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1
Apresentação de Trabalho
A Convergência para um Novo Padrão
de Financiamento para o Setor Elétrico
no Brasil
Luiz F. X. Borges e Nivalde J. de Castro
I Seminário Internacional de Reestruturação e Regulação do SEB e GN
31/08/2006
2
Objetivo
O objetivo deste trabalho é:
apresentar um breve histórico do setor elétrico brasileiro e de suas formas de financiamento.
descrever os aspectos conceituais e demonstrar como vem sendo a aplicabilidade de técnicas como o project finance para financiar projetos de energia elétrica.
O Setor Elétrico Brasileiro sofreu diferentes mudanças de marco regulatório nestes cem anos, que hoje apontam para uma predominância de um modelo que pode ser descrito como uma parceria estratégica entre participantes dos setores público e privado (joint-ventures), com um financiamento de longo prazo calcado em operações estruturadas, seguindo um modelo híbrido de project finance para mitigação de risco.
3
Apresentação
Parte 1: Síntese das Fases de Desenvolvimento Histórico do Setor
Elétrico Brasileiro.
Parte 2: Busca de um Novo Padrão de Financiamento para o Setor:
Parcerias Estratégicas Público-Privado.
Parte 3: Alternativas de Financiamento de Longo Prazo - Project
Finance para Projetos de Energia e a Inaplicabilidade do Modelo de
PPP legal.
Parte 4: Descrição sobre a Viabilidade desse Novo Padrão de
Financiamento de Longo Prazo.
Conclusão
4
Histórico do Financiamento do Setor Elétrico
Fase 1: 1879-1944 – Modelo de Investimento Estrangeiro
Fase 2: 1945-1989 – Modelo do Investimento Público
Período de Expansão: 1945-1963
Período Estatizante: 1964-1989
Fase 3: a partir de 1990 – Modelo da Privatização Pura
Período de Regulamentação do SEB: 1990-1995
PND do SEB: 1996-2000
Paralisação das Reformas do SEB: 2001-2002
Fase 4: Parceria Estratégica Público-Privado
Novo marco regulatório
5
Fase 1 – Modelo de Investimento Estrangeiro
1879É inaugurada a
primeira instalação
elétrica permanente na Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro
I I
1883A primeira
usina hidrelétrica entra em
operação no Rio Ribeirão do Inferno, Diamantina
1903O primeiro texto de lei
disciplinando o uso de energia
elétrica é aprovado pelo
Congresso Nacional
1904Decreto 5.407:
estabelece regras para os contratos de concessão sem exclusividadeÉ criada a RJ
Tramway Light em Toronto, Canadá
Modelo Privado Modelo Privado Período de Implantação & Regulamentação Período de Implantação & Regulamentação
(1879(1879--1944)1944)
1913Inaugurada a
primeira UHE do Nordeste, a
usina DelmiroGouveia, no Rio São Francisco
1934É promulgado o Código de Águas
(Decreto 24.643/34), que
dá ao setor público poder
sobre as concessionárias
de energia elétrica
1939É criado o CNAE para
restabelecer as deficiências
do setor
1941O Governo
regulamenta o cálculo das tarifas de
energia elétrica, além de fixar em 10% a taxa de remuneração
dos investidores
1940As usinas
termelétricas são
regulamentadas
1933A Cláusula-
Ouro é extinta
1879É inaugurada a
primeira instalação
elétrica permanente na Estação Central da Estrada de Ferro D. Pedro
I I
1883A primeira
usina hidrelétrica entra em
operação no Rio Ribeirão do Inferno, Diamantina
1903O primeiro texto de lei
disciplinando o uso de energia
elétrica é aprovado pelo
Congresso Nacional
1904Decreto 5.407:
estabelece regras para os contratos de concessão sem exclusividadeÉ criada a RJ
Tramway Light em Toronto, Canadá
Modelo Privado Modelo Privado Período de Implantação & Regulamentação Período de Implantação & Regulamentação
(1879(1879--1944)1944)
1913Inaugurada a
primeira UHE do Nordeste, a
usina DelmiroGouveia, no Rio São Francisco
1934É promulgado o Código de Águas
(Decreto 24.643/34), que
dá ao setor público poder
sobre as concessionárias
de energia elétrica
1939É criado o CNAE para
restabelecer as deficiências
do setor
1941O Governo
regulamenta o cálculo das tarifas de
energia elétrica, além de fixar em 10% a taxa de remuneração
dos investidores
1940As usinas
termelétricas são
regulamentadas
1933A Cláusula-
Ouro é extinta
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Fase 1 – Modelo de Investimento Estrangeiro
Sistema legal de Concessões baseado no modelo francês. Sem planejamento estatal e financiamento bilateral
simples (binômio cadastro e garantias). Predominância, de fato, de investimento oriundo de
capital estrangeiro, tanto para risco como para empréstimo.
A crescente utilização de bacias hidrográficas que esbarravam no marco regulatório estatal para o regime de utilização de “águas” também passou a constituir um risco político aos investimentos.
7
Fase 1 – Modelo de Investimento Estrangeiro
Os projetos, especialmente os hídricos, passaram a ter uma escala muito grande para os padrões da época anterior, fazendo crescer os custos de forma incompatível para a percepção de risco das empresas privadas do setor, sem salvaguardas consideradas necessárias à mitigação do risco.
Crise do Modelo de Investimento Estrangeiro. Planejamentos estatais centralizados decorrentes dos
cenários das duas grandes guerras mundiais (desorganização da hegeomonia mundial na visão estruturalista).
Exemplos de planificação da economia mostraram a inadequação desse modelo às exigências de uma economia industrial mais sofisticada.
8
Fase 2 – Modelo do Investimento Público
Modelo Estatal Modelo Estatal Período Estatizante (1964Período Estatizante (1964--1989)1989)
1979Estatização
da LightInauguração
da UHE de Sobradinho
1973Primeiro
Choque do Petróleo
1978Segundo Choque do
PetróleoInstituição do PURPA
(EUA)
1965É criado o
(DNAE) para regulamentar os
serviços de energia elétrica.Inauguração da
UTE J orge Lacerda I
1971Lei 5.655
cria a RGR e a
CRC
1974O Decreto-
Lei 1.374 institui a
equalização tarifária
1964Criação do Empréstimo Compulsório
1984Entram em
operação as UHE de Tucuruí
(Amazônia) e da UHE Binacional de
I taipuÉ finalizada a
primeira etapa do sistema de
transmissão Norte-Nordeste
1985Entra em operação a
primeira usina nuclear do
Brasil, Angra ICriação do
Procel
1988É criada a
Revisão Institucional de Energia
Elétrica (Revise)
1989Instituição do EletricityAct (Reino
Unido)
Modelo Estatal Modelo Estatal Período Estatizante (1964Período Estatizante (1964--1989)1989)
1979Estatização
da LightInauguração
da UHE de Sobradinho
1973Primeiro
Choque do Petróleo
1978Segundo Choque do
PetróleoInstituição do PURPA
(EUA)
1965É criado o
(DNAE) para regulamentar os
serviços de energia elétrica.Inauguração da
UTE J orge Lacerda I
1971Lei 5.655
cria a RGR e a
CRC
1974O Decreto-
Lei 1.374 institui a
equalização tarifária
1964Criação do Empréstimo Compulsório
1984Entram em
operação as UHE de Tucuruí
(Amazônia) e da UHE Binacional de
I taipuÉ finalizada a
primeira etapa do sistema de
transmissão Norte-Nordeste
1985Entra em operação a
primeira usina nuclear do
Brasil, Angra ICriação do
Procel
1988É criada a
Revisão Institucional de Energia
Elétrica (Revise)
1989Instituição do EletricityAct (Reino
Unido)
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Fase 2 – O Modelo do Investimento Público
Manutenção do regime de concessões estatais a empresas privadas.
A criação de concessionárias de direito privado sob controle público, buscando maior eficiência pela descentralização da operação em bases empresariais (Furnas).
Intervencionismo: criação da Eletrobrás em 1962 (atuação só no Brasil) e os Planos Nacionais de Desenvolvimento dos governos militares.
Linhas de financiamento externo: baixo custo e crédito abundante para operações com aval do Tesouro Nacional. Boom do crescimento da economia mundial Endividamento, principalmente dos países em
desenvolvimento
10
Fase 2 – O Modelo do Investimento Público
Cria-se um sistema elétrico integrado por linhas de transmissão e com base em grandes usinas hidroelétricas.
A partir da crise do México (1982), o SEB passa a sofrer os efeitos da crise macroeconômica, afetando a possibilidade de captação de recursos externos para os investimentos necessários.
Utilização inicial de operações de mercado de capitais, com emissões privadas domésticas de lançamento de debêntures de concessionárias sob a forma de companhias fechadas, totalmente subscritas por Agentes Financeiros Públicos (AFP).
11
Fase 2 – A crise do Modelo do Investimento Público
As empresas do SEB são forçadas a tomar empréstimos no exterior para equilibrar as contas externas nacionais, causando um desequilíbrio econômico e financeiro que converge para uma crise do endividamento do setor, restringe a capacidade de investir em projetos novos e mesmo na manutenção das unidades existentes.
Final da década de 70: aumento dos juros e escassez de linhas de financiamento externas Dois Choques do Petróleo e o Choque dos Juros
Cada crise explode em paralisação dos investimentos.
12
Fase 2 – A crise do Modelo do Investimento Público
O estrangulamento financeiro inviabilizou o endividamento bancário das empresas estatais do setor. Falta de um mercado de capitais nacional maduro.
São impostas restrições ao aumento real das tarifas para combater a inflação. Agentes Financeiros Públicos são proibidos de financiar
estatais sem capacidade de honrar seu endividamento.
Fortalecimento das políticas neoliberais: crítica à atuação empresarial do Estado Margareth Thatcher e Ronald Reagan:
desregulamentação.
13
Fase 2 – A crise do Modelo do Investimento Público
Conjuntura Nacional Final da década de 70
Início da crise financeira, institucional e de suprimento. Década de 80
Aumento do serviço da dívida foi acompanhado por uma redução do % de investimento no SEB.
14
Fase 3 – Modelo da Privatização Pura
1990Lei 8.031:
institui o PND
1993Lei Elizeu Resende (Lei 8.631): institui as bases para que as empresas do SEB fossem privatizadas
1994O Decreto 1.204 autoriza a
privatização das concessionárias de serviço público
Lançamento do Plano Real
1995Lei das Concessões (Lei 8.987): abriu à
iniciativa privada a exploração de serviços públicos
Decreto 1.503: inclui no PND a Eletrobrás e suas subsidiárias
Primeira concessionária do SEB a ser privatizada foi a Escelsa
Modelo Regulatório Modelo Regulatório Período de Regulamentação (1990Período de Regulamentação (1990--1995)1995)
1992Decreto 572: inclui as
empresas do Grupo Eletrobras no PND
1990Lei 8.031:
institui o PND
1993Lei Elizeu Resende (Lei 8.631): institui as bases para que as empresas do SEB fossem privatizadas
1994O Decreto 1.204 autoriza a
privatização das concessionárias de serviço público
Lançamento do Plano Real
1995Lei das Concessões (Lei 8.987): abriu à
iniciativa privada a exploração de serviços públicos
Decreto 1.503: inclui no PND a Eletrobrás e suas subsidiárias
Primeira concessionária do SEB a ser privatizada foi a Escelsa
Modelo Regulatório Modelo Regulatório Período de Regulamentação (1990Período de Regulamentação (1990--1995)1995)
1992Decreto 572: inclui as
empresas do Grupo Eletrobras no PND
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Fase 3 – O Modelo da Privatização Pura
Esgotamento do modelo estatal: Crise fiscal do Estado reduziu a sua capacidade de
investimento. Regime regulatório inadequado, não estimulava a
eficiência e o baixo custo na geração.
Organismos bilaterais e multilaterais de financiamento: Privilegiam a concessão de crédito diretamente aos
projetos Fluxo de caixa assume papel de avalista primário: project
finance; private equity; leasing; joint venture; venture capital etc.
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Fase 3 – O Modelo da Privatização Pura
Década de 1990: adoção de um modelo econômico que garantisse o equilíbrio entre a eficiência econômica (a cargo da iniciativa privada) e a equidade social (responsabilidade do Estado). Resoluções do Banco Central e Lei de Responsabilidade
Fiscal (Lei Complementar 104). A lógica do novo modelo pressupunha iniciar o processo
pela criação de um marco regulatório aceito pelas partes envolvidas, seguido pela privatização das distribuidoras.
Em 1996 começam a aparecer as primeiras operações de project finance no setor de rodovias (Ponte S/A e Nova Dutra).
Surgimento de ANEEL, ONS e MAE.
POLÍTICOS E REGULATÓRIOS
Órgãos envolvidos:
- CMN
- Senado Federal
- BACEN
- STN
Lei de Responsabilidade Fiscal
Legislação eleitoral (proibição de contratação em períodos eleitorais)
CMN define as modalidades e as operações creditícias em todas as suas formas.
BACEN disciplina as regras para o contingenciamento do crédito ao setor público.
Senado Federal dispõe sobre limites globais e condições para o crédito externo e interno dos entes de Direito Público.
STN é o órgão do MiniFaz que verifica o atendimento de cada operação às condições e limites legais (“fila”).
Sociedade empresária (SPE ou não)?
Setor financeiro?
Terceiros interessados?
Seguradoras?
Patrocinadores e Administradores?
RISCOS CONTINGENCIAMENTO DE
CRÉDITO AO SETOR PÚBLICO (BASILÉIA E BACEN)
ALOCAÇÃO DO RISCO
DIFICULDADES PARA FINANCIAR ESTATAIS
18
Fase 3
1996A Cerj é a primeira distribuidora estadual
a ser privatizada
Privatização da Light
Lançamento do RE-SEB
Lei 9.427: institui a ANEEL e disciplina o regime das concessões de serviços de
energia elétrica
1997É formada a Eletrobrás Termonuclear S.A.
Aneel: inicia as suas atividades
Lei do Petróleo (Lei 9.476): dispõe sobre as atividades relativas ao monopólio do
petróleo e institui o CNPE e a ANP
Cachoeira Dourada é a primeira geradora estadual a ser privatizada
1999O início do 2° governo do
FHC é marcado pela maxidesvalorização do Real
Homologação do Acordo de Mercado
Estabelecimento das condições de contratação
do livre acesso à transmissão/ distribuição
1998ANP: inicia suas atividades
Decreto 2.855: cria o ONS e MAE
São estabelecidos os limites de “self dealing”
Estabelecimento dos contratos iniciais
A Gerasul é a primeira geradora federal a ser
privatizada
2000Decreto 3.371:
lançamento do PPT
Lei 9.984: Criação da ANA
Angra I I inicia suas operações
Homologação das regras do MAE
Modelo Regulatório Modelo Regulatório Período de Privatização (1990Período de Privatização (1990--2000)2000)
1996A Cerj é a primeira distribuidora estadual
a ser privatizada
Privatização da Light
Lançamento do RE-SEB
Lei 9.427: institui a ANEEL e disciplina o regime das concessões de serviços de
energia elétrica
1997É formada a Eletrobrás Termonuclear S.A.
Aneel: inicia as suas atividades
Lei do Petróleo (Lei 9.476): dispõe sobre as atividades relativas ao monopólio do
petróleo e institui o CNPE e a ANP
Cachoeira Dourada é a primeira geradora estadual a ser privatizada
1999O início do 2° governo do
FHC é marcado pela maxidesvalorização do Real
Homologação do Acordo de Mercado
Estabelecimento das condições de contratação
do livre acesso à transmissão/ distribuição
1998ANP: inicia suas atividades
Decreto 2.855: cria o ONS e MAE
São estabelecidos os limites de “self dealing”
Estabelecimento dos contratos iniciais
A Gerasul é a primeira geradora federal a ser
privatizada
2000Decreto 3.371:
lançamento do PPT
Lei 9.984: Criação da ANA
Angra I I inicia suas operações
Homologação das regras do MAE
Modelo Regulatório Modelo Regulatório Período de Privatização (1990Período de Privatização (1990--2000)2000)
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Fase 3 – A crise do Modelo de Privatização Puro
Poder Concedente: Estado.
Concessionários: Investidores privados (nacionais e estrangeiros) e estatais
Privatização do SEB: Inicia em 1995 (geração
antes que distribuição)
“Boom”: a partir de 1997
Crítica: marco regulatório e legal instituído após a privatização. “Apagão”
Desvalorização do Real em jan/1999: interrompe o PND e a implementação do modelo regulatório.
20
Project Finance no Brasil
A disseminação do Project Finance no Brasil ocorre quando o mercado de capitais internacional entra em uma trajetória descendente SEB enfrenta uma conjuntura mais restritiva. Aparato legal e regulatório não se apresentavam suficientemente capazes de mitigar os riscos.
21
Mudança da Fase 3 para a Fase 4
Poder Concedente: Estado
Concessionários: Sociedades de Direito Privado com investidores privados (nacionais e estrangeiros) e estatais
Configuração do SEB ao início do novo modelo:
Investidores privados (nacionais e estrangeiros) e estatais (beneficiários do novo modelo de pagamento pela energia velha) passam a fazer joint-ventures para garantir investimentos fora da limitações impostas pela Lei de Responsabilidade Fiscal e pela “fila” da Secretaria do Tesouro Nacional. Os project finances passam a ser híbridos com financiamento corporativo.
22
Fase 4 – Parceria Estratégica Público- Privado
Manutenção do regime de concessões estatais a concessionárias de Direito Privado sob a forma de companhias, com capacidade de alavancagem financiera.
Novo marco regulatório de geração, com tratamento diferenciado para a compra de energia “velha” (já amortizada), “nova” (investimentos recentes) e “botox” (aumento de capacidade das instalações antigas).
Concessionárias criadas pela segregação de risco de projetos através de sociedades de propósito específico (SPE), normalmente sob a foram de joint-ventures (capital e controle compartilhados entre capital público – Eletrobrás - 49% e privado 51%).
Limitação dos investimentos diretor ao setor público pela LRF e pela “fila” da STN.
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Fase 4 – Parceria Estratégica Público- Privado
Financiamentos com base em operações estruturadas, respeitando os princípios do project finance e o uso de múltiplas fontes (multisourcing).
Estímulo a alternativas não hídricas no setor de geração: térmica, biomassa e eólica.
Diferença de preço da energia elétrica para a ampliação da capacidade geradora, através dos leilões de Energia Nova (LEN) e o preço para a energia velha, definido no leilão de Energia Velha (LEV), privilegiando principalmente as estatais.
24
Project Finance: Definição
Project Finance, Project Oriented Finance ou Project Financing
– Projeto Financeiro é:
Financiamento suportado contratualmente pelo fluxo de caixa
Contratos baseados na análise e quantificação dos riscos
Contrato limita variação nos fluxos de caixa
Um dos principais objetivos do project finance é financiar
projetos viáveis economicamente, apesar do risco político.
Criação de sociedades de propósito específico (SPE) para
segregar o risco dos patrocinadores e controlar as varáveis do
projeto.
Utilização de apoio a projetos pelas agências bi e multilaterais
em lugar de apoio a entes públicos.
25
Project Finance : Características
Características coincidentes com as dos setores de infra-
estrutura:
Porte elevado de investimento
Previsibilidade do fluxo de caixa
Possibilidade de securitização das receitas ou recebíveis.
Segregação e alocação dos riscos entre os participantes.
Substituição das garantias usuais pelo fluxo de caixa e/ou
ativos do projeto: Non recourse: sem solidariedade dos patrocinadores. Limited recourse: mix de garantias do projeto +
garantias reais convencionais e/ou pessoais. Full recourse: garantias reais convencionais e/ou
pessoais, solidariedade plena
Estrutura UHE Cana BravaEstrutura UHE Cana Brava Estrutura UHE Cana BravaEstrutura UHE Cana Brava
ConstrutoresConstrutoresCNO e AGCNO e AGConstrutoresConstrutoresCNO e AGCNO e AG
FornecedoresFornecedoresVoith-SiemensVoith-SiemensFornecedoresFornecedoresVoith-SiemensVoith-Siemens
OperadoraOperadoraGerasul S.A.Gerasul S.A.OperadoraOperadoraGerasul S.A.Gerasul S.A.
Gerasul S.A.Gerasul S.A.Gerasul S.A.Gerasul S.A.
FinanciadoresFinanciadoresBNDESBNDESIDBIDBCo-Financ.Co-Financ.DresdnerDresdnerANZANZFortisFortis
FinanciadoresFinanciadoresBNDESBNDESIDBIDBCo-Financ.Co-Financ.DresdnerDresdnerANZANZFortisFortis
Trustee (Itaú) (Itaú)Recebíveis (PPA)Recebíveis (PPA)
PrincipalPrincipal Garantia do projetoGarantia do projeto
Trustee (Itaú) (Itaú)Recebíveis (PPA)Recebíveis (PPA)
PrincipalPrincipal Garantia do projetoGarantia do projeto
Gerasul S.A.Gerasul S.A.Gerasul S.A.Gerasul S.A.
CEM S.A.CEM S.A.
SeguradorasSeguradorasSeguradorasSeguradoras
Poder ConcedentePoder ConcedenteANEELANEELPoder ConcedentePoder ConcedenteANEELANEEL
Usuários:Usuários: Distribuidoras EE, Distribuidoras EE, Gdes Cons e MAEGdes Cons e MAEUsuários:Usuários: Distribuidoras EE, Distribuidoras EE, Gdes Cons e MAEGdes Cons e MAE
Equity (30%)
Debt (70%) PPAPPAPPAPPA
Estrutura de Project FinanceEstrutura de Project Finance – Modelagem de Itá – Modelagem de Itá Estrutura de Project FinanceEstrutura de Project Finance – Modelagem de Itá – Modelagem de Itá
ConstrutoresConstrutoresConstrutoresConstrutores
FornecedoresFornecedoresFornecedoresFornecedores
OperadoresOperadoresOperadoresOperadores
Receitas/ServiçosReceitas/ServiçosProduto FinalProduto Final
Receitas/ServiçosReceitas/ServiçosProduto FinalProduto Final
BNDESBNDESDireto e RepasseDireto e Repasse
BNDESBNDESDireto e RepasseDireto e Repasse
TrusteeTrustee::RecebíveisRecebíveis
++Conta ReservaConta Reserva
TrusteeTrustee::RecebíveisRecebíveis
++Conta ReservaConta Reserva
AcionistasAcionistasAcionistasAcionistas
SPCSPC
SeguradorasSeguradorasSeguradorasSeguradoras
ANEEL ANEEL Poder ConcedentePoder Concedente
ANEEL ANEEL Poder ConcedentePoder Concedente
UsuáriosUsuáriosUsuáriosUsuários
Capital
DebênturesDebênturesDebênturesDebêntures
Pacote de GarantiasCaução de Ações
Direitos EmergentesPenhor de Recebíveis
Conta-reserva
28
Título de MercadoTítulo de MercadoTítulo de MercadoTítulo de Mercado
Garantia firme de colocação(Banco Comercial)
Put BNDES(entre 36 e 60 meses)
Até 144 meses
Taxa de Mercado
RepactuaçãoCall Acionistas
Taxa Mercado após Repactuação
Hidroelétrica de Itá - Funding Privado em Reais Hidroelétrica de Itá - Funding Privado em Reais
29
ACIONISTAS (%)CBA(10,88), Votorantim(9,48), Rio Branco(9,48), Alcoa(23,75),
Celesc(14,64), Valesul(8,77), Camargo Corrêa Cimentos(5,58),
Copel(5,2), Inepar(3,48),CEEE(5,85), DME-P.Caldas(2,89)
Tractebel
Machadinho Energética S.A.(Maesa)
Gerasul
Consórcio Machadinho
UHE Machadinho
83,06%83,06% 16,94%16,94%
100%100%
ESTRUTURA SOCIETÁRIA
MAESAMAESA
30
Aneel
ACIONISTAS
SPEMAESA
Debêntures
BNDES
AmortizaçãoServiço da dívida
UNEMACCamargo Corrêa
CNECABB
CoemsaVoith
BardellaAlston
Siemens
Seguradoras
Gerasul
Contrato deconcessão
O&M
ConsórcioMachadinho
LicenciamentoReservatório
Equity ContratoAluguel
Autoprodutores(Fiadores)ConcessionáriasPPI
Trustee Ingressos
MAESAMAESA
31
Usina Hidrelétrica
SPE (Maesa)83,1% da UHE
AutoprodutoresConc. Energia
elétrica IPP
Obrigações financeiras
Contrato EPC
Gerasul16,9% da usina
Acionistas da Maesa
FLUXOS DE RECURSOS 83,1%
Energia
16,9%
Energia
R$
R$
Cap. SocialPagt.arrendamento
Cap. Social
Pagt.arrendamento
Cap. Social
Pagt Arrendamento
MAESAMAESA
32
Sóciosinadimplentes
Outros
Debenturistas
BNDES
MAESA
Projeto Machadinho – Security Package
Inadimplência até 90 dias: arrendamento/acordo de acionistas
Aluguel
Ativos
Sóciosadimplentes
Ativos
Aluguel
R$
R$
R$
1 – Inadimplente continua a usufruir da energia
2 – Adimplentes acumulam créditos contra inadimplentes
MAESAMAESA
33
Riscos em Projetos
Riscos de construção
Riscos de operação
Riscos no suprimento ou na matéria-prima
Riscos de tecnologia
Riscos da produção ou do mercado
Riscos políticos ou de regulação (Atos de Império)
Riscos ambientais e regulatórios
Riscos de caso fortuito ou força maior
34
Project Finance : Medidas Mitigadoras
Contratos: PPA
Contrato de Take-or-Pay etc
Instrumentos de Mercado: Opções Swap Contratos Futuros etc
Seguros
Garantias Complementares
35
Project Finance: Vantagens & Desvantagens
Vantagens para patrocinadores
Desvantagens para patrocinadores
Aumento da alavancagem financeira, sem comprometer o balanço dos patrocinadores.
Complexa estrutura contratual e de demorada negociação.
Segregação do risco através da SPE, controlando as variáveis estranhas ao projeto.
Custo elevado para a estruturação e contratação de serviços de terceiros independentes.
Substituição das garantias usuais (sem bancabilidade) pelas de desempenho e aumento da monitoração por stakeholders.
Processo demorado de contratação de suportes para dar conforto aos credores na mitigação dos riscos (ingerência).
36
Por que não se aplica a PPP legal ao SEBPor que não se aplica a PPP legal ao SEB
Atingimento de metas contratuais
EmpréstimosEmpréstimos
75%75%
25%
Sócios Privados
BNDESe Outros
C/C ou Fundo.Colchão de
liquidez
ReceitaOperacional
Tesouro ou Fundo FiscalTesouro ou
Fundo Fiscal
Operadores
FornecedoresSPEou
Empreendimento
Construtores
AgenteFiduciá
rio
AgenteFiduciá
rio
ESTADO
Regulação e FiscalizaçãoRegulação e Fiscalização
37
Fundo como Mitigador de Risco PolíticoFundo como Mitigador de Risco Político
4 - Cobra do Estado4 - Cobra do Estado2 - execução por 2 - execução por não pagamentonão pagamento
3 - Fundo paga SPE
3 - Fundo paga SPE
Poder Público
- Tesouro
Direito PúblicoDireito Público
SPEFundo de garantia
oude liquidez?
5 – Reposição do Fundo pelo
Estado
5 – Reposição do Fundo pelo
Estado
1 - Pagamento ordinário da PPP do Estado para a SPE – se falhar…
1 - Pagamento ordinário da PPP do Estado para a SPE – se falhar…
Direito Privado
Estrutura “Tradicional”
De Financiamento:
Modelos de Estruturação Financeira
Longo Prazo+
Capital Próprio (Equity)
Estrutura “Híbrida”:Empréstimo para implantação (Full
recourse: FC)+
Capital Próprio
(sócios)
Empréstimo de Longo Prazo para Operação (PF
limited recourse)
Construção / Operação
Envolve elementos de Corporate Finance e Project Finance
Empréstimo Ponte (construção) através de (consórcio) de agente(s) financeiro(s)
ProjetosAmpliação
Modernização
Fase de Implantação
Risco Elevado
InícioOperação
Médio Risco
Operação Curso Normal
Receitasem Fase
Experimental
A - Operação Satisfatória(Receita Estabilizada)
B - Operação Insatisfatória(Receita Abaixo Previsto)
C - Operação Bem Sucedida(Receita Acima do Previsto)
Receitas Crescentes, Estabilizadas ou em
Queda
ProjetosNovos
“Greenfield”
Inexistência de Receitas /
Receitas Iniciais
Risco vs. Evolução da OperaçãoRisco vs. Evolução da Operação
BB
AACC
CARÊNCIACORPORATE?
AMORTIZAÇÃOPROJECT?
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Investidores
Novo padrão de financiamento para o SEB, dentro do Modelo
de Parceria Estratégica Público-Privado.
Deve-se considerar as condições basicamente exigidas por
investidores:
I - rentabilidade adequada;
Ii - índice de correção adequado;
iii - mitigação de risco político; e
Iv - financiamento de longo prazo (compatível com sua taxa
interna de retorno).
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Fundos de Pensão: ALM -Asset Liability Management
Fluxo de Recebimentos Previsíveis x Obrigações PrevidenciaisPosição em: 29/out/2004
Fluxo de Recebimentos
Previsíveis(1)
Debêntures com Repactuação
59
61
68
66
72
75
77
68
75
70
63
57
51
45
40
35
30
25
21
16
12
Obrigações Previdenciais (2)
0
50
100
150
200
250
300
350
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
2023
2024
2025
2026
2027
2028
2029
2030
2031
2032
2033
2034
2035
2036
2037
2038
2039
2040
Anos
R$ M
ilh
ões
Duration (em anos): Fluxo de Recebimentos Previsíveis: 4,11 anos Obrigações Previdenciais: 14,25 anos
(1) Fluxo de Recebimentos Previsíveis considera a carteira de renda fixa administrada FAPES com os fundos Mellon, a carteira de imóveis e os contratos com os patrocinadores.
(2) Obrigações Previdenciais considera os encargos com os participantes, descontadas as contribuições previdenciais.
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Agentes Financeiros
Já os agentes financeiros têm padrões internacionais de
aceitação de condições mínimas para emprestar
(“bancabilidade”) a um segmento como o SEB, que podem ser
assim resumidos:
I - previsibilidade do fluxo de caixa (direitos emergentes da
concessão passam a ser dados como conforto de credores);
Ii -mitigação de riscos de construção ou de operação;
iii – possibilidade de securitização; e
iv - mitigação de risco político, incluindo a mitigação do risco
cambial (IPCA substituindo o IGP-M, por exemplo).
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Financiamento de PCHs em Sistema de Portfólio
PCH 4
AgênciasMultilaterais
BNDES%
%
%
%
Financiamentos respeitandoBASILÉIA II
BancosComerciais
Tradings
Holding
PCH 3
PCH 2
PCH 1R$ milhões
R$ milhões
R$ milhões
R$ milhões
Interveniente Fiadora (full recourse) e serve à
consolidação do risco
Comprometimento em portfóliocom operações indivudualizadas
Compartilhamento de garantias
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Mitigação de Risco em Portfólio
Empreitada ou turn key
Empreitada ou turn key
CCVE com Eletrobrás por 20
anos
CCVE com Eletrobrás por 20
anos
MRE equaliza risco de
produção
MRE equaliza risco de
produção
Entrada de sócio estatal
virtual
Entrada de sócio estatal
virtual
Prioridade no despacho na
ONS
Prioridade no despacho na
ONS
Consórcio de bancos credores
Consórcio de bancos credores
O Sistema de Portfólio também mitiga risco operacional
Mitiga risco de construção
Mitiga risco operacinalMitiga risco de implantação, substituindo sócio original sem assumir o controle
Mitiga risco operacional
Piso mínimo mensal mitiga risco de mercado
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Novo modelo de financiamento para o SEB
SPE auto-sustentáveis (joint-venture) com participação
minoritária estatal, para permitir o financiamento por
agentes financeiros públicos em condições de operar.
Marco legal já definido (em oposição a saneamento) dá
previsibilidade às receitas de estatais permitindo a
introdução de novos instrumentos que poderão auxiliar a
estruturação dos financiamentos de longo prazo através da
parceria entre agentes privados e públicos.
Não há paralisação dos investimentos e o risco decresce.
Futuros questionamentos: conflitos entre os participantes
inerentes a seus interesses e governança corporativa.
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Conclusão
A Parceria Estratégica Público-Privado parece refletir uma
combinação de características dos modelos anteriores
sem misturar-se com eles, pois mantém o modelo de
concessões comuns, atrai o capital internacional de risco
e de empréstimo, tem a prevalência do interesse público
dos entes estatais e do papel Regulador do Estado, busca
a eficiência como modo de atender às práticas
prudenciais de Direito Privado exigidas pelo mercado
financeiro e de capitais, bem como utiliza sofisticadas
estruturas de apoio calcadas no retorno do investimento
e na divisão do risco do projeto entre as partes
interessadas.
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Obrigado pela atenção !