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AVALIAO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEO DE GUA
EM ESTURIOS
Carlos Roberto Lips Soares
DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS
PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS
NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM
ENGENHARIA OCENICA.
Aprovada por:
_____________________________________________
Prof. Susana Beatriz Vinzon, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D.
_____________________________________________
Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D.Sc.
_____________________________________________
Prof. Jos Carlos Csar Amorim, D.Ing.
RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL
MARO DE 2006
ii
SOARES, CARLOS ROBERTO LIPS
Avaliao do Processo de Dragagem por
Injeo de gua em Esturios [Rio de Janeiro]
2006
XXI, 126 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,
Engenharia Ocenica, 2006)
Dissertao Universidade Federal do Rio
de Janeiro, COPPE
1. Dragagem por Injeo de gua WID
2. Processos de Dragagem
3. Dragagem em Leitos Contaminados
4. Detalhamento dos Equipamentos WID
5. Comparao dos Mtodos de Dragagem
6. Anlise dos Processos Hidrodinmicos
7. Discusso da Dragagem no Porto de Itaja
I. COPPE/UFRJ II. Ttulo ( srie)
iii
DEDICATRIA
A minha esposa Rosangela pelo companheirismo e grande incentivo nos
momentos mais difceis que passei durante esta jornada.
As minhas filhas Andrea e Aline to importantes para o equilbrio da minha
vida.
Aos meus pais e irm pela ajuda e compreenso devido a minha ausncia
durante o perodo que se desenvolveu este estudo.
iv
AGRADECIMENTOS
A Professora Susana Beatriz Vinzon pela sua orientao, pacincia e
dedicao que propiciaram a concluso deste trabalho.
Aos Professores Afonso Paes e Gilberto Fialho por aceitarem em compor a
Banca examinadora deste trabalho.
Ao Professor do IME, Jos Carlos Csar Amorim por aceitar o convite para
compor a Banca examinadora deste trabalho, como convidado externo.
Ao corpo docente do Programa de Engenharia Ocenica, por sua capacidade
intelectual e empenho para manter o elevado nvel de seus ensinamentos.
Aos funcionrios do PEnO e da Engenharia Costeira, em especial as
Secretrias Gleice e Marise e os funcionrios lotados no sistema de processamento de
dados, pelos seus grandes prstimos e constante pacincia para ajudar os discentes.
Ao corpo discente das turmas de 2003 e 2004 do Programa de Engenharia
Ocenica da Engenharia Costeira que sempre me auxiliaram e compartilharam os
melhores momentos dos nossos, respectivos, anos letivos.
Ao INPH da CDRJ pela gentileza em ceder alguns relatrios que ajudaram no
desenvolvimento deste trabalho.
Ao DIDEHU da CDRJ que sempre colocou a disposio o seu arquivo tcnico
para as consultas necessrias.
Aos meus familiares por afinidade e consangneos pelo constante apoio
emocional durante o perodo deste curso.
Universidade do Vale do Itaja atravs do Professor Schettini, Rodrigo e
Carla por suas excelentes condutas profissionais para dar o apoio tcnico necessrio
durante a campanha de medies na dragagem do Porto de Itaja.
v
Aos Engenheiros Rodrigo e Raphael, da turma de M.Sc. de 2004, que muito
me ensinaram e auxiliaram nas medies da campanha de campo realizada durante a
dragagem do Porto de Itaja.
Ao Diretor Superintendente da Ballast Ham no Brasil, Eng Eduardo Figueiredo
por sua cordialidade em disponibilizar toda ajuda necessria para o acompanhamento
da operao de dragagem no Porto de Itaja.
Diretoria da CDRJ por permitir o meu afastamento do trabalho, nos
momentos necessrios, para concluir este curso.
Aos colegas de trabalho da CDRJ, principalmente: Ado, Amaral, Lia Mara,
Machado, Maiolino e Romeu que estiveram sempre me motivando e ajudando em
todas as ocasies, principalmente, durante o perodo transcorrido neste curso.
vi
Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos
necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)
AVALIAO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEO DE GUA
EM ESTURIOS
Carlos Roberto Lips Soares
Maro/2006
Orientadora: Professora Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)
Programa: Engenharia Ocenica
Dentro da dragagem hidrodinmica foi desenvolvido um novo processo
aplicado dragagem de manuteno denominado de dragagem por injeo de gua,
conhecido pela sigla WID. Neste mtodo o deslocamento do material dragado, at a
sua disposio final, depende das correntes naturais e artificiais induzidas na coluna
de gua do fluido, sendo a gerao de correntes de densidade uma das importantes
caractersticas desta metodologia.
Este trabalho descreve os principais tipos de dragagem mais
empregados na atualidade e os equipamentos utilizados no processo de dragagem por
injeo de gua, incluindo sua interferncia em relao biota local e a presena de
contaminantes no leito. Os forantes hidrodinmicos que interferem com o processo
WID so citados e a pluma de sedimentos induzida junto ao fundo avaliada atravs
do nmero de Froude densimtrico. Com a finalidade de observar as caractersticas da
hidrodinmica num ambiente onde est se utilizando esta metodologia foi realizada
uma campanha de medies, durante uma operao de dragagem no Porto de Itaja,
no esturio do Rio Itaja-A, sendo registrados os perfis de velocidade, salinidade e
turbidez, em um ciclo de mar. Foram identificados os principais aspectos positivos e
negativos inerentes a esta nova tecnologia, alm da comparao operacional entre os
mtodos de dragagem convencionais e o processo de Dragagem por Injeo de gua.
vii
Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the
requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)
AVALIATION OF THE PROCESS OF WATER INJECTION DREDGIND
IN ESTUARIES
Carlos Roberto Lips Soares
March/2006
Advisor: Professor Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)
Department: Ocean Engineering
Among hydrodynamic dredging processes, a new method is being
applied for maintenance dredging, called water injection dredging, WID. In this method
the dredging material is moved, until final deposit, by artificial and natural currents in
the fluid waters column and being the generation of the density currents an important
characteristic to this methodology.
This work describes the method and the equipments required for the
water injection dredging process, as well as the principal types of dredging currently
used at this moment. A brief analysis of the water injection dredging is presented,
including its interference with the local biotic and contaminated materials in the bed.
The estuarine hydrodynamic, which may interfere with the WID process, is described,
and considerations about the formation of a turbidity current and its relation with the
densimetric Froude number is assessed. To address the main hydrodynamic
characteristics of a case study, a field campaign was accomplished, which covered a
tidal cycle, with a short period during a dredging operation in Itaja Harbor, in the
estuary of Itaja-A River. Velocity, salinity and turbidity profiles were measured,
during a tidal cycle. The mainly negative and positive aspects concerning to this new
technology are addressed in this work, including a comparison between conventional
dredging methods and the process of Water Injection Dredging.
viii
NDICE DO TEXTO
I INTRODUO...........................................................................................................1 I.1 OBJETIVOS.....................................................................................................2
I.2 ESTRUTURA DO TEXTO................................................................................3
II CARACTERIZAO DOS MTODOS DE DRAGAGEM........................................4 II.1 HISTRICO E EVOLUO DA DRAGAGEM................................................4
II.2 TIPOS DE OPERAO DE DRAGAGEM......................................................5
II.2.1 Dragagem de Aprofundamento ou Inicial............................................5
II.2.2 Dragagem de Manuteno..................................................................6
II.2.3 Dragagem de Minerao.....................................................................6
II.2.4 Dragagem Ambiental ou Ecolgica................ ...................................7
II.2.5 Dragagens Especiais...........................................................................7
II.2.6 Dragagens Naturais ou Eroso...........................................................8
II.2.7 Dragagens para Aterros Hidrulicos....................................................8
II.3 CASSIFICAO DOS PROCESSOS DE DRAGAGEM.................................9
II.3.1 Processos Mecnicos de Dragagem.................................................10
II.3.2 Processos Hidrulicos de Dragagem................................................12
II.3.3 Processos Mistos de Dragagem........................................................14
II.3.4 Processos Pneumticos de Dragagem.............................................15
II.3.5 Processos Hidrodinmicos de Dragagem.........................................16
II.3.5.1 Metodologia do Processo Hidrodinmico...........................17
II.3.5.2 Tipos de Dragagens Hidrodinmicas..................................18
A Dragagem por Agitao................................................19
B Dragagem por Eroso...................................................19
C Dragagem por Elevao...............................................20
D Dragagem por Injeo WID.....................................21
II.4 DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA............................................................23
II.4.1 Especificaes do Porto de Itaja......................................................23
II.4.1.1 Histrico..............................................................................23
II.4.1.2 Localizao do Porto..........................................................24
II.4.1.3 Acessos s Instalaes Porturias.....................................26
II.4.1.4 Principais Caractersticas Porturias..................................28
ix
II.4.2 Detalhes da Dragagem no Porto de Itaja........................................31
II.4.2.1 Tipos de Materiais encontrados no Leito...........................31
II.4.2.2 Processos de Dragagem utilizados pelo Porto..................31
II.4.2.3 Licitaes de Dragagem para o Ano de 2005....................35
III DRAGAGEM POR INJEO DE GUA WID....................................................36 III.1 ANLISE DO PROCESSO DE DRAGAGEM...............................................36
III.1.1 Histrico da Dragagem por Injeo de gua...................................36 III.1.2 Operao da Dragagem por Injeo de gua.................................37
III.2 MONITORAMENTO.....................................................................................39
III.3 INTERFERNCIA DA DRAGAGEM NA BIOTA LOCAL..............................40
III.4 DRAGAGEM EM LEITOS COM MATERIAIS CONTAMINADOS................42
III.5 EQUIPAMENTOS DE DRAGAGEM WID..................................................50
III.5.1 Configurao e Seleo dos Equipamentos....................................50
III.5.2 Detalhamento dos Equipamentos....................................................53
III.5.3 Relao das Principais Dragas de Injeo de gua.......................56
III.5.4 Versatilidade Operacional dos Equipamentos.................................57
III.6 DADOS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM................................................58
III.7 PARMETROS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM....................................59
III.8 DIAGRAMA EM BLOCOS DO MTODO POR INJEO DE GUA..........60
IV ANLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MTODOS DE DRAGAGEM......63 IV.1 DRAGAS DE ALCATRUZES.......................................................................63
IV.2 DRAGAS AUTOTRANSPORTADORAS......................................................67
IV.3 DRAGAS DE SUCO E RECALQUE.......................................................69
IV.4 DRAGAS DE INJEO DE GUA WID...................................................71
IV.5 TABELA COMPARATIVA DOS MTODOS................................................72
V ANLISE DO PROCESSO HIDRODINMICO NA METODOLOGIA WID...........74 V.1 CORRENTE DE DENSIDADE......................................................................74
V.2 CORRENTES NATURAIS............................................................................81
V.3 HIDRODINMICA NO ESTURIO DO RIO ITJA-A..............................83
V.4 ESTUDO DE CASO DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA......................85
V.4.1 Campanha de Medies..................................................................85
V.4.1.1 Metodologia de Coleta.....................................................85
x
V.4.1.2 Metodologia de Anlise....................................................87
V.4.2 Instrumentao.................................................................................87
V.4.3 Anlise dos Dados...........................................................................89
V.5 REGISTROS DE DADOS DA HIDRODINMICA LOCAL...........................90
V.5.1 Registros de Dados das Mars Astronmicas.................................90
V.5.2 Determinao dos Valores Mdios..................................................91
V.5.3 Velocidades Projetadas no Eixo do Canal.......................................93
V.5.4 Representao Grfica dos Principais Parmetros.........................94
V.5.5 Anlise das Amostras.....................................................................102
V.5.6 Concentrao dos Sedimentos na Coluna de gua......................102
VI DISCUSSO DAS CONDIES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA.....106 VI.1 INTRODUO..........................................................................................106
VI.2 TRAJETRIA DOS SEDIMENTOS RESSUSPENSOS...........................106
VI.3 INTERFERNCIAS NA OPERAO DE DRAGAGEM...........................107
VI.4 PERIODICIDADE DAS BATIMETRIAS....................................................108
VI.5 DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS..........................................108
VII CONCLUSES E RECOMENDAES.............................................................110 VII.1 CONCLUSES........................................................................................110
VII.2 RECOMENDAES................................................................................113
REFERNCIAS...........................................................................................................115
xi
NDICE DE FIGURAS
Figura II.1 Ilustrao de uma draga dotada com o sistema SPLIT que caracteriza a
abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte:
Bandeirantes........................................................................................................8
Figura II.2 Ilustrao de uma draga hidrulica recalcando sedimentos para
restaurao de uma rea costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem...................9
Figura II.3 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de alcatruzes
mostrando o conjunto de caambas que atuam continuadamente na remoo
do material de fundo. Fonte: Stio eletrnico www.ihc.holland.com..................10
Figura II.4 Ilustrao do esquema operacional de uma draga retroescavadeira
mostrando o carregamento de uma barcaa e seu sistema de posicionamento
no fundo, atravs de dois charutos de fixao do flutuante. Fonte: Ges Filho,
2004...................................................................................................................11
Figura II.5 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de caamba (Clam-
Shell) mostrando o guindaste responsvel pela movimentao da caamba e
os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem.
Fonte: Ges Filho, 2004....................................................................................11
Figura II.6 Ilustrao do esquema operacional de uma draga autotransportadora
mostrando a atuao das duas bocas e dois tubos de suco durante a
dragagem, dispostos em cada lado da embarcao. Fonte: Stio eletrnico
www.lhcholland.com..........................................................................................12
Figura II.7 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco e recalque
atuando com um desagregador na ponta da lana de dragagem mostrando as
ncoras de arinque que permitem o movimento lateral e, juntamente com os
charutos de fixao, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento.
Fonte: www.ihcholland.com...............................................................................13
Figura II.8 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco com roda de
caambas na ponta da lana de dragagem, mostrando as ncoras de arinque
que, juntamente com os charutos, so responsveis pelo ciclo de corte de
dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.............................................................14
Figura II.9 Ilustrao do esquema operacional de uma draga pneumtica mostrando
a linha de recalque e o equipamento de suco pneumtico em contato com o
leito. Fonte: Stio eletrnico www.pneuma.it......................................................15
xii
Figura II.10 Ilustrao de um dos processos de dragagem hidrodinmica mostrando
a atuao de uma estrutura slida no leito aqutico gerando uma pluma de
sedimentos que carreada para alm do stio de dragagem pela atuao de
forantes hidrodinmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974)...............16
Figura II.11 Ilustrao dos quatro principais processos de dragagem hidrodinmica
Injeo, Agitao, Eroso e Elevao. Relatrio SEBA 99/12/info.1-E.............19
Figura II.12 Ilustrao de uma draga autotransportadora apresentando o lanamento
de sedimentos na superfcie do fluido atravs do vertedor (overflow). Fonte:
Stio www.vanoord.com.....................................................................................21
Figura II.13 Ilustrao do processo de dragagem por injeo de gua, mostrando os
parmetros necessrios para induzir a formao da corrente de densidade.
Fonte: ThamesWeb Maintenance Dredging...................................................22
Figura II.14 Ilustrao da localizao do Porto de Itaja no litoral de Santa
Catarina.............................................................................................................24
Figura II.15 Ilustrao do incio do canal interno de acesso ao Porto de Itaja
mostrando a entrada da barra. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br..............26
Figura II.16 Ilustrao do Porto de Itaja e seu canal de acesso at a sua foz. Fonte:
Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br..........................................................27
Figura II.17 Ilustrao do Porto de Itaja, ressaltando os meandros do Rio Itaja-A.
Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br...............................................27
Figura II.18 Ilustrao dos beros de atracao do Porto de Itaja mostrando parte da
bacia de evoluo. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br................................28
Figura II.19 Ilustrao da geografia do Porto de Itaja, em laranja a rea destinada
expanso do Terminal de Contineres TECONVI. Fonte: Stio eletrnico do
Porto de Itaja www.portodeitajai.com.br...........................................................29
Figura II.20 Ilustrao do posicionamento dos beros de atracao e das instalaes
atuais do Porto de Itaja. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.......................30
Figura II.21 Ilustrao das expanses futuras do Porto de Itaja, previstas para
ampliao dos beros de atracao e das retroreas. Fonte: Stio eletrnico
www.portodeitajai.com.br...................................................................................30
Figura II.22 Ilustrao de parte da Carta Nutica 1801 mostrando as reas de
dragagem do Porto de Itaja beros, bacia de evoluo, canal interno e canal
externo. Fonte: Stio eletrnico do Porto de Itaja www.portoitajai.com.br........33
Figura III.1 Ilustrao da demonstrao do processo de dragagem por injeo de
gua Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br......................................38
xiii
Figura III.2 Ilustrao da formao da corrente de densidade atravs do processo de
dragagem por injeo de gua. Fonte: Winterwerp et al...................................38
Figura III.3 Ilustrao da rea Confinada na Superfcie para materiais
contaminados, sem capeamento. Fonte: Stio www.portofrotterdam.com........45
Figura III.4 Ilustrao da rea Confinada Subaqutica para materiais
contaminados, com capeamento.......................................................................46
Figura III.5 Ilustrao do arranjo geral de uma draga de injeo de gua, de pequeno
porte, com propulso prpria. Fonte: Stio eletrnico www.musing.nl...............52
Figura III.6 Ilustrao e detalhamento de uma draga de injeo de gua
propelida............................................................................................................53
Figura III.7 Ilustrao de uma draga de injeo de gua no propelida e de pequeno
porte. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com...............................................54
Figura III.8 Ilustrao e arranjo geral da draga de injeo de gua propelida, de
grande porte. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com...................................55
Figura III.9 Ilustrao do quadro contendo as principais caractersticas da draga
ANTAREJA. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com.br................................56
Figura III.10 Ilustrao mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento
considera as caractersticas bsicas da operao de dragagem por injeo de
gua WID........................................................................................................62
Figura V.1 Ilustrao do diagrama esquemtico mostrando a formao da corrente
de densidade em um ambiente aqutico, atravs da diferena de densidade
entre a pluma de sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte:
Garcia, 1993......................................................................................................76
Figura V.2 Ilustrao de uma simulao da propagao da corrente de densidade
junto ao leito do corpo aqutico. (T. Maxworthy, J. Leilich, J.E. Simpson e E.H.
Meiburg).............................................................................................................77
Figura V.3 Ilustrao da Corrente de Gravidade U1, menos densa, interagindo com
a Corrente de Gravidade U2, mais densa.......................................................78
Figura V.4 Ilustrao parcial da Carta Nutica 1801 viso do Porto de Itaja, do
Esturio do Rio Itaja-A e do registro das coordenadas de campanha onde
foram coletados os dados de campo, onde foram coletados os dados de
campo................................................................................................................86
Figura V.5 Ilustrao mostrando o ngulo de projeo das velocidades resultantes
em relao ao eixo principal do canal do Porto de Itaja...................................93
xiv
Figura V.6 Ilustrao mostrando o monitoramento utilizado na campanha de
medies no canal de acesso ao Porto de Itaja.............................................104
xv
NDICE DE GRFICOS
Grfico V.1 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 07:30h.........................96
Grfico V.2 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 09:40h......................97
Grfico V.3 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 10:10h......................97
Grfico V.4 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 10:40h......................97
Grfico V.5 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
longitudinalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 11:10h......................98
Grfico V.6 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 12:40h......................98
Grfico V.7 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 13:00h......................98
Grfico V.8 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 13:40h......................99
Grfico V.9 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e
transversalmente ao eixo do canal Preamar s 14:10h..................................99
Grfico V.10 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 15:00h......................99
Grfico V.11 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 15:40h....................100
Grfico V.12 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 16:50h....................100
Grfico V.13 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:35h....................100
Grfico V.14 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(1)...............101
Grfico V.15 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(2)...............101
Grfico V.16 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente
e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(3)...............101
xvi
NDICE DE TABELAS
Tabela II.1 Relao dos processos de dragagem j utilizados no Porto de Itaja......31
Tabela II.2 Demonstrao da situao do edital para Dragagem no Porto de Itaja.
Fonte: Stio www.transportes.gov.br..................................................................35
Tabela III.1 Sumrio das atividades iniciais de monitoramento para o processo de
dragagem por injeo de gua. Fonte: Dredging Research Technical Note 3
10, 1993..........................................................................................................40
Tabela III.2 Relao dos equipamentos de dragagem por injeo de gua da
empresa holandesa Van Oord, em operao em vrios pases. Fonte: Stio
www.vanoord.com.............................................................................................56
Tabela III.3 Registros dos principais parmetros obtidos durante a operao de
dragagem por injeo de gua no Rio Mississipi EUA. Fontes: Dredging 94,
1994 e Stio eletrnico www.vanoord.com.........................................................58
Tabela IV.1 Comparao das taxas de produo dos processos de dragagem
convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes e
autotransportadoras, com os processos hidrodinmicos, representados pela
draga por injeo de gua.................................................................................73
Tabela V.1 Valores dos nmeros adimensionais: Froude densimtrico, Richardson e
Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de
similaridade de escoamentos naturais simulados em laboratrios e com os
dados obtidos em campanhas de medio do processo WID...........................80
Tabela V.2 Registro da Tbua de Mars do dia 9 de maro de 2005, no Porto de
Itaja. Fonte: Tbua de Mars da Diretoria de Hidrografia e Navegao DHN
da MB.................................................................................................................90
Tabela V.3 Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horrios das
incurses, para coleta de dados da Campanha de Medies, incluindo as
condies da mar astronmica no Porto de Itaja e a situao operacional dos
equipamentos de dragagem..............................................................................92
Tabela V.4 Indicao da direo convencionada das velocidades mdias em relao
coluna de gua...............................................................................................95
Tabela V.5 Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de
gua durante a campanha de medies no canal de acesso ao Porto de Itaja,
no dia 9 de maro de 2005..............................................................................105
xvii
LISTAGEM DE ABREVIATURAS
A = Amostra
a.C. = Perodo da histria antes do nascimento de Cristo
ADV = Acoustic Doppler Vector Medidor de Correntes
AL = Draga de Alcatruzes
ALUMAR = Alumnio do Maranho
AMFRI = Associao dos Municpios da Foz do Rio Itaja-A
ATM = Draga Autotransportadora de Mdio porte
B1 = Bero de atracao n 1
B2 = Bero de atracao n 2
B3 = Bero de atracao n 3
B4 = Bero de atracao n 4
BVQI/in Metro = Bureau Veritas Quality International / Nacional
BVQI/RVA = Bureau Veritas Quality International / Internacional
C = Concentrao de sedimentos no fluido
CEDA = Central Dredging Association
CODESP = Companhia Docas do Estado de So Paulo
COPPE = Instituto Luiz Alberto Coimbra de Ps-graduao e Pesquisa de Engenharia
COSIPA = Companhia Siderrgica Paulista
CTD = Condutividade Condutivmetro
CVRD = Companhia Vale do Rio Doce
CS = Clam-Shell Draga de Caamba
d.C. = Perodo da histria depois do nascimento de Cristo
DELFT = Universidade Holandesa especializada em Hidrodinmica
DHN = Diretoria de Hidrografia e Navegao
DNIT = Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes
DRP = Dredging Research Program
E = Ponto Cardeal Leste
EADI = Estao Aduaneira de Itaja
ebb-WID = Dragagem por Injeo de gua no perodo da mar vazando
EIA = Estudo de Impacto Ambiental
EPA = Enviromental Protection Agency
F+A = Filtro + Amostra
FOSFERTIL = Fertilizantes Fosfatados S/A
xviii
GPS = Global Position System
HOM = Horas de Operao no Ms
HPA = Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos
IBAMA = Inst. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis
INPH = Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovirias atual IPH/CDRJ
ISSO = International Standard Organization
LD = Linha dgua
LDSC = Laboratrio de Dinmica de Sedimentos Coesivos
LISST = Laser In-Situ Scattering and Transmissometry
MB = Marinha do Brasil
N = Ponto Cardeal Norte
NNE = Ponto Cardeal Norte-Nordeste
N.Seq. = Nmero da seqncia
OBS = Sensor de Medio da Turbidez
OSPAR = Operational and Strategic Planning and Research
P+A = Prato + Amostra
PAH = Poly Aromatic Hydrocarbons
PC = Personal Computer
PEnO = Programa de Engenharia Ocenica
PORTOBRAS = Empresa de Portos do Brasil
Pot. = Potncia
Rel = Relao
RIMA = Relatrio de Impacto do Meio Ambiente
RO-RO = Navios que possui acesso por rampas laterais ou de popa
S = Ponto Cardeal Sul
SEBA = Sea-Based Activities
SR = Draga de Suco e Recalque
SSW = Ponto Cardeal Sul-Sudoeste
T = Turbidez
TECONVI = Terminal de Contineres do Vale de Itaja
TMP = Taxa Mdia de Produo
UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro
USEPA = U.S. Environmental Protection Agency
WID = Water Injection Dredging Dragagem por Injeo de gua
xix
LISTAGEM DE SMBOLOS
g = Grama
h = Hora
m = Metro linear
r = Radianos
t = tonelada
u = Velocidade no eixo dos x
v = Velocidade no eixo dos y
w = Velocidade no eixo dos z
C = Concentrao de sedimentos
T = Turbidez
V = Volts
gf = Fora gravitacional
gf(x) = Fora gravitacional projetada no eixo dos x
gf(y) = Fora gravitacional projetada no eixo dos y
hb = Altura da camada fluidificada
hp = Profundidade
h(x) = Altura da pluma de sedimentos
u = Velocidade u projetada no eixo do canal
v = Velocidade v projetada na coordenada y referente ao eixo do canal
w = Velocidade w
Cb = Capacidade de carga do batelo
Cc = Capacidade da caamba
Cd = Ciclo de dragagem
Ce = Coeficiente de enchimento
Cec = Coeficiente de enchimento da caamba
Cel = Condutividade eltrica em .Siemens.cm-1 Co = Ciclo operacional
Cop = Coeficiente operacional
D50 = Dimetro mdio das partculas de uma amostra
Es = Empolamento sugerido
Hop = Horas operacionais
Ht = Horas totais Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias)
H(x) = Altura da coluna de gua
xx
Lcd = Distncia percorrida pela corrente de densidade
Nc = Nmero de ciclos mensais
Pd = Produo de dragagem
Rr = Rotao do rosrio
Sa = Salinidade em ppt
St = Declividade do talude do leito do corpo hdrico
Ta = Tempo de atracao
Tc = Tempo de carga do batelo
Td = Tempo de desatracao
Tp = Taxa mdia de produo
Vb = Volume da cisterna do batelo
Vc = Volume da cisterna in situ
Ve = Velocidade mdia de avano da corrente de densidade
Vm = Volume mensal in situ
Vt = Volume total da cisterna
Ws = Velocidade de queda
Fr = Nmero de Froude
Re = Nmero de Reynolds
Ri = Nmero de Richardson
Vu = Velocidade mdia na direo norte-sul
Vv = Velocidade mdia na direo leste-oeste
Vw = Velocidade mdia na direo da linha de profundidade
Vu = Velocidade mdia projetada no eixo do canal
Vv = Velocidade mdia projetada perpendicular ao eixo do canal
Vw = Velocidade mdia projetada na linha da profundidade
Vuv = Velocidade resultante das velocidades projetadas u e v
m2 = Metro quadrado
m3 = Metro cbico
kW = Quilowatt
km = Quilmetro
ml = Mililitro
mm = Milmetro linear
Hz = Hertz
kVA = Quilovolt-amper
mHz = Mega-hertz
xxi
min = Minuto
rpm = Rotaes por minuto
ton = Tonelada
ppt = Percentage per thousand
g/l = Grama por litro
Kg/m3 = Quilograma por metro cbico
kW/m3.h-1 = Quilowatt por metro cbico por hora
m/min = Metro por minuto
m/s = Metro por segundo
m.s-1 = Metro por segundo
m3/h = Metro cbico por hora
m3.s-1 = Metro cbico por segundo
mg/l = Miligrama por litro
mg.l-1 = Miligrama por litro
Micromhos.cm-1 = Unidade de condutividade
Micro.Siemens.cm-1 = Unidade de Condutividade
= ngulo do talude do leito do corpo hdrico = ngulo da velocidade resultante Vuv em relao ao eixo do canal = ngulo de defasagem entre o ponto cardeal leste e o eixo do canal 0 = Densidade (peso especfico) do fluido ambiente 1 = Densidade (peso especfico) da corrente de densidade s = Densidade (peso especfico) do sedimento (s,t) = Densidade (peso especfico) em funo da salinidade e temperatura (s,t,c) = Densidade (peso especfico) em funo da salinidade, temperatura e concentrao (mistura) = Densidade (peso especfico) da mistura S = Micro-Siemens (unidade de condutividade) /l = Mcron por litro = Aproximadamente C = Grau Celsius
> = Maior que < = Menor que = Maior ou igual a = Menor ou igual a = Porcentagem por mil
1
I INTRODUO
O transporte aquavirio responsvel pela movimentao de
aproximadamente 90% das cargas mundiais, tornando-se, portanto, o principal meio
de locomoo de cargas do planeta. Atualmente, o transporte martimo internacional
utiliza navios cada vez mais especializados, bem como assistidos de modernas
tcnicas de gerenciamento e comunicao, direcionando as suas atenes para a
nova demanda de navios econmicos. A explorao da economia de escala, refletidas
no aumento de porte dos navios, uma caracterstica marcante na evoluo da
indstria do transporte martimo e est intimamente ligada agilizao das operaes
porturias, assim como a preservao de seus acessos aquavirios.
Para atender as exigncias de um mercado mundial altamente
competitivo, a maioria dos portos teve que aumentar no somente a profundidade
como ainda a largura de seus canais de acesso, beros de atracao e bacias de
evoluo, de maneira a garantir que as diversas embarcaes, cada vez maiores em
tamanho e calado, economicamente mais rentveis, possam trafegar por vias
aquticas naturais ou artificiais, penetrar em baias protegidas e aproximarem-se das
reas porturias para o embarque e desembarque das cargas transportadas.
Vrias centenas de milhes de metros cbicos so dragados
anualmente, em todo o mundo (GOES FILHO, 2004), grande parte desta quantidade
de sedimentos removida de portos que apresentam constantes assoreamentos1,
gerados por aes naturais ou antrpicas, atuantes nas proximidades destes
ambientes hdricos. Portanto, tornou-se necessrio, preservao destas
profundidades, o emprego constante de dragagens de manuteno, principalmente em
portos localizados em esturios que necessitam destes servios em escala cada vez
mais crescente.
A evoluo dos equipamentos e das tcnicas de dragagem vem acompanhando as demandas impostas pela modernidade e pela competitividade. Uma
nova metodologia foi desenvolvida, na dcada de 90, para atender as operaes de
1 Materiais depositados em leitos aquticos provenientes da sedimentao de partculas suspensas na coluna de gua, oriundas de aes naturais ou artificiais.
2
dragagens de manuteno, dando origem a um novo tipo de dragagem hidrodinmica
denominada dragagem por injeo de gua, conhecida pela sigla WID Water Injection Dredging, onde a versatilidade dos equipamentos e o baixo custo operacional
motivaram a grande expanso operacional deste mtodo. Este trabalho visa
apresentar as principais caractersticas operacionais desta metodologia.
I.1 Objetivos
Descrever as caractersticas bsicas da dragagem por injeo de gua, assim como os equipamentos necessrios.
Comparar esta metodologia de dragagem hidrodinmica com a dragagem convencional.
Observar as caractersticas do escoamento no esturio do Rio Itaja-A e sua possvel influncia na operao de dragagem.
3
I.2 Estrutura do Texto
A descrio do texto foi dividida em sete captulos, para possibilitar uma
melhor estruturao e compreenso dos principais tpicos do processo em estudo:
I Introduo Detalhamento das motivaes que propiciaram a escolha do
tema, assim como os objetivos e propostas do estudo apresentado.
II Caracterizao dos Mtodos de Dragagem Envolve o histrico da evoluo
da dragagem, definio dos tipos de operao de dragagem, alm da
classificao dos processos de dragagem existentes na atualidade, segundo
alguns autores. Por fim, descreve vrias especificaes do Porto de Itaja,
detalhando as caractersticas de dragagem no seu acesso aquavirio.
III Dragagem por Injeo de gua Este captulo faz uma breve anlise
operacional desta metodologia, relaciona os equipamentos e acessrios de
dragagem, menciona a interferncia da dragagem hidrodinmica em relao
biota local e transcreve os estudos realizados, na Holanda, sobre a atuao do
processo WID em leitos com materiais contaminados. Descreve a importncia
do monitoramento por instrumentos, alm de avaliar a corrente de densidade
atravs dos nmeros adimensionais: Froude densimtrico, Richardson e
Reynolds. Finalmente ilustra, por meio de um Diagrama em Blocos, a
interligao das atividades que envolvem o processo WID.
IV Anlise Comparativa dos Mtodos de Dragagem Apresenta uma comparao
tcnica operacional do processo WID com a Dragagem Convencional.
V Anlise do Processo Hidrodinmico da Metodologia WID Definio terica de
corrente de densidade e a importncia das correntes naturais presentes nessa
operao de dragagem. So apresentados os resultados da campanha de
medies, atravs de grficos e tabelas, realizada no Rio Itaja-A, no Porto
de Itaja em 9 de maro de 2005, onde a dragagem por injeo de gua est
sendo realizada.
VI Discusso das Condies de Dragagem no Porto de Itaja Analisa a trajetria
dos sedimentos e as interferncias na operao de dragagem em Itaja.
VII Concluses e Recomendaes Descreve os principais aspectos operacionais
do processo WID, assim como a necessidade das campanhas de campo,
dando nfase aos resultados encontrados. Faz algumas recomendaes sobre
a utilizao deste mtodo de dragagem.
4
II CARACTERIZAO DOS MTODOS DE DRAGAGEM
II.1 Histrico e Evoluo da Dragagem
Limpar ou desobstruir vias navegveis com dragas uma definio
clssica para dragagem, j GOES FILHO (2004) define a dragagem como um
processo de relocao de sedimentos e solos para fins de construo e manuteno
de vias aquticas, de infraestrutura de transporte, de aterros e de recuperao de
solos ou de minerao. De fato, a evoluo das metodologias de dragagem
possibilitou uma ao de maior mbito tornando-se mais abrangente e, at mesmo,
imprescindvel no auxlio para remoo de escombros, na recuperao de achados
arqueolgicos, em obras que necessitem de aterros especiais, na explorao industrial
de depsitos naturais de minerais, pedras preciosas e recursos marinhos de valor
comercial (Comptons Encyclopedia, 1998) ou, ainda, em dragagens de recuperao
do meio ambiente aqutico (Ge Study Report, 1998).
Historicamente, existem referncias abertura de canais para
navegao desde a mais remota antiguidade, ou seja, aproximadamente 5.000 anos
antes de Cristo, entre os Sumrios (MARTINS, 1974). Podemos mencionar ainda
importantes servios hidrulicos, tais como: a abertura do Canal da Babilnia; o
traado entre os Rios Tigre e Eufrates; a navegabilidade no Rio Eufrates determinada
por Nabucodonosor 600a.C (BRAY, 1997; Comptons Encyclopedia, 1998); uma
ligao predecessora do Canal de Suez, entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho; a
drenagem do Lago Fucino 43a.C. Porm, o mais longo e antigo canal aqutico ainda
existente o Grande Canal da China, com mais de 1600 km de extenso o que levou
cerca de 2000 anos para ser construdo suas obras iniciaram no sculo 7a.C. e
terminaram por volta do ano 1280d.C.. Na Europa, os pioneiros na construo de
canais foram os italianos, muito embora os franceses prezem pela quantidade e
extenso de suas vias aquticas. J na Grcia Antiga, eram construdos canais
artificiais com fins de irrigao e tambm para unir corpos de gua. Atualmente, os
holandeses so os que mais investem em tecnologia de dragagem, principalmente, na
construo de canais para drenagem de seu territrio (TORRES, 2000; Comptons
Encyclopedia, 1998).
5
Em particular, a dragagem hidrodinmica objeto deste trabalho e que
ser descrita posteriormente, remonta da Idade Antiga onde, na ndia, j existia
indcios do uso deste mtodo para remover os assoreamentos causados ao Rio Indus
(MARTINS, 1974). Na poca, esta operao de dragagem era efetuada atravs do
arrastamento de troncos de madeira, posicionados verticalmente em embarcaes
propulsadas a vela ou remos, atuando em contato com o material de fundo do rio,
visando ressuspender os sedimentos que, posteriormente, eram deslocados atravs
da hidrodinmica natural do corpo hdrico, gerando, com isto, o aprofundamento do
leito aqutico.
II.2 Tipos de Operao de Dragagem
As operaes de dragagem mais comuns so definidas pelas
caractersticas bsicas e finalidades operacionais que envolvem o processo de dragagem. Seguindo a concepo de alguns livros e peridicos (USEPA, 1994; GE
Study Report, 1998; TORRES, 2000; GOES FILHO, 2004) podemos destacar os
seguintes tipos de operao de dragagem:
II.2.1 Dragagem de Aprofundamento ou Inicial
determinada pelo aprofundamento virginal2 do leito aqutico, onde,
normalmente, a coeso entre as partculas mais intensa. Os equipamentos de
dragagem so mais robustos e adaptados a cada tipo de situao operacional.
A metodologia e o equipamento adequado so condies prioritrias
para se obter bons resultados neste tipo de operao. A diversificao determinada
pelas caractersticas do material existente no fundo aqutico, podendo ser empregada
a derrocagem subaqutica como parte deste processo operacional. Geralmente, estas
operaes so caracterizadas por (GOES FILHO, 2004):
Movimentao de grandes quantidades de material dragado. 2 Aprofundamento em locais onde a dragagem nunca foi efetivada.
6
Remoo de solos compactos. Dragagem de camadas de solos no alteradas. Baixa presena de contaminantes. Camadas para dragagem com espessuras considerveis. Atividades de dragagem no repetitivas.
II.2.2 Dragagem de Manuteno definida como uma operao mais suave3, onde a remoo dos
sedimentos facilitada devido a pouca coeso das partculas depositadas
recentemente4 no leito aqutico. Esta caracterstica facilita a utilizao da maioria dos
processos de dragagem existentes na atualidade. Geralmente, consiste em uma
tcnica operacional sucessora dragagem de aprofundamento. Possui como
principais caractersticas (GOES FILHO, 2004):
Quantidade de material a ser dragado varivel. Remoo de solos no compactos. Possvel presena de materiais contaminados. Ocorrncia mais freqente em canais de navegao e portos. Atividade, normalmente, repetitiva e rotineira.
II.2.3 Dragagem de Minerao
composta por equipamentos especificamente construdos para
extrao de minerais com valor econmico como: argilas, areia e cascalho, para
utilizao em indstrias e na construo civil, podendo ainda ser utilizada em aluvies
fluviais para extrao de ouro e pedras preciosas.
3 Caracterizao atribuda para dragagens em solos aquticos de fcil remoo. 4 Definio de tempo insuficiente para consolidar uma forte coeso das partculas.
7
II.2.4 Dragagem Ambiental ou Ecolgica Caracteriza-se pela utilizao de dragas ecolgicas para remoo, to
somente, da camada de materiais contaminados depositados no fundo do corpo
hdrico, como tambm na linha da gua quando ocorrem vazamentos acidentais de
leos ou derivados de petrleo no meio aqutico. So equipamentos desenhados para
trabalharem induzindo pouco efeito de turbidez na coluna de gua, normalmente
causados pelos processos de dragagem convencionais. Procedimentos rigorosos so
exigidos para a dragagem e deposio final do material. A eficincia da dragagem
ecolgica est restrita a observao dos seguintes fatores (GOES FILHO, 2004):
Minimizao da disperso de sedimentos contaminados para as reas adjacentes ao stio de dragagem;
O manejo, tratamento e despejo do rejeito de dragagem devem ser efetuados de modo seguro do ponto de vista ambiental;
A operao deve ser completada no menor tempo possvel, resultando na mxima remoo de sedimentos contaminados e na
mnima remoo de sedimentos limpos.
Na dragagem ambiental a remoo do material contaminado se
procede cuidadosamente, sendo constantemente associada a um programa de
tratamento, reutilizao ou relocao do mesmo. Possui como caractersticas mais
usuais:
Volumes reduzidos de dragagem. Presena de materiais contaminados. Remoo de solos no compactados. Atividade com tendncia no repetitiva.
II.2.5 Dragagens Especiais
So constitudas por equipamentos projetados ou adaptados para
casos particularizados de dragagem, como por exemplo, dragagens em grandes
profundidades, retirada de escombros e outras operaes especiais. Dependendo da
situao existe a possibilidade da utilizao de equipamentos robotizados.
8
II.2.6 Dragagens Naturais ou Eroso So identificadas pela ao de forantes hidrodinmicos naturais presentes no corpo hdrico, muito comuns em regies estuarinas, onde o incremento
da vazo de guas continentais, devido ao perodo de fortes chuvas, ou alteraes na
incidncia de ventos e de ondas de mars astronmicas ou meteorolgicas, tornam
vivel o deslocamento dos sedimentos de fundo para outros stios. Podendo, sob
certas condies, haver retorno do material removido ao mesmo ponto inicial, como
por exemplo, em lagos ou lagoas, cujos efeitos hidrodinmicos contornam todo o seu
permetro. Neste tipo de dragagem, normalmente, no existe interferncias induzidas
artificialmente nas aes que caracterizam o processo.
II.2.7 Dragagens para Aterros Hidrulicos So, basicamente, desempenhadas pela atuao de dragas hidrulicas
ou mecnicas, podendo ser utilizados bateles especiais tipo split-barge5 no intuito de
recalcar ou transportar gros de areia para reurbanizao de reas costeiras,
construo de rodovias e aeroportos ou, ainda, para engordamento6 de praias.
Figura II.1 Ilustrao de uma draga dotada com o sistema SPLIT que caracteriza a abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte: Bandeirantes. 5 Tipo de embarcao onde a abertura da cisterna longitudinal em todo seu comprimento. 6 Termo atribudo para definir incremento de areia para acreso ou recomposio de praias.
Abertura Longitudinal da Cisterna
9
Figura II.2 Ilustrao de uma draga hidrulica recalcando sedimentos para restaurao de uma rea costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem.
II.3 Classificao dos Processos de Dragagem
A diversificao dos processos de dragagem foi motivada pela
necessidade de transpor as dificuldades impostas pela prpria natureza. Contudo, a
evoluo destes mtodos continua se desenvolvendo atravs de estudos e pesquisas
em laboratrios ou, at mesmo, em modelagens matemticas, visando melhorar as
tcnicas de operao e a eficincia dos equipamentos, no intuito, tambm, de
minimizar os custos operacionais.
Segundo alguns autores e peridicos (DAVIS et al., 1990; BRAY et al.,
1997; Relatrio SEBA, 1999; GOES FILHO, 2004), podemos distinguir, como
principais e mais utilizadas tcnicas, os seguintes processos de dragagem:
Draga Leblon Cisterna 880 m3
Restaurao da Praia de Olinda - PE
Clam-Shell 3 jd3
Jato de gua com areia
10
II.3.1 Processos Mecnicos de Dragagem So caracterizados pela atuao mecanizada dos equipamentos para a
remoo dos sedimentos de fundo. Os equipamentos de dragagem mais conhecidos
que utilizam este processo so: Draga de Alcatruzes (Bucket line Dredge), Draga de
Caamba (Clam-Shell), Caamba tipo Mandbulas (Grab Dredge), Escavadeiras
Frontais (Dipper Dredges), Retro-Escavadeiras (Hoes), Ps de Arrasto (Draglines).
Devido simplicidade e semelhana com os equipamentos utilizados
em terraplenagem, os equipamentos mecnicos de dragagem foram os primeiros a ser
desenvolvidos. Geralmente, o material dragado lanado em cisternas de bateles
que transportam estes sedimentos at a rea de deposio final. As dragas mecnicas
podem possuir propulso prpria ou no, as no propelidas so conhecidas como
dragas estacionrias. A seguir ilustramos alguns destes equipamentos, assim como os
principais detalhes que permitem sua operao em meios aquticos.
Figura II.3 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de alcatruzes mostrando o conjunto de caambas que atuam continuadamente na remoo do material de fundo. Fonte: Stio eletrnico www.ihcholland.com.
Espessurade Corte
Cabo doSuspensrio
DRAGA DE ALCATRUZES
Lana deDragagem
Guindaste de Proa
Flutuante sem Propulso
Tombo Inferior
TomboSuperior Guindaste
de Popa
Charutos de Popa BB e BE
Superestrutura
Mastro Principal
Charutos de Proa BB e BE
Caambas do Rosrio
Guinchos de Proa
Guinchos de Popa
Dalas BB/BE
11
Figura II.4 Ilustrao do esquema operacional de uma draga retroescavadeira mostrando o carregamento em uma barcaa e seu sistema de posicionamento no fundo, atravs de dois charutos de fixao do flutuante. Fonte: Ges Filho, 2004.
Figura II.5 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de caamba (Clam-Shell) mostrando o guindaste responsvel pela movimentao da caamba e os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem. Fonte: Ges Filho, 2004.
Charutos deFixao para
Dragagem
Flutuante sem propulso
DRAGA RETROESCAVADEIRA
Retro Escavadeira
Caamba
Flutuante sem Propulso
DRAGA DE CAAMBA
Cabos de movimentao do Flutuante proa e popa
Caamba de Dragagem
Guindaste de Dragagem
Guincho Cabo Guia da
Caamba
Cabo de Iamento
12
II.3.2 Processos Hidrulicos de Dragagem
A atuao de bombas hidrulicas para succionar e recalcar os
sedimentos, que podem ser fragmentados mecanicamente por desagregadores ou
hidraulicamente atravs de fortes jatos de gua, uma das principais caractersticas
deste processo. Podemos citar os seguintes tipos de equipamentos: Dragas
Autotransportadoras (Hopper Trailing Suction Dredges) e Dragas de Suco e
Recalque (Cutter Suction Dredges), as quais podero ser propelidas ou no.
Durante a remoo do material dragado formada uma mistura de
gua com o material slido do leito, que bombeado para tubulaes flutuantes a
distncias compatveis com a potncia dos equipamentos no caso de dragas de
suco e recalque ou em bombeamentos para dentro de cisternas no caso de
dragas autotransportadoras (GES FILHO, 2004), que tambm possuem a alternativa
de recalcar os sedimentos em tubulaes. Existe ainda a possibilidade de bombear o
produto da dragagem para bateles acostados a contrabordo das dragas.
As dragas hidrulicas so constitudas de tecnologias mais recentes e,
geralmente, possuem maior rendimento operacional que as dragas mecnicas.
Figura II.6 Ilustrao do esquema operacional de uma draga autotransportadora mostrando a atuao das duas bocas e dos dois tubos de suco durante a dragagem, dispostos em cada lado da embarcao. Fonte: Stio eletrnico www.ihcholland.com.
DRAGA AUTOTRANSPORTADORA
Bocas de Dragagem BB e BE
Tubos de Suco BB e BE
Guindaste de Manuteno
Cisterna para armazenamento do material dragado
Superestrutura
Tubulao de Recalque Para a Cisterna
Propulsores Principais BB e BE
Propulsor Lateral
Bomba SucoIntermediria
BB e BE
Tubos de Jato de gua BB e BE
Leme
13
As dragas de suco e recalque cutter suction dredges so,
normalmente, equipamentos sem propulso que atuam em regies costeiras, sendo
muito utilizadas em aterros hidrulicos para construo de aeroportos ou restaurao
de praias. Geralmente, so equipadas com um desagregador mecnico instalado na
extremidade da lana de dragagem junto ao tubo de suco, que atua por rotao
desagregando o material do leito, o qual aspirado pela bomba de dragagem. Estas
dragas, como as dragas mecnicas, tambm so conhecidas como estacionrias e a
utilizao dos charutos, normalmente localizados a r, juntamente com as lanas e
ncoras de arinque, funcionam para dar apoio durante a dragagem, possibilitando o
avano e o giro da draga swing7 movimento responsvel pelo ciclo de corte de
dragagem.
Figura II.7 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco e recalque atuando com um desagregador na ponta da lana de dragagem mostrando as ncoras de arinque que permitem o movimento lateral e , juntamente com os charutos de fixao, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento. Fonte: www.ihcholland.com.
7 Nome do movimento que resulta na largura de corte da draga de suco e recalque.
DRAGA DE SUCO E RECALQUE
Charutos BB e BE para Dragagem
Flutuante sem Propulso
Tubo de Recalque
Tubo de Suco
Desagregador
Lana de Dragagem
ncora de Fundeio
Cabine de Dragagem
Suspensrio
Mastro Principal Lanas de Arinque
ncoras de Arinque
BB e BE
14
II.3.3 Processos Mistos de Dragagem
So identificados pela ao conjunta e simultnea dos processos
mecnicos e processos hidrulicos. Como exemplo desta tecnologia pode-se registrar
as dragas de suco e recalque com roda de caambas instalada na ponta da lana.
Este mecanismo remove o material de fundo mecanicamente lanando-o diretamente
na linha de suco hidrulica da draga.
Uma das caractersticas deste tipo de equipamento de poluir menos
que as dragas mecnicas e hidrulicas, pois o processo de remoo mecanizado e a
posterior suco do material dragado fluindo pelo tubo de suco acarretam em menor
disperso dos sedimentos na coluna de gua.
Apesar de se constituir em uma draga de processo misto, o seu ciclo de
dragagem idntico ao das dragas hidrulicas de suco e recalque.
Figura II.8 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco com roda de caambas na ponta da lana de dragagem mostrando as ncoras de arinque que, juntamente com os charutos, so responsveis pelo ciclo de corte de dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.
DRAGA DE SUCO COM RODA DE CAAMBAS
Flutuante sem Propulso
Charutos BB e BE de Dragagem Roda de Caambas
Lana de Dragagem
Cabine de Dragagem Tubo de Recalque
Tubo de Suco
Suspensrio
ncora de Fundeio
Mastro Principal Lanas e ncoras
de Arinque BB e BE
15
II.3.4 Processos Pneumticos de Dragagem
So equipamentos muito utilizados em arqueologia nutica para
recuperar pequenos objetos submersos, trata-se de um tubo de suco utilizando um
sistema com presso de ar comprimido na ponta que induz a aspirao de pequenos
sedimentos de fundo, este mtodo conhecido como Air-lift. Existem dragas
ecolgicas que utilizam, na suco, sistemas pneumticos em seus mecanismos para
atenuar a disperso do material dragado, evitando sua elevao na coluna de gua.
Atualmente, as dragas pneumticas so consideradas as que menos
poluem durante o processo de dragagem, contudo, o maior problema continua sendo a
deposio final dos sedimentos removidos, pois se estima que o custo da disposio
de sedimentos em reas confinadas especiais pode ser de 3 a 6 vezes superior a
simples descarga no mar (HINCHEE et al., 2001). H registros de casos de tratamento
de materiais contaminados com custos variando de 10 a 100 vezes superiores aos da
utilizao sem necessidade de tratamento (HINCHEE et al., 2001).
Figura II.9 Ilustrao do esquema operacional de uma draga pneumtica mostrando a linha de recalque e o equipamento de suco pneumtico em contato com o leito. Fonte: Stio eletrnico www.pneuma.it.
DRAGA PNEUMTICA ECOLGICA
Flutuante sem Propulso
Sistema Pneumtico de Suco
Tubulao Pneumtica de Suco
Cabo de aoTranslao
Compressor
Tubo de Recalque Flutuante
Cabos de Iamento Cabo da Lana
Valv. Distrib. de Ar
16
II.3.5 Processos Hidrodinmicos de Dragagem
Basicamente, estes processos dependem dos recursos hidrodinmicos
induzidos na coluna de gua de forma natural ou artificial a fim deslocar, para outro
stio, os sedimentos de fundo, os quais so suspensos do leito aqutico por ao de
contato mecnico ou hidrulico. considerada uma operao de baixo custo, pois o
transporte do material dragado no efetuado pelo equipamento, mas sim pelas
condies hidrodinmicas presentes no corpo hdrico.
As dragagens naturais tambm utilizam os recursos hidrodinmicos do
fluido como meio de transporte dos sedimentos ressuspensos, constituindo-se num
processo sem intervenes antrpicas, contudo no so consideradas dragagens
hidrodinmicas pela CEDA Central Dredging Association organizao internacional
que se dedica a todo tipo de atividade que envolva a dragagem (Relatrio SEBA,
1999). Neste Relatrio, s foram considerados como processos de dragagens
hidrodinmicas aqueles que so realizados com a atuao de equipamentos de
dragagem.
Figura II.10 Ilustrao de um dos processos de dragagem hidrodinmica mostrando a atuao de uma estrutura slida no leito aqutico, gerando uma pluma de sedimentos que carreada para alm do stio de dragagem pela atuao de forantes hidrodinmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974).
Estrutura Slida
Embarcao de Trao
Sedimentos Dispersados
Sentido da Embarcao
Fluxo dos Sedimentos
DRAGAGEM HIDRODINMICA
Cabo de Trao
Sedimentos Depositados
Leito Aqutico
Linha da gua
17
II.3.5.1 Metodologia do Processo Hidrodinmico
A dragagem hidrodinmica definida como sendo a deliberada
suspenso ou ressuspenso de uma frao de sedimentos do leito de um sistema
aqutico, atravs de intervenes mecnicas ou hidrulicas, com posterior
deslocamento desse material, da rea de dragagem at o seu depsito final, utilizando
processos hidrodinmicos naturais ou induzidos no fluido (Relatrio SEBA, 1999). A
distribuio dos sedimentos liberados na coluna de gua do corpo hdrico permite o
acompanhamento qualitativo e quantitativo desta metodologia.
Neste processo, no h transporte, do material removido8, por
intermdio de equipamentos de dragagem como bateles ou tubos de recalque, a
prpria coluna da calha hidrulica utilizada como meio de transporte dos sedimentos
at a rea de disposio final, tornando esta operao uma atividade de baixo custo
operacional (ATHMER, 1996), podendo ser utilizada em dragagens de manuteno de
portos e vias navegveis localizados, principalmente, em rios ou esturios
(WINTERWERP et al., 2001).
A quantidade de sedimentos que so transportados9 atravs da coluna
de gua determinada, principalmente, pelas propriedades das partculas, onde: o
tamanho, a forma e a massa especfica so caractersticas fundamentais para
estabelecer a velocidade de queda e a densidade da pluma de sedimentos formada
durante o processo, possibilitando a manuteno desses sedimentos suspensos no
fluido e, consequentemente, um maior carreamento dessas partculas no meio
aqutico (KNOX et al., 1994). J distncia percorrida por esses sedimentos
ressuspensos depende, ainda, do favorecimento das condies hidrodinmicas do
corpo hdrico para gerar uma corrente capaz de deslocar as partculas suspensas na
coluna do fluido (Relatrio SEBA, 1999). Portanto, em Dragagens Hidrodinmicas,
sedimentos finos, com baixa coeso, recentemente depositados no fundo e
localizados em meios aquticos que apresentem condies hidrodinmicas
favorveis10, so caractersticas que determinam uma boa eficincia operacional
desse processo (NETZBAND, 1998).
8 Material desagregado do fundo atravs de procedimentos de dragagem hidrodinmica. 9 Refere-se ao deslocamento dos sedimentos em direo ao depsito planejado. 10 So condies que propiciam o deslocamento da pluma de sedimentos em direo rea de despejo, sem que haja disperso desfavorvel na coluna de gua.
18
Essa metodologia pode ser empregada em conjunto com outros
processos de dragagem, no intuito de mover o material dragado para um novo stio
onde a operao convencional possa atuar com melhor desempenho (ATHMER,
1996).
As tcnicas empregadas nessa dragagem so classificadas em,
dragagem por agitao e dragagem por injeo de gua (Relatrio SEBA, 1999). Suas aplicaes requerem condies especiais nas caractersticas hidrodinmicas
presentes no corpo hdrico, pois enquanto a dragagem por agitao utiliza a faixa
intermediria e superior da coluna de gua, a dragagem por injeo de gua utiliza a
regio prxima ao leito para deslocar o material fluidificado. Contudo, em ambos os
casos, os sedimentos ressuspensos ficam submetidos s correntes naturais ou
artificiais do fluido ambiente, podendo interferir no desenvolvimento da pluma de
sedimentos que, uma vez mobilizada, possui limitaes no controle direcional at a
deposio final das partculas (Relatrio SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).
Em geral, os locais onde a dragagem hidrodinmica apresenta bom
desempenho devero possuir as seguintes caractersticas (Relatrio SEBA, 1999):
reas com alta concentrao de sedimentos naturais. reas com materiais provenientes de eroso. reas com bom potencial de velocidade de corrente, seja natural ou artificial. reas prximas s grandes depresses aquticas. reas com baixo nvel de materiais contaminados.
II.3.5.2 Tipos de Dragagens Hidrodinmicas Como descrito anteriormente a dragagem hidrodinmica pode ser sintetizada em dragagem por agitao ou dragagem por injeo de gua, essas
tcnicas so precursoras de pelo menos quatro processos de dragagem reconhecidos
atualmente: Agitao, Eroso, Elevao e Injeo, respectivamente (Relatrio SEBA,1999):
19
PROCESSO I II/III IV MTODO INJEO AGITAO/ EROSO ELEVAO TCNICA INJEAO DE GUA ARRASTO/JATO FORTE LANAMENTO
Figura II.11 Ilustrao dos quatro principais processos de dragagem hidrodinmica Injeo, Agitao, Eroso e Elevao. Fonte: Relatrio SEBA 99/12/info.1-E.
A Dragagem por Agitao O processo de dragagem hidrodinmica por agitao realizado pela
atuao mecnica de arraste de uma estrutura slida no leito de um corpo aqutico
(Figura II.10). Essa atuao causa uma turbidez de grande intensidade na coluna de
gua, alm de propiciar uma grande disperso das partculas ao longo da calha
hidrulica, dificultando o controle no transporte desses sedimentos, cujo percurso,
normalmente, interage com a ao hidrodinmica11 presente, naquele momento, no
corpo hdrico (Relatrio SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).
B Dragagem por Eroso um processo que ocorre quando os sedimentos do leito, com forte
coeso, so removidos por um fluxo de gua de alta presso. O material no fundo 11 Nesse caso, se refere as correntes naturais presentes no corpo hdrico.
I II/III IV
20
deslocado e suspenso at uma pequena faixa na coluna de gua por meio de fortes
jatos de gua, sendo transportados, normalmente, para curtas distncias, dependendo
das atividades hidrodinmicas presentes no corpo aqutico (Relatrio SEBA, 1999;
OSPAR Commission, 2004).
Esse mtodo pode ser empregado com um jato nico ou, em larga
escala, com vrios jatos de gua, os quais so muito utilizados em bocas de
dragagem de dragas autotransportadoras, com a finalidade de desagregar os
materiais de fundo para aumentar o rendimento das bombas de dragagem (Relatrio
SEBA, 1999).
C Dragagem por Elevao
A dragagem hidrodinmica por elevao consiste em um
remanejamento12 dos sedimentos do leito do corpo aqutico para a superfcie da linha
de gua, onde as correntes naturais do corpo hdrico determinam o transporte dessas
partculas. Normalmente, o lanamento do material dragado na superfcie induzido
pelos componentes de dragas convencionais. Podemos citar as dragas
autotransportadoras e as de suco e recalque como equipamentos que propiciam
este processo de dragagem (Relatrio SEBA, 1999).
Nas dragas autotransportadoras o lanamento dos sedimentos na
superfcie realizado, normalmente, atravs do vertedor (overflow13) da embarcao
que se constitui num importante acessrio para aumentar a densidade da mistura
concentrada na cisterna14 da draga, a remessa de parte desse fluido, juntamente com
certa concentrao de sedimentos, para a superfcie da coluna de gua constitui-se no
processo de dragagem hidrodinmica por elevao (Relatrio SEBA, 1999).
Nas dragas de suco e recalque a operao se manifesta quando a
linha de recalque aberta na superfcie da gua gerando o lanamento da mistura na
12 Neste caso, consiste no lanamento do material dragado propositadamente para o ambiente externo da draga, devido s caractersticas operacionais do prprio processo de dragagem. 13 Mecanismo responsvel pela separao da gua e os sedimentos dragados, que so lanados na cisterna de dragas autotransportadoras ou bateles lameiros. 14 Poro da draga autotransportadora ou batelo lameiro onde so depositados os materiais dragados para o seu transporte at a rea de despejo.
21
linha da gua. Ao final do tubo de recalque poder ser fixada uma ponteira de reduo
de dimetro que agiria como um injetor, aumentando a velocidade do fluxo e
propiciando um jato com maior alcance, em relao ao ponto inicial de dragagem.
Figura II.12 Ilustrao de uma draga autotransportadora apresentando o lanamento de sedimentos na superfcie do fluido atravs do vertedor (overflow). Fonte: Stio www.vanoord.com.
D Dragagem por Injeo WID
A dragagem hidrodinmica por injeo de gua caracterizada pela
ao de um jato com baixa presso manomtrica e grande volume de gua,
fluidificando os sedimentos de fundo e gerando uma turbidez prxima ao leito, como
ilustrado na figura II.13. Essa operao gera uma pluma de sedimentos com
densidade maior que o fluido ambiente favorecendo o surgimento do efeito de corrente
de densidade ou corrente de turbidez cujo propsito direcionar as partculas
ressuspensas para guas mais profundas (Relatrio SEBA, 1999).
Este mtodo de dragagem o objeto deste trabalho e ser descrito com
mais detalhes no Capitulo III.
Sedimentos lanados pelo vertedor da Draga
Draga Autotransportadora em operao
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Figura II.13 Ilustrao do processo de dragagem por injeo de gua mostrando os parmetros necessrios para induzir a formao da corrente de densidade. Fonte: ThamesWeb Maintenance Dredging.
DRAGAGEM POR INJEO DE GUA
Movimento dos Sedimentos
Injeo de gua
Grandes volumes de gua so injetados no fundo para suspender os sedimentos
23
II.4 Dragagem no Porto de Itaja
II.4.1 Especificaes do Porto de Itaja II.4.1.1 Histrico
Segundo registros histricos, os primeiros estudos referentes ao Porto
de Itaja datam de 1905, realizados pela Comisso de Melhoramentos dos Portos e
Rios. Por volta de 1914, foi construda a primeira obra, composta dos 700 metros do
molhe Sul, seguidas mais tarde das obras do molhe Norte. O porto propriamente dito
foi iniciado em 1938, com a construo do primeiro trecho de cais, com 233 metros de
comprimento e estrutura em concreto armado, e do primeiro armazm. No incio da
dcada de 1950 foi construdo o segundo trecho de 270 metros, concluindo-se em
1956 mais 200 metros, alm da construo de um armazm frigorfico, voltado, na
poca, s necessidades da atividade pesqueira.
O Porto de Itaja passou a ser considerado porto organizado em 28 de
junho de 1966, quando foi instalada a Junta Administrativa do Porto de Itaja,
subordinada ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegveis. Em 1976, com a
criao da Empresa de Portos do Brasil S.A. PORTOBRS, o gerenciamento do
terminal itajaiense passou a ser exercido pela Administrao do Porto de Itaja,
diretamente vinculada quela estatal. A partir desse perodo verificou-se um
crescimento acentuado da sua movimentao e, com a melhoria na sua organizao
administrativa, a Administrao do Porto passou a ser um rgo representativo na
comunidade porturia.
Com a lei 8.029, de 1990, a PORTOBRS foi extinta, e aps momentos
de incertezas e indefinies oriundas de uma situao no prevista, e ainda, para que
pudesse continuar com suas atividades normais sem sofrer soluo de continuidade, a
Administrao do Porto de Itaja passou a ser subordinada Companhia Docas do
Estado de So Paulo CODESP, situao que perdurou at 1 de junho de 1995,
quando o Ministrio dos Transportes descentralizou a gesto do porto ao Municpio de
Itaja, atravs da Administradora Hidroviria Docas Catarinense. Em dezembro de
1997, o Porto de Itaja foi delegado ao municpio pelo prazo de 25 anos. Passou a ser
chamado de Superintendncia do Porto de Itaja em 6 de junho de 2000, atravs da
Lei Municipal 3.513.
24
II.4.1.2 Localizao do Porto O Porto de Itaja est localizado margem direita do rio Itaja-Au, a
3,2km de sua foz, no Municpio de Itaja, litoral norte do Estado de Santa Catarina, a
meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianpolis, e a cidade catarinense
mais populosa, Joinville, sendo suas coordenadas geogrficas: latitude 265402 sul e
longitude 483904 oeste. A zona de jurisdio de porto limita-se ao norte pela divisa
entre os municpios de Barra Velha e Piarras e ao sul at o municpio de Garopaba.
A ilha de Santa Catarina, onde se situa a cidade de Florianpolis,
capital do Estado, se encontra sob a jurisdio do porto de Itaja. O porto
administrado, no momento, pela Prefeitura de Itaja.
Figura II.14 Ilustrao da localizao do Porto de Itaja no litoral de Santa Catarina
Porto de Itaja
25
Do embarque de frangos para o exterior, cerca de 90% realizada pelo
Porto de Itaja. o terceiro no ranking nacional de movimentao de contineres,
registrado durante o ano de 2003, estando em primeiro o Porto de Santos e segundo o
Porto de Rio grande. Assim sendo, o escoadouro natural da economia estadual e
agora tambm de provncias argentinas limtrofes. Sede da AMFRI - Associao dos
Municpios da Foz do Rio Itaja-Au e sede tambm da Capitania dos Portos de Santa
Catarina. considerado um dos principais plos de desembarque pesqueiro nacional
onde vrias industriais de processamento de pescado esto instaladas s margens do
esturio, principalmente no Municpio de Itaja.
A regio constantemente dragada para a manuteno da
profundidade do canal de navegao. A dragagem utiliza uma draga que trabalha
atravs do sistema de injeo de gua, que promove a fluidificao dos sedimentos
finos que constituem o fundo (SCHETTINI, 2002).
A superintendncia do Porto de Itaja, aps dezoito meses de trabalho,
obteve a certificao ISO15 9001:2000, pelo BVQI/Inmetro16, BVQI/RVA17, aceitao
nacional e internacional, respectivamente. Tornando-se, assim, a primeira Autoridade
Porturia, no Brasil, a obter essa certificao, o que qualifica o Porto como prestador
de servios porturios com padro de qualidade internacional.
Em julho de 1983, em conseqncia de fortes chuvas, houve um
grande aumento na vazo e na velocidade das guas fluviais do Rio Itaja-A,
gerando uma forte corrente que causou uma eroso superior a doze metros de
profundidade na regio porturia e, como isto, o afundamento de parte do Cais
prximo ao bero n. 4, alm de profundas alteraes no leito do esturio. Durante
esta cheia, na bacia de evoluo do Porto de Itaja, foi medida a velocidade da
corrente que atingiu 3m/s e o nvel de gua se elevou a cota de 3,80m acima do zero
hidrogrfico da DHN (DIENGRelatrio INPH 65/99, 1999). As obras de reconstruo
do bero danificado encerraram-se em 1988.
15 ISO International Standard Organization Organizao de Padronizao Internacional que, atravs de normas pr-estabelecidas, define a qualificao, atravs de metodologias, para um tipo de servio ou para fabricao de mercadorias. 16 BVQI/Inmetro rgo brasileiro responsvel pela avaliao e acompanhamento das exigncias das normas ISO 9001. 17 BVQI/RVA rgo internacional responsvel pela avaliao e acompanhamento das exigncias das normas ISO 9001.
26
II.4.1.3 Acessos s Instalaes Porturias O acesso rodovirio ao Porto de Itaja pode ser realizado pelas rodovias SC-470 / BR-470, as quais ligam o Municpio de Itaja ao oeste catarinense, passando
por Blumenau; j a BR-101, a 10 km do porto e a SC-486, atingindo Brusque,
estabelecem uma conexo com a malha rodoviria do Estado de Santa Catarina.
Contudo, o Porto de Itaja no possui acesso por via ferroviria.
O acesso martimo inicia-se no canal da barra, na embocadura do rio Itaja-A, que se encontra fixada por dois molhes, norte e sul, e contm a largura
mnima de 100m e profundidade de 10,0m. O canal de acesso constitudo de um
trecho externo e outro interno, com profundidades prximas a 10,0m. A parte externa
(canal da barra) tem cerca de 1,5km de comprimento e largura de 100m a 150m, e a
parte interna, 3,2km, com largura variando entre 100m e 230m.
Figura II.15 Ilustrao do incio do canal interno de acesso ao Porto de Itaja mostrando a entrada da barra. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.
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Figura II.16 Ilustrao do Porto de Itaja e seu canal de acesso at a sua foz. Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.cpm.br.
Figura II.17 Ilustrao do Porto de Itaja, ressaltando os meandros do Rio Itaja-A. Fonte: Stio eletrnico www.portoitajai.com.br.
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Figura II.18 Ilustrao dos beros de atracao do Porto de Itaja mostrando parte da bacia de evoluo. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.
II.4.1.4 Principais Caractersticas Porturias As principais instalaes porturias consistem em um cais acostvel de 740m com quatro beros de atracao, sendo o bero n. 1 B1, para atracao
prioritria de navios portas-continer, ro-ro e navios dotados de pontes rolantes; o
bero n. 2 B2, para atracao prioritria de navios portas-continer ou de carga
geral; o bero n. 3 B3, para navios com atracao prioritria com cargas
frigorificadas e o bero n. 4 B4, condicionada a ordem de chegada.
Possui trs armazns para carga geral totalizando 15.800m, um
armazm frigorfico com 1.180m, ptios asfaltados e alfndegados totalizando
38.000m e retroporto asfaltado de 25.000m.
O terminal de contineres Teconvi Terminal de Contineres do Porto
de Itaja fica localizado atrs dos beros B1 e B2, sendo que um desses beros possui
250m de comprimento e 12m de profundidade e um ptio de contineres na
retaguarda com 22.000m. Na linha do cais os contineres so movimentados por dois
29
guindastes mveis, sobre rodas, com capacidade nominal de 25 contineres por hora
e no ptio sete empilhadeiras, reach stackers, atendem ao terminal.
Nas imediaes do porto est a EADI/Itaja Estao Aduaneira com
rea coberta de armazenagem de 31.500m, rea externa de 121.450m, alm da rea
para contineres de 52.499m.
Na figura II.19, pode-se observar a geografia do Porto de Itaja,
visualizando os beros de atrao e suas retroreas. Como divulgado no stio
eletrnico www.portodeitajai.com.br a expanso do Porto est delineada por grande
parte da colorao alaranjada, nesta rea ainda se encontra a Capitania dos Portos do
Estado de Santa Catarina que ser transferida dessa localidade. Futuramente o
terminal de contineres - TECONVI ser ampliado ocupando toda essa rea
demarcada.
Figura II.19 Ilustrao da geografia do Porto de Itaja, em laranja a rea destinada expanso do terminal de contineres - TECONVI. Fonte: Stio eletrnico do Porto de Itaja, www.portodeitajai.com.br.
rea de Expanso
Porto de Itaja
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Figura II.20 Ilustrao do posicionamento dos beros de atracao e das instalaes atuais do Porto de Itaja. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.
Figura II.21 Ilustrao das expanses futuras do Porto de Itaja, previstas para ampliao dos novos beros de atracao e das retroreas. Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br.
Terminal de Continer rea: 105.000m2 / 17.000TEU/ms Investimento: R$60 milhes / 99-00
rea destinada ao Porto Pblico Operado pelos operadores porturios privados rea: 41.000m2
___rea de Arrendamento
Em Estudo pelo CAP: Demolio dos Armazns 1 e 3, na zona porturia
Rio Itaja-A
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II.4.2 Detalhes da Dragagem no Porto de Itaja II.4.2.1 Tipos de Materiais encontrados no Leito
Os principais materiais encontrados no leito do Rio Itaja-Au so
oriundos de processos sedimentares fluviais e marinhos devido hidrodinmica do
esturio. Normalmente so evidenciados trs tipos de materiais de fundo,
principalmente da regio da bacia do Porto de Itaja, onde encontramos: areia fina,
silte e argila (VARGAS, 1983), com caractersticas de baixa coesividade para uma
operao de dragagem.
Por serem materiais oriundos de sedimentaes freqentes, a operao
de dragagem de manuteno no encontra grandes dificuldades para remoo dos
sedimentos de fundo atravs de equipamentos comuns de dragagem, sejam eles:
mecnicos, hidrulicos e hidrodinmicos, como a seguir so demonstrados:
Processo de Dragagem Equipamento Utilizado
Hidrulico Draga Autotransportadora de Mdio Porte - ATM
Mecnico Dragas de Alcatruzes e de Caamba AL/CS
Hidrodinmico Draga de Injeo de gua - WID
Tabela II.1 Relao dos processos de dragagem j utilizados no Porto de Itaja.
II.4.2.2 Processos de Dragagem Utilizados pelo Porto Os mtodos de dragagem que antecederam o processo WID, utilizado atualmente no Porto de Itaja, foram os processos hidrulicos atravs de dragas
autotransportadoras e os processos mecnicos atravs de dragas de alcatruzes e
dragas de caamba (Clam-Shell).
As dragas autotransportadoras foram as mais utilizadas na manuteno
do canal e bacia de evoluo. Inicialmente, as dragas de pequeno porte com
capacidade de cisterna at 1500m3 foram muito empregadas quando o canal possua
ainda profundidades prximas a nove metros, posteriormente, com o aprofundamento
do canal, foram empregadas dragas com capacidades maiores chegando at
32
equipamentos com 5.000m3. A draga holandesa Lelystad com capacidade de
10.000m3 chegou a realizar dragagem no local, porm, devido ao seu tamanho fsico,
apresentou baixo rendimento durante manobras na rea operacional, principalmente
quando era necessria a sua operao prxima aos beros do cais e bacia de
evoluo. A maior dificuldade operacional dessas dragas hidrulicas era sua operao
nos beros de atracao junto ao cais, pois suas bocas de dragagem nem sempre
conseguiam se aproximar o suficiente para remover os sedimentos depositados nessa
rea, alm de necessitar da liberao, para dragagem, dos navios aportados no local,
gerando dificuldades operacionais para o porto.
Os equipamentos mecnicos, representados pelas dragas de alcatruzes
e dragas de caamba (Clam-Shell), tiveram sua participao na dragagem da bacia de
evoluo e dos beros de atracao, onde suas atuaes eram mais beneficiadas pela
concentrao de material em reas prximas, j que estes equipamentos no so
propelidos o que dificulta sua operao em locais com grande extenso longitudinal. O
material dragado era depositado em bateles que possuam propulso prpria para se
deslocarem at a rea de despejo, normalmente localizada a sete quilmetros da
embocadura do rio Itaja-A. Estes equipamentos necessitavam da liberao de
grande rea para posicionamento de seus cabos de trao para movimentos de
dragagem, exigindo a restri