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Crimes contra a Fé Pública

Crimes contra a Fé Pública

Bem jurídico tutelado: a fé pública

É “a confiança que a sociedade deposita nos objetos, sinais, firmas

exteriores (moedas, emblemas, documentos) aos quais o Estado,

mediante o direito, privado ou público, atribui valor probatório, e

também o crédito ou crença dos cidadãos nas relações da vida

comercial ou industrial”.

É o sentimento coletivo de crença na autenticidade de

determinadas informações.

Moeda Falsa

Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda

metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no

estrangeiro:

Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.

Art. 289 do CP- Moeda Falsa• Crime formal e de perigo concreto

• Sujeito ativo: qualquer pessoa

• Sujeito passivo: o Estado

• fabricação: formação total

• alteração: a partir de outra moeda ou papel genuínos

• a modificação deve trazer consigo a capacidade de prejuízo a umnúmero indeterminado de pessoas.

• para haver alteração ilícita, é necessário que resulte aparência demaior valor da moeda.

• é indispensável a imitatio veri.

Informativo nº 0437/STJ Quinta Turma

MOEDA FALSA. PRINCÍPIO. INSIGNIFICÂNCIA.

A Turma reiterou seu entendimento de que não se aplica o princípio dainsignificância ao crime de moeda falsa, pois se trata de delito contra a fépública, logo não há que falar em desinteresse estatal à sua repressão.

No caso, o paciente utilizou duas notas falsas de R$ 50 para efetuarcompras em uma farmácia.

Assim, a Turma denegou a ordem.

Precedentes citados do STF: HC 93.251-DF, DJe 5/8/2008; do STJ: HC78.914-MG, DJe 1º/12/2008; REsp 964.047-DF, DJ 19/11/2007, e HC129.592-AL, DJe 1º/6/2009.

HC 132.614-MG, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 1º/6/2010.

• tutela-se a confiança na moeda nacional e a estrangeira

• o dolo exige consciência de estar criando um perigo de dano àcirculação - exclui-se o crime quando o sujeito age jocandi animo

• consumação: com a fabricação ou alteração, ainda que apenas de umamoeda

• falsificação de inúmeras moedas num mesmo contexto de ação: crimeúnico

• falsificações sucessivas em ocasiões diferentes: crime continuado

Informativo nº 0554/STJ - Período: 25 de fevereiro de 2015 - Sexta Turma -DIREITO PENAL. INAPLICABILIDADE DO ARREPENDIMENTO POSTERIOR AOCRIME DE MOEDA FALSA.

Não se aplica o instituto do arrependimento posterior ao crime de moedafalsa. No crime de moeda falsa – cuja consumação se dá com a falsificaçãoda moeda, sendo irrelevante eventual dano patrimonial imposto aterceiros –, a vítima é a coletividade como um todo, e o bem jurídicotutelado é a fé pública, que não é passível de reparação. Desse modo, oscrimes contra a fé pública, semelhantes aos demais crimes não patrimoniaisem geral, são incompatíveis com o instituto do arrependimento posterior,dada a impossibilidade material de haver reparação do dano causado ou arestituição da coisa subtraída. REsp 1.242.294-PR, Rel. originário Min.Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdão Min. Rogerio Schietti Cruz, julgadoem 18/11/2014, DJe 3/2/2015.

COMPETÊNCIA

• competência da Justiça Federal.

• Súmula 73/STJ

• A utilização de papel moeda grosseiramente falsificado configura,em tese, o crime de estelionato, da competência da Justiça Estadual.

FIGURA ASSIMILADA

• § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia,importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ouintroduz na circulação moeda falsa.

• § 1º: tipo misto alternativo

• exige-se a intenção de colocar a moeda em circulação.

• se quem introduz é o próprio falsificador: post-factum.

• é irrelevante que a introdução em circulação seja uma liberalidade doautor (doação) ou decorrente de torpeza bilateral (para pagamento dedrogas)

Informativo nº 0546/STJ - Período: 24 de setembro de 2014. Sexta Turma

DIREITO PENAL. AGRAVANTES NO CRIME DE INTRODUÇÃO DE MOEDAFALSA EM CIRCULAÇÃO.

Nos casos de prática do crime de introdução de moeda falsa em circulação(art. 289, § 1º, do CP), é possível a aplicação das agravantes dispostas nasalíneas "e" e "h" do inciso II do art. 61 do CP, incidentes quando o delito écometido “contra ascendente, descendente, irmão ou cônjuge” ou “contracriança, maior de 60 (sessenta) anos, enfermo ou mulher grávida”.

De fato, a fé pública do Estado é o bem jurídico tutelado no delito do art.289, § 1º, do CP. Isso, todavia, não induz à conclusão de que o Estado sejavítima exclusiva do delito.

Com efeito, em virtude da diversidade de meios com que a introdução demoeda falsa em circulação pode ser perpetrada,

não há como negar que vítima pode ser, além do Estado, uma pessoafísica ou um estabelecimento comercial, dado o notório prejuízoexperimentado por esses últimos.

Efetivamente, a pessoa a quem, eventualmente, são passadas cédulasou moedas falsas pode ser elemento crucial e definidor do grau defacilidade com que o crime será praticado, e a fé pública, portanto,atingida.

A propósito, a maior parte da doutrina não vê empecilho para quefigure como vítima nessa espécie de delito a pessoa diretamenteofendida.

HC 211.052-RO, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, Rel. para acórdãoMin. Rogerio Schietti Cruz, julgado em 5/6/2014.

Figura privilegiada

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda

falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois de conhecer a

falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e

multa.

• não abrange a origem ilícita: furto, roubo, já que neste caso não há avontade de evitar o dano – NESSE CASO, APLICA-SE o parágrafo 1º

§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o

funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de

emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:

I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;

II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.

•a lei não previu a emissão de moeda metálica em quantidade

superior

•não exige lucro pessoal

•título: teor da liga metálica

§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular

moeda, cuja circulação não estava ainda autorizada.

Crimes assimilados ao de moeda falsaArt. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda comfragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota,cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restituí-los à circulação, sinalindicativo de sua inutilização; restituir à circulação cédula, nota oubilhete em tais condições, ou já recolhidos para o fim de inutilização:

Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa.

Parágrafo único - O máximo da reclusão é elevado a doze anos e multa,se o crime é cometido por funcionário que trabalha na repartição onde odinheiro se achava recolhido, ou nela tem fácil ingresso, em razão docargo.(Vide Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Petrechos para falsificação de moedaArt. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a título oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado à falsificação de moeda:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.

• FALSIDADE DOCUMENTAL - Arts. 297 a 304 do CP

• Conceito de documento: objetos próprios à comunicação dopensamento, por palavras ou sinais representativos de palavras.

• O seu conteúdo deve ter relevância jurídica: aptidão a embasar umapretensão jurídica ou a fazer prova de fato juridicamente relevante.

• Exige-se que seja possível identificar o autor do documento.

• De forma geral, tais crimes exigem três pressupostos objetivos:

a modificação da verdade sobre um determinado fato ou relaçãojurídica;

a imitatio veri, a aparência de verdadeiro – se a falsidade égrosseira, não há crime.

o risco de dano a terceiro, de ordem econômica ou moral.

Falsificação de Documento Público ( art. 297 CP)

Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.• Documento público: aquele elaborado por um funcionário

público no exercício das funções. A ele se equipara a cópia dedocumento público autenticada.

• O elemento subjetivo: é o dolo.

• Consumação: com a contrafação ou alteração do documento.Não se exige, pois, o efetivo uso.

• Concurso entre falso e estelionato: súmula 17 do STJ.

• Especialidade : art. 293 do CP

Informativo nº 0452/STJ Período: 18 a 22 de outubro de 2010. 6ª Turma

USO. DOCUMENTO FALSO. FALSIFICAÇÃO. CRIME ÚNICO.

Na hipótese, o ora paciente foi condenado a dois anos e seis meses dereclusão e 90 dias-multa por falsificação de documento público e a doisanos e três meses de reclusão e 80 dias-multa por uso de documento falso,totalizando quatro anos e nove meses de reclusão no regime semiaberto e170 dias-multa. Em sede de apelação, o tribunal a quo manteve asentença. Ao apreciar o writ, inicialmente, observou o Min. Relator serpacífico o entendimento doutrinário e jurisprudencial de que o agente quepratica as condutas de falsificar documento e de usá-lo deve responderpor apenas um delito. Assim, a questão consistiria em saber em que tipopenal, se falsificação de documento público ou uso de documento falso,estaria incurso o paciente.

Para o Min. Relator, seguindo entendimento do STF, se o mesmo sujeitofalsifica documento e, em seguida, faz uso dele, responde apenas pelafalsificação. Destarte, impõe-se o afastamento da condenação do orapaciente pelo crime de uso de documento falso, remanescendo aimputação de falsificação de documento público. Registrou que, apesar deseu comportamento reprovável, a condenação pelo falso (art. 297 do CP) epelo uso de documento falso (art. 304 do CP) traduz ofensa ao princípioque veda o bis in idem, já que a utilização pelo próprio agente dodocumento que anteriormente falsificara constitui fato posteriorimpunível, principalmente porque o bem jurídico tutelado, ou seja, a fépública, foi malferido no momento em que se constituiu a falsificação.Significa, portanto, que a posterior utilização do documento pelo próprioautor do falso consubstancia, em si, desdobramento dos efeitos dainfração anterior.

§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime

prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte.

§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento

público o emanado de entidade paraestatal, o título ao

portador ou transmissível por endosso, as ações de

sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento

particular.

§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluído

pela Lei nº 9.983, de 2000)

I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja

destinado a fazer prova perante a previdência social, pessoa que não

possua a qualidade de segurado obrigatório;

II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em

documento que deva produzir efeito perante a previdência social,

declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;

III – em documento contábil ou em qualquer outro documento

relacionado com as obrigações da empresa perante a previdência

social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter constado.

§ 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos

mencionados no § 3o, nome do segurado e seus dados pessoais, a

remuneração, a vigência do contrato de trabalho ou de prestação de

serviços.

Informativo nº 0539/STJ Período: 15 de maio de 2014. Quinta Turma

DIREITO PENAL. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO PÚBLICO POR

OMISSÃO DE ANOTAÇÃO NA CTPS.

A simples omissão de anotação na Carteira de Trabalho e

Previdência Social (CTPS) não configura, por si só, o crime de

falsificação de documento público (art. 297, § 4º, do CP). Isso porque

é imprescindível que a conduta do agente preencha não apenas a

tipicidade formal, mas antes e principalmente a tipicidade material,

ou seja, deve ser demonstrado o dolo de falso e a efetiva

possibilidade de vulneração da fé pública. Com efeito, o crime de

falsificação de documento público trata-se de crime contra a fé

pública, cujo tipo penal depende da verificação do dolo, consistente

na vontade de falsificar ou alterar o documento público, sabendo o

agente que o faz ilicitamente.

Além disso, a omissão ou alteração deve ter concreta potencialidade

lesiva, isto é, deve ser capaz de iludir a percepção daquele que se

depare com o documento supostamente falsificado. Ademais, pelo

princípio da intervenção mínima, o Direito Penal só deve ser

invocado quando os demais ramos do Direito forem insuficientes

para proteger os bens considerados importantes para a vida em

sociedade. Como corolário, o princípio da fragmentariedade elucida

que não são todos os bens que têm a proteção do Direito Penal, mas

apenas alguns, que são os de maior importância para a vida em

sociedade. Assim, uma vez verificado que a conduta do agente é

suficientemente reprimida na esfera administrativa, de acordo com o

art. 47 da CLT, a simples omissão de anotação não gera

consequências que exijam repressão pelo Direito Penal. REsp

1.252.635-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 24/4/2014.

Falsificação de documento particular (Redação dada pela Lei

nº 12.737, de 2012) Vigência

Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular

ou alterar documento particular verdadeiro:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.

Falsificação de cartão (Incluído pela Lei nº 12.737, de

2012)

Parágrafo único. Para fins do disposto no caput, equipara-se a

documento particular o cartão de crédito ou débito. (Incluído

pela Lei nº 12.737, de 2012)

Falsidade Ideológica

Art. 299 - Omitir, em documento público ou particular, declaração quedele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa oudiversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criarobrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o documento épúblico, e reclusão de um a três anos, e multa, se o documento éparticular.

Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e comete o crimeprevalecendo-se do cargo, ou se a falsificação ou alteração é deassentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte.

• Tutela documentos públicos e particulares.

• A falsidade ideológica pressupõe a legitimidade de quem escreve ouforma o documento.

• Na falsidade ideológica, haverá crime impossível, por ausência deimitatio veri, se o fato afirmado for inverossímil ou incompatívelcom a verdade. Equipara-se, pois, à falsidade grosseira do falsomaterial.

• O tipo subjetivo: composto pelo dolo, acrescido de um especialfim de agir: “de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar averdade sobre fato juridicamente relevante”.

• Meros requerimentos ou petições não configuram documento.

• A declaração prestada por particulares, para que seja consideradadocumento, deve conter valor probante per si.

• Se o funcionário público a quem a declaração particular se dirigedeve averiguar a fidelidade da declaração, e se a verdade dos fatosfor passível de confronto objetivo e concomitante pela autoridade,não haverá crime.

Falso reconhecimento de firma ou letra

Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no

exercício de função pública, firma ou letra que o

não seja:

Pena - reclusão, de um a cinco anos, e

multa, se o documento é público; e de um a três

anos, e multa, se o documento é particular.

Certidão ou atestado ideologicamente falso

Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razão de função

pública, fato ou circunstância que habilite alguém a obter cargo

público, isenção de ônus ou de serviço de caráter público, ou

qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de dois meses a um ano.

Falsidade material de atestado ou certidão

§ 1º - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidão,

ou alterar o teor de certidão ou de atestado verdadeiro,

para prova de fato ou circunstância que habilite alguém a

obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço de

caráter público, ou qualquer outra vantagem:

Pena - detenção, de três meses a dois anos.

§ 2º - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se,

além da pena privativa de liberdade, a de multa.

Falsidade de atestado médico

Art. 302 - Dar o médico, no exercício da sua

profissão, atestado falso:

Pena - detenção, de um mês a um ano.

Parágrafo único - Se o crime é cometido com o

fim de lucro, aplica-se também multa.

Reprodução ou adulteração de selo ou peça filatélica

Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peça filatélica que

tenha valor para coleção, salvo quando a reprodução ou a

alteração está visivelmente anotada na face ou no verso do

selo ou peça:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa.

Parágrafo único - Na mesma pena incorre quem, para fins

de comércio, faz uso do selo ou peça filatélica.

Uso de documento falso

Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados oualterados, a que se referem os arts. 297 a 302:

Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.

• Se quem usa o documento é o foi responsável por sua produçãoou alteração: o crime do art. 304 do CP será post factum nãopunível.

• Para que haja crime, o documento deve ter sido utilizado em suaespecífica função probatória.

• Consumação: quando o documento sai da esfera individual deseu portador, iniciando uma relação com terceiros, de modo apoder implicar efeitos jurídicos.

Supressão de documento

Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, embenefício próprio ou de outrem, ou em prejuízoalheio, documento público ou particularverdadeiro, de que não podia dispor:

Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa,se o documento é público, e reclusão, de um acinco anos, e multa, se o documento é particular.

Falsa identidade

Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito próprio ou alheio, ou para causar dano a outrem:

Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o fato não constitui elemento de crime mais grave.

• 1. fazer-se passar por pessoa existente

• 2. atribuir-se identidade imaginária

• 3. imputar a outrem identidade real ou fictícia

• abrange:

• falso estado civil

• falsa condição social

• nomes ou prenomes falsos

• elemento subjetivo: dolo + vontade de obter vantagem, emproveito próprio ou alheio, ou de causar dano a outrem.

• A vantagem pode ser moral ou patrimonial

• atribuir-se falsa identidade ao ser interrogado

• a) configura o crime: posição predominante no STJ e STF,tanto para o crime do art. 307 do CP, quanto para os crimes defalso em geral.

• (HC 1999440/MG, julgado em 24/10/2013 e HC 216751/MS,julgado em 04/11/2013)

• b) doutrina - não configura crime: nemo tenetur se detegere

• uso de carteira de identidade falsa: art. 304 do CP.

• aposição de fotografia: falsidade documental.

Informativo nº 0533/STJ Período: 12 de fevereiro de 2014. 3ª Seção

DIREITO PENAL. CRIME DE FALSA IDENTIDADE. RECURSO REPETITIVO(ART. 543-C DO CPC E RES. 8/2008-STJ).

É típica a conduta do acusado que, no momento da prisão emflagrante, atribui para si falsa identidade (art. 307 do CP), ainda queem alegada situação de autodefesa. Isso porque a referida condutanão constitui extensão da garantia à ampla defesa, visto tratar-se deconduta típica, por ofensa à fé pública e aos interesses de disciplinasocial, prejudicial, inclusive, a eventual terceiro cujo nome sejautilizado no falso. Precedentes citados: AgRg no AgRg no AREsp185.094-DF, Quinta Turma, DJe 22/3/2013; e HC 196.305-MS, SextaTurma, DJe 15/3/2013. REsp 1.362.524-MG, Rel. Min. Sebastião ReisJúnior, julgado em 23/10/2013.

Súmula 522 do STJ

A conduta de atribuir-se falsa identidade peranteautoridade policial é típica, ainda que em situação dealegada autodefesa.

• CONFLITO APARENTE DE NORMAS

• CONSUNÇÃO - fica absorvido pelo estelionato

• SUBSIDIARIEDADE - uso de documento de identidade alheio:art. 308 do CP

• - art. 68 LCP: no delito ele visa a obter vantagem ou proveitopróprio ou alheio, ou causar dano a terceiro/ na contravençãohá simples recusa.

• CONTRAVENÇÃO - auto-atribuição da condição de funcionáriopúblico: art. 45 da LCP

• ESPECIALIDADE - usurpação de função pública: art.328 do CP

Art. 308 - Usar, como próprio, passaporte, título de eleitor,caderneta de reservista ou qualquer documento de identidadealheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documentodessa natureza, próprio ou de terceiro:

Pena - detenção, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fatonão constitui elemento de crime mais grave.

Adulteração de sinal identificador de veículo automotor

(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)

Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ouqualquer sinal identificador de veículo automotor, de seucomponente ou equipamento:

Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.

§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da funçãopública ou em razão dela, a pena é aumentada de um terço.

§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público quecontribui para o licenciamento ou registro do veículoremarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente materialou informação oficial.

• Art. 311- Adulteração de Sinal de Veículo Automotor

• Adulterar: modificar o conteúdo mediante alteração das inscrições jáconstantes

• Remarcar: inserção de nova sequência de códigos no espaço em quehavia a numeração correta

• A adulteração deve ter caráter permanente?

• 1ª. Corrente: Sim : mera aposição de fita isolante em placas de carrosnão configura o crime – Capez, Vitor Eduardo Gonçalves.

• 2ª. Corrente: DEVE HAVER a aptidão para enganar- posição pacíficano STJ

• Concurso de Crimes

• a) agente que recebe o veículo sabendo possuir ele numeraçãode chassi adulterada: art. 180 do CP

• b) sujeito que recebe o automóvel ciente de que é produto decrime, e posteriormente adultera o chassi: concurso do art. 311do CP com o crime antecedente

• c) motorista surpreendido na posse de automóvel com anumeração de chassi adulterada ou remarcada: não havendoprova de que ele concorreu para o crime do art. 311, restará ocrime de receptação ( * se comprovado crime patrimonialantecedente)

• d) adulteração de chassi com o fim de prestar auxilio a autor decrime, tornando seguro o proveito do crime : o art. 311 do CP éespecial em relação ao crime de favorecimento

Informativo nº 0449/STJ - Quinta Turma - ADULTERAÇÃO. PLACA. REBOQUE.

A Turma concedeu a ordem de habeas corpus ante o reconhecimento daatipicidade da conduta. In casu, o réu foi acusado de ter substituído a placaoriginal do reboque com o qual trafegava em rodovia federal. Asseverou,ademais, que o legislador, ao criminalizar a prática descrita no art. 311 doCP, assim o fez por razões de política criminal, para coibir a crescentecomercialização clandestina de uma classe específica de veículos eresguardar a fé pública.

Concluiu, portanto, estar ausente o elemento normativo do tipo – categoriade veículo automotor –, ressaltando que a interpretação extensiva doaludido dispositivo ao veículo de reboque caracterizaria analogia in malampartem, o que ofenderia o princípio da legalidade estrita. HC 134.794-RS,Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 28/9/2010.

Informativo nº 0427/STJ. Sexta Turma

APN. MODIFICAÇÃO. PLACA. VEÍCULO.

Trata-se, na origem, de habeas corpus no qual se objetivava o trancamentode ação penal (APN) por falta de justa causa, em razão de que o paciente,ora recorrido, teria modificado letra da placa identificadora de veículo. Otribunal a quo concedeu a ordem sob o fundamento de que, na hipótese,trata-se de fato atípico caracterizado como mera infração administrativa;assim, inexistiria sustentação fático-jurídica para o prosseguimento dareferida ação. Daí, o MP interpôs o REsp em que, além de divergênciajurisprudencial, sustentou que a conduta é típica, pois o recorrido alterou aplaca do veículo, ato que se insere no tipo penal descrito no art. 311,caput,do CP. Nesta instância especial, entendeu-se que, no caso, efetivamente,houve a colocação de fita adesiva ou isolante para alterar letra ou númeroda placa de identificação do veículo, o que é perceptível a olho nu.

Em sendo assim, o meio empregado para a adulteração não se presta àocultação de veículo, objeto de crime contra o patrimônio. Observou-se quequalquer cidadão, por mais incauto que seja, tem condições de identificar afalsidade, que, de tão grosseira, a ninguém pode iludir. Em suma, a fraude érisível, grotesca.

Logo, a fé pública não é sequer atingida. Ressaltou-se que a punição demera infração administrativa com a sanção criminal prevista no tipo descritono art. 311 da lei subjetiva penal desafia a razoabilidade eproporcionalidade, porquanto a fé pública permaneceu incólume e, àmingua de lesão ao bem jurídico tutelado, a conduta praticada pelorecorrido é atípica. Não é possível dar a um ato que merece sançãoadministrativa o mesmo tratamento dispensado à criminalidade organizada.Diante disso, a Turma negou provimento ao recurso. REsp 503.960-SP,Rel. Min. Celso Limongi (Desembargador convocado do TJ-SP), julgado em16/3/2010.

Informativo nº 0391/STJ Período: 20 a 24 de abril de 2009. Terceira Seção

COMPETÊNCIA. ADULTERAÇÃO. IDENTIFICADOR. VEÍCULO.

No crime de adulteração de sinal identificador de veículo mediantesubstituição de placa original por outra falsa, o fato de o veículo ter sidoflagrado por fiscalização da Polícia Rodoviária Federal em barreira policialnão altera a natureza do crime, que se consuma com a mera falsidade, ouseja, com a lesão direta à fé pública do órgão que registrou o veículo, nocaso, o Detran estadual de sua procedência. Assim, como não há lesãodireta a bens, interesses ou serviços da União ou de suas autarquias, aSeção declarou competente o Tribunal de Justiça suscitado para julgar orecurso de apelação da defesa. Precedentes citados: AgRg no REsp884.974-RS, DJ 4/8/2008; REsp 762.993-SP, DJ 26/6/2006, e HC 41.366-SP,DJ 20/6/2005. CC 100.414-RS, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura,julgado 22/4/2009.

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