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1 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
REVISTA ACADÊMICA ELETRÔNICA
ISSN: 2447-455X
2 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
FACULDADE SÃO FRANCISCO DE JUAZEIRO
Diretor acadêmico/administrativo: Jair Miranda Jr.
COLEGIADO DE COMUNICAÇÃO – PUBLICIDADE E PROPAGANDA
Coordenadora: Teresa Leonel
COLEGIADO DE FISIOTERAPIA
Coordenadora: Bruna Angela Antonelli
COLEGIADO DE ADMINISTRAÇÃO
Coordenadora: Fábio Feitosa
COLEGIADO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Coordenador: Sivaldo de Melo
NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO – NUPPEX
Coordenadora: Késia Araújo
Supervisor de projetos: Pablo Michel Magalhães
Design gráfico
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Layout para internet
Luécito de Sousa Filho
OBJETIVO DA REVISTA
A revista Expansão Acadêmica possui como objetivo o ideal de fomento à pesquisa acadêmica,
integrando professores e alunos da Faculdade São Francisco de Juazeiro neste processo científico,
divulgando por meio de suas edições os saberes produzidos nesta instituição, bem como as colaborações
advindas dos mais variados espaços acadêmicos do país, oferecendo à comunidade científica e à
sociedade em geral contribuições através dos debates aqui promovidos.
3 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Conselho Editorial
Administração - Ciências Contábeis
Prof. Fabio Feitosa da Silva - Especialista
Prof. Hesler Piedade Caffé Filho - Mestrando
Prof. José Adelson Gonçalves de Almeida - Especialista
Prof. Mario Cleone de Souza Junior - Mestre
Prof. Wellington Dantas de Sousa - Mestrando
Prof.ª Erika Jamir - Mestrando
Prof. Augusto Jorge – Mestre
Prof. Wandilson Alisson Silva Lima - Mestre
Fisioterapia
Prof.ª Bruna Angela Antonelli – Mestre (doutoranda)
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Comunicação
Prof.ª Aline Francisca dos Santos Benevides - Mestranda
Prof. Cecilio Ricardo de Carvalho Bastos - Mestrando
Prof.ª Késia Araújo - Especialista
Prof.ª Teresa Leonel Costa - Mestre
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Prof.ª Eliene Matos e Silva - Doutora
Prof.ª Jordânia de Cassia de Araújo Costa - Mestre
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Prof.ª Liz Romão de Brito - Mestre
Prof.ª Maria Aline Rodrigues de Moura – Mestre
Prof.ª Maria da Conceição Araújo Carneiro – Mestre (doutoranda)
Prof. Pablo Michel Cândido Alves de Magalhães – Mestre
Prof. Ronilson Sousa – Mestre (doutorando)
4 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
SUMÁRIO
- A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E O ENSINO DE BIOLOGIA: A RELAÇÃO NA
FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA AMBIENTAL DOS ESTUDANTES ......................... 6
Kellison Lima Cavalcante
Rafael Santana Alves
- CONTROLE INTERNO NOS SALÕES DE BELEZA - A PERCEPÇÃO DOS
PEQUENOS EMPRESÁRIOS DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO DA BAHIA SOBRE A
ADOÇÃO DAS PRÁTICAS .................................................................................................... 18
Adriana Fernandes de Menezes
Marília Ramila da Silva Santos
João Eudes de Souza Calado
- PANORAMA DO FOMENTO AO EMPREENDEDORISMO DAS MPE’S NO
MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE ........................................................................................ 36
Andrielle Maria Cruz de Oliveira Lima
Erika Maria Jamir de Oliveira
- EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLAS: CONSTRUÇÃO DIALÓGICA ENTRE
ESCOLAS E COMUNIDADE ................................................................................................. 53
Mauricio Teixeira dos Reis
- REFLEXO DA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NA APRENDIZAGEM ................. 66
Carmiária Ramos Gomes Macário
Maria da Conceição Araujo Carneiro
- A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS: UMA PROPOSTA
DE ANALÍSE ............................................................................................................................ 85
Josivania Avelino de Sousa
Rainara Oliveira Silva Pereira
Jorge Messias Leal do Nascimento
5 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
- OS SISTEMAS POLÍTICO-ECONÔMICOS OPOSTOS ................................................. 95
Francisca Afra do Amaral
- ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES COM DOENÇA
PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA .......... 109
Denilson José de Oliveira
Carlos Dornels Freire de Souza
Fabrício Olinda de Souza Mesquita
Bruna Ângela Antonelli
Lais Regina de Holanda Santos
- PREVALÊNCIA ENTRE ADOLESCENTES DA SÍNDROME DA TRÍADE DA
MULHER ATLETA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA SÍNDROME DA TRÍADE DA
MULHER ATLETA EM ADOLESCENTES ...................................................................... 118
Aline Cabral Palmeira
Mayra Ruana de Alencar Gomes
Alaine de Souza Lima
Hítalo Andrade da Silva
Valéria Mayaly Alves de Oliveira
- INTERFACES DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA ........................................................ 129
Rosimar Rosa Dos Santos
6 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
A RELAÇÃO DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL E DO ENSINO DE BIOLOGIA NA
FORMAÇÃO DE ESTUDANTES
Kellison Lima Cavalcante1
Rafael Santana Alves2
Resumo: As questões ambientais estão sendo discutidas com maior relevância e preocupação,
em virtude da necessidade de mudanças nas ações antrópicas de degradação da natureza, como
resultado da falta de conhecimento e discussões sobre as. Nesse sentido, a Educação Ambiental
deve ser ressaltada como elemento fundamental para a transformação de uma sociedade
consciente ambientalmente. Assim, esse trabalho teve como objetivo contextualizar a Educação
Ambiental como prática pedagógica no ensino de Biologia, potencializando o aprendizado e
buscando a consciência da problemática ambiental dos discentes. O trabalho baseou-se em uma
pesquisa bibliográfica qualitativa, através do método exploratório e descritivo a partir da
dialética referente ao assunto, fundamentando-se em pesquisadores como, por exemplo: Borges
e Saraiva Júnior (2017), Monteiro e Monteiro (2017), Magalhães Júnior, Tomanik e Carvalho
(2016), Oliveira (2016), Martins e Oliveira (2015), Cuba (2010), Rodrigues (2008), Krasilchik
(2008), Guimarães (2007; 2013), Quadros (2007), Carvalho (2006), Gouvêa (2006), Jacobi
(2005) e Graciani (2003). A Educação Ambiental é um constante processo de construção de
conhecimentos e de compreensão da relação dos seres humanos com a natureza, decorrente
principalmente de práticas pedagógicas e educacionais que buscam respostas e soluções para a
problemática ambiental. Dessa forma, a Educação Ambiental como prática pedagógica no
ensino de Biologia tem como bases de estudos a preservação do meio ambiente, a sensibilização
e conscientização ambiental, bem como um desenvolvimento sustentável, formando um cidadão
que faz parte do meio ambiente e por isso deve despertar o compromisso, o respeito e o cuidado
com as questões ambientais.
Palavras-chave: Meio Ambiente. Consciência Ambiental. Práticas Educacionais.
Introdução
A questão ambiental tem ganhado destaque cada vez maior na sociedade atual. Martins e
Oliveira (2015) destacam que o desenvolvimento desenfreado de práticas degradantes e
inadequadas sobre o meio ambiente, a expansão urbana, o crescimento demográfico, a
industrialização e os hábitos de consumo inadequados vêm contribuindo para a crise e o
desequilíbrio socioambiental da contemporaneidade. Assim, de acordo com Carvalho (2006) a
Educação Ambiental tem assumido nos últimos anos o desafio de garantir a construção de uma
sociedade sustentável, em que se promovam, na relação com o planeta e seus recursos naturais,
1 Licenciado em Biologia (FAC), Mestre em Tecnologia Ambiental (ITEP/UFPE), e-mail:
kellisoncavalcante@hotmail.com; 2 Licenciado em Matemática (UPE), Mestre em Educação, Cultura e Territórios Semiáridos (UNEB), e-mail:
fael2270@yahoo.com.br.
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valores éticos como cooperação, solidariedade, generosidade, tolerância, dignidade e respeito à
diversidade.
A Educação Ambiental emerge e se manifesta como aliada ao ambiente educativo, com a
promessa de ultrapassar os paradigmas que permeiam os interesses ecológicos no campo de
atuação social, político econômico (MONTEIRO; MONTEIRO, 2017). Nesse sentido, constitui
uma estratégia com resultados qualitativos na construção do conhecimento ambiental de
estudantes.
Para Loureiro, Layrargues e Castro (2014), a Educação Ambiental deve ser
compreendida como uma ferramenta altamente eficaz que se organiza com base na intrínseca
relação do homem com o meio ambiente, por meio dos desafios atrelados à formação de valores
e ao desenvolvimento humano. Consiste em uma relação de conhecimento e de mudanças na
sociedade. O conhecimento e a prática da Educação Ambiental servem para a melhoria não só
na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade, mas também para contribuir para um
ambiente sustentável (OLIVEIRA, 2016).
Torna-se necessária a discussão dos conceitos relativos às ciências naturais e sua relação
com a Educação Ambiental, discutindo os fundamentos do ensino de Biologia na formação da
consciência ambiental. O conhecimento dos conceitos científicos através da Biologia e das
consequências das ações antrópicas no meio ambiente, como uma prática pedagógica integrada
em sala de aula, contribui para a construção de uma relação sustentável entre os educandos e o
meio ambiente.
A Educação Ambiental aliada a práticas pedagógicas no ensino pode transmitir os
conteúdos disciplinares de maneira consciente e eficiente, visando à formação de educandos
críticos e atuantes. Dessa forma, qual a abordagem da Educação Ambiental adotada no Ensino
de Biologia nas escolas e sua contribuição na formação da consciência ambiental?
Conforme Costa, Paiva e Filgueira (2006), a Educação Ambiental consiste em um
processo educativo, de formação da cidadania, que tem como ferramentas principais a
conservação e a preservação em todo o seu processo. Já Cuba (2010), destaca que a escola é um
espaço privilegiado para estabelecer relações e informações, criar condições e alternativas que
estimulem os alunos a terem concepções e posturas cidadãs, cientes de suas responsabilidades e,
principalmente, perceberem-se como integrantes do meio ambiente.
Neste cenário, o homem nasce para ser educado, e tem na escola a possibilidade de
mudança e construção de um mundo ambientalmente mais consciente. Oliveira (2016) destaca
que a escola é essencial para impulsionar as transformações de uma educação que assume um
compromisso com a formação de valores de sustentabilidade. Nesse sentido, conforme
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Nascimento e Araújo (2014) a educação ambiental tem um importante papel de intermediar a
relação entre homem e natureza, mediante o descuido em relação a sua preservação.
Assim, a Educação Ambiental contribui na formação de valores e conhecimentos,
inserindo os estudantes no processo de transformação, através da sensibilização. Conforme
Borges e Saraiva Júnior (2017), educar para um comportamento ambientalmente saudável
contribui para uma melhor qualidade dos recursos naturais existentes, além de fazer com que o
aprendizado em sala de aula chegue até realidade dos estudantes, para que sejam capazes de agir
e transoformar. Assim, de acordo com Lindner (2012), o componente educacional precisa
preocupar-se em informar e formar pessoas com uma nova visão de sociedade.
Nesse sentido, essa pesquisa surgiu das inquietações diante das diversas abordagens
dadas à problemática ambiental atualmente, tendo como enfoque nossas práticas como
educadores e formadores de cidadãos conscientes. Com isso, buscou-se contextualizar a
Educação Ambiental como prática pedagógica no ensino de Biologia, potencializando o
aprendizado e a consciência sobre a problemática ambiental.
Este trabalho caracterizou-se em uma pesquisa bibliográfica, utilizando o método
explicativo referente ao assunto em questão e abordagem teórica sobre a relação da Educação
Ambiental e o Ensino de Biologia, basenado-se em ideias e concepções de pesquisadores
renomados como: Borges e Saraiva Júnior (2017), Monteiro e Monteiro (2017), Magalhães
Júnior, Tomanik e Carvalho (2016), Oliveira (2016), Martins e Oliveira (2015), Cuba (2010),
Rodrigues (2008), Krasilchik (2008), Guimarães (2007; 2013), Quadros (2007), Carvalho
(2006), Gouvêa (2006), Jacobi (2005) e Graciani (2003).
A Educação Ambiental no ambiente escolar
De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura
(2007), na educação escolar, em todos os níveis e modalidades de ensino, o Órgão Gestor,
especificamente o Ministério da Educação – MEC tem o dever de apoiar a comunidade escolar
(professores, estudantes, direção, funcionários, pais e amigos) a se tornarem educadores e
educadoras ambientais com uma leitura crítica da realidade em que vivem. Porém, quando
observamos a realidade escolar de muitas instituições de ensino no nosso país, não encontramos
na maioria a prática do que foi recomendado.
No entanto, o Ministério da Educação – MEC, ainda trabalha com lacunas no que diz
respeito ao cumprimento da recomendação da UNESCO, pois as poucas iniciativas existentes
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não seguem uma orientação comum. Quando promulgada, a Lei nº 9.394/96 (BRASIL, 1996),
que regulamenta as Diretrizes e Bases da Educação no Brasil, não estabeleceu nenhuma
disposição sobre Educação Ambiental. Somente em 2012 que a Lei ganhou a redação do § 7º, no
Artigo 26, que diz que os currículos do ensino fundamental e médio devem incluir os princípios
da proteção e defesa civil e a educação ambiental de forma integrada aos conteúdos obrigatórios
(BRASIL, 1996).
Segundo Dias (2004), a maior ameaça à sustentabilidade humana é a ignorância a
respeito da própria condição natural, o chamado ‘analfabetismo ambiental’, que trata do
desconhecimento das questões ambientais. É preciso que a Educação Ambiental esteja ao
alcance de todos de forma efetiva, pois, conforme Grün (2005), vivemos em uma civilização que
conseguiu ignorar completamente a mais fundamental de todas as questões (sua própria
sustentabilida), ou seja, as próprias condições do futuro humano.
Santos e Japiassú (2009) afirmam que A Educação Ambiental deve ser estudada em
todos os cursos e níveis de ensino. Assim, o objetivo da Educação Ambiental pode ser entendido
de acordo com os pesquisadores:
A Educação Ambiental viabiliza a existência de um sistema de livre acesso à
informação ambiental, útil para o exercício da cidadania plena, sem, contdo, perder sua
função principal: formar cidadãos planetários, capazes de compreender que a Terra é
um ‘ser’ único e que agir humano fundamenta-se na ética, sendo pautado no respeito,
na cooperação e no amor do homem em relação ao meio ambiente e em relação a si
próprio (SANTOS; JAPIASSÚ, 2009, p. 18).
Nesse sentido, de acordo com Magalhães Júnior, Tomasik e Carvalho (2016) a Educação
Ambiental consiste no elo necessário e fundamental para que o homem consciente de suas ações
possa viver e sobreviver no Planeta Terra, de forma que possa garantir a preservação dos
recursos naturais para as futuras gerações.
De acordo com Sobral (2014), A Educação deve buscar hoje entender o educando como
um agente de transformação social, inserido em uma realidade interligada de relações, como
uma rede com conexões infindáveis entre si e que, se formam no processo construtivo da ação
do indivíduo junto à sua coletividade. A ação educativa, através do processo de ensino e
aprendizagem, deve considerar os estudantes como partes integrantes da natureza e a
realidade ambiental que vivemos como um espaço de reflexão e de ação.
Silva (2016) ressalta que a Educação Ambiental surge, então, como um esforço
pedagógico de articular conhecimentos, metodologias e práticas ditadas pelo paradigma da
sustentabilidade. Ela pode ser vista como a estratégia inicial para um novo conceito da visão
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homem-natureza ou crescimento aliado à preservação. Assim, de acordo com Puhl (2016),
busca-se no ambiente escolar tematizar a práxis social da Educação Ambiental na condição de
ação interpretativa e via compreensiva de acesso ao meio ambiente.
Dessa forma, o trabalho educacional é uma ferramenta essencial e necessária para
conscientizar e o mobilizar o homem, pois atualmente, muitos dos desequilíbrios ambientais
possuem relação com condutas humanas inadequadas, promovidas pelo uso inadequado dos
recursos naturais e principalmente a poluição. Assim, através das escolas poderemos mudar
hábitos e atitudes do ser humano, formando sujeitos com plena consciência ambiental.
Reigota (2002) enfatiza que a Educação Ambiental na escola está fundamentada na
perspectiva de transmissão ou construção de conhecimentos com base na ciência pós-moderna e
permite que essa prática se desenvolva pedagogicamente sob diferentes aspectos que se
complementem. A Educação Ambiental, de acordo com Barreto (2006), como instrumento de
intervenção, amplia a visão dos estudantes sobre o mundo e seus problemas e faz com que se
tornem indivíduos atuantes no meio em que vivem.
Segundo Vasconcellos (1997), a presença da Educação Ambiental nas práticas
educativas como uma reflexão sobre as relações dos seres entre si, do ser humano como ele
mesmo e do ser humano com seus semelhantes é condição imprescindível para o processo de
conscientização de formação de um cidadão atuante ocorra. Assim, na escola, a Educação
Ambiental está centrada na formação consciente voltada ao exercício da cidadania e na
formação de valores.
Conforme Rodrigues e Nascimento (2017) a Educação Ambiental surge como uma
estratégia para firmar as bases do conhecimento para uma nova racionalidade, capaz de fazer
frente aos desafios socioambientais oriundos do tipo de saber e de ciência adotados
pelo paradigma dominante. Assim, tem como responsabilidade a formação de estudantes para o
exercício da cidadania, rompendo com paradigmas da sociedade moderna, como a falta de
informação e conhecimento.
A Educação Ambiental e o Ensino de Biologia
De acordo com Quadros (2007), a temática ambiental fundamenta-se na realidade
inseparável do homem com o meio natural, pois ambos interagem e relacionam-se entre si.
Assim, a Educação Ambiental tem a função de conscientizar sobre a importância da
sustentabilidade do mundo em que vivemos, através da preservação ambiental. Nesse sentido,
Graciani (2003) afirma que:
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A degradação ambiental parte de uma relação deturpada e descomprometida, onde o
homem parte da premissa de usar o meio ambiente para seu conforto e bem-estar, sem
estar preparado adequadamente para interagir com o meio sem alterá-lo, degradá-lo, ou
extremista, destruí-lo, que produz esgotamento dos recursos naturais e exploração do
homem pelo homem (p. 7).
O mesmo autor relata que a Educação Ambiental tem um importante papel na gestão
participativa do cidadão no que diz respeito à preservação dos recursos naturais, devendo ser
necessario uma relação consciente com a natureza, e cita:
Será por meio de uma consciência do nosso papel de cidadãos comprometidos com a
preservação da natureza e de seus recursos que estaremos adotando uma postura ética,
filosófica e ecológica rumo a cidadania planetária e a melhor qualidade de vida para
todos (GRACIANI, 2003, p. 38).
A função primordial da educação ambiental é de colaborar no desenvolvimento de uma
consciência ambiental, procurando soluções para os problemas ambientais e ferramentas
necessárias. De acordo com Gouvêa (2006), o principal papel da escola é dotar as pessoas de
condições teóricas e práticas para que elas utilizem, transformem e compreendam o mundo da
forma mais responsável possível.
Nesse sentido, Rodrigues (2008) descreve que os conteúdos curriculares são as grandes
alavancas desse processo, pois além dos conteúdos conceituais (saber sobre), o currículo é
formado pelos conteúdos procedimentais (saber fazer) e os atitudinais (o ser) e a partir dessas
três dimensões é que o professor deve nortear a sua prática.
Como prática pedagógica, a Educação Ambiental está relacionada ao desenvolvimento
de uma educação cidadã, que de acordo com Jacobi (2005), deverá ser de forma responsável,
crítica e participativa, onde cada sujeito aprende com conhecimentos científicos, possibilitando a
tomada de decisões transformadoras a partir do meio ambiente natural ou construído no qual as
pessoas se inserem. Sato e Medeiros (2010) destacam que unindo a escola com práticas
pedagógicas, a Educação Ambiental avança na construção de uma cidadania responsável,
estimulando interações justas entre os seres humanos e os demais seres que habitam o planeta,
para a construção de um presente e um futuro sustentável, sadio e socialmente justo. Podemos
dizer que isso é a base para um desenvolvimento que caminhe com a sustentabilidade, ou seja, o
uso dos recursos ambientais de maneira consciente.
Um planejamento participativo de uma prática pedagógica torna-se uma ferramenta
essencial no ensino da Educação Ambiental comprometida com a transformação da sociedade
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para um mundo consciente ambientalmente. É imprescindível um planejamento como uma ação
pedagógica essencial na formação do cidadão, para que o educando possa conhecer o mundo nos
seus aspectos biológicos e também sociais, tendo assim a possibilidade de participar ativamente
no processo de construção de um mundo mais consciente.
Para a disseminação da Educação Ambiental como uma prática pedagógica no ensino, o
planejamento das ações deve ser essencialmente participativo, principalmente entre professores
e alunos. Alguns objetivos gerais permeiam o planejamento participativo para a Educação
Ambiental, sendo:
- A ação de planejar implica a participação ativa de todos os elementos envolvidos no
processo de ensino;
- deve priorizar a busca de unidade entre a teoria e a prática;
- o planejamento deve partir da realidade concreta (aluno, escola, contexto social...);
- deve estar voltado para atingir o fim mais amplo da educação (LOPES, 1990, p. 20).
Esses objetivos devem ser alcançados no desenvolvimento de atividades pedagógicas
envolvendo a Educação Ambiental. Diante disso, é possível compreender que as ações em uma
prática pedagógica são resultados de um planejamento a partir do diagnóstico de uma realidade
local, que por sua vez é parte de uma realidade de um universo global. É imprescindível o
conhecimento dos problemas ambientais da nossa comunidade, para que as atividades,
planejadas, obtenham resultados satisfatórios.
Demonstra-se assim, a necessidade de se perceber a especificidade de cada meio, assim
como a vinculação entre o local e o global, dividindo o planejamento pedagógico em Educação
Ambiental em três etapas: diagnóstico, plano de ação e execução (GUIMARÃES, 2013).
Para o ensino de Biologia, um planejamento que obtenha êxito em todas as suas etapas
terá como resultado uma participação efetiva na aprendizagem dos conteúdos curriculares
propostos para a disciplina. Assim, criam-se procedimentos que possibilitam aos educando um
olhar mais crítico através da construção de novas formas de aprender e conhecer, obtendo-se por
fim a sensibilização e conscientização entre ele e todo o processo de ensino.
Torna-se evidente a relação dos conhecimentos biológicos com a realidade ambiental no
nosso planeta. Nesse sentido, Araújo e Bizzo (2005) assinalam a importância do conhecimento
na formação da consciência ambiental:
Acredita-se que é através do conhecimento que o indivíduo consciente muda sua forma
de se relacionar com o meio, de maneira a conservar os bens naturais para as gerações
futuras e a transformar os construtos ambientais, historicamente elaborados pelo
homem em uma sociedade mais justa (ARAÚJO; BIZZO, 2005, p. 01).
13 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Cabe ao ensino de Biologia ensinar a essência da vida, desde seres unicelulares até os mais
complexos seres vivos, ou até mesmo dos acelulares como o vírus, desde vegetais até animais com suas
diversidades físicas, químicas e biológicas no ambiente que irá compor os fundamentos de ecologia,
conservação e preservação ambiental. Assim, o ensino de Biologia, objetiva que, além de o aluno
compreender os conceitos básicos da disciplina, seja capaz de pensar independentemente,
adquirir e avaliar informações, aplicando seus conhecimentos na vida diária (KRASILCHIK,
2008, p. 89).
Araújo e França (2013) ressaltam que o ensino de Biologia comprometida com a
realidade socioambiental constitui prática social que requer um conjunto de ações intencionais
em prol da sustentabilidade e uma de suas finalidades é contribuir para a humanização e
emancipação do homem e para a formação de cidadãos críticos. De acordo com Magalhães
Júnior e Tomanik (2013), as representações sociais devem incluir os estudantes como
pertencentes ao meio ambiente, evidenciando os elementos naturais do ambiente local,
indicando uma necessária formação continuada.
Os PCNs (BRASIL, 1999) trazem importantes estratégias da Biologia:
[...] o conhecimento de Biologia promove o julgamento de questões polêmicas, que
dizem respeito ao desenvolvimento, ao aproveitamento de recursos naturais e à
utilização de tecnologias que implicam intensa intervenção humana no ambiente, cuja
avaliação leva em conta a dinâmica dos ecossistemas, dos organismos, enfim, o modo
como a natureza se comporta e a vida se processa. (BRASIL, 1997, p. 14).
Nessa perspectiva, não basta apenas o professor ensinar o conteúdo de Biologia na sala
de aula, é fundamental priorizar a formação do cidadão atuante e crítico na sociedade. Com isso,
ressaltamos a característica do professor reflexivo, aquele que deve orientar o aluno na
redescoberta do conhecimento e na aplicação no seu cotidiano.
A Educação Ambiental precisa ser entendida como aliada do currículo escolar na busca
de um conhecimento integrado que supere a fragmentação tendo em vista o conhecimento
emancipação (NARCIZO, 2009, p. 91). Assim, o ensino de Biologia aliado a Educação
Ambiental objetiva o desenvolvimento do ser humano consciente em relação ao meio ambiente
e suas fragilidades, provocando o entendimento de preservação da natureza para as futuras
gerações.
Krasilchik (2008) destaca que o ensino de Biologia objetiva que, além de o aluno
compreender os conceitos básicos das disciplinas, seja capaz de pensar independentemente,
adquirir e avaliar informações, aplicando seus conhecimentos na vida diária e nas aulas, os
alunos têm contato com a informação teórica, muitas vezes, não relacionando com situações
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cotidianas ou práticas. A Educação Ambiental torna o educando capaz de compreender o mundo
em que vive, aliando os seus aspectos biológicos com a sustentabilidade ambiental.
Através dos conhecimentos biológicos relacionados à questão ambiental propõem-se
mudanças de valores, propicia aos alunos a oportunidade de contribuir com a sociedade ao
mesmo tempo em que adquirem conhecimentos e habilidades (ASSIS; CHAVES, 2014, p. 55).
Possibilitando pensar em alternativas em busca de soluções para os problemas ambientais e
contribuir de forma efetiva na manutenção e preservação dos seres vivos e dos recursos naturais
para as futuras gerações de forma global.
Neste contexto, a relação da Educação Ambiental e o ensino de Biologia têm como
finalidade a transformação de atitudes e de decisões acerca dos problemas ambientais, sociais e
políticos. De acordo com Martins e Oliveira (2015), a Educação Ambiental se constitui como
uma perspectiva para a superação dos problemas ambientais e sociais que norteiam
a sociedade contemporânea, como as ameaças à biodiversidade. Assim, Thiemann (2013) indica
a formação do estudante como parte constituinte da biodiversidade.
O ensino de Biologia e a Educação Ambiental estão inseridos em um processo de
transformação e construção de uma sociedade consciente ambientalmente e sustentável,
resultando assim em uma disciplina que permite compreender a natureza e a interação entre os
seres vivos. Assim, podemos utilizar os conhecimentos biológicos para compreender de forma
mais efetiva e sustentável as relações entre os seres humanos e a natureza, compreendendo o a
forma de equilíbrio do meio ambiente.
Conclusão
A Educação Ambiental é um constante processo de construção de conhecimentos e de
compreensão da relação dos seres humanos com a natureza, decorrente principalmente de
práticas pedagógicas e educacionais que buscam respostas e soluções para a problemática
ambiental. Assim, como prática pedagógica no ensino de Biologia tem como bases de estudos a
preservação do meio ambiente, a conscientização ambiental e o desenvolvimento sustentável,
formando um cidadão que faz parte do meio ambiente e por isso deve despertar o compromisso,
o respeito e o cuidado com a natureza. O ensino de Biologia, de um modo geral, foca a ação dos
seres vivos no meio ambiente.
O ensino de Biologia e a Educação Ambiental estão inseridas em um processo de
transformação e construção de uma sociedade consciente ambientalmente e sustentável,
15 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
resultando assim em uma disciplina que permite compreender a natureza e a interação entre os
seres vivos. Assim, podemos utilizar os conhecimentos biológicos para compreender de forma
mais efetiva e sustentável as relações entre os seres humanos e a natureza, compreendendo o a
forma de equilíbrio do meio ambiente.
REFERÊNCIAS
ARAUJO, M. I. O.; BIZZO, N. O discurso da sustentabilidade, educação ambiental e a
formação de professores de Biologia. Enseñanza de Las Ciencias. 2005.
ARAÚJO, M. L. F.; FRANÇA, T. L. de. Concepções de Educação Ambiental de professores de
biologia em formação nas universidades públicas federais do Recife. Educar em Revista,
Curitiba, n. 50, p. 237-252, out./nov. 2013.
ASSIS, A. R. S.; CHAVES, M. R. A educação ambiental e o ensino de biologia para a prática
social. Espaço em Revista, v. 16, n. 1. jan./jul. 2014.
BORGES, A. L. M.; SARAIVA JÚNIOR, J. C. A educação ambiental no âmbito escolar: um
estudo em uma escola municipal de Sítio Novo (RN). Revista Brasileira de Educação
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CONTROLE INTERNO NOS SALÕES DE BELEZA
A PERCEPÇÃO DOS PEQUENOS EMPRESÁRIOS DO MUNICÍPIO DE JUAZEIRO
DA BAHIA SOBRE A ADOÇÃO DAS PRÁTICAS DE FERRAMENTAS DE GESTÃO
Adriana Fernandes de Menezes¹
Marília Ramila da Silva Santos ²
João Eudes de Souza Calado ³
Resumo
O artigo em tela teve por objetivo identificar o uso do controle interno como ferramenta de
gestão nos salões de beleza no município de Juazeiro na Bahia. Para tanto, foi realizada pesquisa
exploratória-descritiva, com abordagem predominantemente quantitativa, através da aplicação
de questionário aos gestores, com questões para identificar o perfil dos profissionais e das
entidades, e questões estruturadas na escala likert de cinco pontos, para analisar variáveis
relacionadas à utilização do controle interno nos estabelecimentos. Nos resultados da amostra de
40 salões de beleza, observou-se que 83% dos profissionais têm idade acima dos 30 anos, 93%
possuem apenas o ensino médio, 82% atuam a mais de cinco anos no mercado e 95% faturam
até 5 mil reais por mês. Os estabelecimentos em 88% dos casos empregam apenas 1 funcionário
e em 60%, o proprietário é quem gerencia, atua e controla a atividade. Adicionalmente,
verificou-se que 92% dos gestores não têm orientação de profissionais contadores e apenas 33%
se capacitaram acerca dos mecanismos de controle. Por outro lado, a maioria dos profissionais
reconhecem os riscos inerentes ao futuro do negócio pela ausência de práticas voltadas para o
controle interno, assim como, destacam a falta de tempo para executarem as tarefas necessárias
a esse controle. Constatou-se que os contabilistas distam dos pequenos empresários nesse ramo
de atividade, onde se recomenda como pesquisas futuras, identificar os motivos pela ausência
desses profissionais na assistência a essa parcela significativa de empresas.
Palavras-chave: Gestão Empresarial, Controle Interno. Empresas de Pequeno Porte. Salão de
Beleza.
1. INTRODUÇÃO
No Brasil os empreendedores têm sido os grandes responsáveis pelo desenvolvimento
econômico e crescimento do país, entretanto, muitos dos negócios são motivados mais pela
necessidade do que oportunidade, onde as ferramentas de gestão são desconhecidas ou não
utilizadas (LUCENA, ARAUJO e SANTOS, 2009).
O conhecimento das ferramentas de gestão, o uso e suas atribuições não são assuntos
novos, desde muito tempo as empresas tem sentido a necessidade na realização de alguns
controles internos nas instituições por este, está intimamente relacionados com o sucesso ou
fracasso das empresas. O controle interno é qualquer ação tomada pela administração, que visa
permitir a maior probabilidade de que os objetivos e as metas da empresa sejam alcançados
(ARAÚJO, 2015).
19 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Segundo Soares e Yamaguchi (2013), os salões de beleza seguem a mesma tendência
mundial dos outros setores que busca a competitividade, desta forma, buscam estratégias para
uma eficiente da gestão.
Contudo, um dos maiores problemas para a gestão dos pequenos empreendimentos é o
desconhecimento de ferramentas de gestão e culturalmente a descrença no planejamento, onde o
empreendedor prefere aprender com os erros a se planejar previamente (LUCENA, ARAUJO e
SANTOS, 2009).
Desse modo, a presente pesquisa pretende responder ao seguinte questionamento: Qual
a percepção dos gestores sobre as práticas de gestão de controle interno, nos salões de
beleza no município de juazeiro-BA?
O objetivo é identificar a adoção das práticas de controle interno nos salões de beleza
do município de juazeiro, a partir da opinião dos gestores dessas empresas, verificadas através
da aplicação de questionário in loco nos estabelecimentos. A pesquisa se justifica pela
importância das práticas de controle interno para o sucesso dos empreendimentos.
A pesquisa está estruturada da seguinte maneira: além desta introdução, o capítulo 2
apresenta o referencial teórico em torno das práticas de gestão do controle interno nas pequenas
empresas, mais especificamente nos salões de beleza. No capítulo 3 é abordada a metodologia
utilizada no trabalho. No capítulo 4 são realizadas as análises e discussões dos resultados, e por
fim, são apresentadas as considerações finais, limitações e recomendações de estudos futuros.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 GESTÃO EMPRESARIAL
A gestão empresarial é a atividade aplicada por diferentes indivíduos especializados,
tais como: diretores institucionais, consultores, produtores, gerentes, entre outros, buscando
melhorar a produtividade e a competitividade das empresas ou dos negócios. Para que a gestão
seja considerada ideal e alcance bons resultados, ela deve corrigir os problemas que possam
afetar diretamente o sucesso das empresas (CARDOSO JUNIOR, 2003).
Segundo Ferreira Neto (2002), gerenciar é conduzir uma atividade ou um departamento
com determinação para tomar decisão diante de situações, problemas ou oportunidades,
exercendo funções administrativas. A gestão empresarial é um mecanismo de excelência que
20 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
auxilia o gestor para tomar decisões com o intuito de melhorar os resultados das empresas
(OLIVEIRA 2001).
Sacconi (2010) destaca a ferramenta de gestão como uma forma de valorizar o
relacionamento de uma empresa com seus funcionários, promovendo a satisfação pessoal, assim
como, com os demais colaboradores, a exemplo dos clientes, que em contrapartida poderá
promover o aumento da lucratividade.
Para uma gestão eficiente, os gestores necessitam implementar alguns controles
internos, indispensáveis na manutenção das atividades desempenhadas nas empresas (BORDIN
e SARAIVA, 2005). Segundo Lima e Imoniana (2008) a experiência e a escolaridade dos
gestores podem favorecer um melhor entendimento desses instrumentos e de sua utilidade no
processo de tomada de decisão.
2.2 CONTROLE INTERNO
Boynton et al. (2002, p.113) destaca o Controle Interno como os processos desenhados
para fornecer segurança razoável quanto à consecução de objetivos das entidades nas seguintes
categorias:
a) confiabilidade de informações financeiras;
b) obediência às leis e regulamentos aplicáveis;
c) eficácia e eficiência de operações.
Neste sentido, o conhecimento de todos os processos, operações, funções, sistemas e
atividades da entidade que integram a visão geral do controle interno é de extrema relevância
para os profissionais da entidade (GARCIA, KINZLER e ROJO, 2014).
Os objetivos básicos do Controle Interno segundo Attie (2010, p.155) são quatro:
“salvaguardar os interesses das empresas; a precisão e confiabilidade de informes e relatórios
contábeis, financeiros e operacionais; estímulo à eficiência operacional e; a aderência às
políticas existentes”.
21 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Para Faria et al. (2014) o acompanhamento dessas informações permitem ao gestor
conhecer a real situação da entidade em seus diversos setores: financeiro, patrimonial e
econômico, se mostrando um instrumento eficaz no alcance dos objetivos da empresa.
A importância desses controles está nos suporte aos gestores para uso das informações
no processo de tomada de decisão, facilitando a identificação de erros ou irregularidades, e
assim minimizar os impactos dessas irregularidades com a correção em tempo hábil.
2.3 PEQUENAS EMPRESAS
Segundo Faria et al. (2014) o controle interno como ferramenta de gestão contribui
para que as pequenas empresas possam conseguir alcançar objetivos e se manterem ativas e
produtivas.
A lei complementar nº 123/2006 estabelece em seu art. 3º os parâmetros para
caracterização das empresas como Micro Empresa e Empresa de Pequeno Porte e no art. 18-A
parágrafo 1º o Micro Empreendedor Individual - MEI.
No caso das Micro Empresas, são consideradas aquelas que aufiram em cada ano-
calendário receita bruta igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais)
(BRASIL, 2006). As Empresas de Pequeno Porte são aquelas que aufiram receita bruta anual
superior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e inferior a 4.800.000,00 (quatro
milhões e oitocentos mil reais), redação dada pela Lei Complementar 155/2016 com efeitos a
partir de 01/01/2018 (BRASIL, 2016).
Considera-se Micro Empreendedor Individual o empresário que tenha auferido receita
bruta anual, no ano calendário anterior, de até R$ 81.000,00, redação dada pela Lei
Complementar 155/2016 com efeitos a partir de 01/01/2018 (BRASIL, 2016).
Através de dados colhidos no site da Receita Federal, as pequenas empresas na área de
salão de beleza, especificamente em serviços de corte de cabelos em Juazeiro da Bahia, que
estão ativas hoje no mercado pelo Simples Nacional, até a data de 03/12/2016 são de 455
empresas, ou seja 45,5% se enquadram no estatuto da MPE (RECEITA FEDERAL,2016).
Embora para a maioria dos profissionais de contabilidade o controle interno seja
importante para um melhor gerenciamento das pequenas empresas, os profissionais reconhecem
22 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
que a maior parte das empresas não utilizam informações geradas pela contabilidade (FARIA et.
al. 2014).
2.4 SALÃO DE BELEZA
Salões de beleza é o ramo de atividade que tem como prioridade a prestação de serviços
direcionada a saúde e beleza dos cabelos, incluindo-se ainda a venda de alguns produtos com
intuito de promover o bem estar dos clientes (CAPILLÉ JÚNIOR, 2011).
Segundo Oliveira (2011) o empreendimento em estabelecimentos de beleza e estética
vale a pena porque as vantagens são positivas e satisfatórias com oportunidades de crescimento
e expansão do negócio.
Diante das tendências e princípios de beleza, tem se destacado não somente a busca
pela perfeição e valorização do corpo, mas também dos cabelos, sendo assim, o crescimento
nesse setor é considerável (NORONHA; OLIVEIRA; LEITE, 2006). Campos (2012) observou
que as clientes de salões de beleza prezam pela qualidade dos serviços e estão dispostas a
investirem mais recursos para ficarem bonitas e elevarem a autoestima.
Por outro lado, Bast (2016) destaca que os salões de beleza no Brasil se multiplicaram
numa época de sequente crescimento da economia, porém, mesmo em tempos de crise, surgem
novos salões, o que é arriscado para o empreendedor.
O estudo de Farias et al. (2014) apontou que a percepção dos profissionais de
contabilidade acerca do controle interno em empresa de pequeno porte por eles assistidas não é
suficiente para assegurar a aceitação dessa ferramenta pelos gestores, atribuída principalmente
pela falta de conhecimento. Neste sentido, o conhecimento empreendedor e experiências
vivenciadas são importantes para o melhor desempenho dos negócios (DIAS e MARTENS,
2014).
Pelo exposto, percebe-se que somente abrir o empreendimento não e suficiente, é
preciso ter noções básicas de mercado, conhecer os concorrentes e tentar se diferenciar dos
demais em momentos de crise, levando em consideração que a frequência nos salões possa ter
sido reduzida diante da situação econômica do país.
23 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
2.5 CONTROLE INTERNO NOS SALÕES DE BELEZA
A pesquisa de Lucena, Araújo e Santos (2009) verificou o perfil empreendedor dos
cabeleireiros e descobriu que os profissionais iniciam o negócio por apresentarem alguma
experiência na área e que capacitação em cursos de controle contábil e financeiro os auxiliam na
gestão e tomada de decisão.
Segundo Callado, Miranda e Callado (2003) a gestão de custos, por exemplo, permite
um maior suporte para gerir valores o mais próximos da realidade, proporcionando uma
avaliação mais confiável dos recursos. Outra utilidade desse controle se dá na separação dos
custos diretos dos indiretos, bem como da mão de obra direta das indiretas (SOARES E
YAMAGUCHI, 2013).
O controle dos estoques também é uma necessidade dentro dos salões, permite
assegurar a observação dos produtos que giram mais, seja nas vendas ou no consumo, avaliando
desse modo, os itens que apresentam maior lucratividade (DIAS, 2010).
Deste modo, é essencial que o empreendedor busque orientação do profissional
contador, pois a tomada de decisões acerca de impostos, recursos financeiros, preços dos
produtos e serviços, entre outros, requer informações ofertadas pela contabilidade (LUCENA,
ARAÚJO e SANTOS, 2009).
Como se observa o empreendimento no setor de salões envolve diversas ferramentas de
gestão voltadas para o controle interno, assim, o gestor precisar conhecer essas ferramentas e
reduzir riscos que podem comprometer a continuidade dos negócios. O empreendedor
cabeleireiro precisa se capacitar sobre noções básicas de fluxos financeiros, custos, estoques,
saber das normas que regem o seu negócio, entre outros.
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa em relação aos objetivos pode ser caracterizada como de natureza
exploratória-descritiva, com abordagem predominantemente quantitativa.
A pesquisa descritiva segundo Diehl (2004) é aquela cujo principal objetivo é descrever
características de determinada população ou fenômeno. Em relação à abordagem quantitativa
por considerar o emprego de recursos ou técnicas estatísticas como percentagem, média, entre
outros (RODRIGUES, 2006). Por outro lado, considerando a relação dinâmica entre a
24 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
subjetividade dos sujeitos da pesquisa e o mundo real não traduzido em números, conferem ao
estudo também a abordagem qualitativa (SILVA e MENEZES, 2001).
Inicialmente, realizou-se a obtenção de informações através de materiais já elaborados
em livros, artigos, matérias jornalísticas, entre outros, sendo possível classificar a pesquisa como
bibliográfica (DIEHL e TATIM, 2004). Ao mesmo tempo, da pesquisa bibliográfica, foi
realizada o levantamento de dados junto aos proprietários dos salões. Esse levantamento permite
a exposição numérica de opiniões de uma população, estudando parte dessa população
(CRESWELL, 2010).
O universo pesquisado são os profissionais proprietários de salões de beleza no
município de juazeiro na Bahia. A amostra selecionada, não probabilística, foi composta por 40
(quarenta) respondentes. Segundo dados da Receita Federal do Brasil (2016), são 455 empresas
registradas com CNAE (CÓDIGO NACIONAL DE ATIVIDADE ECONÔMICA) 9602-5/01
no município de Juazeiro (RECEITA FEDERAL DO BRASIL, 2016).
A técnica para coleta das informações levantadas foi o questionário. É uma técnica de
interrogação muito utilizada, assim como, as entrevistas e formulários (GIL, 2002).
Para responder à questão de pesquisa foram entregues in loco questionários aos
proprietários dos salões durante o mês de novembro de 2016.
O questionário foi dividido em duas partes, onde a primeira, composta de 10 questões
para identificar o perfil dos respondentes e das empresas; e a segunda com 11 questões objetivas
e respostas estruturadas em escala Likert (1932) de cinco pontos fixos, de respostas que vão de
“concordo totalmente” a “discordo totalmente”, para variáveis relacionadas ao controle interno.
Na avaliação dos resultados foi realizada uma análise da frequência média das
atribuições abordadas no questionário, como: controle nos custos, estoques, sistemas
monitoramento, assistência informacional, capacitação, riscos da atividade, entre outras.
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DE DADOS
4.1 Perfil dos Respondentes e das empresas
As Tabelas de 1 a 10 apresentam informações relacionadas ao perfil dos gestores e
também informações das empresas.
A Tabela 1 demonstra que 90% dos Salões de Beleza de Juazeiro são geridos por
mulheres.
25 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 01: Respondentes por gênero
Masculino Feminino Total
Frequência 4 36 40
% 10% 90% 100%
Dados da pesquisa (2016)
A faixa etária dos gestores é demonstrada na Tabela 2, onde observou-se que 83% dos
respondentes têm idade acima do 30 anos.
Tabela 02: Faixa etária dos respondentes
Anos Frequência %
Até 20 0 0%
21 a 25 0 0%
26 a 30 7 18%
31 a 35 17 42%
36 a 40 16 40%
41 a 45 0 0%
46 a 50 0 0%
Acima de 51 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Em relação à formação acadêmica, notou-se que a grande maioria, 93% dos gestores
dos salões apresenta apenas o Ensino Médio como formação. Os 3% restantes informaram
possuir Graduação.
Tabela 03: Formação Acadêmica dos respondentes
Ensino Médio Graduação Especialista Mestrado Doutorado Outros Total
Frequência 37 3 0 0 0 0 40
% 93% 7% 0% 0% 0% 0% 100%
Dados da pesquisa (2016)
A tabela 4 apresenta o tempo de atuação no mercado informada pelos respondentes,
como apresentado, observa-se que a maior parte dos salões atua há mais de cinco anos,
representados por 82%, até cinco anos são 18% das empresas.
Tabela 04: Tempo de atuação no mercado
Anos Frequência %
Até 05 7 18%
05 a 10 19 48%
10 a 15 9 22%
15 a 20 5 12%
Mais de 20 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
26 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Na Tabela 5, foi observado que 95% das pequenas, provavelmente MEI, micro
empreendedores individuais, considerando que o faturamento mensal é de até R$ 5.000,00.
Tabela 05: faturamento mensal
Faturamento R$ %
Até 5.000 38 95%
Entre 5.001 e 10.000 2 5%
Entre 10.001 e 15.000 0 0%
Entre 15.001 e 20.000 0 0%
“Acima” de 20.000 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
A quantidade de funcionários está apresentada na Tabela 6, onde 88% dos negócios
empregam apenas 1 (um) funcionário. O número “máxima” de funcionários empregados é de 2
(dois) apenas, em que 13% dos gestores optaram por essa resposta.
Tabela 06: quantidade de funcionários
Quantidade Frequência %
1 35 87%
2 5 13%
3 0 0%
4 0 0%
5 ou mais 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Na questão 7 do questionário aplicado, foi perguntado sobre as atribuições dos gestores
dos salões. Como apresentado nos resultados, percebeu-se que 60% dos respondentes disseram
que além de gerenciar, atuam e também executam controles, os 40% restantes disseram apenas
gerenciar e atuar, não realizando a prática de controle.
Tabela 07: Atribuições dos proprietários:
Atribuição Frequência %
Apenas gerencia 0 0%
Apenas atua 0 0%
Apenas controla 0 0%
Gerencia e atua 16 40%
Gerencia, atua e controla 24 60%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
27 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Os gestores responderam na questão 8 que a contabilidade dos salões é realizada por
eles próprios em 93% dos estabelecimento. Apenas 7% disseram que a contabilidade é por
profissionais da área.
Tabela 08: A contabilidade do salão
Atribuição Frequência %
Não é realizada 0 0%
Realizada pelo proprietário 37 93%
Realizada pelos funcionários 0 0%
Realizada pelo contador interno 3 7%
Pelo contador no escritório de contabilidade 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
O horário de funcionamento dos estabelecimentos para a maioria dos respondentes foi
informado na Tabela 9, onde 60% dos salões funcionam em horário comercial de segunda a
sábado, seguido pelo horário comercial de segunda às sextas-feiras e especial ao sábado com
28%.
Tabela 09: Horário de Funcionamento
Atribuição
Quantidade %
Horário comercial de segunda a sexta 2 5%
Horário comercial de segunda a sábado 24 60%
Horário comercial de segunda a sexta e especial ao sábado 11 28%
Horário comercial durante a semana e especial nos sábados e domingos 3 7%
Outro 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
A Tabela 10 apresentou a localização dos estabelecimentos. A metade, 50%, está
localizados em bairros periféricos, seguido por 40% localizado no centro da cidade, enquanto
10% estão em galerias, porém, não especificando onde estão localizadas essas galerias.
Tabela 10: área de atuação
Locais Quantidade %
Centro 16 40%
Bairros periféricos 20 50%
Galerias 4 10%
Shopping 0 0%
Outros 0 0%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
28 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
4. 2 Análise das práticas de adoção do Controle Interno
Na sequência das Tabelas de 11 a 21 estão reportadas as questões relacionadas às
praticas do uso do controle interno nas empresas.
Na Tabela 11 notou-se que 63% dos gestores discordaram que todos conhecem o
controle interno, que realizam capacitação e aplicam os mecanismos. Enquanto 32%
concordaram conhecer, que se capacitaram e aplicam os conhecimentos em seu negócio.
Tabela 11: Todos na empresa conhecem o controle interno, realizaram capacitação e aplicam
os mecanismos do controle interno
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 25 63%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 2 5%
Concordo parcialmente 0 0%
Concordo totalmente 13 32%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Em relação à relevância do Controle Interno para as empresas e de que sua implantação
superam os custos, os gestores foram indiferentes, pois 60% disseram nem discordar ou
concordar com a questão. Concordaram parcialmente 33%, e apenas 3% informou concordar
totalmente com a relevância do Controle Interno para as empresas conforme a Tabela 12.
Tabela 12: O controle interno é relevante para a empresa e os benefícios de sua
implantação
superam os custos
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 1 3%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 24 59%
Concordo parcialmente 13 33%
Concordo totalmente 2 5%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Na Tabela 13, foi observado que apenas 5% dos estabelecimentos utilizam sistemas
para controle de receitas e despesas. A maioria, 63% declararam não possuir sistema para
controle dos recursos.
29 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 13: A empresa realiza o controle das receitas e das despesas através de sistemas
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 25 62%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 13 33%
Concordo parcialmente 0 0%
Concordo totalmente 2 5%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
O controle dos estoques é realizado por 43% dos empreendimentos, 33% foram
indiferentes, e 26% discordam do uso dessa prática, como podem ser observada na Tabela 12.
Tabela 14: A empresa realiza o controle dos estoques dos produtos, entradas e
saídas
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 1 3%
Discordo parcialmente 9 22%
Nem discordo nem concordo 13 32%
Concordo parcialmente 12 30%
Concordo totalmente 5 13%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Enquanto mais da metade dos gestores demonstraram não se preocuparem com os
controles dos estoques, na Tabela 15 verificou-se que 72% concordam parcialmente com o
adequado armazenamento dos produtos utilizados na sua prestação de serviços. Já 28% disseram
concordar totalmente com a questão da armazenagem.
Tabela 15: A empresa armazena adequadamente os produtos
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 0 0%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 0 0%
Concordo parcialmente 29 72%
Concordo totalmente 11 28%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Na Tabela 16 que aborda o controle do fluxo de pessoas no estabelecimento, apenas
10% dos inqueridos disseram concordar totalmente com esse controle na circulação de pessoas,
48% foram indiferentes, e 15% declaram discordar totalmente que tenham essa atenção.
30 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 16: A empresa monitora o controle de entrada e saída de funcionários e clientes
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 6 15%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 19 47%
Concordo parcialmente 11 28%
Concordo totalmente 4 10%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Em relação aos programas de capacitação, 68%, ampla maioria dos respondentes,
disseram concordar totalmente que as questões voltadas para o Controle Interno não são
contempladas nas grades dos cursos sobre as atividades nos salões de beleza.
Tabela 17: Programas de capacitação não contemplam informações sobre controle
interno
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 0 0%
Discordo parcialmente 2 5%
Nem discordo nem concordo 1 3%
Concordo parcialmente 10 25%
Concordo totalmente 27 67%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Na Tabela 18, observou-se que apenas 5% dos gestores disseram concordar totalmente
com o alto custo para implantação de um sistema de controle interno. A maioria, 73% se
mostrou indiferente, provavelmente por desconhecerem os custos dessa ferramenta de gestão.
Tabela 18: implantar um sistema de controle interno é muito caro
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 0 0%
Discordo parcialmente 0 0%
Nem discordo nem concordo 29 72%
Concordo parcialmente 9 23%
Concordo totalmente 2 5%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
A Tabela 19 demostra que o proprietário do salão não tem tempo disponível para
desempenhar tarefas voltadas para o controle interno, considerando que 90% declararam
concordar totalmente com essa afirmativa. Isso implica em dizer que alguém conhecedor do
assunto, que não o proprietário, que atua no desempenho das atividades fins, deva realizar essa
função.
31 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 19: Os profissionais que atuam no ramo dos salões não tem tempo para
executar tarefas de controle interno
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 0 0%
Discordo parcialmente 1 2%
Nem discordo nem concordo 0 0%
Concordo parcialmente 3 8%
Concordo totalmente 36 90%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Como foi observado até aqui, a atenção dos proprietários, gestores, para o controle
interno nos salões de beleza parecem bem mínimas. Entretanto, como observado na Tabela 20,
os proprietários reconhecem que a ausência do controle interno implica em riscos para a sua
atividade. Apenas 3% entendem que a falta de controle não representa risco algum para o
negócio.
Tabela 20: Ausência do controle interno não apresentam riscos
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 26 65%
Discordo parcialmente 11 28%
Nem discordo nem concordo 2 5%
Concordo parcialmente 0 0%
Concordo totalmente 1 2%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
Por fim, a Tabela 21 mostrou que 92% dos donos de salões concordam de alguma
maneira que os contadores não oferecem serviços de orientação acerca dos controles.
Tabela 21: os profissionais de contabilidade não oferecem serviços de orientação
sobre controle interno
Atribuição Quantidade %
Discordo totalmente 0 0%
Discordo parcialmente 2 5%
Nem discordo nem concordo 1 2%
Concordo parcialmente 14 35%
Concordo totalmente 23 58%
Total 40 100%
Dados da pesquisa (2016)
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do estudo foi identificar a adoção de práticas de controle interno pelos
gestores nos salões de beleza do município de Juazeiro-BA. Após analisar os resultados, foi
possível identificar a necessidade de uma reformulação da maneira como os empreendedores
32 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
devem gerir as seus negócios. A utilização das práticas de gestão voltadas para o Controle
Interno seria muito relevante para organização ajudando no melhor desempenho da atividade
econômica, principalmente no que se refere ao controle de gastos (entradas e saídas).
Por outro lado, a limitação no quadro de pessoal dificulta a adoção das práticas de
controle interno, pois na grande maioria dos casos o proprietário é o gestor, e tem as atribuições
de gerenciar, atuar e controlar, o que poderá compromete o desempenho de alguma dessas
funções.
Notou-se que uma parcela significativa dos proprietários dos salões de beleza
reconhece a importância do controle interno e sabe dos riscos para o negócio com a ausência
desses controles, porém, muitos alegam não ter tempo para dedicar a essa prática. Os gestores
conhecem algumas ferramentas de controle, porém, não aplicam esse conhecimento por
acreditarem que não há tanta necessidade, apesar dos riscos.
A pesquisa identificou que a maioria dos empreendedores não recebe orientação dos
profissionais de contabilidade acerca do controle interno nos salões de beleza. Denotando a
necessidade do devido acompanhamento e orientação pelo profissional contador na elaboração
das informações a ser utilizadas nas tomadas de decisão pelos gestores. Deste modo, recomenda-
se para pesquisas futuras, identificar os motivos da desassistência pelos profissionais contadores
a essa parcela significativa de empreendedores.
O estudo apresenta como limitação o tamanho da amostra, representada por menos de
9% do total de empreendimentos ativos segundo a Receita Federal, e também por reportar
apenas a opinião de empreendedores individuais se considerarmos o faturamento informado
pelos respondentes. Assim, recomenda-se a ampliação da pesquisa e também a aplicação em
outros ramos de atividades para análises comparativas.
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aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1
o de maio de 1943, da Lei n
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no 123, de 14 de dezembro de 2006, para reorganizar e simplificar a metodologia de apuração
do imposto devido por optantes pelo Simples Nacional; altera as Leis nos
9.613, de 3 de março
de 1998, 12.512, de 14 de outubro de 2011, e 7.998, de 11 de janeiro de
1990; e revoga dispositivo da Lei no 8.212, de 24 de julho de 1991. Disponível em:<
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36 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
PANORAMA DO FOMENTO AO EMPREENDEDORISMO DAS MPE’S
NO MUNICÍPIO DE PETROLINA-PE
Andrielle Maria Cruz de Oliveira Lima¹
Erika Maria Jamir de Oliveira²
Resumo: As micro e pequenas empresas (MPE’s), tornaram-se o fenômeno dos últimos anos no
Brasil. Entretanto, poucas efetivamente agregam valor e expandem-se, elas estão à mercê de
investimentos ou direcionamento de soluções criativas. Por isso, as instituições de fomento
empreendedor devem estabelecer relações que colaborem com as MPE’s. Neste contexto,
buscou-se conhecer as ações dos órgãos de fomento atuantes no município de Petrolina-PE. A
pesquisa abordada foi de cunho descritivo e levantamento de dados, com viés qualitativo. Os
dados primários foram resultantes entrevistas orientada com funcionários do nível estratégico
dos órgãos de fomento e instrumentalizada por questionário padronizado, considerando o
número de quatro órgãos. Em relação aos resultados sobre políticas de fomento, constatou-se
que tais órgãos contribuem agindo sobre o crescimento, a expansão e o desenvolvimento de
soluções inovadoras e criativas ligadas às MPE’s.
Palavras-chave: MPE’s. Órgãos de fomento. Empreendedorismo.
Introdução
O atual cenário econômico, combinado com outras motivações, tem desestimulado os
investimentos em empresas com funcionamento complexo e gerado maior espaço para negócios
mais criativos, a exemplo das micro e pequenas empresas (MPE’s), que tem promovido
transformações no mercado (VIGUERANI, 2016, p. 14).
O crescimento de iniciativas empreendedoras é observado em muitos segmentos.
Atualmente no Brasil, segundo uma pesquisa do SEBRAE (2014), existem 17.470.213
empresas, dentre as quais 98% delas são representadas pelas MPE’s ativas, responsáveis por
70% da oferta dos empregos formais.
Apesar dessas oportunidades para a expansão dos negócios, muitos gestores não
conseguem levar adiante as atividades desenvolvidas pelos pequenos empreendimentos, não
progridem ou alcançam os resultados que deles naturalmente se esperam. Para Carvalho (2016),
o nível de complexidade das empresas, o ambiente de incerteza, mudanças no regime de
controle e a falta de melhor gerenciamento são alguns dos principais fatores responsáveis por
mortalidade dessas pequenas empresas.
Segundo dados do SEBRAE e do IBGE, em 2015, cerca de 65% das empresas de
pequeno porte encerraram atividades produtivas e oferta antes de completar cinco anos, e muitas
empresas são obrigadas a fechar as portas por ausência de parcerias e de ações colaborativas no
37 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
que concerne à pesquisa, desenvolvimento e inovação, além de capital para financiar as suas
atividades operacionais.
Nesse sentido, fundamenta-se a relevância do envolvimento do órgão de fomento ao
empreendedorismo na articulação do desenvolvimento das MPE’s, especialmente para
acompanhamento das políticas de parcerias estabelecidas. Justifica-se a escolha do tema pela
observação da aplicabilidade das políticas e ações estratégicas implementadas pelos órgãos de
fomento na realidade das micro e pequenas empresas, promovendo melhorias e alavancagens
nos resultados (GOMES, 2013, p. 12).
O município de Petrolina-PE, centro de micro empreendimentos que atuam em diversos
setores, é também o local onde os órgãos de fomento ao empreendedorismo estão cada vez mais
ganhando força e posicionamento, por isso compreender como essa articulação que se estabelece
é essencial para garantir políticas de estímulo e regulatórias.
Pelas características próprias, as pequenas empresas, por meio de atividade produtiva e
pautada na rentabilidade, retorno e promoção de políticas, são encaradas como grande
alternativa para alavancar os rumos do país, tendo em vista o seu papel determinante no que
tange ao progresso econômico do cenário em que se situam (SEBRAE, 2014).
A partir das considerações, delineou-se o problema de pesquisa: quais são as políticas e
atividades realizadas pelos órgãos voltadas para o fomento das MPE’s de Petrolina-PE? O
objetivo, com base em evidências encontradas para realização do estudo, é definir a relação
entre os órgãos de fomento ao empreendedorismo e as MPE’s (micro e pequenas empresas) de
Petrolina-PE, descrevendo os principais efeitos das políticas empreendedoras e os caminhos
para a consecução dos resultados.
A escolha do tema em questão é devido à relevância dos órgãos para o
desenvolvimento econômico no Vale do São Francisco. Ao mesmo tempo, este trabalho busca
determinar a importância das políticas públicas entre os órgãos de fomento e das micro e
pequenas empresas (MPE’s), traçando um perfil objetivo que destaca o papel dessas articulações
e, evidentemente, que reserva o caráter valoroso de seus resultados para embasamento de outros
trabalhos acadêmicos regidos pela mesma linha de pesquisa e atuação.
Conceito e relevância do empreendedorismo
O frágil regime econômico brasileiro tem representado uma ameaça às empresas que
diretamente dependem das condições de mercado para se desenvolverem, e ofertar produtos e
serviços aos consumidores. Entretanto, para muitas outras organizações, com alta capacidade de
38 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
inovação e de criatividade, o atual cenário tem gerado oportunidades significativas,
especialmente para aquelas cujos gestores estejam dispostos a assumirem maiores riscos para
expandir seus negócios (DORNELAS, 2012, p. 03).
O empreendedorismo, para Bezerra (2014, p. 07), é praticado por inúmeros gestores à
frente de negócios cada vez mais impactantes no mercado de consumo, com o potencial para
explorar lacunas produtivas e oferta deixadas por outras organizações. Atualmente, há
iniciativas empreendedoras no Brasil, classificadas em grandes e pequenos negócios, motivados
por um sonho e a observação e mensuração de uma oportunidade de mercado capaz de fazê-los
progredir.
Essas características peculiares determinam o sucesso das organizações e, sem dúvida,
definem políticas e expectativas estratégicas de empresas empreendedoras. De acordo com
Dornelas (2012, p. 28), empreendedorismo é a "relação entre pessoas e processos, onde os
mesmos transformam ideias em oportunidades".
Dornelas, ao conceituar o empreendedorismo, emprega a ideia de "destruição criativa",
criada por Schumpeter (1996, p. 61) isso significa que o gestor com o espírito empreendedor é
aquele que destrói ordem econômica com a oferta produtos e serviços revolucionários, criação
de novos modelos de organização ou exploração de novos recursos produtivos.
Para Viguerani (2016, p. 11), o sucesso de um empreendimento está intimamente
associado à ideia de que o empreendedor deve possuir a habilidade de enxergar, onde os outros
apenas enfatizam problemas, oportunidades de crescimento. O empreendedor é o que assume o
risco do negócio, apresentando modelos criativos, com potencial de suprir as expectativas dos
consumidores.
Segundo Bittencourt (2015, p. 05), o empreendedor, para enxergar possibilidades, deve
reconhecer a sua função social na cadeia produtiva e ser dotado de conhecimento amplo sobre a
gestão de negócios, deve também trabalhar de forma autônoma ou em equipe na apresentação de
soluções inovadoras para os problemas de mercado de consumo e, de uma maneira bem
dinâmica, as ideias empreendedoras têm experimentado crescimentos extraordinários, inclusive
no país.
Com a instituição do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e às Pequenas Empresas
(SEBRAE), órgão responsável por fomentar apoio e parceria nas áreas de pesquisa e de
assistência aos empreendedores, o Brasil tem experimentado um crescimento no número de
negócios inovadores.
Segundo a pesquisa realizada pelo SEBRAE (2014), a taxa de empreendedorismo no
país foi de 39,3% e aproximadamente 56% dos empreendedores estão criando ou já abriram uma
39 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
empresa a partir da identificação de oportunidades de mercado, resultados de alguma deficiência
observada na oferta de produtos ou serviços.
Micro e Pequenas Empresas (MPE’s)
De acordo com a Cartilha Institucional do SEBRAE (2014, p. 02-03), as micro e
pequenas empresas (MPE’s) são empreendimentos com relevância considerável, no país, na
determinação da força produtiva, tendo em vista seu relevante papel socioeconômico.
Conforme o indicativo do SEBRAE (2014, p. 05), as MPE’s já são definidas como as
principais geradoras de riqueza no comércio (53,4% do PIB deste setor). No PIB da indústria, a
sua participação (22,5%) já se aproxima das médias empresas (24,5%). Para o setor de oferta
dos serviços, pouco mais de um terço da produção (36,3%) têm origem nos pequenos negócios.
Lara (2015, p. 14) conceitua a micro e a pequena empresa, de um modo geral, como a
empresa com um menor potencial econômico, mas com capacidade para apresentar ao mercado
alternativas inovadoras através da oferta de produtos e serviços capazes de satisfazer
necessidades de consumo. O conceito legal é instituído pela Lei n° 7.256/84 e regulado pela Lei
n° 9.841/99, que, em seu teor, diz que:
Consideram-se microempresas o empresário individual ou a
pessoa jurídica que aufere uma renda brutal anual igual ou
inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil).
Consideram-se pequena empresa o empresário individual ou
pessoa jurídica que aufere a renda brutal anual superior a R$
240.000,00 (duzentos e quarenta mil) e igual ou inferior a R$
2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil).
Outro parâmetro para definir MPE’s, segundo SEBRAE (2014, p. 23), é o número de
pessoas ocupadas dentro da empresa, encontra-se na Tabela 01 abaixo.
Tabela 01: Critério de classificação do porte das empresas por pessoas ocupadas.
Porte Serviços e Comércio Indústria
Microempresa Até 9 pessoas ocupadas Até 19 pessoas ocupadas
Pequena Empresa 10 a 49 pessoas ocupadas 20 a 99 pessoas ocupadas
Média Empresa 50 a 99 pessoas ocupadas 100 a 499 pessoas ocupadas
Grande Empresa Acima de 100 pessoas ocupadas Acima de 500 pessoas ocup.
Fonte: SEBRAE (2014).
40 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Em Pernambuco, as MPE’s são bastante expressivas, participando da composição da
renda do estado, além de empregar muitas pessoas por meio de empregos formais. O SEBRAE
(2014) aponta que o estado conta com 11,7% das microempresas do país.
Em relação ao município de Petrolina-PE, conforme uma pesquisa informal realizada
do IBGE, no primeiro semestre de 2016, já é considerado 3° do estado em estatística de
formalização de MPE’s, com um número registrado de 1.384 empresas de pequeno porte
atuando nos diversos segmentos, demonstrando, assim, a sua relevância para a economia local.
Conforme discutido em tópico introdutório e fundamentando o posicionamento de
Maia (2016, p. 07), apesar da importância das MPE’s, muitas acabam não sobrevivendo por
muito tempo, em função de muitos fatores envolvidos, entre eles está a ausência de
investimentos, políticas públicas estratégicas e de parcerias.
Considerando esse desafio, os órgãos de fomento desempenham papel crucial para que
as microempresas e os pequenos empreendimentos possam se desenvolver de modo eficiente,
explorando com uma maior racionalidade os recursos produtivos à disposição e, com isso,
gerando resultados significativos para aquelas e a sociedade.
Órgãos de fomento ao empreendedorismo
Embora as microempresas gozem de oportunidades para apresentação de seu mix de
produtos ao mercado de consumo, buscando cada vez se desenvolver integralmente, ainda assim
é preciso estabelecer contatos e manter vínculos mais sólidos com institutos e órgãos cuja
atividade principal é não apenas nortear as ações desses empreendimentos, mas também buscar
firmar parcerias no sentido de implementar políticas que estimulem decisões mais lucrativas,
intervindo diretamente no processo organizacional.
Segundo Sarfati (2013, p. 09), as micro e pequenas empresas carecem de vínculos e
parcerias com órgãos de fomento (financeiro, assessoria, pesquisa, entre outros) para a
disseminação de conhecimento especializado, de investimentos e busca pela inovação; o autor,
endossando o posicionamento de Carvalho (2016, p. 13), que traz uma importante reflexão sobre
o papel dos órgãos de fomento ao empreendedorismo para as MPE’s e, ao mesmo tempo,
conceitua os segmentos em que eles atuam, produzindo nas organizações melhorias de modo
contínuo, criativo e investindo em programas específicos.
Após essas importantes elucidações, Sarfati (2013, p. 12) define órgão de fomento ao
empreendedorismo como os órgãos capazes de estimular ações inovadores dentro de
organizações, seja financiando ideias criativas, seja promovendo melhorias contínuas no
processo ou articulando políticas públicas consideradas valiosas para o desenvolvimento e
41 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
crescimento do negócio. Esses órgãos são de fundamental relevância para as MPE’s no que
tange à capacidade de expressão e fomento de iniciativas capazes de revolucionar o mercado de
consumo, mobilizando financiamento e investimento para a expansão.
No Brasil, o órgão que atua diretamente em destaque no segmento o SEBRAE, com
ampla abrangência nas políticas de apoio às MPE’s e assessoria em serviços específicos de
fomento ligados ao estímulo das iniciativas empreendedoras.
Órgãos de fomento ao empreendedorismo atuantes no município de Petrolina-PE
Segundo veiculado na mídia local, a cidade de Petrolina-PE também conta com a
presença de órgãos de fomento ao empreendedorismo das MPEs que se desenvolvem ou se
instalam na região, interferindo positivamente no crescimento econômico.
Entre esses órgãos está o Expresso Empreendedor, atuando como órgão com parcerias e
políticas públicas ligadas ao SEBRAE, à Junta Comercial de Pernambuco (JUCEPE) e à
Agência de Fomento de Pernambuco (AGEFEPE), ambos considerados órgãos que estimulam
as práticas empreendedoras no estado, inclusive no que tange à formalização de micro e de
pequenas empresas. Igualmente, atuando no mesmo segmento em prestar consultorias quanto a
ideias empreendedora, a Casa do Empreendedor também é um dos órgãos de fomento com
expressividade no município.
Por ser pólo de desenvolvimento de comércio e fruticultura irrigada, a cidade é também
grande centro onde atuam muitos empreendimentos e pequenas empresas especializada em todas
as áreas (LEITE, 2016, p. 23). Petrolina, segundo os dados do IBGE (2014), conta com 5.958
empresas atuantes, distribuídas em muitos segmentos de atuação. Esses dados indicam que o
mercado do município, com sua diversidade de oferta dos produtos e serviços, oferece amplo
leque de possibilidades para a inserção de negócios inovadores e com capacidade competitiva.
Segundo o site da Secretaria do Orçamento e Gestão do município de Petrolina (MOG,
2016), os órgãos de fomento atuantes na cidade, assim, não apenas prestam serviços de
consultorias empresariais como também estimulam práticas de empreendedores locais e da
região do Vale do São Francisco, inclusive destinando recursos para expansão e para melhoria
no desempenho das atividades operacionais das mesmas, entre elas a Agência Municipal do
Empreendedor (AGE).
A AGE foi inaugurada em 11 de junho de 2015 e atua com a oferta de serviços de
apoio a micro e aos pequenos empresários. O público da AGE é composto basicamente de
pequenos empreendedores que desejem ingressar no mercado ou os que já possuem
microempresas e tenham necessidade de investimento para incrementar negócio (MOG, 2016).
42 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Além da concessão de crédito, a AGE prevê a qualificação dos empreendedores, através de
parceria com o Sebrae, possibilitando que os empresários tenham uma visão ampla do negócio e
aspectos que garantam a sustentabilidade da empresa.
De acordo com os dados do MOG (2016), na cidade, são 191 empresas contempladas
com financiamento, com taxa de juros de 1% a.m., sendo que negócios formais ocupam 56%
liderando sobre empresas informais, com 44% de atuação no município. Os valores destinados
ao financiamento dos empreendimentos e MPE’s constam na Tabela 2 abaixo:
Tabela 02: Linhas de crédito ofertadas pela AGE, em Petrolina-PE.
Segmento Linhas de Crédito Tempo de Quitação
Popular Até R$ 2.000,00 8 meses
PLUS R$ 2.001,00 até 4.000,00 10 meses
Mega PLUS R$ 4.001,00 até 8.000,00 reais 10 meses
Fonte: Elaboração própria (2016).
É válido ressaltar que, para pleitear um financiamento na condição de Mega PLUS, o
empreendedor deverá ter um mínimo de 06 (seis) meses de experiência ou a atividade
comprovada no segmento, e apresentar certificado ou a comprovação de participação de curso
ou mini-curso de empreendedorismo do SEBRAE (AGE, 2016).
Políticas públicas de fomento ao empreendedorismo
Antes de ser enfatizada minuciosamente a validade das políticas públicas no fomento
ao empreendedorismo, é discutível levantar algumas questões fundamentais que motivam a
discussão. Segundo Sarfati (2013, p.17), os dois principais pontos que suscitam a ação e
fomento de políticas públicas são:
O papel do empreendedorismo no desenvolvimento econômico;
A necessidade e o escopo de políticas públicas.
O primeiro tópico, segundo posicionamento de Gomes (2013, p.12), compreende ações e
estratégias desenvolvidas pelas MPE’s, cujas implantações, provocam transformações no
mercado de consumo. Não obstante, o empreendedorismo é um fator determinante e motor do
desenvolvimento econômico, uma vez que suas atividades colaboram para que a desigualdade
social seja gradualmente amenizada, dado o grau de empregos formais e oportunidades que as
MPE’s oferecem, com índice de empregabilidade de 70% (formal) e participação no PIB,
43 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
segundo dados do SEBRAE (2014), na ordem de 27%, sendo que 40% representam o número de
salários pagos pelas MPE’s, no Brasil.
O ponto seguinte fundamenta a necessidade da aplicação das políticas públicas na ação
organizacional de MPE’s, tendo em vista que esses empreendimentos apresentam lacuna no que
tange a implementações de atividades com valor social. Para Viguerani (2016, p. 05), as práticas
empreendedoras por si mesmas não conseguem exercer impactos sobre a sociedade,
apresentando, então, uma carência de parcerias e ações colaborativas com os órgãos de fomento
e, consequentemente, a necessidade de se estabelecer articulações de desenvolvimento dos
negócios.
Para exemplificar e elucidar ainda mais os modelos de políticas públicas de fomento ao
empreendedorismo, Stevenson e Lundström (2007, p. 45) esboçaram um quadro com as
principais categorias, conforme a Tabela 03:
Tabela 03: Exemplos de políticas, segundo a categoria de classificação.
Categoria Exemplo de Política de
Empreendedorismo
Promoção de cultura
empreendedora
Patrocínio de programas de TV e campanhas publicitárias;
premiações nacionais e regionais; patrocínio de conferências,
congressos e eventos.
Educação para o
empreendedorismo
Divulgação e distribuição de materiais em escolas e
universidades; treinamento e orientação para professores;
estímulo à produção de casos de ensino e outros materiais
didáticos.
Redução de barreiras de
entrada
Dinamização do registro do processo de negócios; redução do
valor de taxas e impostos; revisão de legislação empresarial.
Financiamento Acesso facilitado a informações sobre fontes de financiamento;
programas de garantias de crédito; fundos de investimentos em
novos negócios.
Medidas de apoio e suporte
aos novos negócios
Programa de treinamento e orientação; auxílio na formação de
rede de contatos; criação de sites, softwares e aplicativos online
de auxílio e suporte
Enfoque em segmentos
específicos da população
Auxílio a grupos específicos, como jovens ou mulheres;
programas e premiações; treinamento, aconselhamento e
consultorias.
Fonte: Stevenson e Lundström (2007).
44 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tratando-se de políticas públicas direcionadas ao MPE’s, de acordo com Sarfati (2013,
p. 11), elas abrangem as ações que estimulam os empreendedores a exercerem todo seu
potencial criativo para produzir impactos sociais. Conforme Cerqueira (2014, p. 09), "com
relação a políticas públicas, recentemente programas e projetos vêm sendo criados e, de modo
geral, procuram incentivar o empreendedorismo, formalizar empreendedores que andam na
informalidade e dar suporte às ações empreendedoras".
As políticas públicas de fomento ao empreendedorismo, certamente, vão além de cada
estímulo a atividades empreendedoras, abrangendo também diversidade organizacional e as
diversas maneiras pelas quais as ideias contribuem positivamente para a melhoria e
desenvolvimento da sociedade. De fato, essas políticas públicas pautadas na expansão e
relevância dos negócios são guias orientadoras para consolidação de um ambiente onde as
MPE’s possam intervir diretamente, promovendo transformações significativas.
Estratégia Metodológica
O artigo foi desenvolvido utilizando a pesquisa descritiva, que, segundo Gil (2001, p.
46), envolve a obtenção dos dados sobre as pessoas, os lugares e processos interativos pelo
contato do pesquisador com a situação. Para Creswell (2010, p. 44), a pesquisa descritiva é
considerada o modelo ideal quando se está propondo realizar as descrições precisas da situação
e descobrir relações entre os elementos componentes da mesma.
Uma vez que a pesquisa busca apresentar a realidade em que se desenvolvem políticas
públicas de fomento ao empreendedorismo no ambiente das pequenas empresas, optou-se por
método de levantamento de informações. Segundo Marconi e Lakatos (2011, p. 78), o
levantamento é uma prática aplicada a uma realidade qualquer com finalidade de propiciar a
descoberta de um determinado contexto, seja social ou organizacional.
Este trabalho apresenta perspectiva qualitativa, com o viés quantitativo para algumas
categorias, reafirmando o posicionamento do método de levantamento do dado. Para Gil (2001,
p. 46), este é o modelo indicado para compreender os fenômenos e evento sobre o qual deseja se
conhecer a situação, sem a necessidade de procedimentos cujo resultado seja fruto de análises ou
emprego instrumental de estatística. Segundo Gil (2001, p. 85), “a abordagem qualitativa tem
como objeto linguagem das pessoas e vida cotidiana, significados, motivos, aspirações, atitudes,
crenças e valores”.
Através de análise prévia, na modalidade de censo institucional, sendo este um método
para identificar quantidade de sujeitos participantes ou órgãos em que atuam direta ou
45 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
indiretamente, descobriu-se que há 04 órgãos de fomento ao empreendedorismo para MPE’s em
Petrolina-PE – o SEBRAE, a AGE, a Casa do Empreendedor e o Expresso Empreendedor.
Para coleta de informação primária, foi aplicado questionário com perguntas
direcionadas e com finalidade de explicar a estratégia dos órgãos de fomento ao
empreendedorismo para MPEs, além da condução de entrevista, que aconteceu no ambiente de
trabalho dos próprios servidores, de níveis táticos e estratégicos dos órgãos. As entrevistas
foram realizadas com o Analista do SEBRAE, a Supervisora do Expresso Empreendedor, a
Coordenadora da Casa do Empreendedor e com a Diretora Administrava da AGE, buscando
ampliar conhecimento das formas de trabalho e políticas articuladas. Segundo Chizzotti (2003,
p. 55), o questionário é um modo para a coleta, que consiste em questões pré-elaboradas,
referentes ao tema “com o objetivo de suscitar dos informantes resposta por escrito ou verbal
sobre certos assuntos que informantes saibam opinar ou informar”. O questionário aplicado
entre 03/10/2016 a 13/10/2016, em todos os órgãos de fomento no município, é composto por 7
questões abertas e 7 objetivas, com alternativas para definição de políticas públicas de fomento
de cada negócio.
Resultados e discussões
A partir de observações resultantes da aplicação de formulários, compostos por
questões que contemplam o viés quantitativo e qualitativo, traçou-se um paralelo entre
resultados oriundos das políticas de gerenciamento do fomento e das práticas empreendedoras,
que continuam cada vez mais criativas, inovadoras e únicas.
No que compete ao ramo principal das atividades ou ramos de atuação à que pertence
às pequenas empresas, a pesquisa indicou que, em Petrolina-PE, há uma heterogeneidade e
diferenciação. Os ramos de negócios predominantes foram o setor de serviços (25%) e comércio
(25%), conforme consta na Figura 01. Endossa os resultados apresentados a pesquisa
desenvolvida pelo SEBRAE Petrolina-PE (2015), indicando que o comércio e as empresas
prestadoras de serviço ocupam o patamar de 55,2%, demonstrando, assim, os impactos
econômicos na região, além da movimentação de produtos e de postos de trabalho informal e
formal.
As organizações implementadas e gerenciadas em casa, homeworking ou o home office,
é uma tendência e está cada vez mais ditando ritmo do regime de trabalho, respondendo por
13% do que foi descoberto pela pesquisa. O valor significa que os resultados trazem em seu bojo
a capacidade de, com a difusão das franquias, estar cada vez mais acessível às pessoas e
46 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
presentes em sua rotina, inclusive em empreendedores de MPE’s. De acordo com os dados do
SEBRAE (2015), o índice envolvendo esse tipo de atividade passou de 43% para 53% entre os
anos de 2013 e 2015. Até o final do ano passado, o Brasil tinha 5,5 milhões de pessoas
registradas como microempreendedores, inclusive buscando se estabelecer como empresas que,
ávidas por um desenvolvimento econômico, buscavam um amparo financeiro ou a assistência do
gerenciamento do negócio. Fugindo de toda a adversidade, é perceptível que, do total, 45%
trabalhavam antes com carteira assinada e decidiram apostar no negócio próprio. Em 2013, esse
índice era de 41%.
Os setores de indústria e alimentícios também foram áreas com muita relevância (12%
e 13%, respectivamente), pois a cidade de Petrolina-PE está em constante desenvolvimento
econômico e social. O segmento de evento, com representação de 6%, foi o que apresentou a
menor participação na composição das empresas com diversidade de ramos e segmentos
produtivos.
Figura 01: Principais segmentos das empresas atendidas
Fonte: Elaboração própria (2016).
Apesar do número exponencial de MPE’s em Petrolina-PE, faz-se importante e válido
destacar que pequenas organizações ainda são jovens, gerando uma determinada predisposição à
tomada de decisões equivocadas. Segundo dados da pesquisa, 75% dos respondentes afirmaram
que as organizações para as quais trabalham possuem o recente funcionamento, em geral entre 1
a 3 anos, segundo a Figura 02. Por outro lado, 25% dos mesmos indicaram que conseguem
desempenhar tarefas e atividades de gerenciamento empreendedor, e implementaram um
negócio viável.
12%
25%
25%
6%
13%
19%
47 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Figura 02: Tempo de funcionamento do órgão de fomento
Fonte: Elaboração própria (2016).
Em relação à amplitude de MPE’s receptoras das ações de financiamento das atividades
produtivas ou expansão dos negócios, 50% dos órgãos de fomento se posicionaram em relação
ao número alto de empresas que recebem diretamente investimentos oriundos de órgãos de
fomento ao empreendedorismo no município de Petrolina-PE, respeitando os limites
orçamentários, conforme consta na Figura 03. Sobre os que recebem consultoria sobre
empreendedorismo, todos os órgãos pesquisados desenvolvem as metodologias de suporte de
conhecimento, transferência de tecnologias e compartilhamento das práticas, das experiências e
dos resultados, perfazendo um total de 100%.
Figura 03: Número de instituições/empresas que recebem suporte financeiro
Fonte: Elaboração própria (2016).
75%
25%
50%
50%
48 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
É importante destacar que, anualmente, todas elas também realizam inúmeras ações e
políticas de incentivo às iniciativas empreendedoras e da implantação de políticas de valorização
de pequenos negócios no município. 100% indicaram que realizam, no ano, mais de 11
atividades ligadas ao crescimento de práticas empreendedoras, considerando, dentro da
perspectiva, estabelecimento de parcerias responsáveis pelo elo e manutenção das políticas de
fomento às MPE’s, de acordo com o destacado na Tabela 04.
Tabela 04: Principais parcerias estabelecidas
Fonte: Elaboração própria (2016).
Não somente as políticas, mas também atividades empreendedoras são implementadas
e incentivadas na melhoria da oferta de produtos e serviços das MPE’s de Petrolina-PE. E, em
suma, a pesquisa indicou que as principais atividades orientadas pelos órgãos estão elencadas na
Tabela 05.
Tabela 05: Principais atividades empreendedoras desenvolvidas para MPE’s
Fonte: Elaboração própria (2016).
Entretanto, vale ressaltar que essas atividades empreendedoras, para se tornarem
agentes efetivos promotores de resultados significativos, precisam ser constantemente avaliadas
e acompanhadas, buscando melhor orientá-las na direção dos objetivos e metas a que se
propõem às MPE’s – o financiamento ou a consultoria empreendedora. Nesse quesito, a
pesquisa indicou que 75% dos órgãos de fomento ao empreendedorismo frequentemente
acompanham a evolução das atividades, ao passo que 25% consideram sempre controlar e
acompanhar aplicabilidade das práticas, mensurando também os resultados esperados, segundo
indicativos na Figura 04.
49 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Figura 04: Acompanhamento contínuo das atividades
Fonte: Elaboração própria (2016).
Por fim, cabe definir a importância das práticas de fomento ao empreendedorismo para
as micro e pequenas empresas. Para Santos (2016, p. 14), as políticas de fomento ao
empreendedorismo são práticas, entre outras características, responsáveis pela garantia do
posicionamento e dinamismo organizacional, produtivo e com impacto social. Além de
promover engajamento social, esses órgãos também instituem o rol das medidas com capacidade
de beneficiamento das atividades de produção e da oferta de serviços para o mercado local.
Muitas dessas políticas de fomento, conforme Tabela 06, são essenciais à promoção do
crescimento a nível de desempenho, resultados e metas organizacionais e de negócios.
Tabela 06: Principais políticas de fomento ao empreendedorismo
Fonte: Elaboração própria (2016).
Com o levantamento nas empresas de fomento ao empreendedorismo à MPE e aos seus
parceiros, determinou-se considerações interessantes sobre métodos de funcionamento e como
administram os seus recursos de amparo assistencial e de financiamento.
Considerações
As micro e pequenas empresas (MPE’s) atuantes na cidade de Petrolina-PE, em sua
maior força produtiva e características inovadoras para a promoção de negócios mais criativos,
75%
25%
50 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
são fundamentais para o crescimento exponencial da oferta de empregos, do ritmo de
desenvolvimento e para difusão de práticas com maior potencial de sucesso, que, por sua
relevância, acabam por se tornar padrões de referências para organizações.
Quando atuam em regime de parceria com os órgãos de fomento ao empreendedorismo,
a exemplo do SEBRAE, a Casa do Empreendedor, instituições de ensino, entre outros, seja na
qualidade de consultorias ou financiamento das atividades essenciais, as MPE’s lidam melhor
com as adversidades e desafios oriundos do cenário econômico local, que, assim como o país,
enfrenta problemas. Define-se os impactos que políticas empreendedoras são capazes de
produzir no ambiente em que se encontram, tendo em vista que ações e políticas
empreendedoras construídas em parceria, fruto da discussão de problemas e de tomada de
decisão efetivas, conseguem promover dinamismo ao mercado local.
Após a análise dos órgãos de fomento do município de Petrolina-PE, foi traçado um
perfil genérico em relação às práticas empreendedoras direcionadas às MPE’s. O que ficou
percebido foi uma realidade onde os órgãos de fomento locais atuam desenvolvendo
consultorias ou financiando atividades para MPE’s. Apesar de jovens, muitas não atingindo 3
anos de funcionamento, os órgãos atuam no direcionamento das atividades desempenhadas por
grande número de micro e pequenas empresas locais, tornando-se responsáveis pelo suporte
financeiro ou assistencial.
O rol das práticas e das políticas voltadas à disseminação de medidas empreendedoras é
variado, abrangendo desde os minicursos temáticos direcionados ao desenvolvimento de
habilidades gerenciais até controle financeiro para as pequenas e micro empresas, além da
realização das feiras, capacitação para micro empreendedor, oficinas e orientação dos projetos e
quanto à formalização dos negócios que apresentem soluções criativas.
Essas atividades e práticas construídas em conjunto com as MPE’s são constantemente
acompanhadas e, conforme a avaliação dos gestores durante a entrevista, têm produzido
resultados significativos e de positiva mudança. Assim, evidenciou-se a importância dos órgãos
de fomento ao empreendedorismo para o sucesso dos micro empreendimentos e pequenas
empresas atuantes no município, demonstrando o quanto contribuem para que os mesmos
consigam atingir suas metas e programá-las para atender às necessidades do mercado
consumidor e de oferta.
Entre as principais limitações observadas enquanto transcorriam as entrevistas pessoais
com funcionários estratégicos dos órgãos, percebeu-se certa falta de conhecimento das
informações fundamentais, a exemplo da missão, visão e valores organizacionais, tendo algumas
dificuldades específicas no momento da definição dessas características. E outro fato agravante,
51 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
foi a dificuldade quanto à informação e compartilhamento de dados estatísticos dos órgãos,
tendo em vista que dados primários, especialmente nas empresas de fomento municipal, o
controle das MPE’s e de outras empresas que atuam no mesmo setor nem sempre é realizado,
para fins de planejamento de políticas empreendedoras.
Acerca das práticas de fomento ao empreendedorismo, ficou estabelecido que o
trabalho realizado pelos órgãos de fomento é imprescindível para nortear as MPE’s no sentido
da otimização da alocação dos recursos, do desenvolvimento de vantagens competitivas por
meio da tomada de decisão e no gerenciamento do negócio mais eficiente do papel produtivo e
social, gerando benefícios. Após estudo do fenômeno de relação interativa e parceria entre
órgãos de fomento ao empreendedorismo e MPE’s, e aprofundamento da pesquisa sobre
temática, percebeu-se a carência no campo da literatura local e regional, acentuando a
importância do teor deste trabalho de cunho acadêmico para embasamento de pesquisas futuras.
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53 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
EDUCAÇÃO ESCOLAR QUILOMBOLA: CONSTRUÇÃO DIALÓGICA ENTRE
ESCOLAS E COMUNIDADE
Mauricio Teixeira dos Reis3
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo central analisar de que modo a educação escolar dialoga com as
especificidades étnico-culturais da comunidade quilombola Fazenda Nova, no município de Isaías
Coelho/PI. Desse modo, reflexões sobre as tendências da escola quilombola e produção de identidades
mediadas pelos paradigmas que orientam os currículos, como as ações da Lei Federal 10.639/03, tem-se
afirmado na sociedade brasileira por um conjunto de lutas sociais e práticas educativas em defesa de sua
realidade histórica e dos sujeitos que nele vivem, compreendendo seus processos culturais, sua
socialização e as relações de trabalho vivenciadas por esses sujeitos em suas práticas cotidianas.
Esperamos que a educação quilombola seja compreendida como um processo amplo e que inclui a
família, a convivência com os outros. Diante dessa perspectiva, é urgente que avancemos na construção
de práticas pedagógicas que contemplem o uno e o múltiplo.
Palavras-chave: Currículo. Identidade. Escola quilombola. Tendências.
INTRODUÇÃO
O município de Isaías Coelho está situado na microrregião do Alto Médio Canindé do
Estado do Piauí. Ocupa uma área de 664,660 km², onde tem uma população estimada em 8.424
habitantes (IBGE, 2016). Localiza-se próximo do rio Canindé. Seu sistema público de ensino, de
acordo com censo escolar de 2011 (INEP, 2013) apontou a existência de 12 escolas de um total
de 26 escolas em área remanescente de quilombola na rede municipal em Isaías Coelho.
No Brasil, com a emergência de dispositivos legais e orientações curriculares
decorrente da promulgação da Constituição Federal de 1988, a partir do quadro caracterizado
pode-se apontar para a necessidade de mudanças e para o diálogo entre a gestão do sistema de
ensino e a implantação e efetivação de políticas que contemplem a promoção da igualdade racial
em todas as etapas da educação básica.
Apesar da grande contribuição dos povos e comunidades tradicionais na formação da
sociedade piauiense, como no Brasil, no povoamento, na conformação da cultura, da língua, da
culinária, dos costumes, remontando ao tempo da chegada dos primeiros habitantes, ainda na
fazenda poções de Domingos Afonso Mafrense, no final do século XVII e início do século
XVIII, este é um território também longínquo, inexplorado e invisível das políticas públicas. O
espaço onde se desdobra a vida de uma sociedade negra rural, denominadas “negros da Fazenda
Nova”, localizada no município de Isaías Coelho, estado do Piauí.
3 Discente do curso de Mestrado em Educação da Anne Sullivan University (E-mail:
mauricioteixeira_@hotmail.com)
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Essa pesquisa tem o objetivo de analisar de que modo a educação escolar dialoga com
as especificidades étnico-culturais nas escolas da comunidade do território quilombola de
Fazenda Nova. Para fundamentar, estamos fazendo uso da noção de identidade. Onde
buscaremos identificar se a formação escolar e o currículo das duas escolas municipais
quilombolas atendem às expectativas da comunidade e como a comunidade vê pertinentemente.
Com a realidade do sistema educacional brasileiro em vista, pensou-se em abordar o tema de
modo que ficasse delineado, de maneira profunda e específica, de que modo a educação escolar
dialoga com as especificidades étnico-culturais das comunidades.
É importante destacar que as inquietações sobre o currículo escolar ganharam força e
outras configurações devido ao contato com questões relativas à educação quilombola e à
Pedagogia, pela importância crescente que o movimento de luta pela terra toma a cada dia e,
principalmente, pelo rumo que as questões sobre o contexto educacional quilombola tomam
progressivamente. Neste sentido, as comunidades quilombolas serão abordadas sob seus
aspectos políticos.
Neste contexto situa, ainda, que os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) têm
lembrado que a pluralidade cultural e a orientação sexual são temas transversais da concepção
de currículo no processo ensino e aprendizagem. Assim, a autonomia didático-pedagógica é
resguardada e explicitada na diversidade de modelos e de abordagens epistemológicas e
metodológicas, abordando a necessidade de se trabalhar com a diversidade cultural existente na
sociedade brasileira, primando pela valorização e respeito ao outro.
METODOLOGIA
A pesquisa para este artigo será feita por um aprofundamento teórico acerca do tema,
com levantamento bibliográfico acompanhado de estudos históricos, educacionais e sociais que
serviram de alicerce para o desenvolvimento da mesma. Assim, se trata de um estudo
exploratório de natureza qualitativa, utilizando-se técnicas de entrevistas semiestruturadas com
as gestoras municipais, professores/as, coordenadores pedagógicos, os/as alunos/as, os pais e as
lideranças quilombolas da comunidade.
PERCEPÇÃO E SIGNIFICADOS SOBRE A ESCOLA QUILOMBOLA
Não constitui nenhuma novidade entender o poder de formação da mentalidade coletiva
a partir do universo educacional, tendo como principal frente de atuação o cotidiano escolar,
utilizando-se dos saberes populares produzidos no âmbito da tradição afro-brasileira.
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Além disso, uma das grandes novidades que este Movimento Social Organizado tem
nos demonstrado é a compreensão da necessidade da educação enquanto parte do processo de
transformação da atual sociedade e alcance de seus objetivos.
A educação quilombola partiu do pressuposto da necessidade de reconhecer e valorizar
a história e cultura do negro, concebida pelos protagonistas que vivem nas comunidades rurais e
urbanas, que atende às suas ansiedades, valoriza e (re) significa suas culturas, saberes, valores,
gestos, símbolos, etc. um dos princípios da lei n° 10.639/03, sustentam um tipo de educação e de
políticas que promovam a produção do conhecimento através da formação de novas atitudes,
posturas e valores.
O surgimento da história da Educação Quilombola no Brasil não pode ser considerado
uma casualidade dentro do processo histórico ao logo da história da educação no Brasil. Ao
contrário, ela é fruto de uma história de lutas e busca dos diferentes sujeitos quilombolas por
uma ressignificação de práticas pedagógicas em sala de aula, com foco nos parâmetros
Curriculares Nacionais (PCNs) através dos temas transversais.
O conceito de educação escolar quilombola encontra-se em construção, mas, afirmar
que seus objetivos remetem a valores culturais, sociais, históricos e econômicos dessas
comunidades. A expressão Educação Quilombola surgiu nos anos 1980 com o debate sobre a
questão quilombola que entrou no cenário político nacional e reconhecido legalmente com o art.
68 dos Atos das Disposições Constitucionais Transitórias da Constituição Federal de 1988. Mas
apenas em 2003 foi reafirmada pela Lei Federal nº 10.639/2003, a qual altera a Lei de Diretrizes
e Bases da Educação (LDB), lei nº 9.394/96, tornando obrigatório o ensino de história e cultura
afro-brasileira e africana no currículo escolar da educação básica.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases (LDB), nº 9.394/96:
Art. 26. Os currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio
devem ter base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e em
cada estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características
regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e dos educandos.
Diante deste quadro, evidenciar a inclusão de novos conteúdos, intrínseca de relações
étnicoraciais, procedimentos de ensino, condições oferecidos para aprendizagem, objetivos
tácitos e explícitos da educação oferecida nas escolas para a elaboração de um projeto
pedagógico.
Apesar da redação dada pela Lei n° 12.796, de 2013, mencionar a obrigatoriedade do
ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas do país, abre um precedente
importante para que o aprendizado quilombola, bem como os modos de fazer e viver dos
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quilombos contemporâneos, seja considerado um saber essencial para a formação de uma nova
estrutura de educação no Brasil. Portanto, fundamental para que o país se reconheça como
afrodescendente em sua formação humana e cultural.
Candau (2014) considera imprescindível que repensemos as metodologias, currículos,
documentos oficiais e até mesmo a prática pedagógica para que possam compreender as
diferenças culturais como riqueza e vantagem pedagógica, que envolva os conhecimentos
coletivos sociais, e diálogo entre diversos sujeitos socioculturais, assim como processos de
ensino-aprendizagem orientados nas diretrizes.
Entretanto, é sabido que a escola apresenta dificuldades em lidar com a diferença,
sobretudo a cultura não se expressa apenas no diferente, no inusitado, mas nas formas e
maneiras que cada povo tem de se relacionar com o mundo a sua volta (MOREIRA E
CANDAU, 2003).
No âmbito das políticas educacionais, a Lei 11.645 de 10 de março de 2008, que altera
a Lei anterior (Lei 10.639 de 09 de janeiro de 2003) e acrescenta a obrigatoriedade da História e
Cultura Indígena nos currículos da educação básica, as instituições escolares são obrigadas a
(abrirem as portas) para a diversidade cultural, no intuito de incluir nas práticas pedagógicas as
culturas e as históricas que foram silenciadas e subalternizadas pelas políticas educacionais
brasileiras. Destacando os dizeres de Munanga (2016, p.44), “ensinar a história do negro e dos
povos indígenas na escola brasileira é romper com a visão eurocêntrica que exclui outras raízes
culturais formadoras do Brasil como povo e nação”.
Nesse sentido, o conhecimento deve ser construído pelo educando em conjunto com o
educador, baseando na troca de saberes, analisando como a cultura dessas populações pode
contribuir para a Educação Quilombola. Vygotsky (2001) destaca que, na criação de situações
de aprendizagem que permite ao educando desenvolver as capacidades cognitivas, afetivas e
psicomotoras relativas ao trabalho intelectual, sempre articulando, mas não reduzido, ao mundo
do trabalho e das relações sociais.
Sob a perspectiva educativa, a cultura quilombola é potencializadora visando à
promoção da diversidade étnico racial na rede de ensino, bem como a estruturação e o
acompanhamento da sua educação. Nesse sentido, garantir a elaboração e criação de conteúdos
educacionais escolares, acerca das subjetividades e diversidades antropossociais do quilombo,
em geral, tem-se a inviabilidade dos negros nesses livivos, onde os mesmo, quando
apresentados, são sinônimos de escravos.
A importância dada em sala de aula que valorizem a identidade cultural numa
perspectiva geral e que possa se interagir a partir das relações estabelecidas, no plano da
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coletividade, como introdutora das diretrizes escolar. Para incluir no currículo oficial da rede de
ensino a obrigatoriedade da temática "História e Cultura Afro-Brasileira e Africana", que
instituem as Diretrizes Curriculares Gerais para a Educação Básica pelo Parecer CNE/CEB
07/2010 e na Resolução CNE/CEB 04/2010. Nessas diretrizes (2010, p. 42) estabelece:
[...] é desenvolvida em unidades educacionais inscritas em suas terras e cultura,
requerendo pedagogia própria em respeito à especificidade étnico-cultural de cada
comunidade e formação específica de seu quadro docente, observados os princípios
constitucionais, a base nacional comum e os princípios que orientam a Educação
Básica brasileira. Na estruturação e no funcionamento das escolas quilombolas deve ser
reconhecida e valorizada sua diversidade cultural.
Mesmo com esse novo cenário, que vem se configurando nas políticas curriculares, as
escolas situadas em comunidades quilombolas ainda se encontram distante de uma educação que
contemple as peculiaridades dos/as educandos/as. Nesse mesmo contexto Moreira (2010, p. 89)
destaca que “os currículos não condizem com o universo sócio histórico e cultural desses grupos
sociais, e dificilmente esses sujeitos [...] veem sua história, sua cultura e as particularidades de
sua vida nos programas de aula e nos materiais pedagógicos”.
Nessa perspectiva, segundo as diretrizes curriculares nacionais, a Educação
Quilombola, praticada em nossa sala de aula, não pode se desvincular dos modos próprios de
pensar o mundo experienciado pelo homem/mulher quilombola em suas práticas sociais.
(CNE/CEB 16/2012).
Retratar práticas docentes eficientes no contexto social atual se torna uma questão
relevante de ser debatida, tendo em vista que residimos em uma conjuntura de mão dupla. De
um lado somos confrontados com os adventos tecnológicos, com as facilidades em se obter
informações, com um público estudantil de aspectos cognitivos diferenciados e condizentes com
essa nova sociedade. Por outro lado uma escola que ainda não está habituada a esse novo ritmo
de uma sociedade digital, com professores que ainda mantém um ensino tradicional, que
segundo Freire (1996) muitas vezes retratando um ensino bancário, centrado na mera
transmissão de conhecimentos.
Morin (2000) considera que produzir uma educação que prepare os indivíduos para um
combate vital à lucidez, a um conhecimento pertinente e global, que todos compreendam e
reconheçam-se em sua humanidade ainda é um discurso válido, tornando-se concreto através de
professores que detenham saberes condizentes com o contexto atual através de suas práticas.
Através de observação que se acentuam as práticas produzidas foram possíveis
evidenciar que a história e a cultura afro-brasileira e africana são trabalhadas nas escolas em
datas comemorativas e em alguns projetos pontuais, uma vez que os/as professores/as encontram
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dificuldades para incluir essas questões cotidianamente no currículo escolar, pois lhes faltam
formação inicial específica e capacitação continuada para tal finalidade.
De acordo com Silva (2002, p.150), “o currículo tem significados que vão muito além
daqueles aos quais as teorias tradicionais nos confinam, que o currículo é trajetória, viagem e
percurso”. Neste sentido, é importante ressaltar que o ambiente educacional diz respeito à
direção de construção de um currículo a partir dos valores culturais, social e econômico das
comunidades quilombolas.
Compreendemos, contudo, que o currículo é também fruto do diálogo social e histórico,
é neste contexto que os PCNs, a própria Lei n. 10.639/03 permitiram aos professores e a escola,
de forma geral, inserir nos conteúdos trabalhados a interlocução com a questão das relações
étnico-raciais e aproximando os das experiências de vida dos educandos.
O CURRÍCULO ESCOLAR EM FOCO
Conforme estimulado neste estudo, as culturas dos povos quilombolas, no Brasil, foram
as que mais sofreram os processos de discriminação inerentes à lógica da homogeneização
cultural, pois foram vistas pela cultura europeia como inferiores e como ameaça à identidade
nacional.
Uma vez implementada a Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003, que passou a contar
com novo texto pela Lei 11.465 de 2008 que altera a Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e
estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional, para incluir no currículo oficial da rede
de ensino, além do ensino de história e cultura afro-descendente o ensino de história e cultura
indígenas.
A Educação Escolar Quilombola deverá seguir a concepção de currículo presente nas
Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educação Básica. Tais orientações deverão ser
seguidas pelas escolas de todo o país, ou seja, não apenas às modalidades de ensino, como a
Educação Escolar Quilombola, e sim por toda educação básica. Nesse viés, o currículo, é
organizado por competências e habilidades que capacitem os educandos enfrentar os conflitos
sociais, culturais e profissionais.
Com base em todos esses pressupostos, o currículo defende a não separação das
atividades culturais desenvolvidas pela escola das atividades de cunho mais científico. Nessa
lógica, Silva (2012, p. 188), analisa a cultura, como parte integrante do currículo escolar, nos
ajuda a fortalecer os laços culturais e as pertenças éticas, “para devolver a educação viva a esse
mesmo povo o que lhe foi negado e por isso, valoriza, reconhece, fortalece, identifica, partilha,
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qualifica os saberes e os conhecimentos locais, sem com isso abandonar os conhecimentos
universais”.
Em se tratando de educação quilombola como um elemento da Educação Básica ou um
ponto de partida para se elaborar as referências de uma educação quilombola, há que se pensar a
partir da comunidade. Ou seja, para além das comunidades, e para as escolas que recebem
alunos quem sai dos territórios quilombolas para as escolas não quilombola ocorra espaço de
diálogo e valorização das vivências dos educandos e sobre as questões étnicorraciais.
Ao repensar e reconstruir práticas pedagógicas que destaquem o negro como sujeito
ativo na construção de nossa sociedade, percebe-se que a proposta norteadora da organização de
experiências pedagógicas a serem vivenciadas por educandos e educadores com vistas à
construção de uma nova era a respeito de um currículo que de fato esteja voltado para a
diversidade, visando à produção de novos saberes nos interstícios das propostas e práticas
curriculares locais.
Por sua vez, alguns desafios levam a pensar a respeito de um currículo a sociedade
atual, diante de questões como o racismo. De acordo com a Resolução nº 8/2012 do CNE, que
sintetiza toda a conquista legal na elaboração do conceito de educação escolar quilombola no
contexto da realidade atual dos povos quilombolas no Brasil e fixa Diretrizes para o
funcionamento das escolas quilombolas e dá outras providências, é possível destacar os
princípios e pressupostos que norteiam o novo ideário político-pedagógico.
Combater o racismo, trabalhar pelo fim da desigualdade social e racial, empreender
reeducação das relações étnico-raciais não são tarefas exclusivas da escola. As formas de
discriminação de qualquer natureza não têm o seu nascedouro na escola, porém o racismo, as
desigualdades e discriminações correntes na sociedade perpassam por ali. O currículo da
Educação Escolar Quilombola diz respeito a um poderoso conjunto de meios para se atingir fins
educacionais previamente definidos, das interações do ambiente educacional com a sociedade,
das relações de poder presentes no fazer educativo e nas formas de conceber e construir
conhecimentos escolares, constituindo parte importante dos processos sociopolíticos e culturais
de construção de identidades.
Contudo, nas escolas das comunidades quilombolas a experiência pedagógica deve
acontecer em vários níveis de atuação da vida, que não pode ser fruto unicamente da interação
professor-aluno, mas da integração aluno-família, aluno-lugar onde vive e, lugar onde vive-
escola, escola-trabalho, trabalho-aluno, aluno-comunidade, comunidade-escola, escola-
sociedade, escola-mundo.
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Em uma leitura pós-estruturalista de currículo no que tange à cultura como sistema de
significação, no contexto das escolas quilombolas, pode ser interpretado como um contínuo jogo
de forças que valorizem no currículo as diferenças culturais. Sobre isso Bhabha (2013, p.21) diz
que, “os embates de fronteira acerca da diferença cultural têm tanta possibilidade de serem
consensuais quanto conflituosos, podem confundir nossas definições de tradições e
modernidades”.
Continua discorrendo a autora pode-se visualizar no currículo a dimensão pedagógica
da produção narrativa e tradicional, que se torna parte da necessidade, e não da nostalgia de
viver (BHABHA, 1998).
Já para Macedo (2011) o currículo traz consigo um espaço-tempo de fronteiras entre
saberes, mas também:
como uma prática social que envolve, ela mesma, a negociação de posições
ambivalentes de controle e resistência. O cultural não pode, na perspectiva que
defendo, ser visto como fonte de conflito entre diversas culturas, mas como práticas
discriminatórias em que a diferença é produzida. Isso significa tentar descrever o
currículo como repertório partilhado de significado, mas como lugar de enunciação
(MACEDO, 2011, p.105).
Dessa forma, pensar a construção do currículo nas escolas quilombolas como um
artefato hibrido remete a ideia de Gomes (2012) enfatiza que os movimentos sociais,
historicamente discriminados, têm como intenção política atingir de forma positiva toda a
sociedade e não somente os grupos sociais por eles representados. Assim, o currículo escolar
deverá conter estratégias e conteúdo para que atinja o objetivo da mediação do aprendizado
escolar e a preservação/revitalização cultural.
Diante das atribuições estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da
Educação Básica (2013) sobre a Educação Escolar Quilombola com referencias dada pela
Resolução nº 8 de novembro de 2012, e o Título VII no capítulo I, Artigos 34, 35, 36, 37 e 38
explicar como deve ser o currículo da Educação Básica na Educação Escolar Quilombola, o
documento traz algumas determinações como:
Art. 34 o currículo da Educação Escolar Quilombola diz respeito aos modos de
organização dos tempos e espaços escolares de suas atividades pedagógicas, das
interações do ambiente educacional com a sociedade, das relações de poder presentes
no fazer educativo e nas formas de conceber e construir conhecimentos escolares,
constituindo parte importante dos processos sociopolíticos e culturais de construção de
identidades.
§1º Os currículos da Educação Básica na Educação Escolar Quilombola devem ser
construídos a partir dos valores e interesses das comunidades quilombolas em relação
aos seus projetos de sociedade e de escola, definidos nos projetos políticos-
pedagógicos.
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§ 2º O currículo deve considerar, na sua organização e prática, os contextos
socioculturais, regionais e territoriais das comunidades quilombolas e, seus projetos de
Educação Escolar Quilombola. (RESOLUÇÃO Nº 8 de 11/2012, p.13).
Para atender às novas demandas oriundas do conviver humano, o Currículo Escolar tem
sido ampliado ou modificado em sua estrutura e configuração. Sendo assim, precisa ser
específico e diferenciado o processo de ensino e aprendizagem que se dá no território cultural
quilombola ao mesmo tempo, socializar para as diversas culturas no mundo, as experiências e
conhecimentos quilombolas. Ou seja, de acordo com Freire (2000, p. 66), educar não é transferir
conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua construção, “o respeito à autonomia e à
dignidade de cada um é um imperativo ético e não um favor que podemos ou não conceder uns
aos outros”.
As escolas quilombolas veem a comunidade como um recurso para a aprendizagem e
desenvolvimento do educando. Nesse sentido, as escolas têm um clima e uma cultura que
permitem aos alunos desenvolver competências cognitivas, sociais, emocionais, físicas, cívicas e
éticas e a capacidade de prosperar na carreira e na vida e como participantes em nossa
democracia.
O DIÁLOGO EM TORNO DE UMA ESCOLA VOLTADA À DIVERSIDADE: O CASO DE
FAZENDA NOVA
Pensar em uma Educação Quilombola é algo muito subjetivo que envolve pessoas,
pensamentos, cultura e o contexto onde o aluno está inserido, ou seja, os/as professores/as das
Unidades Escolares Luiz Nicolau da Silva e Vital Brasil, ambas dentro do território quilombola
de Fazenda Nova, reconhecem que o município de Isaías Coelho/PI não tem uma proposta de
educação específica para as comunidades quilombolas, no entanto, paradoxalmente, a Secretaria
Municipal de Educação e Cultura “cobra” das escolas que trabalhem com a realidade
sociocultural das comunidades quilombolas.
Portanto, estas escolas trespassaram anos de exclusão de seus próprios ensinamentos,
porém impregnavam uma ação educativa totalmente fora de sua realidade. Com o seu processo
de reconhecimento de identidade no ano de 2005, como de políticas educacionais voltadas para
a sua realidade e consequentemente com a titularização das terras da antiga Fazenda Nacional e
da certificação da Fundação Palmares, ambas em 2008 e 2012. Após esse período, o diálogo
vem sendo retomado atualmente pelo viés de uma nova demanda da comunidade: a entrada da
“capoeira” nas aulas de educação física na escola.
Embora a Unidade Escolar Vital Brasil seja reconhecida como escola quilombola, com
recurso repassado pela Secretaria Municipal de Educação e Cultura do município de Isaías
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Coelho, ela ainda não pratica uma educação diferenciada (ou educação escolar quilombola)
focada na identidade étnico-racial, na história e cultura da África e Afro-brasileira (Lei nº
10.639/2003) e nas questões que envolvem território e territorialidade.
Já a Unidade Escolar Luiz Nicolau da Silva, apesar de ter realizado algumas atividades
relacionadas à “cultura negra” ou a alguns traços dela, foi observado atividade que, de forma
contínua fosse de encontro às Diretrizes Curriculares. Atividades aprofundadas que
considerassem como matéria-prima os saberes e práticas quilombolas. Há na escola dessa
comunidade uma incipiente ação educativa que articule o saber tido como universal e aquele que
lhe é próprio, enquanto negra, rural e quilombola.
No momento atual, tanto em função das demandas colocadas pela comunidade, como
pela reformulação dos PCNs, vem se consolidando a ideia de que é preciso superar essa situação
de anomia curricular que se instalou no município e, cumprir o que determina a LDB. Neste
sentido vem se fortalecendo a lei na medida em que foi assumida pelo Plano Municipal de
Educação (PME) de 2015, ao propor estratégias para se cumprir suas metas. Neste sentido,
currículo deve estar comprometido e expressar os conhecimentos que permitam o alcance desse
fim.
O verbete, tão lembrado por lideranças e uma ex-professora da comunidade no início
da pesquisa, é necessário além da contexto cultural do quilombo onde as escolas estão inseridas,
sem desprezar a cultura universal, mas a inserção de esportes no contexto escolar como a
capoeira. Contudo, é uma prática cultural que integra dança, canto e percussão de tambores.
Neste contexto, as ações derivadas dessas novas percepções curriculares confrontam-se
diretamente com o uso do material didático e dão ênfase aos processos metodológicos para
aprender o conteúdo. É visto na conceituação de Pacheco (2005), numa corrente em que o
principal meio de ligação entre currículo e sociedade é a cultura, e é neste âmbito que o
conteúdo escolar torna-se uma das questões marcantes da teorização curricular.
Uma remota percepção aparece no desejo de uma ex-educadora e lideranças da
comunidade Fazenda Nova, ainda muito envolvida com a educação oferecida pelas escolas
existentes na comunidade, com a Educação Infantil e Ensino Fundamental do 1º ao 5º Ano, e
angustiada com aquela ofertada fora dela, nas escolas do entorno que atendem os jovens do 6º
ao 9º Ano e do ensino médio. Para ela, são pouco evidenciados elementos históricos e culturais
que compõem as comunidades quilombolas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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É evidente que se torna incompactível pensar em avanço e inovação sem que se pense
num currrículo que permita o acesso à educaçao de qualidade. A premissa ética e cultural é que
os saberes e experiências históricas e socioculturais das comunidades podem e devem contribuir
de maneira significativa a articulação curricular e prática relacionada à identidade, de modo a
aprofundar a compreensão dos meios que levam a sua ascendência negra e sua origem.
Um elemento que se destaca na análise das trajetórias dos quilombolas é textos legais
em âmbito nacional referentes à educação escolar quilombola, precedidos por políticas
semelhantes no âmbito de alguns estados e de um município, com a estruturação da educação
quilombola e a aplicação da Lei nº 10.639/03.
A inserção da história e da cultura afro-brasileira nos currículos das turmas de
Educação Infantil e Ensino Fundamental são de suma importância para a formação da criança.
Onde o contexto do currículo tem uma tendência de se repensar de como é a cultura local e a sua
organização de conteúdos. Nesse sentido, é imperativo que o Sistema Municipal de Ensino e
Cultura invista em políticas públicas específicas, tendo como parâmetro as Diretrizes
Curriculares Nacionais para a Educação Escolar Quilombola.
A pesquisa aponta certa responsabilidade não formalizada, delegada pela Secretaria
Municipal de Educação e Cultura às escolas, para que os/as professores/as incluam os
conhecimentos locais nos currículos e os materializem nas práticas educativas.
Por meio da relação entre conteúdos propostos nas diretrizes curriculares e nas práticas
sociais entre alunos e educadores, esperamos que esta pesquisa sirva de inspiração para
elaboração e implantação de políticas públicas de educação escolares diferenciada, para as
comunidades quilombolas locais.
REFERÊNCIAS
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66 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
REFLEXO DA RELAÇÃO PROFESSOR ALUNO NA APRENDIZAGEM.
Carmiária Ramos Gomes Macário4
Maria da Conceição Araújo Carneiro5
Resumo
A relação entre aluno e professor interfere diretamente no resultado da aprendizagem. As relações
pessoais e afetivas estão presentes no processo de aprendizagem porque são parte do relacionamento
educador e educando. Essas relações, de forma geral, são muito negligenciadas, porém precisam ser
revistas e respeitadas. O educar tradicional baseado na forma impositiva de ensinar e de estabelecer
autoridade na sala de aula, não atende mais a realidade da escola atual composta de um universo múltiplo
e heterogêneo de estudantes. Ensinar envolve entrar no mundo de quem aprende, respeitar suas
individualidades, considerar as relações sociais do educando e estabelecer afetividade com o mesmo.
Existem diversas formas de ensinar, caracterizadas a partir da didática de cada professor, suas
habilidades, formação e competências. Como também existem resultados diferentes no processo de
aprendizagem. Reflexo da troca e do respeito ao conteúdo do aprendente. Por isso se faz tão importante
considerar o papel do professor na relação ensinar e aprender, sem desconsiderar a necessidade de
autonomia e participação do educando. Objetivamos, nesse artigo, analisar o reflexo da relação professor
aluno na aprendizagem.
Palavras chave: Relação professor aluno. Aprendizagem. Papel do professor.
Introdução
O ato de ensinar está intimamente ligado ao ato de aprender. Ensinar e aprender exigem
dedicação, talento, boa vontade, respeito às diferenças, capacidade de ouvir, interação,
discordância, debate, humildade, conhecimento, comprometimento. Quem ensina aprende e
quem aprende traz sua experiência, cultura e visão de vida para sala de aula. O processo de
ensino aprendizagem é essencialmente baseado em trocas por seres humanos carregados de
fatores psicológicos, sociais, históricos, além de experiências de vida, sonhos e frustrações, logo
A aprendizagem é, afinal, um processo fundamental da vida. Todo indivíduo aprende e,
através da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver.
Todas as atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem .Os
costumes, as leis, a religião, a linguagem e as instituições sociais têm-se desenvolvido e
perpetrado, como um resultado da capacidade do homem para aprender (CAMPOS,
1987, p.15).
4 Administradora. Aluna de Pós graduação em docência do ensino superior, Faculdade São Francisco de Juazeiro-
FASJ. E-mail:carmiaria@outlook.com 5 Mestre em educação e doutoranda em educação. Pedagoga. Professora da Faculdade São Francisco de Juazeiro -
FASJ. E-mail: conceicao_carneiro@hotmail.com
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A aprendizagem faz parte da natureza humana, porém, não se estabelece de maneira uniforme,
homogênea, linear para todos os aprendentes. Vários aspectos colaboram para isso: o papel e o
perfil do educador, o estilo e os objetivos da escola, o contexto social, as características e
desejos do educando.
Concordo com Libâneo em relação ao papel da escola, quando afirma
As tarefas de construção de uma democracia econômica e política pertencem a várias
esferas de atuação da sociedade, e a escola é apenas uma delas. Mas as escolas têm um
papel insubstituível quando se trata da preparação das novas gerações para
enfrentamento das exigências postas pela sociedade moderna ou pós-industrial, como
dizem outros. A escola tem, pois, o compromisso de reduzir a distância entre a ciência
cada vez mais complexa e a cultura de base produzida no cotidiano, e a provida pela
escolarização. ( 1991, p.11)
Enquanto a sala de aula for palco para a aplicação do método tradicional de educação onde o
professor é o detentor do poder , da informação, da verdade absoluta, e o aluno apenas recebedor
da informação, do conhecimento e da cultura do outro, a aprendizagem será medíocre,
unilateral. Como defendeu Freire, quando denunciou a educação bancária e anunciou uma
pedagogia libertadora:
“A concepção bancária de educação nega o diálogo, à medida que na prática
pedagógica prevalecem poucas palavras, já que "o educador é o que diz a palavra; os
educandos, os que a escutam docilmente; o educador é o que disciplina; os educandos,
os disciplinados"(FREIRE,2005, p.68).
Ou seja, o aluno será apenas como um banco onde são depositados conteúdos e recebidas as
regras e verdades estabelecidas a serem seguidas. Sem confronto, sem participação, sem
contestação por parte do educando. Uma relação puramente vertical onde fica clara a repetição e
a obediência, quando poderia ser vivenciada uma relação libertadora, baseada na reflexão
coletiva e na troca de vivências e experiências, passando o aluno a ser ator da sua própria
história, construtor e partícipe do seu crescimento, nessa direção
O ensino é, fundamentalmente, diálogo: o importante, para o professor, não é falar do
ou sobre o aluno, mas com o aluno, um diálogo verdadeiro que implica a aptidão
daquele para o relacionamento pessoal com este, que é outro. Admitida como função
primordial da educação o nutrir possibilidades relacionais, a relação professor aluno
deve, necessariamente, pautar-se na confiança mútua, na presença exemplar e na
inteireza do professor, pela palavra, e na maneira com que o professor, efetivamente,
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promove métodos disciplinados, críticos e reflexivos de questionamento e indagação.
(Murphy, 1988).
Vivemos um constante reviver, questionar e revisar o perfil ideal do professor. Como deve ser
pautada a relação professor aluno nos dias atuais diante de um aluno conectado, cercado de
informações, questionador e detentor de argumentos? Que conhecimentos, competências e
saberes devem agregar o professor da atualidade? Como agir diante de uma escola de massa,
com um universo de estudantes com formação diversa, heterogênea; de variadas classes sociais
e culturais, que muitas vezes apenas querem receber um diploma, sem dar importância à
aprendizagem de fato? De que forma o professor deve se comportar para aproveitar o mundo e
a cultura do outro no processo de aprendizagem?
Freire (1997, p. 58) afirma que “Só existe saber na invenção, na reinvenção, na busca inquieta,
impaciente, permanente, que os homens fazem no mundo, com o mundo e com os outros.”
Segundo Morales (1998, p.49)“a relação professor-aluno na sala de aula é complexa e abarca
vários aspectos; não se pode reduzi-la a uma fria relação didática nem a uma relação humana
calorosa.”
Parte-se do pressuposto que o professor precisa assumir um papel de educador, comportando-se
como facilitador do processo de aprendizagem e crescimento do aluno, visto como cidadão
capaz de reconhecer a realidade, questioná-la e transformá-la. Freire prega que ensinar não é
transferir conhecimento, e sim, permitir que o conhecimento seja construído em conjunto. E
continua
Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender. Ensinar inexiste
sem aprender e vice-versa, e foi aprendendo socialmente, que historicamente, mulheres
e homens descobriram que era possível ensinar. (FREIRE,2011,p.25-26).
Este trabalho objetiva analisar a relação professor aluno e sua implicação no processo de
aprendizagem, identificando características importantes dos participantes do processo;
influências do ambiente social; habilidades,competências e saberes necessários ao educador e o
papel da escola nesse contexto. Buscando fazer uma reflexão sobre a importância da
aprendizagem tendo como foco: o papel e a participação do educador e do educando nesse
processo.
Esta investigação está pautada em pesquisa bibliográfica, tendo em vista o que se tem
publicado em relação ao tema. Segundo Marconi e Lakatos (1999, p. 27), “para obtenção de
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dados podem ser utilizados três procedimentos: pesquisa documental, pesquisa bibliográfica e
contatos diretos.”
Complementa Marconi e Lakatos (1999, p.73):
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda a bibliografia já
tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas, boletins,
jornais, revistas, livros, livros, pesquisas, monografias, teses, material cartográficos
etc., até meios de comunicação orais: rádio, gravações em fita magnética e
audiovisuais; filmes e televisão. Sua finalidade é colocar o pesquisador em contato
direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive
conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer
publicadas quer gravadas.
Diante do exposto, as publicações consultadas são orientadas pela temática aprendizagem, sua
importância, processo e atores.
A relação afetiva e o ato de aprender
Vygotsky (1994)destaca a importância do outro não só no processo de construção do
conhecimento, mas também de constituição do próprio sujeito e de suas formas de agir.
Somos seres humanos, vivemos em sociedade e nossas relações importam na construção da
nossa história e consequentemente do nosso aprender. É possível aprender com a experiência do
outro, com a observação do contexto a nossa volta e acima de tudo com o convívio entre pessoas
diferentes entre si. O que aprendemos e como aprendemos refletirá como agimos,como nos
comportamos.
No processo de apropriação de conteúdos os aspectos afetivos se incorporam aos aspectos
cognitivos. Ou seja, não há aprendizagem, sem relação com o outro. O ensino na verdade é
essencialmente social, gerado pela interação entre educando e educador. Nossas relações
colaboram para o aprendizado na medida em que há naturalmente troca entre quem ensina e
quem aprende. O aprendente traz para a relação sua história, cultura, experiências anteriores,
dúvidas e questionamentos, ao passo que quem ensina traz o conhecimento científico,
intelectual, como também sua história, experiências, frustrações e sonhos.
Na concepção de Piaget (apud TAILLE, 1992) “a inteligência humana somente se desenvolve
no indivíduo em função de interações sociais que são em geral, demasiadamente
negligenciadas.”
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Negligenciada porque o maior foco de quem ensina é prover o aluno de informação, conteúdo,
cumprindo a ementa, pensando em prepará-lo para o mercado, o que acaba por tornar os
professores frios e indiferentes às necessidades, aspirações ou fragilidades de quem aprende. A
cobrança por resultados está à frente da motivação para aprender o que é necessário, o que
parece fazer sentido para a vida. É difícil para o aluno se interessar por algo distante da sua
realidade, sem aparente aplicação, que não lhe move a participar do processo. Quando o
educando não se sente inserido no contexto cumpre a obrigação buscando boas notas, o que não
caracteriza necessariamente, aprendizado, muito menos, satisfação com o que se aprende. Nessa
direção Serrano Freire (2013, p.81) afirma:
Muitos bons e sérios professores, preocupados com a necessidade de prover seus
alunos com farto conhecimento e prepará-los para os desafios seguintes, acabam por
investir, demasiadamente, em uma relação fria onde a prioridade é sempre a cobrança
no cumprimento de tarefas. Entretanto, a relação de afetividade, de envolvimento, de
conquista quando bem desenvolvida faz o aluno sentir-se inserido no processo
relacional com responsabilidade nos seus resultados.
E Freire (2011,p.32) questiona: “Porque não estabelecer uma “intimidade” entre os saberes
curriculares fundamentais aos alunos e a experiência social que eles têm como indivíduos”?
Talvez porque o hábito faz o professor aplicara antiga fórmula do detentor “do poder” que está
na sala de aula para transferir conhecimentos esperando que o aluno se comporte como um bom
recebedor e se sinta agradecido por isso. Talvez porque seja mais trabalhoso ouvir, aceitar e
incorporar a realidade do aluno no conteúdo pré- estabelecido. Talvez porque é complexo
incorporar o universo “alheio” no nosso universo padrão. Talvez até por medo de demonstrar
fragilidade ou falta de autoridade de quem ensina para quem aprende. Afinal, na sala de aula
padrão, existe uma natural relação de poder que Cortesão assim caracteriza
Entre professor e aluno, vai-se fazendo sentir de forma explícita o poder de que um é
detentor e de que o outro se sente desapossado; esse poder está associado ao domínio
de um saber tido como universal e que é institucionalmente considerado como sendo
necessário transmitir, fato que torna o docente menos familiar, mais inacessível.(2011,
p.51)
No contexto do processo ensino-aprendizagem constitui-se não somente uma relação de poder,
mas também de coação social que Piaget define como “toda relação entre dois ou mais
indivíduos na qual intervém um elemento de autoridade ou de prestigio.” (apud TAILLE, 1992)
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Todo professor deve estabelecer e praticar autoridade junto aos alunos, porém, sem perder de
vista, o respeito e o espaço do educando, tendo cuidado para que a coação não se transforme em
imposição de quem ensina e falta de participação, acomodação, repetição de quem aprende. A
coação pode desencadear um isolamento ou empobrecimento do aprendizado, quando os atores
se fecham em seus pontos de vista, descartando a reflexão, discussão e discordância,
consequentemente, restringindo o crescimento e desenvolvimento das inteligências.
Freire defende na Pedagogia da autonomia que:
O educador democrático não pode negar-se o dever de, na sua prática docente, reforçar
a capacidade crítica do educando, sua curiosidade, sua insubmissão. Ensinar não se
esgota no “tratamento” do objeto ou do conteúdo, superficialmente fito, mas se alonga
à produção das condições em que aprender criticamente é possível.”( 2011, p.28)
A prática usual mostra uma tendência natural à utilização do método “tradicional” de ensino,
uma repetição do modo como os professores dos atuais professores agiam, ou seja, com firmeza
e frieza, sem afeto ou preocupação com a pessoa que aprende. Sem permitir intervenções, sem
considerar frustrações. Mizukami, no livro Ensino: as abordagens do processo esclarece que
Na essência, o professor que sabe e que detém as informações transmite o
conhecimento e as informações aos alunos que ainda não sabem. O conhecimento,
grande parte das vezes, provém da autoridade ou do professor ou do livro texto.
Raramente o conhecimento é redescoberto ou recriado pelo aluno, continuando,
portanto, desvinculado de suas necessidades e interesses. (1986, p.113-114)
O que não caracteriza a única maneira de ensinar e aprender. Talvez sim, a forma mais praticada
e mais conhecida. Reflexo de como são ensinados os professores nos cursos de formação,
reflexo da nossa história caracterizada pelo poder das elites que além de ser detentora do capital
e dos meios produtivos, é também detentora do conhecimento e norteadora do processo de
ensino aprendizagem. Existem outras práticas educativas a exemplo do que acontece na Escola
da Ponte (Portugal) ou no Projeto Ancora (Brasil). Projetos que utilizam um olhar diferente de
ensinar e aprender. Onde o educando é parte primordial do processo, além da participação ativa
de outros atores como pais e comunidade. Os exemplos citados se caracterizam por uma didática
democrática e centrada na pessoa. O “aluno- pessoa”, o “professor- pessoa” e a busca para que
todos se tornem pessoas melhores.
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No projeto da Escola da Ponte constam as seguintes prerrogativas: 1- As necessidades
individuais e específicas de cada educando deverão ser atendidas singularmente, já que as
características singulares de cada aluno implicam formas próprias de apreensão da realidade.
Neste sentido, todo aluno tem necessidades educativas especiais, manifestando-se em formas de
aprendizagem sociais e cognitivas diversas. 2- Prestar atenção ao aluno tal qual ele é; reconhecê-
lo no que o torna único e irrepetível, recebendo-o na sua complexidade; tentar descobrir e
valorizar a cultura de que é portador; ajudá-lo a descobrir-se e a ser ele próprio em equilibrada
interação com os outros - são atitudes fundadoras do ato educativo e as únicas verdadeiramente
indutoras da necessidade e do desejo de aprendizagem. 3- Na sua dupla dimensão individual e
social, o percurso educativo de cada aluno supõe um conhecimento cada vez mais aprofundado
de si próprio e o relacionamento solidário com os outros. (Escola Básica da Ponte – Projeto
Educativo. Páginas 02 e 03.)
Essa abordagem, de certa forma, tem proximidade e similaridade com a proposta de Paulo Freire
que defende :“nas condições de verdadeira aprendizagem os educandos vão se transformando
em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador,
igualmente sujeito do processo.” E complementa sugerindo:
“Ensinar exige querer bem aos educandos. Na verdade, preciso descartar como falsa a
separação radical entre seriedade docente e afetividade. Não é certo, sobretudo ponto
de vista democrático, que serei tão melhor professor quanto mais severo, mais frio,
mais distante e “cinzento” me ponha nas minhas relações com os alunos no trato dos
objetos cognoscíveis que devo ensinar. (FREIRE, 2011, p.28 e 138)
No caso da Escola Projeto Âncora, não há séries. As crianças são agrupadas por nível de
autonomia, independente da idade. Cada professor é tutor de 12 crianças. A aprendizagem se dá
através da definição dos sonhos individuais de cada aluno. “Cada um escolhe um sonho que
quer realizar e começa a trabalhar nele. A gente pesquisa e faz projetos para realizar nosso
sonho” afirma a aluna Ana Carolina de 12 anos. O tutor acompanha no dia a dia o progresso de
cada um. A avaliação é constante e não há prova.
Apesar de parecer tão subjetiva, tão fora da realidade, é uma experiência vitoriosa nos seus
resultados. O Âncora consegue o índice de 100% de crianças de 8 anos alfabetizadas, evasão
próxima a zero e ocorrência de bullying muito baixa.
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Fica claro que o estreitamento das relações leva a um processo natural de confiança mútua,
respeito e companheirismo entre professores e alunos, em substituição a situações
individualistas, autoritárias e centralizadoras. Educar com afeto, abrindo espaço para o outro,
considerando os conteúdos individuais e a realidade de cada educando é possível e é libertador.
Importância da aprendizagem e suas características
Aprender é um passo natural para o desenvolvimento do ser humano. Aprendemos constante e
paulatinamente. Através do ato de aprender evoluímos não somente como profissional, mas
também como pessoa. Aprendemos observando, ouvindo, praticando, repetindo, estudando e nos
relacionando.
De acordo com as fases da vida estamos expostos a situações diversas de aprendizado, mais ou
menos complexos, mais ou menos prazerosos. Aprender é absorver novas informações, viver
novas experiências, conhecer opiniões diferentes. O ser humano é movido pela busca do novo,
do desconhecido. Evoluímos porque descobrimos novas formas de viver, escrever, produzir, se
relacionar, evoluímos porque aprendemos.
Aprendemos ampliando o nosso universo, o que já conhecemos, e absorvendo o desconhecido.
Aprendemos comparando o passado com o presente. Incorporamos as descobertas dos
antepassados e colaboramos com a construção do conhecimento presente, o mesmo será,
conseqüentemente, referência para as gerações futuras. Ou seja, o conhecimento evolui através
dos tempos como também é influenciado pela realidade de cada geração. Logo
Cada indivíduo é o que é, em grande extensão, pelo que aprendeu e ainda pelos modos
segundos os quais, em novas emergências de ajustamento, poderá aprender, integrando
seu comportamento e experiência em novos padrões. Todo indivíduo aprende e, através
da aprendizagem, desenvolve os comportamentos que o possibilitam viver. Todas as
atividades e realizações humanas exibem os resultados da aprendizagem.(CAMPOS,
1987,p.14-15)
A aprendizagem não é sinônimo de memorização de informação ou assimilação de conteúdo, a
aprendizagem está relacionada à zona de conforto do educando, para aprender é preciso
reconstruir, romper com o que já se conhece e descobrir o novo, é aceitar os problemas e buscar
uma solução desconhecida, diferente. A cada problema resolvido, conhecimento adquirido ou
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nova situação enfrentada em sala de aula, acontece naturalmente um aprendizado. Como cita
Campos:
A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes,capacidades,
potencialidades do homem, tanto físicas quanto mentais e afetivas. Isto significa que a
aprendizagem não pode ser considerada somente como um processo de memorização
ou que emprega apenas o conjunto de funções mentais ou unicamente os elementos
físicos ou emocionais, pois todos estes aspectos são necessários.(1987,p.33)
Segundo a mesma autora, a aprendizagem se caracteriza por ser um processo dinâmico,
contínuo, global, gradativo, pessoal e cumulativo,ou seja, dinâmico porque é participativo. O
aprendiz faz sua parte, interage no processo, é ativo e não passivo. Contínuo no sentido de
permanente, não há começo e fim. Global, pois se faz necessário que entrem em atividade no ato
de aprender aspectos motores, emocionais e mentais. O gradativo se justifica,pois uma
experiência passada colabora com a posterior. Pessoal porque ninguém aprende pelo outro e
enfim cumulativo porque acontece uma acumulação natural do que se aprende. Assim
Quando falamos em aprender, entendemos: buscar informações, rever a própria experiência,
adquirir conhecimentos, desenvolver habilidades, adaptar-se a mudanças, mudar
comportamentos, descobrir o sentido das coisas, dos fatos, dos acontecimentos [...]
(MASSETO,1994,p.45)
Freire, (2011) defende a importância das perguntas,pois quem pergunta ajuda o outro a pensar,
opinar, discordar, contestar, repensar. Assim os saberes e os pensamentos contrastantes
contribuem para a construção de um novo pensamento. Libâneo complementa:
O professor deve proporcionar condições e meios para os alunos se tornarem sujeitos
ativos no processo de apropriação do saber sistematizado, para isso deve-se propiciar
situações que favoreçam o diálogo entre aluno\aluno-professor\aluno e proporcionar
situações que despertem o interesse dos alunos na apropriação dos conhecimentos
sistematizados e estruturados, passo a passo, de acordo com a organização escolar.
(LIBANEO,1994, p.99)
Aprender e ensinar pressupõem diálogo entre personagens participativos, conscientes, críticos e
abertos à descoberta. Pressupõem abertura para as perguntas do aluno a partir da sua realidade
de vida, seu ponto de vista. Como também pressupõem diálogo, uma comunicação bilateral e
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não apenas impositiva ou castradora. As verdades individuais em um processo de respeito e
troca, constroem verdades coletivas, ou no mínimo, constroem a aceitação da opinião do outro,
mesmo que divergente da opinião do sujeito que ensina.
Educação opressora x educação libertadora
Freire(1997) expõe na pedagogia do oprimido uma visão opressora da educação que chama de
educação “bancária”, caracterizada pela imposição da cultura e do conhecimento do educador
através da transferência de conteúdo para o educando, ou seja, o aluno é o fiel recebedor ou
depositário das informações, e apenas isso, não participa do processo, não discorda, não
pergunta, não acrescenta nada. Nesse contexto, o bom aluno é o que “recebe” os depósitos,
aceita e se adapta à opinião do outro. E o aluno indisciplinado é o curioso, que pergunta, que
compara à sua realidade, não aceita, mas questiona. E o professor é o todo poderoso, detentor do
conhecimento. E reafirma
[...] As relações educador-educando, na escola, apresentam um caráter especial e
marcante- o de serem relações fundamentalmente narradoras, dissertadoras. Narração
ou dissertação que implica um sujeito- narrador- e objetos, ouvintes- os educandos [...]
A tônica da educação é preponderantemente esta – narrar, sempre narrar. O educador
aparece como seu indiscutível agente, como o seu real sujeito, cuja tarefa indeclinável é
“encher” os educandos dos conteúdos de sua narração.(Freire, 1997, p.57)
Em contraponto à educação “bancária”, a educação libertadora e problematizadora propõe que
os educandos não sejam apenas recipientes vazios recebedores de depósitos e narrativas alheias,
mas sejam corpos conscientes, ativos e participativos. É na educação libertadora que o
educador pode aproveitar para colaborar com uma nova sociedade, posto que provoca reflexão
sobre a realidade, contesta as formas de imposição, as mazelas e injustiças. Em um esforço para
que se desenvolva uma posição crítica por parte do sujeito que aprende, ponderando e refletindo
a partir da sociedade em que vive e a que deseja viver.
Luckesi (2011, p.112) propõem que “A aprendizagem disciplinada de alguma coisa não tem que
ser obrigatoriamente coercitiva, ela pode dar-se pelo prazer e pela alegria que produz.” O
educador pode e deve unir conhecimento cientifico e conteúdo programático com satisfação em
aprender. Pode e deve unir informação à realidade de quem aprende. Pode e deve colocar
emoção, empatia e bom humor no dia a dia da sala de aula. Pode dividir o espaço com os alunos,
ouvindo, respeitando e compartilhando experiências. Pode e deve aceitar a opinião do outro, que
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muitas vezes, é diferente da sua. A amorosidade pode e precisa se fazer presente na relação
educador-educando.
Fazendo um paralelo com o estudo de Mizukami(1986) quando a mesma descreve diferentes
linhas pedagógicas e formas de abordagem utilizadas pelos educadores, no seu livro: As
abordagens do Processo, é válido destacar duas delas por considerar “equivalentes” ou
“similares” em muitas características com a educação opressora e libertadora descritas por
Freire:a abordagem tradicional – que se equipara à opressora, ou bancária e a abordagem
humanista – que se equipara à libertadora.
A Abordagem tradicional se caracteriza por: 1) O ensino será centrado no professor.O aluno
apenas executa prescrições que lhes são fixadas por autoridades exteriores.2) O homem é um
receptor passivo até que, repleto das informações necessárias, pode repeti-las a outros que ainda
não as possuam. 3) Evidencia-se o caráter cumulativo do conhecimento humano, adquirido pelo
indivíduo por meio de transmissão.4) É um ensino que se preocupa mais com a variedade e
quantidade de noções/conceitos/informações que com a formação do pensamento reflexivo.5) A
relação professor-aluno é vertical, sendo que ( o professor ) detém o poder decisório quanto a
metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula etc.
Na abordagem humanista:1)É atribuída ao sujeito papel central e primordial na elaboração e
criação do conhecimento . Ao experienciar o homem conhece.2)É dada a ênfase no papel do
sujeito como principal elaborador do conhecimento humano .3) O professor em si não transmite
o conteúdo, dá assistência sendo facilitador da aprendizagem. 4)O conteúdo advém das próprias
experiências do aluno, o professor não ensina, apenas cria condições para que os alunos
aprendam. 5)A educação tem como finalidade primeira a criação de condições que facilitam a
aprendizagem deforma que seja possível seu desenvolvimento tanto intelectual como
emocional.6)Nesse processo os motivos de aprender deverão ser do próprio aluno.7)
Autodescoberta e autodeterminação são características desse processo .
Assim, pode-se constatar que existem diversas formas de desenvolver o processo de ensino
aprendizagem. Existem maneiras distintas de exercer a prática educativa, pois educar pode ser
um exercício de opressão ou libertação. O educador pode ser tradicional ou humanístico. A
escola pode ser coercitiva ou problematizadora. O caminho a seguir é uma decisão de quem
ensina e consequentemente os resultados irão refletir essa escolha.
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O papel do professor
Pino (1997,p.6), defende que “o conhecer humano é uma atividade que pressupõe uma relação
que envolve três elementos, não apenas dois: o sujeito que conhece, a coisa a conhecer e o
elemento mediador que torna possível o conhecimento”.
Para que aconteça o aprendizado é necessário além do sujeito a aprender (aluno), o conteúdo do
que aprender (objeto), e o elemento mediador desse processo, o professor. Ele será o articulador
da aprendizagem, o sujeito responsável pela relação de troca entre as partes, articulação de
teoria e prática e conexão entre a realidade individual e realidade social (cultura). E de que
forma a mediação é feita? Através da didática utilizada pelo professor. Como afirma Luckesi
(2011,p.18) “A didática é o mediador das teorias pedagógicas. É com ela que realizamos nossos
anseios de educadores escolares, em nossa prática de ensino. É a nossa ferramenta de ação.”
Abreu&Masetto (1990,p.115) reforçam que “ É o modo de agir do professor em sala de aula,
mais do que suas características de personalidade que colabora para uma adequada
aprendizagem dos alunos.” O aluno reconhece no professor a habilidade para a prática docente,
seu nível de comprometimento com o grupo e a capacidade de interagir com o universo alheio.
Essa percepção transforma a relação de autoridade e submissão em um vínculo respeitoso e
prazeroso para as partes.
Constantemente o papel do professor/mediador no processo de ensino aprendizagem é estudado,
questionado, repensado. Segundo Zabalza (2004, p.108), "como em qualquer outro tipo de
atividade profissional, os professores devem ter os conhecimentos e as habilidades exigidos a
fim de poder desempenhar adequadamente as suas funções".E essas habilidades devem estar
conectadas com a realidade de cada época. Algumas são permanentes, porém outras necessitam
de atualização para acompanhar o momento em que a sociedade vive e o perfil do aluno atual.
Vivemos uma realidade social em que se propõe a ampliação do tempo de escolaridade e o
acesso ao ensino. Fato que tem provocado a formação de um novo e diversificado perfil de
educandos na sala de aula. Além de mudanças nas características do mercado, na velocidade e
quantidade de informações disponíveis, no acesso à tecnologia. Fatores a serem ponderados no
momento de escolher a forma de ensinar e aprender.
78 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Luckesi(2011, p.145) propõe
O educador deve possuir algumas qualidades, tais como: compreensão da realidade
com a qual trabalha, comprometimento político, competência no campo teórico de
conhecimento em que atua e competência técnico-profissional.
Diante desse contexto não é possível ensinar sem conhecer e se interar da realidade em que se
vive, não se ensina sem envolvimento e preocupação com o outro, não se ensina sem
comprometimento com quem aprende, não se ensina sem conhecer e dominar o conteúdo a ser
ensinado,não se ensina sem conquistar e envolver quem aprende no processo. Ensinar é muito
mais que transmitir o que se estudou esperando que o aluno simplesmente receba o conteúdo, e
assim aprenda.
E Libâneo (1994,p.99) afirma
Em cada um dos momentos do processo de ensino o professor esta educando quando:
estimula o desejo e o gosto pelo estudo, mostra a importância dos conhecimentos para a
vida e para o trabalho, exige atenção e força de vontade para realizar as tarefas; cria
situações estimulantes de pensar, analisar, relacionar aspectos da realidade estudada nas
matérias; preocupa-se com a solidez dos conhecimentos e com o desenvolvimento do
pensamento independente; propõe exercícios de consolidação do aprendizado e da
aplicação dos conhecimentos.
Ensinar é uma tarefa árdua, constante, estimulante e difícil. Engano pensar que basta ter
conhecimento do assunto a ser ensinado, engano resumir o ato de ensinar a transferir
informações a quem espera aprender. Muito mais que competência teórica e técnica é preciso
colocar afeto no ato de ensinar, abrir-se ao outro e para o outro, respeitar as diferenças e se
permitir aprender ensinando.
Luckesi (2011,146-147) diz que
De certa forma, é preciso ter paixão nessa atividade.[...] Uma paixão que se manifeste,
ao mesmo tempo, de forma afetiva e política. Sem essa forma de paixão, as demais
qualidades necessárias ao educador tornam-se formais e frias.Daí, vem a “Arte de
ensinar”.
79 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Difícil imaginar “um professor de verdade” sem paixão pelo que faz. Como ser proativo,
democrático, libertador, seguro, acolhedor, firme, responsável, sem paixão? Como lidar com
pessoas tão diferentes,turmas tão heterogêneas e desafiadores se não amar o que faz?Como
crescer profissionalmente sem fazer crescer junto o aluno? Como respeitar o aluno ser humano,
sem colocar afetividade nas relações de aprendizagem?
Tacca (2000) faz uma feliz colocação quando diz: “É preciso, sim, ter metas e objetivos, saber
sobre o que se vai ensinar, mas não se pode perder de vista, um segundo sequer, para quem se
está ensinando e é disso que decorre o como realizar.”
No exercício da docência é necessário planejamento, estudo e organização das aulas. O
professor necessita estabelecer os objetivos e definir o método didático que vai utilizar para
atrair o interesse do aluno, fazê-lo interagir. Porém o ensino aprendizagem sem sensibilidade por
parte de quem ensina, sem compreensão das necessidades individuais de quem aprende, sem
conquista afetiva do aprendente é apenas transmissão de conhecimento, transferência de
conteúdo e cumprimento da ementa. Os objetivos estabelecidos podem até ser alcançados,
porém não há transformação, não há satisfação por parte de quem aprende, muito menos
propósito claro em aprender.
Paulo Freire (2011)ratifica esse raciocínio quando descrimina algumas exigências ao ato de
ensinar: 1) Ensinar exige rigorosidade metódica. 2) Ensinar exige respeito aos saberes dos
educandos. 3) Ensinar exige o reconhecimento e a assunção da identidade cultural.4) Ensinar
não é transferir conhecimentos. 5) Ensino exige humildade, tolerância e luta em defesa dos
direitos dos educandos. 6) Ensinar exige comprometimento. 7) Ensinar exige querer bem aos
educandos
Enquanto houver negligência em relação a formar, reconhecer, acompanhar e valorizar os
resultados do trabalho do professor que alcança o crescimento dos seus alunos, manteremos
salas de aula convencionais, com comportamentos antiquados e desrespeito ao objetivo maior do
processo de ensino aprendizagem: a formação de cidadãos que aprendem a pensar e não a
obedecer. Ensinar é uma missão que deve adotar como prioridade o aluno. Ele deve ser sempre
o ator principal do processo de ensinar, o objetivo central da proposta pedagógica escolhida e da
didática aplicada.
80 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Luckesi(2011,pg.149) reflete sobre o papel do educando, na relação ensino aprendizagem,
No trabalho escolar, o educador deve estar atento ao fato de que o educando é um
sujeito, como ele, com capacidade de ação e de crescimento, e, por isso, um sujeito
com capacidade de aprendizagem, conduta inteligente, criatividade, avaliação e
julgamento.
Podemos dizer que a compreensão que o professor tem do aluno e do que deve realizar com ele
tem muitas implicações no seu trabalho. Cabe-lhe permitir que o estudante revele-se , mostre do
que é capaz e construa sua história colaborando com a história do educador. E o educador seja
um agente de transformação da história de cada educando.
Considerações finais
Educador e educando, seres humanos formadores do processo de aprendizagem, interagem entre
si e se completam. O educador é aquele que ao invés de transmitir conhecimentos, constrói o
conhecimento junto ao educando, dá condições ao outro de aprender e transformar o que já
conhece.
Quando o educador consegue criar um ambiente de confiança, curiosidade, abertura,
participação e reflexão na sala de aula, pode-se afirmar que o mesmo influencia positivamente o
aluno para a aprendizagem, porém, quando não se estabelece um clima de respeito, aceitação e
troca, acontece um desinteresse natural do aprendente.
Com o propósito de refletir sobre a relação professor- aluno como um influenciador do processo
de aprendizagem, esse artigo possibilitou à pesquisadora, através de uma pesquisa bibliográfica
baseada em autores da área e artigos relacionados ao tema, alisar, ponderar, refletir, repensar e
reconhecer questões relevantes para a prática docente, como por exemplo, a necessidade dos
educadores considerarem não somente os fatores históricos e sociológicos do educando, mas
também os fatores psicológicos do mesmo.
Além de identificar a necessidade de conhecer e adaptar à realidade atual os conhecimentos,
saberes e competências da docência, reforçar a consciência de que o modo de ser professor
interfere nos resultados da aprendizagem. Fortalecendo a certeza de que existem diversas formas
de desenvolver o processo de ensino aprendizagem e maneiras distintas de exercer a prática
81 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
educativa. Além da clareza em relação a importância das relações afetivas no processo de ensino
aprendizagem.
O ato de ensinar está diretamente relacionado ao ato de aprender. Dependendo de como se
ensina pode acontecer ou não o aprendizado. Sem interação entre o mundo de quem ensina e de
quem aprende o educar estará resumido a “educação bancária”, impositiva, opressora. O
educador conhecedor de seu papel de construtor do conhecimento em parceria com o aluno,
adota uma postura responsável de interação, proposição, questionamento e respeito ao outro.
Educar pode ser um exercício de opressão ou libertação. O educador pode ser tradicional ou
humanístico, assim como, a escola pode ser coercitiva ou problematizadora.
A pesquisa não tem a pretensão de esgotar o tema, mas sim refletir, questionar e abrir a
discussão, para que outros pesquisadores e interessados aprofundem a indagação sobre o reflexo
da relação professor- aluno na aprendizagem.
Diante do exposto, o educador precisa se preparar para a nova realidade encontrada na escola. E
a partir do objetivo maior de buscar o aprendizado do educando, precisa reconhecer que esse
aprendizado é construído em conjunto. Preparando-se para lidar com um mundo globalizado,
um aluno conectado, cercado de informações, questionador e detentor de uma bagagem diversa
.Um aluno que reconhece o mundo e a cultura do outro no processo de aprendizagem junto a um
professor seguro capaz de permitir que o outro interfira, participe, conteste, acrescente. Aberto
para querer bem ao outro, dando espaço para a afetividade.
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85 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
A RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL NAS EMPRESAS:
UMA PROPOSTA DE ANALÍSE
Josivania Avelino de Sousa6
Rainara Oliveira Silva Pereira1
Jorge Messias Leal do Nascimento7
RESUMO Com a globalização, ficou mais fácil de saber o que acontece dentro das organizações. Algumas
empresas têm apostado em práticas para um desenvolvimento sustentável, que promove o bem-
estar social de seus públicos externo e interno, como veremos nesse artigo, a responsabilidade
socioambiental tem se apresentado como uma questão cada vez mais importante no comportamento das
organizações. Ela pode ser aplicada independentemente do porte da empresa, e que resulta em benefícios,
sendo que ela não pode ser vista somente como uma estratégia, mais como um processo de mudança
abrangendo comportamentos éticos que valorizem a sociedade e o meio ambiente. O presente estudo
trata de uma pesquisa embasada na revisão de literatura em livros, artigos, revistas e jornais, com o qual
pretende-se alcançar dois objetivos: apresentar o conceito e a importância da pratica da responsabilidade
socioambiental nas empresas, que é um tema defendido tanto pelas empresas, sociedade e estado como é
um fenômeno que delimita as ações empresariais e que pode contribuir para ampliar o poder das
empresas.
PALAVRAS-CHAVE: Comportamentos éticos, Desenvolvimento sustentável, Organizações.
INTRODUÇÃO
A responsabilidade Socioambiental tem se tornado um tema debatido pela mídia global
e adquirido muita importância nas estratégias de negócio de uma organização.
O movimento em prol da responsabilidade socioambiental ganhou forte impulso e
organização no início da década de 1990, em decorrência dos resultados da Primeira e Segunda
Conferências Mundiais da Indústria sobre gerenciamento ambiental, ocorridas em 1984 e 1991.
As questões relacionadas a responsabilidade socioambiental são globais e, dependendo do
contexto, sua compreensão por parte das empresas e demais instituições pode acontecer de
formas diferentes, levando-se em consideração os impactos e influências dos desafios
econômicos, sociais e ambientais a serem enfrentados, e dos padrões internacionais e nacionais
adotados como referência para o desenvolvimento nos diferentes países (BRASIL, 2009, site).
6 Discentes do curso de Administração da Faculdade São Francisco de Juazeiro-BA. 7 Docente da Faculdade São Francisco de Juazeiro-BA. E-mail: jorge_messias@ymail.com
86 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Embora a preocupação com o meio ambiente date do século XIX,
somente no século XX e, principalmente, a partir dos anos 70 passou a
ter repercussão na sociedade, com visão de que o problema não poderia
ser de responsabilidade localizada, mas de responsabilidade globalizada.
A frase "pensar globalmente, agir localmente" é um resumo do
pensamento que passou a dominar os organismos ambientalistas de
várias partes do mundo (FERREIRA 2011, p.2).
Para alguns a Responsabilidade Social representa uma obrigação legal, já para outros
traduzem como um real comportamento eticamente responsável.
É imprescindível que as empresas estejam conscientes dos impactos de suas atividades
no meio ambiente, adotando medidas para amenizá-los. O empresário tem que estar sempre
atento as inovações, uso de tecnologias limpas e, sobretudo com a preservação de recursos não
renováveis. O desenvolvimento sustentável adere uma perspectiva de longo prazo do processo
de desenvolvimento econômico, compreendendo as ressalvas e o incremento do capital
ambiental e social. Esse conceito em questão é crucial para o bom desenvolvimento dos
negócios e da sociedade, uma vez que não é possível progredir em um ambiente deteriorado
(SEIFFERT, 2007).
Os problemas sociais só encontram soluções com a ajuda de todos e principalmente das
empresas, ou seja, é visível a importância do Empresariado nas questões socioambientais.
Empresas que oferecem apenas preço e cumprimento da legislação deixou muito de ser
valorizada, o que a sociedade cada vez mais quer é empresas que ajudem a minimizar os
problemas sociais e ambientais do atual cenário brasileiro.
O trabalho tem a seguinte estrutura: além desta introdução, a próxima seção apresenta
os procedimentos metodológicos adotados para a seleção da amostra e análises dos resultados,
logo são apresentados o referencial teórico, baseado em obras anteriores de eminentes autores
que se dedicaram a estudar o tema e por fim, são apresentadas as conclusões e referências.
Diante do contexto apresentado, com este trabalho de conclusão, busca-se responder
ao seguinte questionamento: Qual a importância da ética e da responsabilidade
socioambiental nas empresas e como as mesmas podem contribuir para o crescimento do
negócio? Com este trabalho de pesquisa pretende-se ressaltar a importância da consciência ética
nas organizações com relação à responsabilidade socioambiental.
METODOLOGIA
A importância da Metodologia na prática da pesquisa e do trabalho científico é garantir,
por meio do processo, sua qualidade e confiabilidade.
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Percebe-se que atualmente muitas empresas vêm dando um tratamento especial a essa
questão, o que despertou o interesse em desenvolver esta pesquisa, por meio da Pesquisas
Bibliográficas sobre o tema em revistas acadêmico-cientifico especializadas, em livros que
abordem o assunto e órgãos conceituados como o Instituto Ethos.
O método de pesquisa que foi utilizado é classificado segundo os objetivos,
investigação explicativa, que para (VERGARA, 2007, p. 42):
A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo inteligível,
justificar lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer quais fatores contribui de
alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno. Por exemplo: as
razões do sucesso de determinado empreendimento. Pressupõe pesquisa
descritiva como base para suas explicações.
Ressalta-se ainda que, o presente estudo é caracterizado com de nível acadêmico,
qualitativa, exploratória analítica. Foram utilizados os seguintes repositórios de pesquisas:
Scielo, Periódicos CAPES, Sites Oficias de Pesquisas e o complemento deu-se através dos
materiais didáticos (livros, documentos).
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Porque ser Socialmente Responsável?
Segundo afirma: Jones e George (2008, p. 137):
Uma segunda razão importante para as empresas agirem de maneira socialmente
responsável em relação aos funcionários, clientes e sociedade é que, em um
sistema capitalista, empresas e governo não arcam com os custos de proteger
seus stakeholders, de fornecer assistência médica e renda, de pagar impostos e
assim por diante. Logo, se todas as empresas em uma sociedade agirem de
maneira socialmente responsável, a qualidade de vida como um todo aumenta.
É só a partir de práticas de responsabilidade socioambiental que conseguiremos um
mundo com desenvolvimento sustentável e com menos danos ao meio ambiente e a sociedade.
Com essas mudanças as empresas ganham confiança e reputação, aspectos de grande
importância para diferenciação num mercado cada vez mais competitivo.
A responsabilidade social pode ser entendida como uma forma de gestão que
persegue a sustentabilidade organizacional para que as empresas colaborem com
o desenvolvimento sustentável. Ainda pode ser caracterizada por atitudes e
atividades baseadas em valores éticos e morais, para minimizar os impactos
negativos que as organizações causam ao ambiente (CABESTRE et al., 2008 ).
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Além do desempenho empresarial, as organizações privadas têm se preocupado em
mostrar responsabilidade pelo contexto social e ambiental na realização de suas atividades,
mantendo um bom relacionamento com os seus stakeholders (GOLDSTEIN, 2007, p. 7).
O que se percebe no mundo dos negócios e na sociedade, é que as ações de
responsabilidade socioambiental são iniciativas que envolvem médias e grandes empresas e que
acabam se tornando importantes agentes para a solução de problemas sociais e ambientais.
ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL
Na década de 1980, o aumento das pressões sobre as empresas pela busca de alterações
nos aspectos econômicos, desponta-se como terreno propício à discussão e difusão das ideias de
responsabilidade social.
No Brasil, a responsabilidade social ganhou impulso com o advento das
Organizações não governamentais (ONGs), o fortalecimento dos sindicatos e a
campanha pela divulgação do Balanço Social, apoiada pelo sociólogo Herbert
de Souza, o Betinho. Na década de 1980, a sociedade experimentou períodos
produtivos com a participação da sociedade em movimentos de mudança, tais
como as greves do ABC paulista, a redemocratização, as diretas já, a nova
constituinte, as conquistas da mulher e as lutas raciais. Em sintonia com os
movimentos globais em favor do meio ambiente, no Brasil dos anos 70, foram
criados os órgãos de controle ambiental3 (VILELLA, 2016).
Hoje, o tema “responsabilidade social” assume um aspecto ético-empresarial tão forte,
ao ponto de estar transformando-se em uma “doutrina empresarial”, sem a qual não
há sucesso. Visto que nas últimas décadas, a responsabilidade social vem ganhando maior
visibilidade, por causa das cobranças da sociedade por optarem por comprar nas empresas que
preservem a sociedade e o meio ambiente, dando maior credibilidade a ela.
Pois conforme (DIAS 2006, p.69):
O agravamento das condições ambientais provocou ao mesmo tempo aumento
da consciência dos cidadãos sobre a importância do meio ambiente natural”.
Além disso, relata que as empresas são responsáveis indiretas pelo crescimento
do interesse pelo meio ambiente, devido ao fato de serem as causadoras
dos principais impactos ambientais que despertaram a conscientização da
sociedade quanto a esses problemas.
Uma empresa que apresenta posturas éticas na sociedade, mostra um papel positivo na
visão de todos e uma questão de boa qualidade para as pessoas. A pessoa ética, assim como a
empresa, só tem a ganhar. Por sempre agir corretamente e respeitando ao próximo, ganham
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confiança, credibilidade, clientes e como retorno, obtém-se o lucro. Segundo afirma
(JONES e GEORGE, 2008, p. 318).
A ética de uma empresa é o resultado de diferenças na ética social,
organizacional, profissional e individual. Por sua vez, a ética de uma empresa
determina sua postura ou posição na responsabilidade social. A postura de uma
empresa na responsabilidade social é a maneira como seus gerentes e
funcionários veem seu dever ou obrigação de tomar decisões que protejam,
aumentem e promovam a prosperidade e o bem-estar da sociedade como um
todo.
Essa compreensão nos permite afirmar a tônica de que as organizações
são "responsáveis" para que o mundo seja melhor, e as pessoas esperam especialmente que as
empresas não se comprometam apenas com a qualidade dos serviços ou produtos que oferecem,
más também, com a qualidade de vida e preservação do meio ambiente.
Para Leonardo Boff:
[...] A responsabilidade social é a obrigação que as empresas assumem de
buscar metas que, a médio e longo prazo, sejam boas para elas e também para o
conjunto da sociedade na qual estão inseridas. Não se trata de fazer para a
sociedade o que seria filantropia, mas com a sociedade, se envolvendo nos
projetos elaborados em comum com os municípios, ONGs e outras entidades.
Mas sejamos realistas: num regime neoliberal como o nosso, sempre que os
negócios não são tão rentáveis, diminui ou até desaparece a responsabilidade
social. O maior inimigo da responsabilidade social é o capital
especulativo (BOFF, 2011, site).
Pondo em prática seu dever social é necessário haver nas organizações uma
compreensão mais profunda dos impactos sobre o ambiente, comunidade, a vida dos
empregados e de todos os parceiros sociais. Visto que todas as empresas que adotam posturas
socialmente responsáveis tendem a crescer cada vez mais.
Ética contribui para o crescimento econômico, ao mesmo tempo que colabora com a
preservação ambiental e com a melhora da qualidade de vida de seus colaboradores, familiares e
da comunidade em geral.
A organização é composta de pessoas, e estas são recheadas de talentos,
anseios, sentimentos, ideias, inteligências, culturas, princípios e valores
diversos e que serão estas pessoas as responsáveis por alavancar ou arruinar as
organizações... A partir do momento que todos dentro da organização tiverem
uma consciência ética, toda organização irá atuar de forma interagida, inter-
relacionada, e integrada resultando no rebento denominado
sucesso (FURBINO, 2008).
90 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Logo, o sucesso de uma organização depende muito de posturas éticas dentro dela,
todos os integrantes devem ser éticos, para que a empresa seja bem vista no mercado e
assim alcance seus objetivos. Como citado anteriormente, ética é o estudo do comportamento
dos indivíduos, julgando-os adequado ou não, perante a sociedade ou a organização.
AS EMPRESAS E O AMBIENTE
Quando se fala em desenvolvimento sustentável, a responsabilidade sobre isso
normalmente é remetida a governos e empresas e pouco se fala sobre o papel de cada
cidadão. Levando-se em consideração que essa questão não pode ser confundida como uma
obrigatoriedade imposta pelo governo, pois cada um em si contribui e deve fazer a sua parte
para o desenvolvimento sustentável da nação.
O que as empresas produzem é demanda da necessidade de consumidores
por produtos específicos para essas necessidades. Contudo, no atual estágio de
desenvolvimento de nossa sociedade, o conceito de necessidade do consumidor
extrapola sua subsistência e adentra em campos que estimulam esse consumo
além da questão do viver bem (FERREIRA 2011, p.11).
De fato, devido ao aumento do consumismo no mundo, as pessoas passam a comprar
mais, e as vezes sem necessidade, fazendo assim contribuir para a destruição do planeta de
modo a prejudicar as gerações atuais e futuras.
Há inúmeras vantagens para as empresas e indústrias que investem na gestão
socioambiental, além da imagem positiva e de vendas.
A postura consciente, independente do que preconiza a legislação ambiental
brasileira, deve fazer parte dos valores da empresa. É preciso estabelecer, antes
de mais nada, o respeito por meio da adoção de práticas em favor da sociedade e
do meio ambiente, encarando as ações preventivas e sustentáveis como meta
final. A empresa que investe em ações ambientais responsáveis beneficia o
colaborador, constrói uma imagem positiva no mercado e também sai na frente
em produtividade, inovação e satisfação ao cliente (TERA, 2014).
As práticas de Responsabilidade Social Ambiental (RSA) adotadas pela organização,
também podem servir de modelo para os stakeholders e inspirar mudanças para que se
tornem multiplicadores em sua rede de influência. Segundo Ricardo Young:
[...] uma empresa social e ambientalmente responsável é a que considera os
impactos de sua atividade sobre todos os públicos de seu relacionamento –
funcionários, fornecedores, comunidade, governos, entidades da sociedade civil
e também prestadores de serviço, consumidores, acionistas e
investidores (YOUNG, 2006, p.9).
91 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
De acordo com TREVISAN et al. (2008, p. 2), a “[...] responsabilidade socioambiental
deixou de ser uma opção para as organizações, ela é uma questão de visão, estratégia e, muitas
vezes, de sobrevivência. ”
O sucesso da empresa não mais está ligado apenas à capacidade de produção, cada vez
mais ganha evidência a participação de atuação nas esferas sociais e ambientais.
A SUSTENTABILIDADE
O termo Sustentabilidade tem sido tema de debates no meio acadêmico e
empresarial. A palavra sustentabilidade remete a ideia de continuidade, sobrevivência
ou prosperidade e está relacionada com futuro.
Sustentabilidade implica a noção de perenidade, algo que não se esgota, a
concepção de que aquilo que atualmente existe possa garantir-se no futuro.” E, a
expressão ‘sustentável’ esta associada “ao novo paradigma técnico-científico do
desenvolvimento, e expressa a ideia daquilo que tem continuidade ao longo do
tempo (FIALHO et al, 2007, p. 149).
Então é observado cada vez mais a valorização da governança na esteira da
Sustentabilidade e o seu diferencial está ligado à postura ética e comprometimento da empresa
com a comunidade. Sendo que apresentar a Sustentabilidade organizacional é gerir atividades de
um empreendimento de forma Sustentável.
Para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) a
Responsabilidade Socioambiental: "Está ligada à ações que respeitam o meio ambiente e a
políticas que tenham como um dos principais objetivos a sustentabilidade. Todos
são responsáveis pela preservação Ambiental: governos, empresas e cada cidadão."
A definição do Instituto Ethos 2010 em prol do desenvolvimento Sustentável é:
[...] a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da
empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo
estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvolvimento
sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as
gerações futuras, respeitando a diversidade e promovendo a redução das
desigualdades sociais.
O conceito de desenvolvimento sustentável está hoje totalmente integrado ao conceito
de reponsabilidade social.
92 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
O modelo da sustentabilidade é uma nova forma de fazer negócios, que tem
como pressuposto o novo papel da empresa na sociedade. Sustentabilidade e
responsabilidade social trazem para o modelo de negócios a perspectiva de
longo prazo, a inclusão sistemática da visão e das demandas das partes
interessadas, e a transição para um modelo em que os princípios, a ética e a
transparência precedem a implementação de processos, produtos e
serviços (BORGER, 2013, site).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o presente trabalho pôde-se observar que tanto as empresas, e todos os
seus stakeholders (todas as partes envolvidas), os clientes, o governo, somos
todos responsáveis pelo planeta, uns pelos outros.
Visto também que a empresa socialmente responsável não é a que cumpre somente as
obrigações legais, mas a que desenvolve ações efetivas à sociedade, seja através da melhoria das
condições de trabalho dos próprios empregados, seja de respeitar e atuar com ética perante os
colaboradores. A responsabilidade social e a ética estão intrinsecamente ligadas.
Na pesquisa bibliográfica realizada, foi possível perceber a disponibilidade de artigos e
outras publicações com foco em aspectos de responsabilidade socioambiental de médias e
grandes empresas e muitas outras no desenvolvimento sustentável que é um assunto bastante
discutido atualmente.
Como contribuição para o desenvolvimento sustentável, sublinha-se o esforço tanto
acadêmico quanto empresarial, para que o tema deixe de ser utopia e passe a ser realidade nas
ações efetivas nas organizações brasileiras.
Conforme Diniz e Silva (2009): Para que as empresas obtenham um crescimento
sustentável é necessário que elas se valorizem, que sejam sempre abertas, transparentes,
imbuídas de cidadania, preocupadas com o meio ambiente, verificando o que pode ser feito para
contribuir com o crescimento sustentável do seu Estado.
Contudo, conclui-se que a Responsabilidade Socioambiental é um assunto muito amplo
para tratar em apenas um artigo e que o objetivo fundamental de qualquer organização é obter o
maior lucro possível e, com mudanças no sentido global, em termos de muitos problemas
relacionados ao meio ambiente, as empresas começam a ter que se adequar a essa
responsabilidade na fiel expressão de fazer deste país uma nação justa, com menos
desigualdades, e sobretudo, mais solidaria.
93 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
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95 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
AS CARACTERÍSTICAS HISTÓRICAS DOS SISTEMAS POLÍTICO-ECONÔMICOS
Francisca Afra do Amaral8
RESUMO
O presente trabalho traz como tema o capitalismo e o socialismo, que são diferentes sistemas econômicos
e sociais, historicamente desenvolvidos por pensadores importantes na cultura moderna, ambos os
sistemas econômicos e sociais são abordados no presente artigo onde são mostradas suas principais
características econômicas e sociais, dentre outros fatores importantes que fazem esses dois sistemas
econômicos importantes atualmente. O principal objetivo do trabalho é conhecer as características do
capitalismo e do socialismo e através de pesquisa bibliográfica foi alcançada a informação para poder
compreender as principais características e conceitos que ambos os sistemas econômicos trazem em sua
história ao longo da história.
Palavras – Chave: Capitalismo, Socialismo, Sistemas Econômicos, Economia e Conceitos econômicos.
INTRODUÇÃO
Através do desenvolvimento deste trabalho, pode-se conhecer um pouco mais
sobre determinados eventos na história geral da economia, que são de grande importância. E
com isso discutir temas baseados na economia, sabendo em profundidade vários aspectos que se
têm a ver com isso, características do capitalismo e do socialismo.
O desenvolvimento deste trabalho ajuda a expandir o nosso conhecimento sobre a
história da economia, os pensamentos que tiveram pesquisadores e historiadores em vários
momentos da história do mundo, e como estes acontecimentos afetaram direta ou indiretamente
a educação dos vários países, formando assim, a educação que temos hoje.
Diante do conteúdo abordado, podem-se conhecer os vários fundos que precedem o
assunto baseado na economia, mais facilmente podemos aprender o que os fatos e as
características fundamentais que ocorreram, com o conhecimento de seus principais
representantes, finalmente veremos, da mesma forma, quais foram as principais mudanças que
viveram naquela época, e qual foi o significado e a importância deles.
2 - O CAPITALISMO
8 Discente do curso de Mestrado em Educação da Anne Sullivan University. Email: franciscaafra@ymail.com
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O capitalismo historicamente é uma ordem ou sistema social e econômico derivada do
usufruto da propriedade privada do capital como uma ferramenta de produção, Arrighi (1996)
menciona que o capitalismo é maioritariamente constituído de relações comerciais ligadas a
atividades de investimento e relações de lucro e trabalhistas, autónoma e com subordinados
assalariados.
Para Mandel (1981) o capitalismo é um modo de produção fundado na divisão da
sociedade em duas classes essenciais: a dos proprietários dos meios de produção (terra,
matérias-primas, máquinas e instrumentos de trabalho) - sejam eles indivíduos ou sociedades -
que compram a força de trabalho para fazer funcionar as suas empresas; a dos proletários, que
são obrigados a vender a sua força de trabalho, porque eles não têm acesso directo aos meios de
produção ou de subsistência, nem o capital que lhes permita trabalhar por sua própria conta.
Mandel (1981) também afirma que o capitalismo não existe em lugar nenhum em estado
puro, ao lado dessas duas classes fundamentais vivem outras classes sociais. Nos países
capitalistas industrializados, encontra-se a classe dos proprietários individuais de meios de
produção e troca, que não exploram ou quase, mão-de-obra: pequenos artesãos, pequenos
camponeses, pequenos comerciantes. Já nos países do Terceiro Mundo, encotra-se muitas vezes
ainda proprietários fundiários semi-feudais, cujos rendimentos não provém da compra da força
de trabalho, mas de formas mais primitivas de apropriação do sobre-trabalho, como a corveia ou
a renda em espécie. Trata-se aí, porém, de classes que representam resquícios das sociedades
pré-capitalistas, e não classes típicas do próprio capitalismo.
Arrighi (1996) diz que a origem etimológica da palavra capitalismo vem da ideia de
capitais e seu uso para a propriedade privada dos meios de produção, no entanto, está
principalmente relacionada com o capitalismo como um conceito com troca no prazo de uma
economia de mercado que é o seu necessário, e absoluta propriedade privada ou burguesa que é
o seu corolário prévio, a origem da palavra pode ser rastreada antes de 1848, que se torna um
fluxo como tal e reconhecida como um termo, de acordo com fontes escritas da época.
Arrighi (1996) conclui que é chamada de sociedade capitalista tudo o que a sociedade
política e jurídica é originada com base em uma organização racional do trabalho, dinheiro e
utilidade dos recursos de produção, personagens próprios e econômicos. No sistema de ordem
capitalista, a sociedade consiste em extratos socioeconômicos e não como são os do feudalismo
e outros modernos, se distingue desta e de outras formas sociais pela possibilidade de
mobilidade social dos indivíduos, a estratificação social de natureza econômica, e distribuição
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de rendimento que depende quase inteiramente sobre a funcionalidade das diferentes posições
sociais adquiridas na estrutura de produção.
“recusar admitir esta dicotomia da economia de ontem, a pretexto de que o ‘verdadeiro’
capitalismo dataria do século XIX, é renunciar a compreender o significado... do que se
poderia chamar a topologia antiga do sistema do capitalismo”. (MAGELA, 2007, p.
12).
Também para Mandel (1981) o capitalismo não pode sobreviver e desenvolver-se senão
quando estão reunidas as duas características fundamentais que são o monopólio de meios de
produção em proveito de uma classe de proprietários privados; existência de uma classe
separada dos meios de subsistência e de recursos que lhe permitam viver de outro modo que não
pela venda da sua força de trabalho. O modo de produção capitalista reproduz constantemente as
condições da sua própria existência.
Diante disso Mandel (1981) diz que a repartição do "valor acrescentado", do rendimento
nacional, faz surgir, por um lado, uma acumulação de capitais (entre as mãos das empresas) que
permite transformar em propriedade privada o essencial dos meios de produção e de troca
recém-criados. Esta mesma repartição do rendimento nacional condena, por outro lado, a massa
dos assalariados a só ganhar o que eles consomem, mesmo quando o seu nível de vida e de
consumo sobem progressivamente; ela não lhes permite se transformarem em capitalistas, isto é
em indivíduos trabalhando por sua própria conta.
Mynayev (1967) menciona que a classe consiste nos criadores e / ou proprietários que
fornecem capital para a organização econômica em troca de um interesse descrito como
"capitalista", ao contrário de funções de negócios, cujo sucesso se traduz como ganância e
gerencial que você executou em troca de um salário, vulgarmente descrito desde o século XVIII
como "burguesia" tanto este grupo social e do trabalho empregadores de uma sociedade
industrial moderna, mas a burguesia tem origem nas cidades da sociedade rural medieval e é
feito pelos proprietários autônomos cuja natureza dá origem ao capitalismo moderno.
2.1 A Origem do Capitalismo
Para Magela (2007) ambos os comerciantes e comércio existiam desde o inicio da
civilização, mas o capitalismo como sistema econômico, em teoria, não apareceu até o século
XVII na Inglaterra substituindo feudalismo. Os seres humanos sempre tiveram uma forte
tendência a fazer concessões, mudanças e troca de uma coisa para outra. Assim o capitalismo,
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como o dinheiro e a economia de mercado, é creditado com uma origem espontânea ou natural
dentro da sociedade moderna.
Koselleck (2006) menciona que este impulso para o comércio e troca foi acentuado e
fomentado pelas cruzadas organizadas na Europa Ocidental desde o século XI ao século XIII.
As caminhadas e expedições do XV e XVI reforçaram essas tendências e incentivaram o
comércio, especialmente após a descoberta do Novo Mundo e a entrada na Europa de grandes
quantidades de metais preciosos a partir dessas terras.
Diante disso Arrighi (1996) diz que a ordem econômica resultante destes
desenvolvimentos era um sistema que dominava o comércio ou negócio, ou seja, cujo principal
objetivo foi o intercâmbio de mercadorias e não para produzi-los, a importância da produção não
era claro até que a Revolução Industrial ocorrida no século XIX.
“É demasiado fácil batizar de econômica uma forma de troca e de social outra. Na
realidade, todas as formas são econômicas, todas são sociais. Houve, por séculos a fio,
trocas socioeconômicas muito variadas que coexistiram...” (ARRIGHI, 1996, p. 23).
Segundo Mandel (1981) não convém confundir "capitalismo" e "capital". O primeiro é
um modo de produção nascido da penetração do segundo na esfera da produção. Mas antes de
transtornar o modo de produção, o capital existia, no seio dos modos de produção anteriores,
essencialmente em sociedades feudais e semifeudais e no modo de produção asiático.
Mandel (1981) menciona que a partir de uma certa etapa de desenvolvimento das forças
produtivas, a troca - inicialmente ocasional e sem importância nas sociedades mais primitivas -
se regulariza no seio de sociedades ainda fundadas sobre uma economia essencialmente natural.
Assim aparece a produção para a troca (produção de mercadorias) ao lado da produção para
satisfazer diretamente as necessidades dos produtores ou da sua coletividade. A pequena
produção mercantil (por exemplo o artesanato corporativo da alta Idade média) não foi criada
pelo capital. Ele pode manter-se estável durante séculos e coabitar com uma agricultura de
subsistência, com a qual ela estabeleceu relações de troca que não minam nem um nem outro.
A troca regularizada, que se estende progressivamente, faz nascer o dinheiro e o
comércio do dinheiro, sobretudo quando se trata de uma troca prorrogada no tempo e no espaço
(comércio internacional). Mandel (1981) conclui que o capital aparece na sociedade capitalista
sob a forma de capital-dinheiro, independentemente do modo de produção e independentemente
das classes fundamentais dessa sociedade. Inicialmente intermediário, mas um intermediário que
subjuga progressivamente todas as esferas da atividade econômica.
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2.2 Tipos de Sistemas Capitalistas
Existem diferentes variantes do capitalismo de acordo com a relação entre mercado,
Estado e sociedade. Todos eles compartilham características, tais como a produção de bens e
serviços para o lucro, à alocação de recursos com base principalmente no mercado e
estruturação em torno da acumulação de capital. Arrighi (1996) diz que é importante entre os
círculos ligados à Escola Austríaca de economia conhecidos como "capitalismo" para a sua
variante mais pura. Os dos benefícios do capitalismo têm adotado posições mais moderadas
perante o capitalismo mais uniforme no que respeita à sua prática de implementação.
Algumas formas de capitalismo historicamente existentes são:
Mercantilismo e o protecionismo;
Capitalismo puro e desregulado;
Capitalismo corporativo;
Economia social de mercado;
Economia mista.
No seu estudo Magela (2007) menciona que em grande parte, na maioria dos países
modernos predominam formas mais próximas do último capitalismo em duas formas, a
economia social de mercado e uma economia mista. O mercantilismo e o protecionismo
parecem quase universalmente abandonada embora tivessem seu auge durante os séculos XVIII
e XIX.
Magela (2007) também diz que esta é uma forma nacionalista do capitalismo primitivo
que nasceu por volta do século XVI, é caracterizada pelo entrelaçamento de interesse para os
interesses comerciais do Estado e do imperialismo e, consequentemente, com o uso do aparelho
de Estado para promover as empresas nacionais no exterior. A estrutura interna da classe
burguesa não se modifica de forma menos profunda. As concentrações de capitais, sobretudo
nos novos ramos em expansão, deixam subsistir somente algumas firmas dominantes. Estas
deixam progressivamente de praticar a concorrência sistemática pela baixa de preços: os acordos
capitalistas tornam-se a regra. Carteis, trusts, holdings, grupos financeiros asseguram copiosos
lucros monopolísticos, aos quais se juntam os superlucros coloniais e semi-coloniais.
Segundo Magela (2007) esses fatos criam o “capitão da indústria”, o grande capitalista, o
criador de impérios financeiros, a centralização dos capitais disponíveis nos bancos dá a estes a
preponderância numa fase de necessidades agudas de recursos para financiar a nova revolução
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industrial. Os bancos penetram na indústria e tornam-se as forças dominantes. É o apogeu do
capital financeiro, do capitalismo dos monopólios, do imperialismo.
Braudel (1996) diz que o mercantilismo sustenta que a riqueza das nações é aumentada
através de um saldo comercial positivo (exportações superam as importações). Ele corresponde
à fase do desenvolvimento capitalista chamada acumulação primitiva de capital.
Mandel (1981) afirma que a economia monetária estende-se (nomeadamente com a
aparição da renda fundiária em dinheiro), a usura apodera-se de todas as classes da sociedade,
nomeadamente por intermédio dos empréstimos sob penhora. Numa economia essencialmente
natural, o detentor do capital-dinheiro é primeiro um estrangeiro (Sírio, Judeu, Lombardo,
banqueiro italiano na Idade média na Europa). Mas com a generalização da economia monetária,
uma classe de proprietários autóctones de dinheiro aparece progressivamente, acabando por
eliminar muitas vezes a dominação de detentores de capitais estrangeiros a partir do momento
que é transposta uma etapa determinada de desenvolvimento económico.
“O início do desenvolvimento do comércio internacional fez aparecer o capital
mercantil ao lado do capital usurário. Esse capital financia inicialmente empresas
arriscadas, mas que asseguram um lucro bastante elevado (expedições de pirataria,
caravanas em direção à Ásia e África). Pouco a pouco, ele organiza-se (as primeiras
sociedades por ações, dupla contabilidade), normaliza-se (zona da Liga Hanseática) e
institucionaliza-se (grémios, feiras). Cria os instrumentos típicos do crédito capitalista,
que são os antepassados de todo o nosso sistema monetário contemporâneo (letras de
câmbio, moeda escritural, papel-moeda, ações, títulos de dívida pública negociável)”.
(MANDEL, 1981, p. 11).
No mercado da economia social, nesta intervenção do Estado do sistema na economia é
mínima, mas presta serviços importantes em termos de segurança social, subsídio de
desemprego e reconhecimento dos direitos trabalhistas através de acordos nacionais de
negociação coletiva, este modelo é proeminente nos países da Europa Ocidental e do Norte,
apesar de variar as suas configurações, a grande maioria das empresas são de propriedade
privada.
Para Magela (2007) o capitalismo corporativo é caracterizado pela predominância das
corporações hierárquicas e burocráticas, o termo "monopólio estatal do capitalismo" era
originalmente um conceito marxista para se referir a uma forma de capitalismo em que a política
de Estado é usado para beneficiar e promover os interesses das corporações dominantes através
da imposição de barreiras competitivas e fornecendo subsídios.
Arrighi (1996) diz que a economia mista é baseada em grande parte no mercado, e é a
coexistência da propriedade privada e propriedade pública dos meios de produção, e
intervencionismo por meio de políticas macroeconômicas para corrigir possíveis falhas do
mercado, reduzindo o desemprego e mantendo baixos níveis de inflação. Os níveis de
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intervenção variam entre diferentes países, e a maioria das economias capitalistas são
misturados até certo ponto.
Vemos então diante disso que em termos políticos são considerados sistemas capitalistas
informais que se opõem aos sistemas socialistas de inspiração, alegadamente sistemas socialistas
de sistemas capitalistas diferem de várias maneiras: pública dos meios de produção possuídos
dinheiro através da produção de receitas podem ser utilizadas para fins sociais não relacionadas
com investimentos ou lucro. Em muitos sistemas históricos de produção de inspiração socialista
muitas decisões importantes foram diretamente previstas pelo Estado que resultou em sistemas
de economia planificada.
2.3 As Criticas ao Capitalismo
Parte da crítica ao capitalismo é a opinião de que é um sistema é caracterizado pela
exploração do homem e de sua força de trabalho como uma mercadoria, esta condição seria a
sua principal contradição: meios privados de força de produção do trabalho coletivo, assim,
enquanto o capitalismo é produzido coletivamente, o gozo da riqueza gerada é particular, e do
setor privado para "comprar" o trabalho de trabalhadores com salários.
No seu estudo Magela (2007) diz que para o materialismo histórico (o quadro teórico do
marxismo), o capitalismo é um modo de produção, esta construção intelectual é originalmente
pensada em Karl Marx (Manifesto Comunista de 1848, O Capital, 1867) e deriva da síntese e
crítica de três elementos: a economia clássicos ingleses (Adam Smith, David Ricardo e Thomas
Malthus), filosofia idealista alemães (a dialética hegeliana, fundamentalmente) e do movimento
operário na primeira metade do século XIX (representada por autores Marx descreveu como
socialistas utópicos).
Em sua obra Mynayev (1967) é um crítico do capitalismo que diz que o sistema é
responsável por gerar inúmeras desigualdades econômicas, estas desigualdades foram acusadas
durante o século XIX, no entanto, ao longo da industrialização (principalmente no século XX)
foram vistas notáveis melhorias humanas e materiais. Mynayev (1967) como critico do
capitalismo indica que desde o final do século XIX que tal progresso foi feito em um lado em
detrimento do colonialismo, o que permitiu o desenvolvimento econômico de metrópole, e, por
outro lado, graças ao estado de bem-estar, o que suavizou os efeitos negativos do capitalismo e
levou a uma série de políticas socialistas.
102 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
“A produção de valores absolutos de excedente usa exclusivamente a duração do dia de
trabalho, enquanto a de valores relativos de excedente revoluciona os processos
técnicos de trabalho e os grupos em que a sociedade se divide. Logo, ela requer um
modo capitalista específico de produção, cujos métodos, meios e condições se originam
e desenvolvem baseados na submissão formal do trabalho ao capital. Esta submissão
formal é então substituída por uma submissão real”. (BRADUEL, 1996, p.192).
No seu trabalho Braduel (1996) lança outras críticas ao capitalismo que se liga a décadas
anteriores com o mesmo tom anti-imperialista (de pensar centro-periferia) vêm de movimentos
antiglobalização, denunciando o modelo econômico capitalista e corporações transnacionais
como responsável pelas desigualdades entre Primeiro Mundo e o terceiro mundo, tendo a
terceira economia dependente primeiro mundo.
Do ponto de vista não estritamente marxista, há pensadores como Mynayev (1967) e
Braduel (1996) que insistem que o que é crucial na transformação capitalista da economia, da
sociedade e da natureza foi a mercantilização de todos os fatores de produção.
3- O SOCIALISMO
O socialismo é um sistema econômico e social caracterizado pelo controle por parte da
sociedade, organizado com todos os membros de ambos os meios de produção e da
comunicação como as diferentes forças de trabalho aplicadas nos mesmos, o termo socialismo
como segue: Sistema de organização social e econômica baseado na propriedade coletiva ou do
estado e administração dos meios de produção e distribuição de mercadorias, socialismo
implica.
Mynayev (1967) menciona que, portanto, em planejamento e organização coletiva
consciente da vida social e subsistir, no entanto de critérios econômicos, encontrada sobre a
necessidade de centralização da gestão econômica pelo Estado como o único corpo coletivo no
âmbito da uma sociedade complexa, contra a possibilidade de diferentes formas de gestão
descentralizada da comunidade socialista, tanto no mercado forma auto-gestão, bem como
através da utilização de unidades econômicas socialistas pequenos isolados e autossuficientes.
No período de decadência do feudalismo, surgiram na Europa obras atacando o sistema
de exploração e opressão, manifestando o desejo dos homens por uma vida melhor e
um futuro feliz. Acreditavam, em uma ilha que supostamente existia perdida em algum
lugar no oceano, ou alguma cidade imaginária onde houvesse justiça e direitos iguais à
propriedade. (MYNAYEV, 1967, p. 13).
103 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Com isso Mynayev (1967) conclui que há discrepâncias sobre a forma de organização
política sob o socialismo para alcançar ou garantir o acesso da sociedade socialista democrática
de classes sociais ou populações contra a possibilidade de uma situação autocrática por
burocracias administrativas.
As formas históricas de organização social de tipo socialista podem ser divididas em
certa evolução espontânea de certas civilizações de estruturas religiosas e políticas estabelecidas
por projetos ideológicos.
3.1 O Conceito sobre o Socialismo
Aparentemente, a palavra socialismo foi usada pela primeira vez pelo monge Ferdinando
Facchinei em 1766 para referir-se a doutrina de defender o contrato social como base da
organização das sociedades humanas.
Koselleck (2006) no seu estudo diz que vinte anos mais tarde, outro autor italiano,
Appiano Buonafede, usa a palavra novamente, no entanto, a palavra socialismo não aparece até
1830 na Grã-Bretanha e na França, quase simultaneamente, para designar as ideias dos
seguidores de Robert Owen e Henri de Saint-Simon. O primeiro uso preciso do neologismo é
muitas vezes atribuída a francesa Saint-Simonian Pierre Leroux, que em outubro-dezembro
1833 publicou um artigo intitulado do individualismo e do socialismo, embora ela criticou tanto
doutrinas consideradas o resultado do exagero da ideia de liberdade, a primeira, e a ideia de
parceria, a segunda. No entanto, em uma nota adicionada aos anos mais tarde, ela escreveu:
Durante alguns anos, nós nos acostumamos a chamar socialista todos os pensadores
preocupados com reformas sociais, a todos aqueles que criticar e reprovar o
individualismo ... e aqui eu mesmo, eu sempre lutou contra o socialismo absoluto, fui
constituído hoje como socialista. [...] Eu sou socialista certamente se você quiser
entender a doutrina socialista que não sacrifique qualquer um dos termos da fórmula
Liberdade, Fraternidade, Igualdade, Unidade, mas tudo se combina. (MYNAYEV,
1967, p. 18).
No final da primeira metade do século XIX, diversos movimentos contra as monarquias
nacionais contaram com a participação do operariado de diferentes países. Sousa (2010) diz que
por meio da derrubada desses regimes absolutistas, a figura do trabalhador representava as
contradições e os anseios de um grupo social subordinado ao interesse daqueles que
concentravam extenso poder econômico em mãos. Foi nesse período em que novas doutrinas
socialistas ofereceram uma nova perspectiva sobre a sociedade capitalista e a condição do
trabalhador contemporâneo.
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Sousa (2010) menciona que foi lançando a obra “Manifesto Comunista”, Karl Marx e
Friedrich Engels inauguraram um conceito fundado na ideia de que, ao longo da História, as
sociedades foram marcadas pelo conflito de classes. Dessa maneira, a sociedade industrial
dividia-se em dois grupos principais: de um lado a burguesia, detentora dos meios de produção
(máquinas, fábricas e terras); e do outro o proletariado, que vendia sua força de trabalho ao
burguês em troca de um salário que o sustentasse.
Diante disso Sousa (2010) afirma que na perspectiva desses pensadores, a oposição de
interesses dessas classes representava um tipo de antagonismo que, ao longo da trajetória das
civilizações, configurou-se de diferentes formas. Essa luta de classes era originada pelas
condições em que as riquezas eram distribuídas entre os homens. Essas formas de distribuição
formavam a teoria do materialismo histórico que, em suma, defendia que as maneiras de pensar
e agir eram determinadas pelas condições materiais de uma sociedade.
3.2 O Socialismo e o Comunismo
Cerca de dez anos após o aparecimento da palavra "socialismo" e "socialista" que surgiu
na França às palavras "comunismo" e "comunistas" o seu uso espalhou-se rapidamente. Na
década de 1840 os termos "comunista" e "socialista" não eram termos completamente
equivalentes uma vez que os comunistas se distinguiram por ideias que eles estavam mais
claramente afirmados que os socialistas, como a realidade da luta de classes da necessidade de
conquista derivada-revolução do estado para conseguir a nova sociedade, porque para mudar o
homem teve que mudar o sistema econômico e social em que vivia.
Sousa (2010) menciona que essas diferenças foram o que motivou que Karl Marx e
Friedrich Engels adotar o termo "comunista" e não o "socialista", parte dos trabalhadores que,
convencidos da insuficiência de meras revoluções políticas, exigiu uma transformação radical da
sociedade, que era então chamado de comunista”, enquanto a maioria dos que se chamou
“socialista” estavam fora do movimento operário e olharam para o apoio, em vez de os
"educados" "classes", e como já naquela época se discutia muito fortemente a visão de que "a
emancipação da classe operária deve ser obra da classe trabalhá-lo” não poderia hesitar um
momento sobre qual das duas denominações vieram escolha.
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Desta forma, os pensadores do século XVIII chegaram a formular certos princípios do
socialismo, mas não diziam quando ou como seria estabelecido este novo sistema
baseado na igualdade e na propriedade social. Assim, não consideravam tal sistema um
resultado lógico do desenvolvimento da sociedade, mas apenas “sonhavam” com ele.
(MYNAYEV, 1967, p. 17).
E segundo Mynayev (1967) depois de 1848, os termos "socialismo" e "comunismo"
foram afirmados e sobrepostos, identificando em alguns períodos e diferentes em outros, e
também usados para caracterizar as fases do desenvolvimento histórico distintos.
Mynayev (1967) também afirma que de acordo com o marxismo, em um sistema
socialista, a propriedade social (coletiva) dos meios de produção estabelecida desaparece
qualquer forma de propriedade privada de bens de capital e com isso o capitalismo como uma
forma de apropriação do trabalho assalariado, uma forma de exploração por meios econômicos.
Por isso o socialismo é o primeiro passo para a extinção das classes sociais, historicamente
exploradas pelo capitalismo.
3.3 O Socialismo como Movimento Político
Por extensão é definida como toda a doutrina socialista ou movimento que defende para
a sua implementação, muitas vezes, há diferentes movimentos políticos que adotam o título do
socialismo: existem ideias do bem social e igualdade comum, até mesmo projetos reformistas e
construção progressiva de um estado socialista em termos marxistas, ou variantes pré e pós-
marxistas do socialismo (seja operário ou nacionalista), ou intervencionismo.
Sousa (2010) menciona que segundo o marxismo, a luta dos trabalhadores deveria
mover-se em direção da tomada do poder político. Assumindo as instituições políticas, a
chamada ditadura do proletariado deveria extinguir as condições de privilégio e dominação
criadas pela burguesia. Instituindo um governo socialista, as desigualdades e as classes sociais
deveriam ser abolidas. Os meios de produção deveriam ficar nas mãos do Estado e toda riqueza
deveria ser igualitariamente dividida.
Com isso, as distinções entre os homens perderiam o seu espaço. Sousa (2010) diz que a
propriedade privada, as classes sociais e, por fim, o Estado finalmente desapareceriam. A
ditadura do proletariado não seria mais necessária, pois a sociedade comunista não veria sentido
em nenhuma forma de poder instituído. Os indivíduos alcançariam a felicidade exercendo o
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trabalho que melhor lhe conviesse e, por ele, receberiam um salário capaz de prover o seu
sustento.
Também segundo Sousa (2010) antevendo a reprodução e internacionalização de todas
as mazelas do mundo capitalista, Marx defendeu a imediata união dos trabalhadores rumo ao
conjunto de transformações necessárias para o início dessa revolução. Por isso, enxergou na
união do proletariado o mais poderoso instrumento pelo qual, finalmente, as desigualdades do
capitalismo pudessem ser superadas. É por isso que, a mais célebre frase do Manifesto
Comunista profere: “Trabalhadores do mundo, uni-vos!”.
E com isso Sousa (2010) conclui em seu pensamento que com o legado científico
deixado por Marx e Engels, o socialismo passou a configurar uma nova forma de enxergar a
condição do homem e sua história. Por meio de suas propostas, novos movimentos e pensadores
deram continuidade ao desenvolvimento de diversas teorias de influência marxista. Ainda hoje,
podemos nos deparar com partidos e movimentos que lutam, cada um a seu modo, pelas ideias
um dia elaboradas por esses dois teóricos.
Também para Koselleck (1996) o socialismo continua a ser um sistema de forte impacto
político, que permanece ligada à criação de uma ordem socioeconômica construída por, para, ou
com base em uma classe trabalhadora organizada originalmente sem uma ordem econômica
adequada e que deve criar uma pública (através do Estado ou não), seja através de revolução ou
evolução social através de reformas institucionais com o objetivo de construir uma sociedade
estratificada, sem aulas ou subordinado ao outro, o último não era originalmente de ideologia
socialista, mas comunista e cuja associação é devedora do marxismo-leninismo, a radicalidade
do pensamento socialista não se refere aos métodos de alcançar, mas sim os princípios
perseguidos por ambos.
Sustentava que o pensamento, a razão, era a força motriz e a base de todo o processo do
desenvolvimento. Aparentemente suas ideias parecem ser revolucionárias, só que na
verdade são também, por outro lado, conservadoras. Hegel, contrariando o espírito da
sua doutrina não acreditava que os processos históricos se desenvolvessem
infinitamente, e chegaria uma hora em que este chegaria ao “topo” do seu
desenvolvimento. Desta forma, considerava a monarquia prussiana como o “fim” desse
processo, o “coroamento” desse desenvolvimento histórico. (KOSELLECK, 1996, p.
48).
Existem diferenças entre os grupos socialistas como os partidos políticos, embora quase
todos concordem que estão unidos por uma história comum que tem suas raízes no século XIX,
nas lutas dos trabalhadores e seguem os princípios da solidariedade e dedicação para uma
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sociedade igualitária, uma economia que pode do seu ponto de vista, atender toda a população,
em vez de apenas alguns.
Koselleck (1996) menciona que por outro lado, o significado de fato do socialismo tem
vindo a mudar ao longo do tempo, assim, o marxismo-leninismo socialismo é considerado como
o pré-comunismo, enquanto os social democratas com o socialismo termo referem-se à
redistribuição da riqueza através da aplicação de um sistema fiscal progressivo.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desenvolvimento deste trabalho se dá para se considerar e se saber mais sobre assuntos
relacionados com a economia, há um sistema econômico dominante no mundo de hoje, que
começou no final da Idade Média, com os séculos XIII e XIX, isto é conhecido como
capitalismo, também poderíamos saber que o capitalismo tem vários tipos, entre os quais: o
capitalismo comercial, industrial e financeiro.
Há filósofos, cientistas e estudos do capitalismo que revelam que muitas pessoas pensam
que não há alternativa ao capitalismo, que é o melhor que podemos fazer é tentar melhorar um
pouco de um lado e outro, e podemos tirar lições das experiências do século XX, agora se sabe
que o desejo de desenvolver uma sociedade que é bom para as pessoas não é suficiente para
criar um mundo melhor.
Vê-se também através do presente artigo que há uma ideologia política que designa essas
teorias e ações políticas para defender o sistema econômico e político, isso é chamado de
socialismo, que continua a ser um período de forte impacto político, que permanece ligada à
criação de uma ordem socioeconômica construída por, para, ou com base em uma classe
trabalhadora organizada originalmente sem uma ordem econômica adequada.
Também se encontra uma ideologia política cuja concretização de uma sociedade em que
os principais recursos e meios de produção permanecem nos indivíduos da comunidade e não
principal, isso é chamado de comunismo, que surgiu no início do século XIX, uma das
características o comunismo é que você deve lutar por meio da revolução para a abolição da
propriedade privada, como a responsabilidade de atender às necessidades públicas cai dentro do
estado.
Além disso, as questões acima referidas têm vantagens e desvantagens como todas as
coisas, e finalmente, esse conhecimento serve bem para mais profundidade sobre cada assunto
estabelecido e cresceu neste trabalho, por outro lado, vai ser de grande ajuda em um presente ou
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futuro, porque esta informação chegará às mãos de outros e saberão mais sobre a história da
economia e tudo sobre ela.
REFERÊNCIAS
ARRIGHI, G. O Longo Século XX: dinheiro, poder e as origens do nosso tempo. São Paulo:
Editora Unesp, 1996.
BRAUDEL, F. A economia em face dos mercados. In: ______. Civilização Material,
Economia e Capitalismo – Séculos XV-XVIII. Volume 2: Os Jogos das Trocas. São Paulo:
Martins Fontes, 1996, capítulo 2, p. 192-197.
HEYWOOD, Andrew. Ideologias Políticas: do liberalismo ao fascismo. São Paulo: Ática,
2010. Vol. I.
MANDEL. Ernest. O Capitalismo. Enciclopédia Universalis, 1981.
KOSELLECK, R. História dos conceitos e história social. In: ______. Futuro passado:
Contribuição à semântica dos tempos históricos. Rio de Janeiro: Editora PUC Rio, 2006,
capítulo 5, p.98-118.
MAGELA, Geraldo. Coleção Estudo 2007: Idéias Sociais e Políticas no século XIX. São Paulo:
DRP, 2007.
MYNAYEV, L. Origem e Princípios do Socialismo Científico. Tradução de Daniel Campos.
São Paulo: Argumentos, 1967.
SOUSA. Rainer. Socialismo. 2010. Disponível em:
<http://brasilescola.uol.com.br/historiag/socialismo.htm>. Acessado em 02/05/2017.
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ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR
OBSTRUTIVA CRÔNICA: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Denilson José de Oliveira9
Carlos Dornels Freire de Souza10
Fabrício Olinda de Souza Mesquita11
Bruna Ângela Antonelli12
Lais Regina de Holanda Santos13
RESUMO
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) é caracterizada por obstrução e/ou limitação do fluxo
aéreo com consequente perda progressiva da função pulmonar e diminuição da capacidade de realizar
atividades físicas. Para controlar a doença e promover uma melhor qualidade de vida ao paciente, a
fisioterapia dispõe de uma gama de condutas como: avaliação, teste de caminhada de 6 minutos,
reabilitação pulmonar, treinamento da musculatura respiratória, treino de músculos superiores e
inferiores, terapia aquática, eletroestimulação neuromuscular e ventilação não invasiva. O objetivo do
presente trabalho é descrever condutas adotadas no âmbito da fisioterapia bem como suas aplicabilidades
e resultados, ao que a literatura determina em relação ao tratamento de pacientes com DPOC. O estudo é
de caráter de revisão de literatura com base em artigos científicos de bases de dados como PubMed,
MedLine, ScieLO, Lillacs e Bireme além de livros e sites relacionados a fisioterapia e tema pesquisado.
A fisioterapia atua de forma a reestabelecer algumas funções e retardar o agravo da DPOC em pacientes
pneumopatas. Percebe-se que não só a fisioterapia respiratória, mas também a fisioterapia motora,
oferecem uma gama de alternativas para o tratamento de pacientes com DPOC, sendo uma estratégia que
restabelece a funcionalidade e também melhora a qualidade de vida dos pacientes.
Palavras-chave: Reabilitação pulmonar. Doença pulmonar obstrutiva crônica. Condutas
fisioterapêuticas.
9 Fisioterapeuta. Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ.
Mestrando em Educação – Universidade de Pernambuco campus Petrolina. E-mail:
denilsonoliveira88@hotmail.com. 10 Fisioterapeuta. Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ. Doutorando
em saúde pública pela Fiocruz. E-mail: cdornels@hotmail.com.
11 Fisioterapeuta. Professor do curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ.
Doutorando em Ciências da Saúde pela UPE. E-mail: fabricioolinda@hotmail.com 12
Fisioterapeuta. Professora e Coordenadora do curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de
Juazeiro – FASJ. Doutoranda em Ciências da Saúde pela UPE. E-mail: brunautfpr@gmail.com 13
Fisioterapeuta. Professora do curso de Fisioterapia da Faculdade São Francisco de Juazeiro – FASJ.
Mestre em Fisioterapia pela UFPE. E-mail: ftlaisdeholanda@gmail.com
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INTRODUÇÃO
A doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) pode ser manifestada na forma de
bronquite crônica ou enfisema pulmonar, caracterizada por obstrução e/ou limitação crônica do
fluxo aéreo com consequente perda progressiva da função pulmonar e diminuição da capacidade
de realizar atividades físicas (DECRAMER, 2008; GOLD, 2007; SIVORI, 1998). Depois de
instalada, é tratável, porém irreversível e deve-se principalmente ao tabagismo (MENEZES,
2005; OMS, 2015).
Em 2002, a DPOC era classificada como a quinta causa de morte (OMS, 2015) em 2006
esteve entre as cinco causas de óbito no mundo (WHO, 2015) e a estimativa da OMS é que em
2030 passe a ser a terceira colocada, sendo assim uma importante causa de morbimortalidade
(OMS, 2015; MACHADO, ALERICO, SENA, 2007). O tabagismo além de ser um dos
principais causadores, também agrava a DPOC fazendo com que a queda da função respiratória
seja maior, tornando-se um instrumento que dificulta o tratamento (NICI, 2006).
Alterações estruturais, físicas e funcionais se fazem presentes nesses pacientes e
consequentemente alteram a qualidade de vida dos pacientes. As consequências naturais da
doença são: hiperinsuflação pulmonar devido à obstrução de vias aéreas e destruição das paredes
alveolares, encurtamento do diafragma, trabalho respiratório aumentado que pode levar à fadiga,
dispneia (devido ao baixo fluxo de oxigênio), degradação das estruturas vasculares,
sedentarismo com consequente perda de massa muscular, acúmulo de secreção pulmonar e
redução das estruturas elásticas pulmonares (NICI, 2006; SINDERBY, 2001; YAN, 1997;
ROGERS & HOWARD, 1992).
Para que se tenha uma melhora na condição do paciente portador de DPOC, faz-se
necessário um direcionamento multidisciplinar. A fisioterapia atua desde a prevenção até a
avaliação e tratamento através de diversas condutas aplicadas, tendo como finalidade melhorar a
capacidade funcional, restituindo ou melhorando sua independência (JONES, 1992). Esta
revisão objetiva analisar os artigos disponíveis na literatura científica entre 1992 a 2015 com o
intuito de descrever as abordagens fisioterapêuticas mais utilizadas em pacientes com DPOC.
111 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
METODOLOGIA
Este estudo consiste numa revisão bibliográfica do tipo narrativa que não seguiu um
protocolo metodológico rígido na sua elaboração. A pesquisa foi realizada com base em artigos
científicos com publicação entre (1992) e (2015) nos idiomas: inglês, português e espanhol,
livros na área de fisioterapia respiratória e sites relacionados ao tema. As bases de dados
consultadas foram: Lillacs, MedLine, PubMed, Scielo e sites de revistas científicas, usando as
palavras-chave: reabilitação pulmonar, doença pulmonar obstrutiva crônica, condutas
fisioterapêuticas e os descritores em inglês: pulmonary rehabilitation, chronic obstructive
pulmonary disease, physical therapy procedures. Foram selecionados 23 artigos dos 40
pesquisados.
A coleta de dados ocorreu entre meses de fevereiro a agosto de 2015. No primeiro
momento foi realizada uma coleta de artigos baseada nos descritores utilizados, dividindo por
assuntos e baseados nos objetivos da pesquisa. Em um segundo momento, a partir da definição
de subtemas: Fisioterapia respiratória, Reabilitação pulmonar e Doença Pulmonar Obstrutiva
Crônica foi realizada uma triagem acerca dos artigos, resumos e periódicos que seriam usados
para posteriormente realizar análise de todo o material em consonância do que também foi
pesquisado em livros e sites. Os referidos subtemas são baseados nos objetivos e foram cruzados
no momento da busca.
RESULTADOS
As tabelas a seguir refletem os achados nas pesquisas sendo relatados dados como autor
(a), ano da pesquisa, amostra utilizada no estudo, tipo de estudo proposto, os instrumentos e/ou
protocolos de avaliação, terapia utilizada e os resultados encontrados.
112 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 1 – Análise de estudos sobre intervenção fisioterapêutica na DPOC
Auto
r/Ano
Gr
upo Alvo
n
Tipo
de estudo
Instru
mental
Ter
apia
Utilizada
Resulta
do
Ribei
ro et al.
(2007)
Paci
entes com
DPOC
1
9
Exp
erimental
Espiro
metria, TC6’,
Sensação de
dispneia, Pi
máx, Pe máx
Pro
grama de
Reabilitação
pulmonar +
TMI
Melhor
a na tolerância a
exercícios, força
muscular
respiratória e
dispneia
Paniz
zi et al.(2001)
Paci
entes com
DPOC
estabilizada
1
5
Exp
erimental
TC6’ Pro
grama de
Reabilitação
Pulmonar
(PRP)
Aument
o da capacidade
funcional
Rodri
gues et al.
(2002)
Paci
entes com
DPOC
estabilizada
3
0
Desc
ritivo e
prospectivo
Históri
a clínica, exame
físico, TC6’,
teste de carga
máxima de
MMSS,
espirometria,
gasometria,
questionário de
percepção de
esforço
Pro
grama de
Reabilitação
Pulmonar
(PRP)
Aument
o da capacidade
física e carga
máxima
sustentada pelos
MMSS
Sever
ino et al.
(2007)
Paci
entes com
DPOC
1
0
Com
parativo
Teste
incremental de
MMSS
(observando
FC, FR,
dispneia, Sat O2
e cansaço de
MMSS)
Rea
bilitação
Pulmonar
(RP) +
Hidroterapia
Melhor
a no
condicionamento
físico e
funcional
comparado aos
que só fizeram
RP
Lotsh
aw et al.
(2007)
Paci
entes com
DPOC
2
0
Retr
ospectivo
Avalia
ção, TC 6’, teste
de força (joelho,
quadril e
ombro),
questionário
físico e mental
Rea
bilitação
Pulmonar
(RP) +
Hidroterapia
Houve
melhoras
significativas em
todas as
avaliações
Fonte: Scielo, Pubmed e Medline.
113 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Tabela 2 – Análise de estudos sobre intervenção fisioterapêutica na DPOC
Aut
or/Ano
Gr
upo Alvo
n
Tipo
de estudo
Instrum
ental
Terapia
Utilizada
Result
ado
Ned
er et al.
(2002)
Paci
entes com
DPOC grave
1
5
Pros
pectivo,
randomizado
e controlado
Question
ário de qualidade
de vida, teste
ergométrico,
espirometria,
força muscular
periférica
Eletroest
imulação
Neuromuscular
(EENM)
Melhor
a da função
pulmonar,
qualidade de
vida, dispneia e
maior tolerância
ao exercício
Ara
újo et al.
(2012)
Paci
entes com
DPOC
2 Rela
to de caso
Espirome
tria,
manovacuometria,
TC6’, índice de
BODE, teste de
carga máxima
muscular
EENM +
Treino Muscular
Respiratório
(TMR)
Melhor
a da capacidade
funcional, da
resistência
muscular
periférica e da
função
pulmonar
Paul
in et al.
(2002)
Paci
entes com
DPOC
moderada e
grave
3
0
Caso
-controle
Espirome
tria, cirtometria
torácica, dispneia,
qualidade de vida,
TC 6’, níveis de
ansiedade e
depressão
Exercíci
os respiratórios e
cinesioterapia
Reduçã
o da dispneia,
aumento da
mobilidade
torácica e
capacidade
submáxima ao
exercício
Rod
rigues et al.
(2007)
Paci
entes com
DPOC leve a
grave
1
3
Exp
erimental
Espirome
tria, TC6’,
cirtometria,
questionário de
qualidade de vida
(SGRQ)
Exercíci
os respiratórios
Melhor
a da
expansibilidade
torácica,
abdominal e da
capacidade de
realizar
exercícios
Carr
eiro et al.
(2013)
Paci
entes com
DPOC que
possuíam
alguma
comorbidade
1
14
Retr
ospectivo
TC 6’,
índice de dispneia
de Mahler,
questionário de
Saint George
(SGRQ)
Exercíci
os respiratórios
Melhor
a da qualidade
de vida,
dispneia e
tolerância ao
exercício
Fonte: Scielo, Pubmed e Medline.
114 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
DISCUSSÃO
No presente estudo, foram identificadas e abordadas as terapêuticas comumente
utilizadas para oferecerem uma melhora na qualidade de vida dos portadores de DPOC. Grande
parte das pesquisas utiliza a Reabilitação Pulmonar como principal recurso no tratamento, pois
proporciona ganhos significativos no que diz respeito ao exercício, força, dispneia e atividades
funcionais em pneumopatas (RIBEIRO, 2007; PANIZZI, 2001; RODRIGUES, VIEGAS &
LIMA, 2002; SEVERINO, 2007; LOTSHAW, 2007).
Diversos instrumentos são utilizados para avaliação e reavaliação da eficácia em um
programa de reabilitação. Em estudo de Rodrigues (2012) e Panizzi (2001) foi utilizado o teste
de caminhada de seis minutos (TC6) para análise da capacidade funcional de voluntários que
seguiram um protocolo de Reabilitação Pulmonar. Foi constatado que este é capaz de aumentar
a capacidade funcional além de reduzir a percepção do esforço.
No estudo de Ribeiro et al. (2007), foi comparado o treinamento físico e reeducação
respiratória associados ou não ao Treino de musculatura inspiratória (TMI) em pacientes com
DPOC. Esta associação mostrou-se benéfica especialmente naqueles pacientes que
apresentavam fraqueza muscular respiratória (RIBEIRO, 2007).
Há na literatura diversos estudos que demonstram os benefícios terapêuticos dos
exercícios na água, que somados aos efeitos da reabilitação convencional, apresentam uma
maior eficácia. Isso foi demonstrado por Severino et al. (2007) que compararam o desempenho
de 10 pacientes com DPOC tratados com hidroterapia associada à Reabilitação Pulmonar e
daqueles tratados exclusivamente por reabilitação pulmonar tradicional no solo. Os dois grupos
fizeram tratamento por três meses, constatando que a junção das modalidades resultou em uma
melhora de 33% nos parâmetros avaliados (frequência cardíaca, respiratória e saturação de
oxigênio), além de ganhos em condicionamento físico e atividades funcionais. Lotshaw et al.
(2007) selecionaram uma amostra de 20 pessoas que foram divididas em um grupo aquático e
outro terrestre. Este, foi submetido a exercícios em esteiras, bicicletas, cicloergômetros de braço
e exercícios resistidos e o aquático a caminhadas, exercícios com flutuadores e com
instrumentos para aumento da resistência. Os protocolos foram aplicados durante seis semanas
(3 vezes/semana). Houve uma melhora da distância no TC6 (52 metros em água e 42 metros em
terra).
A EENM (Eletroestimulação Neuromuscular) é uma modalidade terapêutica utilizada em
pacientes que apresentam força muscular diminuída e não são capazes de realizar a reabilitação
115 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
pulmonar que envolva condicionamento físico (BRASILEIRO & SALVINI, 2005). Em estudo
feito por Neder et al (2002) com 15 pacientes que possuíam DPOC grave além de disfunção
musculoesquelética importante, 9 utilizaram a Eletroestimulação Neuromuscular, que se
mostrou eficiente na melhora da função muscular, tolerância ao exercício e do componente de
dispneia. Já no estudo de Araújo et al (2012) foram comparados dois protocolos de Reabilitação
Pulmonar avaliando as repercussões sobre a função pulmonar, muscular respiratória e periférica
e capacidade funcional. A paciente que utilizou a eletroestimulação neuromuscular como
tratamento não convencional apresentou benefícios em seu quadro, porém as informações
encontradas na literatura sobre seus efeitos ainda são insuficientes.
A reabilitação respiratória é comumente utilizada para pacientes que possuem disfunções
na mobilidade torácica, musculatura respiratória e consequentemente na mecânica, além de
promoverem redução da sensação de dispneia (RIBEIRO, 2007; PAULIN, 2006). Foram
estudados por Paulin et al. (2003) 30 pacientes portadores de DPOC divididos em dois grupos,
sendo um controle e o outro tratado, em que este foi submetido a um programa de exercícios
objetivando o aumento da mobilidade torácica. Foi observada uma melhora na qualidade de vida
além do aumento da expansibilidade torácica do grupo tratado. Em estudo feito por Rodrigues et
al. (2012) também foram avaliados os efeitos de um programa de exercícios em 13 pacientes
com DPOC. O programa foi elaborado com base em exercícios que objetivam o aumento da
mobilidade de caixa torácica, tolerância ao exercício e melhora na resposta subjetiva em relação
à qualidade de vida. Verificou-se aumento da mobilidade da região inferior da caixa torácica,
região abdominal além da melhora da distância percorrida no TC6. Carreiro et al. (2013) avaliou
o efeito da reabilitação respiratória em 114 pacientes com DPOC e observou uma melhora do
quadro através do TC6, índice de dispneia e de qualidade de vida verificando que não existiu
relação da terapia com comorbidades.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As condutas fisioterapêuticas aqui citadas mostram a gama de recursos terapêuticos que
podem ser aplicados no paciente com DPOC, proporcionando um incremento em sua qualidade
de vida, devido ao potencial de funcionalidade que pode ser alcançado através das diversas
abordagens em diferentes momentos do programa de reabilitação. Com isso, percebe-se um
melhor desempenho nas atividades de vida diária e do condicionamento físico desses pacientes,
ou seja, a melhora da sintomatologia apresentada por cada paciente em relação à gravidade da
doença em detrimento dos recursos terapêuticos que lhe são ofertados.
116 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
REFERÊNCIAS
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118 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
PREVALÊNCIA ENTRE ADOLESCENTES DA SÍNDROME DA TRÍADE DA
MULHER ATLETA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Síndrome da tríade da mulher atleta em adolescentes
Aline Cabral Palmeira14
Mayra Ruana de Alencar Gomes15
Alaine de Souza Lima16
Hítalo Andrade da Silva16
Valéria Mayaly Alves de Oliveira17
RESUMO
Objetivo: Verificar a prevalência dos três componentes da Síndrome da Tríade da Mulher Atleta
(STMA) de forma isolada e simultânea em adolescentes atletas por meio de uma revisão da literatura.
Fontes de dados: Estratégia de busca nas bases de dados PubMed e MEDLINE e LILACS na Biblioteca
Virtual em Saúde. Foram adotados os seguintes descritores: prevalência, síndrome da tríade da mulher
atleta, distúrbios menstruais, densidade óssea, transtornos da alimentação, atletas e adolescente. Síntese
dos dados: A taxa de prevalência dos componentes de STMA de forma simultânea variou de 1% a 4,2%.
De forma isolada, os componentes da síndrome apresentaram prevalências altas: 18,2% a 91,7%, 18,8%
a 54% e 15,4% a 25%, para baixa disponibilidade energética, distúrbios menstruais e baixa densidade
mineral óssea, respectivamente. Conclusão: Apesar da prevalência dos três componentes
simultaneamente ser baixa, as formas isoladas foram altamente prevalentes, o que pode desencadear o
surgimento dos outros componentes, aumentando os riscos à saúde das adolescentes atletas.
Palavras-chave: Densidade óssea; Distúrbios menstruais; Transtornos da alimentação.
INTRODUÇÃO
O número de adolescentes que competem em esportes em âmbito nacional e
internacional tem sido cada vez maior. E a participação desses adolescentes de ambos os sexos
em um treinamento sistemático ou uma especialização em um esporte é cada vez mais precoce
(FORTES, 2011). A ampla inclusão feminina nas atividades esportivas, além de gerar benefícios
à saúde em geral, pode elevar a autoestima e proporcionar efeitos positivos sobre a imagem
corporal, se comparado às adolescentes não-atletas (SUNDGOT-BORGEN, 2004).
14
Doutoranda em Ciências da Saúde pelo Instituto Israelita Albert Einstein (EINSTEIN), São Paulo (SP), Brasil. 15
Doutoranda em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Recife
(PE), Brasil. 16
Mestre em Hebiatria pela Universidade de Pernambuco (UPE), Recife (PE), Brasil. 17
Doutoranda em Educação Física pela Universidade de Pernambuco (UPE), Recife (PE), Brasil.
Autor correspondente: Aline Cabral Palmeira. Email: alinecpalmeira@hotmail.com
119 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Apesar disso, o ambiente atlético possui características peculiares, tais como exigência
de perda/controle de peso, pressão exercida por treinadores no anseio por melhores resultados e
uma morfologia considerada ideal para atingir um bom pico de rendimento (SUNDGOT-
BORGEN, 2004; HASDEMIR, 2016). Essas características podem levar as atletas adolescentes
a um padrão de maior exigência com seus corpos. Em casos de não aceitação corporal, essas
atletas podem apresentar altos índices de insatisfação corporal (PERINI, 2009). A preocupação
com a imagem corporal faz com que as atletas convivam frequentemente com uma pressão por
manter um peso corporal inferior ao que as mesmas convivem, assumindo intenso treinamento
físico e condutas alimentares inadequadas (SILVA, 2009; SCHAAL, 2011).
Diante das condutas de saúde inadequadas, as adolescentes atletas se tornam vulneráveis
ao desenvolvimento de alterações metabólicas e hormonais, os quais atingem negativamente a
saúde e o rendimento esportivo. Em 2007, a American College of Sports Medicine (ACSM)
observou um conjunto de distúrbios que acometem principalmente a saúde das mulheres atletas:
a Síndrome da Tríade da Mulher Atleta (STMA). Definida como o surgimento inter-relacionado
da baixa disponibilidade de energia (acompanhada ou não por transtornos alimentares),
distúrbios menstruais e da perda da densidade óssea, a STMA impõe grande risco à saúde das
atletas. A realização das práticas nocivas para atingir um corpo ideal entre as mulheres atletas
pode conduzir a um ou mais componentes dessa tríade. Cada desordem da tríade aumenta o
risco de mortalidade e morbidade, mas os perigos das três juntas são sinérgicos (SUNDGOT-
BORGEN, 2007; TAN, 2016).
A prevalência de um ou mais componentes da tríade nas mulheres atletas está cada vez
maior. Em uma revisão sistemática recente, Gibbs et al.(GIBBS, 2013) identificaram em 65
estudos uma prevalência de até 15,9% de todos os componentes da tríade e afirma que a
associação de dois componentes ou a presença de um apresentam taxas de prevalência ainda
maiores. Porém esse estudo foi direcionado apenas para a população feminina adulta.
Por viverem em condições de alta exigência física e psicológica, as adolescentes atletas,
por muitas vezes, passam a exercer treinamentos intensos, dietas inadequadas e uso de práticas
nocivas para atingir seus objetivos. Dessa forma, torna-se imprescindível estudos que
verifiquem a prevalência dos componentes da tríade na população adolescente, afim de
identificar os casos para que se promova ações de prevenção e tratamento da STMA. Diante da
importância e da repercussão que a STMA tem sobre a saúde do adolescente, o objetivo do
presente estudo é avaliar as taxas de prevalência da síndrome da tríade da mulher atleta em
adolescentes por meio de uma revisão sistematizada da literatura.
120 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
MÉTODOS
A estratégia utilizada para o levantamento de artigos sobre a prevalência da Síndrome da
Tríade da Mulher Atleta em adolescentes foi realizada em setembro e novembro de 2016, por
três avaliadores de forma independente. O processo de seleção dos artigos consistiu
primeiramente na procura dos descritores nas línguas portuguesa e inglesa no site Descritores
em Ciências da Saúde (http://decs.bvs.br) e Medical Subject Headings
(http://www.ncbi.nlm.nih.gov/mesh), respectivamente. Em seguida prosseguiu a
operacionalização destes descritores nas bases de dados especializadas LILACS (Literatura
Latino-Americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde), MEDLINE (Medical
Literature Analysis and Retrieval System Online) por intermédio da Biblioteca Virtual de Saúde
(BVS) e PubMed, ambos pelo método de busca avançada. Para busca de informações sobre a
temática, foi utilizado o seguinte agrupamento de descritores e operadores booleanos:
Prevalence/Prevalência “AND” Female Athlete Triad Syndrome/Síndrome da Tríade
da Mulher Atleta “OR” Menstruations Disturbance/Distúrbios Menstruais “OR”
Bony Density/ Densidade Óssea “OR” Eating Disorders/ Transtornos da alimentação
“AND” Athletes/Atletas “AND” Adolescent/Adolescente;
Após o primeiro levantamento nas bases de dados, foram estabelecidos quatro critérios
para refinar os resultados: a abrangência temporal dos estudos definida entre os anos de 2007 e
2016, a espécie humana, a faixa etária adolescente e o idioma português, inglês ou espanhol.
Foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: abordagem específica do tema;
amostra composta por adolescentes femininas e atletas, entre 10 e 19 anos; apresentarem dados
de prevalência em seus resumos; apresentar dois ou mais componentes da tríade em sua análise
e com a leitura dos resumos nas duas bases avaliada. Após a leitura completa dos artigos, um
artigo foi excluído por não apresentar dados de prevalência dos componentes da síndrome. O
fluxograma da quantidade de artigos selecionados, filtrados, excluídos e lidos encontra-se na
figura 1.
Para critérios de avaliação metodológica tomou-se como base o Checklist for Measuring
Quality proposto por Downs & Black (DOWNS, 1998) . Este instrumento contém 27 itens,
sendo que destes, 10 foram excluídos (PERINI, 2009; SUNDGOT-BORGEN, 2007; HOCH,
2009; SCHTSCHERBYNA, 2009; COELHO, 2013; THEIN-NISSENBAUM, 2011; QUAH,
2009; RIBEIRO, 2010; VIEIRA, 2009; SCOFFIER, 2010) por se enquadrarem em avaliação
para estudos experimentais, como proposto por Thiengo et al. (THIENGO, 2011). Dessa forma,
foram avaliados 17 itens, totalizando uma pontuação máxima de 18 pontos.
121 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Figura 1. Fluxograma do processo de seleção dos artigos. Representa a soma nas bases
de dados avaliadas.
RESULTADOS
Entre os estudos selecionados, todos foram publicados na língua inglesa. Quanto ao ano
de publicação, um foi publicado no ano de 2006, dois no ano de 2009, um em 2011 e um em
2013. Quanto à sua localização geográfica três estudos foram realizados nos Estados Unidos e
dois (40%) no Brasil. As amostras totais variaram de 11 a 19 anos de idade. Dois estudos
analisaram o comportamento dos componentes da tríade entre a população atleta e não-atleta. As
Artigos encontrados: 309
Artigos encontrados após o uso dos
filtros: 158
Após leitura dos títulos e exclusão
de artigos repetidos: 27
Leitura dos resumos: 27
Excluídos: 21
Leitura na íntegra: 6
Excluídos: 1
Artigos selecionados: 5
122 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
principais informações sobre os artigos selecionados bem como a pontuação de acordo com os
critérios de qualidade metodológica podem ser observadas na Tabela 1.
Tabela 1. Análise dos artigos selecionados (n=5) e escores de qualidade metodológica de acordo com o checklist de Downs &
Black9.
Autor/Ano Nichols
11
et al., 2006
Hoch12
et al., 2009
Schtscherbyna13
et al., 2009
Thein-Nissenbaum14
et al., 2011
Coelho15
et al., 2013
Desenho do
estudo Transversal Prospectivo Transversal Retrospectivo Transversal controlado
Contexto
(setting) Ambiente escolar Centro médico acadêmico NE - Rio de Janeiro Ambiente escolar
Federação de Tênis -
Rio de Janeiro
Participantes 170 atletas 80 atletas e 80 não atletas 78 atletas 331 atletas 24 atletas e 21 não
atletas
Variáveis DE/DO/DM DE/DO/DM DE/DO/DM DE/DM DE/DO/DM
Mensuração dos
dados DXA/Questionário DXA/Sangue/Questionário DXA/Questionário Questionário DXA/Questionário
Tamanho do
Estudo
Sem cálculo
amostral Sem cálculo amostral
Sem cálculo
amostral Sem cálculo amostral Sem cálculo amostral
Escore Downs &
Black9
13 10 13 15 15
DE: Disponibilidade de Energia; DO: Densidade Óssea; DM: Distúrbios Menstruais; DXA: Absortometria de Raio-X de dupla-energia; NE:
Local não especificado.
Todos os artigos selecionados contemplaram a descrição sobre o delineamento, contexto
do estudo, especificação dos participantes, das variáveis a serem analisadas e como estas foram
mensuradas. Apenas um estudo avaliou dois componentes da tríade. Com relação ao viés, todos
os métodos de mensuração para as variáveis disponibilidade de energia, distúrbios menstruais e
densidade óssea foram detalhadamente descritos na metodologia. Dos quatro artigos que
avaliaram a densidade mineral óssea, todos utilizaram o método de absortometria de raio X de
dupla-energia (DXA); dois artigos utilizaram o questionário validado EDE-Q (Eating Disorder
Examination) para avaliação das atitudes e comportamentos alimentares enquanto que três
artigos utilizaram os questionários validados EAT (Eating Attitude Test), BITE (Bulimic
Investigatory Test Edinburgh) e o BSQ (Body Shape Questionnare) para identificação de
desordens alimentares.
Para análise de distúrbios menstruais, todos os artigos utilizaram um questionário
validado e consistente. Apesar disso, nenhum estudo apresentou cálculo amostral para
123 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
determinar o tamanho da amostra. Quanto a quantificação das variáveis analisadas, os testes
estatísticos inferidos em todos os estudos observaram o comportamento das variáveis tanto no
domínio contínuo quanto categórico e todos descreveram de forma detalhada a utilização dos
testes estatísticos.
Os estudos (NICHOLS, 2006; HOCH, 2009; SCHTSCHERBYNA, 2009;
COELHO, 2013) que avaliaram a prevalência de atletas adolescentes que apresentaram todos os
componentes da STMA encontraram percentuais entre 1% a 4,2% (Figura 2).
Apenas dois estudos (NICHOLS, 2006; THEIN-NISSENBAUM, 2011) avaliaram a
prevalência de adolescentes atletas com dois componentes da STMA, com uma taxa que variou
de 5,9% a 28,75%.
A taxa de prevalência de atletas com um componente da tríade apresentou um intervalo
de 18,2% a 91,7%, 18,8% a 54% e 15,4% a 25%, para baixa disponibilidade de
energia/desordens alimentares, distúrbios menstruais e baixa densidade mineral óssea,
respectivamente (NICHOLS, 2006; HOCH, 2009; SCHTSCHERBYNA, 2009; COELHO,
2013; THEIN-NISSENBAUM, 2011) (Figura 2).
Figura 2. Taxa de prevalência dos componentes da Síndrome da Tríade da Mulher Atleta em
adolescentes dos estudos selecionados.
124 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
Os dois estudos (COELHO, 2013; THEIN-NISSENBAUM, 2011) que avaliaram a
prevalência da STMA entre as adolescentes atletas e não atletas afirmaram que, ao observar a
presença de todos os componentes, nenhum indivíduo não-atleta apresentou os três componentes
de forma simultânea, comparado a 4,2% da população atleta. Já ao avaliar a presença de um ou
mais componentes da STMA, foi visto que 65% das adolescentes não-atletas e 78% das atletas
apresentaram um ou dois componentes da tríade.
DISCUSSÃO
Entre os cinco estudos avaliados, pôde-se observar que apesar da prevalência dos três
componentes ser relativamente baixa, a baixa disponibilidade de energia associada ou não aos
transtornos alimentares, a presença de distúrbios menstruais e baixa densidade mineral óssea de
forma associada ou não é uma condição presente nas adolescentes atletas (NICHOLS, 2006;
HOCH, 2009; SCHTSCHERBYNA, 2009; COELHO, 2013; THEIN-NISSENBAUM, 2011).
Para Tosatti et al. (TOSATTI, 2007), na população geral, as adolescentes são mais
vulneráveis às pressões da sociedade pela beleza, e compõe igualmente um grupo de risco de
instalação de pelo menos um dos fatores da tríade, principalmente o baixo consumo energético
associado aos transtornos alimentares. O agravante entre as adolescentes atletas é a associação
do duplo risco aos componentes da tríade, haja vista que são praticantes de uma atividade que
valoriza a beleza física e de um gênero onde há maior vulnerabilidade às imposições no que
tange a estereótipos corporais.
Com relação a baixa disponibilidade de energia e os transtornos alimentares, a alta
prevalência encontrada nos estudos analisados, afirma a hipótese deste ser o primeiro
componente da tríade a surgir entre as adolescentes. Este componente pode ocorrer devido aos
comportamentos alimentares inadequados, como jejum ou pular refeições, fazer uso de pílulas
de dieta, laxantes ou compulsão alimentares seguido de indução ao vômito (BEALS, 2006;
NATTIV, 2007). Além disso, a maioria das atletas com baixa disponibilidade energética
reduzem o valor energético na alimentação sem reduzir o gasto energético no treinamento
esportivo (SUNDGOT-BORGEN, 2007).
O déficit energético e os transtornos alimentares apresentam um link com as
irregularidades menstruais. A restrição calórica ou desequilíbrio energético podem contribuir
para o desenvolvimento de distúrbios metabólicos, como a secreção irregular do hormônio
125 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
luteinizante, deficiência de estrogênio e outras alterações hormonais as quais são responsáveis
pela regularidade do ciclo menstrual. No estudo realizado por Hoch et al. (HOCH, 2009), foi
reportado o maior valor de prevalência de distúrbios menstruais (54%), das 80 atletas analisadas,
15% reportaram oligomenorreia, 30% reportaram amenorreia secundária e 6% amenorreia
primária. Além disso, fatores como intensidade do exercício/treinamento, peso corporal,
composição corporal e estresse físico e emocional podem contribuir para o desenvolvimento
dessas irregularidades (HOCH, 2009; NATTIV, 2007; QUAH, 2009; BARRACK, 2010).
A maioria das atletas referem a ausência de menstruação como uma agradável
conveniência, porém não se tem a consciência que alterações hormonais podem comprometer a
composição óssea e causar alterações irreversíveis (SUNDGOT-BORGEN, 2004; SUNDGOT-
BORGEN, 2007). Ambos estradiol e progesterona contribuem para a manutenção da densidade
óssea, afetando o processo de modelação/remodelação do osso. Por tanto, qualquer fator que
contribui para as disfunções menstruais pode ter influência direta ou indireta sobre a densidade
óssea e colocar a atleta em risco (SUNDGOT-BORGEN, 2007; COELHO, 2013; WHEATLEY,
2010). Em um estudo realizado por Rauh (RAUH, 2010) et al., foi observado que as
adolescentes atletas que relataram ter oligomenorreia/amenorreia eram 3 vezes mais propensas a
sofrer lesões quando comparadas às atletas com ciclo menstrual normal. A perda da massa óssea
pode conduzir a atleta aos estágios de osteopenia/osteoporose precocemente, isto aumenta o
risco de fraturas, lesões e dor, como consequência ocorre a redução do volume de treinamento,
bem como as pausas no treinamento devido às lesões e até mesmo o fim da carreira de atleta.
Os benefícios da prática esportiva são inegáveis, incluindo aumento na auto-estima, que
pode servir como fator de proteção contra o desenvolvimento da STMA, ao reduzir os
sentimentos de insatisfação com o corpo (RIBEIRO, 2010; VIEIRA, 2009). Por outro lado, as
relações dos atletas para a mídia, os seus ídolos, a pressão exercida pelos treinadores e amigos,
podem ser fatores de risco (SCOFFIER, 2010).
Diante disso, ressalta-se a importância de estudos que avaliem a prevalência da STMA,
afim de elaborar programas de prevenção e tratamento voltada para as atletas adolescentes.
Apesar da baixa prevalência da ação conjunta dos componentes na tríade, o alto índice de
distúrbios alimentares, menstruais e ósseos enfatizam a necessidade de conscientização desse
tema tanto por parte das atletas quanto dos seus treinadores e familiares, afim de diminuir os
riscos à saúde deste grupo de adolescentes.
Limitações e Sugestões para Futuros Estudos
126 Expansão Acadêmica, n. 4, vol. 1, jan./jun. 2017. ISSN: 2447-455X
O presente estudo limitou-se apenas na análise dos componentes da tríade, sem
distinguir a modalidade esportiva; sugere-se que futuros estudos de revisão direcionem a
compreensão para qual modalidade tenha maior prevalência da STMA, bem como sugere-se a
elaboração de estudos de intervenção com educação em saúde nos ambientes esportivos afim de
verificar o impacto dessa ação sobre a STMA.
CONCLUSÃO
A prevalência da presença dos três componentes da STMA é relativamente baixa, porém
os componentes de maneira isolada apresentam alta prevalência e podem ameaçar a saúde da
adolescente atleta de forma irreversível.
CONFLITOS DE INTERESSE:
Os autores declaram não haver conflitos de interesse.
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INTERFACES DA EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
Rosimar Rosa dos Santos18
RESUMO
O presente artigo traz uma reflexão acerca das interferências positivas e negativas a respeito da
tecnologia no desenvolvimento do ser humano. A metodologia utilizada é com base em revisão
bibliográfica que aprofundam a temática no sentido de apresentar uma perspectiva de trabalho em
educação tecnológica no intuito de envolver a sociedade brasileira a uma participação mais efetiva no
desenvolvimento tecnológico do país. Essa pesquisa é embasada no sujeito, histórico e social,
proporcionando uma aproximação à realidade educacional dos alunos e educadores que necessitam da
compreensão de como a aprendizagem é constituída durante todo o processo de ensino aprendizagem.
Busca-se também propiciar uma discussão à cerca da compreensão coerente, ativa, reflexiva e
transformadora sobre educação tecnológica. Os resultados dessa pesquisa têm como finalidade verificar
todo o contexto que envolve o sujeito como autor de sua própria história, a formação do indivíduo e
como se processa a aprendizagem nos indivíduos, entendendo suas complexidades, vantagens,
deficiências, avanços e retrocessos.
Palavras-chave: Trabalho. Sociedade. Tecnologia.
INTRODUÇÃO
Quando falamos em Educação Tecnológica surgem diversos significados, devido às
numerosas definições e discussões sobre essa temática. Nesse sentido, procuramos entender as
tecnologias educacionais, a educação profissional ou técnica, ligando a prática pedagógica,
obtendo suporte para o uso de tecnologias na investigação e apresentar dos aspectos positivos
sobre a temática da Educação Tecnológica (SANTOS, 2012).
A principal justificativa pela escolha desse tema está atrelada à importância das
Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) em nossas vidas e, como ferramenta usada
para desenvolver diversos trabalhos praticamente em todas as áreas, principalmente no sistema
educacional, sendo o aluno sujeito e aprendiz em todos os seus aspectos psicológicos, culturais,
sociais e cognitivos.
A formação do conhecimento dos indivíduos é algo também fascinante e necessário
para que se compreendam os indivíduos em todas as suas particularidades e a aprendizagem
sistematizada, aliada a uma didática ou metodologia, são pontos que requerem atenção toda
especial. Revisar como ela é desenvolvida, os principais avanços e a evolução da educação
como um todo e consequentemente um estudo mais completo e aprofundado sobre a educação
tecnológica dos educadores no geral, sua formação e posteriormente sua maior conquista é a
aprendizagem trabalhada e desenvolvida a partir da emoção e da afetividade.
18
Discente do Mestrado em Educação da Anne Sullivan University.
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O embasamento teórico deste estudo tem como principal fonte de dados, informações
reportadas por diversos autores, os quais encontram-se no discorrer do estudo e trata
estritamente da educação tecnológica, sua formação e a aprendizagem como um foco de estudo.
De acordo com Kuenzer (2002), a educação é uma “práxis cultural a exigir do homem
habilidades para ser político e produtivo, como agente interventor do progresso social”. Para
Grinspun (2008) a educação “como uma prática social, portanto, uma prática que se realiza num
tempo histórico determinado, com características ideológicas específicas e voltadas para a
subjetividade”. É uma área da sociedade na qual mantém estreita relação pelos seus objetivos e
pela formação do indivíduo que vai participar da sociedade.
Em relação às TIC, Oliveira (2000, P.40-62), afirma que, “tecnologias são produtos da
ação humana, historicamente construídos, expressando relações sociais das quais dependem,
mas que também são influenciadas por eles”.
Dessa forma, essa derivação observou que a tecnologia é uma atividade que está
voltada para a prática, enquanto que a ciência está voltada para as leis que a cultura obedece,
mostrando que, o tema tecnologia possui um significado bem amplo podendo apontar o uso do
mesmo para diversas áreas na utilização e sentido de técnicas, equipamentos, instrumentos e
fabricação e utilização do manejo deles, com os estudos dos aspectos da tecnologia e os efeitos
sobre a sociedade.
Segundo Zarth:
“Tecnologia é o instrumento mais adequado para se impor uma dominação e
controle sobre a natureza e sobre a sociedade” e que o progresso tecnológico,
de certo modo, se constitui em estratégia do desenvolvimento capitalista, não
necessariamente vinculada às necessidades básicas da população; tornando-se
“um fator ideológico pelo fato de irradiar a ideia de que ele representa o
caminho do bem estar social para todos os segmentos sociais” (ZARTH et
al.,1998, p. 35-36).
A tecnologia hoje é parte integrante da vida do ser humano de modo que,
necessariamente não conseguimos viver sem ela. Portanto, devemos estar atentos quanto a
reduzirmos a um simples objeto da técnica vinculando a realização de nossos sonhos com a
resposta a nossas angústias e ânsia no sentido de alcançar o progresso tecnológico, não levando
em conta suas implicações sociais relacionadas aos hábitos, percepções, conceitos, limites
morais, políticos e individuais.
Passamos muitas vezes por cima de algumas questões importantes como a fome
mundial, a degradação do meio ambiente, as armas nucleares que ameaçam destruir toda a vida
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do nosso planeta, e mais forte ainda, a manipulação genética. São aspectos que nos levam a
refletirmos sobre a utilização da ciência e da tecnologia no sentido de realizarmos escolhas
tendo como base os valores humanos.
Grinspun (2008) considera que a tecnologia envolve um conjunto organizado e
sistematizado de diferentes conhecimentos: científicos, empíricos e até intuitivos voltados para
um processo de aplicação na produção e na comercialização de bens e serviços.
DEFINIÇÃO DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA
Quando buscamos uma definição a respeito de educação tecnológica observam-se
diversas afirmações e podemos ver que este é um conceito ainda em formação, no que diz
respeito acerca de sua iniciação, formação, aprendizagem, treinamento, qualificação e
aperfeiçoamento profissional.
Um problema bem visível é que o desenvolvimento tecnológico não favorece a
satisfação das expectativas no tocante das necessidades humanas, pelo contrário, o padrão
consiste em ajustar essas necessidades humanas ao que a ciência e a tecnologia produzem.
Segundo Bastos (1997, p.4-29) a educação no mundo atual tende de ser tecnológica, o
que por sua vez, vai exigir o entendimento e interpretação de tecnologias. Como as tecnologias
são complexas e práticas ao mesmo tempo, elas estão a exigir uma nova formação do homem
que remeta à reflexão e compreensão do meio social em que ele se circunscreve.
De acordo com o MEC (1994), educação tecnológica é:
“vertente da educação voltada para a formação de profissionais em todos os
níveis de ensino e para todos os setores da economia, aptos ao ingresso
imediato no mercado de trabalho (...) a educação tecnológica assume um papel
que ultrapassa as fronteiras legais das normas e procedimentos a que está
sujeita, como vertente do sistema educativo indo até outros campos legais que
cobrem setores da produção, da Ciência e da Tecnologia, da capacitação de
mão-de-obra, das relações de trabalho e outros, exigidos pelos avanços
tecnológicos, sociais e econômicos que tem a ver com o desenvolvimento”
(MEC, 1994).
Grinspun (2001) afirma que à formação do indivíduo para viver na era tecnológica, de
uma forma mais crítica e mais humana, ou à aquisição de conhecimentos necessários à formação
profissional (tanto uma formação geral como específica), assim, como às questões mais
contextuais da tecnologia, envolve tanto a invenção como a inovação tecnológica.
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O objetivo da educação tecnológica é capacitar o cidadão crítico e consciente na
sociedade impregnada de tecnologia. Vale ressaltar que, a diferença entre educação tecnológica
e educação profissional. A educação profissional é centrada na técnica, causa impacto nos
processos de trabalho sendo orientada pelos interesses econômicos. Enquanto que a educação
tecnológica está centrada no ser humano e seu impacto ocorre na convivência social e produtiva
sendo orientada pela ética.
Oliveira (2000, p.40-62), observava que a educação tecnológica e o ensino técnico
“têm sido objeto de estudo em vários fóruns de debate e objeto de novas regulamentações no
interior de políticas públicas atuais sobre educação tecnológica no País”.
Sabendo que existe diferença entre formação técnica e formação tecnológica. Esse tema
tem sido objeto de intenso debate junto as Instituições de Educação Tecnológica no País.
Segundo Oliveira (2000, p.40-62) o ensino técnico ocupa-se dos “processos de
treinamento do trabalhador no mero domínio das técnicas de execução de atividades e tarefas,
no setor produtivo e de serviços”. Já a formação tecnológica envolveria “o compromisso com o
domínio, por parte do trabalhador, dos processos físicos e organizacionais ligados aos arranjos
materiais e sociais, e de conhecimento aplicado e aplicável, pelo domínio dos princípios
científicos e tecnológicos próprios a um determinado ramo de atividade humana”.
Neste sentido, Laudares e Dayse (2005, p.57) enfatiza que, trabalhar a educação
tecnológica significa tornar a educação profissional (antes denominada educação técnica) apta a
suprir a necessidade do homem de responder às demandas do mundo do trabalho.
Para Grinspun (2001) o conceito de educação tecnológica diz respeito à formação do
cidadão e do profissional criativo e flexível, possuindo o domínio científico com visão crítica
das tecnologias: “à formação do indivíduo para viver na era tecnológica, de uma forma mais
crítica e mais humana, ou à aquisição de conhecimentos necessários à formação profissional
(tanto uma formação geral como específica), assim, como às questões mais contextuais da
tecnologia, envolvendo tanto a invenção como a inovação tecnológica”.
As reflexões e análises, que raramente ocorrem, em geral, baseiam-se na inadequação
da tecnologia, ao invés de analisar as questões sociais e políticas que envolvem tanto a escolha
quanto a incorporação das mesmas.
Não se trata de ver a tecnologia apenas como negativa e de prescindir da mesma, mas
sim, de discutir a validade de tomá-la como algo absoluto, de compreender que não existe
neutralidade nas inovações tecnológicas, que elas podem ser utilizadas para o bem e para o mal,
a favor ou contra o homem.
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Essas afirmações são corroboradas por Winner (1987, p. 42), quando diz que, toda
descoberta é preparada de antemão para favorecer certos interesses sociais e algumas pessoas
inevitavelmente recebem mais que outras. Cientes disso, precisamos preocupar-se com à
aplicação dada as suas descobertas e teorias; devem manter-se alerta para a utilização que será
dada a elas, pois é evidente que, as tecnologias podem ser utilizadas de maneira a aumentar o
poder, autoridade, privilégio de uns sobre os outros.
De acordo com Bastos (1998, p.31), a educação tecnológica situa-se, ao mesmo tempo,
no âmbito da educação e qualificação, da ciência e tecnologia, do trabalho e produção, enquanto
processos interdependentes na compreensão e construção do progresso social reproduzidos nos
campos do trabalho, da produção e da organização da sociedade.
É uma educação substantiva que unifica o ser humano e precisa de meios e de políticas
para se tornar prática e unidas no sentido de beneficiar o ser humano sem dominação e sem
escravidão dos meios técnicos.
CONCEITOS DE EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA
De acordo com a LDB (Lei 9394/96), o currículo do ensino médio (...).
“I - Destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do significado da
ciência, das letras e das artes; o processo histórico de transformação da
sociedade e da cultura; a língua portuguesa como instrumento de comunicação,
acesso ao conhecimento e exercício da cidadania”.
Segundo o MEC/SEMTEC (1994) a educação tecnológica é a vertente da Educação
voltada para a formação de profissionais em todos os níveis de ensino e para todos os setores da
economia, aptos ao ingresso imediato no mercado de trabalho (...); a educação tecnológica
assume um papel que ultrapassa as fronteiras legais das normas e procedimentos a que está
sujeita, como vertente do sistema educativo indo até outros campos legais que cobrem setores da
produção, da Ciência e da Tecnologia, da capacitação de mão- de-obra, das relações de trabalho
e outros, exigidos pelos avanços tecnológicos, sociais e econômicos que tem a ver com o
desenvolvimento.
Na concepção de Grinspun (2008), o conceito de educação tecnológica implica a
formação de profissionais habilitados a transmitir conhecimentos tecnológicos sem perder de
vista à finalidade última da tecnologia que é a de melhorar a qualidade de vida do homem e da
sociedade.
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O autor acima relata também ponta pontos básicos no conceito para educação
tecnológica, quais sejam: a educação é a tônica do processo evolutivo da tecnologia; a formação
do indivíduo deve estar voltada para as condições - em termos de acesso ao conhecimento e
pesquisa - de sua inserção no campo da tecnologia, propiciando-lhe meios e ferramentas para
criar tecnologias; a interação ciência-tecnologia se faz presente em todo seu percurso, e para isto
o comprometimento é bem maior com o processo do que com o produto/resultado final da
tecnologia; a construção de uma educação que não separe a tecnologia de seu cotidiano,
esclarecendo e desvelando as implicações das novas relações sociais, em especial, a formação
do trabalhador; despertar no indivíduo o lado humanístico da tecnologia e, por outro lado,
instigá-lo à rede de conhecimentos e saberes que a tecnologia propicia.
Não podemos valorizar a técnica em detrimento do mundo subjetivo, para tudo há
lugar, em especial, para se pensar e para aprender a aprender. A educação tecnológica está
presente há muito tempo na nossa realidade impondo dominação e controle sobre a natureza e
sobre a sociedade.
Grinspun (2008) afirma que ela teve início, pelo então, ensino técnico que criou as
suas primeiras escolas técnicas propriamente ditas, em 1909, tendo como objetivo formar
pessoas que dominassem o trabalho manual. Nos anos seguintes, com o surgimento da
industrialização, surge a educação técnica paralela ao sistema regular de ensino, em que
instituições como o SENAI começaram a preparar mão-de-obra qualificada para o mercado de
trabalho.
Os problemas relacionados à tecnologia em determinado contexto social geralmente
são resolvidos sem levar em consideração a opinião pública. Por outro lado, a própria
população, por falta de informações/conhecimento, se exclui do processo de reflexão acerca das
interferências dos avanços tecnológicos na sociedade.
Emerge, desse contexto, a necessidade de uma reflexão moral que investigue e
desenvolva temas que incluam: a minimização da desigualdade social, o acesso a informação, o
futuro da sociedade, a socialização da tecnologia e do saber científico-tecnológico, visando uma
participação de todos nas decisões relativas à tecnologia.
Sanmartín, (1990, p.28) reporta que “A ciência descobre, a indústria aplica, o homem
se ajusta”. Nessa perspectiva, cabe a reflexão sobre as influências da tecnologia em nossas vidas
como o aumento da expectativa de vida a um mundo globalizado e interligado ao acesso e
informação em tempo real diretamente associada a civilização e ao progresso induzindo-nos a
adoção dos padrões sociais.
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O não acesso às tecnologias acaba contribuindo para a exclusão social, e para a
migração ao mercado de trabalho informal, ou seja, modernidade para poucos e a maioria da
população não tem acesso aos direitos básicos como educação, saneamento ,habitação, saúde,
esporte e lazer permanecendo assim excluída dos efeitos da modernização (ROSSINI, 2002).
Isso nos remete à reflexão feita por Pacey (1990) no que tange à tecnologia como algo
que proporciona ferramentas independentes dos sistemas de valores locais e que podem utilizar-
se imparcialmente em apoio de estilos de vida substancialmente diferentes. Entendemos que esta
visão é que proporciona a transferência de tecnologias entre sociedades sem considerar suas
especificidades, sem refletir que de algum modo a tecnologia condiciona a sociedade.
A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar
nela, pelos atos de criação, recriação e decisão vai ele dinamizando o seu mundo. Vai
dominando a realidade, humanizando-a, acrescentando a ela algo de que ele mesmo é o fazedor.
(...) Faz cultura. (Freire, 1981).
Reconhecendo os limites do progresso tecnológico que fundamenta um amplo
questionamento moral da tecnologia científica frente às questões ambientais, nucleares, de
armamentos e da biotecnologia, que são questões mais amplas que de algum modo a tecnologia
condiciona a sociedade onde geralmente os problemas são resolvidos sem levar em consideração
a opinião pública. Por sua vez, a população por falta de conhecimento fica por fora do processo
de reflexão sobre as interferências dos avanços tecnológico (GOLDEMBERG et al., 2003).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que, a definição de educação tecnológica são pontos polêmicos como a
relativa indefinição e a diversidade de noções no que se refere a ao ensino técnico e formação
profissional como mediação para discernir os pontos principais como (o que, para que e como
formar?) caracterizando a interação entre a escola e a tecnologia e visa conciliar o
desenvolvimento tecnológico e social no sentido de preparar e atualizar as pessoas com os
conhecimentos científicos tão necessários e que estão sempre em constantes mudanças.
Nesse sentido, a educação tecnológica exige uma interação entre teoria e pratica
integrando ensino e pesquisa sobre as questões vivenciadas pelos educandos como exigências
impostas pela sociedade e de como superar as dificuldades existentes na busca da construção de
conhecimento que possibilite transformar e superar o conhecido e o ensinado com saberes que
não acabam na escola, que não se iniciam com um trabalho, mas que estão permanente marcado
por progressivas transformações refletindo seu desenvolvimento na sociedade.
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É necessário que as pessoas reflitam sobre os impactos da tecnologia, com os
progressos e perigos que elas nos oferece, temos que nos educar para aprender e usar de forma
positiva desenvolvendo capacidade de reunir e organizar informações relevantes sobressaindo a
dimensão ética em todos os setores sociais que estão ligadas a educação tecnológica com
valores como responsabilidade, liberdade e autonomia. É tarefa da educação desenvolver e
cultivar toda essa discussão com metodologias que sejam eficazes de preparar pessoas com
capacidades de produzir, inventar e inovar a tecnologia e a história de seu pais.
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