50
7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 1/50 Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo Fonte: AZEVEDO, Álvares de. Noite na taverna. 3.ed. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1988. i!lioteca Virt"al #$tt%:&&'''.!i!liotecavirt"al.or(.!r) Associa*+o da E%resa J-nior de Editora*+o artici%e, atrocine //// e0ail : ed"nior2!i!liotecavirt"al.or(.!r Fonte : i!lioteca Virt"al do Est"dante rasileiro $tt%:&&'''.!i!virt."t"ro."s%.!r& Noite na Taverna Álvares de A4evedo 5A6ÁR7O Onde e levas AAN A "a or(ia. Vais ler "a %;(ina da vida, c$eia de san("e e de vin$o<="e i%orta 5A6ÁR7O E" veo0os. > "a sala "acenta. A roda da esa est+o sentados cinco $oens ?!rios. Os ais revolve0se no c$+o. Dore ali "l$eres des(ren$adas, "as l@vidas, o"tras verel$as "e noite/

Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

Embed Size (px)

DESCRIPTION

noite na taverna

Citation preview

Page 1: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 1/50

Noite na Taverna, de Álvares de Azevedo

Fonte:AZEVEDO, Álvares de. Noite na taverna. 3.ed. Rio de Janeiro : Francisco Alves, 1988.

i!lioteca Virt"al #$tt%:&&'''.!i!liotecavirt"al.or(.!r)

Associa*+o da E%resa J-nior de Editora*+o

artici%e, atrocine ////e0ail : ed"nior2!i!liotecavirt"al.or(.!r Fonte : i!lioteca Virt"al do Est"dante rasileiro$tt%:&&'''.!i!virt."t"ro."s%.!r&

Noite na TavernaÁlvares de A4evedo

5A6ÁR7O

Onde e levas

AAN

A "a or(ia. Vais ler "a %;(ina da vida, c$eia de san("e e de vin$o<="ei%orta

5A6ÁR7O

E" veo0os. > "a sala "acenta. A roda da esa est+o sentados cinco $oens?!rios. Os ais revolve0se no c$+o. Dore ali "l$eres des(ren$adas, "as l@vidas,o"tras verel$as "e noite/

Page 2: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 2/50

NOITE NA TAVERNA

Bo' no', Boratio Co" tre!le, and loo %ale. 7s not t$is soet$in( ore t$anantasC $at t$in Co" ons

Balet. Ato 7

JOB STERN

UMA NOITE DO SÉCUO

.

e!aos/ ne " canto de sa"dade/ 5orre na e!ria("e4 da vida as cores/"e i%orta son$os, il"sGes deseitas Fenece coo as lores/

Jos! Boni"#$io

 < ilHncio/ o*os// aca!ai co essas cantilenas $orr@veis/ N+o vedes ="e as"l$eres dore ?!rias, acilentas coo de"ntos N+o sentis ="e o sono da e!ria("e4 %esa ne(ro na="elas %;l%e!ras onde a !ele4a si(ilo" os ol$ares da vol-%ia

 <6ala0te, Jo$ann/ en="anto as "l$eres dore e Arnold<o loiro<ca!aleia eadorece "r"rando as can*Ges de or(ia de iec, ="e "sica ais !ela ="e o alarido dasat"rnal "ando as n"vens corre ne(ras no c?" coo " !ando de corvos errantes, e al"a desaia coo a l"4 de "a lI%ada so!re a alv"ra de "a !ele4a ="e dore, ="eel$or noite ="e a %assada ao releo das tac$as

 <>s " lo"co, ertra/ n+o e a l"a ="e l; vai acilenta: e o relI%a(o ="e %assee ri de esc;rnio as a(onies do %ovo ="e orre, aos sol"*os ="e se("e as ortal$as docKlera/

 <O cKlera/ e ="e i%orta N+o $; %or ora vida !astante nas veias do $oe n+o !or!"l$a a e!re ainda as ondas do vin$o n+o rel"4 e todo o se" o(o a lI%ada da vidana lanterna do crInio

 <Vin$o/ vin$o/ N+o vHs ="e as ta*as est+o va4ias !e!eos o v;c"o, coo "sonI!"lo

 <E o Fic$tiso na e!ri("e4/ Es%irit"alista, !e!e a iaterialidade dae!ria("e4/

 <O$/ va4io e" co%o esta va4io/ Ol; taverneira, n+o vHs ="e as (arraas est+oes(otadas N+o sa!es, des(ra*ada, ="e os l;!ios da (arraa s+o coo os da "l$er: sKvale !eios en="anto o o(o do vin$o o" o o(o do aor os !orria de lava

Page 3: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 3/50

 <O vin$o aca!o"0se nos co%os, ertra, as o "o ond"la ainda noscac$i!os/ A%Ks os va%ores do vin$o os va%ores da "a*a/ en$ores, e noe de sodasas nossas reiniscHncias, de todos os nossos son$os ="e entira, de sodas as nossases%eran*as ="e des!otara, "a "ltia sa-de/ A taverneira ai nos tro"e ais vin$o: "asa-de/ O "o e a ia(e do idealiso, e o trans"nto de t"do ="anto $a ais va%oroso

na="ele es%irit"aliso ="e nos ala da iortalidade da ala/ e %ois, ao "o das Antil$as,a iortalidade da ala/

 <ravo/ !ravo/

L "rra$ tr@%lice res%onde" ao oco eio ?!rio.

L conviva se er("e" entre a vo4eria: contrastava0l$e co as aces de oco asr"(as da ronte e a ro"id+o dos l;!ios conv"lsos. or entre os ca!elos %rateava0se0l$e oreleo das l"4es do esti. Falo":

 <6alai0vos, alditos/ a iortalidade da ala %o!res doidos/ e %or="e a ala e !ela, %or="e n+o conce!eis ="e esse ideal %osse tornar0se e loco e %odrid+o, coo asaces !elas da vir(e orta, n+o %odeis crer ="e ele orra Doidos/ n"nca velada levastes %orvent"ra "a noite a ca!eceira de " cad;ver E ent+o n+o d"vidastes ="e ele n+o eraorto, ="e a="ele %eito e a="ela ronte ia %al%itar de novo, a="elas %;l%e!ras ia a!rires,="e era a%enas o K%io do sono ="e e"decia a="ele $oe 7ortalidade da ala/ e %or ="e ta!? n+o son$ar a das lores, a das !risas, a dos %er"es O$/ n+o il ve4es/ aala n+o e, coo a l"a, se%re oca, n"a e !ela e s"e vir(indade eterna/ a vida n+o eais ="e a re"ni+o ao acaso das ol?c"las atra@das: o ="e era " cor%o de "l$er vai %orvent"ra transorar0se n" ci%reste o" n"a n"ve de iasasM o ="e era " cor%odo vere vai alvear0se no c;lice da lor o" na ronte da

crian*a ais loira e !ela. 6oo c$iller o disse, o ;too da inteli(Hncia de lat+ooi talve4 %are o cora*+o de " ser i%"ro. r isso e" vo0lo direi: se entendeis aiortalidade %ela ete%sicose, !e/ talve4 e" creia " %o"co:<%elo latoniso, n+o/

 <olieri/ es " insensato/ o aterialiso e ;rido coo o deserto, e esc"ro coo" t-"lo/ A nos rontes ="eiadas %elo nora*o do sol da vida a nos so!re c"a ca!e*a avel$ice re(elo" os ca!elos, essas crian*as rias/ A nKs os son$os do es%irit"aliso/

 <Arc$i!ald/ deveras, ="e e " son$o t"do isso/ No o"tro te%o o son$o dain$a ca!eceira era o es%irito %"ro aoel$ado no se" anto ar(Hnteo, n" oceano dearoas e l"4es/ 7l"sGes/ a realidade e a e!re do li!ertino, a ta*a na +o, a lasc@via nosl;!ios e a "l$er sein"a, tre"la e %al%itante so!re os oel$os.

 <lasHia<e n+o crHs e ais nada: te" ceticiso derri!o" sodas as estat"asdo te" te%lo, eso a de De"s

 <De"s/ crer e De"s/ si coo o (rito intio o revela nas $oras rias do edo <nas $oras e ="e se tirita de s"sto e ="e a orte %arece ro*ar -ida %or nos/ Na an(adado na"ra(o, no cadaalso, no deserto <se%re !an$ado do s"or rio<do terror e ="e vea cren*a e De"s/ <6rer nele coo a "to%ia do !e a!sol"to, o sol da l"4 e do aor,

Page 4: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 4/50

"ito !e/ 5as se entendeis %or ele os @dolos ="e os $oens er("era !an$ados desan("e, e o anatiso !eia e s"a inania*+o de ;rore de $; cinco il anos/ n+o credonele/

 <E os livros santos

 <5is?ria/ ="ando e vierdes alar e %oesia e" vos direi: ai $a ol$as ins%iradas %ela nat"re4a ardente da="ela terra coo ne Boero as son$o"<coo a $"anidadeinteira aoel$ada so!re os t-"los do %assado n"nca ais le!rara/ 5as ="ando ealare e verdades reli(iosas, e visGes santas, nos desvarios da="ele %ovo est-%ido<e"vos direi<is?ria/ is?ria/ trHs ve4es is?ria/ "do a="ilo e also< entira coo asira(ens do deserto/

 <Estas ?!rio, Jo$ann/ O ate@so e a insInia coo o idealiso @stico dec$ellin(, o %ante@so de %ino4a o "de", e o crente de 5ale!ranc$e nos se"s son$os davis+o e De"s. A verdadeira ilosoia e o e%ic"riso. B"e !e o disse: o i do $oee o %ra4er. Dai vede ="e e o eleento sens@vel ="e doina. E %ois er(ao0nos, nos ="eaan$eceos nas noites des!otadas de est"do insano, e vios ="e a ciHncia e alsa ees="iva, ="e ela ente e e!ria(a coo " !eio de "l$er.

 <e/ "ito !e/ e " toast de res%eito/

 <"ero ="e todos se levante, e co a ca!e*a desco!erta di(a0no: Ao De"san da nat"re4a, a="ele ="e a anti("idade c$ao" aeo o il$o das coas de " de"s e doaor de "a "l$er, e ="e nos c$aaos el$or %elo se" noe<o vin$o.

 <Ao vin$o/ ao vin$o/

Os co%os caira va4ios na esa.

 <A(ora o"vi0e, sen$ores/ entre "a sa-de e "a !aorada de "a*a, ="andoas ca!e*as ="eia e os cotovelos se estende na toal$a ol$ada de vin$o, coo os !ra*os do carniceiro no ce%o (oteaste, o ="e nos ca!e e "a $istoria san("inolenta, "da="eles contos ant;sticos<coo Boann os delirava ao clar+o do"rado doJo$annis!er(/

 <La $istoria edon$a, n+o Arc$i!ald<alo" " oco %;lido ="e a essereclao er("era a ca!e*a aarelenta. ois !e, dir0vos0ei "a $istoria. 5as ="anto a essa, %odeis treer a (osto, %odeis s"ar a rio da ronte (rossas !a(as de terror. N+o e " conto,e "a le!ran*a do %assado.

 <olieri/ olieri/ ai vens co te"s son$os/

 <6onta/

olieri alo": os ais i4era silHncio

Page 5: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 5/50

II

SO%IERI

et one iss on Co"r %ale claC 

And t$ose li%s once so 'ar !eart/ C !ears/ C !ears/

B&RON <6ain

a!eis0lo. Roa e a cidade do anatiso e da %erdi*+o: naalcove do sacerdote dore a (osto a a;sia,no leito da vendida se %end"ra o 6r"ciio l@vido. > "re="intar de (o4o !laseo ="e escla o sacril?(io a

conv"ls+o do aor, o !eio lascivo a e!ria("e4 da cren*a/Era e Roa. La noite a l"a ia !ela coo vai elano ver+o %r a="ele c?" orno, o resco das ;("as seealava coo " s"s%iro do leito do i!re. A noite ia !ela. E" %asseava a sKs %ela %onte de As l"4es se a%a(ara "a %or "a nos

 %al;cios, as r"as se a4ias eras,e a l"a de sonolenta se escondia no leito de n"vens. Laso!ra de "l$er a%arece" n"a anela solit;ria e esc"ra. Era "a ora !ranca.<A ace da="ela "l$er era coo a de "a est;t"a %;lida a l"a. elas aces dela,coo (otas de "a ta*a ca@da,, rolava ios de l;(rias.

E" e encostei a aresta de " %al;cio. A vis+o desa%arece" no esc"ro da anela eda@ " canto se derraava. N+o era sK "a vo4 elodiosa: $avia na="ele cantar " cooc$oro de renesi, " coo (eer de insInia: a="ela vo4 era so!ria coo a do vento anoite nos ceit?rios cantando a nHnia das lores "rc$as da orte.

De%ois o canto calo"0se. A "l$er a%arece" na %orta. arecia es%reitar se $aviaal("? nas r"as. N+o vi" a nin("?<sai". E" se("i0a.

A noite ia cada ve4 ais alta: a l"a s"ira0se no c?", e a c$"va ca@a as (otas %esadas: a%enas e" sentia nas aces ca@re0e (rossas l;(rias de ;("a, coo so!re "

t-"lo %rantos de Kr+o..

Andaos lon(o te%o %elo la!irinto das r"as: eni ela %aro": est;vaos n"ca%o.

A="i, ali, al? era cr"4es ="e se er("ia de entre o erva*al. Ela aoel$o"0se.arecia sol"*ar: e torno dela %assava as aves da noite.

Page 6: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 6/50

 N+o sei se adoreci: sei a%enas ="e ="ando aan$ece" ac$ei0e a sKs noceit?rio. 6ont"do a criat"ra %;lida n+o ora "a il"s+o<as "r4es, as cic"tas do ca%osanto estava ="e!radas "nto a "a cr"4.

O rio da noite, a="ele sono dorido a c$"va, ca"sara0e "a e!re. No e"

del@rio %assava e re%assava a="ela !ranc"ra de "l$er, (eia a="eles sol"*os e todoa="ele devaneio se %erdia n" canto s"av@ssio...

L ano de%ois voltei a Roa. Nos !eios das "l$eres nada e saciava: no sonoda saciedade e vin$a a="ela vis+o.

La noite, e a%Ks "a or(ia, e" deiara dorida no leito dela a condessaar!ara. Dei " -ltio ol$ar ;="ela ora n"a e adorecida co a e!re nas aces e alasc@via nos l;!ios -idos, (eendo ainda nos son$os coo na a(onia vol"t"osa do aor. <a@.. <N+o sei se a noite era l@%ida o" ne(ra<sei a%enas ="e a ca!e*a e escaldava dee!ria("e4. As ta*as tin$a icado va4ias na esa: nos l;!ios da="ela criat"ra e" !e!eraate a -ltia (ota o vin$o do deleite.

"ando dei acordo de i estava n" l"(ar esc"ro: as estrelas %assava se"sraios !rancos entre as vidra*as de " te%lo. As l"4es de ="atro c@rios !atia n" cai+oentrea!erto. A!ri0o: era o de "a o*a. A="ele !ranco da ortal$a, as (rinaldas da ortena ronte dela, na="ela te4 l@vida e e!a*ada, o vidrento dos ol$os al a%ertados... Era "ade"nta/ ... e a="eles tra*os todos e le!rara "a id?ia %erdida. . <Era o ano doceit?rio 6errei as %ortas da i(rea, ="e, i(noro %or ="e, e" ac$ara a!ertas. oei ocad;ver nos e"s !ra*os %ara ora do cai+o. esava coo c$"!o.

a!eis a $istoria de 5aria t"art de(olada e o al(o4, Pdo cad;ver se ca!e*a e o$oe se cora*+oP coo a conta ranteFoi "a id?ia sin("lar a ="e e" tive.oei0a no colo. re("ei0l$e il !eios nos l;!ios. Ela era !ela assi: ras("ei0l$e os"d;rio, des%i0l$e o v?" e a ca%ela coo o noivo as des%e a noiva. Era "a ora %"r@ssia.. 5e"s son$os n"nca e tin$a evocado "a estat"a t+o %ereita. Era eso"a est;t"a: t+o !ranca era ela. A l"4 dos toc$eiros dava0l$e a="ela %alide4 de I!ar ="el"stra os ;rores anti(os. O (o4o oi ervoroso<cevei e %erdi*+o a="ela vi(@lia. Aadr"(ada %assava ; roia nas anelas. Q="ele calor de e" %eito, a e!re de e"s l;!ios,a conv"ls+o de e" aor, a don4ela %;lida %arecia reaniar0se. -!ito a!ri" os ol$ose%anados. <"4 so!ria al"io"0os coo a de "a estrela entre n?voa<, a%erto"0ee se"s !ra*os, " s"s%iro ondeo"0l$e nos !ei*os a4"lados. N+o era ; a " desaio. Noa%erto da="ele a!ra*o $avia cont"do al("a coisa de $orr@vel. O leito de l;ea onde e" %assara "a $ora de e!ria("e4 e resriava. "de a c"sto soltar0e da="ele a%erto do %eito dela. Nesse instante ela acordo"S

 N"nca o"vistes alar da catale%sia E " %esadelo $orr@vel a="ele ="e (ira aoacordado ="e e%areda n" se%"lcroM son$o (elado e ="e sente0se os e!rostol$idos, e as aces !an$adas de l;(rias al$eias se %oder revelar a vida/

A o*a revivia a %o"co e %o"co. Ao acordar desaiara. E!"cei0e na ca%a etoei0a nos !ra*os co!erta co se" s"d;rio coo "a crian*a. Ao a%roiar0e da %orta

Page 7: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 7/50

to%ei n" cor%oM a!aiei0e<ol$ei: era al(" coveiro do ceit?rio da i(rea ="e a@dorira de ?!rio, es="ecido de ec$ar a %orta .

a@.<Ao %assar a %ra*a encontrei "a %atr"l$a <"e levas a@

A noite era "ito alta<talve4 e cresse " ladr+o. <E in$a "l$er ="e vai desaiada

 <La "l$er/ 5as essa ro"%a !ranca e lon(a er;s acaso ro"!ador decad;veres

L ("arda a%roio"0se. oco"0l$e a ronte<era ria.

 <E "a de"nta

6$e("ei e"s l;!ios aos dela. enti " !aeo orno.<Era a vida ainda.

 <Vede, disse e".

O ("arda c$e(o"0l$e os l;!ios: os !ei*os ;s%eros ro*ara %elos da o*a. e e"sentisse o estalar de " !eio. . o %"n$al ; estava n" e in$as +os rias

 <oa noite, o*o: %odes se("ir, disse ele.

6ain$ei.<Estava cansado. 6"stava a carre(ar o e" ardo: e e" sentia ="e ao*a ia des%ertar. eeroso de ="e o"visse0na (ritar e ac"disse, corri co aisesor*o. .

"ando e" %assei a %orta ela acordo". O %rieiro so ="e l$e sai" da !oca oi "(rito de edo

5al e" ec$ara a %orta, !atera nela. Era " !ando de li!ertinos e"sco%an$eiros ="e voltava da or(ia. Reclaara ="e a!risse.

Fec$ei a o*a no e" ="arto<e a!ri.

5eia $ora de%ois e" os deiava na sala !e!endo ainda.

A t"rva*+o da e!ria("e4 e4 ="e n+o notasse in$a. a"sHncia.

"ando entrei no ="arto da o*a vi0a er("ida. Ria de " rir conv"lso coo ainsInia,, e rio coo a ol$a de "a es%ada. res%assava de dor o o"vi0la.

Dois dias e d"as noites levo" ela de e!re assi N+o $o"ve coo sanar0l$e a="eledel@rio, ne o rir do renesi. 5orre" de%ois de d"as noites e dois dias de del@rio.

Page 8: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 8/50

A noite sai<"i ter co " estat";rio ="e tra!al$ava %ereitaente e cera<e %a("ei0l$e "a est;t"a dessa vir(e.

"ando o esc"ltor sai", levantei os tiolos de ;rore do e" ="arto, e co as+os cavei a@ " t-"lo.<oei0a ent+o %ela -ltia ve4 nos !ra*os, a%ertei0a a e" %eito

"da e ria, !eiei0a e co!ri0a adorecida do sono eterno co o len*ol de se" leito.< Fec$ei0a no se" t-"lo e estendi e" leito so!re ele.

L ano<noite a noite<dori so!re as laes ="e a co!ria L dia o estat";rioe tro"e a s"a o!ra. <a("ei0l$a e %a("ei o se(redo

 N+o te le!ras, ertra, de "a ora !ranca de "l$er ="e entreviste %elo v?"do e" cortinado N+o te le!ras ="e e" te res%ondi ="e era "a vir(e ="e doria

 <E ="e era essa "l$er, olieri

 <"e era se" noe

 <"e se i%orta co "a %alavra ="ando sente ="e o vin$o l$e ="eia assa4os l;!ios ="e %er("nta o noe da %rostit"ta co ="e doria e ="e senti" orrer a se"s !eios, ="ando ne $a dele ister %or escrever0l$o na lo"sa

olieri enc$e" "a ta*a<e!e"0a.<7a er("erse da esa ="ando " dosconvivas too"0o %elo !ra*o.

 <olieri, n+o e " conto isso t"do

 <elo inerno ="e n+o/ %or e" %ai ="e era conde e !andido, %or in$a +e ="eera a !ela 5essalina das r"as<%ela %erdi*+o ="e n+o/ Desde ="e e" %rK%rio cal="ei a="ela"l$er co e"s %?s na s"a cova de terra <e" v0lo "ro<("ardei0l$e coo a"leto aca%ela de de"nta.<Ei0la/

A!ri" a caisa, e vira0l$e ao %esco*o "a (rinalda de lores irradas.

 <Vede0la "rc$a e seca coo o crInio dela/

Page 9: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 9/50

III

BERTRAM

"t '$C s$o"ld 7 or ot$ers (roan, $en none 'ill si($ or e&

C'IDE 'AROD, I(

L o"tro conviva se levanto".

Era "a ca!e*a r"iva, "a te4 !ranca, "a da="elas criat"ras le";ticas ="e n+o$esitara ao tro%e*ar n" cad;ver %are ter +o de " i.

Esva4io" o co%o c$eio de vin$o, e co a !ar!a nas +os alvas, co os ol$os deverde0ar ios, alo":

 <a!eis, "a "l$er levo"0e a %erdi*+o .Foi ela ="e e ="eio" a ronte nasor(ias, e des!oto"0e os l;!ios no ardor dos vin$os e na ole4a de se"s !eios: ="e ee4 devassar %;lido as lon(as noites de insnia nas esas do o(o, e na doidice dos a!ra*osconv"lsos co ="e ela e a%ertava o seio/ Foi ela, vKs o sa!eis, ="e e40e n" dia ter trHs d"elos co e"s trHs el$ores ai(os, a!rir trHs t-"los T="eles ="e ais eaava na vida<e de%ois, de%ois sentir0e sK e a!andonado no "ndo, coo ainanticida ="e ato" o se" il$o, o" a="ele 5o"ro ineli4 "nto a s"a DesdHona %;lida/

ois !e, vo" contar0vos "a $istKria ="e coe*a %ela le!ran*a desta "l$er.

Bavia e 6adi4 "a don4ela<linda da="ele oreno das Andal"4as ="e n+o $avH0las so! as ranas da antil$a acetinada, co as %lantas iosas, as +os de ala!astro,os ol$os ="e !ril$a e os l;!ios de rosa dAleandria<se delirar son$os delas %or lon(asnoites ardentes/

Andal"4as/ sois "ito !elas/ se o vin$o, se as noites de vossa terra, o l"ar devossas noites, vossas lores, vossos %er"es s+o doces, s+o %"ros, s+o e!ria(adores<vosainda o sois ais/ O$/ %or esse eivar a eito de (o4os de "a eistHncia o(osa n"nca %"dees="ecer0vos/

en$ores/ a@ teos vin$o de Es%an$a, enc$ei os co%os<a sa-de das Es%an$olas/

Aei "ito essa o*a, c$aava0se Un(ela. "ando e" estava decidido acasar0e co ela, ="ando a%Ks das lon(as noites %erdidas ao relento a es%reitar0l$e daso!ra " aceno, " ade"s, "a lor<="ando a%Ks tanto deseo e tanta es%eran*a e"sorvi0l$e o %rieiro !eio<tive de %artir da Es%an$a %ara Dinaarca onde e c$aavae" %ai.

Page 10: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 10/50

Foi "a noite de sol"*os e l;(rias, de c$oros e de es%eran*as, de !eios e %roessas, de aor, de vol"%t"osidade no %resente e de son$os no "t"ro...arti. Dois anosde%ois oi ="e voltei: ="ando entrei na case de e" %ai, ele estava ori!"ndo: aoel$o"0seno se" leito e a(radece" a De"s ainda ver0e: %s as +os na in$a ca!e*a, !an$o"0e aronte de l;(rias<era as -ltias <de%ois deio"0se cair, %s as +os no %eito, e co

os ol$os e i "r"ro"<De"s/A vo4 s"oco"0se0l$e na (ar(anta: todos c$orava.

E" ta!? c$orava<as era de sa"dades de Un(ela

o(o ="e %"de red"4ir in$a ort"na a din$eiro %"0la no !anco de Ba!"r(o, e %arti %are a Es%an$a.

"ando voltei. Un(ela estava casada e tin$a " il$o...

6ont"do e" aor n+o orre"/ Ne o dela/

5"ito ardentes ora a="elas $oras de aor e de l;(rias, de sa"dades e !eios,de son$os e aldi*Ges %are nos es="ecereos " do o"tro.

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

La noite, dois v"ltos alveava nas so!ras de " ardi, as ol$as treia aoondear de " vestido, as !risas sol"*ava aos sol"*os de dois aantes, e o %er"e dasvioletas ="e eles %isava, das roses e adressilvas ="e a!ria e torno dele era aindaais doce %erdido no %er"e dos ca!elos soltos de "a "l$er 

Essa noite<oi "a lo"c"ra/ ora %o"cas $oras de son$os de o(o/ e ="+o !reve %assara/ De%ois a essa noite se("i"0se o"tra, o"tra e "itas noites as ol$as s"ss"rraraao ro*ar de " %asso isterioso, e o vento se e!ria(o" de deleite nas nossas rontes %;lidas...

5as " dia o arido so"!e t"do: ="is re%resentar de Otelo co ela. Doido

Era alta noite: e" es%erava ver %assar nas cortinas !rancas a so!ra do ano."ando %assei, "a vo4 c$ao"0e. Entrei<Un(ela co os %?s n"s, o vestido solto, oca!elo des(ren$ado e os ol$os ardentes too"0e %ela +o enti0l$e a +o -ida Eraesc"ra a escada ="e s"!ios: %assei a in$a +o ol$ada %ela dela %or e"s l;!ios.< in$a sai!o de san("e.

 < an("e, Un(ela/ De ="e e esse san("e

A Es%an$ola sac"di" se"s lon(os ca!elos ne(ros e ri"0se.

Entraos n"a sala. Ela oi !"scar "a l"4, e deio"0e no esc"ro.

Page 11: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 11/50

roc"rei, tateando, " l"(ar %ara assentar0e: to="ei n"a esa. 5as ao %assar0l$e a +o senti0a !an$ada de "idade: al? senti "a ca!e*a ria coo neve eol$ada de " l@="ido es%esso e eio coa("lado. Era san("e.

"ando Un(ela veio co a l"4, e" vi Era $orr@vel. O arido estava de(olado.

Era "a est;t"a de (esso lavada e san("e o!re o %eito do assassinado estava"a crian*a de !r"*os. Ela er("e"0a %elos ca!elos Estava orta ta!?: o san("e ="ecorria das veias rotas de se" %eito se ist"rava co o do %ai/

 <VHs,, ertra, esse era o e" %resente: a(ora ser;, ne(ro e!ora, " son$o doe" %assado. o" t"a e t"a sK. Foi %or ti ="e tive or*a !astante %ara tanto crie Ve, t"doesta %ronto, "aos. A nKs o "t"ro/

Foi "a vida insana a in$a co a="ela "l$er/ Era " viaar se i. Un(elavestia0se de $oe: era " oroso ance!o assi. No deais ela era coo todos oso*os li!ertinos ="e nas esas da or(ia !atia co a ta*a na ta*a dela. e!ia ; coo "ain(lesa, "ava coo "a "ltana, ontava a cavalo coo " ;ra!e,, e atirava as arascoo " es%an$ol.

"ando o va%or dos licores e ardia a ronte ela a re%o"sava e se"s oel$os,toava " !andoli e e cantava as odas de s"a terra

 Nossos dias era lan*ados ao sono coo %?rolas ao aor: nossas noites si era !elas/

L dia ela %arti": %arti", as deio"0e os l;!ios ainda ="eiados dos se"s, e ocora*+o c$eio de (?ren de v@cios ="e ela a@ lan*ara. arti". 5as s"a le!ran*a ico"coo o antasa de " a" ano %erto de e" leito.

"is es="ecH0la no o(o, nas !e!idas, na %ai+o dos d"elos. ornei0e " ladr+onas cartas, " $oe %erdido %or "l$eres e or(ias, " es%adac$i terr@vel e secora*+o.

La noite e" ca@ra ?!rio as %ortas de " %al;cio: os cavalos de "a carr"a(e %isara0e ao %assar e %artira0e a ca!e*a de encontro a l;ea. Ac"dira0e desse %al;cio. De%ois aara0e: a a@lia era " no!re vel$o vi-vo e "a !ele4a %ere(rina dede4oito anos. N+o era aor de certo o ="e e" sentia %or ela< n+o sei o ="e oi < era "aatalidade inernal. A %o!re inocente ao"0eM e e" rece!ido coo o $Ks%ede de De"s so!o teto do vel$o idal(o, desonrei0l$e a il$a, ro"!ei0a, "(i co ela E o vel$o teve de c$orar s"as c+s anc$adas na desonra de s"a il$a, se %oder vin(ar0se.

De%ois enoei0e dessa "l$er. <A saciedade c " t?dio terr@vel<"a noite ="ee" o(ava co ie(ried<o %irata, de%ois de %erder as -ltias Kias dela, vendi0a.

A o*a enveneno" ie(ried lo(o na %rieira noite, e ao(o"0se

Page 12: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 12/50

Eis a@ ="e e" so": se ="isesse contar0vos lon(as $istorias do e" viver, vossasvi(@lias correria !reves deaisS

L dia<era na 7t;lia<saciado de vin$o e "l$eres e" ia s"icidar0e A noite eraesc"ra e e" c$e(ara sK na %raia. "!i n" roc$edo: dai in$a -ltia vo4 oi "a

 !lasHia, e" -ltio ade"s "a aldi*+o... e" -ltio di(o alM %or="e senti0eer("ido nas ;("as %elo ca!elo.

Ent+o na verti(e do ao(o o anelo da vida acordo"0se e i. A %rinc@%io tin$asido "a ce("eira <"a n"ve ante e"s ol$os, coo aos da="ele ="e la!"ta na trevas.A sede da vida veio ardente: a%ertei a="ele ="e e socorria: i4 tanto, e "a %alavra, ="e,se ="erH0lo, atei0o. 6ansado do esor*o desaiei

"ando reco!rei os sentidos estava n" escaler de arin$eiros ="e reava ar e ora. A@ so"!e e" ="e e" salvador tin$a orrido ao(ado %or in$a c"l%a. Era "asina, e ne(raM e %or isso ri0eM ri0e, en="anto os il$os do ar c$orava.

6$e(aos a "a corveta ="e estava er("endo Incora.

O coandante era " !elo $oe. elas aces verel$as caia0l$e os cres%osca!elos loiros onde a vel$ice alveava al("as c+s.

Ele %er("nto"0e:

 <"e ?s

 <L des(ra*ado ="e n+o %ode viver na terra, e n+o deiara orrer no ar.

 <"eres %ois vir a !ordo

 <A enos ="e n+o %reirais atirar0e ao ar.

 <N+o o aria: tens "a !ela i("ra. evar0te0ei coi(o. ervir;s...

 <ervir/<e ri0e: de%ois res%ondi0l$e rio: deiai ="e e atire ao ar 

 <N+o ="eres servir ="eres ent+o viaar de !ra*os cr"4ados

 <N+o: ="ando or a $ora da ano!ra dorirei: as ="ando vier a $ora doco!ate nin("? ser; ais alente do ="e e"

 <5"ito !e:: (osto de ti, disse o vel$o lo!o do ar. A(ora ="e estaoscon$ecidos di4e0e te" noe e t"a $istKria.

 <5e" noe e ertra. 5in$a $istKria esc"tai: %assado e " t-"lo/er("ntai ao se%"lcro a $istoria do cad;ver/ ("arda o se(redo ele dir0vos0a a%enas ="e teno seio " cor%o ="e se corro%e/ tereis so!re a lo"sa " noe<e n+o ais/

Page 13: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 13/50

O coandante ran4i" as so!rancel$as, e %asso" adiante %ara coandar aano!ra.

O coandante tra4ia a !ordo "a !ela o*a. 6riat"ra %;lida, %arecera a " %oeta

o ano da es%eran*a adorecendo es="ecido entre as ondas. Os arin$eiros a res%eitava:="ando %elas noites de l"a ela re%o"sava o !ra*o na a"rada e a ace na +o a="eles ="e %assava "nto dela se desco!ria res%eitosos. N"nca nin("? l$e vira ol$ares de or("l$o,ne l$e o"vira %alavras de cKlera: era "a santa.

Era a "l$er do coandante.

 Entre a="ele $oe !r"tal e valente, rei !ravio ao alto ar, es%osado, coo osDo(es de Vene4a ao Adri;tico, a s"a (arrida corveta<entre a="ele $oe %ois e a="elaandona $avia " aor de $oe coo %al%ita o %eito ="e lon(as noites a!ri"0se as l"asdo oceano solit;rio, ="e adorece" %ensando nela ao rio das va(as e ao calor dos trK%icos,="e s"s%iro" nas $oras de ="arto, alta noite na a"rada do navio, le!rando0a nosnevoeiros da cerra*+o, nas n"vens da tardeS o!res doidos/ %arece ="e esses $oensaa "ito/ A !ordo o"vi a "itos arin$eiros se"s aores sin(elos: era o*as loirasda retan$a e da Norandia, o" al("a Es%an$ola de ca!elos ne(ros vista ao %assar< sentada na %raia co s"a cesta de lores<o" adorecida entre os laranais c$eirosos<o"dan*ando o andan(o lascivo nos !ailes ao relento/ Bo"ve "nto a i "itas aces ;s%erase tostadas ao sol do ar ="e se !an$ara de l;(rias.... .

Volteos a $istKria.<O coandante a estreecia coo " lo"co<" %o"coenos ="e a s"a $onra, " %o"co ais ="e s"a corveta.

E ela<ela no eio de s"a elancolia, de s"a triste4a e s"a %alide4<ela sorria asve4es ="ando cisava so4in$a<as era " sorrir t+o triste ="e do@a. 6oitada/

L %oeta a aaria de oel$os. La noite<de certo e" estava ?!rio<i40l$e "nsversos. Na lIn("ida %oesia, e" derraara "a essHncia %reciosa e l@%ida ="e ainda n+o se %ol"@ra no "ndo. . .

o? ="e c$orei ="ando i4 esses versos. L dia. eses de%ois<li0os, ri0e delese de i e atirei0os ao ar. . . Era a -ltia ol$a da in$a vir(indade ="e lan*ava aoes="eciento.

A(ora, enc$ei os co%os: o ="e vo" di4er0vos e ne(ro: e "a le!ran*a $orr@vel,coo os %esadelos no Oceano.

6o s"as l;(rias, co se"s sorrisos, co se"s ol$os -idos, e os seiosint"escidos de s"s%iro<a="ela "l$er e enlo"="ecia as noites. Era coo "a vidanova ="e nascia c$eia de deseos, ="ando e" cria ="e todos eles era ortos coo crian*asao(adas e san("e ao nascer.

Page 14: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 14/50

Aei0a: %or ="e di4er0vos ais Ela ao"0e ta!?. La ve4 a l"4 ia l@%idae serena so!re as ;("as <as n"vens era !rancas coo " v?" recaado de %?rolas danoite<o vento cantava nas cordas. e!i0l$e na %"re4a desse l"ar, ao resco dessa noite, il !eios nas aces ol$adas de l;(rias, coo se !e!e o orval$o de " l@rio c$eio. A="eleseio %al%itante, o contorno acetinado, a%ertei0os so!re i

O coandante doria.

La ve4 ao adr"(ar o (aeiro assinalo" " navio. 5eia $ora de%ois desconio"="e era " %irata...

6$e(avaos cada ve4 ais %erto. L tiro de %Klvora seca da corveta reclao" a !andeira. N+o res%ondera. De"0se se("ndo<nada. Ent+o " tiro de !ala oi cair nas;("as do !arco descon$ecido coo "a l"va de d"elo. O !arco ="e ate ent+o tin$a se("idor"o o%osto ao nosso e vin$a %roa contra nossa %roa viro" de !ordo e a%resento"0nos se"lanco en"a*ado: " relI%a(o corre" nas !aterias do %irata<" estrondo se("i"0se< e "a n"ve de !alas veio orrer %erto da corveta.

Ela n+o doria, viro" de !ordo: os navios icara lado a lado. A descar(a do naviode ("erra o %irata estreece" coo se ="isesse ir a %i="e.

O %irata "(ia: a corveta de"0l$e ca*a as descar(as trocara0se ent+o ais ortesde a!os os lados.

Eni o %irata %arece" ceder. Atracara0se os dois navios coo %ara "a l"ta. Acorveta voito" s"a (ente a !ordo do inii(o. O co!ate torno"0se san(rento< era "atado"ro: o c$+o do navio escorre(ava de tanto san("e: o ar ansiava c$eio de esc"asao !oiar de tantos cad;veres. Nesta ocasi+o senti"0se "a "a*a ="e s"!ia do %or+o. O %irata dera o(o as %Klvora. . . A%enas a corveta %or "a ano!ra atrevida %de aastar 0sedo %eri(o. 5as a e%los+o e40l$e (randes estra(os. Al("ns in"tos de%ois o !arco do %irata voo" %elos ares. Era "a cena %avorosa ver entre a="ela o("eira de c$aas, aoestrondo da %Klvora, ao rever!erar desl"!rador do o(o nas ;("as, os $oens arroadosao ar ire cair no oceano.

Lns a eio ="eiados se atirava a ;("a, o"tros co os e!ros esolados e a %ele a des%e(ar0se0l$es do cor%o nadava ainda entre dores $orr@veis e orriatorcendo0se e aldi*Ges

A "a l?("a da cena do co!ate $avia "a %raia !ravia, cortada de roc$edos A@se salvara os %iratas ="e %"dera "(ir.

E nesse te%o en="anto o coandante se !atia coo " !ravo, e" desonravacoo " covarde.

 N+o sei coo se %asso" o te%o todo ="e decorre" de%ois. Foi "a vis+o de(o4os alditos < era os aores de atan e de Eloa, da orte e da vida, no leito do ar.

Page 15: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 15/50

"ando acordei " dia desse son$o, o navio tin$a encal$ado n" !anco de areia:o ran(er da ="il$a a order na areia (elo" a todos 5e" des%ertar oi a " (rito de a(onia

 <Ola, "l$er/ taverneira aldita, n+o vHs ="e vin$o aca!o"0se

De%ois oi " ="adro $orr@vel/ >raos nKs n"a an(ada no eio do ar. VKs="e lestes o Don J"an, ="e i4estes talve4 da="ele veneno a vossa @!lia, ="e doristes asnoites da saciedade coo e", co a ace so!re ele<e co os ol$os ainda itos nele vistestanta ve4 aan$ecer<sa!eis ="anto se core de $orror ante a="eles $oens atirados ao ar,n" ar se $ori4onte, ao !alo"*o das ;("as, ="e %arece s"ocar se" esc;rnio na "de4ria de "a atalidade/

La noite<a te%estade veio<a%enas $o"ve te%o de aarrar nossas "ni*GesFora ister ver o Oceano !raindo no esc"ro coo " !ando de leGes co oe, %aresa!er o ="e e a !orrasca<ora ister Ce0la de "a an(ada a l"4 da te%estade, as !lasHias dos ="e n+o crHe e aldi4e, as l;(rias dos ="e es%era e deses%era, aossol"*os dos ="e tree e tirita de s"sto coo a="ele ="e !ate a %orta do nada... E e", e"ria: era coo o (Hnio do ceticiso na="ele deserto. 6ada va(a ="e varria nossas t;!"asdescosidas arrastava " $oe<as cada va(a ="e e r"(ia aos %?s %areciares%eitar0e. Era " Oceano coo a="ele de o(o onde ca@ra os anos %erdidos de5ilton<o ce(o: ="ando eles %assava cortando0as a nado, as ;("as do %Intano de lava sea%ertava: a orte era %are os il$os de De"s <n+o %are o !astardo do al/

oda a="ela noite %assei0a co a "l$er do coandante nos !ra*os. Era "$iene" terr@vel a="ele ="e se cons"ava entre " descrido e "a "l$er %;lida ="eenlo"="ecia: o t;lao era o Oceano, a esc"a das va(as era a seda ="e nos a alcatiava oleito. E eio da="ele concerto de "ivos ="e nos ia ao %?, os (eidos nos s"ocava: enKs rol;vaos a!ra*ados<atados a " ca!o da an(ada < %or so!re as t;!"as

"ando a a"rora veto, rest;vaos cinco: era, a "l$er do coandante, ele e doisarin$eiros<S

Al("ns dias coeos "as !olac$as re%assadas da sals"(e da ;("a do ar.De%ois t"do o ="e $o"ve de ais $orr@vel se %asso" .

 <or ="e e%alideces, olieri a vida e assi. " o sa!er coo e" o sei. O ="e eo $oe e a esc"a ="e erve $oe na torrente e aan$a desaia: al("a coisa de lo"coe ovedi*o coo a va(a, de atal coo o se%"lcro/ O ="e e a eistHncia Na ocidade e ocaleidoscK%io das il"sGes:: vive0se ent+o da seiva do "t"ro. De%ois envel$eceos ="andoc$e(aos aos trinta anos e o s"or das a(onies nos (risal$o" os ca!elos antes do te%o, e"rc$ara coo nossas aces as nossas es%eran*as, oscilaos entre o %assado vision;rio, eeste aan$a do vel$o, (elado e ero<des%ido coo " cad;ver ="e se !an$a antes de dar a se%"lt"ra/ 5is?ria/ lo"c"ra/

 <5"ito !e// is?ria e lo"c"ra/ <interro%e" "a vo4.

Page 16: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 16/50

O $oe ="e alara era " vel$o. A ronte se l$e descalvara, e lon(as e "ndasr"(as a s"lcava<era ondas ="e o vento da vel$ice l$e cavava no ar da vida. . o!es%essas so!rancel$as (risal$as la%eava0l$e os ol$os %ardos e " es%esso !i(ode l$eco!ria %arte dos l;!ios. ra4ia " (i!+o ne(ro e roto, e " anto des!otado, da esa cor l$e caia dos o!ros.

 <"e ?s, vel$o<%er("nto" o narrador.

 <assava l; ora:: a c$"va caia a cIntaros: a te%estade era edon$a: entrei.oa0noite, sen$ores/ se $o"ver ais "a ta*a na vossa esa, enc$ei0a ate as !ordas e !e!erei convosco.

 <"e es

 <"e e" so" na verdade ora di@cil di4H0lo: corri "ito "ndo, a cada instante"dando de noe e de vida.<F"i %oeta<e coo %oeta cantei.. F"i soldado, e !an$eiin$a ronte "venil nos -ltios raios de sol da ;("ia de aterloo.<A%ertei ao o(o da !atal$a a +o do $oe do s?c"lo. e!i n"a taverna co oca(e<o %ort"("Hs,,aoel$ei0e na 7t;lia so!re o t-"lo de Dante<e "i a Wrecia %ara son$ar coo Cronna="ele t-"lo das (lKrias do %assado.<"e e" so" F"i " %oeta aos vinte anos, "li!ertino aos trinta <so" " va(a!"ndo se %;tria e se cren*as aos ="arenta. entei0ea so!ra de todos os sKis<!eiei l;!ios de "l$eres de todos os %a@ses<e de todo esse %ere(rinar sK tro"e d"as le!ran*as<" aor de "l$er ="e orre" nos e"s !ra*os na %rieira noite de e!ria("e4 e de e!re<e "a a(onia de %oeta Dela, ten$o "a rosa"rc$a e a ita ="e %rendia se"s ca!elos.<Dele<ol$ai. . .

O vel$o tiro" do !olso " e!r"l$o: era " len*ol verel$o o invKl"cro:desatara0no: dentro estava "a caveira.

 <La caveira/ < (ritara e torno: es " %roanador de se%"lt"ras

 <Ol$a, ocK, se entendes a ciHncia de Wall e %"r4$ei, di4e0e %ela %rot"!erIncia dessa ronte, e %elas !ossas dessa ca!e*a ="e %odia ser esse $oe

 <alve4 " %oeta<talve4 " lo"co.

 <5"ito !e/ adivin$aste. X erraste n+o di4endo ="e talve4 a!as as coisas a "te%o. Hneca o disse< a %oesia e a insInia. alve4 o (Hnio sea "a al"cina*+o, e oent"siaso %recise da e!ria("e4 %ara escrever o $ino san("in;rio e ervoroso de Ro"(etde 77sle,, o" %are, na cria*+o do %ainel edon$o do 6risto orto de Bol!ein, est"dar acorr"%*+o no cad;ver. Na vida isteriosa de Dante, nas or(ias de 5arlo'e, no %ere(rinar,de Cron $avia "a so!ra da doen*a de Balet: ="e sa!e

 <5as a ="e ve t"do isso

 <N+o !radastes<is?ria e lo"c"ra/ vKs, alas onde talve4 !or!"l$ava o so%rode De"s, c?re!ros ="e a l"4 divindade (Hnio esclarecia, e ="e o vin$o enc$ia de va%ores e a

Page 17: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 17/50

saciedade de esc;rnios Enc$ei as ta*as ate a !orda/ enc$ei0as e !e!eiM !e!ei a le!ran*ado c?re!ro ="e arde" nesse crInio, da ala ="e ai $a!ito", do %oeta lo"co<erner/ e e" !radarei ainda "a ve4:<is?ria e lo"c"ra/

O vel$o esva4io" o co%o, e!"*o"0se e sai". ertra contin"o" a s"e $istKria

 <E" vos di4ia ="e ia %assar0se "a coisa $orr@vel: n+o $avia ais alientos, e no$oe des%ertava a vo4 do instinto, das entran$as ="e tin$a oe, ="e %edia se" cevocoo c+o do atado"ro, osse e!ora san("e.

A oe/ a sede/ t"do ="anto $; de ais $orr@vel. .

 Na verdade, sen$ores, o $oe e "a criat"ra %ereita/ Estat";rio s"!lie, De"ses(oto" no tal$ar desse ;rore todo o se" esero. roete" divino, enc$e"0l$e o crInio %rot"!erante da l"4 do (Hnio. Er("e"0o %ela +o, ostro"0l$e c "ndo do alto daontan$a, coo atan ="atro s?c"los de%ois o e4 a 6risto, e disse0l$e: VH,, t"do isso e !elo<vales e ontes, ;("as do ar ="e es%"a, ol$as das lorestas ="e tree es"ss"rra coo as asas dos e"s anos<t"do isso e te". Fi40te o "ndo !elo no v?" %"r%-reo do cre%-sc"lo,, do"reito aos raios de in$a ace. Fi40te rei da terra/ !an$a aronte ol@%ica nessas !risas, nesse orval$o, na esc"a dessas cataratas. on$a coo anoite, canta coo os anos, dore entre as lores/ Ol$a/ entre as ol$as loridas do valedore "a criat"ra !ranca coo o v?" das in$as vir(ens, loira coo o releo dasin$as n"vens, $aroniosa coo as ara(ens do c?" nos arvoredos da terra.< E t"a:acorda0a: aa0a, e ela te aaraM no seio dela, nas ondas da="ele ca!elo, ao(a0te coo o solentre va%ores. <Rei no %eito dela, rei na terra, vive de aor e cren*a, de %oesia e de !ele4a, levanta0te, vai, e ser;s eli4/

"do isso e !elo, si<as e a ironia ais aar(a, a dece%*+o ais ;rida desodas as ironias e de sodas as dece%*Ges. "do isso se a%a(a diante de dois atos "ito %rosaicos<a oe e a sede.

O (Hnio, a ;("ia altiva ="e se %erde nas n"vens, ="e se a="enta no el-vio da l"4ais ardente do sol<cair assi co as asas tor%es e verinosas no lodo das c$arnecasoeta/ %or="e no eio do arro"!o ais s"!lie do es%@rito, "a vo4 sarc;stica eeisto?lica te !rada<e" Fa"st, il"sGes/ a realidade e a at?ria: De"s escreve" Av;Cnna ronte de s"e criat"ra/ <Don "an/ %or="e c$ores a esse !eio orno de Baidea ="edesaia0te nos !ra*os a %rostit"ta vender0tos0a aan$a ais ="eioadores/. 5is?ria// Edi4er ="e t"do o ="e $; de ais divino no $oe, de ais santo e %er"ado na ala sein"nde no lodo da realidade, se revolve no c$arco e ac$e ainda "a conv"ls+o inae %aredi4er<so" eli4/. . .

7sso t"do, sen$ores, %are di4er0vos "a coisa "ito si%les " ato vel$o e !atido <"a %ratica do ar, "a lei do na"r;(io<a antro%oa(ia.

Dois dias de%ois de aca!ados os alientos, restava trHs %essoas: e", ocoandante e ela<era trHs i("ras acilentas coo o cad;ver, c"os Y n"s ar="eavacoo a a(onia, c"os ol$ares "ndos e so!rios se inetava de san("e coo a lo"c"ra.

Page 18: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 18/50

O "so do ar<n+o ="ero di4er a vo4 da nat"re4a @sica,, o !rado do e(o@so do$oe<anda a orte de " %ara a vida de todos. <iraos a sorte<o coandanteteve %or lei orrer.

Ent+o o instinto de vida se l$e des%erto" ainda or " dia ais, de eistHncia,ais " dia de oe e sede, de leito -ido e varrido %elos ventos rios do norte, ais "as$oras ortas de !lasHia e de a(onia, de es%eran*a e deses%ero<de ora*Ges e descren*as <de e!re e de Insia<o $oe aoel$o"0se, c$oro", (ee" a e"s %?s...

 <Ol$ai, di4ia o iser;vel,, es%ereos ate aan$a. . De"s ter; co%ai+o de nosor vossa +e,, %elas entran$as de vossa +e/// %or De"s se ele eiste/ deiai, deiai0eainda viver/

O$/ a es%eran*a e %ois coo "a %arasita ="e orde e des%eda*a o tronco, as="ando ele cai, ="ando orre e a%odrece, ainda o a%erta e se"s conv"lsos !ra*os/Es%erar/ ="ando o vento do ar a*o"ta as ondas, ="ando a esc"a do oceano vos lava ocor%o l@vido e n", ="ando o $ori4onte e deserto e se tero, e as velas ="eM. !ran="eia aolon(e %arece "(ir/ o!re lo"co/

E" ri0e do vel$o.<in$a as entran$as e o(o. <5orrer $oe, aan$a, o"de%ois<t"do e era indierente, as $oe e" tin$a oe, e ri0e %or="e tin$a oe.

O vel$o le!ro"0e ="e e acol$era a se" !ordo, %or %iedade de i< le!ro"0e ="e e aava< e "a torrente de sol"*os e l;(rias ao(ava o !ravo ="en"nca e%alidecera diante da orte.

arece ="e a orte no oceano e terr@vel %ara os o"tros $oens: ="ando o san("el$es sal%ica as aces, l$es enso%a as +os, corre a orte coo " rio ao ar<coo acascavel ao o(o. 5as assi<no deserto <nas ;("as<eles tee0na, tree diantedessa caveira ria da orte/

E" ri0e %or="e tin$a oe.

Ent+o o $oe er("e"0se. A -ria levanto" nele <co a "ltia a(onia.6a!aleava, e " s"or rio l$e corria no %eito descarnado.<A%erto"0e nos se"s !ra*osaarelentos e l"taos a!os cor%o a cor%o, %eito a %eito, %? %or %?<%or " dia deis?ria/

A l"a aarelada er("ia s"a ace des!otada, coo "a eretri4 cansada de "anoite de devassid+o < do c?" esc"ro %arecia 4o!ar desses dois ori!"ndos ="e l"tava %or "a $ora de a(onia. . .

O valente do co!ate desalecia<cai": %"s0l$e o %? na (ar(anta<s"o="ei0o<ee%iro".. .

 N+o c"!rais o rosto co as +os < arieis eso. . . A="ele cad;ver oi nossoaliento dois dias. ..

Page 19: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 19/50

De%ois, as aves do ar ; !aiava %ara %artil$ar in$a %resaM e as in$as noitesastientas "a so!ra vin$a reclaar s"a ra*+o de carne $"ana. . .

ancei os restos ao ar. . .

E" e a "l$er do coandante %assaos<" dia. dois<se coer ne !e!er. . .Ent+o ela %ro%s0e orrer coi(o.<E" disse0l$e ="e si. Esse dia oi a "ltia

a(onia do aor ="e nos ="eiava: (astoo0lo e conv"lsGes %ara sentir ainda o elresco da vol"%t"osidade !an$ar0nos os l;!ios. . . Era o (o4o e!ril ="e %ode ter d"ascriat"ras e del@rio de orte. "ando soltei0e dos !ra*os dela a ra="e4a a a4iadesvairar. O del@rio tornava0se ais lon(o, ais lon(o: de!r"*ava0se nas ondas e !e!ia a;("a sal(ada, e oerecia0a nas +os %;lidas, di4endo ="e era vin$o. As (ar(al$adas riasvin$a ais de ent"viada

Estava lo"ca.

 N+o dori0n+o %odia dorir: "a odorra ardente e ervia as %;l%e!ras: o$;lito de e" %eito %arecia o(o: e"s l;!ios secos e estalados a%enas se orval$a desan("e.

in$a e!re no c?re!ro<e e" esta(o tin$a oe. in$a oe coo a era.

A%ertei0a nos e"s !ra*os, o%rii0l$e nos !ei*os a in$a !oca e o(o: a%ertei0aconv"lsivo<s"o="ei0a. Ela era ainda t+o !ela/

 N+o sei ="e del@rio estran$o se a%odero" de i. La verti(e e rodeava. Oar %arecia rir de i, c rodava e torno, esc"ante e esverdeado, coo " sorvedoiro.As n"vens %airava correndo e %arecia iltrar san("e ne(ro. O vento ="e e %assava nosca!elos "r"rava "a le!ran*a..

De re%ente senti0e sK. La onda e arre!atara o cad;ver. E" a vi !oiar %;lidacoo s"as ro"%as !rancas, sein"a, co os ca!elos !an$ados de ;("a:: e" via0a er("er0sena esc"a das va(as, desa%arecer, e !oiar de novo: de%ois n+o distin("i ais<era cooa esc"a das va(as, coo " len*ol lan*ado nas ;("as...

"antas $oras ="antos dias %assei na="ela odorra ne o sei . "ando acordeidesse %esadelo de $oe des%erto, estava a !ordo de " navio.

Era o !ri("e in(lHs 'allo', ="e e salvara

Ol;, taverneira, !astarda de atan, n+o vHs ="e ten$o sede, e as (arraas est+osecas, secas coo t"a ace coo nossas (ar(antas

Page 20: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 20/50

IV

)ENNARO

5e"rs o" t"e/CORNEIE

 <Wennaro, dores, o" e!e!es0te no sa!or do "ltio tra(o do vin$o, da -ltia"a*a do te" cac$i!o

 <N+o: ="ando contavas t"a $istoria, le!rava0e "a ol$a da vida, ol$a seca eaverel$ada coo as do o"tono, e ="e o vento varre".

 < La $istoria

 <i: e "a das in$as $istorias: sa!es, ertra, e" so" %intor, e "ale!ran*a triste essa ="e vo" revelar, %or="e e a $istoria de " vel$o e de d"as "l$eres, !elas coo d"as visGes de l"4.

Wodoredo als$ era " desses vel$os s"!lies, e c"as ca!e*as as c+sseel$a o diadea %rateado do (Hnio. Vel$o ;, casara e se("ndas n-%cias co "a !ele4a de vinte anos. era %intor: di4ia "ns ="e este casaento ora " aor art@stico %or a="ela !ele4a Roana, coo ="e eita ao olde das !ele4as anti(as<o"tros cria0noco%ai+o %ela %o!re oca ="e vivia de servir de odelo. O ato e ="e ele a ="eria cooil$a<coo a"ra, a il$a -nica de se" %rieiro casaento<a"ra, corada coo "arosa, e loira coo " ano.

E" era nesse te%o o*o era a%rendi4 de %int"ra e case de Wodoredo. E" eralindo ent+o/ ="e trinta anos l; v+o/ ="e ainda os ca!elos e as aces e n+o $aviades!otado coo nesses lon(os ="arenta e dois anos de vida/ E" era a="ele ti%o de ance!oainda %"ro do ress"!rar inantil, %ensativo e elancKlico coo o Raael se retrato" no="adro da (aleria ar!erini. E" tin$a ="ase a idade da "l$er do estre.<Na"4a tin$avinte <e e" tin$a de4oito anos.

Aei0a, as e" aor era %"ro coo e"s son$os de de4oito anos. Na"4ata!? e aava: era " sentir t+o %"ro/ era "a eo*+o solit;ria e %er"osa coo as %riaveras c$eias de lores e de !risas ="e nos e!alava aos c?"s da 7t;lia..

6oo e" o disse<o estre tin$a "a il$a c$aada a"ra. Era "a oca %;lida,de ca!elos castan$os e ol$os a4"ladosM s"e te4 era !ranca, e sK as ve4es, ="ando %eo aincendia, d"as rosas l$e averel$ava a ace e se destacava no "ndo de ;rore. a"ra %arecia ="erer0e coo a " ir+o.. e"s risos,, se"s !eios de crian*a de ="in4e anosera sK %are i. A noite, ="ando e" ia deitar0e, ao %assar %elo corredor esc"ro coin$a lI%ada,, "a so!ra e a%a(ava a l"4 e " !eio e %o"sava nas aces, nastrevas.

Page 21: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 21/50

5"itas noites oi assi.

La an$+<e" doria ainda<o estre sa@ra e Na"4a ora a i(rea<="andoa"ra entro" no e" ="arto e ec$o" a %orta: deito"0se a e" lado. Acordei <nos !ra*os

dela.O o(o de e"s de4oito anos, a %riavera vir(inal de "a !ele4a, ainda inocente,

o seio sein" de "a don4ela a !ater so!re e": isso t"do ao des%ertar dos son$os alvosda adr"(ada, e enlo"="ece"...

odas as an$as a"ra vin$a a e" ="arto. . .

rHs eses %assara assi. L dia entro" ela no e" ="arto e disse0e:

 <Wennaro, esto" desonrada %are se%re... A %rinci%io e" ="is0e il"dir<; n+o o %osso<esto" de es%eran*as. . .

L raio ="e e ca@sse aos % %?s e ass"staria tanto.

 < E %reciso ="e cases coi(o< %ai, o"ves, Wennaro

E" calei0e.

 <N+o e aas ent+o

6alei0e ainda.

 <O$/ Wennaro, Wennaro/

E cai" no e" o!ro deseita e sol"*os. 6arre("ei0a assi ria e ora de si %arese" ="arto.

 N"nca ais torno" a alar0e e casaento.

"e $avia de e" a4er contar t"do ao %ai e %edi0la e casaento Fora "alo"c"ra... Ele e ataria e a ela: o" %elo enos e e%"lsaria de s"e casa...: E Na"4acada ve4 e" a aava ais. Era "a l"te terr@vel essa ="e se travava entre o dever e o aor,e entre o dever e o reorso.

a"ra n+o e alara ais. e" sorriso era rio: cada dia tornava0se ais %;lida,as a (ravide4 n+o crescia, antes ais nen$" sinal se l$e notava . .

O vel$o levava as noites %asseando no esc"ro. J; n+o %intava. Vendo a il$a ="eorria aos sons secretos de "a $aronia de orte, ="e e%alidecia cada ve4 ais, ois?rrio arrancava as c+s.

Page 22: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 22/50

E" cont"do n+o es="ecera Na"4a, ne ela se es="ecia de i. 5e" aor erase%re o eso: era se%re noites de es%eran*a e de sede ="e e !an$ava de l;(riaso travesseiro. K as ve4es a so!ra de " reorso e %assava, as a ia(e deladissi%ava todas essas n?voas . . .

La noite... oi $orr@vel... viera c$aar0e: a"ra orria. Na e!re "r"ravae" noe e %alavras ="e nin("? %odia reter, t+o a%ressadas e con"sas l$e soava.Entrei no ="arto dela: a doente con$ece"0e. Er("e"0se !ranca, co a ace -ida de "s"or co%ioso: c$ao"0e. entei0e "nto do leito dela. A%erto" in$a +o nas s"as +osrias e "r"ro" e e"s o"vidos:

 <Wennaro, e" te %erdo: e" te %erdo t"doSEras " inae. . . 5orrerei. . . F"i"a lo"ca. . . 5orrere.. %or t"a ca"sa... te" il$o... o e"... vo" vH0lo ainda.. . as noc?"... 5e" il$o ="e atei. .. antes de nascer...

De" " (rito: estende" conv"lsivaente os !ra*os coo %ara re%elir "a id?ia, %asso" a +o %elos l;!ios coo %ara en"(ar as "ltias (otas de "a !e!ida, estorce"0seno leito, l@vida, ria, !an$ada de s"or (elado, e ar="eo". . . Era o "ltio s"s%iro.

L ano todo se %asso" assi %ara i. O vel$o %arecia endoidecido. odas asnoites ec$ava0se no ="arto onde orrera a"ra: levava ai a noite toda e solid+o. Doriaa$ ="e n+o/ on(as $oras e" o esc"tei no silHncio arar co Insia,, o"tras ve4es ao(ar0see sol"*os.

De%ois t"do e"decia: o silencio d"rava $oras<o ="arto era esc"ro: e de%ois as %assadas %esadas do estre se o"via %elo ="arto, as vacilantes coo de " !H!edo ="eca!aleia.

La noite e" disse a Na"4a ="e a aava: aoel$ei0e "nto dela, !eiei0l$e as+os, re("ei se" colo de l;(rias. Ela volto" a ace: e" cri ="e era desd?, er("i0e

 <Ent+o Na"4a, t" n+o e aas, disse e".

Ela %eranecia co o rosto voltado.

 <Ade"s, %ois: %erdoai0e se vos oendi: e" aor e "a lo"c"ra, in$a vida e"a deses%eran*a<o ="e e resta Ade"s, irei lon(e <lon(e da="i talve4 ent+o e" %ossac$orar se reorso

oei0l$e a +o e !eiei0a.

Ela deio" s"a +o nos e"s l;!ios.

"ando er("i a ca!e*a, e" a vi: ela estava de!"l$ada e l;(rias.

 <Na"4a<Na"4a<"a %alavra, t" e aas

Page 23: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 23/50

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

"do o ais oi " son$o: a l"a %assava entre os vidros da anela a!erta, e !atianela: n"nca e" a vira t+o %"ra e divina/

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

E as noites ="e o estre %assava sol"*ando no leito va4io de s"a il$a, e" as %assava no leito dele, nos !ra*os de Na"4a.

La noite $o"ve " ato %asoso.

O estre veio ao leito de Na"4a. Weia e c$orava a="ela vo4 cavernosa e ro"ca:too"0e %elo !ra*o co or*a acordo"0e, e levo"0e de rasto ao ="arto de a"ra

Atiro"0e ao c$+o: ec$o" a %orta. La lI%ada estava acesa no ="arto derontede " %ainel. Er("e" o len*ol ="e o co!ria.<Era a"ra ori!"nda/ E e" acilento cooela treia coo " condenado. A oca co se"s l;!ios %;lidos "r"rava no e"o"vidoS

E" trei de ver e" se!lante t+o l@vido na tela: e le!rei0e ="e na="ele dia aosair do ="arto da orta, no es%el$o dela ="e estava ainda %end"rado a anela, e" e$orrori4ara de ver0e cadav?rico...

L treor, " calario se a%odero" de i. Aoel$ei0e, e c$orei l;(riasardentes. 6onessei t"do: %arecia0e ="e era ela ="e o andava, ="e era a"ra ="e seer("ia dentre os len*ois do se" leito, e e acendia o reorso, e no reorso e ras(ava o %eito.

or De"s/ ="e oi "a a(onia/

 No o"tro dia o estre converso" coi(o riaente. aento" a alta de s"a il$a <as se "a l;(ria: so!re o %assado na noite, ne %alavra.

odas as noites era a esa tort"ra, todos os dias a esa rie4a.

O estre era sonI!"loS

E %ois e" n+o e cri %erdidoS

6ont"do le!rei0e ="e "a noite, ="ando e" saia do ="arto de a"ra co oestre, no esc"ro vira "a ro"%a !ranca %assar0e %or %erto, ro*ara0e "ns ca!elossoltos, e nas l;eas do corredor estalava "as %assadas t@idas de %?s n"s Era Na"4a ="et"do vira c t"do o"vira, ="e se acordara e sentira in$a alta no leito, ="e o"vira essessol"*os e (eidos, e correra %ara verS

Page 24: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 24/50

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

La noite, de%ois da ceia, o estre als$ too" s"a ca%a e "a lanterna, ec$ao"0e %ara aco%an$;0lo. in$a de sair ora da cidade e n+o ="eria ir sK. aios

 "ntos: a noite era esc"ra e ria. O o"tono desol$ara as arvores e os %rieiros so%ros doinverno r"(a nas ol$as secas do c$+o. 6ain$aos "ntos "ito te%o: cada ve4 aisnos entran$;vaos %elas ontan$as, cada ve4 o cain$o era ais solit;rio. O vel$o %aro".Era na ralda de "a ontan$a. A direita o roc$edo se a!ria n" tril$o: a es="erda as %edras soltas %or nossos %?s a cada %assada se des%e(ava e rolava %elo des%en$adeiro, einstantes de%ois se o"via " so coo de ;("a onde cai " %esoS

A noite era esc"r@ssia. A%enas a lanterna al"iava o cain$o tort"oso ="ese("@aos. O vel$o lan*o" os ol$os a esc"rid+o do a!iso e ri"0se.

 <Es%era0e ai, disse ele<a ven$o.

Wodoredo too" a lanterna e se("i" %ara o c"e da ontan$a: e" sentei0e nocain$o a s"a es%era: vi a="ela l"4 ora %erder0se, ora rea%arecer entre os arvoredos nos4i("e4a("es do cain$o. or i vi0a %arar. O vel$o !ate" a %orta de "a ca!ana: a %ortaa!ri"0se. Entro". O ="e ai se %asso" ne o sei: ="ando a %orta a!ri"0se de novo "a"l$er l@vida e des(ren$ada a%arece" co " ac$o na +o.

A %orta ec$o"0se. Al("ns in"tos de%ois o estre estava coi(o.

O vel$o assento" a lanterna n" roc$edo, des%i" a ca%a e disse0e:

 <Wennaro, ="ero contar0te "a $istKria. E " crie, ="ero ="e seas "i4 dele.L vel$o era casado co "a oca !ela. De o"tras n-%cias tin$a "a il$a !ela ta!?L a%rendi4<" iser;vel ="e ele er("era da %oeira, coo vento as ve4es er("e "aol$a, as ="e ele %odia red"4ir a ela ="ando ="isesseS

E" estreeci, os ol$ares do vel$o %arecia erir0e.

 <N"nca o"viste essa $istKria, e" !o Wennaro

 <N"nca<disse e" a c"sto e treendo.

 <ois !e<esse inae desonro" o %o!re vel$o: trai"0o coo J"das ao 6risto.

 <5estre, %erd+o/

 < erd+o/ E %erdoo" o alvado ao %o!re cora*+o do vel$o

 < iedade/

 < E teve ele dK da vir(e, da desonra, da inInciticida

Page 25: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 25/50

 <erd+o/<e %erdoo" o alvado ao %o!re cora*+o do vel$o

 <iedade/

 <E teve ele dK da vir(e, da desonra, da inanticida <A$/<(ritei.

 <"e tens con$eces o criinoso

A vo4 de esc;rnio dele e a!aava.

 <VHs,, %ois, Wennaro00 disse ele "dando de to <, se $o"vesse " casti(o %ior ="e a orte, e" to daria. Ol$a esse des%en$adeiro/ E edon$o/ se o visses de dia. te"sol$os se esc"receria e ai rolarias talve4<de verti(e/ E " t-"lo se("ro: e ("ardara ose(redo, coo " %eito o %"n$al. X os corvos ir+o l; ver0te, sK os corvos e os veres. E %ois, se tens ainda no cora*+o aldito " reorso, re4a t"a "ltia ora*+o: as sea !reve.O al(o4 es%era a vitia: a $iena te oe de cad;verS

E" estava ali %endente "nto a orte. in$a sK a escol$er o s"ic@dio o" ser assassinado. 5atar o vel$o era i%oss@vel. La l"ta entre i e ele ora insana. Ele eraro!"sto, a s"a estat"ra alta, se"s !ra*os "sc"losos e ="e!raria coo o vendavalre!enta " rao seco. Deais, ele estava arado. E"<e" era "a crian*a d?!il: ao e" %rieiro %asso ele e arroaria da %edra e c"as !ordas e" estava... K e restaria orrer co ele<arrast;0lo na in$a ="eda. 5as %ara ="e

E c"rvei0e no a!iso: t"do era ne(ro: o vento l; (eia e!aio nos raosdesn"dos, nas "r4es, nos es%in$ais resse="idos, e a torrente l; c$ocal$ava no "ndoesc"ando nas %edras.

E" tive edo.

Ora*Ges, aea*as, t"do seria de!alde.

 <Esto" %ronto<disse.

O vel$o ri"0se: inernal era a="ele rir dos se"s l;!ios estalados de e!re. K via="ele riso De%ois oi "a verti(eS o ar ="e s"ocava, " %eso ="e e arrastava, coona="eles %esadelos e ="e se cai de "a torre e se ica %reso ainda %ela +o, as a +ocansa. ra="ea, s"a, esria... Era $orr@vel: rao a rao, ol$a %or ol$a os ar!"stos eestalava nas +os, as ra@4es secas ="e saia %elo des%en$adeiro estalava so!re e" %eso e e" %eito san(rava nos es%in$ais. A ="eda era "ito r;%ida SDe re%ente n+o sentiais nadaS"ando acordei estava "nto a "a ca!ana de ca%oneses ="e e tin$aa%an$ado "nto da torrente, %reso nos raos de "a a4in$eira (i(antesca ="e asso!rava orio.

Page 26: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 26/50

Era de%ois de " dia e "a noite de del@rios ="e e" acordara. o(o ="e sarei, "aid?ia e veio: ir ter co o estre. Ao ver0e salvo assi da="ela orte $orr@vel, %ode ser ="e se a%iedasse de i, ="e e %erdoasse, e ent+o e" seria se" escravo, se" c+o, t"do ="e $o"vesse ais a!eto n" $oe ="e se $"il$a<t"do/ 0 contanto ="e ele e %erdoasse. Viver co a="ele reorso e %arecia i%oss@vel. arti %ois: no cain$o to%ei

" %"n$al. Er("i0o: era o do estre. Veio0e ent+o "a id?ia de vin(an*a e de so!er!a.Ele ="isera atar0e, ele tin$a rido a in$a a(onia, e e" $avia ir c$orar0l$e ainda aos %?s %ara ele re%elir0e ainda, c"s%ir0e nas aces, e aan$a %roc"rar o"tra vin(an*a aisse("ra. . E" $"il$ar0e ="ando ele e tin$a a!atido/ Os ca!elos e arre%iara naca!e*a, e s"or rio e rolava %elo rosto.

"ando c$e("ei a casa do estre ac$ei0a ec$ada. ati<n+o a!rira. O ardi dacasa dava %ara a r"a: saltei o "ro: t"do estava deserto e as %ortas ="e dava %ara eleestava ta!? ec$adas. La delas era raca: co %o"co esor*o arro!ei0a. Aoestrondo da %orta ="e cai" sK o eco res%onde" nas salas. odas as anelas estava ec$adase cont"do era dia claro ora. "do estava esc"ro: ne "a la%arina acesa. 6ain$eitateando ate a sala do %intor. 6$e("ei l;<a!ri as anelas e a l"4 do dia derrao"0se na saladeserta. 6$e("ei ent+o ao ="arto de Na"4a<a!ri a %orta e " !ao %estilento corria da@. Oraio da l"4 !ate" e "a esa.<J"nto estava "a ora de "l$er co a ace na esa, eos ca!elos ca@dos: atirado n"a %oltrona " v"lto co!erto co " ca%ote. Entre eles "co%o onde se de%ositara " res@d"o %olvil$ento. Ao %? estava " rasco va4io. De%ois e" oso"!e<a vel$a da ca!ana era "a "l$er ="e vendia veneno: era ela de certo ="e ovendera, %or="e o %K !ranco do co%o %arecia se0loS

Er("i os ca!elos da "l$er, levantei0l$e a ca!e*a . Era Na"4a, as Na"4a cad;ver, ; des!otada %ela %odrid+o. N+o era a="ela est;t"a alv@ssia de o"trora, as aces acias ecolo de neve Era " cor%o aareloSevantei "a %onta da ca%a do o"tro<o cor%o cai"de !r"*os co a ca!e*a %ara !aio<ressoo" no %aviento o estalo do crInio Era o vel$o <orto ta!? e roo e a%odrecido: e" o vi<da !oca l$e corria "a esc"a esverdeada.SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

Page 27: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 27/50

V

CAUDIUS 'ERMANN

. . . EcstasC/

5C %"lse, as Co"rs, dot$ te%eratelC ee% tie

And aes as $ealt$"l "sic. 7t is not adness $at 7 $ave "tterd.

S'A*ES+EARE(

 <E t", Berann/ 6$e(o" a t"a ve4. L %or " evocaos ao ceit?rio do %assado " cad;ver. L %or " er("eos0l$e o s"d;rio %are aostrar0l$e "a nKdoa desan("e. Fala ="e c$e(o" t"a ve4.

 <6la"di"s son$a al(" soneto ao eito do etrarca, al("a a"r?ola de %"re4acoo a dos es%@ritos %"ros da 5essiada/ disse entre "a "a*a e "a (ar(al$ada .Jo$anner("endo a ca!e*a da esa.

 <ois !e/ ="ereis " $istoria E" %"dera conta0las, coo vos, Ylo"c"ras denoites de or(ia<as %are ="e Fora esc;rnio Fa"st ir le!rar a 5ei"stKteles as $oras de %erdi*+o ="e lido" co ele. a!ei0las sodas essas in$as n"vens do %assado, lestes0lo aarta o livro des!otado de in$a eistHncia li!ertine. e o n+o le!ras seis, a %rieira"l$er das r"as %"dera conta0lo. Nessa torrente ne(ra ="e se c$aa a vida, e ="e corre %arao %assado en="anto nos cain$aos %ara o "t"ro, ta!? desol$ei "itas cren*as, e

lancei des%idas as in$as ro"%as ais %er"adas %ara traar a t-nica da at"rnal/ O %assado e o ="e oi, e a lor ="e "rc$o", o sol ="e se a%a(o", o cad;ver ="e a%odrece".;(rias a ele ora lo"c"ra/ "e d"ra, e ="e d"ra co s"as le!ran*as ne(ras/reviva: acorde a%enas os iosKtis a!ertos, na="ele %Intano/ so!re;([e na="ele n+o0ser o el-vio de al("a le!ran*a %"ra/

 <ravo/ rav@ssio/ 6la"di"s, estas co%leta ente !H!edo/ !o? ="e estasroIntico/

 < ilencio, ertra/ certo ="e esta n+o e "a lenda %ara inscrever0se a%Ks dasvossas: "a dessas coisas ="e se conte co os cotovelos na toal$a verel$a, e os l;!ios

 !orriados de vin$o e saciados de !eios 5as ="e i%orta

Vos todos, ="e aais o o(o, ="e vistes " dia correr na="ele a!iso "a onda deoiro<redeoin$ar0l$e no "ndo, coo " ar de es%eran*as ="e se e!ate na ressaca doacaso, sa!eis el$or ="e verti(e nos tonteia ent+o: ideais el$or a lo"c"ra ="e nos delirana="eles o(os de il$ares de $oens, onde ort"na, as%ira*Ges, a vida esa v+o0se nara%ide4 de "a corrida, onde todo esse co%leo de is?rias e deseos, de cries evirt"des ="e se c$aa a eistHncia se o(a n"a %arel$a de cavalos/

Page 28: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 28/50

A%ostei coo $oe a ="e n+o doera e%o!recer: o l"o ta!? sacia, e essa"a saciedade terr@vel/ %ara ela nada !asta: ne as dan*as do Oriente, ne as l"%ercaisroanas, ne os incHndios de "a cidade inteira l$e alientaria a seiva de orte, essavitalidade do veneno<de ="e ala Cron. 5e" lance no t"r oi in$a ort"na inteira. E"

era rico, "ito rico ent+o: e ondres nin("? ostentava ais dis%endiosas devassidGes:nen$" na!ado n"a noite es%erdi*ava soas coo e". O s"or de trHs (era*Gesderraava0o e" no leito das %erdidas, e no c$+o das in$as or(ias.

 No instante e ="e as corridas ia coe*ar, e ="e todos sentia0se e!ris dei%aciHncia<" "r-rio corre" %elas "ltidGes<" sorriso<e de%ois era as rontes="e se e%andia<e de%ois "a "l$er %asso" a cavalo.

V@sseis0la coo e"<no cavalo ne(ro, co as ro"%as de vel"do, as aces vivas, ool$ar ardente entre o desd? dos c@lios, transl"4indo a rain$a e todo a="ele edeaso!er!o: v@sseis0la !ela na s"e !ele4a %l;stica e $arnica, linda nas s"es cores %"ras eacetinadas, nos ca!elos ne(ros, e a te4 !ranca da ronteM o oval das aces coradas, o o(o den;car dos l;!ios inos, o esero do colo ressaltando nas ro"%as de aa4ona: v@sseis0laassi, e a ?, sen$ores, ="e n+o $av@eis rir de esc;rnio coo rides a(ora/

 <Roantiso/ deves estar "ito ?!rio, 6la"di"s, %ara ="e nos te"s l;!ios secosde ovelace e na t"a insensi!ilidade de D. J"an ven$a a %oesia ainda %assar0te " !eio/

 <Ride, si/ is?rrios/ ="e n+o co%reendeis o ="e %orvent"ra vai de incHndio %or a="eles l;!ios de ovelace e coo ar="ea o aor so! as ro"%as (oteantes de c$"vasde D. J"an<o li!ertino/ 7nsano, ="e n"nca son$astes ovelace se s"e ascara talve4c$orando 6larisse Barlo'e, %o!re ano, c"as asas !rancas ele ia des!otar aldi4endo essaatalidade ="e e4 do aor "a inIia e " crie. 5il ve4es insanos ="e n"ncason$astes o Es%an$ol acordando no l"%anar, %assando a +o %ela ronte, e r"(indo dereorso e sa"dade ao le!rar tantas visGes alvas do %assado/

 < ravo/ !ravo/

 < oesia/ %oesia/ < "r"ro" ertra.

 <oesia/ %or ="e %ron"nciar0l$e a vir(e casta o noe santo coo " ist?rio,no lodo esc"ro da taverna or ="e le!ra0la a estrela do aor a l"4 do la%i+o dacr;%"la oesia/ sa!eis o ="e e a %oesia

 <5eio cento de %alavras sonoras e v+s ="e " %"(ilo de $oens %;lidos entende,"a escada de sons e $aronias ="e a="elas alas lo"cas %arece id?ias e l$es des%ertail"sGes coo a l"a as so!ras 7sto no ="e se c$aa os %oetas. A(ora, no ideal, na "l$er, oressai!o do "ltio roance, o del@rio e a %ai+o da "ltia $ero@na de novela, e o %resenteincerto e va(o de " (o4o @stico, %elo ="al a vir(e orre de vol-%ia, se sa!er %or ="e..

Page 29: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 29/50

 < ilencio, ertra/ te" c?re!ro ="eiara0to os vin$os, coo a lava de "v"lc+o as relvas e lores da ca%ina. ilencio/ es coo essas %lantas ="e nasce eer("l$a no ar orto: co!re0as "a cristali4a*+o calcaria, ene4a0se e irra. A %oesia, e" to direi ta!? %or in$a ve4, e o voo das aves da an$a no !an$o orno dasn"vens verel$as da adr"(ada, e o cervo ="e se role no orval$o da ontan$a relvosa,

="e se es="ece da orte de aan$a, da a(onia de onte e se" leito de lores/ <asta, 6la"di"s: ="e isso ="e ai di4es nin("? o entende: s+o %alavras, %alavras

e %alavras, coo o disse Balet: e t"do isso e inanido e va4io coo "a caveira seca,entiroso coo os va%ores inectos da terra ="e o sol no cre%-sc"lo irisa de il cores, e="e se c$aa as n"vens, o" essa ade 4o!adora e nevoenta ="e se c$aa a %oesia/

 <A $istoria/ a $istoria/ 6la"di"s, n+o vHs ="e essa disc"ss+o nos e4 !ocear det?dio

 <ois !e, contarei o resto da $istoria. No i desse dia e" tin$a do!rado in$aort"na.

 No dia se("inte e" a vi: era no teatro. N+o sei o ="e re%resentaraM n+o sei o ="eo"vi, ne o ="e viM sei sK ="e l; estava "a "l$er<!ela coo t"do ="anto %asse ais %"ro a conce%*+o do estat";rio. Essa "l$er era a d"="esa Eleonora No o"tro dia vi 0a n" !aile De%ois Fora lon(o di4er0vos: seis eses/ conce!es seis eses de a(onia e deseoanelante<seis eses de aor co a sede da era/ seis eses/ coo ora lon(os/

L dia ac$ei ="e era deais. odo esse te%o $avia %assado e cote%la*+o< e vH0la,, aa0la e son$;0la: a%ertei in$as +os "rando ="e isso n+o iria al? < ="e era"ito es%erar e v+o: e ="e se ela viria coo W"lnare aos %?s do 6ors;rio, a ele ca!ia ir ter co ela.

La noite t"do doria no %al;cio do d"="e. A d"="esa, cansada do !aile,adorecia n" diva. A lI%ada de ala!astro estreecia0l$e s"a l"4 doirada na testa %;lida.arecia "a ade ="e doria ao l"ar 

O re%osteiro do ="arto a(ito"0se: " $oe ai estava %arado, a!sorto. in$a aca!e*a t+o ="ente e e!ril e ele a re%o"sava no %ortal.

A ra="e4a era covarde: e deais, esse $oe co%rara "a c$ave e "a $ora ainIia venal de " criadoM esse $oe "rava ="e nessa noite (o4aria a="ela "l$er:osse e!ora veneno, ele !e!eria o el da="ela lor, o licor de escarlate da="ela ta*a."anto a esses %re"@4os de $onra e ad"lt?rio,, n+o riais deles<n+o ="e ele ria disso.Aava e ="eria: a s"a vontade era coo a ol$a de " %"n$al<erir o" estalar.

 Na esa $avia " co%o e " rasco de vin$o: enc$e" o co%o: era vin$o es%an$ol < 6$e(o"0se a ela, er("e"0a co s"as ro"%as de vel"do desatadas, se"s ca!elos a eiosoltos ainda entreeados de %edraria e lores, se"s seios eio0n"s, onde os diaantes !ril$ava coo (otas de orval$o<er("e"0a nos !ra*osM de"0l$e " !eio. Ao calor 

Page 30: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 30/50

da="ele !eio, sein"a, ela acordo": entre os va(os son$os se l$e %erdia "a il"s+o talve4M"r"ro"<Paor/P e co ol$os entrea!ertos deio" cair a ca!e*a e adorece" de novo.

O $oe tiro" do seio " ras="in$o de eseralda.

evo"0o aos l;!ios entrea!ertos dela: e verte"0l$e al("as (otas ="e ela a!sorve"se senti0las. Deito"0a c es%ero". Da@ a instantes o sono dela era %ro"nd@ssio... A !e!idaera " narcKtico onde se ist"rara al("as ,(otas da="eles licores ecitantes ="eacorda a e!re nas aces e o deseo vol"t"oso no seio.

O $oe estava de oel$os: o se" %eito treia, e ele estava %;lido coo a%Ks de"a lon(a noite sens"al. "do %arecia vacil$ar0l$e e torno Ela estava n"a: ne vel"do,ne v?" leve a enco!ria:<O $oe es("e"0se, aasto" o cortinado.

A lI%ada !ril$o" co ais or*a<e a%a(o"0se...

O $oe era 6la"di"s Berann.

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

Page 31: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 31/50

"ando e levantei, e!"cei0e na ca%a e sai %elas r"as. "eria ir ter a e" %al;cio,, asestava tonto coo " ?!rio. it"!eava e o c$+o era l-!rico coo %ara ="e desaia. Laid?ia cont"do e %erse("ia. De%ois da="ela "l$er nada $o"vera ais %ara i. "e"a ve4 !e!e" o s"co das "vas %"r%"rinas do %ara@so, ais n"nca deve ine!riar0se don?ctar da terra... "ando o el se es(otasse, o ="e restava a n+o ser o s"ic@dio

La seana se %asso" assi: todas as noites e" !e!ia nos l;!ios a dorida "s?c"lo de (o4o. L Hs// o Hs/ e ="e delirantes ia os !ailes do entr"do, e ="e aisc$eia de e!re ela adorecia ="ente, co as aces e o(o/

La noite<era de%ois de " !aile<e" es%erei0a na alcova, escondido atr;s dose" leito. No co%o c$eio da("a ="e estava "nto a s"a ca!eceira derraara as "ltias (otasdo iltro, ="ando entro" ela co o D"="e.

Era ele " !elo o*o// Antes de deia0la %asso"0l$e as d"as +os %elas ontes ede"0l$e " !eio. E!evecido da="ele !eio, o ano %ende" a ca!e*a no o!ro dele, eenla*o"0o co se"s !ra*os n"s, rel"4entes das %"lseiras de %edraria. O d"="e teve sede, %e(o" no co%o da d"="e4a, !e!e" al("as (otasM ela too"0l$e o co%o< o resto. E" os viassi: a="ele es%oso ainda t+o o*o, a="ela "l$er<a$/ e t+o !ela/ de te4 ainda vir(e< e a%ertei o %"n$al

 <Viras $oe, 5aio, disse ela.

 <i, in$ala.

L !eio s"ss"rro", e ao(o" as d"as alas. E e" na so!ra sorri, %or="e sa!ia="e ele n+o $avia de vir.

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

Ele sai", ela coe*o" a des%ir0se. E" vi "a %or "a ca@re as ro"%as !ril$antes,as lores e as Kias< desatare0se0l$e as trancas l"4idias e ne(ras<e de%ois a%arecia nov?" !ranco do ro"%+o trans%arente coo as est;t"as de ninas eio0n"as, co as orasdesen$adas %ela t-nica re%assada da ;("a do !an$o.

O ="e vi<oi o ="e son$ara e "ito, o ="e vos todos, %o!res insanos, ideali4astes" dia coo a vis+o dos aores so!re o cor%o da vendida/ Era os seios alvos e veladosde a4"l, trH"los de deseo, a ca!e*a %erdida entre a c$"va de ca!elos ne(ros<os l;!iosar="eantes <o cor%o todo %al%itante<era a lan("ide4 do desalin$o, ="ando o cor%o da !ele4a ais se enc$e de !ele4a, e coo "a rosa ="e a!re ol$ada de sereno, ais see%ande, ais %atenteia s"as cores.

O narcKtico era ort@ssio: "a sore("id+o e!ril l$e a!ria os !ei*os: eten"ada elIn("ida, ca@da no leito, co as %;l%e!ras %;lidas, os !ra*os soltos e se orca< %arecia !eiar "a so!ra.

Page 32: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 32/50

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

Er("i0a do leito, carre("ei0a co s"as ro"%as di;anas, s"as oras cetinosas, osca!elos soltos -idos ainda de %er"e, se"s seios ainda ="entesS

6orri co ela %elos corredores desertos, %assei %elo %;tio<a "ltia %orta estavacerrada: a!ri0a.

 Na r"a estava " carro de via(e: os cavalos nitria e esc"ava dei%aciHncia. Entrei co ela dentro do carro. artios.

Era te%o. La $ora de%ois aan$ecia.

reve estiveos ora da cidade.

A adr"(ada ai vin$a co se"s va%ores, se"s rosais !orriados de orval$o, s"asn"vens avel"dadas, e as ;("as sal%icadas de o"ro e verel$id+o. A nat"re4a corava ao %rieiro !eio do sol, coo !ranca don4ela ao %rieiro !eio do noivo: n+o coo aanteaanada de noite vol"t"osa coo a %into" o %a(anisoM antes coo vir(e acordada dosono inantil, eio aoel$ada ante De"sM ="e ora e "r"ra s"as ora*Ges !alsIicas<aoc?" ="e se a4"la<T terra ="e cintila<Ts ;("as ="e se do"ra. Essa adr"(ada !aiava aterra coo o !ao de De"s: e entre a="ela l"4 e a="ele ar resco a d"="esa doria <%;lidacoo os sonos da="elas criat"ras @sticas das il"in"ras da 7dade 5edia<!ela coo aVHn"s dorida do iciano, e vol"t"osa coo "a das a;sias do Veroneso.

eiei0a: e" sentia a vida ="e se e eva%orava nos se"s l;!ios. Ela so!ressalto"0se <entrea!ri" os ol$osM as o %eso do sono ainda a aca!r"n$ava, e as %;l%e!ras descoradasse ec$araS

A carr"a(e corria se%re.

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

O sol estava a %r"o no c?"<era eio0dia: o calor a!aava: %ela ronte, %elasaces, %elo colo da d"="esa rolava (otas de s"or coo alares de " colar roto...araos n"a estala(e: lancei0l$e so!re a ace " v?", toei0a nos e"s !ra*os, elevei0a a " a%osento.

Ela devia ser "ito !ela assi/ os criados %arava nos corredores: era asso!rode tanta !ele4a, ais ainda ="e c"riosidade indiscreta.

A dona da casa c$e(o"0se a i.

 <en$or, vossa es%osa o" ir+, ="e ="er ="e ela sea, de certo %recisara de "acriada ="e a sirva

Page 33: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 33/50

 <Deiai0e: ela dore.

Foi essa a in$a -nica res%osta.

Deitei0a no leito: corri os cortinados, cerrei as anelas %ara ="e a l"4 l$e n+ot"r!asse o sono. N+o $avia ali nin("? ="e nos visseM est;vaos sKs, o $oe e se" ano,e a criat"ra da terra aoel$o"0se ao %? do leito da criat"ra do c?".

 N+o sei ="anto te%o corre" assi: n+o sei se doria,as sei ="e son$ava "ito aor e "ita es%eran*a: n+osei se velava, as e" a via se%re ali, e" l$e conte%lavacada oviento (racioso do dorir: e" estreecia a cadaalento ="e l$e treia os seios<e t"do e %arecia "son$o<" desses son$os a ="e a ala se a!andona coo" cisne, ="e odorra, ao so das ;("as. . N+o sei ="antote%o corre" assi: sei sK ="e o e" del@="io ="e!ro"0se: a d"="esa estava sentada so!re o leito: co os !ra*osn"s aastava as ondas do ca!elo solto ="e l$e co!ria orosto e o colo.

 <> " son$o "r"ro". Onde esto" e" ="e esse $oe encostado e e"leito

O $oe n+o res%onde".

Ela desce" da caa: se" %rieiro i%"lso oi o %"dor: ="is enco!rir co as+o4in$as os seios %al%itantes de s"sto. enti"0se ="ase n"a, e%osta as vistas de "estran$o, e treia coo conta os %oetas ="e treera Diana ao ver0se e%osta, no !an$o,n"a as vistas de Acteon.

 <en$or, di4ei0e %or co%ai+o, se t"do isso n+o c "a il"s+o se n+o ora "ainIia// Ne ="ero %ensa0lo. 5aio n+o deve tardar, n+o e assi o e" 5aio/ "doisso e "a co?diaS5as ="e alcova ? esta E" adoreci no e" %al;cio coo des%ertein"a sala descon$ecida Di4ei, t"do isso e " !rinco de 5aio ="er se rir dei...5as, vede, vede, e" treo, ten$o edo.

O $oe n+o res%ondia: tin$a os ol$os a ito na="ela ora divina: seria a est;t"ada %ai+o na %alide4, no ol$ar iKvel,, nos l;!ios sedentos, se o arar do %eito l$e n+oden"nciasse a vida.

Ela aoel$o"0se: ne sei o ="e ela di4ia. n+o sei ="e %alavras se eva%orarada="eles l;!ios: era %er"es, %or="e as rosas do c?" sK te %er"esM era $aronias, %or="e as $ar%as do c?" sK te $aroniasM e o l;!io da "l$er !ela e "a rosa divina, ese" cora*+o e "a $ar%a do c?". E" a esc"tava, as n+o a entendia: sentia sK ="e a="elasalas era "ito doces, ="e a="ela vo4 tin$a " talis+ irresist@vel %ara in$ala, %or="esK nos e"s son$os de inante ="e se il"de de aores, "a vo4 assi e %assara. Os

Page 34: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 34/50

(eidos de d"as vir(ens a!ra*adas no c?", doiradas da l"4 da ace de De"s, e%alidecidas %elos !eios ais %"ros, %elo tre"loso dos a!ra*os ais %al%itantes<n+o seria t+os"aves assi/

A o*a c$orava, sol"*ava: %or i ela er("e"0se.

E" a vi correr a anela, ia a!ri0la toei0a %elas +os

 < ois !e, disse ela, e" (ritarei...se n+o or " deserto, se al("? %assar %ora="i...talve4 e ac"da...ocor...

E" ta%ei0l$e a !oca co as +os

 <ilencio, sen$ora/

Ela l"tava %ara livrar0se de in$as +os: %or i senti"0se enra="ecida. E"soltei0a de %ena dela.

 <Ent+o, di4ei0e onde esto"<di4ei0o, o" e" c$aarei %or socorro

 N+o (ritareis, sen$ora/

 <or co%ai+o ent+o esclarecei0e nesta d"vida: %or ="e t"do isso ="e e" veo"do o ="e %enso, o ="e adivin$o e "ito $orr@vel/

 <Esc"tai %ois, disse0l$e e". Bavia "a "l$er. . era " ano. Bavia " $oe="e a aava, coo as ;("as aa a l"a ="e as %rateia, coo as ;("ias da ontan$a o sol="e as ita, ="e as enc$e de l"4 e de aor. Ne sei ="e ele era: er("e"0se " dia de "avida de e!re, es="ece"0aM e es="ece" o %assado, diante de "ns ol$os trans%arentes de"l$er, as anc$as de s"e $istoria, n"a a"rora de (o4os, onde se l$e desen$ava a so!radesse ano... Esc"tai: n+o o aaldi*oeis/ Esse $oe tin$a "ita inIia no %assado: %roanara s"e ocidade %rostit"@ra0a<coo a !or!oleta de oiro a s"e (era*+o, lan*ando0ano lodo: rio, se cren*as, se es%eran*as, a!aara "a %or "a s"es il"sGes, coo ainanticida se"s il$os. De"s o tin$a aaldi*oado talve4/ o" ele eso se aaldi*oara. . .Es="ecera ="e era $oe, e tin$a no se" %eito $aronias santas coo as do %oeta... Ele ases="ecera, e elas doria0l$e no ist?rio coo os s"s%iros nas cordas de "a ("itarraa!andonada. Es="ecera ="e a nat"re4a era !ela e "ito !ela, ="e o leito das lores da noiteera recendente, ="e a l"a era a lI%ada dos aores, as ara(ens do vale, os %er"es do %oeta no se" noivado co os anos, e ="e a a"rora tin$a el-vios rescos.. . e co s"esn"vens vir(inais, s"es ol$as ol$adas de orval$o, s"es ;("as nevoentas tin$a encantos ="esK as alas %"ras entende/ "do isso eneito", es="ece". .. %are sK le!rar a "rto e coesc;rnio nas $oras s"arentas da devassid+o... Ele era "ito inae/

 <5as t"do isso n+o e di4 ="e sois vos. . . ne %or="e esto" a="i. . .

Page 35: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 35/50

 <Esc"tai.<O li!ertino ao" %ois o ano, volto" o rosto ao %assado, des%i"0sedele coo de " anto i%"ro. Rete%ero"0se no o(o do sentiento, a%"ro"0se navir(indade da="ela vis+o<%or="e ela era !ela coo "a vir(e, e reletia essa l"4 vir(edo es%@rito, nesse !ril$o dala divina ="e al"ia as oras<="e n+o s+o da terra, as doc?". Ainda o te%o n+o eivara o cora*+o do insano de "a le%ra se c"ra: ne selo

inetin("@vel l$e (ravara na ronte<i%"re4a/ Deio"0se do viver ="e levara, descon$ece"se"s co%an$eiros, s"as aantes venais, s"as insnias c$eias de e!re: ="is a%a(ar todo o(osto da eistHncia, coo o $oe ="e %erde" "a ort"na inteira no o(o ="er es="ecer arealidade.

E o $oe %ode es="ecer t"do isto. 5as ele n+o era ainda eli4. As noites %assava0as ao redor do %al;cio dela, via0a as ve4es !ela e descorada ao l"ar, no terra*odeserto, o" distin("ia s"as oras na so!ra ="e %assava %elas cortinas da anela a!erta dese" ="arto il"inado. Nos !ailes se("ia co ol$ares de invea a="ele cor%o ="e %al%itavanas dan*as. No teatro, entre o arar das ondas da $aronia, ="ando o Htase !oiava na="elea!iente !alsIico e l"inoso, ele nada via sen+o ela< e sK ela/ E as $oras de se" leito< s"as $oras de sono n+o, ="e al as doria as ve4es<era lon(as de i%aciHncia e insnia,o"tras ve4es era c"rtas de son$os ardentes/ O %o!re insano teve " dia "a id?iaM erane(ra si as era a da vent"ra. O ="e e4 n+o sei: ne o sa!ereis n"nca. E de%ois !astante?!rio %ara vos son$ar, !astante lo"co %ara nos son$os de o(o de se" del@rio ia(inar (o4ar0vos, oi %roano assa4 %ara ro"!ar a " te%lo o ci!Krio d oiro ais %"ro. Esse$oe<tende co%ai+o dele, ="e ele vos aara de oel$os K ano, Eleonora . . .

 <5e" De"s/ e" De"s/ %or ="e tanta inIia, tanto lodo so!re i \ in$a5adona/ %or ="e aldissestes in$a vida, %or ="e deiastes cair na in$a ca!e*a "anKdoa t+o ne(ra

As l;(rias, os sol"*os a!aa0l$e a vo4.

 <erdoai0e, sen$ora, a="i e tendes a vossos %?s/ tende %ena de i, ="e e"sori "ito, ="e aei0vos, ="e vos ao "ito/ co%ai+o/ ="e serei vosso escravo, !eiarei vossas %lantas<aoel$ar0e0ei a noite a vossa %orta, o"virei vosso ressonar, vossasora*Ges, vossos son$os<e isso e !astar;<erei vosso escravo e vosso c+o, deitar0e0eia vossos %?s ="ando estiverdes acordada, velarei co e" %"n$al ="ando a noite cair: e seal(" dia. se al(" dia vKs e %"derdes aar<ent+o/ ent+o/S

 <O$/ deiai0e/ deiai0e/...

 <Eleonora/ Eleonora/ erder noites e noites n"a es%eran*a Alent;0la no %eitocoo "a lor ="e "rc$a de rio<alent;0la,, revive0la cada dia<%ara vela desol$adaso!re e" rosto/ A!sorver0e e aor e sK ter irris+o e esc;rnio/ Di4ei antes ao %intor ="eras("e s"a 5adona, ao esc"ltor ="e des%edace a s"a est;t"a de "l$er.

o"ca, %o!re lo"ca ="e sois/ credes ="e " $oe $avia de encarnar " %ensaento e s"a ala, viver desse cancro, e!e!er0se da vitalidade da dor, %ara de%oisras(a0lo do seio 6redes ="e ele consentiria ="e se l$e %isasse no cora*+o, ="e l$earrancasse<a ele, %oeta e aante, a coroa de il"sGes<as lores "a %or "a ="e %ela

Page 36: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 36/50

noite da des(ra*a, ao aor insano de "a +e l$e s"ocasse so!re o seio a criat"ra de se"san("e, o il$o de s"a vida, a es%eran*a de s"as es%eran*as

 <O$/ e n+o tereis vKs ta!? dK de i n+o sa!eis0lo isto e inae/ so" "a %o!re "l$er. De oel$os e" vos %eco %erd+o se vos oendi.. . E" vo0lo %eco, deiai0e/

="e e i%orta vossos son$os, vosso aor/Do@a0e %ro"ndaente a="ela dor, a="elas l;(rias e ="eiava. 5as in$a

vontade e40se ria e ?rrea coo a atalidade.

 <"e te i%orta e"s son$os, ="e te i%orta e"s aores i, tens ra4+o/"e i%orta a ;("a do deserto, a (a4ela do areal ="e o ;ra!e ten$a sede o" ="e o le+o ten$aoe 5as a sede e a oe s+o atais. O aor e coo eles:<entendes0e a(ora

 <5atai0e ent+o/ n+o tereis " %"n$al/ La %"n$alada %elo aor de De"s/ E" "ro, e" vos a!en*oarei

 <5orrer/ e %ensas no orrer/ 7nsensata/<Descer do leito orno do aor a %edraria dos ortos/ Ne sa!es o ="e di4es. a!es o ="e e essa %alavra< orrer > a d"vida="e aana a eistHncia: e a d"vida, o %ressentiento ="e resria a ronte do s"icida, ="e l$e %assa nos ca!elos coo " vento de inverno, e nos e%alidece a ca!e*a coo Balet/5orrer/ e a cessa*+o de todos os son$os, de todas as %al%ita*Ges do %eito, de todas ases%eran*as/ E estar %eito a %eito co nossos anti(os aores e n+o senti0los/ Doida/ e "noivado edon$o o do vere: " len*ol !e ne(ro, o da ortal$a/ n+o aleis nissoM %or ="e le!rar o coveiro "nto ao leito da vida Ge a +o no te" cora*+o<!ate e !ate coorca, coo o eto nas entran$as de s"a +e. B; ai dentro "ita vida ainda: "ito aor %or aor, "ito o(o %or viver/ O$/ se t" ="isesses aar0e/

Ela esconde" a ca!e*a nas +os e sol"*o".

 <E i%oss@vel: e" n+o %osso aar0vos/

E" disse0l$e:

 <Eleonora, o"ve0e: deio0te sKM velarei cont"do so!re ti da="ela %orta.Resolve0te: sea "a decis+o ire si, as %ensada. e!ra0te ="e $oe n+o %oder;svoltar ao "ndo: o d"="e 5aio seria o %rieiro ="e "(iria de ti: a tor%e4a do ad"lt?riosenti0la0ia ele nas t"as aces: creria ro*ar na t"a !oca a "idade de " !eio de estran$o. Eele te aaldi*oaria/ VH: al? a aldi*+o e o esc;rnio: a irris+o das o"tras "l$eres, a4o!aria vin(ativa da="eles ="e te aara e ="e n+o aaste. "ando entrares, dir0se0a:ei0la/ arre%ende"0se/ o arido <%o!re dele/ %erdoo"0aSAs +es te esconder+o s"as il$as <as es%osas $onestas ter+o %eo de tocar0teSE a="i, Eleonora, a="i ter;s e" %eito e e"aor<"a vida sK %ara ti: " $oe ="e sK %ensara e ti e son$ara se%re conti(oM "$oe c"o "ndo ser;s t", ser+o te"s risos, te"s ol$ares, te"s aores: ="e se es="ecera deonte e de aan$+ %ara a4er coo " De"s de ti a s"a Eternidade. ensa, Eleonora/ se="isesses, %artiriaos $oe: "a vida de vent"ras nos es%era. o" "ito rico, !astante %araadornar0te coo "a rain$a. 6orrereos a E"ro%a, ireos ver a Franca co se" l"o, a

Page 37: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 37/50

Es%an$a, onde o clia convida ao aor, onde as tardes se e!alsaa nos laranais elor, onde as ca%inas se avel"da e se ati4a de il lores<ireos a 7t;lia, a t"a %;tria <e no te" c?" a4"l, nas t"as noites l@%idas, nos te"s cre%-sc"los s"av@ssios viver denovo ao sol eridional/Se ="iseresSsen+o seria $orr@velSn+o sei o ="e aconteceria:as ="e entrasse neste ="arto levaria os %?s enso%ados de san("eS

ai: d"as $oras de%ois voltei.

 <ensaste, Eleonora

Ela n+o res%onde". Estava deitada co o rosto entre as +os. A in$a vo4er("e"0se. Bavia " %a%el ol$ado de s"es l;(rias so!re o leito. Estendi a +o %aretoe0lo<ela entre(o"0e o.

Era "ns versos e"s.<Ol$ei %are a esa, in$a carteira de via(e, ="e e"tro"era do carro, estava a!erta, os %a%?is era revoltos Os versos era estes.

6la"di"s tiro" do !olso " %a%el aarelado e aarrotado: atiro"0o na esa.Jo$ann le":

 N+o e odeies, "l$er, se no %assado NKdoa so!ria des!oto"0e a vida: No vicio ardente re="eiando os l;!iosE de t"do descri co ronte er("ida.

A ascra de Don J"an ="eio"0e o rosto Na ria %alide4 do li!ertino:Des!oto"0e esse ol$ar<e os l;!ios riosO"sa de aldi4er do e" destino.

i/ lon(as noites no ervor do o(oEs%erdicei e!ril e acilento:E votei o %orvir ao De"s do acasoE o aor %roanei no es="eciento/

5"rc$ei no esc;rnio as coroas do %oeta Na ironia da (lKria e dos aores:Aos va%ores do vin$o, a noite insanoDe!r"cei0e do o(o nos ervores/

A lor da ocidade %roanei0aEntre as ;("as lodosas do %assado No crInio a e!re, a %alide4 nas acesK cria no se%"lcro sosse(ado/

E asas l@%idas do ano e colo i%"ro5areei<nos !aos da "l$er vendida:

Page 38: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 38/50

7nda nos l;!ios e roeia o seloDos !eios da %erdida.

E a irra das can*Ges ne ais va%oraE %roanada ta*a eivada e ne(ra:

5ar de lodo %asso"0e ao rio dalaAs n@veas lores e estalo" das !ordas.on$o de (lKrias sK e %asse a "rto"al lor a!erta a edo e c$+o de t"!as <A!atida e se c$eiro

O e" aor So %eito o silencia:W"ardo0o !e "ndo<e so!ras do sacr;rio.Onde erva*al n+o se a!asto" nos eros.5e" aor oi vis+o de ro"%as !rancasDa or(ia a %orta, ria e sol"*ando:I%ada santa er("ida e leito inae:Vaso te%l;rio da taverna a esa:Estrela dalva reletindo %;lida No treedal do crie.

6oo o le%roso das cidades vel$asei e "(iras co $orror aos !eiosei, no doido viver dos lo"cos anosAs cren*as deslorei e ne(ra insInia: <Vestal, %rostit"i as oras vir(ens <ancei e" %rK%rio ao ar da croa as ol$as, <ro="ei a rKsea t-nica da inInciaelo anto das or(ias.

O$/ n+o e aes se="er/ ois !e// " diaalve4 di(a o en$or ao %odre ;4aro:Er("e0te<ai do l"%anar da orte,Revive ao resco do viver ais %"ro/E viverei de novo: a ari%osaacode as asas, estreece0as, !ril$a.Des%indo a ne(ra te4, a !ava i"ndaDa larva des!otada.

Ent+o, "l$er<acordarei: do lodo,Onde atan se %ernoito" coi(o,Onde inda orno %er"o" se" olde6etinosa n"de4 de oras [email protected] a loira eretri4 nos seios !rancosDeito"0e a ronte l@vida, na insnia"edo"0e a e!re da vol-%ia a sedeo!re os !eios vendidos.

Page 39: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 39/50

E ent+o acordarei ao sol ais %"ro,6$eirosa a ronte as a"ras da es%eran*a/avarei0e da ? nas ;("as doiroDe 5adalena e l;(rias<e ao ano

alve4 ="e De"s e de, c"rvado e "do. Nos el-vios do aor li!ar " !eio,5orrer nos l;!ios dele/

Ela calo"0se: c$orava e (eia. Acer="ei0e dela: aoel$ei0e coo ante De"s. < Eleonora<si o" n+o

Ela volto" o rosto %ara o o"tro lado, ="is alar< interro%ia0se a cada s@la!a.

 <Es%erai, deiai ="e ore " %o"co: a 5adona talve4 e %erdoe.

Es%erava e" se%re.<Ela aoel$o"0se.

 <A(ora. . disse ela er("endo0se e estendendo0e a s"a +o.

 <Ent+o

 <7rei conti(o.

E desaio".

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

A="i %aro" a $istoria de 6la"di"s Berann.

Ele a!aio" a ca!e*a na esa, n+o alo" ais.

 <Dores, 6la"di"s or De"s/ o" esta !H!edo o"

Era Arc$i!ald ="e o inter%elava: sac"dia0o a toda a orca.

6la"di"s levanto" " %o"co a ca!e*a estava acilento: tin$a os ol$os "ndosn"a so!ra ne(ra.

 <Deiai0e, aaldi*oados/ deiai0e %elo c?" o" %elo inerno/ n+o vedes ="eten$o sono<sono e "ito sono

 <E a $istKria a $istoria !rado" olieri.

 <E a d"="esa Eleonora %er("nto" Arc$i!ald.

Page 40: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 40/50

 <E verdade a $istoria. arece0e ="e olvidei t"do isso. arece ="e oi " son$o/

 <E a D"="esa

 <A D"="esa arece0e ="e o"vi esse noe al("a ve4 6o os dia!os, ="e ei%orta

Ai ="is %rosse("ir: as "a orca invenc@vel o %rendia.

 <A D"="esaS? verdade/ 5as coo es="eci t"do isso ="e n+o e le!ro/Sirai0e da ca!e*a esse %esoS o? ="e enc$era0e o crInio de c$"!o d derretido/Seele !atia na ca!e*a acilenta coo " edico no %eito do a(oni4ante %ara encontrar "eco de vida

 <Ent+o

 <A$/ a$/ a$/ (ar(al$o" al("? ="e tin$a icado estran$o a conversa.

 < Arnold / cala0te/

 < 6ala0te antes, olieri/ e" contarei o i da $istKria.

Era Arnold<o loiro ="e acordava.

 <Esc"tai vos todos<disse.<L dia 6la"di"s entro" e casa. Encontro" o leitoenso%ado de san("e: e n" recanto esc"ro da alcova " doido a!ra*ado co " cad;ver.O cad;ver era o de Eleonora: o doido ne o %"d?reis con$ecer tanto a a(onia o desi("rara.Era "a ca!e*a $irta e des(ren$ada, "a te4 esverdeada, "ns ol$os "ndos e !a*os onde ol"e da insInia cintilava a "rto coo a eana*+o l"inosa dos %a"is entre as trevasS

5as ele o con$ece" era o D"="e 5aioS

6la"di"s solto" "a (ar(al$ada. < Era so!ria coo a insInia<ria coo aes%ada do ano das trevas. 6ai" ao c$+o: l@vido e s"arento coo a a(onia: inteiricado cooa orteS

Estava ?!rio coo o de"nto %atriarca No?, o %rieiro aante da vin$a, vir(edescon$ecida, ate ent+o, e $oe %rostit"ta de todas as !ocasS?!rio coo No?, o %rieiro !orrac$o de ="e re4a a $istoria/ Doria %esado e "ndo coo o a%Kstolo . edro no Bortodas OliveirasSO caso ? ="e a!os tin$a ceado a noite.

Arnold estende" a ca%a no c$+o e deito"0se so!re ela.

Da@ a al("ns instances as se"s roncos de !ar@tono se esclava ao a(noconcerto dos roncos dos doridosS

Page 41: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 41/50

VI

JO'ANN

o"r ="oi cest ="e on coe"r a" ilie" des d?lices

D"n so"venir alo" constaent o%%ress?

Froid a" !on$e"r %r?sent va c$erc$er ses s"%%lices Dans lavenir et le %asse.

AE( DUMAS(

 <A(ora a in$a ve4/ "ero lan*ar ta!? "a oeda e vossa "ra: e o co!rea4in$avrado do endi(o: %o!re esola %or certo/

Era e aris, n" !il$ar. N+o sei se o o(o do o(o e arre!atar a, o" se o irsc$ e o

c"ra*a" e ="eiara deais as id?ias Jo(ava contra i " o*o: c$aava0se Art"r.

Era "a i("re loira e iosa coo a de "a don4ela. Rosa inantil l$e averel$avaas aces, as era "a rosa de cor deseita. eve !"*o l$e so!reava o l;!io,, e %elo oval dorosto "a %en"(e doirada l$e assoava coo a el%a ="e re!"*a o %Hsse(o.

Faltava " %onto a e" advers;rio %are (an$ar. A i, altava0e n+o sei ="antos:sei s+o ="e era "itos e %ois re="eria0se " (rande san("e rio, e "ito esero no o(ar.

oltei a !ola. Nessa ocasi+o o !il$ar estreece"S

O o*o loiro, vol"ntariaente o" n+o, se encostara ao !il$arSA !ola desvio"0se,"do" de r"o: co o desvio dela %erdi A raiva levo"0e de vencida. Adiantei0e %araele. A e" ol$ar ardente o ance!o sac"di" os ca!elos loiros e sorri" coo de esc;rnio.

Era deais/ 6ain$ei %ara ele: ressoo" "a !oetada. O o*o conv"lso cain$o" %ara i co " %"n$al, as nossos ai(os nos s"stivera.

 <7sso e !ri(a de ar"o. O d"elo, eis a l"ta dos $oens de !rio.

O o*o ras(o" nos dentes "a l"va, e atiro"0a a cara. Era ins"lto %or ins"ltoM lodo %or lodo: tin$a de ser san("e %or san("e.

5eia $ora de%ois toei0l$e a +o co san("e rio e disse0l$e no o"vido:

 <Vossas aras, sen$or

 <a!e0lo0eis no l"(ar.

 <Vossas teste"n$as

Page 42: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 42/50

 <A noite e in$as aras.

 <A $ora

 <J; <O l"(ar

 <Vireis coi(oSOnde %araros ai ser; o l"(arS

 <e, "ito !e: esto" %ronto, vaos.

Dei0l$e o !ra*o e sa@os. Ao ver0nos t+o rios a conversar crera "a satisa*+o. Ldos assistentes cont"do entende"0nos.

6$e(o" a nKs e disse:

 <en$ores, n+o $; %ois eio de conciliar0vos

 NKs sorrios a!os.

 <E "a crian*ada, torno" ele.

 NKs n+o res%ondeos.

 <e %recisardes de "a teste"n$a, esto" %ronto.

 NKs nos c"rvaos a!os.

Ele entende"0nos: vi" ="e a vontade era ire: aasto"0se.

 NKs sa@os.

SSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSSS

L $otel estava a!erto. O o*o levo"0e %ara dentro.

 < 5oro a="i, entrai, disse0e.

Entraos.

 <en$or, disse ele, n+o $; eio de %a4 entre nos: " !oet+o e "a l"va atirada asaces de " $oe saco nKdoas ="e sK o san("e lava. E %ois " d"elo de orte.

 <De orte, re%eti coo " eco.

Page 43: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 43/50

 <ois !e: ten$o no "ndo sK d"as %essoas< in$a +e e Es%erei " %o"co.

O o*o %edi" %a%el, %ena e tinta. Escreve": as lin$as era %o"cas. Aca!ando a cartade"0a a ler.

 <Vede<n+o e "a trai*+o, disse.

 <Art"r, creio e vos: n+o ="ero ler esse %a%el.

Re%eli o %a%el. Art"r ec$o" a carta, selo" o lacre co " anel ="e tra4ia no dedo. Aover o anel "a l;(ria corre"0l$e na ace e cai" so!re a carta.

 <en$or, sois " $oe de $onra e e" orrer, toai esse anel: no e" !olsoac$areis "a carta: entre(areis t"do a SDe%ois dir0vos0ei a ="eS

 <Estais %ronto %er("ntei.

 <Ainda n+o/ antes de " de nos orrer e "sto ="e !rinde o ori!"ndo ao "ltiocre%-sc"los da vida.

 N+o seaos A!iss@nios: deais o sol no cin;!rio do %oente ainda e !elo.

O vin$o do Reno corre" e ;("as doiro nas ta*as de cristal verde. O o*o er("e"0se.

 <en$or, %erita ="e e" a*a "a sa-de convosco.

 <A ="e

 <E " ist?rio<? "a "l$er, e o noe da="ela ="e se a%erto" "a ve4 nos l;!ios,a ="e se aa, e " se(redo. n+o a areis

 <ea coo ="iserdes, disse e".

ateos os co%os. O o*o c$e(o" a anela. Derrao" al("as (otas de vin$o doReno a noite. e!eos.

 <L de nKs e4 a s"e "ltia sa-de, disse ele. oa noite %are " de nos !o leito, esono sosse(ado %are c il$o da terra/

Foi a "a secret;ria, a!ri"0a: tiro" d"as %istolas.

 <7sto e ais !reve, disse ele. ela es%ada e ais lon(a a a(onia. La delas estacarre(ada, a o"tra n+o. ir;0las0eos a sorte. Atirareos a ="eia0ro"%a.

 < E " assassinato

Page 44: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 44/50

 <N+o disseos ="e era " d"elo de orte, ="e " de nos devia orrer

 <endes ra4+o. 5as di4ei0e: onde ireos

 <Vinde coi(o. Na %rieira es="ina deserta dos arra!aldes. "al="er canto de r"a e

 !astante so!rio %ara dois $oens dos ="ais " te de atar o o"tro.A eia0noite est;vaos ora da cidade: Ele %s as d"as %istolas no c$+o.

 <Escol$ei, as se toc;0las.

Escol$i.

 <A(ora vaos, disse e".

 <Es%erai, ten$o " %ressentiento rio: e "a vo4 s"s%irosa e (ee no %eito."ero re4ar e "a sa"dade %or in$a +e.

Aoel$o"0se. A vista da="ele o*o de oel$os<talve4 so!re " t-"lo<le!rei0e="e e" ta!? tin$a +e e "a ir+ e ="e e" as es="ecia. "anto a aantes, e"s aoresera coo a sede dos c+es das r"as, saciava0se na ;("a o" na laa E" sK aara "l$eres %erdidas.

 <> te%o, disse ele.

6ain$aos rente a rente. As %istolas se encostara nos %eitos<as es%oletasestalara: " tiro sK estrondo", ele cai" ="ase orto

 <oai, "r"ro" o ori!"ndo, e acenava0e %ara o !olso.

Atirei0e a ele. Estava ao(ado e san("e. Estre!"c$o" trHs ve4es e ico" rio.irei0l$e o anel da +o. <5eti0l$e a +o no !olso coo ele dissera. Ac$ei dois !il$etes.

A noite era esc"ra: n+o %"de lH0los.

Voltei a cidade. A l"4 !a*a do %rieiro la%i+o vi os dois !il$etes. O %rieiro era acarta %ara s"a +e. O o"tro estava a!erto: li.

PA "a $ora da noite na r"a deSSSS.Pn.] X, 1.] andar: ac$aras a %orta a!erta.

"a W.P

 N+o tin$a o"tra assinat"ra.

E" n+o so"!e o ="e %ensar. ive "a id?ia: era "a inIia.

Page 45: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 45/50

F"i a entrevista. Era no esc"ro. in$a no dedo o anel ="e tro"era do ortoSenti"a +o4in$a acetinada toar0e %ela +o, s"!i. A %orta ec$o"0se.

Foi "a noite deliciosa/ A aante do loiro<era vir(e/ o!re Roe"/ o!re J"lieta/arece ="e essas d"as crian*as levava a noite e !eios inantis e e son$os %"ros/

^Jo$ann enc$e" o co%o: !e!e"0o, as estreece"_

"ando e" ia sair, to%ei " v"lto a %orta.

 <oa noite, caval$eiro, e" vos es%erava $; "ito. Essa vo4 %arece"0e con$ecida.ore e" tin$a a ca!e*a desvairada

 N+o res%ondi: o caso era sin("lar. 6ontin"ei a descer: o v"lto aco%an$o"0e."ando c$e(aos a %orta vi l"4ir a ol$a de "a aca. Fi4 " oviento e a lainaresvalo"0e no o!ro. A l"ta e40se terr@vel na esc"rid+o. Era do"s $oens ="e se n+ocon$eciaM ="e n+o %ensava talve4 tere0se visto " dia a l"4, e ="e n+o $avia aisver0se %orvent"ra a!os vivos.

O %"n$al esca%o"0l$e das +os, %erde"0se no esc"ro: s"!"("ei0o. Era " ="adroinernal, " $oe na esc"rid+o a!aando a !oca do o"tro co a +o, s"ocando0l$e a(ar(anta co o oel$o, e a o"tra +o a tatear na so!ra %roc"rando " erro.

 Nessa ocasi+o senti "a dor $orr@vel: rio e dor e correra %ela +o. O $oeorrera s"ocado, e na a(onia e enterrara os dentes %ela carne. Foi a c"sto ="e des%rendia +o san("enta e descarnada da !oca do cad;ver. Er("i0e.

Ao sair tro%ecei n" o!eto sonoro. A!aiei0e %ara ver o ="e era. Era "a lanterna"rta0o(o. "is ver ="e era o $oe. Er("i a lI%adaS

O "ltio clar+o dela !an$o" a ca!e*a do de"ntoSe a%a(o"0seS

E" n+o %odia crer: era " son$o ant;stico toda a="ela noite. Arrastei o cad;ver %eloso!ros levei0o %ela lae da calcada ate ao la%i+o da r"a, levantei0l$e os ca!elosensan("entados do rostoS ^L es%aso de edo contrai" $orrivelente a ace donarrador<too" o co%o, oi !e!er: os dentes l$e !atia coo de rio: o co%o estalo"0l$enos l;!ios_.

A="ele $oe<sa!ei0lo/ era do san("e do e" san("e<era il$o das entran$as dein$a +e coo e"<era e" ir+o: "a id?ia %asso" ante e"s ol$os coo " an;tea."!i ansioso ao so!rado. Entrei. A oca desaiara de s"sto o"vindo a l"ta. in$a a aceria coo o ;rore. Os seios n"s e vir(ens estava %arados e (?lidos coo os de "aest;t"a A ora de neve e" a sentia eio n"a entre os vestidos deseitos, onde a inIiaasselara a nKdoa de "a lor %erdida.

A!ri a anela<levei0a ate a@S

Page 46: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 46/50

 Na verdade ="e so" " aldito/ Ol;, Arc$i!ald, dai0e " o"tro co%o, enc$ei0o de6o(nac enc$ei0o at? a !orda/ Vede: sinto rio, "ito rio: treo de calarios c o s"or ecorre nas aces/ "ero o o(o dos es%@ritos/ a ardHncia do c?re!ro ao va%or ="e tonteiaS="ero es="ecer/

 < "e tens, Jo$ann tiritas coo " vel$o centen;rio/O ="e ten$o o ="e ten$o n+o o vedes, %ois

Era lin$a ir+/

Page 47: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 47/50

VII

-TIMO BEIJO DE AMOR 

ell J"liet/ 7 s$all lie 'it$ t$ee to ni($t/S'A*ES+EARE (

 Romeu e Julieta

A noite ia alta: a or(ia indara. Os convivas doria re%letos, nas trevas.

La l"4 raio" s-!ito %elas is(as da %orta. A %orta a!ri"0se. Entro" "a "l$er vestida de ne(ro. Era %;lida, e a l"4 de "a lanterna, ="e tra4ia er("ida na +o, sederraava acilenta nas aces dela e dava l$e " !ril$o sin("lar aos ol$os. alve4 ="e "dia osse "a !ele4a t@%ica, "a dessas ia(ens ="e a4e descorar de vol-%ia nos son$osde ance!o. 5as a(ora co s"e te4 l@vida, se"s ol$os acesos, se"s l;!ios roos, s"es +osde ;rore, e a ro"%a(e esc"ra e (oteante da c$"va, dissereis antes<o ano %erdido dalo"c"ra.

A "l$er c"rvo"0se: co a lanterna na +o %roc"rava "a %or "a entre essas acesdoridas " rosto con$ecido.

"ando a l"4 !ate" e Arnold, aoel$o"0se. "is dar0l$e " !eio<alon(o" osl;!ios... 5as "a id?ia a s"steve. Er("e"0se. "ando c$e(o" a Jo$ann, ="e doria, "riso e!ran="ece"0l$e os !ei*os: o ol$ar torno"0se0l$e so!rio.

A!aio"0se "nto dele: de%s a lI%ada no c$+o. O l"e !a*o da lanterna dando nasro"%as dela es%al$ava so!ra so!re Jo$ann. A ronte da "l$er %ende"<e s"a +o %asso"na (ar(anta dele.<L sol"*o ro"co e s"ocado oe(o" da@. A descon$ecida levanto"0se.reia, e ao se("rar na lanterna ressoo"0l$e na +o " erro...Era " %"n$al...Atiro"0o noc$+o. Vi" ="e tin$a as +os verel$as<en"(o"0as nos lon(os ca!elos de Jo$ann...

Volto" a ArnoldM sac"di"0o.

 <Acorda e levanta0te/

 <"e e ="eres

 <Ol$a0e: n+o e con$eces

 <"/ e n+o e " son$o Es t"/ o$/ deia ="e e" te a%erte ainda/ 6inco anos sever0te/ 6inco anos/ E coo "daste/

 <i: ; n+o so" !ela coo $; cinco anos/ > verdade, e" loiro aante/ E ="e a lor de !ele4a e coo todas as lores. Alentai0as ao orval$o da vir(indade, ao vento da %"re4a< 

Page 48: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 48/50

e ser+o !elas.<Revolvei0as no lodo <e coo os r"tos ="e cae, er("l$a nas ;("as doar, co!re0se de " invKl"cro i%"ro e salo!ro/ O"trora era Wior(ia, a vir(e: as $oee Wior(ia, a %rostit"ta/

 <5e" De"s/ e" De"s/

 E o o*o s"i" a ronte nas +os.

 <N+o e aaldi*oes, n+o/

Page 49: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 49/50

 <O$/ deia ="e e le!reM estes cinco anos ="e %assara ora " son$o. A="ele$oe do !il$ar, o d"elo a ="eia0ro"%a, e" acordar n" $os%ital, essa vida devassaonde e lan*o" a deses%era*+o, isto e " son$o O$/ le!reo0nos do %assado/ "ando oinverno esc"rece o c?", cerreos os ol$osM %o!res andorin$as ori!"ndas, le!reo0nosda %riavera/...

 <"as %alavras e doe... E " ade"s, e " !eio de ade"s e se%ara*+o ="e ven$o %edir0teM na terra nosso leito seria i%"ro, o "ndo anc$o" nossos cor%os. O aor doli!ertino e da %rostit"ta/ atan riria de nos. E no c?", ="ando o t-"lo nos lavar e se" !an$o, ="e se levantara nossa an$a de aor. . .

 <O$/ ver0te e %ara deiar0te ainda "a ve4/ E n+o %ensaste, Wior(ia, ="e e orael$or ter orrido devorado %elos c+es na r"a deserta, onde e levantara c$eio desan("e "e ora0te el$or assassinar0e no dorir do ?!rio, do ="e a%ontar0e a estrelaerrante da vent"ra e a%a(ar0e a do c?" n+o %ensaste ="e, a%Ks cinco anos, cinco anos dee!re e de insnias, de es%erar e deses%erar, de vida %or ti, de sa"dades e a(onia, ora oinerno ver0te %ara deiar0te

 <6o%ai+o, Arnold/> %reciso ="e esse ade"s sea lon(o coo a vida. VHs, in$asina e ne(ra: nas in$as le!ran*as $; "a nKdoa tor%e. . Boe/ e o leitovenal...Aan$+/... sK es%ero no leito do t-"lo/ Arnold/ Arnold/

 <N+o e c$aes Arnold/ c$aa0e Art"r coo dantes. Art"r/ n+o o"ves6$aa0e assi/ B; tanto te%o ="e n+o o"*o e c$aare %or esse noe/ .. E" era "lo"co/ ="is ao(ar e"s %ensaentos, e va("ei %elas cidades e %elas ontan$as deiandoe toda a %arte l;(rias<nas cavernas solit;rias, nos ca%os silenciosos, e nas esasol$adas de vin$o/ Ve, Wior(ia/ senta0te a="i, senta0te nos e"s oel$os<!econc$e(ada a e" cora*+o. . . t"a ca!e*a no e" o!ro/ Ve/ " !eio/ ="ero sentir ainda"a ve4 o %er"e ="e res%irava o"trora nos te"s l;!ios.<Res%ire0o e" e orra de%ois/. . .6inco anos/ o$/ tanto te%o a es%erar0te, a desear "a $ora no te" seio/... De%ois...esc"ta...ten$o tanto a di4er0te/ tantas l;(rias a derraar no te" colo/ Ve/ e dir0te0ei todaa in$a $istoria/ in$as il"sGes de aante e as noites alditas da cr;%"la, e o t?dio ="e eins%irava a="eles !ei*os rios das vendidas ="e e !eiava/ Ve/ contar0te0ei t"do isso:dir0te0ei coo %roanei in$ala, e e" %assado: e c$orareos "ntos<e nossas l;(riasnos lavar+o coo a c$"va lava as ol$as do lodo/

 <O!ri(ado, Art"r/ o!ri(ado/

A "l$er s"ocava0se nas la(rias, e o ance!o "r"rava entre !eios %alavras deaor.

 <Esc"ta, Art"r, e" vin$a sK di4er0te<ade"s/< da !orda do e" t-"lo: e de%oiscontente ec$aria e" esa a %orta dele. . Art"r, e" vo" orrer/

A!os c$orava.

 <A(ora vH, contin"o" ela. Aco%an$a0e: vHs a="ele $oe

Page 50: Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

7/18/2019 Álvares de Azevedo- Noite Na Taverna

http://slidepdf.com/reader/full/alvares-de-azevedo-noite-na-taverna-56966af875683 50/50

Arnold too" a lanterna.

 <Jo$ann/ orto/ san("e de De"s/ ="e o ato"

 <Wior(ia. Era ele " inae. Foi ele ="e deio" %or orto " ance!o a ="ees!oeteara n"a casa de o(o. Wior(ia a %rostit"ta vin(o" nele Wior(ia, a vir(e. Esse$oe oi ="e a desonro"/ desonro"0a, a ela ="e era s"a ir+//

 <Borror/ $orror/

E o o*o viro" a cara e co!ri"0a co as +os.

A "l$er aoel$o"0se a se"s %?s

 <E a(ora ade"s/ ade"s ="e orro/ n+o vHs ="e ico l@vida, ="e e"s ol$os see%ana e treo... e desale*o

 <N+o/ e" n+o %artirei. e e" vivesse aan$a $averia "a le!ran*a $orr@vel e e" %assado...

 <E n+o tens edo Ol$a/ e a orte ="e ve/ e a vida ="e cre%-sc"la e in$aronte. n+o vHs esse arre%io entre in$as so!rancel$as. . .

 <E ="e e i%orta o son$o da orte 5e" %orvir aan$a seria terr@vel: e a ca!e*aa%odrecida do cad;ver n+o ressoa le!ran*asM se"s l;!ios (r"da0os a orte: a ca%a esilenciosa. 5orrerei/

A "l$er rec"ava. . . rec"ava. O o*o too"0a nos !ra*os, %re(o" os l;!ios nos dela. .Ela de" " (rito, c cai"0l$e das +os Era $orr@vel de ver0se. O o*o too" o %"n$al,ec$o" os ol$os, a%erto"0o no %eito, e cai" so!re ela. Dois (eidos s"ocara0se noestrondo do !a="e de " cor%o...

A lI%ada a%a(o"0se.