Ação Popular Nos Bairros de Salvador

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    INSTITUTO BZIOS, O rganizao da Soc iedade Civil de Interesse Pblico OSCIP, rec onhec idapelo Ministrio da J ustia (Processo MJ n. 08026.001014/2004-04).Endereo: Rua Professor Isaas Alves de Almeida , 222 Ed. Chapa da dos G uimares,Sala 34B,Costa Azul.CEP:41.760-120, Salvador BahiaTelefones: 71.9102-3139 / 71 3342-4707e-mail: [email protected]

    2008Salvador - Bahia

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    SUMRIO

    OBJETIVOS GERAIS DO MOVIMENTO DE BAIRROS

    DIAGNSTICO DA REALIDADE - ESTUDO SOCIAL

    RELAO VANGUARDA / MASSA

    TRABALHO CULTURAL NOS BAIRROS

    COMUNICAO E IMPRENSA COMUNITRIA

    EDUCAO / ALFABETIZAO POPULAR NOS BAIRROS

    ASSOCIAO DE MORADORES

    ENTIDADES GERAIS DO MOVIMENTO

    FEDERAO DAS ASSOCIAES DE BAIRROS DE SALVADOR FABS

    MOVIMENTO DE DEFESA DOS FAVELADOS - MDF

    CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES - CMP

    RELAO DOS MOVIMENTOS DE BAIRROS COM OS NCLEOS E COORDENAES ZONAIS DO PT

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    OBJ ETIVOS GERAIS DO MOVIMENTO DE BAIRROS.

    Numa formao social como a nossa, em que as particularidades do Capitalismodependente empurram para os bairros e/ou favelas carentes de condies mnimas devida, enorme parcela da populao, o trabalho poltico nestes locais de moradia temgrande importncia para o desenvolvimento da luta que travamos contra o sistemacapitalista. Para que entendamos o desenvolvimento desordenado e acelerado dascidades, devemos atentar para dois processos simultneos: por um lado, o grandecontigente de trabalhadores que migram do campo para a cidade em busca de melhorescondies de vida e trabalho; por outro lado, nas cidades, apesar de constituirem-se emMetrpoles, o seu efeito de atrao sobre a populao maior que a sua capacidade deemprego e de atendimento a sade, educao e habitao.

    A populao desses bairros e/ou favelas, tem uma composio diversificada, que vaidesde operrios assalariados (ligados aos setores de servios, construo civil), at ochamado semiproletariado (biscateiros, guardadores de carros). Alm disso temos umgrande contigente de donas de casa e pequenos comerciantes. devemos ficar atentos aesses setores no operrios, identificando suas particularidades, pois, no trabalho debairros, devemos trabalhar igualmente com os setores operrios e os no operrios.

    A atividade operria e suas lutas se do na produo dos bens da sociedade (universode produo), enquanto as lutas dos bairros se do em torno do consumo desses bens(universo de consumo). Por isso que em ambos os setores, os objetivos polticos declasse unificam suas lutas, mas existem particularidades tanto no processo deorganizao como encaminhamento destas lutas. Reflete-se nos bairros e/ou favelas acontradio Capital X Trabalho existentes nas fabrica, onde se coloca o choque diretoentre operrios e patres, do ponto de vista da lutas econmicas. No bairro coloca-se oconflito do operrio e dos setores populares, com a sociedade capitalista de forma global,

    representada pelo Estado burgus responsvel pelas condies de vida nestes locais.A clara percepo destas questes nos permite compreender melhor a relao entre otrabalho nos bairros e/ou favelas e o trabalho fabril e suas respectivas especificidade noprocesso de luta.

    evidente que a principal frente de trabalho deve ser o Movimento Sindical, por ser estesetor a principal fora organizada no interior do proletariado, no processo detransformao revolucionria da sociedade.

    Os trabalhadores, participam em lutas de fbricas, nos bairros e nos sindicatos. Mas, nas fbricas onde os trabalhadores sentem mais intensamente suas contradies com o

    atual sistema. Por isso devemos centrar esforos no Movimento Sindical, sem contudo,assumirmos uma posio dogmtica, no compreendendo o peso de cada frente de

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    trabalho na construo da revoluo socialista, em cada conjuntura e na realidadeconcreta.

    Neste sentido, devemos entender que entre os objetivos do trabalho nos bairros est ode articular-se com o Movimento sindical, fortalecendo as lutas fabris e sindicais,orientando os trabalhadores a participarem das lutas de suas categorias e atuarem nossindicatos.

    DIAGNSTICO DA REALIDADE - ESTUDO SOCIAL

    Enquanto direo e fora revolucionria, temos tambm que nos preocupar com critriospolticos mais definidos, para traarmos uma linha de prioridade scio-geogrfica, emrelao s reas e bairros ou invases mais importantes a serem atingidas. Na escolhade bairros prioritrios no devem pesar apenas os aspectos objetivos (populaonumerosa, grande concentrao do proletariado), mas tambm os aspectos subjetivos

    (tradio de luta, presena de contato de bom nvel poltico, movimentaes no momentoatual, etc). Existem vrios mtodos para pesquisarmos a realidade local:

    1. Levantamento direto, atravs da vanguarda emergente, realizando entrevistas com osmoradores e lideranas locais (que conhecem alguns problemas locais, sendo essesconhecimentos mais ou menos superficiais e insuficientes), sendo portanto necessrioconhecer mais em profundidade a extenso desses problemas, para melhor qualificara nossa atuao nos bairros.

    2. Levantamento indireto atravs de documentao j existente com relatrios, estudos edados estatsticos.

    Nos interessa conhecer:a) As condies geogrficas das reas, proximidades ou no com centros industriais

    importantes.

    b) A populao, sua origem, sua composio de classes.

    c) Os recursos sociais: abastecimento de gua, luz, esgoto, transporte, mercado, sadepblica e assistncia mdica. Cabe hierarquizar os principais problemas enecessidades sociais.

    d) As instituies governamentais, ou no, de natureza assistencial que existam no local:

    e) A legislao e os direitos legais dos moradores.

    f) modo de vida da populao, o modo de sentir, a linguagem.

    g) As tradies, costumes e usos.

    h) A sua histria, como e quando surgiu.

    i) As organizaes de massas existentes, sua importncia real.

    j) Identificar e caracterizar as organizaes de direita e seus representantes.

    Temos que centrar foras nos locais prioritrios e trabalhar secundariamente com oscontatos que surgem em reas consideradas secundrias. Estes conjuntos de dados,pesquisas, sistematizaes nos permitir maior clareza para elaborar uma poltica de

    prioridades.

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    Alm disso, as lutas por melhorias nos bairros, tais como: gua, esgoto, escolas,saneamento, urbanizao, sade, creches, etc., cumprem uma funo social determinadapara a comunidade em questo, e no devem ser vistas apenas como forma depenetrao para atividade poltica.

    Porem, se cada uma dessas melhorias cumpre uma funo social particular, sabemosque as diversas frentes de trabalho existentes num determinado bairro no se sustentaisoladamente. Assim devemos ter bem claro a importncia das diversas frentes detrabalho em cada bairro, por exemplo: a luta por gua deve envolver os jovens, asmulheres, deve ser discutida na escola, etc; o grupo de teatro deve trabalhar em cimadas lutas existentes, auxiliando e reforando-as. Na verdade, o trabalho de bairro otrabalho conjunto de frentes de um local de moradia, articulado atravs de sua entidaderepresentativa. A separao dessas frentes alm de ser burocrtica, leva a umdistanciamento de nosso objetivo poltico geral, de elevar o nvel de conscincia eorganizao dos moradores, podendo cair no mero assistencialismo. S a integrao detodas essas lutas permite que os moradores vejam o conjunto dos seus problemas e suacapacidade de luta. nesse aspecto, da integrao dos moradores do bairro e unificao

    de sua lutas, que se coloca a importncia da ASSOCIAO DE MORADORES comoinstrumento de luta capaz de realizar esta tarefa, representando de fato os anseios dopovo em cada bairro.

    Enfim, ao desenvolver o trabalho de bairro, nosso objetivo geral o mesmo que temos noMovimento sindical e nos demais setores populares, que fazer a revoluo socialista.

    Lutar pelo socialismo, hoje, nos bairros, principalmente desenvolver as lutas pormelhores condies de vida, que um objetivo permanente das massas populares.Porm, esta luta por melhores condies de vida s ter conseqncia se no visarapenas as melhorias imediatas, mas se estiver a servio da mobilizao, conscientizaoe organizao, o que implica em adequar s lutas parciais um processo de agitao epropaganda poltica. Assim, toda interveno nos bairros populares, todas as lutas pormelhorias, as atividades de lazer, cultura, etc., devem se dar no sentido de cumprir esteobjetivo geral. Da mesma forma, o nosso trabalho poltico partidrio e eleitoral devemvisar, no somente a derrota eleitoral do governo e a eleio de socialistas para oparlamento, mas essencialmente, a mobilizao popular.

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    RELAO VANGUARDA / MASSAS

    Uma das tarefas principais dos socialistas no dia de hoje a transformao do PT noParido dirigente das classes trabalhadoras, na perspectiva da construo do Socialismono Brasil. As correntes de esquerda que esto hoje, fora do PT, so apenas o PCB e PCdo B. 1Temos que deixar claro para a sociedade que o nico partido, hoje capaz de lutarcontra o capitalismo e apontar formas de organizao do imenso contigente das massasexploradas o PT.

    fundamental compreender que para que isso ocorra as direes do PT devem est

    ligadas s massas na sua vida cotidiana, e no s em perodos eleitorais. Existemdirees afastadas da vida diria das massas que no so capazes de no momentoeleitoral se fazer entender.

    A riqueza do movimento de massas faz surgir direes intermedirias (vanguardaemergente), numerosas lideranas surgidas nas lutas concretas travadas pelostrabalhadores e pelo povo, sem que tais lideranas sejam forjadas de uma ideologiamarxista revolucionria. Neste sentido, a tarefa de construo partidria no Brasil passapela fuso da vanguarda poltica com essa direo intermediria das lutas. Isto significa,em outras palavras, a necessidade da esquerda revolucionria buscar um processo deintegrao com as massas populares. Portanto, necessrio acompanhar de perto essa

    luta, participar delas, conviver com o povo, integrar-se no o seu dia-a-dia. S assim essafuso se dar plena e satisfatria, fazendo surgir uma verdadeira vanguarda poltica , odestacamento avanado das classes trabalhadoras. Essa uma grande tarefa dossocialistas hoje: fazer com que a vanguarda emergente se transforme em vanguardapoltica ideolgica.

    No trabalho de bairro no podemos subestimar essa questo da integrao com asmassas, nem nos limitar a cumprir uma determinada funo social numa comunidade, enada mais. No devemos relutar em assumir uma poltica de integrao mais ofensiva (edevemos combater os que relutam).

    correto procurar uma integrao mais efetiva com a comunidade local tal como: jogarfutebol, participar das festas locais, bloco de carnaval, etc. O erro est em separar tudoisto da poltica. Evidentemente que pensar em se integrar com as massas sem ter apoltica no posto de comando cair no populismo barato. dentro de algum tempoestaramos extremamente integrados a comunidade, mas constataramos que o nvel deconscincia e organizao da massa no teria se elevado. Contudo, a atitude inversa to prejudicial quanto o populismo. trata-se de s mostrar interesse em discutir polticacom a massa. como se a poltica fosse algo totalmente parte da vida cotidiana dasmassas. Essa uma viso doutrinarista e elitista.

    Devemos procurar, tendo uma linha poltica como diretriz, a maior integrao possvelcom a populao local. O objetivo ter a relao mais profunda possvel com a massa e

    1 Excetuando-se o MR 8 desse campo, considerando seu acentuado processo de direitizao.

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    politizar ao mximo essa relao. O mais importante estar integrado a vida do bairro eser reconhecido como algum que participa efetivamente da vida comunitria.

    A construo da vanguarda poltica significa forjar essa direo nas lutas concretas, ouseja transformar a vanguarda emergente na direo poltica a partir de umasistematizao e orientao poltica dessas lutas. Devemos colocar a poltica no posto decomando na nossa atuao nos bairros populares. Nesse sentido errneo considerardireo todo aquele morador que se ressaltar pelo seu discurso mais radical. Devemoster cuidado com o investimento poltico nas pessoas que de direo tenhamexclusivamente um discurso mais politizado. Muitas vezes so pessoas imobilistas,distantes das lutas, descrentes da luta no momento travada, cheia de desviosideolgicos, apesar do domnio do discurso poltico. A verdadeira vanguarda poltica seforma nas lutas e no fora delas. Por isso, o fortalecimento do nosso projeto de um Brasilsocialista depende no somente da vanguarda poltico / ideolgica hoje organizada, mastambm do avano de um movimento de massas fortes e unificado sob sua direo.Assim, ao intervir nos bairros o nosso objetivo fazer desenvolver as lutas e aorganizao das massas, e a partir delas nos aproximarmos da parcela avanada e no o

    contrrio, que seria ganhar moradores desconsiderando as lutas por interesses reais(mesmo que imediatos) das massas.

    Na relao com a vanguarda emergente local devemos buscar evitar duas atitudes. Aprimeira a de abafar a tal direo e procurar substitu-la na relao mais direta com amassa. A outra atitude oposta, ou seja, o imobilismo, a errnea compreenso de que onosso papel s de travar a luta ideolgica, ajudar a elevar o nvel de conscincia, masno de participar diretamente de nenhuma luta, pois tambm incorreto ficarmos amargem das lutas polticas e econmicas locais, como se no tivssemos nada a ver comisso. Como elemento plenamente ligado a vida comunitria local, toda luta nossa luta:Temos um papel, inclusive, de politizar nossa relao com a direo social do local para

    que essa direo assuma e dirija as lutas.Os companheiros de bairros, devem ter uma preocupao, com o discurso, muitas vezesviciado, com uma linguagem tipicamente intelectual ou do politiqus - o que leva a umadificuldade no processo de integrao. No se trata, evidentemente de mudar totalmentenossa linguagem, nossa maneira de ser, comeando a falar errado ou a andar malvestido de maneira tpica que o pequeno Burges tem para fantasiar-se de popular. Mastrata-se de ter o jogo de cintura necessrio para evitar os excessos de nossa postura elinguagem elitista.

    Na nossa relao com a massa e com a vanguarda emergente local temos de aplicarsempre o mtodo materialista da crtica e autocrtica, como o nico que nos permite

    realmente avanar no rumo da superao dos nosso erros e desvios. Isto implica emreconhecer o papel desta direo mas negar-se a ter uma postura de donos da verdadeabsoluta. necessrio viver e aprender com a massa. Por outro lado, precisocompreender que existe diferenas entre ser liderana e ser vanguarda emergente. Umagrande liderana de massas, no necessariamente um dirigente poltico. nestesentido que precisamos ir alm no processo de gestao dessa vanguarda emergente,oferecendo alternativas claras no campo da organizao poltica aos elementos maisavanados. Existe de forma mais ou menos corrente, em vastos contigentes da esquerdaopinio de que bom ter uma certa moderao no tratamento das questes propriamentepolticas no seio dos movimento socais para no assustar a massa, ou ainda por ach-la

    inapta para compreender as coisas da poltica.Pois bem, essa atitude de moderao acaba, invariavelmente, por excluir a poltica dapauta de relacionamento dessa direo com a massa, levando-as quando muito, a falar

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    das questes e lutas econmicas e a fazer uma propaganda meio expontnea da questodo socialismo enquanto uma forma de organizao econmica da sociedade do futuro,sem refletir mais claramente sobre o fato de que a condio para a construo dessanova forma de sociedade est na questo da tomada de poder pelo proletariado e seusaliados.

    Essas limitaes presentes na vanguarda emergente do movimento de massas, encontra-se motivadas por duas ordens de problemas. Numa concepo espontnea adquiridahistoricamente da relao formal que a esfera poltica sempre guardou com asnecessidades objetivas das massas, e que sempre levou essas parcelas de ativistas adeixar a realizao da poltica nos limites daquilo que a burguesia considera lugar oficiale institucional para tanto. Evidentemente alguns companheiros protestam comveemncia diante de tal afirmao dizendo que ficam constrangidos em levar polticapara o meio do povo com receio de se isolar ou ainda, por respeitarem o nvel deconscincia das massas. Por mais justos que paream esses temores uma coisa certa:quem ir realizar semelhante tarefa seno os que esto comprometidos no processo delutas das massas?. Se a massa evolusse espontaneamente, a partir da sua conscincia

    da marginalizao econmica que sofre, sem a necessidade de construo de uma tticae de uma estratgica poltica que oriente a construo e prtica do trabalho de base, noestaramos aqui preocupados com a revoluo socialista, pois as lutas econmicas por sis j teria libertado h muito tempo os explorados pela opresso capitalista

    Todavia, o certo reboquismo patrocinado pelo respeito que se devotou ao atraso dasmassas, refletiu-se no grau de construo de uma direo poltica atrasada para omovimento de massas, num perodo histrico mais recente.

    Realmente no h como negar os erros e a falta de compreenso da maioria da esquerdapara aplicao de uma linha de massas justa, que devido a secundarizao domovimento popular, sempre a colocou falando de fora da dinmica desse movimento, enesse sentido, pautando-se por um radicalismo verbal e por um agitacionismo doutrinriopouco organizador.

    O constrangimento em levar uma prtica propriamente justa junto as massas no tem omenor fundamento na realidade imediata. Todo o clima de agitao social que mergulhouo pas a partir do momento em que os trabalhadores se fizeram presentes na cenapoltica com o surgimento do PT, abriram um imenso campo de trabalho poltico junto asmassas. Lastimavelmente, esse espao no tem sido devidamente ocupado pelas forasrealmente comprometidas com os interesses do proletariado. Ao contrrio o que temosassistido a perplexidade com que essas correntes se portam diante da luta poltica emcurso. Perplexidade esta que vai tendo como resultado deixar em aberto um espao

    poltico que vem sendo em certa medida, ocupado pela burguesia, como bem, demostra odesempenho de polticos oportunistas em bairros populares.

    O PT nesta conjuntura, um elemento de fundamental importncia como instrumento depolitizao dos moradores dos bairros populares, o melhor instrumento para viabilizaruma relao poltica orgnica entre as vanguardas emergentes e as amplas massaspopulares. Ele permite no somente a ampliao da propaganda propriamente poltica,como ainda um canal, escola de aprendizado de uma prtica poltico partidriaarticulada.

    Algumas foras de esquerda tem dificuldade em perceberem como se d esta ligao, o

    que as levam muitas vezes, a uma prtica equivocada. Vo para os bairros procurandoentrar em contato com os trabalhadores, e atravs dos locais de moradia, interferir naluta fabril e sindical, usando esta frente de bairros como mero instrumento de penetrao

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    no Movimento sindical, ignorando que nos bairros e favelas existem outros setoressociais e esquecendo as especificidade das lutas por melhores condies de vida nesteslocais. Evidentemente que ao no darem a devida importncia as lutas nos bairros, nopercebem como o trabalho de bairro se articula com o Movimento sindical, noenfrentamento das lutas econmicas e polticas nesta conjuntura e na perspectiva deconstruo do Universo de Produo e Consumo Socialista.

    TRABALHO CULTURAL NOS BAIRROS

    O trabalho cultural nos bairros populares, assumiu durante a ditadura militar, um papelrelevante no seio do movimento popular como um dos principais canais (alm dostrabalhos organizados junto igreja progressista) de resistncia falta de liberdade deorganizao das entidades representativas das camadas exploradas da populao.Atravs da articulao e atuao de grupos culturais se deu os primeiros passos para aretomada e reorganizao do movimento de bairros em Salvador.

    Com a desarticulao do espao de organizao e funcionamento do movimento debairros, o movimento de cultura popular assumiu uma importante funo na lutaideolgica contra a burguesia e o capitalismo.

    Cabe-nos, no trabalho de bairros, enquanto socialistas a importante tarefa detransformarmos o movimento cultural num instrumento de reforo e consolidao dasverdadeiras entidades representativas das comunidades; as Associaes de Moradores.Seja atravs da manuteno de atividades culturais desenvolvidas na prpria associao(comisso de cultura, cine-clube, grupo de dana, etc.), ou atravs de uma atuaoconjunta com grupos existentes e consolidados fora da estrutura da entidade (grupo de

    teatro amador, grupos de mulheres, negros, etc.), buscando sempre o objetivo maior deconsolidar a organizao independente dos moradores em sua entidade representativa.

    CULTURA POPULAR X SISTEMA CULTURAL BURGUS

    Sendo o Brasil um pas capitalista (sistema social que tem como base a explorao dohomem pelo homem), a nossa sociedade dividida em classes: ricos ou burgueses,classe mdia ou pequeno Burges, pobres ou proletrios. Nesta sociedade de exploraoos que possuem os meios de produo exploram a fora de trabalho e oprimem os que

    nada possuem de diversas formas: com baixos salrios, alto custo de vida, carga horriadesumana, analfabetismo, etc. resolvendo o destino da maioria sem consult-los, criandouma justia cega que s enxerga e defende os interesses dos ricos.

    SISTEMA CULTURAL BURGUS

    Este poderio econmico, social e poltico da burguesia torna-se poder cultural quandoeles tendo em mos o domnio da educao e de todos os meios de comunicao do pas(rdio, televiso, jornais, revistas, cinema, etc, etc.), utiliza-os para impor a ideologia

    burguesa, que tem como pressuposto bsico a desigualdade social de homens emulheres, que j nascem com potencialidade distintas e tem diferentes aptides, sendoportanto algo natural na sociedade, devendo cada homem e mulher utilizar-se dos seus

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    mritos para ascender socialmente, disputando em igualdade de oportunidades osdiferentes postos do mercado de trabalho. Como se manifesta na prtica estas idias?

    A igualdade na educao constatada a partir da simples observao das condiesmateriais nas escolas pblicas e do baixo nvel de ensino nelas ministrado, quecomparando com instituies da elite burguesa perdem de longe. crescente o nmerodaqueles que ficando sem vagas so obrigados a recorrer as escolas particulares.Nestas escolas de bom nvel de ensino, s estudam aqueles que possuem alto e mdiopoder aquisitivo (fazendo desta situao mais um fator condicionante de concentrao derenda, enfim da consolidao das desigualdade sociais.

    Observamos ento que: os filhos dos patres so formados nos melhores colgios paraserem os patres de amanh; o ensino oficial para o povo visa a formao de recursoshumanos para utilizao acelerada no modelo econmico adotado, e a formao de umexrcito de mo-de-obra desempregada que serve como meio de presso usado pelospatres para conter os salrios daqueles que esto empregados. Enquanto isso, agrande parcela dos que no acham estudo nem trabalho passam a ser marginalizadoscada vez mais e a se constituir em casos de cadeia para as autoridades de nossasociedade (meninos e meninas de ruas, violncia urbana, etc.).

    Verificamos com base nestes fatos que a educao que nos do antes de eliminar, oupelo menos diminuir as desigualdades, mantm e incentiva o crescimento das mesmas.

    Com relao aos meios de comunicao, eles servem de instrumentos para legitimarperante a massa, a explorao que promovida, mostrando em cada filme, novela, livros,etc., que naturalmente as pessoas nascem ricas ou pobre; que os pobres para melhorara vida basta trabalhar mais, puxar o saco dos patres e torcer para que um dia elesvoltem seus olhos e d-lhes uma classificao. Os pobres no devem ter ambio nempressa, pois se Deus pde esperar 7 dias para fazer o mundo, porque o operrio no

    pode esperar 7, 10, 30 ou 60 anos para melhorar de vida? Quem espera semprealcana, mesmo que seja depois da morte.

    As novelas da Globo (que renem em seus horrios milhes de espectadores) nosmostram que a vida um mar de rosas, que a nica coisa com a qual precisamos nospreocupar com a conquista de um grande amor.

    Os meios de comunicao em sua maioria limitam-se a realidade social do mundo emque vivem seus ricos proprietrios, e quando se reportam a fatos populares, apenas ofazem sob a tica burguesa de interpretao. O sistema cultural Burges tem bloqueado odesenvolvimento da cultura popular, mediante a criao de uma estrutura psicolgica queinculca uma justificao cada vez maior, das taxas de juros e maximizao de lucros.

    Impedindo assim a existncia do poder de captao dos problemas sociais, promovendoa alienao, procurando evitar que o povo vislumbre uma alternativa para a situao emque vive.

    CULTURA POPULAR

    o acmulo de conhecimento ou saber popular resultante da compreenso peloproletariado de sua prpria atividade prtica, criando assim, convices que secomprovam no dia-a-dia e so expressas por meio de linguagem, costumes, artes, etc. Aarte tem sido o principal meio de resistncia do saber popular atravs da materializao(s vezes da forma mais fantasiada) da aprendizagem popular em objetos, festas, afoxs,etc. (ver bumba-meu-boi no Maranho, blocos Afros, o caxixi no recncavo baiano, a

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    cermica paraense, etc. A burguesia tenta descaracterizar este tipo de cultura ou mesmodestru-la (geralmente transformando essas manifestaes em mercadoria turstica.Assim percebendo, que as concepes nelas expressas sobre a realidade entram emcontradio com a educao oficial, hbitos e teorias alienantes que nos so impostospela cultura oficial, que aos poucos, vo perdendo foras e mostrando-se sem validadediante da cultura das camadas sociais exploradas.

    importante que no caiamos na ingenuidade de achar que tudo que a massa extrai dapratica feito de maneira correta e significa avano de sua conscincia de classe,gnero e raa, as vezes, no passam de vises deturpadas da realidade.

    No obstante as limitaes que tem a aprendizagem espontnea da realidade pelo povo,este compreende por exemplo: o carter explorador das empresas; a diferena que existeentre suas famlias e as famlias ricas, que se ficarem esperando por Deus nunca sairodos barracos nem melhoraro de vida, embora esqueam disso quando esto em algumtemplo religioso); o povo sabe que os governos mudam mas as coisas continuam namesma. O que a massa no sabe como transformar esse estado de coisas, comoresolver seus problemas. Cabe ento sua vanguarda emergente, organizada earticulada pelos socialistas, estudar e sistematizar a sua prtica e a da massa, buscandoresolver as questes do que fazer.

    O Movimento de Cultura Popular

    Essa uma forma de luta ideolgica contribuindo para a luta poltica pela transformaosocial, visando a libertao do proletariado, e para isso utiliza a cultura popular como via

    de mobilizao, organizao e educao da massa, aproveitando a oportunidade queesse tipo de movimento oferece para atuar ao lado ou dentro dos mais diferentes setoresde bairro. Objetiva conscientizao, formao ou despertar o senso crtico naspessoas, possibilitando a estas discernir sua prpria realidade, o que lhe interessa e oque se choca com os seus prprios interesses. O movimento cultural nasce com acriao de um grupo que pode ser de teatro, cine-clube, dana, msica, poesia e/ououtras formas de arte verdadeiramente assumidas e comprometidas com os moradores.Nesta primeira fase de formao, este movimento composto apenas pelo que existe desemi-direo social (de gerao espontnea) na rea de trabalho.

    Ns socialistas temos ento a tarefa e fortalecer o grau de percepo social dos seus

    componentes, destruindo definitivamente as dvidas que lhes dominam. Demonstrandopor que esta sociedade e os princpios inseridos na cultura das classes dominantes (queanestesiam os proletrios) s servem queles que a criaram. aqueles que tem ascondies necessrias para se colocarem equiparados entre si, usufruindo dadesigualdade, liberdade e fraternidade na explorao e opresso da massa, para o roubodo produto do trabalho. indispensvel que esta discusso seja travada numa linguagemsimples e de preferncia com exemplos tirados do meio conhecido pelos componentes dogrupo. As discusses devem ser comeadas e mantidas paralelamente execuo dealguma atividade prtica pelo Movimento de Cultura Popular, pois no existe formaopoltica sem prtica poltica, se a teoria existe fundamentalmente para orientar aprtica. A partir da, vai se tratando de ampliar massivamente o trabalho.

    Posteriormente fase de estruturao acima explicitada, com o grupo j formadoconstituindo-se na direo social dos novos trabalhos que se iniciam, partimos para a

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    formao de outros grupos, que se unificam no Movimento de Cultura Popular, levandoem conta a abrangncia do termo cultura, para o aproveitamento das mais diversasoportunidades que aparecem neste sentido e podem fazer crescer o movimento. Estaampliao se d muito em cima da atrao que o Movimento de Cultura Popular exercesobre os moradores, como uma alternativa de lazer e como fonte de novosconhecimentos para a melhoria do nvel social.

    Estes grupos podem ser de teatro, cine-clube, poesias, dana, msica, etc., falaremosagora sobre alguns deles:

    1. GRUPO DE TEATRO POPULAR (Amador)

    Este tipo de teatro parte constituinte da cultura popular, estando assim intimamenterelacionado, o conceito de teatro popular com o nosso dia-a-dia.

    Teatro popular aquele feito pelo povo e para ele dirigido, com linguagem,

    representao e contedos dos trabalhos facilmente entendidos por todos, incentivandoa participao do povo na pea, inclusive no desfecho que ela possa ter. Um teatro, querefletindo a realidade social em que vivemos, provoque nas pessoas o despertar dosenso crtico que lhes permita encontrar solues (mediante questionamento dostrabalhos que lhes so apresentados), que visam a melhoria das suas condies devida. A arte de representao no se coloca para os participantes deste tipo de teatro,da mesma forma que entendida pelos autores, atores e atrizes do teatro Burgus. Noteatro popular a representao feita naturalmente, com a transposio do caso (fato)real que queremos representar para o palco, e este caso representado sem ferir ainterpretao que cada um de ns temos dos personagens como reflexo de nossa prpria

    vida. Se esses casos existem em nosso meio, em nossa sociedade, temos que interpret-lo globalmente em todos seus aspectos e luz do que ele realmente significa nessasociedade.

    Partindo do princpio que ns queremos mesmo fazer um teatro independente das regrasdo teatro burgus, fica claro que os principais fundamentos para que faamos boaspeas a compreenso da realidade em que vivemos e o comprometimento com aproposta de transformao da mesma.

    2. CINE-CLUBE

    uma iniciativa dos moradores de organizar o seu prprio cinema, constituindo-se emmais um canal de integrao social da comunidade, como um elo de aproximao entreos moradores, propiciando a troca de informaes e o fortalecimento da solidariedade eunio entre esses. O cine-clube est aberto entrada de todos aqueles que queiramparticipar, servindo como instrumento de atrao e promoo do Movimento de CulturaPopular, e de lazer para as crianas e adultos.

    O cine-clube tem por objetivo a melhoria do nvel cultural e social dos moradores,conforme os objetivos gerais do movimento. Deve escolher preferencialmente filmes deao, aventura ou humor, e que contribuam com uma mensagem de bom contedo

    social. Aps a exibio do filme devemos organizar debate sobre a relao do contedodestes com a realidade do bairro, os problemas que sofrem os moradores e/ou o povo emgeral, mostrando a necessidade de transformao social como meio de resolv-los, e a

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    importncia da participao de todos para a efetiva continuidade do cine-clube,procurando avaliar coletivamente o papel deste no bairro.

    O Movimento de Cultura Populardeve continuar avanando nas mais variadas aesno bairro, fazendo frente escassez de formas de lazer e cultura, depois, frente aproblemas que atingem a donas de casa, desempregados, negros, etc., e frente aproblemas gerais enfrentados pelos moradores.

    IMPRENSA COMUNITRIA

    A maioria dos jornais de bairro existentes em Salvador no tem conseguido efetivamenteuma integrao com a comunidade local. Isto se deve a falta de definio do objetivoclaro destes jornais, que permitam aos moradores a compreenso da importncia que ojornal possa ter como canal de discusso dos interesses da comunidade.

    Por outro lado, quando alguns destes jornais conseguiram alguma penetrao nos

    bairros, esse instrumento de comunicao no tornou-se uma via de integrao dacomunidade para o aumento do nvel de conscientizao dos moradores, e na maioriados casos limitaram-se a formar um grupo de semi-intelectuais, deslocados da vida dobairro. Portanto faz-se necessrio construo de jornais verdadeiramente populares,com um processo de total integrao com os moradores.

    O jornal deve ter como orientao principal para o feitio das matrias, o enfoque dosassuntos de maior interesse para a comunidade, desde o que se refere ao lazer,esportes, cultura s reivindicaes materiais e de melhores condies de vida.

    Neste sentido, cabe os executores do jornal, no s reportar-se s lutas gerais que

    estejam sendo levadas na cidade, mas tambm denunciar as pssimas condies de vidada comunidade, tentando mostrar a relao destas com a situao geral do pas.

    Esse jornal , na maioria das vezes, a nica forma existente de troca coletiva de idiasentre os moradores. Deve-se portanto, ser de linguagem simples e direta, que permitautiliz-lo amplamente.

    EDUCAO / ALFABETIZAO POPULAR NOS BAIRROS

    O golpe militar de 1964 atingiu em cheio o movimento de educao popular que seencontrava em ascenso e no momento de maior ativismo dos setores populares,instituies civis e at mesmo governamentais, desde 1959.

    A ditadura militar prende ou exila os principais ativistas do movimento de educaopopular e extingue todas as suas entidades, deixando totalmente de lado oenfrentamento do analfabetismo no pas. Em 1967 o regime militar cria o MovimentoBrasileiro de Alfabetizao MOBRAL, que comea a atuar em 1970, ao qual dado umprazo de 10 anos para acabar com o analfabetismo no Brasil. A ao do MOBRAL serestringia ao trabalho de pequenos grupos que atuavam isoladamente ou de gruposreligiosos, no conseguindo alterar positivamente o problema do analfabetismo. Algumasmodificaes foram tentadas atravs da implantao de vrios programas em suaestrutura em 73,74,75 e 76 mas o MOBRAL em crise, chegou ao ano de 1980deparando-se com o nmero absoluto de analfabetos superior ao que existia quando desua fundao. Os ndices levantados nesse ano confirmam a existncia de 30,9% de

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    analfabetos entre a populao maior que 05 anos no Brasil e ndices ainda maiores nonordeste, com a Bahia apresentando uma taxa de 49,65%.

    A retomada do movimento de educao popular ocorreu junto com a reorganizao domovimento popular como um todo, a partir de 1976, quando novos militantes e novasentidades foram surgindo. Entretanto o quadro que se apresentava era de grandesdificuldades. Se por um lado o problema do analfabetismo agravou-se com o fracassodas iniciativas oficiais, por outro, os poucos crculos de educao popular existentesencontravam novas dificuldades: no mantinham intercmbio de experincias devido asprecaues em relao a represso poltica e/ou s concepes autonomistas de seusorientadores; carncia de um projeto geral de educao popular para enfrentarglobalmente a questo do analfabetismo; a desmotivao de parcelas dos analfabetos,provocada pelo descrdito na experincia do MOBRAL; falta de espao fsico paracriao de novos crculos; falta de financiamento para a manuteno dos crculos emfuncionamento.

    A IMPORTNCIA DO TRABALHO DE EDUCAO POPULAR

    A enorme faixa de analfabetos da populao encontra-se quase que inteiramente margem da vida da nao. No lem, no escrevem, no votam, raramente participam deatividades polticas, no podem ascender a melhores condies de trabalho. Soportanto milhes de brasileiros, trabalhadores e explorados postos margem da histriae da vida poltica do pas.

    O trabalho de educao popular objetiva arrancar das garras do analfabetismo e daalienao esse contigente da populao, promovendo um processo de qualificao e

    conscientizao que alm do aprendizado da escrita e da leitura, permita-lhescompreender a estrutura da sociedade em que vivem; a importncia do trabalhador comosujeito transformador da realidade; A necessidade de organizao dos setores popularespara a obteno de conquistas sociais e polticas e para a construo de uma sociedadelivre e igualitria.

    A anlise de um sistema educacional est intimamente ligada anlise da estruturapoltica e econmica da sociedade em questo, portanto, nosso projeto de educaopopular em sua elaborao e implementao prtica considera o antagonismo entreclasses existente em nosso pas. Neste sentido, enfatizamos duas orientaes gerais:

    Em relao aos monitores dos crculos de educao, estes devem ser orientados e

    assistidos coletivamente propiciando o intercmbio de experincias, o debate depropostas, o processo de formao poltica, ressaltando o papel que desempenham comovanguarda, e agentes multiplicadores desse projeto.

    Em relao aos alfabetizandos, esses devem ser assistidos pelos monitores objetivandoampliar sua insero na sociedade, fomentando a discusso sobre a realidade poltica dacidade, do estado, do pas e a participao na associao, movimentos e gruposcomunitrios.

    A PRTICA DA EDUCAO POPULAR

    1 FASE: Formao de Monitores No processo de seleo dos candidatos amonitores, devemos discutir a nossa proposta de educao popular, a necessidade de

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    politizao e o compromisso deles com uma prtica concreta de aprendizagem dosalfabetizandos como sujeitos capazes de alterar a realidade poltica e social.

    Os cursos de formao devem ser ministrados no perodo de 10 a 15 dias, contemplandoa discusso dos seguintes temas: a estrutura da sociedade brasileira; histria das lutasdos trabalhadores por uma sociedade igualitria; estrutura do mtodo alfabetizador;importncia da organizao e mobilizao popular.

    Ao final do curso faz-se a avaliao do nvel de aprendizagem, identificando carncias enecessidades para serem tratadas nas reunies semanais de acompanhamento doscrculos, dando continuidade formao dos monitores. Nessas reunies sero relatadasas atividades, as experincias e as dificuldades encontradas em cada crculo.

    2 FASE: A Constituio dos Crculos Antes da criao de um crculo de educao ealfabetizao, os monitores devem fazer uma pesquisa com a populao sobre arealidade concreta da comunidade, e elaborar a partir desses contatos um vocabulriocontendo parte do linguajar cotidiano dos moradores. A pesquisa serve para subsidiar asdiscusses no crculo, estabelecer o contato direto entre o monitor e sua base de

    alfabetizandos, para a definio a partir do vocabulrio local das palavras geradoras2

    aserem utilizadas na aprendizagem da leitura e da escrita.

    Iniciado o crculo de educao e alfabetizao, os monitores devem ter comopreocupaes permanentes na continuidade do trabalho: garantir a participao de todosos alfabetizandos no processo de discusso, como condio essencial para umaaprendizagem conscientizadora; refletir com os alfabetizandos na interpretao dos fatospolticos e do cotidiano; estimular a confiana no grupo e deste em cada membro, para secontrapor ao clima de demasiada expectativa dos alfabetizandos em torno daaprendizagem da escrita.

    O MTODO DE EDUCAO POPULAR

    O mtodo do professor Paulo Freire3 preenche nossa necessidade de uma linhaprogramtica, propondo um processo de aprendizagem que ao mesmo tempo quealfabetiza desperta nos alfabetizandos uma compreenso crtica do mundo.

    Sobre a nossa experincia com a aplicao desse mtodo, destacamos dois pontos emrelao sua estrutura lingstica: o primeiro diz respeito forma de assimilao docdigo lingstico. Compreende-se que as palavras, a linguagem escrita, socompletamente estranhas ao analfabeto enquanto a linguagem falada no. Seapresentamos ao analfabeto um objeto concreto, uma cadeira, ele o percebe em seucontedo fsico porque conhece sobremaneira o objeto. O objeto tambm se torna por elepercebido se apresentado na forma da linguagem oral, ou de desenho. Isso porque oscdigos utilizados na fala obrigatoriamente apreendidos desde a infncia bem como odesenho representao automtica do objeto fazem parte da convivncia dosindivduos que falam a mesma lngua. J a linguagem escrita, requer a compreenso dosignificado do seu cdigo. Assim, a cadeira em sua forma real, representada na formaverbal, no desenho e na forma escrita, so expresses das diversas formas de percepodas coisas.

    2 Conforme mtodo de alfabetizao popular do professor Paulo Freire.3 A Mensagem de Paulo Freire, teoria e prtica de libertao. 1977 Biblioteca Nova Crtica, Edio de textosselecionados pelo INODEP.

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    Apreende-se ento a forma escrita da cadeira de maneira mais rpida, tendo-a comosmbolo completo e unificado, o qual para compreenso do vocabulrio lingstico deverser decomposto em suas partes: as letras. Assim, no processo de percepo inicial, oanalfabeto deve compreender a palavra no como resultado da conjuno das letras (C-A-D-E-I-R-A) mas como um smbolo completo que tem na sua composio as letras.

    Esse processo, alm de evitar a confuso com a mistura dos smbolos grficos (I)permite tambm, a compreenso da diversidade fonmica de nossa lngua.

    PROCESSO USADO:

    I. Percepo, apreenso e compreenso da palavra em sua totalidade:

    CADEIRA

    II. Apresentao da palavra dividida em suas slabas:

    CA-DEI-RA

    III. Identificao das letras que a compem:C-A-D-E-I-R-A

    Esse processo se d, logicamente aps o processo de discusso e apreenso real decada palavra (conscientizao) e se concretiza independente do limite de tempo, a partirdo cumprimento de cada itm anterior.

    O outro ponto que destacamos, a apresentao das famlias (slabas) nas fichas dedescoberta. O professor Paulo Freire na pgina 55 do citado livro, apresenta na ficha asfamlias na ordem das vogais: ta-te-ti-to-tu, j-je-ji-jo-ju, e la-le-li-lo-lu, o que leva auma apreenso decorada das slabas, j que seguem a mesma ordem das vogais: a-e-i-

    o-u. Uma percepo contrria se d com a apresentao desordenada das slabas deforma que a aprendizagem se efetive a partir da real percepo delas.

    Essa proposta de linha de educao / alfabetizao popular, representa a continuidadedo processo de discusso e da prtica de educao desenvolvidos pelos nossos crculosde alfabetizao.

    ASSOCIAO DE MORADORES

    No quadro atual da sociedade brasileira o confronto de interesses entre explorados e

    exploradores se acirra cada vez mais. medida em que o capitalismo avana baseadona super-explorao das classes trabalhadoras, a situao de vida e trabalho da maioriado povo vai cada vez mais se deteriorando. Assim, como resultado do desenvolvimentocapitalista, os bairros perifricos habitados pelo proletariado encontram-se abandonados,com a quase inexistncia de saneamento bsico; carncia de escolas; posto mdico;servio de transportes coletivos deficiente, etc. As pssimas condies de vida fazemcom que o povo comece a se associar e unificar-se para procurar solues para os maisvariados problemas em seu local de moradia.

    assim que surgiram h algum tempo as Sociedades Beneficentes ou de Amigos doBairro, que atravs da ajuda mtua superavam alguns problemas mais imediatos. Ao

    mesmo tempo, com o avano do capitalismo, o xodo rural e das pequenas cidades paraas grandes, cresce o nmero de pessoas que ficam desempregadas ou com rendainferior ao mnimo necessrio para sobrevivncia passando a ocupar ou invadir reas

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    onde no existem qualquer infra-estrutura, vivendo em condies de misria. Desta formavai se ampliando paulatinamente o papel das Sociedades Beneficentes como via deresoluo dos problemas que atingem os bairros, questionando o abandono a que estesesto submetidos, unindo parcelas mais numerosas dos moradores em pr de suas lutasdirias, reivindicando dos poderes pblicos solues imediatas. A partir dos primeirosresultados obtidos, proliferou-se essas entidades com a finalidade de promover a luta por

    condies dignas de vida para o povo. importante destacar estas entidades pelo seu carter de organizaes de massas e derepresentao dos moradores nas diversas comunidades.

    Foi exatamente pela atuao destacada que tiveram no passado e por suarepresentatividade nos bairros que as Sociedades Beneficentes se tornaram cobiadaspelos polticos oportunistas que investiram no controle delas e obtiveram lucro poltico,usando as sociedades e seus dirigentes/cabos eleitorais, como degraus de sua ascensopoltica. Esse tipo de cooptao contribuiu bastante para que as Sociedades assumissemoutro papel que no o original.

    As Sociedades que no foram cooptadas, mantiveram a sua independncia e a luta emdefesa das comunidades, contudo, a partir da instalao do golpe militar de 1964, foramvtimas de intervenes e intensa represso junto com todo o movimento operrio epopular.

    As lideranas populares foram substitudas por dirigentes pelgos, e as SociedadesBeneficentes passaram somente a promover jogos, festas e a propaganda oficial daditadura militar, com seus slogans do Brasil potncia emergente, Ame-o ou deixe-o,etc. Durante muito tempo esta situao se manteve, e apenas a partir da segundametade da dcada de 70, com a reanimao do movimento popular, o papel dasSociedades/Associaes comeou a ser recuperado com a retomada dessas entidades

    das mos dos pelgos, ou a criao destas em novas reas, como instrumentos de lutapelos interesses populares.

    FUNDAO DE ASSOCIAO DE MORADORES - Neste caso no temos formulasprontas, considerando que as condies para a formao da entidade variam de acordocom cada local. Em qualquer caso, devemos evitar que elas reproduzam relaes sociaisburguesas, com a formao de chefes locais, autoritarismo, manipulao, cupulismo,desrespeito as decises da maioria, etc.

    Ao contrrio devemos buscar a maior participao possvel dos moradores, organizando,mobilizando, educando a massa, e fortalecendo o carter ideolgico (unidade de classe)da Associao.

    Esta entidade deve ser construda a partir das necessidades concretas sentidas pelosmoradores, se constituindo em um frum que unifique os interesses de todos os quehabitam o bairro, transformando-se no canal de expresso geral da comunidade,reconhecida por sua representatividade e funo como o maior e mais poderosoinstrumento de luta por melhores condies de vida no bairro.

    A Associao deve ser democrtica, permitindo a livre participao dos moradoresindependente de crenas, raas ou filiao partidria. Cabe-lhe definir e encaminhar asreivindicaes, do bairro, denunciando os entraves que o governo coloca para o

    atendimento destas, e mobilizando amplamente os moradores em torno de suas lutas.Os momentos de grande mobilizao nas lutas devem ser bem aproveitados para adiscusso da natureza poltica dos obstculos existentes / alegados pelo governo para a

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    resoluo das reivindicaes, a relao dos problemas enfrentados com a situao dasclasses trabalhadoras no pas; desmascarando as atitudes tomadas pelo governo econtribuindo decisivamente para despertar a conscincia de classe dos moradores.

    A discusso poltica com os moradores deve ser desenvolvida com base em exemplos defatos concretos de conhecimento da comunidade e que incidem ou incidiram diretamentena vida dos moradores.

    importante o aproveitamento mximo das mobilizaes e lutas travadas,desenvolvendo uma poltica que priorize a formao da conscincia de classe dasparcelas mais avanadas das massas, ampliando e qualificando a participao naAssociao, extraindo saldo poltico e orgnico. Nesse sentido, de fundamentalimportncia que durante e aps cada luta encaminhada seja buscado o engajamento denovas pessoas nas comisses de trabalho da entidade, procurando estimula-las ecapacita-las para assumirem a condio de militantes.

    A estrutura orgnica das Associaes deve contemplar a formao de Comisses detrabalho especficas (Comisses de mulheres, negros, educao, sade, esportes, etc.)

    para viabilizar a interveno nessas reas e dar direo s respectivas lutas ereivindicaes, ampliando dessa forma o espectro de atuao da entidade. Isto contribuicom a implementao do objetivo de buscar permanentemente a organizao dosmoradores em torno do conjunto de suas necessidades.

    Um dos aspectos fundamentais para a constituio da Associao como entidaderepresentativa mxima dos moradores a no permisso e o combate s tentativas deaparelhamento ou partidarizao das mesmas. Compreendemos que a Associao devese constituir num organismo independente de organizao dos moradores, no podendoservir de correia de transmisso de interesses pessoais ou partidrios que possam dividira comunidade ou anular o papel da entidade.

    ASSOCIAES ATRASADAS - Nossa relao com esse tipo de entidade no denegao do seu papel na comunidade. Nossa poltica objetiva a conscientizao dosmoradores para associarem-se Associao, e junto com eles pressionar a direoatrasada para democratiz-la, fazendo com que esta represente amplamente o bairro eos anseios coletivos. Devemos discutir a funo da Associao como instrumento de lutapara a melhoria das condies de vida, encampando as reivindicaes dos moradores,combatendo o cupulismo, sendo capaz de aglutinar um nmero cada vez maior depessoas que participem de cada processo de luta desencadeado e nas tomadas dedecises.

    fundamental que a interveno em Associaes originalmente atrasadas sejaacompanhado da mais ntima relao com o conjunto dos moradores, considerando que a organizao deles na entidade o nosso principal objetivo e que esta relao que nosd a garantia do respaldo, contra um possvel choque de posies com a direoatrasada

    ASSOCIAES PELEGAS - Em relao a estas entidades, vinculadas ao poder pblicoe/ou polticos de direita, devemos ter uma postura ofensiva denunciando a falta deindependncia de suas direes, desmascarando-as como currais eleitorais e atreladas

    vontade governamental e consequentemente, sua falta de compromisso com os anseiospopulares. Nosso trabalho, voltado para a mobilizao dos moradores para a conquista

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    de sua cidadania plena levar ao isolamento e desgaste da direo pelega, noscolocando de forma efetiva como alternativa de direo representativa da comunidade.

    ASSOCIAES FANTASMAS - Outro fenmeno que tem ocorrido a utilizao deassociaes de bairros fantasmas. Este mecanismo por vezes utilizado por

    oportunistas de direita e por algumas correntes de esquerda a exemplo do PC do B, paraaumentarem seu poder de barganha nas ante-salas dos rgos pblicos ou parainterveno e ampliao da influencia em entidades gerais como FABS e a CONAM Confederao Nacional de Associaes de Moradores. Estas Associaes existemexclusivamente no papel, no tendo funcionamento real e so utilizadas apenas paragarantir votos dos delegados, nas entidades gerais. Isto tem contribudo de forma incisivapara a inchao das entidades gerais, criando uma situao artificial que norepresenta a realidade do movimento, e tampouco a efetiva correlao de foras.

    ENTIDADES GERAIS DO MOVIMENTO DE BAIRROS

    At 1964 existiu em Salvador uma Federao de Bairros, contudo esta entidade nopossua em contedo poltico que expressasse plenamente os interesses dos moradoresdos bairros populares. Aps o golpe militar de 64, essa federao foi extinta e criou-se oCOPEB - Conselho de Presidentes de entidades de Bairros, entidade controlada pelospoderes pblicos (governo) e patres da indstria atravs do SESI - Servio social da

    Indstria.Procurando articular os Presidentes das entidades comunitrias, ao invs de articularAssociaes de Moradores, o COPEB desenvolveu uma poltica de troca de favores como claro objetivo de desmobilizar os moradores dos bairros populares, e atrelar osmovimentos e aes comunitrias sua poltica assistencialista. Por sua natureza, e seminteresse na organizao e mobilizao, o COPEB no conseguiu ser a entidadearticuladora e representativa dos bairros, extinguindo-se posteriormente.

    Em 1978 surgiu o Trabalho Conjunto dos Bairros, como primeira alternativaindependente (aps o golpe militar) de organizao dos movimentos comunitrios emSalvador. O Trabalho conjunto dos Bairros - TCB no estabelecia como base de suacomposio as entidades gerais representativas do conjunto das comunidades como asAssociaes de Moradores, representando tambm grupos culturais, grupos de jovens,clube de mes, etc. O estabelecimento de voto e peso poltico igual pararepresentatividades diferentes; alm dos erros e equvocos que marcaram a suaestruturao e ao poltica, inviabilizou o Trabalho Conjunto dos Bairros como aentidade de articulao do movimento de bairros em Salvador e, depois de esvaziar-se,terminou extinguindo-se em 1981.

    FEDERAO DAS ASSOCIAES DE BAIRROS

    DE SALVADOR - FABS

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    A FUNDAO DA FABS - No primeiro semestre de 1979 algumas Associaes,preocupadas com a necessidade de articulao permanente dos bairros populares e como fortalecimento das lutas levadas em cada um destes, realizaram um encontro deAssociaes onde se discutiu as experincias anteriores de articulao - procurandoaprender com todo processo de erros e possveis acertos dessas experincias,ensinamentos que servissem para a construo e ao de uma entidade que

    efetivamente representasse o Movimento de Bairros.Uma entidade geral dos bairros somente seria representativa se a sua base secompusesse de entidades representativas de vrias comunidades, compreendeu-se ques uma Federao das Associaes de Bairros de Salvador teria condies de atenders necessidades de organizao, mobilizao e representao do movimento de bairros.decidindo-se ento, pela fundao da Federao das Associaes de Bairros deSalvador FABS em 30 de setembro de 1979.

    O OBJ ETIVO DA FABS

    A FABS no visa interferir no direcionamento dos trabalhos existentes em cada bairro,mas sim fortalecer as lutas e a capacidade de organizao e mobilizao do povo nosbairros via as Associaes de Moradores, promovendo a troca de experincias entreestas entidades, a unidade dos bairros em torno das lutas e reivindicaes comuns atodos eles, alm do apoio s lutas particulares de cada bairro. A FABS encampa tambma luta para que esteja sob controle dos trabalhadores a elaborao e aplicao dooramento pblico de Salvador, o direcionamento e realizao da poltica social noMunicpio, alm de procurar garantir, atravs de diversas formas, o apoio e solidariedadea todas as lutas do povo, lutando para que os trabalhadores conquistem o poder polticono municpio e no pas.

    MOVIMENTO DE DEFESA DOS FAVELADOS - MDF

    HISTRIA - O MDF surgiu em So Paulo, no ano de 1982 como resultado daorganizao de vrias entidades de favelas em torno de uma proposta de luta comum.Desde o incio foi forte a influncia dos setores da igreja catlica ligados s comunidadeseclesiais de base. Estes setores influenciaram muito a linha poltica e a construo doinstrumental necessrio existncia do MDF.

    A nvel nacional o MDF constituiu-se em 17 estados tendo realizado at 1993, data doseu ltimo Congresso, 12 Congressos Nacionais. Em 1995 existia em 6 estadosefetivamente (AL, BA, PR, MG, MA). com varias dificuldades e possuindo rachas emalguns outros (SP, RJ, RN).

    Este quadro revelou uma sria crise que se agravou continuamente, revelando umaprofunda desorganizao do movimento a nvel nacional e nos estados, provocandoprimeiro a sua atomizao e posteriormente a extino.

    De modo diverso que outros movimentos, a executiva nacional era representada por umEstado no intervalo entre um congresso e outro. Este intervalo depois passou a ser deum ano, porm, em 1994 o Congresso (marcado para Recife), no foi realizado. A

    coordenao nacional era composta por 2 membros de cada estado.

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    O MDF na Bahia surgiu em 1983 e se constituiu a partir de uma dissidncia da FABS -Federao de Bairros de Salvador, conduzida por duas associaes de moradores a doCalabar e de Novos alagados, que com o apoio de representantes de ComunidadesEclesiais de Base - CEBS construram o, novo movimento.

    Nos 4 primeiros anos o MDF teve uma intensa atuao e polarizou com a FABS a disputapela representao dos Bairros de Salvador. Neste perodo o MDF se especializou emarticular comunidades novas e/ou carentes (as ocupaes / favelas), enquanto a FABSreunia em torno de si bairros consolidados.

    A CRISE- A partir de 1987, e notadamente em 1988, o movimento atravessou uma sriacrise fruto do choque entre as principais lideranas do Calabar e de Novos Alagados, quefoi agravado pela disputa poltica para lanamento de candidaturas Cmara deVereadores.

    Desde a sua fundao o MDF foi hegemonizado politicamente por lideranaspersonalistas que conduziam o movimento com rdea curta, impedindo o surgimento denovas direes. Com a crise e a posterior reorganizao do MDF aps a sada do

    Calabar, novas lideranas precisaram ser forjadas no processo para poderem representaro movimento e administra-lo.

    Nesse momento entra em cena a Comisso de Justia e Paz - CJP que desempenhou umpapel muito importante na histria do MDF baiano. Ela reforou o papel coordenador daIgreja Catlica no seio do movimento. Este papel tinha sido at ento cumprido peloPadre Confa, figura carismtica que teve um papel fundamentalmente assistencialista emrelao ao movimento.

    A CJP passou a dar assessoria ao movimento, papel que j cumpria de forma espordicae depois passou a ser permanente. Esta assessoria no entanto imprimiu um ritmo aoMDF que tinha como objetivo direcionar o movimento para os caminhos que mais

    interessava a igreja conduzindo-o a novos conflitos.As novas lideranas que emergiram no processo buscaram a afirmao poltica elanaram-se disputa de espao com as antigas lideranas. Para garantir a unidade doMDF, a CPJ interferiu no processo decisrio do movimento provocando o choque com aslideranas de Novos Alagados.

    Essas lideranas emergentes, apoiadas pela asssessoria, entraram em contato comoutros movimentos: CMP - Central de Movimentos Populares, MNLM - MovimentoNacional de Luta pela Moradia, ANSUL - Articulao nacional de solo Urbano. A relaocom as referidas entidades reforou o peso poltico das novas lideranas permitindo logo

    depois que estas se libertassem da influncia da Assessoria e dos antigos lideres. Nestemomento, o MDF aps muita relutncia, passou a encampar a pr-central de MovimentosPopulares na Bahia.

    O fim desta nova crise se deu em 1992 com o afastamento da CJP e a vitria naseleies do movimento de uma chapa formada apenas pela novas lideranas.

    Entre 1995 e 1997 novamente enfraquecido e bastante desarticulado, fracassaram asltimas tentativas de soerguimento do MDF.

    CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES

    1. OS MOVIMENTOS POPULARES HOJ E

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    O Brasil hoje, um dos pases que concentram maior nmero de movimentos,organizaes e lutas populares. Multiplicam-se por toda a parte movimentos por terra,moradia, sade, saneamento, transporte, creches, direitos humanos, associaes, uniese federaes comunitrias de bairros, de favelas e de cortios, movimentos negro, demulheres, de meninas e meninos de rua, de catadores de papel e papelo, de prostitutas,de vtimas da Aids, de homossexuais, de portadores de deficincias, de ndios, de

    cooperativas de produo e consumo (habitao, costura, po, compras comunitrias,etc. \), escolas comunitrias, movimentos ecolgicos, etc. So formas de organizao quebuscam a conquista e a defesa dos direitos coletivos.

    H, no entanto, grande diversidade de prticas e de concepes entre essesmovimentos. Existem diferentes nveis de organizao, de clareza quanto aos objetivos,de democracia interna, de autonomia em relao o Estado, s igrejas, aos partidos e aoutras instituies. H grande diversidade poltica e cultural entre os MovimentosPopulares. medida em que se constri a democracia amplia-se o leque de pluralidadedos movimentos da sociedade civil.

    2. OBJ ETIVO E PRINCPIOS DA CMP

    A Central de Movimentos Populares quer construi-se como plo que aglutina setores dosMovimentos Populares com uma identidade comum de prticas e concepes. Soaqueles movimentos que participam na implementao de um projeto democrtico desociedade, que supere as opresses econmicas, polticas e culturais. Para isso, aCentral dever contribuir na qualificao desses movimentos como sujeitos polticosdemocrticos e autnomos, que ocupem o papel de interlocutores junto ao Estado e aoutras esferas da vida nacional, construindo, propondo, disputando e participando dagesto de polticas pblicas coerentes com o projeto de sociedade que defendem. Devem

    os movimentos tornar-se sujeitos de uma nova cultura social e poltica, buscandofundamentar-se em alguns princpios bsicos:

    2.1. Autonomia - Os movimentos no devem estar submetidos a partido, sindicatos,igrejas, rgos pblicos, grupos polticos e econmicos. Isso no significa ausncia derelaes com parceiros, aliados, adversrios e at mesmo com setores noorganizados, mas que o poder de deciso esteja em mos dos prprios movimentos;

    2.2. Democracia- Cada movimento deve assegurar a todos os seus membros acesso informao, aos debate e o direito de participar das decises e da realizao de suasatividades. Devem tambm ser respeitadas as decises internas, a pluralidade cultural ea forma de organizao de cada movimento;

    2.3. Representatividade - As entidades no devem ser apenas cartoriais, masrepresentantes dos reais interesses dos movimentos. As direes devem ser eleitas deforma a serem representativas das bases do movimento.

    2.4. Ser de base - O movimento deve ter um trabalho organizado capaz de qualificar suaparticipao na luta coletiva e evitar o distanciamento entre direo e base.

    2.5. Ser de massa - o movimento no deve reduzir-se a um pequeno nmero depessoas, mas buscar envolver o mximo de interessados, a fim de fortalecer a lutapopular;

    2.6. Ser classista - Os movimentos devem lutar pelos direitos e as demandas dasclasses populares, de forma a contribuir para a construo de uma sociedade semopresso econmica, poltica e cultural;

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    2.7. Ser combativo- Lutar pelos interesses populares sem curva-se ao clientelismo ou acooptao de grupos econmicos ou polticos;

    2.8. Solidariedade- Os movimentos devem cultivar e preservar o valor da solidariedade,apoiando-se mutuamente para contribuir nas realizaes coletivas de cada movimento.

    Estes so valores que devem orientar a ao dos movimentos que desejem construir uma

    caminhada conjunta de busca cotidiana de uma nova sociedade.

    3. DESAFIOS DO MOVIMENTO POPULAR HOJ E.

    Alm desses princpios, a Central de Movimentos Populares considera como desafios aserem superados pelos Movimentos Populares:

    3.1. - superar o corporativismo, o imediatismo e o estgio meramente reivindicatrio;

    3.2. Articular as lutas imediatas com objetivos estratgicos;

    3.3. Capacitar-se para transformar o acmulo obtido com as lutas em propostas polticas

    para a sociedade;3.4. - Preparar-se para disputar estas propostas com outros setores e participar dagesto democrtica da sociedade;

    3.5. - Superar a fragmentao e o isolamento entre os movimentos. sobretudo a quese coloca o desafio e a necessidade da articulao e se insere a proposta de uma centralde Movimentos Populares.

    Na medida em que esses desafios forem superados, estaremos construindo ummovimento democrtico, autnomo, articulado e propositivo que ter um papelestratgico como sujeito poltico na construo e implementao de uma sociedade

    democrtica, sem exploraes. Uma sociedade justa, digna, sem discriminaes de raa,de sexo, de idade ou de religio, sem misria nem marginalizao. Uma sociedade ondetodos tenham acesso aos servios de sade, ao saneamento bsico, educao e cultura, ao lazer, moradia digna, cincia e tecnologia. Uma sociedade onde todasas pessoas tenham iguais oportunidades e direitos, alimentao adequada, e na qual otrabalho domstico seja partilhado, o ecossistema preservado e a subjetividadevalorizada. Esta sociedade socialista que queremos construir deve pautar-se pelaconquista da igualdade econmica, da igualdade de direitos e de pluralidade ideolgica,na qual o trabalhador tenha procedncia sobre o capital, a pessoa sobre a mercadoria,os direitos coletivos sobre os direitos individuais, e os cidados sobre o estado.

    Para contribuir com tal projeto de transformao, precisamos construir um MovimentoPopular luz dos princpios acima assinalados um movimento que resista ao projeto neo-liberal e proponha polticas pblicas para responder s necessidades da populaoexcluda dos bens de consumo, culturalmente discriminada e economicamente oprimida.

    Entendemos pois, que a relao do Movimento Popular com o movimento sindical, ospartidos, as igrejas, as ONGs e outras entidades deve ser de complementaridade, nuncade inferioridade, atrelamento ou submisso. queremos conquistar um espao democrticoonde se possa exercer a soberania popular. Isto inverte a relao historicamentepredominante do Estado com a sociedade, marcada por prticas de excluso, formas detutela e mando. O plo de deciso e criao deve estar na sociedade civil organizada,

    principal construtora de um Estado a servio dos interesses coletivos.

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    4. CARTER E PAPEL DA CMP

    Quanto ao carter da Central, predominam duas posies distintas. Uma acentua mais ocarter de articulao, outra de direo. Claro fica, entretanto, que os movimentos lutamde maneira articulada, avanam na mesma direo. e ao definirmos democraticamenteuma direo para as suas lutas, agiro de maneira articulada em sua implementao.

    Nesse processo de construo da Central ela no deve atuar na perspectiva de se tornara direo dos movimentos especficos (sade. moradia, etc.).

    A Central deve ser formuladora de polticas junto os movimentos populares, apontandocaminhos globais para as lutas, cabendo aos movimentos especficos definirem suaspolticas.

    Considerando a extenso territorial do Brasil, percebe-se o papel estratgico da Centralde Movimentos Populares para organizao da sociedade civil em nosso pas, tendo emvista a construo da democracia. Cabe aos prprios movimentos populares organizarema central, nesse sentido, esta entidade pode ser um importante fator de estmulo organizao e apoio aos movimentos que, em certas regies, carecem de condies para

    resistir s presses polticas e policiais; de vnculo com entidades internacionais; derepresentatividade a nvel nacional; e de interlocutora no dilogo com autoridadespblicas.

    Entretanto, a Central no pode jamais pretender ser a nica representante dosmovimentos populares, nem substitu-los em sua representatividade ou pretenderenquadr-los numa estrutura nica.

    Durante todo o processo de construo da Central, definiram-se suas principais tarefas:

    Articular os diversos movimentos e unificar suas lutas;

    Estimular o trabalho de base na organizao do Movimento Popular;

    Qualificar o movimento para que seja capaz de elaborar e propor polticas pblicas,superando o estgio reivindicatrio;

    Qualificar o movimento para fortalecer suas formas de mobilizao, de organizao ede formao;

    Incrementar a formao de militantes;

    Contribuir para erradicar a dominao cultural (machismo. racismo, e outra formas dediscriminao).

    5. ESTRUTURA DA CENTRAL DE MOVIMENTOS POPULARES

    5.1. Plenria- Instncia mxima da Central de Movimentos Populares, dela participamrepresentantes e/ou delegados dos movimentos vinculados Central, bem comomembros das coordenaes nacionais/estaduais/municipais. A plenria Nacional foi quedefiniu os rumos da Central, elegeu a coordenao Nacional e seus assessores. bemcomo determinou as etapas de construo da Central. As plenrias se realizam a nvelnacional, estadual e municipal;

    5.2. Coordenao Nacional - eleita em plenria nacional, integrada por 1representante e 1 suplente de cada Estado que realizou a Plenria;

    5.3. Executiva Nacional - eleita pelo congresso Nacional e composta por umrepresentante de cada regio do pas (Norte, Nordeste, Sudeste, Sul, Centro-Oeste), emais dois outros estados.

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    5.4. - Secretarias - Finanas, formao, polticas sociais, relaes internacionais,imprensa e comunicao.

    5.5. - Comisses Temticas - Tm a funo de formular propostas polticastecnicamente consistentes para serem levadas aos fruns e plenrias;

    5.6. Fruns- Espaos de discusso poltica sobre os eixos de luta e de elaborao de

    polticas pblicas alternativas, aberto toda sociedade civil, com carter indicativo e nodeliberativo.

    RELAO DO MOVIMENTO DE BAIRROS COM OS NCLEOS EDIRETRIOS ZONAIS DO PT

    Desde a fundao do PT os militantes do movimento de bairros tem se colocado entre osprincipais sustentculos do Partido dos Trabalhadores. Principalmente nos grandescentros urbanos esses militantes vem ampliando o espao e a receptividade do PT juntoaos moradores dos bairros populares e ganhando novos militantes, servindo como uma

    fonte alimentadora do partido. Grande parte dos Diretrios Zonais e ncleos por local demoradia tm se constitudo a partir dos referncias do Movimento de Bairros existentesna regio.

    Entretanto, tem surgido uma srie de problemas e dificuldades, por parte de setores daesquerda, no que diz respeito compreenso do processo de construo partidria a seradotado nestes casos, bem como as formas de relao do partido com o movimento.Algumas foras polticas que atuam no PT (incluindo a igreja) consideram que suasatuaes regulares como militantes dos movimentos, por si s representa a construodo PT, no investindo efetivamente na organizao e estruturao do partido. Justificamos erros e fracassos de suas polticas de construo partidria, alegando a necessidade

    de atender, prioritariamente, dinmica do movimento.Devido a uma compreenso simplista e superficial da questo, estas foras priorizamexageradamente a interveno nos movimento sociais, procurando desenvolvermobilizaes e lutas que nem sempre contribuem de forma concreta, para o avano donvel de organizao e conscientizao dos moradores. No compreendem na prtica aimportncia da organizao partidria para a elevao da conscincia poltica de classedos militantes do movimento de bairros. Normalmente, o movimentismo adotado porestes setores tm como objetivo maior a exteriorizao do movimento como propagandade cada corrente poltica; forjam lideranas com acmulo poltico-ideolgico limitadopela utilizao de um vanguardismo elitista, que mantm nas mos de um grupo

    fechado de intelectuais todo o controle e direo da luta, impedindo, ainda queinvoluntariamente, o surgimento de uma vanguarda emergente de fundamentalimportncia para o fortalecimento e consolidao do trabalho desenvolvido.

    Este tipo de prtica leva, inevitavelmente, a um processo de instabilidade e desequilbriono trabalho desenvolvido nos bairros, gerando perodos de intensa movimentao (nosquais muitas vezes conquista-se algumas reivindicaes imediatas), seguidos porperodos de desmobilizao e aquietao provocados tanto pela conquista dereivindicaes imediatas (que no foram devidamente acompanhadas por uma boa dosede politizao), quanto pelo fracasso do processo reivindicatrio. Esta prtica, naverdade, leva o movimento a andar em crculos ao invs de lev-lo a caminhar, de forma

    cada vez mais segura, rumo conquista de uma sociedade socialista.Outra conseqncia desta prtica equivocada a secundarizao do importante papel aser desenvolvido pelo Partido dos Trabalhadores no processo de acmulo de foras para

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    um processo vindouro de ruptura revolucionria. No que se refere especificamente construo dos organismos do partido nos bairros populares, os Ncleos por local demoradia e Diretrios Zonais, a poltica adotada por estas foras a de mante-los comfuncionamento precrio, sombra dos movimentos sociais, impedindo que o PT tenhavida prpria, e a formao de uma militncia partidria real, considerando que a maioriadesses petistas militam nos movimentos especficos, assumindo eventualmente atuao

    no partido. Segundo esta viso, os diretrios e ncleos s precisam funcionar emperodos pr-convencionais e, no mximo, em perodos eleitorais.

    Essa concepo implica, entre outras coisas, numa tentativa de transferir mecanicamentea funo do Partido como organismo poltico mais avanado e preparado, contrapondo-se ao sistema capitalista, e na defesa de um projeto poltico socialista, para osmovimentos sociais; deseducando os trabalhadores e contribuindo para o fortalecimentodas concepes espontanestas, atrasadas ou reformistas.

    Consideramos que em nossa atuao nos bairros devemos aplicar uma poltica quegaranta o crescimento e fortalecimento tanto das Associaes de Moradores, quanto dasinstncias locais do PT. Para a viabilizao desta poltica de fundamental importncia acorreta compreenso sobre o papeis distintos do movimento de bairros e do Partidopoltico.

    evidente que, para viabilizarmos esta relao garantindo o investimento nofuncionamento do PT e do movimento, necessita-se de militantes. No que pesereconhecermos a carncia de militantes nas reas, defendemos a racionalizao dopotencial dos militantes de cada rea, adotando uma poltica de distribuio de tarefasque garanta a viabilizao dessas tarefas. Precisamos definir prioridades no processo dediviso de tarefas, destacando determinados militantes para uma atuao prioritria, masno exclusiva, na conduo e direo do movimento de bairros na regio, ecompanheiros que tenham como principal tarefa o assumimento do Partido, tendo umaparticipao secundria no direcionamento e articulao do movimento. Mesmocompreendendo que em determinados locais no possvel uma aplicao imediata ergida destes critrios, devemos trabalhar na perspectiva de criar as condies para aimplementao desta poltica.

    Esta sem dvida a nica forma de garantir o pleno funcionamento e o crescimentoqualitativo tanto do PT, quanto do Movimento de Bairros, evitando assim,. a constanteprtica de abandonar o Partido no perodo de intensificao da lutas reivindicatrias, sevoltando para o mesmo no perodo pr-convencional ou eleitoral, e abandonando omovimento.

    FUNES DOS DIRETRIOS E NCLEOS DO PTAos diretrios e ncleos do PT cabe as tarefas de politizar e articular o conjunto defiliados, mantendo-os informados sobre as atividades gerais, lutas e campanhasdesenvolvidas na regio; estimular a populao a participar das entidadesrepresentativas; colocar na rua o conjunto de propostas conjunturais do PT, bem comoo projeto poltico de emancipao das classes trabalhadoras e construo de umasociedade socialista. Neste sentido, importante que o diretrio assuma o papel deDireo poltica do partido na regio coordenando os ncleos existentes, e estimulando osurgimento de outros.

    I. Principais tarefas do diretrio:

    Assumir o papel de direo partidria na regio;

    Articular e coordenar as atividades dos ncleos;

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    Criar comisses de trabalho permanente (comisses/secretarias);

    Manter um boletim informativo para o conjunto de filiados, informando sobre asprincipais questes conjunturais e propagandeando o socialismo;

    Promover atividades que exteriorizem a presena do partido na regio (pichaes,planfletagens, mini-comcios, grandes debates, etc.);

    Lanamento de notas apoiando as lutas travadas pelo movimento de bairros naregio;

    Assumir as tarefas de educao e formao poltica da direo emergente domovimento de bairros.

    II. Principais tarefas do ncleo por local de moradia:

    Manter contato constante com os filiados da rea, sendo o elo de ligao do filiadocom o Partido;

    Fazer a distribuio dos Boletins zonais/estaduais/nacionais e outras publicaes de

    forma organizada e sistemtica; Recolher contribuies dos filiados e promover outras formas de finanas;

    Promover atividades que contribuam para a politizao, conscincia de classe eintegrao dos filiados (projeo de slides, filmes, festas, debates, palestras, etc.);

    Estimular o processo de criao de Associaes de Moradores onde ainda noexistam;

    Acompanhar cada luta desenvolvida pela Associao, estimulando os filiados aparticiparem da entidade. Manifestar solidariedade apoiando publicamente as lutas,tanto nas assemblias de moradores quanto nas mobilizaes e manifestaes de

    rua, colaborando na articulao e desenvolvimento das lutas.