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56 Caminhoneiro 56 Caminhoneiro N os anos 80 e 90, cansamos de ver transmissões de vôlei e futsal da Pirelli, da Supergasbrás, do Banespa, do Bradesco, do Fiat/Minas, do Nossa Caixa/ Suzano e de tantos outros. E eram esses os nomes oficiais. Hoje, para a “Dona” Globo, Finasa é (era) Osasco, Fiat Minas é só Minas, Rexona é Rio de Janeiro, Banespa é São Bernardo e por aí vai. No futebol, o Pão de Açúcar é PAEC. E olha que Abílio Diniz, o dono da em- presa, tira moleque da favela e o coloca para jogar. Caso não vingue, o rapaz, alimentado, com saúde e longe das drogas, começa trabalhando como empacotador do super- mercado. E, lá, continua recebendo os cuidados básicos e necessários para a formação do homem. Cansada de ser chamada apenas de Join- ville, a Unisul/Tigre/Joinville anunciou que fechará as portas após dez anos competindo na Superliga Masculina de Vôlei. Segundo comunicado oficial da Universi- dade do Sul de Santa Catarina, a instituição “para manter uma equipe competitiva, prefe- riu silenciar-se diante da decisão da emissora de televisão, exclusiva na retransmissão dos jogos, de omitir o seu nome na identificação da equipe”. Na Folha de São Paulo, a Globo se defen- de, põe a culpa na crise econômica mundial (com razão, diga-se), mas diz que “os critérios que orientam suas decisões, de citar e exibir marcas, atendem à finalidade de ajudar o pú- blico a reconhecer a fronteira entre editorial e comercial” e que “é curioso que, justamente no momento em que o mundo atravessa crise, empresas aleguem que encerrarão projetos esportivos porque suas marcas não são cita- das, mesmo tratamento que receberam por anos ou décadas”. Não é bem assim. Há a crise, certamente. Mas como eu escrevi antes, o Banespa sempre foi Banespa e a Supergasbrás nunca foi outra coisa. A Rede Globo, de uns anos pra cá, é que não pronuncia os nomes de equipes. De quase todas. Na Fórmula 1, a Toyota não é Tóquio. A Renault não é Paris. E a Ferrari não é Maranello. Mas a Red Bul Racing é RBR. E a Toro Rosso é STR. Agora que as empresas estão dando no pé porque elas só têm a obrigação de “pagar, pagar e pagar”, a mídia vem dando um pouco de atenção. Mas faz oito anos que venho falando sobre o assunto. Inclusive, publiquei aqui no blog textos escritos para a revista “Placar” e para o jornal “Agora S. Paulo”. E atenção: não estou querendo que a Globo chame o Corinthians de Batavo ou o Caso Finasa/Osasco gera efeito cascata. Agora, quem sai é a Unisul, que culpa a Rede Globo. No mundo dos esportes A cidade de Osasco perdeu o seu maior investidor no esporte: o grupo Bradesco, que formal- mente encerrou as atividades devido à crise mundial. Mas nos bastidores, a omissão da Rede Globo em divulgar o nome do clube/empresa teve fator preponderante para a decisão.

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56 56 A cidade de Osasco perdeu o seu maior investidor no esporte: o grupo Bradesco, que formal- mente encerrou as atividades devido à crise mundial. Mas nos bastidores, a omissão da Rede Globo em divulgar o nome do clube/empresa teve fator preponderante para a decisão. Caminhoneiro Caminhoneiro

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Nos anos 80 e 90, cansamos de ver transmissões de vôlei e futsal da Pirelli, da Supergasbrás, do Banespa,

do Bradesco, do Fiat/Minas, do Nossa Caixa/Suzano e de tantos outros.

E eram esses os nomes oficiais.Hoje, para a “Dona” Globo, Finasa é (era)

Osasco, Fiat Minas é só Minas, Rexona é Rio de Janeiro, Banespa é São Bernardo e por aí vai.

No futebol, o Pão de Açúcar é PAEC.E olha que Abílio Diniz, o dono da em-

presa, tira moleque da favela e o coloca para jogar. Caso não vingue, o rapaz, alimentado, com saúde e longe das drogas, começa trabalhando como empacotador do super-mercado.

E, lá, continua recebendo os cuidados básicos e necessários para a formação do homem.

Cansada de ser chamada apenas de Join-ville, a Unisul/Tigre/Joinville anunciou que fechará as portas após dez anos competindo na Superliga Masculina de Vôlei.

Segundo comunicado oficial da Universi-dade do Sul de Santa Catarina, a instituição “para manter uma equipe competitiva, prefe-riu silenciar-se diante da decisão da emissora de televisão, exclusiva na retransmissão dos jogos, de omitir o seu nome na identificação da equipe”.

Na Folha de São Paulo, a Globo se defen-de, põe a culpa na crise econômica mundial (com razão, diga-se), mas diz que “os critérios

que orientam suas decisões, de citar e exibir marcas, atendem à finalidade de ajudar o pú-blico a reconhecer a fronteira entre editorial e comercial” e que “é curioso que, justamente no momento em que o mundo atravessa crise, empresas aleguem que encerrarão projetos esportivos porque suas marcas não são cita-das, mesmo tratamento que receberam por anos ou décadas”.

Não é bem assim.Há a crise, certamente.Mas como eu escrevi antes, o Banespa

sempre foi Banespa e a Supergasbrás nunca foi outra coisa.

A Rede Globo, de uns anos pra cá, é que não pronuncia os nomes de equipes.

De quase todas.Na Fórmula 1, a Toyota não é Tóquio.A Renault não é Paris.E a Ferrari não é Maranello.Mas a Red Bul Racing é RBR.E a Toro Rosso é STR.Agora que as empresas estão dando no

pé porque elas só têm a obrigação de “pagar, pagar e pagar”, a mídia vem dando um pouco de atenção.

Mas faz oito anos que venho falando sobre o assunto.

Inclusive, publiquei aqui no blog textos escritos para a revista “Placar” e para o jornal “Agora S. Paulo”.

E atenção: não estou querendo que a Globo chame o Corinthians de Batavo ou o

Caso Finasa/Osasco gera efeito cascata.Agora, quem sai é a Unisul, que culpa a Rede Globo.

No mundo dos esportesA cidade de Osasco perdeu o seu maior investidor no esporte: o grupo Bradesco, que formal-

mente encerrou as atividades devido à crise mundial. Mas nos bastidores, a omissão da Rede Globo em divulgar o nome do clube/empresa teve fator preponderante para a decisão.

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Por: Milton NevesFotos: site Milton Neves.com.br

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São Paulo de LG.Patrocínio de camisa é outra coisa.No caso dos esportes olímpicos, as empresas são as ges-

toras do negócio, as donas dos times.Elas precisam ganhar de alguma forma, inclusive com o

patrocínio das camisas, como ocorria com a Unisul.Outra maneira de render recursos é a divulgação da marca.Ninguém está pedindo para a Globo fazer caridade, o fato

é que os nomes das equipes são ou eram esses: Pirelli, Rexona, Finasa, Brasil Telecom, etc.

Deveria haver um mecanismo que obrigasse a veiculação do nome oficial da equipe.

Por falar em Globo, o Ronaldo fechou contrato com o SBT.Até o final do Brasileirão, segundo a coluna de Daniel Castro

na Folha de S. Paulo, o Fenômeno fará inserções institucionais da emissora de Silvio Santos.

Sem futebol, o SBT arruma uma forma de aparecer graças ao esporte.

E a Globo, hein, não mostrará um dos que mais lhe rendem audiência?

A marca do Banco Pan-Americano foi extirpada das trans-missões globais quando a empresa do grupo do SBT apareceu na camisa do Corinthians nas finais do Paulistão.

Veremos! l

Vemos aqui o time de vôlei da Pirelli que tanto emocionou o público na década de 1980. A foto foi tirada no interior do ginásio Pedro Dell’Antonia, em Santo André, e está exposta no pátio que fica ao lado da praça de esportes. Vemos em pé, da esquerda para a direita, Domingos Maracanã, Marcos, Xandó, Márcio Manfrin, Denis, Amauri, Montanaro, Brunoro (treinador) e Roma; agachados estão Maurício, Mane, William, Emerson, Atila e Ronaldo.

A equipe Red Bull Racing virou “RBR” nas transmissões da Fórmula 1 e nos telejornais da Rede Globo.

A Unisul/Tigre/Joinville fez de tudo para manter sua boa equipe de vôlei masculino e registrou no seu comunicado final que para manter uma equipe competitiva, aceitou reduzir o seu nome no uniforme dos atletas e até em placas publicitárias, e preferiu silenciar-se diante da decisão da emissora de televisão, exclusiva na retransmissão dos jogos, de omitir o seu nome na identificação da equipe. Mas que na última temporada apenas um jogo foi transmitido em rede aberta (para todo o País), o que contribuiu para a desistência de patrocinadores, que não renovaram os seus contratos ou que propuseram a redução de valores para a nova temporada.