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APRESENTAÇÃOFechar meus olhos minha triste irmã ; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã ! AUTOR E OBRA Álvares de Azevedo (1831-1852) Manuel Antônio Álvares

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APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), Você está iniciando seu curso de Português no Ensino Médio, seja bem-vindo ! Queremos caminhar ao seu lado para auxiliá-lo e juntos fazer descobertas e vencer novos desafios. Sabemos que a Língua Portuguesa está presente em nosso dia-a-dia, em nossa comunicação, portanto é importante que saibamos usá-la e interpretá-la corretamente para compreendermos melhor o mundo em que vivemos. Pensando nisso é que elaboramos 13 módulos contendo: ▪ Literatura Brasileira ▪ Leitura e Produção de Texto ▪ Estudo da Norma Padrão (gramática) Lembre-se: o seu esforço e a sua dedicação são os fatores mais importantes para o seu desenvolvimento e crescimento pessoal. Desejamos que você consiga vencer ainda mais facilmente o desafio desse mundo em constante evolução. Estamos aqui para colaborar com esse desafio. Então vamos começar ! Boa sorte !

Equipe de Português :

Cristiane, Ilza, Ivânia, Maura e Sandra.

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Como estudar Português

INSTRUÇÕES 1. Leia atentamente todos os assuntos dos módulos; 2. Se houver necessidade, para assimilar melhor o assunto, faça as atividades em seu

caderno. NÃO ESCREVA E NEM RASURE A APOSTILA, pois você a trocará e outro aluno irá usá-la;

3. Depois que você terminar as atividades, consulte o gabarito de respostas que está

no final da apostila. Você que irá corrigir os exercícios; 4. Consulte o dicionário quando encontrar uma palavra desconhecida; 5. As redações devem ser feitas com capricho ! Não se esqueça de fazer um rascunho

antes da redação final. 6. Para se submeter às avaliações, você deverá apresentar tudo o que foi solicitado, em

seu caderno. 7. Sempre que houver dúvidas, procure esclarecê-las com o professor; 8. Freqüente a biblioteca da escola e utilize os recursos que nela estão disponíveis.

Bom estudo ! Bom aproveitamento !

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MÓDULOS 05 E 06

ÍNDICE

Literatura Brasileira � Romantismo – Poesia.....................................................mód. 05 Romantismo – Prosa.......................................................mód. 06 Leitura e interpretação de texto � Texto descritivo 1.............................................................mód. 05 Texto descritivo 2.............................................................mód. 06 Estudando a norma padrão � Termos integrantes da oração..........................................mód. 05 Termos acessórios da oração...........................................mód. 06 Termos independentes da oração.....................................mód. 06

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ROMANTISMO

Dá-se o nome de Romantismo ao período literário que durou desde 1836 a 1881 (séc. XIX). Mas, você saberia diferenciar o termo romantismo da escola literária Romantismo? Não!!! Então, antes de mais nada, é necessário fazer uma distinção entre essas palavras. A palavra romantismo é o comportamento caracterizado pelo sonho, pelo devaneio, por uma atitude emotiva diante das coisas, que pode ocorrer em qualquer época da história. É nesse sentido que se fala, hoje, em música, cinema e telenovela romântica. O movimento histórico Romantismo designa uma tendência geral da vida e da arte; é um estilo delimitado no tempo, um estilo de época do século XIX. Nesse período, mais que em qualquer outro, o artista procurou focalizar em suas obras um dos mais nobres sentimentos de ser humano que é o amor. Nunca antes, na história literária, o sentimento amoroso fora tão valorizado. São inúmeras as características do Romantismo, uma vez que a liberdade e a independência, que estão no fundamento da atitude romântica, tornam o período rico e variado. Influenciados por fatos sociais e políticos, o artista romântico volta-se para seu interior e, numa atitude individualista, retrata uma realidade criada pela sua imaginação e emoção. Daí surgem algumas características do Romantismo brasileiro, que veremos a seguir.

AS CARACTERÍSTICAS DO ROMANTISMO

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1. Subjetivismo É o culto do “eu”, pois o artista expressa seus sentimentos, sonhos e emoções de forma individualista, contrapondo-se ao universalismo da era Clássica. “Acordo do meu sonho tormentoso E choro o meu sonhar!

E fecho os meus olhos, e de novo intento O sonho reatar. (...)”.

(Gonçalves Dias)

2. Sentimentalismo A razão cede lugar à emoção. Há a supervalorização do amor e aparece, às vezes, a religiosidade. “Lerás porém algum dia

Meus versos d’alma arrancados D’amargo pranto banhados,

Com sangue escritos...” (Gonçalves Dias)

3. Nacionalismo Retrata a supervalorização da terra, do índio (indianismo), a exaltação da natureza, o saudosismo (volta ao passado do Brasil-Colônia). Observe alguns desses traços nacionalistas presentes nessa estrofe do poema “Canção do Exílio”.

“Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá

As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá.”

(Gonçalves Dias)

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4. Idealização Do herói - o índio brasileiro é dotado de valores e ações tais quais os heróis europeus medievais. A exaltação de valores, às vezes, está além das limitações humanas.

“Valente na guerra Quem há como eu sou?

(...) Quem golpes daria

Fatais como eu dou?” (Gonçalves Dias)

Do mundo – o artista busca refúgio num mundo imaginário, na morte. O desejo de evasão, de fuga da realidade se manifesta. “Por isso, é morte, eu amo-te e não temo. Por isso, é morte, eu quero-te comigo. Leva-me à região da paz horrenda Leva-me ao nada, leva-me contigo.”

(Junqueira Freire)

Da mulher – é retratada como sendo pura, angelical, carinhosa, inatingível, criada pela imaginação do artista.

“Se uma lágrima as pálpebras me inunda, Se um suspiro nos seios treme ainda É pela virgem que sonhei... que nunca Aos lábios me encostou a face linda!”

(Álvares de Azevedo)

5. Liberdade de expressão Os poetas abandonam valores, idéias de caráter universal e se expressam de acordo com as suas emoções e desejos. Quanto à forma, a poesia abandona o rigor clássico da métrica, da rima e apresenta uma linguagem mais simples, coloquial.

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“Não sabes criança? Estou louco de amores... Prendi meus afetos, formosa Pepita.

Mas, onde? No templo, no espaço, nas névoas Não rias, prendi-me

Num laço de fita.” (Castro Alves)

Essas características fundem-se em momentos e obras distintos durante o período romântico. Para facilitar o estudo do Romantismo, vamos dividi-lo em poesia e prosa.

ROMANTISMO – POESIA

O período romântico dedicado à poesia é dividido em três momentos. São eles:

� PRIMEIRA GERAÇÃO � SEGUNDA GERAÇÃO � TERCEIRA GERAÇÃO

Vamos, agora, ver cada uma dessas gerações separadamente.

Os escritores dessa geração dão preferência a temas nacionalistas, indianistas,

religiosos.

Autor de destaque: Gonçalves Dias.

PRIMEIRA GERAÇÃO : NACIONALISTA OU INDIANISTA

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Observe como Gonçalves Dias abordou a temática nacionalista, exaltando a pátria através de elogios à natureza e idealizando a figura indígena:

“Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.”

“Um dia vivemos! O homem que é forte Não tema da morte; Só teme fugir; No arco que entesa Tem certa uma presa, Quer seja tapuia, Condor ou tapir.”

AUTOR E OBRA

Gonçalves Dias (1823-1864) Antônio Gonçalves Dias nasceu em Caxias, Maranhão. Era filho de um comerciante português e de uma cafuza (mestiça de negro e índio). Fez seus primeiros estudos na sua cidade natal e depois foi para Coimbra cursar Direito. Lá, iniciou suas atividades literárias e escreveu, entre outros o poema “Canção do Exílio”. Em 1845, quando retornou ao Brasil, publicou sua primeira obra verdadeiramente romântica: “Primeiros Cantos”. Viveu uma grande paixão por Ana Amélia a quem lhe fora negado o casamento por preconceito racial; afinal, ele era um mestiço. Em 1862, retornou à Europa em busca de tratamento. De volta ao Brasil, morreu num naufrágio de navio, próximo ao Maranhão.

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É chamada de ultra-romântica ou byroniana devido a influência de Lord Byron, poeta inglês que tinha o pessimismo como temática em suas obras. Marcada por profundo sentimentalismo, os escritores desta geração preferiam temas que abordassem a morte, a solidão, a tristeza o mistério e o sonho. Por isso, ficou conhecida, também, como geração “mal-do-século”. Autor de destaque: Álvares de Azevedo. Leia agora, um fragmento do poema “Adeus, meus sonhos!” de Álvares de Azevedo, onde o poeta, numa atitude pessimista, deseja a morte como solução para seus amores e sonhos não concretizados.

ADEUS, MEUS SONHOS! “Adeus, meus sonhos, eu pranteio e morro!

Não levo da existência uma saudade! E a tanta vida que meu peito enchia Morreu na minha triste mocidade! (...)

Que resta, meu Deus? Morra comigo A estrela de meus cândidos amores Já que não levo no meu peito morto Um punhado sequer de murchas flores!”

SEGUNDA GERAÇÃO: ULTRA-ROMÂNTICA OU BYRONIANA

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Agora vamos ler e analisar um poema de Álvares de Azevedo.

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã ; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã !

AUTOR E OBRA

Álvares de Azevedo (1831-1852) Manuel Antônio Álvares de Azevedo nasceu em São Paulo. Era o segundo filho de uma família de classe média. Aos três anos, deparou-se com a morte do irmão recém-nascido, restando-lhe apenas a irmã a quem se refere, muitas vezes, em seus poemas. Aos dezesseis anos, iniciou sua produção literária. Morreu antes de completar vinte e um anos, no Rio de Janeiro, vítima de tuberculose e de um tumor na fossa ilíaca por ter sofrido uma queda de cavalo. Como poeta da segunda geração, sua temática representa o verdadeiro mal-do-século na poesia, sobretudo em relação ao amor idealizado e à morte como fuga de suas insatisfações.

ESTUDO DO TEXTO

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Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que manhã !

Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã!

Que sol! Que céu azul! Que doce n’ alva

Acorda a natureza mais louçã! Não me batera tanto amor no peito Se eu morresse amanhã!

Mas essa dor da vida que devora

A ânsia de glória, o dolorido afã... A dor no peito emudecera ao menos Se eu morresse amanhã!

(Álvares de Azevedo)

Vocabulário: Afã : trabalho, lida, cansaço, fadiga Louçã: fresca, vigorosa, graciosa Alva : a primeira luz da manhã Porvir: futuro Curiosidade: O poema “Seu eu morresse amanhã” foi escrito por Álvares de Azevedo poucos dias antes de sua morte. No dia do enterro do poeta, foi lido pelo escritor Joaquim Manuel de Macedo.

� Agora, responda em seu caderno � : 1. Na 1ª estrofe, o eu-lírico mostra uma expectativa negativa em relação à atitude das pessoas no dia de sua morte. Copie o verso que confirma essa afirmativa.

ATIVIDADE I

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2. Observe: “Eu perdera chorando essas coroas”. O eu-lírico lamenta a perda de “coroas” caso morra. “Essas coroas”, na 2ª estofe, para ele são: a-( ) glória, futuro, céu, sol. b-( ) céu, doce n’alva, glória, aurora. c-( ) glória, manhã, porvir, céu azul. 3. No poema, os elementos da natureza que representam vida em oposição ao desejo de morte são: a- ( ) sol, irmã, doce n’alva, natureza louçã. b- ( ) sol, céu azul, doce n’alva, natureza louçã. c- ( ) glória, manhã, porvir, céu azul.

4. A morte aparece como solução para a angústia do eu-lírico. Que verso da 4ª estrofe conota essa idéia? ______________________________________________________

5. “Se eu morresse amanhã” é um poema que fala do pessimismo e da morte. Como se chama a geração romântica que abordou essa temática?

______________________________________________________

Essa geração ficou conhecida como condoreira por ter como símbolo o condor

(ave de alto vôo). Assim como o condor, os escritores dessa geração, através da arte literária, alçaram vôos em busca da liberdade, denunciando injustiças e fazendo suas reivindicações sociais.

TERCEIRA GERAÇÃO: CONDOREIRA

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Logo, a temática desse período está ligada às questões sociais e políticas, tais como a abolição da escravatura e o pensamento republicano. Autor de destaque: Castro Alves.

Vamos, agora, ler partes de um dos poemas mais conhecidos de Castro Alves, “O Navio Negreiro”.

O autor e a obra

Castro Alves (1844 – 1871)

Antonio Frederico de Castro Alves nasceu em Curralinho, Bahia. Era filho de médico. Iniciou o curso de Direito em Recife e o concluiu em São Paulo. Paralelamente aos estudos, iniciou sua carreira de poeta, destacando-se como excelente declamador e revolucionário. Castro Alves se destacou, principalmente, por suas poesias de caráter social. Voltado para a problemática da escravidão, ganhou o cognome de “Poeta dos Escravos”. O estilo condoreiro de Castro Alves, sobretudo na poesia abolicionista, apresentou um vocabulário amplo, rico em figuras de linguagem(metáforas,hipérboles,comparações,etc.),numa sonoridade marcante. Nos poemas de Castro Alves, a temática amorosa é tratada de forma sensual e erótica.

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O poema relata o sofrimento dos negros e as péssimas condições a que eram submetidos quando transportados da África para o Brasil.

Procure conhecer todo o poema, pois revela muita beleza e emoção.

O Navio Negreiro

Era um sonho dantesco... O tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho,

Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar do açoite...

Legiões de homens negros como a noite Horrendos a dançar...

Negras mulheres, suspendendo às tetas Magras crianças, cujas bocas pretas

Rega o sangue da mãe: Outras, moças... mas nuas, espantadas, No turbilhão de espectros arrastadas,

Em ânsia e mágoa vãs.

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus... Ó mar! Por que não apagas Co’a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! Noites! Tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão!...

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São os filhos do deserto Onde a terra esposa a luz. Onde vive em campo aberto A tribo dos homens nus... São os guerreiros ousados, Que com tigres mosqueados Combatem na solidão...

Ontem simples, fortes, bravos... Hoje míseros escravos

Sem ar, sem luz, sem razão...

CURIOSIDADE SOBRE O POEMA “O NAVIO NEGREIRO” “O Navio Negreiro – tragédia no mar é o exemplo mais vibrante da poesia condoreira. Escrito em abril de 1868, esse poemeto épico refere-se a uma situação anterior a 1850, ano em que o tráfico negreiro foi proibido. O poema tornou-se o mais forte grito de indignação utilizado pela campanha abolicionista.”

Emília Amaral Vocabulário: Dantesco: que lembra coisas terríveis descritas pelo escritor Dante Alighieri no “Inferno” de sua obra Divina Comédia. Tombadilho: parte do navio destinada a alojamentos. Luzerna: grande luz, clarão. Açoite: chicote, vergasta. Espectro: fantasma; figura imaterial, real ou imaginária, que povoa o pensamento. Tufão: vendaval, furacão. Mosqueado: que tem malhas ou manchas escuras.

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REVISANDO A LITERATURA Agora, responda em seu caderno algumas questões sobre o que você aprendeu nesta unidade 05.

1) Qual o período literário que durou o Romantismo?

2) Cite as características do Romantismo?

3) O período romântico dedicado à poesia é dividido em três momentos. Quais são estes momentos?

4) Cada momento teve seu autor de destaque. Quem foram eles?

Muito bem! Confira suas respostas no gabarito, no final da apostila.

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Os textos que você vai ler e analisar, procuram retratar através de imagens criadas pela sensibilidade do descritor, lugares, pessoas, objetos, os seres em geral. É a atividade lingüística da descrição. Descrever é detalhar, individualizar, levando o leitor a sentir, a imaginar, a visualizar o objeto descrito. Por isso, o ato de descrever baseia-se na percepção, nos cinco sentidos. O texto que propomos, a seguir apresenta de forma belíssima esse processo de criação e construção de imagens pela linguagem. Leia-o com atenção.

Minha terra tem encantos, Tem belezas naturais, Tem jardins, fluviais recantos E riquezas minerais... Nas indústrias tem potência; Tem igrejas para os fiéis, Tem escolas, luz da ciência, Nos esportes tem lauréis. Refrão O seu solo é um manancial Fonte de riquezas mil,

TEXTO DESCRITIVO

Visão – audição – tato – paladar – olfato

Hino de Votorantim Letra e Música: Lecy de Campos

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O seu clima é tropical É um pedaço do Brasil, E por isso com fervor Hei de amar até o fim Essa terra de esplendor Este meu Votorantim. Sons de máquinas, usinas E de águas a rolar, Em sussurros de surdinas Pelo espaço a reboar; São acordes de vitória Num arcano musical, Proclamando a sua glória E pujança sem igual Chaminés que, fumegantes Estão sempre a evidenciar As indústrias operantes Que engrandecem o lugar, Onde um povo exuberante Que labuta sem cessar, Construiu esse gigante Portentoso e singular.

Vocabulário: Laurel: coroa de louros; láurea, lauréola. Manancial: nascente de água; olho-d'água; fonte. Reboar: fazer eco; repercutir, retumbar. Arcano: segredo, mistério. Pujança: grandeza, poderio, magnificência. Exuberante: animado, vivo. Portentoso: maravilhoso, prodigioso.

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O texto que você leu é um hino feito para homenagear a cidade. Neste hino, o autor percorre os caminhos de sua memória emotiva e expressa toda a sua emoção e sensibilidade ao descrever um momento da cidade de Votorantim, em versos que nos levam a imaginar e a recriar uma época dessa cidade que tanto ele amou.

1. No poema predominam aspectos:

a- ( ) narrativos b- ( ) descritivos c- ( ) argumentativos

2. Justifique a questão anterior assinalando a alternativa correta.

a- ( ) o poema narra os fatos acontecidos em Votorantim. b- ( ) o poema descreve e caracteriza de forma subjetiva a cidade de Votorantim.

LECY DE CAMPOS Nascido em Sorocaba (SP), em 11 de outubro de 1913, Lecy de Campos, autor da letra e da música do Hino de Votorantim, viveu neste município desde 1929. Faleceu em 1991. O Hino de Votorantim, por ele composto, foi oficializado em 28 de junho de 1972, através da lei municipal nº 213. A Praça de Eventos leva o seu nome, em homenagem a quem soube amar e dignificar esta cidade.

Atividade II

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3. Releia o refrão e identifique o sentimento predominante que os versos expressam:

a- ( ) Amor b- ( ) Saudade c- ( ) Tristeza d- ( ) Admiração

4. O autor descreve uma época da cidade, como se retratasse um momento instantâneo de Votorantim. Essa época refere-se:

a- ( ) ao passado b- ( ) à atualidade

5. Certamente você gostou do hino. Copie a estrofe que você considera a mais bonita, a de maior criatividade e inspiração.

____________________________________________________________________________________________________________________________________

Descreva a rua onde você mora ou trabalha ou onde passou sua infância. Fale das casas, das pessoas, de partes que lhe trazem lembranças. Relate algo acontecido ali, alguma cena que ficou marcada em você. Lembre-se de como era há alguns anos e de como é agora. Enfim, transforme em emoções, o retrato de sua rua. Escreva de 15 a 20 linhas.

No texto descritivo, o autor procura transmitir ao leitor suas impressões sobre o objeto descrito, através de imagens captadas pelos sentidos. Para isso, usa muita adjetivação e comparações expressivas.

Redação - Produzindo seu próprio texto

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Nesta unidade, estudaremos também os termos integrantes da oração: o objeto direto, o objeto indireto, o complemento nominal. Sem eles, a informação não fica completa, com sentido. Para podermos entender mais sobre esse assunto, vamos ler o trecho a seguir:

• O ar do avião é seco. Pingue soro fisiológico nas narinas a cada duas horas para evitar que as mucosas se ressequem, facilitando a entrada de micróbios. O mesmo vale para os olhos (use colírio).

• Tomar água e outros líquidos deixa o organismo sempre hidratado. O recomendado é um copo a cada duas horas. Evite bebida alcoólica, que, entre outras coisas, contribuem para a desidratação.

• Se o vizinho de poltrona tosse e espirra o tempo todo, não tenha vergonha de usar a máscara cirúrgica. É a melhor forma de se proteger de microorganismos transmitidos por via aérea.

• Em vôos longos, é sempre aconselhável fazer caminhadas pelo corredor para evitar a formação de coágulos nas pernas, que poderão, no futuro, provocar problemas mais sérios.

Revista Época On line , 17, maio, 1999.

� Responda em seu caderno � : 1) Localize no texto os complementos das seguintes formas verbais: a. pingue ________________________________________________

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b. tomar _________________________________________________ c. evite __________________________________________________ d. contribuem _____________________________________________ c. proteger (-se) ___________________________________________ Os complementos verbais que foram localizados recebem o nome de objeto, que pode ser direto ou indireto. Vejamos, então, a sua classificação.

É o termo da oração que completa um verbo transitivo direto sem o auxílio de uma preposição. Observe:

Pingue soro fisiológico.

� � V.T.D Obj. Direto

Tomar água e outros líquidos. � � V.T.D Obj. Direto

É o termo da oração que completa um verbo transitivo indireto, através de uma preposição. Observe:

Contribuem para desidratação. � � � V.T.I (prep.) Obj. Indireto

OBJETO DIRETO

OBJETO INDIRETO

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Proteger-se de microorganismos. � � � V. T. I (prep.) Obj. Indireto. Como você pode observar os verbos que foram completados acima, têm como complementos verbais, objetos diretos ou indiretos. NÃO SE ESQUEÇA! Principais preposições que acompanham um objeto indireto: com, por, ao, de, da, para, em, à, sobre, etc.

O PRONOME OBLÍQUO NA FUNÇÃO DE OBJETO

Os pronomes oblíquos o, a, os, as são utilizados para substituir o objeto direto, enquanto os pronomes oblíquos lhe, lhes são utilizados para substituir o objeto indireto. Os outros pronomes oblíquos me, te, se também podem exercer a função de objeto.

Emprestei o livro. � � V. T. D Obj. Direto Emprestei- o. � Obj. Direto

O assunto interessa ao aluno.

� � � Sujeito V. T. I Obj. Indireto O assunto interessa-lhe. � Obj. Indireto

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O texto seguinte trata da divisão do trabalho nas sociedades indígenas:

As tarefas ligadas à produção dos alimentos, dos utensílios e à prestação dos serviços são definidas em função do sexo. Em antropologia, diz-se que, nessas sociedades, há uma divisão sexual do trabalho (em oposição àquelas em que há uma divisão social do trabalho, em que grupos ou classes sociais ocupam posições diferentes no processo de produção). Há, portanto, tarefas femininas e tarefas masculinas. Mesmo quando acontece de as atividades masculinas serem mais prestigiadas que as femininas, isso não chega a instaurar uma desigualdade entre homens e mulheres, pois não chega a haver, entre eles, relações de exploração. O que a divisão sexual do trabalho expressa é a complementaridade entre homens e mulheres no

processo de produção. SILVA, Aracy Lopes da. A questão indígena na sala de aula. São Paulo, Brasiliense,1987, p.153-4.

COMPLEMENTO NOMINAL

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Veja: produção dos alimentos dos utensílios

� Responda em seu caderno � : 2. O substantivo produção exige um complemento? Por quê? ______________________________________________________

O termo que completa o sentido do substantivo produção é um complemento nominal. O complemento nominal é um termo que completa o sentido de um nome e vem ligado a ele por meio de uma preposição. O complemento nominal completa o sentido de substantivos, adjetivos e advérbios. prep.

Tenho amor ao trabalho. � � � verbo (nome) complemento nominal prep.

Vivo satisfeito com a vida.

� � � verbo (adjetivo) complemento nominal Estrutura do complemento nominal

1. 2. 3.

Substantivo Adjetivo Advérbio

Preposição

Complemento nominal

1.Tenho 2.Estou 3.Votou

respeito contente contrariamente

para com com ao

os mais velhos. os resultados. nosso candidato.

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→ LEMBRE-SE: O complemento nominal, como o próprio nome indica, está completando um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).

Responda em seu caderno. � 1. Classifique as palavras sublinhadas abaixo usando este código:

(D) objeto direto (I) objeto indireto

a- ( ) Não preciso de sua ajuda. b- ( ) Vou tentar encontrar os culpados. c- ( ) Alguém o viu no teatro. d- ( ) Mandei-lhe um recado ontem. e- ( ) Vou rasgar este documento.

2. Com relação às palavras sublinhadas abaixo, coloque:

(a) para complemento nominal (b) para objeto indireto

1- ( ) Ele era muito útil à comunidade. 2- ( ) Ela não respondeu às minhas cartas. 3. ( ) Nunca lhe pediram satisfações. 4. ( ) Ela não tem mais confiança em ninguém. 5. ( ) A notícia agradou ao estudante.

ATIVIDADE III

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3. Nos exercícios abaixo, assinale a resposta correta para a função sintática do termo sublinhado.

A) Ela me contou os pormenores da briga.

a- ( ) objeto indireto b- ( ) objeto direto c- ( ) complemento nominal

B) Agiu favoravelmente ao réu.

a- ( ) objeto direto b- ( ) objeto indireto c- ( ) complemento nominal

C) Sempre gostei de seus primos.

a- ( ) objeto direto b- ( ) objeto indireto c- ( ) complemento nominal

Agora, confira as suas respostas com o gabarito no final desta apostila.☺

PARABÉNS! VOCÊ TERMINOU ESTA UNIDADE!

☺☺☺☺ ☺☺☺☺ ☺☺☺☺

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JOAQUIM MANUEL DE MACEDO

Na unidade anterior, você teve seus primeiros conhecimentos sobre o estilo literário Romantismo. Aprendeu sobre suas principais características e alguns autores da poesia. Vale lembrar que foi durante o Romantismo que a prosa literária ganhou expressividade. Gradualmente se desenvolviam os centros urbanos, principalmente o Rio de Janeiro, e o novo público se formando: jovens estudantes, mulheres da corte, aristocratas rurais, profissionais liberais, militares, funcionários públicos. Primeiramente surge o folhetim (histórias publicadas em capítulos nos jornais diários) que, depois, foi se modificando de acordo com as transformações culturais e as novas exigências do público. Em 1844, foi publicado o 1º romance brasileiro chamado “ A Moreninha”, de Joaquim Manuel de Macedo. Joaquim Manuel de Macedo inaugurou entre nós o chamado romance urbano, aquele que tem como cenário a cidade grande. No caso, o Rio de Janeiro, sede do Império. Essa categoria será cultivada por outros escritores do período. Conheçamos um pouco mais sobre o autor:

Nasceu em Itaboraí (RJ). Diplomou-se em Medicina, mas nunca exerceu a profissão. Foi professor do Colégio Pedro II, a instituição de ensino mais conhecida daquele estado na época. Exerceu duas vezes o cargo de deputado, foi também poeta, jornalista, historiógrafo, além de professor e escritor de livros didáticos. Morreu no Rio de Janeiro, em 1882.

ROMANTISMO - PROSA

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Vamos, agora, ler o resumo da obra:

José de Alencar, nosso mais importante prosador romântico, considerava Macedo “um mestre”. A convivência que se iniciou nessa época entre os escritores contribui para a formação de uma literatura nacional. Falando em José de Alencar , saberemos a seguir, um pouco mais sobre este autor.

O enredo é simples: três estudantes de Medicina – Augusto, Filipe e Leopoldo – passam um feriado na casa da avó de Filipe, numa ilha. Augusto, que se considerava muito inconstante no terreno amoroso, faz uma aposta: se ficasse apaixonado por uma mulher durante mais de quinze dias, escreveria um romance contando a história dessa paixão. Conhece Carolina (a Moreninha), por quem se apaixona. O único obstáculo à união dos dois é uma promessa de fidelidade feita por Augusto a uma menina que conhecera tempos atrás e cujo paradeiro e identidade ignora. No final, ocorre a coincidência que resolve o conflito: a tal menina era a própria Moreninha.

A MORENINHA

� Joaquim Manuel de Macedo, além de A Moreninha, também escreveu O Moço Loiro (1845), Os dois amores (1848) e algumas peças de teatro.

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JOSÉ DE ALENCAR

José Martiniano de Alencar nasceu em Mecejana, Ceará. Era filho de uma união ilícita. O pai era padre, abandonou o celibato e ingressou na carreira política, mudando-se para o Rio de Janeiro onde José de Alencar iniciou seus estudos elementares. Mais tarde, foi para São Paulo cursar Direito, porém a maior parte de sua vida viveu no Rio de Janeiro. Assim como o pai, José de Alencar ingressou na carreira política chegando a ocupar o cargo de Ministro da Justiça (1868 – 1870). Foi também professor, crítico, advogado, teatrólogo, mas principalmente, um grande romancista. Morreu em 1877, vítima de tuberculose.

José de Alencar em suas obras, procurou retratar a vida na corte, ambientes urbanos e regionais, o índio, a natureza tropical. Para compreendermos melhor as características indianistas de José de Alencar, leremos e analisaremos um fragmento da obra, “Iracema”.

Iracema, nome da personagem, é anagrama de América e símbolo do Brasil.

Conhecido também como “lenda do Ceará”, através desta história, José de Alencar quis nos fazer conhecer, poeticamente, as origens de sua terra natal.

O AUTOR

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Conheça um pouco da história lendo um trecho da obra quando Iracema conhece Martim.

Iracema

José de Alencar Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo da grande nação tabajara, o pé grácil e nu, mal roçando alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. Um dia, ao pino do sol, ela repousava em um claro da floresta. Banhava–lhe o corpo a sombra da oiticica, mais fresca do que o orvalho da noite. Os ramos da acácia silvestre esparziam flores sobre os úmidos cabelos. Escondidos na folhagem os pássaros ameigavam o canto. Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba–se. Diante dela e todo a contemplá–la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem–lhe o corpo. Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara. A mão que rápida ferira, estancou mais rápida e compassiva o sangue que gotejava. Depois Iracema quebrou a flecha homicida: deu a haste ao desconhecido, guardando consigo a ponta farpada. O guerreiro falou: — Quebras comigo a flecha da paz?

TEXTO I

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— Quem te ensinou, guerreiro branco, a linguagem de meus irmãos? Donde vieste a estas matas, que nunca viram outro guerreiro como tu ? — Venho de bem longe, filha das florestas. Venho das terras que teus irmãos já possuíram, e hoje têm os meus. — Bem–vindo seja o estrangeiro aos campos dos tabajaras, senhores das aldeias, e à cabana de Araquém, pai de Iracema. ©2000 Enciclopédia Koogan-HouaisDigital Vocabulário Iracema (*): em guarani significa “lábios de mel” – de ira, “mel, e tembe,” lábios “. Tembe na composição altera-se em ceme; é também anagrama da palavra América”. Jati (*): pequena abelha que fabrica delicioso mel. Ipu (*): assim chamam ainda hoje no Ceará a certa qualidade de terra muito fértil, que forma grandes coroas ou ilhas no meio dos tabuleiros e sertões, e é de preferência procurada para a cultura, Tabajara (*): senhor das aldeias; de taba, “aldeia”, e jará, “senhor”. Oiticica (*): árvore frondosa, apreciada pela deliciosa frescura que derrama sua sombra, Esparziam (*): espalhavam, derramavam, difundiam. Sesta (*): hora que se descansa ou dorme após o almoço. Ignotos (*): desconhecidos, ignorados. Lesta (*): rápida, ligeira, ágil. Uiraçaba (*): pequeno estojo para guardar as flechas. Quebrou a flecha (*): era entre os indígenas a maneira simbólica de estabelecerem a paz entre as diversas tribos, ou mesmo entre dois guerreiros inimigos. (*) Os verbetes assinalados são do próprio José de Alencar, nas notas ao romance Iracema.

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� Responda em seu caderno: 1. Para caracterizar Iracema, José de Alencar utiliza-se dos elementos da natureza.

Relacione os traços físicos da 2ª coluna aos elementos comparativos da 1ª coluna:

(a) asa da graúna 1-( ) comprimento do cabelo (b) talhe da palmeira 2-( ) lábios (c) favo de jati 3-( ) agilidade (d) baunilha 4-( ) sorriso (e) de mel 5-( ) cor dos cabelos (f ) ema selvagem 6-( ) hálito

2. Quando Iracema avista o guerreiro branco pela 1ª vez, ela estava

a- ( ) caçando b- ( ) tomando banho c- ( ) repousando

3. Que fato, no texto, perturba a paz de Iracema e dá início ao conflito? 4. Ao deparar-se com Iracema, o guerreiro branco é atingido por uma flecha atirada por ela. Por que ele não revidou? 5. O que o guerreiro branco disse à Iracema mostrando ter conhecimento de um costume indígena?

ATIVIDADE I

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6. Iracema, no fragmento lido, a-( ) é vista de forma preconceituosa pelo guerreiro branco. b-( ) é idealizada como mulher inacessível. c-( ) é retratada como elemento da natureza com a qual se integra. d-( ) é uma índia feroz de maus instintos, mas que o guerreiro branco tenta dominar. e-( ) é retratada objetivamente sem o sentimentalismo do escritor. 7. Que raças estão simbolizadas no encontro de Iracema e Martim? 8. Assinale as características do Romantismo que podemos perceber no fragmento lido: a-( ) indianismo b-( ) religiosidade c-( ) idealização do herói d-( ) saudosismo e-( ) exaltação à natureza

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Você estudou um fragmento do romance indianista de Alencar. Agora, lerá um resumo da obra “Senhora”, romance urbano, e verá como o escritor retrata os costumes, os valores e os conflitos sociais da sociedade carioca da época.

SENHORA

“Aurélia Camargo é uma moça pobre e órfã de pai, noiva de Fernando Seixas. Seixas é um bom rapaz, porém tem o desejo de ascender rapidamente na escala social e, por isso troca Aurélia por outra moça de dote mais valioso. Aurélia passa a desprezar todos os homens, e eis que, com a morte de um avô , torna-se milionária e, por isso, uma das mulheres mais cortejadas dos cortes do Rio de Janeiro. Como vingança, manda oferecer a Seixas um dote de cem contos, mas sem que fosse revelado o nome da noiva, só conhecido no dia do casamento. Seixas aceita e se casam; porém na noite de núpcias, Aurélia revela-lhe seu desprezo. Seixas cai em si e percebe o quanto fora vil em sua ganância. Vivem como estranhos na mesma casa durante onze meses, mas socialmente formam o “casal perfeito”. Ao longo desse período, Seixas trabalha arduamente até conseguir obter a quantia que recebera como sinal pelo “acordo”. Devolve os cem mil-réis à esposa e se despede dela. Nesse momento, porém, Aurélia revela-lhe seu amor. Os dois, agora igualados no amor e na honra, podem desfrutar o casamento, que ainda não havia se consumado.” Cereja et alli, 1999:97

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REVISANDO A LITERATURA Agora, responda em seu caderno as questões sobre o que você aprendeu nesta unidade 06.

1)Em que período a prosa literária ganhou mais expressividade?

2) Qual foi o primeiro romance brasileiro e, em que ano foi publicado? 3) José de Alencar, foi o nosso mais importante prosador romântico. O que ele retratava

em suas obras?

4)Qual a principal obra de José de Alencar? E como ficou conhecida esta obra?

Muito bem! Confira suas respostas no gabarito, no final da apostila.

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Na unidade anterior, você leu e analisou um texto descritivo sobre a cidade. Nesta, leremos uma crônica jornalística.

O ciclista audaz Nélida Piñon

Deixo o hotel apressada. Da calçada observo o movimento dos carros. Os ruídos da cidade e a neurose coletiva extenuam-se. Olho os homens ao volante de seus ridículos carros. Eles avançam em direção ao túnel novo, abandonam a luminosidade de Copacabana antes de mergulhar no escuro da própria alma. Na rua, três ciclistas emergem do trafégo insensato. Sob intrépida direção, suas bicicletas celebram os rituais da vida e da velocidade. Presa àquele espetáculo de audácia, sigo-os atenta. Aqueles homens, grudados às respectivas, aparentam desprezar as regras intransigentes da existência. Um deles atraiu-me a atenção. Vestido de verde, com um tecido colado ao corpo, recorda-me um periquito perdido na densa e ingrata floresta. Parece-me de longe o mais afoito de todos. Sem demonstrar respeito pelos carros, ele arrisca a vida com gosto, saliva de puro gozo. Costura em meio ao tráfego como sua avó, no passado, decerto cerzira, meticulosa, a meia furada do marido. Observo, contudo, que a despeito do seu destemor, do seu espírito de aventura, algo lhe falta no corpo, na bicicleta. E o que podia ser, se de fato pedala com desenvoltura. É uma seta de prata disparada por um arqueiro ansioso. Ao analisar seu corpo, constato ausência da perna direita. Para onde terá ido essa perna, excursionando pela terra? Fascinada por semelhante desatino, que redime em parte a espécie humana, reverencio nele o herói há muito buscado por mim. Um herói de pedigree modesto, sem aura trágica, conspurcado apenas pelas agruras do cotidiano. E que embora seja filhado de uma brasilidade humilhada, não renuncia aos prazeres com os quais sonha a cada amanhecer, tão logo abandona o seu casebre. Sem dúvida um homem que, na ânsia de viver o melhor da sua biografia, enfrenta a morte como se a pudesse derrotar. Aflito e exaltado, ele ultrapassa os morros. Persegue a própria sombra projetada à frente, e que norteia os seus devaneios. Neste esforço de exceder-se, o ciclista como que querendo alcançar o mar, instala-se no barco da sua imaginação, singra solitário em busca do velocino de ouro. Igual Jasão, herói grego, ele demonstra vocação de apreender os mitos que surgem sob forma do carros, velocidade, fantasia, o caos de uma cidade. Na condição de herói anônimo, cabe-lhe praticar atos miúdos, sem conseqüência. Gestos que importam a ele apenas, no seu destino sem glória. Desprovido de eloqüência, suas atitudes, porém quebram os grilhões da pobreza, do porvir sem água corrente, sem conforto, sem as moedas da estabilidade. Ajudam a trasladá-lo, por instantes, para o céu, até o reino da visão poética. Para que eu jamais o esqueça.’

Gazeta do Povo. Curitiba, 5ª feira, 08/08/96, p. 28.

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Vocabulário: Extenuar: enfraquecer, debilitar, gastar. Emergir: aparecer, surgir. Intrépida: corajosa, firme. Audácia: ousadia,atrevimento. Intransigente: intolerante, inflexível, rígido. Densa: escura,espessa, compacta. Afoito: corajoso,ousado. Cerzir: costurar. Meticulosa: cautelosa, cuidadosa, minuciosa. Arqueiro: combatente que luta com arco. Desatino: disparate, loucura. Reverenciar: acatar, respeitar. Aura: zona luminosa em torno de um corpo. Conspurcar: mancha, corromper, perverter. Agrura: obstáculos, dissabor, amargura, aflição. Devaneio: fantasia, sonho. Exceder: superar, ultrapassar. Singrar: navegar. Velocino: pele de carneiro. Eloqüência: capacidade de falar e exprimir-se com facilidade,comover por meio da palavra. Grilhão: corrente que prende, algema. Porvir: o futuro. Trasladar: transferir, transportar, mudar.

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Releia o texto integralmente e consulte o vocabulário caso você desconheça o significado de alguma palavra ou não consiga inferir pelo contexto. (Não é necessário consultar o significado de toda palavra desconhecida, a não ser que esse desconhecimento esteja dificultando a sua compreensão ou que essa palavra esteja repetida várias vezes sendo, portanto, uma palavra-chave). Compreender o significado de palavras, expressões é essencial para a construção do sentido global dos textos que você lê. As questões 1 e 2 privilegiam esse tipo de conhecimento.

Como foi escrito no início, o que você leu foi uma crônica jornalística. Na crônica, o autor comenta fatos do cotidiano, procurando transmitir esses fatos de modo bastante pessoal, refletindo sobre os mesmos através de sua visão de mundo, de seus valores. A autora da crônica, a escritora Nélida Piñon pertence à Academia Brasileira de Letras e escreve, regularmente, para jornais e revistas de grande circulação. Nesse texto, como você observou, um fato chama a atenção da cronista que, através de aspectos predominantemente descritivos, procura refletir sobre a realidade, sobre o dia-a-dia de nossa gente.

ATIVIDADE II

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Agora, responda em seu caderno:

1. A cronista descreve um momento de uma cidade.

a) Que cidade está sendo descrita? Como você a identificou?

b) Que particularidade da cidade ela observa e descreve?

c) A que espetáculo de audácia ela se refere? d) Que constatação ela faz ao observar um dos três ciclistas?

e) Dê as características físicas e psicológicas do ciclista. f) Explique o título. ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥ Não só saber o significado das palavras é importante para chegarmos à compreensão do que lemos. Também importante é conhecer, por exemplo, outros textos a que o autor faz referência, outros assuntos, fatos, conceitos, a que o texto remete. É o que chamamos de conhecimento do mundo. Ter esse conhecimento é essencial para a leitura compreensiva. No texto lido, a cronista faz referência a Jasão, herói grego e ao velocino de ouro. (velocino = pele de carneiro).

Vamos, resumidamente, ler a história de Jasão:

Diz a mitologia grega que o velocino de ouro estava guardado por um dragão. Para recuperar a coroa de seu reino, Jasão tinha que ir em busca do velocino de ouro. Jasão saiu, então, em um barco, enfrentando os perigos do mar e todos os obstáculos que vinham pela frente, em busca da pele de ouro do carneiro.

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2. Agora, faça a associação dessa história com a descrição do ciclista audaz:

a) A quem o ciclista é comparado?

b) Que perigos do trânsito, enfrentados pelo ciclista são relacionados aos perigos do mar e aos obstáculos que Jasão enfrentou?

c) Jasão é um herói grego, cantado em prosa e em verso. E o ciclista, que espécie

de herói é?

3. No texto “O ciclista audaz” a intencionalidade é:

a) ( ) descrever as peripécias dos ciclistas. b) ( ) descrever a agitação do trânsito. c) ( ) refletir sobre o trânsito perigoso, a audácia dos ciclistas e associar essas idéias à luta diária de um cidadão comum ao enfrentar as adversidades da vida.

4. Coerente com a resposta anterior, assinale o que você considera ser o tema do texto. a) ( ) A agitação do trânsito. b) ( ) A busca da felicidade. c) ( ) O heroísmo anônimo e cotidiano do cidadão comum. 5. E para você, o que é ser um herói? Comente, justificando a sua opinião.

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Na unidade anterior estudamos, os termos integrantes da oração, tais como: objeto direto e indireto e outros.

Agora, estudaremos os termos acessórios da oração: adjunto adverbial, aposto e o termo independente da oração: vocativo.

Observe os exemplos abaixo: Os convidados chegaram tarde. verbo adjunto adverbial. Os alunos saíram da sala. verbo adjunto adverbial Compraram as frutas na feira. verbo adjunto adverbial As palavras destacadas são chamadas de adjunto adverbial. Saiba que, o adjunto adverbial é o termo da oração que se refere ao verbo, ligando-se a ele com ou sem preposição, e tem a função de indicar uma determinada circunstância. Veja. O adjunto adverbial, quando expresso por um advérbio, pode também se referir a adjetivo ou advérbio, como nos exemplos a seguir: Era uma aluna pouco expansiva. adj. adv adjetivo Falaram muito bem.

adj. adv adjetivo

ADJUNTO ADVERBIAL

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Existem muitos tipos de advérbios, mas os mais comuns são:

1. de tempo (Quando?)

Hoje, ontem, amanhã, agora, já, antes depois, tarde, cedo, logo, outrora sempre, nunca, jamais, etc. e as expressões que indiquem tempo.

2. de lugar (Onde?)

Aqui, lá, cá, debaixo, dentro, fora, longe, perto, além, adiante, etc. e as expressões que indiquem lugar.

3. de modo (De que modo?)

Bem, mal, assim, devagar, depressa, atentamente, propositalmente, tranqüilamente, amavelmente, etc. e as expressões que indiquem modo. 4. de intensidade (Quanto?)

Muito, pouco, mais, menos, bastante, demasiado, demais, meio, assaz, etc. e as expressões que denotem quantidade ou intensidade.

5. de afirmação Sim, certamente, realmente, etc. 6. de negação

Não

7. de dúvida

Talvez, acaso, porventura, provavelmente,etc.

TIPOS DE ADVÉRBIOS

ATENÇÃO:

Os advérbios exercem na frase, a função de adjuntos adverbiais.

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LOCUÇÕES ADVERBIAIS

As expressões que indicam circunstâncias de tempo, lugar, modo, intensidade, afirmação, negação, dúvida são também advérbios (adjuntos adverbiais).

Observe:

1.Os jequitibás cresciam no solo do sertão.

(Os jequitibás cresciam onde? “no solo do sertão” é um adjunto adverbial de lugar).

2. Ele saiu às oitos da manhã.

(Ele saiu quando? “às oitos da manhã” é um adjunto adverbial de tempo).

Observe os exemplos:

1.João Cardoso, bom velho, era amigo de novidades.

2.Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul, é cidade populosa.

A expressão “bom velho” está explicando (esclarecendo) um nome anterior João Cardoso.

Assim também “a capital do Rio Grande do Sul” está explicando (esclarecendo) o nome anterior.

As expressões “bom velho e capital do Rio Grande do Sul” são apostos. A palavra ou expressão que explica (esclarece) um termo, geralmente anterior, chama-se aposto. O aposto costuma vir depois de vírgulas ou travessões.

APOSTO

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Vocativo

Agora observe as frases:

Olá! Amigo! Espere, homem! Ora, Antônio ,espere!

As palavras assinaladas são vocativos.

Vocativo é a palavra ou expressão que usamos para chamar alguém. Há sempre a presença da vírgula separando os vocativos.

ATIVIDADE III

1. Observe os termos em destaque e relacione as colunas.

a) Hortência, a rainha do basquete, dribla os preconceitos 1.( ) vocativo

b) “Meu amor que torta divina”! 2.( ) Adjunto adverbial

(c) Temos confiança em nossos jogadores. 3 ( ) Objeto indireto

(d) Você sempre foi muito eficiente. 4. ( ) Aposto

(e) Carlos mostrou seu quarto ao amigo. 5. ( )Complemento nominal

2. Nas frases abaixo, escreva a circunstância expressa pelo adjunto adverbial sublinhado.

a. “Seis semanas depois, uniram eles seus destinos”.

b. Compraram as frutas na feira.

c. Eles não saíram de casa.

d. Talvez ele faça o exercício corretamente.

TERMO INDEPENDENTE DA ORAÇÃO

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3. Nos exercícios abaixo. Assinale a reposta correta para a função sintática do termo sublinhado.

a) Vamos, garotos, entrem na sala de aula!

a) ( ) aposto b) ( ) vocativo, c) ( ) adjunto adverbial

b) Pedro II, Imperador do Brasil, morreu no exílio.

a) ( ) vocativo b) ( ) aposto c) ( ) adjunto adverbial

c) Alguns homens saíram às pressas do recinto.

a) ( ) adjunto adverbial b) ( ) aposto c) ( ) vocativo

PARABÉNS!

VOCÊ TERMINOU ESTE MÓDULO.

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ATIVIDADE I

1- Fechar meus olhos minha triste irmã, Minha mãe de saudade morreria.

2- c

3- b

4- A dor do peito emudecera ao menos.

5- Ultra-romântica ou byroniana.

REVISANDO A LITERATURA

1- 1836 a 1881. 2- Subjetivismo, sentimentalismo, nacionalismo, idealização do mundo, da mulher e

do herói.

3- 1ª Geração: Nacionalista ou indianista; 2ª Geração: Ultra-romântica ou byroniana; 3ª Geração: Condoreira.

4- 1ª Geração: Gonçalves Dias;

2ª Geração: Álvares de Azevedo; 3ª Geração: Castro Alves.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

ATIVIDADE II 1-b 2-b 3-a 4-a 5-pessoal

GABARITO – MÓDULO 05

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ESTUDANDO A NORMA PADRÃO � Responda em seu caderno: 1. a) soro fisiológico b) água c) bebida alcoólica d) para a desidratação e) de microorganismo

2. Sim. Para completar o sentido da palavra. ATIVIDADE III 1. a) I b) D c) D d) I e) D 2. 1. a

2. b 3. b 4. a 5. b

3. a) b

b) c c) b

ATIVIDADE I 1) 1. b

2. e 3. f 4. c 5. a 6. d 2) c 3) Um rumor suspeito.

GABARITO – MÓDULO 06

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4) Porque o gesto de Iracema foi rápido. 5) “ – Quebras comigo a flecha da paz?” 6) c 7) Raça Indígena e raça branca. 8) a – c – e

REVISANDO A LITERATURA

1) No período do Romantismo. 2) Em 1844, “A moreninha”. 3) A cidade grande, no caso, o Rio de Janeiro, sede do Império. 4) “Iracema”, conhecida como lenda do Ceará.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

Atividade II 1) a) Rio de Janeiro, Copacabana.

b) Os ruídos e a neurose coletiva. c) Suas bicicletas celebram os rituais da vida e da velocidade. d) Condição de herói anônimo, cabe-lhe praticar atos miúdos sem conseqüências. e) vestido de verde, com um tecido colado ao corpo, ele arrisca a vida com gosto de saliva de puro gozo. f) um ciclista que enfrentava a morte como se a pudesse derrotar. 2) a) a Jasão. b) herói, ele demonstrava vocação de apreender os mitos que surgem sob forma de carros, velocidade, fantasia, o caos de uma cidade.

c) herói anônimo. 3) c

4) c 5) resposta pessoal.

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ESTUDANDO A NORMA PADRÃO

Atividade III

1) a) 4 b) 1 c) 5 d) 2 e) 3 2) a) tempo b) lugar c) negação d) dúvida - modo

3) a) b - vocativo b) b - aposto c) a - adjunto adverbial

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Para você pensar ... " O Sucesso

significa nunca parar,

ou seja, sempre ir

em busca de algo mais ."

EQUIPE DE PORTUGUÊS / CEESVO

CRISTIANE - ILZA - IVÂNIA - MAURA E SANDRA

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APRESENTAÇÃO Caro (a) aluno (a), Você está iniciando seu curso de Português no Ensino Médio, seja bem-vindo ! Queremos caminhar ao seu lado para auxiliá-lo e juntos fazer descobertas e vencer novos desafios. Sabemos que a Língua Portuguesa está presente em nosso dia-a-dia, em nossa comunicação, portanto é importante que saibamos usá-la e interpretá-la corretamente para compreendermos melhor o mundo em que vivemos. Pensando nisso é que elaboramos 13 módulos contendo: ▪ Literatura Brasileira ▪ Leitura e Produção de Texto ▪ Estudo da Norma Padrão (gramática) Lembre-se: o seu esforço e a sua dedicação são os fatores mais importantes para o seu desenvolvimento e crescimento pessoal. Desejamos que você consiga vencer ainda mais facilmente o desafio desse mundo em constante evolução. Estamos aqui para colaborar com esse desafio. Então vamos começar ! Boa sorte !

Equipe de Português :

Cristiane, Ilza, Ivânia, Sandra e Maura

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Como estudar Português

INSTRUÇÕES 1. Leia atentamente todos os assuntos dos módulos; 2. Se houver necessidade, para assimilar melhor o assunto, faça as

atividades em seu caderno. NÃO ESCREVA E NEM RASURE A APOSTILA, pois você a trocará e outro aluno irá usá-la;

3. Depois que você terminar as atividades, consulte o gabarito

de respostas que está no final da apostila. Você que irá corrigir os exercícios;

4. Consulte o dicionário quando encontrar uma palavra

desconhecida; 5. As redações devem ser feitas com capricho ! Não se esqueça

de fazer um rascunho antes da redação final. 6. Para se submeter às avaliações, você deverá apresentar tudo o

que foi solicitado, em seu caderno. 7. Sempre que houver dúvidas, procure esclarecê-las com o

professor; 8. Freqüente a biblioteca da escola e utilize os recursos que nela

estão disponíveis.

Bom estudo ! Bom aproveitamento !

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Nesta unidade, você vai conhecer o Realismo, estilo literário que, ao contrário do Romantismo, baseia-se em fatos da vida real. Tratar de temas polêmicos não é privilégio dos escritores atuais, já em 1881, os autores realistas escreviam romances, contos, crônicas, poesias, retratando os problemas vividos pelos homens. Eça de Queiroz, escritor realista de Portugal, escreveu: “Outrora uma novela romântica, em lugar de estudar o homem, inventa-o. Hoje, o romance estuda-o na sua realidade social.” � Veja os quadros:

O estilo

O realismo é contra o tradicionalismo romântico. Esperava-se que a Literatura fosse científica, um meio de conhecimento da realidade.

Os escritores usavam seus personagens para, através deles, criticar as injustiças cometidas pela burguesia, pelo clero.

Tinham como preocupação constante a observação da realidade concreta do país, sem as idealizações dos românticos.

Pretendiam que a linguagem fosse simples, direta, com pouco uso do sentido conotativo. Sempre, como destaque, estava a observação do elemento psicológico do tipo brasileiro no fim do Império.

REALISMO (1881 – 1902)

Romantismo ����

Imagina os fatos Idealiza o homem

� Sonho de uma época

� Fantasia

Realismo/Naturalismo

Analisa os fatos Observa e estuda o homem.

� Retrato de uma época.

� Preocupação com a verdade.

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Sempre que falarmos de Realismo, estaremos falando de Machado de Assis, pois foi o melhor representante do estilo Realista.

O AUTOR E OBRA

Escreveu, na década de 1860, todas as suas comédias, irônicos

episódios do cotidiano em que já aparece sua decidida e definitiva recusa às

convenções sociais.

Nos anos 1870 e 1880, os contos e romances de sua fase romântica —

Contos fluminenses, Ressurreição, A mão e a luva, Helena e Iaiá Garcia —

esboçam, em finos retratos femininos, a força do papel social como segunda

Machado de Assis, Joaquim Maria (1839-1908), romancista, contista,

dramaturgo e poeta que alcançou o ponto mais alto e equilibrado da

prosa realista brasileira. Nasceu no morro do Livramento, Rio de Janeiro,

filho de um pintor mulato e uma lavadeira açoriana. Órfão de ambos na

primeira infância, foi criado por uma mulher chamada Maria Ignês. Frágil,

gago, epilético, Machado de Assis tornou-se um adulto reservado e

tímido. Alfabetizou-se em uma escola pública e recebeu aulas de francês

e latim, mas foi um autodidata em sua vasta cultura literária. Aos 16 anos

trabalhava como tipógrafo-aprendiz na Imprensa Nacional. Antes dos 20

anos, já era jornalista no Correio Mercantil. Casou-se, aos 30 anos, com a

portuguesa Carolina Xavier de Novais, sua companheira de vida e

inspiradora da bela personagem dona Carmo, do livro Memorial de Aires.

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e imposta natureza e as pressões que impelem os personagens a mudar de

status ou classe social.

Entre 1878 e 1880, antes do salto qualitativo que representa o romance

Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881), criou contos e poemas que se

tornaram obrigatórios em todas as antologias da língua portuguesa. Este

período é marcado pelo humor muito pessoal, o distanciamento crítico, a

sutileza de análise de atitudes e comportamentos humanos, tudo mesclado a

uma fina ironia em relação aos valores sociais. Exemplos disso são os

contos Filosofia de um par de botas, O alienista e os poemas A mosca azul e

Círculo vicioso.

Seguiram-se, entre outros, Histórias sem data (1884) e os romances

Quincas Borba (1892), Dom Casmurro (1900), Esaú e Jacó (1904), em que a

crescente riqueza de temas e possibilidades narrativas vai desenhando, em

fina ironia, a sociedade e as forças do inconsciente que movem os interesses

de posição, prestígio, dinheiro e poder pelos quais esfalfam-se os homens,

gerando um mundo em que o pobre, o louco e o diferente são sempre

expulsos ou abandonados.

A essa altura, já considerado um dos maiores escritores brasileiros e

com grande prestígio no meio intelectual, Machado de Assis fundou, com

outros escritores, a Academia Brasileira de Letras, da qual foi o primeiro

presidente. Promoveu poetas e escritores novos — apesar de continuar

marcante seu temperamento “casmurro” e, ao final de sua vida, demonstrar

também um certo desligamento das questões políticas. Em seu último

romance, Memorial de Aires (1908), Machado de Assis revelou sua

desencantada, filosófica, mas quase terna compreensão e aceitação da

fragilidade e da futilidade humanas.

Considerado o pai do Realismo brasileiro, Machado de Assis nos deixou muitas obras que foram divididas em duas fases.

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Primeira fase – ciclo romântico

Até 1880

Embora o seu estilo não seja tão sentimentalista, suas obras, nesta fase, são consideradas românticas. São os romances: Ressurreição, A mão e a Luva. Helena e Iaiá Garcia. E os livros de contos: Historia da Meia Noite e Contos Fluminenses.

Segunda fase – ciclo realista

A partir de 1881 Nesta fase, Machado de Assis aprimora-se como escritor. Seus personagens são fortes psicologicamente. Agem com egoísmo, pessimismo, vulgaridade e dissimulação. Utiliza - se de capítulos curtos, frases curtas. Há uma conversa direta com o leitor, fazendo sempre a análise da sociedade e a critica aos valores românticos. Além de Memórias Póstumas de Brás Cuba que foi a primeira obra desta fase, Machado escreveu: Dom Casmurro, sua obra mais conhecida e importante. Vamos conhecer um pouco mais sobre essa consagrada obra.

RESUMO DA OBRA

Dom Casmurro

“Publicado em 1900, Dom Casmurro é narrado em primeira pessoa. Bentinho conta a sua própria história, a partir de flashback da velhice para a adolescência. Órfão de pai, cresceu num ambiente familiar muito carinhoso - tia Justina, tio Cosme, José Dias -, recebendo todos os cuidados da mãe , D.Glória, que o destinara à vida sacerdotal. Entretanto, Bentinho não quer ser padre – namora a vizinha, Capitu, e quer se casar com ela. D. Glória, presa a uma promessa que fizera, aceita a idéia inteligente de José Dias de enviar um escravo ao seminário, para ser ordenado no lugar de Bentinho.

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Livre do sacerdócio, o moço se forma em Direito e acaba se casando mesmo com Capitu. O casal viveu muito bem, Bentinho progredindo, mantém amizade com Escobar e Sancha. A vida segue o seu curso. Nasce-lhe um filho, Ezequiel. Escobar morre e, durante o seu enterro, Bentinho começa a achar Capitu estranha: surpreende-se contemplando o cadáver de uma forma que ele interpreta como apaixonada. A partir do episódio, Bentinho se consome em ciúmes e tem início uma crise no casamento. Ezequiel se torna cada vez mais parecido com Escobar – o que precipita em Bentinho a certeza de que ele não é seu filho. Em conseqüência disso, o casal se separa. Capitu e Ezequiel vão para a Europa. Algum tempo depois ela morre. Já moço, Ezequiel volta ao Brasil para visitar o pai, que constata a semelhança entre filho e o antigo colega de seminário. Ezequiel morre no estrangeiro. Bentinho cada vez mais fechado em sua duvida, ganha o apelido de “Casmurro” e se põe a escrever o livro de sua vida”.

Literatura História e Texto 2 – Samira Y.Campedelli.

Uma das características de Machado de Assis é escrever capítulos curtos. Vamos exemplificar com um capitulo de Dom Casmurro.

Estudo do texto

OLHOS DE RESSACAOLHOS DE RESSACAOLHOS DE RESSACAOLHOS DE RESSACA Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas...

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As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora, como se quisesse tragar também o nadador da manhã.

Enciclopédia Koogan-Houaiss Digital

ATIVIDADE I

Você leu um dos capítulos do romance Dom Casmurro, intitulado ”Olhos de Ressaca”. Agora, responda em seu caderno. 1. Há nesse trecho um destaque especial para um personagem que estava no velório. Ela é: a-( ) a personagem Capitu. b-( ) o próprio narrador. c-( ) Escobar, o defunto. d-( ) Sancha, a viúva. ________________________________________________________ 2. O narrador percebe que Capitu: a-( ) age com tamanha dor como se fosse a viúva, porém não quer demonstrar seu sofrimento. b-( ) finge descaradamente para enganar os presentes no velório. c-( ) está no velório apenas para consolar a amiga. d-( ) fica calada sem demonstrar sentimento algum. __________________________________________________________ 3. A figura de linguagem empregada pelo narrador na expressão ...”mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora...” é a-( ) hipérbole porque exagera. b-( ) eufemismo porque ameniza a linguagem para chocar. c-( ) antítese porque dá uma idéia de oposição. d-( ) comparação porque compara os olhos de Capitu à onda do mar. __________________________________________________________

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4. Assinale a única alternativa que não está correta. Percebemos que o narrador a-( ) enxugou as lágrimas e ficou observando atentamente as reações mais íntimas de Capitu. b-( ) foi ao velório com único propósito de acompanhar o sepultamento do amigo. c-( ) observa a dor da viúva ao despedir-se do marido. d-( ) vê que há em Capitu um sofrimento tão grande ou maior que o da viúva.

ATIVIDADE II 1.Sobre Machado de Assis é correto afirmar que: a-( ) é mestre em estudar seus personagens psicologicamente, descobrindo sua intenções secretas, seus desejos mais ocultos. b-( ) percebia a mediocridade da classe dominante e denunciava de forma irônica e indireta, mostrando o egoísmo, dissimulação, a hipocrisia , os interesses corruptos existentes nesta classe. c-( ) é um excelente escritor em linguagem narrativa, seu estilo é perfeito. Utilizava de recursos técnicos, tais como: a quebra da estrutura linear, a fragmentação dos episódios, a onipresença do narrador. d-( ) idealizava a figura feminina, colocando a mulher como ser perfeito, inatingível. __________________________________________________________ 2. Sobre os escritores realistas, sabemos que: a-( ) discordam das atitudes do clero, dos burgueses e da linha de pensamento românticos. b-( ) são deterministas e materialistas, isto é, defendem a idéia de que o homem é um ser determinando pelo ambiente em que vive, pela carga hereditária e pelo momento. c-( ) vêem a natureza como um lugar acolhedor e a morte como a libertação para seus males. d-( ) investigam a psicologia e o sentimento dos personagens, afirmando que apenas a razão consegue responder aos seus questionamentos.

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Você vai conhecer agora uma estética literária que assumiu o Realismo integralmente, só que foi além. Para os Naturalistas, a denúncia era muito mais importante que o estilo. E assim focalizaram em suas obras os aspectos mais chocantes do indivíduo: as taras, os desvios de comportamento, os problemas mais tristes e degradantes que vive o ser humano. Veja agora, um trecho de “O Cortiço” do escritor naturalista, Aluísio Azevedo.

Você estudou a vida e um pouco das obras de Machado de

Assis. Sabemos que este escritor é valioso demais para que seu conhecimento fique apenas nesta unidade de estudo.

Procure outras obras didáticas para ampliar seus conhecimentos,

certo?

NATURALISMO

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“A primeira que se pôs a lavar foi a Leandra, por alcunha a “Machona”, portuguesa feroz, berradora, pulsos cabeludos e grossos, anca de animal do campo. Tinha duas filhas, uma casada e separada do marido. Ana das Dores, a quem só chamavam a “das Dores”, e outra donzela ainda, a Nenen, e mais um filho, o Agostinho, menino levado dos diabos, que gritava tanto ou melhor que a mãe. A das Dores morava em sua casinha à parte, mas toda a família habitava o cortiço.”

Neste trecho, temos uma pequena amostragem do estilo do escritores naturalistas. O lado mais cruel da existência humana é a matéria prima da obra literária naturalista.

“Também cantou. E cada verso que vinha de sua boca de mulata era um arrulhar choroso de pomba no cio. E o Firmo bêbado de volúpia, enroscava-se todo ao violão, e o violão e ele se gemiam com o mesmo gosto, grunhindo, ganindo, miando, com todas as vozes de bichos sensuais num desespero de luxúria que penetrava até ao tutano com língua “finíssima de cobra.”

Você percebe que o escritor naturalista apresenta o homem reduzido ao nível animal, numa atitude anti-romântica que idealizava o homem, promovendo-o ao ser superior da Terra. Há pesquisadores que afirmam: “o escritor naturalista se expressa como um médico a quem cabe dissecar cadáveres.”

O AUTOR E A OBRA

Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo (1857 – 1913)

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Aluísio de Azevedo nasceu em São Luís, Maranhão. Estudou no Liceu Maranhense onde recebeu excelente formação. Tinha como vocação, a arte e a pintura. Com 19 anos, foi para o Rio de Janeiro e dedicou – se ao desenho e à pintura na Imperial Academia de Belas Artes. Contribuiu para jornais como: Semana Ilustrada, Zig Zag, O Mequetrefe, O Fígaro. Voltou para o Maranhão em 1878 após a morte de seu pai. Em sua cidade natal, passou a colaborar na imprensa local e ajudou a fundar o jornal anticlerical “O pensador”. Em 1881, Aluísio de Azevedo inaugura o Naturalismo com a obra “O Mulato”, na qual explora o preconceito de cor na sociedade maranhense. Consagrou – se, também, com as obras Casa de Pensão e O Cortiço. Nesta, o próprio cortiço é o personagem central. É ele que comanda a vida e o destino de todos que nele residem. Esta obra consegue ser um retrato urbano do Brasil pouco antes da Abolição e da Proclamação da República. A tragédia em seus romances não vem de caracteres morais (de dentro), vem do fatalismo das doutrinas deterministas (de fora).

Fique sabendo:

Aluísio de Azevedo é o grande nome do Naturalismo brasileiro.

O Cortiço

O cortiço é considerado o mais importante romance de Aluísio de Azevedo. Nele estão presentes as mais marcantes características do Naturalismo: condicionamento dos personagens ao meio físico; satisfação das necessidades instintivas dos personagens; enfoque na hereditariedade física e psicológica, determinantes do comportamento; uma visão predominantemente biológica do ser humano; personagem com um destino

Resumo da obraResumo da obraResumo da obraResumo da obra

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contra o qual não podem lutar, o romance funcionado como um documento da realidade social que leva o leitor a refletir, dentre outras. João Romão é um ganancioso comerciante de origem portuguesa, dono de pedreira e de um terreno de bom tamanho, no Rio de Janeiro onde constrói casinhas de baixo custo para alugar. Uma ex-escrava negra, chamada Bertoleza, não só vive com o português, como também o ajuda no armazém que ele mantém no lugar. Aos pouco, forma-se o cortiço que incomoda o vizinho Miranda, dono de uma loja próxima. Chefe de uma família composta pela esposa Estela e pela filha Zulmira, Miranda sempre reclama da situação sórdida do lugar. João Romão , por usa vez, também não aprecia o vizinho e com ele manterá rivalidade. O cortiço vai ganhando cada vez mais habitantes. Quando Jerônimo, um operário português trabalhador na pedreira, muda-se com a esposa Piedade para lá, a situação começa a sofrer alterações. Jerônimo se apaixona pela mulata Rita Baiana, comprometida com o capoeirista Firmo, morador de outro cortiço. Com a evolução dessa paixão, Firmo e Jerônimo acabam se enfrentando e o português leva uma navalhada do capoeirista. Entrementes, João Romão começa a se interessar por Zulmira, filha do comerciante Miranda – sonha casar-se com ela e mudar de condição social. Jerônimo, que acaba se juntando a Rita Baiana, arma uma cilada para Firmo e o assassina a pauladas.

Literatura História e Texto 2 – Samira Y.Campedelli

Atividade III

Assinale as alternativas corretas: 1.Em relação à obra “O cortiço” é correto afirmar: a-( ) analisa a influência que o meio exerce sobre os homens. b-( ) apresenta o personagem numa visão coletiva. c-( ) preocupa-se com a patologia (doença) humana. d-( ) valoriza a natureza e demonstra grande amor à Pátria. __________________________________________________________ 2. A melhor explicação para a estética naturalista é:

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a-( ) procura explicar cientificamente a conduta e o modo de ser dos personagens, influenciados por fatores externos, que condicionam a vida do homem. b-( ) que as forças naturais, com a interferência apenas de Deus, moviam o homem. __________________________________________________________ 3. “Ela saltou em meio da roda, com braços na cintura, rebolando as ilhargas e bamboleando a cabeça (...) numa sofreguidão (...) carnal, num requebrado luxurioso que a punha ofegante: já correndo de barriga empinada, já recuando de braços estendidos, a tremer toda, como se fosse afundando num prazer grosso que nem azeite em que se não toma pé e nunca se encontra o fundo.” O vocabulário do fragmento acima salienta os traços do : a-( ) Romantismo b-( ) Realismo c-( ) Naturalismo d-( ) Parnasianismo __________________________________________________________

REVISANDO A LITERATURA

Vamos, agora, recordar algumas coisas que você estudou nesta unidade. Então, pegue seu caderno e mãos a obra.

1) Observando os quadros da página 04 , compare os estilos literários: Romantismo e Realismo/Naturalismo?

2) Qual era a preocupação constante no Realismo?

3) Como era a linguagem? E qual o melhor representante do estilo Realista?

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4) Os Naturalistas tinham a denúncia mais importante do que o estilo.

Quais os aspectos mais chocantes do indivíduo em suas obras?

5) Como é apresentado o homem pelo escritor naturalista?

6) Qual é o grande nome do Naturalismo brasileiro? E qual sua obra mais famosa?

Depois de ter respondido a estas perguntas, vá até o gabarito e confira suas respostas.

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TEXTO PUBLICITÁRIO PUBLICIDADE

Segundo Aurélio Buarque de Holanda “publicidade é a arte de se fazer propaganda através de anúncios (ou cartazes), com fins políticos ou comerciais, exercendo uma ação psicológica sobre o público.” Assim como o público, as propagandas dos anunciantes sustentam economicamente os jornais, revistas, emissoras de rádio e TV, constituindo-se parte das informações veiculadas ao público. Por isso, diariamente, estamos em contato com esse tipo de mensagem, de informação, através dos meios de comunicação – são os textos publicitários. Com sua linguagem criativa, associada, muitas vezes, a belas imagens, o texto publicitário tenta convencer o leitor das qualidades do produto anunciado, ou seja, tenta despertar no leitor o desejo de obter, de possuir tal produto. Para ler, compreensiva e criticamente esse tipo de texto, o leitor deve: associar as palavras às imagens. Sem essa articulação, não haverá compreensão. Além disso, algumas noções sobre o modo de organização da linguagem e os recursos comumente usados nesses textos, são importantes para a sua compreensão.

Observe essas características a seguir:

Quanto à linguagem, o texto publicitário apresenta as seguintes características:

- verbos,geralmente, no imperativo, induzindo a comprar; - adjetivos, para enaltecer as qualidades do produto; - períodos curtos, para o consumidor gravar melhor e para

facilitar a compreensão.

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As mensagens do texto publicitário são direcionadas a um

determinado público consumidor. Geralmente, usam como recursos:

- o “slogan” (a síntese do que se quer transmitir imediatamente ao leitor, destacando as qualidades do produto);

- a ilustração (através de fotos, desenhos ou gráficos...), relacionadas ao texto da propaganda;

- as informações sobre o produto, sempre enaltecendo e enfatizando só as qualidades;

- frase “chamariz” para despertar no leitor a curiosidade em ler o texto.

Muitos textos usam também palavras ou expressões em línguas estrangeiras, principalmente em inglês, para mostrar ao leitor/consumidor que o produto é importado, ou similar aos produzidos em outros países e, por isso, é melhor.

Vamos resumir o que conversamos até agora.

Para fazer uma análise de uma propaganda publicitária, você deve:

⇒ identificar o produto anunciado; ⇒ observar a que público se destina; ⇒ analisar o “slogan”, procurando a relação entre ele, a

ilustração e o texto; ⇒ analisar os recursos visuais utilizados no anúncio,

procurando perceber que papel desempenham na transmissão da mensagem;

⇒ analisar a argumentação usada para convencer o receptor a adquirir o produto anunciado;

⇒ analisar a linguagem usada e o grau de criatividade de quem concebeu o anúncio.

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Para combinar a academia com a sorveteria, basta ser Criativa.

Roupas confortáveis, bonitas, atrevidinhas e muito práticas que

combinam entre si, combinam com

você e com qualquer ocasião.

Criativa e pronta pra acontecer.

TEXTO COMENTADO

Leia a mensagem escrita e observe a ilustração/imagem, associando-as. Analise-o, seguindo os comentários feitos.

1- Os verbos no imperativo foram circulados e os adjetivos foram sublinhados com um traço.

Vista

CriatCriatCriatCriativaivaivaiva Jeito de vestir e de viver

Você não

precisa de um

guarda-

roupa

para cada

ocasião.

Vista Criativa!

2

1

fiquesta

3

4

5

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Observe também, o uso de frases curtas. 2- Frase “chamariz” para atrair a atenção do leitor/consumidor. 3- Logotipo (marca) 4- “Slogan” 5- Ilustração (fotografia) Você deve ter percebido que todo o modo de construir o texto foi direcionado a um público alvo: à mulher. Observe: quem gosta de cuidar da forma? Observe também as qualidades e o nome (marca) do produto e associe-os à figura da jovem. O uso do pronome de tratamento você procura estabelecer uma intimidade com o leitor/consumidor, como se o produto tivesse sido feito, especialmente, para a pessoa que lê. Enfim, você observou que todos os elementos do texto são direcionados a um determinado público alvo e através do trabalho criativo com a linguagem verbal e não-verbal (palavras e imagens) procura-se, então, vender o produto que anuncia.

���

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Proposta 1

1) Produza um texto publicitário para a roupa que a garota está usando que seja criativo e que tenha vocabulário atual. Observe que o público-alvo é a jovem moderna da classe média. 2) Invente a marca da roupa; 3) Crie um “slogan” para ela.

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Caro (a) aluno (a), nossa sociedade está sujeita a regras a que devemos

obedecer. O mesmo acontece com a linguagem: ela tem normas, princípios que precisam ser obedecidos. Antes de qualquer coisa, é conveniente lembrar que nem todas as pessoas falam da mesma forma. O uso que cada falante faz da língua varia de acordo com sua idade, sua instrução, a região em que vive e a situação em que a fala ocorre. As diferenças podem estar no vocabulário, na maneira de pronunciar as palavras ou no tom de voz. Em casa ou com os amigos, nós empregamos uma linguagem mais informal do que nas provas da escola, Poe exemplo. Ao conversar com nossos avós, não convém utilizar algumas gírias, pois eles poderiam ter dificuldades em nos compreender. É fácil verificar que não falamos do mesmo jeito com todas as pessoas. Se estivermos em uma reunião de trabalho, em uma situação ou em um contexto formal, nossa linguagem já não será a mesma. Nestes casos, procuramos usar uma linguagem mais cuidada, escolhendo as palavras. Tudo é questão de combinar a situação e a linguagem. Numa dissertação solicitada num vestibular ou num concurso público já precisamos empregar um vocabulário mais formal. Esses fatos nos levam a concluir que existem níveis de linguagem: o coloquial (informal) e o culto (formal).

LINGUAGEM COLOQUIAL OU INFORMAL:

É aquela empregada no cotidiano. Geralmente é informal, incorpora gírias e expressões populares e não obedece, necessariamente, às regras da gramática normativa.

LINGUAGEM CULTA OU FORMAL: Trata-se de uma linguagem mais formal, que segue os princípios da gramática normativa. É empregada na escola, no trabalho, nos jornais e nos livros em geral. Dominar uma língua, portanto, não significa apenas conhecer normas gramaticais, mas sobretudo empregar adequadamente essa língua em várias situações do dia-a-dia: na escola, com os amigos, num exame de seleção e no trabalho. Então, pensando nisso, é que nesta unidade esclareceremos algumas dúvidas relacionadas a linguagem culta ou coloquial.

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Veremos a seguir, alguns casos mais comuns da língua popular:

1) Repetir de ano (errado) Repetir o ano (correto)

O aluno brasileiro relapso, displicente, repete o ano, o que é estudioso, responsável, passa o ano.

2) Se é para engolir, esteja certo: os duzentos gramas são bem mais digestivas que as duzentas gramas. O grama : quando se refere à medida de peso; A grama : quando se refere a capim. Ex. A grama do jardim.

3) Nunca namorei com essa moça. (errado) Nunca namorei essa moça. (correto)

Namorar essa moça é bem melhor, pois, no Brasil, principal é namoramos alguém (e não com alguém.)

4) Ser de menor, ser de maior (errado)

Ser menor, ser maior (correto) Ninguém é de menor nem de maior. O importante é falar como a gente grande: sou menor, ou então, como gente que entende sou maior.

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5) Luvas se vestem ou se calçam? (ambas corretas) Luvas, meias, sapatos, botas, chinelas e sandálias se vestem ou se calçam, indiferentemente, porque calçar significa revestir pés, pernas ou mãos com o vestiário que lhe é próprio.

6) Fazem dez anos que casei. (errado)

Faz dez anos que casei. (correto)

As pessoas realmente felizes dizem e escrevem: “Faz dez anos

que casei” O verbo fazer, em orações indicativas de tempo, fica no

singular: faz vinte anos, fez cem anos, etc.

7) Menas roupa (errado) Menos roupa (correto)

No causticante calor ou no mais rigoroso frio, procure usar

sempre menos roupa, caro leitor. Acredite: é mais saudável ! Resumindo: menas é palavra que não existe em nossa língua. Use apenas menos.

8) Não guspa no chão! (errado)

Não cuspa no chão! (correto)

Se cuspir já não é recomendável, que se dirá, então, de guspir!

Não cuspa no chão caro leitor!

9) Comprar dois pão. (errado) Comprar dois pães. (correto)

Não engula essa, caro leitor! Embora caros convém comprar dois

pães ou até mais. Eis os plurais em – ães: alemães, cães, capelães, capitães,

escrivães pães, tabeliães, etc.

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Depois que vimos alguns casos em que usamos, releia-os com atenção, pois depois na avaliação nós veremos novamente.

Agora, recordaremos alguma coisa sobre verbos.

Vamos lá!!

Verbo é a palavra que indica uma ação;

Ex.: Ninguém leu o livro.

Indica estado; Ex.: A menina está feliz.

Indica um fenômeno da natureza.

Ex.: Choveu ontem em Salvador Há também os modos verbais: a- indicativo: a atitude é de certeza diante do fato. Ex.: todos leram o livro. b- subjuntivo: a atitude do falante expressa uma possibilidade, uma hipótese. Ex.: Talvez todos leiam o livro. c-imperativo: o fato é enunciado como uma ordem, um pedido, um conselho, um convite... Ex.: Leiam o livro.

VERBOVERBOVERBOVERBO

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Compare: Você disse a verdade. Diga a verdade. � � modo indicativo modo imperativo

Agora, responda em seu caderno: � 1) Nas frases seguintes os verbos estão no modo indicativo. Reescreva-as, colocando os verbos no modo imperativo e fazendo as adaptações necessárias:

a. Você escreveu a carta. b. Ele ajudou os mais inexperientes.

c. Ela voltará logo.

d. Eles escreveram o resumo.

________________________________________________________

2) O modo imperativo denota conselho, ordem, pedido, súplica, convite. Identifique, entre essas, a intenção de cada falante:

a. Pare com isso! b. – Olha, Marília, a flauta dos pastores... c. Senhor, não nos deixeis cair em tentação. d. Não cuspa no prato em que você comeu.

ATIVIDADE IV

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TEMPOS VERBAIS Presente (expressa um fato que acontece no momento): Cai uma forte chuva. Pretérito (passado : expressa um fato já ocorrido) : Caiu uma forte chuva. Futuro (expressa um fato que ainda não ocorreu): Cairá uma forte chuva.

ATIVIDADE V

Exercícios, responda em caderno.

1- Indique se os verbos destacados nas orações abaixo exprimem estado, fenômeno ou mudança de estado.

a. Quando se retiravam, riu-se ele pelo caminho à vontade. b. Relampejava quando os dois saíram. c. Luisinha tornara-se uma bela moça. d. Leonardo viu que esta observação era verdadeira.

2- Passe as frases abaixo para os tempos verbais indicados nos parênteses:

a- João gosta de futebol.(presente) (pretérito)____________________________________________ (futuro). ____________________________________________ b- Eu e meus amigos iremos ao shopping.(futuro) (presente)___________________________________________ (pretérito) ___________________________________________ c- Maria comprou um carro.(pretérito) (presente)___________________________________________ (futuro) ____________________________________________

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PARNASIANISMO

Neste módulo você irá conhecer mais um estilo literário, o

Parnasianismo. Todas as pessoas, se não viveram momentos de grande paixão, de

devotamento ao ser amado, ainda vão viver. Devido a essa dedicação ao outro, enviam cartas, mensagens, letras de

músicas, poesias, telefonam para expressar seus sentimentos... Conheça agora, o poema de Olavo Bilac, no qual exalta a língua

portuguesa.

Língua Portuguesa Olavo Bilac Última flor do Lácio, inculta e bela, És, a um tempo, esplendor e sepultura: Ouro nativo, que na ganga impura A bruta mina entre os cascalhos vela... Amo-te assim, desconhecida e obscura, Tuba de alto clangor, lira singela, Que tens o trom e o silvo da procela! E o arrolo da saudade e da ternura! Amo o teu viço agreste e o teu aroma De virgens selvas e de oceano largo! Amo-te, ó rude e doloroso idioma, Em que da voz materna ouvi: “Meu filho!” E em que Camões chorou, no exílio amargo, O gênio sem ventura e o amor sem brilho!

CURIOSIDADES... Flor do Lácio. Por quê? A língua portuguesa originou-se do latim, falada pelos romanos da antiga região do Lácio, na Itália.

Mais tarde, os romanos conquistaram a

Saiba mais.... Ganga – resíduo de jazida, em geral é inaproveitável Tuba – trombeta de metal Clangor- som estridente Trom – som de canhão Silvo- som agudo Procela- tempestade marítima

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Na primeira estrofe, Bilac afirma que a língua portuguesa é preciosa

(ouro), mas, contém resíduo (ganga impura), ou seja, elementos lingüísticos de que deve libertar-se para surgir brilhante.

Em “A bruta mina entre os cascalhos vela” vemos que a língua é um metal precioso que se esconde em uma jazida inexplorada.

Nas três últimas estrofes, Bilac faz uma declaração de amor à língua portuguesa.

A ÉPOCA

Contemporâneo ao Realismo no Brasil, o Parnasianismo ganhou força e

expansão em 1881. Alguns poetas de talento se empenharam muito para que esta nova estética tivesse êxito.

Dentre eles estão: Alberto de Oliveira (Meridionais, 1884) Raimundo Correia (Versos e Versões, 1887) Olavo Bilac (Poesias, 1888) “Estes fiéis seguidores da arte pela arte (de Théophule Gautier) dariam

a feição mais característica poesia anti-romântica”. A partir de 1878 os poetas românticos passaram a criticar, através de

jornais, os simpatizantes do Realismo e Parnasianismo.

Essa polêmica ficou conhecida como Batalha

do Parnaso e foi a mola propulsora que deu mais impulso aos poetas parnasianos.

A primeira obra considerada parnasiana e Fanfarras, livro escrito em 1882 por Teófilo Dias.

Mas o papel de implantação real do

Parnasianismo coube a Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac.

Como vimos, o Parnasianismo ditava normas, que eram seguidas pelos

simpatizantes. Diferentes dos românticos que tiveram em mente o amor idealizado, espiritual, o Parnasianismo apresentava um amor mais sensual.

Fique por dentro. O vocábulo Parnaso está relacionado a uma figura mitológica que dá nome a uma montanha na Grécia, aonde os poetas iam a busca de inspiração.

Dize -lhe que o seu nome ensangüentava a boca. Que o seu beijo não quis; Golfa-me em sangue, vês? E eu murmurando-a louca;

Sinto-me tão feliz! (Vicente de Carvalho)

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Também a poesia parnasiana era descritiva. Observe como o poeta Alberto de Oliveira descreve o vaso.

Assim como o Realismo, o Parnasianismo fazia a análise crítica do

presente, em seus versos.

Cá baixo o que há? Tradições e iniqüidades As tramas que urdes, e os punhos que aceras; As feras nos sertões, e nas cidades Tu, homem, tu inda pior que as feras.

Raimundo Correia Em todas as poesias escritas nesse período, percebe-se uma

grande preocupação com a forma, um verdadeiro culto à forma. Veja como Olavo Bilac escreveu sobre essa difícil tarefa de ser

poeta.

Profissão de fé (Fragmentos)

(...) Invejo o ourives quando escrevo:

Imito o amor Com que ele, em ouro, o alto-relevo

Faz de uma flor.

Vaso chinês Estranho mimo, aquele vaso! Vi-o Casualmente,uma vez, de um

perfumado Contador sobre o mármore luzidio, Entre um leque e o começo bordado.

Fino artista chinês, enamorado, Nele pusera o coração doentio

Em rubras flores de um sutil lavrado, Na tinta ardente, de um calor

sombrio.(...)

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Imito-o. E, pois, nem de Carrara A pedra firo:

O alvo cristal, a pedra rara O ônix prefiro.

Por isso, corre, por servi-me.

Sobre o papel A pena, como em prata firme

Corre o cinzel. Torce, aprimora, alteia, lima

A frase; e, enfim, No verso o ouro engasta a rima

Como um rubim

Quero que a estrofe cristalina, Dobrada ao jeito

Do ourives, saia da oficina Sem um defeito.

Por que o escrever- tanta perícia,

Tanta requer, Que oficio tal...nem notícia

De outro qualquer,

Assim procedo. Minha pena Segue esta norma,

Por te servir, Deusa serena, Serena Forma!

Há nessa poesia: perfeição nos versos, apuro nas rimas, linguagem apurada, um verdadeiro culto à forma.

Esta é a “arte pela arte” buscada, constantemente, pelos poetas parnasianos: “a arte existe apenas e tão somente para criar a beleza”.

Vamos conhecer um pouquinho da vida de um dos poetas que assumiu

brilhantemente a estética parnasiana: Olavo Bilac.

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Autor e obra

Olavo Brás Martins dos Guimarães Bilac

nasceu no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865.

Ingressou nos cursos de Medicina e Direito, porém não chegou a concluir nenhum deles.

Dedicou-se ao jornalismo e à literatura. Foi um dos fundadores da Academia

Brasileira de Letras, ao lado de Machado de Assis. Em 1913 recebeu o título de “Príncipe dos poetas”.

Estudo do texto

A um poeta

Longe do estéril turbilhão da rua,

Beneditino, escreve! No aconchego Do claustro, na paciência e no sossego,

Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua! Mas que na forma se disfarce o emprego Do esforço; e a trama viva se construa De tal modo, que a imagem fique nua. Rica mas sóbria, como um templo grego. Não se mostre na fábrica o suplício Do mestre. E, natural o efeito agrade, Sem lembrar os andaimes do edifício: Porque a Beleza, gêmea da Verdade, Arte pura, inimiga do artifício, È a força e a graça na simplicidade.

BILAC, Olavo.

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ATIVIDADE I

Pela simples leitura do poema, você pôde perceber a preocupação formal do poeta. Responda em seu caderno: 1. De quantas estrofes se compõem o poema? ____________________________________________________ 2. Você observou que o poema é composto de duas estrofes de

quatro versos e duas estrofes de três versos. Essa composição poética, como você sabe, é chamada de soneto. O soneto, desde o título até o fecho, tem as características da estética parnasiana. Aponte duas delas:

____________________________________________________ 3. O que é necessário, segundo o poeta, para que o efeito final do

poema agrade? ____________________________________________________ 4. O poema nos mostra o sofrimento do poeta para concretizar sua

arte.

E você, também enfrenta dificuldades para realizar o seu trabalho para que o mesmo fique perfeito? Faça um comentário: ____________________________________________________

5. Vamos ler o poema “Plena Nudez” e assinalar as características do Parnasianismo encontradas nele.

Plena Nudez

Eu amo os gregos tipos de escultura: Pagãs nuas no mármore entalhadas;

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Não essas produções que estufa escura Das modas cria, tortas e enfezadas. Quero em pleno esplendor, viço e frescura Os corpos nus; as linhas onduladas Livres: da carne exuberante e pura Todas as saliências destacadas. Não quero a Vênus opulenta e bela De luxuriantes formas, entrevê-la Da transparente túnica através: Quero vê-la, sem pejo, sem receio, Os braços nus. O dorso nu, os seios Nus... Toda nua, da cabeça aos pés!

Raimundo Correia. Assinale as características parnasianas presentes no poema: a-( ) rimas ricas (quanto a classe gramatical) b-( ) rimas perfeitas (quanto ao som) c-( ) presença de descrições d-( ) análise crítica da sociedade. e-( ) visão mais sensual do amor.

6. Leia o soneto do grande poeta modernista Vinícius de Moraes, “ Soneto de Separação” e também o soneto “ Nel Mezzo Del Cammin” ( no meio do caminho) do poeta parnasiano Olavo Bilac. Encontre semelhanças na forma e no conteúdo nos poemas desses dois poetas que viveram em épocas tão diferentes.

Soneto de Separação Vinicius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma

E das bocas unidas fez-se espuma

E das mãos espalmadas fez-se o espanto.

De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.

De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente.

Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante De repente, não mais que de repente.

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Depois de conhecer o Parnasianismo, você irá conhecer outra

importante escola literária: o Simbolismo.

SIMBOLISMO

O Simbolismo brasileiro inicia-se em 1893, com a publicação de dois livros: Missal (coletânea de poemas em prosa) e Broquéis (poemas), de Cruz e Sousa.

Nel Mezzo Del Cammim Olavo Bilac

Cheguei. Chegaste. Vinhas fatigada E triste, e triste e fatigado eu vinha. Tinhas a alma de sonhos povoada, E a alma de sonhos povoada eu tinha E paramos de súbito na estrada Da vida: longos anos, presa à minha A tua mão, a vista deslumbrada Tive da luz que teu olhar continha. Hoje, segues de novo... Na partida Nem o pranto teus olhos umedece, Nem te comove a dor da despedida.

E eu, solitário, volto a face, e tremo, Vendo o teu vulto que desaparece Na extrema curva do caminho extremo.

a) Semelhanças quanto à forma:

b) Semelhanças quanto ao conteúdo:

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Nesta época, a literatura procura a valorização do mundo interior, sede de valores espirituais e afetivos. A atitude do poeta, agora subjetiva, assemelha-se à dos românticos, mas pretende ser mais radical: enquanto os românticos estacionavam no nível da emoção, os simbolistas levam a efeito um mergulho mais profundo, principalmente no que diz respeito ao misticismo (disposição para crer no sobrenatural). Propõem uma arte baseada na expressão de estados subjetivos, misteriosos, ilógicos, ou seja, aquilo que só admite expressão simbólica, pois não pode ser codificado pela razão.

Ao ler um poema simbolista, devemos nos deixar levar pelas sugestões que provoca.

A fusão de poesia e prosa é característica do Modernismo antecipada pelos simbolistas. O pequeno grupo de simbolistas agregou-se em torno de Cruz de Souza, nosso mais importante autor desse estilo. A morte do poeta, em 1898, provocou a dissolução do grupo.

Se na literatura européia o Simbolismo teve grande aceitação, o mesmo não ocorreu no Brasil, pois esse estilo mal se fez notar pelo público, acostumado a ler poesia parnasiana.

Hoje a pessoa simbolista é considerada fundamental para o surgimento do Modernismo no Brasil.

AUTOR E OBRA

Cruz e Sousa, João da (1861-1898), poeta simbolista brasileiro.

Nasceu na condição de escravo em Florianópolis, Santa Catarina. Alforriado e adotado pelo casal a quem pertencia, recebeu o sobrenome Sousa, com o qual ficou conhecido. Cruz e Sousa concluiu seus estudos ainda sob a proteção de seu antigo senhor. Em 1882, tornou-se diretor da Tribuna popular, jornal de caráter abolicionista. Em 1883, em virtude da discriminação racial, abandonou Santa Catarina. Após longa peregrinação pelo país como integrante de uma companhia teatral, transferiu-se para o Rio de

Janeiro, onde passou a colaborar em diversos jornais. Apesar das características parnasianas, a poesia de Cruz e Sousa

está marcada pelo simbolismo francês e pela obra do escritor português

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Antero de Quental. Entre seus livros destacam-se Missal (prosa, 1893) e Broquéis (poesia, 1893). Evocações (1898), Faróis (1900) e Últimos sonetos (1905) foram publicados postumamente, graças ao esforço do amigo Nestor Victor. Cruz e Sousa morreu tuberculoso em Sítio, Minas Gerais.

“ Violões que choram” é um dos mais conhecidos poemas de Cruz e

Sousa. Desse poema, transcrevemos o trecho em que, empregando inúmeras figuras de estilo, o poeta procura descrever o som dos violões.

Violões que choram

Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento...

Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento.

Noites de além, remotas, que eu recordo.

Noites da solidão, noites remotas Que nos azuis da fantasia bordo,

Vou constelando de visões ignotas. Vozes veladas, veludosas vozes,

Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes

Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

Cruz e Souza

Vocabulário: Plangente: que chora, triste, lastimoso. Dormente: entorpecido. Ignoto: desconhecido. Velado: coberto com véu; disfarçado. Volúpia: grande prazer. Vórtice: redemoinho. Vulcanizado: ardente, inflamado.

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Outro conhecido autor do Simbolismo é Alphonsus de Guimaraens. Conheça este autor:

Alphonsus de Guimaraens (1870-1921), poeta brasileiro, nascido em

Ouro Preto, Minas Gerais, com o nome de Afonso Henriques da Costa

Guimaraens. Representante do simbolismo na literatura brasileira estreou

em 1899 com dois volumes de versos, Setenário das dores de Nossa

Senhora e Câmara ardente. No ano seguinte, passou a colaborar em A

Gazeta, de São Paulo. A publicação de Kyriale, em 1902, consagrou-o nos

meios literários, mas não evitou que, no ano seguinte, tivesse graves

dificuldades financeiras porque seu cargo de juiz-substituto em Conceição

do Serro foi suprimido. Tornou-se, então, diretor do jornal político

Conceição do Serro, onde colaborariam Cruz e Sousa, José Severiano de

Resende e Archangelus de Guimaraens, seu irmão. Em 1906, obteve o

cargo de juiz municipal de Mariana, Minas Gerais, onde permaneceu até a

morte. Foi, essencialmente, um poeta místico. Publicou também um

volume em prosa, Mendigos (1920). Após sua morte, foram editadas mais

duas obras: Pauvre lyre (1921) e Pastoral aos crentes do amor e da morte

(1923).

Vamos ler um dos mais conhecidos poemas de Alphonsus de

Guimaraens.

Ismália

Quando Ismália enlouqueceu, Pôs-se na torre a sonhar...

Viu uma lua no céu, Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,

Banhou-se toda em luar... Queria subir ao céu,

Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,

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Na torre pôs-se a cantar... Estava perto do céu,

Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu As asas para voar... Queria a lua do céu,

Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu Ruflaram de par em par... Sua alma subiu ao céu,

Seu corpo desceu ao mar...

Alphonsus de Guimaraens

Vocabulário:

Desvario: loucura. Ruflar: bater de asas.

De acordo com o texto Ismália, responda em seu caderno, as perguntas abaixo:

1. Qual o tema do texto? 2. Releia os dois últimos versos do poema e interprete-os

considerando a concepção cristã do mundo. ________________________________________________________

ATIVIDADE II

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1) Em seu poema “Língua Portuguesa” , Olavo Bilac menciona o termo “Flor do Lácio”, por quê?

2) Qual a primeira obra parnasiana?

3) Os parnasianos são diferentes dos românticos. Em que consiste

esta diferença?

4) Qual era a grande preocupação dos parnasianos em suas poesias?

5) Em que ano surgiu o Simbolismo?

6) No que foi baseado o Simbolismo?

7) O Simbolismo foi bem aceito no Brasil?

REVISANDO A LITERATURA

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No módulo anterior, você já conheceu um pouco do texto publicitário. Enfim, você observou que todos os elementos do texto são direcionados a um determinado público-alvo e através do trabalho criativo com a linguagem verbal e não-verbal (palavras e imagens) procura-se, então, vender o produto que anuncia. Observe a propaganda abaixo e responda as perguntas que vem a seguir.

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Responda as perguntas em seu caderno, relacionadas com a propaganda anterior.

1) Qual é o produto anunciado?

2) Para que tipo de público é destinado esse texto?

3) Copie a frase “chamariz” usada pelo autor do texto para atrair o leitor.

4) Que tipo de ilustração aparece no texto?

5) Qual o “slogan” desse anúncio?

6) Para que tipo de pele serve o produto anunciado?

7) Copie do texto:

a) os adjetivos que o autor usou para “mostrar” como ficará sua pele, usando BANANA BOAT:

8) Cite duas vantagens que o BANANA BOAT oferece.

9) Você acha que a mensagem da propaganda atingirá o público-alvo? Justifique.

10) Se você fosse para a praia ou piscina, você compraria BANANA BOAT? Justifique.

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No módulo anterior, você viu alguns casos sobre a linguagem culta e coloquial. Neste módulo continuaremos a ver mais casos de dúvidas comuns à gramática.

MAL ou MAU – Será que são termos sinônimos? De jeito nenhum. A palavra mal é um advérbio e tem como termo oposto a palavra bem, ou seja, pode ser substituído bem e a oração continuará com sentido. Ex.: Ele está enxergando mal. (bem) Já a palavra mau é um adjetivo e tem como termo oposto a palavra bom, podendo ser substituído por esta, conservando a coerência da oração. Ex.: João é um mau aluno. (bom)

Uso da palavra “ PORQUÊ ” 1. Por que separado e sem acento quando: a) inicia uma pergunta direta Ex.: Por que você foi embora? ( = por que razão) b) para uma pergunta indireta Ex.: Não sei por que você foi embora. ( = por que razão) 2. separado e com acento quando aparece no final de uma pergunta. Ex.: Você foi embora por quê ? 3. junto e sem acento quando for uma explicação, uma resposta ou justificativa. Ex.: Ele foi embora porque estava doente. 4. junto e com acento quando significa o motivo e vem depois do artigo o. Ex.: Eis o porquê da sua atitude.

Por quê

Porque

Porquê

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Ingressos GRÁTIS ou GRATUITO? O correto é gratuitos. Por quê? Porque grátis é um advérbio e como já estudamos a parte teórica, o advérbio serve para modificar um adjetivo, um verbo ou mesmo um advérbio. Desta forma, usaremos grátis quando estiver acompanhando uma destas três classes de palavras. Como regra prática, podemos dizer que usaremos grátis sempre que for possível substituição por de graça, gratuitamente. Ex.: Compre um salgado e tome grátis um refrigerante.(= tome gratuitamente) Pedágio gratuito. Viagem gratuita. Observe que não podemos fazer a Lavagem gratuita. substituição por gratuitamente.

Ao INVÉS DE ou EM VEZ DE? Ao invés de significa "ao contrário de" diferente de "em vez de", que não exprime necessariamente alternativa inversa. Ex.: Ao invés de subir, desceu. Em vez de subir, ficou onde estava. Basta lembrar que "invés" resulta da palavra "inverso".

A FIM ou AFIM ?

A locução "a fim" expressa objetivo, finalidade ("a fim de [algo]; a fim de que [ação]"). "Afim" - adjetivo, exprime analogia, correspondência, afinidade, parentesco (ex.: "idéias afins"). “Afim” - substantivo significa "parente afim".

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Uso de MAIS, MAS e MÁS Mais é o contrário de menos. Ex.: Eu quero mais açúcar no café. Mas é o mesmo que porém. Ex.: Ela saiu , mas logo voltará. Más é o mesmo que ruins. Ex.: Como elas são más !

ESCREVA SEMPRE SEPARADO: De repente ( Ele chegou de repente). Por isso ( E foi por isso que voltei). O que ( Não sei o que falarei a ela).

Uso de A GENTE E AGENTE

A gente : é usado na linguagem popular e substitui o pronome nós. Ex.: Hoje a gente fará duas provas. Agente : significa membro da polícia ou de outra corporação. Ex.: Aquele agente penitenciário foi promovido.

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CRASE

Considere o emprego do a nestas duas partes de uma frase: Nas férias iremos a + a praia.

Reunindo esses dois segmentos, teremos a preposição a e, a seguir, o artigo a. Essas duas palavras se juntam, constituindo o que chamamos de crase. Na escrita, para indicar que ocorre crase, empregamos o acento grave: `. Então veja: Nas férias iremos a + a praia. Nas férias iremos à praia. Compare o exemplo anterior com estes outros casos: Os jardineiros limparam ( ) + a praça.

Os jardineiros limparam a praça. ( Não ocorreu crase porque faltou o a preposição)

Preposição exigida pelo verbo ir (ir a algum lugar)

Artigo que acompanha o substantivo praia

O verbo limpar não exige preposição.

Artigo que acompanha o substantivo praça.

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O pequeno barco voltou a + ( ) Manaus. O pequeno barco voltou a Manaus. ( Não ocorreu crase porque faltou o a artigo)

Para ocorrer crase, são necessárias, portanto, duas condições:

1) A palavra depois do a tem que ser feminina e ter artigo. 2) A palavra anterior ao a tem que exigir a preposição a.

Existe um método prático para verificar se ocorre, ou

não, crase diante de uma palavra feminina. Veja como usá-lo:

• Troque a palavra feminina por uma masculina do mesmo tipo. Se

antes da palavra masculina aparece ao - use crase. Exemplo: O explorador voltou a caverna. O explorador voltou ao acampamento. Como apareceu ao antes da palavra masculina, devemos usar crase

antes da feminina. Então a frase fica assim: O explorador voltou à caverna.

Preposição exigida por voltar. ( voltar a algum lugar)

O substantivo Manaus não

apresenta artigo.

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• Se antes da palavra masculina aparece apenas o – não use

crase. Exemplo: O explorador conhecia a caverna. O explorador conhecia o lugar. Como antes da masculina apareceu apenas o, não é necessário usar o sinal de crase. Então a frase fica assim: O explorador conhecia a caverna.

CASOS DE CRASE OBRIGATÓRIA Existem certas locuções em que o acento indicativo de crase é obrigatório. Veja os dois casos mais comuns. • Locuções adverbiais que indicam tempo e modo Exemplos: A festa de final de ano será realizada à noite. ( locução que indica tempo) A chuva começou às seis horas. (locução que indica tempo) Os ditadores impõem à força suas mais absurdas vontades. (locução que indica modo) • Locuções formadas por a + palavra feminina + de Exemplos: A humanidade está à procura de um mundo melhor. Os alunos estão à espera do final das aulas. A loja fica à direita da ponte.

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CASOS EM QUE NÃO OCORRE CRASE 1) Antes de palavras masculinas. Ex.: Esse motor é motivo a óleo diesel. 2) Antes de verbos. Ex.: Ela começou a observar melhor a natureza. 3) Antes de nomes de cidades. Ex.: Ele chegou a Votorantim. 4) Entre palavras repetidas. Ex.: Os candidatos ficaram frente a frente. 5) No a seguido de palavra no plural. Ex.: A ganância leva as pessoas a situações constrangedoras.

ATIVIDADE III

1) Complete as frases com MAL ou MAU : a) Ele era um __________ aluno. b) Ana enxerga ___________ . c) Estou hoje de __________ humor. d) A garota está passando ____________. 2) Complete com POR QUE / PORQUE / POR QUÊ / PORQUÊ: a) Venha ___________ precisamos de você aqui. b) Não sei o ____________ de tanta discussão. c) Nunca mais voltou aqui ______________ ? d) ___________ você não foi viajar ?

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3) Assinale a alternativa correta: a) “Ingressos grátis para o show” – retire-os aqui. b) Compre uma pizza e tome grátis um refrigerante. c) Eu quero mas açúcar no suco. d) A diretora saiu, mais voltará logo. 4) Assinale a alternativa incorreta: a) Hoje a gente faremos uma prova. b) De repente ele chegou na escola. c) O agente penitenciário foi promovido. d) E foi por isso que ela voltou aqui. 5) Assinale a alternativa correta: a) O aluno voltou a escola. b) A reunião será as oito horas. c) Gostam de andar à pé. d) A faxineira limpou a sala. 6) Assinale a alternativa incorreta: a) O circo chegou à cidade. b) Minha casa fica à esquerda da padaria. c) O nosso dia à dia é bastante agitado. d) Às vezes, penso em você. 7) Complete as lacunas com A ou à : a) Ele nunca apoiou _____ mãe. b) Luíza sempre telefona _____ irmã. c) Moro em uma rua paralela _____ rodovia. d) O menino deixou _____ cachorra amarrada _____ grade. e) O show será _____ noite. f) Ofereceu _____ todos um saboroso almoço. g) O autor nos convidou ____ dar maior valor _____ vida. h) Ficaram frente _____ frente com o juiz. ♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

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GABARITO MÓDULO 07

Atividade I

1) a 2) a 3) a 4) b

Atividade II

1) A e B 2) A e D

Atividade III

1) a 2) a 3) c

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REVISANDO A LITERATURA

1) Romantismo: imagina e idealiza o homem, fantasia. Realismo/Naturalismo: analisa os fatos, observa e estuda o homem, preocupação com a verdade.

2) Com a observação da realidade concreta do país, sem a idealização dos românticos.

3) Simples, direta, com pouco uso do sentido conotativo. O melhor

representante do Realismo é Machado de Assis.

4) As taras, os desvios de comportamento, os problemas mais tristes e degradantes que vive o ser humano.

5) O homem reduzido ao nível animal.

6) Aluisio Azevedo e sua obra mais famosa, “ O Cortiço “.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO Proposta 1 – respostas livres.

ESTUDANDO A NORMA PADRÃO Atividade IV

1) a. Escreva a carta. b. Ajude os mais inexperientes. c.Volte logo. d. Escrevam o resumo.

2) a. ordem

b. pedido c. pedido d. ordem

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Atividade V

1) a. ação b. fenômeno c. mudança de estado d. mudança de estado

2) a. João gostou... João gostará... b. Eu e meus amigos vamos... Eu e meus amigos fomos... c. Maria compra... Maria comprará...

GABARITO MÓDULO - 08

Atividade I 1) quatro estrofes. 2) Perfeição nos versos e apuro nas rimas.

3) A força e a graça na simplicidade.

4) Resposta . pessoal.

5) B, C e E.

6) A) são dois sonetos, ricos em rimas e a preocupação com a forma.

a) fala da partida e da ausência do(a) companheiro(a).

Atividade II

1) A loucura. 2) A alma sobrevive no espaço idealizado pela religião ( o céu ) e matéria

permanece no plano terreno.

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REVISANDO A LITERATURA

1) A língua portuguesa originou do latim, falada pelos romanos da antiga

região do Lácio.

2) “ Fanfarras “, escrito em 1882 por Teófilo Dias.

3) Os românticos tiveram em mente o amor idealizado, espiritual e o os parnasianos apresentam um amor mais sensual.

4) A grande preocupação com a forma, um verdadeiro culto à forma.

5) Em 1893, com a publicação de dois livros: Missal e Broquéis, de Cruz e

Sousa.

6) Era uma arte baseada na expressão de estudo subjetivo, misteriosos, ilógicos, ou seja, aquilo que só admite expressão simbólica, pois não pode ser codificado pela razão.

7) Não, pois esse estilo mal se fez notar pelo público, acostumado a ler poesia

parnasiana.

LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO

1) O protetor solar Banana Boat.

2) Para pessoas que gostam de ir a praia ou piscina,

3) Nas melhores praias do Brasil e do mundo, onde tem gente bonita , tem Banana Boat.

4) Uma pessoa de biquíni.

5) “ Aproveite a vida, saia da sombra “.

6) Para pele sensível ao sol.

7) A) suave e macia.

8) Aproveitar a melhor estação do ano sem esquentar a cabeça, longe da sombra.

9) Pessoal.

10) Pessoal.

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ATIVIDADE III

1) a) mau

b) mal

c) mau

d) mal

2) a) porque

b) porquê

c) por quê

d) por que

3) b

4) a

5) d

6) c

7) a) a

b) à

c) à

d) a - à

e) à

f) a

g) a - à

h) a

ESTUDANDO A NORMA PADRÃO

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BIBLIOGRAFIA

� Proposta Curricular para o Ensino de Português - Ensino Médio - Secretaria de Estado da Educação - Coordenadoria de Estudos e Normas Pedagógicas - São Paulo - 2. Ed. - 1992.

� Parâmetros Curriculares Nacionais - Português e Apresentação dos Temas Transversais - Ministério da Educação e do Desporto - Secretaria da Educação - Brasília - 1997.

ABDALA JÚNIOR, Benjamim; CAPEDELLI, Samira Youssef. Tempos da literatura brasileira. São Paulo, Ática, 1985. ALMANAQUE ABRIL. CD ROM, 8. ed. 2000. Apostila de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Educação de Jovens e Adultos. Maringá, CEEBJA, 2001. CINTRA, Lindley; CUNHA, Celso Ferreira da. Nova Gramática do português contemporâneo. 3. ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1985. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro. JORNAIS: Folha de São Paulo, Estado de São Paulo, Cruzeiro do Sul. KURY, Adriano da Gama. Lições de análise sintática. 3. ed. Rio de Janeiro, Fundo de Cultura, 1984. LEITE, Lígia Moraes. O foco narrativo. 4. ed. São Paulo. Ática, 1989. MACEDO, José Armando. A redação do vestibular. São Paulo, Moderna, 1977. MAIA, João Domingues. Língua, literatura e redação. 2. ed. São

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Paulo, Ática, 2002. NICOLA, José de; INFANTE, Ulisses. Gramática contemporânea da língua portuguesa. 11. ed. São Paulo, Scipione, 1993. ROCCO, Maria Thereza Fraga. A redação no vestibular. São Paulo, Mestre Jou, 1981. SOARES, Magda; CAMPOS, Edson Nascimento. Técnica de redação. Rio de Janeiro, ao Livro Técnico, 1979. TELECURSO 2000, Língua Portuguesa, Ensino Médio. 2 ed. São Paulo, Editora Globo. TERRA, Ermani. Curso Prático de Gramática. 2. Ed. São Paulo, Scipione, 1991. _________. & NICOLA, José de. Guia prático de ortografia. São Paulo, Scipione, 1995.

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esta apostila foi elaborada pela equipe de português do CEESVOCEESVOCEESVOCEESVO

centro estadual de educação supletiva de votorantim

professorasprofessorasprofessorasprofessoras: - 2007 cristiane albiero ilza ribeiro da silva ivânia valente miranda sandra mara romano MAURA BERTACO TEOBALDO DIREÇÃODIREÇÃODIREÇÃODIREÇÃO:::: ELISABETE MARINONI GOMES MARIA ISABEL R. DE C. KUPPER

coordenaçãocoordenaçãocoordenaçãocoordenação : neiva aparecida ferraz nunes

votorantim, JUNHO / 2007

ObservaçãoObservaçãoObservaçãoObservação

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