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Revista bimestral do Lectorium Rosicrucianum «QUEM NÃO TRABALHA POR SEU RENASCIMENTO, TRABALHA POR SUA MORTE» O QUE É A ATENÇÃO? NEUTRALIDADE VERSUS POLARIDADE A TIVIDADES DE VINTE CAMPOS DE TRABALHO O MISTÉRIO DO GRAAL EM NOSSA ÉPOCA INFLUÊNCIA DOS PLANETAS DOS MISTÉRIOS NO CAMINHO DA LIBERTAÇÃO O SIMBOLISMO DO PÃO E DO VINHO PentagramA 2003 número 1

PentagramA · que o amor nos protegeria dos rinoce-rontes. Daisy: ... ve prestar atenção para não perder o seu «EU», que, no entanto, é transitó- ... o povo, a raça de que

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Revista bimestral do

Lectorium Rosicrucianum

«QUEM NÃO TRABALHA POR SEU RENASCIMENTO,

TRABALHA POR SUA MORTE»

O QUE É A ATENÇÃO?

NEUTRALIDADE VERSUS POLARIDADE

ATIVIDADES DE VINTE CAMPOS DE TRABALHO

O MISTÉRIO DO GRAAL EM NOSSA ÉPOCA

INFLUÊNCIA DOS PLANETAS DOS MISTÉRIOS

NO CAMINHO DA LIBERTAÇÃO

O SIMBOLISMO DO PÃO E DO VINHO

PentagramA2003 número 1

ÍNDICE

02 «QUEM NÃO TRABALHA

POR SEU RENASCIMENTO,TRABALHA POR SUA MORTE»

06 O QUE É A ATENÇÃO?

11 NEUTRALIDADE VERSUS

POLARIDADE

14 ATIVIDADES DE VINTE

CAMPOS DE TRABALHO

30 O MISTÉRIO DO GRAAL EM

NOSSA ÉPOCA

39 INFLUÊNCIA DOS

PLANETAS DOS MISTÉRIOS

NO CAMINHO DA

LIBERTAÇÃO

42 O SIMBOLISMO DO PÃO

E DO VINHO

ANO 25NÚMERO 1

PENTAGRAMA

Atividades de vinte

campos de trabalho

O ano de 2002 foi marcado por importantes

desenvolvimentos em vinte campos de trabalho:

novos centros de conferências e núcleos,

palestras, simpósios e cursos para

pesquisadores espirituais.

Neste número, faremos um

exame rápido de tudo que

foi realizado.

«Quem não trabalha por seu renascimento,trabalha por sua morte.» Bob Dylan

«Rinocerontes», peça de EugèneIonesco, coloca em cena um conjuntode personagens heterogêneas, bemcomuns, como se vê todos os dias. Elastêm simplesmente sua personalidadee suas opiniões, que, quando necessá-rio, defendem com ardor. Num belodomingo de verão, um acontecimen-to inesperado lhes dá a oportunidadede demonstrar como isso funciona.

á dois personagens principais: Jeane Béranger. No diálogo, Ionesco traz àtona a diferença do caráter de cadaum. Estão os dois sentados na calçada

de um café. Jean tem aparência impe-cável, enquanto Béranger é bastantenegligente.Jean: Não tenho tempo a perder. Co-nheço meus deveres e quero ser algu-ma coisa na vida.Béranger: Nem todo mundo tem a suadeterminação. Eu, por exemplo, nãome acostumo com a vida.Jean: Todos devem se acostumar com avida. Você seria de natureza superior?O homem superior é aquele que cum-pre seu dever.

Eis que, no meio da conversa, acon-tece algo totalmente incomum. Ouve-se, de repente, o tropel e o arfar de um

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rinoceronte aproximando-se a galope.Os protagonistas travam discussãodesenfreada até que Jean e Bérangerretomam o diálogo.

«A vida é anormal»

Béranger: Tenho angústias difíceis dedefinir. Não me sinto à vontade navida. Sinto, a cada instante, como semeu corpo fosse de chumbo ou como seeu carregasse outro homem nas costas.Não me acostumei comigo mesmo.Não sei se eu sou eu.Jean: Peso mais que você e, no entanto,sinto-me leve, leve, leve... Sou forte,porque tenho força moral.Béranger: A mim me custa ter forçaspara viver. Talvez não tenha mais von-tade. É uma coisa anormal, viver...Jean: A vida é uma luta. É covardia nãolutar! É preciso segurar as pontas até ofim. Não me deixo ficar à deriva. Vousempre para frente, no caminho certo!

Novamente ouve-se o galope e oarfar do rinoceronte

No escritório de Béranger, fervemas conversas entre os que avistaram abesta: É um animal enorme, horrível!Um dos funcionários entrou em pâni-co. Não, ele não virá aqui. Ou melhor,poderia vir, mas não pode subir asescadas que desabariam sob seu peso.Dizem que um homem virou rinoce-ronte. Não apenas ele, mas, por fide-lidade conjugal, também sua mulher.

Jean não foi ao trabalho. Ele estádoente. Não se sente nada bem. Suavoz está estranhamente rouca. Suasroupas apertam-lhe o corpo e sua peleadquiriu um tom esverdeado. Estácom dor de cabeça e muito nervoso.Béranger faz-lhe uma visita, e falamde rinocerontes. Jean: Afinal de contas, rinocerontes são

criaturas como nós e têm igualmentedireito à vida.Béranger: Mas você percebe a diferen-ça de mentalidade entre o homem e oanimal? Temos nossa moral, que julgoincompatível com a dos animais.Jean: Moral! Falemos da moral... Pre-cisamos nos sobrepor à moral. A natu-reza tem suas próprias leis. É precisoretornar à unidade primordial.Béranger, perturbado: Você gostaria,então, de ser um rinoceronte?Jean: Por que não? Há vantagens. Adoromudanças... os pântanos! Os pântanos!...

E Jean transforma-se diante de seusolhos. Torna-se cada vez mais agita-do. Tudo muda: sua pele, sua voz. Asreações são brutais, e um chifre cresceem sua testa. Jean transforma-se emrinoceronte.

Ouve-se, ao longe, o tropel de umamanada de rinocerontes que tudo des-trói em sua passagem.

«Um Capricho da natureza»

Béranger sente-se desconfortável:Talvez esses rinocerontes não passem de

Eugène Ionesco, criador do «teatro do absurdo», nasceu em 26 de novembro de 1912 em Slatina,Romênia. Em «O Solitário», 1973, escreveu:Sempre achei estranho que alguém pudesse serconsiderado anormal por pesquisar continuamenteo sentido do universo, do homem e de sua própriavida - o que veio fazer aqui, se é que realmentehá alguma coisa a fazer. Parece-me anormal, aocontrário, que as pessoas não pensem nisso e sedeixem viver numa espécie de inconsciência.Talvez, irracionalmente, acreditem que tudo setornará claro um dia e que talvez haja misericórdiapara a humanidade. Talvez haja misericórdia paramim. Para Ionesco, o homem e a humanidade sãomanipulados. Em «Rinocerontes», ele se colocacontra a psicose de massa que se estende sobre osgrupos humanos como um manto astral.

De baixo e decima, nuvensameaçadorasescondem a luz.Tempestade naEuropa, outubro2002.Foto Pentagrama.

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O egoísmo exacerbado podetransformar ohomem em uminabordável rinoceronte.Albert Dürer(1471-1528),British Museum,Londres,Inglaterra.

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um capricho da natureza, de uma epi-demia. Mas isso me corta o coração. Te-ria eu humor para ver essas coisas comdesprendimento?... Não consigo ficar in-diferente...Um colega: Não concordo. Se nos preo-cupássemos com tudo o que acontece,não poderíamos mais viver. Começo ame habituar aos rinocerontes. Não, nãoé fatalismo; é sabedoria. Somos serespensantes. Deve-se ter, a priori, opi-nião favorável e espírito aberto, o queé próprio da mentalidade científica.Béranger: Mas um homem que setransforma em rinoceronte, isso, defi-nitivamente, não é normal!O colega: Pode-se saber onde acaba onormal e onde começa o anormal?Todos têm o direito de evoluir. É pre-ciso acompanhar os tempos, ter umespírito coletivo... Acostumamo-nosao fato de que uma minoria se trans-forme em maioria. O dever nos pres-creve estar com nosso próximo nos

bons e maus momentos.Béranger: Pelo contrário. Temos o de-ver de resistir a eles, de ficar vigilantes,firmes. Afinal, somos HOMENS!

O tropel dos rinocerontes intensifi-ca-se. Eles invadem a cidade, devas-tando tudo pelo caminho.Daisy, outra colega (por quem Bé-ranger é apaixonado): Ah, esqueça osrinocerontes. Há outras coisas na vida.Veja o que se passa a seu redor. Ter sen-timentos de culpa é um sintoma peri-goso. Tentemos não mais nos sentirculpados. Temos o direito de ser felizes.Béranger: Não posso, pois o mundoestá doente.Daisy: Os rinocerontes são os novoshomens e parecem estar bem. Que pre-tensão crer que somos os únicos a terdireitos. Não há direito absoluto. Omundo dos rinocerontes tem o direitode existir.Béranger: E como fica nosso amor emtudo isso? Você havia dito, no entanto,

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que o amor nos protegeria dos rinoce-rontes.Daisy: Amor... esse sentimento doen-tio! Essa fraqueza humana não podeser comparada ao ardor, à extraordi-nária energia liberada pelos seres quenos circundam. Antes de conhecê-los,acharíamos que nada fazem a não serbramir. Não é verdade: eles cantam.Eles não patinam, mas dançam. Nãosão monstruosos: são belos. São deu-ses... Você e eu não temos mais nada oque fazer juntos.

Ouve-se novamente o bramido e oruidoso bater de cascos de uma mana-da. Uma espessa nuvem de poeirasobe à janela. Os céticos, os intelec-tuais, os buscadores de liberdade, oscharmosos vizinhos do lado, e, sim, aprópria Daisy, todos se transforma-ram em rinocerontes. Béranger, acabrunhado: Será que éverdade que eles são bonitos, e eu, hor-rível?... Não. Não irei com eles. Voume defender contra o mundo. Serei oúltimo dos homens e assim permanece-rei até o fim! Não capitularei!

Ionesco faz Daisy dizer: Há outrascoisas na vida. Procure o que lhe con-vém. De certa forma, Daisy tem ra-zão, porque o homem, como filho danatureza dialética e herdeiro de incon-táveis moradores de seu microcosmo,está sujeito a uma infinidade de impul-sos e formas de interferência. Ele en-frenta um conflito permanente devidoàs oposições dentro de si mesmo. Esseé o preço que tem de pagar para poderdizer: «EU SOU». É um preço altoque o obriga a viver continuamente naangústia e na incerteza. O homem de-ve prestar atenção para não perder oseu «EU», que, no entanto, é transitó-rio. Ele foi preparado para aceitar ummundo de mentiras, trapaças e conces-sões. Deveria encarar essa miséria defrente, antes que seja tarde demais e

que ele seja completamente engolido,prisioneiro de seu próprio engano ecúmplice dos poderes que o manipu-lam. Daisy tenta persuadir seu colegacom a apologia do não se sentir culpa-do, já que todos têm o direito de serfelizes.

E Béranger? Em seu ambiente,passa por alguém insignificante, quenão tem os pés no chão. Resistirá Bé-ranger? Ele não pode e não quer maisviver num mundo em que os rinoce-rontes imperam. Sentiu intuitivamen-te a catástrofe chegar e rejeita o ho-mem que se identifica com o animal.Ignora as forças animais que coman-dam o jogo no homem, mas sente suapresença: Tenho angústias difíceis dedefinir. Não me sinto em casa nestemundo, diz ele a Jean. Acha que a vidado homem sobre a terra é anormal,irreal, um «sonho». Qual seria, então,o sentido da existência?

Para Béranger, não há alternativa: overdadeiro homem deve se opor a ummundo que está perdendo sua alma.Então, soa a questão: quem é o verda-deiro homem? Com que se parece?Com toda certeza, não é o homem-ri-noceronte. É o homem-alma originalque, no coração de cada ser humano,aguarda a libertação; é aquele que devedespertar, ressuscitar e renascer. BobDylan, cantor americano de músicapop, escreveu em uma de suas can-ções: Quem não trabalha por seurenascimento, trabalha por sua morte.O renascimento da nova alma aindaembrionária, apesar da dor que é natu-ral a todo nascimento, traz consigoalegria e gratidão infinitas, uma vezque a nova alma provém do átomoprimordial. A nova alma renasce nocoração dos homens, agora, em nossosdias! Quem descobre esse mistério em-preende o caminho que leva ao «bomfim».

A vida é dedicada, em grande parte,a dar e receber atenção. É uma for-ma de concentração dirigir seus pen-samentos a alguma coisa, refletirsobre ela, escutar com cuidado e interessar-se.

sta é a definição de uma atividadeconsciente. Nos momentos freqüen-tes em que estamos menos conscien-tes, há um relaxamento da atenção,da troca voluntária de energia, sejaela vital, emocional ou mental. Sabe-mos agora que o homem não podeconservar sua energia vital intacta.Ele a utiliza e a transmite, coloridacom sua vibração pessoal. Precisa-mos de energia para viver, mas quemé capaz de atrair e de assimilar dire-tamente energia em seu estado puro?É por isso que as pessoas buscamuma aproximação com a família, ogrupo, o povo, a raça de que fazemparte, onde circula energia cujavibração lhes é necessária e corres-ponde à sua cor pessoal.

Essas correntes de energia têmuma vibração específica, uma cor queresulta do caráter do grupo. A ener-gia que circula no grupo é como queaprisionada no campo de tensão co-letivo. É como um bastão de reveza-mento que passa de mão a mão.Ninguém pode ficar com ele muitotempo. Ele é pego e depois passadopara frente. A força assim ativada émantida no grupo e dá suas voltas

sem que haja renovação nem cresci-mento. No grupo, delineia-se umacerta uniformização que, se o circui-to não for interrompido, se comuni-cará a todos os seus membros. Re-conhecemos, assim, que eles perten-cem ao grupo no qual são formadas,paralelamente, uma série de hábitosespecíficos, de formas de agir, derituais e de códigos comportamen-tais que fazem com que a vibração daenergia em circulação já não mudemais ou mude muito pouco. Em to-do caso, ela não se elevará.

O grupo oferece uma relativa se-gurança, mas se queremos nos eman-cipar, ele se torna uma prisão. Umafamília representa, a princípio, umporto seguro para a criança que cres-ce, porém, assim que sua própria exis-tência se faz prevalecer, pode aconte-cer que ela sinta a família como umaprisão. São anos difíceis para os paisporque o filho ou a filha empregatoda a sua energia juvenil para de-monstrar seus erros e a quebrar asregras. Isso, no entanto, é necessário,e quando não for feito corretamente,o jovem cai novamente na rotina enos hábitos familiares. Acontece amesma coisa nos grupos políticos,nos grupos de torcedores, nas asso-ciações, nos clubes, nas congregaçõesreligiosas, nas comunidades fecha-das. São esferas que têm sua própriavibração mantida pelos seus mem-bros. E aquele que vê as rachadurasdo edifício e se insurge é rejeitado

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O que é a atenção?

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pelo grupo! Para as crianças em ple-no crescimento, a rejeição é um durogolpe que as priva de sua terra nutri-dora.

A troca de energia se produz con-tinuamente. Consciente ou incons-cientemente, ela ocorre a cada pen-samento, emoção, ação, numa con-versa, na leitura de um livro, um jor-nal, uma revista, escutando o rádioou assistindo televisão. O menorcontato direto ou indireto permiteuma troca e uma assimilação deenergia. Sua amplitude depende doengajamento na relação e da concen-tração dos sujeitos que participamdela. Quanto mais concentrados,mais atentos. Um artista no palco,por exemplo, gosta de ter diante desi uma sala cheia para criar essa inte-ração. Ele recebe a energia do públi-co, e a devolve acrescida de sua ins-piração pessoal. Ele cativa, assim, osespectadores.

Esses processos acontecem comtodos os seres vivos. As plantas, porexemplo, atraem a atenção dos inse-tos com seus perfumes e cores, si-nais externos que desempenham umpapel importante na reprodução,pois as plantas geralmente precisamde uma forma de vida exterior à suaprópria espécie para poder perpe-tuá-la.

O que acontece entre os animais ébastante parecido. Eles dispõem,além disso, de mensagens comporta-mentais e expressões corporais, es-pecialmente entre as espécies evoluí-das, e mais ainda entre os seres hu-manos: atraímos a atenção de nossossemelhantes por sinais exteriores,gestos específicos, sons, roupas, co-res e cheiros. Não é unicamente comuma finalidade de conservação daespécie, mas para a autoconservação.Em relação a isso, dispomos de umgrande leque de modelos psíquicos

Concentrado no mundo das própriasexperiências.Um mercado em Marsaxlokk,Malta.FotoPentagrama.

análogos aos de certos animais. Aplanta precisa de uma forma de vidaexterior. O animal capta a atenção deseus congêneres e o homem se alinhaa esse mesmo modelo biológico. Elese dirige aos outros, aos que o cer-cam, para expressar-lhes uma supe-rioridade qualquer.

O «buscador» aspira a uma cons-ciência mais vasta, mais elevada, tal-vez até a uma outra consciência, masum desenvolvimento da consciênciaacaba, muitas vezes, em uma expan-são em vez de um aprofundamento.Às vezes, também, corresponde auma mudança vibratória. Quandoconseguimos ultrapassar certas limi-tações, pode se estabelecer uma tro-ca de energia espiritual. No início,isso só diz respeito ao plano hori-zontal, mas assim que a atenção sedesloca do exterior para o interior, aconsciência começa a crescer inte-riormente, a se aprofundar e a ama-durecer. Há, portanto, a necessidadede uma abertura da consciência paracompreender esse novo desenvolvi-mento, o que permite, em seguida,dar continuidade ao processo deaprofundamento e de amadureci-mento.

Esse procedimento deve ser com-parado com o desenvolvimento daconsciência da criança. Durante osprimeiros anos de sua vida, ela ab-sorve os impulsos como uma espon-ja. Depois, quando ela se torna aptaa vivenciar, chega a fase de busca deídolos. Em seguida, inicia-se o perí-odo da reflexão, e da crítica! A cadapasso, a consciência cresce, tanto ex-terior quanto interiormente. E, nodecorrer desse crescimento, se aconsciência de um único individuoalcançar uma certa vibração, poderáocorrer que uma outra consciência,interior e totalmente desconhecida,se manifeste. É uma etapa indispen-sável, sem a qual nada mudará naconsciência que se fechará em umaespiral cada vez mais restrita.

Como perceber e reconhecer essaoutra consciência? Parece simplesdemais responder que é preciso umaatenção constante a essa nova cons-

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A criança, para sua respiraçãoetérica, é dependente de seuspais, especialmente de sua mãe.No decorrer de seu crescimento,sua dependência diminui paradar lugar, por volta dos seteanos, a uma assimilação autônoma. O «cordão umbilicaletérico» que liga a criança a seuspais rompe-se progressivamente.Quando este processo é malconduzido, resulta dele umacriança que tem os mais estranhos caprichos para atrair a atenção de seus pais enquanto,por exemplo, eles estão conversando com um convidado.Após os sete anos, a troca deenergia com terceiros continua a determinar o comportamentoda criança que se sente incompreendida, por exemplo,quando volta da escola, esgotada,depois de um dia difícil. Ela precisa que lhe dêem atenção e fará tudo para atraí-la. Cada um faz isso a seu modo. Os adultos também têm o seu modo, mas o princípio permanece o mesmo: há umafome que precisa ser saciada.Um ser que se sente ignorado,deixado de lado, abandonado,tenta atrair a atenção de que elenecessita para reencontrar o seu equilíbrio.

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ciência. E no entanto é esse o caso!Infelizmente, acossadas pela vidamoderna, pouquíssimas pessoasconseguem fazê-lo. Existem estágiosde desenvolvimento da consciênciapessoal de todas as espécies, mas nãoé sobre isso que falamos. Para adqui-rir essa nova consciência – e não uma

variante da antiga consciência – é ne-cessário desembaraçar o espaço emtorno de um ponto sensível bempreciso de nosso ser e dar-lhe umaatenção contínua. Este ponto sensí-vel é o último ponto de contato en-tre o homem interior e seu Criador.Um período de conflitos interiores

Abertura e inocente esperado que deve vir.ProspectoNewsky,São Petersburgo,Rússia.FotoPentagrama.

intensos não deixa de preceder estaorientação!

Dirigir a atenção pressupõe umameta. O rumo e a meta são indisso-ciáveis. É a imagem de um arqueiroque, totalmente concentrado, apontasua flecha para o alvo. Ele só se apli-ca em visá-lo. Ele deve encontraruma boa estabilidade, bem apoiadosobre os pés.

O homem deve ter os dois pés nochão para alcançar esse ponto de in-tersecção espiritual. Como fazer?Nos momentos de dúvida, mesmoque busque uma base sólida, ele écomo um navegante sobre um marrevolto. Toda a atenção e toda a e-nergia são direcionadas a buscaruma passagem e a manter o rumo, naesperança de alcançar um portoseguro.

Fixar a atenção exige um ponto departida estável. Esse ponto parecedifícil de ser encontrado na agitaçãode nossa vida cotidiana, mas não é aíque é preciso procurá-lo, pois não éaí que ele se encontra. Esse ponto éo núcleo de nosso próprio campomicrocósmico. Aquele que parte embusca desse ponto fixo em seu pró-prio universo acaba por se indagar:No fundo, no que eu acredito? Oque me anima? O que, para mim, éessencial na vida?

Podemos esquivar-nos a essas per-guntas, mas quando elas se impõem,vasculham nossa consciência até ofundo. O cérebro não consegue daruma resposta decente, pois logo ficamuito enredado em suas própriasdúvidas. Porém, o simples fato deessas perguntas serem feitas implicaque a atenção já esteja dirigida parauma outra vibração, diferente dadiária. Se damos uma resposta, des-viamos a atenção. Dar uma respostaequivale a projetar seu próprio

entendimento, e o entendimento nãopode avaliar a resposta, pois não é denatureza apta a captar a vibraçãodessa resposta.

A resposta é essencialmente o queé aquele que indaga. Como ele vive equal é sua relação com os seus seme-lhantes... Ele é a própria resposta,com a forma e a cor que lhe são pes-soais. A resposta é o que liga os ho-mens entre si, o que faz com que se-jam semelhantes, tanto em seu dese-jo mais elevado, como em sua orien-tação que concentra a atenção sobreos três indicativos do enigma «ho-mem» (o que ele é, como vive e suarelação com outrem). São semelhan-tes também no anseio por uma res-posta certa: assim, a resposta faz decada homem um ser único e autôno-mo. Ela o torna, ao mesmo tempo,diferente e semelhante. Nisso, ele al-cança a unidade, depositada neledesde o início.

A simples resposta consiste tam-bém no surpreendimento. A mesmaadmiração muda que vemos, às ve-zes, nas criancinhas. A surpresa deser, por mais bizarro que seja o mun-do e por mais estranhos que sejam osfenômenos, de maravilhar-se de verque todos os homens caminham namesma direção e que muitos alcan-çarão um “bom fim”. É, por fim, averdadeira admiração, a atenção cri-adora que impulsiona o mundo paraa beleza; que faz deste mundo ummilagre. Um maravilhamento quesurge de uma fé real e de uma con-fiança absoluta. Já não há a mortecomo única certeza, porém a fé, semídolos, alimentada pela própria Vida.Uma fé tão poderosa que já não ne-cessita de palavras.

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Neutralidade versus polaridade

Na linguagem corrente, o conceitoneutralidade nem sempre tem umsentido favorável. Não é nem simnem não. Não é pertencer a nenhumdesses dois pólos, a nenhuma dessasduas partes. Esse conceito é associadoà indiferença, à frieza, ao fato de man-ter-se isolado. Em física, um nêutron éuma partícula de um núcleo atômico,eletricamente neutro, quer dizer, semcarga. Em latim, «neuter» significa«nem um nem outro», neutro.

polaridade determina toda exis-tência. A vida terrena se desenvolveentre os dois pólos magnéticos,norte e sul. Entre duas cargas elétri-cas, positiva e negativa, se estendeum campo energético, caracterizadopela natureza dos dois pólos. Umacoisa é «boa» na medida que ela seaproxima do pólo «bem», ou «má»quando ela se aproxima do pólo«mal». Bem e mal oscilam entre doispólos e seu valor é relativo às dife-renças culturais que os manipulam.É a mesma coisa para bom e mau,aceitável e inaceitável, agradável edesagradável, quente e frio, etc. Osdois pólos, os dois extremos, sóexistem e funcionam por uma forçaque os une. Um átomo explodiria seas partículas do núcleo, fortementecarregadas, não fossem soldadasentre si pelos nêutrons que possuemuma força bem superior às das partí-culas.

«É somente pelo espaço vazioque eles são úteis.»

O que não é polarizado, o neutro,possui uma força maior do que oque é polarizado. Hermes Trisme-gisto diz: Tudo o que está em movi-mento não é movido por alguma coi-sa, no interior de alguma coisa? Seráque não deve aquilo no qual o movi-mento ocorre ser maior que a coisaem movimento? A causa do movi-mento não é ela mais poderosa doque a coisa movida? E Lao Tsé diz arespeito do não-ser, que ele comparaao espaço vazio: Os trinta raios deuma roda convergem para o centro,mas é somente pelo espaço vazio queeles são úteis... É por isso que o ser, omaterial, tem seu interesse, mas é donão-ser, do imaterial, que dependesua utilidade. Uma corda estendidanão produz nenhum som quando épuxada de um só lado. O som ressoaquando a corda volta à sua posiçãoinicial, ao equilíbrio. O meio exato éum estado de repouso mais forte-mente carregado que os dois pólosentre os quais ele se encontra.

Na vida cotidiana, o ser humanoenfrenta a oposição dos dois pólos.Ele deve continuamente fazer umaescolha, mas nele se encontra umaforça, um poder neutro, muitomaior do que aquele dos pólos quetentam apoderar-se dele. Esse poderrepousa no centro do microcosmocomo um sol invisível. Se ele é em-

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O sol, em todasua majestade,governa a vidainteira.Robert Fludd,Utriusque Cosmi,Oppenheim,1617.

pregado de modo justo, a força divi-na se torna ativa, a força que é supe-rior a todas as forças da natureza po-larizada. Ela é capaz de levar o ho-mem de volta ao estado original,imortal, que precedeu a existênciado mundo dos opostos.

«Mestre, mestre, estamos morrendo!»

No Novo Testamento existe a pa-rábola dos apóstolos que viajaram debarco até a outra margem (Lucas8:22). No ensinamento da RosacruzÁurea, a outra margem designa onovo campo de vida. Jesus, repre-sentando este campo, estava com

eles. Durante a travessia, Jesus dor-miu. Ou seja: o representante do no-vo campo de vida se tornou inativo.Uma tempestade se levantou, as on-das aumentaram. As polarizações seintensificaram e os discípulos come-çaram a ter medo pela sua vida.Lembrando-se, então, que Jesus, oenviado divino, estava com eles,acordaram-no e pediram socorro:Mestre, mestre, estamos morrendo!Ele se levantou, intimando as ondasa se acalmarem e as águas se apazi-guaram. A oposição entre os pólos, aorigem da tempestade, foi neutrali-zada. Assim, volta a calma ao campode respiração do homem logo queele se abre ao princípio neutro no

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centro de seu microcosmo. É próprio da natureza do homem

que ele seja sempre atraído e implica-do «no movimento dos opostos», co-mo o pêndulo de um relógio: bastaum impulso mínimo para fazê-lo fun-cionar, enquanto que a força de gravi-dade tende a atenuá-lo. A força crísti-ca universal remete invariavelmente ohomem para o caminho do justo me-io, mas enquanto vive no campo detensão entre os dois pólos, ele ignoraesse caminho. Ele se entrega demasia-damente ao desvio do estado derepouso que chama «sua vida»: a lutapela existência. Agora, com toda a suaenergia, ele se entrega à peleja e nãopercebe que assim fecha o caminhodo meio. O caminho é traçado desdeo início em seu microcosmo e a mortenão o interrompe. É o caminho daharmonia interior, da sabedoria divinae do amor imparcial. Não é uma viaque às vezes atravessa um vale de ódioe às vezes culmina nos ápices de amore de felicidade. Há rastros desse cami-nho em nossa lembrança e por issosentimos no coração uma indefinívelnostalgia. Nos momentos de grandedesespero, pode acontecer que essecaminho se aclare um pouco e condu-za à salvação.

A força do meio pode novamente se expressar

Evidentemente, pode-se atingireste caminho abandonando o campode batalha, já não se prendendo a umou a outro pólo, libertando-se e abs-tendo-se de julgar e de criticar osoutros. Então, a força do meio denovo se manifesta e a vida originaldesabrocha. O homem verdadeiroem nós pode renascer. Jesus iniciaseu crescimento até o estado deCristo, até o estado de Alma pura,

consciente do Espírito divino que aguia. É o que Lao Tsé chama Tao:

Olhas para Tao e tu não o vês; ele é denominado o invisível. Escutas Tao e tu não o ouves;ele é denominado o inaudível. Tocas Tao e tu não apalpas nada; ele é denominado o imaterial.Faltam palavras para definir esta tríplice indeterminação; razãopela qual elas se fundem numa só.

O que está acima de Tao não é a luz;O que está abaixo não é a treva.Tao é eterno e não pode receber umnome; ele sempre retorna ao não-ser.

Tu te aproximas de Tao e não enxergas o seu começo. Tu o segues e não enxergas o seu fim.Deves penetrar o antigo Tao parapoder dominar a existência presente.Aquele que conhece o começo do ori-ginal tem em suas mãos o fio de Tao.

A volta ao original começa no nú-cleo divino do coração. A força queele encerra se eleva como Tao, acimade toda polaridade. Aquele que uti-liza essa força neutra na vida cotidia-na verá se acalmarem as tempestadesreprimidas por forças muito maispoderosas. Plenamente consciente,ele se mantém entre os pólos do seumundo, impotentes de desviá-lo dojusto meio. Sem evitar o mundo, eleestá a serviço de outrem porque en-controu o caminho do meio.

FONTES:J. van Rijckenborgh, A arquignosis egípcia eseu chamado no eterno presente, t.1, SãoPaulo, Lectorium Rosicrucianum, 1984.Tao Teh King, capítulos 11 e 14. Paráfrase deC. van Dijk, Nederlandsche Keurboekerij,Amsterdam.

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Atividades de vinte campos de trabalho

foi marcado por importantes desenvolvimentos em vinte camposde trabalho: novos centros de conferências e núcleos, palestras, simpósios e cursos para pesquisadores espirituais. Esse empenho é comprovado, porexemplo, pelo grande número de participantes nos simpósios na Suécia,Noruega, Finlândia, Alemanha e Holanda. O fato de que muitos aceitamas conseqüências do que encontraram é também demonstrado pela intensaparticipação nas conferências em todos os países que oferecem essa oportunidade. A Grã-Bretanha tem agora seu próprio centro de conferências; em Uny, na Hungria, foi finalizado o belíssimo complexo templário do Centro deConferências Pelikan; o México inaugurou seu primeiro núcleo. Foram também inaugurados um núcleo em Poznan (Polônia) e a nova sede centralinternacional, o Centro J. van Rijckenborgh, em Haarlem. Numerosasestruturas já existentes foram ampliadas e reformadas para aumentar o espaço dedicado aos pesquisadores.Um exame rápido permitirá apreciar o que já foi realizado.

O conjunto templário doCentro deConferênciasPelikan em Uny,Hungria, é constituído demódulos emforma de pentagrama.

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O Templo Pelikan em Uny,Hungria, pronto para sua tarefa

«Do Oriente se eleva a Luze a Aurora desponta.Uma nuvem douradaafasta o passado para sempre.»

ny, Hungria, sábado 2 de novem-bro de 2002. Um pálido sol matinalrevela o novo conjunto templário doCentro de Conferências Pelikan es-condido na neblina. Um engenhosoconjunto de pentágonos grandes epequenos surge do verde luminoso ereflete-se no espelho das águas calmasda fonte. Em 2 de novembro de 2002,juntaram-se aos quinhentos amigoshúngaros cento e quarenta pessoasvindas do Canadá, da Bélgica, Ale-manha, França, Itália, Croácia, Áustria,Polônia, Romênia, Sérvia, Eslovênia,Eslováquia, Espanha, República Tche-ca, Suíça e Holanda. Durante a ceri-mônia inaugural, o intendente, Sr.Zoltan Aczel, disse: No deserto da

natureza dialética jorrou uma fonte.Agradecemos a todos os que contribuí-ram para isso. Agradecemos-vos pelovosso sacrifício, pela vossa dedicação,pela vossa fé e pela vossa vontade puri-ficada da dúvida pela ação do Fogo.Assim, nosso projeto espiritual de cons-truir um templo pôde se realizar debaixo para cima. A estrutura do tem-plo Pelikan é, como em todos os tem-plos gnósticos, constituída segundo omicrocosmo original divino. Ela mos-tra o processo de transfiguração do mi-crocosmo em suas linhas de força. Osímbolo do renascimento é o Pentagra-ma, e essa foi a proposta para o primei-ro projeto do templo: de comum acor-do com a Direção Espiritual Interna-

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cional, escolheu-se o pentágono regu-lar. Em setembro de 2001, a plantaestava pronta e, durante aquele mês,foi lançado o marco fundamental. Ho-je, treze meses mais tarde, somos teste-munhas de uma grandiosa realização.Este templo não é um monumento,mas o lar do presente vivo; um localpara acolher a eternidade em nossomundo do espaço e tempo. É um ramojovem, pleno de seiva, ligado à árvoreda qual vêm todos os templos e todosos núcleos e da qual todos eles senutrem. Que este novo ramo dê frutosem abundância! A árvore chama o

buscador, ensina-o, nutre-o e o conduzà Casa.

Há nove núcleos na Hungria e,atualmente, um Centro de Conferên-cias equipado para seiscentas pessoas.Tudo o que se passou depois da aber-tura da cortina de ferro é um verdadei-ro milagre! Dois anos após a primeirapalestra pública em Budapeste, em1984, aconteceu a primeira conferên-cia de renovação, com a presença decinqüenta e dois participantes vindosda Hungria, Suíça, Alemanha e Ho-landa. Em 9 de fevereiro de 2002, foicolocada a primeira pedra do temploPelikan em Uny. O templo Pelikan se-rá construído em um momento parti-cular. O mundo entrou em nova era e,com ele, também a Escola Espiritual.Não devemos ver os acontecimentosde fora, mas nos colocar no meio deles.Por essa razão, nossa responsabilidadeé grande. Devemos encarar o futuro.

Um pelicano de alabastro foi pre-visto para o hall de entrada do templo,simbolizando a missão de todos osque se reúnem para realizar seu traba-lho espiritual. O pelicano é um pássa-

A pedra fundamental doCentro deConferências deUny. Em baixo:o brasão de Unycom um pelicanoe seus três filhotes, um antigo símbolognóstico.

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Os projetos dos templos estavam prontos desde junho de1999, e dois terços da soma necessária para sua execuçãojá se encontravam disponíveis antes do lançamento da primeira pedra. Além disso, cada aluno húngaro participou da elaboração de uma edição especial e únicade Parsifal. É uma pedra de construção. O texto estáescrito em lindíssimo papel, adornado por maravilhosasilustrações. A capa é de madeira com decorações emcobre. Quem se interessar por adquirir essa obra, pode entrar em contato com a Rozekruis Pers ou usar o correio eletrônico [email protected]

ro branco que, planando sobre aságuas originais, toca-as com seus pés,símbolo da criação e do renascimento.Que possamos abandonar o erro, e quenosso ser siga o processo original dacriação. Elevemo-nos ao arco-íris mís-tico do sétuplo sangue do pelicano. Talé a mensagem transmitida pelo artistanessa obra.

Duas semanas depois da inaugura-ção do templo, houve, como todos osanos, o Dia de Portas Abertas, de sex-ta-feira à noite até sábado de manhã.Cento e oitenta pessoas comparece-ram, seja pela chamada na Internet, se-ja a convite de alunos. O programaconstou de visita às instalações do pré-dio, de refeição em conjunto e de trocade idéias entre os presentes. Foi profe-rida uma alocução no templo novo,durante a qual foram apresentados osfundamentos da Rosacruz Áurea. Àalocução seguiu-se animada discussãoem torno de várias perguntas: Comoos rosacruzes vivem seu ensinamento?Que é a queda? Como funciona o pro-cesso de transfiguração? A vivência dadoutrina da Rosacruz Áurea influen-cia os acontecimentos mundiais?

Giordano Bruno, inspirado pela Luz divina

Por essa razão, é inútil buscar oque se encontra fora do espaço: vazioou tempo. Nesse vazio encontram-seinumeráveis planetas, como este emque vivemos. O espaço é infinito enão pode ser limitado nem por nossarazão, nem por nossa per-cepção sensorial, nem pelanatureza. Há um númeroinfinito de mundos como onosso. Estas palavras de Gior-dano Bruno (1548-1600), fi-lósofo italiano inspirado pelaLuz, foram o fio condutordo simpósio que lhe foi dedi-

cado em maio de 2002, em Renova.Na oportunidade, alternaram-se, du-rante todo o dia, palestras e interva-los musicais.

A Rosacruz e o mistério do Graal

Sábado, 30 de novembro, quatro-centas e cinqüenta pessoas interessa-das reuniram-se em Renova para

Simpósio emRenova.

seguir as «pegadas» do Graal. Umdos textos apresentados no simpósiosobre o Graal realizado no Centrode Conferências Christianopolis, emBirnbach, Alemanha, em 24 de maiode 2001. encontra-se na página 30.

Após recepção em que foram ser-vidos chá, café e bolo, os participan-tes puderam assistir à primeira dasquatro conferências, O Graal nomundo ocidental. Logo após, segui-ram-se um intervalo musical e umapequena leitura sobre As fontes doGraal. Depois de um almoço vegeta-riano, foram feitas duas outras con-ferências: Graal, uma realidade inte-rior e O mistério do Graal em nossosdias. No encerramento, cada partici-pante recebeu um pequeno livro dasérie Cristal contendo os textosapresentados no simpósio do anopassado.

Associação Filosófica dosSeguidores da Rosacruz

Foi sob a denominação «Associa-ção Filosófica dos Seguidores da

Rosacruz» que, em 1997, o Lecto-rium Rosicrucianum registrou-se naRússia como sociedade civil. Suasprimeiras atividades iniciaram-se emMoscou, em 1993, com um simpósioe uma exposição: Quinhentos anosde Gnosis na Europa. Nessa ocasião,o Lectorium Rosicrucianum reali-zou inúmeras palestras públicas naBiblioteca Internacional Rudomino,onde se deu a exposição. Semanasmais tarde, essa exposição foi trans-ferida para o Museu Puchkin, de SãoPetersburgo. As reuniões e os ciclosde cursos tiveram continuidade.Atualmente, contam-se duzentos esessenta alunos num território duasvezes maior que o Brasil. A partir de2001, foram realizadas seis conferên-cias por ano. Todos os livros de J.van Rijckenborgh e Catharose dePetri foram traduzidos e difundidosem russo. Desde 2001, a edição russada PENTAGRAMA tem sido trimes-tral.

Novo núcleo em Göteborg(Suécia)

Depois de quatro meses de inten-sa preparação, no dia 6 de abril, sá-bado, um novo núcleo foi inaugura-do em Göteborg. Já em fevereiro,um trabalho conjunto com a Casa daCultura e a Associação Antroposó-fica de Järna permitiu a realização,naquela cidade, de um simpósio quereuniu uma centena de pessoas. Naoportunidade, a historiadora Suzan-ne Akerman fez um relato histórico

Anúncio e cartaz convidan-do para umapalestra públicaem Moscou.

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da influência do pensamento rosa-cruciano nos países escandinavos.Este simpósio repetiu-se em Esto-colmo, Malmö, Göteborg, Moss(perto de Oslo) e Helsinque.

Um pouco da história doCentro de ConferênciasEdshult na Suécia

Neste local, algumas pedras de ali-cerce testemunham a existência an-terior de um conjunto de casas, tal-vez mesmo de um pequeno vilarejo.

Delimitando o castelo existia umavelha fazenda (na sua localizaçãooriginal) e uma antiga igreja. Edshultera famoso pela sua «notável igrejade madeira», que datava da IdadeMédia e que, segundo vários docu-mentos, não conhecia similar naSuécia em matéria de arquitetura,pinturas e esculturas. A igreja foi,provavelmente, construída em 1337,período em que o catarismo estavabastante difundido na Europa e in-fluenciava, segundo certos escritos,o catolicismo do Norte. Dois terçosda população era favorável aos cáta-ros e havia sido estabelecido contatocom o Languedoc, no sul da França.

As paredes da igreja eram cobertasde «diversos textos bíblicos, algunscompreensíveis, outros não». O tetoera ornado de quatro vezes três me-

dalhões ligados entre si por um cír-culo de belas rosas de excepcionaldimensão, em vermelho, amarelo,branco e preto. Dos doze medalhões,dez foram conservados. Executadospor um «mestre francês», segundoversão apócrifa que faz referência àtradição gnóstica, quatro dentre elestêm relação com a história da cria-ção, e seis outros, com a história deNoé. A fama dessa igreja de madeiradeve-se à sua arquitetura, notávelpelas nove abóbadas constituídas,

cada uma, pela intersecção em ângu-lo reto de dois arcos, exclusividadeque não se encontra em nenhumaoutra igreja sueca da época, e que fazlembrar uma catedral.

A origem de tal igreja, segundo alenda, deve-se a uma habitante da ci-dade que, chegando sempre atrasadaaos ofícios, tomou a decisão de man-dar construir sua própria igreja. Talpessoa não é mencionada nos docu-mentos religiosos, e tudo leva a crerque a igreja mais bem decorada daSuécia não era conhecida no seutempo. Sua ornamentação, nitida-mente influenciada pelo catarismo,dá testemunho do interesse que oresponsável pela obra demonstravapor aquela doutrina. As partes queforam sendo acrescentadas em épo-cas posteriores traziam também mo-

O jornal Eksjö

Kommun de 25de março de2002, apresentouuma matériagrande sobreuma visita aoCentro deConferências deEdshult Säteri.

A águia e o condor,monumento doCentro deConferênciasPedra Angular,Jarinu, Brasil.

Convite para o concertorealizado emDovadola, Itália.

tivos cátaros, prova da sobrevivênciade tal tradição em Edshult.

Em 1642, Comenius, a convite deum banqueiro holandês, foi à Suéciae encontrou-se com os habitantes deEdshult. O senhor feudal de Edshultdesejava ajudar Comenius, mas ha-via pouca esperança de que o conhe-cimento da ciência universal encon-trasse terreno favorável em seu feudo:Sabemos que caminhamos para tem-pos mais sombrios, teria escrito ele.

Originalmente, o território deEdshult estendia-se até mais pertodo lago. A localização que tem hojefoi definida por volta de 1700.Quanto à igreja de madeira, «o pre-cioso relicário de madeira», foi des-truída em 1838, e seus objetos, ven-didos.

A águia e o condorEm fevereiro de 2002, no Centro

de Conferências Pedra Angular emJarinu, no Brasil, foi inaugurado ummagnífico monumento em bronzerepresentando dois grandes pássa-ros: a águia e o condor. Eles simboli-zam o encontro do Norte e do Sul,tal como profetizado pelos Incas:Quando a águia do Norte voar como condor do Sul, despertará o Espíritoda terra.

Portas abertas e concerto emDovadola, Itália

Sob os auspícios da prefeitura deDovadola, o Centro de ConferênciasLa Nuova Arca organizou, em 7 desetembro, uma exposição sobre Asabedoria hermética e A busca doGraal. Após um lanche de entrada,foi inaugurada a exposição sobre osdois temas. À noite, os 250 visitantespuderam assistir ao concerto realiza-do por uma orquestra composta deoito alunos. Peças de numerososcompositores, tais como, Maria Ga-lantino, Cesar Franck, Stefano Es-posito, Janzannorov, Erik Satie, EvaCasciello, F. Savero Geminiani, Wolf-gang Amadeus Mozart, Georg Frie-drich Händel, Ludwig von Beetho-ven e Johann Sebastian Bach, foramintercaladas por leituras de textos deMani, Buda, Hermes Trismegisto,Mikhail Naimy, Antonin Gadal,Dante Alighieri, Johann ValentinAndreæ, Jan van Rijckenborgh e

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Local da primeira conferência em Malta.

Catharose de Petri. Música e textosforam gravados em CD, cujas cópiasserão vendidas em prol do centro.

Novos núcleos em Abidjan eBouaké, Costa do Marfim

Dia 23 de janeiro de 2003: últimospreparativos para a inauguração deum novo Templo em Bouaké, que fi-ca a 550 km da costa. Na manhã desábado, 27 de janeiro, o Templo deAbidjan entrou em funcionamento:grande acontecimento para os centoe cinqüenta alunos da Costa doMarfim, que poderão, assim, recupe-rar a confiança, em um país ator-mentado pela guerra civil. A Costado Marfim ocupa uma superfíciepouco menor do que o estado deGoiás, e tem cerca de 15 milhões dehabitantes.

Primeira conferência em Malta

Em Hal Fehr, lugar lindo e tran-qüilo na costa oeste de Malta, foi re-alizada, em meados de outubro de2002, a primeira conferência de re-

novação, com a presença de vinte eum participantes malteses e holande-ses. Na seqüência, foi feita uma pa-lestra pública em La Valette, e osquinze participantes que se interes-saram foram convidados para um ci-clo de cursos e reuniões.

Núcleo rosacruz no MéxicoEm setembro de 2002, trinta alu-

nos participaram da instalação doseu primeiro núcleo em uma bela ca-sa antiga em Guadalajara, no Mé-xico. Facilmente acessível por estarsituada no centro da cidade, seus100m2 são ocupados por quatro salasdispostas em torno de um pátio. Ostrabalhos de reforma serão assegura-dos pelos alunos.

Poznan, quarto núcleo da Polônia

O contrato de locação do quartonúcleo polonês foi assinado em de-zembro de 2002. Situado em Poz-nan, no noroeste da Polônia, essenúcleo forma com outros três – os deVarsóvia, Katowice e Wroclaw – um

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1 Centro de Conferência La Nuova Arca, Dovadola, Itália.; 2 A Mocidade em Chatham, NY, EUA.; 3 Monumento

do Centro de Conferências Pedra Angular, Jarinu, Brasil.; 4 Novo núcleo no México. 5 Entrada do novo

Centro J. van Rijckenborgh em Haarlem, Holanda.; 6 Descerramento das três rosas no novo prédio em

Haarlem.; 7 Centro de Conferências na Finlândia.; 8 The Granary, Grã-Bretanha.; 9 O Conjunto Templário

em Uny, na Hungria.; 10 Centro de Cenferências Renova, Bilthoven, Holanda.

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quadrado em torno do Centro deConferências Aurora, em Wielun.Assim que o quarto núcleo for inau-gurado, o que acontecerá em maiode 2003, o campo de trabalho da Po-lônia – país que tem 38 milhões de ha-bitantes – disporá de um novo tem-plo com capacidade para aproxima-damente cem pessoas e de locais es-paçosos para as atividades do núcleo,sem considerar o espaço que serádestinado à parte administrativa.

O núcleo de Katowice,Polônia, agora mais espaçoso

Devido ao aumento do preço dealuguéis, conseqüência do crescimen-

to econômico polonês, a direção donúcleo teve de procurar um novo lo-cal. A prefeitura ofereceu um prédioespaçoso, com área de 400m2, que apartir de janeiro de 2003, abrigaráum templo para 140-170 pessoas edemais dependências do núcleo:uma grande sala, um escritório, umacozinha e um alojamento para osalunos que vêm de longe. O núcleode Katowice abrange um raio de150km.

The Granary, Grã-Bretanha,um desejo realizado

As atividades do Lectorium Rosi-crucianum na Inglaterra remontama 1977, disse o responsável regional,Sr. Marc Chippindale durante a inau-guração do Templo The Granary,Little Dunham, Norfolk. Em 21 deoutubro desse ano, uma delegaçãovinda da Holanda organizou a pri-meira palestra pública em Londres.Em 1987, um templo foi ativado emRedhill, em Surrey, e a partir de en-tão, as atividades expandiram-se emLondres, e de Bristol a Norwich. Onúcleo de Redhill foi desativado em1993 e novos locais foram procura-dos. No período que se seguiu, as pa-lestras públicas foram feitas em bi-

Reunião com a imprensa, porocasião da inauguração oficial do núcleode Katowice.

Entrada do templo emKatowice,Polônia.

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bliotecas, e as conferências para amocidade foram realizadas em casasparticulares. A necessidade de umaacomodação própria ficou premente.Não se tratava mais somente de umlugar para nos reunirmos, mas de umlocal pelo qual todos se sentissem res-ponsáveis e que pudesse responder àselevadas exigências do trabalho gnós-tico. Examinamos numerosas possi-bilidades e deixamos passar muitasoportunidades que não puderam seconcretizar. Mas, de repente, as coisasaconteceram e, em novembro de2002, encontramos The Granary, emNorfolk, ou melhor dizendo, TheGranary nos encontrou!

Datando do século XVIII, TheGranary serviu de batedura e estoquede trigo. O prédio foi, mais tarde,transformado em hotel, e numerosossão os que, na vizinhança, recordam-se dele. Hoje, aqui estamos, e nossocoração está repleto de alegria porquevemos que ultrapassamos tudo o quefoi possível e tudo o que não foi. OTemplo tornou-se realidade! Agrade-cemos aos numerosos amigos vindosda Holanda, da Alemanha, da Fran-ça e dos Estados Unidos. Nós agrade-cemos a eles do fundo do coração. Damesma forma que aos nossos irmãos eirmãs da Suíça, Espanha, NovaZelândia, Polônia, Suécia, RepúblicaTcheca, Áustria, Itália, Alemanha,Bélgica, de Malta e, certamente, deRenova e Noverosa, que manifesta-ram seu apoio, enviando-nos presen-tes, cartas e cartões e sustentando-nosfinanceiramente. Esperamos que estetemplo seja uma referência para todosos buscadores no mundo.

Uma centena de alunos veio daInglaterra, França, Estados Unidos eHolanda para essa grande festa, emuitos vieram com alguns dias deantecedência para ajudar os alunos

ingleses a terminar o trabalho inicia-do há 18 meses e concluído comtanta perseverança: pinturas, assoa-lho, paredes, iluminação, etc. TheGranary pode acolher cerca de se-tenta participantes em conferênciasde renovação.

Durante o grande acontecimentode inauguração, que se deu em 27 deabril de 2002, o Sr. Jan van Galen, daDireção Espiritual Internacional,declarou em sua alocução: O que sãoos trabalhadores sem um campo detrabalho? Esquece-se facilmente queos trabalhadores precisam de umcampo. No mundo há muitos traba-lhadores que negligenciam a forma;pensam que a forma não passa deuma casca oca. Mas os grãos-mestresda Jovem Gnosis ensinaram-nos adar grande importância à forma, atéaos menores detalhes. E se, duranteeste serviço, olharmos ao nosso redor,constataremos que este templo, TheGranary, corresponde às normasmais exigentes. Afirmamos, então,que hoje temos uma verdadeira for-ma, uma veste que vos propomos eque pode ser oferecida como um ins-trumento para o trabalho internacio-nal [...] Cada templo guarda umsegredo, uma fórmula secreta. Pro-curai-a e liberai as atividades das

The Granary,Little Dunham,Grã-Bretanha.

linhas de força que se concentramneste templo – seja no campo de tra-balho da Grã-Bretanha, no conti-nente europeu ou no mundo inteiro.Os pesquisadores devem passar peloporto do The Granary, ser tocadospela força da Luz presente e ter aimpressão de que chegaram em casa.

O retorno da alma ao Lar A história da humanidade é mar-

cada pelas religiões. A partir das reli-

giões nasceram as civilizações. Seusensinamentos e dogmas uniram oshomens, mas também foram causade veementes discussões e de guerras.Com estas palavras foram recebidosos convidados para uma tarde espe-cial no Centro de ConferênciasChristianopolis, em Birnbach, naAlemanha. A alocução, cujo tema foiO Retorno da Alma ao Lar, apresen-tou um resumo dos trinta últimosséculos, baseado em citações de es-crituras sagradas. Foi surpreendenteconstatar que todas as religiões de-ram a mesma resposta à questão so-bre o sentido da vida e que todas fa-zem referência à semente divina nohomem e aos métodos para o seudesabrochar.

Primeira Conferência daMocidade no leste dos EUA

Vinte e cinco membros de todosos grupos do Trabalho da Mocidadede Massachusetts, Nova York, Ver-mont (EUA) e Ontário (Canadá),reuniram-se nos dias 16 e 17 de agos-to em Chatham, NY, para a primeiraconferência da mocidade da costaleste. Numerosas atividades internase externas foram organizadas paraessa conferência histórica que daránovo impulso ao trabalho da moci-dade da costa leste da América doNorte.

Conferência em Vähäkylä,Finlândia

À beira de um mar radiante, emVähäkylä, perto de Helsinque,aconteceu, em julho, a primeira con-ferência nacional finlandesa em doisgrandes prédios e dependências alu-gadas para a ocasião. A foto (p.22)mostra uma estação antiga, emmadeira, com quartos confortáveis eum grande hall, que, na oportunida-

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Convite para aapresentaçãovespertina noCentro deConferênciasChristianopolisde Birnbach,Alemanha.

Centro deConferências deChatham, EUA.

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de, foi transformado em templo.Dos trinta participantes, a metadeveio da Finlândia; a outra metade,da Dinamarca, Alemanha, França eHolanda.

Rápido desenvolvimento na Romênia

A Fundação Lectorium Rosicru-cianum foi registrada oficialmentena Romênia em maio de 2001 e,desde novembro, têm sido realiza-das palestras públicas em quatrocidades. Mais de cem pessoas ins-creveram-se para o curso de cartas.A partir de então, cresceu rapida-mente o número de membros e dealunos. Em setembro de 2002, foirealizada a primeira conferência derenovação em um hotel de Sovatapara oitenta e seis participantes quevieram de sete países e de cincoregiões da Romênia. Para 2003,estão previstas quatro conferênciasno programa desse novo campo detrabalho, que logo festejará seu pri-meiro aniversário.

Núcleo em Montevidéu,Uruguai

Em 15 de fevereiro, às oito horasda noite, foram inauguradas as insta-lações do núcleo de Montevidéu, narua Ana Monterroso de Lavalleja.

Inauguração do centro J. vanRijckenborgh em Haarlem

Há setenta e oito anos, os irmãosLeene começaram a organizar reu-niões na Bakenessergracht, nº 13, emHaarlem. Foi esse o fundamento daRosacruz Áurea, conhecida atual-mente no mundo pelo nome de Lec-torium Rosicrucianum. Dezesseismil alunos estão distribuídos em se-tenta e oito países, dos quais trinta ecinco têm seus centros de conferên-cias e seus templos. Um dos setegrandes templos, com capacidadepara 650 pessoas, encontra-se emHaarlem. Ao seu lado, acaba de serinaugurado o novo complexo da se-de central internacional, com o no-me de J. van Rijckenborgh, pseudô-

O novo núcleode Sovata está situado nas proximidades do centro daRomênia. Àdireita: Convitepara a inauguração donúcleo deMontevidéu,Uruguai.

Alocução deinauguração doCentro J. vanRijckenborgh, emHaarlem, em 14de dezembro de2002.

nimo de Jan Leene, fundador da Ro-sacruz moderna

No sábado, 14 de dezembro de2002, às 10 horas, um pequeno gru-po de convidados reuniu-se dianteda porta principal. O Sr. H. Leenetomou a palavra: Os preparativosdeste dia de festa levaram doze anos.O primeiro pilar foi lançado em 20de junho de 2001, a primeira pedra,

em setembro de 2001, e o término daobra deu-se em outubro de 2002.Hoje, quinze meses após o lança-mento da primeira pedra, podemosfestejar a inauguração. No lugar dealgumas casas em ruínas, abandona-das aos invasores, ergue-se agorauma construção, verdadeira jóia quedá à Zakstraat um aspecto completa-mente novo. Foi neste local, na Ba-kenessergracht, nº 13, que os irmãosLeene iniciaram seu trabalho, em1924, numa sala de aproximadamen-te 60m2. Graças à construção desteconjunto, dispomos agora de umaárea de 6000m2. A Direção EspiritualInternacional do Lectorium Rosi-crucianum decidiu dar a este comple-xo o nome de Centro J. van Rijcken-borgh. Em seguida, a Sra. E.T. Ha-melink-Leene pronunciou algumaspalavras ao descerrar a placa com onome do novo centro: Queridosamigos, estejamos todos conscientes,sobretudo os que entraram neste pré-dio, de que este nome, colocado àporta de entrada, tem profundo sig-nificado. Que ele seja uma cidadela

Convite para acelebração deabertura doCentro J. vanRijckenborgh, em14 de dezembrode 2002.Abaixo: Entradado Centro J. vanRijckenborgh.

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para muitos. A seguir, ela abriu aporta. Centenas de alunos vindos detoda a Europa que já estavam reuni-dos na nova sala do núcleo e no res-taurante De Rosaeler puderam, deum telão, acompanhar todos osacontecimentos. No grande hall, umtríptico de mármore, oferecido porum grupo de alunos, foi descerradodiante dos convidados, e o Sr. J. vanGalen, membro da Direção Es-piritual Internacional, tomou a pala-vra: Cada parte do tríptico simbolizauma rosa estilizada. São, respectiva-mente, a rosa branca, a vermelha e adourada, trazendo em letras tam-bém douradas a célebre frase dos Ro-sacruzes: Ex Deo nascimur, in Jesumorimur, per Spiritum Sanctum re-viviscimus, o que quer dizer: nasci-dos de Deus, mortos em Jesus, renas-cidos pelo Espírito Santo. Essa é aprofissão de fé dos Rosacruzes clássi-cos. Que todos os que aqui se encon-tram sejam tocados no coração poresse poderoso símbolo. Que muitospossam compreender a mensagemnele contida e transformá-la em vi-vência. Foi descerrada, a seguir, umaescultura feita por um aluno russo:A peça representa o homem que pro-vém de duas naturezas e em quem oprincípio divino, antes adormecido, éagora trazido de volta à vida. A per-sonalidade é representada por umajanela gótica. Duas mãos devotas se-guram um cálice em oferenda: ex-pressão da aspiração e da devoção su-periores – duas características impor-tantes do aluno sobre o caminho, da-quele que dirige sua alma à Luz eabre suas asas para abandonar a na-tureza de morte e dor, ao mesmotempo em que, com amor e sabedo-ria, envolve a terra e todos os quenela se encontram.

A antiga entrada pela Backnesser-

gracht deu lugar a uma ampla entra-da pela Zakstraat. Em torno do tem-plo, foi criada uma área de silêncio,com um magnífico jardim. Um pou-co além, encontram-se o núcleo dosalunos de Haarlem e o prédio daadministração central, cujo segundoandar abriga o restaurante De Rose-laer, que funcionará durante todo oano. Ao longo da Zakstraat, o pri-meiro e o segundo andares são ocu-pados pelas salas de reunião, pelosescritórios e depósitos, e o terceiroandar é o apartamento dos inten-dentes.

A editora internacional RozekruisPers encontra-se embaixo. De suagráfica sai a revista Pentagrama emquatro das dezesseis línguas em queé editada, assim como a maioria doslivros do Lectorium Rosicrucia-num, também publicados em váriosidiomas.

Jornal de Haarlem

O mundo conheceu, desde o seu iní-cio, inúmeros relatos incomparáveisque enriquecem sua memória. Elescontam a respeito da vinda de divin-dades sobre a terra, das aventuras dereis poderosos, de mensageiros e desábios, e sobretudo, de aventuras hu-manas.

eternidade sempre fez incursõesno tempo. Na memória da humanida-de existe uma seqüência ininterruptade revelações na forma de contos épi-cos, sagas, evangelhos, canções, len-das, estórias e tradições, relatando aelevada origem do homem que seencontra atolado no tempo e sua he-róica procura do caminho de volta.

Eles falam do que chamamos “aqueda” e da humanidade que nãoquer ouvir o chamado da eternidade.Eles falam de seu aprisionamento nocorpo material. Mas quem ainda com-preende isso? Eles contam que a almahumana está corroída por uma doen-ça quase mortal. Mas também teste-munham de todas as exortações e detodas as possibilidades oferecidas edas ajudas ininterruptas trazidas aohomem por meio de uma nova vesteadaptada ao tempo.

Uma dessas vestes tem o nome deGraal. Os contos e as lendas do Graalsão apaixonantes e têm um sentidoprofundo. Eles têm freqüentementeuma forte coloração romântica e seusentido é velado e simbólico. Eles tra-

zem a jovens e idosos algo especialque toca todos e, acima de tudo, aalma humana, pois é para ela que elesse dirigem.

Contos que se perdem na noitedos tempos

As lendas do Graal descrevem, emgeral, aventuras movimentadas dedi-cadas à procura da perfeição, e sempredeixaram suas marcas em todos ostempos e regiões. Os especialistas es-forçam-se em procurar, no passadolongínquo, as fontes que se perdem nanoite dos tempos. O Graal não estáligado ao tempo, porém é sempreatual. Ele é, diria o poeta, como ooceano da plenitude eterna: ao sabordos fluxos e refluxos, ele se afasta e seaproxima como a respiração de umaconsciência pronta para nascer.

Em todos os contos do Graal, opesquisador está simbolicamente àprocura de uma realidade superiorque deve encontrar no interior de simesmo. Os outros heróis e persona-gens não estão no seu exterior, massão seus próprios traços de caráterque ele deve identificar e olhar defrente.

De onde veio o Graal? No queconsiste? Ele não é um objeto mate-rial, porém traduz uma realidade espi-ritual que se dirige diretamente à almae cuja luz se derrama no coração. Opesquisador reconhece do interioresta realidade, e ao mesmo tempo

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O mistério do graal em nossa época

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compreende que ela não lhe pertence,razão pela qual as pesquisas são tãonumerosas e tão vagas. Como emnossa época.

O Graal escondido no próprio ser

O homem deve descobrir que oGraal não é um objeto, e que não oencontrará trancado em algum castelono coração de uma profunda floresta,mas escondido no seu próprio ser.Começa, então, a procura conscientedaquilo que, desde o início, lhe é maispróximo do que pés e mãos. Nodecorrer de sua exploração, o homemé confrontado com sua ignorância,seu medo e sua imperfeição. Pararesolver estes problemas, ele entra emluta e combate até cair. Mas ele terádescoberto também sua sede de ver-dade, de pureza, seu ardente desejo deser curado e de achar a salvação.

Antigamente, isso era exemplifica-do pelas figuras dos cavaleiros quecorrespondiam, assim como hoje, aospensamentos, sentimentos e estadosde alma do ser humano.

A astronomia estima em algumascentenas de milhares os sistemasgalácticos que constituem o universo.Nosso sistema solar nada mais é doque uma ínfima parte de um dessessistemas. No evangelho da Pistis So-phia, a Criação é chamada «o domíniodos doze eões» que a alma percorreao longo de seus cantos de arrependi-mento. Esse domínio é comparável àsmais profundas trevas, e é semelhantea um grão de poeira.

As essências se revestem de carne

No Evangelho de Aquário, Cristoexplica que o domínio da alma é for-mado de éteres de vibração mais

lenta do plano espiritual. Nessedomínio, e num ritmo mais lento, semanifestam a essência da Vida e a doAmor. Na fronteira do domínio daalma, a freqüência do éter diminuimais ainda. Foi assim que as essên-cias se tornaram apenas uma veste ea humanidade foi revestida de carne.

O homem, Manas, o microcosmo,o homem-deus, o homem-Espírito,a mônada, ADM, Adão Cadmon, ohomem-alma-espírito, o homem-al-ma, o homem-Jesus, o homem-João,a veste, o homem decaído, o homemnascido da natureza, o homem ani-mal, a carne, o humano.

Quando falamos do homem, dequal homem se trata? Quem somosnós? Nós que nos chamamos dehomens? Somos incontestavelmentenascidos desta natureza. Nossocorpo é carnal e segue o destino detoda a carne. Nós somos carne, querdizer, matéria viva. Cada uma de nos-sas células possui uma certa cons-ciência: daí provém nossa consciên-cia inteira, a consciência humana.

Todos os seres vivos terrestres sãoconstituídos de agregados de maté-ria. Depois de um certo tempo, tudovolta a sua origem. O sopro, a vida,se retira no corpo etérico e se dissol-ve no grande corpo etérico domundo. O processo é o mesmo, sejapara a terra, para o corpo solar oupara os sistemas estelares. JacobBoehme chama o universo visível acasa da morte, o que remete ao fa-moso és pó e ao pó voltarás.

Mas sem dúvida há muito mais. Oque existe entre a carne e o Espírito?Está o homem verdadeiro escondidoem nós? De que natureza é ele? Avida como o ser humano a conhece éuma realidade para ele. Ele experi-menta a matéria em todas as suas gra-dações como sendo a única realidade.

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O mesmo ocorre com seu corpo, aoqual ele está firmemente preso, por-que o percebe como sendo «ele mes-mo». Ao mesmo tempo, ele sente do-lorosamente a impermanência, a fu-gacidade das coisas. É o caminho detoda a carne, mas não é o caminho dohomem verdadeiro, de Manas!

No sétimo livro do Corpus Her-meticum versículos de 5 a 8, HermesTrismegisto responde à pergunta deTat: Por que, ó Pai, Deus não conce-deu o espírito a todos os homens?,com as palavras: «Ele quis, meu filho,que a ligação com o Espírito estives-se dentro do alcance de todas asalmas como prêmio da corrida [...]Ele enviou para baixo uma grandecratera cheia de forças do Espírito eum mensageiro para anunciar aoscorações dos homens a tarefa: mer-gulhai nesta cratera, vós almas quepodeis fazê-lo; vós que crestes e queconfiastes que ascendereis até Eleque enviou para baixo este vaso demistura; vós que sabeis para queobjetivo fostes criado».

O Graal, a taça, o vaso, a pedra, edenominações parecidas são os sím-bolos de uma outra realidade. Eles sãouma vibração diminuída de uma reali-dade superior, de uma outra naturezano tempo, que chama a alma e a impe-le a mergulhar nas forças do Espírito,como diz Hermes, a se deixar purifi-car por elas e a tomar parte na Gnosis,o conhecimento vivo, que a elevaacima de todas as limitações humanas;que a faz renascer e digamos, paraesclarecer, não como uma espécie demanifestação biológica superior, masno corpo etérico puro original.

Ultrapassar interiormente oplano tridimensional

O Corpus Hermeticum indica maisadiante que todas as almas têm,potencialmente, a faculdade de se unirao Espírito, mas que só a alma renas-cida, purificada, pode fazê-lo: a almaque não é restrita aos limites de inte-ligência, que pode ultrapassar oplano tridimensional. O Graal seencontra fora das três dimensõesconhecidas, e no entanto é real; ele éa única realidade para a alma renova-da. Não é o caso do homem terreno,feito de matéria, que se fundamentana matéria e em todos os seus grausde densidade. Para ele o Graal é ape-nas uma bonita estória, um sonho,uma miragem, uma ilusão.

O plano espiritual se exprime noplano físico-etérico através da alma.Mesmo que a ciência tradicional sejaimpotente para comprovar esse fato,nem por isso ele é menos verdadeiro.Desde tempos imemoriais existe umamultidão de imagens prenunciando avida superior na vida inferior. Omesmo ocorre na música. Na óperaRienzi de Wagner, Parsifal bate naporta do castelo do Graal dizendo:

Esboço deMendeleiev,1869, da classifi-cação periódicade aproximada-mente 60 ele-mentos.

Pai todo poderoso, abaixa teu olharpara mim, escuta-me, eu te implorona poeira. O poder que me veio doteu esplendor, não o deixa ainda cairpor terra.

Costuma-se identificar o real coma matéria, a assim chamada realidadenua e crua, inegável, dura comopedra. Mas qual é o grau de realida-de do real que, nem numa fração desegundo, é idêntico a ele mesmo?Que está em movimento constante?E por quê?

Pesquisas no universo e no átomo

Essas questões sempre preocupa-ram os homens através dos séculos.Eles sempre procuraram conhecer ascausas, as razões e a coerência daCriação, as raízes da existência. Areligião, a ciência e a arte sempre,cada qual por sua vez, ou em con-junto, tomaram a dianteira nas di-versas civilizações. Hoje é a ciênciaque tem a palavra. Ela pesquisa noinfinitamente grande e no infinita-mente pequeno, no universo e no á-tomo. Mas o ponto de partida é sem-pre a matéria em qualquer grau dedensidade em que ela se encontre.

O químico russo franco-maçonD.J. Mendeleiev (1834-1907) estabe-leceu, em 1869, um sistema periódi-co que lhe permitiu classificar emsete categorias os elementos quími-cos conhecidos, segundo seu pesoatômico. É uma representação analí-tica da matéria tendo como primeiroelemento o hidrogênio. A tabela pá-ra nos elementos radioativos: urânio,netúnio e plutônio, com talvez aindao elemento nº 95, o amerício. Note-se que os três elementos radioativoscitados têm o nome dos três últimosplanetas descobertos, Urano, Ne-tuno e Plutão. Segundo alguns esote-

ristas, deve-se ainda descobrir trêsoutros planetas: Ísis, Hermes e Ho-rus. Já se calculou a trajetória de umdeles. É assim que se revelam, passoa passo, à consciência humana, osmistérios da natureza.

Hoje, os elementos conhecidos es-tão no número 118. Mas a partir donúmero 95 não os encontramos emestado livre na natureza, e só pode-mos produzi-los artificialmente; elestêm uma duração de vida muito cur-ta e se comportam de modo imprevi-sível.

Fatos não demonstráveis

A ciência moderna, iniciada porNewton, se apóia sobre fatos de-monstráveis, reprodutíveis, realizá-veis. Mas esses princípios de base seencontram ultrapassados pelas novasdescobertas, pelos progressos doscálculos e das idéias. Por exemplo,foi descoberta, como fato inegável, aexistência dos campos de força mor-fogenéticos que fariam os esoteristasafirmarem que se trata de mundosastrais diferenciados ad infinitum.

O químico russoMendeleiev emseu escritório.

A pesquisa nuclear, no século XX,realizou importantes trabalhos sobrea relação espaço-tempo. Pode-se ima-ginar talvez que Deus seja o espaço.Inúmeros modelos matemáticos fo-ram elaborados e testados para con-firmar esta hipótese. Mas nunca seconseguiu. O que se descobriu sempoder explicar é que em todos os cál-culos um mesmo fator está semprepresente: o fator PSI. PSI não é umparâmetro químico, porém representao imponderável, o que os antigos gre-gos chamavam «alma».

Na época de Platão e de Pitágoras,os gregos já possuíam um bom co-

nhecimento da menor partícula. Elesa chamavam de atomos, que significa:o que não se pode cortar, o que não sepode dividir. Mais tarde, ela foi cha-mada pela palavra «indivisível», querdizer, o que não pode ser fracionado,o que sobra, o que é indestrutível.

Em nossos dias, o conhecimentodo átomo foi consideravelmente apro-fundado. O átomo é, sem dúvida, omenor universo conhecido. Um uni-verso no universo. Universos no inte-rior de outros universos. Não é maisa ficção científica, é a realidade. Nosexto livro do Corpus Hermeticum,versículo 13, Hermes diz a Asclépio:Ora, se o espaço universal é objeto donosso pensamento, não pensamos nelecomo espaço, mas como Deus; e sepensamos no espaço como Deus, ele jánão é mais espaço no sentido comumda palavra, mas sim a força ativa deDeus, que tudo encerra.

Einstein, na sua introdução à teoriada quarta dimensão do espaço, cita aDoutrina Secreta de H.P.Blavatskycomo fonte de inspiração para estu-dar a relação entre massa e energia e arelatividade dos dois. Hoje a ciênciase debruça sobre a teoria dos movi-mentos ondulatórios e a etapa seguin-te, à qual se chega naturalmente, é quetudo é eletricidade, energia, vibração.Descobriremos agora que a matériasólida também é energia? Que vibra-ções de natureza eterna abaixam suafreqüência e acabam se transforman-do em matéria?

Os alquimistas conheciam quatroelementos: fogo, ar, água e terra. Apartir daí eles explicavam os quatrocorpos do homem: mental, astral, vi-tal e físico. Nas retortas simbólicas,eles se esforçavam para introduzir ohomem, segundo sua quádrupla esta-tura de baixo nível vibratório – ochumbo – na freqüência vibratória

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O Graal possuitodos os ele-mentos para acura da alma e do corpohumano.Vas mirabile.

Manuscrito alemão do século XVI.

divina infinitamente mais elevada, oouro do Espírito.

O éter, material de construçãoda Criação

Os quatro elementos são tambémos quatro modos de manifestação doátomo. O éter é o quinto modo demanifestação. É o material de cons-trução da Criação. Numa freqüênciamuito baixa encontramos o hidrogê-nio, elemento de construção da abó-bada celeste.

Hidrogênio e oxigênio combina-dos formam a água, o estado líquido,mas também a neve, o granizo, ogelo e o vapor. Bastante recentemen-te, no Japão, um estudo pôs em evi-dência a natureza muito influenciá-vel da água, seja por pensamentos,por palavras, pela música ou sim-plesmente por uma presença, umavibração. Ora, o homem é constituí-do de 80 por cento de água. Mesmoque fosse somente por esta água, ohomem é suscetível de ser influen-ciado, talvez manipulado. Em facede tudo isso, o que pensar de sua in-dependência tão valorizada, de suaautonomia?

No século passado, no final dosanos oitenta, foi provado que as cé-lulas do corpo humano, dos animaise das plantas, possuíam uma certaconsciência, que elas reagiam aospensamentos e às emoções, comoacontece quando da separação docorpo materno. Notou-se, além dis-so, que o espaço e o tempo nada têma ver com isso. O ser humano é, por-tanto, mais do que água, células eórgãos. Mais do que carne. Homens,animais e plantas são dotados de vi-da e de consciência.

Na «casa da morte», no entanto, avida consciente é temporal, é ligada à

matéria. Quando há vida não podehaver morte, no sentido absoluto. Amorte absoluta não existe. O quechamamos morte é a decomposiçãodos agregados de matéria. És pó e aopó voltarás. A morte não é o aniqui-lamento de elementos combinados: éa ruptura das ligações energéticasentre esses elementos.

Pelo contrário, deveríamos ousarconstatar que não há nenhuma vidaverdadeira onde as ligações podem serrompidas: esse é o reino da morte. Avida é, no máximo, uma forma de exis-tência, uma vibração material aprisio-nada na carne concreta. Mas é eviden-te que o homem possui algo mais.

No Gênesis é mencionado que oEspírito pairava sobre as águas. Amais elevada emanação do incognos-cível se exprime na substância pri-mordial. A criação se manifesta co-mo éter. Hermes diz que o universose exterioriza em sete círculos. Osrelatos cosmológicos falam de seteestados de manifestação etérica, con-cernente ao homem original, segun-do o espírito, a alma e o corpo.

J. van Rijckenborgh escreveu, naFilosofia elementar da Rosacruz mo-derna, que assim que o espírito cen-tral ou mônada se desprende doátomo primordial, este último semanifesta sob uma tríplice formaespiritual que, a partir da substânciaprimordial, procede à realização dohomem original tríplice. No corpose exprimem a alma e o espírito. Naalma se manifestam o corpo e o espí-rito, e no espírito se revelam a almae o corpo. Tal é o eterno original.Mas, no campo vibratório da huma-nidade, outras forças estão traba-lhando. Tudo muda constantementeem seu contrário e, para a maiorparte dos seres, o sentido da mani-festação original se perdeu.

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O homem buscaa verdade em si mesmo eao seu redor.IlustraçãoPentagrama.

«Tu deves, ó alma, chegar ao conhecimento de teu ser»

Tudo isto explica a ajuda trazida aoshomens e a descida do Graal em nossaépoca também. Ao homem terreno,que carrega e encerra em si o homemverdadeiro, se apresenta o Graal emtoda a sua realidade. Compreenderáele este mistério? Procurará ele oGraal no seu interior e não no exte-

rior? Hermes coloca estas perguntasno De castigacione animæ (Do castigoda alma): Deves chegar, ó alma, aoconhecimento de teu ser, suas formas eseus aspectos. Não pense que o menoraspecto do qual desejas adquirir o conhecimento esteja fora de ti; não,tudo que deves conhecer está no teuinterior.

Agora que o mundo entra na era deAquário de um ano estelar, ele perde

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de sua densidade material. Ele se tornacomo que transparente: tudo se tornamanifesto, visível e sobretudo conhe-cido. Nada, nem pessoa alguma, podemais se dissimular. As cristalizaçõesvoam em pedaços. Todas as juntas davelha casa começam a rachar. O sofri-mento da humanidade e a imperfeiçãode todos os homens aparecem commais nitidez. A humanidade sofre defato. Sua alma está doente. Muitos ovêem e tentam colocá-la no bom ca-minho. Mas como e onde achar essecaminho?

Se Parsifal, o buscador, e cada umde nós, virmos o Graal passar diante denós, faremos a boa pergunta: de quesofre o nosso interior, o homem-alma-espírito original revestido de carne?

O Graal e seu significado espiritual

Aquele que não tem a menor idéiado que é o Graal, não pode fazer estapergunta. Pelo menos ainda não. Eledeve percorrer um longo caminho an-tes de começar a procurar o Graal.Através de inumeráveis encarnações, aescola da vida lhe permite amadurecer,chegar a se perguntar por que leva onome de homem, começar sua procu-ra, a procura do por quê. Assim, mui-tos seres, atualmente, estão à procurado Graal e de sua significação.

Hoje, é grande a questão da espiri-tualidade. Nesta vida agitada, isto setraduz pela meditação, a volta sobre simesmo e a reflexão.

O homem está à procura de equilí-brio e de calma. Porém, no máximo, eleencontra uma espécie de êxtase místicoou de iluminação. Um modelo tempo-ral de harmonia temporária.

Mas será somente essa a finalidadedo homem agora que a espada de doisgumes do Espírito Santo tomou forma

no Graal? A espada da qual Jesus dizno evangelho de Mateus: Eu não vimtrazer a paz mas a espada? A espadade fogo que, como a taça simbólicacontendo a essência espiritual, possuio poder de separar o puro do impuro?

As pessoas com tendências materia-listas consideram a espiritualidade co-mo um absurdo, uma impossibilidade,um engodo para ingênuos. É precisoimergir-se no vaso sagrado para que oEspírito possa se religar à alma renas-cida. Essa unificação ultrapassa todoentendimento. É a manifestação daonipresença, a quarta dimensão quechamamos também de passagem, apassagem para a quinta, para a sexta epara a sétima dimensão, a qual é abso-lutamente espiritual.

É preciso liberar o Graal

O lugar do encontro da alma com oEspírito é o Graal. É um campo vi-bratório que ressoa em uma oitavaelevada, totalmente imaterial. É a ver-dadeira antimatéria, o vazio no mun-do das polaridades. Mas o Graal nãocai, assim, do céu. É preciso liberá-loatravés de uma experiência vivida. Aforça libertadora é toda poderosa epenetra, assim, o universo tridimen-sional. Para poder ajudar a humanida-de, ela deve se manifestar sob formade um campo de energia não terrena.É preciso que o Graal seja um braseiro.

Existe, de um lado, uma ajuda so-brenatural que procura os extravia-dos, e do outro, o homem que senteinteriormente que é um filho perdido.A ajuda da força do amor e o homemque procura a liberdade se aproximamum do outro progressivamente: «seme-lhante atrai semelhante». Em um de-terminado momento, eles se reencon-tram e se cria um foco. A gnosis vi-vente, o conhecimento direto de

Deus, começa a se revelar. É o resulta-do de uma espécie de indução, de umainteração inconsciente tornada possí-vel por uma receptividade à Gnosis.Não há nenhuma mistificação, ne-nhuma manobra experimental; esta-mos em presença de uma realidadepura, elevada, científica. É uma ques-tão de vibração de átomos que voltama ser portadores das essências espiri-tuais. É a manifestação do quinto éter.Ela não se produz simplesmente pelaforça das coisas, mas por um processode transmutação seguido de um pro-cesso de transfiguração.

O rei do microcosmo

O Graal é o poder ativo da origemse manifestando em nossa época.

Todas as almas que podem são con-vidadas a se imergir nele, a se purificar,a se dessedentar e viver total e definiti-vamente. Os alunos da Rosacruz Áu-rea estão, como tantos outros, à pro-cura do Graal. Conforme o sentido e afinalidade da vida, eles exploram as úl-timas profundidades de seu ser ededuzem as conseqüências que se im-põem. O homem exterior faz parte in-tegrante do mundo, o homem interioré o rei doente, Amfortas, deitado entreas paredes de um castelo de difícilacesso: o rei microcósmico, o homemoriginal revestido de carne. Ele devecrescer à medida que o eu consinta emdiminuir. Neste sentido, os homens dehoje são cavaleiros do Graal e cavalei-ros da mesa redonda. Desde que con-sigam concordar entre si.

O Graal compreende numerososaspectos. Ainda que ele continue a semanifestar em nossa época, sua defini-ção não pertence a este mundo. Elenão tem relação com o tempo. Ele éonipresente. Ele é a força etérica, aenergia cósmica, a mão estendida da

Gnosis, a porta da vida. O Graal é sem dimensão, sem limi-

te. Ele é uma vibração vinda do domí-nio da humanidade das almas viventes.Ele se revela àqueles que compreen-dem que vivem numa realidade frag-mentada e que desejam contemplar aplenitude e se incorporar a ela. OGraal é a barca celeste, ainda em nos-sos dias. Ele quer consolar todos oshomens e lhes mostrar o sentido desua existência. Ele quer ser conhecidoe revelar-se à consciência.

A barca celeste de nosso tempo

O Graal vai de leste a oeste, do do-mínio da luz ao país das trevas. É umabaliza na noite dos tempos. Aqueleque o procura percorrerá o caminhonuma profunda fraternidade de almacom muitos outros pesquisadores.Aquele que ainda não procura seráesperado com a mesma solidariedade.O Graal mergulha suas raízes alémdos tempos. Ele chama o homem apóstempos indizivelmente longos. Eleespera todos os homens com umapaciência infinda. A verdade, a realida-de, não é o que se pensa: ela é. As es-trelas, os planetas, os mundos, os ele-mentos, os átomos, os núcleos, e tudoo que resta a descobrir, existiram des-de sempre. Nós os descobrimos quan-do nossa consciência está receptiva.

Os mensageiros, os sábios, os evan-gelhos, as escolas espirituais, as lendasdo Graal, todos têm a revelação daeternidade no tempo. O homem queabre o seu coração compreende a fina-lidade para a qual ele foi criado. Ele setorna consciente. Gustav Meyrink emDas Haus zur letzten Latern (A casada última lanterna) diz: Hoje, depoisde uma longa noite dolorosa, senti asescamas me caírem dos olhos e agoraeu sei em verdade o sentido da vida.

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Influência dos planetas dos mistériosno caminho da libertação

Pesquisar, descobrir e percorrer o caminho da libertação interior é oque há de mais importante para umrosacruz moderno. O objetivo desseprocesso é a fusão da personalidadepurificada e da alma renascida com oEspírito divino, de modo que atransfiguração de toda a entidadepossa ter prosseguimento. Esta novatri-unidade não será mais rompidapela morte.

esse um processo individual? Sime não. Sim, no sentido de que o eu,ao longo de suas tribulações, oferta àalma em crescimento mais e mais es-paço. Não, porque a ligação tecidaentre a personalidade, a alma e o Es-pírito de Deus se harmoniza com ameta da Criação e se comunica a tu-do que vive. A personalidade, que semanifesta pelo corpo físico, é a fer-ramenta, a alma é a mediadora e oEspírito é a fonte da Vida. O homemque realizou esta tri-unidade nadapode senão oferecer o amor a seupróximo, no qual a centelha divinaoriginal também está cativa. A ofe-renda de um significa a libertação dooutro.

Nisto conhecemos o amor: queCristo deu a sua vida por nós; e nósdevemos dar a vida pelos irmãos(I João 3:16). Trata-se da aceitaçãototal de todos os homens e de todosos povos, com suas diferenças cultu-rais e religiosas. Os gnósticos sem-pre foram conscientes de ter de rea-

lizar esta lei: aquele que ama Deus,ama também seu próximo. Todo sis-tema de pensamento que diz respei-to ao renascimento da alma e a seusprocessos só tem valor mediante oato puro. Encontrar e trilhar o cami-nho da libertação interior não é pos-sível a não ser que oração e açãoandem juntas.

O mundo factual é mais pobre doque o mundo das possibilidades

Na base de uma tal vida está ahumildade. É uma atitude, um pon-to de vista que não se aprende, masque resulta de numerosas experiên-cias. Humildade é consciência. Osprogressos do autoconhecimentopermitem ao candidato descobrir oquanto ele está longe de sua origem,a que ponto seu eu se tornou umacaricatura do homem verdadeiro enada pode senão humilhar-se diantede seu Criador. Esta é uma fase doprocesso em que o eu voluntaria-mente cede caminho à Luz.

Nos dias atuais, em que os aconte-cimentos mundiais trazem tantostranstornos, em que as ameaças e aangústia crescem, é importante de-terminar nosso lugar no mundo,pois somente um homem bem apoi-ado sobre seus pés, e não um homemfora de seu eixo, pode representar al-go para seus semelhantes. Somentedessa forma, a partir de sua própriasituação de vida, ele ofertará as pos-sibilidades desenvolvidas para reali-

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zar sua missão. No decorrer desseprocesso, ele ousará entregar-se àinspiração divina. Isso é a endura, aauto-rendição ao Outro nele. É tam-bém a descoberta de que o mundofactual é mais pobre do que o mun-do das possibilidades, as quais pro-gridem graças ao discipulado. Poucoa pouco chegamos à compreensão deque o real não está no exterior, masno nosso interior.

Esta compreensão abre novos ho-rizontes. Vemos a realidade sob umângulo que se desloca da visão exte-rior para a visão interior. Praticar o«amar Deus é amar seu próximo»exige que os pensamentos, sentimen-tos e atos estejam em concordânciacom uma orientação pura. Isso exigetambém um desprendimento e umaneutralidade em relação a tudo o queocorre na vida corriqueira. Só alcan-çaremos esse estado se a alma estiverno centro de nossas preocupações,livre de toda influência pessoal.

Na era de Aquário, os planetasdos mistérios, Urano, Netuno e Plu-tão, entram em cena a fim de que serealizem em cada homem as mudan-ças existenciais necessárias. Suas ra-diações na oitava superior, que não éuma luz visível, agem no sangueporque o homem reage primeira-mente a partir de seu estado sanguí-neo, cada um a sua maneira. Há duasrespostas possíveis: absorver-se sem-pre mais nos poderes limitados desua personalidade, ou então libertar-se deles e seguir o desabrochar da al-ma. Os planetas dos mistérios têmuma importância capital na liberta-ção da alma.

A lei interior

Urano age no coração suscitandoa inquietação e o desligamento dos

antigos valores e tradições desprovi-dos de força. A atividade espiritualde Netuno é exercida sobre o pensa-mento e desintoxica a cabeça, a fimde que o toque divino no coração se-ja compreendido. A partir de um co-ração purificado e renovado, a almase liberta e se prepara para receberdiretamente a sabedoria divina. Elavivencia a libertação. E sua liberta-ção tem influência sobre a libertaçãode tantas outras almas danificadas.Tal é a lei interior! Aquele que buscaa libertação – não tanto para ele mes-mo, mas principalmente para os ou-tros – trabalha para a libertação dahumanidade.

O campo de irradiação de Plutãooferece as forças necessárias paravencer os obstáculos. Ele é a força di-nâmica da realização. Ele ajuda a pôrem prática a nova atitude de vida quefaz a alma conquistar a imortalidade.

A era de Aquário põe fim aos po-deres e às limitações da era de Pei-xes. Ela traz um novo impulso daforça crística universal que abolirá aprisão que representa o ego humano.Como o homem vai reagir? Cabe aele resolver. Ele pode alegrar-se como encerramento de sua viagem atra-vés do vale de lágrimas. Mas podeser também que ele não veja as novaspossibilidades e se agarre às antigas.A primeira reação, positiva, o liber-ta. A segunda, negativa, o encerrarános limites e diminuirá cada vezmais seu raio de ação.

A ciência dos planetas dos misté-rios ajuda a compreender a revoluçãocósmica que se opera atualmente. Elafornece indicações ao candidato.Aquele que não quer ou ainda nãopode percorrer o caminho não se be-neficiará com isso e até negará a in-fluência dos planetas. No entanto,Urano, Netuno e Plutão não apare-

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ceram por acaso. Eles foram redesco-bertos, mas sua presença no universodata de milhões de anos, não o igno-remos. Em sua viagem através douniverso, a humanidade se encontraatualmente em uma certa relaçãocom a posição desses planetas, de talmodo que suas radiações lhe chegamsob um novo ângulo. Eles ativamdeterminados poderes latentes e eli-minam outros. É aconselhado enca-rar os acontecimentos mundiais sobessa ótica. O que ocorre hoje é umaemanação dos pensamentos, dos sen-timentos e dos atos que foi comuni-cada às esferas mais sutis há muitotempo e que se manifesta, agora, namatéria grosseira. Assim, compreen-demos que eles devem se produzir.São como nuvens de tempestade quese descarregam.

Reagir pela destruição?

A missão da humanidade atualconsiste em se preparar para umanova evolução de poderes da cabeça,do coração e das mãos. E isso exclu-sivamente com base na lei gnóstica:quem ama Deus, ama seu próximo.A Luz do criador se derrama sobrenós, irradia no mundo através decorações, cabeças e mãos de homenspurificados. Eis em que consiste oChamado de nosso tempo! Ele re-pousa na compreensão dessas coisas,mas sobretudo numa motivação pu-ra, a partir da qual o homem podeentregar-se à Luz, da qual uma par-cela se encontra nele, como um ger-me divino latente.

O homem moderno, autônomo,talvez se pergunte se seguirá essechamado. Enquanto ele ainda não ti-ver feito a escolha, ele pode refletir etomar uma decisão, se preciso for.Entretanto, atacamos a democracia

«em nome de Deus». Somos vítimasde uma destruição em grande escala«em nome de Deus». Mas esse «emnome de Deus» não será uma outraforma de dizer «em nome do capita-lismo»? Ou do comunismo? Ou docristianismo? Ou do islamismo? Oude qualquer outra forma de domi-nação mundial? O candidato que es-colhe tomar o caminho da libertaçãointerior não obstaculiza apenas a simesmo, mas também ao seu seme-lhante. Sim, à criação inteira. Todasas dominações atuais acabarão porse dissolver e desaparecer para darlugar à nova era onde o verdadeiroamor ao próximo, a luz crística uni-versal, transformará a vida terrestree a levará a uma esfera superior deevolução.

O peregrinoentra pela portada morte.Death Door,

Gates of Paradise

(A Porta daMorte, Portaisdo Paraíso).William Blake,1793.

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O simbolismo do pão e do vinho émuito antigo. Nós o encontramos emvárias ocorrências sob forma deparábolas, tanto no Antigo como noNovo Testamento.

pão e o vinho são elementos es-senciais da vida cotidiana. Eles seprestam em especial para a compara-ção entre a alimentação comum e oalimento espiritual. O corpo físicoperece sem subsistência: da mesmaforma, a alma definha sem alimentoespiritual. Estes símbolos foram uti-lizados nos mistérios pré-cristãos, emais tarde, nos mistérios cristãos.Sublimes arcanos transmitidos deforma alegórica.

Na antigüidade, considerava-se aprópria natureza como uma parábo-la, como a representação da realida-de oculta por trás dela. A produçãode trigo para o pão e a cultura davinha para o vinho foram sempreeminentes atividades das civiliza-ções. Pão e vinho foram sempre con-siderados como dons celestes. A mi-tologia grega ilustrou e descreveuamplamente estas graças concedidasaos seres humanos.

O pão de cereais sustenta o corpofísico perecível: o pão espiritualconstrói e mantém o corpo espiri-tual. Na primeira Epístola aos Co-ríntios, Paulo diz que o corpo físicofoi formado antes do corpo espiri-tual, o qual precisa da assimilação dasforças do pão e do vinho divinos.

Nos mistérios de Elêusis, a deusaDemeter dá o trigo aos homens e osensina a cultivá-lo. Dionísio, o deusdo vinho, era representado seguran-

do uma taça, coroado de sarmentos ede cachos de uva. Para os gregos, be-ber vinho era uma nobre tradição edar de beber, uma honra. Porém,embebedar-se era considerado umabarbaridade. Beber o vinho do Es-pírito requer condições interioresespeciais, assim como uma perfeitacompreensão da realização que deveser atingida. Esse vinho provém dopróprio Espírito para purificar o ho-mem interiormente e prepará-lo pa-ra receber diretamente o Espírito. Ovinho sagrado é dinamizante. O No-vo Testamento nos previne clara-mente de não por vinho novo emodres velhos. Antes de poder recebero vinho novo é necessário uma puri-ficação interior, uma transmutação euma renovação. É necessário saberse a alma está perfeitamente prepara-da; se ela atingiu a elevação indis-pensável; se ela não se deixa mais ar-rastar para baixo; se ela persevera emseu desprendimento. O vinho doEspírito age como um remédio espi-ritual para sanar a alma doente. Osmistérios fazem sempre ressaltar es-se poder de cura.

O vinho da terra obscurece a cons-ciência. O vinho do Espírito a cla-reia. O pão espiritual tem esse mes-mo efeito. A história da milagrosamultiplicação dos pães, no NovoTestamento, mostra que ele é ummaná inesgotável: enquanto se temfome do Espírito, este pão está dis-ponível.

Sem o pão e o vinho do Espírito,não há crescimento espiritual possí-vel. Numa outra parábola, o Cristo éa cepa da videira e as almas são ossarmentos. O cultivador da vinha –

O simbolismo do pão e do vinho

O

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A deusa gregaDemeter carre-gando um feixede trigo e umafoice.Aquarelade ThomasStothard, iníciodo século XIX.

Deus – apara os sarmentos para queeles produzam fruto em abundância.Os ramos doentes não dão frutos.Eles não podem receber a seiva doCristo. É por isso que a cura, a san-tificação e a restauração são a pri-meira exigência. Esta parábola mos-tra os processos de purificação e detransformação que devem ser reali-zados para permitir o crescimento

espiritual. O mesmo tema é retoma-do nas núpcias de Canaã onde Cris-to transforma a água em vinho.

A revelação destes contos simbó-licos traz uma nova compreensão enos incita a procurar o caminho in-terior que conduz à vida original.Assim, a partir de um mistério obs-curo, chegamos à luminosa compre-ensão.

Jean: “A vida é uma luta. É covardia não lutar!

É preciso segurar as pontas até o fim.

Não me deixo ficar à deriva. Vou sempre

para frente, no caminho certo!”

(Quem não trabalha por seu renascimento,

trabalha por sua morte, página 3)