136
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ Michel Emmanuel Félix François A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO GÊNERO CONTRATO INGLÊS/PORTUGUÊS Fortaleza – Ceará 2005

A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

  • Upload
    lydat

  • View
    215

  • Download
    1

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Michel Emmanuel Félix François

A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO-

FINANCEIROS NO GÊNERO CONTRATO

INGLÊS/PORTUGUÊS

Fortaleza – Ceará

2005

Page 2: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

1

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

Michel Emmanuel Félix François

A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO-

FINANCEIROS NO GÊNERO CONTRATO

INGLÊS/PORTUGUÊS

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Acadêmico em Lingüística Aplicada da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de mestre.

Orientador: Antônio Luciano Ponte

Fortaleza – Ceará

2005

Page 3: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

2

UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CURSO DE MESTRADO ACADÊMICO EM LINGÜÍSTICA APLICADA

Título do Trabalho: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO-

FINANCEIROS NO GÊNERO CONTRATO

INGLÊS/PORTUGUÊS

Autor: Michel Emmanuel Félix François

Defesa em: 15/09/2005 Conceito Obtido: Satisfatório

Nota obtida: 8,5

Banca Examinadora

Antônio Luciano Pontes, Profº. Dr.

Orientador

_______________________________________ Bernadete Biasi Rodrigues, Profª. Drª.

2ª Examinadora

_______________________________________ Antonia Dilamar Araújo, Profª. Drª.

1ªExaminadora

Page 4: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

3

DEDICATÓRIA

À minha mãe, por me ensinar a buscar o

caminho do sucesso.

Page 5: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

4

AGRADECIMENTOS

Ao professor Antônio Luciano

Pontes, pela dedicação, carinho e paciência na

orientação deste trabalho.

Aos bolsistas do Curso de

Mestrado Acadêmico, pelo apoio nos momentos

mais difíceis.

À Maria do Carmo, pelo

carinho e atenção dispensados.

A todo o corpo docente do

Curso de Mestrado Acadêmico, pela qualidade

do ensino.

À FUNCAP, pelo auxílio financeiro

imprescindível para realização deste trabalho.

Page 6: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

5

RESUMO

Este trabalho tem o propósito de identificar e descrever as unidades fraseológicas típicas dos contratos comerciais. As unidades fraseológicas representam uma cadeia de caracteres especializados, constituída por elementos variáveis e invariáveis de um domínio de conhecimento, obedecendo a critérios de freqüência e fixação. Adotamos a proposta de Gouadec (1994), que estabelece as diferenças entre as unidades fraseológicas com pivô terminológico e sem pivô terminológico. Verificamos a distribuição e o comportamento das unidades fraseológicas em 50 contratos coletados em diversas empresas brasileiras, tomando por base os estudos de Bhatia (1993), sobre a categorização dos gêneros no âmbito do direito. Percebemos que a fraseologia, no gênero contrato, constitui uma tipologia própria que varia de acordo com as funções estruturais do contrato. Neste trabalho são oferecidas sugestões para realização de futuras pesquisas na área da Terminologia.

Page 7: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

6

ABSTRACT

The purpose of this dissertation is to identify and describe the phraseology in commercial contracts. The phraseology units represent a chain of specialized characters, formed by variable and invariable elements within a field of knowledge, according to their properties of frequency and fixation. This study is based upon the approach of Gouadec (1994), which establishes the differences between the phraseology units conditional to their inclusion in terminological matrix or not. The distribution and behavior of the phraseology units, in commercial contracts collected in Brazilian companies, are taken into account, based upon the studies of Bhatia (1993), referring to the categorization of genres in legal settings. It is observed that phraseology in contract genre constitutes a proper categorization, which varies in accordance with the structural functions of the contract. This dissertation also suggests some further research to be carried out in the field of Terminology.

Page 8: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

7

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 08

2. REFERENCIAL TEÓRICO .................................................................................. 12

2.1 Introdução ........................................................................................................ 12

2.2 Em Busca de uma Abordagem Teórica da Terminologia .............................. 13

2.3 A Terminologia, ontem e hoje ......................................................................... 15

2.4 A Sócioterminologia ........................................................................................ 17

2.5 Uma Abordagem Sociocognitiva da Terminologia ......................................... 18

2.6 Teoria Comunicativa da Terminologia ............................................................ 21

2.7 Dos Termos à Fraseologia ............................................................................... 23

2.7.1 Termos ................................................................................................... 23

2.7.2 Fraseologia ............................................................................................ 26

2,8 A Fraseologia Especializada ............................................................................ 28

2.9 Uma Proposta de Pesquisa Fraseológica com base na lingüística de corpus .. 33

3. METODOLOGIA .................................................................................................. 47

3.1 Coleta de Dados ............................................................................................... 48

3.2 Tratamento das Unidades Fraseológicas ......................................................... 53

4. FRASEOLOGIAS NOS CONTRATOS COMERCIAIS ...................................... 58

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................ 125

ANEXOS ................................................................................................................... 128

Page 9: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

8

Page 10: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

9

1. INTRODUÇÃO

A terminologia usada nos contratos comerciais de parceria entre empresas é

altamente especializada. Os redatores, advogados, especialistas ou outros profissionais

com bom domínio da língua e de conteúdo, procedem com muita cautela para dirimir

qualquer ambigüidade ou discordâncias que, porventura, venha a surgir. De fato, o teor

de um contrato, após a sua celebração, com a aposição das assinaturas das partes

envolvidas, se torna irrevogável.

Portanto, a redação de um contrato exige o conhecimento das características

peculiares da língua. Nesse sentido, o contrato integra um fenômeno social que

envolve um produtor, normalmente proficiente redator e um receptor, que deve estar

apto a entender seu conteúdo.

Dentro dessa perspectiva comunicativa, nos deparamos com o problema da

produção de contratos em uma língua estrangeira. Fica evidente a necessidade de

conhecer não apenas as estruturas convencionais da língua de origem, mas também da

língua de destino. Krieger (2000) considera que um dos problemas para se efetuar uma

boa tradução técnica ou científica está, entre outros, na escolha entre as formas

semanticamente aparentadas, conhecidas como sinônimos. Para Krieger, o

desconhecimento de vocabulário especializado leva, quando se produz um texto, à

escolha inadequada entre lexemas de um mesmo campo lexical. Enfatiza que se o

tradutor e o redator de especialidade não tiverem um conhecimento profundo do

discurso da área, não poderão decidir a respeito do emprego correto das formas

lexicais do discurso.

Page 11: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

10

Swales (1990) fala da importância de uma abordagem baseada em gênero

para dar-se conta da dinamicidade de uma língua. Segundo ele, os resultados

provenientes da análise das opções estruturais, sintáticas e lexicais contidas nos textos,

não são mais vistos em termos da adequação estilística propriamente dita, mas em

termos das contribuições que possam ou não trazer para eficácia comunicativa.

Nossa pesquisa visa estudar as fraseologias do gênero específico dos

contratos comerciais. Logra-se, então, no âmbito da Língua de Especialidade, com

uma terminologia e fraseologia próprias. Tomamos como base os pressupostos de

Gouadec (1994), que define as unidades fraseológicas como cadeias de caracteres

estereotipadas e freqüentes, em determinado discurso, constituídas de elementos

invariáveis e variáveis. Gouadec divide as unidades fraseológicas em dois grandes

grupos: unidades fraseológicas com pivô terminológico e unidades fraseológicas sem

pivô terminológico.

Na nossa pesquisa, procuramos descrever a distribuição das unidades

fraseológicas em contratos comerciais, segundo a categorização proposta por Gouadec.

A distribuição das unidades fraseológicas é observada na divisão estrutural do gênero

de acordo com as funções comunicativas almejadas. Para este fim, levamos em conta

os estudos desenvolvidos por Bhatia (1993), na análise de gêneros não literários,

principalmente os produzidos no discurso legal, que acrescenta contribuições

significativas à proposta de Swales (1990) de análise de gênero.

O objetivo de nossa pesquisa é descrever a fraseologia no gênero contrato

comercial, em textos produzidos em línguas portuguesa e inglesa. Exploramos esse

tipo de texto quanto à identificação das Unidades Fraseológicas e sua distribuição na

estrutura do contrato.

Um dos fatores que dá origem a esta pesquisa é a necessidade de

entendermos a fraseologia no gênero contrato. Portanto, procuramos saber:

Page 12: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

11

• Os contratos que compõem o corpus de pesquisa apresentam características

estruturais semelhantes?

• As unidades fraseológicas encontradas nos contratos são formas rígidas e

obedecem a uma tipologia específica?

• A estrutura e a freqüência das unidades fraseológicas variam de acordo com

o movimento?

O que motivou a realização da presente pesquisa é a experiência como

professor e tradutor. Muitas vezes, deparamos com textos técnicos que contém

expressões da língua de origem, que não podem ser traduzidas palavra a palavra para a

língua alvo. A esse respeito, os dicionários especializados tornam-se insuficientes, por

não contemplar tais expressões. Conseqüentemente, a busca de equivalentes efetua-se

em várias fontes, as quais, muitas vezes se revelam insatisfatórias. É preciso haver

uma melhor adequação do instrumental terminológico do tradutor face à demanda,

cada vez maior, por material produzido em línguas estrangeiras.

A economia globalizada do mundo atual impõe às sociedades modernas um

novo comportamento social. Os limites geográficos se desfazem no mesmo ritmo das

transformações sociais. O Brasil se avulta no cenário geopolítico, como centro de

significativas decisões financeiras. As relações comerciais com países amigos se

multiplicam geometricamente. No entanto, relações comerciais precisam ser

normalizadas, respeitadas e cumpridas. É dentro desta perspectiva que se situa o

contrato, como um importante instrumento que oferece a garantia da viabilidade de

acordos entre parceiros. Precisa, portanto, ser melhor entendido como um gênero, com

uma estrutura e características próprias.

Essa necessidade despertou o interesse pela fraseologia, considerada um

tema novo, principalmente no enquadramento do gênero contrato. Com esse propósito,

estruturamos a seguinte dissertação, nos moldes que descrevemos abaixo.

Page 13: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

12

No capítulo 1, discutimos o modo como a terminologia está inserida na

evolução tecnológica do mundo moderno. Vemos as principais causas, de ordem

sócio-econômicas, que legitimam a invasão das terminologias.

No capítulo 2, fazemos algumas incursões na abordagem teórica da

Terminologia, considerando as principais escolas e suas respectivas teorias.

Consideramos a questão do gênero textual.

O capítulo 3 aborda a metodologia adotada nesse trabalho. Apresenta a

composição, coleta e armazenamento do corpus e o instrumento de análise dos dados.

Explicamos o procedimento para análise dos dados e o instrumental usado, que é a

Lingüística de Corpus. Apresentamos a estrutura retórica do gênero contrato.

No capítulo 4 fizemos uma descrição detalhada da análise dos dados. Nas

Considerações Finais, apresentamos a conclusão e discutimos umas implicações

práticas e pedagógicas do presente estudo, além das sugestões de continuidade.

Page 14: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

13

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Introdução

O século XX foi palco de grandes transformações e desenvolvimentos. O

rápido progresso tecnológico levou à explosão de novos conceitos. Houve durante esse

período uma invasão progressiva das Terminologias. Dubuc (1978:13), assegura ser

um truísmo afirmar que nossa época é testemunha do mais fantástico desenvolvimento,

a multiplicação das técnicas, o ritmo acelerado das invenções e das descobertas, que

têm suscitado uma vasta necessidade de termos para nomear essas realidades novas.

Da mesma forma, a internacionalização do comércio rompeu as barreiras

geográficas, porém paradoxalmente ergueu a padronização de produtos e serviços. Tal

fato se evidenciou através da necessidade de estabelecer princípios claros para nomear

e descrever estes novos conceitos.

Rondeau (1984) apresenta as principais causas, de ordem sócio-

econômicas, que justificam a invasão das Terminologias. Entre outras já acima citadas,

a importância da informação e da documentação e a intervenção do governo em

matéria lingüística, demonstram a devida significância do trabalho terminológico. A

Terminologia, segundo Pearson (1998:10), pode ser usada para descrever métodos de

coletar, disseminar e padronizar termos. Como teoria, Pearson apresenta a citação de

Sager (1990:3) que se refere à Terminologia como o conjunto de premissas,

argumentos e conclusões necessárias para explicar as relações entre conceitos e termos

que são fundamentais para o desempenho coerente da atividade terminológica. Pearson

Page 15: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

14

conclui que a Terminologia pode ser também usada para descrever o vocabulário de

um campo específico, a coleta de palavras associadas a uma determinada disciplina.

Albert (1996) acrescentou que a Terminologia constitui a base de:

a) o ordenamento do conhecimento (ou seja, a classificação conceptual de

cada disciplina científica ou ramo de atividade humana);

b) a formulação e disseminação de informações especializadas (redação e

publicação científicas);

c) a transferência de conhecimentos e de know-how tecnológico;

d) a transferência de textos científicos para outros idiomas (pela tradução e

pela interpretação);

e) a armazenagem e recuperação de informação especializada (por meio de

linguagens de busca, tesouro, índices, classificações, inclusive banco de

dados eletrônicos).

Contudo, a Terminologia, devido a seu caráter multidisciplinar e as

inúmeras aplicações que oferece, constitui um campo de estudo fértil e ilimitado. A

importância da Terminologia se justifica em função da própria dinamicidade da língua

como principal veículo de desenvolvimento social.

2.2 Em Busca de uma Abordagem Teórica da Terminologia

A questão inicial da teoria da Terminologia é tentar explicar o

comportamento dos termos, que, na essência, difere do comportamento das palavras,

quanto ao uso na linguagem especializada. A segunda questão é verificar como se dá o

neologismo que se define pela prática da denominação de novos conceitos. O terceiro

ponto diz respeito ao próprio fundamento teórico da Terminologia que consiste numa

metodologia que visa auxiliar a tarefa prática de compilar glossários especializados.

Considerando-se os aspectos acima mencionados, é evidente que a Terminologia, antes

Page 16: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

15

de tudo, contribui para uma comunicação mais eficiente entre diversos setores,

assegurando a propagação do conhecimento, visando o desenvolvimento sócio-

econômico.

Nesta conjetura, a Terminologia clássica, fundada nos postulados

racionalistas preconizados pela Escola de Viena, teve um papel fundamental na sua

configuração como disciplina lingüística dissociada. Para Wüster (1974), principal

representante dessa escola, a Terminologia, cujo principal objeto de estudo é a língua

de especialidade, é uma disciplina autônoma, de caráter interdisciplinar, a serviço dos

domínios técnico-científicos.

Segundo Wüster (1998), a metodologia terminológica é de caráter

onomasiológico, pois parte do conceito para buscar uma denominação para o

representar. Conceitos e determinações devem ser considerados independentes. Wüster

define conceito como um conjunto de características comuns a objetos individuais que

podem ser usadas para representação mental ou para comunicação.

Nesse caso, o estudo da Terminologia se limita ao léxico. Os terminólogos

estão interessados apenas na dominação dos conceitos, isto é, o vocabulário. Não se

leva em conta nem a morfologia flexional, nem a síntese, cujas regras se desprendem

da língua geral. De fato, Wüster diferencia termos de palavras. Termos formam uma

classe independente da linguagem de especialidade que opera nos mesmos moldes dos

nomes próprios na linguagem geral. O termo se define como um signo formado de

uma denominação e um conceito. Caracteriza-se, pois, pelo fato de, para uma dada

noção, existir uma denominação única, dentro de um domínio. Em outras palavras, é o

princípio da univocidade e da monorreferencialidade entre denominação e conceito.

Diante disso, Wuster (1998, p.21) afirma que a Terminologia considera que os âmbitos

dos conceitos e das denominações (igual aos termos) são independentes. Por essa

razão, os terminólogos falam de conceitos, enquanto os lingüistas falam de palavras,

referindo-se à língua geral.

Page 17: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

16

Por fim, a teoria Wüsteriana responde à necessidade de padronizar a

Terminologia usada por especialistas dentro de um domínio específico. No entanto, ela

se torna reducionista por não levar em conta a dimensão pragmática da linguagem. É

normativista no sentido que a preocupação maior de Wüster ser a unificação e

normalização das Terminologias, para se iluminarem as ambigüidades das

comunicações científicas. É prescritiva, já que não observa a língua em uso, mas antes

determina como os termos devem ser usados.

2.2.1 A Terminologia, ontem e hoje

Rondeau (1984) salienta que a Terminologia não é um fenômeno recente.

Com efeito, tão longe quanto se remonte na história do homem, desde que se manifesta

a linguagem, nos encontramos em presença de línguas de especialidade, é assim que se

encontra a Terminologia dos filósofos gregos, a língua de negócios dos comerciantes

cretas, os vocábulos da arte militar etc. A voz de Rondeau soma-se ao pensamento de

Gutiérrez Rodilla (1998), segundo o qual:

A linguagem atual da ciência é o resultado de 2500 anos de pensamento científico, desde o século V a.C. até a atualidade, isto é, nele aparecem termos gregos e latinos que datam de séculos junto a outros que estão se formando neste momento. Se em alguns ramos da ciência há uma história tão longa, cujas criações muito antigas convivem com outras completamente modernas, em outros, a existência de uma breve história não permite nada além de uma Terminologia muito recente. Temos de situar a precedência dos tecnicismos, em primeiro lugar nas línguas clássicas, árabes e, sobretudo, grega e latina, grupo do qual ainda hoje procede a maior parte deles.

Krieger e Finatto (2004) traçam com clareza o caminho percorrido pela

Terminologia a partir do reconhecimento formal da existência de vocabulários

específicos de determinadas áreas de conhecimento especializado no século XVII

quando alguns dicionários clássicos da cultura européia incluíram a Terminologia

Page 18: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

17

como uma entrada, definindo-a como matéria que se ocupa de denominações de

conceitos próprios das ciências e das artes.

Depois, veio o trabalho dos enciclopedistas no século XVIII que

proporcionaram a discussão das propriedades e problemas acerca das línguas de

especialidade. Foi quando surgiram as nomenclaturas técnico-científicas de expressão

latina e grega usadas nas ciências taxionômicas como a Botânica, a Zoologia, a

Química, entre outras. Os esforços dos cientistas se convergiram no sentido de evitar

uma certa ambigüidade dos termos, para assegurar um tratamento internacional

uniforme dos mesmos. Foram estabelecidos padrões terminológicos em diferentes

ambientes de especialidade, com a preocupação de estabelecer regras de formação dos

termos, dentre dos parâmetros da linguagem.

Esse processo de denominação ganhou mais impulsão no século XIX, com

o princípio de normatização da Terminologia elétrica, na ocasião do Congresso

Internacional de Eletricidade realizado em Paris, em 1881. No século XX foi a vez da

Astronomia, normatizada durante o primeiro Congresso da União Astronômica

Internacional, realizado em Roma, em 1922. O século XX foi palco do maior

desenvolvimento e consolidação da Terminologia, no sentido do duplo aspecto de

instrumental lingüístico especializado em diversos campos científicos, sociais e

políticos e de conhecimento.

Nos dias atuais, a Terminologia não é mais, como via de regra, algo apenas

ao alcance dos especialistas que precisam exercer o domínio do vocabulário específico

de seus campos de atuação. Redatores, tradutores, profissionais de todas as áreas de

especialidade, estudantes universitários, entre outros, precisam instrumentar-se da

Terminologia para entender e redigir textos, esses o principal meio de divulgação em

grande escala da ciência e da tecnologia. Cabré (2000) acrescenta que a Terminologia

está presente em todas as áreas especializadas para representar suas unidades de

conhecimento. Sem a Terminologia não existiria nem ciência nem a aplicação ou

descrição das atividades especializadas.

Page 19: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

18

2.2.2 A Socioterminologia

A socioterminologia se contrapõe ao caráter monossêmico e

monorreferencialista da teoria clássica. Ela se posiciona contra o mito do discurso puro

e a crença dos domínios estanques. Leva em conta as variedades de uso da língua e

situações comunicativas reais.

Atualmente, a Terminologia segue um curso diferente. Ela tem como

principal elemento referencial corpora formados por textos orais e escritos, considera

os diferentes graus de especialização dos discursos científicos e reconhece a sinonímia

através das interferências constantes entre a língua geral e a língua de especialidade.

A esse respeito, Boulanger (1995,316) afirma que os diferentes sistemas de

signos especializados se entrecruzam, emprestando-se um a outro quando não se

fundem. Constata-se ainda que, com a interdisciplinaridade, os termos se movem de

um domínio para outro. Assim, a Sócioterminologia rejeita a noção do domínio puro,

além de admitir a alta transitoriedade dos termos e a questão da sinonímia relacionada

a tipos diferentes de variação. Auger (2000) elenca os seguintes tipos de variação:

variantes regioletal (espaço), cronoletal (tempo), socioletal (situação de comunicação),

idioletal (individual).

A principal vantagem da teoria socioterminológica é de tencionar fazer

produtos terminológicos enriquecidos, em sua estrutura, por paradigmas cujas

informações são de natureza sociocultural, histórica, geográfica e discursiva, de suma

importância para o público visado.

Page 20: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

19

2.2.3 Uma Abordagem Sociocognitiva da Terminologia

Com a influência da escola de Viena, a abordagem da Terminologia

restringiu-se a um conjunto de princípios de normatização. Temmerman (1998), no

estudo da Terminologia das ciências da vida (microbiologia, engenharia genética,

biologia molecular, bioquímica etc.) com base num corpus de textos em inglês,

identificou as limitações da teoria Wusteriana, cujos princípios não dão conta da

terminografia realista das ciências em questão.

A teoria tradicional visa atribuir a cada noção um enquadramento específico

na estrutura conceitual lógica, onde a noção em si é superordenada, ou numa estrutura

conceitual ontológica, onde a noção considerada é parte integrante da noção

superordenada. Esta estruturação hierárquica leva à definição intencional, com uma

noção superordenada indicada e seguida por características diferenciadas, completada

por uma definição extensional, com a numeração das noções subordenadas.

Conseqüentemente, a cada noção é atribuído um termo único ideal e permanente. A

escola vienense se limita a estudar os termos de modo sincrônico, considerando apenas

a relação arbitrária entre noção e termo.

Temmerman (1998) estabelece algumas comparações entre os princípios da

escola de Viena e os do sociocognitivismo, a saber: para os sociocognitivistas, a

Terminologia parte das unidades de compreensão caracterizadas na maioria dos casos

por uma estrutura prototipada, enquanto que o ponto de partida da teoria tradicional é a

noção claramente definida. Na teoria Sociocognitiva, a abordagem conceitual é

substituída por uma abordagem da compreensão. A unidade de compreensão designa

as categorias de estrutura prototipada e as noções são claramente delimitáveis. O termo

é considerado no seu ambiente textual como ponte de partida para sua categorização.

A categorização é baseada numa semelhança de caráter holístico gestalt,

implicando umas características perceptuais, interacionais ou funcionais. As categorias

prototipadas têm uma estruturada de família (family resemblance); sua estrutura

Page 21: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

20

semântica pode ser descrita na forma de conjunto de significações que tendem a se

completar. Os membros de uma mesma categoria têm certas características em

comum. É possível que membros periféricos de uma categoria não tenham nenhuma

das características do protótipo.

Cada membro de uma categoria prototipada leva um grau específico de

identificação. Uma categoria é estruturada em torno de um membro central, é o

exemplo mais típico da categoria entre os outros membros periféricos. Todavia, as

categorias prototipadas não apresentam limites claros. Não há como estipular de forma

precisa os limites de uma categoria e os elementos pertencentes à mesma. Portanto, há

um princípio de equivalência.

Na teoria Sociocognitiva, a compreensão é um evento estruturado. Uma

unidade de compreensão é estudada de modo intracategorial, extracategorial e

funciona dentre dos modelos cognitivos. Porém, para a teoria tradicional, é possível

enquadrar cada noção numa estrutura conceitual lógica ou ontológica.

Lakoff (1987:282-304) distingue os modelos cognitivos que usam o

imaginário, isto é, os modelos cognitivos metafóricos idealizados, dos que não usam o

imaginário, tais como os esquemas de imagem (recipiente, a parte e o todo, centro-

periférico, cima-baixo, frente-trás etc.) e os modelos cognitivos proposicionais

idealizados (proposições simples, cenários, taxonomias e categorias radiais).

No Sociocognitivismo, a definição varia de acordo com o tipo de unidade

de compreensão e o nível de especialização do emissor e do receptor da mensagem.

Para Wüster, cada noção pode ser definida numa definição intencional (noção

superordenada mais as caraterísticas diferenciadas) e/ou extensional.

Distinguem-se dois tipos de unidade de compreensão: as noções e as

categorias. Uma noção pode ser definida de acordo com os princípios da Terminologia

tradicional, uma vez que se insere numa estrutura genérica (b é um tipo de a) ou

partitiva (b pertence a a). Em algumas situações de comunicação, é possível abstrair-se

da informação enciclopédica, com a definição da unidade de compreensão. Neste caso,

Page 22: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

21

a descrição pode limitar-se a indicar a posição genérica ou partitiva da unidade de

compreensão numa árvore conceitual fazendo-se referência a uma unidade de

compreensão superordenada e mencionando-se as características necessárias e

essenciais para delimitar as outras unidades na mesma estrutura.

Para os sociocognitivistas, as unidades de compreensão estão em evolução

permanente. Segundo os casos, os períodos cronológicos serão mais ou menos

essenciais para a compreensão da unidade. Os modelos cognitivos (Lakoff, 1987)

desempenham um papel importante no desenvolvimento de novas idéias, o que implica

que os termos são motivados. Por outro lado, na teoria de Viena, as noções e os termos

são estudados de modo sincrônico. A relação entre noção e termo é arbitrária. A esse

respeito Temmerman (1998) enfatiza que:

Para compreender a categorização e a denominação, uma análise histórica das unidades de compreensão é indispensável. Pode-se constatar que na linguagem das ciências da vida, a escolha da denominação é um processo, isto é, ela se caracteriza pelas propriedades temporais. A evolução das categorias está relacionada com a estrutura prototipada das categorias.

Quanto às categorias, elas são unidades de compreensão impossíveis de

descrever segundo os princípios da Terminologia tradicional. São caracterizadas por

uma estrutura prototipada intracategorial, bem como intercategorial. Temmerman

(1998 e 2000) acredita que:

As unidades de compreensão são entendidas de modo enciclopédico, bem como de modo genérico e/ou partitivo. Para as categorias, outros princípios de estruturação cognitiva devem ser considerados, em vez da estruturação lógica e ontológica. Por exemplo, a gênese da compreensão, as facetas da compreensão, as perspectivas da compreensão e a intenção do emissor da mensagem.

2.2.4 Teoria Comunicativa da Terminologia

A proposta de base lingüístico-comunicativa apresentada por Cabré (1999),

denominada de Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT), parte das reflexões mais

Page 23: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

22

recentes da autora no campo da Terminologia. Nasce de uma visão crítica da Teoria

Wusteriana. Segundo Cabré (1999:74), a Teoria Geral da Terminologia resulta

insuficiente para dar conta da complexidade que atualmente tem a Terminologia Geral.

O modelo teórico proposto por Cabré abrange globalmente a comunicação

especializada, contemplando três grandes competências: cognitiva, lingüística e sócio-

funcional. Em síntese, a proposta pretende dar conta dos termos como unidades

singulares, às vezes similares a outras unidades de comunicação, inseridas num

esquema global de representação da realidade, admitindo a variação conceitual

(cognitiva, representativa e denominativa) e tendo como destaque maior a dimensão

textual e discursiva dos termos.

Na teoria comunicativa de Cabré, um conceito pode pertencer à estrutura

conceitual de diferentes disciplinas. Diferentemente da teoria clássica que preconizava

disciplinas estanques, ela parte do princípio de que um conceito nem sempre é próprio

de uma área, pelo contrário, ele assume uma postura de transitoriedade que lhe permite

circular entre diversas áreas, mudando ou não de especialização. O termo vírus migrou

da medicina para a informática, representando um conceito próprio desta área. Da

mesma forma a transitoriedade do conceito se dá nas duas direções entre a língua

comum e a língua de especialidade. Por exemplo, o termo delete em informática

passou para língua comum e a palavra mouse percorreu o caminho contrário, isto é,

migrou da língua comum para língua da informática.

O objeto de estudo da Teoria Comunicativa são as unidades de significação

especializada. A presente pesquisa se baseia nesta teoria, pois pretende analisar o

processo de construção do sentido em textos especializados, levando-se em conta a

formação das fraseologias e a dinamicidade funcional dos seus termos constituintes. A

Teoria Comunicativa deixa claro que o caráter do termo se ativa em função de seu uso

em contexto e situação adequada.

O objetivo da Terminologia teórica é de descrever formal, semântica e

funcionalmente as unidades que podem adquirir valor terminológico, descrever sua

ativação e explicar suas relações com outros tipos de signos do mesmo ou distinto

Page 24: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

23

sistema, para fazer progredir o conhecimento sobre a comunicação especializada e as

unidades que dela constam. Segundo a Teoria Geral da Comunicação, o objetivo maior

da Terminologia aplicada é de recopilar as unidades de valor terminológico em um

tema e situação determinados e estabelecer suas características de acordo com esta

situação. Há uma certa semelhança entre a Teoria Geral da Terminologia e a Teoria

Comunicativa no que diz respeito ao objeto de estudo das duas teorias, visto em termo

de premissa do trabalho do especialista, sem deixar de levar em conta as diferenças

anteriormente expostas. Em razão disso se pronunciam Krieger e Finatto (2004:34):

Mas, independente de críticas, a TGT tornou-se referência internacional, sendo unanimemente reconhecida sua contribuição à consolidação da Terminologia. Levando-a a alcançar o estatuto de um campo de conhecimento com identidade própria no universo das ciências do léxico. Vale dizer que a Terminologia alinha-se à Lexicologia, e à Semântica, mas com o objeto próprio que lhe coube privilegiar em primeiro plano: o termo técnico-científico.

2.3 Dos Termos à Fraseologia

2.3.1 Termos

São várias as diferenças entre termos e palavras, mas há também muitas

semelhanças, pois ambas são utilizadas em língua natural. No nível semântico, termos

são apenas definidos para domínios de conhecimentos distintos. No nível sintático,

termos obedecem a padrões de formações próprias. Para Pearson (1998), as diferenças

entre termos e palavras são dificilmente percebíveis, pois ambos são utilizados em

língua natural. Pearson sugere que o contexto da comunicação seja decisivo para

identificar quando palavras são usadas apenas como palavras ou quando assumem

estado de termos. E propõe as seguintes situações:

Page 25: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

24

• Comunicação Especialistas com Especialistas

Usa-se, neste contexto, uma linguagem altamente especializada. Emissor e

receptor usam a mesma linguagem especializada, diferente da língua comum, com

significações definidas antes do ato da comunicação e padronizadas. Talvez seja esse o

contexto de comunicação de maior densidade terminológica.

• Especialista com Iniciantes

Especialistas se comunicam com iniciantes que não possuem o mesmo nível

de especialização. Neste contexto, especialistas podem usar a mesma Terminologia

usada quando se comunicam entre si, porém sentem a necessidade de dar explicações

adicionais para evitar ambigüidades ou mal entendimentos. É o contexto de segunda

maior densidade terminológica. É nesse contexto de comunicação que o contrato, o

objeto da nossa pesquisa, se situa.

• Especialista com Leigos

Textos escritos para leigos têm baixa densidade terminológica. Autores

preferem usar a língua geral para descrever conceitos. Quando usam termos, o fazem

dando explicações adicionais ou presumem que o termo é do conhecimento do leitor.

• Comunicação Professor-Aluno

Usam-se os termos apropriados com explicações e definições que

pertencem à língua comum ou á linguagem técnica simplificada.

Page 26: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

25

Contudo, a tarefa de diferenciar palavras e termos não é conclusiva em si.

Por um lado, a Terminologia clássica não deu conta das diferentes facetas que

depreendem da caracterização dos termos. Por outro lado, as definições pragmáticas de

Hoffmann e Trimble, que optam por categorizações, segundo Pearson (1998), deixam

algumas nuvens de dúvida. O conceito de sublínguas de Sager (1993) que estabelece a

diferença entre termos que têm uma referência especial dentro de uma determinada

disciplina, e palavras que funcionam como referência geral numa variedade de

domínios, não é conclusiva quanto à maneira de identificar os termos. Os ambientes de

comunicação descritos por Pearson (1998) pretendem auxiliar na identificação das

palavras e termos. No entanto, a tarefa não é tão fácil quanto se parece. São vários os

critérios de seleção usados, entre outros: a identificação de padrões de formação de

termos, o levantamento dos possíveis termos e o refinamento do processo de

identificação dos termos, que permitem obter resultados satisfatórios.

Nestas abordagens, de bases pragmáticas, as unidades consideradas para a

análise vão além do termo, incluindo fraseologias, enunciados funcionando no texto

especializado. Por isso, cabe aqui estudar a fraseologia, que é o foco de nossas

discussões.

2.3.2 Fraseologia

A formação, o funcionamento e o desenvolvimento da linguagem são

determinados não apenas pelas regras livres do sistema, mas também por estruturas

pré-fabricadas que usam os falantes da língua. O discurso origina-se da própria

produção verbal do falante em resposta à situação contextual em que se encontra.

Segundo Cabré, todo conhecimento pressupõe uma organização de conteúdos

agrupados conceitualmente que refletem uma situação cultural, familiar,

organizacional, etc. Acredita-se que o discurso não tem caráter inovador, ele recria o

Page 27: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

26

conhecimento em forma de “blocos” semiprontos, porém bastante espontâneos,

desvinculando-se das rédeas inibidoras da gramática.

Considera-se, então, o caso do aprendiz de uma língua estrangeira. O aluno

iniciante apresenta dificuldades para formar frases coerentes que soam com

naturalidade. Sua competência lingüística se resume à transferência de vocabulário,

palavra por palavra, da língua mãe para língua alvo. Contudo, este processo depende,

em grande parte, da capacidade mental de cada falante. Uma estratégia adotada pelo

aprendiz é manter a mesma estrutura frasal num eixo linear, ao longo do qual

substituições podem ser efetuadas.

Por outro lado, conforme o aprendiz for evoluindo na aquisição da língua,

ele começa a usar construções mais complexas que lhe asseguram economia e rapidez

no processamento da linguagem. Paralelamente, o estudo computadorizado extenso

revelou o papel central das combinações de palavras na produção lingüística.

Fillmore (1979) aborda esse conhecimento lingüístico sob o ângulo do

falante e domina “falante ingênuo” aquele que não o possui, ou seja, que conhece os

morfemas da língua, seu significado e suas possibilidades de combinação, conhece as

regras gramaticais. Todavia, conforme ilustrado acima, é uma produção composicional

que desconhece a espontaneidade e a convencionalidade da língua. Pastor (1996)

corrobora o posicionamento de Fillmore preceituando que é esse o aspecto mais

estável de uma língua abrangendo desde seqüências memorizadas até as combinações

de palavras mais ou menos fixas, passando por estruturas de frases lexicalizadas e

padrões léxicos combinatórios.

No plano teórico, o estatuto da fraseologia permanece incerto, tanto na

Lexicografia quanto na Terminologia. Mesmo considerando-se a Lexicografia

moderna, no qual é necessário distinguir as unidades de significação superiores à

palavra e determinar, para a descrição da língua, a função dessas unidades funcionais,

a noção de fraseologia permanece ambígua. Os lexicógrafos propõem uma distinção

terminológica entre a palavra, definida em termo de unidade gráfica e a unidade

Page 28: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

27

funcional significativa de discurso, o que seria uma cadeia de morfemas maiores que

esta palavra, imprevisíveis segundo as regras da gramática, porém constam no léxico.

Para designar esta unidade funcional, os lexicógrafos recorreram às mais diversas

denominações. Fala-se de sinapse (Beneviste), de lexema, de sistema (Martinet), de

unidade sintagmática (Dubois) e de frasema, que é cada vez mais usada. Todas estas

denominações tratam da mesma realidade, a saber, grupos de palavras sintaticamente

ligadas, tendo apenas um significado em um determinado contexto. Neste trabalho,

adota-se a Terminologia usada por Cabré que é ”Unidade Fraseológica”.

São utilizados vários critérios para determinar as Unidades Fraseológicas do

discurso superiores à palavra gráfica. Entre esses estão o grau de coesão entre os

diferentes elementos da expressão, a natureza da relação sintática entre as partes, a

ordem das palavras e a possibilidade de expansão.

Bally (1951:70) já tratava de certas combinações de palavras chamadas de

séries fraseológicas ou agrupamentos usuais, nos quais os elementos constitutivos

conservam sua autonomia, todavia evidenciam uma afinidade que os aproxima. Para

Fiala (1987:32), a fraseologia é constituída por combinações recorrentes, mais ou

menos estáveis, de formas léxicas e gramaticais; as Unidades Fraseológicas aparecem

como unidades fixas, isto é, conjuntos mais ou menos extensos de formas construídos

em contextos especificados, no entanto suscetíveis de certas variações.

2.4 A Fraseologia Especializada

No sub-capítulo anterior, apresentamos a fraseologia como uma estrutura

representativa de um módulo conceitual das diferentes áreas temáticas, que inclui um

termo em sua composição. Nesta seção, abordaremos a questão da Fraseologia

Especializada voltada para o estudo dos elementos constitutivos das comunicações

Page 29: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

28

profissionais, os quais são estruturas representativas que concorrem com determinados

termos numa forma de expressão própria de uma área de especialidade.

Se já é difícil manusear produtos terminográficos que requerem o

conhecimento de termos técnicos, mais árdua ainda se torna a tradução das

fraseologias especializadas.

Segundo Bevilacqua (1999), duas macro tendências podem ser identificadas

nas conceituações das fraseologias especializadas. A primeira tendência define as

Unidades Fraseológicas como combinações pluriverbais fixas ou semifixas formadas

basicamente por duas unidades léxicas. É uma fraseologia que se assemelha aos

sintagmas terminológicos a exemplo de assinatura de acordo. A segunda tendência

define as Unidades Fraseológicas como fórmulas ou frases feitas, próprias de

determinados âmbitos especializados. São fraseologias mais abundantes no discurso

jurídico a exemplo de para os efeitos da lei.

São várias as discussões em relação à primeira tendência, no que diz

respeito às preocupações com o comportamento das estruturas equivalentes no campo

da comunicação especializada. Fica, assim, necessário estabelecer os limites entre as

fraseologias especializadas e os sintagmas terminológicos.

Para a segunda tendência, a fraseologia é tida como fórmulas ou frases

prontas, típicas de determinados universos de discursos, ainda que também contenham

sintagmas. O foco de realização dessas fraseologias é a área de conhecimento, sem

portanto desconsiderar os aspectos morfossintáticos dos constituintes das estruturas.

A questão da fraseologia especializada é abordada por vários estudiosos do

tema. Iremos considerar, em primeiro lugar, a contribuição de Blais, representante da

primeira escola.

Blais (1993:52) traz o conceito de fraseologismo, estruturas que integram as

características de pluriverbalidade, isto é, a presença de um ou mais termos, em que

um é o núcleo e as relações sintáticas e semânticas entre os componentes limitam a

Page 30: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

29

substituição livre dos elementos que compõem o fraseologismo. Para ele o

fraseologismo é uma combinação de elementos lingüísticos, incluindo mais de um

conceito, caracterizados pela apresentação de diversas configurações, que se situam

entre o termo e a frase.

Para Desmet (2002:169), as combinações ou Unidades Fraseológicas

podem ser identificadas numa perspectiva de coocorrência dos elementos que as

constituem, enquanto os termos constituem apenas ocorrências. As combinações

apresentam graus de fixação, não sendo totalmente fixas, nem totalmente livres. Os

elementos que constituem as unidades podem pertencer a várias categorias gramaticais

a exemplo de verbos, substantivos, adjetivos e advérbios. Levando em conta esse

conceito de combinações de Desmet, as unidades podem incluir base nominal

(execução do contrato), verbal (executar o contrato) ou adjetival (contrato executado).

Tomando por base as proposições acima, que compõem a primeira

tendência apresentada por Bevilacqua, a fraseologia constitui um fenômeno de

colocação com um enfoque lexical para alguns, enquanto para outros a fraseologia

representa os sintagmas e as locuções no campo das relações estilísticas e

morfossintáticas.

A segunda tendência que concebe as Unidades Fraseológicas como

fórmulas ou frases feitas, equipara-se ao posicionamento de Gouadec (1994:173),

segundo quem, tanto as unidades terminológicas como as Unidades Fraseológicas, são

cadeias de caracteres especializados. No entanto, os termos designam objetos e

conceitos, enquanto as fraseologias são fórmulas que expressam um conteúdo próprio

de um âmbito.

Em termos gerais, Gouadec concebe a fraseologia das linguagens de

especialidade como um conjunto flexível de expressões ou de formulações. Ele

reconhece que há distintos graus de fixação dos elementos constituintes nas cadeias

fraseológicas. Gouadec identifica duas características que permitem o reconhecimento

das cadeias fraseológicas: a estereotipia e a variabilidade.

Page 31: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

30

Segundo Gouadec, a estereotipia origina-se das condições de utilização das

cadeias de caracteres, relacionadas a fatores referentes ao campo de aplicação, o tipo

de documento, o locutor, a condição de utilização ou de repetição. A variabilidade, por

sua vez, pressupõe que as fraseologias possuem um elemento base a que se adicionam

elementos que podem variar.

A proposta de Gouadec para o tratamento das Unidades Fraseológicas está

voltada para o trabalho do terminólogo, do tradutor, do redator e do revisor. O domínio

e, conseqüentemente, o uso correto dessas Unidades Fraseológicas, tem como

vantagem, entre outras, gerar ganhos de produtividade por conta do grau de fixação e

freqüência que permite uma constante reutilização. A esse respeito, a incidência de

erros tende a minimizar-se uma vez que tais unidades por serem identificadas,

permitem fazer intervenções especificadas em textos especializados viabilizando uma

forte harmonização, normalização ou adequação.

Para identificação das Unidades Fraseológicas, o autor leva em conta

critérios objetivos da área de especialidade onde ocorrem e da freqüência de

ocorrências de uma unidade. As Unidades Fraseológicas são definidas como cadeias

de caracteres especializadas constituídas por invariáveis e variáveis, sujeitos a

alterações das suas partes constituintes, segundo o tipo de domínio ou situação de uso.

Gouadec, basicamente, divide as Unidades Fraseológicas em duas

categorias, as com pivô terminológico e as sem pivô terminológico. As primeiras são

consideradas como o ambiente do termo, isto é, o contexto onde o termo se realiza,

sendo o termo, por sua vez, seu núcleo.

Podemos citar como exemplo de unidade constituída por um pivô “celebrar

o contrato”, Unidade Fraseológica do corpus de contratos do presente trabalho,

coletada a partir da Unidade Terminológica contrato, que é a parte fixa, portanto

denominada pivô e que admite a variável celebrar.

Page 32: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

31

A segunda categoria é constituída por Unidades Fraseológicas, cadeias de

caracteres sem pivô terminológico, definidas em função da estereotipia e da

freqüência.

Para identificação e tratamento das Unidades Fraseológicas, tomamos por

base a proposta de Gouadec. Desta forma, passaremos do limite da formalização

conceitual do termo como elemento integrante das Unidades Fraseológicas para

contemplar outras cadeias de caracteres que são elementos naturais constituintes dos

textos.

Na presente pesquisa, os textos que formam nosso corpus são compostos de

contratos em inglês e português. São textos que apresentam características comuns em

relação a sua estrutura, e a finalidade a qual se propõem. Portanto, pertencem ao

mesmo gênero textual.

2.5 A Pesquisa Fraseológica com base na Lingüística de Corpus

A pesquisa fraseológica dentro da perspectiva contrastiva põe em relevo

certos fenômenos quase imperceptíveis quando a descrição fraseológica se realiza

numa única língua. O interesse maior desta pesquisa é verificar como esses fenômenos

se dão na língua inglesa e na língua portuguesa nos contratos que formam o corpus de

pesquisa.

2.5.1 A Lingüística de Corpus

Enquanto a teoria Wusteriana preconizava o estudo da língua “in vitro”, a

teoria comunicativa de Cabré deixa clara a importância de se estudar a língua “em

Page 33: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

32

vivo”. Uma descrição da língua deve levar em conta o uso dessa língua pelos seus

falantes. A observação da linguagem tal qual ela é empregada por uma comunidade

específica constitui uma fonte de pesquisa fidelíssima. Para análise da linguagem em

uso, estudiosos e pesquisadores são cada vez mais compelidos a se instrumentarem

com ferramentas metodológicas, capazes de tornar a sua tarefa menos dispendiosa e

menos suscetível de erros.

A Lingüística de Corpus, em termos simples é definida como o estudo da

língua baseada em exemplos do uso da língua na “vida real”. Ela se ocupa da coleta e

exploração de corpora. Com o advento da tecnologia computacional, a Lingüística de

Corpus disseminou-se amplamente no meio acadêmico e em diversas outras áreas; o

processamento por meios manuais de grandes corpora era passível de críticas e

colocava em questão a credibilidade do trabalho.

2.5.2 Corpus

Sinclair (1991) define corpus como “uma coletânea de porções de

linguagem que são selecionadas e organizadas de acordo com critérios lingüísticos, a

fim de serem usadas como amostra da língua”. Para Berber Sardinha (2000) corpus se

define em termo de um conjunto de textos selecionados devido ao seu caráter

representativo de acordo com critérios de seleção que justificam o uso.

Sanches (1995, p. 8-9), por sua vez, define corpus como:

Um conjunto de dados lingüísticos (pertencentes ao uso oral ou escrito da língua, ou a ambos), sistematizados segundo determinados critérios, suficientemente extensos em amplitude e profundidade, de maneira que sejam representativos da totalidade do uso lingüístico ou de algum de seus âmbitos, dispostos de tal modo que possam ser processados por computador, com a finalidade de propiciar resultados vários e úteis para a descrição e análise.

Page 34: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

33

2.5.3 Tipologia

Pearson (1998) propõe a seguinte tipologia:

a) Corpora de referência geral e Corpora Monitores

Um corpus de referência geral consiste numa coletânea de material de

referência geral em áreas técnicas diversas e na linguagem geral, como um tudo. A

coletânea é efetuada em várias fontes de tal forma que a individualidade permaneça

obscura a menos que o pesquisador queira isolar um texto específico. Sua função

principal é fornecer uma informação extensiva sobre a língua. Objetiva representar

todas as variedades da língua e o vocabulário característico, a fim de ser usado como

referência fidedigna para a gramática, dicionários e outros fins.

No corpus monitor, a composição é permanentemente revisada para

registrar fatos acerca da natureza mutacional da língua.

b) Subcorpora, componentes de corpora, corpora especializados ou

corpora especiais

Segundo Sinclair, um subcorpus é parte de um corpus maior do qual herdou

as mesmas características e propriedades, mantendo as mesmas relações de

representatividade. Por outro lado, componentes de corpora se resumem à ilustração de

um tipo de linguagem específico que é selecionado de acordo com um conjunto de

critérios lingüísticos que servem para caracterizar sua hegemonia lingüística. Contrário

Page 35: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

34

ao subcorpus, os componentes não mantêm a função representativa que os proíbe de

serem considerados uma amostra adequada da língua.

O corpus especializado constitui-se de uma série de corpora menores com

propósitos distintos. São entre outros, corpora da linguagem infantil, da linguagem de

falantes não-nativos e a linguagem de áreas de comunicação muito especializadas. O

corpus especializado difere do corpus de referência geral porque contém traços

próprios. Pearson (1998) menciona que corpora especializados contêm estruturas não

gramaticais que nem sempre pertencem à “língua normal”. Segundo Pearson, um

corpus infantil apresenta estruturas inusitadas gramaticalmente em função do

vocabulário limitado das crianças a substantivos soltos.

c) Corpora paralelos e corpora comparáveis

Um corpus paralelo define-se como um corpus bilíngüe ou multilingüe que

contém um conjunto de textos produzidos nessas línguas. De forma geral, na literatura,

corpus paralelo se resume a textos escritos numa língua fonte e sua tradição na língua

alvo.

Por outro lado, corpora paralelos são coletâneas de corpora monolíngües

individuais que usam procedimentos e categorias de amostragem parecidos para cada

língua, porém formados por textos diferentes escritos nessas línguas. Deve-se, no

entanto, manter a hegemonia textual para preservar traços relevantes que fomentam a

comparação. Todavia, essa definição não é única, Laviosa (1998), nos seus estudos do

corpus comparável do inglês, adota a definição proposta por Baker (1995) que afirma

que o corpus comparável consiste de duas coletâneas de textos na mesma língua. Uma

coletânea contém textos produzidos originalmente numa determinada língua e a outra

inclui textos traduzidos na mesma língua a partir de uma ou mais línguas fontes.

Page 36: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

35

O corpus da presente pesquisa é formado por textos originais em inglês e a

tradução em português, textos originais em português e a tradução em inglês, textos

em português sem tradução para o inglês e textos em inglês sem tradução para o

português. São textos que pertencem tanto à categoria dos corpora paralelos quanto à

categoria dos corpora comparáveis.

2.6 O Texto Jurídico

De forma geral, o tipo de texto encontrado nos contratos situa-se no

universo da linguagem jurídica. Parte-se do pressuposto da não uniformidade da

linguagem jurídica, já que varia de acordo com os diversos subdomínios (direito civil,

ambiental trabalhista, processual, contratual etc.) que a compõem. É, sem dúvida, um

domínio de predileção para o estudo da fraseologia devido às variedades

morfossintáticas que a integram. Seu discurso se caracteriza principalmente por uma

grande quantidade de palavras-ato (Sourioux e Lerat 1975), entre essas nota-se a

presença de verbos performativos que expressam essencialmente obrigação,

permissão, interdição etc. Em geral, são verbos fortes que enunciam ações primordiais

dos principais protagonistas do Direito (legislador, juiz, contratante) e os adjetivos

mais correntes. Exemplos levantados do novo Aurélio Dicionário da Língua

Portuguesa, no verbete “lei”, demonstram que normalmente se diz que a lei submete,

determina, regula, estabelece, declara, rege, vigora etc.

O texto jurídico, para ser claro e coeso, no contexto de língua de

especialidade, torna imperativo o uso de combinações corretas. É preciso, para esse

fim, analisar esse tipo de texto, nos vários corpora disponíveis, para realizar uma

esquematização eficaz da fraseologia existente.

A vantagem de apresentar uma descrição do funcionamento da língua de

especialidade leva a uma apropriação mais segura da língua em questão e contribui ao

Page 37: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

36

aprimoramento lingüístico do domínio. Portanto, o levantamento da fraseologia do

domínio jurídico permite maior aproximação com o sentido real da língua, facilitando

cada vez mais a compreensão e a produção de textos do gênero.

2.7 O Gênero Contrato

A abordagem sócio-retórica de Swales (1990) parte de dois conceitos chave: a

comunidade discursiva e o gênero textual. A comunidade discursiva estabelece

categorias genéricas através das quais se pode detectar um conjunto de indivíduos

como portadores de determinados hábitos comunicativos e conhecimentos lingüísticos

comuns, cuja comunicação se realiza mediante a utilização de gêneros textuais

convencionados. Uma comunicação discursiva tem, desse modo: 1) um conjunto de

objetivos claramente definidos; 2) mecanismos de comunicação entre seus membros;

3) um conjunto de propósitos que move os mecanismos participativos; 4) uma

utilização seletiva e evolutiva desses mecanismos; 5) um léxico específico em

desenvolvimento; 6) uma estrutura hierárquica explícita ou implícita que controla o

processo de entrada na comunidade e a ascensão dentro dela.

Segundo Bonini (1999), a abordagem de Swales é uma concepção de

gênero textual em função da estrutura das partes características, agrupadas sob

determinada sintaxe que reproduzem uma ordem canônica. A descrição do texto se dá

em função de sua utilização no ambiente social, sem levar em conta o caráter

individual, a atenção é, antes, voltada para os aspectos formais e gerais. O autor

preconiza que os gêneros, independente de serem altamente convencionalizados ou

não, devem preencher propósitos comunicativos que variam entre si. Antes de ser o

texto um produto de um contrato social, ele resulta de uma intensa prática

comunicativa.

Swales (1990) define gênero como um evento comunicativo reconhecível

caracterizado por um conjunto de propósitos comunicativos identificados e

Page 38: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

37

mutuamente compreendidos pelos membros da comunidade acadêmica ou profissional

na qual ocorre. Para Bhatia, cada gênero representa a realização de um propósito

comunicativo específico usando o conhecimento lingüístico especializado. Cada

gênero estrutura a realidade ou a experiência de um modo particular. A definição

proposta por Bhatia (1993), além de contemplar a de Swales, traz o diferencial

psicológico cognitivista. Swales, segundo o autor traz a associação de fatores

sociológicos e lingüísticos na sua definição de gênero; entretanto, ele ignora os fatores

psicológicos, tornando irreverentes aspectos táticos na construção do gênero, os quais

têm um papel fundamental no conceito de gênero como processo dinâmico.

Entre os gêneros acadêmicos e profissionais analisados por Bhatia (1993), o

discurso legal chama atenção por ser impessoal e descontextualizado, no sentido que a

sua força ilocucionária não depende do emissor ou do receptor. Sua função geral é de

estabelecer diretrizes, obrigações e direitos, de forma a evitar a ambigüidade, a partir

dos recursos lingüísticos disponíveis. Bhatia (1993) identifica vários gêneros usados

no universo do discurso legal , entre as formas escritas, ele destaca a legislação, os

contratos, os acordos.

Os contratos apresentam uma estrutura cognitiva típica, com poucas

exceções, que reflete uma interface característica das principais cláusulas e as

qualificações inseridas nas várias construções sintáticas na estrutura de uma frase.

Pretendemos ver neste trabalho como se dá a distribuição das fraseologias, levando em

conta os diferentes movimentos que constituem o gênero contrato.

2.7.1 Contratos Nacionais ou Internacionais

Não se pode estabelecer uma distinção entre os denominados contratos

internos e os contatos internacionais unicamente partindo de fatores geográficos ou

espaciais.

Page 39: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

38

Por outro lado, o mero fato de colocar na relação jurídica elementos

nacionais ou estrangeiros não garante a divisão das águas. De fato, o contrato

independente da sua denominação, pressupõe a adoção de regras de seguranças que

vão além do princípio do consensualismo buscando, na esfera da lógica, garantir os

interesses das partes contratantes.

Não obstante, a utilização expansiva deste instrumento mediador se deve ao

vigor das atividades comerciais. Nos dias atuais, convém considerar o comércio como

processo universalizante, no qual seus agentes trilham vias férteis e harmonizantes das

relações mercantis. Na esfera internacional os mecanismos de intercâmbio se

entrelaçam entre parceiros submetidos a exigências instrumentais variadas.

À diferença dos contratos tradicionais, os internacionais respondem às

exigências pelo caráter profissionalizante dos negociantes transnacionais cujas

relações demandam soluções complexas, geralmente expressas em técnicas próprias, e

relacionadas às particularidades do comércio em questão.

Contudo não se pode dizer que não há correspondências entre as duas

vertentes. Incidem em ambas normas jurídicas emergentes da atividade mercantil, com

certas modificações. São estas provenientes da necessidade de adaptar princípios

jurídicos às expressividades das atividades mercantis, ou seja, adequá-los às operações

de transformação de bens ou de serviços no mercado.

Stoyanovitch (1968) considera a definição de contrato mencionada no art.

1.134 do Código Civil Francês de 1804, para dar um enquadramento histórico ao

termo. Segundo o conceito que do artigo se depreende, o contrato é o acordo de

vontades autônomas que pressupõe o princípio de liberdade e igualdade, sujeito a

efeitos jurídicos e celebrado dentro dos limites da lei. Evidentemente, um contrato

regula o intercâmbio de bens ou mercadorias, ou a prestação de serviços.

Contudo os contratos internacionais apresentam especificidades que

justificam tratamento peculiar. Strenger (1998) afirmou que:

Page 40: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

39

O meio internacional, mesmo restrito aos operadores e agentes econômicos, é muito disperso. Uma das primeiras preocupações dos redatores de contratos internacionais é tentar reduzir, não podendo eliminar completamente, as contradições de comunicação, de conceitualização ou de articulação engendrada por essa dispersão. Mas cumprida essa primeira missão ainda é preciso determinar, no âmbito de uma comunidade cuja especialidade é restrita às operações do comércio internacional sem sentido amplo, segundo quais princípios sua coesão pode ser assegurada, seus documentos analisados e tornados eficazes

Strenger, face às dificuldades de esboçar uma teoria geral dos contratos,

estabelece as seguintes premissas, em termos proposicionais:

• Considerando a relevância dos dados precisos que norteiam as

atividades operacionais do comércio internacional, conclui-se que os

contratos internacionais são uma especialização do Direito mas, antes,

refletem a vontade mercantil nos parâmetros jurídicos legais.

• A este respeito, Strenger fez a seguinte apreciação “os contratos

internacionais transcendem os limites estreitos do Direito, para se

converter em instrumento multidisciplinário em forma de sintetização

oriundos de um processo de complementaridade” (1998:67)

• O contrato internacional nasceu de uma necessidade real, a de

estabelecer relações comerciais bilaterais saudáveis. A atividade

econômica gera recursos que fomentam o crescimento social. O caráter

geopolítico do mundo torna possível juntar forças e ações de agentes

comerciais muito distantes, porém não menos atraídos pelos mesmos

interesses. No plano doméstico as relações comerciais são menos tensas,

pelo fato dos parceiros comerciais serem submetidos às mesmas leis de

uma mesma jurisdição. Entretanto no cenário internacional, a falta de

confiança leva à instância maior da prudência, que pressupõe a adoção

de sistemas principiológicos mais do que legais que porventura sirvam

de fundamentos aos contratos internacionais.

Page 41: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

40

2.7.2 Caracterização do Gênero Contrato

Vimos anteriormente que o objeto da sócio-retórica de Swales (1990) sobre

gêneros consiste em explicitar estratégias de seleção e distribuição do conteúdo e

escolhas de recursos lingüísticos para estruturar as informações do texto em função do

gênero. Com esse propósito, o autor apresenta categorias de análise dos gêneros

chamados de movimentos e passos. Os movimentos são descritos pelo autor como

blocos discursivos obrigatórios cuja função é realizar a organização da estrutura

retórica dos documentos. Enquanto os passos são definidos em termos das subdivisões

dos movimentos.

Bhatia, por sua vez, ao lidar com textos jurídicos, considera cada etapa de

construção do texto uma estratégia de realização do propósito por trás do enunciado.

Percebeu o autor que cada movimento tem uma função própria que é parte integrante

de um propósito geral.

Levando em conta as considerações acima, passamos a propor uma

caracterização do gênero contrato. Consideramos, no entanto, que este gênero é para

um grupo social uma forma comunicativa institucionalizada, em um ambiente de

relações com fatores culturais, históricos e ideológicos próprios.

As pessoas que convivem em uma mesma comunidade discursiva se

utilizam dessa mesma forma comunicativa institucionalizada. Membros-especialistas

(experts) e iniciantes convivem interagindo com ela, os iniciantes são contextualizados

dentro das convenções pelos experts. Há, portanto, uma coerção estabelecida pelos

experts que dominam os gêneros da área, usando os recursos lingüísticos e retóricos

próprios de cada gênero.

Os participantes da comunidade envolvida no gênero contrato são

principalmente os advogados incumbidos da redação dos mesmos. São eles os experts

Page 42: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

41

que dominam esse gênero, contextualizando-o num propósito comunicativo bem

definido. Por outro lado, os iniciantes direta ou indiretamente envolvidos na

comunidade discursiva pouco entendem do processo comunicativo em curso.

Contratos, raramente, são redigidos para atender a fins específicos dos seus próprios

redatores, porém com o propósito de garantir os interesses de outrem.

Todos nós, de certa forma, estamos expostos a um conjunto de interações

sociais, em decorrência de nossos compromissos com o meio no qual vivemos. Essas

interações são convencionalizadas dentro de um sistema legal que se propõe a atender,

de forma eqüitativa, as necessidades de todos. Forma-se então a institucionalização

dos contratos que permitem reger a adequação de interesses sócio-financeiros ou

outros entre indivíduos, instituições, corporações e os órgãos governamentais.

Os contratos inscrevem-se em uma esfera da atividade humana, onde os

discursos estabelecem posições diante de certos interesses a serem alcançados.

Precisamos entender que tanto pessoas físicas ou pessoas jurídicas, representadas por

sua vez por pessoas físicas, precisam defender seus interesses. Há, por trás dos

interesses, estímulos ou necessidades que precisam ser convertidos em algo

mensurável. Contudo, os indivíduos estão inseridos em relações de interdependência

para a realização dos seus objetivos. Agentes diferentes representam interesses

diferentes, não antagônicos, porém complementares.

Essa relação de troca entre partes interessadas precisou de um código

discursivo para delimitar o escopo das ações e ditar a forma que devem ser executadas.

É o regulamento de todas as funções provenientes de um acordo do interesse existente

entre as partes a que se propõe a confecção do contrato.

Além das considerações delineadas acima, iremos identificar algumas

características formais e estilísticas próprias, dos textos que compõem o gênero

contrato, segundo Varo e Hughes (2002:102).

a) Há uma função comunicativa compartilhada entre os membros da

comunidade discursiva pelo uso abundante dos verbos performativos.

Page 43: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

42

As prescrições são expressas na forma de obrigações que devem ser

rigorosamente cumpridas. As proibições devem ser observadas na sua

integralidade e sujeitas a penas excessivas, caso forem infringidas.

b) Há uma macroestrutura convencionalizada com formato e delineamento

organizacional próprio. Há uma forma particular para apresentação do

cabeçalho, com identificação das partes em negrito e letras maiúsculas.

A disposição interna das cláusulas e parágrafos é padronizada.

c) Há um modo discursivo similar para o desenvolvimento da

macroestrutura, usando as mesmas técnicas discursivas com a finalidade

de atender às expectativas discursivas do destinatário.

d) Há uma adequação sintática e lexical própria e um conjunto de unidades

funcionais, além de outras características formais. Entre essas, podemos

citar a abundância de advérbios locativos que marcam referência dentro

do próprio contrato, o uso em conjunto de sinônimos, o uso exagerado

de shall para indicar as obrigações legais e dos advérbios arcaicos em

inglês.

Page 44: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

43

3. METODOLOGIA

Na última seção da fundamentação teórica, foram vistos os vários passos

que permitiram caracterizar o gênero contrato. Já no presente capítulo, vemos a

metodologia adotada para analisar a distribuição das unidades fraseologias no gênero

em questão. Apresentamos, em primeiro lugar, os instrumentos empregados para a

análise computadorizada das unidades fraseológicas e, em seguida, o método usado no

tratamento das mesmas.

A ferramenta usada na análise é o concordancer. Tem como atributos criar

concordâncias, encontrar colocações de um termo e identificar frases comuns. Existem

vários tipos de concordância possíveis, de acordo com a posição do item de busca na

listagem. A mais comum é a KWIC (Key Word in Context). A concordância é a lista

de ocorrências de uma determinada palavra, parte de uma palavra ou combinação de

palavras extraídas de um corpus. As concordâncias viabilizam o estudo da colocação e

da padronização lexical.

Para a consulta das unidades especializadas, além das referências naturais

encontradas nos textos, foram utilizados dicionários monolíngües da língua inglesa,

dicionários bilíngües inglês x portugueses ou vice versa, dicionários monolíngües da

língua portuguesa, dicionários técnicos de termos financeiros e jurídicos e glossários

especializados na Internet.

Contudo, houve uma certa dificuldade para encontrar as definições nos

dicionários convencionais mono ou bilíngues. Os dicionários não adotam um

procedimento sistemático para apresentação de colocações, ou mais especificamente

neste estudo de fraseologias. Os dicionários específicos de termos técnicos, contendo

Page 45: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

44

fraseologias, tanto na parte de definição quanto na parte de exemplificação são ainda

raros e não conseguem abranger todas as Unidades Fraseológicas. Outro fato que

convém salientar é o próprio dinamismo da língua como veículo de comunicação

sujeito às influências causadas pelas grandes transformações sócio-culturais trazidas

pelo avanço tecnológico. Neste ponto, o dicionário, mesmo especializado, se toma

obsoleto. É preciso um trabalho contínuo de atualização dos bancos informatizados, de

uma análise sistemática de corpus para revisão constante de qualquer glossário que se

venha a propor.

3.1 Coleta de Dados

Os procedimentos adotados para análise de fraseologia jurídica operam-se

em textos representativos do gênero contrato, produzidos em português e inglês.

Alguns contratos são provenientes da Faculdade de Letras da USP, outros da

CAGECE, da Prefeitura Municipal de Fortaleza, da Prefeitura Municipal de Sobral e

de outras empresas localizadas na cidade de Fortaleza. Esses contratos, na sua grande

maioria, expressam atividades comerciais de parceria e acordos financeiros.

3.2 O corpus

Alguns contratos já se apresentavam na forma digitalizada, outros

impressos no papel, foram digitalizados para armazenamento em arquivo eletrônico.

São 50 contratos selecionados, 29 em português e 21 em inglês. Para a escolha desses

contratos, observou-se uma triagem criteriosa do conteúdo, de modo a mantê-lo

uniformizado. Evitou-se, por exemplo, contratos de aluguel residencial ou comercial

cuja especificidade não se refere às relações comerciais de parceria ou acordos

Page 46: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

45

financeiros. Por outro lado o tamanho dos textos não é considerado critério de triagem,

porque os contratos não apresentam uma extensão padronizada. Alguns contratos têm

mais de 100 páginas, no caso de textos que pedem maior especificidade técnica

(CAGECE), enquanto outros não passam de 6 páginas. Fica então evidente que a

formação desse corpo é motivada por interesses próprios da presente pesquisa.

3.3 Uma análise computadorizada

Berber Sardinha (1999) elenca três princípios abstratos básicos para análise

lingüística a partir de programas de computador.

• Ocorrência. Pressupõe a existência dos itens que se busca pesquisar; fator

fundamental para coleta, que só pode ser executado num universo

observável. Dentro da língua de especialidade, pode-se fazer uma previsão

de acordo com a área especializada em estudo.

• Recorrência. Estabelece-se o número mínimo de duas ocorrências por

item. Isto não quer dizer que itens de freqüência (1) não tenham relevância.

A recorrência geralmente depende do tamanho do corpus; corpus maior

tende a apresentar maior número de itens com freqüência (1).

• Concorrência. Os itens devem estar na presença de outros. O item

apresentado isoladamente perde sua referência contextual, onde é cercado

por outros itens que lhe concedem maior significância. A amplitude da

janela de concorrência deve ser determinada pela orientação da pesquisa.

Page 47: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

46

3.3.1 Usando o WordSmith Tools na pesquisa

O WordSmith Tools é um programa de computador que permite efetuar uma

análise lingüística rápida e eficaz. Elaborado por Mike Scott e publicado pela Oxford

University Press, o programa oferece uma série de recursos extremamente úteis na

análise de vários aspectos da linguagem.

A primeira ferramenta do WordSmith Tools usada na análise é o WordList.

Esta ferramenta permite obter e listar palavras. O programa é pré-definido para

produzir, a cada vez, duas listas de palavras, uma ordenada alfabeticamente e a outra

classificada por ordem de freqüência das palavras, sendo a palavra de maior freqüência

no topo da lista e assim por diante até chegar às palavras de freqüência (1).

Acrescenta-se a essas duas listas uma terceira janela com estatística simples a respeito

dos dados.

As listas de palavras obtidas são apresentadas por ordem de freqüência e

formadas das seguintes partes:

• Coluna ‘word’. São os itens contidos nos textos.

• Coluna ‘Freq’. Mostra os itens contidos nos textos.

• Coluna ‘%’. Mostra a percentagem do total de itens do texto a que

corresponde cada item.

• Coluna ‘Lemmas’. São outros itens que incorporam formas derivadas

cujas freqüências foram adicionadas ao item corrente.Veja a seguir uma

lista de freqüência dos contratos em português.

Page 48: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

47

N Word Freq. % Lemmas 1 PARA l.884 5,77 2 O l.164 3,56 3 DE 1.083 3,32 4 DO 1.046 3,20 5 A 953 2,92 6 E 492 1,51 7 OU 374 1,14 8 DA 373 1,14 9 CONTRATO 276 0,84

Observamos que as palavras de maior freqüência encontradas pelo

programa Wordlist são artigos e preposições. O termo de maior freqüência no corpus

de pesquisa em português é contrato com 276 ocorrências, com uma porcentagem de

0,84% do total das palavras do corpus.

Outra ferramenta que é usada na pesquisa é o Concord, a qual permite

produzir concordâncias, ou listagem das ocorrências de um item específico chamado

palavra de busca. No presente trabalho, verificamos as concordâncias das palavras

chave obtidas através do Wordlist. É usada a concordância KWIC (Key Word in

Context), ou palavra chave no contexto, na qual a palavra de busca aparece

centralizada e cercada por porções contínuas do texto de origem. Essa ferramenta

permite extrair as Unidades Fraseológicas que são estudadas no presente trabalho.

A tela da concordância contém as seguintes partes:

• Coluna N. Indica o número seqüencial da linha da concordância.

• Coluna Concordance. Indica a concordância em si.

• Coluna Set. é o espaço reservado para inserir códigos de classificação

das linhas de concordância.

● Coluna Tag que permite etiquetar o corpus, quando necessário

Page 49: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

48

• Word Number que indica o número atribuído à palavra.

• File que identifica o arquivo onde a palavra se encontra armazenada e a

respectiva porcentagem. Apresentamos abaixo as concordâncias da

palavra conceder. A lista abaixo da concordância indica o arquivo onde

está armazenada.

N Concordance Set Tag Word No. File % 1 mutuaria está disposta a conceder um empréstimo 198 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\contra~1.doc 8 2 considerar ilegal o Credor conceder financiamento 3.975 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\raimun~1.doc 16 3 ia, no acima exposto, a conceder o Empréstimo 265 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\acordo~1.doc 2 4 ial total da Companhia: conceder qualquer garantia 2.030 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\contr~10.doc 19 5 o Banco concordou em conceder ao Mutuário u 188 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\contra~2.doc 9 6 alia, no acima exposto, conceder o Empréstimo 192 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\empres~1.doc 4 7 das pelo Projeto; e (b) conceder ao Banco urna 2.320 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\empres~1.doc 29 8 das pelo Projeto; e (b) conceder ao Banco uma 3.363 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\acordo~1.doc 18 9 e terceiros no mercado, conceder empréstimo ou 556 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\contra~4.doc 6 10 considerar ilegal o Credor conceder,par fim de 5.302 c:\meusdo~1\michel\todoso~1\portug~1\contra~2.rtf 48

3.4 Tratamento das Unidades Fraseológicas

Após a obtenção das Unidades Fraseológicas usando como aporte

metodológico as ferramentas do WordSmith Tools descritas acima, dividimos as

unidades coletadas em dois grandes grupos: Unidades Fraseológicas sem Pivô

Terminológico e Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico.

Page 50: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

49

Esta divisão segue a orientação metodológica proposta por Daniel Gouadec

para o tratamento das Unidades Fraseológicas conforme estabelecemos no referencial

teórico. As Unidades Fraseológicas sem pivô foram agrupadas com base nos

elementos invariáveis que as compõem. Podemos citar como exemplos: em

testemunho do que, (x)..., com respeito a (x), exceto para (x), In Witness Where of,

(x)..., with respect to (x), except by (x).

No caso das Unidades Fraseológicas com pivô terminológico, os grupos

foram constituídos a partir dos próprios pivôs com base nos quais foram coletados. Os

pivôs são constituídos por unidades terminológicas consideradas em função das suas

freqüências e da especificidade do contexto.

Diante do fato que nosso corpus constitui um gênero específico da área

jurídica, conforme a orientação teórica considerada no presente trabalho no que diz

respeito aos posicionamentos de Swales e Bhatia, propomos uma categorização que

leva em conta os movimentos, em forma padrão, dos contratos que constituem o

corpus de estudo.

As unidades fraseológicas sem pivô terminológico foram levantadas a

partir de elementos invariáveis que remetem às partes constitutivas dos contratos, ou

às leis, normas, regulamentos que regem e preceituam as relações estabelecidas entre

as partes, porém dentro do âmbito legal que delineia sua validade e atuação. Sendo

assim, a referência é feita a uma parte constitutiva anterior ou posterior ao elemento

invariável dentro do contrato, ou a uma parte ordenatória externa na qual o contrato se

insere.

Então, obtemos unidades como: de acordo com (x), na forma de (x), nos

termos de (x), na conformidade de (x), em conformidade com (x), segundo (x),

conforme (x), mediante (x).

Existem também outras unidades fraseológicas sem pivô terminológico que

estabelecem vínculos entre os segmentos de um mesmo contrato entre si ou entre

esses e outras referências externas. Alguns exemplos são: respectiva, relativa,

Page 51: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

50

prevista, disposta, decorrente, presente, relacionada, vinculada, mencionada,

estipulada, citada, coberta, constante, exposta, especificada, estabelecida, oriunda,

contida e indicada.

Por outro lado, no que diz respeito às unidades fraseológicas com pivô

terminológico, o primeiro grupo de pivôs selecionados é uma coleta de verbos que, na

sua maioria, constituem os núcleos das declarações operativas dos contratos. Apesar

do número relativamente ilimitado desses verbos e de alguns substantivos derivados

dos mesmos, há uma quantidade restrita que aparece com uma freqüência

considerável nos contratos, devido ao caráter vinculativo das relações legais. São do

tipo: constituir, constituição, contratar, prevalecer, assegurar, exercer, concordar,

comprometer, exigir, ajustar, outorgar, conceder, obrigar, obrigações, cumprir,

cumprimento executar, execução, celebrar, acordar, autorizar, subscrever, aplicar,

delegar, elaborar, acertar.

Existem outros pivôs terminológicos que são os termos estruturais de um

contrato. Esses termos são necessários para a organização interna do contrato, e

portanto, permitem mais facilmente identificar os movimentos propostos na

categorização das unidades fraseológicas, conforme observamos anteriormente. Entre

eles estão: objeto, testemunho, firmar, assinar, assinatura, instrumento, regido,

condições, significar, eleger, designada e denominada.

3.4.1 A Distribuição da Fraseologia nos Movimentos

O contrato, dentro do enquadramento de gênero visto no capítulo anterior,

é constituído de partes chamadas de movimentos, os quais formam uma categorização

que auxilia ainda mais na identificação e descrição das unidades fraseológicas.

Devemos relembrar que, em primeiro lugar, foi levada em conta a abordagem

sistêmica da análise de gênero de Bhatia quanto ao uso da língua dentro de uma

Page 52: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

51

comunidade profissional. Em segundo lugar, diante da tarefa complicada de

estabelecer-se um tipo de contrato padrão e por causa da diversidade dos possíveis

contratos, foi proposta a estrutura apresentada abaixo, excluindo-se apenas a parte

que trata da divisibilidade do contrato. A alteração em questão deve-se ao fato de que

o corpus de pesquisa não apresenta elementos suficientes para sua identificação. Já

Borja (1998:402-49) salienta que a seção de divisibilidade do contrato é uma parte

opcional em que as partes podem acordar que se qualquer parte do contrato for

considerada não operativa ou inválida, as demais partes objeto do acordo permanecem

válidas e vinculantes.

3.5 Estrutura Retórica Do Gênero em Estudo

Consideramos, em primeiro lugar, para a elaboração da estrutura

prototípica do gênero contrato apresentada a seguir, o modelo de análise de Swales

(1990) denominado CARS (Create a Research Space). O autor criou o modelo a partir

da análise da estrutura retórica hierárquica de introduções de artigos de pesquisa, que

se organiza em três movimentos:

Movimento 1- Estabelecendo um território S1- Alegando centralidade e/ou S2- Fazendo generalização (ões) tópica (s) e/ou S3- Revisando itens de pesquisas prévias Movimento 2- Estabelecendo um nicho S1A- Contra-argumentando ou S1B- Indicando uma lacuna S1C- Levantando questões ou S1D- Continuando uma tradição Movimento 3- Ocupando o nicho S1A- Delineando os propósitos Ou S1- Anunciando a presente pesquisa S2- Anunciando as descobertas principais S3 Indicando a estrutura do AB

Page 53: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

52

No modelo CARS desenhado por Swales (1990), os três movimentos são

subdividos em passos regulares e opcionais para dar conta de todas as características

presentes nas introduções de artigos de pesquisa. Bhatia (1993), por sua vez, adaptou o

modelo de Swales na sua análise do processo jurídico e desenha uma estrutura

consistindo de quatro movimentos:

No nosso corpus de análise, observamos a estrutura de cinqüenta contratos

(29 em português e 21 em inglês). Após várias análises, chegamos a seguinte estrutura

prototípica do gênero contrato, a qual usamos para análise das unidades fraseológicas.

MOVIMENTO 1 Submovimento

Identificar o objeto do acordo Identificar as partes

MOVIMENTO 2 Estabelecer as credenciais MOVIMENTO 3 Especificar o acordo MOVIMENTO 4 Definir os termos chave MOVIMENTO 5 Estabelecer o ordenamento jurídico MOVIMENTO 6 Submovimento

Estabelecer as representações Oferecer uma garantia

MOVIMENTO 7 Submovimento

Apresentar das testemunhas Apresentar as testemunhas

Os seguintes exemplos extraídos do corpus de pesquisa permitem ilustrar a

descrição das unidades e subunidades retóricas encontradas. Ressaltamos que, em

decorrência das dificuldades encontradas para a delimitação dos submovimentos no

1- Identificando o processo 2- Estabelecendo fatos do processo 3- Argumentando o processo Iniciando histórico do processo

Apresentando os argumentos Derivando o fundamento da decisão

4- Pronunciando julgamento

Page 54: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

53

corpus de pesquisa, passamos a analisar a distribuição das unidades fraseológicas

apenas nos principais movimentos.

Movimento 1- Identificar o objeto do acordo

Contrato de empréstimo e hipoteca (fonte: Contrato de Empréstimo e

Hipoteca)

Submovimento 1- Identificar as partes

“Este contrato de empréstimo e hipoteca (“o Contrato”) datado de 1 de

setembro de 2001 por e entre Oceania Express Corp.uma sociedade comercial das

Ilhas Cayman, com sede na Walter Housae, Caixa Postal 265, George Town, Grande

Cayman, Ilhas Cayman e Del Monte Fresh Trade Company Brasil LTDA., uma

companhia brasileira constituída sob as leis do Brasil, com sede na Avenida

Desembargador Moreira, 2001, 12 andar, Fortaleza, Estado do Ceará (a “Mutuária”)”.

(fonte: Contrato de Empréstimo e Hipoteca)

A primeira unidade retórica, no início do contrato, identifica o tipo de

contrato. No exemplo apresentado acima, a frase descritiva “Contrato de empréstimo e

hipoteca” indica que se trata de um acordo para concessão de um empréstimo entre

um mutuário e um mutuante, contra uma certa garantia exigida pelo mutuante. O

submovimento 1 traz informações sobre a data do acordo, as partes comprometidas no

contrato, os endereços das partes e as leis que regem a constituição das partes.

Movimento 2- Estabelecer as credenciais

(fonte: Contrato de Empréstimo e Hipoteca)

“CONSIDERANDO QUE a Mutuária deseja desenvolver um projeto de

abacaxi no Nordeste do Brasil e necessita uma infusão de dinheiro para financiar o

desenvolvimento do projeto;

Page 55: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

54

CONSIDERANDO QUE a Mutuante está disposta a conceder um

empréstimo à Mutuária para ajudá-la na implementação do projeto de abacaxi em

troca de uma garantia representada por uma participação na terra na qual o projeto de

abacaxi será desenvolvido”;

Nesse movimento são delineados os interesses e as relações entre as partes.

No exemplo acima, cada consideração evidencia o perfil de uma parte , suas razões

econômicas e objetivo almejado através da celebração do acordo.

Movimento 3- Especificar o acordo

(fonte: Contrato de Empréstimo e Hipoteca)

“AGORA, PORTANTO, POR E EM CONSIDERAÇÃO ao acima e por

outras boas e valiosas considerações, o recebimento e suficiência das quais são aqui

reconhecidos, a Mutuante e a Mutuária concordam como segue:

1. Empréstimo. A mutuante emprestará à Mutuária, e a Mutuária aceitará da

Mutuante a soma de CINCO Milhões (US$ 5.000.000) de Dólares, em

moeda legal dos Estados |Unidos sujeito aos termos e condições

estabelecidos neste Contrato (o Principal)

A. Condições de pagamento. O Principal será desembolsado em Cento e

Vinte pagamentos iguais e mensais começando em 1 de novembro de 2005, com o

pagamento final devido em 1 de novembro de 2015.

B. Juros/Penalidade por pagamento antecipado. O principal acumulará

juros de um por cento ao ano e tais juros serão debitados à Mutuária juntamente com o

Empréstimo. A Mutuária poderá pagar o Principal a qualquer tempo antes do fim do

prazo sem qualquer pagamento de penalidade.”

O exemplo acima é apenas um trecho do movimento especificar o acordo.

É o movimento de maior extensão, o qual traz detalhes importantes do objeto do

Page 56: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

55

contrato , o empenho e a obrigatoriedade das partes de se submeterem aos termos do

acordo. Esse movimento normalmente contem vários cláusulas e parágrafos.

Movimento 4- Definir os Termos Chave

(fonte: Contrato de Fomento Mercantil Internacional)

“Definições de termos e/ou siglas a serem utilizados neste contrato, a saber:

a) Factoring International – é um mecanismo de fomento comercial, voltado

para a exportação, que tem como produtos, o SM Guarantee, o SM Full

Guarantee e o SM Collection. O diferencial deste produto é que, a cobrança

é feita na língua do importador e através de pessoas que conhecem

profundamente os usos e costumes reinantes no país importador, tornando,

desta forma, a cobrança mais eficiente.

b) SM Collection – Efetuamos a cobrança ao importador por meio de

Instituições de Crédito Internacionais, parceiras, situadas no país de destino

da mercadoria, denominados Import Factor.”

As definições acrescentam informações técnicas a termos usados nos

contratos, os quais devem ser entendidos no contexto específico de cada contrato. No

exemplo acima, as definições trazem esclarecimentos sobre cada tipo de serviço

oferecido pela empresa, além de exercer uma função mercadológica secundária, que

estipula os vários benefícios ao alcance da parte interessada.

Movimento 5 - Estabelecer o ordenamento jurídico

(fonte: Contrato CAGECE 5)

“CLÁUSULA DÉCIMA QUARTA – DO FORO

14.1 – As partes elegem o foro da comarca de fortaleza – CE, como o único

competente para dirimir quaisquer dúvidas oriundas deste contrato, com expressa

renúncia de qualquer outro, por mais privilegiado que seja.”

Page 57: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

56

As partes escolhem o foro de competência para arbitração das suas relações

comerciais, dentro do princípio da isonomia do poder.

Movimento 6 - Estabelecer as representações

(fonte: Contrato Joint Venture)

“Claúsula 14 – Cada Acionista assegura e garante aos demais que:

14.1 – possui total poder e autoridade para celebrar, exercer seus direitos e

executar e agir de acordo com este Contrato e com quaisquer outros documentos

relacionados de que seja parte;

14.2 – todas as condições e ações que devam ser conduzidas, cumpridas e

realizadas (incluindo a obtenção dos consentimentos, aprovações, autorizações,

isenções, licenças, pedidos, permissões, arquivamentos ou registros necessários)

foram conduzidas, providenciadas e feitas para:

(i) permitir a celebração deste Contrato, o exercício de seus direitos e atuar

e agir de acordo com este Contrato e com quaisquer outros documentos relacionados

de que seja parte;”

Esse movimento diz respeito aos princípios da boa fé das partes, voltados

para o cumprimento das suas obrigações e para o exercício dos seus direitos de modo

a viabilizar o acordo proposto.

Submovimento 6 - Oferecer uma garantia

(fonte: Contrato CAGECE 7)

“CLÁUSULA SÉTIMA – DA GARANTIA DE EXECUÇÃO

7.1 – Será apresentada garantia de execução do contrato, correspondente a

5 % (cinco por cento) do valor global do contrato em qualquer das modalidades

previstas no item 9.2,1 alínea “a” do Edital.

Page 58: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

57

7.2 – Após a conclusão dos serviços e mediante a apresentação do “Termo

de Entrega e Recebimento dos Serviços”, será a caução devolvida, no prazo de 90

(noventa) dias, mediante requerimento escrito, dirigido a Procuradoria Jurídica da

CAGECE, devidamente corrigida pela TR – Taxa Referencial, quando efetuada em

dinheiro.”

A garantia solicitada nesse contrato pressupõe a cessão de um valor ou

caução que venha a justificar a execução do objeto do acordo entre as partes. A

garantia consiste em algo material mensurável que, mediante a realização do serviço,

será integralmente devolvido no prazo preestabelecido.

Movimento 7 - Apresentar as testemunhas

(fonte: Contrato de Empréstimo BIRD e Estado do Ceará)

“Em Testemunho Do Que as partes aqui presentes, através de seus

representantes devidamente autorizados, assinam este Contrato em seus respectivos

nomes, no Estado do Ceará, Brasil, no dia e ano constantes do início deste Contrato.”

Esse movimento especifica o direito de execução do contrato, limitado

apenas às partes. É a aprovação final do acordo.

Submovimento 7 - Apor as assinaturas

(fonte: Contrato CAGECE 12)

"Fortaleza, 21 de agosto de 2002

Newton Rodrigues Souza

Diretor Presidente – CAGECE

Annia Melo de Saboya Cruz

Diretora Administrativo Financeira – CAGECE

Procurador jurídico da CAGECE Representante da CONTRADA

CPF: ”

Page 59: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

58

Nesse movimento constam apenas os nomes das partes que assinam o

contrato, suas respectivas funções e assinaturas, o nome da cidade, a data e o nome

das testemunhas. O submovimento de apor assinaturas não apresenta nenhuma

fraseologia, portanto será apenas considerado parte integrante do movimento

apresentar as testemunhas na análise das unidades fraseológicas.

Devido à extensão dos contratos do corpus de pesquisa, a estrutura retórica

do gênero não foi apresentada a partir de um único contrato ilustrativo. Os trechos

apresentados são de tamanho regular e mais facilmente delimitáveis. Em alguns

contratos as zonas limítrofes são dificilmente perceptíveis, o que dificulta a

identificação dos movimentos. No caso das definições, por exemplo, os contratos são

geralmente demasiadamente extensivos.

No entanto, antes de iniciar-se a confecção de um contrato e

conseqüentemente antes mesmo de delinear as partes expostas acima, há um trabalho

preparativo antecedente. A primeira fase para estabelecer-se um contrato é o reflexo

do contato pré-existente entre as partes interessadas em determinado negócio jurídico.

O encontro das partes caracteriza-se por um interesse comercial, fora do escopo de

qualquer compromisso de base jurídica ou vínculo obrigacional. As negociações

envolvem relações empresariais ou pessoais e relações comerciais que são as

premissas para a configuração dos primeiros vínculos jurídicos.

Segundo Strenger (1998:99), os contratos não surgem por acaso. São

expressões de vontade e interesse comum que se constroem a partir de um princípio

primário de relacionamento social. Formam-se, então, entendimentos de interesse

recíproco que posteriormente irão assumir formas convencionadas.

Depois da apresentação da metodologia adotada para o estudo das unidades

fraseológicas, analisamos no capítulo seguinte a distribuição das mesmas dentro dos

movimentos caracterizados acima.

Page 60: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

59

4. FRASEOLOGIAS NOS CONTRATOS COMERCIAIS

Analisamos a fraseologia nos seguintes movimentos:

1. Identificar o objeto do acordo

2. Estabelecer as credenciais

3. Especificar o acordo

4. Definir os termos chaves

5. Estabelecer o ordenamento jurídico

6. Estabelecer as representações

7. Apresentar as testemunhas

MOVIMENTO 1 – Identificar o objeto do acordo

Há no início do contrato uma frase descritiva que identifica o tipo de

empreendimento considerado ou a negociação contratual em questão. Nessa secção

seguem-se a identificação das partes e a data. Outro possível elemento identificador é

o endereço. Nessa parte são também estipuladas as leis sob as quais constituem-se as

partes. Citamos os seguintes exemplos para ilustrar esse movimento:

“Este CONTRATO DE EMPRÉSTIMO E HIPÓTECA (o “Contrato”)

datado de 10 de setembro de 2002 por e entre Fresco Express Corp. uma sociedade

comercial das ilhas Cayman, com sede na Walter House, Caixa Postal 345, George

Town, Grande Cayman, Ilhas Cayman e Madison Garden Company Brasil Ltda., uma

companhia brasileira constituída sob as leis do Brasil, com sede na Avenida Alberto

Page 61: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

60

Sá, 201, 10 Andar, Fortaleza, Estado do Ceará (a “Mutuária”)” (contrato de

empréstimo e hipoteca).

“This LOAN AND MORGAGE AGREEMENT (the “Agreement”) is

entered into as of September 10, 2002 by and between Fresco Express Corp. a

Cayman Islands corporation, with offices at Walter House, P.O.Box 345, George

Town Grand Cayman, Cayman Islands and Madison Grarden Company Brasil Ltda., a

Brasilian company incorporated under the laws of Brasil, with offices in Avenida

Alberto Sá, 201, l0 Floor, Fortaleza, State of Ceara Brasil (the “Borrower”) (loan and

mortgage agreement)”.

O movimento de identificar o acordo tem um total de 184 unidades

fraseológicas em português e em inglês, representando 7% das 2340 unidades

registradas, distribuídas da seguinte forma:

Português Inglês Total Sem Pivô Com pivô Sem pivô Com pivô 96 39 26 23 184

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

As unidades encontradas nesse movimento são as seguintes:

a) denominado (x)

b) designado (x)

c) indicado em (x)

d) contido em (x)

e) De acordo com (x)

f) Em conformidade com (x)

g) Sob (x)

h) Na forma de (x)

i) Mediante (x)

Page 62: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

61

Nesse movimento as unidades invariáveis normalmente estabelecem uma

referência com os segmentos legais que regem as relações entre as partes. Os

elementos referenciados são variáveis, porém pertencentes a um mesmo universo legal

(a lei, os atos constitutivos, os dispositivos da lei, os dispostos na lei).

O pivô de maior freqüência no move é denominado (x) (43 ocorrências).

Foram coletadas as seguintes combinações:

doravante denominado (x)

aqui denominado (x)

denominado (x)

daqui por diante denominado (x)

A combinação mais freqüentemente usada é doravante denominada (x) (18

ocorrências). Observa-se que o uso de locativos é abundante nesse caso. O locativo

doravante é substituído por aqui, na combinação aqui denominado (x) (15

ocorrências), pode ser também substituído por daqui por diante , na combinação

daqui por diante denominado (x) (2 ocorrências), ou desaparecer totalmente como na

combinação denominada (x) (8 ocorrências).

O segundo pivô coletado é designado (x) (10 ocorrências). Ele se apresenta

da seguinte forma: doravante designada (x).

O pivô designado, a partir do qual a Unidade Fraseológica (UF) foi

coletada, é sinônimo de denominado. Outro termo que não faz parte dos pivôs

selecionados, mas que tem o mesmo significado dos dois pivôs analisados acima é

chamado. A combinação (x) doravante chamado (y) apresenta 6 ocorrências, porém

todas coletadas no movimento das disposições.

A alta freqüência dois pivôs acima no movimento identificar o objeto do

acordo demonstra a necessidade da identificação das partes, logo no início do

contrato, antes mesmo de estabelecer-se o objeto das negociações.

Page 63: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

62

A unidade referencial contido em (x) (12 ocorrências) apresenta a seguinte

combinação: as disposições contidas na lei.

A unidade acima foi coletada em doze contratos, todos originados da

Cagece. Isso demonstra que a empresa pressupõe um preenchimento de um modelo

previamente elaborado de seus contratos, embora sejam destinados a diferentes fins

comerciais.

A unidade vinculativa indicada em (x) (9 ocorrências). Apresenta a

seguinte combinação: Para os fins nele indicados.

Nessa unidade, a contração da preposição em + o pronome ele indica um

vínculo com o próprio documento legal no qual a unidade fraseológica foi extraída.

A unidade invariável sem pivô terminológico em conformidade com (5

ocorrências) apresenta as seguintes combinações:

em conformidade com seus atos constitutivos

em conformidade com as disposições contidas na lei

em conformidade com a lei

de conformidade com as disposições da lei

Foi observado que todas as combinações acima se referem às leis às quais

os contratos são submetidos. A unidade referencial em conformidade com (x), embora

presente na linguagem comum, estabelece aqui um vínculo com uma variável distinta

de uma área especializada. Portanto, obtemos uma fraseologia especifica do gênero

contrato.

A unidade invariável mediante (4 ocorrências) apresenta a seguinte

combinação: mediante as cláusulas e condições seguintes.

Com essa unidade, foi encontrado, para esse movimento, apenas um tipo de

ocorrência conforme apresentado no exemplo acima e pelas mesmas razões acima

expostas, isto é, o caráter de uniformidade dos contratos provenientes da CAGECE

Page 64: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

63

Outras ocorrências, coletadas dentro da mesma tipologia, são sinônimas da

unidade invariável em conformidade com, encontradas com menor freqüência no

corpus de estudo. São apresentadas da seguinte forma:

na forma de (x)

de acordo com (x)

sob (x)

Em relação à unidade na forma de (x) (2 ocorrências), foram encontradas

as seguintes variáveis:

na forma abaixo

na forma de seus atos constitutivos

Com a unidade invariável de acordo com (3 ocorrências), foram

encontradas as seguintes variáveis:

de acordo com as leis

de acordo com o direito

A unidade sob (x) (2 ocorrências) apresenta as seguintes ocorrências:

Sob a lei

Sob as cláusulas e condições pactuadas e aceitas

Essas unidades, apesar da baixa freqüência, podem revelar-se importantes

no tocante ao princípio de sinonímia que traz estilo e harmonia a um gênero

discursivo. Desta forma, evita-se o uso repetitivo das unidades de maior freqüência.

Apresentamos um exemplo do movimento identificar o objeto do acordo,

extraído de um contrato (CAGECE 9) do nosso corpus de pesquisa, para melhor

ilustrar esses tipos de ocorrência:

“COMPANHIA DE ÁGUA E ESGOTO DO CEARÁ – CAGECE, situada

na Rua Dr. Lauro Vieira Chaves, nº 1030 – Vila União, inscrita no CNPJ sob o nº

07.040.108/0001-57, e denominado de CONTRATANTE, neste ato representado pelos

Page 65: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

64

seus Diretores, Presidente, Newton Rodrigues Sousa, brasileiro, casado, contador e

Administrativo Financeiro, Annia Melo de Saboya Cruz, brasileira, casada, analista de

sistema, residentes e domiciliados em Fortaleza/Ce., e a Empresa ...........................,

com sede na ..............................................., nº .......... – ..................., em ......................,

inscrita no CNPJ sob o nº ........................., aqui denominada CONTRATADA, por seu

representante legal, .............................., ............................., ..........................,

RESOLVEM celebrar este contrato, em conformidade com as disposições contidas na

Lei nº 8.666/93, e suas alterações, na Carta Convite nº ............/........–CAGECE e seus

anexos, na proposta da CONTRATADA, tudo fazendo parte deste contrato,

independente de transcrição e mediante as Cláusulas e condições a seguir”.

É interessante observar que, no exemplo acima, várias unidades invariáveis

ocorrem no mesmo documento legal e no mesmo movimento. Convém relembrar que

quase um terço do corpus de contratos em português é formado por contratos

originados da mesma empresa, o que explica a maior ocorrência de certas unidades

em função do estilo próprio e padronizado dos redatores da CAGECE.

Apresentaremos, a seguir, as ocorrências desse mesmo movimento, coletadas no nosso

corpus de contratos em inglês.

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

Foram coletadas as seguintes unidades, nos contratos em inglês.

a) referred as (x)

b) called (x)

c) under (x)

d) in acccordance with (x)

Nos contratos em inglês, a unidade fraseológica sem pivô terminológico de

maior freqüência coletada é: referred as com 17 ocorrências.Ela apresenta a seguinte

Page 66: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

65

combinação: hereinafter referred as (x). A variável x indica que uma das partes que

celebram o contrato, por fins práticos, teve seu nome reduzido ou alterado. Vejamos o

próximo exemplo (contrato Joint Venture) :

“COSMETICAS ENTERPRISES, LTD. hereinafter referred to as “CE””

Outra unidade que representa uma relação de sinonímia com a unidade de

maior freqüência hereinafter referred as (x) é called (x) (4 ocorrências). Um exemplo

desse tipo de combinação é:

Governo do Estado do Ceará hereinafter called the borrower (contrato de

empréstimo governo do Ceará e BIRD).

Nesse caso, a variável (x) indica que o Governo do Estado do Ceará, para

os fins do referido contrato que consiste num empréstimo de recursos financeiros

concedidos por uma outra parte, que executa o acordo, é chamado de borrower, por

ser o mutuário a que se destinam esses recursos.

A segunda unidade de maior freqüência nesse movimento é: under (x) (3

ocorrências). Essa unidade permite vincular o contrato a um sistema de lei,

pertencente a uma determinada região, que rege a transação entre as partes. Assim,

obtemos a seguinte combinação:

This agreement is entered under the laws of Brasil (contrato de

Empréstimo Governo do Ceará e BIRD).

A unidade in acccordance with (x), de menor freqüência (2 ocorrências)

estabelece uma relação de sinonímia com a unidade apresentada acima, exercendo a

mesma função vinculativa do contrato a um sistema disciplinar abrangente. Temos o

seguinte exemplo:

Page 67: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

66

this agreement is made in accordance with the law of New York (contrato de Export

Finance).

No movimento identificar o objeto do acordo nos contratos em português e

inglês, observamos que não há diferença no tocante à função referencial das unidades

sem pivô terminológico, que consiste em vincular os acordos entre as partes às leis de

uma determinada jurisdição. Da mesma forma, não foi observada diferença alguma

entre as outras unidades nas duas línguas, que estabelecem um vínculo entre o nome

de uma das partes envolvidas na execução do contrato e um nome referencial

específico a ela atribuído no documento legal. Contudo, observa-se nesse movimento

uma quantidade maior e mais diversificada de unidades referenciais nos contratos

redigidos em português do que em inglês.

Foram registradas, tanto nos contratos em português quanto nos contratos

em inglês, unidades fraseológicas sem pivô que permitiram caracterizar a função deste

movimento. Observamos que as referências feitas por essas tiveram por função:

identificar as partes, o tipo de negociação contratual e as leis sob as quais constituem-

se as partes.

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Português

As unidades fraseológicas com pivô terminológico abrangem alguns verbos

ou substantivos deverbais performativos próprios do discurso legal apresentados no

capítulo anterior e os termos estruturais dos contratos que auxiliam na delimitação dos

movimentos.

No movimento identificar o objeto do contrato foram coletadas unidades

fraseológicas a partir dos verbos celebrar, outorgar, firmar, constituir.

Page 68: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

67

Nesse movimento o pivô fraseológico de maior freqüência é celebrar (24

ocorrências). São exemplos de combinações:

(x) e (y) resolvem celebrar este contrato

(x) e (y) resolveram celebrar este contrato

o contrato que entre si celebram (x) e (y)

(x) e (y) resolvem celebrar o presente contrato

A alta freqüência desse verbo, presente no início de quase todos os

contratos, permite identificar a função inerente ao movimento identificar o objeto do

contrato, que consiste em alavancar as forças decisórias adjacentes às vontades

explicitadas pelas partes em negociação. Embora pareça a vontade das partes ser

redundamente expressa pelo verbo resolver, no entanto, uma análise, mas perspicaz

permite observar que o uso do verbo resolver não constitui uma redundância em si,

mais a representação do binômio antagônico descrito por Strenger (1998:33) no

tocante à expressão da vontade e o princípio de interesse eqüitativo que rege os

acordos.

A segunda unidade de maior freqüência no movimento é outorgar (5

ocorrências). Apresenta-se da seguinte forma:

as cláusulas e condições que outorgam (x) e (y)

O verbo que compõe a unidade fraseológica acima mencionada reflete o

consentimento e a aprovação do conteúdo do documento legal pelas partes, que são

representadas aqui pelas variáveis (x) e (y).

O verbo firmar apresenta 4 ocorrências dentro desse movimento. São as

seguintes combinações:

(x) e (y) firmam o presente contrato

(x) e (y) resolvem firmar o presente contrato

O verbo firmar é geralmente usado no sentido de assinar. Na combinação

acima , ele tem o sentido de ajustar. É usado para expressar, portanto, a vontade das

Page 69: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

68

partes, designadas aqui pelas variáveis (x) e (y), de pactuar e assumir compromissos

baseados em fundamentos legais. Essa unidade pode ser usada como sinônima do pivô

terminológico de maior freqüência nesse movimento.

O verbo fazer, na forma apresentada abaixo, tem também uma relação de

sinonímia com o pivô terminológico de maior freqüência nesse movimento. Obtemos

a seguinte combinação: contrato que entre si fazem (x) e (y) (2 ocorrências)

Na ocorrência acima, observamos que o verbo fazer não significa

confeccionar. Aqui é usado no sentido de celebrar. Convém dizer, que neste caso, o

verbo fazer forma uma Unidade Fraseológica própria do movimento das premissas,

que tem a função de iniciar a celebração do acordo entre as duas partes.

A última unidade com pivô fraseológico identificada nesse movimento é:

constituída (4 ocorrências), com as seguintes combinações: (x) constituída sob (y) e

(x) constituída de acordo com (y). Essa unidade é usada para certificar que uma

pessoa física, uma sociedade anônima ou simplesmente uma empresa indicada aqui

pela variável (x), exista de fato em conformidade com as leis e os princípios

administrativos da cidade ou país onde se encontra, ou seja a variável (y).

Apresentamos o seguinte exemplo extraído do corpus de pesquisa para ilustrar essa

unidade:

COSMETICS ENTERPRISES, LTD. sociedade constituída de acordo com

as leis do estado da Califórnia, Estados Unidos da América (contrato Joint Venture).

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Inglês

No corpus de contratos em inglês, foram identificados os seguintes pivôs

no movimento identificar o objeto do contrato: made, enter, organize.

Page 70: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

69

Neste movimento, o pivô fraseológico de maior freqüência é organize, com

12 ocorrências. Apresenta a seguinte combinação: (x) duly organized and validly

existing under (y). Esta unidade tem o mesmo significado da unidade constitui usada

neste movimento nos contratos em português, para identificar as partes empenhadas

no acordo. Tem por finalidade certificar a existência de uma pessoa jurídica dentro de

um enquadramento legal e administrativo. A variável (x) pode substituir: company, ou

corporation. Por sua vez, a variável (y) indica a legislação da cidade ou país que rege

o acordo entre as partes. Apresentamos o seguinte exemplo:

A corporation duly organized and validly existing under the law of Brazil

(contrato Joint Venture).

A segunda unidade com pivô terminológico de maior freqüência neste

movimento é made (8 ocorrências). Apresenta as seguintes variações: this agreement

is made among (x), (y) and (z). As variáveis (x), (y) e (z) representam os nomes das

instituições envolvidas na execução do contrato. Outra combinação é: this agreement

is made between (x) and (y). Nesta combinação among é substituído por between

devido ao número de participantes reduzido de 3 para 2. A terceira combinação, this

agreement is made as of (x), não menciona os nomes das partes que celebram o

acordo, mas a data da celebração do mesmo.

A unidade de menor freqüência (3 ocorrências) é enter, com a combinação

(x) entered into by (y) and (z), onde a variável (x) indica agreement e as variáveis

(y) e (y) indicam os nomes das partes . O verbo enter , presentado nesta unidade, tem

no contexto do movimento das premissas o mesmo significado do verbo made das

combinações acima. A unidade equivalente a esses verbos no mesmo movimento

identificar o objeto do contrato nos contratos em português é o verbo celebrar.

Observamos que há afinidade na distribuição das unidades do movimento

identificar o objeto do contrato entre os contratos redigidos em português e os

redigidos em inglês. Há existência de verbos performativos próprios que permitem

identificar a função do movimento. São verbos que expressam o propósito entre as

Page 71: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

70

partes, permitem identificar as partes e os negócios. As unidades fraseológicas

expostas acima são essenciais na caracterização do movimento.

MOVIMENTO 2 - Estabelecer as credenciais

Este movimento compreende as considerações, normalmente introduzidas

por um conjunto de frases iniciadas por considerando que nos contratos em português

e whereas nos contratos em inglês. Nesta parte, encontram-se detalhes referentes às

identidades das partes, os interesses, as relações entre elas e uma idéia de que seja o

objeto do contrato. A função desse movimento consiste em expressar o desejo das

partes contratantes de esclarecer as razões econômicas, sociais e históricas que as

levaram a acordar entre si. O movimento estabelecer as credenciais parece não ser

uma prática amplamente difundida nos contratos comerciais. Segundo Alcaraz e

Hughes (2002:127), este movimento é mais comumente usado em contratos mais

formais, a exemplo daqueles que vinculam os compromissos entre os Estados

Membros da União Européia. No entanto, salientam os autores, essa prática está se

tornando cada vez mais comum nos contratos comerciais. Fica evidente, então, a razão

pela qual esse movimento só integra 4 contratos em português do nosso corpus de

análise. Apresentamos os seguintes exemplos para ilustrar este movimento:

“CONSIDERANDO QUE a Mutuária deseja desenvolver um projeto de

abacaxi no Nordeste do Brasil e necessita uma infusão de dinheiro para financiar o

desenvolvimento do projeto;

CONSIDERANDO QUE a Mutuante está disposta a conceder um

empréstimo à Mutuária para ajudá-la na implementação do projeto de abacaxi em

troca de uma garantia representada por uma participação na terra na qual o projeto de

abacaxi será desenvolvido;”(contrato de Empréstimo e Hipoteca)

Page 72: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

71

“WHEREAS, the Borrower desires to develop a pineapple Project in

Northeastern Brasil and requires a cash infusion to finance the Project development;

WHEREAS, the Lender is willing to provide a loan to the Borrower to

assist in the funding of the pineapple project in exchange for a security interest in the

land upon which the pineapple project will be developed;” (contrato Loan and

Mortgage Agreement)

Analisaremos a seguir a distribuição das unidades coletadas para análise

neste movimento. São 109 unidades em português e em inglês, sendo 4% do total das

unidades coletadas:

Português Inglês Total Sem pivô Com Pivô Sem pivô Com pivô 6 13 50 40 109

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

Entre as unidades fraseológicas sem pivô fraseológico no movimento

estabelecer as credenciais, há várias unidades de baixa freqüência, por conta das

mesmas razões identificadas acima. É importante ressaltar que o critério de freqüência

adotado para a coleta das unidades na contagem geral e na constituição de cada

movimento não impede que certas unidades de baixa freqüência sejam consideradas.

Até porque consta este movimento em apenas quatro contratos em português.

Obtemos as seguintes combinações: (x) previsto em (y), (x) relativo a (y),

(x) constante de (y), (x) estipulado em (y), (x) referente a (y), (x) disposto em (x), (x)

exposto em (y) e mediante (y).

Salvo a primeira unidade, que apresenta 2 ocorrências, as outras unidades

têm respectivamente freqüência 1. observamos que todas a combinações acima se

Page 73: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

72

referem ao próprio documento legal ,ou às leis que gerem o documento legal,

conforme podemos notar através dos seguintes exemplos:

mediante o Termo de Adesão (contrato de empréstimo 4591)

nos termos e condições constantes deste Contrato (CAGECE 11)

o empréstimo previsto no artigo II deste Contrato (CAGECE 5)

no projeto descrito neste Contrato (contrato Joint Venture)

Registramos também neste movimento, uma unidade de baixa ocorrência,

que não consta na contagem geral das unidades referenciais sem pivô fraseológico. A

unidade apresenta uma relação de sinonímia com outra unidade referencial de

freqüência maior, que é de acordo com (x). Temos o seguinte exemplo:

consoante o disposto neste contrato (contrato Joint Venture)

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

A prática de formular o preâmbulo é mais comum nos contratos em inglês,

pelo menos é o que foi constatado no corpus da pesquisa. Ao passo que nos contratos

em português, foram identificados apenas 4 contratos com o movimento , o preâmbulo

consta em 14 contratos redigidos em inglês. Portanto, além da variedade de unidades

registradas, a freqüência é também mais significativa. As principais unidades

coletadas são:

a) under (x)

b) pursuant to (x)

c) subject to (x)

d) with respect to (x)

e) described in (x)

f) set forth in (x)

g) in respect of (x)

h) upon (x)

Page 74: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

73

A unidade de maior freqüência neste grupo é under (x), com 10

ocorrências. Ela permite vincular os interesses das partes, as características inerentes a

cada parte e as relações existentes entre elas com o objeto do contrato ou com o

próprio contrato. Apresentamos os seguintes exemplos:

under the contracts (contrato IBRD)

under the laws (contrato IBRD)

A unidade pursuant to (x) apresenta 7 ocorrências, onde a variável (x)

refere-se ao objeto do acordo entre as partes. Temos os seguintes exemplos :

pursuant to the loan (contrato TBM)

pursuant to the offer (contrato TBM)

Se considerássemos as duas unidades fraseologias acima, fora do

documento em que foram produzidas, poderiam ser facilmente identificadas como

unidades fraseológicas da língua comum. No entanto, ao identificarmos as variáveis

loan e offer como o objeto específico do contrato, a que se pretende chegar, em razão

da vontade, do ajuste e do acordo entre as partes envolvidas, não resta dúvida que as

duas unidades fraseológicas pertencem à língua de especialidade.

A unidade with respect to (x) apresenta 6 ocorrências, nas quais a variável

(x) diz respeito às condições estipuladas no contrato. Temos o seguinte exemplo:

with respect to the conditions (contrato Finance Import)

A unidade subject to (x) apresenta 5 ocorrências neste movimento. Tem a

mesma função das unidades anteriores, que é de vincular os interesses das partes aos

termos e cláusulas delineados no contrato. Apresentamos os seguintes exemplos onde

a variável (x) pode ser: termo, condições ou provisões:

subject to the terms and conditions (contrato Export)

subject to the provisions (contrato Export)

Page 75: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

74

A unidade described (x) tem 5 ocorrências, onde a variável (x) substitui um

advérbio de lugar que remete ao documento legal. Temos:

described therein (contrato Sobral 1)

A unidade set forth, com o mesmo significado das variáveis previsto,

estabelecido, apresenta 5 ocorrências, com a seguinte combinação: (x) set forth in (y).

A variável (x) substitui conditions e a variável (y) substitui paragraph .

A unidade referencial sem pivô terminológico in respect of (x) tem 4

ocorrências, onde (x) substitui of the terms, parte integrante dos contratos.

A unidade referencial sem pivô terminológico upon (x) tem 3 ocorrências,

onde (x) substitui the Terms.

Outras unidades de baixa freqüência identificadas são:

In the form of this agreement (contrato Export 1)

As provided in this agreement (contrato Export 1)

By the terms of paragraph (contrato Import Finance)

As defined therein (contrato IBRD)

Unidade Fraseológica com Pivô Terminológico em Português

As unidades com pivô terminológico identificadas no movimento

estabelecer as credenciais são: concordar, conceder, celebrar, garantir.

A unidade de maior freqüência é concordar, com 6 ocorrências. Apresenta-

se nas seguintes combinações: concordar em (x).

O verbo concordar expressa, neste movimento, a condição de uma das

partes se ajustar a certa exigência feita pela outra parte, sem a qual não haverá acordo.

A variável (x), em todas as ocorrências, indica outra unidade do grupo dos pivôs

Page 76: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

75

terminológicos. Podemos observar no seguinte exemplo (contrato governo do Brasil e

BIRD) :

a avalista concordou em garantir

o banco concordou em conceder

A unidade conceder apresenta 3 ocorrências neste movimento, com a

seguinte combinação: conceder (x)

Nas 3 ocorrências acima, a variável (x) diz respeito a um empréstimo que é

o objeto do acordo entre as partes. O verbo conceder, neste caso, tem o mesmo

significo de ceder, o que pressupõe uma relação de confiança entre as partes,

envolvendo um objeto de valor, para que se faça uso durante um determinado período

e restituí-lo dentro de um esquema pré-estabelecido.

O verbo garantir apresenta 3 ocorrências, com a seguinte combinação:

garantir (x). A variável (x) substitui as obrigações do mutuário.

O uso do verbo garantir expressa, de forma clara, a vontade de uma parte,

no caso o mutuante fazer o mutuário cumprir suas obrigações, o que pressupõe a

devolução do objeto a ser cedido.

Foi identificada uma unidade de freqüência 1, neste movimento, que é

dispor a (x). O verbo dispor tem aqui o significado de concordar, diferente da função

vinculativa que exerce nas unidades sem pivô terminológico. Comparamos as duas

combinações seguintes:

Contrato governo do Brasil e BIRD:

Consoante o disposto neste contrato

A instituição está disposta a conceder um empréstimo

No primeiro exemplo, disposto tem uma função referencial. Enquanto, no

segundo exemplo disposta é a expressão da vontade.

Page 77: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

76

A análise dos exemplos apresentados acima demonstra a importância do

coocorrente na constituição das unidades fraseológicas, para sua efetivação e

categorização. É preciso efetuar uma triagem minuciosa para seleção adequada das

fraseologias, pois muitas ocorrências apresentadas pelo programa Concord não se

tornam elegíveis depois de considerar fatores, tais como: a fixação, a freqüência, a

análise morfossintática e semântica.

Apresentamos abaixo um exemplo ilustrativo do preâmbulo.

Contrato o governo do Brasil e BIRD:

“CONSIDERANDO QUE (A) a República Federativa do Brasil (o

Avalista) e o Mutuário, tendo se convencido quanto à viabilidade e à prioridade

do projeto descrito no Apêndice 2 deste Contrato (o Projeto), solicitaram ao

Banco ajuda para o financiamento do Projeto;

(B) por um contrato (o Contrato de Garantia) desta mesma data,

firmado entre o Avalista e o Banco, o Avalista concordou em garantir o

pagamento das obrigações do Mutuário, relativas ao Empréstimo previsto no

Artigo II deste Contrato (o Empréstimo); e

CONSIDERANDO QUE o Banco concordou, com base, inter alia, no

acima exposto, a conceder o Empréstimo ao Mutuário, nos termos e condições

constantes deste Contrato”

Fica evidente uma baixa freqüência das unidades selecionadas em

decorrência da característica própria do movimento que desempenha uma função

informativa, muitas vezes omitida pelas partes que executam o contrato. Isso explica

porque só foi encontrado em quatro contratos do corpus de pesquisa.

Page 78: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

77

Unidade Fraseológica com Pivô Terminológico em Inglês

As unidades com pivô terminológico identificadas nos contratos em inglês,

neste movimento são: enter, agree, request, guarantee e grant.

A unidade de maior freqüência é agree, com 20 ocorrências. Apresenta a

seguinte combinação: (x) agree (y). A variável (x) identifica uma das partes, por

exemplo: the guarantor, the bank, the borrower, the lender. A variável (y) indica: to

guarantee a loan, to extend a loan, to grant a loan, to purchase, to act, to effect

payment.

O pivô fraseológico enter (10 ocorrências), apresenta a seguinte

combinação: (x) enter (y). O verbo enter coletado nos contratos e mais

especificamente neste movimento, não tem o sentido de ingressar, mas de celebrar um

acordo. A variável (x) pode representar borrower ou exporter. A variável (y)

representa contract e agreement. Apresentamos os seguintes exemplos (contrato

Export Finance):

the borrower has entered into contract

the exporter has entered into this agreement

O pivô fraseológico request (4 ocorrências) apresenta a combinação (x)

request (y), onde a variável (y) designa uma garantia. Temos o seguinte exemplo

(contrato Export Finance):

The exporter has requested a guarantee from the bank

O pedido de garantia feito pelo banco compõe o objeto das negociações

entre as partes, detalhadas no movimento estabelecer as credenciais do contrato.

Page 79: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

78

O pivô fraseológico guarantee apresenta 3 ocorrências neste movimento,

com a seguinte combinação: (x) guarantee (y), onde a variável (x) refere-se a uma das

partes e a variável (y) diz respeito às obrigações a serem cumpridas por uma das

partes, conforme ilustra o seguinte exemplo (contrato IRDB):

the guarantor has agreed to guarantee such obligations

O último pivô fraseológico coletado neste movimento é grant, na

combinação grant (x) (com 2 ocorrências), onde (x) substitui loan.

Percebemos neste movimento uma relação estreita entre as unidades

fraseológicas com pivô terminológico em português e suas equivalências em inglês. A

comprovação da predominância das mesmas unidades fraseológicas em português e

em inglês, auxiliam na categorização e identificação dos movimentos. As unidades

coletadas aqui correspondem à função do movimento, que é esclarecer as razões que

levam as partes a concordarem entre si.

MOVIMENTO 3 – Especificar o acordo

As provisões operativas indicam que as partes estão concordando com o

que segue no contrato. É a promessa feita pelas partes de se ajustarem ao contrato.

Este movimento é introduzido por uma frase declarando a existência de um acordo

entre as partes, tornando-o obrigatório e vigorante pelo uso abundante dos verbos

performativos, tais como: obrigar, cumprir, obedecer, etc.

A parte restante do movimento trata das especificações detalhadas do objeto

de contrato, os compromissos e obrigações das partes, divididas em cláusulas e

parágrafos. O conjunto das cláusulas operativas consiste de termos e condições.

Apresentamos os seguintes trechos ilustrativos do movimento especificar o acordo em

inglês e português.

Page 80: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

79

Contrato de Joint Venture e Acordo de Acionistas:

“POR CONSEGUINTE, em consideração às mútuas convenções e

acordos abaixo apresentados, as Partes têm justo e contratado o seguinte:

Cláusula 1

Constituição da Companhia

1.1 Os Acionistas se comprometem a constituir a Companhia de acordo com os

princípios abaixo contidos. A Companhia deverá ser constituída como uma sociedade

anônima, em conformidade com as leis da República Federativa do Brasil”

“NOW THEREFORE, in consideration of the mutual covenants and

agreements hereinafter set forth, the Parties agree as follows:

Section 1

Establishment of the Company

1.1 The Shareholders shall undertake to establish the company in accordance

with the principles hereinafter set forth and will cause the Company to be formed as a

joint stock company (sociedade anônima) under the laws of Brazil”.

O movimento especificar o acordo é o mais comum e o mais extensivo de

todos os movimentos encontrados nos contratos. Nele são encontradas as unidades de

maior freqüência, do que em qualquer outro movimento. O movimento conta 1.267

unidades fraseológicas, representando 52% do total de unidades.

Português Inglês Total Sem Pivô Com Pivô Sem pivô Com Pivô 406 281 303 277 1.267

Page 81: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

80

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

A unidade de maior freqüência, nos contratos em inglês, é previsto, com a

seguinte combinação: (x) previsto em (y), com 113 ocorrências.

A variável (y) substitui elementos externos que regem os contratos são os

seguintes: legislação (52 ocorrências) e lei (22 ocorrências), constituição (1

ocorrência). As demais substituições referem ao contrato como um todo ou em parte.

Então, encontramos os seguintes coocorrentes: contrato (14 ocorrências), cláusula

(18 ocorrências), parágrafo (2 ocorrências), caput (2 ocorrências), artigo (10

ocorrências), item (1 ocorrência), decreto (1 ocorrência). Os dois principais termos

substituídos pela variável (y) são: normas (24 ocorrências) e sansões (24 ocorrências).

As outras ocorrências com freqüência menor serão apresentadas numa única lista.

A segunda unidade sem pivô fraseológico de maior freqüência coletada

neste movimento é a combinação de acordo com (45 ocorrências), onde a variável (y)

tem como principal coocorrente anexo (28 ocorrências) e outras partes do contrato,

como: contrato (3 ocorrências), artigo (3 ocorrências), plano (3 ocorrências), termo (2

ocorrências), princípio (2 ocorrências), decreto (2 ocorrências), legislação (1

ocorrência),

A terceira unidade mais freqüente no movimento é estabelecido com a

combinação (x) estabelecida em (y) (29 ocorrências). A variável (y) indica a legislação

que rege os contratos ou as próprias partes integrantes do contrato. A variável (x)

indica as obrigações e outros detalhes específicos do objeto do contrato

As outras unidades sem pivô fraseológico coletadas são apresentadas com

suas respectivas freqüências dentro do movimento. observamos que, em todas elas, a

variável (x) remete às obrigações e a variável (y) indica as leis às quais submetem-se

os contratos ou ao próprio contrato. Temos a seguinte lista:

Page 82: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

81

a) nos termos de (y) 38 ocorrências b) (x) estabelecido em (y) 29 ocorrências c) de conformidade com (y) 28 ocorrências d) (x) relacionados com (y) 20 ocorrências e) perante (y) 19 ocorrências f) (x) pertinente a (y) 16 ocorrências g) (x) mencionado em (y) 15 ocorrências h) conforme (y) 13 ocorrências i) (x) decorrente de (y) 13 ocorrências j) (x) constante de (y) 10 ocorrências l) (x) estipulada em (y) 8 ocorrências m) (x) descrito em (y) 6 ocorrências n) (x) referido em (y) 6 ocorrências o) (x) especificada em (y) 4 ocorrências p) (x) vinculado a (y) 4 ocorrências q) da forma de (y) 3 ocorrências r) (x) oriundo de (y) 3 ocorrências s) com base em (y) 2 ocorrências Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

Nos contratos em inglês, a unidade de maior freqüência é under (y), com 65

ocorrências. A substituição da variável (y) indica section ou agreement, ou seja as

mesmas variáveis identificadas com a unidade sem pivô terminológico de maior

freqüência em português

A segunda unidade de maior freqüência é in accordance with (y), com 38

ocorrências. A variável (y) também, em todas as ocorrências, substitui principles ou

terms, que também são partes integrantes do contrato.

A unidade sem pivô terminológico upon (x) apresenta 25 ocorrências. A

variável (y) indica this section ou this agreement. Nesse caso também a referência é

feita ao próprio contrato.

Page 83: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

82

Devido à quantidade de unidades coletadas e a constância das variáveis

encontradas, confeccionamos uma única lista contendo as unidades e suas respectivas

funções.

a) in respect of (y) 24 ocorrências b) pursuant to (y) 20 ocorrências c) with respect to (y) 20 ocorrências d) set forth in (y) 17 ocorrências e) specified in (y) 17 ocorrências f) in connection with (y) 13 ocorrências g) (x) referred to as (y) 13 ocorrências h) subject to (y) 10 ocorrências i) in the form of (y) 9 ocorrências j) in the manner specified in (y) 7 ocorrências k) on the terms of (y) 6 ocorrências Outras unidades de baixa freqüência identificada são: designated in (y),

relating to (y),

(x) detailed in (y), (x) contemplated in (y), (x) associated to (y), concerning (y), arising by

(y), (x) listed in (y), (x) therein stated, (x) described in (y), (x) mentioned (y), (x) related in

(y), as set forth in (y), as provided in (y), as shown in (y), as determined by (y), as defined

below, as specified in (y), as set out in (y), as established in (y), as stated under (y).

Assim, podemos observar que, tanto as unidades sem pivô terminológico

em português quanto as em inglês, têm a mesma função de vincular obrigações e

outros detalhes específicos do movimento ao próprio contrato, ou a outras instâncias

da lei, com o objetivo de operacionalizar os acordos entre as partes.

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Português

A unidade de maior freqüência é execução (50 ocorrências), conforme

previsto em decorrência da característica própria do movimento mencionada

Page 84: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

83

anteriormente, que é de promover a operacionalização dos acordos. Ela apresenta a

seguinte combinação: execução de (x), onde a variável substitui contrato ou presente

contrato, de acordo com os exemplos aqui apresentados:

execução deste contrato 33 (CAGECE 2)

execução do presente contrato 17 (CAGECE-5)

Temos ainda três combinações a partir da unidade executar:

Executar suas obrigações 1 (CAGECE 7)

Executar o contrato 1 (CAGECE 6)

O contrato foi executado 1 (Sobral 2)

Observamos que o uso do substantivo deverbal execução (50) foi preferido

ao uso do verbo executar (3). Ainda no último exemplo o verbo está na voz passiva,

ocasionando, portanto,uma mudança no foco de atenção para contrato.

A segunda unidade de maior freqüência é obrigar (44 ocorrências).

Apresenta 20 ocorrências na voz ativa, com a seguinte combinação: obriga-se a (y) e

24 ocorrências na voz passiva, com a seguinte combinação x está obrigada a y.

Na primeira combinação obrigar-se a (y), temos uma parte, a contratada, o

mutuário que se obriga a fazer algo representada pela variável (y), que em 12

ocorrências substitui o termo comprovação. As outras ocorrências são:

A contratada obriga-se a

informar 2

contratar 1

utilizar 1

cumprir 1

notificar 1

dar ciência 1

aceitar 1

Page 85: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

84

Na voz passiva temos as combinações:

está obrigada a satisfazer os requisitos 12

está obrigada a atender as exigências 12

A unidade cumprimento e a unidade cumprir juntas apresentaram 44

ocorrências. Com o substantivo cumprimento (31 ocorrências), encontramos a

combinação do tipo: cumprimento de (y). Podemos visualizar quais termos o variável

(y) substitui nos seguintes exemplos:

Cumprimento a) das cláusulas contratuais 18 b) das obrigações 7 c) do contrato 3 d) das disposições 1 e) dos termos 1 f) das condições 1

Podemos ver que em todas as ocorrências a variável (y) remete a uma parte

intrínseca do contrato, que precisa ser cumprida para realização do acordo entres

partes.

Com o verbo cumprir (13 unidades), identificamos o mesmo tipo de

combinação, ou seja: cumprir (y), onde (y) remete aos mesmos elementos listados em

cima, os quais apresentaremos para uma melhor ilustração:

Cumprir

a) as obrigações 8

b) a legislação 1

c) as condições 1

d) as disposições 1

Foram identificadas 2 ocorrências na voz passiva:

para que as obrigações sejam cumpridas (contrato Joint Venture)

Page 86: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

85

Com a unidade obedecer, foram coletadas 19 ocorrências, com a seguinte

combinação: obedecer a (x), onde a variável (x) remete a normas (18) e a termo (1),

sugerindo a necessidade de se proceder de acordo com as normas já existentes e pré-

estabelecidas.

8 ocorrências foram encontradas com a unidade concordar, todas da

seguinte forma: (y) concordar, onde a variável (y) indica os acionistas.

Com a unidade assinatura, foram identificadas 37 ocorrências, com a

seguinte combinação: assinatura de (x). O preenchimento da variável (x) pode ser

contrato (34), deste instrumento (2), termo (1).

Cinco ocorrências foram registradas com o verbo assinar, na seguinte

combinação: assinar (y), onde a variável (y) indica presente (referindo-se ao presente

contrato), contrato e aditamento (um anexo ao contrato).

Numa relação de sinonímia com a unidade assinar, foi identificada a

unidade firmar, que apesar da sua baixa freqüência (3 unidades) constitui mais uma

alternativa para usar em vez de assinar. Temos então: firmar (y), onde a variável (y)

indica termo, contrato e instrumento.

A unidade garante tem 7 ocorrências. Apresenta a segunda combinação. (x)

garante (y), onde a variável (x) indica empresa, as partes e acionista. A variável (y),

por sua vez, indica contrato, obrigação, pagamento.

Uma unidade de baixa freqüência que entra numa relação de sinonímia com

a unidade garantir é assegurar, com 3 ocorrências. Temos a segunda combinação (x)

assegura (y) onde a variável (x) indica uma das partes no contrato e (y) indica a

execução do contrato.

São identificadas 7 ocorrências com a unidade comprometer, com a

seguinte combinação: (x) compromete-se a (y), a variável (x) indica as partes, e a

Page 87: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

86

variável (y) indica ações que devem ser desempenhadas pelas partes como: promover,

enviar, cumprir

as partes se comprometem a cumprir 4

compromete-se a enviar 2

compromete-se a promover 2

Com a unidade acordar foram coletadas 10 ocorrências, com as seguintes

combinações:

(x) acordado sobre (y) 5 acordar sobre (y) 4

(x) acordado em (y) 1 (x) acordado (y) 5 Na primeira combinação, a variável (y) substitui minuta, formando a

seguinte unidade fraseológica:

os acionistas acordaram sobre a minuta (contrato Sobral 5)

Nas outras combinações, a variável (x) indica: plano, compromisso,

obrigações, a taxa, os períodos. Temos os seguintes exemplos:

o plano acordado entre as partes (contato CAGECE 4)

o compromisso acordado entre as partes (contrato de Fomento)

as obrigações acordadas entre as partes (contrato CAGECE 5)

a taxa acordada entre as partes (contrato Joint Venture)

os períodos acordados entre as partes (contrato CAGECE 12)

Com a unidade exercer, temos exercer (x), onde o preenchimento de (x) é

direito. Vejamos os seguintes exemplos:

a) exercer seus direitos 5 (Contrato de Garantia)

b) exercício de seus direitos 1 (Contrato de Garantia)

Page 88: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

87

A unidade outorgar (5 ocorrências) indica aqui a cessão de um direito de

uma parte à outra, ou de uma parte a uma terceira parte, envolvida no processo de uma

forma ou outra.

(x) outorgar (y) 4

(y) outorgada 1

A variável (x) indica uma das partes envolvidas no contrato, o

preenchimento de (y) pode ser uma licença, uma procuração, ou seja, um direito que

irá permitir a uma das partes executar uma ação.

Com a unidade observar temos 4 ocorrências. O verbo observar tem o

mesmo sentido da unidade cumprir apresentada acima. Apresenta a combinação (x)

observar (y), onde a variável (x) indica as partes e a variável (y) indica as obrigações,

as condições, as leis, os termos do contrato.

Com a unidade constituir (4 ocorrências) temos a combinação constitui (y),

onde (y) indica uma obrigação.

A unidade assumir apresenta (9 ocorrências), com a combinação (x) assume

(y).

Aqui também (x) indica uma parte ou ambas partes, e a variável (y) indica

as obrigações (6), o compromisso (2) e a responsabilidade (1)

A unidade conceder (3 ocorrências), apesar da sua baixa freqüência, tem

uma relação de sinonímia coma a unidade outorgar. Apresenta a combinação:

conceder (y) → onde o preenchimento de(y) pode ser: direito, garantia,empréstimo

A última unidade coletada nesse grupo é autorizar, com 4 ocorrências.

Apresenta a seguinte combinação: autorizar (y). A variável (y) indica a execução.

As outras unidades não foram coletadas devido à baixa freqüência

apresentada. No entanto foram identificadas algumas combinações que apresentam

Page 89: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

88

uma relação de sinonímia com as unidades acima. Entre elas, podemos citar: elaborar

(y), exigir (y), agir de acordo com (y), contrair (y), pactuar (y), ajustar (y). O

preenchimento da variável (y), nestas combinações, não é diferente do preenchimento

de (y) nas unidades acima, onde (y) equivale a acordo, contrato, obrigação.

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Inglês

As unidades terminológicas coletadas no movimento especificar o acordo,

nos contratos em inglês, são muito parecidas com as do português. Isso evidencia a

função do movimento que estipula as obrigações, os deveres e direitos que devem ser

cumpridos pelas partes. Relembramos que as ações a serem empreendidas pelas partes

são expressas através dos verbos performativos, conforme salientam Alcaraz Varo e

Hughes (2002:128) .

A seguir, apresentaremos as principais unidades com pivô terminológico

em inglês, levando em conta o fator de freqüência e fixação adotado para sua coleta.

A unidade de maior freqüência coletada é agree, com 83 ocorrências,

apresentando a seguinte combinação (x) agree (y). a variável (y) indica grant,

authorize, undertake, as follows. Salvo esse último preenchimento da variável (y), no

caso as follows que compõe a frase declaratória que introduz o movimento das

cláusulas operativas, os outros preenchimentos de (y) dizem respeito às ações a serem

executadas nos termos do acordo.

A unidade execute apresenta 10 ocorrências com a seguinte combinação:

(x) execute (y), onde a variável (x) indica as partes e a variável (y) indica o contrato.

Apresentamos o seguinte exemplo:

The parties execute this agreement.(contrato IRDB)

Page 90: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

89

Foi coletada a unidade carry out (16 ocorrências), verbo frasal que tem o

mesmo sentido de execute. Apresenta a combinação (x) carry out (y), onde (x) indica

as partes, porém a variável (y) não tem o mesmo preenchimento da variável (y) de

execute, e indica aqui obligation e function. Isto leva a crer que a relação de sinonímia,

no tocante às unidades fraseológicas, depende também do concorrente, conforme

salientou Gouadec.

Ainda com o substantivo deverbal execution, foram coletadas 5 ocorrências,

com a seguinte combinação:

The execution of (y), onde (y) tem a mesma indicação de (y) na combinação

com a unidade execute, ou seja this agreement.

A unidade perform tem 8 ocorrências, na combinação com as variáveis (x) e

(y), temos:

The parties shall perform their obligation (contrato Joint Venture)

Temos também o substantivo deverbal performance que apresenta 7

ocorrências, com a seguinte combinação: the performance of (y), onde também (y)

indica obrigações.

Foi coletada uma ocorrência única que entra numa relação de sinonímia

com a ocorrência acima que é : meet its obligation.

A unidade exercise tem 10 ocorrências, com a seguinte combinação:

exercise (y) onde (y), em todas as ocorrências, substitui this right.

O substantivo deverbal the exercise tem 5 ocorrências, onde (y) tem

também o mesmo preenchimento do verbo exercise.

Foi encontrada uma unidade de baixa freqüência que tem uma relação

sinonímia com a unidade exercise. Com três ocorrências, foi identificada a unidade

Page 91: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

90

fraseológica: Brazil shall have the right (contrato IRDB), onde Brazil constitui uma

das partes empenhadas no contrato.

A unidade que expressa o compromisso entre as partes é undertake (13

ocorrências), com a seguinte combinação: (x) undertake (y) onde a variável (x) indica

the parties e the shareholders (que também são as partes) e a variável (y) indica ações

a serem executadas com :authorize, grant,execute.

A unidade comply (9 ocorrências), expressa o consentimento das partes a

cumprir um acordo. Apresenta a seguinte combinação: (x) comply with (y). A variável

(x) indica the parties, enquanto a variável (y) indica such undertaking

(comprometimento), obligation, the terms.

O substantivo deverbal compliance foi identificado, com apenas uma

ocorrência. Tem a combinação the compliance with (x) onde (x) indica the terms.

Outra unidade que tem uma relação de sinonímia com comply with é

consent (3 ocorrências), que apresenta a seguinte combinação: consent to (x), onde

temos:

the participant will not consent to the terms (contrato IRDB)

A unidade grant (conceder) tem 14 ocorrências, com a seguinte

combinação: (x) grant (y) A variável (x) substitui uma das partes. A variável (x)

substitui the powers and authority, a power of attorney, a security.

A unidade enter, com o significado de celebrar, apresenta 9 ocorrências,

com a seguinte combinação: (x) enter into (y) a variável (x) substitui bank, the parties

e a variável (y) substitui agreement, its obligations, this deed.

A unidade constitute apresenta 9 ocorrências com a combinação: (x)

constitute (y). A variável (x) substitui agreement, guarantee e a variável (y) substitui

gross negligence, a lien (uma garantia).

Page 92: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

91

A unidade assign (10 ocorrências), com o sentido de determinar e

prescrever, apresenta a seguinte combinação:

(x) assingns (y)

(x) indica the parties e (y) indica a subparticipation e the right.

A unidade subscribe, no sentido de obrigar-se, tem 5 ocorrências, com a

seguinte combinação: (x) subscribe to (y), onde (x) indica the parties, the shareholders

e (y) indica the obligations. Apresentamos o seguinte exemplo:

The shareholders shall subscribe to the obligations (contrato Joint Venture)

A unidade require, que reflete as exigências feitas por uma das partes,

apresenta 8 ocorrências, com a seguinte combinação:

(y) is required to (x)

Onde (y) indica the agreement, this deed e (x) indica be executed

Outras unidades de baixa freqüência que não foram coletadas neste

movimento, porém apresentam alguns tipos de relação de sinonímia com as unidades

acima são:

The parties will procure (contrato IRDB)

The shareholders compromise (contrato joint venture)

The parties will take action (contrato FCI)

MOVIMENTO 4 - Definir os termos chave

As definições permitem especificar as intenções das partes. Enrique A.

Varó e Brian Hughes (2002) estabelecem 3 categorias de definições: as extensivas, as

intensivas e as restritivas. As definições extensivas especificam as categorias

Page 93: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

92

individuais abrangidas por uma unidade genérica, como pode ser constatado na

definição da seguinte unidade, extraída do corpus de pesquisa:

“‘Despesas Elegíveis’ significa os gastos com bens, obras e serviços

mencionados na Seção 2.02 deste Contrato” (contrato governo do Brasil e

BIRD)

“Governmental authority means any nation or government, any state or

other political subdivision thereof, any Central Bank (or similar monetary or

regulatory authority and any entity exercising executive, legislative, judicial,

regulatory or administrative authority of or pertaining to government” (contrato export

finance)

As definições intensivas, por outro lado, limitam o leque de significados ou

conotações nos quais um termo específico deve ser compreendido no contexto de um

contrato particular. Vejamos o seguinte exemplo de definição intensiva do termo

impasse:

“Impasse significa qualquer situação que persistir por no mínimo 60

(sessenta) dias, sobre a qual uma deliberação ou aprovação dos Acionistas ou do

Conselho de Administração for necessária e, devido a uma grande divergência entre os

Acionistas, não pode ser deliberada”. (contrato governo do Brasil e BIRD)

“‘Brazilian currency’ means Brazilian Reais, the official currency of

Brazil” (contrato export finance)

As definições restritivas se aplicam a uma determinada cláusula ou termo

de um contrato, em decorrência de um prévio acordo entre as partes. São estipuladas

através de uma fórmula definitória que atribui clareza e restrição ao termo, conforme

apresenta o exemplo a seguir:

“Nesta cláusula, “Data da Cotação” significa, com relação a um período

para o qual uma taxa de juros deve ser determinada, o dia em que cotações são

Page 94: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

93

normalmente feitas por bancos de primeira linha no Mercado lnterbancário do EURO,

para depósitos em marco alemão EUROS, para entrega no primeiro dia desse

período.” (Contrato de Empréstimo TBM)

“For the purpose of this section, semester means the first six months or the

second six months of a calendar year” (contrato Import Finance)

O movimento de definir os termos chave contém 247 unidades

fraseológicas, representando 10,5% do total das 2.340 unidades registradas,

distribuídas da seguinte forma:

Português Inglês Total Com Pivô Sem Pivô Com Pivô Sem Pivô 30 45 102 70 247

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

O primeiro grupo das unidades sem pivô terminológico se caracteriza por

um conjunto de unidades que estabelecem uma relação interna entre as partes

constitutivas de contrato, ou entre essas partes e uma outra externa, através de um

vínculo referencial.

As principais unidades identificadas neste movimento são: mencionado,

disposto, de acordo com.

A unidade referencial mencionado, de maior freqüência neste movimento

(10 ocorrências), permite identificar um elemento, num determinado segmento do

documento contratual. Apresenta a seguinte combinação: (x) mencionado em (y). Em

todas as 10 ocorrências, a variável (y) refere-se a um segmento do contrato. A variável

Page 95: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

94

(x) apresenta várias alternativas que ilustraremos da seguinte forma: (x) mencionado

em (y)

Observamos que todas as 10 ocorrências registradas seguem exatamente a

mesma estrutura acima apresentada. (x) refere a o objeto mencionado e pode ser um

único substantivo, um substantivo seguido de um adjetivo qualificativo ou um

sintagma nominal. Vejamos os seguintes exemplos extraídos do contrato de

empréstimo governo do Brasil e BIRD:

Acordos administrativos escritos mencionados na Seção 3.05 deste

contrato. Gastos com bens, obras e serviços mencionados na Seção 2.02.

Os projetos mencionados nas Parte c.1 do Projeto.

Os convênios mencionados na Seção 3.06 deste Contrato.

O manual de implementação mencionado na Seção 3.03 deste Contrato.

Os projetos mencionados na Parte D.1.

Os convênios mencionados na Seção 3.06 (a) (i) deste Contrato.

A conta mencionada na Parte B do Apêndice 1 deste Contrato.

Os convênios mencionados na Seção 3.11 deste Contrato.

A segunda unidade de maior freqüência é disposto (7 ocorrências).

Apresenta a seguinte combinação: disposto em (x)

Em todas as 7 ocorrências, a variável (x) indica um documento anexo ao

contrato ou um segmento do próprio contrato. Apresentamos os seguintes exemplos

do contrato Governo do Brasil e BIRD:

De acordo com o disposto na Seção 3.03 deste Contrato

De acordo com o disposto no manual de implementação do projeto

A unidade de acordo com (5 ocorrências) apresenta a combinação: de

acordo com (x). Em todas as cinco ocorrências a variável (x) indica outra unidade

referencial disposto. Faz-se necessário entender se a referência contida nesse tipo de

Page 96: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

95

combinação estaria menos expressiva com a omissão da segunda unidade disposto.

Teríamos, então, a seguinte comparação com exemplos extraídos do mesmo contrato:

de acordo com o disposto na Seção 3.03 deste contrato

de acordo com a seção 3.03 deste contrato

Ao comparar as duas combinações acima, percebemos que a unidade

disposto, além da sua função referencial primária, acrescenta aqui o efeito do

ordenamento legal prescritivo do conteúdo da seção. É um diferencial constitutivo que

opõe o conjunto às partes.

Várias outras unidades que exercem também a mesma função referencial

apresentam uma freqüência mínima neste movimento. São elas: em conformidade

com, nos termos de, com base em, constante de, especificado em, oriundo de, previsto

em e vinculado a.

Mesmo sendo as unidades acima de baixa freqüência, elas são importantes

no que diz respeito à função referencial que desempenham no discurso jurídico. É

dentro desse contexto de língua de especialidade que elas formam com seus

coocorrentes unidades fraseológicas especializadas. Podemos ver como se dá este

fenômeno através das duas ocorrências da unidade especificada.

Na data especificada na seção (x)

Os significados ali especificados

No primeiro exemplo, a unidade fraseológica remete à questão dos limites

entre a linguagem comum e a linguagem de especialidade, conforme exposta na

fundamentação teórica do presente trabalho. Ao considerar apenas a unidade

vinculativa especificada precedida da variável data, ela constitui uma ocorrência da

linguagem comum. Entretanto, é neste caso seguida de um termo específico do

discurso jurídico que representa uma parte constitutiva dos contratos. O advérbio ali,

no segundo exemplo estabelece uma referência com um parágrafo, que é também

parte integrante do contrato.

Page 97: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

96

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

Nos contratos em inglês, a unidade de maior freqüência identificada, neste

movimento, é defined (29 ocorrências). Foi constatado que a unidade defined nem

sempre significa que algum termo foi definido. Às vezes, estabelece apenas uma

referência a um determinado segmento contratual. Assim, temos a seguinte

combinação: (x) defined (y), onde temos a variável (x) substituindo the terms e (y) no

lugar de above. Foi verificado que a combinação unidade fraseológica the terms

defined above não contém nenhuma definição na referência mencionada.

A segunda unidade de maior freqüência é set forth (24 ocorrências).

Apresenta a seguinte combinação: (x) set forth in (y), onde a variável (y) indica um

segmento ou a totalidade do contrato. Temos o seguinte exemplo, onde a variável (x)

diz respeito a uma definição: the meaning set forth in Section A (contrato IBRD)

As outras unidades são apresentadas em uma única lista, já que pertencem

todas à mesma combinação, onde a variável (x) refere a uma parte do contrato ou ao

contrato como um todo. Teremos as seguintes unidades fraseológicas com suas

respectivas freqüências:

a) with respect to the conditions 8

b) services referred to in Section 7

c) under the contract 7

d) in respect of the provisions 6

e) in accordance with the provisions 6

f) pursuant to the terms of the contract 5

g) in the form of exhibit A hereto 4

h) pursuant to the provisions 3

i) described above 3

j) in connection with the provisions 2

k) with respect to the terms 2

l) specified in section 2

m) covered by the clause 2

Page 98: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

97

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Português

Além das 45 unidades coletadas a partir do verbo significar, parte

integrante e caracterizadora deste movimento, foram identificados apenas 5 pivôs

terminológicos nos contratos em português. Tal fato se explica pela função definitória

do movimento que carece do instrumental performativo, caracterizado pelo conjunto

dos verbos e substantivos deverbais, que compõem o grupo dos pivôs terminológicos.

Com o verbo significar, temos 45 ocorrências, com a seguinte combinação:

(x) significa (y), correspondendo às 45 ocorrências encontradas nos contratos em

português. A variável (x) constitui qualquer termo cuja definição é necessária para

evitar qualquer ambigüidade no contrato, que porventura venha a ocasionar dúvidas

de interpretação. A variável (y) constitui a própria definição do termo, conforme foi

demonstrado na três categorias de definições apresentadas acima.

As outras unidades encontradas são: exigir, executar, execução, assumir,

conceder. Embora fossem encontradas essas unidades, não cabe registrá-las aqui, pois

são elas unidades fraseológicas que dizem respeito às especificações técnicas dos

produtos ou serviços, secundários quanto à execução e abrangência dos contratos. São

elas do tipo:

Executar as atividades escolares (contrato Governo do Brasil e

BIRD)

Projetos escolares a serem executados pelo município (contrato

Governo do Brasil e BIRD)

São referências feitas às atividades comuns exercidas por uma instituição,

cuja especificação técnica não remete a um conteúdo jurídico contratual.

Page 99: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

98

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Inglês

Nos contratos em inglês, foi encontrado o verbo mean com 70 ocorrências,

apresentando a combinação (x) means (y). Esta combinação segue o mesmo padrão de

ocorrência da combinação em português (x) significa (y), onde vimos que a variável

(x) indica um termo a ser definido em função da variável (y), a definição proposta

para o referido termo.

Foi identificada uma forma derivada do verbo mean, com freqüência 9. O

substantivo deverbal meaning apresenta a seguinte combinação: (x) shall have the

meaning of (y).

As outras unidades encontradas neste movimento, semelhantemente às

outras unidades encontradas em português, têm uma freqüência mínima inexpressiva.

São elas: enter, require, authorize, execute. Formam as seguintes unidades

fraseológicas com suas respectivas freqüências. Não são unidades fraseológicas

próprias deste movimento, apenas constam das definições.

a) obligations are required 4 (contrato IRDB)

b) banks are requested 3 (contrato TBM 2)

c) banks are authorized 3 (contrato IRDB)

d) enter into a contract 3 (contrato Import Finance)

e) banks have the power 2 (contrato Import Finance)

MOVIMENTO 5 – Estabelecer o ordenamento jurídico

É o movimento que especifica o ordenamento legal que rege o contrato. A

execução e o cumprimento das obrigações reciprocamente assumidas se logram no

campo jurídico. As partes, que negociam o contrato, expressam nitidamente o direito

de designar a lei que rege seus compromissos. Em determinados casos, as partes

Page 100: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

99

indicam um tribunal de arbitração que irá reger suas relações convencionais. Então as

leis aplicáveis conferem ao contrato maior fundamento em relação ao sentido e ao

cumprimento dos termos nele estipulados. Muitas vezes, nesse movimento, vem

especificado o foro de competência para dirimir quaisquer dúvidas oriundas do

contrato ou solucionar qualquer impasse que porventura venha a opor-se à

executabilidade do mesmo.

Conseqüentemente as unidades fraseológicas levantadas nesse movimento

mais uma vez provem a congruência das mesmas com a função inerente ao

movimento, conforme foi acima mencionado. Vejamos nos seguintes exemplos:

Fica eleito, para dirimir as questões decorrentes deste contrato, o foro

Central da Cidade de São Paulo, por expressa renúncia a qualquer outro foro (contrato

Banco Santos)

The construction, interpretation and performance of this Agreement shall

be governed by the laws of New York without regard to choice of conflict of law

principles which might mandate the application of the laws of another jurisdiction.

(contrato Empress)

Foram identificadas neste movimento 277 unidades em português e em

inglês, perfazendo 11% do total das unidades fraseológicas registradas, distribuídas da

seguinte forma:

Português Inglês Total Com Pivô Sem Pivô Com Pivô Sem Pivô 24 73 77 103 277

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

Do grupo das unidades sem pivô fraseológico, foram identificadas

combinações com oriundo e decorrente. A unidade de maior freqüência é oriundo

com 25 ocorrências, apresentando a seguinte combinação:

Page 101: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

100

(x) oriundo de (y)

A segunda unidade encontrada é decorrente (4 ocorrências), apresentando a

seguinte combinação:

(x) decorrente de (y)

A segunda unidade tem o mesmo significado da primeira. Ela identifica a

procedência da variável (x). Concluímos que as duas unidades desempenham a mesma

função referencial, remetendo exatamente às mesmas variáveis. Por conseguinte,

serão analisadas conjuntamente.

Nessas duas combinações, a variável (x) pode ser identificada como

dúvidas (19 ocorrências), questões (11 ocorrências), controvérsias (1 ocorrência) e

pendência (1 ocorrência). A variável (y), por sua vez, pode ser identificada como do

contrato (31 ocorrências), deste termo (1 ocorrência) e do presente instrumento (2

unidades). Ilustram-se da seguinte forma: questões oriundas deste termo (contrato

governo do Brasil BIRD) controvérsias oriundas do contrato (contrato governo do

Brasil BIRD) dúvidas oriundas deste contrato (contrato TBM) pendência decorrente

do presente instrumento (contrato CAGECE 2)

Percebemos, então, que todas as unidades sem pivô fraseológico,

apresentadas acima, sem exceção alguma, são próprias do movimento estabelecer o

ordenamento jurídico, que regem, além dos compromissos entre as partes, outras

imprevisíveis controvérsias.

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

Neste mesmo movimento foram identificadas, nos contratos em inglês, as

seguintes unidades:

Page 102: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

101

In accordance with

By

Under

arising out of

relating to

contemplated in

with respect to

A unidade de maior freqüência é in accordance with que apresenta a

seguinte combinação: in accordance with (x), onde a variável (x) representa the laws.

Temos o seguinte exemplo com 9 ocorrências :

In accordance with the law

A segunda unidade by (x) (5 ocorrências) exerce a mesma função

vinculativa da unidade de maior freqüência do grupo que é in accordance with (x),

onde a variável (x) é a mesma da primeira unidade, indicando as leis.

Outra combinação de freqüência menor é under (x) (2 ocorrências), sendo a

variável (x) referindo-se à mesma variável law dos casos precedentes.

A unidade with respect to (5 ocorrências) apresenta a seguinte combinação:

With respect to subject matter.

Diferente das outras unidades acima que se referem às leis, um conjunto

regulador superior externo ao contrato, mas que estipula suas convenções jurídicas

regedoras dos princípios contratuais, esta unidade remete a uma parte constitutiva do

próprio contrato.

As duas outras unidades contempladas aqui, arising e relating (1

ocorrência cada), apresentam , entre si, a mesma relação existente entre as unidades

oriundo e decorrente, observada na análise dos contratos em português, em relação ao

mesmo movimento. Temos, então:

(x) arising out of (y)

Page 103: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

102

(x) relating to (y)

A variável (x) substitui any claim e a variável (y) substitui this agreement.

Observamos que as combinações em inglês e as combinações em português, baseado

no princípio da total equivalência, formam as unidades fraseológicas chave para

identificação deste movimento. Isso fica claro, quando comparamos diretamente as

combinações em português e em inglês:

questões oriundas deste termo (contrato TBM)

controvérsias oriundas do contato (Contrato de Empréstimo e Hipoteca)

dúvidas oriundas deste contrato (contrato Empréstimo e Hipoteca)

pendência decorrente deste contrato (contrato TBM)

any claim arising out of this agreement (contrato BSN)

any claim relating to this agreement (contrato Export Factor)

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Português

Para efeito de registro deste grupo, foram coletadas as seguintes

combinações, consideradas ocorrências restritas a esse movimento. Para indicação do

foro de jurisdição, obtemos:

as partes elegem o foro de (y)

fica eleito o foro de (y)

o foro será de (y)

o foro é de (y)

A primeira combinação é a de maior freqüência (17 ocorrências). È

formada a partir do pivô fraseológico eleger na voz ativa que expressa a vontade das

partes. A segunda combinação de maior freqüência (17 ocorrências) é formada a partir

do mesmo pivô fraseológico eleger, numa construção passiva onde o verbo ficar é

usado como verbo auxiliar. Há, portanto um deslocamento do foco de atenção das

Page 104: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

103

partes, conforme observado no caso anterior para o foro, como principal elemento de

destaque. As duas outras combinações são formadas com o verbo de ligação ser.

Outra unidade caracterizadora desse movimento é o verbo dirimir (27

ocorrências). É apresentada na forma: dirimir (y), onde a variável (y) pode ser

substituída por dúvidas (19 ocorrências) ou questões (8 ocorrências). Foi observada

uma ocorrência única que estabelece uma relação de sinonímia com as outras

ocorrências, onde o pivô fraseológico dirimir é substituído por solucionar, unidade

que não foi considerada em razão da sua baixa freqüência.

Apresentamos o seguinte exemplo deste movimento extraído do nosso

corpus de pesquisa:

As partes elegem o foro da comarca de Fortaleza-CE, como o único

competente para dirimir quaisquer dúvidas oriundas deste contrato, com expressa

renúncia de qualquer outro, por mais privilegiado que seja. (contrato de Empréstimo e

Hipoteca)

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Inglês

As unidades com pivô fraseológico coletadas neste movimento em inglês

são: govern, construe, bring, enforce e submit.

As unidades govern e construe, com 13 ocorrências cada, vêm apresentadas

na voz passiva. O verbo govern, no sentido aqui de reger, introduz as leis às quais se

submetem os acordos entre as partes. O verbo construe, por sua vez, tem o sentido de

interpretar, ou seja, ditar a forma da lei na qual o contrato será julgado. As duas

unidades estão inseridas numa única fórmula que resulta em um forte elemento

identificador do movimento, nos contratos em inglês.

Page 105: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

104

O pivô fraseológico govern apresenta a seguinte combinação: governed by

(x), com 13 ocorrências. A variável (x) pode substituir a unidade sem pivô

fraseológico by the laws.

Com a unidade construe (13 ocorrências), obtemos as seguintes

combinações:

Construed under the laws

Construed in accordance with the law

Vejamos um exemplo extraído do corpus de pesquisa, onde as duas

unidades fraseológicas são utilizadas como uma única fórmula identificadora do

movimento das leis aplicáveis:

“This agreement shall be governed by and construed under the laws of

Brazil.” (Contrato TBM 2)

O objeto a ser regido e interpretado diz respeito ao contrato, que em todas

as ocorrências acima, é representado pelo substantivo agreement. A inserção do verbo

shall aqui não implica na marca do futuro, mas conforme iremos sugerir mais adiante,

uma forma verbal corresponde ao verbo dever usado em português, para expressar

necessidade ou obrigação.

Outra unidade usada neste movimento é o verbo bring (10 ocorrências),

usado na voz passiva. Apresenta a seguinte combinação: (x) may be brought in (y). A

variável (x) substitui a palavra court, conforme podemos observar no seguinte

exemplo:

“any suit may be brought in court” (contrato Export Factor)

Foram identificadas 2 outras unidades de freqüência menor (2 ocorrências

cada) que estabelecem uma relação de equivalência com a combinação anterior.

Então, temos:

Page 106: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

105

Any legal action may be enforced in any jurisdiction (contrato Export Factor)

The parties submit to the court (contrato Export Financing)

O primeiro exemplo é apresentado na voz passiva, igual ao exemplo

anterior. O objeto legal any suit é sustituido por any action. A combinação may be

brought é substituída pela combinação may be enforced. A autoridade judicial

representada pelo termo court é substituída por jurisdiction.

O segundo exemplo é apresentado na voz ativa, com as variáveis (x) e (y),

indicando as partes do contrato que submetem à mesma corte o acordo entre elas.

Então, percebemos claramente que, tanto nos contratos em português

quanto nos contratos em inglês, há unidades fraseológicas equivalentes que permitem

identificar a função do movimento. A comparação estará ilustrada nas tabelas em

anexo.

MOVIMENTO 6 – Estabelecer as Representações

Este movimento contém cláusulas que estabelecem os princípios da boa fé

das partes, asseguram a garantia da qualidade e executabilidade do objeto do contrato,

determinam o direito de atuação de cada parte no contrato, e a conjetura legal no qual

o contrato é celebrado. Este movimento é de suma importância para garantir o

empenho das partes, com base em algo material e sólido. Apresentamos os seguintes

exemplos:

“A Mutuária concorda, de acordo com o Código Civil Brasileiro, que ela

apresentará a Propriedade à Mutuante como garantia pelo reembolso do Principal. De

acordo com o Código Civil Brasileiro, a Mutuária concede ainda à Mutuante um

direito real de garantia em e para todas as benfeitorias ora existentes ou que venham a

ser construídas na mesma, inclusive mas não limitado a estradas, prédios, fábricas de

Page 107: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

106

empacotamento, câmaras frigoríficas e equipamento, geradores de eletricidade,

sistemas de irrigação, máquinas, veículos, computadores, software e todo

equipamento ou outra propriedade tangível ou intangível” (contrato de Empréstimo e

Hipoteca)

“The Borrower agrees, in accordance with the Brazilian Civil Code, that it

shall submit the Property to the Lender as a guaranty for repayment of the Principal

and grants to the Lender a security interest in the property. In accordance with the

Brazilian Civil Code, the Borrower further grants the Lender a security interest in and

to all improvements in or on the Property, either now existing or hereafter constructed

thereon, including but not limited to roads, buildings, packing houses, freezer

chambers and equipment, electricity generators, irrigation systems, machinery,

vehicle, computers, software and all other equipment or other property, tangible or

intangible” (contrato Loan and Mortgage)

Este movimento conta 277 unidades fraseológicas em português e em inglês,

equivalendo a 11% do total das unidades fraseológicas, distribuídas da seguinte

forma:

Português Inglês Total Sem Pivô Com Pivô Sem Pivô Com Pivô 24 73 77 103 277

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

A combinação de maior freqüência neste movimento é previsto em (x) ,

com 15 ocorrências. A variável (x), em todas as 15 ocorrências, substitui a unidade

referencial modalidades que, a pesar da sua baixa freqüência na contagem geral do

Wordlist, merece destaque aqui, porque apresenta uma relação de sinonímia com

outras unidades de maior freqüência, como na forma de e nos termos de. A variável

(y), por sua vez, substitui o próprio documento legal. Vejamos o seguinte exemplo:

Page 108: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

107

nas modalidades previstas no contrato (contrato Sobral 3)

A segunda unidade de maior freqüência é de acordo com (9 ocorrências). A

terceira unidade é nos termos de, com 8 ocorrências. Apresentam as seguintes

combinações:

De acordo com (x) 9

Nos termos de (x) 8

A variável (x), em 8 combinações acima, indica uma instância superior à

qual sujeitam-se as partes ou segundo a qual configura-se a garantia proposta. Como

exemplo de (x), obtemos: a Constituição Federal, a Legislação Trabalhista e o Código

Civil Brasileiro. Nas outras 10 combinações, a variável (x) refere-se aos elementos

integrantes do documento legal. Pode substituir o contrato inteiro, parte do mesmo,

um parágrafo ou artigo.

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

As unidades sem pivô terminológico identificas nos contratos em inglês são

apresentadas abaixo, com suas respectivas referências:

a) under (x) 25

b) in accordance with (x) 12

c) in connection with (x) 11

d) with respect to (x) 9

e) contemplated in (x) 9

Todas as unidades acima exercem a mesma função referencial,

desempenhada pelas unidades sem pivô fraseológico no mesmo movimento, nos

contratos em português. A variável (x), também nos contratos em inglês, substitui os

termos laws (leis), terms (termos), agreement (acordo). Sendo assim, a variável (x)

Page 109: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

108

indica também uma instância superior, que são as leis (laws) que regem o contrato.

Em outros casos, a variável (x) refere-se aos elementos integrantes do contrato, aos

termos (terms) e ao próprio contrato (agreement).

Outras unidades sem pivô fraseológico, devido à variedade e à baixa

freqüência, serão apresentadas na seguinte lista com suas respectivas ocorrências no

movimento:

Related to the agreement 5

Pursuant to the terms 4

Relating to the loan 4

In respect hereof 3

In compliance with all applicable laws 2

As described in section A 2

Concerning the business 2

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Português

Neste movimento estabelecer as representações foram coletadas as

seguintes unidades:

a) garantia 25

b) execução 24

c) assegurar 10

d) assinatura 9

a) a primeira unidade de maior freqüência é garantia com 25 ocorrências.

Foram coletadas, a partir desta unidade, as seguintes unidades

fraseológicas:

será apresentada garantia 19

garantia prestada pela contratada 10

prestar garantia 6

Page 110: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

109

No primeiro exemplo, temos um verbo na voz passiva (prestada),

coocorrendo com a unidade garantia. Esse verbo é usado para indicar a transferência a

outrem, neste caso a outra parte envolvida, posse ou propriedade de alguma coisa. No

segundo exemplo, o verbo apresentar é usado também na voz passiva, com o mesmo

sentido do verbo prestar. O terceiro exemplo corresponde ao primeiro, porém

apresentado na voz ativa.

A segunda unidade de maior freqüência é execução com 24 ocorrências.

Apresenta a seguinte combinação: execução de (x). A variável (x), em todas as

ocorrências, substitui contrato. O substantivo deverbal execução tem aqui a mesma

função performativa do verbo executar. Vejamos o seguinte exemplo:

execução do contrato (CAGECE 12)

A terceira unidade assegurar tem 10 ocorrências, todas na voz passiva,

apresentando a seguinte combinação:

É assegurado a (x) o direito.

A variável (x) substitui uma das partes que recebe como garantia certo

direito para viabilizar a celebração do acordo entre as partes.

a) Com a unidade assinatura, são registradas 9 ocorrências, apresentando a seguinte

combinação:

assinatura de (x)

A variável (x), em todas as ocorrências refere-se a contrato. Esta unidade

fraseológica constitui a finalidade a que se propõe a garantia exigida, porque

entendemos que a execução do contrato se dá a partir da assinatura do mesmo. A

assinatura do contrato é o ato final que torna efetivo o acordo entre as partes.

Page 111: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

110

Outras unidades identificadas no movimento que não foram coletadas

devido à sua freqüência mínima (1), apresentam unidades fraseológicas, onde a

variável (x) refere-se a direitos e obrigações previstos no contrato. Vejamos os

seguintes exemplos:

conceder um direito (contrato Banco Santos)

celebrar seus direitos (contrato Sobral 1)

exercer seus direitos (contrato Joint Venture)

exercício de seus direitos (contrato Banco Santos)

o contrato constitui obrigações legais e válidas (contrato Joint Venture)

Unidade Fraseológica com Pivô Terminológico em Inglês

As principais unidades de maior freqüência coletadas nos contratos em

inglês são:

execution

execute

delivery

deliver

represent

warrant

constitute

perform

performance

comply

enter

assign

A unidade de maior freqüência é execution, que apresenta a seguinte

combinação: the execution of (x), onde a variável (x) refere-se ao termo agreement,

Page 112: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

111

que é o contrato em questão. Execution é um substantivo deverbal derivado do verbo

execute, o qual compõe 14 ocorrências.

As combinações coletadas a partir do verbo execute são as seguintes:

execute (x) e (x) executed. Vejamos as seguintes unidades fraseológicas:

the transaction executed 10

to execute this agreement 6

No primeiro exemplo, o verbo é usado na forma infinitiva, e no segundo na

forma de um particípio adjetivo. Em ambos os casos, a variável (x) indica o acordo

entre as partes, ou as transações decorrentes deste.

A unidade delivery (10 ocorrências) apresenta a seguinte combinação:

delivery of (x) – onde a variável (x) refere-se a agreement, que é o contrato em

questão. A unidade delivery entre numa relação de sinonímia com a palavra de maior

freqüência neste movimento, que é execution.

A unidade deliver apresenta 7 ocorrências, com as seguintes combinações:

deliver (x) 5

(x) (delivered) 2

As cinco ocorrências estão na voz ativa, e a variável (x) substitui

agreement. As duas outras combinações, onde a unidade delivered está na forma de

um particípio adjetivo a variável (x) indica uma transação.

As unidades represent e warrant (8 ocorrências cada) são identificadas na

mesma unidade fraseológica, sendo coletadas em 8 contratos. Têm como função

introduzir as representações e garantias. Usadas em conjunto, as unidades expressam

uma fórmula chave para identificação do movimento, já que constam na maioria dos

contratos que o compreendem este. Vejamos o seguinte exemplo:

The exporter represents and warrants to the bank as folows (contrato TBM 2)

Page 113: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

112

Foi identificada neste movimento uma combinação de freqüência mínima

usada num contrato, no mesmo movimento, como uma forma alternativa à combinação

anterior. Temos então:

The exporter undertakes and covenants to the bank as follows (contrato

Loan and Mortgage)

A correspondência entre as duas combinações não se baseia no significado

individual dos termos undertakes e covenants, mas no sentido de que as partes se

comprometem em apresentar algo em forma de garantia.

A unidade constitute (9 ocorrências) apresenta a combinação constitui (x).

A variável (x) substitui obrigação (5 ocorrências) e default (4 ocorrências).

Apresentamos os seguintes exemplos:

This agreement constitutes its legal, valid and binding obligation (contrato

Export Finance)

To constitute a default (contrato Joint Venture 2)

No primeiro exemplo, percebemos que entre constitutes e obligation são

usados vários adjetivos que têm significado muito próximo entre si.

É um caso que merece atenção, e que será apreciada detalhadamente mais

adiante. Convenhamos dizer aqui que os adjetivos legal, valid e binding permitem

estabelecer diferenciações, impossíveis de serem expressas numa única palavra.

As unidades enter, perform, performance entram numa relação de

sinonímia com a unidade de maior freqüência do movimento, que é execution. Elas

apresentam as seguintes combinações:

perform (x) 6 the performance of (x) 6

enter into (x) 5

Em todas as 17 combinações, a variável (x) indica o acordo.

Page 114: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

113

A unidade comply (5 ocorrências) apresenta a combinação: comply with the

requirements que expressa a necessidade das partes concordarem com as obrigações

estipuladas no contrato para sua execução.

A unidade assign (5 ocorrências), apresenta a seguinte combinação: assign

its right. Esta combinação diz respeito à execução dos direitos das partes. Outras

combinações, de freqüência menor, estabelecem uma relação de equivalência com a

última unidade. São elas:

exercise its right ( contrato Export Factor)

authorize the execution (contrato IBRD)

fulfill its obligation (contrato SM international)

have full power and authority (contrato Loan and Mortgage)

MOVIMENTO 7 – Apresentar as testemunhas

O testemunho confere ao acordo o caráter contratual, limitando às partes o

direito de executabilidade do objeto do contrato ou de reivindicação quanto à

executabilidade do mesmo. Tal direito é restrito apenas às partes em questão,

impossibilitando, por tanto, qualquer terceira parte de fazer qualquer incursão judicial,

independente da mesma ser considerada beneficiada. Também neste movimento, as

assinaturas são impressas de forma legível. No caso de uma das partes ser pessoa

jurídica, sua capacidade legal ou profissional consta junto com a assinatura. Temos

como exemplos:

“EM TESTEMUNHO DO QUE, as partes executaram este contrato em

(data). Assinam a seguir.” (contrato Joint Venture)

“IN WITNESS WHERE OF the parties hereunto have duly executed this

agreement this (date).” (contrato Joint Venture 2)

Page 115: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

114

O presente movimento tem 210 unidades fraseológicas, sendo 8,6% do total

das unidades coletadas. Apenas 40% dos contratos em inglês contêm este movimento,

enquanto o mesmo consta em todos os contratos em português. As unidades são

distribuídas da seguinte maneira:

Português Inglês Total Sem Pivô Com Pivô Sem Pivô Com Pivô 41 126 16 27 210

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Português

A única unidade sem pivô terminológico identificada, com uma freqüência

considerável, é na norma de (x), onde a variável (x) refere-se à lei. Esta combinação

abundante nos contratos em português, com 15 ocorrências, preceitua a legalidade

daquilo tudo que foi acordado no contrato.

Foram identificadas 5 outras combinações com freqüência mínima cada.

São elas:

na data acima mencionada (contrato Banco Santos) em conformidade com

o disposto do artigo (contrato SM Factoring) no dia e ano acima estabelecidos

(contrato de Fomento Mercantil Internacional) na forma do artigo (contrato de

Fomento Mercantil Internacional)

Estas duas combinações, ao contrário da combinação de maior freqüência

na norma da lei, remete apenas a um segmento do contrato.

Page 116: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

115

No entanto, a característica maior deste movimento concernente às

unidades sem pivô, é o uso de unidades que estipulam a finalidade de algo. Temos as

seguintes combinações:

para um só fim de direito 16

para que surta seus efeitos legais e jurídicos 5

para um só efeito 2

Unidades Fraseológicas sem Pivô Terminológico em Inglês

Foram identificadas 12 unidades sem pivô terminológico nos contratos em

inglês:

as therein described

in connection with the law

in accordance with the Section

upon the law

As poucas ocorrências das unidades sem pivô terminológico, tanto nos

contratos em português quanto em inglês, indicam, talvez, uma peculiaridade do

movimento, que tem um caráter conclusivo.

As outras ocorrências coletadas dizem respeito à data da assinatura do

contrato. São apresentadas nas combinações a partir da unidade sem pivô

terminológico as of (x) : onde a variável (x) substitui a data da execução do contrato,

como no seguinte exemplo:

as of the date first written above 8

Page 117: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

116

Unidades com Pivô Terminológico em Português

As unidades com pivô terminológico coletadas no movimento das

testemunhas foram agrupadas de acordo com os tipos de combinação encontrada. O

primeiro tipo identificado diz respeito à assinatura do contrato e apresenta as seguintes

combinações:

assinar (x) 27

firmar (x) 3

Na primeira combinação, a variável (x) substitui: presente instrumento,

presente, contrato e presente termo.

Na combinação firmar (x), a variável (x) substitui: presente instrumento e

presente.

O segundo tipo de unidade identificada trata da condição de executabilidade

do contrato. São 22 ocorrências com a unidade contratada, distribuídas da seguinte

forma , com suas respectivas freqüências:

E por estarem assim justos e contratados 17

E por estarem ... justo e contratado 1

E por estarem assim ... contratados 4

Percebemos que na segunda combinação, a ausência do advérbio assim, que

significa deste modo, não ocasiona nenhuma mudança de significado. Na terceira

combinação com a ausência do adjetivo justos, que significa aqui ajustados, não

ocasiona tampouco mudança alguma de significado.

Foram identificadas outras combinações que têm o mesmo significado da

combinação de maior freqüência apresentada acima. São elas apresentadas, com suas

respectivas freqüências.

Page 118: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

117

Por estarem assim justos e combinados 1

Por estarem de acordo 1

Por assim haverem acordado 3

Por em encontrarem assim justa, avindas e acordadas 1

O último exemplo apresentado acima nos fornece mais um caso de

sinônimos usados juntos.Vimos anteriormente, que o uso de sinônimos permite

estabelecer fortes nuanças que uma única palavra não conseguir expressar. Porém,

percebemos aqui que as três palavras têm exatamente o mesmo significado. Justas tem

o sentido de ajustadas e avindas significa acordadas. No entanto, a intenção do

redator talvez seja oferecer um leque de possibilidades que esgotam uma certa

finalidade.

Foram ainda encontradas 3 combinações totalmente diferentes, porém que

estariam executando a mesma função das combinações apresentadas acima:

Em testemunha que

Em testemunha do que

Em fé do que

O terceiro tipo é identificado a partir da unidade testemunhas (27

ocorrências). É usado quando é preciso arrolar mais testemunhas para assinatura do

contrato, além das partes envolvidas. Obtemos as seguintes combinações:

na presença das testemunhas adiante nomeadas 15

na presença das duas testemunhas 5

na presença das testemunhas abaixo firmadas 3

na presença das testemunhas abaixo assinadas 1

conjuntamente com as testemunhas instrumentárias 1

juntamente com duas testemunhas 1

Page 119: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

118

Unidades Fraseológicas com Pivô Terminológico em Inglês

Nos contratos em inglês, a unidade de maior freqüência coletada é witness

(14 ocorrências). Forma uma combinação única que é o principal elemento

identificador desse movimento nos contratos em inglês. Temos:

In witness where of

A segunda unidade de maior freqüência é execute (11 ocorrências). 5

ocorrências estão na voz ativa, apresentando a combinação execute (x), conforme

apresentamos no seguinte exemplo, onde (x) substitui deed:

The obligor has executed this deed (contrato TBM 2)

A outra combinação está na voz passiva, com a segunda combinação (x) to

be executed, conforme o seguinte exemplo:

The parties have caused this agreement to be executed (contrato Empress)

Com a unidade delivered (4 ocorrências), temos uma combinação na voz

passiva (3 ocorrências) e uma na voz ativa (1 ocorrência). Vejamos os seguintes

exemplos:

The parties have caused this agreement to be delivered (contrato IBRD)

The parties have delivered this agreement (contrato Loan and Mortgage)

Com o verbo sign, temos apenas 2 ocorrências na voz passiva:

The parties have caused this agreement to be signed (contrato Export Finance)

Observamos que os contratos em português, além de compreenderem quase

todos os movimentos apresentar as testemunhas, têm uma densidade maior em relação

às unidades com pivô terminológico registradas. No entanto, ressaltamos que os tipos

de unidade são os mesmos nos contratos em português e em inglês, o que auxilia na

caracterização do movimento em função das unidades coletadas.

Page 120: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

119

Nesse capítulo de análise das fraseologias, descrevemos a distribuição das

unidades fraseológicas nos principais movimentos dos contratos que formam o corpus

de pesquisa. Percebemos que a correspondência entre as unidades fraseológicas em

português e em inglês se dá de forma semelhante, nos diversos movimentos. No

entanto, as pequenas oscilações de freqüência entre as unidades de um mesmo

movimento em inglês e em português não influem na caracterização do gênero.

Convém relembrar que o corpus de pesquisa em português é constituído de 29

contratos, enquanto o corpus em inglês contem apenas 21. Além disso, os contratos,

nas duas línguas, não têm um tamanho padrão, o que pode influir na contagem das

ocorrências.

Page 121: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

120

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho, analisamos a fraseologia no gênero contrato. Descrevemos

os diferentes movimentos retóricos que compõem esse gênero. Verificamos a

distribuição das unidades fraseológicas dentro de cada movimento. Analisamos a

relação entre cada movimento e o tipo de unidades fraseológicas que o compõe. O

corpus de análise é composto de contratos em inglês e português, o que possibilitou

visualizar a fraseologia, nas duas línguas, dentro dos movimentos.

No capítulo 1 fizemos a apresentação da nossa pesquisa, mostrando sua

importância, em resposta às necessidades sociais do mundo moderno. Propomos

estudar a fraseologia nesse gênero para atender às necessidades reais de tradutores e

redatores, que carecem dos recursos apropriados para o uso adequado das complexas

estruturas presentes nos contratos.

No capítulo 2 abordamos a fundamentação teórica da terminologia, levando

em conta a colaboração das diferentes escolas. Definimos os critérios para o

tratamento das unidades fraseológicas e dos movimentos, com base na proposta de

Gouadec (1993). Vimos a questão do gênero textual e os tipos de contrato nacional e

internacional.

No capítulo 3 descrevemos algumas etapas do processo de análise do

corpus, tendo como instrumento de análise o WordSmith e apresentamos a estrutura

retórica do gênero contrato.

No capítulo 4 apresentamos um modelo de análise para a distribuição das

unidades fraseológicas nos movimentos, levando em conta os critérios de freqüência e

estereotipia.

Page 122: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

121

Os resultados da pesquisa demonstram que cada movimento tem um tipo de

fraseologia própria. As unidades fraseológicas sem pivô terminológico apresentam

uma freqüência diferenciada, de acordo com o movimento. Além disso, as

combinações que apresentam, variam de acordo com a função do movimento. As

unidades com pivô terminológico, por sua vez, permitem identificar a função de cada

movimento.

A identificação do gênero contrato é de grande importância para o trabalho

do tradutor, porque leva a identificação das funções constantes nesses tipos de texto, e,

por conseguinte, permite entender a natureza do texto. Quando o tradutor entende,

muito bem, a função de cada movimento do gênero, ele consegue transpor as barreiras

das equivalências lexicais e das equivalências sintáticas, que incluem a ordem das

palavras, a passividade e a nominalização. Considerando as dificuldades impostas pelo

trabalho de traduzir formas convencionadas e outras unidades fraseológicas que

compõem os contratos, é importante que o tradutor entenda o gênero textual para

tornar seu trabalho mais eficaz.

O estudo da fraseologia pode tornar mais proveitoso o ensino de uma

língua. Por exemplo, alunos de direito demonstram dificuldade para redigir textos

especializados, na língua materna, a exemplo de petições, procurações ou contratos. A

identificação do gênero textual permite relacionar unidades fraseológicas com as

diversas funções que compõem a estrutura dos textos.

Sugestão de Continuidade

As sugestões que são apresentadas neste trabalho são extraídas da análise

dos dados de pesquisa. Durante o tratamento dos dados, foi observada a freqüência

elevada de shall. Kenneth (2004), chama a atenção para o uso exagerado e indistinto

de shall nos contratos. Para ele shall é um verbo auxiliar modal que deveria ser usado

Page 123: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

122

de acordo com a gramática, para expressar o tempo futuro, ou um verbo modal com

sentido de obrigação. Acrescentou que o uso gramatical foi abandonado pelos

redatores de contratos.

O emprego de shall, para expressar o caráter de obrigatoriedade de uma

ação, seja talvez mais adequado do que will ou must. No entanto, o uso de shall para

transmitir o efeito vinculativo inerente aos contratos carece de propósito. Por exemplo,

ao estipular as leis que regem o contrato, lê-se, na maioria dos casos: this agreement

shall be governed by the law of Ceará, quando para o efeito de normalidade e

governabilidade do contato, a substituição de shall por will, torna-se mais adequada.

Para efeito de pesquisa, não apenas no gênero contrato, mas também em

outros gêneros, sugerimos pesquisar o emprego de shall ou de outros verbos modais,

para expressar obrigatoriedade ou necessidade.

Outra sugestão de pesquisa, que se origina deste trabalho, é o emprego de

sinônimos nos contratos, ou outro tipo de texto do âmbito jurídico. Muitas vezes,

sinônimos habituais são preferidos a uma única palavra, porque há fortes nuances que

uma só palavra não consegue estabelecer. É verdade que vários sinônimos possam ser

necessários quando uma cláusula abrange todo um leque de possibilidades. No caso

das cláusulas que dizem respeito às leis reguladoras, podemos encontrar os seguintes

sinônimos: this agreement shall in all respects be interpret, construed, and governed

by and in accordance with the laws of (x). Seria, então, interessante pesquisar como o

tradutor irá encontrar termos correspondentes para cada uma dos sinônimos: interpret,

construed, governed, sem ser, no entanto redundante ou simplista.

Page 124: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

123

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ADAMS, Kenneth A. A manual of style for contract drafting. ABA Press, 2004.

AUGER, P. La teminologie au Québec et dans le monde de la naissance à la maturité. Terminogramme, n.68, Quebec, Office de la Langue Française, p. 68-72, 1993.

BAKER, M. Corpora in Translation Studies: an overview and sugestion for future research.Target 7, London, p. 223-243, 1995.

BALLY, Charles. Traité de stylistique française. Paris: Klincksieck, V 1, p. 70, 1951.

BERBER SARDINHA, Tony. Complicação e anotação de um corpus de português de linguagem profissional. São Paulo: PUC, 2000.

___________________, Usando WordSmith Tool na investigação. Sao Paulo: Pontifica Universidade Católica, 1999.

BEVILACQUA, Cleci. A fraseologia jurídico-ambiental. Tese de Mestrado. Universidade. UFRGS, 1996.

BHATIA, V.K. Analysing genre: language use in professional settings. New York: Longman, 1993.

BLAIS, Esther. Le phraséologisme. Une hypothése de travail. Terminologies Nouvelles, 10, Bélgica, RINT, 1993.

BONINI, A. Gênero Textual como signo Lingüístico: os reflexos da tese da arbitrariedade. Revista Linguagem em Discurso. Tubarão: Centro de Pós-Graduação de Tubarão, 1999.

BORJA, Anabel. Estúdio descriptivo de la tradución jurídica. Tese de Doutorado. Universidade Autônoma de Barcelona, 1998.

BOULANGER J.C. Presentation: images e pareceres de la socioterminologie. Meta V.Xl (2), p, 195 – 05 (s/d)

Page 125: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

124

CABRÉ, Maria T. Princípios Teóricos sobre la terminología, ámbito y unidades de estudio Barcelona: Universitat Pompeu Fabra, Institut Universitari de Lingüística Aplicada, 1999.

___________________, Traducción y Terminologia: Representacíon y comunicacíon. Barcelona: Universitat Pompeu Fabra, Institut Universitari de Lingüística Aplicada, 200

DESMET, Isabel. Propositions pour la recherche en Phraséologie Contrastive. Université de la Sorbonne. Paris, 2002.

FIALA, Pierre. Pour une approche discursive de la phraséologie. Remarques en vrac sur la locutionalité et quelques points de vue qui se rapportent, sans doute. Langage et société, nº 42, Maison des sciences de l’homme, p. 32, 1987.

FILLMORE, Charles J. Innocence: a second idealization for linguistics. Berkeley linguistic society, v.5, p. 63 – 76, 1979.

FONTENELLE, Thierry. Towards Construction of Collocational Database for Translation Student. Meta, v. 39, p. 46 – 47. 1994.

GOUADEC, Daniel. Extraction, description, gestion e explication de entités phraséologiques. Terminologies Nouvelles, 10, Bélgica, RINT, p. 83-91, 1993

GUTIERREZ RODILLA, B. M. La ciencia en la palabra: análise e historia del lenguaje científico. Barcelona: Península, 1998.

KENNETH, A. Adams. A Manual of Style for Contract Drafting. New York: ABA Press, 2004.

KRIEGER, Maria G. et al. Terminologia das leis do meio ambiente. Tradterm, v. 6, p. 143 – 169. 2000.

KRIEGER, Maria G. Finatto, Maria J. B. Introdução á Terminologia: Teoria e prática. São Paulo: Editora Contexto, 2004.

LAKOFF, G. Women, Fire and Dangerous Things: what categories reveal about the mind. Chicago: University of Chicago Press, 1987.

LAVIOSA, Sara. The English Comparable Corpus. Manchester: UMIST, 1998.

MOTTA – ROTH, D. Rhetorical features and disciplinary cultures: a genre based study of academic book reviews in linguistics, chemistry and economics. Florianópolis, 1995. Tese de Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina.

PASTOR, Glória C. Manual de fraseologia española. Madrid: Gredos, 1996.

PEARSON, Jennifer. Terms in context. Philadelphia: John Benjamim, 1998.

Page 126: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

125

PESANT, Ghislaine; Thibaut, Etelle. Terminologie et coocurrence dans la langue du droit. Terminologies Nouvelles, v. 10. Rint. P. 23 – 35. 1993.

RONDEAU, G. Introduction à la terminologie. Québec: Université laval, 1984.

SAGER, Juan C. Curso práctico sobre el processamiento de la terminología. Madri: Biblioteca del libro, 1993.

SANCHEZ, A. Definicion e historia de los corpus. Madrid: Cumbre, 1995.

SINCLAIR, J. Corpus, concordance, Collocation. Oxford: Oxford University Press, 1991.

SOURIOUX, J.L., LERAT, Pierre. Le langage du droit. Paris, P.U.F., 1975.

STOYANOVITCH, K. La théorie du contrat. Paris, Sirey, t. XIII, p 89-98, 1968.

STRENGER, Irineu. Contratos Internacionais do Comércio. São Paulo: editora Ltda, 1998.

SWALES, John M. Genre Analysis: English in academic and research settings. New York: Cambridge University Press, 1990.

TEMMERMAN. R. Terminology Theory and Terminography in a Natural Language Processing Environment. Revue Française de Lingüistique Appliquée, v. III – 2, p. 29 – 46, 1998.

_____________________, Towards New Ways of terminology Description: the sociocognitive approach. Amsterdam: John Benjamins, 2000 a.

VARÓ, Enrique A; HUGHES, B. Legal Translation Explained. ST Jerome Publishing. Manchester, 2002.

WÜSTER, Eugène. Die allgemeine Terminologielehre. Linguistics, v. 119, p. 61 – 90, 1974.

__________________, Introducción a la teoría general de la terminología y a lexicologia terminológica. Barcelona: Université Pompeu Pabra, 1998.

Page 127: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

126

ANEXOS

Page 128: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

127

ANEXO I

FRASEOLOGIA NOS CONTRATOS COMERCIAIS

Movimento 1 – Identificar o objeto do acordo Unidades Fraseológicas sem pivô terminológico Português Inglês denominado (x) 43 referred as (x) 17 designado (x) 12 called (x) 04 chamado (x) 10 under (x) 03 contido em (x) 09 in accordance with (x) 02 indicado em (x) 06 em conformidade com (x) 05 mediante (x) 04 na forma de (x) 02 de acordo com (x) 03 sob (x) 02

Unidades Fraseológicas com pivô terminológico

Português Inglês celebrar (x) 24 enter (x) 12 firmar (x) 04 organize (x) 08 fazer (x) 04 make (x) 02 constituir (x) 01

Page 129: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

128

ANEXO II

FRASEOLOGIA NOS CONTRATOS COMERCIAIS

Movimento 2 – Estabelecer as credenciais

Unidades Fraseológicas sem pivô terminológico

Português Inglês mediante (x) 02 under (x) 10 constante em (x) 01 pursuant to (x) 07 previsto em (x) 01 subject to (x) 06 descrito em (x) 01 with respect to (x) 05 consoante (x) 01 set forth in (x) 05 in respect of (x) 05 upon (x) 04 described in (x) 03 in the form of (x) 02 as provided in (x) 01 by the terms of (x) 01 as defined therein 01

Unidades Fraseológicas com pivô terminológico Português Inglês concordar em (x) 06 enter into (x) 20 conceder (x) 03 agree to (x) 10 garantir (x) 03 request (x) 04 dispor a (x) 01 guarantee to (x) 03

grant (x) 02

Page 130: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

129

ANEXO III

FRASEOLOGIA NOS CONTRATOS COMERCIAIS

Movimento 3 – Especificar o acordo Unidades Fraseológicas com pivô terminológico Português Inglês execução de (x) 50 agree to (x) 83 executar (x) 44 undertake (x) 16 obrigar (x) 37 comply with (x) 15 cumprimento de (x) 31 exercise (x) 14 cumprir (x) 19 entitle to (x) 13 obedecer (x) 13 perform (x) 10 concordar com (x) 10 execute (x) 09 assinatura de (x) 09 execution of (x) 09 assinar (x) 08 constitute (x) 09 firmar (x) 07 enter in (x) 08 garantir (x) 07 require (x) 07 assegurar (x) 05 assign (x) 05 comprometer de (x) 05 deliver (x) 01 acordar em (x) 05 delivery of (x) 01 exercer (x) 04 supersede (x) 01 exercício de (x) 04 consent to (x) 01 outorgar (x) 04 carry out (x) 01 observar (x) 03 take action to(x) 01 constituir (x) 03 prevail (x) 01 assumir (x) 03 deem (x) 01 conceder (x) 03 on demand by (x) 01 autorizar (x) 01 subscribe (x) 01 grant (x) 01 procure (x) 01 Obs: outras unidades de baixa freqüência coletadas são: elabora (x), exigir (x) agir de acordo com (x) contrair (x), pactuar (x), ajustar (x). Em inglês temos: compromise to (x).

Page 131: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

130

ANEXO IV

FRASEOLOGIA NOS CONTATOS COMERCIAIS Unidades fraseológicas sem pivô terminológico Português Inglês previsto em (x) 113 in the firm of (x) 65 de acordo com (x) 45 in respect of (x) 38 estabelecido em (x) 38 with respect to (x) 25 nos termos de (x) 39 pursuant to (x) 24 de conformidade com (x) 28 in the manner specified in (x) 20 relacionado com (x) 20 subject to (x) 20 perante (x) 19 in accordance to (x) 17 descrito em (x) 16 upon (x) 17 pertinente a (x) 15 in connection with (x) 13 estipulado em (x) 13 on the terms of (x) 13 oriundo em (x) 13 specified in (x) 10 referido a (x) 10 set forth in (x) 09 constante em (x) 10 referred to (x) 07 decorrente de (x) 08 under (x) 06 mencionado em (x) 06 emanada de (x) 06 conforme (x) 03 Obs: foram identificadas outras unidades de baixa freqüência neste movimento. Em português, temos: da forma (x) e com base em (x). Em inglês temos: designated in (x), contemplated in (x), associated to (x), concerning (x), arising from (x), listed in (x), stated in (x), described in (x), mentioned in (x), related to (x), as (x)

Page 132: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

131

ANEXO V

FRASEOLOGIA NOS CONTRATOS COMERCIAIS Movimento 4 – Definir os termos chave Unidades fraseológicas sem pivô terminológico Português Inglês mencionado em (x) 10 defined in (x) 29 disposto em (x) 07 set forth in (x) 24 de acordo com (x) 05 with respect to (x) 08 referred to (x) 07 under (x) 07 in respect of (x) 06 in accordance with (x) 06 in the form of (x) 05 pursuant to (x) 04 Obs: outras unidades de baixa freqüência foram coletadas. Em português, temos: em conformidade com (x), nos ermos de (x), com base em (x), constante de (x), especificado em (x), oriundo de (x), previsto em (x), vinculado a (x). Em inglês, temos: in connection with (x), with respect to (x), specified in (x), covered by (x). Unidades Fraseológicas com pivô terminológico Português Inglês significar (x) 45 mean (x) 70 have the meaning of (x) 09 require (x) 04

authorize (x) 03 have the power to (x) 02

Page 133: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

132

ANEXO VI

FRASEOLOGIA NOS GÊNERO CONTRATO

Movimento 5 – Estabelecer o ordenamento jurídico Unidades sem pivô terminológico Português Inglês oriundo de (x) 25 in accordance with (x) 09 decorrente de (x) 04 by (x) 05 with respect to (x) 05 under (x) 01 relating to (x) 01 contemplated in (x) 01 arising out of (x) 01

Unidades com pivô terminológico

Português Inglês eleger (x) 34 govern (x) 13 dirimir (x) 27 construe (x) 13 bring (x) 10 enforce (x) 02

submit (x) 02

Page 134: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

133

ANEXO VII

FRASEOLOGIA NO GÊNERO CONTRATO

Movimento 6 – Estabelecer as representações

Unidades sem pivô terminológico Português Inglês previsto em (x) 15 under (x) 25 de acordo com (x) 09 in connection to (x) 12 nos termos de (x) 08 contemplated in (x) 09 related to (x) 05 pursuant to (x) 04 relating to (x) 04 in respect to (x) 02 in compliance with (x) 02 as described in (x) 02 concerning (x) 01

Unidades fraseológicas com pivô terminológico

Português Inglês garantia de (x) 25 execution of (x) 16 execução de (x) 24 execute (x) 14 assegurar (x) 10 delivery of (x) 10 assinatura de (x) 09 deliver (x) 09 conceder (x) 01 represent (x) 08 celebrar (x) 01 warrant (x) 08 exercer (x) 01 constitute (x) 07 exercício de (x) 01 perform (x) 06 constituir (x) 01 performance of (x) 06 comply with (x) 05 enter into (x) 05 assign (x) 05 Obs: outras unidades de baixa freqüência foram coletadas. São elas: exercise (x), authorize (x), fulfill (x), have power to (x).

Page 135: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

134

ANEXO VIII

FRASEOLOGIA NO GÊNERO CONTRATO

Movimento 7 – Apresentar as testemunhas

Unidades fraseológicas sem pivô terminológico Português Inglês nas normas de (x) 15 as described in (x) 08 mencionada em (x) 01 in connection with (x) 01 em conformidade com (x) 01 in accordance with (x) 01 estabelecido em (x) 01 upon (x) 01 na forma de (x) 01 as of (x) 01

Unidades fraseológicas com pivô terminológico

Português Inglês assinar (x) 27 witness(x) 14 firmar (x) 22 execute (x) 11 contratar (x) 03 sign (x) 02 em testemunha (x) 03 acordar (x) 03 combinar (x) 01

Page 136: A FRASEOLOGIA DOS TERMOS JURÍDICO- FINANCEIROS NO

135

ANEXO IX

Distribuição Estatística das Unidades Fraseológicas

Português Inglês

Movimento Sem pivô

Com pivô

Total Sem pivô

Com pivô

Total Total de unidades

96 39 135 26 23 49 184 71% 28% 53% 46%

10% 4% 7%

1. Identificar as partes % em relação ao movimento % em relação ao total 15% 6% 4% 3%

6 13 19 50 40 90 109 31% 68% 55% 44%

(1,5%) (7%) (4%)

2. Estabelecer as credenciais % em relação ao movimento % em relação ao total 0,9% 2% 0,9% 0,6%

406 281 687 303 277 580 1267 59% 40% 52% 47%

(54%) (49%) (52%)

3. Especificar o acordo % em relação ao movimento % em relação ao total 64% 45% 50% 47%

30 45 75 102 70 172 247

40% 60% 59% 40%

(5,9%) (14%) (10%)

4. Definir os termos chave % em relação ao movimento % em relação ao total 4,7% 7,2% 17% 12%

29 44 73 23 40 63 136

39% 60% 36% 63%

(5%) (5,3%) (5,5%)

5. Estabelecer o ordenamento jurídico % em relação ao movimento % em relação ao total

4,5% 7% 3,8% 6,8%

24 73 97 77 103 180 277

24% 75% 42% 57%

(7%) (15%) 11%

6. Estabelecer as representações % em relação ao movimento % em relação ao total 3% 11% 12% 17%

41 126 167 16 27 43 210

24% 75% 37% 62%

(13%) (3,6%) (8,6%)

7. Apresentar as testemunhas % em relação ao movimento % em relação ao total 6,4% 20% 2,6% 4,6%

Total de Unidades 632 621 1253 597 580 1177 2340