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CML EDUCACIONAL FATECE CURSO DE PÓS – GRADUAÇÃO PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL LATO – SENSU INTRODUÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA SÃO PAULO 2011 1

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CML EDUCACIONAL

FATECE

CURSO DE PÓS – GRADUAÇÃOPSICOPEDAGOGIA

CLÍNICA E INSTITUCIONAL

LATO – SENSU

INTRODUÇÃO DA PSICOPEDAGOGIA

SÃO PAULO2011

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UM POUCO DA HISTÓRIA DA PSICOPEDAGOGIA

Com a chegada da era industrial, também chegou a preocupação com a produtividade e com tudo o que atrapalhava a possibilidade de produzir.

As dificuldades de aprendizagem passaram a ser foco de atenção, e a Medicina começou a estudar a causa dos problemas e suas possíveis correções. A primeira guerra mundial, em andamento na época, oferecia a oportunidade de se descobrir, no cérebro dos guerrilheiros atingidos, a relação das áreas cerebrais danificadas com as funções que apareciam prejudicadas.

A Oftalmologia, a Neurologia, a Psiquiatria eram algumas das áreas da Medicina que se ocupavam com esses estudos.

No final do século XIX, educadores, psiquiatras e neuro-psiquiatras começaram a se preocupar com os aspectos que interferiam na aprendizagem e a organizar métodos para a educação infantil. Desta época, temos a colaboração de Seguin, Esquirol, Montessori e Decroly, entre outros.

Segundo MERY (1985) os Centros Psicopedagógicos foram fundados na Europa, a partir da segunda metade do século XX, e objetivavam, a partir da integração de conhecimentos pedagógicos e psicanalíticos, atender pessoas que apresentavam dificuldades para aprender apesar de serem inteligentes.

Nos Estados Unidos, o mesmo movimento acontecia, enfatizando mais os conhecimentos médicos e dando um caráter mais organicista a esta preocupação com as dificuldades de aprendizagem.

Muitas definições foram elaboradas para diferenciar aqueles que não aprendiam, apesar de serem inteligentes, daqueles que apresentavam deficiências mentais, físicas e sensoriais.

Os esforços de investigadores americanos, como Samuel Orton, segundo GEARHART (1978), resultaram em processos de tratamento altamente desenvolvidos dessas dificuldades, que incluíam, além de médicos, também psicólogos, foniatras, pedagogos e professores, que atendiam em clínicas, seguindo um modelo multidisciplinar.

O movimento europeu acabou por originar a Psicopedagogia, enquanto que o movimento americano proliferou a crença de que os problemas de aprendizagem possuíam causas orgânicas e precisavam de atendimento especializado, influenciando parte do

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movimento da Psicologia Escolar que, até bem pouco tempo, segundo BOSSA (1994), determinou a forma de tratamento dada ao fracasso escolar.

A corrente européia influenciou a Argentina, que passou a cuidar de suas pessoas portadoras de dificuldade de aprendizagem, há mais de 30 anos, realizando um trabalho de reeducação. Mais tarde, este acabou sendo o objeto de estudo que contava com os conhecimentos da Psicanálise e da Psicologia Genética, além de todo o conhecimento de linguagem e de psicomotricidade, que eram acionados para melhorar a compreensão das referidas dificuldades.

Foi na década de 70 que surgiram, em Buenos Aires, os Centros de Saúde Mental, onde equipes de psicopedagogos atuavam fazendo diagnóstico e tratamento. Estes psicopedagogos perceberem um ano após o tratamento que os pacientes resolveram seus problemas de aprendizagem, mas desenvolveram distúrbios de personalidade como deslocamento de sintoma. Resolveram então incluir o olhar e a escuta clínica psicanalítica, perfil atual do psicopedagogo argentino (Id. Ibid., 2000, p.41).

Na Argentina, a psicopedagogia tem um caráter diferenciado da psicopedagogia no Brasil. São aplicados testes de uso corrente, “alguns dos quais não sendo permitidos aos brasileiros...” (Id. Ibid., p. 42), por ser considerado de uso exclusivo dos psicólogos (cf. BOSSA, p. 58). “... os instrumentos empregados são mais variados, recorrendo o psicopedagogo argentino, em geral, a provas de inteligência, provas de nível de pensamento; avaliação do nível pedagógico; avaliação perceptomotora; testes projetivos; testes psicomotores; hora do jogo psicopedagógico” (Id. Ibid., 2000, p. 42).

A psicopedagogia chegou ao Brasil, na década de 70, cujas dificuldades de aprendizagem nesta época eram associadas a uma disfunção neurológica denominada de disfunção cerebral mínima (DCM) que virou moda neste período, servindo para camuflar problemas sociopedagógicos.

Inicialmente, os problemas de aprendizagem foram estudados e tratados por médicos na Europa no século XIX e no Brasil percebemos, ainda hoje, que na maioria das vezes a primeira atitude dos familiares é levar seus filhos a uma consulta médica.

Na prática do psicopedagogo, ainda hoje é comum receber no consultório crianças que já foram examinadas por um médico, por indicação da escola ou mesmo por iniciativa da família, devido aos problemas que está apresentando na escola (Id. Ibid., 2000, p. 50).

A Psicopedagogia foi introduzida aqui no Brasil baseada nos modelos médicos de atuação e foi dentro desta concepção de problemas de aprendizagem que se iniciaram, a partir de 1970, cursos de formação de especialistas em Psicopedagogia na Clínica Médico-Pedagógica de Porto Alegre, com a duração de dois anos (Id. Ibid., 2000, p. 52).

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Inicialmente uma ação subsidiada da Medicina e da Psicologia, perfilando-se posteriormente como um conhecimento independente e complementar, possuída de um objeto de estudo, denominado de processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e preventivos próprios (VISCA apud BOSSA, 2000, p. 21).

Com esta visão de uma formação independente, porém complementar, destas duas áreas, o Brasil recebeu contribuições, para o desenvolvimento da área psicopedagógica, de profissionais argentinos tais como: Sara Paín, Jacob Feldmann, Ana Maria Muniz, Jorge Visca, dentre outros.

Temos o professor argentino Jorge Visca como um dos maiores contribuintes da difusão psicopedagógica no Brasil. Foi o criador da Epistemologia Convergente, linha teórica que propõe um trabalho com a aprendizagem utilizando-se da integração de três linhas da Psicologia:

● Escola de Genebra - Psicogenética de Piaget (já que ninguém pode aprender além do que sua estrutura cognitiva permite),

● Escola Psicanalítica - Freud (já que dois sujeitos com igual nível cognitivo e distintos investimentos afetivos em relação a um objeto aprenderão de forma diferente) e

● Escola de Psicologia Social de Enrique Pichon Rivière (pois se ocorresse uma paridade do cognitivo e afetivo em dois sujeitos de distinta cultura, também suas aprendizagens em relação a um mesmo objeto seriam diferentes, devido às influências que sofreram por seus meios sócio-culturais) (VISCA, 1991, p. 66).

Visca propõe o trabalho com a aprendizagem utilizando-se de uma confluência dos achados teóricos da escola de Genebra, em que o principal objeto de estudo são os níveis de inteligência, com as teorizações da psicanálise sobre as manifestações emocionais que representam seu interesse predominante. A esta confluência, junta, também, as proposições da psicologia social de Pichon Rivière, mormente porque a aprendizagem escolar, além do lidar com o cognitivo e com o emocional, lida também com relações interpessoais vivenciadas em grupos sociais específicos (França apud Sisto et. al. 2002, p. ).

A análise do sujeito através de correntes distintas do pensamento psicológico concebeu uma proposta de diagnóstico, de processo corretor e de prevenção, dando origem ao método clínico psicopedagógico.

...quando se fala de psicopedagogia clínica, se está fazendo referência a um método com o qual se tenta conduzir à aprendizagem e não a uma corrente teórica ou escola. Em concordância com o método clínico podem-se utilizar diferentes enfoques teóricos. O que eu preconizo é o da epistemologia convergente (VISCA, 1987, p. 16).

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Existe, em nosso país a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) que dá um norte a esta profissão. Ela é responsável pela organização de eventos, pela publicação de temas relacionados à Psicopedagogia. (Simaia Sampaio - Pedagoga e PsicopedagogIa)

Contextualizar a psicopedagogia

A Psicopedagogia é um estudo que se constituiu a partir de dois saberes e práticas:

> a psicologia > a pedagogia

Neste campo de mediação, recebeu também influências da lingüística, da semi-ótica, da neuropsicologia, psicofisiologia, da filosofia humanista-existencial e da medicina.

A origem do termo psicologia vem do grego. Psique significa “alma”; e logos significa “palavra”, “razão”, “estudo”. É a ciência que estuda os processos mentais (senti-mentos, pensamentos, razão) e o comportamento humano e animal (para fins de pesqui-sa e correlação na área da psicologia comparada).

O ser humano é visto como um ser biopsicosocial .

A palavra pedagogia tem origem na Grécia antiga: paidós (criança) e agogé

(condução). O pedagogo era o escravo que conduzia as crianças.

Segundo Gambi, a pedagogia é a ciência ou disciplina cujo objetivo é a reflexão, ordenação, a sistematização e a crítica do processo educativo.

Em uma relação com o contexto educacional mais amplo bem como seu suporte ao trabalho do psicopedagogo, vamos analisar;

Psicologia + Pedagogia

A busca do bem-estar do indivíduo Conhecimento cognitivo e intelectual

Psicopedagogia

Relaciona a capacidade de o indivíduo se sentir competente no seu aprendizado e o relaciona com o prazer.

Psicopedagogia – caráter inter e transdisciplinar

A psicopedagogia não é somente a junção dos conhecimentos somados entre a psicologia e a pedagogia, mas, também, faz uso da integração e síntese de vários campos do conhecimento, tais como a neurologia, a medicina, a psicofisiologia, a semiótica, a lin-

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güística, entre outros, o que lhe confere um caráter inter e trans-disciplinar na sua práxis voltada aos processos de ensino-aprendizagem. (BOSSA, 1999)

Articulação de várias disciplinas

Segundo Bossa, as articulações entre a psicopedagogia e as ciências humanas e biológicas propiciam ao psicopedagogo a possibilidade de atuar em diferentes universos institucionalizados (escola, hospitais, consultório, empresas). Para tanto, a atuação do psi-copedagogo deve considerar a análise do contexto em que se desenvolve o processo de aprendizagem, bem como dos problemas que emergem da interação social, tendo em vista o foco principal: o sujeito que aprende.

A interdisciplinaridade pode ser observada nos profissionais que buscam a Psico-pedagogia como especialização. Estes profissionais são oriundos de diferentes graduações pedagogia, psicologia, fonoaudiologia, letras, matemática etc, que, em função de sua cons- ciência, busca uma transformação de suas concepções e do seu fazer, aprimorando a sua práxis.

A partir dessa compreensão, constroem-se alternativas de ação para uma mu-dança significativa nas posturas frente ao ensinar e ao aprender. Diante disso, o psicope-dagogo deve ter um conhecimento amplo sobre o processo de desenvolvimento e apren-dizagem, a fim de que possa detectar possíveis fatores que interferem na consecução de tal processo, e, dessa forma, deve realizar diagnósticos eficientes e intervenções significativas.

Psicopedagogia, esta ciência que busca compreender o processo de desenvolvi-mento humano de aprendizagem e as suas possíveis dificuldades para que possa realizar intervenções significativas.

Objetivos da Psicopedagogia

Os objetivos da Psicopedagogia estão relacionados a favorecer e auxiliar aqueles sujeitos que apresentam dificuldades ou estão impedidos para o saber, bem como auxiliar indivíduos que apresentam distúrbios de aprendizagem, ajudar o indivíduo na busca de alternativas para alcançar o saber e a re-significar conceitos que o influenciam no momento de aprender.

Para tanto, reintegrar o indivíduo a uma vida escolar e social mais satisfatória, e levá-lo a uma relação mais afetiva consigo e com o outro, é um compromisso da Psicopedagogia. Ela ainda favorece, com a sua prática, o encontro do sujeito com as suas próprias potencialidades e o reconhecimento de suas limitações e de como lidar com elas. (ORTIGOZA, 2004)

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Enquanto especialidade, vai em busca da compreensão do processo de apren-dizagem humana para atuar nos seus distúrbios, encontrando caminhos e soluções para as situações problemáticas, explorando a construção do conhecimento em toda a sua complexidade, procurando colocar em igualdade os aspectos cognitivos, afetivos e sociais objetivando a melhoria do desenvolvimento das relações humanas tanto em nível pessoal como em nível social e grupal.

Campos de atuação

Embora a escola não seja o único campo de atuação do psicopedagogo, é nela que se observam os principais problemas relacionados à aprendizagem.

O psicopedagogo trabalha com as dificuldades de aprendizagem, portanto ele pode atuar em clínica ou na instituição escolar para ajudar a solucionar essa dificuldade.

Atualmente, porém, seu campo de atuação está sendo pesquisado e ampliado para hospitais e instituições educativas e empresariais, além de atuações em Secretarias Municipais de Educação e Superintendência de Ensino.

Tanto a Psicopedagogia Hospitalar como a Empresarial são campos de atuação novos e estão sendo estudados, pesquisados e a produção científica é muito limitada, em-bora apresente resultados expressivos.

Psicopedagogia Clínica e/ou Institucional (escola ou creche)

Psicopedagogia Clínica

A atividade clínica (terapêutica) caracteriza-se pelo atendimento em consultório com o intuito de reconhecer e atender as alterações de aprendizagem de natureza patológi-ca, ou seja, retirar as pessoas da sua condição inadequada de aprendizagem fazendo-as perceber suas potencialidades e recuperando, desta forma, seus processos internos no que diz respeito aos aspectos:

cognitivo, afetivo-emocional e de conteúdos acadêmicos.

O aspecto clínico da Psicopedagogia é realizado em Centros de Atendimento ou Clínicas e as atividades ocorrem, geralmente, de forma individual.

Sua principal técnica de trabalho seria o diagnóstico psicopedagógico.

No aspecto clínico, o trabalho do psicopedagogo é constituído por: avaliar e diagnosticar as condições da aprendizagem por meio do diagnóstico clínico.

Para tanto, utilizam-se:

entrevistas,7

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anamnese, provas psicomotoras, provas de linguagem, provas de nível mental, provas pedagógicas, provas de percepção, provas projetivas e outras,

Conforme o referencial teórico adotado pelo profissional;

- realizar devolutivas para os pais ou responsáveis, para a escola e para o aprendente;

- atender o aprendente e estabelecer um processo corretor psico-pedagógico com o objetivo de superar as dificuldades encontradas na avaliação;

- orientar os pais quanto às suas atitudes para com os filhos, bem como professores para com seus alunos;

- pesquisar e conhecer, com profundidade, a etiologia ou a patologia do aprendente.

Atualmente, o psicopedagogo não pode abrir uma clínica particular de psicope-dagogia, porém ele pode abrir uma sala de atendimento pedagógico para crianças e/ou adolescentes numa espécie de acompanhamento escolar.

Psicopedagogia Institucional

A Psicopedagogia institucional estuda e cria condições para uma melhor apren-dizagem individual e grupal nas instituições educativas ou em situações de aprendizagem (nível individual, grupal, institucional e comunitário).

Compreende a investigação, o assessoramento e o planejamento do aprendiza-do; o assessoramento em equipes interdisciplinares referentes à educação e/ou à saúde mental; cursos de orientação a pais; treinamento de professores de todos os níveis.

A aprendizagem deve ser olhada como a atividade de indivíduos ou grupos hu-manos, que, mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências, promove modificações estáveis na personalidade e na dinâmica grupal as quais revertem o manejo instrumental da realidade. (SILVA, 1998)

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É possível perceber que a Psicopedagogia também tem papel importante em um novo momento educacional que é a inserção e manutenção dos alunos com necessidades educativas especiais (NEE) no ensino regular, chamado de inclusão.

Entende-se que colocar o aluno com NEE em sala de aula, e não criar estratégias para a sua permanência e sucesso escolar, inviabiliza todo o movimento nas escolas.

Faz-se necessário um acompanhamento e estimulação dos alunos com NEE para que as suas aprendizagens sejam efetivas. (Schroeder e Mecking)

Função preventiva ou institucional:

• Atua na prevenção primária ou secundária dos problemas e/ou insucessos de aprendizagem.

• Foco principal: o sujeito que aprende.

A função preventiva do trabalho do psicopedagogo se dá primeiro por meio de um conhecimento amplo sobre o processo de desenvolvimento e de aprendizagem a fim de que possa detectar possíveis fatores que interferem ou prejudicam na consecução da aprendizagem do sujeito aprendente, realizando diagnósticos eficientes e intervenções significativas de maneira preventiva.

A prevenção pode ser primária quando se destina a anteparar a ocorrência de futuros problemas de aprendizagem no sujeito “normal” ou a prevenção secundária quando se destina a intervenção no sujeito com problemas iniciais para evitar o desenvolvimento de conseqüências mais sérias.

Ocorre nas instituições escolares. Tem como objetivo refletir e desenvolver projetos pedagógicos – educacionais, enriquecendo os procedimentos em sala de aula, as avaliações e planejamento na educação sistemática e assistemática. O psicopedagogo propõe projetos e constrói alternativas de ação favoráveis para uma mudança significativa nas posturas frente ao ensinar e ao aprender. (SCHROEDER E MECKING, 2007).

Sabemos que são múltiplos os fatores que interferem, positiva ou negativa-mente, no transcurso do processo de aprender. Conhecer esses fatores é essencial para que, em vários âmbitos sociais, inclusive na família, na escola, nas instituições sociais ou nos ambientes profissionais, seja possível identificar as causas que vêm interferindo nas interações dos sujeitos.

Sendo assim, a atuação do psicopedagogo deve considerar a análise do con-texto em que se desenvolve o processo de aprendizagem, fazendo uma leitura dos proble-mas que emergem da interação social, tendo em vista o foco principal: o sujeito que aprende.

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Função Terapêutica ou curativa:

• Atua na correção e no auxílio nos problemas e/ou insucessos de aprendizagem.

• Foco principal: o sujeito que aprende.

A função Terapêutica ou curativa do trabalho do Psicopedagogo objetiva-se em favorecer e auxiliar aqueles sujeitos que se sentem impedidos para o saber, bem como aqueles que já apresentam transtornos de aprendizagem.

As dificuldades, distúrbios ou patologias podem aparecer em qualquer momento da vida e a Psicopedagogia está preparada para auxiliar o sujeito, seja ele criança, adolescente ou adulto.

O trabalho do psicopedagogo se desenvolve nos consultórios e tem uma cono-tação clínica, geralmente individual, tendo como objetivo a reintegração ao processo de constituição de conhecimento da criança ou de um jovem que apresente problemas de aprendizagem.

Essa orientação tem como meta desenvolver as funções cognitivas integradas ao afetivo, desbloqueando e canalizando o aluno gradualmente para a aprendizagem dos conceitos, conforme os objetivos da aprendizagem formal.

É necessário conhecer profundamente o universo desses sujeitos o a fim de poder garantir melhor assistência psicopedagógica a eles.

O trabalho terapêutico busca reintegrar o sujeito da aprendizagem a uma vida escolar e social tranqüila e adequada, auxiliando, também, para que ele reconheça suas potencialidades, seus limites e como irá interagir diante deles.

No Brasil, tanto na área da educação como na saúde, ainda trabalha-se mais de maneira remediativa do que preventiva, porque não se priorizam estas áreas como se deveria. (SCHROEDER e MECKING, 2007 ).

Abordagens teóricas na psicopedagogia clínica e institucional:

01. A psicopedagogia e a psicanálise (Freud, Melaine Klein, Winicott) ocupam-se dos aspectos que dizem respeito à estruturação subjetiva, isto é, de como e em que medida uma criança pode vir a constituir-se como sujeito, cujo desejo singular permitirá que se aproprie do seu corpo e de suas funções, podendo, a partir daí, desenvolver habilidades instrumentais (fala, aprendizagem, motricidade etc.) no rumo de tudo que lhe seja signi-ficativo.

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02. A psicopedagogia e o desenvolvimento cognitivo, particularmente,ocupam-se da epistemologia genética de Jean Piaget, da Psicologia Sócio-Histórica de Lev Vygotsky e da psicogênese da pessoa completa de Henri Wallon. Em relação à aprendizagem e ao desenvolvimento, Vygotsky e Piaget acreditavam no desenvolvimento e aprendizagem, embora seus pontos de vista sobre o relacionamento sejam diferentes. Vygotsky tinha a idéia de que a aprendizagem é a força propulsora do desenvolvimento intelectual, enquanto Piaget acreditava que o próprio desenvolvimento eraa força propulsora.

03. A psicopedagogia e a abordagem centrada na pessoa de Carl Rogers: a teoria inteira é construída sobre a “força de vida”, que pode ser definida como uma motivação intercalada em toda a forma de vida, a fim de desenvolver seus potenciais e creditar suas possibilidades. Segundo Rogers, toda criatura se esforça para fazer o melhor, e, se assim não é feito, não é por falta de desejo.

04. A Psicopedagogia e as teorias de Paulo Freire - Pedagogia do oprimido e Emília Ferreiro - psicogênese do sistema de escrita.

05. A Psicopedagogia e a Teoria de Sara Paín - a aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito. Os internos referem-se ao funcionamento do corpo. A aprendizagem possui três funções (PAIN, 1985): socializadora, repressora e transformadora.

06. A Psicopedagogia e as teorias psicomotoras - Claparède, Montessori e Piaget, ao estudarem o desenvolvimento sensório-motor da criança, criaram condições para uma compreensão maior do desenvolvimento do ser humano; Henri Wallon estudou, em 1925, a relação que existe entre as emoções e certo comportamento tônico. A partir dos estudos de Wallon, surgiram múltiplas correntes e teorias que enfatizavam a reeducação das funções motoras perturbadas; Jean de Ajuriaguerra enfatizou a função central da comunicação do tônus: o chamado diálogo tônico. Aperfeiçoou um método de relaxação com ajuda de certos conceitos psicanalíticos;

Aucouturier e Lapierre, após uma longa caminhada, com muitas contradições, si-

tuaram o fazer na Psicomotricidade dentro de um marco relacional e da psicomo-

tricidade Rammain, de Simone Rammain.

07. Fundamentos da arte-terapia e da neurociência.

08. A Psicopedagogia e a epistemologia convergente de Jorge Visca , linha que propõe um trabalho clínico que se utiliza da integração de três linhas da Psicologia: Escola de Genebra (Psicogenética de Piaget), Escola Psicanalítica (Freud) e Psicologia Social (Enrique Pichon Rivière).

09. A Psicopedagogia e os Grupos Operativos de Enrique Pichon Rivière.

10. A Psicopedagogia e a Gestalt de Fritz Perls – A teoria da forma.

11. A Psicopedagogia e a Psicologia Experimental – Behaviorismo.

Referências

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BOSSA, N. A. A Psicopedagogia no Brasil: contribuições a partir da prática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.LANE, S.T.M. Psicologia Social: o homem em movimento. São Paulo:Ed. Brasiliense, 1994.

LIBÂNEO, J.C. Psicologia educacional: uma avaliação crítica. In: LANE, S.T.M.

Psicologia Social: o homem em movimento.São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.

MEIRA, M.E.M. Psicologia Escolar: pensamento crítico e práticas profissionais.

In: TANAMACHI, E.R. et alii. Psicologia e Educação: desafios teórico-práticos.São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000.

PIMENTA, S.G. Apresentação. In: PIMENTA, S.G. (coord.) Pedagogia,ciência da educação? São Paulo: Cortez, 2001.

ABREU, Sueli de. Construindo um espaço: ambiente computacional para aplicação no processo de avaliação psicopedagógica. Dissertação de Mestrado. UFRJ/NCE, 2004

CARLBERG, Simone. Psicopedagogia Institucional - uma práxis em construção. PUC/PR, 1995

FORTUNA, Tânia Ramos. O “PSI” da Pedagogia: Psicopedagogia e Psicanálise, link: www.psicopedagogia.com.br , 2007.

GASPARIAN, Maria Cecília Castro. Psicopedagogia: Teoria e Prática.Link: Psicopedagogia on-line, 2002.

GRIZ, Maria das Graças Sobral. A Psicopedagogia em Recife. Associação Brasileira de Psicopedagogia. Link: www.abp.com.br

SAMPAIO, Simaia. Breve histórico da Psicopedagogia. http://br.geocities.com/simaiapsicopedagoga/breve_historico.htm

SCHROEDER, Margaret Maria & MECKING, Maria Letizia Marchese. Pedagogia e Psicologia. Texto do site: www.pedagobrasil.com.br, 2007.

Trabalho Final do Módulo :

Pesquise e elabore um trabalho da relação ;

“ Psicopedagogia, interdisciplinaridade e multidisciplinaridade ”

Atividades Complementares :

Responda as questões;

A) A Psicopedagogia não é somente a junção dos conhecimentos somados da Psicologia e da Pedagogia, mas também faz uso da integração e síntese de vários campos do conhecimento tais como a Neurologia, a Medicina, a Psicofisiologia, a Semiótica, a Lingüística, entre outros, o que lhe confere um caráter inter e trans-disciplinar na sua práxis voltada aos processos de ensino-aprendizagem.

Com base nessa afirmação, como se define a Psicopedagogia ?

B) Para a maioria dos psicopedagogos, a questão do objeto de estudo se relaciona à maneira de como entendemos o conhecimento e todos os elementos que o envolvem.Defina qual o objeto de estudo da Psicopedagogia .

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C) Como pode ser considerada a função preventiva do trabalho do psicopedagogo?

Configuração do Trabalho Final de Módulo

Capa :

Nome da faculdade

O curso

A unidade estudada

O tema do trabalho

O professor

O pólo

Data

O aluno

NOTA:

TODO TRABALHO REALIZADO NA PÓS-GRADUAÇÃO É INDIVIDUAL E COM CONCLUSÃO PESSOAL

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