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AVALIAÇÃO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEÇÃO DE ÁGUA EM ESTUÁRIOS Carlos Roberto Lips Soares DISSERTAÇÃO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAÇÃO DOS PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE EM CIÊNCIAS EM ENGENHARIA OCEÂNICA. Aprovada por: _____________________________________________ Profª. Susana Beatriz Vinzon, D.Sc. _____________________________________________ Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D. _____________________________________________ Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D.Sc. _____________________________________________ Prof. José Carlos César Amorim, D.Ing. RIO DE JANEIRO, RJ – BRASIL MARÇO DE 2006

2006_mestrado_carlos_lips.pdf

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  • AVALIAO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEO DE GUA

    EM ESTURIOS

    Carlos Roberto Lips Soares

    DISSERTAO SUBMETIDA AO CORPO DOCENTE DA COORDENAO DOS

    PROGRAMAS DE PS-GRADUAO DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE

    FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS

    NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE MESTRE EM CINCIAS EM

    ENGENHARIA OCENICA.

    Aprovada por:

    _____________________________________________

    Prof. Susana Beatriz Vinzon, D.Sc.

    _____________________________________________

    Prof. Afonso de Moraes Paiva, Ph.D.

    _____________________________________________

    Prof. Gilberto Olympio Mota Fialho, D.Sc.

    _____________________________________________

    Prof. Jos Carlos Csar Amorim, D.Ing.

    RIO DE JANEIRO, RJ BRASIL

    MARO DE 2006

  • ii

    SOARES, CARLOS ROBERTO LIPS

    Avaliao do Processo de Dragagem por

    Injeo de gua em Esturios [Rio de Janeiro]

    2006

    XXI, 126 p. 29,7 cm (COPPE/UFRJ, M.Sc.,

    Engenharia Ocenica, 2006)

    Dissertao Universidade Federal do Rio

    de Janeiro, COPPE

    1. Dragagem por Injeo de gua WID

    2. Processos de Dragagem

    3. Dragagem em Leitos Contaminados

    4. Detalhamento dos Equipamentos WID

    5. Comparao dos Mtodos de Dragagem

    6. Anlise dos Processos Hidrodinmicos

    7. Discusso da Dragagem no Porto de Itaja

    I. COPPE/UFRJ II. Ttulo ( srie)

  • iii

    DEDICATRIA

    A minha esposa Rosangela pelo companheirismo e grande incentivo nos

    momentos mais difceis que passei durante esta jornada.

    As minhas filhas Andrea e Aline to importantes para o equilbrio da minha

    vida.

    Aos meus pais e irm pela ajuda e compreenso devido a minha ausncia

    durante o perodo que se desenvolveu este estudo.

  • iv

    AGRADECIMENTOS

    A Professora Susana Beatriz Vinzon pela sua orientao, pacincia e

    dedicao que propiciaram a concluso deste trabalho.

    Aos Professores Afonso Paes e Gilberto Fialho por aceitarem em compor a

    Banca examinadora deste trabalho.

    Ao Professor do IME, Jos Carlos Csar Amorim por aceitar o convite para

    compor a Banca examinadora deste trabalho, como convidado externo.

    Ao corpo docente do Programa de Engenharia Ocenica, por sua capacidade

    intelectual e empenho para manter o elevado nvel de seus ensinamentos.

    Aos funcionrios do PEnO e da Engenharia Costeira, em especial as

    Secretrias Gleice e Marise e os funcionrios lotados no sistema de processamento de

    dados, pelos seus grandes prstimos e constante pacincia para ajudar os discentes.

    Ao corpo discente das turmas de 2003 e 2004 do Programa de Engenharia

    Ocenica da Engenharia Costeira que sempre me auxiliaram e compartilharam os

    melhores momentos dos nossos, respectivos, anos letivos.

    Ao INPH da CDRJ pela gentileza em ceder alguns relatrios que ajudaram no

    desenvolvimento deste trabalho.

    Ao DIDEHU da CDRJ que sempre colocou a disposio o seu arquivo tcnico

    para as consultas necessrias.

    Aos meus familiares por afinidade e consangneos pelo constante apoio

    emocional durante o perodo deste curso.

    Universidade do Vale do Itaja atravs do Professor Schettini, Rodrigo e

    Carla por suas excelentes condutas profissionais para dar o apoio tcnico necessrio

    durante a campanha de medies na dragagem do Porto de Itaja.

  • v

    Aos Engenheiros Rodrigo e Raphael, da turma de M.Sc. de 2004, que muito

    me ensinaram e auxiliaram nas medies da campanha de campo realizada durante a

    dragagem do Porto de Itaja.

    Ao Diretor Superintendente da Ballast Ham no Brasil, Eng Eduardo Figueiredo

    por sua cordialidade em disponibilizar toda ajuda necessria para o acompanhamento

    da operao de dragagem no Porto de Itaja.

    Diretoria da CDRJ por permitir o meu afastamento do trabalho, nos

    momentos necessrios, para concluir este curso.

    Aos colegas de trabalho da CDRJ, principalmente: Ado, Amaral, Lia Mara,

    Machado, Maiolino e Romeu que estiveram sempre me motivando e ajudando em

    todas as ocasies, principalmente, durante o perodo transcorrido neste curso.

  • vi

    Resumo da Dissertao apresentada COPPE/UFRJ como parte dos requisitos

    necessrios para a obteno do grau de Mestre em Cincias (M.Sc.)

    AVALIAO DO PROCESSO DE DRAGAGEM POR INJEO DE GUA

    EM ESTURIOS

    Carlos Roberto Lips Soares

    Maro/2006

    Orientadora: Professora Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)

    Programa: Engenharia Ocenica

    Dentro da dragagem hidrodinmica foi desenvolvido um novo processo

    aplicado dragagem de manuteno denominado de dragagem por injeo de gua,

    conhecido pela sigla WID. Neste mtodo o deslocamento do material dragado, at a

    sua disposio final, depende das correntes naturais e artificiais induzidas na coluna

    de gua do fluido, sendo a gerao de correntes de densidade uma das importantes

    caractersticas desta metodologia.

    Este trabalho descreve os principais tipos de dragagem mais

    empregados na atualidade e os equipamentos utilizados no processo de dragagem por

    injeo de gua, incluindo sua interferncia em relao biota local e a presena de

    contaminantes no leito. Os forantes hidrodinmicos que interferem com o processo

    WID so citados e a pluma de sedimentos induzida junto ao fundo avaliada atravs

    do nmero de Froude densimtrico. Com a finalidade de observar as caractersticas da

    hidrodinmica num ambiente onde est se utilizando esta metodologia foi realizada

    uma campanha de medies, durante uma operao de dragagem no Porto de Itaja,

    no esturio do Rio Itaja-A, sendo registrados os perfis de velocidade, salinidade e

    turbidez, em um ciclo de mar. Foram identificados os principais aspectos positivos e

    negativos inerentes a esta nova tecnologia, alm da comparao operacional entre os

    mtodos de dragagem convencionais e o processo de Dragagem por Injeo de gua.

  • vii

    Abstract of Dissertation presented to COPPE/UFRJ as a partial fulfillment of the

    requirements for the degree of Master of Science (M.Sc.)

    AVALIATION OF THE PROCESS OF WATER INJECTION DREDGIND

    IN ESTUARIES

    Carlos Roberto Lips Soares

    March/2006

    Advisor: Professor Susana Beatriz Vinzon (D.Sc.)

    Department: Ocean Engineering

    Among hydrodynamic dredging processes, a new method is being

    applied for maintenance dredging, called water injection dredging, WID. In this method

    the dredging material is moved, until final deposit, by artificial and natural currents in

    the fluid waters column and being the generation of the density currents an important

    characteristic to this methodology.

    This work describes the method and the equipments required for the

    water injection dredging process, as well as the principal types of dredging currently

    used at this moment. A brief analysis of the water injection dredging is presented,

    including its interference with the local biotic and contaminated materials in the bed.

    The estuarine hydrodynamic, which may interfere with the WID process, is described,

    and considerations about the formation of a turbidity current and its relation with the

    densimetric Froude number is assessed. To address the main hydrodynamic

    characteristics of a case study, a field campaign was accomplished, which covered a

    tidal cycle, with a short period during a dredging operation in Itaja Harbor, in the

    estuary of Itaja-A River. Velocity, salinity and turbidity profiles were measured,

    during a tidal cycle. The mainly negative and positive aspects concerning to this new

    technology are addressed in this work, including a comparison between conventional

    dredging methods and the process of Water Injection Dredging.

  • viii

    NDICE DO TEXTO

    I INTRODUO...........................................................................................................1 I.1 OBJETIVOS.....................................................................................................2

    I.2 ESTRUTURA DO TEXTO................................................................................3

    II CARACTERIZAO DOS MTODOS DE DRAGAGEM........................................4 II.1 HISTRICO E EVOLUO DA DRAGAGEM................................................4

    II.2 TIPOS DE OPERAO DE DRAGAGEM......................................................5

    II.2.1 Dragagem de Aprofundamento ou Inicial............................................5

    II.2.2 Dragagem de Manuteno..................................................................6

    II.2.3 Dragagem de Minerao.....................................................................6

    II.2.4 Dragagem Ambiental ou Ecolgica................ ...................................7

    II.2.5 Dragagens Especiais...........................................................................7

    II.2.6 Dragagens Naturais ou Eroso...........................................................8

    II.2.7 Dragagens para Aterros Hidrulicos....................................................8

    II.3 CASSIFICAO DOS PROCESSOS DE DRAGAGEM.................................9

    II.3.1 Processos Mecnicos de Dragagem.................................................10

    II.3.2 Processos Hidrulicos de Dragagem................................................12

    II.3.3 Processos Mistos de Dragagem........................................................14

    II.3.4 Processos Pneumticos de Dragagem.............................................15

    II.3.5 Processos Hidrodinmicos de Dragagem.........................................16

    II.3.5.1 Metodologia do Processo Hidrodinmico...........................17

    II.3.5.2 Tipos de Dragagens Hidrodinmicas..................................18

    A Dragagem por Agitao................................................19

    B Dragagem por Eroso...................................................19

    C Dragagem por Elevao...............................................20

    D Dragagem por Injeo WID.....................................21

    II.4 DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA............................................................23

    II.4.1 Especificaes do Porto de Itaja......................................................23

    II.4.1.1 Histrico..............................................................................23

    II.4.1.2 Localizao do Porto..........................................................24

    II.4.1.3 Acessos s Instalaes Porturias.....................................26

    II.4.1.4 Principais Caractersticas Porturias..................................28

  • ix

    II.4.2 Detalhes da Dragagem no Porto de Itaja........................................31

    II.4.2.1 Tipos de Materiais encontrados no Leito...........................31

    II.4.2.2 Processos de Dragagem utilizados pelo Porto..................31

    II.4.2.3 Licitaes de Dragagem para o Ano de 2005....................35

    III DRAGAGEM POR INJEO DE GUA WID....................................................36 III.1 ANLISE DO PROCESSO DE DRAGAGEM...............................................36

    III.1.1 Histrico da Dragagem por Injeo de gua...................................36 III.1.2 Operao da Dragagem por Injeo de gua.................................37

    III.2 MONITORAMENTO.....................................................................................39

    III.3 INTERFERNCIA DA DRAGAGEM NA BIOTA LOCAL..............................40

    III.4 DRAGAGEM EM LEITOS COM MATERIAIS CONTAMINADOS................42

    III.5 EQUIPAMENTOS DE DRAGAGEM WID..................................................50

    III.5.1 Configurao e Seleo dos Equipamentos....................................50

    III.5.2 Detalhamento dos Equipamentos....................................................53

    III.5.3 Relao das Principais Dragas de Injeo de gua.......................56

    III.5.4 Versatilidade Operacional dos Equipamentos.................................57

    III.6 DADOS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM................................................58

    III.7 PARMETROS OPERACIONAIS DE DRAGAGEM....................................59

    III.8 DIAGRAMA EM BLOCOS DO MTODO POR INJEO DE GUA..........60

    IV ANLISE COMPARATIVA DOS PRINCIPAIS MTODOS DE DRAGAGEM......63 IV.1 DRAGAS DE ALCATRUZES.......................................................................63

    IV.2 DRAGAS AUTOTRANSPORTADORAS......................................................67

    IV.3 DRAGAS DE SUCO E RECALQUE.......................................................69

    IV.4 DRAGAS DE INJEO DE GUA WID...................................................71

    IV.5 TABELA COMPARATIVA DOS MTODOS................................................72

    V ANLISE DO PROCESSO HIDRODINMICO NA METODOLOGIA WID...........74 V.1 CORRENTE DE DENSIDADE......................................................................74

    V.2 CORRENTES NATURAIS............................................................................81

    V.3 HIDRODINMICA NO ESTURIO DO RIO ITJA-A..............................83

    V.4 ESTUDO DE CASO DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA......................85

    V.4.1 Campanha de Medies..................................................................85

    V.4.1.1 Metodologia de Coleta.....................................................85

  • x

    V.4.1.2 Metodologia de Anlise....................................................87

    V.4.2 Instrumentao.................................................................................87

    V.4.3 Anlise dos Dados...........................................................................89

    V.5 REGISTROS DE DADOS DA HIDRODINMICA LOCAL...........................90

    V.5.1 Registros de Dados das Mars Astronmicas.................................90

    V.5.2 Determinao dos Valores Mdios..................................................91

    V.5.3 Velocidades Projetadas no Eixo do Canal.......................................93

    V.5.4 Representao Grfica dos Principais Parmetros.........................94

    V.5.5 Anlise das Amostras.....................................................................102

    V.5.6 Concentrao dos Sedimentos na Coluna de gua......................102

    VI DISCUSSO DAS CONDIES DE DRAGAGEM NO PORTO DE ITAJA.....106 VI.1 INTRODUO..........................................................................................106

    VI.2 TRAJETRIA DOS SEDIMENTOS RESSUSPENSOS...........................106

    VI.3 INTERFERNCIAS NA OPERAO DE DRAGAGEM...........................107

    VI.4 PERIODICIDADE DAS BATIMETRIAS....................................................108

    VI.5 DISCUSSO DOS RESULTADOS OBTIDOS..........................................108

    VII CONCLUSES E RECOMENDAES.............................................................110 VII.1 CONCLUSES........................................................................................110

    VII.2 RECOMENDAES................................................................................113

    REFERNCIAS...........................................................................................................115

  • xi

    NDICE DE FIGURAS

    Figura II.1 Ilustrao de uma draga dotada com o sistema SPLIT que caracteriza a

    abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte:

    Bandeirantes........................................................................................................8

    Figura II.2 Ilustrao de uma draga hidrulica recalcando sedimentos para

    restaurao de uma rea costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem...................9

    Figura II.3 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de alcatruzes

    mostrando o conjunto de caambas que atuam continuadamente na remoo

    do material de fundo. Fonte: Stio eletrnico www.ihc.holland.com..................10

    Figura II.4 Ilustrao do esquema operacional de uma draga retroescavadeira

    mostrando o carregamento de uma barcaa e seu sistema de posicionamento

    no fundo, atravs de dois charutos de fixao do flutuante. Fonte: Ges Filho,

    2004...................................................................................................................11

    Figura II.5 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de caamba (Clam-

    Shell) mostrando o guindaste responsvel pela movimentao da caamba e

    os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem.

    Fonte: Ges Filho, 2004....................................................................................11

    Figura II.6 Ilustrao do esquema operacional de uma draga autotransportadora

    mostrando a atuao das duas bocas e dois tubos de suco durante a

    dragagem, dispostos em cada lado da embarcao. Fonte: Stio eletrnico

    www.lhcholland.com..........................................................................................12

    Figura II.7 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco e recalque

    atuando com um desagregador na ponta da lana de dragagem mostrando as

    ncoras de arinque que permitem o movimento lateral e, juntamente com os

    charutos de fixao, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento.

    Fonte: www.ihcholland.com...............................................................................13

    Figura II.8 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco com roda de

    caambas na ponta da lana de dragagem, mostrando as ncoras de arinque

    que, juntamente com os charutos, so responsveis pelo ciclo de corte de

    dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.............................................................14

    Figura II.9 Ilustrao do esquema operacional de uma draga pneumtica mostrando

    a linha de recalque e o equipamento de suco pneumtico em contato com o

    leito. Fonte: Stio eletrnico www.pneuma.it......................................................15

  • xii

    Figura II.10 Ilustrao de um dos processos de dragagem hidrodinmica mostrando

    a atuao de uma estrutura slida no leito aqutico gerando uma pluma de

    sedimentos que carreada para alm do stio de dragagem pela atuao de

    forantes hidrodinmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974)...............16

    Figura II.11 Ilustrao dos quatro principais processos de dragagem hidrodinmica

    Injeo, Agitao, Eroso e Elevao. Relatrio SEBA 99/12/info.1-E.............19

    Figura II.12 Ilustrao de uma draga autotransportadora apresentando o lanamento

    de sedimentos na superfcie do fluido atravs do vertedor (overflow). Fonte:

    Stio www.vanoord.com.....................................................................................21

    Figura II.13 Ilustrao do processo de dragagem por injeo de gua, mostrando os

    parmetros necessrios para induzir a formao da corrente de densidade.

    Fonte: ThamesWeb Maintenance Dredging...................................................22

    Figura II.14 Ilustrao da localizao do Porto de Itaja no litoral de Santa

    Catarina.............................................................................................................24

    Figura II.15 Ilustrao do incio do canal interno de acesso ao Porto de Itaja

    mostrando a entrada da barra. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br..............26

    Figura II.16 Ilustrao do Porto de Itaja e seu canal de acesso at a sua foz. Fonte:

    Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br..........................................................27

    Figura II.17 Ilustrao do Porto de Itaja, ressaltando os meandros do Rio Itaja-A.

    Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br...............................................27

    Figura II.18 Ilustrao dos beros de atracao do Porto de Itaja mostrando parte da

    bacia de evoluo. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br................................28

    Figura II.19 Ilustrao da geografia do Porto de Itaja, em laranja a rea destinada

    expanso do Terminal de Contineres TECONVI. Fonte: Stio eletrnico do

    Porto de Itaja www.portodeitajai.com.br...........................................................29

    Figura II.20 Ilustrao do posicionamento dos beros de atracao e das instalaes

    atuais do Porto de Itaja. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.......................30

    Figura II.21 Ilustrao das expanses futuras do Porto de Itaja, previstas para

    ampliao dos beros de atracao e das retroreas. Fonte: Stio eletrnico

    www.portodeitajai.com.br...................................................................................30

    Figura II.22 Ilustrao de parte da Carta Nutica 1801 mostrando as reas de

    dragagem do Porto de Itaja beros, bacia de evoluo, canal interno e canal

    externo. Fonte: Stio eletrnico do Porto de Itaja www.portoitajai.com.br........33

    Figura III.1 Ilustrao da demonstrao do processo de dragagem por injeo de

    gua Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br......................................38

  • xiii

    Figura III.2 Ilustrao da formao da corrente de densidade atravs do processo de

    dragagem por injeo de gua. Fonte: Winterwerp et al...................................38

    Figura III.3 Ilustrao da rea Confinada na Superfcie para materiais

    contaminados, sem capeamento. Fonte: Stio www.portofrotterdam.com........45

    Figura III.4 Ilustrao da rea Confinada Subaqutica para materiais

    contaminados, com capeamento.......................................................................46

    Figura III.5 Ilustrao do arranjo geral de uma draga de injeo de gua, de pequeno

    porte, com propulso prpria. Fonte: Stio eletrnico www.musing.nl...............52

    Figura III.6 Ilustrao e detalhamento de uma draga de injeo de gua

    propelida............................................................................................................53

    Figura III.7 Ilustrao de uma draga de injeo de gua no propelida e de pequeno

    porte. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com...............................................54

    Figura III.8 Ilustrao e arranjo geral da draga de injeo de gua propelida, de

    grande porte. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com...................................55

    Figura III.9 Ilustrao do quadro contendo as principais caractersticas da draga

    ANTAREJA. Fonte: Stio eletrnico www.vanoord.com.br................................56

    Figura III.10 Ilustrao mostrando o diagrama em blocos cujo detalhamento

    considera as caractersticas bsicas da operao de dragagem por injeo de

    gua WID........................................................................................................62

    Figura V.1 Ilustrao do diagrama esquemtico mostrando a formao da corrente

    de densidade em um ambiente aqutico, atravs da diferena de densidade

    entre a pluma de sedimentos localizada no fundo e o fluido ambiente. Fonte:

    Garcia, 1993......................................................................................................76

    Figura V.2 Ilustrao de uma simulao da propagao da corrente de densidade

    junto ao leito do corpo aqutico. (T. Maxworthy, J. Leilich, J.E. Simpson e E.H.

    Meiburg).............................................................................................................77

    Figura V.3 Ilustrao da Corrente de Gravidade U1, menos densa, interagindo com

    a Corrente de Gravidade U2, mais densa.......................................................78

    Figura V.4 Ilustrao parcial da Carta Nutica 1801 viso do Porto de Itaja, do

    Esturio do Rio Itaja-A e do registro das coordenadas de campanha onde

    foram coletados os dados de campo, onde foram coletados os dados de

    campo................................................................................................................86

    Figura V.5 Ilustrao mostrando o ngulo de projeo das velocidades resultantes

    em relao ao eixo principal do canal do Porto de Itaja...................................93

  • xiv

    Figura V.6 Ilustrao mostrando o monitoramento utilizado na campanha de

    medies no canal de acesso ao Porto de Itaja.............................................104

  • xv

    NDICE DE GRFICOS

    Grfico V.1 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 07:30h.........................96

    Grfico V.2 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 09:40h......................97

    Grfico V.3 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 10:10h......................97

    Grfico V.4 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 10:40h......................97

    Grfico V.5 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    longitudinalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 11:10h......................98

    Grfico V.6 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 12:40h......................98

    Grfico V.7 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 13:00h......................98

    Grfico V.8 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Mar enchendo s 13:40h......................99

    Grfico V.9 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente e

    transversalmente ao eixo do canal Preamar s 14:10h..................................99

    Grfico V.10 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 15:00h......................99

    Grfico V.11 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 15:40h....................100

    Grfico V.12 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 16:50h....................100

    Grfico V.13 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:35h....................100

    Grfico V.14 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(1)...............101

    Grfico V.15 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(2)...............101

    Grfico V.16 Representao das velocidades u, v e w projetadas longitudinalmente

    e transversalmente ao eixo do canal Mar vazando s 17:56h(3)...............101

  • xvi

    NDICE DE TABELAS

    Tabela II.1 Relao dos processos de dragagem j utilizados no Porto de Itaja......31

    Tabela II.2 Demonstrao da situao do edital para Dragagem no Porto de Itaja.

    Fonte: Stio www.transportes.gov.br..................................................................35

    Tabela III.1 Sumrio das atividades iniciais de monitoramento para o processo de

    dragagem por injeo de gua. Fonte: Dredging Research Technical Note 3

    10, 1993..........................................................................................................40

    Tabela III.2 Relao dos equipamentos de dragagem por injeo de gua da

    empresa holandesa Van Oord, em operao em vrios pases. Fonte: Stio

    www.vanoord.com.............................................................................................56

    Tabela III.3 Registros dos principais parmetros obtidos durante a operao de

    dragagem por injeo de gua no Rio Mississipi EUA. Fontes: Dredging 94,

    1994 e Stio eletrnico www.vanoord.com.........................................................58

    Tabela IV.1 Comparao das taxas de produo dos processos de dragagem

    convencionais, representados pelas dragas de alcatruzes e

    autotransportadoras, com os processos hidrodinmicos, representados pela

    draga por injeo de gua.................................................................................73

    Tabela V.1 Valores dos nmeros adimensionais: Froude densimtrico, Richardson e

    Reynolds, calculados para a corrente de densidade, a partir do conceito de

    similaridade de escoamentos naturais simulados em laboratrios e com os

    dados obtidos em campanhas de medio do processo WID...........................80

    Tabela V.2 Registro da Tbua de Mars do dia 9 de maro de 2005, no Porto de

    Itaja. Fonte: Tbua de Mars da Diretoria de Hidrografia e Navegao DHN

    da MB.................................................................................................................90

    Tabela V.3 Relaciona os nomes dos arquivos com os respectivos horrios das

    incurses, para coleta de dados da Campanha de Medies, incluindo as

    condies da mar astronmica no Porto de Itaja e a situao operacional dos

    equipamentos de dragagem..............................................................................92

    Tabela V.4 Indicao da direo convencionada das velocidades mdias em relao

    coluna de gua...............................................................................................95

    Tabela V.5 Registros dos resultados obtidos das amostras recolhidas da coluna de

    gua durante a campanha de medies no canal de acesso ao Porto de Itaja,

    no dia 9 de maro de 2005..............................................................................105

  • xvii

    LISTAGEM DE ABREVIATURAS

    A = Amostra

    a.C. = Perodo da histria antes do nascimento de Cristo

    ADV = Acoustic Doppler Vector Medidor de Correntes

    AL = Draga de Alcatruzes

    ALUMAR = Alumnio do Maranho

    AMFRI = Associao dos Municpios da Foz do Rio Itaja-A

    ATM = Draga Autotransportadora de Mdio porte

    B1 = Bero de atracao n 1

    B2 = Bero de atracao n 2

    B3 = Bero de atracao n 3

    B4 = Bero de atracao n 4

    BVQI/in Metro = Bureau Veritas Quality International / Nacional

    BVQI/RVA = Bureau Veritas Quality International / Internacional

    C = Concentrao de sedimentos no fluido

    CEDA = Central Dredging Association

    CODESP = Companhia Docas do Estado de So Paulo

    COPPE = Instituto Luiz Alberto Coimbra de Ps-graduao e Pesquisa de Engenharia

    COSIPA = Companhia Siderrgica Paulista

    CTD = Condutividade Condutivmetro

    CVRD = Companhia Vale do Rio Doce

    CS = Clam-Shell Draga de Caamba

    d.C. = Perodo da histria depois do nascimento de Cristo

    DELFT = Universidade Holandesa especializada em Hidrodinmica

    DHN = Diretoria de Hidrografia e Navegao

    DNIT = Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes

    DRP = Dredging Research Program

    E = Ponto Cardeal Leste

    EADI = Estao Aduaneira de Itaja

    ebb-WID = Dragagem por Injeo de gua no perodo da mar vazando

    EIA = Estudo de Impacto Ambiental

    EPA = Enviromental Protection Agency

    F+A = Filtro + Amostra

    FOSFERTIL = Fertilizantes Fosfatados S/A

  • xviii

    GPS = Global Position System

    HOM = Horas de Operao no Ms

    HPA = Hidrocarbonetos Policclicos Aromticos

    IBAMA = Inst. Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis

    INPH = Instituto Nacional de Pesquisas Hidrovirias atual IPH/CDRJ

    ISSO = International Standard Organization

    LD = Linha dgua

    LDSC = Laboratrio de Dinmica de Sedimentos Coesivos

    LISST = Laser In-Situ Scattering and Transmissometry

    MB = Marinha do Brasil

    N = Ponto Cardeal Norte

    NNE = Ponto Cardeal Norte-Nordeste

    N.Seq. = Nmero da seqncia

    OBS = Sensor de Medio da Turbidez

    OSPAR = Operational and Strategic Planning and Research

    P+A = Prato + Amostra

    PAH = Poly Aromatic Hydrocarbons

    PC = Personal Computer

    PEnO = Programa de Engenharia Ocenica

    PORTOBRAS = Empresa de Portos do Brasil

    Pot. = Potncia

    Rel = Relao

    RIMA = Relatrio de Impacto do Meio Ambiente

    RO-RO = Navios que possui acesso por rampas laterais ou de popa

    S = Ponto Cardeal Sul

    SEBA = Sea-Based Activities

    SR = Draga de Suco e Recalque

    SSW = Ponto Cardeal Sul-Sudoeste

    T = Turbidez

    TECONVI = Terminal de Contineres do Vale de Itaja

    TMP = Taxa Mdia de Produo

    UFRJ = Universidade Federal do Rio de Janeiro

    USEPA = U.S. Environmental Protection Agency

    WID = Water Injection Dredging Dragagem por Injeo de gua

  • xix

    LISTAGEM DE SMBOLOS

    g = Grama

    h = Hora

    m = Metro linear

    r = Radianos

    t = tonelada

    u = Velocidade no eixo dos x

    v = Velocidade no eixo dos y

    w = Velocidade no eixo dos z

    C = Concentrao de sedimentos

    T = Turbidez

    V = Volts

    gf = Fora gravitacional

    gf(x) = Fora gravitacional projetada no eixo dos x

    gf(y) = Fora gravitacional projetada no eixo dos y

    hb = Altura da camada fluidificada

    hp = Profundidade

    h(x) = Altura da pluma de sedimentos

    u = Velocidade u projetada no eixo do canal

    v = Velocidade v projetada na coordenada y referente ao eixo do canal

    w = Velocidade w

    Cb = Capacidade de carga do batelo

    Cc = Capacidade da caamba

    Cd = Ciclo de dragagem

    Ce = Coeficiente de enchimento

    Cec = Coeficiente de enchimento da caamba

    Cel = Condutividade eltrica em .Siemens.cm-1 Co = Ciclo operacional

    Cop = Coeficiente operacional

    D50 = Dimetro mdio das partculas de uma amostra

    Es = Empolamento sugerido

    Hop = Horas operacionais

    Ht = Horas totais Regime de trabalho (24h/dia x 26 dias)

    H(x) = Altura da coluna de gua

  • xx

    Lcd = Distncia percorrida pela corrente de densidade

    Nc = Nmero de ciclos mensais

    Pd = Produo de dragagem

    Rr = Rotao do rosrio

    Sa = Salinidade em ppt

    St = Declividade do talude do leito do corpo hdrico

    Ta = Tempo de atracao

    Tc = Tempo de carga do batelo

    Td = Tempo de desatracao

    Tp = Taxa mdia de produo

    Vb = Volume da cisterna do batelo

    Vc = Volume da cisterna in situ

    Ve = Velocidade mdia de avano da corrente de densidade

    Vm = Volume mensal in situ

    Vt = Volume total da cisterna

    Ws = Velocidade de queda

    Fr = Nmero de Froude

    Re = Nmero de Reynolds

    Ri = Nmero de Richardson

    Vu = Velocidade mdia na direo norte-sul

    Vv = Velocidade mdia na direo leste-oeste

    Vw = Velocidade mdia na direo da linha de profundidade

    Vu = Velocidade mdia projetada no eixo do canal

    Vv = Velocidade mdia projetada perpendicular ao eixo do canal

    Vw = Velocidade mdia projetada na linha da profundidade

    Vuv = Velocidade resultante das velocidades projetadas u e v

    m2 = Metro quadrado

    m3 = Metro cbico

    kW = Quilowatt

    km = Quilmetro

    ml = Mililitro

    mm = Milmetro linear

    Hz = Hertz

    kVA = Quilovolt-amper

    mHz = Mega-hertz

  • xxi

    min = Minuto

    rpm = Rotaes por minuto

    ton = Tonelada

    ppt = Percentage per thousand

    g/l = Grama por litro

    Kg/m3 = Quilograma por metro cbico

    kW/m3.h-1 = Quilowatt por metro cbico por hora

    m/min = Metro por minuto

    m/s = Metro por segundo

    m.s-1 = Metro por segundo

    m3/h = Metro cbico por hora

    m3.s-1 = Metro cbico por segundo

    mg/l = Miligrama por litro

    mg.l-1 = Miligrama por litro

    Micromhos.cm-1 = Unidade de condutividade

    Micro.Siemens.cm-1 = Unidade de Condutividade

    = ngulo do talude do leito do corpo hdrico = ngulo da velocidade resultante Vuv em relao ao eixo do canal = ngulo de defasagem entre o ponto cardeal leste e o eixo do canal 0 = Densidade (peso especfico) do fluido ambiente 1 = Densidade (peso especfico) da corrente de densidade s = Densidade (peso especfico) do sedimento (s,t) = Densidade (peso especfico) em funo da salinidade e temperatura (s,t,c) = Densidade (peso especfico) em funo da salinidade, temperatura e concentrao (mistura) = Densidade (peso especfico) da mistura S = Micro-Siemens (unidade de condutividade) /l = Mcron por litro = Aproximadamente C = Grau Celsius

    > = Maior que < = Menor que = Maior ou igual a = Menor ou igual a = Porcentagem por mil

  • 1

    I INTRODUO

    O transporte aquavirio responsvel pela movimentao de

    aproximadamente 90% das cargas mundiais, tornando-se, portanto, o principal meio

    de locomoo de cargas do planeta. Atualmente, o transporte martimo internacional

    utiliza navios cada vez mais especializados, bem como assistidos de modernas

    tcnicas de gerenciamento e comunicao, direcionando as suas atenes para a

    nova demanda de navios econmicos. A explorao da economia de escala, refletidas

    no aumento de porte dos navios, uma caracterstica marcante na evoluo da

    indstria do transporte martimo e est intimamente ligada agilizao das operaes

    porturias, assim como a preservao de seus acessos aquavirios.

    Para atender as exigncias de um mercado mundial altamente

    competitivo, a maioria dos portos teve que aumentar no somente a profundidade

    como ainda a largura de seus canais de acesso, beros de atracao e bacias de

    evoluo, de maneira a garantir que as diversas embarcaes, cada vez maiores em

    tamanho e calado, economicamente mais rentveis, possam trafegar por vias

    aquticas naturais ou artificiais, penetrar em baias protegidas e aproximarem-se das

    reas porturias para o embarque e desembarque das cargas transportadas.

    Vrias centenas de milhes de metros cbicos so dragados

    anualmente, em todo o mundo (GOES FILHO, 2004), grande parte desta quantidade

    de sedimentos removida de portos que apresentam constantes assoreamentos1,

    gerados por aes naturais ou antrpicas, atuantes nas proximidades destes

    ambientes hdricos. Portanto, tornou-se necessrio, preservao destas

    profundidades, o emprego constante de dragagens de manuteno, principalmente em

    portos localizados em esturios que necessitam destes servios em escala cada vez

    mais crescente.

    A evoluo dos equipamentos e das tcnicas de dragagem vem acompanhando as demandas impostas pela modernidade e pela competitividade. Uma

    nova metodologia foi desenvolvida, na dcada de 90, para atender as operaes de

    1 Materiais depositados em leitos aquticos provenientes da sedimentao de partculas suspensas na coluna de gua, oriundas de aes naturais ou artificiais.

  • 2

    dragagens de manuteno, dando origem a um novo tipo de dragagem hidrodinmica

    denominada dragagem por injeo de gua, conhecida pela sigla WID Water Injection Dredging, onde a versatilidade dos equipamentos e o baixo custo operacional

    motivaram a grande expanso operacional deste mtodo. Este trabalho visa

    apresentar as principais caractersticas operacionais desta metodologia.

    I.1 Objetivos

    Descrever as caractersticas bsicas da dragagem por injeo de gua, assim como os equipamentos necessrios.

    Comparar esta metodologia de dragagem hidrodinmica com a dragagem convencional.

    Observar as caractersticas do escoamento no esturio do Rio Itaja-A e sua possvel influncia na operao de dragagem.

  • 3

    I.2 Estrutura do Texto

    A descrio do texto foi dividida em sete captulos, para possibilitar uma

    melhor estruturao e compreenso dos principais tpicos do processo em estudo:

    I Introduo Detalhamento das motivaes que propiciaram a escolha do

    tema, assim como os objetivos e propostas do estudo apresentado.

    II Caracterizao dos Mtodos de Dragagem Envolve o histrico da evoluo

    da dragagem, definio dos tipos de operao de dragagem, alm da

    classificao dos processos de dragagem existentes na atualidade, segundo

    alguns autores. Por fim, descreve vrias especificaes do Porto de Itaja,

    detalhando as caractersticas de dragagem no seu acesso aquavirio.

    III Dragagem por Injeo de gua Este captulo faz uma breve anlise

    operacional desta metodologia, relaciona os equipamentos e acessrios de

    dragagem, menciona a interferncia da dragagem hidrodinmica em relao

    biota local e transcreve os estudos realizados, na Holanda, sobre a atuao do

    processo WID em leitos com materiais contaminados. Descreve a importncia

    do monitoramento por instrumentos, alm de avaliar a corrente de densidade

    atravs dos nmeros adimensionais: Froude densimtrico, Richardson e

    Reynolds. Finalmente ilustra, por meio de um Diagrama em Blocos, a

    interligao das atividades que envolvem o processo WID.

    IV Anlise Comparativa dos Mtodos de Dragagem Apresenta uma comparao

    tcnica operacional do processo WID com a Dragagem Convencional.

    V Anlise do Processo Hidrodinmico da Metodologia WID Definio terica de

    corrente de densidade e a importncia das correntes naturais presentes nessa

    operao de dragagem. So apresentados os resultados da campanha de

    medies, atravs de grficos e tabelas, realizada no Rio Itaja-A, no Porto

    de Itaja em 9 de maro de 2005, onde a dragagem por injeo de gua est

    sendo realizada.

    VI Discusso das Condies de Dragagem no Porto de Itaja Analisa a trajetria

    dos sedimentos e as interferncias na operao de dragagem em Itaja.

    VII Concluses e Recomendaes Descreve os principais aspectos operacionais

    do processo WID, assim como a necessidade das campanhas de campo,

    dando nfase aos resultados encontrados. Faz algumas recomendaes sobre

    a utilizao deste mtodo de dragagem.

  • 4

    II CARACTERIZAO DOS MTODOS DE DRAGAGEM

    II.1 Histrico e Evoluo da Dragagem

    Limpar ou desobstruir vias navegveis com dragas uma definio

    clssica para dragagem, j GOES FILHO (2004) define a dragagem como um

    processo de relocao de sedimentos e solos para fins de construo e manuteno

    de vias aquticas, de infraestrutura de transporte, de aterros e de recuperao de

    solos ou de minerao. De fato, a evoluo das metodologias de dragagem

    possibilitou uma ao de maior mbito tornando-se mais abrangente e, at mesmo,

    imprescindvel no auxlio para remoo de escombros, na recuperao de achados

    arqueolgicos, em obras que necessitem de aterros especiais, na explorao industrial

    de depsitos naturais de minerais, pedras preciosas e recursos marinhos de valor

    comercial (Comptons Encyclopedia, 1998) ou, ainda, em dragagens de recuperao

    do meio ambiente aqutico (Ge Study Report, 1998).

    Historicamente, existem referncias abertura de canais para

    navegao desde a mais remota antiguidade, ou seja, aproximadamente 5.000 anos

    antes de Cristo, entre os Sumrios (MARTINS, 1974). Podemos mencionar ainda

    importantes servios hidrulicos, tais como: a abertura do Canal da Babilnia; o

    traado entre os Rios Tigre e Eufrates; a navegabilidade no Rio Eufrates determinada

    por Nabucodonosor 600a.C (BRAY, 1997; Comptons Encyclopedia, 1998); uma

    ligao predecessora do Canal de Suez, entre o Rio Nilo e o Mar Vermelho; a

    drenagem do Lago Fucino 43a.C. Porm, o mais longo e antigo canal aqutico ainda

    existente o Grande Canal da China, com mais de 1600 km de extenso o que levou

    cerca de 2000 anos para ser construdo suas obras iniciaram no sculo 7a.C. e

    terminaram por volta do ano 1280d.C.. Na Europa, os pioneiros na construo de

    canais foram os italianos, muito embora os franceses prezem pela quantidade e

    extenso de suas vias aquticas. J na Grcia Antiga, eram construdos canais

    artificiais com fins de irrigao e tambm para unir corpos de gua. Atualmente, os

    holandeses so os que mais investem em tecnologia de dragagem, principalmente, na

    construo de canais para drenagem de seu territrio (TORRES, 2000; Comptons

    Encyclopedia, 1998).

  • 5

    Em particular, a dragagem hidrodinmica objeto deste trabalho e que

    ser descrita posteriormente, remonta da Idade Antiga onde, na ndia, j existia

    indcios do uso deste mtodo para remover os assoreamentos causados ao Rio Indus

    (MARTINS, 1974). Na poca, esta operao de dragagem era efetuada atravs do

    arrastamento de troncos de madeira, posicionados verticalmente em embarcaes

    propulsadas a vela ou remos, atuando em contato com o material de fundo do rio,

    visando ressuspender os sedimentos que, posteriormente, eram deslocados atravs

    da hidrodinmica natural do corpo hdrico, gerando, com isto, o aprofundamento do

    leito aqutico.

    II.2 Tipos de Operao de Dragagem

    As operaes de dragagem mais comuns so definidas pelas

    caractersticas bsicas e finalidades operacionais que envolvem o processo de dragagem. Seguindo a concepo de alguns livros e peridicos (USEPA, 1994; GE

    Study Report, 1998; TORRES, 2000; GOES FILHO, 2004) podemos destacar os

    seguintes tipos de operao de dragagem:

    II.2.1 Dragagem de Aprofundamento ou Inicial

    determinada pelo aprofundamento virginal2 do leito aqutico, onde,

    normalmente, a coeso entre as partculas mais intensa. Os equipamentos de

    dragagem so mais robustos e adaptados a cada tipo de situao operacional.

    A metodologia e o equipamento adequado so condies prioritrias

    para se obter bons resultados neste tipo de operao. A diversificao determinada

    pelas caractersticas do material existente no fundo aqutico, podendo ser empregada

    a derrocagem subaqutica como parte deste processo operacional. Geralmente, estas

    operaes so caracterizadas por (GOES FILHO, 2004):

    Movimentao de grandes quantidades de material dragado. 2 Aprofundamento em locais onde a dragagem nunca foi efetivada.

  • 6

    Remoo de solos compactos. Dragagem de camadas de solos no alteradas. Baixa presena de contaminantes. Camadas para dragagem com espessuras considerveis. Atividades de dragagem no repetitivas.

    II.2.2 Dragagem de Manuteno definida como uma operao mais suave3, onde a remoo dos

    sedimentos facilitada devido a pouca coeso das partculas depositadas

    recentemente4 no leito aqutico. Esta caracterstica facilita a utilizao da maioria dos

    processos de dragagem existentes na atualidade. Geralmente, consiste em uma

    tcnica operacional sucessora dragagem de aprofundamento. Possui como

    principais caractersticas (GOES FILHO, 2004):

    Quantidade de material a ser dragado varivel. Remoo de solos no compactos. Possvel presena de materiais contaminados. Ocorrncia mais freqente em canais de navegao e portos. Atividade, normalmente, repetitiva e rotineira.

    II.2.3 Dragagem de Minerao

    composta por equipamentos especificamente construdos para

    extrao de minerais com valor econmico como: argilas, areia e cascalho, para

    utilizao em indstrias e na construo civil, podendo ainda ser utilizada em aluvies

    fluviais para extrao de ouro e pedras preciosas.

    3 Caracterizao atribuda para dragagens em solos aquticos de fcil remoo. 4 Definio de tempo insuficiente para consolidar uma forte coeso das partculas.

  • 7

    II.2.4 Dragagem Ambiental ou Ecolgica Caracteriza-se pela utilizao de dragas ecolgicas para remoo, to

    somente, da camada de materiais contaminados depositados no fundo do corpo

    hdrico, como tambm na linha da gua quando ocorrem vazamentos acidentais de

    leos ou derivados de petrleo no meio aqutico. So equipamentos desenhados para

    trabalharem induzindo pouco efeito de turbidez na coluna de gua, normalmente

    causados pelos processos de dragagem convencionais. Procedimentos rigorosos so

    exigidos para a dragagem e deposio final do material. A eficincia da dragagem

    ecolgica est restrita a observao dos seguintes fatores (GOES FILHO, 2004):

    Minimizao da disperso de sedimentos contaminados para as reas adjacentes ao stio de dragagem;

    O manejo, tratamento e despejo do rejeito de dragagem devem ser efetuados de modo seguro do ponto de vista ambiental;

    A operao deve ser completada no menor tempo possvel, resultando na mxima remoo de sedimentos contaminados e na

    mnima remoo de sedimentos limpos.

    Na dragagem ambiental a remoo do material contaminado se

    procede cuidadosamente, sendo constantemente associada a um programa de

    tratamento, reutilizao ou relocao do mesmo. Possui como caractersticas mais

    usuais:

    Volumes reduzidos de dragagem. Presena de materiais contaminados. Remoo de solos no compactados. Atividade com tendncia no repetitiva.

    II.2.5 Dragagens Especiais

    So constitudas por equipamentos projetados ou adaptados para

    casos particularizados de dragagem, como por exemplo, dragagens em grandes

    profundidades, retirada de escombros e outras operaes especiais. Dependendo da

    situao existe a possibilidade da utilizao de equipamentos robotizados.

  • 8

    II.2.6 Dragagens Naturais ou Eroso So identificadas pela ao de forantes hidrodinmicos naturais presentes no corpo hdrico, muito comuns em regies estuarinas, onde o incremento

    da vazo de guas continentais, devido ao perodo de fortes chuvas, ou alteraes na

    incidncia de ventos e de ondas de mars astronmicas ou meteorolgicas, tornam

    vivel o deslocamento dos sedimentos de fundo para outros stios. Podendo, sob

    certas condies, haver retorno do material removido ao mesmo ponto inicial, como

    por exemplo, em lagos ou lagoas, cujos efeitos hidrodinmicos contornam todo o seu

    permetro. Neste tipo de dragagem, normalmente, no existe interferncias induzidas

    artificialmente nas aes que caracterizam o processo.

    II.2.7 Dragagens para Aterros Hidrulicos So, basicamente, desempenhadas pela atuao de dragas hidrulicas

    ou mecnicas, podendo ser utilizados bateles especiais tipo split-barge5 no intuito de

    recalcar ou transportar gros de areia para reurbanizao de reas costeiras,

    construo de rodovias e aeroportos ou, ainda, para engordamento6 de praias.

    Figura II.1 Ilustrao de uma draga dotada com o sistema SPLIT que caracteriza a abertura longitudinal da cisterna para despejo do material dragado. Fonte: Bandeirantes. 5 Tipo de embarcao onde a abertura da cisterna longitudinal em todo seu comprimento. 6 Termo atribudo para definir incremento de areia para acreso ou recomposio de praias.

    Abertura Longitudinal da Cisterna

  • 9

    Figura II.2 Ilustrao de uma draga hidrulica recalcando sedimentos para restaurao de uma rea costeira. Fonte: Bandeirantes Dragagem.

    II.3 Classificao dos Processos de Dragagem

    A diversificao dos processos de dragagem foi motivada pela

    necessidade de transpor as dificuldades impostas pela prpria natureza. Contudo, a

    evoluo destes mtodos continua se desenvolvendo atravs de estudos e pesquisas

    em laboratrios ou, at mesmo, em modelagens matemticas, visando melhorar as

    tcnicas de operao e a eficincia dos equipamentos, no intuito, tambm, de

    minimizar os custos operacionais.

    Segundo alguns autores e peridicos (DAVIS et al., 1990; BRAY et al.,

    1997; Relatrio SEBA, 1999; GOES FILHO, 2004), podemos distinguir, como

    principais e mais utilizadas tcnicas, os seguintes processos de dragagem:

    Draga Leblon Cisterna 880 m3

    Restaurao da Praia de Olinda - PE

    Clam-Shell 3 jd3

    Jato de gua com areia

  • 10

    II.3.1 Processos Mecnicos de Dragagem So caracterizados pela atuao mecanizada dos equipamentos para a

    remoo dos sedimentos de fundo. Os equipamentos de dragagem mais conhecidos

    que utilizam este processo so: Draga de Alcatruzes (Bucket line Dredge), Draga de

    Caamba (Clam-Shell), Caamba tipo Mandbulas (Grab Dredge), Escavadeiras

    Frontais (Dipper Dredges), Retro-Escavadeiras (Hoes), Ps de Arrasto (Draglines).

    Devido simplicidade e semelhana com os equipamentos utilizados

    em terraplenagem, os equipamentos mecnicos de dragagem foram os primeiros a ser

    desenvolvidos. Geralmente, o material dragado lanado em cisternas de bateles

    que transportam estes sedimentos at a rea de deposio final. As dragas mecnicas

    podem possuir propulso prpria ou no, as no propelidas so conhecidas como

    dragas estacionrias. A seguir ilustramos alguns destes equipamentos, assim como os

    principais detalhes que permitem sua operao em meios aquticos.

    Figura II.3 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de alcatruzes mostrando o conjunto de caambas que atuam continuadamente na remoo do material de fundo. Fonte: Stio eletrnico www.ihcholland.com.

    Espessurade Corte

    Cabo doSuspensrio

    DRAGA DE ALCATRUZES

    Lana deDragagem

    Guindaste de Proa

    Flutuante sem Propulso

    Tombo Inferior

    TomboSuperior Guindaste

    de Popa

    Charutos de Popa BB e BE

    Superestrutura

    Mastro Principal

    Charutos de Proa BB e BE

    Caambas do Rosrio

    Guinchos de Proa

    Guinchos de Popa

    Dalas BB/BE

  • 11

    Figura II.4 Ilustrao do esquema operacional de uma draga retroescavadeira mostrando o carregamento em uma barcaa e seu sistema de posicionamento no fundo, atravs de dois charutos de fixao do flutuante. Fonte: Ges Filho, 2004.

    Figura II.5 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de caamba (Clam-Shell) mostrando o guindaste responsvel pela movimentao da caamba e os cabos presos ao flutuante que possibilitam o ciclo de corte de dragagem. Fonte: Ges Filho, 2004.

    Charutos deFixao para

    Dragagem

    Flutuante sem propulso

    DRAGA RETROESCAVADEIRA

    Retro Escavadeira

    Caamba

    Flutuante sem Propulso

    DRAGA DE CAAMBA

    Cabos de movimentao do Flutuante proa e popa

    Caamba de Dragagem

    Guindaste de Dragagem

    Guincho Cabo Guia da

    Caamba

    Cabo de Iamento

  • 12

    II.3.2 Processos Hidrulicos de Dragagem

    A atuao de bombas hidrulicas para succionar e recalcar os

    sedimentos, que podem ser fragmentados mecanicamente por desagregadores ou

    hidraulicamente atravs de fortes jatos de gua, uma das principais caractersticas

    deste processo. Podemos citar os seguintes tipos de equipamentos: Dragas

    Autotransportadoras (Hopper Trailing Suction Dredges) e Dragas de Suco e

    Recalque (Cutter Suction Dredges), as quais podero ser propelidas ou no.

    Durante a remoo do material dragado formada uma mistura de

    gua com o material slido do leito, que bombeado para tubulaes flutuantes a

    distncias compatveis com a potncia dos equipamentos no caso de dragas de

    suco e recalque ou em bombeamentos para dentro de cisternas no caso de

    dragas autotransportadoras (GES FILHO, 2004), que tambm possuem a alternativa

    de recalcar os sedimentos em tubulaes. Existe ainda a possibilidade de bombear o

    produto da dragagem para bateles acostados a contrabordo das dragas.

    As dragas hidrulicas so constitudas de tecnologias mais recentes e,

    geralmente, possuem maior rendimento operacional que as dragas mecnicas.

    Figura II.6 Ilustrao do esquema operacional de uma draga autotransportadora mostrando a atuao das duas bocas e dos dois tubos de suco durante a dragagem, dispostos em cada lado da embarcao. Fonte: Stio eletrnico www.ihcholland.com.

    DRAGA AUTOTRANSPORTADORA

    Bocas de Dragagem BB e BE

    Tubos de Suco BB e BE

    Guindaste de Manuteno

    Cisterna para armazenamento do material dragado

    Superestrutura

    Tubulao de Recalque Para a Cisterna

    Propulsores Principais BB e BE

    Propulsor Lateral

    Bomba SucoIntermediria

    BB e BE

    Tubos de Jato de gua BB e BE

    Leme

  • 13

    As dragas de suco e recalque cutter suction dredges so,

    normalmente, equipamentos sem propulso que atuam em regies costeiras, sendo

    muito utilizadas em aterros hidrulicos para construo de aeroportos ou restaurao

    de praias. Geralmente, so equipadas com um desagregador mecnico instalado na

    extremidade da lana de dragagem junto ao tubo de suco, que atua por rotao

    desagregando o material do leito, o qual aspirado pela bomba de dragagem. Estas

    dragas, como as dragas mecnicas, tambm so conhecidas como estacionrias e a

    utilizao dos charutos, normalmente localizados a r, juntamente com as lanas e

    ncoras de arinque, funcionam para dar apoio durante a dragagem, possibilitando o

    avano e o giro da draga swing7 movimento responsvel pelo ciclo de corte de

    dragagem.

    Figura II.7 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco e recalque atuando com um desagregador na ponta da lana de dragagem mostrando as ncoras de arinque que permitem o movimento lateral e , juntamente com os charutos de fixao, propiciam o ciclo de corte de dragagem do equipamento. Fonte: www.ihcholland.com.

    7 Nome do movimento que resulta na largura de corte da draga de suco e recalque.

    DRAGA DE SUCO E RECALQUE

    Charutos BB e BE para Dragagem

    Flutuante sem Propulso

    Tubo de Recalque

    Tubo de Suco

    Desagregador

    Lana de Dragagem

    ncora de Fundeio

    Cabine de Dragagem

    Suspensrio

    Mastro Principal Lanas de Arinque

    ncoras de Arinque

    BB e BE

  • 14

    II.3.3 Processos Mistos de Dragagem

    So identificados pela ao conjunta e simultnea dos processos

    mecnicos e processos hidrulicos. Como exemplo desta tecnologia pode-se registrar

    as dragas de suco e recalque com roda de caambas instalada na ponta da lana.

    Este mecanismo remove o material de fundo mecanicamente lanando-o diretamente

    na linha de suco hidrulica da draga.

    Uma das caractersticas deste tipo de equipamento de poluir menos

    que as dragas mecnicas e hidrulicas, pois o processo de remoo mecanizado e a

    posterior suco do material dragado fluindo pelo tubo de suco acarretam em menor

    disperso dos sedimentos na coluna de gua.

    Apesar de se constituir em uma draga de processo misto, o seu ciclo de

    dragagem idntico ao das dragas hidrulicas de suco e recalque.

    Figura II.8 Ilustrao do esquema operacional de uma draga de suco com roda de caambas na ponta da lana de dragagem mostrando as ncoras de arinque que, juntamente com os charutos, so responsveis pelo ciclo de corte de dragagem. Fonte: www.ihcholland.com.

    DRAGA DE SUCO COM RODA DE CAAMBAS

    Flutuante sem Propulso

    Charutos BB e BE de Dragagem Roda de Caambas

    Lana de Dragagem

    Cabine de Dragagem Tubo de Recalque

    Tubo de Suco

    Suspensrio

    ncora de Fundeio

    Mastro Principal Lanas e ncoras

    de Arinque BB e BE

  • 15

    II.3.4 Processos Pneumticos de Dragagem

    So equipamentos muito utilizados em arqueologia nutica para

    recuperar pequenos objetos submersos, trata-se de um tubo de suco utilizando um

    sistema com presso de ar comprimido na ponta que induz a aspirao de pequenos

    sedimentos de fundo, este mtodo conhecido como Air-lift. Existem dragas

    ecolgicas que utilizam, na suco, sistemas pneumticos em seus mecanismos para

    atenuar a disperso do material dragado, evitando sua elevao na coluna de gua.

    Atualmente, as dragas pneumticas so consideradas as que menos

    poluem durante o processo de dragagem, contudo, o maior problema continua sendo a

    deposio final dos sedimentos removidos, pois se estima que o custo da disposio

    de sedimentos em reas confinadas especiais pode ser de 3 a 6 vezes superior a

    simples descarga no mar (HINCHEE et al., 2001). H registros de casos de tratamento

    de materiais contaminados com custos variando de 10 a 100 vezes superiores aos da

    utilizao sem necessidade de tratamento (HINCHEE et al., 2001).

    Figura II.9 Ilustrao do esquema operacional de uma draga pneumtica mostrando a linha de recalque e o equipamento de suco pneumtico em contato com o leito. Fonte: Stio eletrnico www.pneuma.it.

    DRAGA PNEUMTICA ECOLGICA

    Flutuante sem Propulso

    Sistema Pneumtico de Suco

    Tubulao Pneumtica de Suco

    Cabo de aoTranslao

    Compressor

    Tubo de Recalque Flutuante

    Cabos de Iamento Cabo da Lana

    Valv. Distrib. de Ar

  • 16

    II.3.5 Processos Hidrodinmicos de Dragagem

    Basicamente, estes processos dependem dos recursos hidrodinmicos

    induzidos na coluna de gua de forma natural ou artificial a fim deslocar, para outro

    stio, os sedimentos de fundo, os quais so suspensos do leito aqutico por ao de

    contato mecnico ou hidrulico. considerada uma operao de baixo custo, pois o

    transporte do material dragado no efetuado pelo equipamento, mas sim pelas

    condies hidrodinmicas presentes no corpo hdrico.

    As dragagens naturais tambm utilizam os recursos hidrodinmicos do

    fluido como meio de transporte dos sedimentos ressuspensos, constituindo-se num

    processo sem intervenes antrpicas, contudo no so consideradas dragagens

    hidrodinmicas pela CEDA Central Dredging Association organizao internacional

    que se dedica a todo tipo de atividade que envolva a dragagem (Relatrio SEBA,

    1999). Neste Relatrio, s foram considerados como processos de dragagens

    hidrodinmicas aqueles que so realizados com a atuao de equipamentos de

    dragagem.

    Figura II.10 Ilustrao de um dos processos de dragagem hidrodinmica mostrando a atuao de uma estrutura slida no leito aqutico, gerando uma pluma de sedimentos que carreada para alm do stio de dragagem pela atuao de forantes hidrodinmicos presentes no fluido. Fonte: Martins (1974).

    Estrutura Slida

    Embarcao de Trao

    Sedimentos Dispersados

    Sentido da Embarcao

    Fluxo dos Sedimentos

    DRAGAGEM HIDRODINMICA

    Cabo de Trao

    Sedimentos Depositados

    Leito Aqutico

    Linha da gua

  • 17

    II.3.5.1 Metodologia do Processo Hidrodinmico

    A dragagem hidrodinmica definida como sendo a deliberada

    suspenso ou ressuspenso de uma frao de sedimentos do leito de um sistema

    aqutico, atravs de intervenes mecnicas ou hidrulicas, com posterior

    deslocamento desse material, da rea de dragagem at o seu depsito final, utilizando

    processos hidrodinmicos naturais ou induzidos no fluido (Relatrio SEBA, 1999). A

    distribuio dos sedimentos liberados na coluna de gua do corpo hdrico permite o

    acompanhamento qualitativo e quantitativo desta metodologia.

    Neste processo, no h transporte, do material removido8, por

    intermdio de equipamentos de dragagem como bateles ou tubos de recalque, a

    prpria coluna da calha hidrulica utilizada como meio de transporte dos sedimentos

    at a rea de disposio final, tornando esta operao uma atividade de baixo custo

    operacional (ATHMER, 1996), podendo ser utilizada em dragagens de manuteno de

    portos e vias navegveis localizados, principalmente, em rios ou esturios

    (WINTERWERP et al., 2001).

    A quantidade de sedimentos que so transportados9 atravs da coluna

    de gua determinada, principalmente, pelas propriedades das partculas, onde: o

    tamanho, a forma e a massa especfica so caractersticas fundamentais para

    estabelecer a velocidade de queda e a densidade da pluma de sedimentos formada

    durante o processo, possibilitando a manuteno desses sedimentos suspensos no

    fluido e, consequentemente, um maior carreamento dessas partculas no meio

    aqutico (KNOX et al., 1994). J distncia percorrida por esses sedimentos

    ressuspensos depende, ainda, do favorecimento das condies hidrodinmicas do

    corpo hdrico para gerar uma corrente capaz de deslocar as partculas suspensas na

    coluna do fluido (Relatrio SEBA, 1999). Portanto, em Dragagens Hidrodinmicas,

    sedimentos finos, com baixa coeso, recentemente depositados no fundo e

    localizados em meios aquticos que apresentem condies hidrodinmicas

    favorveis10, so caractersticas que determinam uma boa eficincia operacional

    desse processo (NETZBAND, 1998).

    8 Material desagregado do fundo atravs de procedimentos de dragagem hidrodinmica. 9 Refere-se ao deslocamento dos sedimentos em direo ao depsito planejado. 10 So condies que propiciam o deslocamento da pluma de sedimentos em direo rea de despejo, sem que haja disperso desfavorvel na coluna de gua.

  • 18

    Essa metodologia pode ser empregada em conjunto com outros

    processos de dragagem, no intuito de mover o material dragado para um novo stio

    onde a operao convencional possa atuar com melhor desempenho (ATHMER,

    1996).

    As tcnicas empregadas nessa dragagem so classificadas em,

    dragagem por agitao e dragagem por injeo de gua (Relatrio SEBA, 1999). Suas aplicaes requerem condies especiais nas caractersticas hidrodinmicas

    presentes no corpo hdrico, pois enquanto a dragagem por agitao utiliza a faixa

    intermediria e superior da coluna de gua, a dragagem por injeo de gua utiliza a

    regio prxima ao leito para deslocar o material fluidificado. Contudo, em ambos os

    casos, os sedimentos ressuspensos ficam submetidos s correntes naturais ou

    artificiais do fluido ambiente, podendo interferir no desenvolvimento da pluma de

    sedimentos que, uma vez mobilizada, possui limitaes no controle direcional at a

    deposio final das partculas (Relatrio SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).

    Em geral, os locais onde a dragagem hidrodinmica apresenta bom

    desempenho devero possuir as seguintes caractersticas (Relatrio SEBA, 1999):

    reas com alta concentrao de sedimentos naturais. reas com materiais provenientes de eroso. reas com bom potencial de velocidade de corrente, seja natural ou artificial. reas prximas s grandes depresses aquticas. reas com baixo nvel de materiais contaminados.

    II.3.5.2 Tipos de Dragagens Hidrodinmicas Como descrito anteriormente a dragagem hidrodinmica pode ser sintetizada em dragagem por agitao ou dragagem por injeo de gua, essas

    tcnicas so precursoras de pelo menos quatro processos de dragagem reconhecidos

    atualmente: Agitao, Eroso, Elevao e Injeo, respectivamente (Relatrio SEBA,1999):

  • 19

    PROCESSO I II/III IV MTODO INJEO AGITAO/ EROSO ELEVAO TCNICA INJEAO DE GUA ARRASTO/JATO FORTE LANAMENTO

    Figura II.11 Ilustrao dos quatro principais processos de dragagem hidrodinmica Injeo, Agitao, Eroso e Elevao. Fonte: Relatrio SEBA 99/12/info.1-E.

    A Dragagem por Agitao O processo de dragagem hidrodinmica por agitao realizado pela

    atuao mecnica de arraste de uma estrutura slida no leito de um corpo aqutico

    (Figura II.10). Essa atuao causa uma turbidez de grande intensidade na coluna de

    gua, alm de propiciar uma grande disperso das partculas ao longo da calha

    hidrulica, dificultando o controle no transporte desses sedimentos, cujo percurso,

    normalmente, interage com a ao hidrodinmica11 presente, naquele momento, no

    corpo hdrico (Relatrio SEBA, 1999; OSPAR Commission, 2004).

    B Dragagem por Eroso um processo que ocorre quando os sedimentos do leito, com forte

    coeso, so removidos por um fluxo de gua de alta presso. O material no fundo 11 Nesse caso, se refere as correntes naturais presentes no corpo hdrico.

    I II/III IV

  • 20

    deslocado e suspenso at uma pequena faixa na coluna de gua por meio de fortes

    jatos de gua, sendo transportados, normalmente, para curtas distncias, dependendo

    das atividades hidrodinmicas presentes no corpo aqutico (Relatrio SEBA, 1999;

    OSPAR Commission, 2004).

    Esse mtodo pode ser empregado com um jato nico ou, em larga

    escala, com vrios jatos de gua, os quais so muito utilizados em bocas de

    dragagem de dragas autotransportadoras, com a finalidade de desagregar os

    materiais de fundo para aumentar o rendimento das bombas de dragagem (Relatrio

    SEBA, 1999).

    C Dragagem por Elevao

    A dragagem hidrodinmica por elevao consiste em um

    remanejamento12 dos sedimentos do leito do corpo aqutico para a superfcie da linha

    de gua, onde as correntes naturais do corpo hdrico determinam o transporte dessas

    partculas. Normalmente, o lanamento do material dragado na superfcie induzido

    pelos componentes de dragas convencionais. Podemos citar as dragas

    autotransportadoras e as de suco e recalque como equipamentos que propiciam

    este processo de dragagem (Relatrio SEBA, 1999).

    Nas dragas autotransportadoras o lanamento dos sedimentos na

    superfcie realizado, normalmente, atravs do vertedor (overflow13) da embarcao

    que se constitui num importante acessrio para aumentar a densidade da mistura

    concentrada na cisterna14 da draga, a remessa de parte desse fluido, juntamente com

    certa concentrao de sedimentos, para a superfcie da coluna de gua constitui-se no

    processo de dragagem hidrodinmica por elevao (Relatrio SEBA, 1999).

    Nas dragas de suco e recalque a operao se manifesta quando a

    linha de recalque aberta na superfcie da gua gerando o lanamento da mistura na

    12 Neste caso, consiste no lanamento do material dragado propositadamente para o ambiente externo da draga, devido s caractersticas operacionais do prprio processo de dragagem. 13 Mecanismo responsvel pela separao da gua e os sedimentos dragados, que so lanados na cisterna de dragas autotransportadoras ou bateles lameiros. 14 Poro da draga autotransportadora ou batelo lameiro onde so depositados os materiais dragados para o seu transporte at a rea de despejo.

  • 21

    linha da gua. Ao final do tubo de recalque poder ser fixada uma ponteira de reduo

    de dimetro que agiria como um injetor, aumentando a velocidade do fluxo e

    propiciando um jato com maior alcance, em relao ao ponto inicial de dragagem.

    Figura II.12 Ilustrao de uma draga autotransportadora apresentando o lanamento de sedimentos na superfcie do fluido atravs do vertedor (overflow). Fonte: Stio www.vanoord.com.

    D Dragagem por Injeo WID

    A dragagem hidrodinmica por injeo de gua caracterizada pela

    ao de um jato com baixa presso manomtrica e grande volume de gua,

    fluidificando os sedimentos de fundo e gerando uma turbidez prxima ao leito, como

    ilustrado na figura II.13. Essa operao gera uma pluma de sedimentos com

    densidade maior que o fluido ambiente favorecendo o surgimento do efeito de corrente

    de densidade ou corrente de turbidez cujo propsito direcionar as partculas

    ressuspensas para guas mais profundas (Relatrio SEBA, 1999).

    Este mtodo de dragagem o objeto deste trabalho e ser descrito com

    mais detalhes no Capitulo III.

    Sedimentos lanados pelo vertedor da Draga

    Draga Autotransportadora em operao

  • 22

    Figura II.13 Ilustrao do processo de dragagem por injeo de gua mostrando os parmetros necessrios para induzir a formao da corrente de densidade. Fonte: ThamesWeb Maintenance Dredging.

    DRAGAGEM POR INJEO DE GUA

    Movimento dos Sedimentos

    Injeo de gua

    Grandes volumes de gua so injetados no fundo para suspender os sedimentos

  • 23

    II.4 Dragagem no Porto de Itaja

    II.4.1 Especificaes do Porto de Itaja II.4.1.1 Histrico

    Segundo registros histricos, os primeiros estudos referentes ao Porto

    de Itaja datam de 1905, realizados pela Comisso de Melhoramentos dos Portos e

    Rios. Por volta de 1914, foi construda a primeira obra, composta dos 700 metros do

    molhe Sul, seguidas mais tarde das obras do molhe Norte. O porto propriamente dito

    foi iniciado em 1938, com a construo do primeiro trecho de cais, com 233 metros de

    comprimento e estrutura em concreto armado, e do primeiro armazm. No incio da

    dcada de 1950 foi construdo o segundo trecho de 270 metros, concluindo-se em

    1956 mais 200 metros, alm da construo de um armazm frigorfico, voltado, na

    poca, s necessidades da atividade pesqueira.

    O Porto de Itaja passou a ser considerado porto organizado em 28 de

    junho de 1966, quando foi instalada a Junta Administrativa do Porto de Itaja,

    subordinada ao Departamento Nacional de Portos e Vias Navegveis. Em 1976, com a

    criao da Empresa de Portos do Brasil S.A. PORTOBRS, o gerenciamento do

    terminal itajaiense passou a ser exercido pela Administrao do Porto de Itaja,

    diretamente vinculada quela estatal. A partir desse perodo verificou-se um

    crescimento acentuado da sua movimentao e, com a melhoria na sua organizao

    administrativa, a Administrao do Porto passou a ser um rgo representativo na

    comunidade porturia.

    Com a lei 8.029, de 1990, a PORTOBRS foi extinta, e aps momentos

    de incertezas e indefinies oriundas de uma situao no prevista, e ainda, para que

    pudesse continuar com suas atividades normais sem sofrer soluo de continuidade, a

    Administrao do Porto de Itaja passou a ser subordinada Companhia Docas do

    Estado de So Paulo CODESP, situao que perdurou at 1 de junho de 1995,

    quando o Ministrio dos Transportes descentralizou a gesto do porto ao Municpio de

    Itaja, atravs da Administradora Hidroviria Docas Catarinense. Em dezembro de

    1997, o Porto de Itaja foi delegado ao municpio pelo prazo de 25 anos. Passou a ser

    chamado de Superintendncia do Porto de Itaja em 6 de junho de 2000, atravs da

    Lei Municipal 3.513.

  • 24

    II.4.1.2 Localizao do Porto O Porto de Itaja est localizado margem direita do rio Itaja-Au, a

    3,2km de sua foz, no Municpio de Itaja, litoral norte do Estado de Santa Catarina, a

    meio caminho entre a capital de Santa Catarina, Florianpolis, e a cidade catarinense

    mais populosa, Joinville, sendo suas coordenadas geogrficas: latitude 265402 sul e

    longitude 483904 oeste. A zona de jurisdio de porto limita-se ao norte pela divisa

    entre os municpios de Barra Velha e Piarras e ao sul at o municpio de Garopaba.

    A ilha de Santa Catarina, onde se situa a cidade de Florianpolis,

    capital do Estado, se encontra sob a jurisdio do porto de Itaja. O porto

    administrado, no momento, pela Prefeitura de Itaja.

    Figura II.14 Ilustrao da localizao do Porto de Itaja no litoral de Santa Catarina

    Porto de Itaja

  • 25

    Do embarque de frangos para o exterior, cerca de 90% realizada pelo

    Porto de Itaja. o terceiro no ranking nacional de movimentao de contineres,

    registrado durante o ano de 2003, estando em primeiro o Porto de Santos e segundo o

    Porto de Rio grande. Assim sendo, o escoadouro natural da economia estadual e

    agora tambm de provncias argentinas limtrofes. Sede da AMFRI - Associao dos

    Municpios da Foz do Rio Itaja-Au e sede tambm da Capitania dos Portos de Santa

    Catarina. considerado um dos principais plos de desembarque pesqueiro nacional

    onde vrias industriais de processamento de pescado esto instaladas s margens do

    esturio, principalmente no Municpio de Itaja.

    A regio constantemente dragada para a manuteno da

    profundidade do canal de navegao. A dragagem utiliza uma draga que trabalha

    atravs do sistema de injeo de gua, que promove a fluidificao dos sedimentos

    finos que constituem o fundo (SCHETTINI, 2002).

    A superintendncia do Porto de Itaja, aps dezoito meses de trabalho,

    obteve a certificao ISO15 9001:2000, pelo BVQI/Inmetro16, BVQI/RVA17, aceitao

    nacional e internacional, respectivamente. Tornando-se, assim, a primeira Autoridade

    Porturia, no Brasil, a obter essa certificao, o que qualifica o Porto como prestador

    de servios porturios com padro de qualidade internacional.

    Em julho de 1983, em conseqncia de fortes chuvas, houve um

    grande aumento na vazo e na velocidade das guas fluviais do Rio Itaja-A,

    gerando uma forte corrente que causou uma eroso superior a doze metros de

    profundidade na regio porturia e, como isto, o afundamento de parte do Cais

    prximo ao bero n. 4, alm de profundas alteraes no leito do esturio. Durante

    esta cheia, na bacia de evoluo do Porto de Itaja, foi medida a velocidade da

    corrente que atingiu 3m/s e o nvel de gua se elevou a cota de 3,80m acima do zero

    hidrogrfico da DHN (DIENGRelatrio INPH 65/99, 1999). As obras de reconstruo

    do bero danificado encerraram-se em 1988.

    15 ISO International Standard Organization Organizao de Padronizao Internacional que, atravs de normas pr-estabelecidas, define a qualificao, atravs de metodologias, para um tipo de servio ou para fabricao de mercadorias. 16 BVQI/Inmetro rgo brasileiro responsvel pela avaliao e acompanhamento das exigncias das normas ISO 9001. 17 BVQI/RVA rgo internacional responsvel pela avaliao e acompanhamento das exigncias das normas ISO 9001.

  • 26

    II.4.1.3 Acessos s Instalaes Porturias O acesso rodovirio ao Porto de Itaja pode ser realizado pelas rodovias SC-470 / BR-470, as quais ligam o Municpio de Itaja ao oeste catarinense, passando

    por Blumenau; j a BR-101, a 10 km do porto e a SC-486, atingindo Brusque,

    estabelecem uma conexo com a malha rodoviria do Estado de Santa Catarina.

    Contudo, o Porto de Itaja no possui acesso por via ferroviria.

    O acesso martimo inicia-se no canal da barra, na embocadura do rio Itaja-A, que se encontra fixada por dois molhes, norte e sul, e contm a largura

    mnima de 100m e profundidade de 10,0m. O canal de acesso constitudo de um

    trecho externo e outro interno, com profundidades prximas a 10,0m. A parte externa

    (canal da barra) tem cerca de 1,5km de comprimento e largura de 100m a 150m, e a

    parte interna, 3,2km, com largura variando entre 100m e 230m.

    Figura II.15 Ilustrao do incio do canal interno de acesso ao Porto de Itaja mostrando a entrada da barra. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.

  • 27

    Figura II.16 Ilustrao do Porto de Itaja e seu canal de acesso at a sua foz. Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.cpm.br.

    Figura II.17 Ilustrao do Porto de Itaja, ressaltando os meandros do Rio Itaja-A. Fonte: Stio eletrnico www.portoitajai.com.br.

  • 28

    Figura II.18 Ilustrao dos beros de atracao do Porto de Itaja mostrando parte da bacia de evoluo. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.

    II.4.1.4 Principais Caractersticas Porturias As principais instalaes porturias consistem em um cais acostvel de 740m com quatro beros de atracao, sendo o bero n. 1 B1, para atracao

    prioritria de navios portas-continer, ro-ro e navios dotados de pontes rolantes; o

    bero n. 2 B2, para atracao prioritria de navios portas-continer ou de carga

    geral; o bero n. 3 B3, para navios com atracao prioritria com cargas

    frigorificadas e o bero n. 4 B4, condicionada a ordem de chegada.

    Possui trs armazns para carga geral totalizando 15.800m, um

    armazm frigorfico com 1.180m, ptios asfaltados e alfndegados totalizando

    38.000m e retroporto asfaltado de 25.000m.

    O terminal de contineres Teconvi Terminal de Contineres do Porto

    de Itaja fica localizado atrs dos beros B1 e B2, sendo que um desses beros possui

    250m de comprimento e 12m de profundidade e um ptio de contineres na

    retaguarda com 22.000m. Na linha do cais os contineres so movimentados por dois

  • 29

    guindastes mveis, sobre rodas, com capacidade nominal de 25 contineres por hora

    e no ptio sete empilhadeiras, reach stackers, atendem ao terminal.

    Nas imediaes do porto est a EADI/Itaja Estao Aduaneira com

    rea coberta de armazenagem de 31.500m, rea externa de 121.450m, alm da rea

    para contineres de 52.499m.

    Na figura II.19, pode-se observar a geografia do Porto de Itaja,

    visualizando os beros de atrao e suas retroreas. Como divulgado no stio

    eletrnico www.portodeitajai.com.br a expanso do Porto est delineada por grande

    parte da colorao alaranjada, nesta rea ainda se encontra a Capitania dos Portos do

    Estado de Santa Catarina que ser transferida dessa localidade. Futuramente o

    terminal de contineres - TECONVI ser ampliado ocupando toda essa rea

    demarcada.

    Figura II.19 Ilustrao da geografia do Porto de Itaja, em laranja a rea destinada expanso do terminal de contineres - TECONVI. Fonte: Stio eletrnico do Porto de Itaja, www.portodeitajai.com.br.

    rea de Expanso

    Porto de Itaja

  • 30

    Figura II.20 Ilustrao do posicionamento dos beros de atracao e das instalaes atuais do Porto de Itaja. Fonte: Stio www.portodeitajai.com.br.

    Figura II.21 Ilustrao das expanses futuras do Porto de Itaja, previstas para ampliao dos novos beros de atracao e das retroreas. Fonte: Stio eletrnico www.portodeitajai.com.br.

    Terminal de Continer rea: 105.000m2 / 17.000TEU/ms Investimento: R$60 milhes / 99-00

    rea destinada ao Porto Pblico Operado pelos operadores porturios privados rea: 41.000m2

    ___rea de Arrendamento

    Em Estudo pelo CAP: Demolio dos Armazns 1 e 3, na zona porturia

    Rio Itaja-A

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    II.4.2 Detalhes da Dragagem no Porto de Itaja II.4.2.1 Tipos de Materiais encontrados no Leito

    Os principais materiais encontrados no leito do Rio Itaja-Au so

    oriundos de processos sedimentares fluviais e marinhos devido hidrodinmica do

    esturio. Normalmente so evidenciados trs tipos de materiais de fundo,

    principalmente da regio da bacia do Porto de Itaja, onde encontramos: areia fina,

    silte e argila (VARGAS, 1983), com caractersticas de baixa coesividade para uma

    operao de dragagem.

    Por serem materiais oriundos de sedimentaes freqentes, a operao

    de dragagem de manuteno no encontra grandes dificuldades para remoo dos

    sedimentos de fundo atravs de equipamentos comuns de dragagem, sejam eles:

    mecnicos, hidrulicos e hidrodinmicos, como a seguir so demonstrados:

    Processo de Dragagem Equipamento Utilizado

    Hidrulico Draga Autotransportadora de Mdio Porte - ATM

    Mecnico Dragas de Alcatruzes e de Caamba AL/CS

    Hidrodinmico Draga de Injeo de gua - WID

    Tabela II.1 Relao dos processos de dragagem j utilizados no Porto de Itaja.

    II.4.2.2 Processos de Dragagem Utilizados pelo Porto Os mtodos de dragagem que antecederam o processo WID, utilizado atualmente no Porto de Itaja, foram os processos hidrulicos atravs de dragas

    autotransportadoras e os processos mecnicos atravs de dragas de alcatruzes e

    dragas de caamba (Clam-Shell).

    As dragas autotransportadoras foram as mais utilizadas na manuteno

    do canal e bacia de evoluo. Inicialmente, as dragas de pequeno porte com

    capacidade de cisterna at 1500m3 foram muito empregadas quando o canal possua

    ainda profundidades prximas a nove metros, posteriormente, com o aprofundamento

    do canal, foram empregadas dragas com capacidades maiores chegando at

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    equipamentos com 5.000m3. A draga holandesa Lelystad com capacidade de

    10.000m3 chegou a realizar dragagem no local, porm, devido ao seu tamanho fsico,

    apresentou baixo rendimento durante manobras na rea operacional, principalmente

    quando era necessria a sua operao prxima aos beros do cais e bacia de

    evoluo. A maior dificuldade operacional dessas dragas hidrulicas era sua operao

    nos beros de atracao junto ao cais, pois suas bocas de dragagem nem sempre

    conseguiam se aproximar o suficiente para remover os sedimentos depositados nessa

    rea, alm de necessitar da liberao, para dragagem, dos navios aportados no local,

    gerando dificuldades operacionais para o porto.

    Os equipamentos mecnicos, representados pelas dragas de alcatruzes

    e dragas de caamba (Clam-Shell), tiveram sua participao na dragagem da bacia de

    evoluo e dos beros de atracao, onde suas atuaes eram mais beneficiadas pela

    concentrao de material em reas prximas, j que estes equipamentos no so

    propelidos o que dificulta sua operao em locais com grande extenso longitudinal. O

    material dragado era depositado em bateles que possuam propulso prpria para se

    deslocarem at a rea de despejo, normalmente localizada a sete quilmetros da

    embocadura do rio Itaja-A. Estes equipamentos necessitavam da liberao de

    grande rea para posicionamento de seus cabos de trao para movimentos de

    dragagem, exigindo a restri