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    PRODUO E EXECUO DE LAJES PR-MOLDADAS EMLAGARTO/SE

    Arago, Helio Guimares (1); Almeida, Joo Kleber Santos (2); Ferreira,Maxwell Dos Santos (3); Santos, Josefran de Amorim (4)(1)Professor Mestre, Instituto Federal de Educao,Cincia e Tecnologia de Sergipe,[email protected](2) Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Sergipe,[email protected](3) Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Sergipe,[email protected](4) Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Sergipe,[email protected] Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Sergipe, Rodovia Lourival Baptista,S/N-Lagarto-SE

    RESUMO

    No Brasil, a gerao e distribuio de renda e o dficit habitacional,representam alguns dos graves problemas a serem enfrentados pelasautoridades e sociedade em geral. Na soluo deste problema, precisoadotar um novo rumo para a construo civil, uma vez que este o setordiretamente relacionado com a execuo de novas moradias e uma grandegeradora de trabalho e renda. Analisada sob aspectos tcnicos, a problemticada moradia se agrava pelo uso e desenvolvimento insuficiente de novastecnologias; desperdcio de materiais; baixa qualificao profissional. Oconsumo excessivo de material e o alto ndice de perdas promovem umacrscimo custo total dos empreendimentos, visto que muitos materiais noatendem as especificaes tcnicas. Um exemplo o setor de lajes pr-moldadas, composto por micro e pequenas empresas que no alcanamnecessria conformidade tcnica, contribuindo para ampliar o custo final dasedificaes e dificultando ainda mais o acesso moradia. Considerando queesse elemento construtivo um dos mais utilizados em alguns tipos dehabitaes de interesse social, na forma de piso em sobrados geminados eedifcios, na cidade de Lagarto/SE, verifica-se que a adoo de novastecnologias para melhoria da qualidade e reduo dos custos dos mesmos

    fundamental para reduo do dficit habitacional. Deste modo, detectou-se anecessidade de um estudo no processo de fabricao e execuo dessas lajesna cidade de Lagarto, com o objetivo de evitar manifestaes patolgicasprejudiciais a construo e reduzir custo final da execuo desse sistemaatravs de processos de fabricao e montagem adequados, de acordo com asnormas tcnicas e com procedimentos racionalizados.

    mailto:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]:[email protected]
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    1-INTRODUO

    As lajes pr-moldadas so aquelas formadas por uma parte pr-moldada (vigotas), um elemento de enchimento (bloco cermico ou poliestireno

    expandido-EPS) e uma capa de concreto moldada no local da obra.So sistemas estruturais amplamente usados em todas as regies dopas, j que as vigotas e os elementos de enchimento, por serem pr-fabricadas, so de fcil montagem e servem de frma para a capa de concretoque moldada no local da obra, essa caracterstica para esse tipo de laje trazreduo na quantidade de escoras utilizadas reduzindo o custo final deexecuo.

    Elas so utilizadas em pequenas obras e em obras de conjuntoshabitacionais. A fabricao das vigotas geralmente feita por pequenasfbricas sem o devido controle da trabalhabilidade do concreto, da umidade daareia utilizada na mistura, a vibrao do concreto tambm no realizada e

    no so feitos ensaios de resistncia compresso, essa falta de controle noprocesso de fabricao das vigotas pode resultar em um produto sem aqualidade adequada produzindo diversos problemas para a edificao como osurgimento de fissuras e vazios na seo, cobrimento insuficiente e peas sema resistncia devida.

    Alm de uma fabricao inadequada, essas lajes na maioria dos casos,so montadas sem um acompanhamento tcnico efetivo e sem um projeto deestruturas adequado, isso provoca erros de execuo, que podem gerardesperdcios na obra, surgimento de fissuras e deslocamentos excessivos.

    Neste trabalho sero discutidos detalhes de fabricao e execuocomo a escolha do concreto com resistncia adequada, tcnicas de cura eadensamento do concreto, ensaios necessrios no canteiro de obras,lanamento do concreto, cuidado na confeco de frmas, distncia mnimaentre as escoras, utilizao de contra-flecha, entre outros aspectos ligados fabricao e execuo dessas lajes.Sendo assim, este estudo pretende demonstrar tcnicas eficazes para amelhoria da produo e execuo de lajes pr-moldadas na cidade de Lagarto,com objetivo de reduzir o desperdcio de materiais, o custo final de execuo,alm evitar manifestaes patolgicas indesejveis.

    2- LAJES PR-MOLDADAS

    2.1-CONCEITOS

    As lajes pr-moldadas so aquelas formadas por uma parte pr-moldada de concreto armado (vigotas), um elemento de enchimento (blococermico ou poliestireno expandido-EPS) e uma capa de concreto moldada nolocal.

    Esse tipo de laje um elemento estrutural amplamente usado em todasas regies do pas, j que as vigotas e os elementos de enchimento, por serempr-fabricados, so de fcil montagem e servem de forma para a capa de

    concreto que moldada no local da obra. Essa caracterstica para esse tipo de

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    laje tambm traz reduo na quantidade de escoras utilizadas, quandocomparada com a laje macia.

    Estruturalmente as lajes formadas por vigotas pr-moldadas, em funode sua geometria, so consideradas lajes nervuradas, e apesar do grandevolume de concreto moldado no local, so caracterizadas como lajes pr-

    moldadas, portanto, laje pr-moldada nervurada.A figura 1 apresenta as sees transversais para as lajes pr-moldadasespecificadas pela NBR 14859-1 (ABNT, 2002).

    a) Laje tipo trilho em concreto armado

    b) Lajes com vigotas tipo treliab) Lajes com vigotas tipo trelia

    Figura 1 Sees transversais de laje pr-moldadasNBR 14859-1(ABNT-2002)

    As lajes mostradas nas figuras 1ae 1b so mais utilizadas, sendo a laje comvigotas tipo trilho em concreto armado para vos menores, atingindo um valorde at 5m, e a laje com vigota tipo trelia para vos maiores, atingindo um valor

    de at 12m.Neste trabalho sero abordadas as lajes formadas pelos seguintes elementos:vigotas pr-moldadas, bloco cermico como elementos de enchimento,armadura de distribuio e uma capa de concreto moldada no local comomostram as figuras: 2a, 2b e 2c.

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    Figura 3a- Laje pr-moldada com bloco cermico-vista por baixo

    Figura 3b- Laje pr-moldada com bloco cermico e armadura de distribuio

    2.2-PROCESSO EXECUTIVO

    Os elementos pr-moldados, nas fases de montagem e concretagem, soelementos resistentes do sistema, e possuem a capacidade de suportar, alm

    de seu peso prprio, a ao dos elementos de enchimento, do concreto dacapa e de uma pequena carga acidental. Dessa maneira, o escoramentonecessrio para executar uma laje desse tipo no requer um grande nmero depontaletes ou escoras (Figuras 4a e 4b). Alm disso, para executar aconcretagem da capa no necessrio o uso de frmas, como o caso daslajes macias de concreto, pois o elemento de enchimento possui essa funo.

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    Figura 3a- Detalhes dos apoios e contraventamentos das escoras

    Figura 3b- Detalhe da montagem da laje

    3-IDENTIFICAO DAS OBRAS ESTUDADAS

    Para a verificao da forma executiva do sistema de laje pr-moldada nacidade de Lagarto/SE foram visitadas trs obras que sero descritas a seguir.

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    3.1-OBRA 1-AMPLIAO DA PREFEITURA

    Uma das obras estudadas foi a ampliao da prefeitura de Lagarto-SE,Estaconstruo foi realizada com lajes pr-moldadas formadas por vigotastreliadas, elementos de enchimento em blocos cermicos e capa de concretocom armadura de distribuio, a figura 4 mostra a laje pr-moldada momomento da sua montagemVerificou-se que nesta obra o procedimento executivo foi realizado de acordocom o que recomendado pelo meio tcnico. As vigotas e os elementos deenchimento estavam com as suas dimenses compatveis com o querecomenda a NBR 14859-1 (ABNT 2002). Apesar de possuir um projetoestrutural para a laje, este no recomendava a utilizao de armadura adicionale observou-se atravs do STG Software de Trelias GERDAU que a armaduraadicional deveria ser colocada para os vos e o carregamentos propostos.As figuras a seguir mostram alguns procedimentos executivos utilizados nesta

    obra.

    Figura 4-Montagem das vigotas Figura 5-Apoio das vigotas

    Figura 6-Escoramento da Laje Figura 7-Vista superior da laje

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    3.2-PIZZARIA

    A obra 2 foi a construo de uma pizzaria, e assim como na obra 1, estaconstruo foi realizada com lajes pr-moldadas formadas por vigotastreliadas, elementos de enchimento em blocos cermicos e capa de concretocom armadura de distribuio.Nesta obra, o procedimento executivo, tambm foi realizado de acordo com oque recomendado pelo meio tcnico. As vigotas e os elementos deenchimento estavam com as suas dimenses compatveis com o querecomenda a NBR 14859-1 (ABNT 2002). Mesmo com um projeto estruturalpara a laje, este no recomendava a utilizao de armadura adicional eobservou-se atravs do STG Software de Trelias GERDAU que a armaduraadicional deveria ser colocada para o vo e o carregamento proposto.As figuras a seguir mostram alguns procedimentos executivos utilizados nestaobra

    Figura 8-Vigotas e blocos cermicos

    Figura 9-Escoramento da Laje

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    3.3-OBRA RESIDENCIAL DE PEQUENO PORTE

    A terceira obra estudada foi uma construo residencial de pequeno porte, damesma forma que as outras duas obras descritas anteriormente, esta obra foirealizada com lajes pr-moldadas formadas por vigotas treliadas, elementosde enchimento em blocos cermicos e capa de concreto com armadura dedistribuio (figura10).Assim como nas obras estudas anteriormente, o procedimento executivo foirealizado de acordo com o que recomendado pelo meio tcnico. As vigotas eos elementos de enchimento estavam com as suas dimenses compatveiscom o que recomenda a NBR 14859-1 (ABNT 2002). Por no possuir umprojeto estrutural para laje, no foi utilizada armadura adicional nas vigotas,uma simulao realizada atravs do STG Software de Trelias GERDAUverificou que a armadura adicional deveria ser colocada para o vo e ocarregamento proposto.As figuras a seguir mostram alguns procedimentos executivos utilizados nesta

    obra.

    Figura 10-Vista superior da laje

    Figura 11-Escoramento da Laje

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    4- FABRICAO DAS VIGOTAS

    Segundo a NBR 14859-1 as vigotas pr-fabricadas devem ser executadasindustrialmente fora do local de utilizao definitivo da estrutura, ou mesmo emcanteiros de obra, sob rigorosas condies de controle de qualidade.Para a verificao das condies de fabricao das vigotas na cidade deLagarto/SE foram visitadas trs fbricas destes elementos.As trs fbricas so de pequeno porte e produzem vigotas em concretoarmado.Nelas so produzidas dois tipos de vigotas, a tipo trilho e a treliada. Avigota tipo trilho em funo da sua limitao de resistncia no est sendomuito utilizada em Lagarto/SE, ao contrrio da treliada que tem sidoexecutada com maior freqncia. Na fabricao das vigotas treliadas soutilizados 3 ferros de 4.2 mm, alm de uma ferragem adicional de 5.0 mm.No processo de moldagem so utilizadas frmas de ao, a desforma ocorredois dias aps a concretagem e o processo de cura realizado ainda com avigota dentro da forma

    Verificou-se, ainda, que em todas as fbricas estudadas, no existe umapreocupao na determinao do trao do concreto utilizado nas vigotas porparte dos responsveis pela produo dos elementos estruturais, alm disso,no so realizados ensaios para se verificar a qualidade do concreto produzido.As figuras a seguir mostram alguns procedimentos utilizados na produo devigotas pr-moldadas.

    Figura 12 Vigotas nas frmas de ao Figura 13 Estoque de vigotas.

    Figura 14 Armao das vigotas. Figura 15 Tanque para cura

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    Figura 16 Concretagem da vigota Figura 17 - Betoneira

    5- CONCLUSO

    Verificou-se atravs das trs obras descritas no item 3, que a primeira ea segunda, apesar de possurem responsveis tcnicos, projeto estrutural daslajes pr-moldadas e a necessidade, segundo clculo, de uma armaduraadicional nas vigotas, no atendem ao que prescreve a NBR14859 no seu item3.1.3 que determina a colocao de uma armadura complementar ou armaduraadicional longitudinal dimensionada e disposta de acordo com o projeto da laje.A terceira obra tambm no atende ao item 3.1.3 da NBR14859, j que nopossui armadura adicional necessria em alguns vos.Segundo Arago(2009),a falta da armadura adicional na vigota no significa que a laje chegar ao seuestado limite ltimo (ruptura) definido pela NBR 6118:2004, j que estudosexperimentais mostram que mecanismos diversos proporcionam umcomportamento em servio, das lajes pr-moldadas, muito superior queleesperado no clculo estrutural. Arago (2007), ensaiou lajes pr-moldadas ecomparou os resultados tericos com os experimentais,verificou-se que a curvamomentoxdeslocamento experimental possui deslocamentos menores que acurva terica para um mesmo valor de momento (figura 18), isso mostra que

    realmente, os modelos tericos adotados nos clculos das lajes pr-moldadas,so bem conservadores.A figura 19 mostra o prottipo da laje pr-moldada no momento do

    ensaio.

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    Figura 18 Grfico Momentoxdeslocamento- laje pr-moldada - (Arago-2007)

    Figura 19 Laje pr-modada no momento do ensaio - (Arago-2007)

    A falta da armadura adicional, observada nas trs obras visitadas podeno causar problemas no estado limite ltimo da pea (ruptura), mas podeacarretar manifestaes patolgicas tais como fissurao, deslocamentoexcessivo e vibraes indesejadas na estrutura, no atendendo portanto, aoestado limite de servio estabelecido pela NBR:6118-2004 , trazendo

    problemas no uso das edificaes .

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    Quanto a fabricao das vigotas descritas no item 4, verificou-se quetodas as fbricas no possuem o controle de qualidade adequado na produoe lanamento do concreto da base da vigota, essa falta de qualidade pode noser prejudicial ao comportamento estrutural da laje, porque na grande maioriados casos elas se encontram na regio de trao do elemento estrutural, e

    como no modelo de clculo adotado para o dimensionamento de peas emconcreto armado, a seo tracionada do concreto desprezada, ele noprecisaria ter uma grande resistncia, mas sabe-se que a funo do concretono apenas a de resistir aos esforos de compresso, ele tambm tem afuno de proteger a armadura e aumentar a vida til da estrutura, para isso oconcreto precisa ser bem dosado, lanado e adensado. Como no caso dasfbricas de vigotas estudadas, esses cuidados no foram observados, osconcretos fabricados para a base da vigota, podem comprometer adurabilidade da estrutura.

    Sendo assim, verificou-se atravs deste estudo a necessidade de umamelhoria nos processos executivos e na fabricao das vigotas para lajes pr-

    moldadas, com o objetivo de se evitar manifestaes patolgicas quecomprometam o uso das edificaes.

    6-REFERNCIA BIBLIOGRFICA

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