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  • Universidade do Sul de Santa Catarina

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Anlise Macroeconmica

    Disciplina na modalidade a distncia

    analise_macroeconomica.indb 1analise_macroeconomica.indb 1 4/6/2007 17:03:364/6/2007 17:03:36

  • CrditosUnisul - Universidade do Sul de Santa CatarinaUnisulVirtual - Educao Superior a Distncia

    Campus UnisulVirtualAvenida dos Lagos, 41 Cidade Universitria Pedra BrancaPalhoa SC - 88137-100Fone/fax: (48) 3279-1242 e3279-1271E-mail: [email protected]: www.virtual.unisul.br

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    Secretria ExecutivaViviane Schalata Martins

    TecnologiaOsmar de Oliveira Braz Jnior(Coordenador)Ricardo Alexandre BianchiniRodrigo de Barcelos Martins

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  • Apresentao

    Este livro didtico corresponde disciplina Anlise Macroeconmica.O material foi elaborado visando a uma aprendizagem autnoma. Aborda contedos especialmente selecionados e adota linguagem que facilite seu estudo a distncia.Por falar em distncia, isso no signi ca que voc estar sozinho/a. No se esquea de que sua caminhada nesta disciplina tambm ser acompanhada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Entre em contato, sempre que sentir necessidade, seja por correio postal, fax, telefone, e-mail ou Espao UnisulVirtual de Aprendizagem. Nossa equipe ter o maior prazer em atend-lo/a, pois sua aprendizagem nosso principal objetivo.Bom estudo e sucesso!Equipe UnisulVirtual.

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  • Andr Lus da Silva Leite

    Palhoa

    UnisulVirtual

    2007

    Design instrucional

    Leandro Kingeski Pacheco

    Anlise Macroeconmica

    Livro didtico

    analise_macroeconomica.indb 5analise_macroeconomica.indb 5 4/6/2007 17:04:184/6/2007 17:04:18

  • Copyright UnisulVirtual 2007 N enhum a parte desta publicao pode ser reproduzida por qualquer m eio sem a prvia autorizao desta instituio.

    Edio --- Livro Didtico

    Professor Conteudista Andr Lus da Silva Leite

    Design Instrucional Leandro Kingeski Pacheco

    ISBN 978-85-60694-20-4

    Projeto Grfico e Capa Equipe UnisulVirtual

    Diagram ao Adriana Ferreira dos Santos

    Reviso Ortogrfica B2B

    339 L55 Leite, Andr Lus da Silva Anlise macroeconmica : livro didtico / Andr Lus da Silva Leite ; design instrucional Leandro Kingeski Pacheco Palhoa : UnisulVirtual, 2007. 140 p. : il. ; 28 cm.

    Inclui bibliografia. ISBN 978-85-60694-20-4

    1. Macroeconomia. I. Pacheco, Leandro Kingeski.. II. Ttulo.

    Ficha catalogrfica elaborada pela Biblioteca Universitria da Unisul

  • Apresentao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03

    Palavras do professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09

    Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    UNIDADE 1 A contabilidade social . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

    UNIDADE 2 Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios (Parte I) consumo, poupana e investimento . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

    UNIDADE 3 Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios (Parte II) o papel do governo . . . . . . 51

    UNIDADE 4 Moeda e poltica monetria . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69

    UNIDADE 5 In ao . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97

    UNIDADE 6 Economia internacional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 109

    Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 129

    Referncias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 131

    Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 133

    Respostas e comentrios das atividades de auto-avaliao . . . . . . . . . . . . 135

    Sumrio

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  • Palavras do professor

    Caro aluno (a),A economia o espao onde ocorrem as decises estratgicas que nos afetam diretamente. Variveis, tais como a taxa de juros, taxa de cmbio, polticas econmicas do governo tm relao direta com o nosso cotidiano. O estudo da economia divido em duas partes: a microeconomia (objeto da disciplina Anlise Microeconmica) e a macroeconomia (tratada neste livro didtico). A macroeconomia trata dos elementos econmicos de maior escopo, como as taxas de juros, a gesto da economia pelo Estado, a moeda, entre outros. Ao estudar este livro didtico voc aprender os principais elementos de macroeconomia. Ou seja, como se forma a renda nacional, o que in ao, as polticas scal e monetria alm da economia internacional. So aqui apresentados temas econmicos relacionados com o cotidiano, cujo complemento importante encontrado na leitura atenciosa dos jornais e das revistas especializados. Espero que voc aproveite o contedo selecionado. Caso voc julgue necessrio, encaminhe sugestes para o professor autor ([email protected]). A idia sempre aperfeioar este trabalho e suas contribuies so muito relevantes.Bom estudo! Prof. Andr Lus da Silva Leite

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  • Plano de estudo

    O plano de estudos visa a orient-lo/a no desenvolvimento da Disciplina. Nele, voc encontrar elementos que esclarecero o contexto da Disciplina e sugeriro formas de organizar o seu tempo de estudo. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam. Assim, a construo de competncias se d sobre a articulao de metodologias e por meio das diversas formas de ao/mediao.So elementos desse processo:

    livro didtico; Espao UnisulVirtual de Aprendizagem - EVA; as atividades de avaliao (complementares, a distncia e presenciais); o Sitema Tutorial.

    Ementa

    Introduo macroeconomia. O modelo Keynesiano de determinao da renda. A funo consumo. Investimento e poupana. A demanda do governo. A oferta de moeda e o papel do Banco Central. Introduo economia internacional.

    Carga horria

    60 horas 4 crditos

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Contedo programtico/objetivos

    Os objetivos de cada unidade de nem o conjunto de conhecimentos que voc dever deter para o desenvolvimento de habilidades e competncias necessrias sua formao. Neste sentido, veja a seguir as unidades que compem o Livro Didtico desta Disciplina, bem como os seus respectivos objetivos. Unidades de estudo: 6

    Unidade 1 A contabilidade social

    Esta unidade apresenta os elementos bsicos que compem o estudo da macroeconomia e, ao m de sua leitura, voc entender como se forma o PIB e a renda de um pas.

    Unidade 2 - Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios consumo, poupana e investimento

    Nessa unidade voc ver como se forma a renda nacional no mercado de bens e servios. Destacamos, neste sentido, as variveis consumo, poupana e investimento em bens de capital.

    Unidade 3 - Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios o papel do governo

    Nesta unidade retomamos a discusso iniciada na unidade 2, porm a nfase agora est no papel do governo e na poltica scal, importante ferramenta para comandar a economia.

    Unidade 4 Moeda e poltica monetria

    Nesta unidade voc estudar o conceito de moeda, sua utilidade e importncia para a populao. Tambm discutimos a poltica monetria, que realizada pelo Banco Central.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 5 In ao

    Nesta unidade voc estudar o conceito de in ao. Tambm so apresentadas as diversas teorias que explicam as causas da in ao, fenmeno que, por muitos anos, desestruturou a economia brasileira.

    Unidade 6 - Economia internacional

    Nesta unidade voc estudar a teoria do comrcio internacional que , em essncia, a razo pela qual ocorre comrcio internacional entre pases. Tambm mostrado o balano de pagamentos, importante ferramenta que contabiliza as diversas transaes de um pas com outros pases.

    Agenda de atividades/ Cronograma

    Veri que com ateno o EVA, organize-se para acessar periodicamente o espao da Disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorizao do tempo para a leitura, da realizao de anlises e snteses do contedo, e da interao com os seus colegas e tutor.

    No perca os prazos das atividades. Registre no espao a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA.

    Use o quadro para agendar e programar as atividades relativas ao desenvolvimento da Disciplina.

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    Atividades obrigatrias

    Demais atividades (registro pessoal)

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  • UNIDADE 1

    A contabilidade social

    Objetivos de aprendizagem

    Compreender como so formados renda e produto de uma nao.

    Entender o signi cado dos conceitos renda nacional e PIB.

    Sees de estudo

    Seo 1 A anlise macroeconmica

    Seo 2 Objetivos da poltica macroeconmica

    Seo 3 Contabilidade social

    Seo 4 Examinando e medindo a atividade econmica

    Seo 5 Valor adicionado

    Seo 6 Os agregados macroeconmicos

    Seo 7 O sistema econmico real

    1

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Caro aluno, nesta unidade voc estudar a contabilidade social. Para tanto, veremos uma breve introduo anlise macroeconmica e poltica macroeconmica. No decorrer da disciplina, veremos a contabilidade social propriamente dita e como examinar e medir a atividade econmica. Tambm estudaremos o conceito de valor adicionado, os agregados macroeconmicos e o sistema econmico real. Estes temas esto assim dispostos para que voc compreenda como so formados a renda e o produto de uma nao, assim como o signi cado dos conceitos de renda nacional e de PIB.

    Seo 1 - A anlise macroeconmica

    Esta seo aborda, de forma introdutria, a anlise macroeconmica e o surgimento da contabilidade social.

    A macroeconomia a parte da economia que estuda o conjunto das decises dos agentes econmicos. Ou seja, estuda as decises conjuntas dos consumidores, das empresas e do governo. A macroeconomia estuda a economia como um todo, analisando a determinao e o comportamento de grandes agregados, tais como: renda e produto nacional, nvel geral de preos, emprego, moeda e taxa de juros, balano de pagamentos e taxa de cmbio.

    Ao estudar os grandes agregados, a macroeconomia no leva em conta o comportamento das unidades individuais (empresas e consumidores) e de mercados em geral, que o tema da microeconomia. A macroeconomia permite uma abordagem mais global e genrica. Esta abordagem permite uma maior compreenso das interaes entre os agentes econmicos, representando assim um importante instrumento para a poltica e a tomada de deciso do governo.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Voc sabe por que os economistas se preocupam em medir a produo realizada por um determinado pas?

    A resposta pode ser dividida em duas partes:A primeira, que devemos nos lembrar que o problema fundamental da economia a escassez de recursos. Por essa razo, eles devem ser empregados de forma adequada, para que se consiga a maior quantidade possvel de bens e servios, o que nos remete questo da e cincia do sistema produtivo. Essa e cincia, que consiste na maior produo possvel a partir de uma certa quantidade de fatores da produo, precisa ser constantemente avaliada. Da a necessidade de se ter registros da atividade econmica, considerada em seu conjunto, que permitam esse tipo de anlise.A segunda parte nos remete a um fato histrico. Quase todas as pessoas j ouviram falar da grande crise econmica de 1929, que consistiu na reduo das atividades econmicas, ocasionando, entre outros problemas, o desemprego. Tivemos, tambm, as duas grandes guerras mundiais, que envolveram diversos pases e tiveram grande repercusso na economia.

    A partir dessa poca e com a presena mais acentuada do Estado como regulador (gerente) das atividades econmicas, os economistas passaram a sentir a necessidade de criar meios que lhes permitissem medir e avaliar as atividades econmicas desenvolvidas pela sociedade. E assim surgiu a contabilidade social ou nacional.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 2 - Objetivos da poltica macroeconmica

    A poltica macroeconmica almeja os seguintes objetivos:

    alto nvel de emprego;

    estabilidade de preos;

    melhorar a distribuio de renda;

    e crescimento econmico.

    As questes relativas ao nvel de emprego e estabilidade de preos (controle da in ao) so consideradas conjunturais, i.e., de curto prazo. As questes conjunturais so preocupaes centrais das chamadas polticas de estabilizao. J as questes referentes distribuio de renda e ao crescimento econmico so aspectos de longo prazo, ou seja, estruturais.

    Seo 3 - Contabilidade social

    Nesta seo abordaremos o conceito de contabilidade social, os sistemas de contabilidade social e os princpios bsicos das contas nacionais. A teoria macroeconmica, como visto anteriormente, estuda a determinao e o comportamento dos agregados econmicos nacionais. A contabilidade social se insere na moderna macroeconomia, que nos fornece os meios para a anlise do conjunto da economia de uma sociedade. Ela nos mostra o desempenho global de uma economia.

    Vasconcellos e Garcia (2004, p. 97) de nem contabilidade social como sendo o registro contbil da atividade produtiva de um pas ao longo de um determinado perodo (normalmente um ano).

    A anlise do comportamento dos agregados macroeconmicos o foco da anlise macroeconmica, que visa evoluo desses agregados e como o governo pode in uenci-los, por meio de polticas econmicas.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Sistemas de contabilidade social

    Antes de tratarmos de sistemas de contabilidade social, note que a produo contnua no tempo e os bens e servios so produzidos e consumidos, sendo necessrio produzi-los novamente, pois grande parte das necessidades humanas exige um consumo contnuo, como o caso da alimentao, que precisa ser satisfeita diariamente.

    Os agregados macroeconmicos so de nidos com base em um sistema contbil que trata o pas como se fosse uma empresa que produz um nico produto, o produto nacional bruto (PIB). O PIB representa a soma de tudo o que produzido em um pas.

    Para se medir os agregados foi preciso, em primeiro lugar, estabelecer um perodo de tempo para que se medisse o total de bens e de servios produzidos. Atualmente, esse perodo de um ano e corresponde, no Brasil, ao ano civil, que vai de janeiro a dezembro.Tambm foi necessrio estabelecer uma unidade de medida comum, pois os bens e servios tm unidades de medida diferentes: o petrleo medido em barris; o leite, em litros; a energia eltrica, em quilowats e assim por diante. A maneira encontrada para que se pudesse somar, ou agregar, a totalidade de bens e de servios produzidos foi medi-los em termos monetrios, ou seja, pelo seu preo. Isto porque todos os bens e servios podem ser expressos em dinheiro, que equivale ao preo de mercado multiplicado pela quantidade produzida. Uma vez estabelecido o perodo que servir de base para medir a produo, bem como a unidade de medida em que ser expressa essa grandeza, resta o ltimo problema, referente tica segundo a qual ser medida a produo econmica.Acerca desta tica, h dois sistemas principais de contabilidade social, adotados em quase todos os pases: o sistema de contas nacionais e a matriz de relaes intersetoriais. A Organizao das Naes Unidas (ONU) apresenta modelos manuais desses sistemas que orientam os institutos de pesquisas na medio dos agregados nacionais.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Assim como na contabilidade privada, o sistema de contas nacionais utiliza o mtodo das partidas dobradas, discriminando as transaes dos setores da economia: famlias, governo, empresas e setor externo. Porm, no so consideradas as transaes com bens e servios intermedirios (insumos e matrias-primas).

    Princpios bsicos das contas nacionais

    Antes de nos aprofundarmos no estudo da contabilidade nacional, importante considerar alguns princpios bsicos que devem ser observados no levantamento e medio dos agregados econmicos:

    devem-se considerar apenas as transaes com bens e servios nais, no sendo computados bens e servios intermedirios (matrias-primas, componentes e insumos). Os custos de produo referem-se remunerao dos fatores de produo (salrios, juros, aluguis e lucros);

    mede-se apenas a produo corrente do prprio perodo. No levado em conta o valor das transaes com bens produzidos em perodos anteriores (carros e apartamentos usados, por exemplo). Porm, observe que como o setor de servios um importante componente da economia, a atividade comercial um servio corrente. Assim, o salrio de um vendedor considerado como parte do produto corrente, mesmo tendo ele vendido um objeto usado;

    as transaes referem-se a um uxo, i.e., so de nidas ao longo de certo perodo de tempo. Normalmente, considera-se um ano, mas no Brasil h algumas amostras trimestrais, que so parciais;

    a moeda neutra, ou seja, apenas medida de valor, um padro para permitir que possamos mensurar o valor dos bens e servios;

    os valores de transaes puramente nanceiras no so considerados, dado que no representam acrscimos no produto real da economia. Esses agregados so considerados apenas transferncias entre aplicadores e tomadores de emprstimos.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Seo 4 - Examinando e medindo a atividade econmica

    Nesta seo, voc estudar a atividade econmica sob a tica da produo e da despesa, alm da tica da renda. Complementando este estudo de anlise da atividade econmica, trataremos ainda do produto nacional e da despesa nacional.

    A tica da produo e da despesa

    O produto de uma economia a soma dos valores monetrios dos bens e dos servios voltados para o consumo nal e produzidos em um determinado perodo de tempo. Assim, ao se medir a atividade econmica a partir da tica do produto, considera-se o preo e a quantidade produzida dos bens e dos servios, mas apenas daqueles voltados para o consumo nal, como mencionado anteriormente.

    1) Vamos supor uma economia onde existam apenas trs empresas. A empresa A produz trigo, a empresa B produz a farinha de trigo (tendo comprado a matria-prima da empresa A); e a empresa C produz po e o vende aos consumidores.

    Suponhamos que as empresas tenham os seguintes balancetes:

    Empresa A

    Despesas Receitas

    Salrios .............................80Juros .................................30Aluguis............................20Lucros ...............................10

    Venda de Trigo para a empresa B...140

    Total ................................140 Total..................................................140

    Empresa B

    Despesas Receitas

    Compra de Trigo da empresa A....140Salrios ..........................................50Juros ..............................................10Aluguis.........................................15Lucros ............................................30

    Venda de farinha para C.....245

    Total .............................................245 Total.....................................245

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Empresa C

    Despesas Receitas

    Compra de farinha de B.................245Salrios ............................................60Juros ................................................20Aluguis...........................................30Lucros .............................................35

    Venda de farinha para C.....390

    Total ...............................................390 Total....................................390

    Analise primeiramente o balancete da empresa A. Na coluna esquerda, esto as despesas necessrias para a produo de $140 de trigo. Neste caso, por simpli cao, ela no paga matria-prima. Note tambm que o lucro, na contabilidade social, interpretado como a remunerao da capacidade gerencial ou empresarial, que a diferena entre a receita e o pagamento pelos insumos.

    Assim, no caso da empresa A, tem-se:

    Produto = $140 de trigo (produto nal);

    Renda = $140 (remunerao dos fatores de produo);

    Despesa = $140 (despendida por B na aquisio de trigo).

    A tica da renda

    Segundo esta tica, se pode medir a atividade econmica em funo da renda. A renda dos agentes econmicos a soma da remunerao paga aos fatores da produo durante o processo produtivo.

    Renda a remunerao de cada um dos fatores de produo, logo, a renda de uma economia a soma da renda de cada fator de produo.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Podemos representar esta frmula do seguinte modo:

    Renda de Economia = Renda dos Fatores de Produo

    Assim, para se obter a renda de um pas num determinado perodo, somam-se os salrios, os aluguis, os juros e os lucros, que so os pagamentos feitos aos fatores produtivos, ao longo do ano.Consolidando os balancetes das trs empresas do exemplo, tem-se que o produto da economia $390. Vamos analisar mais detalhadamente:

    Produto nacional

    O produto nacional (PN) de uma economia expresso em termos monetrios, multiplicando-se a quantidade de bens e de servios pelos respectivos preos. Esta a frmula para o clculo do produto nacional

    i iPN p q= Onde:

    PN = produto nacional.Pi = preo unitrio dos bens e servios nais.Qi = quantidade produzida dos bens e servios nais.

    Voltando ao nosso exemplo anterior, note que, como o po o nico bem nal, o produto nacional corresponde a $390.

    Despesa nacional (DN)

    A despesa nacional o gasto dos agentes econmicos com o produto nacional. No exemplo anterior, a despesa nacional representada apenas pelo consumo (C) das famlias. Mas, a frmula completa de clculo de DN :

    DN = C + I + G + X MOnde:

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    C = Despesas das famlias com bens de consumo.I = Despesas das empresas com investimentos.G = Despesas do governo.X = Exportaes (despesas dos outros pases).M = Importaes (despesas brasileiras).

    Neste sentido, decorre que o produto nacional vendido para quatro agentes: os consumidores, as empresas, o governo e o setor externo. Ainda neste contexto, pode-se considerar o produto como sendo o total das vendas num determinado perodo de tempo mais os estoques avaliados a preo de mercado. Esta frmula expressa o signi cado do produto em relao s vendas, o tempo e os estoques:

    Produto = $ total das vendas / perodo de tempo + $ estoques

    Com a receita obtida atravs da venda de seus produtos, os empresrios remuneram os fatores da produo empregados: salrios para os trabalhadores, juros para o capital, aluguis para os proprietrios e lucros para eles prprios, pois o lucro a remunerao do empresrio. Seguindo este entendimento, pode-se dizer que as receitas, ou o produto da economia, foram direcionadas para a remunerao dos fatores de produo. Ao se chamar o total de pagamentos feitos aos fatores de produo de renda, chega-se a uma identidade fundamental na teoria macroeconmica: a de que renda igual ao produto.Assim, a identidade de renda igual a produto s vlida para um sistema econmico simples, constitudo de empresas e consumidores. Alm disso, observe que h a condio de que as pessoas gastem toda sua renda na aquisio de bens e de servios, ou seja, no faam poupana.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Seo 5 - Valor adicionado

    O valor adicionado (ou valor agregado) o valor que se adiciona ao produto em cada estgio de produo. Somando o valor adicionado em cada estgio de produo, tem-se o produto nal da economia. Na tabela 1, mostra-se o valor adicionado em cada estgio de produo.

    TABELA 1 Valor Adicionado

    Estgio Vendas ($) Custos dos bens intermedirios ($) Valor Adicionado

    A 140 0 140

    B 245 140 105

    C 390 245 145

    VA 390

    Note que a soma do valor agregado em cada estgio de produo igual ao valor do bem nal. Logo, os institutos de pesquisa (o IBGE, no caso brasileiro) no precisam pesquisar os dados de cada bem intermedirio, bastando, portanto, veri car o preo dos bens e servios nais.

    Seo 6 - Os agregados macroeconmicos

    A contabilidade nacional mede a atividade econmica a partir de sua expresso mais genrica (o produto da economia), para, em seguida, e a partir dele, introduzir novos conceitos e assim observar a atividade econmica.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os agregados

    Existem termos econmicos que so chamados de agregados e recebem essa denominao pelo fato de no serem simplesmente uma soma de parcelas que se expressam da mesma forma e na mesma unidade de medida, mas sim uma soma de coisas diferentes (bens e servios) cujo volume fsico, conforme voc aprendeu, expresso nas mais diferentes unidades de medida. No entanto, esses bens e servios podem ser adicionados, agregados, quando so traduzidos numa unidade comum de medida, ou seja, a moeda.

    Seo 7 - O sistema econmico real

    Caro aluno, nesta seo voc estudar o sistema econmico real em funo de alguns agregados macroeconmicos, como o produto interno bruto, o consumo das famlias, o investimento, os gastos do governo, as exportaes e as importaes, alm da renda pessoal e da renda pessoal disponvel.O sistema econmico que voc ir acompanhar mantm relaes com outros sistemas, isto , com o resto do mundo, atravs da exportao e da importao de bens e de servios. Alm disso, nesse sistema, a presena do setor pblico, ou seja, do governo, bastante importante. Com relao s empresas, no mais necessrio que elas gastem toda a sua renda em bens e servios de consumo (essa parte da renda que no consumida recebe o nome de poupana). Conseqentemente, se toda a renda no consumida, uma parte da produo das empresas no ser vendida, o que possibilitar a formao de estoques nessa economia.Assim, a partir de agora voc vai aprender o que signi ca cada um dos chamados agregados macroeconmicos:

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Produto interno bruto (PIB)

    O primeiro agregado macroeconmico o produto interno bruto (PIB), que corresponde ao conceito de produto da economia, ou seja, soma dos valores monetrios dos bens e dos servios nais, produzidos a partir dos fatores de produo que esto dentro das fronteiras geogr cas do pas.Considerando a presena do Estado nas atividades econmicas, h duas maneiras de se medir o produto interno bruto (PIB) de uma economia:

    PIB a preos de mercado: a soma dos valores monetrios dos bens e servios produzidos, computando-se os impostos indiretos e subtraindo-se os subsdios.PIB a custo de fatores: a soma dos valores monetrios dos bens e servios produzidos, subtraindo-se os impostos indiretos e somando-se os subsdios.

    Como voc aprendeu, a presena do governo num sistema econmico tem a possibilidade de modi c-lo atravs do seu efeito sobre o preo dos bens e dos servios e sobre a remunerao dos fatores de produo.

    Componentes do PIB

    Podemos mostrar o PIB atravs da equao abaixo:PIB = C + I + G+ X M

    Onde, C = consumo das famliasI = investimentoG = Gastos do governoX = Exportaes, eM = Importaes

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Em suma, o PIB igual ao conceito de despesa nacional mostrado anteriormente, a nal,

    Produto = renda = despesas.

    Consumo das famlias

    A varivel consumo refere-se aos gastos que as pessoas fazem com bens de consumo, tais como alimentos, roupas, remdios, supr uos, etc.

    Investimento

    A varivel investimento refere-se aos investimentos feitos pelas empresas, com o objetivo de aumentar a produo. Por exemplo, quando uma empresa compra uma nova mquina, consideramos que houve um investimento.

    Gastos do governo

    Os gastos do governo referem-se s diversas despesas deste. Por exemplo, o pagamento de funcionrios pblicos, a construo de novas escolas e hospitais.

    Exportaes e importaes

    Ao nos referirmos s exportaes e importaes, queremos enfatizar que o comrcio exterior tambm interfere na formao do PIB de um pas. Note que a varivel importaes (M) a nica da equao assinalada com o sinal negativo, signi cando que quando aumentam, h uma reduo no PIB (caso no haja variao em nenhuma outra varivel).Veja no quadro abaixo como estas variveis contriburam para a formao do PIB brasileiro nos anos de 2002 e 2003.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    TABELA 2 FORMAO DO PIB EM 2002 e 2003 (%)

    2002 2003

    Consumo 58,0 56,9

    Investimentos 19,8 20,1

    Governo 20,1 19,3

    Exportaes 15,5 16,9

    Importaes -13,4 -13,1

    FONTE: (www.ibge.gov.br)

    Agora veja na tabela seguinte como cada um dos setores (primrio, secundrio e tercirio) contribuiu para o PIB brasileiro nos mesmos anos.

    TABELA 3 CONTRIBUIO DOS SETORES PRIMRIO, SECUNDRIO E TERCIRIO PARA A FORMAO DO PIB EM 2002 e 2003 ( %)

    2002 2003

    Agroindstria 8,7 10,2

    Indstria 38,3 38,7

    Servios 59,2 56,7

    FONTE: (www.ibge.gov.br)

    Renda pessoal (RP)

    A Renda pessoal o agregado macroeconmico destinado aos consumidores residentes no pas. Considere, mais uma vez, a interveno do Estado na economia. Se subtrairmos da renda nacional os lucros retidos pelas empresas, os impostos diretos das empresas (imposto de renda) e as contribuies feitas previdncia social, e se somarmos as transferncias do governo (ou seja, as despesas do governo com inativos, pensionistas, salrio-famlia e outros benefcios pagos pela previdncia social mais os juros pagos), ento teremos a renda pessoal (RP).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Renda pessoal disponvel (RPD)

    Se voc subtrair da renda pessoal os impostos diretos pagos pelas pessoas, ou seja, imposto de renda, chegar ao conceito de Renda pessoal disponvel (RPD), que a quantia que permanece em poder das pessoas para ser consumida ou poupada.Note que a produo realizada por um sistema econmico destinada satisfao das necessidades das pessoas. Esse sistema econmico no permanece estvel no decorrer do tempo. Ele se modi ca, cresce e atravessa crises, tudo isso com conseqncias sobre as pessoas que o integram.

    Um dos campos de interesse dos economistas, e tambm do governo, o nvel de bem-estar dos habitantes de um pas. Esse nvel de bem-estar, apesar de ser um conceito subjetivo, pode ser aproximado atravs da quantidade de bens e de servios disponveis, por um perodo de tempo, para as pessoas. Se a quantidade de bens e servios disponveis aumentou de um ano para outro, mais do que o aumento da populao, pode-se dizer que aumentou o bem-estar das pessoas desse pas. Isso aconteceria, de fato, se o aumento do produto (lembre-se que produto renda) tivesse sido distribudo igualmente entre as pessoas.As observaes acima nos permitem concluir que h virtudes e limitaes nos agregados macroeconmicos. Como virtude, destacamos que:

    Os agregados servem para o estudo e acompanhamento da evoluo do sistema econmico no decorrer do tempo. Atravs dos seus vrios conceitos, possvel avaliar o papel do governo, do setor externo e das empresas na economia.

    Voc deve notar, contudo, que h uma limitao da contabilidade nacional como instrumento de anlise. A contabilidade nacional no nos diz de que forma o produto distribudo entre os habitantes do pas. Assim, uma economia pode apresentar taxas de crescimento elevadas de seu produto, mas isto no quer dizer que o crescimento seja igualmente distribudo entre as pessoas.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    Nesse caso, ca difcil dizer alguma coisa a respeito do nvel de bem-estar, pois o bem-estar de algumas pessoas aumentou, mas o de outras no. Veja o caso do Brasil, o qual representa um exemplo clssico da limitao da contabilidade nacional para avaliar como a produo distribuda entre os brasileiros.De qualquer forma, a contabilidade nacional tem se mostrado til para analisar o funcionamento do sistema econmico como um todo, pois fornece ao governo elementos que permitem dirigir as medidas de poltica econmica para os objetivos estabelecidos.

    Sntese

    Nesta unidade, voc aprendeu alguns dos principais conceitos macroeconmicos. Dentre estes, destacamos o PIB, que de suma importncia, pois re ete a renda de uma populao. E, como PIB a renda, mede-se ento a capacidade de consumo de uma regio. Na prxima unidade, voc aprender mais sobre macroeconomia, especi camente, sobre a importncia do consumo e da poupana para uma economia.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de auto-avaliao

    Caro aluno, leia cada enunciado com ateno e responda as questes que seguem.

    1) Por que importante estudar a contabilidade nacional?

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 1

    2) O que PIB? Por que voc acha que importante para um empresrio conhecer o PIB da regio onde pretende montar uma nova empresa?

    3) Por que dizemos que a renda igual ao produto?

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Saiba mais

    Voc pode saber mais sobre o assunto visitando o site do Instituto Brasileiro de Geogra a e Estatstica (IBGE) http://www.ibge.gov.br, alm das seguintes referncias:

    SILVA, Csar Roberto L.; SINCLAYR, Luiz. Economia e mercados: Introduo economia. So Paulo: Saraiva, 1996.TROSTER, Roberto; MOCHON, Francisco. Introduo economia. So Paulo: Makron Books, 1999.MEURER, Roberto; SAMOHYL, Robert. Conjuntura econmica: entendendo a economia no dia-a-dia. Campo Grande: Editora Oeste, 2001.WESSELS, Walter J. Economia. So Paulo: Saraiva, 1998.

    Caro aluno, voc tambm pode estudar o livro Conjuntura econmica ao acess-lo gratuitamente no site www.qualimetria.ufsc.br

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  • UNIDADE 2

    Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios (Parte I) consumo, poupana e investimento

    Objetivos de aprendizagem

    Entender a relao, no processo de formao da renda, entre consumo e poupana.

    Compreender o signi cado de investimentos, no sentido macroeconmico.

    Sees de estudo

    Seo 1 Contexto histrico

    Seo 2 Consumo das famlias

    Seo 3 Poupana

    Seo 4 Investimentos

    2

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Esta unidade e a seguinte tratam da determinao da renda e do produto nacional. Nesta unidade, faremos uma breve introduo ao estudo da macroeconomia. Aps estudaremos dois agentes econmicos, as famlias (que consomem e poupam) e as empresas (que investem para aumentar sua capacidade produtiva). Na unidade seguinte, damos continuidade ao assunto ao introduzirmos o governo e suas polticas na nossa anlise.

    Seo 1 - Contexto histrico

    At 1930, os economistas acreditavam que o livre mercado se encarregaria de equilibrar o uxo econmico, conduzindo a economia naturalmente ao pleno emprego de recursos. Porm, a crise econmica atingiu todo o planeta a partir de 1929, quando houve a quebra da bolsa de Nova Iorque. Esta crise implicou numa signi cativa queda da atividade econmica, aumento do desemprego e da capacidade ociosa. Este evento mostrou que o mercado, por si, no tem condies de conduzir a economia ao pleno emprego. Com isso, em 1936 o economista britnico John Maynard Keynes desenvolveu sua teoria no livro Teoria Geral do Emprego, dos Juros e da Moeda (1936), cuja idia central se baseia no pressuposto de que a interveno do governo necessria para regular a atividade econmica e levar a economia ao pleno emprego. O governo, por meio de seus gastos, um elemento fundamental para eliminar o quadro recessivo e de desemprego, j que, ao aumentar seus gastos, o governo estaria aumentando a demanda agregada e, conseqentemente, o nvel de produo, permitindo que as empresas ocupem sua capacidade ociosa e elevem a demanda de mo-de-obra.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    O quadro 1 mostra a situao nos Estados Unidos entre 1929 e 1934, auge da crise econmica.

    Indicadores de desempenho Anos

    1929 1933 Var%

    NVEL GERAL DE PREOS: IPC 1929 = 100 100 75,4 -24,6%

    Procura agregada em US$ bilhes

    Dispndios de consumo das famlias 77,5 45,9 -40,8%

    Investimento das empresas 16,7 1,7 -89,8%

    Dispndios do governo 8,6 7,9 -8,1%

    Procura externa lquida 0,4 0,1 -75,0%

    Produto Nacional Bruto 103,2 55,6 -46,1%

    Taxa de desemprego (% sobre fora de trabalho) 3,2 24,9 679,1%

    Fonte: BAUMOL, WJ.:1994

    Note que todos os indicadores sofreram variaes negativas. Apenas a varivel desemprego aumentou, mostrando claramente que a situao nos EUA era de crise signi cativa. Desde Keynes, o paradigma da teoria macroeconmica tem sido o debate sobre o grau de interveno do Estado na economia. Essa parte do estudo chamada de teoria da determinao do equilbrio da renda nacional, ou modelo Keynesiano bsico. H duas abordagens neste estudo: o lado real (mercado de bens e servios e mercado de trabalho) e o lado monetrio (mercado de moedas e ttulos). Nesta unidade e na seguinte analisaremos o lado real. Na unidade 4, o lado monetrio.

    Conceitos importantes

    Dois conceitos bsicos so importantes para voc compreender a teoria da determinao do equilbrio da renda nacional, ou modelo Keynesiano bsico: o de oferta agregada e o de demanda agregada.

    Oferta Agregada (OA) - A oferta agregada o valor da produo de bens e servios nais colocados disposio da

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    sociedade em um dado perodo. o prprio produto real, ou PIB. A oferta agregada varia em funo da disponibilidade de fatores de produo (terra, capital e trabalho). A oferta agregada efetiva refere-se produo que de fato colocada no mercado, o que pode ocorrer com desemprego dos fatores de produo. J a oferta agregada potencial refere-se quantidade mxima que a economia pode produzir quando todos os fatores de produo esto sendo empregados (ou seja, no pleno emprego). Como a anlise da teoria keynesiana uma anlise de curto prazo, ela supe que a oferta agregada potencial permanece constante no curto prazo. A oferta agregada potencial s se altera se houver uma mudana na quantidade fsica dos fatores de produo ou no grau de tecnologia. Demanda Agregada (DA) - A demanda agregada a soma das demandas dos quatro agentes macroeconmicos: despesas das famlias com bens de consumo (C), investimentos das empresas (I), gastos do governo (G), exportaes (X) e importaes (M). Podemos representar esta relao do seguinte modo:

    DA = C + I + G + X - M

    Como a oferta agregada potencial no se altera no curto prazo, dados os estoques de fatores de produo, as alteraes do nvel de renda e do produto nacional devem-se exclusivamente s variaes na demanda agregada de bens e servios. Ou seja: as utuaes na demanda agregada so as responsveis pelas variaes do produto e da renda nacional a curto prazo.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    Seo 2 - Consumo das famlias

    Pense no caso de uma pessoa que recebe seu salrio, que a remunerao do seu trabalho, no nal do ms. Com esse salrio, que sua renda pessoal disponvel, ela realizar uma srie de gastos necessrios para a sua sobrevivncia e a satisfao de suas necessidades.

    A Renda Disponvel (RD) a Renda Bruta menos os descontos como impostos e contribuies sociais.

    Podemos representar esta relao assim:Renda disponvel (RD) = renda bruta - descontos

    H estudos empricos que mostram que a deciso de consumo de uma populao in uenciada fundamentalmente pela renda nacional disponvel (RND). Assim, temos que:

    ( )C f RND=Onde:

    C = consumo agregado;RND = Renda nacional disponvel.

    Um conceito importante criado por Keynes, tambm relativo ao consumo das famlias, o de propenso marginal a consumir (PMgC), que se refere variao esperada no consumo dada uma variao na renda disponvel. Ou seja, a propenso que as pessoas tm ao consumo, dada uma variao na renda. Matematicamente tal relao expressa pela seguinte equao:

    CPMgCRND=

    Onde:PMgC = Propenso marginal a consumir;C = Consumo;RND = Renda Nacional Disponvel.

    Caro aluno, pesquise no dicionrio o signi cado do termo emprico.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Uma PMgC = 0,70 mostra que se a renda aumentar US$ 100 milhes, ento o consumo aumentar US$ 70 milhes.

    Os gastos com consumo podem ser divididos em trs componentes, dependendo da natureza do bem ou do servio que for adquirido. Acompanhe-os a seguir:

    Bens de consumo no durveis. So bens cuja vida til relativamente curta, como alimentos, roupas e combustvel.

    Servios de consumo, que compreendem as despesas feitas com aluguel, mdicos, barbeiro, cinemas, transporte etc. O que distingue os bens no durveis dos servios de consumo o fato de que, no segundo caso, a pessoa no est comprando um objeto com existncia fsica prpria, mas um servio prestado por outra pessoa ou por um equipamento.

    Bens de consumo durveis, como eletrodomsticos em geral, automveis, mveis, etc. Estes bens tm vida til maior do que os bens no durveis de consumo.

    Seo 3 - Poupana

    Conforme voc aprendeu, as pessoas podem com a sua renda consumir bens no durveis, servios e bens durveis. Mas as pessoas tambm podem consumir todos os produtos que acharem necessrios durante o ms, e ainda pode restar uma parte da renda. Essa parte da renda que no consumida chama-se poupana. Esta relao entre renda, consumo e poupana pode ser representada do seguinte modo:

    Sendo a Renda = Consumo + Poupana, entoPoupana = Renda - Consumo

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    Esta identidade tambm pode ser expressa da seguinte forma:S Y C=

    Onde: S = poupana (Saving em ingls);Y = renda (Yield em ingls);C = consumo (consumption em ingls).

    Desta forma, h apenas duas coisas que as pessoas podem fazer com suas rendas: Consumir ou poupar. Em outras palavras, signi ca dizer que a renda composta pelo consumo e pela poupana.

    Saiba mais sobre a importncia de saber poupar!

    Poupar uma arte. E, j est provado, traz signi cativos resultados para os poupadores em longo prazo. E justamente quando falamos de tempo que est o problema da poupana.

    Nos manuais de economia, poupana de nida como sendo o consumo futuro. Ou seja, uma compra que adiamos hoje com o intuito de comprar algo no futuro. Como comprar ou consumir d prazer a muitas pessoas, difcil adiar o prazer de hoje pensando num prazer futuro. preciso deixar claro que quando falo em poupana no me re ro especi camente s cadernetas de poupana, mas a toda e qualquer forma de economizar dinheiro, seja aplicando em aes, ttulos do governo, fundos de renda xa, dentre outros.

    Mas, no fosse a arte de poupar e a mgica dos juros compostos, jamais poderamos comprar produtos que vista no temos condies. Uma pequena parcela poupada a cada ms pode, ao nal de um grande perodo, render bons frutos para quem for disciplinado.

    E no simples pensarmos em um perodo longo de tempo porque sempre h aquela pessoa que diz: Aproveite a vida! Por que fazer amanh o que pode fazer hoje?. E realmente uma arte resistir s tentaes consumistas do mundo moderno.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Os americanos so conhecidos como grandes gastadores, e ns brasileiros no camos atrs. No entanto, preciso lembrar que l a taxa de juros bem reduzida um convite ao consumo, enquanto aqui juros elevados clamam pelo aumento das taxas de poupana.

    Portanto, poupar exige disciplina e um objetivo futuro. Sem um objetivo, seja ele um carro, uma viagem, um apartamento, di cilmente poupamos. Mas vale a pena.

    A poupana tambm diretamente relacionada renda disponvel. De ne-se tambm a propenso marginal a poupar (PMgS) como a variao da poupana quando ocorre uma variao na renda. Essa varivel muito importante para a poltica econmica, pois estudos empricos mostram que os pases mais pobres apresentam propenso marginal a poupar menor que os pases mais ricos. O que implica dizer que as populaes dos pases mais pobres tendem a gastar quase a totalidade de sua renda em bens de consumo.

    O que se faz com a poupana?

    Para poder responder a essa pergunta adequadamente, necessrio antes acompanhar algumas consideraes sobre o lado real do sistema econmico.At agora foi apresentado o uxo monetrio do sistema econmico, o lado da renda. Lembre, ainda, que o uxo real, ou lado real da economia, corresponde aos bens e servios, produzidos em determinado perodo de tempo. Voc j aprendeu tambm que o lado real igual ao lado monetrio, ou seja, a renda igual ao produto. Essa igualdade indica que o total dos bens e servios produzidos em um perodo de tempo era vendido para que a receita das vendas remunerasse os fatores de produo. J se pode, portanto, concluir que a renda disponvel o principal determinante do consumo.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    Uma parte do produto, isto , dos bens e servios produzidos, no ser vendida, havendo uma variao, num determinado perodo de tempo, nos estoques do sistema econmico. Como o estoque de uma economia formado pelos bens que no foram vendidos, no perodo de tempo em que foram produzidos, mais o estoque no incio do perodo, voc pode considerar que a variao de estoques em um perodo de tempo igual poupana no mesmo perodo. Do ponto de vista real do sistema econmico, a formao de estoque signi ca investimento.

    Seo 4 - Investimentos

    Voc sabe o que investimento? Investimento o acrscimo em estoque de capital que leva ao acrscimo da capacidade produtiva (construes, instalaes, mquinas, etc.) (VASCONCELLOS; GARCIA, 2004). Ou seja, investimento a aplicao de recursos em empresas (novas empresas ou ampliao das empresas j existentes). Tais investimentos devem, ao nal de um perodo, gerar lucro para o empresrio. Conforme o Dicionrio de Economia (SANDRONI, 1992), investimento a aplicao de capital em meios que levam ao aumento da capacidade produtiva, ou do produto.Para investir, as empresas precisam de capital. Este capital est disponvel para elas nos bancos. Mas o capital ou dinheiro que est nos bancos pertence s pessoas e famlias que guardam seu dinheiro. E justamente esse dinheiro que os bancos emprestam s empresas.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Ateno!

    Investimentos so compras de bens de Capital, que so bens utilizados na fabricao de outros bens, mas que no se desgastam totalmente no processo produtivo. o caso de mquinas, equipamentos e instalaes. Este conceito tambm pode ser aplicado, por exemplo, a um carro de passeio, quando este utilizado por um taxista. Ou seja, um bem pode ser um bem de consumo, se for para consumo prprio, ou bem de capital, caso seja utilizado para gerar renda para seu proprietrio.

    Neste sentido, pode-se dizer que a poupana igual ao investimento, no mesmo perodo. Isso nos leva igualdade fundamental da macroeconomia, representada por:

    S = IOnde:

    S = poupana;I = investimento.

    Em resumo, podemos dizer que o investimento se manifesta de trs maneiras:

    Construo de novas fbricas e mquinas para as empresas.

    Construo de novas casas residenciais.

    Variao dos estoques.

    O estudo dos investimentos de suma importncia para a atividade econmica, pois so as empresas que, ao investir, geram empregos e renda para a populao. Entretanto, a varivel investimento apresenta grande instabilidade, pois seu comportamento de difcil previso, por depender no apenas de fatores econmicos, mas tambm das expectativas em relao ao futuro.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    Voc sabe quais so os principais determinantes do investimento?

    A taxa de rentabilidade esperada ou taxa de retorno

    A taxa de rentabilidade ou taxa de retorno calculada a partir da estimativa do retorno lquido esperado pela aquisio do bem de capital. Esses valores so calculados em matemtica nanceira, por meio do valor presente ou valor atual dos retornos futuros (i.e., da renda esperada ao longo da vida til do bem de capital, descontando-se a in ao futura, custos de manuteno e depreciao). A taxa de rentabilidade esperada denominada na literatura econmica como e cincia marginal do capital. Assim, quanto maior a rentabilidade esperada dos projetos, maiores sero os investimentos das empresas na ampliao da capacidade produtiva.

    Taxa de juros de mercado

    O investimento tem uma relao inversamente proporcional taxa de juros. Se a empresa j dispe de capital prprio, a taxa de juros representar o quanto a empresa ganharia se, no lugar de investir em mquinas e equipamentos, aplicasse o dinheiro no mercado nanceiro. Caso a empresa precise tomar recursos emprestados no mercado nanceiro para realizar seus investimentos, a taxa de juros representar o custo do emprstimo para a empresa. Em suma, podemos enunciar que, quanto maior a taxa de juros de mercado, menores sero os investimentos em bens de capital.

    Assim, para a tomada de deciso sobre o investimento, as empresas comparam estas duas taxas:

    Se a taxa de retorno superar a taxa de juros de mercado, as empresas investiro em bens de capital e na ampliao da capacidade de produo.Se a taxa de retorno for inferior taxa de juros de mercado, as empresas no investiro, e preferiro aplicar seus recursos no mercado nanceiro.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    O multiplicador Keynesiano dos gastos

    Um dos principais conceitos criados por Keynes foi o de multiplicador de despesas ou gastos. Ele mostra que, quando uma economia est com desemprego de recursos, um aumento na demanda agregada provocar um aumento na renda nacional mais que proporcional ao aumento da demanda. Isto porque, quando uma economia est em desemprego, qualquer aumento nas despesas provoca um efeito multiplicador nos vrios setores da economia.O aumento na renda de um setor implica que os trabalhadores desse setor gastaro sua renda em outros setores (por exemplo, alimentos, diverso, vesturio, transporte, etc.), e assim por diante.

    Suponha que o governo resolva construir uma usina hidreltrica. Ele contratar construtoras que aumentaro a produo da construo civil, e aumentar a renda dos trabalhadores e empresrios deste ramo. Esta renda ser gasta em outros setores, movimentando a economia.

    O multiplicador de despesa ou gastos Keynesiano (k) costuma ser expresso genericamente como:

    RNkDA

    =

    Onde:RN = Variao da renda nacional;DA= Variao da demanda agregada.

    Os mais conhecidos multiplicadores Keynesianos so o de gastos de investimentos (ki) e o de gastos do governo (kg).

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    Relacionando os conceitos estudados at agora com o sistema econmico como um todo, podemos concluir que:

    O consumo do sistema econmico a soma das despesas de consumo realizadas por todas as pessoas, em um perodo de tempo.A soma das poupanas das pessoas igual poupana do sistema econmico.A poupana da economia igual ao investimento, que formado pela variao nos estoques e pelos gastos dos empresrios para aumentar a capacidade produtiva da economia.

    Convm lembrar que os empresrios so pessoas e que os gastos em investimentos so feitos, em parte, com suas poupanas, sendo o restante do investimento feito com a poupana do sistema econmico. Mais tarde, quando voc estudar o Mercado de Capitais, entender como a poupana das pessoas transferida para os investimentos.

    Sntese

    Nesta unidade, voc aprendeu a importncia de algumas variveis como o consumo (que a parcela da renda utilizada na compra de bens e servios) e a poupana (que a parcela da renda guardada para ser consumida no futuro, como para se comprar um carro ou viajar, por exemplo).Voc tambm aprendeu que a poupana que as pessoas fazem canalizada para os investimentos empresariais, pois no banco que os empresrios contraem emprstimos para abrir novas empresas ou expandir aquelas j existentes.Na prxima unidade, voc estudar a interveno do governo na economia, que de suma importncia, pois o governo o principal agente do sistema econmico.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de auto-avaliao

    A partir de seus estudos, leia com ateno e resolva as atividades programadas para a sua auto-avaliao.

    1) O que so bens de capital? Bens de consumo durveis? E bens no-durveis?

    2) O que determina o consumo das pessoas?

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 2

    3) Por que poupana igual a investimento?

    4) Quais as conseqncias para a economia de um aumento da taxa de juros?

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Saiba mais

    Voc pode saber mais sobre o assunto estudado nesta unidade consultando as seguintes referncias:

    BAUMOL, W. Macroeconomics. New York: McGraw Hill, 1994. TROSTER, Roberto; MOCHON, Francisco. Introduo economia. So Paulo: Makron Books, 1999.WESSELS, Walter J. Economia. So Paulo: Saraiva, 1998.MEURER, Roberto; SAMOHYL, Robert. Conjuntura econmica: entendendo a economia no dia-a-dia. Campo Grande: Editora Oeste, 2001.

    Voc tambm pode estudar o livro Conjuntura econmica ao acess-lo gratuitamente no site www.qualimetria.ufsc.br

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  • UNIDADE 3

    Determinao da renda e do produto nacional: o mercado de bens e servios (Parte II) o papel do Governo

    Objetivos de aprendizagem

    Entender o papel do Governo ou Estado em uma economia de mercado.

    Conhecer os principais instrumentos que o governo utiliza para intervir na economia.

    Sees de estudo

    Seo 1 As funes do setor pblico

    Seo 2 Os instrumentos do governo

    Seo 3 Equilbrio macroeconmico

    Seo 4 Poltica scal

    3

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Esta unidade d continuidade unidade 2. Aqui introduziremos o governo como agente econmico. Voc ver quais as funes do governo na economia e quais instrumentos ele dispe para otimizar o desempenho da economia. No m da unidade, voc tambm aprender o que poltica scal e porque ela um dos principais instrumentos para o controle do ritmo da atividade econmica.

    Seo 1 - As funes do setor pblico

    O Governo o principal agente econmico. Alm de atuar por meio de seus gastos, o governo o formulador da poltica econmica. , ento, responsvel pelo crescimento econmico. O setor pblico considerado em suas trs esferas: Unio, Estados e Municpios. Neste sentido, importante aprender as principais funes do setor pblico.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    Voc sabe quais so as principais funes do setor pblico?As principais funes do governo so as seguintes:

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Objetivos da poltica econmica

    Voc sabe quais so os objetivos da poltica econmica? A poltica econmica tem trs grandes objetivos:

    maior nvel de emprego possvel;

    estabilidade dos preos, ou seja, controle da in ao;

    crescimento da economia.

    A participao do Estado na economia

    Como o Estado participa na economia? O Estado participa de um sistema econmico atravs dos governos Federal, Estadual e Municipal, desempenhando o papel de dois agentes econmicos: o de consumidor e o de produtor.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    Seo 2 - Os instrumentos do governo

    Para alcanar seus objetivos e garantir uma melhor qualidade de vida para a populao, o governo utiliza a poltica econmica. Esta feita, normalmente, atravs de instrumentos de poltica scal e poltica monetria:

    Poltica Fiscal: refere-se s decises do governo sobre seus gastos e os impostos que arrecada;

    Poltica Monetria: refere-se ao controle da quantidade de dinheiro que existe em uma economia.

    Para sistematizar os seus estudos, esta unidade vai se concentrar somente na poltica scal, que, como voc j acompanhou, lida com as receitas (impostos) e os gastos do governo.

    Receita scal

    A receita ou arrecadao scal do governo constitui-se dos seguintes itens:

    Impostos diretos: incidem sobre as pessoas fsicas e jurdicas, como o imposto de renda.

    Impostos indiretos: incidem sobre transaes com bens e servios, como o ICMS ou o IPI.

    Taxas.

    Contribuies previdncia social: de empregados e empregadores.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Voc sabe qual a diferena entre imposto direto e subsdios?

    Alguns impostos, apesar de incidirem sobre a produo, so pagos pelos consumidores, pois so adicionados ao preo nal do produto pelos fabricantes. Esse tipo de imposto, que transferido do produtor para o consumidor, chamado de imposto direto.

    Por outro lado, o setor pblico muitas vezes tem interesse em que determinados produtos apresentem um preo mais baixo para o consumidor nal. Neste sentido, o governo pode conceder s empresas que produzem tais produtos os chamados subsdios, que so estmulos que visam diminuir o custo de produo de um bem ou de um servio.

    Gastos do Governo (G)

    Nas contas nacionais, h trs tipos de gastos:

    Gastos dos ministrios e autarquias: neste caso, as receitas provm de dotao oramentria. Como os servios do governo (justia, educao, segurana pblica e defesa do pas, etc.) no so transacionados no mercado, o produto gerado pelo governo medido por suas despesas correntes ou de custeio (salrios, compras de materiais para a manuteno da mquina do governo) e despesas de capital (construo de estradas, prises, usinas, etc.).

    Gastos das empresas pblicas e sociedades de economia mista: suas receitas so provenientes da venda de bens e servios no mercado. Assim, elas so consideradas nas contas nacionais como pertencentes ao setor produtivo, tais como as empresa privadas.

    Gastos com transferncias e subsdios: transferncias so doaes, penses. E, subsdios so estmulos que visam reduzir os custos e incentivar um determinado setor da economia. Ambos no so computados como parte da renda nacional.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    O oramento do governo

    O oramento do governo uma descrio do plano de gastos e de como ele nanciar esses gastos. O oramento do Governo o resultado das Receitas Pblicas menos os Gastos Pblicos, conforme a seguinte frmula: ORAMENTO DO GOVERNO = RECEITAS PBLICAS GASTOS PBLICOS

    Acompanhe as seguintes relaes fundamentais do oramento do governo:

    Se as RECEITAS do governo forem maiores que seus GASTOS, haver um SUPERVIT oramentrio.

    Por outro lado, se os GASTOS do governo forem maiores do que a ARRECADAO (situao comum nos diversos nveis de governo no Brasil) haver um DFICIT oramentrio.

    E o oramento estar em EQUILBRIO quando a RECEITA pblica for igual aos GASTOS pblicos.

    Assim, as medidas expansionistas (aumento dos gastos do governo ou reduo dos impostos) podem criar d cit no oramento, enquanto as medidas restritivas tero o efeito contrrio. Excluindo-se os juros da dvida pblica, interna e externa, como mostram Vasconcellos e Garcia (2004), tem-se o conceito de supervit (ou d cit) primrio ou scal. Quando so includos os juros nominais sobre a dvida, tem-se o conceito de supervit (ou d cit) total ou nominal. Se forem considerados apenas os juros reais (excluindo-se a taxa de in ao e a variao cambial), tem-se o conceito de supervit (ou d cit) operacional. Nos acordos do Brasil com o Fundo Monetrio Internacional (FMI), o conceito relevante o scal ou primrio. Para o FMI, um pas que apresenta supervit primrio, mesmo que apresente d cit nominal ou total, est com suas contas relativamente equilibradas e mostra condies de honrar seus

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    compromissos futuros, apresentando mais credibilidade para negociar sua dvida externa, com juros menores e prazos maiores.

    O d cit e seu nanciamento

    Desde a crise de 1929, assim como em muitos pases, o governo aumenta gradativamente sua participao na atividade econmica. importante voc atentar para o fato de que o crescimento econmico do Brasil se deu fortemente amparado no Estado. Ou seja, o Brasil se desenvolveu graas presena forte do governo. Exemplos so as empresas estatais, como as distribuidoras de energia ou as companhias de gua e esgoto. Essa forte presena do Estado aumentou a necessidade de nanciamentos. Para atender a essa necessidade, o governo tem trs alternativas:

    os impostos;

    a criao de dinheiro;

    a emisso de dvida pblica.

    Os impostos so a alternativa natural para se nanciar o d cit pblico. Porm, quando existe d cit, signi ca que os impostos so insu cientes para fazer frente aos gastos.Outra alternativa possvel a criao de dinheiro. O Banco Central, que a instituio do governo responsvel pela emisso de dinheiro, poderia recorrer a este procedimento e atender o governo. Mas isso no to simples, pois, como voc ver na unidade sobre in ao, isto tende a aumentar a in ao. Uma terceira possibilidade emitir dvida pblica. Neste caso, o Estado emite, ou seja, vende ttulos de renda xa, por exemplo. No entanto, tal fato tem o perverso efeito de deslocar a poupana das pessoas para o setor pblico. Lembre-se que na unidade 02 voc aprendeu que poupana deve gerar novos investimentos. Observe que o governo, neste caso, desvia os recursos do setor empresarial para o setor pblico.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    O equilbrio oramentrio

    Assim, para no ter que aumentar impostos (o que seria uma medida extremamente impopular), no emitir dinheiro (que, como voc ver na prxima unidade, causa in ao) e no aumentar a dvida (o que implica a necessidade de aumento da taxa de juros), o governo deve equilibrar o seu oramento. Ou seja, o governo, assim como qualquer outro agente da economia, no pode gastar mais do que arrecada. Em resumo, o equilbrio oramentrio pressupe a seguinte frmula bsica:RECEITAS DO GOVERNO = GASTOS DO GOVERNO

    Este equilbrio aumenta gradativamente no Brasil desde o ano de 2000, com a entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal. Esta lei, como nos mostra o Ministrio do Planejamento, Oramento e Gesto :

    Um cdigo de conduta para os administradores pblicos que passaro a obedecer as normas e limites para administrar as nanas, prestando contas sobre quanto e como gastam os recursos da sociedade. Representa um importante instrumento de cidadania para o povo brasileiro, pois todos os cidados tero acesso s contas pblicas, podendo manifestar abertamente sua opinio, com o objetivo de ajudar a garantir sua boa gesto.

    Ou seja, a Lei de Responsabilidade Fiscal tem como objetivo garantir que os governantes no gastaro mais do que arrecadam, tornando a gesto dos recursos pblicos mais disciplinada e responsvel.

    MINISTRIO DO PLANEJAMENTO, ORAMENTO E GESTO. Responsabilidade Fiscal. Disponvel em: . Acesso em: 17 jul. 2006.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 3 - Equilbrio macroeconmico

    Antes de detalhar a poltica scal, importante atentarmos para alguns conceitos. Primeiramente, um conceito muito utilizado pelos economistas o de renda de pleno emprego, que a renda nacional quando todos os recursos produtivos esto sendo empregados e a economia est produzindo com plena capacidade.A renda de equilbrio, ou renda efetiva, determinada quando a oferta agregada (OA) iguala a demanda agregada (DA). Isso pode ocorrer abaixo do pleno emprego, signi cando que a produo agregada, apesar de abaixo da capacidade potencial, atende s necessidades da economia. o que Keynes denominava de equilbrio macroeconmico com desemprego, ou equilbrio abaixo do pleno emprego. Assim, o objetivo da poltica econmica encontrar o equilbrio a pleno emprego, ou seja, fazer o equilbrio entre oferta e demanda agregadas coincidir com a renda ou produto de pleno emprego.J que a oferta agregada esttica no curto prazo, a poltica econmica deve se concentrar em aumentar a demanda agregada por meio de instrumentos que propiciem aumento dos gastos em consumo (C), investimentos (I), gastos do governo (G), e balana comercial positiva (X>M), lembrando que (X) se refere s exportaes e (M) s importaes. Com efeito, a situao de equilbrio macroeconmico pode ser ilustrada atravs de um gr co. Ao contrrio da teoria microeconmica, na anlise macroeconmica os valores nos eixos cartesianos so valores agregados: nvel geral de preos e produto real, conforme demonstra a gura 1 a seguir.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    FIGURA 1 OFERTA E DEMANDA AGREGADAS

    Como na microeconomia, a curva de demanda agregada (DA0) mostra que h uma relao inversa entre produto (renda) real e nvel geral de preos. J o formato da curva de oferta agregada depende da hiptese sobre o nvel de produto corrente da economia.

    Economia com desemprego de recursos (equivalente ao trecho horizontal na gura 1): nesta situao, a economia est operando com capacidade ociosa. Caso haja algum estmulo da poltica econmica ( gura 2), a demanda agregada se deslocar de DA0 para DA1 e as vendas de RN0 para RN1, mas os preos permanecero constantes.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    FIGURA 2 AUMENTO DA DEMANDA AGREGADA COM ECONOMIA EM DESEMPREGO

    Economia com pleno emprego de recursos: nesta situao, as empresas operam com plena capacidade. Caso a demanda agregada aumente de DA3 para DA4, ocorrer apenas um aumento no nvel geral de preos (P3 para P4), como mostra a gura 3. Note que a oferta agregada rgida no curto prazo, j que no h recursos ou fatores de produo disponveis.

    FIGURA 3 EQUILBRIO COM PLENO EMPREGO

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    Seo 4 - Poltica scal

    A poltica scal um dos instrumentos do governo para alterar o dinamismo da economia, seja para reduzir a in ao ou para aumentar o nvel de emprego. A poltica scal pura a aplicao de polticas tributrias ou de gastos governamentais. Ela pode ser aplicada para aumentar o ritmo de crescimento da economia ou para frear este ritmo.

    Economia com desemprego de recursos

    O modelo Keynesiano bsico preocupa-se mais quando a economia est com desemprego de recursos, ou seja, abaixo de seu potencial. Esta situao tambm chamada de hiato de acionrio, que signi ca a insu cincia de demanda agregada em relao produo de pleno emprego. Ou seja, a estratgia do governo tirar a economia desta situao.Como a oferta agregada no se altera no curto prazo, cabe poltica econmica in uenciar a demanda agregada. Neste caso, a poltica scal deve aumentar a demanda agregada como na gura 2. Este tipo de poltica chama-se poltica scal expansionista.

    1. Poltica scal expansionista

    A poltica scal expansionista fundamenta-se nas seguintes relaes:

    Aumento dos Gastos Pblicos => (implica o) Aumento da Demanda Agregada

    ou

    Reduo dos impostos => (implica o) Aumento da Demanda Agregada

    Com tais procedimentos a produo e o emprego aumentam.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Economia com in ao ou economia com pleno emprego de recursos

    O arcabouo terico criado por Keynes baseava-se numa situao de economia com desemprego, mas pode tambm ser utilizado para uma situao de pleno emprego de recursos.Denominamos essa situao de hiato in acionrio, que ocorre quando a demanda agregada supera a capacidade produtiva da economia (trecho vertical da curva de oferta agregadas, ns guras 1, 2 e 3). Ou seja, a demanda est muito aquecida e a oferta agregada no tem condies, no curto prazo, de acompanh-la, o que leva ao aumento dos preos. Esta situao conhecida na literatura econmica por in ao de demanda. Neste caso, a poltica scal est preocupada em reduzir o ritmo de expanso da demanda agregada, ou seja, praticar uma poltica scal recessiva ou restritiva.

    2. Poltica scal recessiva

    A poltica scal recessiva fundamenta-se nas seguintes relaes:

    Reduo dos Gastos Pblicos => (implica a) Reduo da Demanda Agregada

    ou

    Aumento dos impostos => (implica a) Reduo do consumo privado

    Com tais procedimentos a produo diminui.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    Sntese

    Nesta unidade, voc aprendeu as funes essenciais do setor pblico no que diz respeito gesto da economia. lcito concluir que o governo o principal agente em uma economia e, como tal, o maior responsvel pela soluo dos problemas a ela inerentes, quer seja desemprego quer seja in ao. Nesta unidade, voc viu que um dos instrumentos que o governo tem sua disposio a poltica scal. Embora seja um instrumento pouco importante, este tipo de poltica scal pouco dinmico e seus efeitos so sentidos no longo prazo. No caso brasileiro, por exemplo, a deciso de gastos (oramento) feita no ano anterior ao ano de exerccio. E quando o governo quer aumentar tributos, tal deciso s passa a vigorar no primeiro dia til do ano seguinte quele em que o governo baixou a medida. Logo, a poltica scal pouco e caz para solucionar problemas de curto prazo. A poltica mais e caz e, conseqentemente, mais utilizada pelos governos a poltica monetria, tema de nossa prxima unidade.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Atividades de auto-avaliao

    Leia com ateno os enunciados seguintes e resolva as atividades programadas para a sua auto-avaliao.

    1) Quais so as funes fundamentais do setor pblico?

    2) Como o governo pode promover uma poltica scal expansionista ou expansiva?

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 3

    3) Quando o governo incorre em d cit pblico?

    4) D um exemplo de empresa pblica brasileira. Em sua opinio, a existncia de uma empresa pblica pode ser explicada pelo que voc leu neste captulo?

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Saiba mais

    Aprofunde os contedos estudados nesta unidade ao consultar as seguintes referncias:

    SILVA, Fbio G.; JORGE, Fauzi T. Economia aplicada administrao. 2 ed. So Paulo: Futura, 1999.MANKIW, N. G. Introduo economia. Rio de Janeiro: Campus, 1999.MEURER, Roberto; SAMOHYL, Robert. Conjuntura econmica: entendendo a economia no dia-a-dia. Campo Grande: Editora Oeste, 2001. SILVA, Csar R. L.; LUIZ, Sinclayr. Economia e mercados: introduo economia. So Paulo: Saraiva, 1996.VASCONCELOS, M. A.; GARCIA, M. Fundamentos de economia. 2 ed. So Paulo: Saraiva, 2004.

    Caro aluno, voc tambm pode estudar o livro Conjuntura econmica ao acess-lo gratuitamente no site www.qualimetria.ufsc.br Tambm consulte os seguintes sites para aprofundar seus estudos sobre o governo na economia:

    http://www.fazenda.gov.br (site do Ministrio da Fazenda) http://www.ipea.gov.br (Instituto de Pesquisa Econmica Aplicada)

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  • UNIDADE 4

    Moeda e poltica monetria

    Objetivos de aprendizagem

    Entender a importncia da moeda para o sistema econmico como um todo.

    Compreender o papel do Banco Central.

    Compreender a importncia da poltica monetria.

    Sees de estudo

    Seo 1 Funes da moeda

    Seo 2 Breve histria da moeda

    Seo 3 Oferta de moeda

    Seo 4 Instrumentos de poltica monetria

    Seo 5 Demanda de moeda

    Seo 6 Sistema nanceiro e de crdito

    4

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Para incio de conversa

    Caro aluno, voc sabia que nas economias mais rudimentares no havia moeda ou dinheiro? Havia sim trocas diretas. As trocas diretas recebem o nome de escambo. No escambo, as trocas so realizadas sem dinheiro. Se uma pessoa dispusesse de uma quantidade excedente de uma dada mercadoria, poderia trocar essa sobra por outra mercadoria de que necessitasse. Por exemplo, supondo um alfaiate e um agricultor. Caso o alfaiate desejasse se alimentar, ele teria que dar roupas para o agricultor. Mas, e se o agricultor no necessitasse de roupas? A troca realizada atravs do escambo tem srios inconvenientes. Primeiro, exige que cada pessoa encontre algum disposto a adquirir precisamente o que essa pessoa tem para trocar. Em outras palavras, o escambo exige uma coincidncia de desejos. O segundo problema refere-se di culdade em determinar um valor para alguns bens. Ou seja, o problema da divisibilidade dos bens. No caso anterior, quantas peas de roupa poderiam ser trocadas por um quilo de alimento?Esses dois inconvenientes fazem com que o escambo seja invivel e permitem a introduo da moeda no sistema de trocas. Para minimizar os con itos existentes nas transaes comerciais surgiu a idia de utilizar uma mercadoria intermediria nas trocas, uma mercadoria que fosse amplamente aceita devido sua utilidade.Ento, a moeda na verdade um bem como outro qualquer, mas com uma caracterstica especial: todos aceitam a moeda em troca de uma mercadoria. O escambo ainda existe. Apesar de hoje possuirmos um sistema monetrio altamente especializado e so sticado, saiba que na nossa sociedade algumas trocas ainda ocorrem via escambo.

    comum, quando voc l o jornal, ver um anncio do tipo troca-se terreno na praia por automvel.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 4

    A grande diferena do escambo atual o fato de que a moeda funciona como padro comum de valores ou de referncias. Ou seja, atravs do uso de moedas podemos trocar quaisquer produtos, pois temos assim um mecanismo fcil de comparao dos valores.

    Seo 1 - Funes da moeda

    Nesta seo voc agora aprende as funes, as caractersticas e os tipos de moeda. A moeda possui trs funes:

    meio ou instrumento de troca: utilizada para comprar bens e servios. a mais importante funo da moeda. A nal, a moeda como um meio de troca permitiu que a economia aumentasse sua e cincia, pois sem um meio de troca de padro nico, as economias modernas no poderiam existir;

    padro comum de valores: a moeda permite que sejam expressos em unidades monetrias os valores de todos os bens e servios de uma economia. um padro de medida;

    reserva de valor: a posse da moeda representa liquidez para quem a possui e pode, ento, ser guardada para a aquisio de um bem ou servio no futuro.

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Caractersticas da moeda

    As caractersticas mais relevantes da moeda so:

    indestrutibilidade e inalterabilidade: a moeda deve ser su cientemente durvel, ou seja, deve durar para ser manuseada em um grande nmero de trocas;

    homogeneidade: duas moedas distintas e com o mesmo valor devem ser exatamente iguais;

    divisibilidade: a moeda deve possuir mltiplos e submltiplos para permitir a realizao de todas as transaes em diversos valores;

    facilidade de manuseio e transporte: a moeda deve ser facilmente transportvel, caso contrrio, sua utilizao seria di cultada;

    transferibilidade: a moeda deve circular na economia sem barreiras, facilitando o comrcio.

    Tipos de moeda

    Os tipos de moeda so os seguintes:

    moeda metlica: emitidas pelo Banco Central (BACEN), visam facilitar as operaes de pequeno valor e/ou com unidades fracionrias;

    papel-moeda: tambm emitido pelo BACEN, representa a maior parte da quantidade de moeda em poder do pblico;

    moeda escritural ou bancria: so os depsitos vista (em conta corrente) nos bancos comerciais.

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    Anlise Macroeconmica

    Unidade 4

    Seo 2 - Breve histria da moeda

    Voc conhece a histria da moeda? Em princpio, qualquer mercadoria pode ser utilizada como moeda. Historicamente, as primeiras formas de moeda foram: sal, trigo, gado. Com eram ine cientes surgiu a moeda metlica (durabilidade). Com o objetivo de evitar falsi caes surgiu a moeda metlica cunhada. Os ltimos sculos assistiram a duas importantes inovaes: papel-moeda e a moeda escritural:

    o papel moeda surgiu aos poucos como simples certi cado de depsito nos bancos comerciais; em seguida, como certi cado transfervel de depsito (moeda-papel), e nalmente como certi cado inconversvel (papel-moeda). A moeda vale, portanto, pela sua capacidade de adquirir outras mercadorias (no tem valor pelo seu uso direto);

    a moeda escritural surgiu com o desenvolvimento dos bancos comerciais. representada pelos depsitos bancrios vista, os quais possuem liquidez equivalente moeda legal.

    Quais so os meios de pagamento na economia moderna?Os meios de pagamento em uma economia moderna so:

    o papel moeda em poder do pblico (saldo do papel moeda emitido menos os encaixes em moeda corrente dos bancos);

    e os depsitos vista do pblico na rede bancria.

    Portanto, qualquer papel moeda emitido que no se encontra em posse do setor bancrio da economia (Banco Central e bancos comerciais) o que est ento em poder do pblico (governo federal, populao em geral e instituies nanceiras no bancrias).

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    Universidade do Sul de Santa Catarina

    Seo 3 - Oferta de moeda

    Nesta seo, voc agora estuda o conceito de meios de pagamento, as classi caes da moeda em funo da liquidez, assim como v um aprofundamento do conceito de liquidez. Voc tambm aprende como se determina a taxa de juros de equilbrio e como esta taxa pode variar, alm de estudar a funo do mercado mone