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História da Igreja II Sérgio Miguel Magalhães Silva

História da igreja II

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História da Igreja Medieval

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História da IgrejaII

Sérgio Miguel Magalhães Silva

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Idade Média

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A Idade Média, Idade Medieval, Era Medieval ou Medievo foi o período intermédio numa divisão esquemática da História da Europa, convencionada pelos historiadores, em quatro "eras", a saber: a Idade Antiga, a Idade Média, a Idade Moderna e a Idade Contemporânea.Este período caracteriza-se pela influência da Igreja sobre toda a sociedade. Esta encontra-se dividida em três classes: clero, nobreza e povo. Ao clero pertence a função religiosa, é a classe culta e possui propriedades, muitas recebidas por doações de reis ou nobres a conventos. Os elementos do clero são oriundos da nobreza e do povo. A nobreza é a classe guerreira, proprietária de terras, cujos títulos e propriedades são hereditários. O povo é a maioria da população que trabalha para as outras classes, constituído em grande parte por servos.O sistema político, social e económico característico foi o feudalismo, sistema muito rígido em progressão social.Fome, pestes e guerras são uma constante durante toda a era medieval. As invasões de árabes, vikings e húngaros dão-se entre os séculos VIII e XI. Isto trouxe grande instabilidade política e económica.A economia medieval é em grande parte de subsistência. A riqueza era medida em terras para cultivo e pastoreio. O comércio era escasso e a moeda era rara. Muitos Estados europeus são criados nesta época: França, Inglaterra, Dinamarca, Portugal e os reinos que se fundiram na moderna Espanha, entre outros. Muitas das línguas faladas na Europa evoluíram nesta época a partir do latim, recebendo influências dos idiomas dos povos invasores.

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DivisãoRigorosamente podemos dividir a Idade Média em quatro períodos:• 400-700 – Período de incubação.• 700- 1050- Período de Coesão.• 1050-1300- Período de diastasís ( Separação).• 1300-1500- Período de incoação da Idade Moderna .

400-700 – Período de incubação – Fase terminal da Igreja Antiga nela se inserem os temas :• Invasão e conversão dos povos Bárbaros.• O Papado (de São Leão Magno e Gregório magno)• Islamismo• Arte

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Desde que o Imperador Constantino dera liberdade de culto aos cristãos (fins do século IV), a Igreja Católica tinha-se implantado em quase todo o império Romano e moldara as suas instituições pelas da administração imperial.De facto, os bispos fixaram-se nas cidades, que passaram a ser sedes de dioceses; nas capitais das províncias estavam os arcebispos (ou metropolitas); nas paróquias fixaram-se os presbíteros, que acompanhavam mais de perto os fiéis.Arcebispos, bispos e presbíteros formavam o clero secular.Roma, capital do Império, cedo se tornou a capital da Cristandade: o bispo de Roma, como sucessor de S. Pedro, passa a intitular-se papa, a quem todo o clero deve obediência.Apesar da queda política do Império Romano, a religião e a cultura cristãs permaneceram mesmo entre as populações aterrorizadas pelas invasões bárbaras.

A Igreja Cristã

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S. BentoSegundo São Gregório, São Bento foi filho de um nobre romano, tendo realizado os primeiros estudos na região de Núrsia (próximo à cidade italiana de Spoleto). Mais tarde, foi enviado a Roma para estudar retórica e filosofia, mas, tendo se decepcionado com a decadência moral da cidade, abandona logo a capital e se retira para Enfide (atual Affile). Ajudado por um abade da região chamado Romano, instalou-se em uma gruta de difícil acesso, a fim de viver como eremita. Depois de três anos nesse lugar, dedicando-se à oração e ao sacrifício, foi descoberto por alguns pastores, que divulgaram a fama de santidade.

A partir de então, foi visitado constantemente por pessoas que buscavam conselhos e direção espiritual. É então eleito abade de um mosteiro em Vicovaro, no norte da Itália. Por causa do regime de vida exigente, os monges tentaram envenená-lo, mas, no momento em que dava a bênção sobre o alimento,saiu da taça que continha o vinho envenenado uma serpente e o cálice se fez em pedaços. Com isso, São Bento resolve deixar a comunidade. Volta à caverna onde, recebendo grande quantidade de discípulos, funda diversos mosteiros. Em 529, por causa da inveja de um sacerdote da região, tem de se mudar para Monte Cassino, onde funda o mosteiro que viria a ser o fundamento da expansão da Ordem Beneditina. Em 540 escreve a Regula Monasteriorum (Regra dos Mosteiros). Morre em 547.

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As representações de São Bento geralmente mostram, junto com o santo, o livro da Regra, um cálice quebrado e um corvo com um pão na boca, em memória ao pão envenenado que recebeu de um sacerdote invejoso. São Gregório conta que, por sua ordem, o corvo levou o pão até onde ninguém o encontrasse.

As relíquias de São Bento estão conservadas na cripta da Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire (Fleury), próximo a Orleáns e Germigny-des-Prés, no centro da França.

S. Bento da Porta Aberta – Rio Caldo

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Povos Bárbaros• Os Povos Bárbaros caracterizavam-se por guerras constantes; • Os cargos de rei e de general-comandante fundiam- se numa só pessoa (Rei);• Possuíam vários deuses que representavam as forças da natureza;• A guerra era o seu modo de vida e de diversão;

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Conversão dos Bárbaros ao Cristianismo

Logo no século V se iniciou a evangelização dos bárbaros, que eram pagãos (à excepção dos Visigodos, convertidos ao arianismo). O baptismo do rei Clóvis, da Gália merovíngia (dinastia dos reis merovíngios), por S. Remígio de Reims (ano 497), provocou a conversão dos Francos. Seguiu-se a conversão dos Suevos, missionados por S. Martinho de Dume (ou de Braga), e dos Visigodos, por S. Leandro de Sevilha.Nos séculos VI a VIII, sob o impulso do papa S. Gregório Magno (590-604), o Cristianismo estendeu-se a todos os reinos do Ocidente: o monge Agostinho evangeliza os Anglo-Saxões da Grã-Bretanha; S. Patrício torna-se o apóstolo da Irlanda; S. Bonifácio catequiza a Germânia.Para este movimento de missionação muito contribuíram os monges beneditinos, de que falaremos adiante.

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Baptismo de Clóvis (466-511), rei dos francos, fresco de 1098.

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A aliança de Carlos Magno com a IgrejaNo século VIII iniciou-se no reino dos Francos a dinastia carolíngia. Carlos Martel, prefeito do Palácio, derrotou os Muçulmanos em Poitiers (ano 732), o que lhe deu a fama de "salvador do Ocidente cristão". O seu filho, Pepino, o Breve, depôs o último rei da dinastia merovíngia. Com o apoio da Igreja, ascendeu ele próprio à realeza e iniciou a expansão territorial.A Pepino, o Breve, sucedeu seu filho Carlos Magno. Este tentou a reconstrução do antigo Império Romano do Ocidente:• anexou o reino dos Lombardos, entregando parte dos domínios lombardos ao papa (que passaram, juntamente com os que Pepino, o Breve, já oferecera, a constituir os "Estados Pontifícios");• submeteu definitivamente a Baviera;• venceu os Avaros;• pacificou a Saxónia.Carlos Magno estabeleceu a capital do seu reino em Aix-la-Chapelle (actual Aachen, na Alemanha). Nas novas fronteiras do reino franco estabeleceu zonas de protecção solidamente guardadas pelo exército: as marcas (donde deriva a palavra marquês).Como reconhecimento dos serviços prestados à Cristandade, Carlos Magno foi coroado imperador pelo papa Leão III e declarado "protector oficial da cristandade".O novo império do Ocidente baseava-se, pois, numa aliança entre o imperador e a Igreja Católica.

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O PACTO DE CARLOS MAGNO COM O PAPA LEÃO III

“Desejo estabelecer com Vossa Santidade um pacto inviolável de forma que a vossa bênção apostólica me possa seguir por toda a parte. [O pacto é o seguinte:] é nosso dever defender por toda a parte, com as armas, a Santa Igreja de Jesus Cristo, tanto das incursões dos pagãos como das devastações do infiel, e fortificá-lo no exterior e no interior pela profissão da fé católica. Por outro lado, é vosso dever, pela vossa intercessão e pela vontade e graça de Deus, auxiliar as nossas armas de forma a que o povo cristão obtenha para sempre a vitória sobre os inimigos do Seu Santo Nome e este seja glorificado através de todo o mundo.”

Carta de Carlos Magno ao Papa Leão III ano de 796

A aliança de Carlos Magno com a Igreja

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No dia de Natal de 800 o Papa Leão III coroa Carlos Magno como imperador do sacro Império Romano

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Quando Carlos Magno morre (ano 814), quase todos os povos do Ocidente eram já cristãos.Para esta cristianização muito contribuíram os monges das ordens religiosas: o clero regular.Os beneditinos (monges da ordem religiosa fundada por S. Bento de Núrsia, Itália, no século VI), desempenharam um importantíssimo papel nesta evangelização.A adaptação da vida religiosa às necessidades das populações contribuiu para o êxito da ordem beneditina: os monges repartiam o tempo entre a oração, o trabalho e o estudo.Outros mosteiros se fundaram adoptando a regra de S. Bento e, rapidamente, se espalharam por todo o Ocidente: Saint-Gall (na Suíça), Cluny (na França), Sahagún (na Espanha), Lorvão e Tibães (em Portugal) eram dos mais importantes conventos beneditinos.Os mosteiros desempenharam um notável papel como focos da cultura cristã. Mas não foram apenas centros da vida religiosa. Fundados geralmente no campo, em zonas férteis, nas suas proximidades desenvolveram-se grandes explorações agrícolas e aí se fixaram numerosas populações. Os monges, simultaneamente construtores e desbravadores de terras incultas, dedicaram-se ao ensino, à cópia de livros antigos (monges copistas), à reflexão filosófica e teológica.De mosteiro em mosteiro, os monges circulavam em missão ou peregrinação, e com eles os livros, restabelecendo assim activas relações intelectuais entre os reinos do Ocidente.

A difusão do monaquismo

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REGRA DE S. BENTO

“O mosteiro deve, sempre que possível, estar disposto de maneira que aí se encontre tudo o que é necessário: água, um moinho, um jardim e oficinas onde se possam praticar diversos ofícios. (...)Aquele que aceita a dignidade de abade deve governar os seus discípulos por um duplo ensinamento: deverá inculcar-lhes o que é bom e são, mais pelos actos do que por palavras. Tudo deve ser f eito segundo a vontade do abade. (...)A ociosidade é inimiga da alma. Por isso, os irmãos devem estar ocupados determinadas horas no trabalho manual e outras serão destinadas à leitura das coisas sagradas. (...)Aquele que, no fim da semana, deixa o serviço da cozinha, deverá varrê-la ao sábado e limpará tudo o que depender deste oficio. Lavará toda a roupa que tenha servido para enxugar os pés e as mãos dos seus irmãos.Se [o irmão] possuir alguma coisa, ou será distribuída pelos pobres, ou será doada ao mosteiro, sem qualquer reserva. Porque ele deve saber que a partir deste momento não pode dispor sequer do próprio corpo.Às rejeições haverá sempre leitura (...) devendo guardar-se silêncio absoluto.”

S. P. Benedicti, Regula Commentata

A difusão do monaquismo

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Mosteiro Beneditino

Reconstituição de um mosteiro

Monge copista segundo iluminura medieval

Refeição dos Monges – Refojos Cabeceiras de Basto

Claustro romanico do Mosteiro de San Pedro el Viejo - Espanha

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Igreja de S. Frutuoso –Braga, Século XArte Visigótica

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Arte Românica

Arões – Fafe, 1237 S. Pedro de Rates- Barcelos- 1100

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Sé do Porto ,1333

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Graças aos esforços conjugados dos papas, bispos e monges missionários, a Igreja tornou-se a maior força política do Ocidente, submetendo à sua dependência os estados medievais em formação.Sobre as ruínas do Império Romano nascia uma nova cultura, fruto da fusão dos valores clássicos, bárbaros e cristãos. A língua latina seria o melhor utensílio para a sua expansão.Desta nova cultura nascerá a Civilização Ocidental, a que pertencemos.

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Os Árabes e o Islamismo

Os Árabes, um povo até então pouco conhecido, viviam na Arábia, uma península desértica no Próximo Oriente. No século VII fundaram uma nova religião, o islamismo, e uma nova civilização, a Civilização Muçulmana.O fundador desta nova religião foi Maomet, um caravaneiro que sendo conhecedor do Cristianismo e do Judaísmo e dizendo-se enviado por Alá (o deus único) começou a pregar essa nova religião, também monoteísta.Maomet foi obrigado a fugir de Meca para Medina devido à não aceitação da sua doutrina pela sua tribo. Esta fuga ou hégira marca o início da era muçulmana (ano 622).A doutrina islâmica assenta em dogmas muito simples e por isso pôde ser facilmente compreendida e propagada.O Corão ou Alcorão é o livro sagrado dos Muçulmanos, onde se encontra a sua doutrina.No livro sagrado dos Muçulmanos não se encontram apenas os mandamentos religiosos. Aí se definem regras sociais, de comportamento e de costumes, sendo ainda hoje interpretado pelos fundamentalistas como um código ou uma constituição política.

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Após a morte de Maomet, em cerca de um século, os seus sucessores - os califas - empreenderam a Guerra Santa que obrigava os Muçulmanos a difundir o Islamismo e a lutar contra os seus inimigos. Assim, rapidamente, conquistaram um imenso império desde o Indo a Gibraltar e à Península Ibérica, desde o mar Cáspio até ao deserto do Sara.

Expansão militar Muçulmana

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• Império passa para seu filho– Mais tarde é dividido entre os netos– Tratado de Verdun (843)– Disputas entre irmãos

• Saques e pirataria– Muçulmanos– Normandos– Magiares (Húngaros)

• Poder imperial decai– Feudalismo

Morte de Carlos Magno (814)

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O Fim do Império Franco e o Surgimento de novos Reinos

• A unidade do Império franco desaparece com o tratado de Verdun (843) que divide a herança de Luís, o Piedoso( filho de Carlos Magno), em três partes. Os dois reinos da França e da Germânia são os antepassados dos dois Estados actuais. Quanto à Lotaríngia, esse longo corredor do Mar do Norte ao sul da Itália, transforma-se, em pouco tempo, numa constelação de reinos, Nos começos do séc. X, a dignidade imperial desaparece. Além das guerras civis, novas invasões provocam a desorganização completa do Ocidente.

• Esboça-se uma estabilização no fim do séc. X. O Império é restaurado por iniciativa de um soberano alemão, Otão l, em 962. O Sacro Império Romano Germânico durará até 1806, mas, apesar do seu desejo de universalismo, não passará de uma realidade alemã. Em 987, a dinastia capeta radica-se definitivamente na França. Ao mesmo tempo, os invasores fixam--se e constituem novos Estados.

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Soberano exige também juramento de vassalagem

O senhor devia dar a posse ao ordenado na abadia ou diocese

Soberano escolhia o candidato e o clero só confirmava

O senhor aprovava candidatos sugeridos pelo clero

Senhores apenas indicavam candidatos (abades ou bispos)

Feudalismo: Intromissão dos senhores

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Os Normandos (Vikings)

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O Papa Formoso foi eleito em 6 de Outubro de 891. Morreu em 4 de Abril de 896.Nasceu em Óstia, Itália. Enquanto era cardeal, foi excomungado por João VIII por ter coroado Arnolfo como rei da Itália - mais tarde foi imperador da Alemanha.

Cronistas franceses atribuem a este papa o parentesco com o futuro papa Romano, dizendo tratarem-se de primos irmãos. A ele se deve a conversão dos búlgaros. Desordens políticas na França, Alemanha e Itália prejudicaram a Igreja, durante o seu pontificado.

Nove meses após a sua morte, o cadáver de Formoso foi exumado da cripta papal para ser julgado perante um concílio "cadavérico", presidido por Estêvão VII (que era o papa entronado). O papa falecido foi acusado de excessiva ambição pelo cargo papal, e todos os seus actos foram declarados nulos. O cadáver foi despido das vestes pontifícias, e os dedos da mão direita foram amputados.

Um exemplo de controvérsias no Papado Papa Formoso

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Julgamento do CadáverPor Jean-Paul Laurens (1870), actualmente no Museu de Belas Artes de Nantes.

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• Até o final do século IX os avanços foram poucos– Os Papas não conseguiam fazer muita coisa– Mas existia o desejo de mudança

• Diversos concílios• Corrida á catedra de Pedro• Conflitos com o Oriente

• A mudança começa nos mosteiros!

• O mosteiro reformador foi Cluny.

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• Doação de Guilherme o Piedoso, 910

A Abadia de Cluny

“(...) Desejando empregar, de uma forma frutuosa para minha alma, os bens que Deus tem me dado, eu pensei que não poderia fazer melhor do que ganhar para mim mesmo a amizade dos pobres. (...) Por isso dou, por amor de Deus e de Nosso Senhor Jesus Cristo, aos santos apóstolos Pedro e Paulo, de meu próprio domínio, a terra de Cluny (...) Estes monges e todos os seus bens estarão sob a autoridade do abade Berno enquanto ele viver; mas após a sua morte, os religiosos terão o poder para eleger como abade, de acordo com a regra de São Bento, quem eles desejarem, sem a intervenção de qualquer autoridade na eleição regular (...)

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Reconstituição da grande Abadia de Cluny - França

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São Berno (910-925)• Espalhou a reforma em mosteiros próximos

Santo Odo (925-942)• Levou a reforma à toda Europa• Reformou Fleury

Bem-aventurado Aymard (942-956)

São Mayeul(956-994)

Santo Odilo (994-1048)• Obediência ao Abade de Cluny

São Hugo (1048-1109)• Levou a reforma para Inglaterra e Espanha

Abades de Cluny

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A Sé de Braga tem uma grande influencia arquitectónica de Cluny por causa do Bispo S. Geraldo que era monge de cluny.O Primeiro Bispo do Porto, D. Hugo, também era monge de Cluny.Os Prelados eram escolhidos de entre os monges de cluny como forma de implementar o rito romano em Portugal.Em Portugal haviam dois ritos próprios : Rito Bracarense e Rito Moçárabe – Coimbra.

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Cisma com o Oriente• Cisma = Separação, recusa, rejeição...• “Recusa de sujeição ao Sumo Pontífice ou de

comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos” (Can. 751, Código de Direito Canônico)

• Grande Cisma do Oriente– Versão conhecida: “Em 1054 Miguel Cerulário

opôs-se ao Papa que desejava que Roma fosse a mãe de todas as Igrejas.”

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Política e religiãoNunca parou de se cavar o fosso entre a Igreja latina e a Igreja grega desde o séc. V. As razões são simultaneamente políticas, culturais e dogmáticas. A Igreja grega está vinculada ao poder bizantino. O imperador tira e põe os patriarcas de Constantinopla. Paralelamente, os bispos de Roma libertaram-se da tutela teórica de Constantinopla. Restaurando o Império no Ocidente, o papado parecia realizar uma operação política contra o imperador de Constantinopla, e as Igrejas estavam indirectamente comprometidas nesta tensão entre os dois impérios.

Diferenças culturaisMuito mais grave se revela o fosso cultural. As duas Igrejas já não se compreendem. O Oriente ignora o latim, e o Ocidente, ainda mais o grego. Herdeiros duma grande cultura, os Gregos permanecem-lhe fiéis tanto no campo profano como no religioso. No Ocidente, o renascimento carolíngio bem depressa se desvaneceu. O séc. X é um deserto cultural. Nos escassos contactos que mantêm, Gregos e Latinos desprezam-se sinceramente. Para os Bizantinos, os Latinos, essa gente do país das trevas, são toscos, selvagens incultos, glutões! Para os Latinos, os Gregos são uns degenerados, efeminados, que usam demasiadas subtilezas. O qualificativo de "bizantino" foi por muito tempo pejorativo.

Cisma com o Oriente

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Liturgia e doutrinaSão também divergências litúrgicas e doutrinais que opõem as duas Igrejas. Para os Gregos, o rito é a fé que age. No Ocidente, distingue-se mais facilmente a doutrina do rito. Para um Oriental, mudar os ritos é mudar a fé. É por isso que as questões dos jejuns, do pão ázimo ou fermentado, das barbas dos celebrantes se revestem de uma grande importância. No Oriente, monges e bispos são celibatários, mas os sacerdotes são casados. No Ocidente, o celibato é imposto a todos os sacerdotes, ou, pelo menos em princípio, os homens casados renunciam à vida conjugal depois da ordenação. Os Gregos censuram os Latinos por terem modificado a fórmula de fé acrescentando o filioque ao Credo de Niceia--Constantinopla. "O Espírito procede do Pai", diz o Credo; "e do Filho", acrescentam os Latinos. Existe um matiz teológico na compreensão da função do Espírito. Ignorantes em história, os Latinos acusam os Gregos de terem mutilado a expressão.

Cisma com o Oriente

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O Papa e o PatriarcaEnquanto os Gregos têm uma concepção mais colegial do episcopado, o Papa, como sucessor de Pedro, atribui-se, por vezes, um poder de intervenção na Igreja universal. Para os Orientais, Roma não tem mais que um primado de honra.As rupturas seguidas de reconciliações foram numerosas do séc. V ao séc. IX. No inicio dos acontecimentos de 1054, havia uma vontade de aproximação do Papa Leão IX. O Papa e o imperador bizantino tinham um inimigo comum, os Normandos, no sul da Itália. Uma aliança permitiria resistir-lhes. Mas a reconciliação religiosa era um preliminar necessário. Infelizmente, as duas personagens encarregadas de efectuar o acordo não eram as pessoas indicadas. O legado do Papa, o cardeal Humbert, um loreno ansioso de reforma, possuía uma cultura grega limitada e era de uma inflexibilidade extrema. Tão inflexível se mostrava o patriarca de Constantinopla, Miguel Cerulário. A ausência de relações com Roma era do seu agrado, porquanto, desta maneira, era o senhor único da Igreja grega.

Cisma com o Oriente

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A ruptura

A legação do cardeal Humbert a Constantinopla fornece a ocasião de desenterrar agravos bem conhecidos. Não conseguindo encontrar uma base de discussão, Humbert excomunga solenemente o patriarca Miguel Cerulário na Igreja de Santa Sofia. A fórmula de excomunhão, redigida por Humbert, revela a sua profunda ignorância. Muitas acusações não têm fundamento. Uma vez mais, censura aos Orientais a supressão do filioque, o matrimónio dos sacerdotes, etc. Ignora que Maranatha significa "Vem, Senhor!" e não é uma condenação (1 Cor. 16, 22). A excomunhão pronunciada por Cerulário contra Humbert não é de nível mais elevado.

Cisma com o Oriente

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• O Cisma foi gerado ao longo dos séculos– Separação Política/Cultural– Vários factos agravaram a situação

• A reunificação caminha a passos largos.

Patriarca RussoPatriarca de Constantinopla Patriarca de Chipre

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O QUE SÃO? São expedições militares levadas a cabo pela cristandade contra os muçulmanos, com o fim de conquistar ou reter as terras onde Cristo viveu, e em especial o Seu Sepulcro.

QUEM NELAS PARTICIPA?Em maior ou menor grau príncipes e povos de todo o Ocidente cristão.

QUAL O MAIOR IMPULSIONADOR? O Papa, através da concessão de graças especiais a quem nelas participa ou as organiza.

AS Cruzadas

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AS TRÊS PRIMEIRAS CRUZADAS

I - Em 1095, convocada por Urbano II. Terminou 4 anos depois e foi bem sucedida: Jerusalém caiu nas mãos dos cristãos, em 1099, até 1187. Estes primeiros combatentes escolheram como insígnia da expedição uma cruz pintada na sua armadura, e daí proveio o nome de "Cruzados".

II - Em 1147-48, tempo do Papa Eugénio III. Pretendia a reconquista do principado cristão de Edessa. Esta cruzada fracassou, com grandes perdas para os exércitos nela mais representados: o de França (de Luís VII) e o da Alemanha (de Conrado III).

III - Em 1189-92, tempos de Clemente III e de Celestino III. Pretendeu compensar o fracasso da anterior. Foi encabeçada pelos três grandes monarcas de então: Frederico Barba-Roxa, Filipe Augusto de França e Ricardo Coração de Leão (Inglaterra). Novo fracasso.

AS Cruzadas

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RESTANTES CRUZADASIV - Em 1204, sob Inocêncio III. Conquista Constantinopla e aí instaura o Império Latino, que sobreviveria até 1261. Tendo conquistado Constantinopla, os cruzados esqueceram-se da Terra Santa: a riqueza bizantina provocava amnésia...

V - De 1217-1221, sob Honório III. Participou nela um enorme contingente de cruzados. Dirigia-se à Síria e Egipto. Depois de um sucesso inicial... novo fracasso.

VI - Em 1228-29, por Frederico II. Após negociações (e não pela força das armas) conseguiu que o sultão do Egipto lhe concedesse as cidades de Jerusalém, Belém, Nazaré... Jerusalém ficou apenas durante 15 anos nas mãos dos cristãos. Em 1244 os cristãos perdê-la-iam definitivamente.

VII - Em 1249-50. Sob Luís IX (santo). Participaram nela apenas os franceses. Dirigida contra o Egipto. Rei e exército são feitos prisioneiros e têm de pagar pela liberdade valioso resgate.

VIII - Em 1270. Sob o mesmo S. Luís e de novo apenas com os franceses. Dirigia-se à Tunísia. Exército enferma com a peste e uma das vítimas foi exactamente S. Luís. Com a morte deste soberano acabaram-se as cruzadas.

AS Cruzadas

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Consequências das cruzadas"Apesar de se traduzirem em derrotas, as Cruzadas tiveram consequências positivas. Os muçulmanos habituaram-se a ver os cristãos a visitarem os Lugares Santos.Inversamente, os cristãos deixaram de odiar os maometanos, a quem toleravam nas suas crenças e aos quais procuraram mesmo converter, a partir do séc. XIII. Além disso, as Cruzadas alargaram os horizontes da cultura Ocidental, pois a ciência matemática e o pensamento oriental passaram a ser estudados na Europa. A literatura e as artes foram também influenciadas por estas relações com o Oriente.No entanto, as consequências mais importantes e duradouras referem-se à actividade económica mundial. Graças a estas expedições, o Ocidente conheceu coisas que até então ignorava: algodão, cana-de-açúcar e várias árvores de fruto. As relações comerciais entre o Ocidente e o Oriente foram transformadas pela criação de um intercâmbio permanente entre a Europa e a Ásia Menor. Todos os marinheiros e comerciantes do Mediterrâneo, em especial os italianos, estabeleceram nos portos da Palestina e do Império Bizantino numerosas sucursais e feitorias, que se mantiveram para além da expulsão dos Cruzados. Estes comerciantes traziam para o Ocidente os produtos que compravam no Oriente, os quais provinham da Ásia Menor ou mesmo do Extremo Oriente.As Cruzadas causaram também, no Ocidente, uma transformação de costumes e de mentalidade: os castelos feudais foram decorados por tecidos e tapetes orientais, os trajes tornaram-se sumptuosos, o mobiliário enriqueceu-se. A própria vida tornou-se mais suave. Esta imposição de formas de arte e de vida trouxe a marca do Oriente à Europa cristã."

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A ReconquistaA luta contra os infiéis não se travava só no Oriente. Ela acontecia também no Ocidente, mais propriamente na Península. Só que aqui assumiu um nome diferente -Reconquista.

Tal como aos Cruzados, também aos homens da Reconquista o Papa concedeu grandes graças. Havia, porém, uma diferença: as cruzadas eram uma empresa eminentemente internacional, enquanto que a Reconquista era uma empresa predominantemente peninsular.

O primeiro período de grande actividade desta Reconquista inicia-se com Afonso VI, rei de Leão e de Castela, conquista a cidade de Toledo, em 1085 (perdê-la-ia um ano depois - Baralha de Zalaca). Em 1093, o mesmo Afonso VI conquista aos muçulmanos Santarém, Lisboa e Sintra.

Neste final do séc. XI, a luta contra os muçulmanos atraiu as atenções da cristandade europeia. De além-Pirinéus vieram alistar-se nos exércitos de Afonso VI numerosos fidalgos, entre os quais D. Henrique de Borgonha que casou com a Infanta D. Teresa e foi incumbido de governar o Condado Portucalense (1097), que ia desde o Minho ao Tejo.

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D. Henrique fixou em Guimarães a sua habitação. E, quando faleceu (1112), o governo do Condado ficou em mãos da viúva, D. Teresa, durante a menoridade do filho Afonso Henriques.Em 1128 travava-se a Batalha de S. Mamede, entre os partidários do Infante Afonso e os da sua mãe. Esta é vencida. D. Afonso Henriques toma conta do Condado e vai fazer o reino de Portugal.

A primeira grande conquista do novo rei dá-se em 1147: Afonso Henriques toma Santarém e, auxiliado pelos Cruzados ingleses, franceses, alemães e flamengos, conquista Lisboa.Apesar destas vitórias, só em 1179 é que a Sta. Sé reconhece solenemente D. Afonso Henriques como Rei de Portugal, que na altura não abrangia o Algarve (conquistado em 1249, reinado de D. Afonso III).

A Reconquista

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A Reconquista

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Batalha do Salado - Roque Gameiro

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Conquista de Lisboa - Roque Gameiro

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A Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão (em latim "Ordo Pauperum Commilitonum Christi Templique Salominici"), mais conhecida como Ordem dos Templários, Ordem do Templo (em francês "Ordre du Temple" ou "Les Templiers") ou Cavaleiros Templários (algumas vezes chamados de: Cavaleiros de Cristo, Cavaleiros do Templo, Pobres Cavaleiros, etc), foi uma das mais famosas Ordens Militares de Cavalaria.A organização existiu por cerca de dois séculos na Idade Média, fundada no rescaldo da Primeira Cruzada de 1096, com o propósito original de proteger os cristãos que voltaram a fazer a peregrinação a Jerusalém após a sua conquista.

Ordens Militares

TempláriosHospitalários

Ordem de S. Tiago

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Os seus membros fizeram voto de pobreza e castidade para se tornarem monges. Usavam seus característicos mantos brancos com a cruz vermelha, e seu símbolo passou a ser um cavalo montado por dois cavaleiros. Em decorrência do local de sua sede (a mesquita Al-Aqsa no cume do monte onde existira o Templo de Salomão em Jerusalém) e do voto de pobreza e da fé em Cristo surgiu o nome "Pobres Cavaleiros de Cristo e do Templo de Salomão".

O sucesso dos Templários esteve vinculado ao das Cruzadas. Quando a Terra Santa foi perdida, o apoio à Ordem reduziu-se. Rumores acerca da cerimónia de iniciação secreta dos Templários criaram desconfianças, e o rei Filipe IV de França profundamente endividado com a Ordem, começou a pressionar o Papa Clemente V a tomar medidas contra eles. Em 1307, muitos dos membros da Ordem em França foram detidos e queimados em estacas. Em 1312, o Papa Clemente dissolveu a Ordem. O súbito desaparecimento da maior parte da infra-estrutura europeia da Ordem deu origem a especulações e lendas, que mantêm o nome dos Templários vivo até os dias atuais.

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Ordens mendicantes• Começam no século XIII.• Caracterizam-se sobretudo pela pobreza; em contraste com o prestigio e poder

temporal do pontificado.• Não possuem bens e terras . Mantinham-se com a caridade e esmolas dos fieis.• Habitam no meio das cidades. Não são, portanto monges isolados , mas irmãos

que levam o ministério da Palavra e os sacramentos ao reboliço da cidade.• Estiveram presentes nas universidades, contribuindo ao florescimento da ciência

Cristã.• Mendicantes são: Franciscanos Dominicanos Carmelitas

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S. Francisco de Assis S. Domingos de Gusmão

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As ordens mendicantes exercem grande atractivo sobre fiéis citadinos.Das mãos destes religiosos recebem muitos fiéis os sacramentos, a Palavra... Por isso muitos deixam-lhe os bens e na casa deles querem ser enterrados. Reagem os párocos... Solução de compromisso: Porção Canónica: dos bens deixados pelo defunto à Igreja que o sepulta, uma parte tem necessariamente que ficar para a paróquia.Da espiritualidade mendicante nutrem-se também as Ordens terceiras que nascem no século XIII.

Ordens mendicantes

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Confrarias: Nascem muitas na Idade Média e difundem-se por toda a cristandade ocidental; são associações com fins caritativos, ou de mútua ajuda, ou de piedade.Os irmãos reúnem-se periodicamente para actos de piedade previstos nos estatutos. Muitas vezes os estatutos prevêem a dádiva de algo para socorro aos mais necessitados. Igualmente se prevê sepultura digna e sufrágios para algum irmão que faleça.

Grémios: Associações que estabelecem vínculos de fraternidade e obrigações religiosas e assistenciais entre membros que exercem um mesmo ofício ou participam numa mesma grande obra (v.g. construção de uma catedral...). Têm uma estrutura hierárquica (aprendizes, oficiais e mestres) e preocupam-se com a produção e defesa dos interesses dos associados. Normalmente o grémio tem um santo por patrono.

Associações Cristãs

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Piedade PopularCaracteriza-se essencialmente por estas 4 coordenadas:• Muita devoção ao Santíssimo Sacramento e Eucaristia .• Muita devoção à Virgem Maria.• Muita devoção aos santos e suas relíquias.• Certo rigor na disciplina eclesiástica

Muita devoção ao santíssimo sacramento e Eucaristia:• Para evitar desrespeitos a comunhão recebe-se na boca e sob uma só espécie.• Obrigatório comungar uma vez por ano.• Aparece a elevação da hóstia durante a eucaristia.• No século XIII nasce a festa do Corpus Chisti, estendida pelo Papa Urbano IV (1261-

1265) à Igreja Universal.• Desenvolvimento da teologia eucarística: no IV Concílio de Latrão (1215) aparece o

termo transubstanciação.

Muita devoção à Virgem Maria:• Cresce consciência do papel co-redentor de Maria.• Grandes santos incrementam piedade popular mariana: Ex. S. Bernardo.• No século XI compõe-se a Salve Regina e nos séculos seguintes estende-se a

devoção do rosário (150 Avé-Marias, por analogia aos 150 salmos; 15 passagens evangélicas mais importantes dividem o Rosário em 15 mistérios).

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• Ordens religiosas e confrarias marianas difundem reza do terço.

Muita devoção aos Santos e suas Relíquias:Os santos atraem, porque homens reais que encarnam plenamente o ideal cristão; são vistos como intercessores.• A eles se erigem muitos lugares de culto e se dedicam muitas festas.• Grande incremento da literatura hagiografica93.• Conexa à devoção dos santos, culto ou devoção às relíquias (às vezes falsas ou objecto de

comércio).

Certo rigor na disciplina eclesiástica:• O jejum observa-se durante toda a Quaresma, no inicio da cada uma das estações, nas

vigílias das principais festividades.• A abstinência é obrigatória em todas as sextas e sábados não coincidentes com alguma

solenidade liturgia.• Os fiéis são obrigados ao pagamento do dizimo = décima parte dos produtos colhidos no

campo.

Piedade Popular

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A indulgência plenária surgiu no século XI, relacionada com as Cruzadas. A Cruzada era vista como uma obra tão excelente que bem merecia ser compensada com as máximas graças.O primeiro a conceder indulgência plenária foi Alexandre II, em 1063, aos guerreiros que vieram reconquistar a Península Ibérica.Teólogos justificam indulgências com "Tesouro da Igreja", constituído pelos méritos de Cristo e dos santos, tesouro que a Igreja administra.IV Concílio de Latrão (1215) alastra a indulgência a quantos colaborem nas cruzadas. Meados do século XHI: indulgências pelos mortos.Em 1300, Bonifácio VIII decreta jubileu com indulgência plenária para quantos vão a Roma em peregrinação.Entretanto começam os abusos com as indulgências a troco de dinheiro...

PRINCIPAIS CENTROS DE PEREGRINAÇÃO:• Santo Sepulcro de Jerusalém.• Tumbas dos Apóstolos Pedro e Paulo em Roma.• Santiago de Compostela.

Indulgências

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A arte medieval foi essencialmente arte cristã (catedrais, Igrejas, mosteiros, cemitérios... - centros da vida medieval).O mesmo se diga da escultura e pintura, autênticas lições de Bíblia e Teologia (por exemplo, Frescos de Giotto, Pórtico da Glória de Compostela, vitrais da Catedral de Chartres).Na literatura, destaque para a "Divina Comédia" de Dante Alighiere.

Arte cristã

Pormenor do Pórtico da Glória. S. Tiago de Compostela

Catedral de Notre Dame -Paris

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Frescos de Giotto

vitral da Catedral de Chartres França

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Exagerada exaltação da pobreza leva à denúncia da riqueza eclesiástica e a atitudes anticlericais e anti hierárquicas por parte de alguns GRUPOS:• "Humilhados": nasceram perto de Milão, a finais do séc. XII.• "Fraticelli": surgidos, tal como o grupo anterior, de entre o franciscaníssimo.• Valdeses: fundados por Pedro Valdés, rico comerciante de Lyon. Acabaram por se

tornar heterodoxos (em Itália) e pré-protestantes (fora da Itália). O menosprezo da autoridade eclesiástica é uma característica típica.

CÁTAROS (Depois também chamados albigenses): dualismo maniqueísta; a matéria é o mal.Duas categorias de Cátaros:- perfeitos ou puros: livram-se de qualquer ligação com a carne. Ás vezes até se matam por inanição vendo nesta morte uma vitória sobre o corpo material. Para chegar à perfeição fazem primeiro um rito de iniciação, chamado CONSOLAMENTUM.- Aderentes ou crentes: continuam a usar os bens materiais.

Heresias

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Foi organizada uma Cruzada contra os albigenses e a luta contra eles durou decénios. Tal luta deu origem à Inquisição, para defesa da fé e repressão da heresia:- Séc. XII: Inquisição a nível episcopal: bispos descobrem hereges e entregam-nos ao poder secular (por exemplo, a Frederico II que os queima...)113

- Séc. XIII (1232): Gregório IX cria Inquisição Pontifícia, confiada aos mendicantes,especialmente dominicanos.

ALGUNS DEFEITOS DA INQUISIÇÃOAdmitiam-se:• denúncias e testemunhos secretos• torturas como meio de prova• fogueiras para os hereges

ALGUMAS CAUSAS DA INQUISIÇÃOa) dureza do direito romano que previa severa pena para os hereges;b) fé vista como supremo valor (consequentemente heresia=pior dos crimes).

Inquisição: Repressão das heresias

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Inquisição executando um condenado

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Cisma no OcidenteO grande Cisma do Ocidente ocorreu entre 1378 e 1417. Já anteriormente tinham ocorrido divisões na Igreja Católica mas nenhuma delas com esta importância.De 1308 a 1378 os papas deixaram Roma para se fixarem em Avinhão (Sul de França), inaugurando um período designado por "Cativeiro de Avinhão". Nesta altura, a autoridade e o prestígio dos papas tinha decaído na Europa e, ao contrário dos séculos anteriores, não tinham autoridade para intervir nos assuntos da política internacional e, a nível interno de cada um dos reinos, essa ingerência era cada vez mais limitada.Após a morte de Gregório XI, o conclave formado por 16 cardeais foi pressionado pelo povo que exigia um papa romano ou italiano. Foi eleito o arcebispo de Bari que tomou o nome de Urbano VI. Apesar dos tumultos aquando da eleição, nada fazia prever o cisma. A 9 de agosto de 1378 os cardeais assinaram um documento declarando a eleição nula e a 20 de Setembro elegeram o cardeal de Genebra que tomou o nome de Clemente VII. Ambos os papas se declararam legítimos e excomungaram-se mutuamente. Consumou-se assim o cisma - Urbano VI ficou em Roma e Clemente VII instalou-se em Avinhão. A Urbano VI sucederam Bonifácio IX (1389-1404), Inocêncio VII (1404-1406) e Gregório XII (1406-1415). A Clemente VII sucedeu Bento XIII (1406-1423). O mundo católico dividiu-se entre apoiantes de Urbano VI e apoiantes de Clemente VII, de acordo com as alianças políticas ditadas pela Guerra dos Cem Anos.

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Clemente VII foi apoiado pelos reinos da França, Nápoles e mais tarde por Castela, Aragão, Lorena e Escócia. O imperador da Alemanha, o rei da Inglaterra e o conde da Flandres apoiaram Urbano VI. Foram tentados vários processos para terminar com o cisma que ninguém queria. Um dos processos foi o Concílio de Pisa. Este concílio depôs ambos os papas e elegeu Alexandre V (1409-1410) a quem sucedeu João XXIII (1410-1415). A deposição não foi, no entanto, aceite e a partir desta altura coexistiram três papas. Em 1415, pelo Concílio de Constança, foi finalmente restabelecida a unidade religiosa. João XXIII foi deposto e aceitou humildemente a decisão, Gregório XII abdicou voluntariamente e Bento XIII foi excomungado. Em 1417 foi eleito Martinho V que toda a Igreja reconheceu como sendo o papa legítimo. O sucessor de Bento XIII, Clemente VIII, renunciou e terminou assim definitivamente com o cisma.Portugal apoiou o papa que mais convinha às suas alianças políticas. Manteve uma posição neutral até 1380, e em Janeiro deste ano D. Fernando anunciou, em Évora, a sua adesão a Avinhão. A renovação da aliança portuguesa com Inglaterra levou a que em 1381 D. Fernando declarasse que reconhecia Urbano VI como sendo o papa legítimo. Após a morte de D. Fernando e com a crise de nacionalidade que se lhe seguiu, Portugal manteve-se fiel a Urbano VI, acusando os castelhanos de serem hereges e cismáticos por apoiarem Avinhão. A fidelidade portuguesa a Roma manteve-se até ao Concílio de Pisa, altura em que D. João I, acompanhando a posição da maioria dos países católicos, reconheceu o papa saído deste concílio.

Cisma no Ocidente

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Palácio dos Papas em Avinhão - França

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As calamidades percorrem o séc. XIV e XV. A mais terrível foi a Grande Peste ou Peste Negra, epidemia vinda da Ásia que devastou a Europa inteira a partir de 1347 e teve ainda algumas ofensivas esporádicas no fim do século. Um terço dos Europeus pereceu; em algumas regiões, mais. A guerra causa igualmente danos endémicos: a guerra dos Cem Anos é bem conhecida. As vítimas são menos numerosas nos campos de batalha — os combatentes são relativamente poucos — do que entre as populações civis pilhadas e esfaimadas pelas tropas licenciadas que se espalham pelo país, sobretudo as Grandes Companhias, no tempo de Carlos V. As actas das visitas pastorais são uma enumeração infinda de igrejas sem cobertura, de presbitérios demolidos, de material litúrgico desaparecido. A morte torna-se uma obsessão. Textos e representações acentuam o aspecto horrível da morte: cadáveres nus e corrompidos, bocas escancaradas, entranhas devoradas pelos vermes. As danças macabras (Chaise-Dieu...) sublinham a igualdade de todos perante a morte. Chora-se menos os desparecidos do que se receia a própria morte; tenta-se domesticá-la. As "artes de morrer" multiplicam-se. Em Paris, empilham-se os defuntos no cemitério que possui o esqueleto de um dos santos Inocentes. O local é dos mais frequentados.

Guerra, a peste e a morte

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Satanás entre os homens

A morte omnipresente convida ao exame de consciência. Deus castiga os pecados dos homens, é preciso expiar. Tal é a origem das procissões de flagelantes que percorrem as cidades flagelando-se até ao sangue. Mas nem por isso as calamidades se detêm. É preciso encontrar responsáveis. Podem ser os judeus que se tornam vítimas expiatórias. Mas o grande causador da desgraça é Satanás, muito mais obsessivo que nos séculos precedentes. Uma febre satânica percorre a Europa e não abrandará senão no séc. XVII. Satanás intervém pelos seus agentes, os bruxos e as bruxas. Sinal dos tempos: as bruxas são muito mais numerosas do que os bruxos!

A tortura provoca as confissões, e a repressão alimenta as fogueiras com milhares de vítimas. Uma teologia defeituosa e uma má psicologia inter pretam toda a manifestação patológica como sobrenatural e satânica.

Guerra, a peste e a morte

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Continua…

Idade Moderna