its value, the cheese (HS-88: 040690; Cheese, nes) trade flowshave prominent importance. They account for a significant share of the dairyproducts trade (about 60% of the four main products discussed here). Mainsuppliers are New Zealand, Australia and Canada. On the other side thedestinations are wide spread. The most important importers of Europeancheese are the US, the Russian Federation (also here with a drastic increasein imports during the last decade), Switzerland and Japan (Figure 7).

Regarding the EU trade with third countries it can be easily recognizedthat the Oceania region is a main supplier of dairy products for the EU markets

Main EU destinations Cheese (HS88-040690)

0.00.51.01.52.02.53.03.54.0

2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

Mio

US$ Other

Lebanon

United Arab Emirates

Saudi Arabia

Australia

AlgeriaCanada

Japan

Switzerland

Russian Federation

United States

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223

with New Zealand taking a particular prominent position. Importantdestinations for European dairy products are besides several countries inAsia, traditional markets around the Mediterranean Basin and follow theeastward expansion of the EU and the positive demand development of thegrowing Russian market.

Source: own calculation based on COMTRADE (2007) data.

Figure 7 - EU cheese main destinations, in Mio of US$, 1990-2006.

7 Conclusion

Within the EU, the dairy market is still quite policy driven; output islimited due to the quota system. Over-deliveries will be charged by the superlevy, thus milk production follows closely the quota. Additionally the quotatransfer is ruled at the level of the Member States leading to quite differentquota costs and quota availabilities across countries. These costly and scarcequotas hinder the necessary restructuring process which raises total productioncost, making EU producers less competitive. But one has to keep in mind thatEuropean milk producers are still supported by administered intervention prices,though the level of support was lowered considerably by price cuts.

Constant milk production was met by amplified domestic demand inOMS as well as in NMS assisted by declining market prices. Dampened bypolicy decisions, processing shifted away from intervention products likebutter and SMP towards cheese and other fresh dairy products, which havebeen strongly demanded. Thus, the availabilities for exports have becomesmaller, in particular when it came to butter and SMP. For a short period,

Main EU destinations WMP (HS88-040221)

0.00.20.40.60.81.01.21.41.61.8

2006

2005

2004

2003

2002

2001

2000

1999

1998

1997

1996

Mio

US$ other

LebanonSenegalUnited Arab EmiratesOmanAngolaDominican RepublicNigeriaSaudi ArabiaAlgeria

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Comércio internacional de lácteos

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the EU Eastern enlargement did increase the surplus in butter and SMP, butlater the prevailing trends described above reappeared. It is to be expectedthat these trends will continue in medium-term. Additional demand will enablemarket prices to uncouple from the intervention prices and to increase again.

At the same time, economic growth in Asia, Russia and to a lesserextent in other emerging markets induced a strong international demand fordairy products. In contrast to that, milk production followed a growth pathof quite constant rates laid out by technical progress. In this context, theshortfall of milk production in some surplus regions leads to hiking worldmarket prices. Compared to previous years, the EU market is not sealed offas strongly as before, thus the international development of the dairy marketis having a noticeable impact on the EU domestic market.

The further prospects on the world market are quite instable. Ofparticular importance is the question, to what extend the increased priceswill stimulate production growth in potential surplus regions. Over-proportional growth will reduce prices. In these uncertain circumstancesthe EU milk market organisation is again under review to open the road forquota abolition. Additional quota allocations are discussed across MemberCountries, but with an unforeseeable result, with some countries alreadyarguing against it due to the described uncertainties. A quota abolition will,anyhow, lead to falling domestic prices in the EU (Isermeyer et al. 2007),but the extent will also depend on the world market. The future environmenthas to be taken into account when the road map to the abolition of milkquotas is decided upon.

Even though the ongoing WTO negotiations have not yet reached anagreement, most probably a conclusion will have been reached by 2015when the EU milk quota regime is to be expired. Such an agreement willmost likely comprise:• reductions in the ‘Aggregated Measurement of Support’;• elimination of export subsidies;• increased market access by import tariff cuts with exceptions and

compensations in the case of sensitive products.An agreement on market access and sensitive products will be

challenging, so a focal point for the EU and its Member States is the existingEU offer of elimination of export refunds. As these refunds are regularlyadjusted to reflect world and EU market conditions, their values are currentlylow due to high international prices. However, the recovery of Southernhemisphere milk production may recreate a need for increased refunds. Thus,a total and irrevocable elimination of export subsidies in the case of dairyproducts may generate additional producer price pressure within the EU andits Member States. Also, it may lead to declining quota rents and eventually

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The EU dairy market imprisoned between cap and international market

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to non-binding quotas in most Member States, which would cause an earlierphasing-out of the quota regime.

Against this background it becomes more likely that in 2015 the EUmilk quota scheme will come to an end. Important is the manner in whichthe phasing out will be managed. The necessary policy changes should aimto minimise market instabilities arising from the ending of the milk quotaregime. As already pointed out, the simplification of the CMO for milk anddairy products and the changing economic environment will have strongimpacts - not only on the milk and dairy market.

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ASIAN DAIRY MARKETS:DEMAND, SUPPLY, AND TRADE

Junfei Bai1

Thomas I. Wahl2

1 Overview

Strong economic and income growth, urbanization, and globalizationare leading to a dramatic shift in Asian diets away from staples andincreasingly towards higher-valued foods and livestock-based products (Rae,1997). Dairy is one of major food products, which demands have risendramatically over the last decade in Asian countries, particularly in Chinaand India (Dong, 2006). With heavy government assistance, many Asiancountries have achieved self-sufficiency or near self-sufficiency in milkproduction. However, the sustainability in the future must be questionedbecause of a variety of environmental and economic reasons.

On environmental side, many Asian countries are suffering from aserious scarcity of land, water, and other natural resources. In two newlyemerging economies, China and India, environmental degradation has becomethe most important limit to its dairy production, which is not only leading toincreasing marginal costs, but also to their ability to provide high qualitymilk products. On the economic side, Asian countries are also facingincreasing pressures from reducing trade barriers under their commitmentsto the WTO. Small-scale herds are reinforcing these limitations due to thelack of access to technology and markets. Combined with large and growingpopulation milk production in many Asian countries is increasing unlikely tomeet domestic demand for dairy products in the long run.

The predicted gap between domestic production and consumption ofmilk products is expected to be filled by imports (Dong, 2006; Rae, 1997;Rutherford, 1999). However, milk trade prospects in the short run will likelyvary dramatically in different Asian countries due to the different evolutionof their domestic dairy industries, trade policy, economic development, and

1 Junfei Bai is a research associate, IMPACT Center and School of Economic Sciences,Washington State University. Email: [email protected]

2 Thomas I. Wahl is a professor and chair, Department of Agribusiness and Applied Economics,North Dakota State University

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Comércio internacional de lácteos

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culture. By analyzing past and current demand, supply, and policies, importantpolicy and market implications can be drawn for both Asian countries andinternational milk exporters, including traditional milk exporters, such as theU.S., Australia, New Zealand, and the EU, and newly emerging exporters inLatin America, such as Chile, Argentina, and Brazil.

Three East Asian countries, Japan, South Korea, and China and oneSouth Asian country, India, will be the focus of this chapter. This is notonly because they represent a majority of Asian population, but also becausetheir economic development and the evolution of their milk industries areat different stages of maturity. The main body of this chapter consists ofthree sections that focus on dairy product demand, supply, and internationaltrade, respectively. While in the first two sections the four selected nationsare assessed together to extract their commonality and differences in milkdemand and supply, the discussion in the milk trade section is organized bycountry3.

2 Milk consumption in Asia

Historically, milk commonly did not play a large role in Asian diets,especially in most East Asian countries (Fuller et al., 2006; Dong, 2006).This situation, however, has changed significantly over the last half centuryas rapid economic growth and other social transformations have occurred inthis region. Today, milk has become one of the most important dietarycomponents in many Asian societies.

Figure 1 presents the per capita consumption levels of milk in selectedAsian economies from 1990 through 2005. Over the period, there has beena steady increase in all of these nations, except Japan, where individualconsumption of milk has been relatively constant. Among the selectedcountries, per capita consumption of milk is highest in Japan, followed byIndia, South Korea, and China. Per capita milk consumption in the SouthKorea experienced a similar pattern to Japan’s with about one decade lag.From 1975 through 2002, total consumption of dairy products increased by

3 The content in this chapter is heavily rooted in a special issue of Food Policy (issue 31(3)2006) in which three empirical papers on the Asian regional milk economy (Beghin; Dong;Peng and Cox) and four individual studies focusing on milk industry in China (Fuller et al),South Korea (Lee et al.), India (Rakotoarisa and Culati), and Japan (Schluep Campo andBeghin) were included. In addition, the discussion about China’s dairy economy in thischapter also draws upon studies by Fuller et al. (2004, 2005) and Bai et al. (2008a, 2008b).Thus, for further information readers are referred to these articles. A small part of the dataused in this chapter is directly cited from published studies, but most of the data is compiledfrom USDA GAIN Reports, 1995 through 2007, the World Trade Atlas, FAOSTAT database,and Selected Nation’s Statistical Yearbooks.

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almost 20 times, from 162,000 tons to 3.06 MMT in raw milk equivalent,and per capita consumption grew from 4.6 kg to 64.2 kg (Lee et al., 2006).Most noticeably, individual demand for milk in China has started taking offsince the mid-1990s. Since then, fluid milk consumption in urban China hasgrown annually at double-digit rates. It is most likely that China will somehowfollow the way that both Japan and South Korea experienced to reach itsmilk consumption plateau.

Source: FAOSTAT

Figure 1 - Consumption of milk in selected Asian countries, 1990-2005.

Expansion of dairy product consumption in Asia is embodied not onlyby increasing per capita demand for milk but also by diversifying of milkproducts consumed. In addition to milk and milk powder, consumption ofcheese, yogurt, butter, and ice cream, which typically are recognized aswestern-style based milk products, have increased and are becoming popularin Asian nations (See Table 1). According to the Korea Livestock Yearbook(2006), the national consumption of cheese in the South Korea reached68,431 metric tons, which is over ten times the level in 1990 (6,713 metrictons). Ice cream is popular among the younger generations in Korea (USDA,GAIN Report KS6111). In Japan, cheese consumption has experienced arapid increase since the early 1960s. Per capita consumption of cheese

0

50

100

150

200

250

1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

g/ca

pita

/day

ChinaIndiaJapanKorea

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increased consistently until recently when income growth has slowed(Schluep Campo and Beghin, 2006), Japan’s total cheese consumption inthe most recent years successfully remained above 220,000 MT annually(See Table 1). In China, although the markets for cheese, yogurt, and icecream are still obviously smaller relative to fluid milk, their sales in recentyears have grown by 20% to 30% annually (USDA GAIN Report#CH6100).Consumption for nonfat dry milk (NFDM) and whole fat dry milk (WFDM)also grew remarkably in China reaching 119,000 MT and over one milliontons, respectively, in 2006. According to the National Bureau of Statisticsof China, total sales of milk products other than fluid milk in 2005 wereUS$5.4 billion, which is a sharp contrast to 2000 when it was less thanUS$2 billion. Similar growth has occurred in India. Over the last decade,national consumption for both NFDM and butter has more than doubled inIndia. It is obvious that milk consumption in Asian continent has been evolvingwith diversifying and increasing individual consumption of fluid milk and othervalue-added milk products such as cheese, yogurt, and ice cream.

Table 1 - Consumption of milk products other than fluid milk (1,000 MT).

Year Japan Korea China India

NFDM* Butter Cheese NFDM Cheese NFDM WFDM NFDM Butter

1995 245 93 182 n.a n.a n.a n.a 95 1,3041996 240 95 197 n.a n.a 49 348 100 1,4011997 231 90 205 n.a n.a 48 387 110 1,4691998 229 85 218 19 25 54 404 115 1,6031999 226 82 222 15 34 67 518 130 1,7532000 215 84 239 21 43 80 563 155 1,9582001 174 92 236 28 53 88 608 182 2,2512002 186 88 240 34 51 107 626 195 2,3992003 175 89 229 38 57 133 821 186 2,4492004 189 88 254 31 64 127 898 230 2,6082005 197 86 248 26 69 101 951 225 2,7432006 192 87 237 25 69 119 1081 245 3,055

* NFDM represents Non-fat dry milk; WFDM represents Whole-fat dry milk.Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

The rapid growth in milk consumption in Asian countries is linked totheir strong economic growth. Milk consumption in Japan and Korea grewtremendously prior to 1990 and then sequentially slowed down and reachedplateaus in the early 1990s and 2000s, which reflects their economic growth

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pattern (Dong, 2006). Strong economic growth over the last two decades inChina also ignited milk consumption, particularly in urban areas (Zhou et al.,2002; Yang et al., 2004; Fuller et al., 2006). As a result, per capita fluidmilk consumption in three metropolitan cities, Beijing, Shanghai, andGuangzhou, reached 56, 51, and 27 kilograms, respectively (Fuller et al.,2004). It even reached 67 kilograms in Qingdao, a medium-sized coastalcity in population (Bai et al., 2008a).

Governmental promotional activities in many Asian countries playedan important role in promoting milk consumption. In the early 1950s, theJapanese government first initiated a national school lunch program targetedat improving the nutrition of students in elementary schools. Providing milkwas an important component of this program (Schluep Campo and Beghin,2006). The school and military milk programs in South Korea also played akey role in boosting milk consumption. Occasionally enlarging school andmilitary milk program scopes were even important instruments for Koreangovernment to absorb the surplus of processed milk products (Song andSumner, 1999). Despite a relatively shorter history to Japan and Korea,China’s national school milk program has achieved significant success (Fulleret al., 2006). Recognizing milk as an important essential component in thediet of growing children, the central government of China launched its nationalschool milk program in 2000 targeted at ensuring students at all levels havesafe, nutritious, inexpensive, and convenient dairy products. Although thecoverage rate of this program is still small, it is expanding at a significantrate. The government has set a target of supplying 7 million packages ofmilk between 2006 and 2007, and 10 million packages in 2010 to studentsin primary and middle schools nationwide (Yang et al., 2004).

The important achievement of school milk programs in these Asiancountries are not only improving the nutrition of the younger generationsbut also spreading awareness of the nutritional benefits of drinking milk totheir families as well as increasing awareness for the following generation.This spillover effect in turn fosters a culture of dairy consumption andstimulates a sustainable growth in dairy consumption in these nations (Fulleret al., 2006).

In addition to strong economic growth and sustainable governmentsupport, the entry and rapid spread of western-style based restaurants andmodern food retail formats have all contributed to the evolution of milkconsumption in Asian countries (Bai et al., 2008b). The expansion of westernfoods in Asian countries assisted the growing milk consumption by graduallyshifting consumer’s preferences. As a result, typical western foods such aspizza, cheeseburger, and sandwich have been widely accepted by youngergenerations in Japan and Korea, and have become a part of their regular

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diets. In China, cheese consumption occurs chiefly through consumption ofwestern-style foods in restaurants (Fuller et al., 2004). McDonald’s, KFC,and other western-style fast food outlets offer ice cream as the most populardesserts while the emergence of supermarkets and convenience storessignificantly improves the availability of milk products and reduces consumers’search cost.

While there is no doubt that the above factors will continue to positivelyaffect milk consumption in Asia, it is unlikely and perhaps impossible in thefuture in most Asian nations that per capita demand for milk products willrise to the levels of their western counterparts even with comparable incomeand demographic characteristics. Milk consumption in the selected Asiancountries remains significantly below the average level in the rest of theworld (Dong, 2006). This is, in part, due to milk’s major role in westerncuisines. In Japan and South Korea, two of the most mature milk markets inAsia, per capita daily milk consumption in 2005 were 206 grams and 109grams, respectively, which accounts for just one quarter to one third oftheir western counterparts with comparable incomes. Daily milk consumptionin the U.S. is 703 grams, Germany 843 grams, France 861 grams, Australia601 grams, and New Zealand 658 grams.

It is noticeable that following rapid growth over a period of two tothree decades consumption of milk products in both Japan and Korea havesequentially stagnated in the early 1990s and 2000s, and even slightlydecreased in the most recent years (Figure 1). Possible reasons for the declineinclude slowed economic growth and their natural lactose intolerance formilk (Schluep Campo and Beghin, 2005; Beghin, 2006). However, animportant question is, will China and India follow Japanese and Koreanpatterns of milk consumption in the future?

One possible outcome is that per capita consumption of milk in Chinaand India will experience an increase-stagnate-decline process in the futureas their economic and social transformations continue to shift towardsdeveloped countries and more westernized. However, it is likely that bothChina and India could peak more quickly than the Japanese or Koreanexperience, but they then will likely stay at their matured plateaus for longerperiods, until turning down, as new substitute drinks emerge.

This outcome is feasible for several reasons. First, consumers inJapan and Korea face significantly higher milk prices than world averagelevels as well as those in China and India due to their highly protectedand price distorted milk markets. This suggests that currently milkconsumption in China and India might be more income elastic and lessprice elastic relative to Japan or Korea. Thus, milk consumption in bothnations would be more sensitive to their income growth than in Japan

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and Korea. Second, both China and India have vast rural populations whosemilk consumption still remains significantly lower compared to theirdomestic urban counterparts. In China for example, urban consumptionof fresh dairy products have grown an average of 25 percent annuallysince the mid-1990s, reaching 18.7 kilograms in 2005, while rural milkconsumption remains at levels less than one kilogram over the same period.With strong economic growth and rapid urbanization, new immigrantsfrom rural to urban areas will likely become a sustainable driving forcebehind dairy consumption growth in these two countries. How rapidlymilk consumption in China will reach its mature phase partially dependingupon how China’s government deals with the widening inequality ofeconomic growth between urban and rural areas.

3 Milk production in Asia

The history of commercial milk production in most Asian countries isrelatively short. Even in Japan and South Korea, commercial milk productionreally began only in the 1950s and 1960s, respectively. In China and India,although, they have a longer history of milk production than in Japan andSouth Korea, real commercial milk production started at the end of the 1980s,when public transportation infrastructure began to be substantially improved,particularly in China. Today in India, fluid milk markets still are characterizedby local self-sufficiency.

Milk production in these Asian countries has grown dramaticallysince the 1950s. In Japan, after decades of development, the growth ofthe gross output of dairy industry began slowing in the early 1990s andreached its peak at 8.7 million metric tons in 1997, double the level in1970 (4.8 MMT). Since then, raw milk output in Japan has begun todecline slightly (See Table 2). Raw fluid milk supply expanded throughsubstantial yield increases although the cost of production is high. In 1970,milk yield was 2.64 MT/Head. This level tripled over the following 15years. Milk yield per cow in Japan has successful stayed over 9 MT/Headsince 2005, which ranks Japan as the second highest output per cowonly slightly behind the United States. However, the number of milkingcows in Japan fell from 2 million head in 1980 to about 900 thousandhead in recent years (See Table 3). These rapid improvements in milkyield were the result of good breeding and feeding programs launchedduring the 1970s and 1980s (Isogai et al. 1993).

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Table 2 - Raw cow milk production in selected Asian nations (1,000MT).

Japan Korea China India

Vol. %change Vol. %change Vol. %change Vol. %change

1970 4,761 —- 48 —- 400 —- n.a —-1980 6,504 37 453 850 1,141 185% n.a n.a1985 7,380 13 1005 122 2,499 119% n.a n.a1990 8,189 11 1752 74 4,157 66% n.a n.a1995 8,388 2 1998 14 5,764 39% 32,500 n.a1996 8,382 0 1984 -1 6,294 9% 33,500 31997 8,657 3 2012 1 6,011 -4% 34,500 31998 8,566 -1 2027 1 6,629 4% 35,500 31999 8,457 -1 2244 11 7,176 15% 36,000 12000 8,497 0 2253 0 8,274 15% 36,250 12001 8,300 -2 2340 4 10,255 24% 36,400 02002 8,385 1 2537 8 12,998 27% 36,200 -12003 8,400 0 2359 -7 17,463 34% 36,500 12004 8,329 -1 2255 -4 22,606 29% 37,500 32005 8,285 -1 2229 -1 27,534 22% 37,520 02006 8,170 -1 2184 -2 32,800 19% 39,775 62007 8,150 0 2140 -2 38,100 16% 41,150 3

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

Following a pattern similar to Japan but with a several year lag, theKorean dairy industry experienced significant growth and then a decline inoutput. The actual dairy industry in Korea did not begin until the early1960s, when the government sponsored plans and laws for livestock anddairy promotion. The milk industry, which produced 48,000 tons of rawmilk in 1970 increased to over 2 million metric tons by the end of 1990s,and further peaked at 2,537 metric tons in 2002 (See Table 2). The numberof dairy cows reached its maximum in 1999 at 306 thousand head. Sincethen, the milking cow population has substantially declined to less than aquarter million heads in 2006. Thus, increased output since 2000 is duemainly to a continuous increase in per cow yield rather than growth in thecow herd (See Table 3).

Year

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Table 3 - Milking cow population and yield in selected Asian nations.

YearNumber of Milking Cows (1,000 Head) Yield (MT/Head)

Japan Korea China India Japan Korea China India

1970 1,804 24 n.a n.a 2.64 3.30 n.a n.a1980 2,091 180 n.a n.a 3.11 4.49 n.a n.a1985 2,111 n.a n.a n.a 3.50 4.68 n.a n.a1990 2,058 n.a n.a n.a 3.98 5.36 n.a n.a1995 1,052 280 2,252 33,000 7.97 5.84 2.56 0.981996 1,034 286 2,552 33,500 8.11 n.a 2.47 1.001997 1,035 282 2,120 34,500 8.36 n.a 2.84 1.001998 1,022 281 2,170 35,000 8.38 7.21 2.87 1.011999 1,008 306 2,220 35,500 8.39 7.33 3.23 1.012000 992 286 2,280 35,750 8.57 7.88 3.63 1.012001 971 289 2,848 35,900 8.55 8.10 3.60 1.012002 966 302 3,164 36,000 8.68 8.40 4.11 1.012003 964 279 4,466 36,500 8.71 8.46 3.91 1.002004 936 259 5,466 37,000 8.90 8.71 4.14 1.012005 910 251 6,800 38,000 9.10 8.88 4.05 0.992006 900 246 8,100 38,000 9.08 8.88 4.05 1.052007 900 241 9,300 38,500 9.06 8.88 4.10 1.07

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

During the period 1970 through the mid-1990s, China’s raw milkproduction experienced moderate growth, which increased totalproduction to more than 6 MMT in 1995 from 0.4 MMT with an averageannual growth rate of 14%. Since 1995, however, growth in raw milkproduction accelerated to over 20% annually. As a result, total raw milkoutput jumped to more than 17 MMT in 2003, nearly double folded thelevel of 2002. It is expected to double again by the end of 2007 (SeeTable 2). However, the tremendous growth of milk production in Chinawas driven primarily by an increase in the dairy herd rather than yieldincreases. In 1995, the national milking cow population was only 2.3million head. After a five-year relatively stable period, the milking cowherd entered an accelerated period growing by over 20% since then. Theforecasted number of milking cows in 2007 is 9.3 million head, which isfour-times the herd size in 2000. Unlike Japan and Korea, yield contributionto the increased milk output in China is still very limited. In the recentyears, per cow yield annually was slightly over 4 MT, which is less thanhalf of Japanese and the South Korean levels (Table 3).

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India’s milk production has steadily grown for nearly three decades.In 2004, total milk output in India increased to 88 MMT (about 38 MMT iscow milk), which exceeded United States production levels to become theworld’s largest milk producer (Rakotoarisoa and Gulati, 2006). Of the totaloutput, cow milk accounts for about half. In 2007, India’s cow milk productionis expected first over 40 MMT, which is about 10 MMT higher than that in1995 (See Table 2). Although its steady growth, the expansion of cow milkproduction in India, by far, has not appeared a significant acceleration likethe above three east Asian countries did in the early 1960s (Japan), theearly 1970s (Korea) and the middle 1990s (China). The increase of milkproduction in India badly relied on increases in milk cow herd rather thangrows in yield. In fact, sharply contrast to its largest milk production India’sper cow yield is way below the average world level (See Table 3).

Milk production in these Asian countries is primarily used for domesticconsumption. The proportion of fluid milk used over total milk productionhas been relatively constant in each of the four countries over the last decade,accounting for about 60% in Japan, 70% in Korea, and 40% in China andIndia (See Table 4). The remaining milk was processed into products such ascheese, dry milk powder, and butter. Table 5 presents the production ofother major milk products. During the period 1995 through 2006, productionof non-fat dry milk powder (NFDM), cheese, and butter in Japan and Koreawere basically constant, while NFDM and WFDM (whole fat dry milk powder)in China and NFDM and butter in India increased significantly (See Table 5).

Table 4 - Fluid use domestic consumption in total milk production (%).Year Japan Korea China India

1995 62 73 n.a 431996 61 69 n.a 441997 60 70 n.a 441998 59 69 35 441999 59 58 36 432000 59 75 42 422001 60 70 40 412002 60 66 41 412003 60 65 41 402004 59 71 44 402005 58 69 44 402006 57 70 43 422007 57 70 43 44

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

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Asian dairy markets: demand, supply, and trade

239

Table 5 - Production of milk products in selected Asia nations (1,000 MT).

Japan Korea China India

NFDM Butter Cheese NFDM Cheese NFDM WFDM NFDM Butter

1995 190 80 30 n.a n.a n.a n.a 100 1,3001996 200 86 33 n.a n.a 36 322 105 1,4001997 200 87 34 n.a n.a 40 350 110 1,4701998 202 89 35 18 10 42 369 120 1,6001999 192 86 35 8 14 48 450 130 1,7502000 194 88 34 24 15 58 522 150 1,9502001 175 80 34 22 20 70 610 175 2,2502002 183 83 36 36 21 72 577 185 2,4002003 183 80 35 33 23 83 750 200 2,4502004 183 80 35 25 24 68 832 235 2,6002005 187 84 36 24 24 60 918 256 2,7492006 187 84 37 23 24 55 1030 295 3,050

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

The strong expansion of milk production in the selected Asian countriesguaranteed their relatively high self-sufficiency rates in milk and milk products.Fluid milk consumption is almost 100 percent self-sufficient in these countrieswith the exception of China, where a small proportion of fluid milk was importedevery year since 1998. However, the sufficiency rate of other milk productsvaries across countries, across milk products and over time (See Table 6).

There are a number of driving forces that have contributed to the stronggrowth of milk production in Asian countries. Among them, governmentsupports played a fundamental and crucial role. Milk production in these Asiancountries has been heavily protected by direct or indirect support by theirgovernment. In Japan, for example, according to Suzuki and Kaiser (1994and 2005), dairy production before 2001 was heavily protected by pricesupports for milk used for manufactured dairy products and by import tariffrate quotas. Under the price subsidy policy, the government set productionquotas for individual agricultural cooperatives and dairy farmers and issueddeficiency payments based on the production quotas. Although this policywas changed in 2001 by replacing the old deficiency payment with a fixedpayment, the changes have been basically recognized as cosmetic rather thanfundamental (Schluep Campo and Beghin, 2006). In addition, milk productionin Japan is still encouraged by its isolation from the world milk markets becauseof high protection although many non-tariff barriers on dairy products havebeen reduced under the Uruguay Round Agreement on Agriculture (URAA).

Year

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Table 6 - Self-sufficiency of milk products (%).

Japan Korea China India

NFDM Butter Cheese NFDM Cheese NFDM WFDM NFDM Butter

1995 66 86 16 n.a n.a n.a n.a 105 1001996 72 91 17 n.a n.a 73 93 105 1001997 75 97 17 n.a n.a 83 90 100 1001998 77 105 16 90 41 78 91 104 1001999 74 105 16 53 41 72 87 100 1002000 79 105 14 116 35 73 93 97 1002001 85 87 14 77 38 80 100 96 1002002 82 94 15 106 41 67 92 95 1002003 87 90 15 88 40 62 91 108 1002004 82 91 14 81 38 54 93 102 1002005 82 98 15 92 35 59 97 114 1002006 85 97 16 92 35 46 95 120 100

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

Similar to Japan, dairy production in South Korea is heavily supportedby the government. From 1971 to the mid-1980s, the Korean governmentimplemented an Integrated Dairy Development Project, seeking to expandproduction by providing financial support to farmers and establishing dairyprocessing facilities. In addition, the government supports also included avariety of high tariffs, tight tariff rate quotas, and a variety of domesticsupport measures. For example, the Korean government set referenceprices for purchasing raw milk from farmers well above the competitivemarket prices guaranteeing a positive net margin for dairy producers (Leeet al., 2006). Since the end of the 1990s, price-based protection measureshave partially changed by redirecting the government’s role in administeringdomestic dairy policy, introducing formal marketing quotas, and reducingthe price of above-quota production. The government set price system hasnever been significantly changed in nature (Lee et al., 2006).

While the government supports policies in Japan and Korea havebeen characterized by setting the reference purchase prices to isolate themilk industries in both countries from the world’s dairy markets, governmentsupports for dairy production in China is relatively moderate. Majorproduction policies that are currently in effect include: (1) A regionalrelocation plan of dairy production. According to the Regional Planning forSuperior Agricultural Products (2003-2007) announced by the Ministry ofAgriculture of China (MOA), China’s government at all levels are required

Year

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241

to provide more assistance and support for milk production’s regionalrelocation and concentration. This policy was targeted at bringing regionalcomparative advantages into play; (2) The dairy genetics improvement plan(or so called Ten-Thousand-Embryo Project). The goal of this plan is toimprove cow genetics through the use of embryo transplants; (3) A new“Grassland Law of the People’s Republic of China”. This newly amendedand implemented law highlights the government’s increasing concern overthe degradation of grassland in major pastoral regions and aims to bringabout a sustainable dairy production environment in the future; (4)Deregulation of the dairy pricing system and the animal husbandry sector.During the 1980s, a series of deregulations in the pricing system and thelivestock sector were conducted. As a result, the strictly controlled dairypricing system during the planned-economy period was completely removedand the prices of dairy products in China now are completely responsive tosupply and demand (Yang et al., 2004). Other notable production supportpolicies include initiating major scientific projects focused on breeding highquality dairy cows, increasing forage use efficiency, and improving diseasediagnosis and control capability. More recently, the Chinese centralgovernment announced another domestic genetic improvement subsidyprogram that provides a US$12.7 million financial subsidy for dairy cowgenetic improvement in 22 provinces, of which, 20 percent will be usedfor imported dairy cattle frozen semen or embryos (USDA GAIN Report#CH6100).

Before 1990, India’s domestic dairy production was heavily protectedfrom low priced imports as a result of domestic and export subsidies, andimport barriers in many countries (Rakotoarisoa and Gulati, 2006). But inthe early 1990s, the government of India initiated a series of reforms in milkproduction and trade policies to liberalize and de-license the milk industry.As a result, private economies including multi-national companies wereallowed to enter India’s milk markets. These reforms encouraged competitionin procurement and marketing of milk and further promoted milk productionbenefiting both producers and consumers.

With sustained government supports, these four selected Asiancountries have achieved relatively high self-sufficiency rates in milkproduction in the past. However, milk production in these nations is sufferingor is expected to suffer from a series of challenges that make their milkproduction capabilities to meet the future demand questionable.

In Japan and Korea, the most important challenge is from their highlydistorted milk markets and industry generated by strong government supportsand protection from outside competition. As a result of the heavy distortions,retail milk prices that are significantly higher than border prices and their

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milk industry lacks production efficiency (Schluep Campo and Beghin, 2006;Lee et al., 2006). As the non-tariff barriers are further reduced and evenremoved under URAA, their recently stagnated milk demand, on the onehand may start a new round of growth with the expected reduction in thereal price of milk products. On the other hand, the domestic milk industrymay face increasing competition from lower priced imports.

Increasing environmental pressure is a common challenge facing milkproduction in many Asian countries. Today, many Asian countries,particularly China and India, are suffering from a serious scarcity of land,water, and other natural resources. In 2002, average annual per capitawater availability in China and India was 1,822 and 2,200 cubic meters,respectively. The share of available water for agricultural use is expectedto be significantly reduced as the rapid economic growth and urbanizationcontinues in both nations. Meanwhile, traditional grasslands in China andIndia are facing severe soil erosion and overgrazing. These environmentdegradations have become the most important limit to milk productions inthese nations.

In China and India, animal disease diagnosis and milk quality controlsystems have fallen behind the evolution of milk production and consumptionin both nations. This situation is partially due to the dominant roles of smalldairy farms in milk production. For example, in 1996 in China, more thanthree-quarters of dairy cows were owned by individual farmers who, onaverage, owned only three cows (Zhou et al., 2002). By 2000, according toa survey by the Center for Chinese Agricultural Policy (CCAP), an averagedairy farmer owned four head of cows. Small dairy farms have many barriersto the adoption of new technologies, including advanced milking equipment,adopting disease forecast, and disease diagnosis and control technologies.In addition, small and scattered dairy producers also increase the difficultyand cost to control quality during the transportation. Disease diagnosis andmilk quality control system have been one of the most important bottlenecksfor both Chinese and Indian milk industries towards more competitive indomestic and international markets.

The milk industry in Japan, the most mature market, has also frequentlysuffered from milk quality control incidents. According to USDA GAIN Report#JA0026, since late June 2000, low-fat Japanese milk contaminated withS. aureus bacteria has caused the sickness of over 11,000 people. The highlypublicized milk safety incidents have forced Japan’s health authorities to re-evaluate the quality monitory and control system.

While the small cow herd situation in China is not expected to changemuch in the foreseeable future, per cow yield in China is being expected tosignificantly increase with substantially government supports. Following the

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last five years of incredibly rapid expansion in dairy cow numbers, China hasbeen forced by the increasingly rising production cost and reducing profitsfor cow farmers to start shifting efforts from number expansion to yieldincreases through genetic improvements. According to a long term planincluded in China’s 11th Five-Year-Plan announced during the 2006, theaverage annual increase of dairy cow population from 2006 to 2010 will belimited to about 5.6%, and 1.7% for the period 2011 through 2020 (ChinaDairy Statistic Yearbook, 2006). At the same time, the MOA of Chinaforecasts that the yield per milking cow will reach 4.3 MT by 2010 and 5.7MT by 2020 (USDA GAIN Report #CH6100).

In the future, milk production in China and India still has room to expandwhile in Japan and Korea it will likely face increasing pressures from reducinggovernment supports, declining milk prices, increasing milk imports anddomestic production costs. In the short term, all of the four selected Asiancountries will very likely be able to keep their relatively high self-sufficiencyrates in milk products, particularly in raw milk production. India may evenbe able to export more milk products such as skim milk powder if the dairydistortions in developed countries can be removed (Rakotoarisoa and Gulati,2006; Peng and Cox, 2006). In the long run, however, suffering from theabove challenges, the domestic milk supply will very likely be outpaced bythe dairy demanding growth.

4 Milk trade and policies in Asia

The trade barriers for milk products in the selected four Asian countrieswill be reduced under the Uruguay Round Agreement of Agriculture (URAA),which, as expected, will lead to easier access for major international milkexporters to these Asian markets. Overall, Japan, Korea, and China currentlyare net milk importers while India is a net exporter for dairy products althoughmilk trade in each of the four nations accounts for a very small proportion intheir milk economies. However, their current milk and milk products tradesituation and related trade policies appear to noticeably different acrosscountries. Thus, the main body of this section will be organized by country.

4.1 Japan

As might be expected, Japan’s dairy trade policies were designed tominimize the impacts of imports on domestic markets. However, under theURAA, tariff rate quotas (TRQs) were created for 10 dairy products, includingskim milk powder, whey, and butter. The TRQs fill rates for dairy products,

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according to Schluep Campo and Beghin (2006), have noticeably increasedsince the late 1990s to 2003. The lowest fill rates occur for butter, whey,and milk powder. Also, as a result of the URAA, Japan agreed to annualmarket access totaling 137,200 MT (milk equivalent). Butter, dairy spread,and edible whey together account for main proportion in the minimum accesscommitment.

Sagging domestic demand for non-fat dry milk (NFDM) powder inJapan has led to its imports to steadily drop to 35,000 MT in 2006 fromover 100,000 MT in 1995 (See Figure 2). In contrast, cheese imports haveincreased by nearly 50,000 MT over the same period. In recent years,Australia and New Zealand were the two major suppliers of cheese toJapan together accounting for roughly 70 percent of the total imports (SeeTable 7). Prices for cheese imported from Oceania and Argentina arerelatively low compared to cheese imported from the EU and the UnitedStates. Note that cheese imported by Japan from Argentina has increaseddramatically from 170 MT in 2004 to 5,084 MT. Although its share oftotal imports were still relatively low at 2% by the end of the period, thisrapid increase indicates that many traditional cheese exporters are facingincreasing competition from newly emerging milk producers such asArgentina and Brazil.

Japan also imports some butter and ice cream. In recent years, butterimports increased slightly (See Figure 2). The EU and Australia are the twomajor suppliers of butter to Japan, with white butter mostly from EU andyellow butter mostly from Australia (USDA GAIN Report# JA7038). Icecream import quotas were liberalized in 1990. Since then, ice cream importsby Japan have increased rapidly. By 2006, the imported ice cream accountedfor about 5% in total supply. Imports mainly come from the U.S., Australia,and New Zealand.

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Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

Figure 2 - Japanese milk imports from 1995 to 2006.

Table 7 - Japanese cheese imports by country of origin (metric ton).

Country 2004 2005 2006

Volume %World Price Volume %World Price Volume %World Price

World 218,679 100 3.21 211,692 100 3.47 207,420 100 3.48Australia 100,054 46 2.59 93,157 44 2.88 87,642 42 2.90N. Zealand 51,576 24 2.48 55,226 26 2.90 57,304 28 2.85Germany 13,759 6 2.94 12,704 6 3.15 11,402 5 3.15Denmark 11,629 5 4.59 10,266 5 4.78 9,836 5 4.74Netherlands 10,244 5 3.50 8,278 4 3.87 8,487 4 3.77France 7,306 3 7.78 7,676 4 7.32 8,020 4 7.30Italy 5,366 2 9.49 5,420 3 9.06 5,661 3 8.88Argentina 170 0 4.12 2,590 1 2.75 5,084 2 2.83U.S. 4,318 2 7.00 3,817 2 7.77 4,904 2 6.91Others 14,257 7 n.a 12,558 6 n.a 9,079 4 n.a

Sources: Japan Customs (World Trade Atlas).

0

50

100

150

200

250

1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

1,00

0 M

T

NFDM Butter Cheese

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4.2 Korea

For most dairy products, Korea maintained absolute import restrictionsuntil it formally opened the market under the URAA by providing minimumaccess quotas, relatively low in-quota tariff rates and very high, but withhigh restrictive quotas maintained. Table 8 presents the quotas and in- andout- quota tariff rates for six dairy products from 1995 to 2004. Skim/whole milk powders are highly restricted by extremely high out-quota tariffrates (215.6% in 1995 and 176% in 2004). Compared to skim/whole milkpowders, evaporated milk, whey powder, butter, and lactose are relativelyless restricted. The in-quota rate is 20% for whey powder and lactose and40% for evaporated milk and butter. The over-quota rate for whey powderand lactose was reduced over time. By 2004, the rate was reduced to49.5%, about half of the level in 1995 (94.1%). The over-quota rate forother milk products also has reduced over the same period. Different fromthese milk products, cheese imports by Korea is subject to a single tariffrate of 36%.

Korea is a net cheese importer. From 1998 to 2006, imports of cheeseby Korea increased to 45,000 MT from 13,300 MT at annual growth rate of18 percent (See Figure 3). New Zealand, Australia, and U.S. were threemajor suppliers of cheese to Korea, accounting for 30%, 22%, and 14% in2005 (Table 9). As in Japan, imported cheeses from Australia and NewZealand are relatively price competitive to those from the U.S.

Mixed milk and whey powder are important milk products imported byKorea. While the imports of whey powder appeared to be stable over theyear, the imports of mixed milk varied from year to year (Figure 3). Over theperiod from 1999 to 2005, annual imports of both milk products were around20,000 MT for each, with an exception in 2003 when mixed milk importedto Korea sharply dropped down to 6,300 MT. About 70% of imported wheypowder was utilized for animal feed. U.S. plays a dominant role in exportingwhey powder to Korea. In 2005, 80% of whey powder was imported fromthe U.S. The major foreign competitors for the U.S. are France and Australia(USDA GAIN Report #KS6111).

Korea also imported NFDM. During the period 1998 through 2006,import of NFDM was almost tripled (from 2,500 MT to 6,000 MT). PartialNFDM import by local food processors was processed into infant formulaand then exported to other countries such as Saudi Arabia and China (USDAGAIN Report # KS3064). Most of NFDM was imported from Oceania andthe EU countries.

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Table 8 - Korean dairy import quotas and tariff rates.Skim milk powder Whole milk powder Evaporated milk

Quota Tariff Rate Quota Tariff Rate Quota Tariff Rate

Year (MT) (%) (MT) (%) (MT) (%)In Out In Out In Out

1995 621.0 20 215.6 344.0 40 215.6 78 .0 40 98 .01996 666.9 20 211.2 369.4 40 211.2 83 .8 40 97 .01997 712.8 20 206.8 394.9 40 206.8 89 .6 40 96 .01998 758.7 20 202.4 420.3 40 202.4 95 .3 40 95 .01999 804.6 20 198.0 455.8 40 198.0 101.1 40 94 .02000 850.5 20 193.6 471.2 40 193.6 106.9 40 93 .02001 896.4 20 189.2 496.7 40 189.2 112.7 40 92 .02002 942.3 20 184.8 522.1 40 184.8 118.4 40 91 .02003 988.2 20 180.4 547.6 40 180.4 124.2 40 90 .02004 1,034.0 20 176.0 573.0 40 176.0 130.0 40 89 .01995 23,000.0 20 94 .1 250.0 40 98 .0 5,640.0 20 94 .11996 26,470.3 20 89 .1 268.9 40 97 .0 6,057.8 20 89 .11997 29,940.7 20 84 .2 287.8 40 96 .0 6,475.6 20 84 .21998 33,411.0 20 79 .2 306.7 40 95 .0 6,893.3 20 79 .21999 36,881.3 20 74 .3 325.6 40 94 .0 7,311.1 20 74 .32000 40,351.7 20 69 .3 344.5 40 93 .0 7,728.9 20 69 .32001 43,822.0 20 64 .4 363.4 40 92 .0 8,146.7 20 64 .42002 47,292.3 20 59 .4 382.3 40 91 .0 8,564.5 20 59 .42003 50,762.6 20 54 .5 401.2 40 90 .0 8,982.4 20 54 .52004 54,233.0 20 49 .5 420.1 40 89 .0 9,400.0 20 49 .5

Whey powder Butter Lactose

Quota Tariff Rate Quota Tariff Rate Quota Tariff Rate

Year (MT) (%) (MT) (%) (MT) (%)In Out In Out In Out

1995 23,000.0 20 94.1 250.0 40 98.0 5,640.0 20 94.11996 26,470.3 20 89.1 268.9 40 97.0 6,057.8 20 89.11997 29,940.7 20 84.2 287.8 40 96.0 6,475.6 20 84.21998 33,411.0 20 79.2 306.7 40 95.0 6,893.3 20 79.21999 36,881.3 20 74.3 325.6 40 94.0 7,311.1 20 74.32000 40,351.7 20 69.3 344.5 40 93.0 7,728.9 20 69.32001 43,822.0 20 64.4 363.4 40 92.0 8,146.7 20 64.42002 47,292.3 20 59.4 382.3 40 91.0 8,564.5 20 59.42003 50,762.6 20 54.5 401.2 40 90.0 8,982.4 20 54.52004 54,233.0 20 49.5 420.1 40 89.0 9,400.0 20 49.5

Sources: Korea Concession Schedule to WTO.

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Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

Figure 3 - Korean milk imports from 1995 to 2006.

Table 9 - Korean cheese imports by country of origin (metric ton).

2003 2004 2005

Volume % of world Volume % of world Volume % of world

World 35,783 100 41,352 100 44,032 100U.S. 4,559 13 4,849 12 6,063 14Australia 6,792 19 12,056 29 9,823 22New Zealand 11,162 31 15,044 36 13,215 30Other 13,270 37 9,403 23 14,931 34

Sources: 2005 Trade Statistics Yearbook

4.3 China

Over the last decade, China has been a consistent and growing importerof dairy products. This is highly related to its reduction in import tariffs.China joined the WTO in November 2001, but in fact, China has been reducingits dairy import tariffs voluntarily prior to the WTO entrance (Yang et al.,2004). Table 10 provides China’s dairy import tariffs over the last decade.During the period, the import tariffs for most dairy products have beensignificantly reduced except for whey and modified whey (Table 10). By

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2006, the average MFN rate was about 15%, which is about one-fifth toone half of levels before the WTO. Notice that current import tariffs inChina are even consistently less than the corresponding within-quotas tariffrates in Japan and Korea.

Table 10 - China’s dairy import tariff (MFN rate, %).1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006

Fluid milk 30 25 25 25 23 19 17 15 15 15Powdered milk 30 25 25 25 25 13 .8 12 .5 11 .3 10 10Yogurt 65 50 50 50 42 26 18 10 10 10Whey & modified whey 7 6 6 6 6 6 6 6 6 6Other whey products 65 50 50 50 44 32 26 20 20 20Butter & dairy spreads 65 50 50 50 44 30 23 .3 12 .2 10 10Cheese and curd 65 50 50 50 44 27 .2 19 .6 12 12 12

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

As a result of the tariff reductions, China’s import of milk productshave increased. Overall, as shown in Table 11, trade in major milk productsexcept fluid milk by China has increased over the period from 1996 through2005. NFDM, WFDM, and whey powder imports increased to 65,000 MT,and 85,000 MT, and 188,000 MT (2005 level), respectively. In the recentyears, the major NFDM suppliers are New Zealand, Australia, and the U.S.,accounting for 52%, 22%, and 14%, respectively, in 2005.

New Zealand is a dominant supplier of China’s WFDM powder imports,accounting for more than 90% of the total WFDM powder imports. The topthree whey powder suppliers are the U.S., France, and Australia (Table 12).The U.S. mainly exports sweet whey to China, of which, about half is usedfor feed, and the other half is used for food processing.

Major milk products exported from China include fluid milk, NFDM,and WFDM. But these milk products were mainly exported to Hong Kongand Macao, two special administrative regions of China. In recent years,China has increased WFDM exports. In 2006, its export was 34,000 MT,which is nearly 10-times higher than the level in mid-1990s. Except HongKong and Macau, Japan, Taiwan, and Myanmar have also become majordestinations for China’s WFDM. However, China is still not a big player inthe world WFDM market.

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Comércio internacional de lácteos

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Table 11 - China’s dairy imports and exports (1,000 MT).

Import Export

Year Fluid Milk NFDM WFDM Whey Butter Cheese Fluid Milk NFDM WFDM

1996 14.7 13 30 70.8 4.7 1.1 25.2 0 41997 22.7 9 44 98.9 6.1 1.3 26.1 1 71998 18.9 14 44 84.1 5.4 1.4 24.5 2 91999 23.4 20 69 92.4 8.7 1.9 25.2 1 12000 —- 22 51 —- —- —- 29.4 0 102001 14.3 18 41 123.3 8.2 3.2 26.4 0 432002 6.3 35 77 140.4 7.12 3.8 27.8 0 282003 —- 51 91 —- —- —- —- 1 202004 3 61 91 177.9 12.4 7.2 30.6 1.5 252005 3.8 43 65 188.0 12.8 7.1 33.6 1.5 322006 —- 65 85 —- —- —- 31.0 1 34

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

Table 12 - China’s dairy imports by country of origin (%).

NFDM WFDM Whey

Origin 2004 2005 Origin 2004 2005 Origin 2004 2005

World 100 100 World 100 100 World 100 100New Zealand 49 52 New Zealand 91 92 U.S. 39 41Australia 18 22 Australia 6 4 France 25 24U.S. 8 14 France 1 1 Australia 10 7Other 25 12 Other 3 3 Other 26 29

Sources: Compiled and calculated by author on the base of data from USDA GAIN Reports, World Trade Atlas, FAOSTATdatabase, National Statistics Yearbooks, Statistical Reports, and other publications.

4.4 India

As in many countries, India’s trade of dairy products in the early 1990swas heavily protected by export subsidies and import barriers (Rakotoarisoaand Gulati, 2006). Quotas and licensing of importers were two major protectionforms. In 1994, India became a member of the WTO. As a result, imports ofthe most milk products are permitted without any quantitative restrictions.However, in most cases import permits are required. For example, imports ofmilk powder other than skimmed milk powder (SMP), butter oil, whole milk,butter milk, yoghurt, curdled milk, whey, grated cheese, and blue-veined cheeseare permitted under Open General License (OGL) at a tariff rate of 30.6%.

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Asian dairy markets: demand, supply, and trade

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A tariff rate quota was established for SMP in 2000, under whichimports of up to 10,000 MT are allowed at a 15% tariff, and over-quotaquantities at a 60% tariff rate. For some milk products such as skimmedmilk, milk food for babies, whole milk, and condensed milk, imports are alsorequired to comply with the sanitary standards set by the Bureau of IndianStandards (USDA GAIN Report# IN5121). In fact, these sanitary conditionseffectively restrict import of dairy products from almost all countries (USDAGAIN Report # IN7100).

Among the four Asian countries in this study, India is the only net milkexporter. Since the early 1990s when India opened its dairy market, India’sdairy products, especially milk powder, have become competitive(Rakotoarisoa and Gulati, 2006). In recent years, India exported around50,000 MT of milk products. Of the total milk export value, about 80% arefrom exporting various categories of milk powders. The remaining 20% arefrom exporting Ghee, milk cream, butter, and other processed dairy products.During the last decade, export of NFDM in India increased rapidly. In 2006,it reached 50,000 MT, which is about 10,000 MT more than the previousyear level and about 40,000 MT more than the NFDM export in 2002 (Figure4). Butter exports also increased noticeably in the last two years even thoughits total is not significant in the world butter market. India also importssome milk products such as butter. From 1995 to 2006, India annuallyimported about 4,000 MT butter. However, considering India’s vast populationand its domestic production of butter, these butter imports are negligible.

Figure 4 - Exports of NFDM and butter in India.

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NFDM Butter

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Exports of India’s milk products are unlikely to increase significantly.This, on the one hand, is because of the increasingly growth of domesticdemand; on the other hand, it is because India’s milk products lack efficientaccess to the international export markets. The high distortions of milk tradepolicy in developed countries (Rakotoarisoa and Gulati, 2006) and relativelylow milk quality in India also hamper India’s milk products’ accessibility tothe world milk market. However, if distortions in the world milk market canbe significant reduced, India’s dairy industry and producers are likely tobenefit (Rakotoarisoa and Gulati, 2006).

5 Conclusions

On the demand side, strong economics and income growth,urbanization, and globalization have significantly boosted dairyconsumption in many Asian countries. Today, milk has become animportant dietary component in many Asian societies such as Japan,Korea, China, and India. The expansion of milk demand in the Asiancontinent is embodied not only by increasing per capita demand for milkbut also by a diversification of the milk products consumed. In addition tomilk and milk powder, the consumption of cheese, yogurt, butter, and icecream, which typically are recognized as western-style based milkproducts, have become increasing popular in Asian nations. Milkconsumption in many Asian countries, particularly in China and India, isexpected to continue rapid growth in the future as their economies growand the distortions in world milk market are reduced.

On the supply side, milk production in many Asian countries hassuccessfully achieved self-sufficiency or near self-sufficiency primarilyas a result of substantial government supports. Currently, milk productionin Asian countries is at different stages of development. Among the fourselected nations in this study, Japan and South Korea have the mostmature milk industries, followed by China and India. Dairy yields indeveloping Asia are significantly lower and the opportunity to improve isrealistic. In the short run, milk supplies in these selected Asian countrieswill likely be able to meet their growing domestic demand. However, inthe long run, domestic supply will likely suffer from increasingenvironmental and economic pressures and will very likely be outpacedby growth in demand for dairy products.

The predicted gap between domestic production and consumptionof milk products in these Asian societies are expected to be filled byimports (Dong, 2006; Rae, 1997; Rutherford, 1999). However, milk trade

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Asian dairy markets: demand, supply, and trade

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prospects in the short run will more likely be different for differentcountries due to the evolution of their domestic dairy industries, tradepolicy, economic development, and culture as well. With continuousreduction of the distortion of the world milk market under WTOcommitments, some milk powder products in India could be competitiveand thus be able to access to other Asian markets and even world markets.In contrast, Japan, South Korea, and China will likely continue as netimporters of dairy products, with increasingly important roles to play.Traditional milk suppliers such as New Zealand and Australia will probablyprovide the bulk of the Asian import expansion (Beghin, 2006), while newlyemerging milk exporters in Latin America such as Chile, Argentina andBrazil will likely increase their share in Asian milk market due to theircompetitive prices. Consistent quality, competitive pricing, and timelydelivery are all essential for these suppliers to be successful in dairyproducts export to Asia.

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A INDÚSTRIA LEITEIRA DA OCEANIA E SUAPARTICIPAÇÃO NO COMÉRCIO MUNDIAL

Frederico Borges Guimarães1

1 Introdução

A Oceania é um continente composto de vários países, onde se destacameconomicamente a Austrália e a Nova Zelândia. Apesar de ser um dos maiorespaíses do mundo em termos de extensão territorial, ocupando a sextacolocação, a Austrália possui uma população de aproximadamente 21 milhõesde habitantes (Australian Bureau of Statistics - ABS, 2007). O país possui umclima semi-árido e desértico em 40% de todo território, principalmente naregião central. O clima varia de tropical no norte a temperado no sul daAustrália, localizado principalmente nas costas leste e oeste. As chuvas sãomuito variáveis, e é comum ocorrerem secas por várias estações.

A Nova Zelândia é composta por duas ilhas principais: a ilha do nortee a ilha do sul. O clima é temperado e a quantidade de chuva varia de 600mm a 1600 mm. Possui uma população bastante pequena, deaproximadamente 4,2 milhões de habitantes (Statistics New Zealand, 2007).

A economia da Austrália é mais diversificada que a da Nova Zelândia.Além de ter fortes indústrias de produção de alimentos, possui outras ligadasà exploração mineral, indústrias de máquinas e equipamentos, química,metalúrgica, siderúrgica e petroquímica. A economia neozelandeza é suportadapelas indústrias primárias como a indústria leiteira, a criação de bovinos, acriação de ovinos para carne e lã e a criação de veados. Dentre as indústriasprimárias de ambos os países destaca-se a indústria leiteira. Tanto a Austráliacomo a Nova Zelândia são conhecidas mundialmente como grandes produtoresde leite e derivados e grandes participadores no mercado internacional. Essesdois países gozam de uma vantagem competitiva a nível mundial, produzindoum dos leites mais baratos do mundo.

1 Mestre em Commerce of Agriculture pela Universidade de Lincoln - Nova Zelândia (2005),Médico Vete r iná r io pe la Universidade Federa l de Viçosa (2002), e-mai l:[email protected] ao professor Keith Woodford (Professor de Economia Rural e Agribusinessda Universidade de Lincoln - Nova Zelândia) pelo fornecimento de informações atuais sobrea indústria leiteira da Oceania.

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Comércio internacional de lácteos

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Este capítulo mostra a evolução e a situação da indústria leiteira naOceania, os principais participantes no comércio internacional de lácteos,as principais barreiras impostas ao comércio e a evolução do preço pago aoprodutor. Discute ainda a fonte da vantagem competitiva, as oportunidadese ameaças do mercado e as perspectivas futuras para região.

2 A indústria leiteira na Oceania

2.1 O sistema de produção

A indústria leiteira da Nova Zelândia é reconhecida mundialmente peloseu sistema de produção, com leite sendo produzido sobre pastagens durantetodo o ano. O preço do grão é alto inviabilizando sua utilização na maioriadas vezes, em vacas leiteiras. A indústria é formada por um sistemaverticalizado de cooperativas. Atualmente, as três principais cooperativasoperando na Nova Zelândia são: Fonterra, Westland e Tatua. A maior delasé a Fonterra, formada por mais de 11.000 fazendeiros, representando maisde 95% de todos os produtores de leite da Nova Zelândia.

A Austrália também possui um sistema semelhante de produção.Entretanto, por possuir diferentes tipos de clima, também possui diferentestipos de sistemas. Muitas fazendas utilizam grãos na alimentação, com ouso girando ao redor de 1,3 tonelada por vaca por ano, sendo que,aproximadamente 75% da necessidade diária de nutrientes do rebanho vemda pastagem (Dairy Australia, 2006). A indústria australiana é variada,existindo a presença de cooperativas, que coletam 55% do leite, companhiasnacionais públicas e privadas e multinacionais, como a Fonterra e a Nestlé.

O sistema de pagamento pelo leite na Nova Zelândia é um preçouniforme independentemente da estação, o que significa que o leite nãorecebe bônus ou penalidades de acordo com os custos envolvidos com acoleta e processamento em diferentes épocas do ano. Assim, o sistema deprodução de leite implementado pelos fazendeiros é baseado na produçãode um leite com o menor custo possível. Isso faz com que a produção sejaaltamente sazonal (Figura 1). As vacas criam no final do inverno e início daprimavera, o que faz com que a alta demanda de energia durante o início delactação ocorra durante a alta produção de pastagem de boa qualidade.

O pico de produção ocorre durante setembro e outubro e éaproximadamente zero durante o meio do inverno (junho e julho). As diferençasem fornecimento de leite entre a ilha do norte e a ilha do sul se dãoprincipalmente devido às diferenças sazonais na produção de pastagem entreas duas ilhas (Thompson, 1999).

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A indústria leiteira da Oceania e sua participação no comércio mundial

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Fonte: Thompson (1999).

Figura 1 - Porcentagem de leite coletado mensalmente pelas cooperativasna Nova Zelândia.

Essa sazonalidade na produção de leite gera vantagens e desvantagens(Figueredo, 2003):

Vantagens1. Permite que a fonte mais barata de comida, o pasto, supra significativa

parte das exigências nutricionais do rebanho;2. Cria economia na construção de galpões, maquinários e mão-de-obra, já

que as vacas ficam no pasto durante o ano e se alimentam da pastagemdiretamente;

3. Simplifica as atividades na fazenda, já que a detecção de cio e os partosse concentram em certos períodos.

Desvantagens1. A indústria fica com baixa capacidade de utilização;2. Promove variação na composição do leite recebido pela indústria, fazendo

com que alguns produtos se tornem mais caros e quase impossíveis deserem feitos.

3. Devido ao curto período de lactação das vacas, somente 25-30% daingestão de alimentos vai para a produção de leite;

4. Variação nas condições de clima cria a possibilidade de grandes variaçõesna produção de leite entre estações.

Apesar de tais desvantagens, é possível conciliar os objetivos daindústria com a dos fazendeiros por ser uma indústria verticalizada.

Ilha do Norte

Ilha do Sul

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Jul Ago Set Out Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun

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Embora bem menos sazonal, a Austrália também possui um pico decoleta de leite ocorrendo durante o mês de outubro (Dairy Australia, 2006).

2.2 Evolução no complexo do leite

As fazendas leiteiras neozeolandezas têm passado por mudançassignificativas nos últimos 20 anos. As estatísticas no setor leiteiro produzidotodo o ano pelo LIC (Livestock Improvement Corporation) ilustram astransformações pelas quais o setor tem passado. Um aumento na produçãode sólidos no leite, decréscimo no número de rebanhos, aumento do tamanhodo rebanho e aumento na produção de sólidos do leite por hectare sãoalgumas das mudanças sofridas pelo setor.

Fonte: Dairy Statistics (2005/2006).

Figura 2 - Número de rebanhos leiteiros na Nova Zelândia x Tamanho médiodos rebanhos (vacas).

Como pode se perceber na Figura 2, o número de rebanhos leiteiros temdecrescido de forma acentuada, enquanto que o tamanho dos rebanhos teveuma outra tendência. Para se ter uma idéia, a quantidade de rebanhos leiteirosdiminuiu 19,3% desde 1996, enquanto que o tamanho dos rebanhos teve umacréscimo de 54,8%. Ao mesmo tempo, a lotação animal em vacas/ha também

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aumentou 2,5 para 2,8 (Dairy Statistics, 2005-2006), o que corresponde aum aumento de 10,8%. A média de produção por vaca também tem sofridoaumento, e hoje gira na casa dos 325 kg de sólidos do leite por lactação (DairyStatistics, 2005-2006). Sem dúvida que o aumento na produção de sólidos doleite por vaca, o aumento no tamanho do rebanho e o aumento na lotaçãoanimal foram formas que os fazendeiros encontraram de obter economia deescala e aumentar a produtividade da terra, já que o valor da terra na NovaZelândia subiu 35% nos últimos 10 anos, atingindo o valor de NZ$21.085 porhectare (Dairy Statistics, 2005-2006).

Um efeito parecido, mas menos pronunciado tem ocorrido na Austrália.O número de fazendas leiteiras era 13.888 em 1996 e caiu para 9.243 em2005, uma diminuição de 33,4%, enquanto a produção por vaca por lactaçãosaiu de 4.705 litros para 4.983 litros no mesmo período, um aumento de5,9% (Dairy Australia, 2006).

Nos últimos 10 anos, tanto a Nova Zelândia quanto a Austrália têmaumentado suas produções leiteiras. A Nova Zelândia aumentou a produçãoem expressivos 42,1% enquanto a Austrália teve um incremento de 11,6%desde 1997 (Figura 3). Entretanto, a Austrália parece estar mais estagnadaque a Nova Zelândia, já que obteve um decréscimo de 10,4% de 2002 para2006 ao mesmo tempo em que a Nova Zelândia aumentou sua produçãoleiteira em 8% no mesmo período (Figura 3).

Fonte: Dairy Statistics (1998-1999 e 2005-2006); Dairy Australia (2006).

Figura 3 - Produção de leite em milhões de litros da Austrália e Nova Zelândianos últimos 10 anos.

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Nova Zelândia Austrália

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3 O comércio internacional de lácteos, o papel da Oceania ea vantagem comparativa

3.1 O mercado

O comércio internacional de commodities agrícolas é bastantedistorcido. De acordo com o Departamento de Comércio Exterior da Austrália,as barreiras tarifárias para as commodities agrícolas são elevadas, sendo amédia tarifária três vezes mais elevada do que produtos não agrícolas.Excetuando-se o tabaco não-manufaturado, os produtos lácteos são os quesofrem as mais elevadas barreiras tarifárias no comércio internacional decommodities (Gibson et al., 2001).

A Nova Zelândia e a Austrália são dois países que desempenham impor-tante papel no mercado internacional. Por serem países com uma populaçãorelativamente pequena, são muito dependentes da exportação de seus produtos.Mesmo com as distorções no comércio internacional, ambos conseguem colocarseus produtos em países localizados principalmente na Ásia.

Fonte: Dairy Australia (2006).

Figura 4 - Participação dos principais países no comércio de lácteos (emleite equivalente).

Como pode-se observar na Figura 4, excluindo-se a ComunidadeEconômica Européia, a Nova Zelândia é o país de maior expressão no mercadointernacional de lácteos, seguido pela Austrália. Em equivalente de leite, aAustrália exporta aproximadamente 50% de sua produção anual prin-cipalmente na forma manufaturada (Dairy Australia, 2006). Já a Fonterra,principal cooperativa neozelandesa, exporta aproximadamente 95% de suaprodução de leite e derivados (Fonterra, 2007).

Estados Unidos 6%

Argentina 4%

Outros 11%

Australia 12%

Comunidade Econômica

Européia 34%

Nova Zelândia 28%

Ucrânia 5%

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A indústria leiteira é considerada importante para a economia de ambospaíses. Na Nova Zelândia, a agricultura no ano de 2007 foi responsável por66% das exportações, enquanto o leite e derivados responderam por 25%do total. Das exportações do agronegócio, leite e derivados respondem por37,8% (Tabela 1).

Os principais produtos manufaturados produzidos pelas indústriasleiteiras australiana e neozelandesa são:1. Leite em pó desengordurado;2. Gordura e caseína;3. Queijo;4. Leite em pó integral.

Tabela 1 - Valor das exportações do agronegócio e valor total das exportaçõesna Nova Zelândia em junho de 2007.

Produtos Valor (NZ$000) Porcentagem do Total

Leite e Derivados 8.405.021 25%Animais e Carne 5.110.071 15%Lã 943.634 3%Outros Produtos de animais 1.690.638 5%Hortifrutigranjeiros 2.532.996 8%Outros Produtos do Agronegócio 3.561.746 11%Participação do Agronegócio 22.244.105 66,4%Participação de produtos não primários 11.249.635 33,6%Exportação Total da Nova Zelândia 33.493.740 100%

Fonte: Ministry of Agriculture and Forestry (2007).

O principal mercado de leite e derivados da Austrália e Nova Zelândianos últimos dez anos têm sido a Ásia. A Tabela 2 mostra os 9 mercadosmais importantes em termos de valor e de volume para os produtosaustralianos em 2006.

Como se pode perceber, o mercado de lácteos da Austrália concentra-se na Ásia onde o Japão é o principal parceiro. O país se destaca na comprade queijo e de leite em pó desengordurado, ocupando a primeira e a nonaposição em valor na compra desses lácteos da Austrália no ano de 2006(ABS, 2007). Considerando a manteiga, os países que mais compraram daAustrália no ano de 2006, em ordem decrescente, foram Rússia, Egito eSingapura; o queijo foram Japão, Arábia Saudita e Estados Unidos; o leiteem pó desengordurado Malásia, Filipinas e Tailândia e o leite em pó integralIndonésia, Malásia e Singapura (ABS, 2007).

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Comércio internacional de lácteos

262

Tabela 2 - Os principais compradores de lácteos da Austrália no ano de2006.

País Volume – toneladas Valor – milhões de % do Volume % do Valordólares Australianos Total Total

Japão 121.123 442 14 17

Singapura 88.244 189 10 7Malásia 70.782 211 8 8Filipinas 67.881 161 8 6Indonésia 67.764 193 8 7Tailândia 49.023 129 6 5Arábia Saudita 37.126 149 4 6Taiwan 35.242 106 4 4Estados Unidos 32.801 142 4 5

Fonte: Dairy Australia (2006).

Nova Zelândia também tem como um importante mercado a Ásia.Entretanto, consegue colocar uma quantidade signicativa de produtos lácteosna União Européia e Estados Unidos. No último ano, de acordo com a FAO(Food and Agriculture Organisation), em termos de volume, os Estados Unidosforam os maiores compradores de caseína, seguidos de Japão e México,com 56%, 12% e 5% das exportações, respectivamente. Bélgica, Dinamarcae Estados Unidos se destacam como os principais compradores de manteigacom 19%, 11% e 8%, respectivamente. A Austrália foi o principal compradorde queijos da Nova Zelândia em 2007 perfazendo 22% das vendas em volume,seguido da China e África do Sul com 18,3% e 5,8%, respectivamente. Emtermos de leite em pó desengordurado e integral, o mercado se concentrafortemente na Ásia. Os maiores compradores de leite em pó desengorduradodaquele país são, em ordem decrescente de importância Filipinas com 19,8%,China com 15,2% e Tailândia com 8,4%. China, Arábia Saudita e Sri Lankase destacam como os maiores compradores de leite em pó integral com14,9%, 8,8% e 8,7%, respectivamente.

De acordo com o Departamento de Agricultura Americano, em termosmonetários, o Japão é o terceiro maior importador de produtos lácteos nomundo (Obara et al., 2005). O mercado japonês é altamente protegido pelogoverno através de subsídios, controle de estoque, e quando se trata decomércio exterior, existem tarifas e tarifas dentro de quotas pré-estabelecidas. A proteção do mercado chega a tal ponto que a média tarifáriaaplicada sobre produtos lácteos que adentram o mercado japonês é estimadaem 322% (Gibson et al., 2001). Os Estados Unidos e a União Européia tambémsão países que protegem, através de tarifas, seus mercados. Mesmo com

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A indústria leiteira da Oceania e sua participação no comércio mundial

263

tais proteções, os dois países da Oceania conseguem exportar produtos lácteospara aqueles mercados principalmente por produzirem um leiteinternacionalmente competitivo.

Países como a Nova Zelândia e Austrália têm se esforçado para que aOMC atue de forma mais significativa e exija que países membros reduzamas barreiras de importação, subsídios de exportação e outras formas desuporte que distorcem o comércio. Subsídios, barreiras tarifárias e quotassão formas encontradas pelos governos de protegerem as indústrias eprodutores locais. Entretanto, a utilização de tais estratégias faz com que opreço das commodities no mercado internacional diminua, já que a tarifaimplica em um custo aos produtos que entram no país, aumentando o preçodesse produto. Países que são mais eficientes na produção de leite, porexemplo, deixam de vender para outros países menos eficientes devido aoelevado custo imposto pela tarifa. Consequentemente, existe uma diminuiçãoda demanda do país importador, e sendo este país um grande consumidor delácteos, ocorre uma tendência de diminuição nos preços internacionais (Gibsonet al., 2001).

Trabalhos de simulação têm mostrado os impactos que seriam geradospor uma possível liberalização no comércio mundial de lácteos. É esperadoum aumento de 66,4%, 50,2%, 13,2% e 24% nos preços internacionais damanteiga, queijo, leite em pó desengordurado e leite em pó integral,respectivamente (Langley et al., 2006). O mais importante é que os doispaíses da Oceania se beneficiariam com a liberalização no comércio de leitee derivados, com aumentos de 34,1% e 33,2% no preço do leite, e 7,7% e7,5% de elevação na produção leiteira, para Austrália e Nova Zelândia,respectivamente. É esperado também um rearranjo no comércio internacionalde lácteos, com os dois principais países da Oceania ganhando mercados demanteiga e leite em pó desengordurado (Langley et al., 2006).

3.2 A vantagem comparativa da Oceania

Muito se fala sobre a vantagem comparativa em termos de produçãoleiteira da Oceania. Existem três pontos que merecem atenção paraelucidação de tal fato:1. O principal ponto que explica a vantagem comparativa da Oceania com

relação à indústria leiteira é relativo à alimentação dos animais. Não existesistema de produção de leite com vacas confinadas na Nova Zelândia, ena Austrália esse tipo de sistema é uma exceção. Isso gera economia degalpões, maquinários e mão-de-obra. O pasto é a fonte principal defornececimento de nutrientes para o gado e a utilização do pasto é muito

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Comércio internacional de lácteos

264

eficiente, com fazendas modelo da Nova Zelândia atingindo até 85% deutilização da pastagem, ou seja, 85% do que a pastagem produz éconsumida pelos animais (Guimarães, 2005).

2. Os sistemas de produção de leite são extremamente práticos, o que facilitaa ordenha e aumenta a produtividade dos ordenhadores. Para se ter umaidéia, a quantidade de sólidos do leite ordenhados por um ordenhador naNova Zelândia por ano aumentou de 10.000 kg de sólidos do leite em1960 para 30.000 kg em 1996, com algumas fazendas chegando a terprodutividades em torno de 100.000 kg de sólidos do leite por ordenhadorpor ano (Penno, 2003). Considerando que aproximadamente 8 litros deleite correspondem a 1 kg de sólidos do leite para uma vaca holandesa,ordenhadores de certas fazendas chegam a ordenhar 2.192 litros por dia.

3. Existe uma quantidade significativa de pesquisas direcionadas para oaumento da produtividade da fazenda. A velocidade com que asinformações circulam entre os fazendeiros e pesquisadores éimpressionante. Na Nova Zelândia, o Dairy Insight é a instituiçãoresponsável pela financiamento e distribuição dos recursos para odesenvolvimento das pesquisas, enquanto o Dexcel é a instituição na qualas pesquisas são estabelecidas e conduzidas. Atualmente, existe umataxa de 3,4 centavos de dólar neozeolandês cobrado do fazendeiro porcada kg de sólidos do leite processado pelas cooperativas, para ofinanciamento das pesquisas. Na Austrália essa taxa é de 4,35 centavoscobrados dos fazendeiros por kg de sólidos no leite mais 11 centavossobre o litro de leite cobrado dos atacadistas para patrocinar as pesquisase atividades ligadas à saúde animal.

Essa vantagem comparativa é importante para que a Oceania possaconcorrer com outros países no mercado internacional, já que, diferentementede muitos países desenvolvidos, não existe um controle sobre o preço pagoaos produtores de leite. Assim, em termos mundiais, o preço pago aosprodutores de leite na Austrália e Nova Zelândia é um dos mais baixos domundo. O preço recebido pelos neozelandeses tem girado ao redor de US$13por 100 kg de leite vendido, o que é aproximadamente 50% menor do que oleite vendido na Europa e Estados Unidos, que gira ao redor de US$27-30por 100 kg de leite vendido (Holzner & Hemme, 2001). Obviamente que, secotado em dólares americanos, o preço recebido pelos fazendeiros daOceania é influenciado pela taxa de câmbio.

O pagamento pelo leite aos produtores que fornecem para Fonterra ébaseado no sistema “A+B-C”, incorporando pagamentos para gordura (A)mais proteína (B) com uma penalidade para água (C). A grande maioria dospagamentos pelo leite australiano também é baseado em sólidos do leite,podendo ter pequenas variações relativo à qualidade, produtividade e

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A indústria leiteira da Oceania e sua participação no comércio mundial

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fornecimento na entressafra. As Figuras 5 e 6 mostram o preço pago aoprodutor de leite da Nova Zelândia e Austrália, respectivamente, ambosajustados pela inflação.

De acordo com a FAO (2004), o preço das commodities agrícolas temdecrescido 2% ao ano nos últimos 40 anos. Como se pode perceber, apesardo preço do leite ter oscilado nos últimos anos, não tem existido nem umatendência de queda e nem uma tendência de aumento no preço do leite naNova Zelândia e Austrália nos anos recentes. Se olharmos o preço pago aosprodutores de leite da Nova Zelândia nos últimos 20 anos, tal tendênciatambém não é observada (Dairy Statistics, 2005-2006).

Apesar do preço do leite ser semelhante entre os dois países, a taxade câmbio não é a mesma. O dólar australiano é ligeiramente mais forte queo dólar neozelandês, mostrando que em US$, os australianos têm recebidoum preço melhor pelo seu leite.

Fonte: Dairy Statistics (2005-2006).

Figura 5 - Preço pago ao produtor de leite da Nova Zelândia em DólarNeozelandês por kg de sólidos no leite nos últimos 10 anos.

2

3

4

5

6

7

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006Anos

Dól

ar N

eoze

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ês/k

g S

ólid

os n

o Le

ite

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Comércio internacional de lácteos

266

Fonte: Dairy Australia (2006).

Figura 6 – Preço pago ao produtor de leite da Austrália em Dólar Australianopor kg de sólidos no leite nos últimos 6 anos.

4 Oportunidades, perspectivas e ameaças

Sempre existirão oportunidades para quem é eficiente. Tanto aAustrália quanto a Nova Zelândia são eficientes na produção de leite,produzindo leite barato e de qualidade. Isso permite que a indústria produzaprodutos de qualidade e os coloque a preços competitivos no mercadointernacional.

Como se pôde perceber, o mercado de leite e derivados da Oceania seconcentra na Ásia. Muitos países asiáticos têm tido crescimento elevado doPIB nos últimos anos e existe uma perspectiva de crescimento elevado doProduto Interno Bruto para os próximos anos. Foi estimado um crescimentode 8,4%, 5,9%, 5,6%, 6,0% e 9,6% no PIB para China, Indonésia, Malásia,Tailândia e Vietnã, respectivamente, entre os anos de 2006 e 2010(International Market Assessment Area). De acordo com Carvalho (2006),atualmente na China 40 milhões de pessoas migram para a cidade anualmente,com emprego garantido, permitindo o aumento de consumo. Para se teruma idéia do potencial deste país, o consumo doméstico de leite fluidoaumentou a uma taxa de 24% ao ano entre 2002 e 2007 (Netto et al.,2007). O crescimento econômico, juntamente com a infiltração dos costumesocidentais em tais países tende a aumentar a demanda por produtos lácteos.

2

2.5

3

3.5

4

4.5

5

2001 2002 2003 2004 2005 2006Anos

Dól

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/kg

Sól

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no

Leite

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A indústria leiteira da Oceania e sua participação no comércio mundial

267

Como estes já são mercados de produtos lácteos advindos da Oceania, sãoboas as perspectivas para um futuro próximo.

Sem dúvida alguma, uma das principais ameaças para a indústrialeiteira na Oceania é a emergência de países produtores de leite mais baratoe de qualidade em outros continentes, principalmente na América do Sul. Adisponibilidade de terra e clima favorável, grãos a preços acessíveis e mão-de-obra barata, associados a um câmbio mais fraco que o da Austrália eNova Zelândia fazem com que os países da América do Sul sejam potenciaisameaças à indústria leiteira da Oceania. Uma prova dessa ameaça foi arecente seca de 2006-2007 verificada na Austrália. Ocorreu um reflexo nopreço internacional de lácteos, e o Brasil, como um potencial produtor, viu opreço do leite no mercado doméstico subir. Esse fato também ajuda a explicara ameaça do clima para os sistemas de produção de leite sobre pastagens.

A produção de leite A1 e A2 também merece ser citado nesse contextode oportunidades e ameaças. Vacas leiteiras podem produzir tanto leite coma variante A1 quanto a variante A2. Algumas pesquisas recentes têmmostrado que países que consomem leite composto de beta-caseína A1 têmmaior incidência de diabete tipo 1 e doenças do coração (Woodford, 2007).Apesar de muito pouco conhecimento do fato entre produtores de leite e dehaver certos receios da indústria quanto ao resultado das pesquisas,aproximadamente 500 fazendeiros estão convertendo seus rebanhos para aprodução de leite composto de beta-caseína A2 (Woodford, 2007). Algumasempresas de genética daquele país já testam seus touros para os genes queproduzem a beta-caseína 1 e 2. O principal mercado consumidor para o leitetipo A2 é a Austrália, onde o leite pode ser encontrado em 800 super-mercados e 200 lojas de conveniência (Woodford, 2007).

A Organização Mundial do Comércio (OMC) é a organização responsávelpor ditar as regras do comércio internacional. É através dela que os paísesmembros reivindicam acessos a mercados protegidos pelos governos locaisvisando proteger o mercado doméstico, promovendo distorções nos preçosinternacionais e perdas para produtores de outros países. Até agora, muitopouco avanço tem sido obtido nas reformas das barreiras que afligem ocomércio internacional de lácteos. Para contornar esse problema, a Austráliae Nova Zelândia têm focado suas políticas internacionais nos acordosbilaterais. De acordo com o ministério das relações exteriores e comérciodaqueles países, a Nova Zelândia tem acordos econômicos com Brunei, Chile,Singapura, Tailândia e Austrália. Já a Austrália possui acordos de livrecomércio com Singapura, Estados Unidos, Tailândia e Nova Zelândia. Semdúvida que tais acordos são formas encontradas para se ter acesso amercados antes protegidos por barreiras que impediam ou distorciam ocomércio.

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Comércio internacional de lácteos

268

Em países desenvolvidos, a demanda por produtos lácteos temcrescido 2% ao ano, alavancada principalmente por produtos de maiorvalor agregado como vários tipos de queijo e proteínas do leite (Blayneyet al., 2006). Com a liberalização gradual do comércio, as indústriasleiteiras australiana e neozelandesa têm que ficar atentas para essepossível nicho de mercado. A Nova Zelândia tem aumentado as vendasde proteínas do leite nos últimos 10 anos. De acordo com a FAO, de1996 a 2005, as exportações de caseína da Nova Zelândia aumentaram20,9% enquanto que as vendas de albumina aumentaram espetaculares318% no mesmo período. Os principais destinos de albumina em pó noano de 2005 em ordem decrescente de importância foram China, Japãoe Tailândia. A Fonterra tem produzido uma gama variada de produtospara atender o mercado internacional que variam desde leite em pó atéprodutos orgânicos e proteínas do leite, que são utilizadas em queijoespeciais, iogurte, produtos de padaria e ainda bebidas e outros produtospara atletas.

5 Conclusão

A Oceania é responsável por 40% do comércio internacional delácteos. Como se pôde ver, a Austrália e Nova Zelândia possuem umsistema de produção de leite sobre pastagens que lhes permitem produzirum leite competitivamente barato relativo aos principais países produtoresmundiais. Essa competitividade internacional faz com que os dois paísessejam capazes de colocar produtos lácteos em muito países espalhadosno globo, inclusive naqueles que são conhecidos por apresentar elevadasbarreiras tarifárias como é o caso do Japão. A Nova Zelândia, apesar deser um país com pouca extensão territorial, tem conseguido expandir suaprodução nos últimos anos, enquanto a Austrália tem sofrido com as secas,estagnando sua produção e mostrando a susceptibilidade do sistema deprodução sobre pastagens. Apesar da ameaça crescente de outros paísesvirem a produzir um leite mais barato, as perspectivas para a indústrialeiteira da Oceania são boas para os próximos anos, já que existe umaprojeção de elevado crescimento do PIB de países asiáticos já compradoresde produtos lácteos da Oceania. Além disso, se pode perceber que aOceania tem procurado diferenciar seus produtos, aumentando suas expor-tações em produtos de maior valor agregado.

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Comércio internacional de lácteos

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PERSPECTIVAS PARA O MERCADOMUNDIAL DE LÁCTEOS

Glauco Carvalho1

José Luiz Bellini Leite2

Kennya Beatriz Siqueira3

Lúcio R. L. Sá Fortes4

1 Introdução

A pecuária de leite tem passado por transformações importantes emtodo o mundo. Os preços internacionais de produtos lácteos atingiram níveisrecordes, os estoques públicos da União Européia praticamentedesapareceram, a produção na Austrália tem sofrido com fortes estiagens ea demanda mundial de lácteos está aumentando na esteira do crescimentoda economia global. Além disso, a expansão da agroenergia está provocandocompetição por área e elevando os preços de alguns insumos utilizados naformulação de concentrados.

No Brasil, a produção vem continuamente aumentando e o processode substituição de importações se consolidou. É muito provável que nospróximos anos ocorra excedente de oferta, sendo fundamental uma maiorinserção brasileira no comércio mundial de leite e derivados. A cadeiaprodutiva do leite amadureceu muito, mas inúmeros desafios no âmbito desanidade, qualidade e sustentabilidade, em seu conceito mais amplo,precisam ser trabalhados. Muitas oportunidades também devem aparecer,tanto no mercado interno, que possui um consumo relativamente baixo,quanto no mercado externo. O posicionamento ex-ante da cadeia produtivaem torno de objetivos coletivos visando atender não apenas às exigênciascrescentes do comércio mundial mas também aos novos hábitos de consumoda população será fundamental para o crescimento e desenvolvimento dosetor lácteo no Brasil.

1 Pesquisador da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Analista da Embrapa Gado de Leite. [email protected] Pesquisadora do Pólo de Excelência de Leite e Derivados. [email protected] Pesquisador do Centro de Inteligência do Leite. [email protected]

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Comércio internacional de lácteos

272

2 Produção mundial de leite

A produção mundial de leite em 2006 foi de 653 bilhões de litros,considerando todos os tipos. A produção de leite de vaca foi de 549,7 bilhõesde litros ou 84% do total. No período de 1996 a 2006 a produção mundialde leite cresceu cerca de 19% enquanto a produção de leite de vacaaumentou 18%. Crescimento superior foi verificado no leite de búfala, coma produção aumentando 39%, graças ao desempenho da Índia. Os principaisprodutores mundiais de leite de vaca em 2006 foram Estados Unidos, Índia,China e Rússia. O Brasil encontra-se na sexta posição, conforme Figura 1.

Figura 1 - Principais países produtores de leite de vaca (bilhões de litros)

A produção mundial de leite é relativamente pulverizada sob a óticade concentração de mercado. O Índice de Hirschman-Herfindahl (HHI) foicalculado para 2006 em 479, o que sugere baixa concentração. Segundoesse indicador, uma concentração moderada ocorre quando o HHI fica entre1.000 e 1.800. Acima desse valor pode-se considerar alta concentração,até atingir o valor máximo de 10.000, quando todo o mercado é abastecidopor apenas um país (KUPFER et al., 2002).

Entre 1995 e 2006 o HHI passou de 499 para 479, indicando que,além de baixa concentração a produção mundial de leite ainda desconcentrouno período recente. Os cinco maiores produtores mundiais de leite em 1995

0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65 70 75 80 85

EUA

India

China

Rússia

Alemanha

Brasil

França

Reino Unido

Nova Zelândia

Ucrânia

Polônia

Itália

Holanda

Austrália

México

(bilhões de litros)

2000

2006

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Perspectivas para o mercado mundial de lácteos

273

detinham cerca de 41% da produção. Em 2006, os cinco maioresresponderam por 39%.

O principal destaque da movimentação produtiva mundial refere-se àChina, que em 1995 ocupava a vigésima posição, com apenas 6 bilhões delitros. Em 2000 a China era o 16º produtor mundial, com 8,6 bilhões delitros e atualmente já produz 32 bilhões de litros, ficando na terceira posiçãoentre os produtores mundiais. Diversos países produtores perderamparticipação de mercado, com destaque para Rússia, Ucrânia e membros daUnião Européia. Entretanto, houve forte incremento na oferta da China, Índia,Nova Zelândia e Brasil.

3 Conjuntura favorável

O índice de preços internacionais de lácteos aumentou 46% entre novembrode 2006 e abril de 2007 (Figura 2). Os preços do leite em pó apresentaramvalorização ainda maior, de 56% e 61% para o desnatado e integral,respectivamente. Os aumentos de preços da manteiga e do queijo foram maismodestos e ficaram em 34% e 18%, respectivamente, segundo a FAO (2007b).

Fonte: FAO (2007b)

Figura 2 - Índice mensal de preços internacionais de produtos lácteos (1998-2000 = 100).

Levantamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos(USDA, 2007a) mostra preços do leite em pó na União Européia saindo de

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Comércio internacional de lácteos

274

US$ 2 mil por tonelada no início de 2006 para mais de US$ 5 mil por toneladaem meados de 2007. O mesmo ocorreu no mercado da Nova Zelândia.

Os aumentos recordes de preços dos produtos lácteos se devem tantoa fatores de curto prazo quanto a causas estruturais. Como fatoresconjunturais ou de curto prazo pode-se dizer que em síntese a oferta nãoacompanhou a demanda mundial. O incremento robusto de renda na Rússiae outros países em desenvolvimento, especialmente na Ásia, e nosexportadores de petróleo da África, América Latina e Caribe continua sendoo motor do crescimento da demanda. A desvalorização do dólar dos EstadosUnidos também está contribuindo para a elevação dos preços dos produtoslácteos, já que são cotados nessa moeda.

Pelo lado da oferta, as secas recorrentes na Austrália, a imposição detarifas na exportação da Argentina e a suspensão no primeiro semestre de2007 da exportação de leite em pó na Índia enxugou o mercado mundial deleite. Por fim, o aumento recente nos preços dos grãos, usado na ração, tambémtem prejudicado a rentabilidade dos produtores mais intensivos, o que prejudicouo aumento mais expressivo da oferta em países como Estados Unidos.

As previsões do USDA (2007b) apontam para uma oferta adicionalem 2007 de 400 milhões de litros na Nova Zelândia, 1,1 bilhão de litros naUnião Européia e de 1 bilhão de litros nos Estados Unidos. Já para a Austrália,espera-se queda de 610 milhões de litros. Portanto, o atual incremento deoferta é relativamente modesto considerando a atual conjuntura mundial.

Do ponto de vista estrutural, dentre os fatores mais importantes dosúltimos tempos estão as reformas políticas da UE, que resultaram em quedadrástica dos estoques de produtos lácteos e os cortes de subsídios praticadosnas exportações da UE, tanto em termos de valores quanto de quantidade.Como resultado, isso pode levar à perda de sua posição global como maiorprodutor e exportador de leite em volume. Além disso, a expansão da produçãode energia renovável tem encarecido o custo da alimentação animal. Nãomenos importante, a Austrália encontra-se como alvo número um das mudançasclimáticas, sendo castigada correntemente por prolongados períodos de seca.

4 Perspectivas

4.1 Ambiente macroeconômico

O ambiente de crescimento da economia mundial está bastantefavorável. Em 2005, este crescimento foi de 4,9%, passando para 5,4% em2006. Para 2007 e 2008, as previsões do Fundo Monetário Internacionalapontam 5,2% ao ano (FMI, 2007). O crescimento mundial observado nestes

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Perspectivas para o mercado mundial de lácteos

275

últimos anos, a partir de 2000, não é percebido desde a década de 60, quandoa economia mundial cresceu em média 5,0% durante toda aquela década.

O fato é que a economia mundial está crescendo. Os países africanosdevem crescer 6,4% em 2007, a Rússia, cerca de 7,0%, a China, 11,2%, aÍndia 9,0% e a América Latina, próximo de 5,0%. O Brasil, com desempenhomais modesto, tem previsão de crescer pouco mais que 4%. As economiasavançadas, que englobam Estados Unidos, Canadá, União Européia e Japão,devem crescer quase 3,0% este ano.

Qual o benefício disso? O crescimento mundial implica em melhoria derenda das famílias e aumento na demanda de alimentos (e lácteos), ajudandotambém na sustentação de preços. De fato, o preço dos alimentos vemcrescendo em todo o mundo. Esse é um fenômeno novo nesse vigoroso ciclode crescimento da economia global, em que mais e mais pessoas passaram ase alimentar melhor e viver com mais saúde. Isso é verdade no Brasil, mas éverdade também em outros países populosos onde vivem muitas famíliaspobres. Entre 2000 e 2006, os preços das commodities agrícolas subiramcerca de 50%, mas a maior valorização ocorreu após 2004 (Figura 3).

Fonte: Unctad. Elaboração: Embrapa Gado de Leite.

Figura 3 - Índice de preços internacionais de commodities agrícolas

4.2 Demanda mundial

Do ponto de vista da demanda, os principais direcionadores doconsumo de lácteos são crescimento da população, aumento da renda, urba-nização e novos hábitos de consumo. Sobre este último ponto há umatendência mundial no que tange à segurança dos alimentos e aspectosrelacionados à saúde. O leite possui inúmeros componentes que podem ser

8090

100110120130140150160

1990

1991

1992

1993

1994

1995

1996

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

(Índi

ce 2

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0)

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Comércio internacional de lácteos

276

salientados como apelo ao consumo, na onda, por exemplo, dos alimentosfuncionais. Existem componentes anti-cancerígenos, para melhorar o sistemaimunológico, para reduzir o risco de diabetes Tipo 2, para prevenção de doençascardiovasculares, osteoporose, entre outros.

No que tange à população, em 2006 havia no mundo cerca de 6,53 milhõesde habitantes, dos quais 4,15 milhões de habitantes estavam localizados naÁsia. Para os próximos dez anos, estima-se um crescimento da população mundialde aproximadamente 1,1% ao ano, atingindo 7,27 bilhões de habitantes em2016. Em termos absolutos isso equivale a quatro vezes a população brasileira.A Tabela 1 ilustra a população mundial em 2006 e as respectivas projeções decrescimento. Merece destacar o crescimento na África, América Latina e Caribee na Ásia, que além de serem regiões populosas devem apresentar crescimentomais expressivo da população e da renda nos próximos anos.

O consumo de lácteos possui uma relação estreita com a renda percapita, ou seja, países de renda mais alta tendem a apresentar maior consumoper capita. Isso abre uma boa perspectiva para o mercado de lácteos, já quea renda global tende a crescer nos próximos anos. O crescimento anual médioprojetado para o período de 2007 a 2016 é de 3,1%, o que supera ocrescimento verificado entre 1997 e 2006, de 2,9% ao ano.

Portanto, nos próximos dez anos o mundo deverá crescer de forma maisacentuada. Além disso, as maiores taxas de renda devem ocorrer justamentenas regiões mais populosas, ou seja, África, Ásia, América Latina e Caribe. Issoindica um grande potencial de crescimento do consumo de lácteos nessas regiões,por basicamente duas razões. A primeira porque o consumo per capita de lácteosé relativamente baixo em relação ao padrão dos países desenvolvidos. A segundaporque o incremento de renda tende a alterar a cesta de consumo da população,elevando a demanda por produtos de origem animal.

Tabela 1 - Projeção de crescimento da população e da renda mundial: 2007-2016

População Renda

1997-2006 2007-2016 2006 1997-2006 2007-2016 2006(% ao ano) (% ao ano) (milhões hab.) (% ao ano) (% ao ano) (% renda

total)

Mundo 1 ,2 1 ,1 6.530 2 ,9 3 ,1 100África 2 ,2 2 ,0 923 4 ,2 4 ,3 1 ,8América Latina/Caribe 1 ,4 1 ,2 564 2 ,3 3 ,8 5 ,9América do Norte 1 ,0 0 ,9 332 2 ,8 2 ,6 32 ,3Europa 0 ,3 0 ,1 527 2 ,2 2 ,1 27 ,6Ásia 1 ,2 1 ,0 4.150 3 ,6 4 ,0 30 ,3Oceania 1 ,4 1 ,1 33 3 ,3 2 ,7 2 ,0

Fonte: OCDE-FAO (2007)

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Por fim, vale destacar o processo de urbanização incidente sobre apopulação mundial (Figura 4). Em 1950 havia no mundo cerca de 2,5 bilhõesde habitantes, sendo 29% urbanos. Em 2005, a população mundial atingiu6,5 bilhões de pessoas com 49% de urbanização. Para 2030 estimam-se8,3 bilhões de habitantes, sendo 60% urbanos, o que também pressiona ademanda mundial por alimentos.

Fonte: United Nations (2006).

Figura 4 - Participação da população rural e urbana no total mundial.

4.3 Competitividade brasileira

A produção brasileira de leite cresceu 77% entre 1990 e 2006,atingindo 25 bilhões de litros. Isso equivale a um incremento anual de 3,6%,bem acima do crescimento médio observado da economia brasileira de 2,5%ao ano. Além disso, os ganhos de eficiência foram robustos, pois o incrementoda oferta ocorreu simultaneamente ao recuo dos preços recebidos pelosprodutores (Carvalho & Martins, 2007).

A oferta de lácteos também está superando o consumo interno, sendonecessária uma inserção mais agressiva no mercado internacional para escoaro provável excedente de produção. De 1991 a 2005 a produção brasileiracresceu 60%, mas a população cresceu 23,5% e o poder aquisitivo de cadabrasileiro cresceu 19,5%, ou um terço do crescimento do consumo. Isso fezcom que se abrisse um fosso entre o crescimento da produção e do consumoper capita. As diferentes taxas de crescimento fizeram com que, gradativa-mente, a produção per capita e o consumo per capita fossem se aproximando,

20

30

40

50

60

70

80

1950

1955

1960

1965

1970

1975

1980

1985

1990

1995

2000

2005

2010

2015

2020

2025

2030

(em

%)

% urbana

% rural

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até que empataram, a partir de 2004. Portanto, a organização da cadeiaprodutiva do leite nos anos noventa levou a uma substituição de importaçõese a uma auto-suficiência nacional. A partir de agora, no entanto, o cenário éde excedente de leite, ou seja, a produção deverá superar o consumo.

O aumento da produção brasileira de leite ocorreu em grande partedevido ao avanço na produtividade média do rebanho leiteiro, que passou de0,76 mil litros/vaca em 1990 para 1,2 mil litros/vaca em 2006. Nesse período,enquanto o número de vacas ordenhadas recuou 0,2% ao ano, a produtividademédia subiu 3,7% ao ano. A melhoria genética dos rebanhos e a maiorprofissionalização na gestão das fazendas, sobretudo no que tange ao manejoe à nutrição do rebanho, certamente contribuíram para esse resultado.Todavia, apesar deste expressivo incremento de produtividade, o Brasil aindaocupa uma posição adversa no âmbito mundial, quando comparado aospadrões de grandes produtores e exportadores de lácteos (Tabela 2).

Tabela 2 - Produtividade média do rebanho leiteiro em países selecionados(mil litros/vaca.ano) - 2004.

Produtividade Países

7 a 10 mil litros/vaca Coréia do Sul, Israel, Dinamarca, Canadá, Finlândia e Japão.4 a 6,99 mil litros/vaca Alemanha, República Tcheca, França, Hungria, Jordânia, Itália, Estônia,

Áustria, Bélgica, Austrália, Irlanda e Argentina.2 a 3,99 mil litros/vaca Bermuda, Belarus, Grécia, Croácia, Bulgária, Honduras, Coréia do Norte,

China, Kazaquistão, Armênia e Equador.1,01 a 1,99 mil litros/vaca El Salvador, Bolívia, Indonésia, Irã, República Dominicana, Costa Rica,

Chile, Brasil, Cuba, Azerbaijão, Índia e Colômbia.até 1 mil litros/vaca Egito, Congo, Guatemala, Iraque, Quênia, Camarões Angola, Gabão, Haiti,

Bangladesh, Etiópia, Camboja, Gana.

Fonte: FAO (2007a). Elaboração: Embrapa Gado de Leite.

Tal situação ilustra o enorme potencial de expansão da produtividadeno Brasil e conseqüentemente uma oportunidade para incremento decompetitividade. Aliás, o Brasil se destaca entre os países de menor custode produção no mundo, ficando ao lado da Argentina, Austrália, Índia, China,Nova Zelândia e Uruguai. Além disso, o País possui baixos custos desuplementação do rebanho, quando comparado aos padrões internacionais,entre outros motivos, por praticar um sistema de exploração à base depastagens, que, além de ser uma tecnologia de custo reduzido, minimiza orisco do mal-da-vaca-louca. Por fim, o Brasil aparece no grupo de países commenor custo de ração, conforme Figura 5.

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Fonte: Hemme (2006).

Figura 5 - Preços de suplementação (US$/100 kg).

Nesse contexto, pode-se inferir que o custo marginal de expansão daprodução de leite no Brasil é relativamente menor que o de outros grandesprodutores e exportadores mundiais, como Austrália e Nova Zelândia, quepossuem sistemas de produção otimizados e ração mais cara. No caso daArgentina, o aumento da produção também é obtido a custos crescentes,gerando ao final um custo médio bem mais elevado (Galetto, 2007).

Por fim, diversas transformações já ocorreram na cadeia produtiva doleite, mas inúmeros desafios ainda existem e devem nortear a questão dacompetitividade e sustentabilidade do setor lácteo no Brasil. Grandesoportunidades devem surgir, seja no âmbito doméstico ou em relação ao comérciomundial, o que induz à criação de estratégias ex-ante para a cadeia do leite.

Os produtos lácteos estão entre aqueles que apresentam elevadossubsídios e outras distorções no comércio mundial. Aliás, o comérciointernacional, ano a ano, tem utilizado um número cada vez maior deexigências de caráter técnico. Tais exigências podem ser encaradas comouma forma moderna de protecionismo comercial, uma vez que, à medidaque é exigido o cumprimento de diversas normas, padrões e regulamentações,fica mais difícil e custosa a atividade exportadora.

5 Conclusão

O cenário de crescimento da economia global é muito favorável e oaumento de renda está ocorrendo em inúmeros países. Por sua vez, essa renda

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está sendo direcionada para incremento de consumo de alimentos, sobretudonos países mais pobres. O aumento previsto para a renda e a população mundialdeverá ocorrer em maior magnitude em regiões mais populosas como Ásia eÁfrica, o que tende a impulsionar o consumo de lácteos.

O Brasil possui grande competitividade em custo de produção e nasuplementação alimentar. A produtividade ainda é baixa mas com grandepotencial de incremento. Além disso, possui disponibilidade de água e terra, oque o diferencia de inúmeros outros produtores de leite com oferta crescente,como China e Índia, que já sinalizam dificuldades em relação à água.

Nos próximos anos, a oferta mundial de leite poderá se reorganizar dandolugar a novos players na exportação mundial. As possibilidades para o Brasilsão muito favoráveis, todavia, deve-se atentar por questões ligadas não apenasàs barreiras tarifárias mas sobretudo às não-tarifárias. As restrições técnicase sanitárias estão aparecendo como mecanismos modernos de protecionismode mercado. Isso inclui restrições tanto em termos de qualidade dos produtosquanto em processo, englobando todo o ambiente produtivo.

Por fim, além das oportunidades externas, o consumo per capita dobrasileiro ainda é baixo. A renda vem apresentando crescimento, ainda quemodesto, e os programas sociais estão elevando a demanda nas regiões Nortee Nordeste, trazendo junto novos consumidores de lá cteos. Resta aindapromover o consumo de lácteos em nível nacional, com atenção para osnovos hábitos de consumo. O recém-lançado programa de marketinginstitucional, se bem aceito pelo setor, poderá contribuir bastante.

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