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CAPITALISMO, ESTADO E REGULAÇÃO Vânia Sierra

Escola de regulação

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CAPITALISMO, ESTADO E REGULAÇÃO

Vânia Sierra

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A Teoria da Regulação A Escola de Regulação Francesa (ER) tem como marco

fundador a tese de Michel Aglietta defendida em 1974 e publicada em 1976 – Regulation e Crises du Capitalisme. (BOCCHI, 2000, p. 27)

Surge do diagnóstico dos limites do fordismo, regime de acumulação que se desenvolveu após a Segunda Guerra e entrou em crise na década de 1970, com os choques do petróleo. (BOYER, 2009)

“A teoria da regulação leva em conta toda a extensão do impacto das formas institucionais-relação salarial, formas de concorrência e regime monetário – na dinâmica da acumulação, que não mais se dá exclusivamente em decorrência do jogo dos preços relativos”. (BOYER, 2009,p. 77)

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Modo de Regulação Possibilita a análise de um regime

econômico e de suas crises. O próprio capitalismo se caracteriza por

inovações e transformações estruturais. (BOYER, 2009)

Resulta da conjunção de um conjunto de formas institucionais. (BOYER, 2009, p. 25)

Resulta da interação entre a esfera econômica e a esfera jurídico política. (IDEM)

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Modo de Regulação Forma Institucional – codificação de uma

ou várias relações fundamentais (Idem, p.62)

5 formas institucionais: forma e regime monetários, forma da relação salarial, forma de concorrência, forma de adesão ao regime internacional e forma do Estado. (Idem, p. 62)

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Formas institucionais 1ª Instituição – Regime Monetário – a moeda é a

instituição básica da economia mercantil. O regime monetário é o conjunto de regras que orientam a gestão do sistema de pagamentos e créditos. (Idem, p. 35).

A invenção dos bancos centrais vem reconhecer a necessidade de um ator que não seja movido pela lógica do lucro comercial e que tenha a função de velar pela viabilidade do sistema de pagamentos, permanentemente ameaçados por crises e colapsos. Até os bancos centrais contemporâneos, considerados independentes, continuam a ver seu estatuto determinado pelo poder político. (p. Idem, 49)

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Formas Institucionais Relação salarial – contrato de trabalho (condições de

contratação, salário inicial, procedimentos para a promoção, duração do trabalho, vantagens sociais e as condições da expressão dos assalariados nas esferas individual e coletiva (Idem, p. 43). “As regras gerais que regem o trabalho assalariado definem, pois, no plano global, a relação salarial.” (Idem, p. 45) A relação salarial recorre à esfera política. (Idem, 52). O contrato de trabalho é inserido numa rede de instituições que define a relação salarial. (Idem, 53)

A forma de concorrência opera uma mediação entre as esferas pública e a privada. (Idem, 51) “Não há concorrência sem intervenção pública”. “As formas de concorrência mudam ao longo do tempo e desempenham papel na dinâmica econômica.” (Idem, p. 41)

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Formas Institucionais O Estado Nação pode fiscalizar os

diversos componentes das tarifas alfandegárias, definir as modalidades de captação de investimentos diretos, estabelecer regras em matéria de investimentos de carteira ou ainda fiscalizar a imigração. (Idem, p. 54)

Não são totalmente soberanos e nem são desprovidos do poder sobre as forças propagadas pelo regime internacional.

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Formas institucionais Existe uma interdependência entre as

formas institucionais e o papel do Estado, que é expressão da imbricação entre as esferas política e econômica, resultado das contradições e tensões do Estado. (BOYER, 2009)

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Estado O Estado está longe de ser como lógica

única favorecer a acumulação e de ser a expressão de uma classe dominante, a classe dos capitalistas empresários. Fundamentalmente, ele resulta da conjunção de compromissos institucionalizados, compromissos eles mesmos reflexo de coalizões políticas, muitas vezes contingentes. (BOYER, 2009, p. 140)

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Modos de Regulação e Regime de Acumulação

Modo de regulação e regime de acumulação variam no tempo e no espaço, já que o capitalismo é fundamentalmente uma dinamização da história por meio da inovação tecnológica e institucional. (1984, p. 139)

Num interior de um regime de regulação, o processo de acumulação é marcado por uma sequencia de fases de aceleração e em seguida de regressão, mas a retomada da acumulação é garantida pela própria dinâmica dos ajustes, cumpridos graças às formas institucionais. (1984, p. 116)

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Parâmetros do caráter da acumulação

Dominante extensiva- configuração produtiva ampla, mas sem uma mudança maio das técnicas de produção.

Dominante intensiva-organização da produção permanentemente transformada para se extraírem ganhos de produtividade.

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Modos de regulação O modo de regulação corresponde ao rearranjo da estrutura

social de forma a adequá-la às exigências do regime de acumulação. (CONCEIÇÃO, 1987, p. 159)

“A diversidade dos modos de regulação contemporâneos é apenas a expressão condensada da especificidade das trajetórias nacionais com relação à constituição, na história dos compromissos institucionalizados e das formas institucionais”. (BOYER, 2009, p. 141)

“a relação salarial, expressão da subordinação dos assalariados, sob a aparência de uma relação de mercado igualitário, é o esteio de conflitos e de antagonismos que se estendem a outros tantos compromissos. Eis a razão da existência e a viabilidade de um modo de regulação e de um regime de acumulação serem sempre contingentes e terem de ser provadas pela experiência”. (Idem, p.141)

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Crise A crise nada mais é do que uma ruptura

na relação biunívoca entre regime de acumulação e modo de regulação. (CONCEIÇÃO, 1987, p.151)

Refere-se “não só a uma queda persistente e generalizada nos níveis de renda, investimento e emprego da economia, como também ao rompimento da estrutura social vigente até o início da crise. (IDEM, p. 160)

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Crise A recomposição desse sistema só será realizada

quando um novo regime de acumulação se adequar a um novo modo de regulação.

A existência em economias industriais avançadas, de determinado regime de acumulação associado a um respectivo modo de regulação não impede que surjam em economias periféricas, formas híbridas de regulação. Estas, contudo, estão inexoravelmente associadas ao padrão hegemônico de regulação ditado pelas economias centrais, desde que resgatadas e preservadas as peculiaridades históricas da formação nacional específica. (IDEM, p, 161)

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Crise nas periferias O que ocorrerá nessas economias será a

incorporação do regime de acumulação e modo de regulação dado pela dinâmica mais geral do mundo capitalista, porém adaptados à dinâmica interna dos países dependentes. Esta, por sua vez, definida metodologicamente pelo estudo da formação social nacional, pela sua inserção no exterior e pela morfologia histórica das relações de produção predominantes. (IDEM, p.161).

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Modos de Desenvolvimento

Combinação de um regime de acumulação e de um modo de regulação

4 Modos de Desenvolvimento: a- Acumulação extensiva com regulação da concorrência.

Economias de industrialização antiga. (Expansão da capacidade produtiva sem mudanças técnicas, que impliquem em elevação de produtividade num modo de regulação concorrencial). Final do século XIX e início do século XX.

b- Acumulação intensiva sem consumo de massa. Período entre guerras. (Insuficiência da demanda global) - Mudanças técnicas e crescimento de produtividade – sem crescimento dos salários reais. Crise de 1929. Crise de super produção e super acumulação, ou melhor, incompatibilidade entre padrões de produção e consumo. 1929-1932 – crise de um regime de acumulação intensiva sem surgimento de consumo de massa. (BOYER, 2009, p. 101)

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Modos de desenvolvimento C- Acumulação intensiva com consumo de

massa. Fim da Segunda Guerra Mundial. Fordismo. Modo de regulação monopolista. Crescimento dos investimentos financiados pelos lucro e a elevação do poder de compra dos trabalhadores assalariados. (Desaceleração dos ganhos de produtividade em razão do quase desaparecimento dos rendimentos de escala - Crise da reprodução da relação salarial).

Acumulação extensiva com aprofundamento das desigualdades. Anos de 1970 e 1980 – vinte anos dolorosos.

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Referencias BOYER, Robert. Teoria da Regulação – os

fundamentos. São Paulo: Estação Liberdade, 2009.

CONCEIÇÃO, Octavio A. C. Crise e Regulação: a metamorfose restauradora da reprodução capitalista. Ensaios. FEE, Porto Alegre, 8 (1), 1987.